Quem Tem Medo da Obsessão
Embed Size (px)
Transcript of Quem Tem Medo da Obsessão
-
O autor de Bauru, Estadode So Paulo. Nasceu em 10 deoutubro de 1935. Filho de Francisco Simonetti e Adlia MarchioniSimonetti. Casado com Tnia Regina de Souza Simonetti. Tem quatro filhos: Graziela, Alexandre,Carolina e Giovana.Milita no movimento esprita desde 1957, quando se integrouno Centro Esprita "Amor e Caridade, que desenvolve largo trabalho no campo doutrinrio e deassistncia e promoo social.Funcionrio aposentado doBanco do Brasil, vem percorrendotodos os Estados brasileiros, empalestras de divulgao da Doutrina Esprita.QUEM TEM MEDO DA OBSESSO?
QUEM TEM MEDODAOBSESSO?
ISBN 85-86359-08-4 "",,
Capa: Milton Puga ; ;Ilustraes: Celso da Silvaltima edio da Grfica So Joo L t d a.10a edio - 5.000 exemplaresde 49.001 a 54.000 exemplaresCEAC EDITORA;2a Edio-Agosto-20013.000 exemplares , 1;3.001 a 6.000Edio e DistribuioRua 7 de Setembro 8-56FONE/FAX (014) 227-0618CEP 17015-031 - Bauru - SP
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)Simonetti, Richard, 1935Quem tem medo da obsesso? / Richard
-
Simonetti; capa Milton Puga; ilustraes Celsoda Silva. - 1a ed. - Bauru, SP: CEAC, 1999. Espiritismo 2. Espritos I. Ttulo96-2396 CDD-133.901ndices para catlogo sistemtico: Obsesso: Doutrina esprita 13.901Abrindo novos horizontes a todas as cincias,o Espiritismo vem, tambm, esclarecer a questonuito obscura das doenas mentais, assinalandouma cama que, at agora, no era levada emconta: causa real, evidente, provada pela experincia cuja verdade mais tarde ser reconhecida.Mas como levar a admitir-se tal causa pelos queesto sempre dispostos a mandar para o hospcioquem quer que tenha a fraqueza de acreditar quetemos alma e que esta representa um papel nasfunes vitais, sobrevive ao corpo e pode atuarsobre os vivos?Allan Kardec, em A OBSESSOSUMRIO
01 A PRESENA DA NUVEM 1302 - CUSTDIO E O DIABO 1703-TORCICOLO MENTAL 2104-MUITO SIMPLES 2705- INDESEJVEL CASAMENTO 3106-A INFLUNCIA MAIOR 3507 - HEMORRAGIA ESPIRITUAL 3908 - PSICANLISE 4309-TERAPIA MOSAICA 4710-INDESEJVEL LOCATRIO 5311 - FASCINAO AMOROSA 5712-TERRENO FRTIL 6113-A ASSISTIDA INSISTENTE 6514 - O CEGO QUE NO QUER VER 7115-A INTELIGNCIA FASCINADA 7516- MODA DA CASA 7917-GOZADORES DO ALM 8518 - CUSTA DAS PRPRIAS LGRIMAS 8919-POSSESSO DEMONACA 9320-PORQUE NO REAGEM 9721 - RECOMENDAO NECESSRIA 101
-
22 ONDE O ESPIRITISMO COMEOU 10723-A VIRTUDE QUE FALTOU 11324-A DIFCIL METAMORFOSE 11925 - A BARREIRA DA SUPERTIO 12326 - O GUARDA-CHUVA 12727-FUROS NO GUARDA-CHUVA 13128 - QUEM SABE FAZ A HORA 135
O CONHECIMENTO LIBERTADORHouvssemos de eleger as expresses maismarcantes de Jesus, mereceria destaque a proclamao contida no Evangelho de Joo (8;32):"E conhecereis a Verdade e a Verdadevos far livres.Enganos e desatinos, vcios e maldades dacriatura humana sustentam-se, quase sempre, naignorncia.O mesmo ocorre em relao aos nossos temores.Lembro-me de algo marcante, em meus verdes anos.Passava freqentemente, perto de minha casa,um homem que despertava ateno com um volumososaco de estopa que trazia s costas.Barba espessa, cabelos desgrenhados, expresso taciturna, inspirava-me temor que evoluiupara torturante pavor quando, a pretexto de imporme determinadas disciplinas, familiares afirmaramque o desconhecido carregava crianas desobedientes.com o tempo descobri tratar-se de humildecatador de papis que levava sobre os ombros oproduto da coleta.Ento evaporou-se o medo.No livro "Quem Tem Medo da Morte, procureidestacar como possvel superar angustiantes expectativas sobre o fim da existncia fsica com acompreenso de que a morte apenas a alfndegada vida espiritual. No haver motivo para temoresse nossos "documentos" estiverem em ordem, comatestado de boa conduta expedido pela conscincia.Algo semelhante foi feito em "Quem Tem Medodos Espritos, enfocando os seres inteligentes daCriao, em torno dos quais milenria ignornciasustenta superties e temores, plenamente superveis
-
pelo conhecimento a respeito de sua natureza.Completa-se a trilogia neste "Quem Tem Medoda Obsesso, onde procuramos desmitificara totemida influncia demonaca, que as fantasias teolgicas vm sustentando.No se trata de um compndio. apenas umacartilha, enfocando o essencial:Muitos de nossos desajustes e enfermidadesesto estreitamente relacionados com influnciasespirituais. Nada, porm, passvel de sustos, desdeque nos esclareamos sobre o assunto, buscando averdade, dispostos a seguir os caminhos de libertao sinalizados pela Doutrina Esprita. Bauru, maio de 1993.A PRESENA DA NUVEMCausa estranheza queles que no estofamiliarizados con a Doutrina Esprita a queston2 459 de "O Livro dos Espritos":"Influem os Espritos em nossospensamentos e em nossos atos?""Muito mais do que imaginais.Influem a tal ponto, que de ordinrioso eles que vos dirigem."Viveremos rodeados de tantos Espritos,dotados de poderes que os habilitam a condicionarnosso comportamento?13
Pois exatamente o que ocorre.No se trata de mera especulao.Muito menos de invencionice.Sobretudo, no novidade.Desde as culturas mais remotas vemos gente s voltas com influncias espirituais. Disso nosd conta o folclore de todas as culturas.A riqussima mitologia grega, povoada dedeuses passionais que convivem com os homens, interferindo freqentemente nos destinoshumanos, exemplo tpico.Os textos evanglicos revelam que Jesusconversava freqentemente com os Espritos,afastando os chamados impuros de suas vtimas.
-
- Que temos ns contigo, Jesus Nazareno?Vieste para perder-nos? - esta a reclamao deum perseguidor espiritual antes de ser afastadode sua vtima, conforme relata Lucas (4;31 a 37.E comenta o evangelista:"Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo:"Que palavra esta, pois comautoridade e poder ordena aos Espritos imundos e eles saem?"14
Na primitiva comunidade crist os discpulos de Jesus realizavam idntico trabalho, de quenos d conta o captulo 5a, versculo 16, do livro"Atos dos Apstolos":"Aflua tambm muita gente dascidades vizinhas a Jerusalm, levandodoenfes e atormentados de Espritosimundos, os quais eram todos curados."A dvida quanto a essa influncia nasce daerrnea concepo de que o mundo espiritual, amorada dos Espritos, est situado em regiodistante da Terra e inacessvel s cogitaeshumanas, quando ele to somente uma projeo do plano fsico. Comea exatamente onde estamos.Assim, permanecem junto de ns aquelesque, libertando-se da carne pelo fenmeno damorte, permanecem presos aos interesses doimediatismo terrestre.E gravitam em torno dos homens, obedecendo s mais variadas motivaes:Viciados procuram satisfazer o vcio.Vtimas intentam vingar-se de seus algozes.
15
Usurrios defendem o ouro amoedado.Ambiciosos pretendem sustentar dominao.Fugitivos da luz trabalham em favor das sombras.Famintos do sexo vampirizam sexlatras.Gnios da maldade semeiam confuso.Alienados da realidade espiritual perturbam familiares. toda uma imensa populao invisvel que
-
nos acompanha e influencia, lembrando a observao do apstolo Paulo, na Epstola aos Hebreus(12, 1, segundo a qual somos rodeados por umanuvem de testemunhas.Muito mais que simplesmente presenciarnossas aes, transformam-nos, no raro, eminstrumentos de seus desejos, manipulando-noscomo se fssemos marionetes.* CUSTDIO E O DIABOSegundo a tradio religiosa, anjos soseres incorpreos e imateriais, puros de Espritosque atuam como emissrios divinos.Custdio o simptico anjo guardio, aquele que todo ser humano tem a custo odi-lo, oferecendo-lhe amparo e proteo.Mas h tambm o anjo mau, o diabo, rebelado contra o Criador que, obstinado, intentanossa perdio. Ver-nos em tormentos eternosseria sua mais gloriosa realizao.Aparentemente este tinhoso mais arguto ecapaz do que seu benevolente irmo. Basta observar como se disseminam facilmente na sociedade terrestre a ambio, a desonestidade, o
17
vcio, a mentira, a violncia e tantos outros malesque fazem a confuso do Mundo.O tempo desgastou essas idias.Elas serviram aos interesses do passado,mas no atendem racionalidade do presentequando, antes de crer, o Homem cogita de compreender.Impossvel aceitar um Deus de misericrdiainfinita, como revela Jesus, que no ofereainfinitas oportunidades de reabilitao para osdemnios e suas vtimas.Como pode o Pai amoroso da expressoevanglica confinar seus filhos em grotesco eirremedivel inferno, que contraria a dinmicaevolutiva do Universo?Admitamos que assim seja.Que existam anjos e demnios a disputarem
-
nossa Alma.Como se estabelece a comunicao entreeles e ns?Como assimilamos sua influncia?Forosamente h um mecanismo distinto dapalavra escrita e falada. So seres espirituaisagindo sobre indivduos de carne e osso.Intil especular a respeito do assunto, enveredando pelo terreno enganoso da fantasia. Imperioso pesquisar, a partir do elemento visvel
18
- aquele que sofre a influncia. o que faz a Doutrina Esprita, demonstrando a existncia da Mediunidade, o sexto-sentido,que nos permite contatar o Mundo Espiritual,assim como o tato, o paladar, a audio, a visoe o olfato nos colocam em contato com o mundo fsico.O Espiritismo vai alm.Submetendo o fenmeno medinico a rigorosos mtodos de experimentao, o que lhepermite superar crendices, mitos e superties,demonstra que anjos e demnios so apenashomens desencarnados, as Almas dos mortos,agindo de conformidade com suas tendncias.So regidos, entretanto, por leis divinas quemais cedo ou mais tarde nos conduziro todos perfeio.Esse o objetivo de Deus que, como ensinava Jesus, no quer perder nenhum de seus filhos.E no perde mesmo.Se perdesse, no seria o Onipotente.
19
TORCICOLO MENTALA contrao dos msculos cervicais impedolorida toro ao pescoo. O paciente v-se nacontingncia de no mover a cabea, assumindopostura rgida, divertida para os que a apreciam,mas penosa para ele. Popularmente chama-se torcicolo.A obsesso uma espcie de torcicolo
-
mental. O indivduo sente-se dominado por determinados pensamentos ou sentimentos, comose sofresse uma paralisia da vontade que lheimpe embaraos apreciao serena e saudvel das conjunturas existenciais.O pensamento emperra num crculo vicioso, como um disco com defeito nos sulcos,
21a repetir indefinidamente pequeno trecho da gravao.Resumindo: obsesso idia fixa.Eventualmente passamos todos por momentos obsessivos.A dona de casa que interrompe o passeio,atormentada pela possibilidade de ter deixado oferro ligado.O motorista que retorna ao automvel estacionado para confirmar que acionou o alarme anti-furto.A me novia que acorda o beb para verificar se est respirando.Instala-se a obsesso quando no conseguimos superar nossas preocupaes, assumindo um comportamento inslito e compulsivo, comolavar as mos dezenas de vezes diariamente, acada contato com objetos ou pessoas.Em "O Livro dos Mdiuns, no captuloXXIII, Allan Kardec usa o mesmo termo paradefinir a influncia espiritual inferior que perturbao intercmbio com o Alm, comprometendo otrabalho medinico:"Entre os escolhos que apresentaa prtica do Espiritismo, cumpre se22
coloque na primeira linha a obsesso,isto , o domnio que alguns Espritoslogram adquirir sobre certas pessoas.Nunca praticada seno pelos Espritos inferiores, que procuram dominar.Os boms Espritos, nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influncia dos maus e, se no osouvem, retiram-se. Os maus, ao contrrio, se agarram queles de que nad
-
a podem fazer suas presas. Se chegamde fato a dominar algum, identificam-se com o Esprito deste e o conduzem como sefora verdadeira criana."Espiritismo no sinnimo de manifestaomedinica, embora o intercmbio com o almesteja inserido na atividade esprita. Prtica esprita, portanto, seria o empenho por aplicar evivenciar a orientao doutrinria, no apenasnas reunies medinicas, mas onde estivermos,no desdobramento de nossas iniciativas.Assim, o termo obsesso tem uma extensomais abrangente, j que em qualquer lugar ouatividade podemos ser envolvidos por influnciasespirituais desajustantes.Kardec deixa isso bem claro, ao destacar noreferido captulo as motivaes dos obsessores:
23
As causas da obsesso variam,de acordo com o carter do Esprito. ,s vezes, uma vingana que este tomade um indivduo de quem guarda queixas do tempo de outra existncia.Muitas vezes, tambm, no h mais do que o desejo de fazer mal; o Esprito,como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espciede gozo em os atormentar, em osvexar, e a impacincia que por isso avtima demonstra mais o exacerba,porque esse o objetivo que colima,ao passo que a pacincia o leva acansar-se, irritar-se, o mostrara sedespeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor.Esses Espritos agem, no raro, pordio e inveja do bem; da o lanaremsuas vistas malvadezas sobre as pessoas mais honestas.Como ponto de partida para uma abordagem em torno do assunto oportuno, indispensvel mesmo, evocar novamente o Codificador, namesma fonte:"A obsesso apresenta caracteres diversos, que preciso distinguir
-
24
e que resultam do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos queproduz. A palavra obsesso , decerto modo, um termo genrico, peloqual se designa esta espcie de fenmeno, cujas principais variedades so:a obsesso simples, a fascinao ea subjugao."A partir dessa definio, convidamos o leitora nos acompanhar nesta excurso em torno daquele que um dos mais graves e subestimadosproblemas da existncia terrestre: o domnio queos Espritos inferiores exercem sobre as criaturas humanas.25
MUITO SIMPLESParece-nos que Kardec emprega a expresso simples, ao enunciar o primeiro tipo deobsesso, para situ-lo como algo comum, freqente, a que poucas pessoas se furtam, comoocorre com determinadas indisposies orgnicas.Quanto s suas conseqncias, distanciam-se da simplicidade, assumindo, no raro,propores devastadoras.Podemos usar aquele adjetivo tambm paracaracterizar a estratgia dos obsessores.Eles simplesmente incursionam na mente
27
da vtima, pelos condutos da mediunidade, sugerindo pensamentos que visam acentuar suaspreocupaes, fobias, dvidas, temores.Resultado: uma extrema excitao quedesajusta os centros nervosos. Isso no s lheameaa a estabilidade fsica e psquica como aleva a adotar uma conduta irregular, ridcula,desarrazoada.Como conseguem realizar semelhante proeza
-
os assaltantes do alm? simples:Apenas exploram as deficincias morais davtima, a fim de submet-la tenso e precipitla no desajuste.Quanto mais longe conseguirem levar esseprocesso, mais amplo ser o seu domnio.Quanto mais o obsidiado render-se s suassugestes, mais enleado estar.Aproximando-se de um comerciante oobsessor infiltra-se em sua mente com dvidas assim:"Fechou a porta do estabelecimento?""O movimento do dia foi devidamente trancado no cofre?""Desligou a luz?""Verificou as janelas?"Rendendo-se s primeiras sugestes, que
28
logo sero seguidas de outras, infindavelmente,o comerciante breve estar repetindo interminveis cuidados e verificaes.Conduta irregular, absurda - ele sabe disso-, mas no consegue evitar, porquanto est sendo explorada sua grande fixao: o apego aos bens materiais.Se os interesses do comerciante fossemmenos comprometidos com a avareza; se suasmotivaes girassem em torno de temas maisedificantes, aquelas idias jamais seriam assimiladas. No haveria nem sintonia nem receptividadepara elas.Importante destacar que o obsessor somente consegue semear a obsesso no campo frtilformado pelo objeto de nossas cogitaes, denossos desejos, quando exacerbados.Por isso, a obsesso simples comea geralmente como simples auto-obsesso.Empolgamo-nos com idias infelizes e acabamos envolvidos com perseguidores invisveisque acentuam nossa infelicidade.
29
-
INDESEJVEL CASAMENTO --?Eu retornara de um ciclo de palestras.Chegara tarde. Dormira pouco. Noobstante, levantara bem disposto. Fizera a habitual caminhada e desenvolvera minhas atividades dirias, com excelente disposio. tarde um amigo comentou:-Voc est com fisionomia abatida. Parececansado. Algum problema?Resposta negativa.- apenas impresso. Estou timo.Estava.A partir dali meu nimo murchou.Em casa, diante do espelho, vi-me comolheiras, fadiga tomando conta.
31
noite o corpo pedia cama. Foi com muitoesforo que compareci s tarefas habituais noCentro, lutando contra renitente indisposio.Inncrvel!Simples observao inspirada na amizade,sem nenhuma inteno maldosa, evidenciandoat preocupao com minha sade, gerou a indesejvel situao.O episdio demonstra como a natureza humana sugestionvel. Raros possuem razes deestabilidade emocional dentro de si mesmos.Nossos estados de nimo flutuam ao sabor dasinfluncias que recebemos. H at um princpio,em Psicologia, segundo o qual as pessoas tendem a se comportar da maneira como as vemos.Imaginemos a sutilizao dessa influncia.No mais visvel.Algo que parece nascer dentro de ns mesmos. Voz interior, insistente, insidiosa, que semistura aos nossos pensamentos, a alimentartemores e dvidas relacionados com nosso bem estar.Temos a uma das opes preferidas dosperseguidores espirituais, quando se dispem aexplorar, na obsesso simples, personalidades
-
32
hipocondraca.O paciente reclama:Doutor, meu problema complicado. Nem sei por onde comear. Sinto-me um compndiode patologia, tantos so os males que me afligem! Pior a facilidade para assimilar sintomas. Horroriza-me o contato com doentes. Logocomeo a sentir algo de seus padecimentos.Jamais vou a velrio. Saio com a sensao deque tenho a enfermidade que vitimou o defunto.H duas semanas um amigo foi acometido porfulminante enfarte. Desde ento experimentodoloroso peso no peito, vendo-me na iminnciade um colapso cardaco!Esse o tipo hipocondraco, algum excessivamente preocupado com a prpria sade, vtima fcil das sugestes das sombras.Assim como o fazem com os indivduosempolgados pela usura e a ambio, osobsessores exacerbam suas inquietaes.Se o vem conversando com um tuberculoso,atacam: Cuidado! Os bacilos da tuberculose propagam-se facilmente. Voc lhe deu a mo aocumpriment-lo. V lav-la imediatamente. Desinfete-a."Se aps alguns dias a vtima sente ligeira
33
fadiga, fruto de indisposio passageira ou levepontada nas costas, nascida de um golpe de arvoltam carga:"Cuidado! Sua sade est debilitada. preciso procurarum mdico! Submeter-se radiografia dos pulmes!Eis o obsidiado inteiramente apavorado.Equivale dizer: inteiramente dominado pelosobsessores.Uma das conseqncias desse tipo de influncia o aparecimento de males fsicos variados,
-
resultantes de suas tenses e temores."Namorando" a doena, o obsidiado acaba"casando-se" com ela.O obsessor o "oficiante.
34
A INFLUNCIA MAIORNo livro "Libertao, psicografia de Francisco Cndido Xavier, o Esprito Andr Luiz reporta-se experincia de uma senhora perseguida por dois obsessores que tinham duplo propsito:Comprometer sua tarefa como mdium econturbar o trabalho de seu marido, dedicadodirigente esprita.Exploravam-lhe as vacilaes, incutindolhe a convico de que as manifestaes quetransmitia eram fruto de sua prpria mente.Ao mesmo tempo atiavam nela tendnciasao cime, sugerindo que o marido usava suaposio para seduzir mulheres.
35
Eles entravam em contato com ela duranteas horas de sono, quando as criaturas humanasexperimentam o que Allan Kardec define como"emancipao da Alma.Enquanto nosso corpo dorme, transitamospelo Alm, em contato com Espritos que guardam afinidade conosco.O marido, homem disciplinado e esclarecido, amigo das virtudes evanglicas, afasta-se doveculo fsico e desenvolve atividades de aprendizado e trabalho, junto de benfeitores espirituais.A esposa, imatura, frgil em suas convices e dominada por impulsos exclusivistas, presa fcil das sombras. Os obsessores conversam com ela, confundindo-a em relao ao seuscompromissos medinicos e fidelidade do marido.Ao despertar, aquelas "orientaes" repercutem em seu psiquismo, inspirando-lhe desnimo
-
e indignao.Andr Luiz presencia uma dessas sessesde aliciamento para a perturbao e registra odeplorvel estado da mdium ao despertar."Oh! Como sou infeliz! - bradou, angustiada- estou sozinha, sozinha!"O marido, inspirado por benfeitor espiritual,Tem imenso trabalho para pacific-la.36
Esse episdio oferece-nos uma viso mais ampla do modos paciente a mane
ira de agir dos obsessores.Geralmente imaginamos esses amigos dadesordem colados s vtimas. Quais inarredveismastins a lhes morderem os calcanhares, exacerbarn suas dvidas, exploram suas mazelas, como propsito de aprision-las na perturbao.No bem assim.A influncia maior ocorre durante o sono.Sem a proteo da armadura de carne queinibe as percepes espirituais das criaturas humanas, os obsessores conversam vontade com elas.Apresentando-se, no raro, como "amigos"e "protetores, conquistam sua confiana. Comose programassem sua mente, incutem-lhes idias infelizes que martelaro seu crebro durante aviglia, emergindo na forma de dvidas, temores,angstias, impulsos desajustados e depresso.Seria equvoco situar as horas de sonocomo pginas em branco na existncia humana.So pginas escritas com tinta invisvel, toimportantes quanto aquelas que escrevemos naviglia, com insuspeitada e ampla influncia sobre nossos estados de nimo, nossas idias e sentimentos.37imperioso, portanto, que no durmamosespiritualmente, enquanto acordados fisicamente.Proclama a sabedoria popular: :"Dize-me com quem andas e te direiquem s."Algo semelhante podemos dizerem relao
-
ao trnsito no Alm durante as horas de sono:Dize-me como s e te direi com quem andas.
38
HEMORRAGIA ESPIRITUALSentia fraqueza. Mais que isso, lassido.Dores nas pernas, inapetncia. Vontadeirresistvel de amontoar-se num canto, descansar.Foi ao mdico.O exame de sangue revelou a causa: anemia.Outros testes identificaram a origem: imperceptvel e persistente hemorragia intestinal, produzida por ulcerao indolor.Por ali derramava-se sua vitalidade.Algo semelhante ocorre com a vtima da
39
obsesso simples.Assimilando as sugestes do obsessor relacionadas com a sade, os negcios, os sentimentos ou envolvendo problemas existenciais, oobsidiado passa agir sob forte tenso, perdendoenergias como se sofresse uma insidiosa hemorragia espiritual.Por outro lado, h Espritos presos s impresses da vida material que literalmente sugamas energias de suas vtimas com o propsito de serevitalizarem, lembrando a fantasia do vampirobebedor de sangue popularizada pelo cinema.Resultado:Esgotamento nervoso, caracterizado porpalpitaes, angstia, dificuldade de concentrao, desnimo. O obsidiado experimenta a sensao de carregar sobre os ombros os males doMundo. Algum informa: encosto! Procure o Centro Esprita.Definio equivocada. O obsessor no est"encostado" em sua vtima. Apenas pressionaseu psiquismo pelo pensamento, explorando-lheas mazelas.Orientao correta. No Centro Esprita hamplos recursos que podem ser mobilizados em
-
favor do obsidiado.40
A obsesso simples origina-se, no raro, nainfluncia exercida por Espritos que no intentam prejudicar. Perplexos no Alm, recm-chegados das lides humanas, agarram-se s pessoascom as quais tenham afinidade, particularmentefamiliares, impondo-lhes o reflexo de seus desajustes.Sustentam, assim, o que poderamos denominar "obsesso pacfica.Acompanhando o "encostado" so beneficiados no Centro Esprita, onde ouvem preleesnas reunies pblicas ou so encaminhados sreunies medinicas que funcionam maneirade prontos-socorros, desfazendo-se a ligao.Por essa razo ouvimos freqentementecomentrios assim:-Eu me sentia pssimo quando fui ao Centro. Idias infelizes, horrvel sensao de opresso. Agora estou muito bem. Foi como se tirassem com a mo.41PSICANLISE Reclinado em confortvel poltrona, o paciente fala longamente de sua vida pregressa,particularmente da infncia e da adolescncia.O mdico anota aquela enxurrada de informaes. maneira de perspicaz detetive, procura identificar a origem dos males que o afligem.Seriam recalques infantis? Frustraes dalibido? Acidentes psicolgicos? Traumas?Todas as possibilidades so analisadasexaustivamente pelo profissional, garimpandoaquelas lembranas em busca da chave libertadora.Descoberta a causa do mal ele comearia aser removido.43
Temos aqui uma imagem clssica da psicanlise, segundo a teoria proposta por SigmundFreud, seu genial criador.Curiosamente, a vtima da obsesso simples
-
pode encontrar a cura de seus padecimentossubmetendo-se terapia freudiana.Uma negao dos princpios espritas?Ocorre exatamente o contrrio.O sucesso da psicanlise apenas confirmao Espiritismo.A explicao simples:Iniciada a anlise, estabelece-se uma disputa entre o mdico e o obsessor.O mdico, usando a palavra articulada, procura induzir o paciente a reagir aos seus temorese angstias, conquistando a estabilidade emocional.O obsessor, pelos condutos do pensamento, trata de sugestion-lo para que permanea no desequilbrio.Se o psicanalista possuir um poder de persuaso mais avantajado provavelmente prevalecer sua iniciativa, favorecendo a recuperaodo paciente. No obstante, a experincia tem demonstrado44 que os sucessos da psicanlise, envolvendo a obsesso simples, so precrios.To logo suspenso o tratamento o obsessorvolta a envolver o obsidiado, explorando-lhe asfraquezas e precipitando-o em novas crises.Muita conversa e dinheiro desperdiadosporque o psicanalista, geralmente orientado porconcepes materialistas, tem os olhos cerrados realidade espiritual.Conheci um especialista que, embora nofosse esprita, tinha plena conscincia da precariedade da psicanlise diante da obsesso simples.Sentindo-a presente, recomendava ao paciente associasse as sesses de anlise s reunies espritas. E dizia:-Tome passes, meu filho. Ajuda no tratamento.Raro exemplar de um doutor que reconheciasuas limitaes.
45
TERAPIA MOSAICA
-
Situar a Medicina como abenoado instrumento em favor da sade humana , como ressaltaria Nelson Rodrigues, o controvertido dramaturgo brasileiro, o "bvio ululante.A grande dificuldade que os mdicos, comraras excees, vinculam-se ao materialismo.Mostram-se, por isso, incapazes de diagnsticos,prognsticos e terapias mais acertadas. Ignoramque muitos males dos pacientes tm origem espiritual, relacionando-se com desajustes de vidaspassadas e presses obsessivas da vida presente.Segundo a tica sarcstica de Voltaire, "receitam remdios de que sabem pouco para doenas de que sabem ainda menos, a p
essoas dequem no sabem nada."47 Principalmente no campo psquico multiplicam-se escolas psicolgicas e psicanalticas, lideradas por profissionais respeitveis queteorizam a partir de especulaes.Falta-lhes uma viso abrangente do universo interior do ser humano, com suas experinciasmilenrias, eivadas, no raro, de desastrososcomprometimentos com o vcio e a rebeldia, aagressividade e o crime.Divagavam os cientistas quando cogitavamdas razes pelas quais os objetos caem quandoperdem a sustentao, at que Newton enuncioua Lei da Gravitao Universal.Divagam os mdicos quando tentam definirpor que as pessoas "caem" nos abismos dasdoenas mentais, por desconhecerem leis enunciadas por Allan Kardec, como Causa e Efeito,Reencarnao, Sintonia Medinica, que disciplinam nossa evoluo.O mais lamentvel que cada terapeutatende a interpretar a moda da casa, pela ticade suas limitaes e desajustes determinadosprincpios da escola a que se filiam, com orientao duvidosa e comprometedora.48
-
Um paciente submeteu-se durante algunsmeses a sesses semanais de anlise. Opsicoterapeuta enfatizava:Emoo reprimida produz doena. preciso "explodir" para fora para no"implodir" por dentro. Se o ofenderem,responda na mesma moeda. Grite comquem erga a voz. No leve desaforo paracasa, nem se curve jamais aosdeseducados.A ttulo de ilustrao vou contar-lheuma experincia de carter pessoal.Certa feita encomendei mveis a umfabricante. Paguei uma entrada de vinteporcento. Havia prazo para a entrega. Nofoi cumprido. Atraso de mais de trs meses. Desisti da compra e pedi a devoluodo dinheiro.O fabricante recusou e queria reajustar o preo. Discutimos. Quase nos atracamos.Contive-me, prometendo a mim mesmo que ele pagaria pelo prejuzo.Na manh seguinte passei pela fbrica. Na frente havia um "show room" comampla vitrina.Perguntei jovem atendente:49
-O patro est?No senhor. ~"::-, No tem ningum?-S eu.Era o que eu esperava. Aproximei-mee com a ponta do guarda-chuva apliqueiviolenta pancada na vitrina, que se fez empedaos.-Diga ao patro que estive aqui. Acabode cobrar parte de sua dvida.Passadas algumas semanas, voltei.Recebeu-me a mesma funcionria.Estava apavorada.-Calma, menina. S quero acertar umnegcio com seu patro.
-
-Ele no est.-timo!Repeti a "operao. A vitrina desabou.-Diga quele safado que o resto dadvida foi cobrado.Incrvel!Uma "psicanlise mosaica": olho por olho,dente por dente.Muita gente faz estgios indesejados nasprises por resolver assim suas pendncias.50
H um grande passo a ser dado pelas cincias psicolgicas, sem o que jamais ultrapassaro estreitos limites, enveredando, no raro, portortuosos caminhos.Trata-se de reconhecer a existncia de umapersonalidade imortal, o Esprito, em jornada deprogresso atravs de mltiplas existncias nacarne, em gigantesca batalha contra suas prprias imperfeies.Essa realidade est admiravelmente sintetizada na mxima atribuda a Allan Kardec:"Nascer, viver, morrer, renascerainda e progredir sempre. Esta a Lei.Prodgios'sero realizados em favor da sade humana quando a comunidade mdica descobrir o Esprito.51
- INDESEJVEL LOCATRIONa obsesso simples o obsidiado permanece no pleno uso de suas faculdades mentais,conservando o discernimento.Reconhece que sua conduta irregular,no raro ridcula, como lavar repetidamente asmos ou verificar exausto se trancou a portaou desligou um aparelho eltrico.A fascinao mais envolvente.Desenvolvida por hbeis obsessores, estesno se limitam ao bombardeio de idias infelizes.Atuando com sutileza e inteligncia, tratam
-
de convencer o obsidiado das fantasias que lhesugerem. como se lhe colocassem culos com lentes53 desajustadas, confundindo-lhe a viso.Isso estabelece uma diferena fundamentalentre os dois tipos de envolvimento:Na obsesso simples o obsidiado sabe queest errado nos absurdos em que incorre.Na fascinao ele no tem nehuma dvidade que est absolutamente certo.Uma comparao com a terminologia mdica:A vtima da obsesso simples situa-se numa neurose.Neurtico aquele cidado dominado porinsuperveis preocupaes.Sabe que dois mais dois fazem quatro.No entanto, debrua-se sobre a possibilidade de no ser esse o resultado.-E se for cinco?Perder muito tempo nessa "transcendente" questo.Psictico aquele indivduo que no guarda nenhuma dvida quanto ao resultado daquelaoperao:-Dois mais dois fazem cinco!Afastou-se da realidade.Desligou o desconfimetro.54
Diz Jerome Lawrenee, dramaturgo norte americano:O neurtico constri um castelo no ar.O psictico mora nele.E acentua, mordaz, referindo-se s sessesteraputicas:O psiquiatra cobra o aluguel.Nas duas formas de envolvimento espiritualo obsessor situa-se como funesto locatrio denossa casa mental. Paga-nos indesejvel aluguel de inquietaes e desajustes.55
FASCINAO AMOROSAS pensava nela.
-
Crebro em circuito fechado.A jovem namorada, de estonteante beleza,ocupava-lhe todos os espaos mentais.ltima lembrana ao dormir.A primeira, ao despertar.Levantava-se com ela, passava o dia pensando nela, por ela suspirava.Em seus devaneios imaginava-se a ret-laem seus braos, aspirando seu perfume, cobrindo-a de carcias, fundindo-se ambos em ardentesabraos.s vezes desligava-se.Eram momentos fugidios, como breves57
intervalos separando msicas num disco.Logo recuperava-lhe a imagem, assustadocomo quem houvesse sofrido a perda da respirao por momentos.Contava os dias e as horas que os separavam.A seu lado pedia a Deus que parasse orelgio do tempo, a fim de que pudesse desfrutarindefinidamente a ventura de sua presena.Sempre acontecia o inverso:Juntos, as horas ganhavam asas.Separados, fluam com a lentido das tartarugas.com incontveis variaes, encontramosna literatura universal envolvimentos passionais semelhantes.Um paraso, quando tudo corre bem.Um inferno, se surgem problemas.Semelhantes experincias situam-se nosdomnios da fascinao quando, a partir da atrao fsica, instala-se o desejo irrefrevel de comunho carnal, em paroxismos passionais.George Bernard Shaw, teatrlogo ingls,dizia, referindo-se ao casamento, que um dosparadoxos da sociedade humana que pessoasapaixonadas so obrigadas a jurar que continuaro naquele estado excitado, anormal e58
tresloucado at que a morte as separe.Muitas unies efmeras ocorrem a partir de
-
envolvimentos passionais, principalmente entrejovens, empolgados por recproca fascinao,quando se rendem ao domnio dos hormnios.Justamente por inspirar-se nos instintos, afascinao amorosa a mais freqente, responsvel por casamentos precipitados, adultrios,separaes, crimes e tragdias sem fim.Proclama a sabedoria popular que a paixo cega, o que exprime uma realidade. Paixo ebom senso raramente seguem juntos.Por isso os Espritos obsessores estimamenvolver as pessoas passionais, torturando-ascom anseios amorosos irrealizveis ou usando as para exercer sua ao nefasta, criando estranhas e perigosas situaes.59
TERRENO FRTILQuando obsessores de atilada intelignciapretendem afastar lderes religiosos de suas tarefas, nunca descartam a fascinao afetiva, explorando suas tendncias.No meio esprita vemos respeitveis chefesde famlia, com responsabilidade na direo deinstituies, envolvendo-se em perturbadorasexperincias passionais patrocinadas por agentes das sombras.Desertam de compromissos conjugais eespirituais julgando atender ao glorioso chamamento do amor, ao lado de "almas gmeas.Aprendem custa de penosas frustraes que oamor legtimo jamais comete o desatino de
61 sobrepor-se ao dever.Quando no encontram receptividade naqueles que pretendem transviar, os obsessoresimpem-lhes embaraos envolvendo gente prxima.Exemplo marcante neste particular ocorreucom o apstolo Paulo, narrado pelo EspritoEmmanuel, no livro "Paulo Estevo, psicografiade Francisco Cndido Xavier.
-
Em uma de suas viagens missionrias Paulo esteve em Icnio, cidade da sia Menor, ondecom sua palavra vibrante e esclarecedora, a pardas curas que operava, fez muitos adeptos.Ali fundou uma igreja crist, no obstante aresistncia de rica comunidade judaica, intransigente na defesa de Moiss.O trabalho seguia firme e produtivo quandouma jovem noiva, dcil influncia de obsessoresque combatiam o Cristianismo, tomou-se de amores por ele. com isso afastava-se do noivo, quevia com estranheza e irritao aquela situao.Certa feita a jovem pediu-lhe entrevista reservada e, com grande surpresa do apstolo,falou-lhe de sua paixo.Paulo tentou explicar-lhe, inutilmente, queera simples servidor de Cristo, empenhado na disseminao de seus princpios, um homem62
frgil e falvel que no deteria nenhum encantopara ela.Em dado momento surge o noivo que, exaltado e se sentindo trado, entrou em discussocom a jovem. Mal-humorada ela reiterava seuspropsitos de ligar-se afetivamente ao servidor do Cristo.O apstolo tentou explicar:"-Amigo, no te acabrunhes nem teexaltes, em face dos sucessos que seoriginam de profundas incompreenses.a Tua noiva est simplesmente enferma.>Estamos anunciando o Cristo, mas o Salvador tem os seus inimigos ocultos em todaparte, como a luz tem por inimiga a trevapermanente. Mas a luz vence a treva dequalquer natureza. Iniciamos o labor missionrio nesta cidade, sem grandes obstculos. Os judeus nos ridicularizam e, todavia, nada encontraram em nossos atos quejustifique a perseguio declarada. Os gentios nos abraam com amor. Nosso esforo desenvolve-se pacificamente e nada
-
nos induz ao desnimo. Os adversrios invisveis, da verdade e do bem, certo selembraram de influenciar esta pobre criana, para faz-la instrumento perturbadorde nossa tarefa. possvel que no me
63
compreendas de pronto no entanto, arealidade no outra."De nada valem as ponderaes de Paulo.O noivo, transtornado, passa a insult-lo,situando-o por mistificador e sedutor de jovens ingnuas.O caso assumiu propores de grande escndalo.As autoridades religiosas de Icnio usaramdaquele pretexto para providenciar a priso dePaulo, impondo-lhe o suplcio dos trinta e nove aoites.A semeadura fora feita e floresceria emcoraes sensveis, mas o grande servidor doCristo foi obrigado a deixar a cidade, ante apresso exercida pelas sombras, que se utilizaram de uma jovem invigilante, envolvida nas teiasda fascinao afetiva.64
A ASSISTIDA INSISTENTEEra um jovem trabalhador da seara espritaa quem chamaremos Ricardo.Solteiro, dedicava suas horas ao servioassistencial e s reunies doutrinrias.Integrado num dos grupos de visitao,comparecia a bairro humilde, atendendo famlias pauprrimas.Dentre elas sofredora me de vrios filhos,que enfrentava srios problemas com o marido alcolatra.Encaminhada ao Centro, freqentava reunies em que Ricardo lia e comentava livros espritas.Era admirvel a assiduidade e o interesse65
dela, embora notoriamente no estivesse assimilando quase nada, em face de suas poucas letras.No retorno ao lar, em companhia de sua
-
me, Ricardo era invariavelmente procurado pelaassistida, que lhe pedia explicaes sobre oestudo da noite. Acabava seguindo com eles atas proximidades do local onde tomava seu nibus.Aquela insistncia comeou a incomodarRicardo. Pior: ficou preocupado. Ela parecia vernele algo mais que simples servidor da casa esprita.Passou a evit-la. Deixou de participar dasvisitas ao seu barraco. Esquivava-se quandotentava falar com ele.Ela reagiu semelhana da jovem apaixonada pelo apstolo Paulo. Pediu uma entrevistaem particular, confessando que lhe devotavaimenso amor. Guardava a certeza de que era correspondida.Ricardo explicou-lhe que laborava em perigoso engano. No alimentava qualquer pretenso a seu respeito. No lhe prestara benefciosem carter pessoal. Fora apenas um intermedirio. Advertiu-a quanto ao seusv compromissosconjugais. Que respeitasse o marido e os filhos.Clamou no deserto.66
Ela no entendeu nada. Sua nica certezaera de que havia uma ligao muito forte entreambos e que nada haveria de separ-los.Passou a assedi-lo. Aproximava-se ondeestivesse, na rua com amigos, no Centro, no localde trabalho, imiscuindo-se e causando-lhe srios embaraos.* ^ #O assunto foi levado direo do Centro.Um grupo de diretores encarregou-se deaconselh-la. Era preciso modificar seu comportamento ou deixaria de receber ajuda. Haveriaprejuzos para ela e a famlia.No se abalou:-Faam como quiserem. No me afastarei.Ele meu!Tomando conhecimento do problema, umdelegado de polcia tentou intimid-la. Falou-lheduramente. Seria presa se no deixasse Ricardoem paz.
-
com a coragem dos insanos, enfrentou a autoridade:-Pode me prender. No vai adiantar. Ele meu!Um juiz esprita foi solicitado a colaborar.Determinou que a viatura policial a recolhesseem sua casa, levando-a ao Frum. Ameaou-a deprocesso. Perderia a casa, a famlia, os filhos.67
E ela, inabalvel: Isso no mudar nada.No fosse to inconveniente a situao seria at cmica.No faltaram companheiros que pilheriavam:-Ricardo, Ricardo! Toma juzo menino! Andou seduzindo a pobre mulher e agora querescapar de fininho!S por brincadeira.Prematuramente envelhecida, exibindo sorriso desdentado, expresso abatida, a triste figura da assistida era o atestado eloqente de queno houvera nada entre eles.Por outro lado, felizmente ela no era agressiva.Nunca perpetrou nenhuma violncia, nempromoveu escndalo, o que no raro em casos semelhantes.Embora seja obra de fico, o filme "AtraoFatal, em que mulher apaixonada inferniza umafamlia, culminando em tragdia, exprime comfidelidade at onde uma fascinao afetiva pode chegar.O final de nossa histria no foi cinematogrfico, no teve lances dramticos, mas, comopreferem os espectadores, foi feliz.68
O tempo passou, o assdio foi se distanciando, at que, perto de trs anos- depois a exassistida desistiu da idia de que Ricardo erapropriedade sua. Nunca mais se ouviu falar dela.69
O CEGO QUE NO QUER VERO leitor certamente ter algumas dvidasem relao aos problemas gerados pela mulherque perseguia o jovem servidor esprita:
-
Onde estavam os protetores espirituais doCentro e dela prpria, que permitiram semelhante envolvimento?Por que no promoveram o afastamentodos Espritos obsessores?No pode o Bem sempre mais?Para que possamos responder satisfatoriamente preciso considerar algo fundamental:A fascinao no unilateral.A obsidiada no foi vtima de um assalto.Simplesmente rendeu-se s idias que lhe71
eram sugeridas. E se chegou ao extremo dafascinao afetiva, foi depois de ter refugadotodos os recursos de auxlio mobilizados pelosbenfeitores espirituais em seu favor:Ofereceram-lhe orientao durante as horas de sono.Buscaram inspir-la durante a viglia.Utilizaram-se de instrumentos humanos paradesfazer seus enganos, destacando-se o prprioRicardo, objeto de suas investidas, e os companheiros.Aplicaram-lhe recursos magnticos tendentes a fortalecer-lhe a vontade, para que se dispusesse a romper a ligao.Aproximaram-se dos Espritos obsessores,mobilizando recursos de esclarecimento paraque se afastassem.No entanto, esbarraram na dificuldade maior:Ela prpria, que cristalizou a idia de queRicardo era seu e que nada neste mundo poderiasepar-la dele.Neste estgio o obsidiado assemelha-se aoalienado mental, incapaz de reconhecer o ridculo de suas pretenses e o absurdo de suas idias.Ilude a si mesmo. Tenta justificar a rejeiodo amado com idias mirabolantes, relacionadascom interferncia de familiares, de rivais, e at deinfluncias espirituais.72
Espritas pouco esclarecidos e sonhadores,envolvidos em semelhante situao, flutuam longe
-
da realidade, convictos de que h uma milenarligao entre eles e o objeto de seu fascnio.Quais cegos que no querem ver, afundam se no desajuste as vtimas voluntrias da fascinao afetiva.Marcam passo nos caminhos da Vida, atque as rudes lies da dor venham reajustar suasemoes e renovar suas idias.73s,
rA INTELIGNCIA FASCINADAUma anlise superficial poder sugerir aidia de que a fascinao atinge apenas aspessoas destitudas de inteligncia, suficientemente ingnuas para assimilar as fantasiassugeridas pelos obsessores.Kardec explica, em "O Livro dos Mdiuns",que no assim:Fora erro acreditar que estegnero de obsesso s esto sujeitasas pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela no se achamisentos nem os homens de mais esprito, os mais instrudos e os mais75
inteligentes sobre outros aspectos, o que prova que tal aberrao efeito deuma causa estranha, cuja influncia eles sofrem."Encontramos exemplos em todos os setores da atividade humana. Homens cultos e sensveis, dotados de respeitvel acuidade mental,mas envolvidos em perturbadores processos obsessivos.Situam-se por mdiuns das sombras, fascinados por esdrxulas idias que, encontrandoreceptividade nas mentes distradas do Bem,geram perturbadores movimentos sociais, emsemeaduras de desequilbrio, sofrimento e morte.Jean-Paul Sartre, filsofo existencialista,pregava o nilismo, o nada, a proclamar que o
-
homem est entregue sua prpria sorte. Inspirou, assim, muitas das loucuras da sociedadeeuropia de aps guerra, distanciada de Deus.Friedrich Nietzsche, com sua concepo dosuper-homem, movido unicamente pela vontadedo poder, com total desprezo pela tica crist, foiuma das inspiraes da loucura nazista.Arthur Schopenhauer ensinava ser indispensvel que o homem suprima a vontade deviver para que se liberte da dor, induzindo criaturas desavisadas aos precipcios do suicdio.76
Vale destacar o agonizante comunismo,gerado a partir do equvoco cometido por intelectuais que julgaram possvel edificar uma sociedade igualitria sustentada por regimes totalitrios.Neles o Estado seria dono de tudo para que nofaltasse nada. Resultado: Estados que no tmnada, onde falta tudo.
ti *
-
intercmbio com o Alm.Inteligentes obsessores, encontrando mdiuns receptivos sua influncia, fazem delesinstrumentos para semear a confuso.No raro estes mistificadores usurpam onome de personalidades ilustres, a fim de maisfacilmente alcanar seus objetivos.
Mdium ideal para eles: o personalista.Incensando sua vaidade facilmente o seduzem.A ttulo de curiosidade literria, tenho emminha biblioteca um livro psicografado, atribudo79
a Allan Kardec.O mais ligeiro exame revela tratar-se deobra apcrita, ditada por mistificador que envolveu o mdium e aqueles que o assistiam. Asidias ali apresentadas esto longe de exprimir alucidez, clareza e objetividade do codificador daDoutrina Esprita.Em "O Livro dos Mdiuns", captulo XXXI,Kardec nos oferece vrios exemplos a respeito,transcrevendo manifestaes apcrifas atribudas a grandes vultos da Humanidade, como Jesus, Vicente de Paulo e Napoleo.E comenta:"De fato, a facilidade com que algumaspessoas aceitam tudo o que vem do mundo: o invisvel, sob o palio de um grande nome, que anima os Espritos embusteiros. A lhesfrustrar os embustes que todos devemconsagrara mxima ateno; mas, a tantoningum pode chegar, seno com a ajudada experincia adquirida por meio de umestudo srio. Dai o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, porquanto esse o nico meio de noadquirirdes experincia vossa prpria custa."Oportuno destacar que a influncia dos80
-
Espritos mistificadores, envolvendo atividadesreligiosas e, particularmente- o exercciomedinico, no novidade.Em sua epstola primeira (4;1), o apstolo eevangelista Joo proclama, taxativo:"Amados, no creiais em todos os Espritos, mas verificai se os Espritos procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tm sado pelo mundo afora."
Infelizmente, raros vm observando essa orientao.Haveria um espanto universal se, num momento de plena lucidez, as pessoas percebessem as aberraes doutrinrias incorporadas religio que professam, a partir do envolvimentodos telogos com mistificadores do Alm, afascin-los com esdrxulas idias.Mdiuns sensveis, dotados de razoveisfaculdades, mas vaidosos e personalistas, irritam-se quando advertidos quanto aos imperativos da disciplina, da humildade e do estudo, no intercmbio.Julgam-se eternos incompreendidos.Pior: convencem-se de que a incompreensoalheia o emblema de grandiosas misses81
devem desempenhar. Impermeveis ao bom senso, comprometem humildes tarefas que deveriam abraar naseara esprita, prisioneiros da fascinao.Amargo lhes ser o despertar na Vida Espiritual, quando constatarem a extenso de seusenganos e o desastroso fracasso.O problema da fascinao nos Centros Espritas sustenta-se na tendncia sacralizaodos Espritos que se manifestam com o propsito de orientar.Situando-os por representantes da sabedoria divina, os participantes das reunies perdemo senso crtico e tudo aceitam passivamente. ;- o guia murmuram, subservientes.Esse comportamento contraria flagrantemente os princpios codificados por Kardec,notadamente aquele sempre citado, do Espirito
-
Erasto, em "O Livro dos Mdiuns", captulo XX:"Mais vale rejeitar dez verdades doque admitir uma nica mentira, uma nicateoria falsa."Grupos que ignoram essa "regra de ouro",como diz Herculano Pires, acabam por fazer umEspiritismo " moda da casa", recusando-se ao82
intercmbio das idias e participao no movimento de unificao promovido por rgos federativos.Destaque-se que unificao no uniformizao de procedimentos, mas defesa da purezadoutrinria, sustentando o arejamento e a integridade do movimento esprita.Somente assim ser possvel resistir aoassdio das sombras, que sempre tm acessofcil aos grupos fechados, dominados por dirigentes auto-suficientes.83
GOZADORES DO ALMFoi o ponto culminante, na exposio deijite moderna.Um concurso de esculturas.Muitos candidatos. Amadores e profissionais disputando o cobiado prmio.Dezenas de criaes artsticas foram submetidas a respeitveis crticos que, aps demorada apreciao, elegeram a vencedora.com um metro de altura, monoltica, formasarredondadas, com reentrncias e baixos relevos, era literalmente impenetrvel para os leigos.Jamais decifrariam o que pretendera o autor. Emque ignoto socavo da memria buscara inspirao para aquela "coisa".85
Mas agradou os entendidos, que aplaudiram a leveza do cinzel, as formas suaves, aharmonia do conjunto e a feio decorativa.Na cerimnia para entrega dos trofus, convocado
-
o autor, este informou:-Sou apenas representante do escultor. Melhor dizendo, da escultora. No foi possvel inscrever o trabalho em seu nome. O regulamentono permite.O mestre de cerimnias interveio de pronto:-Est ocorrendo um equvoco. No h discriminao de sexo em nossa exposio. Temosvrias escultoras inscritas.O homem explicou, reticente:-No bem isso... A escultora no umamulher... Trata-se de uma vaca de minha propriedade. A obra premiada foi feita por ela numapedra de sal que lambeu durante meses, imprimindo-lhe a forma atual.Um bloco moldado por animal, tendo porcinzel a lngua e por inspirao a necessidade desal para gado , sem dvida, o que de maisprimitivo poderamos conceber como "arte".Onde a justificativa para a premiao? que muitos artistas, perseguindo86
originalidade, inspirados pela velha vaidade humana,enveredam por caminhos de extravagncia e absurdo.A partir da tornam-se vtimas de Espritoszombeteiros. Estes os fascinam com estranhasconcepes que, tomadas conta de modernismo, apenas refletem a futilidade medocre quereina em variados setores artsticos na atualidade. As mesmas motivaes estabelecem a associao de vocaes musicais com as sombras,gerando sons ruidosos que mais parecem resultado do assalto de smios aos instrumentos deuma orquestra.Como a msica, mais do que a palavraarticulada, eficiente estmulo a que respondemas pessoas, de conformidade com suas tendncias, identificamos multides histricas, fascinadas por msicos espalhafatosos e barulhentosque descobriram como ganhar dinheiro cultivando aberraes sonoras.
-
Particularmente os "concertos" de rock, verdadeiros desacertos musicais, realizados emambientes pesados, fumacentos, escuros e absurdamente barulhentos, parecem autnticas sucursais umbralinas.O Umbral uma faixa escura, como denso87
nevoeiro espiritual envolvendo a Terra, formadopelas vibraes mentais de Espritos encarnadose desencarnados em desequilbrio.Ali estagiam aqueles que, libertando-se docorpo fsico pelo fenmeno da morte, permanecem presos aos interesses e viciaes humanas,sem a pureza necessria para alar vo aosplanos mais elevados.Dispostos a exercer presso sobre os homens, explorando-lhes as mazelas, aproveitamesses espetculos consagrados pela imaturidade de seus participantes.Ali, msicos e pblico em transe, sob induodo ambiente, com reforo do lcool, dofumo e dasdrogas, o ambiente ideal para operacionalizarema fascinao, em bases de "quanto maior ainconsequncia melhor. Mais facilmente podero envolver seus "pupilos" e estes pagaro altopreo depois, pelo "xtase" daqueles momentosfugazes, experimentando renitentes desajustes e perturbaes.88
CUSTA DAS PRPRIAS LGRIMASBondoso Luprcio - reclamava Eullia aomentor espiritual numa reunio medinica - porque essa doena insidiosa que prende meu filhoao leito h mais de cinco anos?- o seu carma, uma expiao programadapela Justia Divina.-No seria mais fcil pagar seus dbitosdesfrutando da plenitude de movimentos, participando dos servios assistenciais do Centro?-O problema que, envolvido num processode fascinao, ele, alm de comprometer-se no
-
crime, desenvolveu tendncias viciosas que fatalmente ressurgiro se experimentar liberdadede locomoo. A priso no leito um precioso89
recurso educativo em seu benefcio.-E quanto ao obsessor? No responde pelainfluncia nefasta que exerceu sobre ele?-Sem dvida. Um escritor famoso afirmounuma de suas obras que somos responsveis poraqueles que cativamos. De certa forma osobsessores cativam suas vtimas, na medida emque as seduzem com suas sugestes, levando-as s iniciativas que desejam. So co-responsveis, portanto, em seus desatinos.-Se assim acontece, no seria justo que oobsessor estivesse junto de meu filho, com ocompromisso de ajud-lo?- o que vem fazendo, com intensa dedicao.-Poderamos evoc-lo nesta reunio? -Impossvel.-No est por perto?-Est entre ns.-Por que, ento, a impossibilidade-O obsessor voc.Se tivssemos o dom de conhecer o passadoe identificaramos com espantosa freqncia osfascinados de ontem em dolorosas experinciasde hojeEnfrentam problemas mentais, limitaes(*) - Saint-Exupry, em "O Pequeno Prncipe"90fsicas, carncias e dificuldades, relacionadoscom a semeadura de males que efetuaram apartir do momento em que vivenciaram as fantasias sugeridas pelos obsessores.Estes, por sua vez, tambm submetidos ssanes divinas, ressurgem na Terra no raro nacondio de angustiados enfermeiros de suas ex vtimas.Aprendem todos, custa das prprias lgrimas, uma lio fundamental:A faculdade de discernir - a razo - e a
-
faculdade de escolher - o livre-arbtrio - queoutorgam ao Homem a condio defilho de Deus,dotado de suas potencialidades criadoras, implicam necessariamente em observncia plena dosprincpios de Justia e Amor que regem o Universo.Situam-se ambos como ideais a serem alcanados.Ideais que jamais sero negados impunemente.Ideais que, representando a vontade deDeus, significam, acima de tudo, o melhor para ns.91
POSSESSO DEMONACADefinindo o terceiro tipo de obsesso em "OLivro dos Mdiuns", diz Kardec: ;"A subjugao uma constrio queparalisa a vontade daquele que a sofre e ofaz agir a seu mau grado. Numa palavra: opaciente fica sob um verdadeiro jogo."E explica:i "A subjugao pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado constrangido a tomar resolues muitasvezes absurdas e comprometedoras que,93
por uma espcie de iluso, ele julga sensatas; como uma fascinao. No segundocaso, o Esprito atua sobre os rgos materiais e provoca movimentos involuntrios."Adiante, destaca o Codificador:"Vai, s vezes, mais longe a subjugao corporal; pode levar aos mais ridculosatos. Conhecemos um homem, que noera jovem, nem belo e que, sob o impriode uma obsesso dessa natureza, se viaconstrangido, por uma fora irresistvel, apr-se de joelhos diante de uma moacujo respeito nenhuma pretenso nutria empedi-la em casamento. Outras vezes, sentia nas costas e nos jarretes uma pressoenrgica, que o forava, no obstante aresistncia que lhe opunha, a se ajoelhar e
-
beijar o cho nos lugares pblicos e empresena da multido. Esse homem passava por louco entre as pessoas de suasrelaes; estamos, porm, convencidosde que absolutamente no o era, porquanto tinha conscincia plena do ridculo doque fazia contra a sua vontade e com issosofria horrivelmente."Est consagrada pelo uso a expresso "94
possesso" para definir o domnio por Espritos malfeitores, quando sua influncia vai at a alienao do livre-arbtrio da vtima, que no maisexercita vontade prpria.Kardec explica porque no lhe parece amais adequada:"Primeiro, porque implica a crena deseres criados para o mal e permanentemente voltados ao mal, enquanto que noh seno seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos podem melhorar-se;segundo, porque implica igualmente a idiade apoderamento de um corpo por umEsprito estranho, de uma espcie de coabitao, ao passo que h apenasconstrangimento. A palavra subjugaoexprime perfeitamente a idia. Assim, parans, no h possesso, no sentido vulgardo termo, h somente obsidiados, subjugados e fascinados "A figura do demnio, anjo decado a disputar permanentemente com Deus a posse dasalmas, uma aberrao teolgica.Inadmissvel que, sendo onisciente, Deuscriasse Espritos que iriam gerar um impasseuniversal, contrapondo-se eternamente s Suas
95
leis sbias e justas.Pior seria conceber um Criador incapaz de
-
modificar a disposio de suas criaturas transviadas ou que estas induzam irmos seus a desvios que resultaro em tormentos irremissveis.Ante a onipotncia divina, o demnio jamaisconstituir ameaa ordem do Universo.Podemos situ-lo muito mais como um "pobre diabo", no no sentido pejorativo em que empregada a expresso quando menosprezamos algum. Simplesmente porque se trata deum Esprito rebelde, voluntariamente transviado,habilitando-se, por isso, a compulsria retificao, em penosas jornadas de resgate e reajusteque o reconduziro aos roteiros do Bem.Filhos de Deus, criados sua imagem esemelhana, segundo a afirmativa bblica, somosintrinsecamente bons.O mal em ns uma excrescncia nascidade nossos desatinos, que a dor se encarrega de desbastar.96
'PORQUE NO REAGEM?A subjugao a mais lastimvel forma deassdio espiritual.Na obsesso simples o indivduo perturbado por idias infelizes.Na fascinao vemo-lo convencido delas.Na subjugao pouco importa o que pensa.O obsessor controla seus movimentos.Sobrepondo-se s suas reaes, impe-lhegemidos, gritos, estertores, agonias, desmaios edesvarios absolutamente incontrolveis.Animado por mrbidos propsitos o perseguidor invisvel tanto mais se compraz quantomaior a degradao a que consegue submeter avtima, levando-a, no raro, a precipitar-se na97
solido de cubculos destinados a inquietos eagressivos enfermos mentais.Boa parcela dos alienados mentais queestagiam nos hospitais psiquitricos que so vtimasda subjugao.' -f- ,A-, ' -.,
-
Em inmeras oportunidades Jesus esteves voltas com o problema. ilustrativo o caso de habitante de Gadara(Marcos, 5):"Entre mentes chegaram outra margem do mar, terra dos gerasenos. Aodesembarcar, logo veio dos sepulcros, aoseu encontro, um homem possesso deEsprito imundo, o qual vivia nos sepulcros,e nem mesmo com cadeias algum podiaprend-lo; porque, tendo sido muitas vezespreso com grilhes e cadeias, as cadeiasforam quebradas por ele e os grilhesdespedaados. E ningum podia cont-lo.Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepu/cros e pelos montes,ferindo-se com pedras."Libertado por Jesus da perseguio espiritual, o geraseno voltou ao lar, perfeitamente refeito.98
Em outra passagem (Lucas, 9), um pai coga a Jesus:"Mestre, suplico-te que vejas meu filho, porque o nico; um Esprito se apodera dele e, de repente, grita e o atira porterra, convulsiona-o at espumar, e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado."Afastado o Esprito por Jesus, o meninolivrou-se do problema.Quando lcido e receptivo, o subjugadoouve de familiares costumeiras recomendaes.- preciso reagir. Faa pensamento firme.No se entregue a esse desvario. Pense em Deus.Se o infeliz reclama incapacidade de resistir presso, insistem:-Ns no somos atingidos. Somente voc. que temos f. Cultivamos pensamentos positivos, exercitamos fora de vontade! Voc estsendo fraco!Razoveis afirmativas.No obstante, quem lida com o subjugadoprecisa levar em considerao que geralmente
-
ele est imantado ao obsessor, em estreita
99
sintonia. Situa-se como um marionete em suas mos.Essa imantao no de iniciativa doobsessor. Normalmente j existia. Vem do passado, envolvendo graves conflitos entre ambos.Tanto quanto o amor, o dio recproco estabelece estreitos vnculos. H apenas uma diferena:Os que se amam auxiliam-se mutuamente,em laboriosas jornadas de progresso e bem estar.Os que se odeiam agridem-se interminavelmente, com vantagem eventual para aqueles quese situam no anonimato, quando despidos dacarne, em trnsito pelo Alm.Jesus dizia que Espritos dessa natureza spodem ser afastados com jejum e orao.
O jejum simboliza o empenho de superar anatureza animal, representada por vcios e paixes.A orao simboliza o empenho de cultivar anatureza espiritual, buscando a comunho com a Espiritualidade.Somente assim o benfeitor que procura interferir numa subjugao ter a autoridade necessria para fazer-se ouvido e respeitado pelosagressores espirituais.100
a RECOMENDAO NECESSRIANo servio de atendimento fraterno do Centro Esprita, diante do pai ansioso, explica comconvico o entrevistador:-As convulses de seu filho tm origemespiritual, fruto de uma subjugao. Um Espritoaproxima-se dele e o envolve em vibraes deletrias, disparando a crise.-Por que essa agresso?-Provavelmente trata-se de vingana.-No entendo. O menino tem cinco anos.Que mal poderia fazer?-Somos todos Espritos eternos. J vivemos
-
muitas experincias na Terra. No sabemos anatureza dos compromissos do menino nem de101
seu envolvimento com o desafeto que o persegue.-O Centro poder ajudar?-Claro. Faremos o possvel.O entrevistador detalha os recursos quesero mobilizados - gua fluidificada, passesmagnticos, desobsesso, Evangelho no Lar...-Alguma providncia de nossa parte?-Apenas a colaborao de toda a famlia,seguindo as orientaes a fim de que os benefcios sejam completos. # #No dia imediato inicia-se o tratamento espiritual.Ao longo de vrias semanas o garoto recebe ajuda, com a diligente participao e esperanosa expectativa do grupo familiar.No obstante, embora menos freqentes eintensas, sucedem-se as convulses.- assim mesmo - tranqiliza o entrevistador - a recuperao demorada, mesmo porqueno fcil modificar as disposies do perseguidor desencarnado.Passam-se dois meses.O quadro permanece estacionado.As convulses no progridem, mas tambmNo regridem.Atendendo insistncia de um amigo, o pai
102
leva o menino a um neurologista. O mdico recomenda uma tomografia computadorizada do crebro, uma sofisticada radiografia.Diagnstico: foco irritativo no tecido cerebral, gerando as convulses. Um problema fsicoDecepcionado o pai suspende o tratamentoespiritual do menino e afasta-se do Centro.com inmeras variaes, envolvendo males diversos, essa histria repete-se freqentemente, em relao ao tratamento espiritual nos
-
Centros Espritas.Falha na orientao da Doutrina?No. Falha do orientador.Quando o Esprito obsessor opera o quepoderamos definir como uma agresso espiritual, submetendo o obsidiado a pesada carga magntica, ser justamente a parte mais vulnervelde sua constituio fsica ou psquica a acusar o impacto.No caso do menino a vulnerabilidade estno foco irritativo do crebro, originando a convulso.Isto no significa que ela seja sempreconseqncia do envolvimento espiritual. Este103
apenas torna mais freqentes e intensas as crises.Afastado o obsessor o menino continuarsujeito s convulses, decorrentes do mal fsico,mas sem o agravante da agresso espiritual.Consequentemente sero menos graves e maisfacilmente controlveis.Quando inflamos incessantemente um balo de borracha, popularmente chamado bexiga,ele tender a arrebentar num estouro, a partir deum ponto frgil onde haja defeito ou menor espessura.Algo semelhante ocorre em relao influncia espiritual inferior. Ela pode disparar criseshepticas, distrbios circulatrios, desarranjosintestinais, depresso, ansiedade e muitos outros problemas, a partir de nossas deficinciasfsicas e psquicas.O afastamento do Esprito obsessor podeeliminar o elemento agravante, mas no suprimeo mal existente, passvel de gerar crises norelacionadas com influncias espirituais.A cura definitiva pede concurso do tempo,empenho de renovao e tambm a contribuioda Medicina, bno de Deus instituda na Terrapara favorecer a sade humana.Por isso, o companheiro de boa vontade104
que atende as pessoas que procuram ajuda noCentro Esprita no deve esquecera recomendao bsica:
-
"O atendimento espiritual no dispensa otratamento mdico".105
ONDE O ESPIRITISMO COMEOU-Ento, doutor, descobriu algo?Era o quarto mdico que procurava, desdeque seu filho de cinco anos comeara a sofreragitados desmaios. O menino debatia-se e espumava, apavorando os familiares. Diagnsticounnime: epilepsia, um distrbio intermitente dafuno enceflica que pode provocar variadasreaes, como desmaios, perda de conscincia,lassido, dificuldade de raciocnio ou, como ocorre freqentemente, as convulses.-No chegamos a nenhuma concluso. Oeletroencefalograma registra pequena disritmia,mas insuficiente para justificar o mal. Atomografiano acusou nenhuma leso ou massa tumoral.107
Fisicamente ele est timo, como confirmam osexames de laboratrio.
-Mas certamente h uma causa.-Sem dvida. Em toda anomalia fsica forosamente h um agente determinante.-Como ficamos?-O importante agora evitar as convulses.Elas podero comprometer seu desenvolvimentomental. Deverfazer uso de anticonvulsivos. Ajustaremos uma dose ideal evitando, tanto quantopossvel, efeitos colaterais.O pai no se conforma.-No sou rico, doutor, mas tenho algumaseconomias. Diga-me, por caridade: h algum recurso que eu possa buscar, ainda que em outro pas?-Bem, para ser franco, existe sim. Se fossemeu filho eu o encaminharia.-Fale, doutor. No importa quanto deva gastar. Venderei minha casa, meu automvel, o quefor preciso. A sade do menino est em primeiro lugar.
-
-No vai custar absolutamente nada.- um servio de sade pblica?-De certa forma est ligado aos poderes quenos governam.-Como chegar l?-No ser difcil. H vrios ncleos de atendimento em nossa cidade.108
-Mal posso esperar. Onde esse abenoado centro de tratamento?-Voc disse bem. um Centro Esprita.-Ora, doutor, o senhor, um mdico, um homem de cincia, encaminhando-me para o Espiritismo?-Exatamente. No sou esprita, mas tenhosuficiente experincia para compreender quecasos como o de seu filho no so resolvidos pelamedicina da Terra. Seu problema , como dizemos adeptos de Allan Kardec, espiritual. Eles lheexplicaro detalhadamente o porqu dessas crises.Surpreendente, no mesmo, amigo leitor?Mas no novidade.Mdicos espritas e at mesmo aqueles quetm apenas vagas noes de Espiritismo, sabemque h males de etiologia indevassvel sob oponto de vista orgnico, porquanto sustentam-sede influncias espirituais inferiores.Isso ocorre com muita freqncia na subjugao.A agresso espiritual deprime o sistemanervoso, provoca uma "tempestade" nosneurnios e dispara a convulso e at problemas mais graves, sem que exista umacausa fsica, como no caso que abordamos109
no captulo anterior.Mdicos materialistas sorriem destasconceituaes, sem se dar ao trabalho de analislas, atitude anticientfica.Mas no escondem sua perplexidade diante de alienados mentais, vtimas de subjugao,perfeitamente saudveis neurologicamente.
-
Atribuem seus males a perturbaes nascidas de acidentes hereditrios ou influnciasambientais, sem que consigam detectar quaisquer disfunes nos circuitos nervosos ou cerebrais.Empregam vasta e complexa terminologia,que define, mas no esclarece e prescrevemcomplicados tratamentos que acalmam sem jamais recuperar o paciente.Um dia, que no vai longe, a classe mdicadescobrir, como j o fizeram alguns de seusrepresentantes, que cada paciente um Espritoeterno, cujos males possuem razes no PlanoEspiritual, em estreita relao com influncias obsessivas.Ento podero auxiliar de forma mais eficiente destrambelhadas vtimas da subjugao,porquanto tero chegado onde o Espiritismo comeou.E afixaro um aviso em seus consultrios:110
"O atendimento mdico no dispensa otratamento espiritual."111
A VIRTUDE QUE FALTOUal H casos gravssimos de subjugao emque o obsidiado parece possudo por mil demnios, segundo a crena popular.Agitado ao extremo, demanda severas medidas de conteno, como a camisa-de-fora ealtas doses de tranqilizantes.
Tais ligaes geralmente originam-se desombrios dramas passionais, de inenarrveis tragdias, ocorridas no passado distante ou prximo, em existncias anteriores ou na atual.Quase sempre o infeliz que hoje se debateante a furiosa agresso espiritual algum queontem traiu, ofendeu, arruinou, matou, inspiradoem propsitos menos dignos.113
O agressor de hoje aquele mesmo que foi
-
trado, ofendido, arruinado, morto e que, desejando fazer justia com as prprias mos, pretendesubmeter o desafeto a sofrimentos mil vezes acentuados.Vtima de ontem, verdugo de hoje.Vtima de hoje, verdugo de ontem.Adversrios irreconciliveis, engalfinhadosem furiosos combates espirituais, sem que nadapossamos observar alm do encarnado a debater-se.Antes de vtima e verdugo, so dois infelizes.O obsidiado, pela inconsequncia criminosa do passado.O obsessor, pela agressividade feroz do presente.O obsidiado, conduzido loucura pela subjugao.O obsessor, precipitando-se nela pelo empenho de revide.O obsidiado, incapaz de resistir agressoporque deve.O obsessor, incapaz de resistir agressividade porque julga-se credor de umadvida que somente Deus tem o direito de cobrar.114
A quem lamentar mais?O obsidiado, que ofendeu,- ou o obsessor,que no superou o desejo de revidar?O obsidiado, que colhe os espinhos semeados, ou o obsessor, que se dilacera vitimadopelo dio?O obsidiado, possudo pelo fogo da expiao, ou o obsessor, abrasado pela volpia da vingana?Ligaes desta natureza podem durar existncias inteiras e at sculos, estendendo-se aoPlano Espiritual, alternando-se as posies vtima/verdugo, envolvendo, no raro, parceirosigualmente comprometidos, a guerrearem-se loucamente, mergulhando mais e mais em sombrios precipcios.Se os infelizes protagonistas desses dramas pungentes pudessem conhecer a extensodos sofrimentos e dores que semeiam para simesmos; se avaliassem a profundidade de seucomprometimento com as leis divinas, certamente desenvolveriam outro empenho, com todas asforas de suas almas:O empenho de cultivar uma das virtudes
-
ensinadas e exemplificadas por Jesus, o granderecurso para que no nos envolvamos com o malque nos atinge.115
Essa virtude de imenso alcance o perdo.Quando o exercitamos de verdade, semlembranas amargas, sem evocar castigos divinos para o ofensor, sem enderear-lhe adjetivospejorativos, ento, algo de maravilhoso, fantstico, surpreendente ocorre:Desfaz-se a mgoa e verificamos que apesar de tudo no perdemos a estabilidade ntimanem a capacidade de ser felizes.No soneto "A Crucificao" no livro"Parnaso de Alm-Tmulo", psicografia de Francisco Cndido Xavier, escreve o Esprito Olavo Bilac:Fita o Mestre, da cruz, a multido fremente.A negra multido de seres que ainda ama. Sobre tudo se estende o raio dessa chama,Que lhe emana da luz do olhar clarividente.Gritos e altercaes! Jesus, amargamente,Contempla a vastido celeste que o reclama.Sob os gldios da dor asprrima, derramaAs lgrimas de fel do pranto mais ardente.Solua no silncio. Alma doce e submissa,116
E em vez de suplicara Deus para a injustiaO fogo destruidor em tormentos que arrasem,Lana os marcos da luz na noite primitiva,E clama para os Cus em prece com passiva:"Perdoai-lhes, meu Pai, no sabem o que fazem! de rara beleza a imagem evocada porBilac.Deixamos de ser primitivos partidrios do"olho por olho", quando iluminamos nossos caminhos com o facho celeste do perdo.Os que ofendem no sabem o que fazem,como ensinou Jesus na cruz; no tm noo dosmales que geram para si mesmos.Por outro lado, tambm no sabem o quefazem os que no perdoam, formando cadeias de
-
dio que imantam ofensores e ofendidos, a sustentar dores que no depuram e sofrimentos queno redimem.117
A DIFCIL METAMORFOSEO ditado popular "O homem prope e Deusdispe" pode ser aplicado a penosos processosobsessivos, sustentados por recproca animosidade.Ainda que os obstinados adversrios pretendam loucamente continuar a se agredir um aooutro, tais vendetas contrariam os princpios deharmonia que sustentam o Universo.O dio a negao do Amor, lei suprema de Deus.Infalivelmente, sempre chega o momento de mudar.As bnos do tempo acabam por esgotar ofel de seus coraes. Exaustos de tantos rancores119
sedentos de paz, derrotados pela indestrutvelcentelha divina que mora em seus coraes sofilhos de Deus! os "duelistas" acabam pordesejar ardentemente uma trgua, uma possibilidade de renovar seus caminhos.E um dia, aps longo sono, ei-losreencarnados nas experincias em comum, ligados agora por laos de consanginidade.Ontem inimigos, hoje irmos.Ontem verdugo e vtima, hoje pai e filho.Ontem obsessor e obsidiado, hoje marido e mulher.Assim a Justia Divina exige a reparao.Assim a Divina Misericrdia promove a reconciliao.Assim a Sabedoria do Eterno transforma odio em amor. uma metamorfose difcil, sofrida, porquanto, embora as bnos do esquecimento e oselos familiares, eles conservam, inconscientemente, indelvel ressentimento.
Da a ausncia de afinidade, a dificuldadede relacionamento, a mgoa indefinvel, a animosidade e, no raro, aaverso que experimentam entre si.
-
Para os mais esclarecidos isso tudo motivo de aflitivos padecimentos, em duras experincias120
que somente custa de abnegao e sacrifcio podero vencer.Para os mais atrasados forte apelo intolerncia e desero.No me dou bem com meu pai. Difcil explicar. como se enxergasse nele um velho perseguidor disfarado, uma ameaa.-A convivncia com minha me complicada. Nutro por ela sentimentos contraditrios deamor filial e rancor figadal que revolve minhasentranhas.-Brigamos eu e meu irmo como gato ecachorro. Quando adolescentes era at natural.Agora que somos adultos inexplicvel. Ao menor desentedimento sinto-me possudo de diopor ele, tentado a ofend-lo e agredi-lo.-At hoje no sei como casei com minhamulher. Uma atrao fsica irresistvel tal vez, masfoi s. Passado o fogo da paixo, resta invencvelanimosidade. Simplesmente no nos entendemos. Vivemos s turras, com interminveis cobranas. Uma situao insustentvel.-Amo extremadamente meu filho mais novo.Quanto ao mais velho, no h nenhuma afinidadeentre ns. Ele me desrespeita e eu no consigoser carinhosa com ele. H momentos em que meparece um estranho. recproco. Ele simplesmente me ignora.121Parece sadismo de Deus promover esses"desencontros" no lar para que as pessoas vivama brigar. Tais problemas, entretanto, relacionam se muito mais com a ausncia de compreenso,tolerncia e respeito no presente e muito menos presena de inimigos do passado.Embora se trate de uma situaodesconfortvel e complicada, preciso lutar pelopleno aproveitamento da experincia. No podemos perder a oportunidade de corrigir os desviosde ontem, habilitando-nos a transitar amanh
-
com maior conforto e segurana pelos caminhos da Vida.Imperioso no esquecer, em relao aosnossos desafetos do pretrito, transvestidos possivelmente em familiares de convivncia difcil,que as lies sero repetidas tantas vezes quantasforem necessrias, at aprendermos todos quesomos irmos.A BARREIRA DA SUPERSTIOEstava s voltas com problemas complexosque o afligiam h meses. Males fsicos de etiologiadesconhecida; perturbadora angstia, persistente irritabilidade.Cedendo a insistentes apelos dos familiares decidiu procurar um Centro Esprita.Compareceu ressabiado. No lhe agradavaa idia de lidar com Espritos. Tinha horror aqualquer contato com o "sobrenatural".O entrevistador, vinculado ao servio deatendimento fraterno, conversou longamente comele. Ouviu-lhe as queixas. Avaliou sua condiopsquica e concluiu que estava sob influncia deuma obsesso.123
Falou-lhe a respeito.O consulente sobressaltou-se:-Um Esprito a perseguir-me?-Talvez no apenas um.-Podem ser muitos?-No difcil. Geralmente os obsessoresno agem isoladamente. H comparsas.-Como operam?-Infiltram-se em seus pensamentos, sugerem idias infelizes, pressionam seu psiquismo,promovem desajustes variados.-Meu Deus! Nunca poderia imaginar algosemelhante! Como me livrarei?-Faremos um tratamento espiritual. O amigofreqentar as reunies pblicas, receber o passe magntico. Levaremos seu nome para umareunio medinica de desobsesso. Haver outras providncias que ir conhecendo na medidaem que se renovem seus contatos com o Centro.
-
-Quando comearemos?-Amanh. A reunio tem incio s 20 horas.Aps as palestras de orientao sero aplicadosos passes.Tudo acertado, houve apenas um "pequeno contratempo":O consulente evaporou-se. Nunca mais compareceu ao Centro.Ficou-se sabendo depois, por um familiar,que ele apavorou-se com a informao de que124
estava sob influncia de Espritos.Preferiu esquecer o assunto, buscando orientao menos chocante, recursos mais amenos.Temos aqui uma advertncia paraentrevistadores ligados aos servios de atendimento fraterno, nos Centros Espritas, que atendem pessoas que fazem seus primeiros contatoscom a Doutrina.Imperioso evitar assuntos que nem sempreelas tm condies de entender sem sobressaltos, antes de uma iniciao que lhes permitaconhecer com objetividade a natureza do relacionamento entre os "mortos" e os vivos,O episdio demonstra, tambm, que para amaior parte das pessoas pouco animadora aviso do mundo espiritual povoado pelas almasdos mortos, a exercer perturbadora influnciasobre os homens.Alm daqueles que riem desta realidade,riso tolo de pretensa superioridade, porque inspirado na mais crassa ignorncia, h os que preferem no cogitar do assunto, guardando temoresnascidos de velhas superties.Foroso reconhecer, entretanto, que o125conhecimento destas questes indispensvel perfeita compreenso das influncias que atuamsobre a mente humana.Obras bsicas e complementares da Doutrina Esprita, que tratam da obsesso, faro partedos currculos das faculdades de medicina do futuro.Dia vir em que as expresses obsesso
-
simples, fascinao e subjugao, a definiremvariadas formas de influncia espiritual inferior,ultrapassaro o mbito do Centro Esprita.Ainda que sob a roupagem de nova terminologia, sero disseminadas pelos consultrios mdicos e aplicadas no diagnstico e tratamento degrande parte dos males fsicos e psquicos queafligem as criaturas humanas.126
O GUARDA-CHUVALeontino no estava conseguindo.Esprito desencarnado, assediava JosOnofre, pretendendo vingar-se de passadas ofensas.Localizara-o em nova jornada na carne epretendia infernizar-lhe a existncia, envolvendo o na obsesso.No entanto, o antigo desafeto resistia ssuas investidas, conservando-se perfeitamente ajustado.Resolveu apelar para um companheiro maistarimbado. Procurou Quirno, especialista ematazanar pessoas, usando de extrema sutilezaem suas investidas, algum que a tradio religiosa127
definiria como um ser demonaco.Nada disso. Era apenas um transviado filhode Deus que no se dera ainda ao trabalho deavaliar a semeadura de espinhos que vinha efetuando, os quais fatalmente colheria um dia, empenosos reajustes.O experiente obsessor ouviu-lhe as frustraes e indagou:-Identificou-lhe as fraquezas?-Sim.E quais so?-Certa tendncia tristeza, carterintrovertido; alguma preocupao com a sade;eventuais crises de efetividade no lar; gosta deaperitivos e no insensvel aos encantos femininos.-Ento, no conseguiu puxar esses fios para"enovel-lo?
-
-Bem que tentei, mas sem resultado. Notem tempo para render-se s prprias mazelas.Vinculado a um Centro Esprita, ocupa todas assuas horas livres em servios diversos: visitadoentes, atende necessitados, cuida de crianas,faz planto no albergue, aplica passes magnticos, participa de reunies medinicas. O homemno pra! Simplesmente no sobra espao emsua mente para infiltrao de idias obsessivas. 128
Quirino franziu o cenho.-Quando nossas presas encasquetam a idiade que devem ocupar o tempo ajudando o semelhante fica difcil. Buscou o ataque por vias indiretas?-Sim, sim, segui fielmente nossos programas. Explorei as tendncias neurticas da esposa, criando-lhe embaraos no lar; provoquei problemas financeiros, complicando seus negcios;envolvi o filho com drogas; semeei desentendimentos no Centro Esprita; acentuei seus malesfsicos, mas o homem uma rocha. Situa-seinabalvel, confiando-se proteo divina.Leontino suspirou, completando:-Simplesmente Jos Onofre recusa-se a umareao negativa que me d ensejo para atingi-lo.O que voc me aconselha?-Desista.Ora essa! tudo que tem a dizer?-Estou apenas sendo realista. O problema que seu desafeto abriu o guarda-chuva protetor.Voc pode fazer desabar sobre ele tempestadesexistenciais violentas. No lograr atingi-lo.-E o que vem a ser essa proteo?-A prtica do bem aliada confiana emDeus. preciso esperar torcendo para que ele sedecida a fechar o guarda-chuva.
129
Quem Jos Onofre?
-
Um missionrio? Um Espirito superior? Umsanto?Nada disso. um homem comum, com suas fraquezas eimperfeies.O que o distingue o empenho em cumprira orientao contida na questo n2 469, de "OLivro dos Espritos, quando Allan Kardec pergunta:"Como podemos neutralizar a influncia dos maus Espritos?E vem a orientao incisiva:"Praticando o bem e pondo em Deus avossa confiana, repelireis a influncia dosEspritos inferiores e aniquilareis o imprioQue desejam ter sobre vs.Simples, no?Vamos abrir o nosso guarda-chuva?130
FUROS NO GUARDA-CHUVANo h necessidade de longas dissertaesem torno da questo n469.Temos a definio do que a prtica do bemnos ensinamentos de Jesus.Belos como a Poesia.Profundos como a Verdade.Sublimes como a Vida.Sintetizam-se admiravelmente no captulostimo, versculo doze, das anotaes doevangelista Mateus:"Tudo o que quiserdes que os homensvos faam, fazei-o assim tambm a eles."131
No h o que errar, nenhuma possibilidadede engano. Para exercitar o bem basta que noscoloquemos no lugar daqueles que esto diantede ns, seja o familiar, o amigo, o colega deservio, o doente, o aflito, o desajustado, o infeliz,o desesperado, e nos perguntemos com a sinceridade dos que so honestos consigo mesmos:-O que eu gostaria que fizessem por mim em
-
tal situao?Quanto confiana em Deus, no ser difcilexercit-la se guardarmos a certeza de que Ele Nosso Pai, como ensina Jesus.Imaginemos o mais sbio, justo, diligente ecarinhoso de todos os pais da Terra e teremosapenas plida idia do Pai Celeste que nos conduz, segundo o salmista (Salmo XXIII), "pelasveredas retas da justia por amor de Seu nome."E destaca que mesmo que andssemos porum vale de sombras da morte no haveria motivospara temores, porque Ele est conosco.H expresses muito fortes sobre aimanncia de Deus, que devem sinalizar nossotrnsito pelos caminhos do Mundo, para quenunca nos falte bom nimo.Proclama o apstolo Paulo (Atos, 17;28):"Em Deus vivemos e nos movemos.Essa convico sustentava-o no rduo trabalho de disseminao dos princpios cristos. Eno o abalavam perseguies, apodos, zombarias, agresses, ameaas de morte, porque, conforme afirma na Epstola aos Romanos (8;31):"Se Deus est conosco, quem estarcontra ns?"O cuidado que nos compete em relao questo n2 469 saber se no h furos em nossoguarda-chuva, gerados por nossa inadequaoaos princpios que o compem.De nada nos valer a crena de que o Bem invencvel se permanecermos na inrcia quenos sujeita s incurses do mal.Pouco valer proclamar nossa confiana emDeus se no fizermos por merecer que Ele confieem ns.A adeso verbal aos princpios do Cristoser intil se nosso comportamento revelar o contrrio.Por isso, antes de cogitarmos de nossaemancipao espiritual, antes que nos isentemosde influncias malignas, preciso que aprendamos a combater os grandes obsessores de nossapersonalidade, "demnios" que segundo a Doutrina
-
Esprita residem dentro de ns.133
Chamam-se orgulho, vaidade, egosmo, preguia, prepotncia, avareza, agressividade.
So eles que anestesiam nossa conscincia, situando-nos em clima de indiferena pelosvalores mais nobres.So eles que anulam nossa capacidade depercepo quanto aos objetivos da Vida.So eles que abrem as portas de nossamente s incurses sinistras das sombras comsuas promoes "infernais":A angstia da obsesso simples.As iluses perigosas da fascinao.As compulses lamentveis da subjugao.Todo mal que nos aflige, portanto, infiltra-sepelo mal que cresce em ns quando nos distramos dos objetivos da jornada humana e permitimos que os "demnios" interiores transformemem peneira o nosso guarda-chuva protetor.QUEM SABE FAZ A HORANa oficina mecnica o operrio interrompe otrabalho por instantes e diz, veemente, para si mesmo:-Que isso, rapaz! Toma jeito!Surpreendido, um companheiro pergunta lhe o porqu daquele inusitado comportamento.- para neutralizar maus pensamentos queme assaltam freqentemente. Quando dou umpito em mim mesmo ponho ordem na cabea.Na praia, noite sem luar.O turista solitrio depara com um homemjunto s guas. Ouve-lhe a voz que soa aflita, em135
ardente splica:-Jesus, sou miservel alcolatra, dominadopor uma tendncia compulsiva. como se seresmalignos me atormentassem. No consigo resistir. Por piedade, ajuda-me Senhor!Percebendo que h algum por perto interrompe
-
a orao.-Perdoe a intromisso desculpa-se o turista.-Tudo bem, amigo. Eu apenas conversavacom o Cu. Ando to perturbado que no consigoconcentrar o pensamento. Falando fica mais fcil.Na instituio assistencial o visitante dirige se ao entrevistador:
-Vim inscrever-me como voluntrio para o albergue.-timo! Precisamos de ajuda. Gosta desse trabalho?-No sei dizer. minha primeira experincia.-Algum motivo especial?-Um amigo curou-se de uma depresso trabalhando aqui. Tenho o mesmo mal.Passar pito em ns mesmos, de viva voz136
ou servir num albergue seriam frmulas ideaispara superar maus pensamentos, tendncias viciosas ou estados depressivos?Impossvel generalizar.Cada caso uma singularidade.Cada pessoa tem suas peculiaridades.Cada indivduo ostenta sua maneira de ser,seus "demnios" interiores.Imperioso, porm, ressaltar que as personagens das trs historietas tentaram solues, desenvolveram iniciativas, mexeram-se.O que afeta as pessoas em geral e osobsidiados em particular a tendncia aoacomodamento. Habituam-se s prprias mazelas, mesmo quando tm conhecimento de quelhes so prejudiciais."Pr no dizer que no falei de flores" ogrande sucesso do compositor Geraldo Vandr.Pretendiam as autoridades militares, em plena ditadura, tratar-se de uma msica subversiva.De suas intenes somente o autor poderia dizer.Ressalte-se que h na letra um estribilhoque pode ser aplicado s situaes difceis dedesajustes associados obsesso:"Vem, vamos embora que esperar no
-
137
saber.Quem sabe faz a hora, no espera acontecer."II No h nenhuma sabedoria em esperar que o quadro de nossas perturbaes se modifique,|| que poderes celestes interfiram, que ocorra um|| milagre, que se esgote o clice de nossas amarguras
preciso que nos movimentemos, no deixando espao para os "demnios" interiores. preciso mobilizar nossas potencialidades criadoras. preciso empenho de renovao, de crescimentoespiritual, como o fazem aqueles que" detm o saber.Ensina Jesus: ~"O Reino de Deus est dentro de vs.O inferno tambm.Se no fizermos a hora do Cu o inferno vai acontecer.
OS LIVROS DO AUTORPARA VIVER A GRANDE MENSAGEM 1969Crnicas e Histrias. nfase para o temaMediunidade 1973Editora:FEBTEMAS DE HOJE, PROBLEMAS DE SEMPREAssuntos de atualidade DO AEditora: CORREIO FRATERNO DO ABCA VOZ DO MONTE 1980Comentrios sobre "O Sermo da Montanha"Editora: FEBATRAVESSANDO A RUA histrias Editora: IDEEM BUSCA DO HOMEM NOVO 1986Parceria com Srgio Loureno fm.Terezinha Oliveira Comentrios evanglicos Editora: EME
139
ENDEREO CERTO 00 1987HistriasEditora: IDE rj
-
QUEM TEM MEDO DA MORTE? 1987Noes sobre o processo da mortetemas correlatas.Editora: GRFICA SO JOOA CONSTITUIO DIVINAComentrios em torno de "As Leis Morais, parte de "O Livro dos Espritos. Editora: GRFICA SO JOOUMA RAZO PARA VIVER 1989Iniciao espritaEditora: GRFICA SO JOOUM JEITO DE SER FELIZ 1990Comentrios em torno de "EsperanasConsolaesparte de "O Livro dos Espritos"Editora: GRFICA SO JOO
ENCONTROS E DESENCONTROS 1991HistriasEditora: GRFICA SO JOO140
QUEM TEM MEDO DOS ESPRITOS? 1992Comentrios em torno Do MundoEsprita e dos Espritos, parte de"O Livro dos Espritos"Editora: GRFICA SO JOOA FORA DAS IDIAS 1993a inda fogo literrio sobre temas de atualidadeEditora: O CLARIMQUEM TEM MEDO DA OBSESSO? 1993Estudo sobre os processos de influncia espiritualEditora: GRFICA SO JOO141
Impresso e acabamentoINSTITUTO DE DIFUSO ESPRITAAv. Otto Barreto, 1067 - Caixa Postal 110CEP 13600-970 - Araras - SPFone (019) 541-0077 - FAX (019) 541-0966CGC. (MF) 44.220.101/0001-43 - Insc. Estadual 182.010.405.118Internet: http://www.ide.org.br - E-mail: [email protected]
-
Ig