Quem Sabe Faz

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Quem sabe faz, quem não sabe ensina. Quem não sabe fazer e nem ensinar, pesquisa! É uma velha piada acadêmica de origem inglesa que expressa a má vontade com os pesquisadores. Já não basta ensinar para a avaliação docente. O professor universitário que apenas ensina não consegue progressão funcional na carreira docente. Integrando uma comissão de avaliação para a progressão docente de um colega, tive que integrar as suas atividades docentes em cinco categorias: ensino, extensão, pesquisa, administração e capacitação profissional docente. Além do ganho ser reduzido, temos que nos esforçar ao máximo para atender aos critérios de avaliação para progredir na carreira e melhorar a remuneração. O esforço é contínuo e deve ser distribuído por classe de atividade. Reformulando a clássica piada, não basta apenas ensinar, é preciso investigar. A primeira categoria do desempenho é a do ensino. O ensino na graduação e na pós-graduação, isto é, a transmissão do conhecimento, inclui a orientação de alunos e a participação no contínuo processo de aperfeiçoamento de colegas, seja em bancas de concursos, seja em comissão de exames de dissertações e teses. Estender esse conhecimento acumulado pelo ensino caracteriza a segunda classe de atividades. É a extensão universitária à comunidade em serviços, consultorias, assessorias e projetos comunitários. Sem o luxo dos aparatos acadêmicos muitos podem freqüentar as atividades extensionistas da universidade moderna sem a escolaridade completa. Ensino e extensão devem conduzir à investigação científica ou tanto quanto objetiva. Essa terceira categoria

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Quem sabe faz, quem não sabe ensina. Quem não sabe fazer e nem ensinar, pesquisa! É uma velha piada acadêmica de origem inglesa que expressa a má vontade com os pesquisadores. Já não basta ensinar para a avaliação docente. O professor universitário que apenas ensina não consegue progressão funcional na carreira docente.

Integrando uma comissão de avaliação para a progressão docente de um colega, tive que integrar as suas atividades docentes em cinco categorias: ensino, extensão, pesquisa, administração e capacitação profissional docente. Além do ganho ser reduzido, temos que nos esforçar ao máximo para atender aos critérios de avaliação para progredir na carreira e melhorar a remuneração. O esforço é contínuo e deve ser distribuído por classe de atividade. Reformulando a clássica piada, não basta apenas ensinar, é preciso investigar.

A primeira categoria do desempenho é a do ensino. O ensino na graduação e na pós-graduação, isto é, a transmissão do conhecimento, inclui a orientação de alunos e a participação no contínuo processo de aperfeiçoamento de colegas, seja em bancas de concursos, seja em comissão de exames de dissertações e teses. Estender esse conhecimento acumulado pelo ensino caracteriza a segunda classe de atividades. É a extensão universitária à comunidade em serviços, consultorias, assessorias e projetos comunitários. Sem o luxo dos aparatos acadêmicos muitos podem freqüentar as atividades extensionistas da universidade moderna sem a escolaridade completa. Ensino e extensão devem conduzir à investigação científica ou tanto quanto objetiva. Essa terceira categoria acadêmica, a da pesquisa, exige metodologia para a produção do conhecimento que inclui publicação, seguindo o preceito ” publica ou morre”. Publica ou desaparece do mundo científico ou agradavelmente acadêmico. A publicação é disseminada pela participação em congressos, conferências, mesas redondas, seminários. Mas para ensinar com pesquisa precisam-se dos mestrados, doutorados, pós-doutorados, formação contínua do professor, uso intensivo da informática. O doutorado é passaporte para o ingresso na comunidade científica. O doutor universitariamente falando não é um pronome de tratamento - Excelentíssimo Senhor Doutor José Fulano de Tal - ou expressão da ascensão social. É persistente aprendizagem com cursos, exames, dissertações e produção intelectual contínua. Com essas três atividades fim - ensino, extensão e pesquisa – alcança-se a Quarta categoria docente: administração pela participação nos colegiados, nas chefias de departamentos, na direção de faculdades, portanto, não basta ensinar, nem pesquisar, é preciso administrar um maior ou menor setor em que se organiza o conhecimento. Ninguém pode mais fugir da administração universitária. Todas essas atividades conduzidas e integradas nas quatro categorias levam à capacitação profissional – docente, permanentemente,

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buscada nos mais diversificados processos de atualização do conhecimento. Tudo esse processo se complementa pela avaliação discente. É o aluno , coletivamente considerado em classe ou série, que irá avaliar o professor, precisamente se presta ou não, se comunica o conhecimento e se atinge a aprendizagem. Alunos e depois são os colegas que julgam o conjunto da produção do doente submetido à avaliação, somatória e cumulativa, para a promoção por classe, para a mudança de nível. É preciso muito trabalho, denodado esforço para se alcançar uma carreira docente no final de trinta ou quarenta anos de desempenho acadêmico. Quem sabe ensina, pesquisa e publica com o estímulo da comunidade, dos amigos e da família. Cada professor faz em casa com os filhos, mulher e empregado a sua universidade.