Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar

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91 Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar Carlos Henrique Madeiros Castelletti Universidade Federal de Pernambuco JosØ Maria Cardoso da Silva Universidade Federal de Pernambuco Conservation International do Brasil Marcelo Tabarelli Universidade Federal de Pernambuco AndrØ Maurício Melo Santos Universidade Federal de Pernambuco

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Quanto aindaresta da Caatinga?

Uma estimativapreliminar

Carlos Henrique Madeiros CastellettiUniversidade Federal de Pernambuco

José Maria Cardoso da SilvaUniversidade Federal de Pernambuco

Conservation International do Brasil

Marcelo TabarelliUniversidade Federal de Pernambuco

André Maurício Melo SantosUniversidade Federal de Pernambuco

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INTRODUÇÃO

A Caatinga é uma das maiores emais distintas regiões brasileiras (Ferri1980), compreendendo uma áreaaproximada de 734.478km2, o querepresenta 70% da região Nordeste e 11%do território nacional (Bucher 1982). Aárea inclui partes dos estados do Piauí,Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia eMinas Gerais. De modo geral, a biota daCaatinga tem sido descrita na literaturacomo pobre, com poucas espéciesendêmicas e, portanto, de baixa prioridadepara conservação. No entanto, estudosrecentes mostram que isso está longe deser verdade (Andrade-Lima 1982, Rodal1992, Sampaio 1995, Garda 1996, Silva& Oren 1997, MMA 2002). A Caatingapossui um considerável número deespécies endêmicas, e além disso, adescrição recente de inúmeras espéciesde animais e plantas endêmicas para aregião indica que o conhecimentozoológico e botânico da mesma é, ainda,bastante precário. Cita-se o exemplo deum estudo sobre o esforço amostral dascoletas de um grupo de anfíbios, queidentificou a Caatinga como uma dasregiões menos conhecidas em toda aAmérica do Sul, possuindo extensas áreassem uma única informação (Heyer 1988).

A Caatinga tem sido bastantemodificada pelo homem. Segundo Garda(1996), os solos nordestinos estão

sofrendo um processo intenso dedesertificação devido à substituição davegetação natural por culturas,principalmente através de queimadas. Odesmatamento e as culturas irrigadasestão levando à salinização dos solos,aumentando ainda mais a evaporação daágua neles contida e, dessa forma,acelerando o processo de desertificação.Ainda de acordo com Garda (1996),somente a presença da vegetação dascaatingas, adaptada às condições locais,tem impedido a transformação doNordeste brasileiro num imenso deserto.Apesar das ameaças à sua integridade,menos de 2% da Caatinga está protegidaem unidades de conservação de proteçãointegral (Tabarelli & Vicente 2003).

Mesmo diante deste quadro alar-mante, até o momento não há umaestimativa adequada sobre o quanto daregião da Caatinga foi alterada pelohomem. Uma das razões para essa faltade informações é a dificuldade técnicapara classificar os diferentes tipos devegetação de caatinga, assim comodistinguir as caatingas naturais dascaatingas muito alteradas pela açãoantrópica. O IBGE (1993) identificou quaisas regiões da Caatinga foram modificadaspelas atividades agropecuárias, mas a áreaencontrada pode não corresponder àrealidade. A questão é que existe umadensa rede de estradas na região que pode

Zig

Koch

Estrada na Caatinga

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ter contribuído para ampliar as áreasecologicamente alteradas (Forman 2000).

A existência de estradas produz efeitosdiversos que incluem, por exemplo,modificações no comportamento dosanimais devido à sua construção emanutenção, mortalidade por atropela-mento, alterações na vegetação, facilidadede propagação de fogo, alterações noambiente químico, modificações noambiente físico, expansão de espéciesexóticas e modificações no uso humano daterra e água (Trombulak & Frissell 2000).Dessa forma, torna-se importante conhecere incorporar os efeitos negativos dasestradas sobre a biota.

Como as estradas podem inter-romper fluxos ecológicos na paisagem, osefeitos ambientais que elas causam seestendem muito mais do que simples-mente as áreas utilizadas na sua construçãoe manutenção (Forman 1995). Portanto,para estimar a área de alteração de umaestrada é essencial conhecer a largura da�zona de efeito da estrada� (Forman 2000).Um estudo-piloto realizado em Xingó, umaregião da Caatinga entre os estados deSergipe e Alagoas, demonstrou que oimpacto da estrada se estende em médiapor até sete quilômetros (Santos 2000).Essa conclusão foi baseada em análises deimagens de satélite da região, a partir darelação entre a presença das estradas e adistribuição dos remanescentes devegetação na paisagem. Segundo o autor,a faixa de sete quilômetros ao longo dasestradas continha apenas 10% da coberturavegetal, e os remanescentes de caatingaexistentes nessa faixa eram pequenos(< 200ha) e isolados, portanto ecologi-camente inviáveis.

Este capítulo combina a estimativado IBGE (1993) com uma modelagemrealizada a partir do trabalho de Santos(2000) para estimar o efeito ecológico doatual sistema de estradas na região daCaatinga. O objetivo é responder àsseguintes questões: (a) Qual a área totalda Caatinga que já foi alterada pelohomem?; (b) O quanto da diversidade depaisagens da Caatinga já foi perdida?

MATERIAIS E MÉTODOS

O mapa base utilizado para asanálises foi o Mapa de Vegetação do Brasil,na escala 1:5.000.000 (IBGE 1993),digitalizado na projeção a partir do mapaimpresso, e sobreposto ao mapa com oslimites do bioma Caatinga. Em umaprimeira análise, todas as classes devegetação que foram classificadas peloIBGE como dominadas por atividadesagrícolas foram selecionadas e suas áreascalculadas com o uso da extensãoGeoprocessing do programa ArcView(ESRI 1998). Essa análise simples gerou aprimeira estimativa da área alterada nobioma Caatinga.

A segunda anál ise teve comoobjetivo estimar o efeito das estradassobre a Caatinga. Para isso, um mapacom as principais estradas da região foidigitalizado. Ao longo desse sistema deestradas foram feitas simulaçõesutilizando-se como largura média da�zona de efeito da estrada� as seguintesdistâncias: um, três, cinco, sete e dezquilômetros. A área total do impacto paracada simulação foi calculada eadicionada à primeira estimativa baseadasomente no IBGE (1993). Essassimulações foram realizadas com o usoda extensão Xtools do programa ArcView(ESRI 1998). O cálculo das áreas foirealizado com o uso do Script Calc_Area,que deve ser utilizado com a projeçãoEqual_Area Cylindrical no programaArcView (ESRI 1998).

A diversidade de paisagens daCaatinga foi estimada pela EMBRAPA(2000) no âmbito do ZoneamentoAgroecológico do Nordeste, no qual ummapa sintético com a identificação de todasas unidades geoambientais da região foiproduzido. Cada unidade geoambiental foiidentificada a partir de uma combinaçãode informações sobre altitude, expressãogeográfica e tipo de cobertura vegetalnatural. Essas unidades geoambientaisforam também agrupadas em GrandesUnidades de Paisagem (EMBRAPA 2000).Para estimar a perda da diversidade de

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paisagens na Caatinga foi feita asobreposição entre os mapas deantropismo resultante das duas análisesanteriores com o mapa de unidadesgeoambientais. Utilizando-se doscomandos Clip e Erase das extensõesXtools e Geoprocessing do programaArcView (ESRI 1998), foi possível calcularo quanto de cada uma dessas unidades foialterado pelas atividades antrópicas.

RESULTADOS

Utilizando somente as informaçõesdo IBGE (1993), estimou-se que a áreacoberta por atividades agrícolas na regiãoé de 201.786km2, o que corresponde a27,5% da área da Caatinga. Essa áreamodificada se estende por praticamentetoda a Caatinga (Figura 1).

A área de impacto das estradasadicionada à área estimada pelo IBGE(1993) como dominada por atividadesagrícolas aumenta substancialmente deacordo com a largura adotada para a�zona de efeito da estrada�. Dessa forma,com a largura de um quilômetro, a áreaadicionada foi de 21.314km2; com trêsquilômetros foi de 57.637km2; com cincoquilômetros foi de 95.232km2; com setequilômetros foi de 131.057km2; e comdez quilômetros foi de 177.779km2.Assim, dependendo da largura da �zonade efeito da estrada� adotada, a áreaalterada pelo homem na Caatinga variade 223.100km2 (30,4%) a 379.565km2

(51,7%).

As áreas da Caatinga que não foraminfluenciadas pelas atividades humanasformam um arquipélago, composto por�ilhas� � áreas de vegetação nativa poucoalteradas � de diferentes tamanhos,

Figura 1Área coberta poratividadesagrícolas no biomaCaatinga.(baseado nomapa devegetação doBrasil, IBGE 1993).

N

0 200 km

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cercadas por uma rede complexa de áreasalteradas. O número de �ilhas� formadas,assim como seu tamanho máximo emínimo, variou de acordo com a larguraadotada para a �zona de efeito da estrada�

(Tabela 1). Adotando-se a largura de umquilômetro foram formadas 243 �ilhas�,sendo que 28,4% não ultrapassam 50km2 esomente 14 dessas áreas são maiores que10.000km2 (Figura 2A). Foram encontradas221 �ilhas� para a largura de trêsquilômetros, sendo 27,1% menores que50km2 e 13 áreas maiores que 10.000km2

(Figura 2B). Com a largura de cincoquilômetros existem 207 �ilhas�, das quais29% são menores que 50km2 e nove áreasultrapassam 10.000km2 (Figura 2C). Já paraa largura de sete quilômetros são 200 �ilhas�das quais 30,5% não ultrapassam 50km2 enove são maiores que 10.000km2 (Figura2D). Para a largura de maior tamanho, a de10 km, 172 �ilhas� foram encontradas, dasquais 30,23% são menores que 50km2 e 9ultrapassam os 10.000 km2 (Figura 2E).

Tabela 1 - Número de ilhas, áreas mínima, máxima e média (em km2),e desvio-padrão, de acordo com a largura adotada para a�zona de efeito da estrada�.

Figura 2Áreas alteradas no

bioma Caatinga.As regiões em verde

representam as �ilhas�de vegetação nativa

pouco alteradaidentificadas após a

exclusão das áreasagrícolas e da �zona de

efeito da estrada� a par tirdos seguintes modelos

de largura: A = 1 km,B = 3 km, C = 5 km,

D = 7 km e E = 10 km.

Largura Número Área Área Área Desvio-de ilhas Mínima Máxima Média padrão

1 km 243 0,03 41.212 2.104 4.9243 km 221 0,05 32.952 2.150 5.0695 km 207 0,05 32.306 2.113 4.7387 km 200 0,02 23.927 2.008 4.05210 km 172 0,10 22.767 2.063 3.950

N

0 200 km

A B C

D E

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Foram identificadas 135 unidadesgeoambientais (UGs) para a área daCaatinga, distribuídas em 18 GrandesUnidades de Paisagem (GUP). Inde-pendentemente da largura adotada paraa �zona de efeito da estrada� nenhumaunidade geoambiental ou Grande Unidadede Paisagem foi totalmente perdida.Entretanto áreas maiores dessas unidadesforam danificadas quanto maior a largurada �zona de efeito da estrada� adotada(Figura 3). Adotando-se a largura de umquilômetro, sete GUPs perderam entre 0 e20% de sua área, sete GUPs perderam entre21 e 40% e quatro de 41 a 60%. Para alargura de três quilômetros, sete GUPsperderam de 0 a 20% da área, seisperderam de 21 a 40% e cinco de 41 a 60%.Com cinco quilômetros de largura, cincoGUPs perderam entre 0 a 20% de sua área,sete perderam de 21 a 40% e seis entre 41e 60%. Adotando-se sete quilômetros delargura, dez GUPs perderam entre 21 e 40%de sua área, seis perderam entre 41 e 60%e duas entre 61 e 80%. E para a maiorlargura adotada, dez quilômetros, nove

Figura 3Distribuição dasGrandes Unidadesde Paisagem porcategoria de perdade vegetação nativa.

GUPs perderam entre 21 e 40%, seis entre41 e 60% e três entre 61 e 80%.

Para as unidades geoambientais oresultado obtido foi o seguinte:considerando a �zona de efeito da estrada�com um quilômetro de largura, 77unidades perderam entre 0 e 20% de suaárea e somente cinco unidades perderamentre 81 e 100% de área (Figura 4). Para alargura de três quilômetros, 61 unidadesperderam entre 0 e 20% de sua área esomente cinco unidades ficaram nacategoria de 81 a 100% de perda de área.Adotando-se a largura de cincoquilômetros, 50 unidades perderam entre0 e 20% de área e sete unidades entre 81 e100%. Com a largura de sete quilômetros,39 unidades perderam entre 0 e 20%, 26entre 21 e 40%, 30 entre 41 e 60%, 21 entre61 e 80% e 13 entre 81 e 100%. Econsiderando a largura de dez quilômetros,as perdas de área se distribuíram de formasemelhante entre as cinco categorias, 31entre 0 e 20%, 23 entre 21 e 40%, 30 entre41 e 60%, 33 entre 61 e 80% e 18 entre 81e 100% (Figura 4).

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

10 km

7 km

5 km

3 km

1 km

Lagura da zona deefeito da estrada

Núme

ro de

Gran

des U

nidad

es d

e Pais

agen

s

0 - 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 81 - 100

Classe de perda de área (em %)

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Independente da estimativa adotada,uma importante parcela do bioma Caatingafoi bastante modificada pelas atividadeshumanas. Algumas dessas áreaspreviamente ocupadas pela agriculturapossuem grande risco de desertificação,exigindo ações urgentes de restauração davegetação original (MMA 1998).

Certamente, a porcentagem davegetação original da Caatinga alterada poratividades antrópicas é superior aos 28%estimados através do mapa produzido peloIBGE (1993), e uma análise do impactocausado pelo sistema de estradasefetivamente adiciona informaçõesimportantes para uma estimativa maisacurada. O ponto crítico dessa estimativaestá na determinação de uma larguramédia da �zona de impacto da estrada�adequada para a região, pois há poucosestudos sobre esse assunto no mundo(Forman 2000). Se adotarmos a larguramédia da �zona de impacto da estrada� de

sete quilômetros como válida para todo obioma da Caatinga, a área total alteradapelo homem na região será de332.843km2, ou seja, 45,3% da região(Figura 5). Esse valor coloca a Caatingacomo o terceiro bioma brasileiro maismodificado pelo homem, sendoultrapassado apenas pela Floresta Atlânticae pelo Cerrado.

O cruzamento do mapa das 135unidades geoambientais da Caatingacom o das áreas alteradas permiteobservar que a área de nenhuma UG foitotalmente modificada, mas muitas seencontram em mal estado de conser-vação. Para qualquer das largurasadotadas para a �zona de impacto daestrada� as unidades geoambientaisforam muito fragmentadas e algumasforam reduzidas à pequenas áreas.

O número de �ilhas� formadas entreas áreas alteradas evidencia o quanto aCaatinga foi fragmentada pela ação

Figura 4Distribuição das

UnidadesGeoambientais

por categoria deperda de

vegetação nativa.

10 km

7 km

5 km

3 km

1 km

Lagura da zona deefeito da estrada

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Núme

ro de

Unid

ades

Geo

ambie

ntais

0 - 20 21 - 40 41 - 60 61 - 80 81 - 100

Classe de perda de área (em %)

DISCUSSÃO

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antrópica. A maioria dessas �ilhas� possuimenos que 50km2 para qualquer largurado efeito da estrada (Figura 6). Consi-derando a �zona de efeito da estrada� desete quilômetros de largura, somente nove�ilhas� possuem mais de 10.000km2, oque comprova como a região estáfragmentada.

A fragmentação das unidadesgeoambientais, e conseqüente fragmentaçãode toda a Caatinga, pode levar ao

desaparecimento de espécies de organismosendêmicos de algumas dessas unidadesgeoambientais. Bierregaard & Lovejoy Jr.(1989) observaram que a composição dacomunidade de aves da Amazônia decresciadrasticamente em fragmentos com menosde dez hectares. Hagan et al. (1996),estudando o efeito da fragmentação sobreas aves, indicaram que algumas espéciessofrem alteração na densidade populacionalquando os ecossistemas são fragmentados.

Figura 5Áreas alteradas nobioma Caatinga.As áreas alteradas sãocompostas pelasáreas agrícolas e pela�zona de efeito daestrada� mais provávelna região (7 km) aolongo das principaisrodovias do biomaCaatinga.

Vias (7km)

Áreas não-alteradas

Áreas alteradas

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Dependendo da espécie, essa variação podeser positiva ou negativa. Esses autoresrelataram que os furnarídeos são 37% maisabundantes nos fragmentos do que emflorestas contínuas. Wiens (1994),estudando a fragmentação do hábitat,indicou que a diversidade de espécies éreduzida e a composição da comunidadealterada em ambientes fragmentados.

A perda de paisagens tem conse-qüências graves para a manutenção dabiodiversidade. Chapin et al. (2000)afirmam que a mudança na composiçãodas paisagens pode afetar o relacio-namento entre as espécies, e levar a umdesequilíbrio ecológico. Os autoresafirmam também que espécies endêmicastêm uma maior susceptibilidade àmudança em seus domínios. Portanto, aperda de algumas UGs pode levar aodesaparecimento de espécies endêmicasencontradas na Caatinga.

Com base no mapa que prediz, deforma mais realista, a distribuição das áreasalteradas na região da Caatinga (Figura 5),as seguintes recomendações podem serfeitas:

� Novas unidades de conservação devemser criadas no centro das grandes áreasnucleares de vegetação original aindaexistentes entre as áreas alteradas. Issogarantiria uma proteção maior para essasáreas e um custo menor de fiscalização(Peres & Terborgh 1995);

� Pelo menos uma grande unidade deconservação, de tamanho apropriado (comno mínimo 250.000 hectares de área �2.500km2), deve ser criada em cada umadas �ilhas� de vegetação nativa poucoalterada. Naturalmente, essas reservasdevem complementar a representatividadeambiental do sistema de unidades deconservação atualmente existente (Tabarelli& Vicente 2003).

� Estratégias devem ser desenvolvidas parautilizar, de forma eficiente, para finseconômicos, as áreas do bioma Caatingajá alteradas, evitando assim pressõessobre áreas ainda pouco alteradas.

� As unidades geoambientais que sofreramgrande alteração e fragmentação devemter prioridade em estudos futuros sobrea diversidade do bioma Caatinga.

Figura 6Distribuição

das �ilhas� devegetaçãonativa que

foram poucoalteradas pelas

atividadesantrópicas por

categoria detamanho, no

bioma Caatinga

10 km

7 km

5 km

3 km

1 km

Lagura da zona deefeito da estrada

70

60

50

40

30

20

10

0

Núm

ero

de �i

lhas�

0 - 50 50 - 200 200 - 1000 1000 - 10000 10000 -

Tamanho das áreas (em km2)

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