Quando Deus Falou Comigo - Historias Ext (OFICIAL) - Doyle, DavidPaul

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  • Ttulo originalWhen God spoke to me

    Copyright 2010 por DavidPaul Doyle

    Edio original por Career Press, 3 Tice Rd., Franklin Lakes, NJ 07417 USA. Todos os

    direitos reservados.Copyright da traduo Vida Melhor Editora S.A., 2010

    CIP-BRASIL. CATALOGAO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    ________________________________________________________________________

    D784q

    Doyle, David PaulQuando Deus falou comigo: histrias extraordinrias de pessoas comuns que ouviram avoz de Deus / DavidPaul Doyle; traduo Lena Aranha. - Rio de Janeiro: Thomas NelsonBrasil, 2010.

    Traduo de: When God spoke to me Inclui ndiceISBN 978-85-7860-555-1

    1. Vida espiritual. 2. Deus. 3. Experincia (Religio). I. Ttulo.

    10-3056. CDD: 204.4CDU: 2-4

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    Thomas Nelson Brasil uma marca licenciada Vida Melhor Editora S.A.Todos os direitos reservados Vida Melhor Editora S.A.

    Rua Nova Jerusalm, 345 BonsucessoRio de Janeiro RJ CEP 21042-325

    Tel.: (21) 3882-8200 Fax: (21) 3882-821

  • Agradecimentos

    Gostaria de agradecer a todos que corajosamente submeteram seus relatos pessoais do ouvir a vozde Deus para este livro. A coragem, vulnerabilidade e disponibilidade para compartilhar essasexperincias ntimas e transformadoras de vida um tremendo presente para todos ns. Tambmquero agradecer a minha esposa, Candance, e a minha filha, Hannah, por sempre me apoiarem nabusca de meus sonhos; a minha agente literria, Cathy Hemming, e a sua assistente, Rajul Punjabi,por acreditarem neste projeto e nunca desistirem dele; a minha editora, Anita Grimm, por suagenerosidade, dedicao e habilidade, sem a qual este livro jamais poderia ter se tornado umarealidade.

  • Sumrio

    Introduo

    Ela minhaO metr que salvou minha vidaO sussurro em meus sonhosA lio do anjo tatuadoA experincia do prisioneiroArrepios vindos do cuSenhor, fique comigoO Buick o carro que mudou minha vidaO detalhe amarelo exatamente como euO homem que ouve a vozO dia em que as torres gmeas caramO sermo confirmadoOraes mnimasO dom da graaLembrando-se da unidadeO amor de LukieDe monstro a emissrioA ouvinteIniciaoNovo incioA sombraDirija para o sulEmprestadoPela boca de um estranhoQuatro dias gloriososTrs palavrasSucumbindo a uma morte improvvelAgora a hora, esse o lugarNo meu prprio quintalMeu anjoO dia em que ganhei um novo nomeNo momento exatoFinalmente, livreEncontrando o Deus pessoalClarezaA coisa mais simplesIrmos

  • Cura com DeusMame e a gaiolaAtravessando o nevoeiro da incertezaFazendo uma jornada at a voz de DeusUma golfada de ar de cada vezExpressando a voz de DeusA nova sensaoReviravolta na fApaixonando-seO amor em sua forma mais puraNo julgue um livro pela capaOs suspiros de DeusApenas sincronicidadeSuperando meu autismoBatidinha no ombroO homem sem casaO despertarO urso de pelcia feiosoDeus se manifestaOvos, cheiro de fazenda e ddivas escondidasS, mas no solitrioTornando-se a mudanaSiga-me para casaFao isso por vocCura para um corao feridoO leiloEncontrando paz em meio ao desesperoApaixone-se por voc mesmaO encanto da terceira vezMoedas do coraoConselho de um amigo queridoPresente de aniversrio transformador de vidaEle estava ali o tempo todoConclusoSobre o autor

  • Introduo

    Voc j questionou se sua inspirao, percepo ou mudana rpida em sua experincia foi oresultado de receber a orientao ou comunicao divina? J pensou em receber um sinal oumensagem de Deus e s depois examinar a situao em retrospectiva? Como voc pode saber seest ouvindo a voz de Deus ou no?

    Quando Deus falou comigo uma coleo de histrias inspiradoras de pessoas comuns quecompartilham as muitas maneiras que Deus usa para falar com todos ns em nossa vida. Deus falapara todos. Tudo que necessrio para ouvir a voz do Senhor o desejo e a disposio de fazerisso.

    Ouvir a voz de Deus, conforme esses emocionantes relatos de pessoas do mundo tododemonstram, tem o poder de curar nossas feridas, reconstruir nossos relacionamentos, fornecerorientao e direo transformadoras de vida quando necessitamos e infundir em ns umaprofunda experincia de paz, amor e conscincia de nossa unio com Deus.

    Espero que esses relatos sinceros e emocionantes sobre ouvir a voz de Deus ajudem voc areceber esses benefcios em sua prpria vida, auxiliem voc a reconhecer que j est ouvindo avoz de Deus, embora ainda nem perceba isso, e inspire voc a receber orientao, cura ecomunicao de Deus de maneiras novas e transformadoras de vida.

    Obrigado por se juntar aos milhes de pessoas em todo o mundo que desejam experimentar avoz de Deus em sua vida. Que voc possa se encontrar nessas histrias muitas e muitas vezes.

    Com amor e gratido,DAVID PAUL DOYLE

    Ashland, OregonJunho, 2009

  • Ela minha

    ESTAVA APAVORADA CLAMANDO A ELE de todo meu corao. No podia acreditar que Deusestava falando comigo, no conseguia acreditar que ele diria isso... perguntaria aquilo. Nonaquele exato momento.

    Cresci em uma famlia no religiosa, ou no espiritual, se preferir. No lamos a Bblia nemamos igreja, exceto na Pscoa. Comecei a falar com Deus quando tinha treze anos, na poca emque descobri que meus pais no eram meus pais biolgicos. No fazia a menor diferena o fato denunca ter ouvido uma resposta dele. Ele era meu amigo imaginrio.

    Casei-me aos 26 anos, e nossa nica filha nasceu dezoito meses depois do casamento. Ela foihospitalizada duas vezes nos primeiros noventa dias de vida com formas distintas de pneumoniaviral. Enfrentamos problemas financeiros. Tinha dois empregos, e meu marido comeou a dirigirseu prprio negcio de forma que pudesse passar mais tempo com nossa filha durante o dia a fimde prevenir outro episdio de pneumonia viral. Seu novo negcio produzia entrada de dinheiro,mas usava toda essa quantia para continuar funcionando. No tnhamos seguro-sade e nenhumaforma de obter um para uma criana que j fora hospitalizada muito cedo em sua vida.

    Oito meses depois de seu nascimento, fiquei incapacitada de trabalhar por vrios meses porcausa dos ferimentos sofridos em um acidente de carro. Lembro-me de pensar, meu Deus, o quemais terei de enfrentar? Por que o Senhor est me castigando? O estresse era insuportvel. Ostempos eram extremamente difceis, e estvamos perto do colapso financeiro. Sentime, pelaprimeira vez, intil, e a depresso passou a ser uma realidade para mim.

    Um domingo tarde, nossa filha ficou repentinamente muito doente. Em quinze minutos, elapassou de uma criana ativa de dois anos que brincava com seus brinquedos para uma forma semvida prostrada no cho de nossa sala, e todos os alimentos que lhe dvamos, ela no aceitava. Atemperatura era de 39 e ainda estava subindo. Minha me que morava na casa bem atrs da minhame disse para lev-la para l. Demos um banho com gua tpida e esfregamos o corpo da meninacom lcool para reduzir sua febre, mas a febre continuava a subir. Demos um antitrmico, masminha filha no conseguia aceitar nada em seu estmago. Deixamos muitas mensagens para seupediatra, mas no obtivemos resposta.

    Enquanto ela estava prostrada no cho da sala da casa da mame, lembrei-me repentinamentede uma senhora em meu trabalho que era evanglica pentecostal. Na igreja dela, as pessoasimpunham as mos sobre os doentes, e estes eram curados. Essa senhora nunca explicou como elesfaziam isso; achei que valia a pena tentar. Chorando e orando, ajoelhei-me ao lado de minha filha,impus as mos sobre as costas frgeis da menina e implorei que Deus a curasse. Prometi a Deustodos os tipos de coisas. Pedi perdo. Pedi at que a doena dela fosse transferida para mim.Minha me me observava com perplexidade.

    O mdico finalmente retornou minha chamada s 18h45, dizendo que pedira um remdio emuma farmcia perto de casa. Ela fechava s 19 horas e ficava, pelo menos, a quinze minutos dedistncia.

    No caminho para a farmcia, passei por uma igreja cujos pastores pregavam na rua, em umbarco que ficava ali, todos os domingos, e comecei a chorar histericamente. Temi que minha

  • filhinha pudesse vir a ter algum comprometimento mental ou, at mesmo, morrer. Odiava a ideiade deix-la para trs, mas tinha de comprar o remdio. Pedi mais uma vez a Deus para curar seucorpinho inocente, mas, dessa vez, estava berrando em meio s lgrimas e o muco escorrendo porminha face.

    Foi nesse momento que ouvi uma voz de homem firme, mas amorosa. A altura dessa vozparecia tomar conta de todo o interior do meu carro, mas tambm parecia estar apenas em minhacabea. Parei de respirar.

    Voc a daria para mim? perguntou a voz. O qu?! berrei, enquanto respirava pela primeira vez em segundos, limpando meus

    olhos e nariz na manga de minha blusa e dando uma olhada para dentro do carro para ver sealgum tinha entrado ali.

    A voz, mais uma vez, falou mais alto e, ainda assim, mais suave. Essa voz perguntounovamente:

    Voc a daria para mim?Minha mente dava crculos. Ser que estava ficando louca? Essa era uma possibilidade real

    considerando o estresse que enfrentara nesses meses. Comecei a fazer uma srie de exames dosistema. Estou dirigindo? Estou. de noitinha? sim. Hoje domingo? sim. Cheguei at abeliscar meu brao para me certificar de que no estava sonhando nem tendo uma alucinao.Doeu! A voz esperou pacientemente para que eu processasse o que estava acontecendo.

    Voc a dar para mim? perguntou ele. Como pode me fazer essa pergunta? berrei. Voc est tentando me dizer que j no

    h mais nada a fazer? Voc j a levou e est me preparando para quando eu voltar para a casa deminha me e encontrar a minha filha morta, possa lidar com essa situao?

    Fiquei com tanta raiva e com tanto medo que, na verdade, tive de parar no estacionamento deum mercadinho para decidir se devia voltar para casa ou no. No podia parar de tremer. Se Deusestava levando minha filha, e eu voltasse para casa, poderia passar os ltimos momentos nestemundo com ela em meus braos antes de ela retornar para o Senhor.

    Enquanto esse pensamento terrvel passava por minha mente, percebi que, na verdade, ela jera dele. Deus a emprestara para ns. Chorei tanto que cheguei a engasgar. medida quecompreendi essa realidade, sussurrei a resposta em meio s lgrimas.

    Sim, devolverei minha filha para o Senhor, se tiver de fazer isso.Esse foi o nico momento mais profundo de minha vida. Meu corao estava partido, e, ainda

    assim, eu me sentia aliviada porque o medo j no me envolvia. No poderia perder o que notinha. Essa foi a primeira vez desde o nascimento dela que percebi que minha filhinha no eraminha, mas de seu Criador.

    Como se ele estivesse ali ouvindo meus pensamentos, disse-me: Eu a criei. Soprei vida em seu corpinho. Ela minha. Compreendo respondi, soluando. No quero perd-la, Pai, mas eu a devolvo para

    o Senhor. Muito bem, serva boa e fiel disse ele mansamente, com a voz mais amorosa que j

    ouvi.Isso me surpreendeu mais que ouvir a voz. Como poderia ser uma serva boa e fiel quando

    nem mesmo ia igreja regularmente?A farmcia j estava fechada, e, em vinte minutos, estava de volta casa de minha me. Subi

    as escadas, e uma paz indescritvel e surreal tomava conta de mim. Sabia que abriria a porta eencontraria minha me abraada no corpo sem vida de minha filha. No sabia como poderia lidar

  • com isso. Mama disse minha filhinha, enquanto me recebia com boas-vindas porta. Estou

    todinha melhor agora.Estava com um copo enorme de suco em uma mo e um picol de cereja na outra, enquanto

    abraava minha perna, mas logo deu meia-volta e, correndo, voltou a brincar. Era como se elanunca estivesse doente. A febre cedera, e seu apetite estava voraz, como se nada tivesseacontecido.

    Olhei para minha me que estava sentada tambm tomando um picol. O que aconteceu com ela, mame? perguntei. No sei respondeu. A temperatura chegou a quarenta logo depois que voc saiu e

    no conseguia fazer com que acordasse. Fiquei de p para chamar uma ambulncia e, quandovoltei, ela estava sentada, pedindo alguma coisa para beber. Isso aconteceu cerca de vinte minutosatrs.

    O que aprendi naquele dia me mudou para sempre. Deus real. Nunca precisei saber o queele falou comigo naquele momento. O que pensava que era meu, nunca o fora; ela dele. E, paraDeus, eu era fiel da forma que era.

    Rita Carlson tem 45 anos e nativa de Tampa. Ela explora seu lado criativo fazendo e vendendo joias. Ela e afilha fazem tra balho voluntrio para os sem-teto e apoiam outras organizaes sem fins lucrativos.

    O metr que salvou minha vida

    MINHA VIDA DEU UMA GUINADA E enveredou por um caminho um tanto tenebroso depois decompletar oito anos. Fui diagnosticado com coreia de syndenham, popularmente conhecida comodana-de-so-vito. Acredita-se que a epilepsia que desenvolvi tenha resultado dessa condio. Dequalquer forma, a epilepsia ainda no compreendida por muitas pessoas at hoje, mas, quandoera criana, essa doena fez com que sofresse muita vergonha e sentisse uma dor insuportvel emminha vida. No s as crianas da escola tornaram minha vida miservel por causa dos ataquesepilticos, mas, at mesmo, alguns adultos que deveriam me proteger davam as costas para mim.

    Reagi a essa dor e humilhao com raiva. A raiva comeou a governar minha vida medidaque crescia. A escola passou a ser apenas outro lugar pblico no qual experimentava a humilhaoadvinda da ignorncia de todos e de uma aparente falta de compaixo, e eu era um garoto intilpara os professores e os colegas de classe. Qualquer figura de autoridade transformava-se noponto focal de minha raiva, um desafio que penei para conquistar por meio da rebelio e da fora.At mesmo minha pobre me no conseguia lidar comigo.

    Aos quatorze anos, j estava com os dois punhos cerrados contra a vida. Minha atitude eraque todos em minha vida sempre estavam redondamente enganados. Eu era a nica pessoa quesabia alguma coisa e j estava pronto para lutar contra o mundo para provar isso. Discutircontinuamente com as autoridades e cabular com frequncia as aulas eram atitudes que, por fim,levaram-me a uma instituio para a recuperao de garotos, a Branon Lake Institute.

    Isso no ajudou em nada minha raiva fora de controle. Cumpri os quatro meses no instituto esa de l logo depois de fazer quinze anos, mas meus problemas continuaram. Algumas semanas

  • depois de ser libertado, arrombei uma casa e roubei uma garrafa de usque cheinha. Beber eraprovavelmente apenas outra forma de anestesiar minha dor e raiva implacveis, mas noreconhecia isso naquela poca. S roubei a garrafa e bebi tudo at a ltima gota.

    Naquele momento, teria de me apresentar para meu trabalho na farmcia e subi na bicicletapara comear minha viagem. Por mais que tentasse, a bicicleta no ficava de p comigo em cima.Ao olhar para essa cena em retrospectiva, sei que cheguei para trabalhar trpego, ainda bbadopor causa do usque, e meu empregador me despediu assim que cheguei. Depois de empurrarminha bicicleta por alguns quarteires, desmaiei nas ruas. E voltei para a instituio derecuperao de garotos dessa vez por um ano inteiro.

    A vida continuava tenebrosa e difcil. Em 1971, aos 23 anos, atravessei clandestinamente afronteira do Canad para a Filadlfia. O ponto de virada ocorreu depois das 7 horas da manh nodia 10 de dezembro daquele ano depois que passei pela roleta e caminhava para pegar o metr.Duas autoridades policiais inspecionavam a estao, mas no perceberam que eu comeara a terum pequeno ataque epiltico. Esse tipo de ataque, em geral, no percebido pelas outras pessoas,mas pode deixar a pessoa que sofre o ataque em um estado de confuso e perturbao.

    Em minha confuso, aproximei-me da plataforma para olhar o metr e, quando no vi nenhummetr chegando, pulei no trilho e comecei a andar na direo sul. Os policiais deveriam terlevantado imediatamente a bandeira vermelha que serviria de alerta para o metr parar e evitar operigo nos trilhos. No entanto, eles no fizeram isso; andei mais de um quarteiro antes de ouviruma buzina e ver uma luz branca vindo em minha direo. Em meu estado de perturbao, fiqueiali e cerrei os punhos, pronto para brigar. O metr atingiu-me com fora total, lanando-me nostrilhos, a cerca de cinquenta metros de distncia. Todos os quatros vages do metr passaram porcima de mim. Uma das minhas mos pousou sobre o trilho, e todos os quatro dedos forampraticamente decepados, mas eu no morri. Deus devia estar cuidando de mim, at mesmo naquelemomento.

    Acordei por poucos instantes, quatro horas mais tarde, deitado em uma maca no saguo dohospital. Meu corpo estava todo machucado e quebrado, e no havia nada mais que podia ser feitopor mim ali. No me lembro de ter sido transferido para outro hospital, mas jamais me esquecereidos momentos seguintes de conscincia.

    Boiando. Estava flutuando perto do teto de uma sala de operaes, olhando para baixo, vendoas enfermeiras e os mdicos operando a coxa de algum. Eles, de repente, pararam a operao ecomearam uma srie de tentativas para ressuscitar o corpo que estava deitado abaixo de mim,mas eu no estava mais ali. No passava de um observador distncia. Minha mente ficousubjugada pela vista e lutei para compreender o que estava acontecendo. No instante seguinte,descobri que estava voando atravs da noite escura. As estrelas eram claras e brilhantes e nosenti medo. Parei em frente de um tnel. Era redondo e escuro, com cerca de trs metros de alturae dois metros e meio de largura, e estendia-se por um longo caminho. No fim, vi o que parecia seruma lmpada muito brilhante. A curiosidade levou-me a entrar no tnel e descobrir o que, afinal,era aquela lmpada brilhante. medida que atravessava o tnel, uma paz penetrante envolveu-me.Nesse momento, minha morte passou a ser algo claro para mim, mas isso j no tinha maisimportncia. No sentia dor nesse tnel e, quanto mais perto chegava daquela lmpada, mais felizme sentia.

    medida que me aproximava da luz, ficou bvio para mim que aquilo no era uma lmpada.Andei na direo da luz at que fui envolvido pela gloriosa beleza que apaziguou o cerne de meuser. Sentime energizado, boiando com alegria, imerso em um bem-vindo brilho que enchia meucorao com grande amor e que me infundiu com o calor e a calma da Paz perfeita. Foi nesse

  • momento que ouvi a voz.Era voz de homem; calma, amorosa, tranquilizadora, mas forte. Parecia vir de todos os

    lugares envolvendo-me da mesma forma que a luz o fizera. A voz falava palavras queconseguia ouvir e palavras que no conseguia, dizendo: Volte. Ainda no estamos prontos paravoc.

    No! No queria voltar! Estava feliz ali e queria ficar no lugar onde tinha mais do que jamaisdesejara em minha vida. Voltar para ador, a raiva e a tenebrosidade que definiram minhaexistncia era a ltima coisa que queria. No entanto, a escolha no era minha.

    Trs meses mais tarde, sa do estado de coma no mesmo hospital onde eu flutuara sobre meucorpo, confuso, preso entre dois mundos. Olhei para meu corpo, observei meu ser destroado.Meu cotovelo direito ficou separado na articulao durante o impacto do trem e ainda estavaengessado. Os dois ossos da parte inferior de minha perna direita sofreram fraturas mltiplas.Minha perna esquerda sofreu fraturas na coxa e na parte inferior, e os msculos da coxa foramretalhados. Parte do meu fmur teve de ser cirurgicamente removido antes de ser posto no lugar, eas duas pernas estavam engessadas. Os mdicos disseram que morri na mesa de operaes efiquei morto por cerca de cinco minutos antes que pudessem fazer meu corao voltar a bater. Foium milagre, disseram eles, que tivesse sobrevivido depois de ser atropelado por um metr.

    S um ano depois estava refeito a ponto de poder deixar o hospital, mas, nessa poca, j noera o mesmo homem que entrara ali beira da morte. O homem raivoso e rebelde que sempreestava pronto a brigar com o mundo morrera nos trilhos do metr. O que me transformou noforam as palavras que Deus falou em meus ouvidos, mas as palavras subliminares que falou emmeu corao a mensagem de que eu ainda no acabara minha misso aqui na Terra. Noadministrara minha vida muito bem antes de passar pela roleta que me levara plataforma dometr. Agora eu tinha uma segunda chance um tempo que pedi emprestado para aprender aslies do amor.

    A memria do tnel e a linda luz branca da Paz tm sido vvidas e as principais em minhamente desde que emergi do coma. Nos ltimos 37 anos, tenho usado meu tempo na Terra paraajudar as pessoas, para pensar nas necessidades dos outros e para demonstrar compaixo tantoaos amigos quanto aos estranhos. Alguns anos atrs, quando era aquele jovem sempre raivoso,jamais imaginaria que Deus poderia transformar minha vida e me mostrar o caminho para libertarmeu corao da autocomiserao e da raiva. Quase me matei a fim de permitir que Deus medespertasse e me apontasse uma nova direo. Agradeo a ele todos os dias.

    Leonard Robertson nasceu e foi criado em Vancouver, British Columbia. Ele trabalhava no porto de Vancouvercom rebocadores de navios at que um ataque epiltico lhe custou seu emprego. Gosta de passar o tempo comseus dois filhos, toca piano, acordeo e rgo profissionalmente e, como membro do Clube do Urso Polar, dum rpido mergulho no lago de Ontrio, a zero graus, todo dia primeiro de janeiro.

    O sussurro em meus sonhos

    A VOZ DA MDICA ERA ROUCA. Suas palavras no tinham ressonncia nem propsito. Encontro-me com voc l disse ela. No deixe o Bill dirigir.Quando desliguei o telefone, estava com a cabea vazia, oca. No me lembrava nem mesmo

  • do sonho que acalentara todos os dias de todos esses meses. O sonho mexera comigo e me incitaraa danar todos os ritmos com ele, a revirar o carro e pr a msica Mustang Sally para tocar omais alto possvel. O sonho insistia que eu continuasse mais uns momentos com ele no penhascopara ver os pelicanos voarem em formao contra a ondulao do mar.

    O sonho seu sussurro vvido: Detesto fazer voc passar por isso.Minhas convices: Tudo bem. Devo estar com voc quando voc morrer.Todos os sinais agourentos estavam presentes nuvens negras, vento sinistro, luz tremulante

    no horizonte. E em meio a tudo isso, um senso de privilgio; um importante e inexplicvel sensodo presente de estar ali naquele momento.

    No havia nada to relevante naquele dia de dezembro quanto minha cabea vazia, oca, e eusubia e descia no elevador do hospital. Queria estar em algum lugar em que no houvesse cadeirade plstico nem vozes srias e prticas. Queria estar em qualquer outro lugar, menos ali.

    Quando voltei ao seu quarto, Bill estava sentado beira da cama usando aquela camisolaboba, as pernas desnudas suspensas no ar. Ele estava irreconhecvel sem sua gravata vermelha eseu casaco esportivo de pelo de camelo. Talvez fosse o marido de outra pessoa. Um estranho comalgo crescendo em sua cabea.

    Ele dissera que tentara escrever cartas para as crianas. Dizendo-lhes o que elas j sabiam:do quanto ele as amava, de como se orgulhava delas e de como as perdoava por perder todoequipamento de acampamento que j tivramos e pela plantao de maconha no telhado dagaragem.

    Mas disse ele no consegui escrever. No sei como me despedir.Ento, ele olhou-me e sussurrou: Detesto fazer voc passar por isso.E lembrei-me do sonho. A lembrana veio como uma chuva repentina que deixa o ar to

    limpo que tudo parece recm-colhido, os cabos bem pontudos e afiados. Orei para ter a coragemde no desviar o olhar, a coragem para estar totalmente presente. Entendia o terror. O que queriaentender era o dom.

    Tudo bem eu disse , espera-se que eu esteja com voc quando morrer.Essas foram as exatas palavras do meu sonho, e eu estava de p sob a desagradvel luz

    fluorescente dizendo-as de novo. Foi quando soube que fui amorosamente preparada para quepudesse entender que o tumor no era s um terrvel acaso. Ele fazia parte de um quadro grandedemais para ser visto. Um propsito grande demais. O que eu pensara que fora um pesadelo, foraa voz de Deus.

    Os mdicos faziam imagens do crebro de Bill, enquanto ele lia silenciosamente as palavrasprojetadas no teto da sala de tomografia. Os mdicos estavam mapeando seu centro de linguagempara a cirurgia.

    Ele perguntou se eu consideraria em fazer o mesmo teste. Gostaria de dar uma olha em seu centro de linguagem. Especulo a respeito dele h trinta

    anos.Alertei-o de que no era recomendado dar uma de sabicho durante procedimentos de alta

    tecnologia. Eu sabia como continuar a brincadeira. Era a pessoa certa para estar com ele. Fui aescolhida e sentia-me honrada. Estava totalmente presente. Conhecia-o.

    Conhecia sua bondade. Naqueles longos dias finais, mesmo quando no tinha certeza de queele pudesse me ouvir, recontava para ele a histria da nossa vida. Lembrava-o que, com

  • frequncia, ele sentara-se ao meu lado e apontara as flores crescendo aos meus ps. Lembrei-mede uma tarde de sol no ptio ensombreado quando ele picou com a ponta dos dedos pedaos detorrada macia e deu-as para o beb. Ele no tirou os olhos dela enquanto ela mastigava com osquatro dentes novos. Disse-lhe como me apaixonei por seus clios naquele momento, havia algoneles naquela luz especfica, uma orla escura para seus olhos cor de mbar.

    Tinha conscincia deles de novo. Seus olhos estavam fechados. Eles estavam fechados hdias, seus clios espessos, quietos sobre sua face. isso que sempre verei quando pensar nele.

    Minha lembrana tranquila dele um presente. Mas meu maior presente saber que sempreestarei onde devo estar, e que a voz de Deus no precisa lanar um relmpago de uma nuvem; elapode no passar de um sussurro em meus sonhos. Ela pode usar o canto de uma ave-marinha a fimde garantir que eu perceba o oceano quebrando contra a praia e que no perca o milagre dequando a gua recua e revela a vida daquelas milhares de criaturas minsculas que vivemescondidas na areia.

    Janice Uebersetzig, recentemente, aposentou-se de uma atarefada prtica do Direito. Ela, a fim de se certificarde que no deixara seu crebro em uma daquelas caixas de arquivo guardadas sob sua escrivaninha, temescrito, com sua filha, em sua maioria sobre um projeto de leitura para o currculo escolar.

    A lio do anjo tatuado

    A MANH DE NATAL EM NOSSA casa era uma celebrao de amor, bnos e famlia. Orvamos,abramos presentes, desfrutvamos da companhia uns dos outros e saborevamos um deliciosocaf da manh. Tudo ia bem em nossa casa at meu filho de treze anos, geralmente bem-educado,comear a falar alto e ficar encolerizado. Ele ficou furioso. Esquecera-me de comprar diversositens de que ele precisava para preparar seu famoso bolo e servir sua obra-prima no jantar deNatal. A raiva dele aumentou quando se lembrou de que todas as lojas estavam fechadas por causado feriado.

    Minha habilidade de lidar com crises foi logo posta prova. Lembrei-me de que a rede localWalgreen nunca fechava. Entrei no carro pensando em correr rapidamente at a loja para pegar oque precisava e voltar para casa. No sabia que Deus tinha uma profunda lio a minha espera.

    Quando peguei o acar, os ovos e a manteiga, notei um jovem de dezesseis ou dezesseteanos cujo corpo estava totalmente coberto por tatuagens e mltiplos piercings. Embora suaaparncia tenha chamado minha ateno, o que estava mais evidente era o grau de dor e tristeza naface do jovem. Tinha a aparncia de total desespero, profunda solido e sofrimento desolador.

    Meu corao encheu-se de compaixo pensando que aquele era o filho de algum em estadodo mais profundo desespero. Comecei a orar por ele, pedindo a Deus para rode-lo de conforto.Cada corredor por que passava, l estava ele no me seguindo, mas estava l para eu observ-lo e continuar a orar por ele.

    Conhecendo o poder da orao e confiando que Deus cuidaria desse adolescente, pensei quea experincia toda acabara. Paguei por minhas compras e sa da loja. Ao sair, confrontei-me maisuma vez com esse precioso filho de Deus. O jovem sentou-se em um banco com o rosto enterradonas mos. Seu duro exterior tatuado tremia com uma tristeza esmagadora. Cada lgrima mostrava

  • sua profunda vulnerabilidade. No pude mais ignorar a sua profunda angstia e comecei a sentir ador desse jovem. Era manh de Natal, quando a maioria das famlias est reunida, e esse jovemestava sozinho e em total desespero.

    Em minha mente, pedi a Deus: por favor, mostre-me como levantar esse jovem. Precisosentar-me com ele? Preciso chamar o servio de sade mental? Preciso lev-lo para casa comigo?

    Ento, como acontece muitas vezes, a voz baixa e calma falou para o meu corao uma vozfamiliar, contudo muito diferente de meus pensamentos interiores. Enquanto o Criador falava paraminha alma, estas palavras gentis e amorosas reverberavam por todo meu ser: Compre umpresente para ele. Mostre a ele que algum o percebeu e se importa com o fato de ele estar aqui.

    Corri de volta para a loja e comprei um pequeno presente para ele. Quando sa da loja,aproximei-me do jovem. Entreguei-lhe o presente e lhe desejei Feliz Natal. Ele parecia totalmentechocado. Comecei a falar, dizendo-lhe que notara como ele parecia triste e que queria fazer algopara alegr-lo.

    Enquanto ouvia, ele irrompeu em lgrimas. Em meio ao choro, ele repetia sem parar. Deus a abenoe! Obrigado! Voc no imagina o quanto isso representa para mim. Voc bem-vindo disse e perguntei-lhe se precisava de mais alguma coisa e se

    ficaria bem. Em segundos, toda a presena dele mudou. Ele levantou a cabea; seus olhos cheiosde lgrimas comearam a brilhar e, pela primeira vez, vi seu belo sorriso. Ele disse que agoraestaria bem. Despedi-me, desejando-lhe um Feliz Natal e que Deus o abenoasse.

    Quando entrei em meu carro, as lgrimas inundaram minha face. Ser que o simples ato denotar a dor de um adolescente podia mudar a vida dele? Um pequeno presente de reconhecimentodo sofrimento de outro ser humano podia levant-lo? Nunca saberei como esse encontro mudou avida desse jovem. Tudo que sei que minha vida nunca ser a mesma. Esse jovem era um anjo edeu-me muitas lies profundas. Pude ver como minha famlia era abenoada por termos uns aosoutros. Pude ver que afirmar a vida algo que fazemos ao realizar atos intencionais de bondade.Finalmente, pude entender como todo adolescente precisa ser amado, notado, reconhecido e estarligado com os outros.

    Debbie Milam desfruta da beleza natural do sul da Flrida, onde vive com seu marido e dois filhos. Ela, ex-terapeuta ocupacional, agora doa seu tempo para organizaes de caridade que ajudam famlias necessitadas.

    A experincia do prisioneiro

    S VEZES, EM NOSSOS MOMENTOS mais tenebrosos, Deus acende uma luz que muda toda a trajetriade como enxergamos o mundo. Minhas horas mais sombrias aconteceram enquanto cumpria umasentena de dez anos de priso, quando cometi o erro potencialmente fatal de me envolver em umatempestuosa confrontao verbal com outro condenado. Ele era lder de uma das maiores e maisperigosas gangues de rua da regio de Chicago e tinha tanto poder na priso quanto nas ruas.

    No me lembro bem sobre o que foi a discusso, mas fora srio o bastante para o lder dagangue dar ordem de que na manh seguinte eu fosse morto. No havia como escapar dessedestino. Naquela noite, sozinho na minha cela, andava nervosamente e fumava o ltimo dos meuscigarros. Vivenciei os momentos mais tenebrosos de medo e temor desta vida. Vises de uma

  • horrvel luta fsica seguida de minha inevitvel morte enchiam meu pensamento. Uma importanteconfrontao que ameaava a vida estava para explodir, e estava com medo mais medo do quejamais tivera antes.

    Pela primeira vez em muitos anos, voltei-me para Deus. Ajoelhei-me no cho de concreto dacela e orei. H muito tempo tinha desistido dessa coisa de Deus. Para mim, ele transformara-se emnada alm de um conto de fadas algo em que apenas o ingnuo acreditava. At aquele momento,Deus fora esquecido a no ser pelos momentos em que ele era o principal culpado por todasminhas dores e circunstncias.

    Orei por horas, suplicando, implorando, prometendo, pedindo para que Deus me desse umasada. Logo tive a ideia de escrever um pedido de ajuda e entregar para o prximo guarda quepassasse pela minha cela. No pedido, descrevi minha situao e o perigo iminente.

    Aps muitas horas ajoelhado no cho da minha cela, minha orao foi respondida. Entregarao pedido para um guarda que voltou muito depois, logo antes do alvorecer e me levou embora.Naquela mesma manh, fui transferido daquela priso de segurana mxima para outra priso desegurana mnima a quilmetros de distncia.

    No momento em que cheguei ao novo ambiente e ouvi a porta da minha cela ser trancada atrsde mim, ajoelhei-me e agradeci a Deus pelo que considerava interveno divina. Agradeci a elepor muito tempo, permanecendo ajoelhado em orao de gratido, convencido, sem a menorsombra de dvida, de que meu resgate fora Deus respondendo ao meu pedido de ajuda. Depois dehoras de orao de gratido, estava cansado de ficar ajoelhado. Deitei em minha nova cama, e, noinstante em que minha cabea tocou no travesseiro, aconteceu. Uma sensao vibrante dereconfortante leveza, gentil, mas poderosa, apossou-se de meu corpo. Essa sensao tomou contade meu corpo e parecia levar-me para longe. Sons de msica encheram meu ser os sonsgraduais da escala musical. Ouvia trs notas em tudo do, r, mi... Todos os instrumentos detodas as bandas e orquestras de todo o mundo e do cu enchiam a minscula cela em perfeitaharmonia.

    Ento, algo mais comeou a acontecer. Senti uma expanso. Aos poucos, tive conscincia deuma nova e distinta conexo com tudo a minha volta. Sentia como se uma vida nova tivesse sidosoprada nas paredes daquela cela, no ar, no cho, no teto e na rvore do lado de fora de minhajanela com grade. Ouvia o farfalhar de cada folha da rvore; sentia o calor da luz solar e sentia oaroma da grama de uma nova forma, como se sentisse tudo pela primeira vez. Estava me tornandoo cho, o teto e as paredes da minha cela. Sentia-me como o ar, as rvores e a grama do lado defora da janela, com o farfalhar das folhas e a luz do sol.

    Queria continuar a ter essa experincia, mas com a mesma rapidez com que o poder comeoua fluir, ele apaziguou-se e, muito mansamente, fez com que minha conscincia de meu corporetornasse. Estava embasbacado. Que sentimento estranho era esse? Embora ele parecesseestranhamente familiar e reconfortante, parecia algo como fico cientfica ou religio. A religionunca despertara meu interesse. Na verdade, at aquela perigosa noite anterior, quando imploreipor ajuda e orei pela primeira vez em anos, desistira havia muito tempo de qualquer crena emassuntos espirituais ou em Deus. Tinha de ser algo muito maior que tudo isso maior quequalquer coisa que tivessem me ensinado ou contado.

    Estava convencido de que o sentimento que acabara de vivenciar tinha algo que ver comnegcio de Deus ou talvez houvesse alguma explicao cientfica, mas sem conhecimento nemreferncia de qualquer tipo s podia especular com reverncia e maravilhamento. Mas algo a maisficara comigo. Havia a incontestvel convico de que Deus tomara conhecimento de minhasoraes; ele respondera ao meu clamor com um vislumbre de uma experincia que permaneceria

  • comigo daquele dia em diante. Deus abenoara-me com a breve, mas reconfortante, certeza de queo verdadeiro amor inabalvel, predominante, Todo-Poderoso e para sempre devotado. Esse otipo de compaixo que o Pai sente por seus filhos.

    O que foi isso? De onde veio isso? Como poderia sentir isso de novo? No podia respondera essas perguntas, mas passei os ltimos trinta anos fazendo essas perguntas o tempo todo at,finalmente, entender que Deus est sempre comigo, nunca deixou de estar e nunca deixar de estar.

    Depois de perder a esposa e cumprir sentena de dez anos na priso, Joseph Wolfe, agora, vive em Sedona,Arizona. Ele escreveu e publicou Letter to a Prisoner [Carta a um prisioneiro] para ajudar condenados de todosos lugares a entender que h poderes maiores do que seus olhos podem ver.

    Arrepios vindos do cu

    QUINZE ANOS ATRS, DURANTE UM excruciante funeral que jamais esquecerei, tive uma sensaoestranha. Um sentimento caloroso envolveu todo meu corpo, e uma luz cintilante com raiosluminosos feriu meus olhos. Sentia arrepios no corpo todo. Perdera um ente querido, mas fuireconfortada por um amigo de longa data que reencontrara. Essa morte era insuportvel, mas esseamigo seria inesquecvel.

    Em nossa famlia de quatro irms, tnhamos amor infinito e duradouro umas pelas outras.Vivamos muito distantes dos amigos e da famlia estendida, e os eventos sociais de qualquer tipoeram raros. Meu pai viajava a trabalho de cinco a seis dias por semana; portanto, era um prazert-lo em casa nos fins de semana. Minha me ficava em casa conosco e tinha alma amorosa.Minhas irms e eu fazamos tudo juntas, de andar de bicicleta a passear em nosso pnei, Peanuts, ajogar amarelinha e dividir tarefas. At mesmo orvamos juntas noite, de mos dadas.

    Ento, em uma noite fria, minha irm Karen foi tirada de ns em um acidente de automvel.Ela foi morta instantaneamente por um motorista embriagado. A morte de minha irm deixou umgrande vazio em meu corao e no corao de toda minha famlia. Tive de agarrar-me firmemente f que tinha e ao forte amor de minhas outras duas irms. Ca de joelhos e chorei at no ter maislgrimas. Gritei com toda as minhas foras, a plenos pulmes.

    Deus, onde o Senhor est?Houve silncio. No ouvi nenhuma resposta. Estava to sozinha e com tanto medo que nem

    mesmo o amor de minhas irms podia preencher aquele vazio. Total e completamente perdida nosabia que minha vida estava para mudar para sempre, que logo ficaria face a face com umapresena poderosa meu santo Pai, Rei dos reis, meu Jesus Cristo.

    O dia do enterro de Karen foi um dia de choque total. Lembrava-me que quando Karen aindaestava conosco, ela e eu sempre brincvamos de fazer elogios uma outra. Ela e eu queramos quetodos soubessem como ramos especiais enquanto estivemos na Terra. No podia desapontarKaren, ento disse ao ministro e a minha famlia que daria esse presente especial. Por queprometera isso a Karen? Ela jamais saberia se fiz esse favor ou saberia?

    Lutei com essa promessa por trs dias e trs noites. O ministro pressionou-me ainda mais aodizer que o elogio tinha de ser testemunho do Senhor, no tanto de Karen. Achava que esse era o

  • dia de Karen!Estava devastada no dia do funeral de Karen estava to confusa e exausta que escrevi

    apenas uma pgina sobre o que Karen representava para mim e seus entes queridos, mas nenhumtestemunho real do Senhor. Apenas sentei-me no banco da igreja com minha famlia, com o pedaode papel nas mos e comecei a chorar profusamente. Isso era um sonho?

    Nunca culpei meu Senhor, Jesus Cristo, por esse evento da minha vida. S no entendia porque Karen tinha de morrer to jovem e deixar seus entes queridos. Karen tinha tanta f e amorpelos outros, sobretudo por nossa famlia. Queria ouvir respostas, mas estava surda para o mundo.Sentada no banco da igreja, olhava minha volta e via tantos entes queridos que precisavam domeu conforto e amor. Queria tanto estender a mo para eles, mas estava congelada.

    , doce Jesus orei silenciosamente por favor, ajude-me a atravessar essa crise.Preciso tanto do Senhor!

    Quando chegou a hora de subir at o altar e ler o elogio de Karen, fiquei de p com a ajudade meu marido. Coloquei os culos, no para ler melhor, mas para esconder os olhos vermelhos einchados. Mal podia enxergar para caminhar com as lgrimas correndo de meus olhos.

    Quando cheguei ao altar com meu marido ao meu lado, dei uma rpida olhada em todas aspessoas que enchiam a igreja e, depois, para meu pedao de papel. Minhas mos tremiam tantoque no conseguia segurar o papel direito. Finalmente, meu marido sussurrou-me:

    Deixe que eu leio para voc.Olhei-o nos olhos, tentando expressar o grande amor que sentia por ele, e disse: No, obrigada, eu mesma tentarei fazer isso.Embora parecesse que tivessem transcorrido horas, s haviam passado alguns instantes

    quando, de repente, algo se apossou de mim. Minha jornada com Jesus Cristo estava paraflorescer bem diante dos meus olhos e no fundo de minha alma! Estava de p no altar sem saber seconseguiria entregar meu presente para Karen, quando uma sensao de calor se espalhou por meucorpo. Senti uma paz completa, com uma calma interior que no conseguia explicar. Sentime todistante da minha famlia e de todas as pessoas da igreja, isolada nessa calorosa bolha de calma,mas no estava sozinha. Algum segurava minha mo esquerda. E no era meu marido, porque eleestava segurando minha mo direita.

    A fraqueza que sentira antes foi substituda pela fora da segurana, a forma como a crianasente-se acalentada nos braos da me. Ento, uma luz radiosa brilhou de um lado a outro daigreja. Ela atravessou os vitrais da igreja e brilhou com magnificncia. Essa luz resplandecenteacabou com todos os meus medos, apagou meu vazio e secou minhas lgrimas. Em vez dessessentimentos, ela deu-me uma sensao de esperana e de extrema alegria. Pude falar com tantaclareza a todos os entes queridos de Karen. Queria falar o dia todo! Por favor, pensei, deixe queisso continue e no termine nunca!

    Esse foi o maior sentimento que j tive na minha vida. Pela primeira vez, senti honestamente apresena de Deus! Esse era meu amigo de longa data, meu Pai do cu, meu Jesus Cristo! Ele fez-me saber que no s confortaria a mim e aos entes queridos de Karen, mas tambm que Karenteria uma alegre vida eterna com ele. Realmente, senti arrepios em todo meu corpo arrepiosvindos diretamente do cu!

    Depois do funeral, muitas pessoas vieram at mim e disseram que minhas palavras asconfortaram mais do que seriam capazes de expressar. De verdade, no me lembro de todas aspalavras que disse no elogio. Tudo que tinha era um pedao de papel na minha frente, e o restoveio de Jesus. Disse a cada um deles que aquelas palavras no eram minhas, mas do Senhor.Finalmente, comecei a entender que o Senhor tinha me rodeado com seu amor e me concedido a

  • esperana para continuar minha jornada na Terra sem a Karen. Agora, andarei o resto de meusdias com ele, meu Jesus Cristo.

    Minhas irms e eu ainda estamos juntas, para sempre uma no cu, como nosso anjo daguarda pessoal. Sim, o Senhor, Jesus Cristo, est sempre comigo. Sinto-me profundamentehonrada por ter tido essa inspirao especial da presena do Senhor, experincia essa que jamaisesquecerei. Esse foi um presente do cu, e oro para ter outros. Ouo a voz do amor todos os dias,e essa voz meu Senhor. O Senhor concedeu-me a promessa de que nunca me abandonar, porisso, quando sinto arrepios por qualquer motivo, sei em meu corao que estou sentindo o cu!

    Terri Nelson, enfermeira formada na Williamson County Medical Center em 1980, trabalha como enfermeiraanestesista para um cirurgio facial. Ela e sua famlia vivem em Franklin, Tennessee, e devotam sua vida aJesus Cristo.

    Senhor, fique comigo

    DEPOIS DE SETE ALEGRES ANOS EM NOSSA casa dos sonhos beira de um lago, longe de tudo, meumarido de 34 anos sofreu um derrame debilitante. No fim, terapia e oraes restauraram algumamobilidade, mas a vida ficou mais complicada quando minha querida me contraiu Alzheimer etambm passou a precisar dos meus cuidados. Com tantas demandas contnuas do meu tempo, noconseguimos mais participar dos cultos de domingo na igreja.

    Uma das senhoras da igreja telefonou para saber se estvamos bem. Quando expliquei asituao, ela disse-me trs palavras especiais que me do fora todos os dias:

    Senhor, fique comigo.No fim, no tive outra escolha a no ser pr mame em uma casa de repouso da vizinhana.Toda manh, ponho um pequeno caf da manh na mesa de cabeceira ao lado da cama para

    meu marido antes de atravessar o corredor e entrar no escritrio montado em casa a fim de jogarNintendo. Ainda conseguimos nos comunicar um com o outro. Certa manh, estava no meio do meujogo quando, de repente, ouvi uma msica linda. Fiquei sentada imvel, perguntando-me de ondevinha esse som nico. Depois de alguns momentos, levantei os olhos e vi a metade de cima domeu escritrio caseiro repleto de formaes parecidas com anjos de nuvens em tons de azul, rosae branco. Eles formavam um grupo compacto, mas podia ver suas asas uma cena bonita etranquila. Inclinei a cabea para trs, olhando e ouvindo, e percebi que eles cantavam para mim.

    Depois de alguns momentos cheios de maravilhamento, levantei-me da minha cadeira eretornei ao nosso quarto, onde meu marido estava sentado ao lado da nossa cama. Perguntei-lhe seele ouvira alguma msica, e quando ele sacudiu a cabea, afirmativamente, descrevi o queacabara de ver e ouvir. Foi quando a mensagem deles me foi revelada. Disse a meu amado maridoque a mensagem deles era simplesmente para no nos preocuparmos, pois tudo daria certo. Meuquerido marido olhou-me e sorriu com muita doura. Ficamos sentados ali alguns minutos semfalar nada.

    s quatro horas da manh seguinte, meu marido morreu em meus braos de um derramemacio. Tirei foras dos bonitos anjos e sabia que ele estava bem e nos braos amorosos de Deus.

    Um ano depois, tive de vender nossa casa dos sonhos. Mame e eu mudamos para a Flrida,

  • onde conheci um maravilhoso cavalheiro cristo, Tom, de Indiana, que estava ali de frias. Eleconvenceu-me a viver em Indiana e pr mame na mesma casa em que sua me estava. Tomencontrou um apartamento para mim perto de sua casa e de nossas mes.

    Tom sofria de forte artrite em todo o corpo, por isso, toda manh, eu dirigia a pequenadistncia at sua casa, onde passvamos os dias juntos. Certa manh, parei para pegar alguns itensde que Tom precisava e, a seguir, vi-me dirigindo na hora de trfego pesado. Achei que era umbom momento para dizer minhas trs palavras especiais.

    Senhor, por favor, perdoe-me qualquer coisa que possa estar fazendo errado e, Senhor,fique comigo disse em voz alta.

    Quando disse as ltimas palavras, ouvi a voz mais bonita, calma e uniforme dizer-me muitovagarosamente:

    Gayle, sempre estou com voc.Sua voz no era parecida com nenhuma voz que j ouvira.Era como se a voz estivesse me preparando. No dia seguinte, meu nico filho sofreu um

    ataque cardaco. Por pior que fosse a situao senti uma grande paz e um profundoconhecimento de que Deus no o levaria antes de me levar.

    Trs anos depois, enquanto retornava ao meu apartamento depois de visitar Tom, sofriinsuficincia cardaca congestiva. Tentei pegar meu telefone sem fio e pedir ajuda. Minutosdepois, o pessoal do atendimento de emergncia derrubava minha porta para entrar. Estavainconsciente. Depois, os mdicos contaram-me que morri trs vezes nos dois primeiros dias nohospital. Eles deixaram-me em coma induzido por seis semanas na tentativa de estabilizar meusrgos vitais e introduzir diversas endoprteses expansveis, tambm conhecidas por stents, emminhas artrias a fim de remover a principal artria da minha perna direita e implantar umavlvula de porco em meu corao. Retornei vagarosamente vida, mas tive de reaprender asentar, ficar de p e caminhar. Continuei a dizer minhas trs palavras especiais em busca de fora.

    Um ms depois, minha vlvula de porco infeccionou. Foram necessrias mais seis semanasde hospital. Toda quinta-feira de manh, era levada para a radiologia, tomava uma anestesia leve,e uma cmera era introduzida atravs da minha garganta para ver se a infeco j estava curada.Depois da quarta semana, estava janela do meu quarto olhando a lua e as estrelas e orava detodo corao a Deus para que me curasse a fim de que pudesse voltar para casa. Imediatamente,uma sensao de calor e paz me envolveu, como tambm senti o formigamento que ia da cabeaaos ps. Sabia que Deus respondera a minha orao.

    Na manh seguinte, quando foi realizado o procedimento com a cmera, no havia infeco.Fui liberada do hospital. Isso foi a trs anos e meio. Trs de cada cinco pessoas que passam peloque passei morrem. Meus mdicos chamam-me de senhora do milagre.

    O Senhor est comigo...

    Gayle Lelekatch e seu marido, Tom, divulgam sua mensagem de esperana visitando e alimentando os sem-teto. Conhecidos pelos que sofrem dificuldades como vov e vov, eles alimentam o corpo e o esprito dostotalmente desprovidos e os inspiram a nunca desistir da esperana e da confiana em Deus.

    O Buick o carro que mudou minha vida

  • FOI UM SBADO IMPRESSIONANTE na Flrida quando o motorista daquele carro mudou tudo naminha vida. Estivera voando alto graas a outra semana bem-sucedida em meu novo trabalho,transformada em uma estrela brilhante em apenas cinco meses nessa nova posio. Parecia queno podia errar e quase j conquistara um escritrio de canto com janela dando para o parque.Assentar-me em minha escrivaninha de mogno com cadeira de pelcia. Sentia-me orgulhosa esatisfeita comigo mesma e com minha vida. Meus talentos serviam-me bem e ser destemida emvendas tornara-me arrogante. Parecia que tinha tudo: um bom emprego, uma casa bonita, um carroe um excelente marido. At mesmo meu espelho confirmava que era jovem, bonita e saudvel.

    A despeito de todo esse sucesso, sentia-me um tanto desligada da minha vida. Essedesconforto mantivera-me acordada muitas noites, como um comicho que no pudesse coar.Nada que tentasse para encher esse vazio surtia efeito. Falei com Deus sobre o assunto em tomcoloquial porque me sentia desconfortvel com a verdadeira orao, como fora ensinada a fazer.Perguntei-lhe como sentir a verdadeira paz e a felicidade em minha vida. Infelizmente, squeixava-me com Deus e nunca conversei com ele quando as coisas iam bem. Na verdade, notinha nem mesmo certeza se Deus era real.

    Dizem que para conseguir a ateno de uma mula teimosa voc tem de usar um arreioapertado. Para mim, o arreio apertado foi um acidente de carro, que logo fez minha vida parecerum quebra-cabea cujas peas foram esparramadas pelo cho.

    O motorista de um Buick, um modelo antigo, bateu com fora no lado do Triunph Spitfire deminha amiga. Os dois assentos minsculos do carro esporte no eram preo para o Buick. Tive umsegundo para reagir antes do impacto e cometi o erro de esticar meu brao e perna direitos contrao painel e o piso do automvel.

    Definitivamente, o velho e surrado Buick j vira dias melhores, e sua motorista parecia tercerca de treze anos de idade. Ela continuava a dizer que sentia muito. O beb dela gritava nacadeira do carro; incitei-a a examinar a criana. A jovem mulher tirou a criana, que gritava, dacadeirinha, implorando para que no chamssemos a polcia porque no tinha carta de motoristanem seguro para o carro. Quando sa do carro e tentei ficar de p, minhas pernas entortaram, eminha cabea girou. No conseguia andar. No tnhamos escolha a no ser chamar a polcia e aambulncia.

    Ir a um pronto-socorro com pessoal insuficiente em um fim de semana foi um pesadelo.Esticar o brao e a perna antes do impacto fez com que meus ferimentos fossem mais srios.Algumas vrtebras saram do lugar e meu ombro direito estava insensvel. Sofri rompimento dostendes, e houve deslocamento dos ossos do quadril.

    Depois de uma semana no hospital, fui para casa com remdios para dor e promessa decirurgia quando acabasse o inchao. S conseguia andar com muita dificuldade e, logo, perdi oemprego novo. Os mdicos disseram-me que poderia levar, pelo menos, alguns meses antes depoder voltar ao trabalho. Os remdios para dor deixavam-me grogue e estranha, e meses de testese visitas ao mdico cobraram seu preo em meu casamento. Meu marido foi embora dizendo queno podia aguentar isso, e fiquei sozinha com dois cachorrinhos ansiosos por ateno com osquais no podia caminhar nem brincar. Minhas contas acumulavam-se.

    Lenta e dolorosamente, passou-se um ano. Minha amargura e raiva fizeram-me culpar tudo etodos pela triste situao de minha vida e solaparam todo conforto espiritual de que tantonecessitava.

    Em um desses sombrios dias cheios de pnico, decidi ir a uma grande livraria. Amava ler, eisso era algo que ainda podia fazer. A leitura tornara-se meu refgio, e passei horas l bebendo

  • caf e olhando os livros. Fui inexoravelmente atrada por livros sobre espiritualidade. Um livrorecomendava manter um dirio como uma forma de registrar a jornada espiritual. Ento, percebique estava nessa jornada. Comprei um caderno e comecei a meditar.

    Supunha-se que ficar quieta e imvel e penetrar em meu interior eram uma forma poderosa deconhecer a mim mesma. Tambm aprendi que, dessa forma, tambm se pode receber mensagem eorientao. Era um caminho para fazer contato consciente com Deus. Encontrei um lugar em casaque transformei na minha sala de meditao, conforme sugerido, instalando um altar com coisasimportantes para mim. No foi fcil de incio, mas, como acontece com toda tentativa, depoisficou mais fcil. No demorou muito para que meditasse em toda chance que tivesse, penetrandoem poderosa paz e abrindo o canal de comunicao com Deus. Comecei com a prtica dagratido, o que foi sugerido pelos meus livros como uma forma de conhecer a Deus. Enquantotivesse gratido em meu corao e em minha mente, no havia espao para o pensamento negativo.Estava agradecida pelo que tinha e me sentia mais calma. Estava acontecendo uma imensatransformao.

    Gradualmente, minha dor cedeu e parei de tomar medicao. Em vez dela, escolhi acupuntura,massagens e remdios naturais. A ioga fortaleceu-me e comecei a me sentir melhor. As cirurgiassugeridas pelos mdicos tornaram-se desnecessrias.

    O que aprendi foi extraordinrio. A cor e a alegria voltaram minha vida. Comecei a pintar ea escrever de novo, produzindo minha melhor obra. A ansiedade e a depresso que haviamnublado minha vida por tantos meses desapareceram.

    Ento, em um daqueles dias tempestuosos pelos quais a Flrida to famosa, minha jornadade me aproximar mais de Deus foi completada. Os relmpagos crepitando atravs do cu e achuva agitada pelos ventos fortes caam na superfcie da estrada. Fiquei fascinada com a belezadisso.

    Espiava a chuva, ouvindo um CD de concertos de violino. A msica era to bonita quecomecei a chorar. Formulei a palavra.

    Obrigada.Foi quando ouvi. As palavras foram espantosamente claras. Voc bem-vinda!Elas foram ditas bem alto e, ao mesmo tempo, de modo suave. Eram milhares de vozes e,

    contudo, uma nica voz. Ela vibrou atravs de todo meu corpo e me congelou no lugar. Soubeimediatamente que a voz que ouvira era a fora poderosa de Deus falando comigo. Nunca mesentira to completa nem to imersa em felicidade, em tamanha alegria e em um amor toimpressionante.

    Naquele dia, tomei a deciso de me comunicar com Deus todos os dias porque ficou claroque Deus estava comigo todo o tempo. Sentei-me em expectativa silenciosa e ouvi Deus falarcomigo atravs de meu corao faminto. Usei todos os meus sentidos para me comunicar com ele,passei a entender que no devia desconsiderar nada porque Deus podia falar comigo por meio dabeleza de uma flor ou da letra de uma msica.

    Quando escrevi e permiti que sua energia flusse por meu intermdio, ele comunicou-secomigo na forma escrita por meio do meu corao e ser. Tudo era precioso porque sabia comcerteza absoluta que Deus estava l, expressando sua presena por meu intermdio e por meio detodos. No houve coincidncias. Deus respondeu a meu pedido para o conhecer, s tive de prestarateno.

  • Diannia Baty vive na regio de Salisbury, Carolina do Norte, com seu pequeno chihuahua Hector. Ela apaixonada por escrever e por servir aos outros. Tambm apaixonada por artes, pela fotografia e pelanatureza.

    O detalhe amarelo exatamente como eu

    OLHAVA DEPRIMIDA A PAREDE DO meu quarto pintada pela metade outro projeto ainda noterminado. O azul escuro profundo e o detalhe amarelo exatamente como eu: metade do tempo erasombria e triste, e na outra metade sentia-me como o detalhe amarelo, com nusea e dor deestmago. Como fiquei nessa situao? Mal tinha feito dezenove anos e tinha um beb recm-nascido e um marido que usava regularmente meu corpo como saco de pancada para dar vazo asua tenso reprimida. Como me metera nessa vida de violncia, sem telefone nem carro, vivendoafastada de meus amigos? No podia comer sem tomar remdio para acalmar meu estmago. Noconseguia dormir sem remdio para induzir o sono. A impressionante msica Only the Lonely[S os solitrios], de Roy Orbison, dava voz aos meus sentimentos.

    Deito-me descuidadamente na cama para induzir o sono com o zumbido da televiso. Nada!Os espetculos foram substitudos por alguma cruzada... essa coisa de Billy Graham est atmesmo nos painis de propaganda, os famosos outdoors. Deixei no canal, estava com muitapreguia para levantar e mudar de canal. Cara, tinha um bocado de gente no estdio abarrotado.Os homens, parecendo apertados em seus ternos e com aquela aparncia arrumadinha de cristo,seguravam o microfone, um a um, falando sobre Deus, enquanto o coro cantava sobre Deus. Sim,sim, Deus.

    Declarei-me agnstica. Gostaria de acreditar em Deus, mas no tenho realmente certeza nemde que ele existe. Tudo soava bem na televiso e nas canes, mas acho que a conversa era depouco valor, e tudo parecia um tanto exagerado. Todos esses pensamentos pululavam na minhamente, todavia era compelida a continuar a assistir e a ouvir.

    Depois de um tempo, o prprio manda-chuva, Billy Graham, pegou o microfone. Seus olhospareciam claros e diretos, antes, intensos, do tipo o que voc v o que realmente sou. Gosteido queixo forte dele que no correspondia fala sulina arrastada e macia que agitava o meuquarto. Algo nele me atraiu e ouvi quando pediu que as pessoas fossem frente e aceitassem aJesus. Realmente, no tinha aceitado essa parte para mim mesma porque no tinha certeza no queacreditava. A msica Just as I Am [Exatamente como sou] misturada ao fundo como papel deparede estabelecia o palco para as tranquilizantes palavras de Billy Graham que continuavam afluir como mel a respeito de como Deus me ama e me aceita exatamente como sou. Ele falou atmesmo para os que estavam assistindo televiso e disse que podamos aceitar a Jesus e a Deusem nosso corao naquele momento mesmo.

    Comecei a ponderar como isso era possvel quando comearam a descer lgrimas por minhaface. No ouvi mais Billy Graham nem a televiso. Tudo isso foi emudecido pela sensao de umaforte presena bem em minha cama, uma presena to penetrante que no sentia nada alm deaspereza e dor. Todo meu corpo parecia que tinha se liquefeito como se tivesse degelado. Sentia-me viva e talvez na verdade, esperanosa pela primeira vez em toda minha vida. Umnevoeiro obscuro flutuava em meu quarto, absorvendo o azul escuro e o detalhe amarelo quecoloriam meu mundo. No lugar dessas cores, brilhavam o ouro e o violeta. Senti amor em todo

  • meu ser, e minhas lgrimas continuaram a cair. Esse sentimento de ouro e violeta foi to poderoso,era to doce e calmo que me senti totalmente envolta em paz. Solucei do mago de meu ser comalvio e, surpreendentemente, com a aceitao de que Deus existe de fato. No estava perdida edefinitivamente no estava sozinha. A presena, que, sem sombra de dvida, sabia ser de Deus,estava comigo e em mim. Senti essa nvoa amorosa, essa cor e brandura em todo meu ser.Realmente, nada existia alm de mim e da presena, suave, e forte, e gentil, tudo ao mesmo tempo.O tempo parou enquanto experimentava uma profunda comunicao que penetrou muito alm daspalavras ou qualquer coisa que conhecesse. Recebi a profunda compreenso de que era amada eaceita, independentemente do que tivesse feito ou tivesse sido feito a mim.

    A partir daquele instante, mudei. Encomendei a literatura oferecida por Billy Graham. Dealguma maneira, ela era minha ligao para aprender mais sobre esse Deus, o meu Deus. Abriu-seum espao em mim que estava faminto por conhecimento, fome de saber tudo que havia sobre essapresena gentil e poderosa que, de alguma maneira, transmitira amor a mim com total aceitao dequem eu era e exatamente como era.

    Jamais falei com algum a respeito dessa experincia. Ela foi muito profunda e pessoal e noconseguia encontrar uma maneira de compartilh-la. Nunca mais fui a mesma, mas vivi com essaabenoada experincia pessoal segura de que jamais seria abandonada. Independentemente decomo as coisas podem ficar ruins, sempre terei o amor e a aceitao de Deus. A conscincia dissoaumentou minha autoestima tornando possvel continuar seguindo em frente quando achava que noconseguiria dar outro passo. Foi a partir dessa minha experincia aos dezenove anos que comeceiminha busca pelo conhecimento de Deus e do sentido da vida.

    Juntei-me a uma igreja local e, entre todas as coisas, pediram que desse aula na escoladominical. Poucos meses depois, o pastor visitou-me em casa. Os presbteros da igreja votaram edecidiram me pedir para ensinar as crianas difceis do segundo grau. Ningum aceitara ensin-los. Depois de o pastor me incentivar, decidi pegar esse grupo. A classe foi muito bem-sucedida,e ningum ficou surpreso com isso, exceto eu mesma. Minha vida foi preenchida com a igreja eatividades sociais medida que meu mundo expandiu em momentos mais felizes. At meu quartofoi pintado.

    Meu marido e eu ainda tnhamos nossas batalhas, mas, agora, tinha em casa uma vida que vaimuito alm dos momentos deprimentes. No fim, deixei meu marido e constru uma vida para mimcomo me solteira. Embora, s vezes, a vida fosse difcil, continuei a criar minha famlia. Sempreque estava perto de me sentir vazia, lembrava o reservatrio de ouro e violeta guardado emsegurana em um canto do meu corao. As lgrimas podiam brotar, e a presena, o meuconsolador, mais uma vez me envolveria, derramando amor e paz sobre mim. Em cadaencruzilhada da minha vida, continuei a trazer lembrana essa breve experincia. Podiaaproximar-me da orientao amorosa da presena simplesmente ao me lembrar de meu primeiroencontro. Surpreendime ao descobrir que, ao contrrio de antigas fotografias que se desvanecem ese tornam enevoadas com o tempo, minha experincia permanece clara e poderosa, com tododetalhe impresso para sempre em minha memria.

    Rememorando, jamais imaginaria que estar com preguia demais para levantar e mudar decanal resultaria em receber a ajuda de Deus de que precisava to desesperadamente. Billy Grahamno imagina que foi o veculo que me trouxe at Deus. Poderia ter pesquisado o mundo, todaviaencontrei Deus na televiso do meu quarto pintado pela metade quando no estava nem mesmoprocurando por ele... ou, pelo menos, era isso que achava.

  • Ariadne Romano, originalmente do sul da Flrida, hoje, vive na Pensilvnia com suas duas filhas. Ela gosta deexplorar montanhas e fazer caminhadas onde vive, como tambm aprecia danar, ler, ouvir msica, filmes eapresentaes teatrais ao vivo.

    O homem que ouve a voz

    NASCI EM 1926, EM UMA fazenda na provncia de Quebec, Canad. Quando fiquei adulto, comeceiminha vida nessa mesma fazenda, constituindo uma famlia antiga moda francesa com oitomeninas e um menino. Desfrutava de uma vida bem-sucedida e feliz at que os tempos de tensopoltica me fizeram mudar com minha famlia para a provncia de Ontrio, onde encontrei trabalhosazonal como carpinteiro. Por causa do longo e duro inverno, trabalhava s quatro meses por ano,mas o salrio mostrou ser suficiente para que minha famlia tivesse uma vida confortvel. Duranteo inverno, trabalhava para uns poucos clientes aqui e ali, conseguindo dinheiro extra o suficientedurante os meses magros para cuidar de nossas necessidades.

    Tudo estava bem at que a recesso atingiu a provncia entre 1975 e 1980. Meus clientessofreram perdas e estavam mais contidos com os gastos de dinheiro. O trabalho era escasso paratodos. Com minhas filhas prontas para ir para a universidade, eu ficava em casa no fazendo nadaalm de sobreviver com o seguro-desemprego e enfrentando o desastre financeiro. No s tinha depagar pelas necessidades bsicas da minha famlia, mas tambm tinha de devolver o dinheiro queemprestara para o primeiro ano de universidade de minha segunda filha.

    Minhas preocupaes aumentavam de forma constante. Se perdesse nossa casa, quem alugariauma casa para uma famlia com nove filhos? O medo de ficar na rua mantinha-me fixando o tetoenquanto minha famlia dormia. Repreendia-me por ter sido estpido. Por que emprestara essedinheiro? Por que no economizei mais quando os tempos eram bons? Agora, no tinha dinheiropara pagar minhas contas.

    Com to pouco trabalho perto de casa, aventurei-me mais e mais longe procura de algumtrabalho para ajudar minha famlia a sobreviver. Isso foi difcil para minha esposa. Comigo foraboa parte do tempo, ela cansou-se de ficar sozinha e comeou a ter a companhia de outro homem.Minha dor por isso era a mistura pela m reputao do homem e o conhecimento de que ele no seimportava nada com meus filhos. Ele s usava minha esposa e, disse-me certa vez, que no darianada a ela.

    Tentei o melhor que pude ser compreensivo, mas meu corao e orgulho estavam partidos.Minha pobre esposa fora seriamente afetada por dar luz a nove filhos e no conseguia lidarmentalmente com a realidade. Isso afetara seu julgamento e capacidade de tomar deciso, e,trabalhando tanto tempo fora da cidade, parecia que havia algo que eu pudesse fazer. No podiaestar em dois lugares ao mesmo tempo e tinha de alimentar meus filhos. Odiava saber que umhomem terrvel estava se aproveitando de minha adorvel esposa e temia por minhas meninas,sabendo que elas estavam vulnerveis com a presena dele por perto. A frustrao que sentiaameaava me dilacerar. Se tentasse tirar meus filhos dessa situao, as chances de que elesfossem separados uns dos outros seriam grandes. Andava de uma parede a outra da casa, como umleo enfurecido em sua gaiola.

    Toda minha vida fora um homem honesto, sendo o melhor que um homem pode ser. Eratrabalhador, confivel e nunca ferira ningum. Sei que h consequncias por cometer enganos, mas

  • o que estava acontecendo comigo e meus filhos no era culpa minha. Quem me colocara nessasituao terrvel? Sacudi o punho para o teto.

    Se no foi voc, Deus, ento quem fez isso?Parei de andar de repente. Disse enraivecido: Jesus, Maria e todos os santos catlicos para quem as pessoas oram, ponha-os em uma

    mala e jogue-a fora. Para mim, eles no existem. Toda essa coisa de religio no parece nadaalm de mentiras! Agora, no h ningum aqui a no ser voc e eu, Deus. Se voc realmenteestiver a, no lhe dou trs anos, nem trs meses, tampouco trs dias mas trs horas paraaparecer. Se voc no me mostrar que verdadeiro e que est aqui, voc ser atirado com o resto.

    Nesse momento, minha esposa chamou-me para a refeio noturna. A mesa estava cheia decomida, e as crianas estavam reunidas em torno dela, barulhentas como sempre. Assentei-me mesa, mas antes de tocar meu prato ouvi uma voz amigvel falar comigo. Sabia que no tinhaimaginado isso, embora a voz no pertencesse a minha esposa nem a nenhum de meus filhos. Elafoi muita alta e clara para haver engano, mas foi, ao mesmo tempo, branda e amigvel. Ela disse-me:

    Voc tentou escrever algo ontem. V pegar seu papel. Tenho algo para voc escreveragora.

    Quase pulei da cadeira, mas ningum estava l, e a famlia estava to ocupada passando osalimentos e comendo que ningum na mesa parecia ter notado nada. claro que eles no tinhamescutado a voz. Estava ficando louco?

    Comecei a tocar meu prato de novo, mas a voz repetiu-se to alto quanto da primeira vez. Pegue papel e lpis, tenho algo para voc escrever.Virei-me em direo parede. Era impossvel ter algum atrs de mim. O tom da voz era to

    agradvel e amigvel, mas no conseguia evitar ficar um tanto desconfiado. Isso era algocompletamente novo para mim.

    Fui pegar diversas folhas de papel e um lpis que deixei do lado do meu prato. Ningum mesa percebeu.

    A voz falou comigo, mas s na minha mente, slaba por slaba, e no conseguia saber o queestava escrevendo. A voz repetiu-se at que tivesse escrito exatamente o que dissera. Escrevi trspginas, talvez mais, no me lembro. De repente, percebi que estava sozinho mesa. Uma deminhas filhas que passava me disse:

    Seu prato estava limpo, ento o peguei , e ela foi embora.Arrumei as folhas e comecei a ler. Agora, consigo contar apenas a respeito do que estava

    escrito.Trs dias atrs, voc disse a um amigo que sua famlia nunca deixou de ter trs refeies

    por dia e que dois teros do mundo fazem apenas uma refeio por dia s vezes, umarefeio a cada trs dias e voc ainda clama que um homem pobre.

    Voc diz que no tem um centavo sobrando para pagar suas contas; contudo, vejo dinheiroem muitos envelopes em suas gavetas. Pessoas pobres no tm isso.

    (Imediatamente pensei comigo mesmo que isso era mentira, mas trs dias depois, encontreiminha coleo de moedas antigas em vrios envelopes nas minhas gavetas.)

    Voc est profundamente ferido por causa de sua esposa, e esse fato importante paravoc. Isso no importante. Lembre-se, todo dia seus filhos so muito felizes com vocs,independentemente da sua situao. Isso importante.

    Saiba que a chave o amor. Tudo est ligado a isso. Aprenda a amar e no haver mais umproblema real.

  • Agora, voc deve saber que nunca estar sozinho de novo. Voc pediu que eu me mostrassee viesse at voc. Sempre estou aqui.

    Havia muito mais. A cada pgina, a voz endireitava minha maneira de pensar. Estiveraenganado o tempo todo. Enquanto lia, minha esposa aproximou-se e foi como se Deus caminhasseat mim. Fiquei muito agradecido de ela vir at mim daquele jeito; no disse nenhuma palavra,temendo que ela se sentisse amedrontada. Senti o mesmo sentimento de amor levantar-se em meupeito conforme cada criana passava pela minha cadeira. Estava pleno de alegria e felicidade;nenhuma palavra consegue descrever minha emoo. Estava apenas feliz por ser, sem nenhummotivo.

    medida que os dias passavam, pude sentir essa intensa felicidade desvanecendo-se. Oreiajoelhado para mant-la, mas aps trs ou quatro dias, era um camarada normal, exceto que nohavia mais pensamentos negativos em minha mente. Tentei compartilhar minha experincia com osoutros, mas eles disseram que era o homem que via coisas que no vemos. O homem que ouve avoz.

    Desde aquela noite, coisas estranhas me acontecem. Desde essa poca, nunca mais pegueidinheiro emprestado. Ningum me deu nada. Ainda tenho minha coleo de moedas nos envelopesnas gavetas e no me lembro de como paguei minhas contas. S depois da primavera seguintevoltei a trabalhar de forma constante de novo, mas nunca devi dinheiro a ningum nem tive nenhumproblema financeiro, embora no me recorde de onde veio o dinheiro para pagar minhas dvidas.

    Certo dia, recebi um telefonema de um hospital. Eles precisavam de um carpinteiro paratrabalhar ao ar livre naquele dia de ventania em que a temperatura estava prxima de tiritantes -30 C. Vesti-me para enfrentar o tempo glido e parti. Quando cheguei l, eles mandaram-me ver apessoa que estava no comando da contratao no interior do hospital. Depois de algumasbrincadeiras, ele disse:

    No h nada para voc fazer do lado de fora. Precisamos de algum para fazer amanuteno no interior do prdio como carpinteiro e, independentemente de quem se candidatoupara o cargo, ele seu. Voc comea amanh.

    Naquela poca, sendo catlico, pertencia associao dos Cavaleiros de Colombo. Aspessoas para quem estava trabalhando eram maons. Esses dois grupos sempre foram inimigosinternacionais. Isso no tinha a menor importncia. Sabia por intermdio da voz que a nica coisaque importava era o amor.

    Por muitos anos, comuniquei-me com a voz sem precisar escrever as mensagens. A voz falavacomigo no interior de minha mente quando eu queria. Por fim, estando feliz e satisfeito com minhavida e querendo que as pessoas esquecessem que ouvia a voz, parei de me comunicar com ela eme esqueci de como fazer isso.

    Certo dia, deparei-me com um livro sobre como ouvir a voz de Deus intitulado The Voice forLove [A voz do amor] e que contava algo similar a minha histria, assim, comprei o livro e osCDs que o acompanhavam. Quando segui as tcnicas ensinadas, a voz comeou a se comunicar denovo comigo.

    Ontem, a voz pediu-me que eu fosse especfico em relao s minhas necessidades para quepudesse me ajudar. No tenho necessidade de nenhuma ajuda porque sou muito feliz. A vozrespondeu:

    Quero que voc saiba que estou feliz com voc.

    O autor quer permanecer annimo.

  • O dia em que as torres gmeas caram

    NA MANH DE II DE SETEMBRO DE 2001, em minha pacfica moradia em Adelaide, sul daAustrlia, entrei no quarto de meu filho caula e encontrei-o assistindo televiso, testemunhandoo horror das torres gmeas ruindo em Nova York.

    Me, olhe! Os Estados Unidos esto sendo atacados.Sentei-me cama com ele, em descrena. No tinha certeza se a coisa era de verdade ou no.

    Talvez fosse uma brincadeira ou apenas a propaganda de um filme.Assim que percebi que era absoluta e perturbadoramente verdade, parei tudo que estava

    fazendo, conectei-me com minha fonte e perguntei a minha sabedoria interior: Com quem estou emconflito? Com quem preciso fazer as pazes agora mesmo?

    Sabia em algum grau no importa quo pequeno fosse que estivera contribuindo paraessa loucura. Imediatamente, o nome de uma mulher veio-me mente. Era algum com quem forabastante julgadora. Naquele momento, entreguei tudo a Deus.

    Ofereo isso ao Senhor, Deus disse. Liberto-me totalmente desse conflito em meuinterior e, de agora em diante, tomarei cuidado com minhas palavras. Ofereo isso ao Senhor paraser curada.

    Sabia que tinha sido ouvida. A manh era como outra qualquer. Os meninos precisavam irpara a escola. Meu marido estava prestes a pegar seu avio para voltar ao trabalho, e eu precisavalev-lo ao aeroporto. Todos ns cuidamos de nossos negcios dirios de uma maneiradesusadamente calma, em parte porque estvamos em estado de choque, mas havia algo mais apresena de uma gentil tranquilidade.

    No caminho de volta do aeroporto, decidi visitar a catedral de So Pedro. Ela tem uma reaexcelente atrs do altar principal chamada capela da Senhora. Amo esse pequeno refgio paramulheres, belamente denominado, bem no limite da cidade. A catedral um dos mais admirveissmbolos de Adelaide e um lugar que visito com frequncia quando preciso fazer uma conexosimblica com a santa Me. um lugar para onde vou quando preciso de um pouco de abrigo dadureza deste mundo.

    Entrei na capela e encontrei apenas mais uma pessoa l: a mulher com quem fora muitojulgadora, aquela com quem precisava ficar em paz. L estvamos ns apenas ela e eu asduas no mesmo lugar, na mesma hora, fazendo a mesma coisa. Ela estava de olhos fechados, porisso coloquei gentilmente minha mo sobre o ombro dela e sussurrei seu nome.

    Ela levantou os olhos e disse docemente: Pensei que voc fosse a Madona.Que bonito! Ela buscava o conforto da Me santa como eu. Minha mo sobre seu ombro, o

    proferir seu nome e sua resposta inocente foram todos bnos preciosas do divino para curar ans duas.

    Nada mais foi dito. Sorri silenciosamente, fiz contato visual e entrei em meu silncio e estivecom meu Deus. Sabia que o que ocorrera naquele breve momento fora o reconhecimento fiel eautntico da presena sagrada uma da outra. Jamais esquecerei o dom que recebi naquele dia.

    Recordo-me, com frequncia, dessa experincia para lembrar-me de como minha vida bonita, de como sou abenoada neste mundo e de como nossas ligaes so preciosas. Aprendique, como mulher espiritual, fao diferena neste mundo com cada palavra que digo, cada flegoque tomo e cada cano que entoo.

  • Elizabeth Ellames vive na bela Adelaide Hills no sul da Austrlia com seu marido e sua famlia. A coisa quemais gosta de fazer toda manh visitar seu jardim assim que o sol nasce.

    O sermo confirmado

    ELE DISSE QUE MORRERIA SE O deixasse sozinho expliquei apreensivamente para aenfermeira. Tenho de ficar aqui!

    Meu padrasto, Claude, j estivera na UTI durante diversos dias. Ele fora atropelado por umcarro no estacionamento do Astrodome de Houston e parecia que cada parte de seu corpo foraquebrada. Ele teve uma parada cardaca na cirurgia inicial, mas os mdicos conseguiramressuscit-lo. Imagino que, s vezes, ele quisesse que no tivessem conseguido.

    Dia aps dia, minha me e eu nos sentvamos ao lado dessa cama orando. Nessa tarde emparticular, ele estava extremamente agitado. Em diversas ocasies, ele teve alucinaes.

    Claude era ministro em uma igreja local e, durante aquele dia inteiro, ele fantasiara queestava em uma reunio, preparando-se para um casamento ou pedindo-nos que arrumssemos asmesas para um banquete. Fingamos obedecer a suas ordens para no aborrec-lo. A certa altura,ele olhou em meus olhos e declarou calmamente:

    Se voc me deixar esta noite, morrerei.No havia o menor risco de eu sair dali!Embora fosse contra o regulamento, a equipe do hospital concordou em que eu ficasse.

    Mandei mame para casa, insistindo que descansasse. Ele vai ficar bem prometi. No sairei do lado dele.Sentei-me inquieta ao lado da cama dele, enquanto as enfermeiras atendiam suas vrias

    necessidades. No conseguia mais conter meu sentimento de traio. Olhar para o corpo mutiladodele s me fazia lembrar de minha vida estragada. Crescer em uma casa com um pai abusivo,transformando-me em uma criana tmida e medrosa. Para fugir das lembranas dolorosas, casei-me cedo. Nove anos amargos e solitrios e dois filhos depois, meu marido revelou um segredotenebroso to repulsivo para mim que mal conseguia me olhar no espelho. Como pudera ser tocega? Divorciamo-nos, mas o trauma emocional estava firmemente entranhado em mim e nascrianas. Uma filha de todos os filhos que tivemos sofria de desordem bipolar to sria que tentoucometer suicdio trs vezes. Perdi a conta de quantas vezes ela fugiu de casa. Ela voltou-se paraas drogas.

    O lcool tornou-se meu mtodo pessoal de fuga, e muitas noites, o Jack Daniels ajudou-me aesquecer temporariamente meus infortnios no esquecimento dos brios. Parecia que todo mundoque eu conhecia estava procurando um jeito de escapar de sua realidade. No ano anterior, minhairm mais velha, depois de sofrer de depresso durante anos, tirou a prpria vida. s vezes,invejava-a; ela no tinha mais que lutar com o fardo desta vida.

    Sentada aqui no hospital, olhando um homem de Deus padecendo de dor, tinha deperguntar-me se ele se sentia igual a mim. Ele tambm se perguntava por que um Deus amoroso oabandonara? Engoli o sabor amargo da indigesto queimando meu peito.

    Em algum momento por volta das 3 horas da madrugada, ouvi Claude movimentando-se na

  • cama. Ele resmungava e resmungava por causa da dor. Inclinei-me para cobrir seu peito com olenol. Estava evidente que a enorme quantidade de morfina injetada em suas veias no erasuficiente para mant-lo confortvel. Enquanto me assentava de novo em minha cadeira,repentinamente, ele sentou-se ereto na cama. Levei um susto. Em geral, era necessrio duas de nspara vir-lo na cama, e ele no conseguia nem mesmo levantar a cabea sozinho!

    Sem fazer uma pausa, Claude agradeceu a sua audincia e comeou um dos sermes maisimpressionantes que j ouvi. Sua voz era clara e forte. Olhava freneticamente em torno, esperandoque algum mais entrasse no quarto e testemunhasse isso. Ningum entrou. Eu, s eu, era seupblico-alvo.

    Meu padrasto falou da importncia de usar a visualizao para criar um estado de mentepositivo. Ele incitou sua audincia invisvel a usar sua imaginao para ver suas circunstnciassob uma luz melhor. Ele disse que ver as coisas de forma positiva, como se isso fosse verdade,refletiria essa percepo em sua realidade. A visualizao, continuou ele, era uma forma de trazercura e esperana, pois ver as coisas como a pessoa gostaria que fossem pode fazer com que elasse transformem na experincia da pessoa. Durante quinze minutos, ele descreveu de formaeloquente como os pensamentos e as aes se tornam realidade.

    Foi a voz de Claude seu corpo que fez esse sermo, mas a fonte dessas palavras noera deste mundo. Ele nunca me dissera antes a palavra visualizao! Ele era oriundo daexperincia de prticas tradicionais, e essas ideias eram estranhas igreja conservadora como adele. Embora agisse como se fosse um de seus sermes usuais de domingo, ele jamais diria essascoisas em sua igreja.

    Ri ao imaginar a resposta que ele teria se fizesse esse sermo para sua congregao. Eutambm estava extasiada pelo sermo. Era receptiva a esse conceito. Esse sermo foi claramentefeito para mim. Empoleirei-me na beira da cadeira, ouvindo ansiosamente, mal respirando commedo de perder alguma palavra. Cada palavra era dirigida a minha atitude em relao vida. Meucorao latejava em meus ouvidos e quase no conseguia respirar. Uma sensao de plenitudecalorosa encheu meu peito, tomando conta da sala. O amor mais profundo que j conheceraexplodiu minha volta toda. Sussurrava em meio s lgrimas:

    Oh, meu Deus!Da mesma forma repentina como o sermo comeou, tambm terminou. Ele caiu de volta

    sobre seu travesseiro e dormiu de novo. Permaneci sentada imvel espantada. A voz aindaecoava em minha mente, interrompida apenas pelo apito constante dos monitores do hospital aofundo. Entendi por que tive de ficar ali aquela noite.

    Depois de anos de infindveis pedidos a Deus para explicar o porqu da minha vida,recebera a resposta. Toda experincia passada, quer definida por mim como boa quer como m,tinha um presente uma resposta , bastava eu escolher reconhec-la. At agora, vira apenas olado ruim. Vivera imersa na negatividade. Agora, podia olhar o passado sem remorso nem culpa.Podia escolher ver as coisas de forma diferente. Todas as minhas experincias beneficiaram e, atmesmo, aceleraram meu crescimento. Sempre tivera a opo de escolher o perdo, o amor e aalegria. Em toda a busca por resposta, nunca parara para ouvir at esse momento.

    Poucos dias depois, chegou o momento de voltar para casa. Era uma pessoa diferente aovoltar ao ambiente problemtico que deixara para trs com tanta boa vontade. Inclinei-me paradizer a Claude que tinha de ir. As lgrimas corriam por minha face, enquanto ele esticou a mo egentilmente ps suas mos em torno da minha.

    Algo bom vir disso disse-me ele.Ele estava certo. Algo de bom veio dessa experincia. Nunca mais ingeri bebida alcolica.

  • Aprendi a observar os traumas da minha vida sem me deixar absorver por seu drama. Tirei o pda minha Bblia e retornei s razes da minha compreenso espiritual. No fiquei mais presa aosressentimentos e raivas passadas. Era uma esposa melhor, uma me melhor e uma pessoa melhor.Deus estava muito mais prximo do que percebera e via Deus em tudo. Contudo, o maisimportante foi que voltei e resgatei a menininha abandonada da minha juventude. Contei-lhe oquanto a amava. Prometi-lhe que sempre estaria presente para ela e que nunca mais deixaria seudestino nas mos dos outros. Entendi que era a pessoa responsvel por cuidar dela.

    Quatro meses depois do devastador acidente de meu padrasto, ele retornou para casa. Elecontinua a tocar vidas com suas mensagens de esperana e de amor medida que compartilha suahistria milagrosa de sobrevivncia. Algumas cicatrizes e uma leve claudicao no andarpermanecem os nicos lembretes visveis desse dia funesto no Astrodome. Contudo, a verdadeiracura veio em um grau muito mais profundo um grau invisvel para muitos. Embora eu a consigaver. Vejo-a todos os dias.

    Hoje, quando o reverendo Claude McDonald sobe ao palanque para transmitir suasmensagens sobre o poder do pensamento positivo, muitas pessoas ouvem sua voz. Suas palavrasinspiram e encorajam os outros a ver o bem em todo aparente desafio. Ele transmite que h umpresente em toda experincia de vida se formos receptivos a ele. Quando ouo as palavras dele,percebo as muitas maneiras que Deus usa para falar comigo. s vezes, minhas lies vm doministro que est no palanque. Outras vezes, elas vm embrulhadas individualmente em um sermosubstituto.

    Jodi McDonald conquistou seu bacharelado em Educao na Midwestern State University e serve comoprofessora e diretora em duas instituies educacionais alternativas. Atualmente, ela e seu marido tm umnegcio de construo de casas em New Braunfels, Texas.

    Oraes mnimas

    QUANDO CRIANA, ELE VIAJOU PARA O OREGON oriental em 1901 em carroa coberta, cresceupobre na propriedade de sua famlia e s viu eletricidade e gua corrente quando terminou aoitava srie e deixou a escola. Mas Ernie, agora de cabelos brancos e levemente curvado pelaidade, viu coisas que no vi. Ele desfrutou de um relacionamento especial com Deus e contouhistrias relacionadas orientao inspirada em sua vida e o salvamento divino de umdeterminado desastre, em relao ao qual duvidei silenciosamente. O Deus de que ouvira falar emcriana era vingativo e julgador, ocupado demais computando os pecados de todos ns paraajudar um homem simples e invisvel para a sociedade.

    Fiquei amiga desse tmido homenzinho h trinta anos, logo depois de eu mesma chegar aoOregon e driblar a timidez dele como se doma uma criatura selvagem com presentes de comida.Logo seu silncio evaporou-se, e debruado sobre uma caneca de caf fumegante em minhacozinha, ele enchia minha imaginao com relatos da captura de cavalos selvagens, de fugasespirituosas de uma sala de aula da escola de sua juventude, de ndios e vaqueiros e dasbatalhas com arma na poeirenta rua principal de sua cidade.

    A partir de suas histrias, captava, com frequncia, vislumbres da profunda f de Ernie em

  • Deus, um lugar espiritual ao qual ainda no estava preparada para segui-lo. Admirava-o por isso,at invejava sua paz e serenidade, mas faltava-me a clareza e a convico que iluminavam a facede Ernie como uma candeia destemida em meio ao temporal mais forte. Ao contrrio dele, eucirculava com cuidado minha coletnea de conceitos a respeito de um Deus que nos confundia porcausa de seus muitos paradoxos. Mas, ento, Ernie via coisas que eu no via.

    Certo dia, depois de vrias canecas de caf e histrias de seus dias solitrios de pastor, Ernielevantou-se e jogou seu velho chapu de feltro sobre sua cabea.

    Vou descer at o celeiro para ver como seu marido est se saindo com aquela nova baia disse ele. Talvez at pregue um prego ou dois enquanto ele est longe, se eu for capaz de serde alguma ajuda.

    Ele virou-se para sair e, a seguir, parou. Voc por acaso no viu meu canivete por a, no mesmo?Coloquei a caneca de caf na pia da cozinha. No, Ernie. Nem mesmo sabia que voc carregava um canivete. Quando voc o perdeu?Ele levantou um pouco o chapu para coar os cabelos brancos. Oh, talvez, agora, faam seis ou oito meses que o perdi. Revirei minha casa toda procura

    dele, mas devo t-lo perdido em outro lugar. Se voc perdeu o canivete aqui fora h tanto tempo assim, agora ele deve estar enferrujado

    disse-lhe.Ele recolocou o chapu e sorriu para mim. Esta manh, durante minhas devocionais, mencionei o canivete para o Senhor. Disse-lhe

    que estava muito frustrado e que se houvesse alguma maneira de ele me mostrar o canivete, comcerteza, ficaria agradecido.

    L foi ele de novo, pensando que Deus ouvia milhes de oraes mnimas sobreprobleminhas insignificantes. Se Deus respondia realmente s oraes de alguma maneira, do queeu duvidava seriamente, ele escolheria os problemas mais srios, como curar o cncer ouencontrar crianas perdidas, e no desperdiaria tempo com canivetes perdidos. Fiquei olhandoErnie com carinho enquanto ele se virava, arrastava os ps at a porta de trs e cambaleava at oceleiro. A seguir, recolhi o lixo de casa.

    Nosso barril de queimar lixo ficava no jardim, enferrujado e j tinha a cor de um marromacobreado queimado. Um caminho de terra batida levava a ele, ia l todos os dias a menos quechovesse. Arrastava o saco de lixo ao longo do caminho, olhando estrada abaixo at o celeiroonde Ernie brincava com algo do lado de fora da porta do celeiro. No barril, levantava o saco delixo sobre sua boca enferrujada, deixando que o lixo casse sobre as cinzas no fundo do barril.

    Enquanto procurava uma caixa de fsforos no bolso do meu casaco, um raio de sol brilhoucontra algo cado ao lado da base do barril de queimar. Abaixei-me e peguei um canivete.Percorri aquele caminho mais de cem vezes nos ltimos seis meses e podia jurar em qualquertribunal que no havia nada ali na poeira antes. O canivete estava limpo e brilhante como setivesse ficado guardado no bolso de algum at aquele momento. Sabia que ele no pertencia ameu marido, mas pensei que esse canivete imaculado no podia ser o de Ernie.

    Apesar desse bocado de lgica, deixei o lixo sem queimar e desci correndo at o celeiro. Veja, Ernie! Veja o que encontrei! exclamei, segurando o canivete para que

    examinasse.Ele olhou para o canivete e sorriu. Voc achou meu canivete!Contudo, em vez de peg-lo da minha mo, seu sorriso evaporou-se, e ele deixou-se cair no

  • tronco que usvamos como lugar de descanso. Sua face empalideceu. Ernie, o que est errado? perguntei, ainda segurando o canivete na mo.Ele pestanejou ao olhar para o canivete. No pedi a Deus que me deixasse encontrar meu canivete disse ele vagarosamente ,

    s pedi que ele me mostrasse o canivete.Agora, era minha vez de sentir os joelhos fraquejarem. Deus realmente ouve e responde s

    oraes mnimas? Fora usada por Deus para responder a Ernie? Talvez tenha sido usada por Deusde uma maneira amorosa a fim de abrir meu corao e olhos para ele. Abaixei os olhos paraminha mo estendida e senti a conscincia, a calorosa orientao amorosa to familiar a Ernie.Deus abrira meus olhos o suficiente para vislumbrar o que Ernie sabi