Qualidade na ação de design

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7° Congresso de Pesquisa & Desenvolvimento em Design Qualidade na ação de design Success at design diagnosis MACEDO, Mayara Atherino, Graduanda em Design Gráfico, bolsista do CNPq. UDESC [email protected] ROSA, Silvana Bernardes. Doutora. UDESC silvana_rosa@floripa.com.br Resumo A integração empresa-universidade tem o intuito de vincular a teoria com a prática. Tal experiência foi aplicada, por dois semestres consecutivos, no curso de Design, Habilitação em Gráfico e Industrial, da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Acadêmicos de ambas habilitações trabalharam unidos para realizar diagnósticos em design em empresas incubadas, oferecendo às empresas uma proposta de trabalho baseada em princípios de design estratégico, além de potencializar a aprendizagem dos alunos. A avaliação de tal processo pode girar em torno de inúmeros parâmetros, o presente artigo visa identificá-los para a avaliação do sucesso dos diagnósticos estratégicos nas empresas. Palavras Chave: design, integração, qualidade. Abstract The integration between college and company has the objective of linking theory with practice. Such experience was applied for two successive semesters at the graphic and industrial design courses of the UDESC. Academics from both industrial and graphic courses worked together to make diagnosis at incubated companies, offering to them a propose of work based on strategic design principles, potentializing the student’s learning. The process evaluation can de about uncountable parameters. The present article aims to identify those parameters for the evaluation of the success of strategic diagnosis at the companies. Keywords: design, integration, quality.

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A integração empresa-universidade tem o intuito de vincular a teoria com a prática. Tal experiência foi aplicada, por dois semestres consecutivos, no curso de Design, Habilitação em Gráfico e Industrial, da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Acadêmicos de ambas habilitações trabalharam unidos para realizar diagnósticos em design em empresas incubadas, oferecendo às empresas uma proposta de trabalho baseada em princípios de design estratégico, além de potencializar a aprendizagem dos alunos. A avaliação de tal processo pode girar em torno de inúmeros parâmetros, o presente artigo visa identificá-los para a avaliação do sucesso dos diagnósticos estratégicos nas empresas.

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Qualidade na ação de design

Success at design diagnosis

MACEDO, Mayara Atherino, Graduanda em Design Gráfico, bolsista do CNPq. [email protected], Silvana Bernardes. Doutora. [email protected]

Resumo

A integração empresa-universidade tem o intuito de vincular a teoria com a prática. Tal experiência foi aplicada, por dois semestres consecutivos, no curso de Design, Habilitação em Gráfico e Industrial, da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Acadêmicos de ambas habilitações trabalharam unidos para realizar diagnósticos em design em empresas incubadas, oferecendo às empresas uma proposta de trabalho baseada em princípios de design estratégico, além de potencializar a aprendizagem dos alunos. A avaliação de tal processo pode girar em torno de inúmeros parâmetros, o presente artigo visa identificá-los para a avaliação do sucesso dos diagnósticos estratégicos nas empresas.

Palavras Chave: design, integração, qualidade.

Abstract

The integration between college and company has the objective of linking theory with practice. Such experience was applied for two successive semesters at the graphic and industrial design courses of the UDESC. Academics from both industrial and graphic courses worked together to make diagnosis at incubated companies, offering to them a propose of work based on strategic design principles, potentializing the student’s learning. The process evaluation can de about uncountable parameters. The present article aims to identify those parameters for the evaluation of the success of strategic diagnosis at the companies.

Keywords: design, integration, quality.

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Introdução

A implantação de um processo que visa a qualidade de uma ação começa com entendimento do que significa qualidade. A qualidade refere-se a adequação de determinado produto ou serviço, apresentando reconhecidos valor e utilidade para o indivíduo que dele faz uso. Portando, pretende-se mensurar os fatores que levam a interação empresa-universidade a obter a qualidade, e conseqüentemente o sucesso.

Para PLONSKI (1995), a cooperação universidade-empresa é um arranjo interinstitucional formado por organizações de natureza distinta, que podem ter finalidades diferentes e adotar formatos bastante diversos.

O atual contexto da economia, em acelerada transformação, é um fator colaborador para que relação universidade-empresa seja intensificada. Tal relacionamento traz benefícios mútuos, pois se trata de uma multiplicidade de ações que potencialmente, com maior ou menor intensidade podem ser desenvolvidas por essas organizações.

Analisar esse processo de interação e mensurar seu impacto nas organizações e universidade, pensando sempre na melhoria, para se alcançar o sucesso é que trata este artigo.

Metodologia

Este trabalho analisa a qualidade na ação de design, por meio da interação empresa-universidade, baseando-se em:a) estudos de caso dos 24 diagnósticos realizados ao longo do ano de 2005.b) identifica os envolvidos no processo e ligações que podem ser estabelecidas entre as empresas e a universidade. As etapas propostas para o desenvolvimento deste estudo são as seguintes: levantamento bibliográfico, visita e entrevista com empresas e alunos da disciplina Gestão do Design e consulta ao Sistema Polvo1.

Atores, características e papeis.

Atores Características Papéis

Professor

Condutor do processo, ambientado com tecnologias de informação. Experiência anterior em ensino e orientação a distância. Acompanhamento diário das atividades virtuais.

Construir as situações de aprendizagem, mediar as relações dos alunos com o sistema informatizado, identificar empresas potenciais para serem analisadas pelo processo de diagnóstico em design.

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Aluno

Intimidade com meios digitais de comunicação, integrados à rede de computadores e com acesso doméstico à mesma. (dados levantados junto aos alunos)

Percorrer os caminhos críticos apontados pelas guias de atividades. Formular suas críticas, levantar os dados, manter os prazos. Efetuar o diagnóstico junto às empresas clientes disponibilizadas.

Empresa

Empresas em ascensão ou incubadas. Empresários jovens, ousados e estimulados por novas investigações. Nas empresas serão feitos as avaliações e os diagnósticos de design.

Disponibilizar dados empresariais sobre mercado, processo produtivo, posicionamento estratégico, valores, missão e visão de negócios. Participar no levantamento e analise destes dados.

Interação entre empresa e universidade

Procurando vincular a teoria com a prática, a disciplina se desenvolveu baseando-se em caso real. Para tanto foram contatadas empresas (a grande maioria das Incubadoras de Empresas Celta2 e Midi3) que foram objeto de trabalho das equipes de alunos. A característica principal da quase totalidade da empresas atendidas é que se encontram em estagio inicial de desenvolvimento, com tempo de vida inferior a quatro anos, estando relativamente distante do design. A tarefa dos alunos foi de mergulhar no universo da empresa, tanto em seu ambiente interno como externo de modo a identificar oportunidades de desenvolvimento de projetos de design.

O benefício do diagnóstico para as empresas consiste na probabilidade de incorporação do design às suas estratégias gerenciais, e na possibilidade de aplicação do conhecimento oriundo da pesquisa dos acadêmicos em ações podem interferir na competitividade da empresa. Segundo MELO (1999), para garantir ou ampliar espaços cada vez mais disputados de mercados as empresas têm buscado novas formas de organização que proporcionem condições para a inovação tecnológica. Salienta que essas formas são parcerias entre empresas e destas com universidades, têm o objetivo de manterem e ampliarem suas condições de competitividade.

Em relação ao corpo discente, o trabalho se caracterizou como um importante meio de aprendizado e obtenção de informações indispensáveis para o aprimoramento e atualização conhecimento, possibilidade de trabalharem com problemas mais concretos, que refletem as reais necessidades da indústria. Segundo MACULAN e MERINO (1998) “a interação com a indústria representa uma oportunidade para diversificar as formas de valorização dos conhecimentos e competências acumuladas, adquirir novas competências e assumir um novo papel no crescimento econômico”.

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Discussão

A avaliação de um processo de integração entre empresa e universidade pode girar em torno de inúmeros parâmetros. Alguns deles serão abordados a seguir visando uma primeira leitura de resultados obtidos. Diversos valores podem ser levantados, os parâmetros de identificação dos fatores que resultam na qualidade da ação de design, se apresentam de forma quantitativa e qualitativa. Aquele mais fácil de se perceber, enquanto este se percebe mais sutilmente. Assim, a discussão se fará a partir dos valores obtidos.

a. Interações

Segundo ALESSIO (2004) “quando se fala nas atividades que estão inseridas no conceito de cooperação, interação, vinculação ou relação entre a instituição de ensino e a empresa, está se falando de uma multiplicidade de ações que potencialmente, com maior ou menor intensidade podem ser desenvolvidas por essas organizações”. O processo de interação empresa-universidade pode ser avaliado a partir de diversas óticas. Através do relacionamento professor empresa, aluno empresa, aluno sistema, professor sistema. Tais ações conjuntas puderam ser verificadas a partir do acompanhamento de relatórios de acesso, por meio da avaliação do empresário e do aluno. Nesta primeira fase no processo de parceria empresa universidade, o professor é o primeiro agente de integrador. Seguindo algumas etapas no processo, iniciando-se no diálogo, intensificam-se com a convivência, até atingir a identificação cultural e a confiança. Na fase inicial, a de conversa de sensibilização, a professora visitou cada uma das 24 empresas apresentando os objetivos do processo, as condições de acompanhamento, os parâmetros a serem avaliados na empresa e as garantias que ambas as partes poderiam honrar (sigilo, acesso a dados, acompanhamento, retorno). A professora também teve que explanar sobre a abrangência da profissão do designer e as possibilidades que ela permite. A resposta dos empresários e gerentes de incubadoras quanto a este primeiro contato foi de abertura para novas formas de atuação do design, visto que quase a totalidade dos empresários se viu surpreso com a proposta de gestão. Qualitativamente, este pode ser considerado como um indicativo de sucesso da ação, visto que um processo de difusão da atuação profissional estaria sendo feito e, ainda que este não fosse o objetivo principal. A aproximação dos acadêmicos com a empresa gera uma avaliação diferente, visto que a grande maioria dos alunos da disciplina não tinham entrado em uma empresa. A validação da proposta da proposta consiste no fato de que as empresas representam o mercado de trabalho dos egressos, sendo assim, é de suma importância os alunos, desde já, terem conhecimento das dinâmicas, onde as metas, dificuldades, exigências devem ser dominadas para que se possa atuar. SILVA (1999), salienta que apesar das características diferentes entre as universidades e as empresas,

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a dinâmica atual do mercado, e suas demandas de pessoal e pesquisa, conduzem à necessidade de otimizar a parceria entre essas instituições. O parâmetro de indicativo de sucesso se faz presente a partir do momento de cumpriu a primeira meta de integração, quebrar a distância entre o acadêmico e seu meio de atuação. Essa primeira etapa do processo de parceria empresa universidade foi assistida e orientada, tendo a presença da professora como fator de segurança e de acompanhamento, minimizando os erros, as divergências, as incompreensões de ambas as partes. Os acadêmicos nunca haviam abordado um problema de design sob a ótica da gestão. Assim sendo, quanto às questões de ensino, as possibilidades de cooperação universidade-empresa, apresenta potencial significativo em cenários onde o conhecimento é considerado fundamental para o desempenho competitivo das empresas. Um dos principais fatores que tornam possível a integração empresa-universidade é a existência de alguém capaz de falar as duas línguas, a do empresário e a do estudante, e fazer a articulação entre eles. Na interação aluno-sistema, professor-sistema e não excluindo aluno-professor, as atividades foram mediadas e acompanhadas pela Internet, auferidas no sistema Polvo. Foi possível à professora acompanhar o número de acessos dos alunos, quantidade de tempo conectado. No geral, houve um acesso freqüente dos alunos, de modo que a cada novo material publicado a mediação foi efetivada, os arquivos chegaram e ficaram disponíveis a todos os acadêmicos. O acompanhamento do retorno dos diagnósticos junto às empresas foi acompanhado pela professora, onde, em cada uma das empresas foi realizada uma reunião final, dela participaram os acadêmicos, os empresários, a professora e por vezes o gerente da incubadora. Um parâmetro que indica o sucesso na empreitada consiste no repasse de conhecimentos para a empresa. Quando o empresário recebe o diagnóstico da situação da empresa juntamente com propostas melhorias, ele adquire o conhecimento da universidade. Assim, há possibilidade do resultado desta pesquisa gerar novos projetos de pesquisa para a universidade, aumentando a produção científica do pesquisador e gerando recursos financeiros para a pesquisa. Os aspectos observados são relacionados com a interação entre empresa, alunos e professor, a opinião dos empresários em relação ao trabalho realizado, a repercussão em termos de mídia, ao interesse despertado em novas empresas e desdobramentos esperados para novas ações de mesma natureza. “A formação de parcerias entre a instituição de ensino e a empresa pressupõe uma relação calcada no princípio de reciprocidade, em que as potencialidades de cada uma das partes são exercidas em prol do objetivo comum”. (ALESSIO, 2004).

b. Retorno dos atores

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Dentre todos os atores envolvidos na ação de design, acadêmicos, professor e empresários, ainda pode-se destacar os gestores das incubadoras e algumas empresas que observaram de modo remoto o trabalho desenvolvido. A resposta dos empresários pode ser medida de duas maneiras, tangível e intangível. A primeira pode ser observada por meio dos questionários remetidos aos empresários, e respondido por cerca da metade deles, além dos questionamentos questionamento direto na reunião de retorno respondido pela totalidade. De forma intangível, o resultado é percebido pelas conversas informais e os conselhos de empresários, dentre outros sem que se possa avaliar de forma palpável seu conteúdo. A percepção dos empresários foi de surpresa quanto à amplitude de atuação do profissional do design, já observado no primeiro contato, e a admiração pela potencialidade que um trabalho desta natureza pode provocar na empresa. A realização dos diagnósticos é encarada como parte do processo de formação, e pelos menos dois empresários usaram este fator como parâmetro de julgamento do trabalho realizado, orientado os acadêmicos sobre seus pontos fracos, sobre suas fragilidades. Então, a interação empresa universidade, representaria como necessidade de aprendizagem permanente e de ajuste recíproco. Sobre a percepção dos alunos, não só a atuação na empresa, como também o ensino a distancia e seu processo de mediação via Internet, os acadêmicos concordam que o retorno imediato das atividades publicadas foi de suma importância, ou seja, o acompanhamento do professor se fez necessário uma maior freqüência de retorno sobre os trabalhos produzidos. Tal retorno gerou um novo ritmo de interações da professora com os alunos e nova forma de avaliação para o próximo ano. Cada uma das tarefas publicadas deverá ter um retorno num prazo máximo de três dias. Outro aspecto que pode ser considerado um parâmetro de avaliação foi a utilização do sistema Polvo, que permitiu aos alunos a interação entre eles, visto que todos os trabalhos publicados estavam disponíveis para todos os acadêmicos, permitindo a comparação entre si, elevando o nível dos trabalhos. Um fator decisivo que serve como indicativo de sucesso, são as publicações dos resultados em jornais de grande circulação, e a divulgação do trabalho pelas mídias internas das incubadoras, uma vez que as gerencias das mesmas acompanharam, de modo distante, os efeitos do trabalho, através de comentários dos empresários e daqueles que foram abordados pelos acadêmicos. Assim sendo o trabalho foi divulgado despertando interesse de novas empresas e de novas incubadoras.

c. Divulgação e desdobramentos

A primeira aplicação desta forma de aprendizado foi feita em 2005/01

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com oito empresas, sendo grande parte da Incubadora Certi. A repercussão dos resultados foi tamanha, que em julho de 2005 a incubadora MIDI, de base tecnológica fez contato com a professora colocando a disposição seus empresários para a divulgação do trabalho. No início do segundo semestre foi feita uma reunião de divulgação junto a 12 empresários daquela incubadora. Destes, foi materializada a adesão de sete novas empresas para serem objeto do trabalho de design em sua segunda edição. Da mesma forma empresas não incubadas, uma de equipamentos de iluminação e outra de móveis de decoração, se mostraram receptivas para um trabalho desta natureza. Os fatos do mês de julho de 2005 é que foram ainda mais determinantes em uma avaliação do efeito do trabalho iniciado. A incubadora Celta, que abrigou a primeira edição, apresentou proposta de trabalho permanente, ou seja, a criação de um programa de gestão do design junto às incubadas. Foi promovida uma ação de agradecimento e de reconhecimento pelo trabalho prestado de modo a pleitear a permanência da ação junto ao Celta. Desta forma foram apresentadas mais seis novas empresas para serem objeto do trabalho em sua segunda edição. Assim sendo, na 2ª vez em que houve a implantação de Ensino a Distância na disciplina de Gestão do Design – aliada à integração Empresa-Universidade, 16 empresas (dentre incubadas e graduadas) foram diagnosticadas pelos alunos. Outros parâmetros de avaliação podem ser verificados quanto a absorção do conhecimento gerado pelos acadêmicos pela empresa. Conforme afirmam os autores FRACASSO e SANTOS (1992), o critério de sucesso do processo de interação se evidencia quando o resultado da pesquisa tem utilidade e é efetivamente transferido para a empresa. Além disso, o produto ou processo é produzido pela empresa e tem sucesso no mercado. O indicador de sucesso da interação é a satisfação, e mesmo a surpresa do empresário quanto aos resultados do trabalho. Outro parâmetro sucesso do processo de interação aplicar o resultado da pesquisa, no mercado e a ampliação dos conhecimentos dos acadêmicos. Esse sucesso irá se refletir como um diferencial de mercado para a empresa. A apropriabilidade do conhecimento gerado pelos empresários possui duas vertentes que podem ser observadas em duas situações. Em um caso uma das acadêmicas que compunha a equipe foi contratada como estagiária pela empresa, ou seja, a companhia não só absorveu o conhecimento gerado pela equipe, como se apropriaram dos conhecimentos da acadêmica para ser utilmente aplicado em problemas de diferentes domínios da empresa. No outro caso, a empresa se apropriou do conhecimento gerado pelos acadêmicos, porém, optou em realizar o projeto por outro profissional. Esse fato demonstra que ainda falta a sensibilização por parte do parte dos empresários, que ainda olham com certa desconfiança para os acadêmicos. O que leva a atentar quanto à inexperiência dos acadêmicos e a necessidade de acompanhamento, por parte do professor e acadêmicos, no período após o término do trabalho. MELO (2002) afirma

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que o cerne das dificuldades na interação universidade-empresa está nas próprias características das instituições – uma com interesse em gerar lucros, e outra, em gerar conhecimento. Aponta, também, que a falta de conhecimento por parte de ambas as instituições sobre os interesses da outra pode gerar falhas de comunicação.

d. Quanto ao conhecimento

O conhecimento é um parâmetro intangível, mas de suma importância no processo de interação empresa-universidade. Este pode ser avaliado por três parâmetros: geração do conhecimento; transmissão do conhecimento; e disseminação do conhecimento.

O primeiro fator pode ser observado pela surpresa dos empresários diante da apresentação dos diagnósticos, e o interesse de novos empresários para passar pela experiência. Por parte dos acadêmicos, o resultado pode ser medido pelas notas, a média das turmas foi em torno de 8,0.

Os itens seguintes são o próprio conhecimento relevante que é propagado e absorvido dentro das organizações e pelos acadêmicos. Ou seja, o diagnóstico (resultado da pesquisa realizada pelos alunos), sendo apresentado ao empresário, e este fornece um feedback no mesmo instante para os acadêmicos.

Assim, é preciso haver uma convergência de interesses e tratar o assunto com franqueza, para que os dois lados obtenham resultados consistentes e satisfatórios.

Considerações finais

O objetivo do trabalho de implementação parcial de Ensino à Distância era de aproximar a empresa da universidade, de desenvolver junto aos alunos a sua autonomia, de propagar a cultura do design e de fomentar mercado para os egressos do curso. Acredita-se que pelos resultados apresentados a aproximação entre empresa e mercado não só se confirmou como gerou novas expectativas. A primeira experiência foi feita solicitando a contribuição da empresa, na segunda edição são as empresas que solicitam a atuação dos acadêmicos. Da mesma forma o interesse da incubadora de implementar programa permanente de gestão do design mostra que a aproximação era desejável e produtiva de modo a ser transformada em ação duradoura.

A autonomia desejada dos alunos ainda deve ser objeto de novos estímulos. A orientação bastante próxima da professora, e o acompanhamento das atividades podem ser mais detalhados de modo a permitir aos acadêmicos maior confiança em seu trabalho permitindo que o mesmo se posicione de modo confiante diante dos empresários, seus clientes. Foi possível perceber que o grupo de acadêmicos desta experiência se viu desafiado a trabalhar de forma autônoma se vendo diante de tomadas de decisão as quais eles teriam que explicitar, defender e implementar.

Os bons resultados ocorreram porque os a interação empresa-

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universidade é de interesse da tanto da empresa quanto para a instituição-corpo discente, tendo-se a geração de conhecimento com principal fator viabilizador.

A compreensão do papel da interação na construção do conhecimento é fundamental para que o professor possa facilitar, promover e melhorar a aprendizagem escolar. Apesar do grande empenho dos alunos em analisar e diagnosticar a empresa, é responsabilidade da empresa viabilizar a aplicação do conhecimento dos acadêmicos, gerando inovações e contribuindo para a competitividade.

As evidências mostram que quando compreendem claramente o papel do aluno dentro da sua organização, competência deste versus necessidade da empresa, consegue-se estabelecer ligações maduras e duradouras entre Empresa-Universidade e obter ganhos reais com estas ligações. O comprometimento dos acadêmicos, que entendem missão e objetivos do projeto da disciplina, empenhados com a produção, disseminação e transferência de conhecimento e processos organizacionais é que dão suporte a esta permuta de forma profissional e empreendedora.

Com base nos resultados averiguados, fazem-se ajustes, visto que a atividade de ensino é uma busca constante da situação ideal e de resposta permanente às necessidades da sociedade. Uma adaptação que deverá ser feita é o monitoramento da repercussão do trabalho junto às empresas num período pós-apresentação. Outro fator que deve ser melhorado é a capacidade dos alunos de fazerem a venda do seu projeto. Assim sendo cada nova edição deste projeto terá sua qualidade elevada.

Assim sendo, os beneficiados deste empreendimento são os estudantes que por meio de novos conhecimentos e habilidades, podem obter uma posição competitiva no mercado de trabalho; as empresas que poderão aperfeiçoar suas atividades, contratando profissionais com formação acadêmica de boa qualidade e a própria sociedade, para cujo bem-estar devem convergir todas as ações.

Referências

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BONACCORSI, Andrea; PICCALUGA, Andrea. A theoretical framework for the evaluation of university-industry relationships. R&D Management n.24 v.3, p.229-247, 1994.

FRACASSO, Edi Madalena e SANTOS, M. Elizabeth Ritter dos. Modelos de transferência de tecnologia da universidade para a empresa. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 16. Canela, setembro de 1992. Anais... v.1

JANUÁRIO NETTO, Éden; BASSO, Cion Cassiano e CONCEIÇÃO, Zely

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da. Interação Escola-Empresa no CEFET-PR. In. Revista Educação & Tecnologia. Ano 2, nº 3, Editorial, p.139-150, ago 1998.

MACULAN A. M, MERINO, J. C. Como avaliar a transferência do conhecimento na interação universidade-empresa? São Paulo: Anais do XX Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, 1998.

MAGALHÃES, Cláudio. Design Estratégico: integração e ação do Design Industrial dentro das empresas. SENAI/DN – SENAI/CETIQT – CNPq – IBIPTI – PADCT – TIB. 1997.

Manual de Gestão do Design. Centro Português de Design. Portugal, 1997.

MELO, Pedro. A cooperação universidade/empresa nas universidades públicas brasileiras. 2002.Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

MOTA, Teresa Lenice Nogueira da Gama. Interação Universidade-Empresa na Sociedade do Conhecimento: reflexões e realidade. Brasília: Revista Ciência da Informação, v. 30, ago, 2001.

NETO, Reinaldo Cherubini. Podem as condições capacitadoras da criação do conhecimento organizacional auxiliar o processo de interação universidade-empresa?. Revista do Centro de Ciências da Economia e Informática - CCEI - URCAMP, v.7, n.11, p. 23-31.2003.

OLIVEIRA, Rodrigo Maia de. A Cooperação da Universidade Federal de São Carlos com a Sociedade. 2002. 158p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia. Universidade Federal de São Carlos, 2002.

PLONSKI, Guilherme Ary. Cooperação universidade-empresa: um desafio gerencial complexo. São Paulo: Revista de Administração, USP, v. 34, nº 4, p. 5-12, outubro/dezembro 1999.

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SILVA, José Carlos Teixeira da. Centro Operacional de Desenvolvimento: Modelo de Interação Empresa-Universidade. In. Interação Universidade Empresa II. Brasília: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, p.225 – 245, 1999.

(Footnotes)1 Polvo é um Sistema de Apoio à aprendizagem, de código aberto desenvolvido pela

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parceria: MEC / SEED / PROINFO - UDESC / ESAG / LabTIC - UFES / FCAA / FIEPE com a equipe de Desenvolvimento do Sistema coordenada por Julibio David Ardigo, Dr.

2 Incubadora de empresas de base tecnológica, da Fundação Certi, com mais de 15 anos de existência, instalada no Parque Alfa em Florianópolis.3 Incubadora de Empresas de Base Tecnológica catarinense, localizada no bairro universitário Trindade, em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina.

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