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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO ARMAZENADO EM DIFERENTES AMBIENTES LYS SUYÊNE BARCO HERNANDES SERAPHIM Engenheira Agrônoma Orientadora: Profª. Dra. MARIA CRISTINA DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE Co-orientadora: Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical. C U I A B Á MT 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO

ARMAZENADO EM DIFERENTES AMBIENTES

LYS SUYÊNE BARCO HERNANDES SERAPHIM

Engenheira Agrônoma

Orientadora: Profª. Dra. MARIA CRISTINA DE FIGUEIREDO E

ALBUQUERQUE

Co-orientadora: Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso, para

obtenção do título de Mestre em Agricultura

Tropical.

C U I A B Á – MT

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO ARMAZENADO EM

DIFERENTES AMBIENTES

Autora: LYS SUYÊNE BARCO HERNANDES SERAPHIM

Orientadora: Dra. MARIA CRISTINA DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE

Aprovada em 14 de setembro de 2006.

Comissão Examinadora:

______________________________

Prof. Drª Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque

(FAMEVUFMT) (Orientadora)

______________________________

Prof. Drª Maria Aparecida Braga Caneppele

(FAMEV/UFMT) (Co-orientadora)

_______________________________

Prof. Dr.Daniel Cassetari Neto

(FAMEV/UFMT)

_______________________________

Prof. Dr. Adriano Divino Lima Afonso

(UNIOESTE/PR)

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Ao meu esposo Seraphim porque este trabalho foi feito

nas horas que ficam depois das horas do dia, roubando

tempo do convívio, do descanso e da família. Meu

imenso agradecimento por acreditar que era possível e

caminhar ao meu lado.

Aos meus filhos, Vinícius, Brunno e Nicolle pelas

ausências que o trabalho exigiu, pela colaboração e,

principalmente, para que possam aprender a perder

sem se sentirem derrotados. Que toda derrota lhes

façam mais guerreiros. Porque parte de nós é o que

temos... Mas a outra parte é sonho.

À minha mãe pela companhia e dedicação

constante porque sei que estaremos sempre juntas,

unidas por um infinito e eterno amor. E ao meu pai, que

partiu deixando um enorme vazio, mas a lembrança de

sua voz amiga, de seu sorriso, de seu abraço,

realimenta o amor que jamais se apagará do meu

coração.

Aos meus irmãos e cunhadas, Sérgio, Sueli, Júnior,

Vera e Suellen e as minhas sobrinhas Lívia, Camilla e

Laís, pela união e presença constante em minha vida.

O amor é a origem, o centro e o destino de todos nós.

E é na família que concentramos todo nosso amor.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós–graduação em Agricultura Tropical da

FAMEV/UFMT, por tornar possível a realização de um curso de mestrado no

estado de Mato Grosso;

Ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso – INDEA/MT,

pelo consentimento de afastamento parcial para a realização do curso e

liberação da Divisão de Revisão da Classificação para a realização das

análises;

À professora Drª. Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque, pela

confiança, amizade e principalmente pela sabedoria, capacidade de

trabalho, entusiasmo e dedicação ao ensino e pesquisa;

À Drª. Maria Aparecida Braga Caneppele pela amizade, disposição

em ajudar, incentivo e acompanhamento deste trabalho;

Ao professor Dr. Eugênio Nilmar dos Santos e à Fazenda Filadélfia,

pela disponibilização do milho para pesquisa;

Aos professores Drª. Leimi Kobayasti e Dr. Daniel Cassetari Neto pela

orientação dos trabalhos no Laboratório de Fitopatologia, pelas correções e

participação das bancas de qualificação e defesa;

Ao professor Sebastião Carneiro Guimarães pelo incentivo e

sugestões;

Ao professor Dr. Carlos Caneppele pela contribuição e participação

na banca de qualificação;

Ao professor Dr. Adriano Divino Lima Afonso, cuja presença na banca

de defesa muito contribuiu para o resultado final deste trabalho;

Aos técnicos dos Laboratórios de Sementes e de Fitopatologia da

Universidade Federal de Mato Grosso, em especial a Sidnéia e Arlindo, sem

os quais seria muito difícil a realização das análises;

Às assistentes em administração, Maria Minervina de Souza e Denise

Aparecida de Arruda Alves, pela paciência, atenção e dedicação;

Aos colegas do curso de mestrado pelo incentivo, a agradável

convivência e amizade;

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Aos colegas de trabalho, Jussara Santiago Figueira, Vicente Mamede

de Arruda, Roberto Luiz Corrêa da Costa e Firmina Marcimina da Silva, por

terem proporcionado condições para ausentar de minhas atividades durante

o curso.

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QUALIDADE E QUEBRA TÉCNICA DE MILHO ARMAZENADO EM

DIFERENTES AMBIENTES

RESUMO – O presente trabalho objetivou avaliar as características físicas e

qualitativas de grãos de milho armazenados em diferentes condições

ambientais, avaliar as perdas e definir o índice de quebra técnica em função

do ambiente e do tempo de armazenagem. Foram utilizados grãos de milho

colhidos em junho e julho/2004, no município de Campo Verde-MT. Depois

de embalado em sacos de papel Kraft duplo, com capacidade de 10kg, o

produto foi armazenado em ambiente natural e câmara refrigerada. No início

e a cada dois meses de armazenamento, cada embalagem foi pesada e

realizada análises de teor de água, germinação, condutividade elétrica,

presença de insetos, sanidade, classificação e análise química para definir a

qualidade do produto. O delineamento estatístico foi inteiramente

casualizado, em esquema fatorial 2 x 7 (ambientes x períodos de

armazenamento) com quatro repetições. Os teores de água dos grãos

ficaram abaixo do teor máximo admitido pela classificação oficial que é de

14,5%. O total de grãos avariados aumentou de 8,66% no início do

armazenamento para 13,95%, no ambiente natural e para 11,32%, na

câmara refrigerada. A mudança do tipo ocorreu no sexto e oitavo mês de

armazenamento, no ambiente natural e câmara refrigerada,

respectivamente, passando de tipo 1 para 2, sendo o defeito fermentados

até ¼ o que mais contribuiu para a alteração do tipo do produto. As

características físicas e qualitativas foram melhores preservadas na câmara

refrigerada. A quebra técnica apurada nos doze meses de armazenamento

foi de 3,08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado

em câmara refrigerada, equivalendo a 0,26% e 0,18% ao mês,

respectivamente.

Palavras-chave: grãos, classificação, perda de peso, armazenamento.

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QUALITY AND DRY MATTER LOSS OF CORN STORED IN DIFFERENT

ENVIRONMENTS

ABSTRACT – This work's objective was to evaluate the physical and

qualitative characteristics of corn grain stored under different environment

conditions, evaluate losses, and define a dry matter loss index based on

storage time and environment. Corn grain harvested in June and July 2004,

in the city of Campo Verde, MT, were used in the research. After packaged in

10kg capacity double-walled Kraft paper bags, the product was stored at

room condition or in a refrigerated chamber. At the onset of the experiment

and at every two months of storage, each package was weighed and

analyses were performed for water content, germination, electric conductivity,

presence of insects, health, classification, and chemical composition in order

to define product quality. A completely randomized statistical design was

adopted, in a 2 × 7 factorial arrangement (environments × storage periods),

with four replicates. The water contents in the grain were below the maximum

content admitted by the official classification, i.e., 14.5%. The damaged grain

total increased from 8.66% at the beginning of storage to 13.95% under room

condition, and to 11.32% in the refrigerated chamber. Changes in grain type

occurred in the sixth and eighth months of storage at room condition and in

the refrigerated chamber, respectively, going from type 1 to type 2. The

"fermented to ¼" defect contributed the most to produce product-type

changes. Physical and qualitative characteristics were best preserved in the

refrigerated chamber. The dry matter losses verified throughout the twelve

months of storage were 3.08% at room condition and 2.10% for corn stored

in the refrigerated chamber, being equivalent to 0.26% and 0.18% per month,

respectively.

Keywords: grain, classification, weight loss, storage.

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LISTA DE FIGURAS

Página

1 Locais de armazenamento: ambiente natural e câmara refrigerada .....

28

2 Fluxograma da metodologia utilizada ....................................................

29

3 Germinador, regulado para manter a temperatura em 25

2ºC, por

sete dias ............................................................................................... 31

4 Leitura da germinação aos quatro dias, da amostra armazenada em

ambiente natural, no mês de fevereiro de 2005....................................

31

5 Separação dos insetos e larvas com a utilização de peneiras ..............

32

6 Corte transversal do milho para observar a presença de ovos, pupas

e insetos adultos .................................................................................. 33

7 Grãos de milho incubados em papel de filtro (Blotter test) ...................

34

8 Fluxograma dos procedimentos de classificação de milho ...................

35

9 Defeitos dos grãos ou pedaços de grãos de milho conforme Portaria

nº 11 de 12 de abril de 1996 ................................................................ 36

10 Temperatura e umidade relativa média mensal do ambiente natural

e câmara refrigerada, durante o período de armazenamento .............

40

11 Germinação de grãos de milho armazenados em ambiente natural e

câmara refrigerada, por 12 meses .......................................................

43

12 Condutividade elétrica da solução contendo grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada ..................

46

13 Infestação externa de grãos de milho armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................

48

14 Número médio de insetos, por espécie, em grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12

meses ..................................................................................................

50

15 Infestação interna de grãos de milho armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................

51

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16 Grãos de milho contaminados por fungos dos gêneros Aspergillus e

Penicillium

no início, no quarto mês e no oitavo mês de

armazenamento .................................................................................. 54

17 Percentuais de matérias estranhas e impurezas dos grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada ..................

57

18 Percentuais de fragmentos dos grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses ................

58

19 Percentuais de grãos de milho ardidos armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses ........................................

59

20 Percentuais de grãos de milho fermentados até ¼ armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses ......................

61

21 Percentuais de grãos de milho carunchados armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses ........................

62

22 Total de grãos de milho avariados armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................................

64

23 Percentual de proteínas de grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses .......................

65

24 Efeito do tempo de armazenamento sobre o percentual de fibras

grãos de milho armazenados em ambiente natural e câmara

refrigerada ............................................................................................ 68

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LISTA DE TABELAS

Página

1 Médias de germinação, condutividade e teor de água de grãos de

milho armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural e

câmara refrigerada ................................................................................ 42

2 Número médio de insetos e infestação interna em grãos

de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12

meses .................................................................................................... 47

3 Espécies de insetos encontrados durante o período de

armazenamento no ambiente natural (AN) e na câmara refrigerada

(CR) ....................................................................................................... 49

4 Percentagem de fungos observados em grãos de milho

armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural e câmara

refrigerada ........................................................................................... 52

5 Resultados médios da classificação de grãos de milho armazenados,

durante 12 meses, em ambiente natural (AN) e câmara refrigerada

(CR) ...................................................................................................... 56

6 Resultados de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras de grãos

de milho armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada,

durante 12 meses ................................................................................ 66

7 Massa e quebra técnica mensal do milho armazenados, durante 12

meses, em ambiente natural e câmara refrigerada .............................

69

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................16

2.1 Armazenamento e Qualidade de Grãos ................................................16

2.2 Quebra Técnica .....................................................................................18

2.3 Deterioração dos Grãos.........................................................................19

2.4 Influência da Temperatura e Umidade no Armazenamento de Grãos..21

2.5 Presença de Insetos e Microrganismos nos Grãos...............................23

3 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................27

3.1 Descrição das Análises .........................................................................30

3.1.1 Teor de água.......................................................................................30

3.1.2 Germinação.........................................................................................30

3.1.3 Condutividade elétrica.........................................................................31

3.1.4 Presença de insetos............................................................................32

3.1.4.1 Infestação externa............................................................................32

3.1.4.2 Infestação interna.............................................................................32

3.1.5 Presença de fungos ............................................................................33

3.1.6 Classificação .......................................................................................34

3.1.7 Análise química...................................................................................37

3.1.7.1 Determinação da proteína bruta ......................................................37

3.1.7.2 Determinação de extrato etéreo.......................................................38

3.1.7.3 Determinação de fibra bruta.............................................................38

3.1.7.4 Determinação de matéria seca ........................................................38

3.2 Massa Seca Inicial e Final .....................................................................38

3.3 Delineamento Estatístico .......................................................................39

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................40

4.1 Temperatura e Umidade........................................................................40

4.2 Teor de Água .........................................................................................41

4.3 Germinação ...........................................................................................43

4.4 Condutividade Elétrica...........................................................................45

4.5 Presença de Insetos ..............................................................................46

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4.5.1 Infestação externa...............................................................................46

4.5.2 Infestação interna................................................................................51

4.6 Presença de Fungos..............................................................................52

4.7 Classificação de Grãos..........................................................................55

4.8 Análise Química.....................................................................................64

4.9 Massa Seca Inicial e Final .....................................................................68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................71

6 CONCLUSÕES......................................................................................73

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................74

APÊNDICE ....................................................................................................81

ANEXO ........ .................................................................................................84

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1 INTRODUÇÃO

A maior fonte de alimento, tanto para seres humanos como para os

animais, é constituída pelos cereais. Aproximadamente 90% dos grãos

produzidos para consumo provêm dos cereais, predominando o trigo, o

milho e o arroz, que representam a base da alimentação da maioria dos

povos (Faroni, 1992).

Atualmente, a qualidade dos grãos e subprodutos agrícolas tem se

destacado, tanto para a comercialização interna como para exportação. O

armazenamento de um produto agrícola tem como pressuposto básico a

guarda e conservação dos produtos armazenados. Entretanto, perdas

poderão ocorrer durante a permanência do produto no armazém,

ocasionadas por insetos, fungos, roedores, pássaros e a própria respiração

da massa de grãos. Esses fatores podem depreciar o produto por provocar a

presença de fragmentos de insetos nos subprodutos alimentares,

deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica, presença de

micotoxinas, além dos efeitos na saúde humana e animal e dificuldade para

exportação de produtos e subprodutos.

O índice de perda considerado pela FAO para o arroz em casca é de

10% da disponibilidade; para o trigo em grão é de 5%; para o milho em grão

é de 10%; e para o feijão em grão é de 3% (IBGE, 2004). Considerando que

a estimativa de safra de milho do Brasil para 2006 deva ficar entre 41 e 42

milhões de tonelada, segundo CONAB (2006) e IBGE (2006),

respectivamente, as perdas devem chegar a 4,2 milhões de toneladas.

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O sistema de produção agrícola brasileira apresenta elevados índices

de perdas causadas por danos físicos durante as operações de colheita,

transporte, secagem e armazenamento ou por agentes biológicos. As perdas

na armazenagem decorrem, em geral, da insuficiência estrutural ou

inadequação da rede de armazenagem, bem como do baixo nível de

qualificação da mão-de-obra que opera os secadores, as câmaras de

expurgo, os aeradores e outros equipamentos de recepção, movimentação e

conservação dos produtos nas unidades armazenadoras.

No armazenamento de grãos podem ocorrer perdas físicas e perdas

qualitativas. As perdas físicas expressam-se pela redução de massa dos

estoques, principalmente em razão do ataque de insetos, e pela perda da

umidade dos grãos. Tanto as perdas físicas como as de qualidade dos grãos

estão associadas ao tempo de existência dos estoques e às condições de

armazenamento dos mesmos. A redução de massa ocorre efetivamente

durante o armazenamento, mas não existem, no Brasil, normas ou

regulamentação sobre quebra técnica, talvez por indefinição quanto à

mesma, fundamentada tecnicamente em pesquisas.

Considerando a importância da cultura de milho na alimentação

humana e animal, seu potencial de exportação e a extensão do território

brasileiro, com regiões de climas diferenciados, bem como a diversidade da

rede armazenadora brasileira, verifica-se que existe uma lacuna a ser

preenchida por pesquisas científicas objetivando a identificação e

quantificação das perdas que ocorrem durante o armazenamento.

O estudo das características físicas e qualitativas do grão, além das

condições de armazenamento permitirá a adoção de taxas de desconto reais

mais justas, proporcionando benefícios econômicos aos usuários, a melhoria

do serviço de armazenamento e redução dos custos finais do produto ao

consumidor (Faroni et al., 2005).

A definição de um índice de Quebra Técnica específico para cada

produto considerando as condições tropicais evitaria grande parte das

demandas judiciais e estabeleceria parâmetros de controle de qualidade do

produto de forma mais técnica, melhorando o sistema de armazenamento.

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O presente trabalho objetivou avaliar as características físicas e

qualitativas de grãos de milho armazenados em duas condições de

ambiente, avaliar as possíveis perdas e definir o índice de quebra técnica em

função do ambiente e do tempo de armazenagem.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Armazenamento e Qualidade de Grãos

Grande parte da produção de grãos é armazenada durante

determinado período. Esse fato é importante, pois com o armazenamento

adequado dos produtos agrícolas, evitam-se perdas e preservam-se suas

qualidades, além de suprir as demandas durante a entressafra e de permitir

aguardar variações de preços melhores (Sauer, 1992).

Os grãos armazenados constituem um ecossistema em que

mudanças quantitativas e qualitativas podem ocorrer como resultantes da

interação entre variáveis físicas, químicas e biológicas. O objetivo real do

armazenamento é manter as características que os grãos possuem

imediatamente após o pré-processamento, tais como a viabilidade de

sementes, a qualidade de moagem e as propriedades nutritivas (Brooker et

al., 1992). Os grãos assumem a condição de matéria-prima e a

armazenagem deve ser incorporada no conceito da cadeia produtiva dos

mesmos, adotando medidas para permitir produtos com qualidade

(Caneppele, 2003).

Os produtos agrícolas possuem características biológicas, físicas e

químicas próprias de cada espécie e cultivar. Essas características básicas

definem o padrão qualitativo do produto que deverá ser mantido e que

representará a predisposição de aproveitamento para o fim a que se destina

(Finck, 1997).

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Desde a maturidade fisiológica dos grãos e sementes ocorrida no

campo, os processos de deterioração tornam-se ativos e inicia-se a perda de

qualidade. Mesmo sob as melhores condições de armazenamento, a

qualidade dos grãos não pode ser melhorada, mas apenas mantida (Silva,

1995) e essa qualidade uma vez perdida é irrecuperável (Lazzari, 2001).

Os grãos, depois de colhidos, continuam a viver e, como todos os

organismos vivos, respiram. O processo respiratório é acompanhado pelo

consumo das substâncias de reserva, e os principais fatores que alteram a

intensidade do processo respiratório são a temperatura, teor de água das

sementes e os fungos na massa de sementes (Puzzi, 1989). Além desses

fatores, a concentração de dióxido de carbono e oxigênio no ar intersticial,

as características do grão, a presença de insetos e ácaros, as condições do

clima e a estrutura do grão são considerados como os fatores mais

importantes que afetam a conservação dos grãos durante o armazenamento

(Sinha, 1973).

O armazenamento prolongado das sementes de milho pode ser

prejudicial a sua qualidade, pois inicia um processo degenerativo que leva à

perda da sua viabilidade (Lin, 1988). Andrade et al. (2003), acompanhando a

qualidade de sementes de milho armazenadas por meio de testes de

germinação, massa específica, condutividade elétrica e teor de água,

constataram que a qualidade física e fisiológica das sementes foi afetada

pelo período de armazenagem.

A germinação dos grãos pode ser utilizada como parâmetro para

determinar a qualidade fisiológica dos grãos, pois os danos causados no

processo de deterioração incluem a perda de germinação, além, da

descoloração, aumento do teor de ácidos graxos e degradação da qualidade

nutritiva (Silva, 1995).

A qualidade de um grão pode ser melhor definida como a medida de

adaptabilidade do grão para o fim a que se destina (Jackson, 1995). Esse

autor cita que os resultados das pesquisas têm aumentado os

conhecimentos sobre as características que mais se ajustam aos diferentes

usos de industrialização.

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2.2 Quebra Técnica

Existem diversas definições para o termo “Quebra Técnica”. O termo

pode restringir-se apenas à perda de peso do produto durante o

armazenamento, devido unicamente ao processo respiratório da massa de

grãos e dos microorganismos nela presentes. No entanto, a quebra técnica

pode ser definida como o somatório de diversas perdas unitárias ou redução

da massa de grãos ao longo das etapas de processamento e

armazenamento do produto (Afonso et al., 2005).

Durante o processo de armazenamento, os grãos sofrem perdas de

massa seca em razão de sua movimentação, do processo biológico da

respiração e de infestação por pragas. Segundo Celaro et al. (1979),

denomina-se a essa perda de massa seca, de quebra técnica. Além dessa

quebra técnica, ocorre a redução de massa seca devido a secagem natural,

decorrente da perda de água e a redução das qualidades física, sanitária e

nutricional dos grãos.

Até 1992 praticava-se em todo o país a aplicação de um desconto

devido a quebra técnica e secagem natural de até 0,3% da massa

armazenada, ao mês, independente do tipo, características físicas, grau de

infestação e condições climáticas locais. Em 01/07/1992, a Companhia

Nacional de Abastecimento – CONAB instituiu o programa de “Quebra Zero”,

utilizando o artifício de pagar uma sobretaxa para compensar as perdas de

massa. Essa sobretaxa está prevista no parágrafo único do artigo 37 do

Decreto nº 1.102, de 21/11/1903: "podem os armazéns gerais se obrigarem,

por convenção com os depositantes e mediante a especificação prévia de

uma taxa, indenizar os prejuízos acontecidos à mercadoria por avarias,

vícios intrínsecos, falta de acondicionamento e mesmo casos de força

maior". Essa indenização diz respeito às perdas ocorridas durante o período

de armazenagem, não incluindo o processamento.

Desde então, a CONAB estabeleceu que todo armazém, para receber

estoques oficiais vinculados à Política de Garantia de Preços Mínimos -

PGPM, deve previamente assinar o chamado "Contrato de Depósito e de

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Prestação de Serviços Correlatos – Quebra Zero". Com base nesse

contrato, mediante o recebimento da sobretaxa, o agente armazenador se

obriga a indenizar o depositante pelas perdas de qualquer natureza

(inclusive as quebras técnicas e as de massa por redução de umidade),

avarias, depreciações ocorridas ao produto e os eventos não-acobertados

pela apólice de seguro do depositante.

Essa sobretaxa é paga pelo depositante, ao armazenador, antecipada

e quinzenalmente, para ter a garantia da integridade quali-quantitativa do

produto entregue para armazenagem. Para arroz, milho, feijão, sorgo, soja e

trigo a sobretaxa equivale a 0,15% do preço de mercado do produto.

2.3 Deterioração dos Grãos

O processo de deterioração dos grãos durante o período de

armazenamento não se limita apenas à ação danosa do processo

respiratório. Diferentes fatores abióticos e bióticos estão freqüentemente

envolvidos em diferentes combinações nos processos deteriorativos. Os

fatores mais importantes que afetam os grãos durante o armazenamento

são: temperatura, teor de água, concentração de dióxido de carbono e

oxigênio no ar intersticial, características do grão, presença de

microrganismos, insetos, ácaros, condições do clima, tempo de

armazenagem e a estrutura do grão (Sinha, 1973; Merch e Gomes, 1982;

Finck, 1997). Assim, os grãos, ao serem atacados, sofrem alterações na sua

qualidade como: redução do poder germinativo, desenvolvimento de mofo,

descoloração, aquecimento e mudanças químicas deteriorativas.

A velocidade da deterioração depende das condições de ambiente

anteriores à colheita, dos danos mecânicos durante a colheita e

beneficiamento e das condições de armazenamento. Dependendo dessas

condições, um lote perderá sua qualidade com maior ou menor intensidade.

Para a manutenção da qualidade inicial dos grãos de milho, algumas

características devem ser consideradas. Finck (1997) descreve essas

características sobre três aspectos: biológicos, físicos e químicos.

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As características biológicas a serem preservadas relacionam-se aos

aspectos anatômicos, morfológicos, fisiológicos e organolépticos do milho.

Dessa forma, considera-se grão sadio o grão bem formado, sem alteração

no pericarpo, endosperma e embrião, apresentando normalidade para as

funções biofisiológicas como respiração, germinação e higroscopia própria

do material biológico, bem como coloração, odor e sabor próprio da espécie

gerada.

As características físicas dizem respeito aos aspectos que envolvem

as interações do material biológico com relação às forças físicas, tais como:

condutividade térmica e elétrica, equilíbrio higroscópio, grau de dureza do

endosperma, tamanho do grão, ângulo de repouso, fluidez e porosidade

natural da massa de grãos, peso específico e volumétrico que nas condições

normais apontam para certa condição qualitativa do milho.

As características químicas referem-se à composição carbo-lipo-

protéica do milho, fibras, vitaminas e sais minerais nas proporções

específicas de cada espécie.

A qualidade fisiológica das sementes entra num processo irreversível

de deterioração a partir da maturidade fisiológica, sendo a perda de

viabilidade uma de suas conseqüências. Membranas mal estruturadas,

desorganizadas e danificadas por insetos, mecanicamente e/ou por ação do

armazenamento prolongado estão, geralmente, associados ao processo de

deterioração da semente e, portanto, reduzindo o valor do vigor da semente

(Vieira e Krzyzanowski, 1999).

Sementes de milho de alta qualidade inicial foram as que

apresentaram maior vigor, ao final de 20 meses de armazenamento, em

relação ao lote que apresentou qualidade inicial inferior. Porém, a partir do

décimo segundo mês de armazenamento, independente da embalagem

utilizada ou do teor de água, as sementes começaram a apresentar queda

acentuada de germinação (Freitas et al., 1992).

Em grãos de arroz em casca, o armazenamento prolongado, acima

de seis meses, aumentou a percentagem de grãos quebrados (Pereira et al.,

1997). Para grãos de arroz armazenados polidos, verificou-se que o período

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de armazenagem não deve ultrapassar a 270 dias, visando maior número de

grãos inteiros e permitindo uma boa classificação do produto em tipo

(Pereira et al., 1998).

A deterioração de sementes pode ser detectada nos seus estádios

iniciais pela atividade de enzimas associadas com a degradação e oxidação

de substâncias de reservas bem como a síntese de novas substâncias. A

perda de sólidos solúveis, por exemplo, decresce com o aumento do tempo

de armazenamento, bem como o percentual de defeitos encontrados na

amostra, podendo alterar o tipo do arroz (Parizzi et al., 1992). Podem ser

observadas também, mudanças nos padrões isoenzimáticos da peroxidase

com o aumento do tempo de envelhecimento acelerado das sementes

(Spinola et al., 2000).

2.4 Influência da Temperatura e Umidade no Armazenamento de

Grãos

A temperatura e umidade são os fatores que mais afetam a perda de

massa seca e qualidade dos grãos e sementes A taxa de deterioração

depende da atividade das variáveis bióticas que é afetada, principalmente,

pela interação desses fatores (Embrapa, 2002).

O teor de água dos produtos agrícolas exerce grande influência na

manutenção da qualidade desses, ao longo do período de armazenamento.

Os grãos de cereais, de oleaginosas e de outras culturas têm natureza

higroscópica, isto é, de acordo com as condições de temperatura e umidade

relativa do ar ambiente onde se encontra o produto, pode perder (dessorção)

ou ganhar água (adsorção) (Faroni, 1992).

O processo respiratório da massa de grãos durante o armazenamento

produz calor e a taxa de respiração é influenciada pela temperatura e teor de

água dos grãos. Esses dois fatores influenciam, também, nas trocas que

ocorrem na composição química depreciando a qualidade do produto (Hall,

1957; Finck, 1997).

Grãos de trigo armazenados com teor de água superior a 13,5%

apresentam perdas significativas de massa específica aparente associada à

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redução do conteúdo de gordura bruta, que são conseqüências de intenso

processo respiratório (Freitas et al., 1998). Sementes de milho,

armazenadas em silos, apresentaram maior perda de qualidade na

superfície superior do silo devido aos maiores gradientes de temperatura e

umidade relativa impostos às sementes durante o armazenamento (Andrade

et al., 2003).

Entre os diversos fatores, o teor de água dos grãos constitui a

principal condição para determinar o tempo de armazenamento. Para grãos

de milho, o teor de água ideal para armazenagem garantida por um ano

deve ser de 13%, devendo ser reduzida para 11% a fim de garantir o

armazenamento por cinco anos (Merch e Gomes, 1982).

Freitas et al. (1998), estudando o efeito do nível de umidade sobre a

deterioração de trigo durante o período de armazenamento verificaram

intenso processo respiratório em grãos de trigo armazenados com teor de

água inadequado com conseqüente perda de gordura bruta e peso

específico. Em sementes de café (Coffea arabica L.), as reduções do teor de

água até 10% e da temperatura até 10ºC foram favoráveis à manutenção da

qualidade fisiológica (Gentil et al., 2001).

A tendência de decréscimo na germinação de milho a partir de 90

dias após o armazenamento foi explicada por Guarçoni et al. (2001) como

conseqüência do processo degenerativo que as sementes sofreram nas

condições ambientais adversas, como umidade relativa e temperaturas

desfavoráveis, ocorridas durante o armazenamento.

Grãos de cereais são, geralmente, boas fontes de tiamina, niacina,

piridoxina, inositol, biotina e a vitamina E contêm significativa quantidade de

ácido pantotênico. Há indicações de que significativas perdas de tiamina

podem ocorrer durante a armazenagem, e a extensão dessas perdas

depende, consideravelmente, do tempo e temperatura de armazenagem e

do teor de água. Alta temperatura e elevado teor de água aceleram a taxa de

destruição de tiamina (Pomeranz, 1992).

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2.5 Presença de Insetos e Microrganismos nos Grãos

Os principais agentes causadores de redução na quantidade e

qualidade dos grãos armazenados são insetos, fungos, pássaros e roedores,

bem como a respiração, que, em menor escala, pode contribuir para a perda

de matéria seca durante a armazenagem (Silva et al., 1992).

O processo de respiração envolve a liberação de energia, por

oxidação de carboidratos e outros componentes orgânicos. Quando o

processo de respiração ocorre rapidamente e produz mais calor do que pode

ser dissipado, a temperatura do produto armazenado sobe, e aumentam as

chances de desenvolvimento de fungos (Silva et al., 1992).

Atividades como o recebimento, secagem, armazenamento e

manuseio de cargas ou lotes de grãos feitas em condições inadequadas

oferecem aos insetos, fungos e ácaros, a possibilidade de infestarem e

infectarem o produto causando problemas na sua industrialização e

comercialização (Sauer, 1992; Lazzari, 1997; Lazzari e Lazzari, 2002).

A ação contínua de pragas e patógenos, além dos prejuízos

ocasionados pela redução da massa seca, depreciam o valor comercial do

produto, reduz seu valor nutricional, e favorece a deterioração e a

contaminação com micotoxinas do produto armazenado (Garcia et al., 2000).

Dentre as diferentes ordens em que os insetos são agrupados, duas

dessas se destacam como de maior importância para os insetos de grãos

armazenados: Coleoptera e Lepdoptera. Dentre as espécies mais nocivas

aos grãos armazenados o Sitophilus zeamais é a que causa maiores danos

em milho (Garcia et al., 2000).

Em condições climáticas tropicais, os insetos assumem particular

importância como pragas dos grãos armazenados, pelo fato da massa de

grãos constituir-se em ambiente ideal para seu desenvolvimento. Os insetos

causam diminuição do valor nutricional, desvalorização do produto,

diminuição do grau de higiene, redução de massa, e promovem o

aquecimento da massa de grãos no local da infestação. Isso pode contribuir

para aumento da atividade respiratória da massa de grãos, proporcionando

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maior consumo de matéria seca e, conseqüentemente, rápida deterioração

do produto (Faroni, 1992).

Os insetos isolados ou associados a fungos provocam danos

qualitativos e quantitativos ao grão de milho armazenado e aos subprodutos.

Atui e Lazzari (1998) observaram que, quanto maior é a infestação no grão,

mais elevado será o número de fragmentos no produto final. Quando os

insetos quebram o alimento em pequenos pedaços, introduzem

microrganismos, além de elevar os níveis de temperatura e umidade (Faroni,

1992).

As pragas dos grãos armazenados retiram dos alimentos a água

necessária para os processos vitais. Por esse motivo, o teor de água dos

grãos torna-se um fator crítico para a sobrevivência do inseto em qualquer

estádio do ciclo evolutivo, independente da temperatura do ambiente. Até

certo ponto, o teor de água elevado favorece o rápido aumento da população

daquelas pragas. Grãos com teores de água abaixo de 9% não oferecem

condições para a multiplicação da maioria dos insetos que atacam os grãos

armazenados (Garcia et al., 2000). Sinha (1973) cita que o teor de água

menor que 10% limita o desenvolvimento da maioria dos insetos de grãos

armazenados e a maioria dos insetos de armazenamento não se desenvolve

em temperaturas menores que 15oC.

Avaliar as perdas de qualidade decorrentes de infestações de insetos

e fungos não é tarefa fácil devido às limitações inerentes ao processo de se

levantar os dados, além da influência dos fatores bióticos e abióticos que

afetam a ecologia do armazenamento (Caneppele e Caneppele, 2004).

O estabelecimento do nível de dano econômico para pragas de grãos

armazenados é limitado pela dificuldade na determinação do nível de

infestação, pois os principais insetos-pragas passam a maior parte do seu

ciclo de vida no interior do grão. Inspeções visuais podem mostrar os grãos

aparentemente em boas condições, entretanto, podem conter infestações

internas suficientes para inviabilizar sua utilização (Caneppele e Caneppele,

2003).

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Na avaliação da flutuação populacional dos insetos, do teor de água,

da infestação interna e da germinação em conseqüência de diferentes níveis

de infestação, Caneppele (2003) verificou que à medida que ocorreu

aumento da população de insetos, aumentou o teor de água das sementes

conforme seu nível de infestação. Após 150 dias de armazenamento o teor

de água que era inicialmente de 10% foi para 14% (5 insetos/frasco), 20%

(15 insetos/frasco) e 24% (50 insetos/frasco).

As mesmas condições de armazenamento que permitem a

manutenção da qualidade dos grãos podem, também, favorecer a

sobrevivência de muitos fungos.

Os fungos presentes nas sementes armazenadas podem ser divididos

em dois grupos: de campo e de armazenamento. O primeiro invade as

sementes ainda no campo, requerendo para seu crescimento umidade

relativa em torno de 90–95%. Os mais comuns são: Alternaria,

Cladosporium, Fusarium e Helminthosporium (Carvalho e Nakagawa, 2000).

Os fungos de armazenamento, por sua vez, podem ter origem no próprio

campo ou podem ser adquiridos na fase de pós-colheita, através de

contaminações nas etapas de transporte, beneficiamento, tratamentos e nas

embalagens (Machado, 1999). Porém, são capazes de sobreviver em

ambiente com baixa umidade, proliferando em sucessão aos fungos de

campo e causando a deterioração das sementes Os fungos de

armazenamento mais freqüentes geralmente são Aspergillus spp. e

Penicillium spp (Carvalho e Nakagawa, 2000).

Fungos de armazenamento são sensíveis às mudanças de

temperatura. Quando a temperatura estiver abaixo de 12–15oC o seu

desenvolvimento é bastante reduzido com exceção do Penicillium spp.

(Lazzari, 1997).

Os principais danos causados pela invasão dos fungos de

armazenamento são: perda do poder germinativo, descoloração, aumento do

teor de ácidos graxos dos grãos, degradação das qualidades nutritivas e

odor de mofado ou azedo e podem apresentar sinais de mofo ou bolor

(Silva, 1995; Lazzari, 1997).

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Em espaço relativamente curto de tempo, certos fungos produtores de

micotoxinas podem infectar sementes e grãos e causarem graves

conseqüências àqueles que consumirem o produto ou subproduto

(Christensen e Kaufmann, 1969). Os níveis de contaminação por aflatoxinas

podem aumentar muito após a colheita se houver demora em secar o

produto. Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus são produtores de

ocratoxina A e essa toxina é produzida durante o armazenamento de grãos

quando os teores de água estão relativamente altos (16% ou mais) (Sauer,

1992; Lazzari, 1997).

Dentre os fungos associados às sementes de milho, Fusarium

moniliforme J. Sheld (Fusarium verticillioides Sacc.) destaca-se pela

freqüência e altas percentagens com que ocorre. Na conservação de

sementes de milho em câmara fria por 12 meses, percebeu-se que a

sobrevivência de Fusarium moniliforme foi bastante favorecida, em relação

ao armazenamento em ambiente não controlado (Tanaka, 2001).

Avaliando a microflora fúngica de sementes de milho em ambientes

de armazenamento, Tanaka et al. (2001) constataram o decréscimo da

sobrevivência de F moniliforme em condições de ambiente não controlado

em comparação à câmara fria. Entretanto, Aspergillus e Penicillium tiveram

suas incidências aumentadas ao longo do período, principalmente em

ambiente não controlado.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado nos Laboratórios de Sementes, de

Fitopatologia e do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem da Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso,

no Núcleo de Laboratórios da EMPAER-MT e na Divisão de Revisão da

Classificação do INDEA-MT no período de outubro de 2004 a outubro de

2005.

Foram utilizados grãos de milho (Zea mays L.), do grupo semi-duro,

colhidos em junho e julho/2004, procedentes da Fazenda Filadélfia,

localizada no município de Campo Verde-MT. Antes do início do trabalho, o

milho passou por secagem e armazenagem por três meses na própria

fazenda. O produto foi encaminhado para Cuiabá-MT, embalado em sacos

de papel Kraft duplo, com capacidade de 10kg do produto e armazenado em

duas condições: ambiente natural (tratamento 1) e em câmara refrigerada

(tratamento 2), durante o período de outubro de 2004 à outubro de 2005

(Figura 1).

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FIGURA 1. Locais de armazenamento: ambiente natural e câmara refrigerada.

No início e a cada dois meses de armazenamento, foi determinada a

massa de grãos de cada embalagem e realizadas análises de teor de água,

germinação, condutividade elétrica, presença de insetos, sanidade,

classificação de grãos e análise química. Para a realização da classificação

foram determinados os percentuais de matérias estranhas e impurezas;

fragmentos; grãos ardidos, brotados e mofados; grãos fermentados até ¼;

quebrados; carunchados; chochos e prejudicados por diferentes causas

(Figura 2).

Durante o período de armazenamento foram realizados os

tratamentos fitossanitários conforme as recomendações dos fabricantes para

os produtos armazenados: expurgo com fosfeto de alumínio utilizando duas

pastilhas de 3g.m-3, pulverização com pirimifós-metílico na dosagem de

0,5mL diluído em 50mL de água para cada m2 de superfície de embalagem.

Foi realizado um expurgo no início do armazenamento nos dois ambientes e,

durante o armazenamento foram realizados mais dois expurgos seguidos de

pulverizações no ambiente natural nos meses de dezembro/2004 e

maio/2005.

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FIGURA 2. Fluxograma da metodologia utilizada.

A temperatura e umidade relativa do ar ambiente foram registradas

durante o armazenamento por meio de termohigrômetro e termômetro de

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máxima e mínima. A temperatura média foi calculada utilizando a fórmula Tm

= (T8 + 2xT20 + Tmín + Tmáx)/5, onde T8 é a temperatura às 8 horas, T20 é a

temperatura às 20 horas, Tmín é a temperatura mínima do dia e Tmáx é a

temperatura máxima do dia.

A temperatura média no período foi de 27,3ºC e 17,0ºC e a umidade

relativa média de 67,4% e 73,3%, no ambiente natural e câmara refrigerada,

respectivamente.

3.1 Descrição das Análises

Para cada coleta foram separadas quatro embalagens que

constituíram as repetições por época de armazenamento, para cada

ambiente. Após a pesagem das embalagens, os grãos foram

homogeneizados e divididos para obtenção das subamostras para as

respectivas análises (Figura 2).

3.1.1 Teor de água

O teor de água foi determinado com três subamostras de 5g em

estufa a 105 ± 3ºC, durante 24 horas (Brasil, 1992) e o resultado foi

expresso em percentagem em base úmida.

3.1.2 Germinação

O teste de germinação foi realizado com quatro subamostras de 50

sementes em substrato de papel na forma de rolo, umedecido com volume

de água equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos de papel

permaneceram no germinador, regulado para manter a temperatura em 25

2ºC, por sete dias. Foram realizadas duas contagens, sendo a primeira após

quatro dias e a segunda, aos sete dias após a semeadura (Brasil, 1992). Os

resultados foram expressos em percentagem de plântulas normais (1a

e 2a

contagens) e percentagem de plântulas anormais, de sementes duras e de

sementes mortas (2a contagem) (Figuras 3 e 4).

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FIGURA 3. Germinador, regulado para manter a temperatura em 25

2ºC,

por sete dias.

FIGURA 4. Leitura da germinação aos quatro dias, da amostra armazenada

em ambiente natural, no mês de fevereiro de 2005.

3.1.3 Condutividade elétrica

Foram utilizadas quatro subamostras de 50 grãos, que foram pesadas

e colocadas para embeber em copos plásticos com capacidade de 200mL,

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contendo 75mL de água deionizada. As subamostras foram acondicionadas

em câmara à temperatura de 25oC durante 24 horas. Após esse período, a

condutividade foi medida e o resultado expresso em mol/g/cm.

3.1.4 Presença de insetos

3.1.4.1 Infestação externa

A infestação foi determinada em duas subamostras de 500g, que

foram peneiradas em um conjunto de peneiras de malhas de 2, 18, 20 e 30

correspondendo a 0,68; 1,0; 0,84 e 0,60mm de diâmetro respectivamente

(Caneppele, 2003) (Figura 5). Os insetos e larvas, vivos e mortos, foram

separados, identificados e contados. A quantidade de insetos vivos e mortos

foi representada pelo somatório de todas as espécies encontradas nas

amostras e o resultado apresentado em percentagem.

FIGURA 5. Separação dos insetos e larvas com a utilização de peneiras.

3.1.4.2 Infestação interna

Foram utilizadas duas subamostras de 100 grãos, imersas em água

por 24 horas. Após esse período, os grãos foram examinados

individualmente, verificando se os mesmos apresentavam danos externos

causados por insetos e, seccionando-os transversal e longitudinalmente para

se observar internamente a presença de ovos, pupas e insetos adultos

(Brasil, 1992) (Figura 6).

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FIGURA 6. Corte transversal do milho para observar a presença de ovos,

pupas e insetos adultos.

3.1.5 Presença de fungos

A detecção fúngica foi realizada pelo método de incubação em papel

de filtro (Blotter – Neergaard (1985), com modificações), com restrição

hídrica. Foram utilizadas quatro subamostras de 50 grãos, colocados de

forma eqüidistante, em placa de Petri, contendo duas folhas de papel de

filtro umedecidas com solução de manitol, com potencial hídrico de –

0,8MPa (Figura 7).

Em seguida, as placas foram incubadas em temperatura de 20oC

2oC e fotoperíodo de 12 horas sob luz fluorescente branca de 40W

posicionada a 40cm acima das placas, por sete dias. Após esse período,

realizou-se a identificação dos gêneros com o auxílio do microscópio

estereoscópio e, quando necessário, no microscópio biológico.

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FIGURA 7. Grãos de milho incubados em papel de filtro (Blotter test).

3.1.6 Classificação

A classificação foi realizada com base no Padrão de Qualidade do

Ministério da Agricultura para grãos de milho, estabelecido pela Portaria nº

845 de 08/11/1976 e Portaria nº 11 de 12/04/1996 (Brasil, 1976; 1996).

Foram utilizadas duas amostras de 1kg, homogeneizadas e divididas

para se obter uma subamostra de trabalho de 250g de cada. Essas

amostras de trabalho foram peneiradas utilizando peneira de crivo circular de

5mm de diâmetro, para a separação das impurezas, matérias estranhas e

fragmentos (Figura 8).

As impurezas e matérias estranhas que ficaram retidas na peneira

foram retiradas e juntadas às impurezas e matérias estranhas que passaram

pela peneira.

Os grãos ou pedaços de grãos de milho que passaram pela peneira

foram separados daqueles que apresentavam defeitos para serem

agregados aos demais defeitos encontrados no restante da amostra. As

matérias estranhas, impurezas e fragmentos foram separados, pesados e foi

calculada a percentagem para cada variável. A soma das duas variáveis foi

utilizada para fazer o enquadramento em tipo (Anexo A).

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FIGURA 8. Fluxograma dos procedimentos de classificação de milho.

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FIGURA 9. Defeitos dos grãos ou pedaços de grãos de milho conforme

Portaria nº 11 de 12 de abril de 1996.

Para reduzir a interferência da opinião do classificador, no presente

experimento, sobre o enquadramento em ardidos ou fermentados até ¼ ,

todas as amostras foram classificadas pela mesma pessoa.

Para a determinação do grupo e classe foi utilizada uma subamostra

de 100g, isenta de grãos quebrados (Figura 8). Depois essa porção foi

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incorporada ao restante da subamostra para a separação dos grãos

avariados em: mofados, ardidos e brotados, quebrados, chochos e imaturos,

carunchados, fermentados até ¼ e prejudicados por diferentes causas. Os

defeitos foram pesados isoladamente e anotados no laudo. As massas

obtidas para cada defeito foram transformadas em percentagem.

Os defeitos dos grãos ou pedaços de grãos de milho foram separados

obedecendo aos conceitos para cada defeito contido na Portaria nº 11 de 12

de abril de 1996 do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da

Reforma Agrária (Anexo B) (Figura 9).

Para efeito de análise estatística, considerou-se a média das

percentagens em cada defeito das duas classificações. A análise foi feita

considerando cada defeito isoladamente além do tipo do produto.

3.1.7 Análise química

Para a realização da análise química foi encaminhada uma amostra

de 500g por repetição, para o Laboratório da EMPAER – MT, onde foram

determinados os teores de proteína, extrato etéreo, fibra e a massa da

matéria seca com base nos Métodos Analíticos de Controle de Alimentos

para uso Animal (ANFAR, 1992). As amostras foram trituradas em moinho

elétrico, homogeneizadas e divididas em duas subamostras para cada

determinação.

3.1.7.1 Determinação da proteína bruta

A proteína bruta foi calculada a partir da determinação do nitrogênio

total pelo método Kjeldahl, utilizando o processo semimicro Kjedahl, em

duas subamostras de 0,2g do produto moído e seco (ANFAR, 1992; Silva,

2002).

Admitindo-se que a proteína tem em média 16% de sua massa em

nitrogênio, calculou-se a proteína bruta utilizando o fator de correção 6,25

sendo seu resultado expresso em percentagem:

% Proteína Bruta = % N x 6,25

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38

3.1.7.2 Determinação de extrato etéreo

A extração de gordura bruta foi baseada na extração da fração

gordurosa e demais substâncias solúveis por meio de arraste por solvente.

Foram pesadas, para cada amostra encaminhada, duas subamostras de 2g,

transferidas para cartucho extrator preparado com papel de filtro e secas a

105oC por duas horas. Os cartuchos, após secagem, foram introduzidos no

extrator do tipo Goldfisch (ANFAR, 1992). O resultado foi expresso em

percentagem.

3.1.7.3 Determinação de fibra bruta

Baseada na determinação do resíduo orgânico insolúvel da amostra,

após digestão ácida e outra alcalina e o resultado foi expresso em

percentagem (ANFAR, 1992).

3.1.7.4 Determinação de matéria seca

A matéria seca foi determinada utilizando-se duas subamostras de

aproximadamente 2g, a temperatura de 105ºC, em estufa com circulação

forçada. Os resultados foram expressos em g.kg-1 (ANFAR, 1992).

3.2 Massa Seca Inicial e Final

Cada embalagem foi pesada no início e a cada dois meses de

armazenamento. Para calcular a diferença de massa seca (quebra técnica),

descontou-se a água presente no produto considerando o teor de água do

produto no período avaliado, conforme a equação:

MS = P - (P * U)_

100

Onde: MS = massa seca total do produto (g);

P = massa do produto (g);

U = teor de água do produto (%)

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39

3.3 Delineamento Estatístico

O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado, em

esquema fatorial 2 X 7, sendo dois ambientes (ambiente natural e câmara

refrigerada) e sete períodos de armazenamento (zero, dois, quatro, seis,

oito, dez e doze meses), com quatro repetições. Para fins de análise

estatística utilizou-se o Programa de Análise Estatística e Genética (SAEG).

Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors (5%), para verificar se os

valores seguiram a distribuição normal, e de Cochran (5%), para verificar a

homogeneidade de variâncias. A comparação das médias foi realizada pelo

teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade, para verificar diferenças entre

tratamentos. Os dados de infestação interna e mofados foram transformados

em raiz (x + 0,5), para a análise estatística. O efeito do tempo foi verificado

por análise de regressão.

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40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Temperatura e Umidade

As variações mensais de temperatura e umidade relativa podem ser

visualizadas na Figura 10.

FIGURA 10. Temperatura e umidade relativa média mensal do ambiente

natural e câmara refrigerada, durante o período de

armazenamento.

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41

As médias mensais de temperatura foram maiores no ambiente

natural, enquanto que, a umidade relativa apresentou médias mensais

maiores na câmara refrigerada. Verifica-se que as variações foram

pequenas na câmara refrigerada, de 15,0ºC a 18,4ºC na temperatura, com

média mensal de 17,0ºC e valores mais altos e mais baixos nos meses de

maio e novembro, respectivamente. Também as flutuações na umidade

relativa na câmara refrigerada foram pequenas; a média mensal foi 73,3%

sendo que a maior média foi no mês de outubro e a menor no mês de

novembro.

No ambiente natural, as variações de temperatura foram de 23,9ºC a

28,9ºC, com média mensal de 27,3ºC sendo que o mês de julho apresentou

a temperatura mais baixa e o mês de outubro a mais alta. A umidade relativa

variou de 40,1% a 80,0% nos meses de agosto e janeiro, respectivamente,

apresentando média mensal de 67,4%. Os dados médios de temperatura e

umidade relativa dos dois ambientes de armazenamentos encontram-se no

Apêndice A.

4.2 Teor de Água

Os resultados do teor de água nos grãos durante o período de

armazenamento encontram-se na Tabela 1. De forma geral, o teor de água

foi menor no ambiente natural que na câmara refrigerada. Essa diferença foi

maior no final do armazenamento quando o teor de água dos grãos

armazenados em câmara refrigerada foi 19% maior que o teor de água dos

grãos armazenados em ambiente natural. Faroni et al. (2005) também

verificaram que houve maior redução do teor de água dos grãos de milho

nas temperaturas mais elevadas, após 180 dias de armazenamento.

A diferença de comportamento dos grãos, nos dois ambientes, pode

ser entendida pelas variações de temperatura e de umidade relativa dos

ambientes de armazenamento (Figura 10). A permeabilidade da embalagem

ao vapor d’água e as propriedades higroscópicas do grão, com certeza

favoreceram as alterações do teor de água do produto durante o

armazenamento. Nos meses de junho, agosto e outubro de 2005

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observaram-se os menores teores de água, no ambiente natural coincidindo

com as menores médias mensais de umidade relativa, que chegou a 40,1%

em agosto de 2005, nesse ambiente (Figura 10).

TABELA 1. Médias de germinação, condutividade elétrica e teor de água de grãos de

milho armazenados durante 12 meses em ambiente natural e câmara

refrigerada.

Teor de água (%) Germinação (%) Condutividade elétrica

( mol/g/cm) Mês P

Ambiente natural

Câmara refrigerada

Ambiente natural

Câmara refrigerada

Ambiente natural

Câmara refrigerada

out/04 0 10,64

Aa 10,64

Ab 55,63

Aa 55,63

Aa 22,49

Ac 22,49

Ac

dez/04

2 10,35

Ba 11,25

Aa 50,38

Bb 55,13

Aa 21,31

Ac 20,91

Ac

fev/05 4 9,21

Ab 9,22

Ad 50,25

Ab 54,00

Aa 23,07

Ac 21,21

Ac

abr/05 6 10,60

Aa 10,64

Ab 45,38

Bc 53,88

Aa 26,70

Ab 23,83

Ac

jun/05 8 9,39

Bb 9,81

Ac 43,88

Bc 53,75

Aa 25,82

Ab 25,62

Ab

ago/05

10 9,06

Bb 9,93

Ac 33,50

Bd 53,63

Aa 31,47

Aa 29,18

Aa

out/05 12 9,47

Bb 11,25

Aa 31,00

Bd 52,75

Aa 32,95

Aa 29,45

Aa

C.V.% 2,31 6,36 9,97

Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade. P = período em meses.

Observa-se que o aumento da infestação de insetos e a incidência de

fungos no ambiente natural (Tabela 2) não foram suficientes para aumentar

o teor de água dos grãos nesse ambiente, como verificado por Matioli (1978)

em grãos de milho, onde o incremento no teor de água foi influenciado pela

infestação e pelo período de armazenamento, nos tratamentos com maior

população de insetos. Provavelmente, os tratamentos fitossanitários,

dispensados ao produto tão logo identificada a presença de insetos vivos,

neste experimento, não tenha permitido que os mesmos tivessem

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incremento de sua atividade e conseqüente aumento da deterioração do

produto.

Os teores de água nos dois ambientes, durante todo o período

avaliado, ficaram sempre abaixo do teor máximo admitido pela classificação

oficial que é de 14,5%. Esses valores também foram menores que os citados

por Weber (1995) para climas tropicais, onde não se recomenda a

armazenagem de grãos com teores de água acima de 12 ou 13%. Merch e

Gomes (1982) também recomendam teores de água abaixo de 13% para

armazenamento seguro, por um ano.

4.3 Germinação

As percentagens de germinação dos grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses, encontram-se na

Tabela 1. No ambiente natural ocorreu decréscimo na germinação a partir do

segundo mês de armazenamento enquanto que na câmara refrigerada não

se verificaram diferenças estatísticas nos diferentes períodos, mantendo-se

as percentagens de germinação durante o armazenamento. A queda na

percentagem de germinação pode ser explicada por uma equação de

segundo grau (Figura 11).

FIGURA 11. Germinação de grãos de milho armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

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Somente no início e aos quatro meses de armazenamento que as

percentagens de germinação nos grãos armazenados no ambiente natural

foram iguais às dos grãos armazenados em câmara refrigerada. Mesmo

assim, aos quatro meses, a velgcidade desse processo nos grãos

armazenados em ambiente natural foi menor do que a observada nos grãos

armazenados em câmara refrigerada, onde as percentagens de germinação

na primeira leitura do teste foram de 44 e 46%, respectivamente (Apêndice

C). Nos demais meses, a germinação no ambiente natural foi menor do que

a observada na câmara refrigerada. A maior infestação de insetos nos grãos

armazenados em ambiente natural provavelmente colaborou para a redução

da germinação nesse ambiente (Tabela 2). Os resultados obtidos neste

trabalho concordam com os dados de Matioli e Almeida (1979) e Caneppele

(2003), que observaram que o percentual de germinação dos grãos de milho

decresce com o aumento da infestação e do período de armazenamento.

Os resultados indicam a melhor conservação do potencial fisiológico

dos grãos em ambientes com temperaturas mais baixas. Puzzi (1989) afirma

que em temperaturas mais baixas, os grãos podem ser armazenados com

maior segurança do que em climas mais quentes. Lin (1988) observou que a

germinação das sementes de milho decresceu com o período de

armazenamento e Campos (2001) verificou redução na germinação dos

grãos de milho durante o tempo de armazenamento em todos os

tratamentos conduzidos em ambiente não controlado.

No segundo mês de armazenamento houve diferença da germinação

entre os ambientes, que não foi verificada no quarto mês. Provavelmente

porque, no segundo mês de armazenamento, as embalagens retiradas do

ambiente natural para análise, apresentaram alta infestação localizada de

Sitophilus zeamais, podendo ser responsável pela maior redução da

germinação nesse período.

A partir do sexto mês de armazenamento observa-se que as médias

de germinação apresentaram diferenças estatísticas, entre os dois

ambientes considerados, até o final do período avaliado. Aos 12 meses de

armazenamento a percentagem de germinação na câmara fria foi 70% maior

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que o percentual observado no ambiente natural, definindo a tendência mais

acentuada de decréscimo da germinação com o tempo de armazenamento

no ambiente natural.

O processo degenerativo que os grãos sofrem nas condições

ambientais adversas, como umidade relativa e temperaturas menos

favoráveis e a infestação de insetos, ocorridas no ambiente natural, pode

explicar essa tendência mais acentuada de decréscimo da germinação, com

o armazenamento nesse ambiente.

4.4 Condutividade Elétrica

Na Tabela 1 encontram-se os resultados da condutividade elétrica

dos grãos de milho armazenados durante doze meses, em ambiente natural

e câmara refrigerada, onde se verifica que não houve diferença estatística

entre os valores de condutividade elétrica nos dois ambientes no mesmo

período de armazenamento.

Esses resultados discordam dos verificados por Faroni et al. (2005)

que observaram que grãos tratados com inseticida e armazenados por 120

dias sob temperatura de 20ºC apresentaram menor condutividade que os

grãos não tratados e armazenados, pelo mesmo período, sob temperatura

de 40ºC. Observaram, ainda, que quanto maior a temperatura e o período de

armazenamento, maior a condutividade elétrica da solução que continha os

grãos. O processo de deterioração dos grãos aumenta a permeabilidade da

membrana celular permitindo a lixiviação de eletrólitos do interior das células

para o meio, gerando maiores condutividades elétricas.

Verifica-se aumento da condutividade elétrica, nos dois ambientes,

em função do tempo. A condutividade elétrica passou de 22,49 mol/g/cm

no início do armazenamento, para 32,95 e 29,45 mol/g/cm, no final do

armazenamento, para o ambiente natural e câmara refrigerada,

respectivamente, o que representa aumento de 46% para o ambiente natural

e 31% para o armazenamento em câmara refrigerada.

A análise de regressão entre o tempo de armazenamento e a

condutividade elétrica da solução que continha os grãos de milho indica

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efeito do tempo de armazenamento sobre a condutividade, expressa por

uma equação de regressão quadrática e a tendência de aumento dos

valores de condutividade com o armazenamento (Figura 12).

FIGURA 12-. Condutividade elétrica da solução contendo grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada.

4.5 Presença de Insetos

4.5.1 Infestação externa

O número médio de insetos observados encontra-se na Tabela 2.

Verifica-se que houve diferença significativa nesse número entre os dois

ambientes a partir de quatro meses de armazenamento. Desde o início do

armazenamento o número de insetos aumentou significativamente nos dois

ambientes. Entretanto, nos grãos de milho armazenados em ambiente

natural (temperatura média de 27ºC e umidade relativa média de 67%) o

acréscimo foi de 25,9 vezes em relação à infestação externa inicial enquanto

que para os grãos armazenados em ambiente com temperatura controlada

(temperatura média de 17ºC e umidade relativa média de 73%) este

acréscimo foi de 10 vezes, no período de 12 meses.

No ambiente natural a infestação, no quarto mês de armazenamento,

foi 2,09 vezes maior que no milho armazenado em câmara refrigerada e no

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décimo segundo mês de armazenamento, foi 2,59 vezes maior que no milho

armazenado em câmara refrigerada.

Pela análise de infestação externa verificou-se que a maioria dos

insetos e larvas encontrados nas amostras estavam mortos, provavelmente,

devido aos tratamentos fitossanitários realizados, visando a manutenção da

qualidade do produto.

No segundo mês de armazenamento houve infestação localizada nos

grãos das embalagens retiradas do ambiente natural, que se encontravam

na parte superior da pilha, com grande incidência de Sitophilus zeamais,

mas que não afetou todo o produto armazenado devido ao tratamento

fitossanitário. Por essa razão, esse período foi desconsiderado na análise

dos resultados, pois não reflete o que ocorreu com o restante dos grãos.

TABELA 2. Número médio de insetos e infestação interna em grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

Infestação Externa (nº.) Infestação Interna (%) Mês

Período

(meses)

Ambiente Natural

Câmara Refrigerada

Ambiente Natural Câmara

Refrigerada

out/04 0 2,00

Ad 2,00

Ac 1,13(1,26)

Ab 1,13(1,26)

Aa

fev/05 4 14,63

Ac 7,00

Bb 2,13(1,59)

Ab 1,25(1,32)

Aa

abr/05 6 24,50

Ab 10,38

Bb 2,25(1,63)

Ab 1,38(1,36)

Aa

jun/05 8 24,88

Ab 10,38

Bb 2,38(1,68)

Ab 1,38(1,36)

Aa

ago/05 10 27,88

Ab 19,63

Ba 2,63(1,74)

Ab 1,63(1,45)

Aa

out/05 12 51,75

Aa 20,00

Ba 4,25(2,16)

Aa 1,88(1,52)

Ba

C.V % 26,42 16,65 Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade.

Os valores de infestação interna foram transformados em 5,0x e esses valores encontram-se

entre parênteses. As comparações das médias foram feitas com base nos dados transformados.

A maior incidência de insetos que ocorreu no ambiente natural foi

devido à temperatura mais alta, em média 27,3ºC (Figura 10). Em

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temperaturas entre 27º e 30ºC e 70-90% de umidade relativa os índices de

incremento de algumas pragas de grãos armazenados são muito elevados

(Guedes, 1991) e o tempo médio necessário para que ocorra uma geração

decresce diretamente com a temperatura sendo de quase seis meses, a

18ºC, e não chega a dois meses, a 35ºC (Faroni, 1992).

A variação da infestação externa segue tendência de uma curva

quadrática (Figura 13), indicando elevação dessa infestação com o tempo de

armazenamento.

FIGURA 13. Infestação externa de grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

O número total de insetos observado durante o armazenamento,

encontra-se na Tabela 3. No início do armazenamento detectou-se apenas a

presença de Sitophilus zeamais (Coleoptera-Curculionidae) nos dois

ambientes e a partir do segundo mês ocorreu o aparecimento das demais

espécies.

Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum foram as espécies que

mais ocorreram no ambiente natural correspondendo a 23,7 e 16,3% dos

insetos encontrados, respectivamente, seguidas de Cryptolestes ferrugineus

com 5,8%. As demais espécies apresentaram ocorrência inferior a 5%. Na

câmara refrigerada Sitophilus zeamais foi a espécie que mais se destacou

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representando 30,6% do total dos insetos encontrados nesse ambiente. As

demais espécies apresentaram ocorrência inferior a 5%.

TABELA 3. Espécies dos insetos encontrados durante o período de armazenamento

no ambiente natural (AN) e na câmara refrigerada (CR).

AN CR Ordem Família Espécies Nº % Nº %

Coleoptera Curculonidae Sitophilus zeamais (Motsch.) 276 23,7 170 30,6

Cucujidae Cryptolestes ferrugineus (Stephens) 68 5,8 22 4,0

Cryptolestes pusillus(Schoenherr) 16 1,4 7 1,3

Ahasverus advena (Waltl) 18 1,6 9 1,6

Tenebrionidae

Tribolium castaneum (Herbst) 190 16,3 23 4,2

Silvanidae Oryzaephilus surinamensis (L.) 55 4,7 19 3,4

Lepidoptera Pyralidae Plodia interpunctella (Hubner) 19 1,6 2 0,4

Hymenoptera

Betylidae 17 1,5 7 1,3

Outros Larvas 506 43,4 295 53,2

Total de Insetos 1165

100 555 100

O total de insetos considerado é a soma de todos os insetos encontrados nas repetições nos meses avaliados, excluindo os resultados do segundo mês. AN= Ambiente Natural CR= Câmara Refrigerada

Na Figura 14 observam-se os dados médios de insetos, por espécie e

período de armazenamento, além da temperatura e umidade relativa, nos

dois ambientes. Verificou-se que, no ambiente natural, o número médio de

Sitophilus zeamais cresceu até o mês de junho/05, quando ocorreu a maior

incidência da espécie, reduzindo no mês de agosto/05 e se mantendo no

mês de dezembro/05. Nesse período também, a umidade relativa começou a

reduzir atingindo menor valor no mês de agosto/05. Para o Tribolium

castaneum a maior ocorrência foi no final do armazenamento.

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Na câmara refrigerada, onde a umidade relativa não teve grandes

variações, o número médio de Sitophilus zeamais apresentou aumento a

partir de fevereiro/05, mantendo-se estável até agosto/05 e aumentando

novamente em dezembro/05.

FIGURA 14. Número médio de insetos, por espécie, em grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada, por

12 meses.

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4.5.2 Infestação interna

As médias da infestação interna entre os ambientes só diferiram

estatisticamente no décimo segundo mês de armazenamento, quando a

infestação interna no milho armazenado em ambiente natural foi 2,26 vezes

maior que no milho armazenado em câmara refrigerada (Tabela 2). O menor

percentual de infestação interna na câmara refrigerada deve-se às

condições de temperatura desse ambiente que limitam o desenvolvimento

dos insetos como observado também por Faroni (1992).

Não ocorreram diferenças na infestação interna dos grãos de milho

durante período de armazenamento, em câmara refrigerada, enquanto que,

no ambiente natural, ocorreu aumento dessa infestação somente no décimo

segundo mês de armazenamento. O efeito do tempo de armazenamento

sobre a infestação interna é observada na Figura 15 onde se verifica a

tendência, mais acentuada, de aumento da mesma com o tempo de

armazenamento, no ambiente natural.

FIGURA 15. Infestação interna de grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

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4.6 Presença de Fungos

Na Tabela 4 verifica-se a infestação fúngica dos grãos de milho

observada no período de armazenamento.

Durante esse período constatou-se o aparecimento de fungos dos

gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que são os mais comuns na

deterioração de milho a campo, no armazenamento e em seus subprodutos

(Atui e Lazzari, 1998).

TABELA 4. Percentagem de fungos observados em grãos de milho armazenados,

durante 12 meses, em ambiente natural e câmara refrigerada.

Aspergillus (%) Penicillium (%) Fusarium (%) Mês Período

(meses) Ambiente natural

Câmara refrigerada

Ambiente natural

Câmara refrigerada

Ambiente natural

Câmara refrigerada

out/04 0 59,00

Ad 59,00

Ac 55,25

Ad 55,25

Ad 5,75

Ac

5,75

Ab

dez/04

2 65,00

Ac 34,25

Be 72,25

Ab 76,88

Ab 8,50

Ab

6,25

Ab

fev/05 4 73,38

Ab 68,63

Ab 49,50

Ad 50,13

Ad 18,50

Aa

9,75

Ba

abr/05 6 82,25

Aa 63,50

Bc 23,88

Be 71,13

Ac 2,88

Bd

9,25

Aa

jun/05 8 41,00

Be 76,88

Aa 63,88

Bc 88,25

Aa 6,00

Bc

9,63

Aa

ago/05

10 54,88

Ad 28,75

Be 89,38

Aa 79,38

Bb 5,25

Ac

4,50

Ab

out/05 12 39,50

Be 53,00

Ad 77,50

Bb 94,75

Aa 1,88

Bd

8,00

Aa

C.V.% 8,43 7,14 24,64

Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%de probabilidade.

Os fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium foram os mais

abundantes tanto na câmara refrigerada como no ambiente natural. Houve

ocorrência de Aspergillus spp. nos grãos nas duas condições de

armazenamento durante todo o período de armazenamento. A incidência, no

entanto, reduziu 33% no ambiente natural ao final do tempo de

armazenamento e diminuiu 10%, no mesmo período, nos grãos

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armazenados em câmara refrigerada. Contudo, houve variações desse

fungo ao longo do armazenamento nos dois ambientes.

No ambiente natural, a maior incidência ocorreu no sexto mês de

armazenamento atingindo 82% dos grãos e, na câmara refrigerada, a maior

incidência foi no oitavo mês atingindo, aproximadamente, 77% de incidência.

Tal fato, provavelmente, resultou do comportamento das espécies de

Aspergillus presentes nos grãos, uma vez que existem variações entre as

espécies quanto ao período de sobrevivência, em função do teor de água

dos grãos e da umidade relativa do ar (Lal e Kapoor, 1979).

Penicillium spp., classificada tradicionalmente como fungos de

armazenamento, assim como Aspergillus spp., também apresentou aumento

da incidência em função do tempo de armazenamento nos dois ambientes

(Tabela 4). Em câmara refrigerada esse aumento foi mais acentuado,

atingindo 71,5% aos 12 meses de armazenamento, enquanto que no

ambiente natural a maior incidência ocorreu no décimo mês de

armazenamento, aumentando 61,8% em relação à incidência inicial.

A partir do sexto mês de armazenamento observou-se diferença na

incidência de Penicillium spp. entre os ambientes de armazenamento para o

mesmo período, sendo que, ao final do período avaliado, a incidência do

fungo no milho armazenado em câmara refrigerada foi 22% maior que a

incidência no milho armazenado em ambiente natural.

Tanaka et al. (2001) também constataram aumento das percentagens

de incidência de Penicillium spp. em função do tempo de armazenamento,

contudo, o aumento foi menos acentuado em câmara fria, provavelmente

devido a menor umidade relativa (40%) utilizada na câmara fria no

experimento realizado por esses pesquisadores.

Verificou-se, contudo, a despeito da percentagem de grãos com

presença dos fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, que a

severidade com que os grãos foram afetados diminuiu nos dois ambientes. A

partir do quarto mês de armazenamento, verificou-se que, independente da

percentagem de incidência de Aspergillus e Penicillium, o inóculo em cada

grão reduziu (Figura 16).

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54

Fusarium verticillioides (F. moniliforme), considerado fungo de campo,

foi detectado até o final do período, nas duas condições de armazenamento.

No entanto, na condição do ambiente natural a sobrevivência apresentou

decréscimo de 67%, enquanto que na câmara refrigerada, a incidência inicial

de 5,75%, passou para 8%.

início do armazenamento 4 meses 8 meses

FIGURA 16. Grãos de milho contaminados por fungos dos gêneros

Aspergillus e Penicillium no início, no quarto e no oitavo mês

de armazenamento.

No quarto mês de armazenamento ocorreu aumento de

aproximadamente 3,22 vezes em relação à incidência inicial de Fusarium

verticillioides, no ambiente natural e de 1,7 vezes no milho armazenado em

câmara refrigerada, provavelmente devido ao aumento da umidade relativa

no período de janeiro a março de 2005, principalmente no ambiente natural

(Figura 10).

A podridão causada por Fusarium spp. é grandemente favorecida

pelo excesso de chuvas e o desenvolvimento da doença nas espigas é

paralisado quando o teor de água dos grãos atinge 18 a 19% (Fernandes e

Oliveira, 2000), no entanto, o tempo de sobrevivência desse fungo está

diretamente relacionado com as condições de ambiente de armazenamento

(Lai e Kapoor, 1979).

Oliveira et al. (1997) e Tanaka et al. (2001) observaram,

armazenando sementes secas de milho em ambiente sem refrigeração, a

redução da incidência de Fusarium verticillioides. Em câmara refrigerada, no

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55

entanto, observaram que a sobrevivência do fungo foi favorecida. Tanaka

(2001) encontrou resultados semelhantes, e relata que a sobrevivência de

Fusarium verticillioides nas sementes de milho conservadas durante doze

meses em câmara fria foi bastante favorecida, em relação ao

armazenamento em ambiente não controlado. Em condição ambiente, ao

final de 12 meses de armazenamento, lotes com incidência inicial de 28, 34

e 59% apresentaram incidência de 2, 4 e 5%, respectivamente; enquanto

que na câmara fria, as incidências encontradas nos mesmos lotes foram de

25, 30 e 58%.

O efeito do período de armazenamento dos grãos sobre a incidência

dos fungos Aspergillus, Penicillium e Fusarium no armazenamento, não foi

determinado nem por equação linear nem de segundo grau. Provavelmente

o comportamento das diferentes espécies e as variações de umidade

relativa e teor de água nos grãos interferiram, de forma mais efetiva, na

sobrevivência dos fungos que o tempo de armazenamento.

4.7 Classificação de Grãos

Na Tabela 5 são apresentados os resultados referentes à

classificação dos grãos. O enquadramento em tipo do milho é feito

considerando valores percentuais de tolerância para matérias estranhas,

impurezas e fragmentos, total de avariados e máximo de ardidos, brotados e

mofados (Brasil, 1976). Para a análise dos resultados, os defeitos foram

discutidos individualmente.

As impurezas são os detritos do próprio produto que vazam pela

peneira de crivo circular de 5mm ou aquelas, como pedaços de sabugo e

palha, que ficam retidas na peneira. As matérias estranhas são os grãos ou

sementes de outras espécies, bem como detritos vegetais, sujidade e corpos

estranhos de qualquer natureza, não oriundos do produto. Os fragmentos

são os grãos ou pedaços de grãos sadios que vazam na peneira de crivo

circular de 5mm de diâmetro (Brasil, 1996).

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56

TABELA 5. Resultados médios da classificação de grãos de milho armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural (AN) e

câmara refrigerada (CR).

Matéria estranha e impurezas (%)

Fragmentos (%) Ardidos e brotados (%) Mofados (%) Mês Período

(meses)

AN CR AN CR AN CR AN CR out/04

0 0,30

Ab 0,30

Aa 0,85

Ab 0,85

Ab 0,51

Ab 0,51

Ab 0,00(0,70)

Aa 0,00(0,70)

Aa dez/04

2 0,23

Ab 0,31

Aa 0,94

Ab 0,87

Ab 0,67

Ab 0,52

Ab 0,06(0,75)

Aa 0,15(0,80)

Aa fev/05

4 0,36

Aa 0,32

Aa 0,95

Ab 0,86

Ab 0,68

Ab 0,60

Ab 0,10(0,77)

Aa 0,12(0,79)

Aa abr/05

6 0,36

Aa 0,33

Aa 0,99

Ab 0,87

Bb 0,80

Aa 0,74

Aa 0,17(0,80)

Aa 0,21(0,84)

Aa jun/05

8 0,38

Aa 0,34

Aa 1,06

Aa 0,98

Aa 0,94

Aa 0,75

Aa 0,09(0,76)

Ba 0,31(0,90)

Aa ago/05

10 0,39

Aa 0,35

Aa 1,16

Aa 1,04

Ba 0,97

Aa 0,76

Ba 0,07(0,75)

Aa 0,16(0,81)

Aa out/05

12 0,39

Aa 0,38

Aa 1,16

Aa 1,08

Aa 0,95

Aa 0,72

Ba 0,13(0,79)

Aa 0,22(0,84)

Aa

C.V. % 11,72 8,40 18,73 10,15

Fermentados até ¼ (%) Carunchados (%) Quebrados (%) Total de grãos avariados (%) Tipo Mês Período

(meses)

AN CR AN CR AN CR AN CR AN CR out/04 0 2,04

Ac 2,04

Ac 1,06

Ac 1,06

Ab 4,46

Aa 4,46

Aa 8,66

Ae 8,66

Ad 1 1 dez/04 2 3,62

Ab 3,51

Ab 1,73

Ab 1,08

Ab 4,12

Aa 4,08

Aa 10,59

Ad 9,68

Bc 1 1 fev/05 4 3,85

Ab 4,18

Aa 1,74

Ab 1,18

Bb 4,08

Aa 3,88

Aa 10,71

Ad 10,22

Ab 1 1 abr/05 6 4,00

Ab 4,18

Aa 1,75

Ab 1,21

Bb 4,01

Aa 4,09

Aa 11,07

Ac 10,68

Ab 2 1 jun/05 8 4,02

Ab 4,19

Aa 1,92

Ab 1,18

Bb 4,15

Aa 4,15

Aa 11,46

Ac 11,14

Aa 2 2 ago/05 10 5,70

Aa 4,27

Ba 2,24

Aa 1,60

Ba 3,64

Ba 4,16

Aa 12,92

Ab 11,18

Ba 2 2 out/05 12 5,96

Aa 4,31

Ba 2,39

Aa 1,65

Ba 4,22

Aa 4,15

Aa 13,95

Aa 11,32

Ba 2 2

C.V. % 9,62 19,40 8,29 4,18 Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para a mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5%

de probabilidade. Os valores de grãos mofados foram transformados em 5,0x e esses valores encontram-se entre parênteses. As comparações das médias

foram feitas com base nos dados transformados.

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Analisando os dados de matérias estranhas e impurezas, observou-se

que não houve variação significativa entre os dois ambientes em nenhum

período do armazenamento. No ambiente natural, a partir de quatro meses

de armazenamento, houve aumento desses valores. Esse aumento, no

entanto, não foi suficiente para alterar o tipo do produto (Apêndice B e Anexo

A). Resultados diferentes foram observados por Finck (1997), que verificou

diferenças entre os teores de impurezas alterando o tipo do produto,

contudo, essa diferença foi atribuída à transilagem e por não ter sido

realizada a operação de limpeza após a operação de secagem.

A tendência do aumento de matérias estranhas e impurezas com o

tempo de armazenamento foi expressa por uma equação quadrática (Figura

17).

FIGURA 17. Percentuais de matérias estranhas e impurezas dos grãos de

milho armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada.

Os percentuais de fragmentos observados indicam que houve

aumento significativo durante o armazenamento, nos dois ambientes, a partir

do sexto mês. No sexto e décimo mês de armazenamento houve diferenças

significativas entre as médias dos dois ambientes (Tabela 5). As diferenças

observadas podem ser decorrentes da presença de insetos e da

suscetibilidade dos grãos à quebra.

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A variação dos percentuais de fragmentos contribuiu para a mudança

do tipo do produto, no ambiente natural, a partir do décimo mês de

armazenamento, tendo em vista que esse defeito, somado às matérias

estranhas e impurezas, é o que possui o menor limite de tolerância para o

enquadramento em tipo. O mesmo não ocorreu na câmara refrigerada,

ficando muito próximo os valores do limite de mudança de tipo, que é de

1,50% para o tipo 1 (Apêndice B e Anexo A).

Constatou-se, pela análise de regressão, que existe relação entre o

tempo de armazenamento e a percentagem de fragmentos, que foi expressa

por uma equação de segundo grau (Figura 18).

FIGURA 18. Percentuais de fragmentos dos grãos de milho armazenados

em ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses.

Os defeitos ardidos, brotados e mofados, somados, também são

considerados na definição do tipo. O defeito brotado não foi verificado,

isoladamente, em nenhuma amostra analisada. Quando esse defeito

ocorreu, o grão também se apresentava ardido, sendo enquadrado, devido a

hierarquia de defeitos considerada na classificação, como ardido.

Verificou-se que o percentual de grãos ardidos apresentou diferenças

significativas entre os ambientes somente no décimo mês de

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59

armazenamento. As maiores variações de ardidos ocorreram nos grãos

armazenados em ambiente natural, possivelmente em decorrência das

temperaturas mais elevadas nesse ambiente.

A partir do sexto mês de armazenamento houve aumento de grãos

ardidos nos dois ambientes. Na câmara refrigerada esse aumento, no final

do armazenamento, foi de 41% em relação ao percentual inicial de grãos

ardidos enquanto que, no ambiente natural, esse aumento foi de 86%

(Tabela 5).

Pela análise de regressão verificou-se a tendência, expressa em uma

equação quadrática, do aumento do percentual de grãos ardidos com o

tempo de armazenamento (Figura 19).

FIGURA 19. Percentuais de grãos de milho ardidos armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

Para a percentagem de grãos mofados, verificou-se diferença

significativa entre os ambientes apenas no oitavo mês de armazenamento,

quando o milho armazenado na câmara refrigerada apresentou o percentual

de grãos mofados de 0,31% e no ambiente natural de 0,09%.

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Não houve variações significativas nos percentuais de grãos mofados

durante o armazenamento (Tabela 5), nos dois ambientes avaliados,

provavelmente devido ao teor de água dos grãos que se apresentou durante

todo o período de armazenamento, abaixo de 11,5%, o que é considerado

seguro para o armazenamento de milho, cujo teor de água máximo admitido

pela legislação é de 14,5% (Brasil, 1976).

Detectou-se diferenças nos percentuais de grãos fermentados até ¼

entre os ambientes, apenas a partir do décimo mês de armazenamento.

Com 12 meses de armazenamento, o milho armazenado em ambiente

natural apresentou 38% mais grãos fermentados até ¼ que o milho

armazenado em câmara refrigerada (Tabela 5).

Tanto no ambiente natural como na câmara refrigerada, os grãos de

milho apresentaram aumento de grãos fermentados até ¼ durante o período

de armazenamento. Esse aumento foi mais intenso no ambiente natural,

variando de 2,04% no início do armazenamento, para 5,96% no final do

período avaliado e na câmara fria de 2,04% para 4,31%.

Observa-se que, tanto no ambiente natural como na câmara

refrigerada, houve inicialmente um incremento significativo de grãos

fermentados até ¼ e que, posteriormente, não houve diferença significativa

até o décimo mês no ambiente natural, onde passou a apresentar elevação.

Na câmara fria, no entanto, os percentuais de grãos fermentados até ¼ não

variaram após o segundo mês.

Verificou-se, também, que esse defeito foi o que apresentou maiores

variações ao longo do armazenamento, contribuindo de forma mais efetiva

para a alteração do enquadramento final do produto em tipo. A análise de

regressão evidencia que a interação do tempo e do ambiente de

armazenamento foi altamente positiva. Na Figura 20 observa-se a tendência

de aumento de grãos de milho fermentados até ¼ com o período de

armazenamento, expresso em equações de regressão de segundo grau.

Existem controvérsias a respeito do enquadramento correto desse

defeito entre classificadores devido à dificuldade de quantificar corretamente

o que representa um quarto do grão com alteração da coloração

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61

característica, havendo, muitas vezes, confusão com o defeito ardido.

Passar a considerar grãos ou pedaços de grãos que perdem sua coloração

característica, independente da extensão do dano, como ardidos, evitaria

enquadramentos inadequados.

FIGURA 20. Percentuais de grãos de milho fermentados até ¼ armazenados

em ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

Quanto aos grãos quebrados, na Tabela 5, verifica-se que só houve

diferença significativa desse defeito entre o milho armazenado na câmara

refrigerada e no ambiente natural, no décimo mês de armazenamento,

quando o percentual de grãos quebrados foi 12,5% menor no ambiente

natural em relação à câmara refrigerada.

Essa redução, provavelmente, é devido a mudança de

enquadramento que os grãos podem sofrer quando apresentam mais de um

defeito, devendo ser enquadrado no defeito de maior gravidade. Ou seja, se

o grão apresenta-se apenas quebrado, será considerado como quebrado,

contudo, se ele, além de estar quebrado estiver com alteração da coloração

até ¼ do grão, será considerado fermentado até ¼. Provavelmente, parte

dos grãos quebrados passou a ser enquadrado como fermentados até ¼,

pois no décimo mês houve aumento desse defeito. Campos (2001)

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62

encontrou resultados semelhantes, em grãos de milho, depois de

submetidos a diferentes temperaturas de secagem e armazenado em silos

metálicos por 180 dias.

Houve diferença significativa do percentual de grãos carunchados,

entre os ambientes, durante o armazenamento (Tabela 6), verificada a partir

de quatro meses de armazenamento, sendo que na câmara refrigerada a

presença de grãos carunchados foi menor que no ambiente natural,

confirmando os resultados observados na infestação externa e interna.

No ambiente natural verificou-se aumento do percentual de grãos

carunchados a partir do segundo mês de armazenamento, apresentando um

aumento de 2,25 vezes no final do armazenamento em relação ao início. Na

câmara refrigerada o aumento foi verificado somente a partir do décimo mês

de armazenamento sendo de 1,55 vezes em relação ao início do

armazenamento. Finck (1997) observou índice maior de grãos carunchados

no final do experimento, trabalhando também com milho semiduro.

Pela análise de regressão ficou evidenciado o efeito do tempo de

armazenamento sobre o percentual de grãos carunchados, expresso pelas

equações de regressão quadráticas (Figura 21).

FIGURA 21. Percentuais de grãos de milho carunchados armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

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Não se verificou efeito do tempo de armazenamento sobre os

percentuais de grãos quebrados. Alves et al. (2001) e Campos (2001),

avaliando a suscetibilidade à quebra, concluíram que essa depende do teor

de água e da temperatura de secagem, do teor de água no momento da

colheita, da dureza dos grãos, do genótipo do produto e da presença de

grãos trincados. Portanto, como as condições de colheita e secagem do

milho avaliado neste experimento foram favoráveis, não ocorreu incremento

de grãos quebrados durante o armazenamento.

O total de grãos avariados é o somatório de todos os defeitos

apresentados, excluindo os percentuais de matérias estranhas, impurezas e

fragmentos. Verificou-se diferença entre os ambientes no segundo, décimo e

décimo segundo mês de armazenamento, sendo que, no final, o ambiente

natural apresentou 23% mais grãos avariados que o milho armazenado em

câmara refrigerada.

Observa-se na Tabela 5 que houve aumento significativo do total de

grãos avariados, a partir do segundo mês de armazenamento, nos dois

ambientes, com variação de 8,66% de grãos avariados no inicio para

13,95%, no ambiente natural e para 11,32% na câmara refrigerada, no final

do armazenamento.

Esse incremento do índice de grãos avariados entre o início e o final

do armazenamento, nos dois ambientes, confirma o efeito do tempo de

armazenamento sobre a deterioração dos grãos (Figura 22).

Esses resultados confirmam o encontrado por Finck (1997) que,

comparando os percentuais de grãos avariados encontrados na recepção e

na expedição, observou que o índice de avariados na expedição foi maior

que na recepção.

A mudança do tipo ocorreu, no ambiente natural, no sexto mês de

armazenamento, enquanto que, para o milho armazenado em câmara

refrigerada, essa mudança, aconteceu no oitavo mês, passando de tipo 1

para 2.

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FIGURA 22. Total de grãos de milho avariados armazenados em ambiente

natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

4.8 Análise Química

Os teores médios de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras

dos grãos de milho armazenados em ambiente natural e em câmara

refrigerada, por doze meses, estão apresentados na Tabela 6.

Não ocorreram diferenças significativas dos teores de proteína dos

grãos entre os ambientes durante o armazenamento. Contudo, observou-se

redução significativa dos teores de proteína durante o armazenamento de,

aproximadamente, 14,5%, nos dois ambientes. Os insetos consomem pouca

proteína e essa é decomposta, juntamente com os carboidratos e gorduras,

durante o processo respiratório o que pode explicar a redução dos teores de

proteína.

Matioli (1978) verificou aumento do teor de nitrogênio total com o

aumento do nível de infestação em grãos de milho. Provavelmente, não se

verificou o mesmo neste experimento por não se ter permitido o

desenvolvimento dos insetos, devido aos tratamentos fitossanitários

realizados.

Houve tendência de decréscimo do teor de proteína com o tempo de

armazenamento, expressa por equações lineares (Figura 23).

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FIGURA 23. Percentual de proteínas de grãos de milho armazenados em

ambiente natural e câmara refrigerada, por 12 meses.

O teor de extrato etéreo não apresentou variações significativas entre

os ambientes e entre os períodos de armazenamento (Tabela 6). Matioli

(1978) também observou que o período de armazenamento não afetou o

teor de substâncias graxas do grão de milho armazenado. Contudo, Freitas

et al. (1998) verificaram redução do conteúdo de gordura, em grãos de trigo

armazenados, em conseqüência de intenso processo respiratório. Como

neste experimento os teores de água dos grãos estavam baixos tornando o

processo respiratório mais lento, não houve variações no teor de extrato

etéreo no período de armazenamento.

Houve variações significativas entre as médias de matéria seca

durante o armazenamento nos dois ambientes (Tabela 6). No ambiente

natural, houve aumento do valor de matéria seca do início para o final do

armazenamento de 0,8%, enquanto que, na câmara refrigerada, o valor de

matéria seca no final do armazenamento foi estatisticamente igual ao do

início e, no oitavo mês, apresentou aumento de 1,5% em relação ao valor de

matéria seca inicial.

Entre os ambientes, ocorreu diferença significativa no sexto e décimo

segundo mês de armazenamento (Tabela 6).

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TABELA 6. Resultados de proteína, extrato etéreo, matéria seca e fibras de grãos de milho armazenados em ambiente natural e

câmara refrigerada, durante 12 meses.

Proteína (%) Extrato Etéreo (%) Matéria Seca (g.kg-1) Fibras (%) Mês Período

(meses) Ambiente Natural

Câmara Refrigerada

Ambiente Natural

Câmara Refrigerada

Ambiente Natural

Câmara Refrigerada

Ambiente Natural

Câmara Refrigerada

out/04 0 8,01

Aa 8,01

Aa 4,47

Aa 4,47

Aa 904,26

Ac 904,26

Ac 2,27

Ac 2,27

Ab

dez/04

2 7,98

Aa 7,99

Aa 4,26

Aa 4,43

Aa 912,15

Ab 909,38

Ab 2,36

Ac 2,35

Ab

fev/05 4 7,74

Aa 7,62

Aa 4,24

Aa 4,32

Aa 906,65

Ac 904,43

Ac 2,33

Ac 2,45

Ab

abr/05 6 7,35

Ab 7,58

Aa 4,02

Aa 4,24

Aa 899,93

Bd 907,18

Ac 2,38

Ac 2,59

Ab

jun/05 8 7,20

Ab 7,20

Ab 3,98

Aa 4,12

Aa 915,86

Ab 911,22

Ab 2,75

Ab 2,84

Aa

ago/05

10 7,32

Ab 7,20

Ab 3,97

Aa 4,18

Aa 922,69

Aa 918,19

Aa 3,13

Aa 3,23

Aa

out/05 12 6,85

Ab 6,85

Ab 3,95

Aa 3,97

Aa 911,66

Ab 901,36

Bc 3,09

Aa 2,98

Aa

C.V. % 5,60 12,85 0,41 9,07

Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, para o mesmo parâmetro, não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott, a 5% de probabilidade.

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67

A matéria seca está diretamente relacionada com o teor de água nos

grãos no momento da análise que, por sua vez, é influenciado pela

temperatura ambiente e umidade relativa no local de armazenamento.

Verifica-se que o maior valor de matéria seca foi observado no décimo mês

de armazenamento, no ambiente natural, coincidindo com o mês de menor

umidade relativa e, conseqüente diminuição do teor de água dos grãos

(Tabela 1 e Apêndice A).

Não foram observadas diferenças significativas nos percentuais de

fibras entre ambientes de armazenamento, para o mesmo período (Tabela

6). Contudo, houve aumento dos teores de fibras a partir do sexto mês, nos

dois ambientes de armazenamento, sendo que o percentual de fibras que no

início do armazenamento era de 2,27% atingiu, aos doze meses de

armazenamento, 3,09% no ambiente natural e 2,98% na câmara refrigerada.

Resultados semelhantes foram observados por Souza et al. (1999 e

2002) que apesar de verificarem aumento de fibra bruta em conseqüência do

aumento do nível de carunchamento durante o armazenamento de milho,

não encontraram diferenças entre os tratamentos para o mesmo período de

armazenamento.

Houve tendência de aumento do percentual de fibras dos grãos de

milho com o tempo de armazenamento, expressa por uma equação

quadrática (Figura 24).

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FIGURA 24. Efeito do tempo de armazenamento sobre o percentual de

fibras de grãos de milho armazenados em ambiente natural e

câmara refrigerada.

4.9 Massa Seca Inicial e Final

Os resultados da massa seca total do milho armazenado em

ambiente natural e câmara refrigerada, durante 12 meses de

armazenamento, encontram-se na Tabela 7.

Realizou-se a pesagem do produto em cada período em que se

realizaram as avaliações de qualidade e se calculou a diferença de massa

seca entre o início e o final do armazenamento e a taxa de perda de massa

seca mensal, para os dois ambientes de armazenamento. Dos resultados

das pesagens foi descontada a água presente na amostra considerando-se

o teor de água do produto no período avaliado.

Observa-se que a diferença de massa seca do milho armazenado em

ambiente natural (275,36g) foi maior que em câmara refrigerada (187,66g),

provavelmente devido às maiores temperaturas do ambiente natural, que

afetam a intensidade do processo respiratório, da infestação de insetos e da

presença de fungos que definiram uma menor qualidade final do produto

armazenado nesse ambiente.

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TABELA 7. Massa seca total e taxa mensal de quebra técnica de grãos de milho

armazenados, durante 12 meses, em ambiente natural e câmara

refrigerada.

Ambiente Natural Câmara Refrigerada

Mês Período (meses)

Massa seca

(g)

Taxa

Mensal

(%)

Massa seca

(g)

Taxa

Mensal (%)

out/04 0 8.936,00 0 8.936,00 0

dez/04 2 8.883,21 0,30 8.902,25 0,19

fev/05 4 8.838,25 0,25 8.867,77 0,19

abr/05 6 8.795,45 0,24 8.849,01 0,11

jun/05 8 8.760,68 0,20 8.812,51 0,21

ago/05 10 8.712,70 0,27 8.773,81 0,22

out/05 12 8.660,64 0,30 8.748,34 0,15

g 275,36 - 187,60 - Diferença

% 3,08 - 2,10 -

Taxa Mensal - 0,26 - 0,18

As maiores taxas de quebra técnica no ambiente natural ocorreram

aos dois, dez e doze meses de armazenamento e coincidem com os

períodos de maiores variações do total de grãos avariados, 1,93; 1,46 e

1,03, respectivamente (Tabela 5).

Na câmara refrigerada, a maior variação no total de avariados (1,02),

ocorreu no segundo mês de armazenamento, reduzindo nos meses

subseqüentes até o décimo mês, quando voltou a subir.

Verifica-se, pelo comportamento da variação do total de grãos

avariados e quebra técnica mensal, nos dois ambientes, que nos dois

primeiros meses de armazenamento a perda de massa seca é mais intensa,

diminuindo e voltando a se intensificar, após o décimo mês no ambiente

natural e décimo segundo mês, na câmara refrigerada.

Como a variação do percentual de grãos fermentados também foi

mais intensa nos dois primeiros meses de armazenamento, isso indica que a

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variação da quebra técnica pode estar relacionada com os fatores que

definem a qualidade do produto.

A quebra técnica apurada nos doze meses de armazenamento foi de

3,08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado em

câmara refrigerada, o que equivale a aproximadamente, 0,26% e 0,18% ao

mês, respectivamente. Esses percentuais de quebra técnica são menores do

que é praticado no país, que é de 0,3% ao mês.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Temperaturas médias de 27ºC foram favoráveis ao desenvolvimento

de insetos e colaboraram para a redução da germinação e também os

ambientes com temperaturas mais baixas proporcionaram melhor

conservação dos grãos.

Fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium foram os fungos mais

abundantes no armazenamento de milho. Fusarium verticillioides apresentou

maior sobrevivência em temperaturas médias de 17ºC.

O percentual de fragmentos contribuiu para a mudança do tipo do

produto de forma mais intensa no ambiente natural e o aumento dos grãos

ardidos, também, foi maior nesse ambiente.

Os grãos fermentados até ¼ foi o defeito que contribuiu de forma

mais efetiva para a alteração do enquadramento final do produto em tipo. As

controvérsias a respeito do enquadramento correto desse defeito devido à

dificuldade de se quantificar corretamente o que representa um quarto do

grão com alteração da coloração característica, provoca confusão com o

defeito ardido. Passar a considerar grãos ou pedaços de grãos que perdem

sua coloração característica, independente da extensão do dano, como

ardidos, evitaria enquadramentos inadequados.

O aumento do total de avariados foi maior no ambiente natural

proporcionando alteração do tipo do produto mais rápida nesse ambiente.

Essa variação do tipo indica a deterioração dos grãos.

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O percentual de fibras dos grãos de milho aumentou com o tempo de

armazenamento.

Ocorreu variação de quebra técnica entre os ambientes estudados.

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6 CONCLUSÕES

As características físicas e qualitativas de grãos de milho foram

melhores preservadas na câmara refrigerada.

A quebra técnica apurada nos 12 meses de armazenamento é de

3,08% para o ambiente natural e de 2,10% para o milho armazenado em

câmara refrigerada, o que equivale a aproximadamente, 0,26% e 0,18% ao

mês, respectivamente.

Os percentuais de quebra técnica são menores do que é praticado no

país, que é de 0,3% ao mês.

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APÊNDICE A – Médias mensais de temperatura e umidade relativa durante

o período de armazenamento de grãos de milho.

Ambiente Natural Câmara Refrigerada Mês Temperatura

(ºC) Umidade

Relativa (%) Temperatura

(ºC) Umidade

Relativa (%) out-04

28,9 62,9 16,5 77,1 nov-04

27,5 73,6 15,0 69,7 dez-04

28,2 71,7 15,6 72,1 jan-05

27,5 80,0 17,5 72,2 fev-05

27,7 75,9 16,5 72,7 mar-05

27,3 79,0 16,5 73,5 abr-05

26,9 75,4 17,8 72,8 mai-05

27,0 68,1 18,4 71,5 jun-05

24,5 66,1 17,9 73,8 jul-05 23,9 55,1 17,4 72,0

ago-05

28,2 40,1 17,0 75,8 set-05

28,2 59,9 18,1 72,6 out-05

28,7 68,1 16,5 77,1 Média

27,3 67,4 17,0 73,3

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APÊNDICE B – Resultados da classificação de grãos de milho armazenados

em ambiente natural e câmara refrigerada por doze meses.

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APÊNDICE C – Percentagens de germinação de grãos de milho

armazenados em ambiente natural e câmara refrigerada

por doze meses.

Ambiente Natural Câmara Refrigerada Meses

Primeira leitura (%)

Segunda leitura (%)

Primeira leitura (%)

Segunda leitura (%)

0 48,00 7,63 48,00 7,63 2 41,75 8,63 48,25 6,88 4 44,00 6,25 46,13 7,88 6 36,75 8,63 46,38 7,50 8 25,75 18,13 44,13 9,63 10 15,75 17,75 43,88 9,75 12 13,75 17,25 33,75 19,00

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ANEXO A – PORTARIA Nº 845 DE 8 DE NOVEMBRO DE 1976

PORTARIA Nº 845 DE 8 DE NOVEMBRO DE 1976

O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, USANDO DA ATRIBUIÇÃO QUE LHE CONFERE O ARTIGO Nº 39, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, ÍTEM VIII, DO DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967 E TENDO EM VISTA O DISPOSTO NO ARTIGO 1º, DO DECRETO Nº 69.502, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1971.

RESOLVE:

Art. 1º - Aprovar as especificações em anexo, para a padronização, classificação e comercialização interna do Milho.

Art. 2º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação,

revogando a Portaria nº 391 de 19 de junho de 1975.

ALYSSON PAULINELLI

Especificações para a padronização, classificação e comercialização interna

do milho (Zea mays L.) aprovadas pela Portaria Ministerial nº 845 de 8 de

novembro de 1976, em observância ao disposto no Artigo 39 Ministério da

Agricultura, item VIII, do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1976 e

tendo em vista o disposto no artigo 1º do decreto nº 69.502, de 5 de

novembro de 1971.

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DA PADRONIZAÇÃO

Art. 1º - O milho sob a forma de grãos, destinado a comercialização

interna, será classificado em grupos, classes e tipos, segundo consistência,

coloração e qualidade.

DOS GRUPOS

Art. 2º - O milho segundo sua consistência será classificado em 4

(quatro) grupos:

a) DURO - quanto apresentar o mínimo de 95% (noventa e cinco por cento), em peso, com as características de duro; b) MOLE - quanto apresentar o mínimo de 90% (noventa por cento), em peso, com as características de mole; c) SEMI-DURO - quanto apresentar o mínimo de 75% (setenta e cinco por cento), em peso, de consistência semidura, intermediária entre duro e mole; d) MISTURADO - quando não estiver compreendido nos grupos anteriores, especificando-se no Certificado de Classificação as percentagens da mistura de outros grupos.

DAS CLASSES

Art. 3º - O milho segundo sua coloração, será ordenado em 3 (três)

classes:

1) AMARELO - constituído de milho que contenha no mínimo 95%

(noventa e cinco por cento), em peso, de grãos amarelos, amarelo pálido

e/ou amarelo/alaranjados. Os grãos de milho amarelos com ligeira coloração

vermelha ou rósea no pericarpo, serão considerados amarelos, não afetando

a classificação;

2) BRANCO - constituído de milho que contenha no mínimo 95%

(noventa e cinco por cento), em peso, de grãos brancos. Os grãos de milho

branco com ligeira coloração rósea, marfim e/ou palha, serão considerados

como milho branco, não afetando a classificação;

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3) MESCLADO - constituído de milho que não se enquadre nas

exigências das classes de milho branco e amarelo, mencionando-se no

“Certificado de Classificação” a percentagem das classes que o compõem.

DOS TIPOS

Art. 4º - O milho, segundo a sua qualidade, será classificado em 3

(três) tipos:

Tipo 1 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade máxima de 14,5%. Tolerância: máximo de 1,5% de matérias estranhas, impurezas e fragmentos; 11% de grãos avariados, com o máximo de 3% de grãos ardidos e brotados (percentagem em peso);

Tipo 2 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade máxima de 14,5%. Tolerância: máximo de 2% de matérias estranhas e impurezas e fragmentos; 18% de grãos avariados, com o máximo de 6% de grãos ardidos e brotados (percentagem em peso). Tipo

Tipo 3 - Constituído de milho seco, são, de grãos regulares e com umidade máxima de 14,5%. Tolerância: máximo de 3% de matérias estranhas, impurezas e fragmentos; 27% de grãos avariados, com o máximo de 10% de grãos ardidos e brotados (percentagem em peso).

ABAIXO DO PADRÃO

Art. 5º - O milho que pelas suas características não se enquadrar em

nenhum dos tipos descritos no artigo 4º, será classificado como Abaixo do

Padrão, desde que se apresente em bom estado de conservação.

Parágrafo 1º - O milho assim classificado poderá, conforme o caso, ser submetido a rebeneficiamento, para efeito de se enquadrar num dos tipos do artigo 4º.

Parágrafo 2º - Deverão constar no Certificado de

Classificação os motivos que darão lugar à denominação de Abaixo do

Padrão.

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DESCLASSIFICADO

Art. 6º - Será desclassificado todo o milho que apresente:

a) mau estado de conservação; b) aspecto generalizado de mofo ou fermentação; c) sementes de mamona ou outras que possam ser prejudiciais à utilização normal do produto; d) odor estranho, de qualquer natureza, impróprio ao produto, prejudicial à sua utilização normal.

Parágrafo Único - serão declarados no Certificado de

Classificação, os motivos que deram lugar à desclassificação.

DA AMOSTRAGEM

Art. 7º - A retirada ou extração de amostra, será feita de acordo com a

regulamentação em vigor e do seguinte modo:

1. nos lotes de milho ensacado, far-se-á a retirada de amostra por furação ou calagem, no mínimo em 10% (dez por cento) sendo os sacos escolhidos ao acaso, sempre representando a expressão média do lote e numa proporção mínima de 30 (trinta) gramas de cada saco;

2. a amostra de milho armazenado a granel, será extraída nas seguintes proporções: a) se a quantidade for inferior a 100 (cem) toneladas, far-se-á uma retirada de 20 (vinte) quilogramas; b) b) b) b) quantidade superior a 100 (cem) toneladas, far-se-á uma retirada de 15 (quinze) quilogramas para cada série de 100 (cem) toneladas ou fração. 3. As amostras assim extraídas serão homogeneizadas, reduzidas e divididas em 3 (três) ou mais partes, com o peso de um quilograma para cada parte, devidamente identificadas, destinando-se 2 (duas) vias ao classificador e 1 (uma) ao interessado, sendo fornecida ainda, quando solicitada, 1 (uma) via ao comprador ou armazenador.

Parágrafo Único - O excedente da amostra deve ser

devolvido ao proprietário do produto.

DA EMBALAGEM, DO ARMAZENAMENTO E DO TRANSPORTE

Art. 8º - O milho quando não comercializado a granel, deve ser acondicionado em sacos de aniagem ou similar, limpos, resistentes e com peso e tamanho uniforme.

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Art. 9º - Os estabelecimentos destinados ao armazenamento do milho e os meios para seu transporte, deverão oferecer segurança e condições técnicas imprescindíveis à sua perfeita conservação, respeitadas as exigências da regulamentação específica.

DOS CERTIFICADOS DE CLASSIFICAÇÃO

Art. 10º - Os Certificados de Classificados, serão emitidos pelos órgãos oficiais de Classificação, devidamente credenciados pelo Órgão Técnico competente do Ministério da Agricultura.

Parágrafo Único - Deverá constar do Certificado de Classificação: a) nome do interessado; b) nome do destinatário; c) natureza do produto; d) natureza da embalagem; e) quantidade de volume; f) pesos brutos e líquido; g) declaração da safra (ano agrícola); h) grupo, classe e tipo i) procedência e destino

Art. 11 - Quando no milho for verificado a presença de carunchos e/ou

demais insetos vivos, prejudiciais ao produto, deverá constar,

obrigatoriamente, no Certificado de Classificação, a observação “insetos

vivos”.

DAS FRAUDES

Art. 12 - Será considerado “fraude” toda alteração dolosa de qualquer

ordem ou natureza, praticada não só na classificação, acondicionamento e

no arquivamento das amostras, como também no documento da qualidade

do milho.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 13 - As bases ou normas e os termos usados nas presentes

especificações, assim como as características relacionadas com a qualidade

do milho, deverão ser observadas e interpretadas do seguinte modo:

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Grãos ardidos - São os grãos ou pedaços de grãos que perderem a coloração ou cor característica, por ação do calor e umidade ou fermentação em mais de ¼ (um quarto) do tamanho do grão.

Grãos avariados - São considerados os grãos ou pedaços de grãos, grãos chochos, imaturos, os atacados por animais roedores e parasitas, os fermentados até ¼ (um quarto) do tamanho do grão, bem como os prejudicados por diferentes causas.

Grãos brotados - Sãos os grãos ou pedaços de grãos que apresentarem germinação visível.

Grãos carunchados - Sãos os grãos ou pedaços de grãos furados ou infestados por insetos vivos ou mortos.

Grãos chochos - Sãos os grãos enrugados “por deficiência de desenvolvimento”.

Grãos quebrados - Sãos os pedaços de grãos sadios, que ficarem retidos na peneira de crivos circulares de 5 mm (cinco milímetros) de diâmetro ou 12/64.

Grãos regulares - Sãos os grãos normalmente desenvolvidos que apresentam boas condições de maturidade e conservação.

Impurezas - São consideradas as do próprio produto, bem como os grãos ou fragmentos de grãos que vazarem numa peneira de crivos circulares de 5 mm (cinco milímetros) de diâmetro ou 12/64.

Matérias estranhas - São consideradas os grãos ou sementes de outras espécies, bem como os detritos vegetais, sujidades e corpos estranhos de qualquer natureza, não oriundos do produto.

Milho duro - É o que apresente quanto à sua constituição, uma quantidade de endosperma córneo maior que amiláceo (farináceo), oferecendo forte resistência ao corte e exibindo, ao ser cortado aspecto vítreo. Quanto a forma, é o que se apresenta predominantemente ovalado e com a coroa convexa e lisa, característica do Zea Mays indentata.

Milho mole - É o que se apresenta, quanto a sua constituição, uma quantidade de endosperma amiláceo (farináceo), maior que a do córneo, tornando a coroa acentuadamente clara e oferecendo menor resistência ao corte. Quanto a forma, é predominantemente dentado e com a coroa apresentando uma contração ou depressão característica de Zea Mays indentata.

Milho semiduro - É o que possui as características intermediárias entre o mole e o duro, ou seja constituído de grãos que, quanto a conformação,

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apresentem-se levemente dentados, incluindo os grãos ovalados com ligeira depressão na coroa (coroa branca). Percentagem - É determinada com relação ao peso da amostra original.

Peso da amostra - Os dados para a determinação da qualidade dos grãos, serão colhidos em amostras homogeneizadas de 250 (duzentas e cinqüenta) gramas.

Qualidade - Será apurada mediante a verificação do teor da umidade, de percentagem de grãos defeituosos, matérias estranhas e impurezas, e respeitadas as tolerâncias admitidas na classificação para a determinação dos tipos.

Umidade - Será feita sobre amostra em seu estado original, determinada em estufa de ar a temperatura de 100 a 110°C, até que alcance peso constante ou em aparelho que de resultado equivalente.

Parágrafo único - As determinações de grupo, classe, tipo, grãos quebrados, avariados e/ou carunchados, ardidos e brotados serão feitas, depois de terem sido separadas da amostra original, toda matéria estranha é impureza.

Art. 14 - O milho de outras espécies ou mutações varietais, será classificado com base nas presentes especificações.

Art. 15 - O Certificado de Classificação será válido pelo prazo de 90 (noventa) dias, contados da data da sua emissão.

Art. 16 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Órgão Técnico competente do Ministério da Agricultura.

QUADRO SINÓTICO PARA A CLASSIFICAÇÃO DO MILHO

A) DOS GRUPOS

Grupo 8 Tolerâncias

Mínimo de grãos com as características de consistência do

Grupo

9 Percentagem em

peso

Máximos de grãos de outros grupos

Duro 955 5% de s.duro e/ou mole Mole 90% 10% de s.duro e/ou duro

Semiduro 75% 25% de duro e/ou mole Misturado Especificar as percentagens de outros grupos

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B) DAS CLASSES

Classes Tolerâncias Mínimo de grãos com as

características de coloração da classe

(Percentagem em peso)

Máximo de grãos de

outras classes Amarelo 95% de grãos amarelos e/ou

amarelo/alaranjados 5%

Branco 95% de grãos brancos 5% Mesclado Especificar as percentagens de outras

classes

C) DOS TIPOS

Tolerancias máximas (Percentagem em peso)

Avariados

Umidade Matérias estranhas impurezas e fragmentos

Total Máximo de Ard., Brot. e

Mof. Tipo 1 – 14,5%

1,5% 11% 3%

Tipo 2 – 14,5%

2,0% 18% 6%

Tipo 3 – 14,5%

3,0% 27% 10%

* A.P. – 14,5%

(a serem especificadas em cada caso)

Obsevação: ABAIXO DO PADRÃO (AP): Quando exceder os limites

máximos de tolerância de defeitos estabelecidos para o tipo 3.

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ANEXO B – PORTARIA N.º 11, DE 12 DE ABRIL DE 1996.

PORTARIA Nº 11, DE 12 DE ABRIL DE 1996

O SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO MINISTÉRIO DA

AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO E da REFORMA AGRÁRIA, no uso

de suas atribuições que lhe confere o artigo 42, item VII, do Regimento

interno, aprovado pela portaria Ministerial nº 787, de 15 de dezembro de

1975 e no Decreto nº82.110 de 14 de agosto de 1978, e

Considerando a importância da atualização e adequação da

Portaria nº 845 de 08 de novembro de 1976, no que se refere a conceitos e

critérios para a classificação do Milho;

Considerando a necessidade premente de uniformização dos

procedimentos para a classificação do produto em âmbito nacional, resolve:

Art. 1º - Definir os conceitos relativos ao grão de milho que seja

considerado como mofado, fermentado até ¼, fragmento e prejudicado por

diferentes causas, omitidos na Portaria nº 845/76 e de especial importância

na determinação da qualidade do produto.

Art. 2º - Aprovar os critérios e os procedimentos em anexo para a

classificação do milho.

Art. 3º - Estabelecer que para efeito de classificação oficial ser

exclusivamente observados os parâmetros, critérios e procedimentos

previstos na Norma de Identidade e Qualidade o produto e nesta Portaria

complementar.

Parágrafo único: os critérios e procedimentos estabelecidos nesta

Portaria deverão ser utilizados em caráter temporário, até a conclusão dos

trabalhos de reformulação do padrão vigente

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Art. 4º - os casos omissos serão resolvidos pelo Secretário de

Desenvolvimento Rural.

Art. 5º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Murilo Xavier Flores

ANEXO

Critérios para a classificação do Milho:

1 - Grupo: considerar para enquadramento os critérios estabelecidos na

PMA 845; em caso de dúvida utilizar o desenho elucidativo resultante dos

trabalhos de uniformização.

2 - Ardido: considerar como ardido o grão fermentado em mais de ¼ de sua

área total, observando-se ainda os seguintes critérios:

2.1 - para mensuração visual da área atingida considerar como mais de do

grão fermentado ou ardido, o grão alterado em sua cor ou visivelmente

fermentado em toda área do germe e mais qualquer parte do endosperma.

2.2 - serão considerados como ardidos devido a semelhança de aspecto, os

grãos “queimados” ou sejam, aqueles que apresentam alteração na

coloração normal por ação de altas temperaturas dos secadores.

3 - Fermentado até ¼: considerar como fermentado até ¼, o grão que

apresentar pontos de coloração escura, de qualquer tamanho, desde que

sejam visíveis a olho nu, em até ¼ da área do grão.

Observação: ¼ de área do grão de milho corresponde aproximadamente a

área do germe:

3.1 - procedimento: acrescentar no laudo a expressão “fermentado até ¼ “

no campo destinado aos defeitos leves; proceder a separação dos grão

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defeituosos, pesar, determinar o porcentual e em seguida, antes do uso da

tabela de tolerância, juntá-lo ao total de avariados, para enquadramento e

tipificação.

4 - Mofados: considerar como mofado o grão inteiro ou quebrado que

apresentar no todo ou em parte , fungo (bolor), visível a olho nu.

4.1 - Procedimento; acrescentar no laudo a expressão “mofado” no campo

destinado aos defeitos graves; proceder a separação dos grãos mofados,

pesar, determinar o percentual e anotá-lo no laudo; em seguida, juntar o

porcentual encontrado ao total de ardidos e brotados, para efeito de

enquadramento e tipificação.

5 - Choco ou Imaturo: considerar como choco ou imaturo, o grão desprovido

de massa interna, enrijecido e que se apresenta enrugado por

desenvolvimento fisiológico incompleto.

5.1 - Observação; excluir do defeito os grãos pequenos e os de endosperma

córneo (pontas de espiga).

6 - Quebrado; considerar como quebrado os pedaços de grãos sadios que

ficarem retidos na peneira de crivos circulares de 5 mm de diâmetro ou

12/64 polegada, bem como, o grão sadio no qual faltam pequena lascas.

7 - Fragmento: considerar como fragmento, os grãos ou pedaços de grãos

sadios que vazarem na peneira de crivo de 5 mm de diâmetro ou 12/64

polegadas.

7.1 - Procedimento; acrescentar no laudo a expressão “fragmentos”, separar

o defeito, isolando-o da matéria estranha e impureza; pesar, determinar o

percentual e anotá-lo no laudo; em seguida, juntar o pocentual de matérias

estranhas e impurezas somar, para efeito de enquadramento e tipificação.

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8 - Prejudicado por diferentes causas: considerar como defeituoso o grão

inteiro ou quebrado que apresentar alterações no tegumento ou massa do

grão em função de causas mecânicas, físicas ou biológicas.

8.2 - Observação: considerar como prejudicado por diferentes causas os

grãos danificados por roedores e parasitas, entre outros; os grãos “trincados”

e os que apresentam “risca branca” (ataque de Fusarium) não serão

considerados como defeito.

9 - Insetos vivos/sementes tóxicas: proceder a desclassificação temporária,

até o beneficio ou expungo, de todo o milho que for encontrado com insetos

vivos ou na presença de bagas de mamona ou outras sementes tóxicas.

(Ofs. nºs 10 e 11/96)

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