QUALIDADE DE VIDA, ESTADO NUTRICIONAL E FATORES … · doença renal cronica em tratamento...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO QUALIDADE DE VIDA, ESTADO NUTRICIONAL E FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO PRISCILA DE OLIVEIRA SOUSA Cuiabá-MT, fevereiro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

QUALIDADE DE VIDA, ESTADO NUTRICIONAL E

FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES COM DOENÇA

RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

PRISCILA DE OLIVEIRA SOUSA

Cuiabá-MT, fevereiro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

QUALIDADE DE VIDA, ESTADO NUTRICIONAL E

FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES COM DOENÇA

RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

PRISCILA DE OLIVEIRA SOUSA

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso

como parte dos requisitos exigidos para obtenção

do título de Bacharel em Nutrição, sob orientação

da professora Msc. Gabriela Dalcin Durante.

Cuiabá-MT, fevereiro de 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

D278q de Oliveira Sousa, Priscila.Qualidade de vida, estado nutricional e fatores associados em pacientes com

doença renal cronica em tratamento hemodialítico / Priscila de Oliveira Sousa. --2019

87 f. ; 30 cm.

Orientadora: Gabriela Dalcin Durante.TCC (graduação em Nutrição) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade

de Nutrição, Cuiabá, 2019.Inclui bibliografia.

1. Qualidade de Vida. 2. Hemodiálise. 3. Estado Nutricional. 4. Doença RenalCronica. I. Título.

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Dedicatória

Aos meus pais Creusa e José Eduardo, por tudo que fazem por mim, agradeço por todo

esforço e sacrifício que fizeram para que eu pudesse concluir esta etapa, obrigada por não

desistirem de mim e me permitir viver os meus sonhos. Mesmo com toda distancia, estiveram

comigo nos momentos mais difíceis e me deram força pra continuar. A vocês a minha imensa

gratidão! Amo vocês!

Aos meus irmãos Angelita, Cristina, Jaqueline e Eduardo, por estarem torcendo por mim em

todos os momentos da minha vida, e aos meus sobrinhos que trouxeram cor para os meus dias

com cada sorriso transmitido. Amo muito vocês!

Ao meu esposo e amigo Adriann, pelo amor e respeito. Obrigada por contribuir com minhas

conquistas e por auxiliar no meu crescimento profissional. Te amo!

À minha amiga e companheira Jéssica que me acompanhou nesta jornada. Obrigada por ter

me apoiado e por ter acreditado em mim quando não mais acreditava, obrigada por me

segurar e me sustentar nos dias mais difíceis da minha vida.

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Agradecimentos

À minha orientadora profª Gabriela Dalcin Durante, pelo incentivo e orientação. Obrigada pela

paciência e pelo tempo disponibilizado. Obrigada pela confiança, e pela amizade nos momentos

mais complicados.

Aos profissionais que atuam nas unidades de hemodiálise da Santa Casa de Misericórdia e da

Clinemat, especialmente à nutricionista Cláudia, pelo apoio prestado durante a pesquisa.

Aos pacientes que fazem tratamento nas clínicas onde aconteceu o trabalho, agradeço a

confiança e o tempo a nós disponibilizado.

Aos amigos que ganhei durante a faculdade que foram essenciais para minha vida profissional

e pessoal. Obrigada amigos pelo carinho de sempre e pelas boas risadas.

Aos voluntários que ajudaram na pesquisa, sem vocês a conclusão desse trabalho não seria

possível.

Aos membros da banca examinadora Drª. Bruna Telles, Dr. Paulo Rogério, pelas prontidão em

auxiliar no aprimoramento deste trabalho.

Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste

trabalho e que não tenham sido mencionados, o meu muito obrigada.

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RESUMO

Qualidade de vida (QV) e estado nutricional (EN) de pacientes com doença renal crônica são

afetados pelo tratamento de hemodiálise. Objetivou-se analisar QV, EN e fatores associados

em pacientes em hemodiálise. Estudo de corte transversal, com 110 indivíduos com idade ≥ 20

anos. Na entrevista investigou-se variáveis socioeconômicas, demográficas, clínicas e de

comportamentos relacionados à saúde. Foram aferidas medidas antropométricas e consultados

exames laboratoriais. A QV foi avaliada pelo instrumento SF-36. A maioria dos entrevistados

eram homens (61,8%), pardos (54,5%), adultos (68,2%), com baixa escolaridade (47,2%).

Hipertensão e diabetes foram as principais causas e comorbidades da DRC. A maioria não eram

tabagista (93,6%) e etilista (80,7%), e era sedentária (62,7%). O Índice de Massa Corporal

médio foi de 25,50±4,57 kg/m2, circunferência da cintura (CC) de 93,13±13,21 cm e espessura

do musculo adutor do polegar (EMAP) de 11,30±2,75 mm. Maior pontuação média do SF-36

foi observada no aspecto saúde mental (78,33±17,77) e menor para dor (7,94±3,01). Na análise

bivariada, observou-se diferenças significativas entre as médias das pontuações de capacidade

funcional e faixa etária (p=0,04), situação conjugal e estado geral de saúde (p=0,03), diabetes

e capacidade funcional (p=0,01) e vitalidade (0,02), exercício físico e capacidade funcional

(p=<0,01) e vitalidade (p=0,01). Verificou-se correlação negativa entre IMC (p=0,03) e CC

(p=<0,01) com capacidade funcional, e positiva com EMAP e aspectos físicos (p=0,02), tempo

de diálise e aspectos emocionais (p=0,05) e hemoglobina com capacidade funcional (p=0,03) e

estado geral de saúde (p=0,04). Conclui-se que os aspectos da QV que mais sofreram influência

das variáveis independentes foram a capacidade funcional e vitalidade.

PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de Vida; Hemodiálise; Estado Nutricional; Doença Renal

Crônica.

ABSTRACT

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Quality of life (QOL) and nutritional status of patients with chronic kidney disease are affected

by hemodialysis treatment. The aim of this study was to analyze QOL, EN and associated

factors in hemodialysis patients. A cross-sectional study with 110 individuals aged ≥ 20 years.

The interview investigated socioeconomic, demographic, clinical and health-related behaviors.

Anthropometric measures were checked and laboratory tests were consulted. The QOL was

evaluated by the SF-36 instrument. The majority of respondents were men (61.8%), brown

(54.5%), adults (68.2%), and low schooling (47.2%). Hypertension and diabetes were the main

causes and comorbidities of CKD. The majority were not smokers (93.6%) and alcoholics

(80.7%), and were sedentary (62.7%).

The mean body mass index was 25.50 ± 4.57 kg / m2, waist circumference (WC) of 93.13 ±

13.21 cm and thickness of the adductor muscle of the thumb (EMAP) of 11.30 ± 2 , 75 mm.

Higher SF-36 mean score was observed in the mental health aspect (78.33 ± 17.77) and lower

in pain (7.94 ± 3.01). In the bivariate analysis, we observed significant differences between

means of functional capacity and age (p = 0.04), marital status and general health (p = 0.03),

diabetes and functional capacity (p = 0.01) and vitality (0.02), physical exercise and functional

capacity (p = <0.01) and vitality (p = 0.01). There was a negative correlation between BMI (p

= 0.03) and WC (p = <0.01) with functional capacity, and positive with EMAP and physical

aspects (p = 0.02), dialysis time and emotional aspects ( p = 0.05) and hemoglobin with

functional capacity (p = 0.03) and general health status (p = 0.04). It was concluded that the

aspects of QoL that most influenced the independent variables were functional capacity and

vitality.

KEY WORDS: Quality of life; Hemodialysis; Nutritional status; Chronic Kidney Disease.

LISTA DE QUADROS E TABELAS

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Quadro 1: Índice de massa corporal desejável na doença renal crônica de acordo com a

sobrevida....................................................................................................................16

Tabela 1 - Classificação da doença renal crônica pelos critérios da Kidney Disease

Outcome Quality Initiative – 2002................................................................................19

Tabela 2 - Características socioeconômicas, demográficas e do tratamento de pacientes

em tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018...........35

Tabela 3 - Características clínicas e comportamentos relacionados à saúde de pacientes

em tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018...........37

Tabela 4 - Características clínicas e de estado nutricional de pacientes em tratamento

hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018...................................................39

Tabela 5 - Médias das pontuações de cada uma das oito dimensões do SF-36............40

Tabela 6 - Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis

socioeconômicas e demográficas de pacientes em tratamento hemodialítico em duas

clínicas de Cuiabá-MT, 2018........................................................................................42

Tabela 7 - Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis clínicas de

pacientes em tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT,

2018................................................................................................................................44

Tabela 8 - Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis de

comportamentos relacionados à saúde de pacientes em tratamento hemodialítico em duas

clínicas de Cuiabá-MT, 2018.................................................................................47

Tabela 9 - Correlação entre a pontuação dos domínios do SF-36 e variáveis clínicas e de

estado nutricional de pacientes em tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-

MT, 2018...........................................................................................................50

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

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AE- Aspectos Emocionais;

AF- Aspectos Físicos;

AS- Aspectos Sociais;

CC- Circunferência da Cintura;

CF- Capacidade Funcional;

CP- Circunferência da Panturrilha;

DCNT- Doenças Crônicas Não Transmissíveis;

DCV- Doenças Cardiovasculares;

DF- Dor;

DP- Dialise Peritoneal

DM- Diabetes Mellitus;

DRC- Doença Renal Crônica;

EMAP- Espessura do Músculo Adutor do Polegar;

EN- Estado Nutricional;

ESG- Estado Geral de Saúde;

FAV- Fístula Arteriovenosa;

HAS- Hipertensão Arterial Sistêmica;

HD- Hemodiálise;

IMC- Índice de Massa Corporal;

KDOQI- Kidney Disease Outcome Quality Iniative;

OMS- Organização Mundial de Saúde;

pmp- paciente por milhão da população;

QV- Qualidade de Vida;

SF-36- Medical Outcomes Study Questionnaire 36 – Item Short Form Health Survey

SM- Saúde Mental.

SUS- Sistema Único de Saúde;

TFG- Taxa de Filtração Glomerular;

TFGe- Taxa de Filtração Glomerular estimada;

TR- Transplante Renal;

TRS- Terapia Renal Substitutiva;

VIT- Vitalidade.

SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 09

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 13

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) .............. 13

2.2 FISIOPATOLOGIA DA DRC .................................................................. 15

2.3 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL NA DRC ....................... 17

2.3.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

PACIENTES COM DRC ................................................................................. 18

2.4 QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM DRC ....................... 21

2.5 MEDICAL OUTCOMES STUDY QUESTIONNAIRE 36 – ITEM SHORT

FORM HEALTH SURVEY (SF-36) .................................................................... 23

3. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 26

4. OBJETIVOS ............................................................................................................ 27

4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 27

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 27

5. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 28

5.1 TIPO DE ESTUDO, POPULAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO ................ 28

5.2 AMOSTRA DE ESTUDO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE ......... 28

5.3 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................ 28

5.4 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS ............................................. 29

5.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO ...................................................................... 31

5.6 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................... 33

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 34

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 52

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................. 61

APÊNDICE 2 – Questionário A .................................................................................... 64

ANEXO 1 – Termos de autorização para realização da pesquisa nas clínicas ......... 71

ANEXO 2 – Certificado de apresentação de Apreciação Ética ................................ 73

ANEXO 3 – Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36 ........ 77

ANEXO 4 – Cálculo dos escores do questionário de qualidade de vida .................... 81

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), vem aumentando

progressivamente em todo o mundo, especialmente hipertensão arterial sistêmica (HAS) e

diabetes melittus (DM), o que tem contribuído consideravelmente para o aumento da

prevalência e incidência de doença renal crônica (DRC), sendo esta considerada um problema

de saúde pública (ABREU, 2013). Segundo a International Society of Nephrology (2018)

estima-se que em 2018, 10% da população mundial foi afetada pela DRC, e milhões morrem a

cada ano porque não tem acesso a tratamento adequado.

Segundo dados estimados no Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica (SESSO et al.

2017), em 2016, 122.825 pacientes com DRC estavam em diálise no país. A taxa de prevalência

de tratamento dialítico foi de 596 pacientes por milhão da população (pmp), variando de acordo

com a região. O número estimado de pacientes que iniciaram tratamento de diálise em 2016 no

Brasil foi de 39.714, correspondendo a uma taxa de incidência de 193 pacientes pmp. Esta taxa

variou de 111 pmp na região Norte a 259 pmp na região Centro-Oeste (SESSO et al. 2017).

A DRC consiste na perda progressiva e irreversível da função dos rins, levando em

consideração três componentes: um componente anatômico ou estrutural (marcadores de dano

renal); um componente funcional (baseado na Taxa de Filtração Glomerular (TFG) e um

componente temporal (KDIGO, 2013), ou seja, é considerado portador de DRC o indivíduo,

que independente da causa apresente, por um período igual ou maior a 3 meses, filtração

glomerular menor que 60 mL/min/1,73m2, ou aqueles com filtração glomerular maior que 60

mL/min/1,73m2 associada a pelo menos um marcador de dano renal parenquimatoso (como por

exemplo, a proteinúria) ou com alguma evidência de alteração em exame de imagem (ABREU,

2013; KDIGO, 2013).

As principais causas de DRC são HAS e DM descompensadas, além de

glomerulopatias, doença renal policística, doenças autoimunes, infecções sistêmicas,

neoplasias, entre outras (JUNIOR et al. 2017). São fatores de risco significativos para DRC a

obesidade, as doenças do sistema circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral,

doença vascular periférica, insuficiência cardíaca), tabagismo, uso de agentes nefrotóxicos

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(anti-inflamatórios não hormonais, antibióticos, quimioterápicos e outros), idade maior que 60

anos e história familiar de DRC (ABREU, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

Os indivíduos que possuem função renal reduzida a ponto de impedir a manutenção

adequada da homeostase necessitam de terapias renais substitutivas (TRS). Os métodos de TRS

disponíveis são os tratamentos dialíticos que incluem diálise peritoneal (DP) e hemodiálise, e o

transplante renal, quando possível (GONÇALVES et al. 2013). A diálise é um processo físico-

químico na qual duas soluções separadas por uma membrana semipermeável influenciam na

composição uma da outra. A TRS mais utilizada é a hemodiálise que consiste na filtração do

sangue por meio de uma membrana artificial semipermeável, em que a remoção de solutos do

plasma é realizada por difusão, baseada no gradiente de concentração do soluto entre o sangue

e o dialisato (GONÇALVES et al. 2013).

Decorrente da própria doença renal e da TRS, os pacientes podem apresentar distúrbios

nutricionais que levam a modificações parócrinas e endócrinas, que estão relacionadas aos

distúrbios do metabolismo de energia, macro e micronutrientes e que podem propiciar o

aparecimento de alterações significativas do estado nutricional (AVESANI, 2013).

Na avaliação do estado nutricional do paciente em HD, devem ser aplicados um

conjunto de métodos subjetivos e objetivos, que avaliam história global, dados clínicos,

antropométricos, bioquímicos, de consumo alimentar, bem como a avaliação socioeconômica,

de modo a permitirem uma visão mais completa do paciente e um diagnóstico nutricional

adequado (TELLES e BOITA, 2015). A avaliação do estado nutricional do paciente com DRC

é de extrema importância, pois propicia intervenções nutricionais eficientes que podem auxiliar

na eficácia do tratamento dialítico, bem como podem prevenir o agravamento da doença ou o

surgimento de doenças associadas à DRC (CUPPARI e KAMIMURA, 2009).

A DRC geralmente está associada à outras doenças tais como doenças

cardiovasculares, deficiências de micronutrientes e desnutrição proteico-energética e requer

tratamentos específicos e acompanhamento de diversos profissionais, que podem propiciar

melhor qualidade de vida (QV) ao paciente com DRC (MAHAN, 2012).

Alguns autores apontam a complexa inter-relação entre os aspectos do estilo de vida

com aqueles relacionados à própria condição emocional a que estão expostos os pacientes renais

crônicos, salientando a importância de avaliações nutricionais que se atentem também aos

aspectos psicossociais dos indivíduos (IBIAPINA et al. 2016; SANTOS et al. 2013).

Pacientes com DRC em tratamento hemodialítico sofrem uma grande mudança no

estilo de vida, passando a conviver com diversas limitações causadas pelo tratamento, tais como

mudanças na dieta e na rotina de vida diária, e esses fatores acabam levando os pacientes a

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terem uma percepção negativa sobre sua saúde e uma qualidade de vida prejudicada por essa

condição (SANTOS et al. 2013).

O conceito de QV na área da saúde é recente. GUITERAS e BAYÉS (1993) definem

como QV a “valoração subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em

relação ao seu estado de saúde”. Estudar QV em pacientes com DRC em hemodiálise é

importante pois os determinantes do processo saúde-doença são multifatoriais, e configuram

processos relacionados aos aspectos socioeconômicos e culturais, experiência pessoal e hábitos

de vida (SEIDL e ZANNON, 2004). A melhoria da QV passou a ser um dos resultados

esperados tanto nas práticas assistenciais quanto na elaboração de políticas públicas para o setor

nos campos da promoção da saúde e da prevenção de doenças (SEIDL e ZANNON, 2004).

Dessa forma, objetiva-se neste estudo analisar a qualidade de vida, o estado nutricional

e os fatores associados em pacientes com doença renal crônica (DRC) em tratamento

hemodialítico.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC)

A DRC é, no momento atual, considerada um problema de saúde pública, uma vez que

o número de pacientes vem aumentando significativamente. Na população europeia, em 2015,

683,4 milhões de pessoas tiveram diagnóstico de DRC, o que representava 80,3% da população

geral daquele continente (KRAMER et al. 2018). Nos Estados Unidos, há uma estimativa de

que aproximadamente 11% da população seja portadora de DRC em algum grau de

estadiamento e cerca de 73% desses indivíduos encontram-se com taxa de filtração glomerular

inferior a 60mL/min/1,73m2 (ALCALDE e KIRSZTAJN, 2017). Uma das causas deste

aumento da prevalência e incidência de DRC é o aumento das DCNT com destaque para a HAS

e DM, as duas principais causas de base (KRAMER et al. 2018; SESSO et al. 2017).

Determinar as taxas de incidência e prevalência da DRC e da necessidade de TRS é

um desafio enfrentado por muitos países, visto que há uma enorme carência quanto à

alimentação dos bancos de dados de sistemas informatizados, escassez de estudos de base

populacional e muitas prevalências são estimadas indiretamente (BASTOS et al. 2009).

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Nefrologia realiza anualmente, desde 2007, o

Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica, um levantamento de dados por meio de questionário

preenchido on-line pelas unidades de diálise de todo o país. Em 2017, os dados do inquérito

revelaram uma estimativa de 126.583 pacientes em diálise no país, um aumento de cerca de 3%

na prevalência e na taxa de prevalência em relação ao ano anterior que era de 122.825 pacientes

e, 200% em relação ao ano de 2000, em que se estimava um número de 42.695 pacientes

(SESSO et al. 2017; LUGON, 2018). Entre os anos de 2011 e 2016, estimam-se

aproximadamente 31,5 mil casos novos de pacientes com necessidade de TRS (SESSO et al.

2017). Os dados do censo de dialise de 2017 referentes à sexo e idade ainda não foram

publicados.

Do total de 122.825 pacientes com DRC submetidos à TRS no Brasil em 2016, 57%

eram do sexo masculino, 92,1% dos pacientes faziam tratamento por hemodiálise e 7,9% por

diálise peritoneal, predominantemente a modalidade diálise peritoneal automatizada (DPA). O

percentual de pacientes em diálise com idade ≤ 12 anos foi 0,3%, entre 13 e 19 anos foi de

0,9%, entre 20 e 64 anos foi de 65,7%, entre 65 e 74 anos foi de 21,8% e ≥ 75 anos foi de

11,2%. A estimativa é que metade da população brasileira com 75 anos ou mais sofre algum

grau da doença. No censo de diálise de 2017, a estimativa nacional da taxa de prevalência de

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pacientes com DRC em diálise foi de 610 pmp, e a taxa de incidência foi de 193 pmp (LUGON,

2018).

No censo de 2016 em relação ao diagnóstico da doença renal primária, as causas mais

frequentes foram hipertensão arterial (34%) e diabetes (30%) e em 2017 essas doenças

respondem por 60% dos casos (SESSO et al. 2017; LUGON, 2018; MARINHO et al. 2017).

Nefropatia diabética é a primeira causa de DRC em países de primeiro mundo e está próxima

aos números de hipertensão e glomerulonefrite crônica nos países que estão em

desenvolvimento (LUGON, 2009).

Na região Centro-Oeste do Brasil, a prevalência estimada de pacientes em tratamento

dialítico em 2013 foi de 589 por milhão da população (pmp), ampliando para 617 pacientes

pmp em 2016, e aumentando para 710 pmp em 2017 (LUGON, 2018). Já o número estimado

de casos novos na região foi de 241 pacientes pmp em 2013, aumentando para 259 pacientes

pmp em 2016 (SESSO et al. 2017).

No estado de Mato Grosso, estima-se que 1.776 pacientes com DRC estejam em

diálise, com uma taxa de prevalência de 537 pacientes por milhão da população (SESSO et al,

2017).

No ano de 2012, 5.402 pacientes foram submetidos ao transplante renal e no mês de

julho de 2016 havia 29.268 pacientes inscritos em fila de espera para transplante renal no Brasil

(SESSO et al. 2017).

O Sistema Único de Saúde (SUS), tem um importante papel em se tratando do

atendimento ao paciente com DRC, e atualmente é responsável pelo financiamento de cerca de

90% dos tratamentos de pacientes que realizam TRS (ALCALDE e KIRSZTAJN, 2017). A

DRC representa uma sobrecarga financeira considerável para o SUS independente do estágio

em que se encontra, portanto é preciso entendê-la de forma adequada para elaborar políticas

públicas para a área (ALCALDE e KIRSZTAJN, 2017).

De acordo com ALCALDE e KIRSZTAJN (2017), a realização de hemodiálise três

vezes por semana correspondeu a 95,96% dos procedimentos e 96,07% dos gastos do SUS com

pacientes renais cronicos, entre 2013-2015. Neste mesmo estudo, as doenças renais como DRC,

doenças glomerulares e tubulointersticiais, e algumas das principais doenças a elas associadas

como DM, HAS e doenças cardiovasculares (DCV), representaram 12,97% dos gastos de

internações no Brasil e esses números representam um importante percentual em relação aos

gastos nacionais com saúde (ALCALDE e KIRSZTAJN, 2017).

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2.2 FISIOPATOLOGIA DA DRC

Os estudos fisiopatológicos mais aprofundados acerca da DRC iniciaram por volta do

século XIX, quando o médico britânico Richard Bright descreveu as funções do rim no

organismo, destacando seu papel em manter o equilíbrio eletrolítico e acidobásico, regular a

osmolaridade e volume do líquido corporal, eliminar subprodutos indesejáveis do metabolismo

assim como produzir hormônios importantes para algumas atividades metabólicas, como a

eritropoietina, renina, calcitriol, cininas e prostaglandinas (SILVERTHORN, 2010;

AMMIRATI, 2013).

Somente após a compreensão mais clara sobre a fisiologia do rim, pode-se investigar

as doenças associadas ao mesmo, sendo que o interesse na investigação da DRC se deve,

majoritariamente, por esta enfermidade ser, muitas vezes, no início, assintomática e evoluir para

uma disfunção renal irreversível (MAHAN, 2012). Alguns fatores como histórico familiar para

a DRC, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças autoimunes, infecções urinárias de

repetição, enfermidades sistêmicas e uropatias, aumentam a suscetibilidade do indivíduo para

o desenvolvimento da DRC (FERREIRA, 2012).

A DRC caracteriza-se por um dano irreversível com perda de glomérulos e prejuízo

das funções tubulares dos rins nas fases iniciais da doença. Estas alterações resultam em uma

sobrecarga da função renal, sendo que o rim tentará de todas as formas manter a estabilidade

das mesmas, fazendo uma série de adaptações, porém esse processo de adaptação geralmente

progride para lesões renais avançadas e sintomáticas (AMMIRATI, 2013).

Para o diagnóstico da DRC, a (KDOQI) publicou, em 2002, uma diretriz baseada em

três componentes de análise: anatomia e estrutura renal, função (baseado na Taxa de Filtração

Glomerular - TFG) e um componente temporal (KDOQI, 2002). Além disso, a KDOQI

estabeleceu como uma diretriz importante a classificação da DRC de acordo com a TFG e

proteinúria (ou albuminúria) (Tabela 1), para que, desta forma, o diagnóstico das diferentes

fases seja padronizado, possibilitando encontrar o tratamento mais adequado para cada uma das

fases (BASTOS, 2011).

Nas fases 1 e 2, estágios iniciais da DRC, os marcadores são a proteinúria, hematúria

e alterações anatômicas (MAHAN, 2012). Os estágios 3 e 4 são considerados estágios

avançados da doença, podendo progredir para o 5, que resulta em óbito ao menos que se realize

um transplante renal ou inicie-se a diálise (MAHAN, 2012). Além disso, o resultado do cálculo

da Taxa de Filtração Glomerular Estimada (TFGe), mesmo que Kidney Disease Outcome

Quality Initiative baixo, não significa necessariamente o diagnóstico de DRC (MAHAN, 2012).

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Para tal, o paciente deve obter valores significativamente baixos repetidamente durante 3 meses

(MAHAN, 2012).

Tabela 1. Classificação da doença renal crônica pelos critérios da Kidney Disease Outcome

Quality Initiative – 2002

Estágio da Doença Renal Crônica Taxa de filtração glomerular

(ml/min/1,73 m2)

1 ≥ 90

2 60 – 89

3 a 45 – 59

3 b 30 – 44

4 15 – 29

5 < 15

Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2014).

A partir do estágio 4 da DRC, discute-se qual TRS adotar, sendo essas indicadas para

pacientes nos quais a função renal esteja reduzida ao ponto de prejudicar a manutenção da

homeostase, levando ao quadro de uremia e perda da regulação de eletrólitos e líquidos

(AMMIRATI, 2013). Os tratamentos dialíticos incluem a hemodiálise (HD) e a diálise

peritoneal (DP), e quando possível, o transplante renal (TR) (AMMIRATI, 2013).

A hemodiálise é um dos tratamentos mais utilizados em pacientes com DRC

(MACHADO e PINHATTI, 2014). Esta terapia, realizada em centros especializados, consiste

na filtragem do sangue através do dialisador, equipamento que possui uma membrana

semipermeável artificial e o líquido de diálise (dialisato) que, baseados no gradiente de

concentração, farão a remoção dos solutos do plasma (MAHAN, 2012).

Para a realização de HD, é necessário estabelecer um acesso vascular que forneça

fluidos adequados, em torno de 300 a 500 ml por minuto, que pode ser um acesso por cateteres,

fístulas arteriovenosas (FAV) ou enxerto vascular. O acesso mais comumente utilizado é a

FAV, formada por intervenção cirúrgica, por meio da anastomose entre uma artéria e uma veia

(RUDNICKI, 2014; AMMIRATI, 2013). O sangue, drenado através de tubos, passa por um dos

compartimentos do dialisador e entra em contato com o dialisato através de uma membrana

sintética capaz de ampliar ao máximo a área de contato entre os líquidos, e retorna ao corpo do

paciente (AMMIRATI, 2013). Esse procedimento dura cerca de 3 a 5 horas por sessão e deve

ser realizado, em média, 3 vezes por semana (MAHAN, 2012).

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2.3 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL NA DRC

O estado nutricional (EN) expressa o grau em que as necessidades fisiológicas de

nutrientes estão sendo alcançadas para manter a composição e funções adequadas do

organismo, resultantes do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes (KAMIMURA,

2014). Os objetivos da avaliação nutricional são identificar os pacientes que apresentam algum

distúrbio nutricional (desnutrição e obesidade), para que estes possam receber a terapia

nutricional adequada, para auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do

indivíduo (KAMIMURA, 2014).

A avaliação e monitoramento do EN de pacientes com DRC são fundamentais para

prevenir, diagnosticar ou tratar alterações nutricionais comumente observadas nestes pacientes,

pois os mesmos apresentam alterações próprias da doença renal e da TRS (AVESANI, 2013).

Não existe um único marcador que forneça o diagnóstico nutricional de forma inequívoca e

completa (CUPARRI, 2013), então, para a avaliação do estado nutricional, devem ser

empregados diferentes métodos objetivos e subjetivos, que incluem história nutricional, dados

clínicos, avaliação antropométrica e da composição corporal, dados laboratoriais e de consumo

alimentar (CUPARRI, 2013; IKIZLER, 2013).

Na população com DRC é observada grande variabilidade na prevalência de

desnutrição e obesidade. Estas discrepâncias são em parte explicadas pelos diferentes métodos

e pontos de corte utilizados para a classificação do EN. Na maioria das vezes, a classificação

do EN é feita com base em uma única medida como padrão de referência, geralmente o Índice

de Massa Corporal (IMC), o que não reflete a dinâmica da condição nutricional do paciente

renal (KAMIMURA e AVESANI, 2013).

A prevalência de desnutrição varia, nos estudos com pacientes do DRC, de 20 a 73%,

consideradas as diferenças nos critérios diagnósticos (CUPPARI e KAMIMURA, 2009;

IKIZLER, 2013). A desnutrição está associada ao aumento da morbidade e mortalidade em

pacientes com DRC (CUPPARI e KAMIMURA, 2009), e é resultado de diferentes motivos,

tais como distúrbios hormonais e gastrintestinais, acidose metabólica, medicamentos que

podem interferir na absorção de nutrientes, doenças intercorrentes, diminuição da ingestão

alimentar e inflamação crônica (CUPPARI e KAMIMURA, 2009). Geralmente os pacientes

com DRC apresentam massa muscular reduzida, e as alterações hidroeletrolíticas e distúrbios

ósseos podem limitar a obtenção e interpretação das medidas antropométricas e de composição

corporal destes pacientes (KAMIMURA, 2013).

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Como já se observa na população mundial em geral, a obesidade também vem

aumentando nos pacientes com DRC, afetando cerca de 20 a 30% dos pacientes em hemodiálise

no mundo (JUNIOR et al. 2016; MARTINS, 2013). A obesidade pode ser considerada um

preditor de DRC, pois é um fator de risco para o desenvolvimento de HAS e DM, principais

causas de perda da função renal (HALL et al. 2003; STEFAN et al. 2016). Porém, alguns

estudos realizados com pacientes obesos em TRS a longo prazo, maior tamanho corporal com

mais massa muscular parece estar associado a uma maior taxa de sobrevivência (KALANTAR-

ZADEH et al. 2001; FRANCO et al. 2016), embora os mecanismos exatos subjacentes a essa

associação não tenham sido esclarecidos (KALANTAR-ZADEH et al. 2001).

Diante desses fatos, é extremamente importante conhecer os métodos de avaliação do

estado nutricional do paciente com DRC em hemodiálise, para que os dados sejam eficazes e o

tratamento adequado para os pacientes, contribuindo para melhor qualidade de vida dos

mesmos (CUPPARI e KAMIMURA, 2009).

2.3.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

PACIENTES COM DRC

Diferentes métodos de avaliação do estado nutricional podem ser utilizados na prática

clínica e em investigações epidemiológicas com pacientes com DRC em TRS: medidas

antropométricas, de composição corporal, exames laboratoriais e avaliação do consumo

alimentar (KAMIMURA, 2013).

A avaliação do consumo alimentar é realizada para fornecer subsídios para o

desenvolvimento e implantação de planos nutricionais e deve integrar um protocolo de

atendimento para a avaliação nutricional, cujo objetivo deve ser o de estimar se a ingestão de

alimentos está adequada ou não, e o de identificar hábitos inadequados e/ou a ingestão excessiva

de alimentos com pobre conteúdo nutricional (CUPPARI E KAMIMURA, 2009).

Conhecendo a alimentação da população, é possível relacionar os hábitos alimentares

e a doença, classificar grupos de indivíduos por níveis de ingestão, entre outros (VALE et al.

2013). A descrição do consumo alimentar em indivíduos com DRC possibilita avaliar se os

pacientes aderem as orientações nutricionais propostas e estabelece relações entre consumo de

nutrientes e minerais com comorbidades que surgem com a DRC, além de que conhecer o

consumo alimentar dos doentes renais permite associar o tratamento dietético com um melhor

controle da progressão da doença e dos sintomas urêmicos (VALE et al. 2013).

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A antropometria é a medida das dimensões corpóreas que permite avaliar de forma

simples e objetiva as reservas de tecido adiposo e massa muscular, é simples, segura, prática e

de boa relação custo-benefício para pacientes renais (MARTINS, 2013). Peso e altura são os

dados mais utilizados na avaliação nutricional, pois existe uma fácil disponibilidade de

equipamentos, sua determinação é simples e precisa, além de ter boa aceitação pelo avaliado

(KAMIMURA, 2013). O peso reflete a soma de todos os componentes corporais do indivíduo.

Esta medida deve ser aferida cautelosamente em indivíduos portadores de DRC, pois distúrbios

hídricos geralmente são observados nessa população em questão (KAMIMURA, 2013). A

mensuração do peso deve acontecer após a sessão de hemodiálise, após a retirada do excesso

de líquido acumulado entre as sessões de HD, ou seja, utilizando o “peso seco” do paciente

(MARTINS, 2013). A altura de pacientes com DRC devem ser aferida anualmente pois pode

ser afetada por distúrbios ósseos comuns nesta população (MARTINS, 2013).

O IMC, obtido pela divisão do peso (Kg) pelo quadrado da altura (cm), é um dos

indicadores mais utilizados na prática clínica e estudos epidemiológicos, sendo a classificação

do estado nutricional realizada conforme pontos de cortes propostos pela Organização Mundial

da Saúde (OMS) para adultos e idosos (WHO, 1997). MARTINS (2013) propõe um IMC

desejável na DRC (QUADRO 1) de acordo com a sobrevida, pois há evidencia de que valores

de IMC superiores aos considerados ideais para a população em geral estão relacionados com

a menor mortalidade dos pacientes com DRC. O IMC pode ter seus valores invalidados em

pacientes portadores de DRC se não tomadas as medidas adequadas de peso, pois como já citado

anteriormente, esses indivíduos podem ter retenção hídrica e mudanças consideráveis na

composição corporal, não diferenciada por este índice (KAMIMURA, 2013).

Quadro 1: Índice de Massa Corporal desejável na doença renal crônica de acordo com a

sobrevida

ESTÁGIO DA DOENÇA IMC (Kg/m²)

Prevenção da DRC 18,5 a 24,9

DRC pré-diálise >18,5

Hemodiálise >25

Dialise peritoneal >25 a 30

Transplante 18,5 a 24,9

Fonte: Adaptado de MARTINS (2013). IMC: Índice de Massa Corporal

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A medida da circunferência da cintura (CC) é utilizada como marcador de adiposidade

central, pois auxilia na identificação dos riscos associados às complicações metabólicas e

cardiovasculares dentre as quais se enquadra a HA, que também acometem os pacientes com

DRC (HASSELMANN et al. 2008). Essas medidas também podem ser alteradas pelas

variações hídricas dos pacientes renais, e devem ser realizadas por avaliador experiente e com

uso de equipamentos acurados (MARTINS, 2013). Os pontos de corte da CC não estão bem

definidos para a população com DRC (KAMIMURA, 2013) e por isso são utilizados aqueles

preconizados pela OMS (WHO, 1997) para população em geral.

A avaliação da massa muscular em pacientes renais pode ser realizada por medidas

simples como a circunferência da panturrilha (CP) e espessura do músculo adutor do polegar

(EMAP).

A CP fornece a medida mais sensível para aferir massa muscular, pois é uma das

medidas que sofre alteração significativa ao longo dos anos (PEIXOTO et al. 2015). A CP tem

sido utilizada como preditor da quantidade e função muscular. Alguns autores associaram

valores da CP à baixa capacidade física, o que sugere, que quanto maior a CP, menor é o risco

de fragilidade e melhor a capacidade funcional (PEIXOTO et al. 2015; LANDI et al. 2014;

ROLLAND et al. 2003). Assim, esta medida vem sendo utilizada por ser de baixo custo, fácil

treinamento e alta precisão o que contribui para a promoção de um diagnóstico precoce, capaz

de identificar indivíduos em risco nutricional (PEIXOTO et al. 2015).

A CP tem sido utilizada com o objetivo de mensurar a massa muscular e estimar a

prevalência de sarcopenia, predizer incapacidade, mortalidade e necessidade de cuidados, bem

como para determinação de pontos de corte de massa muscular diminuída na população idosa.

Embora os resultados demonstrem que a CP tem boa capacidade na predição da diminuição da

massa muscular, os diferentes pontos de corte disponíveis na literatura são 31 cm a 35 cm para

mulheres e 33 cm a 34 cm para homens (BASTIAANSE et al. 2012; PAGOTTO et al. 2017).

Atualmente, a medida da espessura do músculo adutor do polegar (EMAP) vem sendo

sugerida como marcador de função muscular entre pacientes com DRC, e é considerada

componente promissor da avaliação da composição corporal (KAMIMURA, 2013).

A avaliação da EMAP é uma técnica que surgiu como uma alternativa não invasiva,

rápida, e de baixo custo para a avaliação nutricional (PEREIRA et al. 2014). O músculo adutor

do polegar é responsável pela força de pinçamento do polegar e, por ser plano e estar fixado

entre duas estruturas ósseas, é o único músculo do corpo humano que permite a medida direta

de sua espessura. Esta medida vem sendo muito utilizada particularmente por sua

reprodutibilidade, pois não há necessidade de fórmulas para cálculo do seu valor (LAMEU et

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al. 2004). Os primeiros estudos sobre a avaliação da EMAP, com finalidade de utilizar essa

medida como um parâmetro antropométrico aconteceram a partir de 2004, e logo, em 2010,

surgiram outros estudos que apontaram a aplicabilidade da EMAP na prática clínica como

método de AN, sendo importante na identificação precoce do risco nutricional, principalmente

em idosos (LAMEU et al. 2004; OLIVEIRA et al. 2010; PEREIRA et al. 2014).

A avaliação da EMAP é importante em indivíduos portadores de DRC, porque a

medida mostra-se sensível a depleção de massa magra, sendo dificilmente afetada pelo nível de

hidratação paciente, situação frequentemente alterada nesses indivíduos. Porém ainda não há

um ponto de corte estabelecido da EMAP para esta população (ANDRADE, 2008; CARRERO,

2008).

Em pacientes renais, como parte da avaliação do estado nutricional, os marcadores

bioquímicos tradicionalmente empregados são as proteínas viscerais (albumina, pré-albumina

e transferrina) e somáticas (creatinina), além de ureia e colesterol, como marcadores da ingestão

alimentar. Os biomarcadores são em geral confiáveis e por meio deles é possível avaliar

associações entre a ingestão de nutrientes e desfechos clínicos, como estado nutricional e DRC

(KAMIMURA, 2013).

Outros marcadores importantes na avaliação da DRC são os níveis séricos de fósforo,

potássio e cálcio, pois é comum em portadores de DRC alterações no metabolismo mineral e

ósseo e que estão associados ao aumento da morbidade e mortalidade nesses pacientes

(MARTINS, 2013). Por meio desses exames é possível controlar essas alterações e

consequentemente diminuir o impacto da doença na qualidade desses indivíduos.

2.4 QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM DRC

Acredita-se que o termo qualidade de vida (QV) foi mencionado pela primeira vez em

1920 por Pigou, em um livro sobre economia e bem-estar, em que discutiu-se sobre o suporte

governamental para pessoas de classes sociais menos favorecidas e o impacto sobre suas vidas

e sobre o orçamento do Estado, contudo, o termo não foi valorizado e foi esquecido

(KLUTHCOVSKY, 2007). Para KLUTHCOVSKY (2007), o termo qualidade de vida foi

utilizado pela primeira vez por Lyndon Johnson, em 1964, então presidente dos Estados Unidos,

que declarou: “...os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só

podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas”.

O conceito de QV abrange significados que refletem na vida cotidiana da população.

Essa expressão vem sendo utilizada no âmbito da saúde, e é de interesse por conta dos aspectos

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de QV que são influenciados pelo aparecimento ou tratamento de doenças (PEREIRA, 2012).

A QV é extremamente importante na área da saúde, pois seus resultados contribuem para

aprovar e definir tratamentos e avaliar custo/benefício do cuidado prestado (PRAÇA, 2012). O

grupo de estudos sobre qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (OMS) define

como qualidade de vida “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da

cultura e sistemas de valores nos quais vive em relação aos seus objetivos, expectativas padrões

e preocupações” (DANTAS et al. 2003).

A avaliação da QV relacionada à saúde tem como objetivos, a gestão da saúde,

conhecer os interesses específicos de cada pessoa de acordo com sua enfermidade, avaliar o

efeito da terapia aplicada, melhorar a comunicação pessoal de saúde e doença e monitorizar a

saúde da população (PRAÇA, 2012). Sabe-se que existem vários fatores, domínios ou

dimensões que podem e devem ser levados em conta nesta avaliação, tais como estado

funcional, que diz respeito à capacidade de executar atividades de vida diária que são normais

para a maioria das pessoas, incluindo o auto cuidado, a mobilidade e a capacidade de viver em

sociedade; sintomas físicos, relacionados com a doença e o tratamento onde se inclui a dor, o

mau funcionamento dos sistemas, entre outros; funcionamento psicológico, do qual faz parte o

stress psicológico, a ansiedade e a depressão; funcionamento social, no qual fazem parte as

relações com a família e o meio social, e a participação em atividades sociais (PRAÇA, 2012).

O desenvolvimento de medidas avaliativas de QV foi principalmente efetuado nos

Estados Unidos e, apesar da maioria destes instrumentos de medida terem sido desenvolvidos

e testados em culturas de língua inglesa, têm sido amplamente adaptados e validados em outros

países e em outras culturas (SAMPAIO, 2007). Todos os instrumentos de avaliação apresentam

vantagens e desvantagens, não sendo diferente aos de QV. Uns limitam-se a alguns aspectos;

outros possibilitam somente determinar os pontos extremos; outros ainda, exigem uma

preparação do entrevistador e do entrevistado e grande disponibilidade de tempo, contudo

fornecem uma informação mais detalhada (SAMPAIO, 2007).

No momento existem duas formas de mensurar QV, que pode ser a partir de

instrumentos genéricos e instrumentos específicos, sendo os instrumentos específicos aqueles

elaborados e utilizados para pessoas com determinada doença, certa função ou problema. Os

instrumentos genéricos abordam o perfil de saúde ou não e, englobam aspectos relacionados a

saúde que refletem o impacto de uma doença sobre a população, e podem ser utilizados para

outras doenças mesmo que não sejam elaborados para ela (AMORIM, 2007; OLIVEIRA e

OSINI, 2009). Os instrumentos genéricos são aplicáveis numa ampla variedade de populações,

não exigindo que tenham características ou condições específicas de doença ou outros aspectos

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especiais, geralmente são utilizados para comparar grupos de diferentes enfermidades

(AMORIM, 2007; OLIVEIRA e OSINI, 2009).

Tanto os instrumentos genéricos quanto os específicos podem ser usados para estudar

a população em geral e também grupos específicos, como pacientes com doenças crônicas, a

exemplo de indivíduos portadores de DRC (PRAÇA, 2012). Não existe um consenso na

literatura sobre os itens que devem ser levados em consideração na avaliação da QV de um

paciente. Estão disponíveis na literatura, diferentes questionários. Os instrumentos genéricos

são os mais comumente utilizados porque avaliam de forma global os aspectos mais importantes

relacionados à QV dos pacientes (CASTRO et al. 2003).

2.5 MEDICAL OUTCOMES STUDY QUESTIONNAIRE 36 – ITEM SHORT FORM

HEALTH SURVEY (SF-36)

O Medical Outcomes Study Questionnaire 36 – Item Short Form Health Survey (SF-

36) é um instrumento genérico de fácil administração e compreensão e, tem sido considerado o

instrumento mais adequado para monitorização da qualidade de vida de pacientes em diálise

(BARBOSA et al. 2007). Este instrumento foi criado por WARE e SHERBOURNE (1992) na

língua inglesa, para ser utilizado em prática e pesquisa clínica, avaliações de políticas de saúde

e pesquisas gerais na população. O SF-36 foi traduzido e validado no Brasil por CICONELLI

et al. (1998) inicialmente criado para pacientes com artrite reumatoide, porém por ser um

instrumento genérico muitos autores utilizaram e ainda utilizam para estudos de QV em

pacientes com DRC (CICONELLI et al. 1998; CASSETARI, 2010). A versão brasileira do SF-

36 é apresentada no ANEXO 2.

O SF-36 é um questionário composto por 36 itens que propicia pontuações em oito

dimensões de QV que são: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, vitalidade, estado geral

de saúde, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental (CICONELLI et al. 1998;

CASTRO et al. 2003; SANTOS et al. 2013).

Dez itens geram pontuações para a dimensão denominada capacidade funcional (CF)

e graduam o desempenho nas atividades de vida diária, como capacidade de cuidar de si, vestir-

se, tomar banho e subir escadas. A dimensão denominada de aspectos físicos (AF) enfoca o

impacto da saúde física sobre as atividades diárias, regulares e profissionais e é derivada de

quatro itens do instrumento. A dimensão dor (DF) avalia o nível de dor e o impacto no

desempenho das atividades diárias e/ou profissionais. A quarta dimensão é do estado geral da

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saúde (SG), que engloba cinco itens relacionados a percepção subjetiva (valoração pessoal) do

estado de saúde atual, futuro e resistência/facilidade de problemas de saúde (SANTOS, 2009).

A pontuação da dimensão vitalidade (VIT) é gerada a partir de quatro itens que

refletem a percepção subjetiva quanto ao sentimento de energia e vitalidade, em contraste com

sentimentos de cansaço e esgotamento. Os aspectos sociais (AS) é a sexta dimensão, referente

ao reflexo da condição de saúde física nas atividades sociais habituais e corresponde a dois itens

do instrumento. Os aspectos emocionais (AE) tem o propósito de servir como reflexo das

condições emocionais no desempenho das atividades diárias e profissionais, e a oitava

dimensão, denominada saúde mental (SM), se caracteriza como uma escala de humor e bem

estar, que inclui a pesquisa de sentimento depressivos e de ansiedade, cuja pontuação é gerada

por cinco itens (SANTOS, 2009).

O SF-36 foi idealizado para ser aplicado como questionário que pode ser respondido

pelo pesquisado ou como formulário onde o pesquisador questiona os itens pessoalmente para

os pesquisados. A possibilidade de sua utilização como formulário torna-o adequado na

pesquisa com pessoas com baixo grau de instrução (SANTOS, 2009).

Indivíduos com DRC sofrem uma grande mudança no estilo de vida, passando a

conviver com diversas limitações causadas pela TRS, especialmente o tratamento de

hemodiálise, tais como mudanças na dieta e na rotina de vida diária, e esses fatores acabam

levando os pacientes a terem uma percepção negativa sobre sua saúde e uma qualidade de vida

prejudicada por essa condição (SANTOS et al. 2013). Com o aumento da sobrevida de

pacientes renais com a possibilidade de TRS, a busca por melhor qualidade de vida tem se

tornado um dos principais objetivos da terapia dialítica crônica (SANTOS et al. 2006).

A avaliação da qualidade de vida de pacientes com DRC utilizando o SF-36 tem

demonstrado que esta população apresenta comprometimento nas várias dimensões analisadas.

A presença de doença crônica, a necessidade de tratamento contínuo por um longo período,

idade avançada e a presença de comorbidades (especialmente a desnutrição) são fatores que

têm sido relatados como sendo associados a alterações na qualidade de vida dessa população

(CASTRO et al. 2003; SANTOS et al. 2013).

Este instrumento vem sendo muito utilizado em todo o mundo. GARRAT et al. (2002)

realizaram uma revisão bibliográfica de 3.921 artigos publicados na língua inglesa sobre a QV

e constataram que o instrumento genérico mais utilizado foi o SF-36, e no Brasil, DANTAS et

al. (2003) em uma revisão da produção científica das universidades públicas do estado de São

Paulo sobre QV verificaram que 34% dos trabalhos revisados utilizaram o SF-36 como

instrumento para medir QV (SANTOS, 2009).

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3. JUSTIFICATIVA

A elevada prevalência de DCNT, especialmente HAS e DM, tem contribuído para o

aumento significativo do diagnóstico de DRC, uma condição irreversível e que nos estágios

mais avançados requer TRS, que apesar de melhorarem a sobrevida destes pacientes, mudam

significativamente a dinâmica de suas vidas. Alterações próprias da DRC e decorrentes da TRS

contribuem para mudanças expressivas do estado nutricional e qualidade de vida destes

pacientes. Conhecer o estado nutricional nos seus diferentes espectros, bem como aspectos

relativos à qualidade de vida de pacientes com DRC, possibilitarão uma abordagem mais ampla

e completa do paciente, para que sejam planejadas intervenções que atendam efetivamente às

necessidades dos pacientes portadores de DRC.

Além disso, o presente estudo justifica-se por meio da escassez de pesquisas referentes

ao impacto do tratamento hemodialítico, no estado nutricional e na qualidade de vida em

indivíduos com DRC na cidade de Cuiabá-MT. Esta pesquisa trará grande contribuição ao

âmbito da saúde, uma vez que, conhecendo o estado nutricional dos pacientes com DRC em

tratamento hemodialítico, e sua associação com a qualidade de vida, as entidades

governamentais juntamente com os profissionais de saúde poderão elaborar maneiras de

melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, através de políticas públicas voltada para essa

população, proporcionando uma sobrevida muito mais saudável e proveitosa para esses

indivíduos.

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4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a qualidade de vida, o estado nutricional e os fatores associados em pacientes

com doença renal crônica em tratamento hemodialítico.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar a amostra de estudo segundo variáveis socioeconômicas, demográficas,

clínicas e de comportamento relacionados à saúde;

Avaliar o estado nutricional de pacientes com DRC;

Avaliar a qualidade de vida por meio do instrumento SF-36;

Investigar a associação entre qualidade de vida, estado nutricional e variáveis

socioeconômicas, demográficas, clínicas e de comportamentos de risco à saúde.

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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 TIPO DE ESTUDO, POPULAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO

Trata-se de um estudo observacional, de corte transversal, de base populacional, com

amostra não probabilística por conveniência. O estudo foi realizado com pacientes com

diagnóstico de DRC em tratamento hemodialítico em duas clínicas especializadas no município

de Cuiabá-MT.

As clínicas selecionadas são particulares, porém atendem majoritariamente pacientes

do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de convênio, e totalizam cerca de 330 pacientes,

que realizam 3 sessões de hemodiálise (HD) por semana, divididos em 3 turnos (matutino,

vespertino e noturno). Os responsáveis técnicos das clínicas de HD foram contatados no início

da elaboração do projeto de pesquisa, e autorizaram a realização da pesquisa (ANEXO 1) nas

respectivas clínicas após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (ANEXO

2).

5.2 AMOSTRA DE ESTUDO E CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Foram convidados a participar e incluídos na pesquisa todos os pacientes com DRC

em tratamento hemodialítico nas clínicas selecionadas que aceitaram participar da pesquisa,

que tinham idade igual ou maior que 20 anos, de ambos os sexos, em tratamento hemodialítico

há pelo menos três meses, não hospitalizados nos últimos 3 meses, clinicamente estáveis e com

prescrição de HD três ou mais vezes por semana.

Foram excluídos da pesquisa pacientes gestantes, lactantes, com impossibilidade de

realizar aferição de peso e pacientes com diagnóstico de comprometimento cognitivo e/ou de

audição que impediram a coleta de dados.

A amostra final do estudo foi composta de 110 pacientes, sendo 56 da clínica A e 54

da clínica B.

5.3 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos (CEP-

Saúde-UFMT) sob nº de inscrição CAEE: 83080218.6.0000.8124 (ANEXO 2). Todos os

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29

pacientes submetidos a pesquisa foram instruídos, assinaram e receberam uma cópia do termo

de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 1), e a coleta de dados foi iniciada

somente após a assinatura do TCLE.

5.4 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

Os dados utilizados no estudo foram primários (provenientes de entrevista e aferição)

e secundários (coletados do prontuário do paciente). Os pacientes que atenderam aos critérios

de inclusão foram abordados durante a sessão de HD, assim como, informados sobre a pesquisa

e convidados a participar. Após a assinatura do TCLE, os pacientes foram entrevistados por um

membro da equipe da pesquisa composta por docentes e discentes do curso de graduação em

Nutrição/UFMT. As entrevistas foram realizadas durante a sessão de hemodiálise, com duração

média de 60 minutos, e para sua realização, foram utilizados 2 questionários:

1- Questionário A (APÊNDICE 2): foram abordadas questões relacionadas às

características socioeconômicas e demográficas dos indivíduos (data de nascimento, sexo,

situação conjugal, raça/cor, escolaridade, renda individual mensal, etc.), variáveis de

comportamentos relacionados à saúde (prática de atividade física, tabagismo e consumo de

bebidas alcoólicas) e variáveis clínicas (diurese em 24 horas, uso de medicamentos,

comorbidades, etc.).

2- Questionário C (ANEXO 3): Questionário sobre qualidade de vida Medical

Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey (SF-36) (CICONELLI et al. 1998),

composto por 36 itens que avaliam as seguintes dimensões: capacidade funcional; aspectos

físicos; dor; estado geral de saúde; vitalidade; aspectos sociais; aspectos emocionais e saúde

mental. Apresenta um escore final de 0(zero) a 100, no qual 0 (zero) corresponde ao pior estado

geral de saúde e 100, ao melhor.

Ao término da sessão de hemodiálise, após a liberação da equipe médica, ainda nas

dependências da clínica, foram aferidas as medidas antropométricas: peso seco, altura,

circunferência da panturrilha, circunferência da cintura e espessura do músculo adutor do

polegar. Para a aferição, foram consideradas as seguintes recomendações:

Peso seco (Kg): aferido imediatamente após a sessão de hemodiálise. O peso dos

indivíduos foi aferido por meio de balança digital, modelo Ellegance, marca

Mondial®, com capacidade para 150Kg. Para uma pesagem correta, foi solicitado para

os participantes da pesquisa para ficarem descalços, usando o mínimo de roupa

possível e os braços estendidos ao longo do corpo.

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Altura (cm): foi aferida utilizando-se estadiômetro compacto tipo trena (marca

Sanny®) com faixa de medição de 0 a 210 cm. Os indivíduos foram orientados a ficar

em posição ereta, cabeça erguida, olhos mirando um plano horizontal à frente de

acordo com o plano horizontal de Frankfurt, com a coluna vertebral e calcanhares

encostados na parede, joelhos esticados, pés juntos e braços estendidos ao longo do

corpo.

Circunferência da panturrilha (cm): para a aferição desta medida, o indivíduo foi

orientado a permanecer em posição ortostática ou sentado em cadeira com a perna

flexionada a 90º. Com a fita métrica inelástica (marca Sanny®, comprimento total de

150 cm, com precisão de 1 mm) colocada no plano horizontal, foi aferido o ponto de

maior circunferência na panturrilha, convencionando-se a padronização de aferir na

perna esquerda. Foram realizadas duas aferições em sequência, e considerada como

medida final a média das duas aferições.

Circunferência da cintura (cm): para a aferição desta medida, o indivíduo foi

convidado a permanecer em posição ortostática, os braços estendidos e levemente

afastados do corpo e o abdome relaxado. O aferidor posicionou-se de frente para o

sujeito, circundando-o com a fita métrica inextensível em plano horizontal. A aferição

da medida foi realizada no nível da cicatriz umbilical. Foram realizadas duas aferições

em sequência, e considerada como medida final a média das duas aferições.

Espessura do músculo adutor do polegar (EMAP): A medida da EMAP foi realizada

com o paciente sentado, o braço flexionado a aproximadamente 90°, o antebraço e a

mão apoiados sobre o joelho. Os pacientes foram orientados a ficar com a mão

relaxada. Foi utilizado o plicômetro (marca Cescorf®), com pressão contínua de

10g/mm2, para pinçar o músculo adutor no vértice de um triângulo imaginário,

formado pela extensão do polegar e indicador. O procedimento foi realizado na mão

do lado oposto à fistula arteriovenosa. Foram realizadas três medidas, sendo usada a

média como medida da EMAP.

Os dados secundários foram coletados dos prontuários dos pacientes, e as informações

foram anotadas na parte 5 do Questionário A (APÊNDICE 2). Estas informações são as

seguintes:

o Dados clínicos: Etiologia da doença renal crônica; tempo de tratamento dialítico

(meses); presença de comorbidades (diagnósticos clínicos tais como diabetes,

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hipertensão arterial, doenças infecciosas, etc.), mudanças no peso seco nos últimos

3 a 6 meses, ocorrência de transfusão sanguínea, histórico de transplante renal, etc.

o Exames laboratoriais: foram consultados e anotados os resultados mais recentes, a

saber: ureia pré e pós-diálise, creatinina, hemograma, lipidograma, glicemia de

jejum, PTHi, fósforo sérico, potássio sérico, cálcio sério, albumina, ferro sérico,

capacidade total de ligação do ferro sérico (CTLF), transferrina sérica e, alumínio.

5.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO

Domínios do SF-36

O SF-36 propicia pontuações em oito dimensões de QV que variam de 0 a 100 pontos

(ANEXO 2). O cálculo das pontuações de cada domínio do SF-36 foi realizado segundo as

instruções dos autores que traduziram e validaram o instrumento no Brasil (CICONELLI et al.

1998), apresentados no ANEXO 4, sendo apresentadas as médias ± desvio padrão das

pontuações de cada domínio (CF, AF, DF, EGS, VIT, AS, AE, SM).

Variáveis socioeconômicas e demográficas:

As variáveis socioeconômicas e demográficas analisadas consistiram em:

• Sexo: masculino e feminino;

• Idade: ≥ 20 anos completos, categorizada em duas faixas etárias: 20-59 anos (adultos)

e ≥ 60 anos (idosos);

• Raça/cor: autorreferida como branca, negra, parda, amarela (ascendência oriental),

vermelha (ascendência indígena), e categorizada em brancos (raça/cor branca + amarela), pretos

(raça/cor preta), e pardos (raça/cor parda + vermelha), devido à baixa frequência de indivíduos

com ascendência oriental (n=2) e indígena (n=3).

• Situação conjugal: foi coletada conforme as opções solteiro(a), casado(a) legalmente,

em união estável, viúvo(a), separado(a) ou divorciado(a), dicotomizada em “com

companheiro(a)” ou “sem companheiro(a)” [solteiro(a), viúvo(a) ou

separado(a)/divorciado(a)].

• Escolaridade: coletada de acordo com período cursado, categorizada em “até ensino

fundamental completo” (incluindo indivíduos que referiram serem analfabetos ou ter cursado

até o ensino médio incompleto), “ensino médio completo e superior incompleto” e “ensino

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superior completo ou mais” (incluindo aqueles com ensino superior completo e/ou qualquer

nível de pós-graduação).

• Condição de trabalho atual: categorizada em “sem emprego” (desempregado),

“trabalha” (incluindo autônomo, funcionário público ou de empresa privada) e “com renda mas

sem emprego” (incluindo aqueles que recebem auxílio-doença e aposentados por invalidez,

tempo de serviço ou por idade).

• Renda mensal individual: coletada conforme número de salários mínimos mensais

individuais e categorizada em “até 2 salários mínimos”, “3 ou mais salários mínimos”.

• Situação de moradia: categorizada em “mora sozinho(a)” e “mora com companhia”

(incluindo todos os tipos de companhia como familiares, amigos ou conhecidos ou cuidador).

Variáveis de comportamentos relacionados à saúde

• Fumante atual: Foi considerado fumante o indivíduo que respondeu positivamente à

questão “Atualmente, o(a) sr. (a) é fumante?”, independentemente do número de cigarros, da

frequência e da duração do hábito de fumar.

• Consumo de bebida alcoólica: variável dicotômica (sim/não), em resposta à questão

“O(a) sr. (a) ingere algum tipo de bebida alcoólica?”, independentemente da frequência de

consumo, do tipo e quantidade de bebida alcoólica consumida.

• Prática de atividade física nos 3 meses anteriores à entrevista: variável dicotômica

(sim/não), em resposta à questão “Nos últimos três meses, o(a) sr. (a) praticou algum tipo de

exercício físico ou esporte?”, independentemente do tipo, frequência e tempo de duração do

exercício físico ou esporte realizado.

Variáveis clínicas

Neste grupo foram incluídas variáveis relacionadas ao tratamento clínico, presença de

comorbidades (autorreferidas ou indicadas no prontuário) e resultados de exames laboratoriais.

• Volume de urina em 24 horas: em ml, categorizada em “< 500 ml” e “≥ 500 ml”.

• Tempo de diálise: em anos, variável quantitativa contínua, apresentada como média ±

desvio padrão.

• Comorbidades

Hipertensão Arterial: variável dicotômica (sim/não) quanto ao diagnóstico prévio

de hipertensão arterial;

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Diabetes: variável dicotômica (sim/não) quanto ao diagnóstico prévio de diabetes;

Dislipidemia: variável dicotômica (sim/não) quanto ao diagnóstico prévio de algum

tipo de dislipidemia.

• Exames laboratoriais: variáveis quantitativas contínuas, apresentadas como média ±

desvio padrão:

Creatinina: em mg/dL;

Fósforo: em mg/dL

Potássio: em mEq/L

Hemoglobina: em g/dL

Albumina: em g/dL

Variáveis de avaliação do estado nutricional

Todas as variáveis de avaliação do estado nutricional foram analisadas neste estudo

como variáveis quantitativas contínuas, e apresentadas como média ± desvio padrão:

Índice de Massa Corporal (IMC): em Kg/m2, obtido pela divisão do peso seco (em

Kg) pelo quadrado da altura (em metros);

Circunferência da cintura: em cm;

Circunferência da panturrilha esquerda: em cm;

EMAP: em mm.

5.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram digitados em duplicata em uma máscara do Programa EpiInfo versão

7.2 (CDC Centers for Disease Control and Prevention. Info (TM) 7.2) e analisados através do

pacote estatístico SPSS versão 22.0 (SPSS Inc. Chicago IL, USA).

Na análise descritiva dos dados, as variáveis quantitativas contínuas foram

apresentadas como média ± desvio-padrão e as variáveis categóricas foram descritas como

frequências absolutas e relativas (%), com apresentação em tabelas.

As pontuações geradas pelo SF-36, através de um sistema próprio do instrumento

(ANEXO 3), são apresentadas para cada uma das oito dimensões como média ± desvio-padrão.

A normalidade dos dados de cada domínio foi testada pelo teste de Kolmogorov-

Smirnov. Como os dados não possuem distribuição normal, foram aplicados testes não-

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paramétricos para análise bivariada dos dados entre os domínios do SF-36 e as variáveis

independentes, da seguinte maneira:

quando as variáveis independentes eram variáveis qualitativas categóricas: aplicou-se o

teste de Mann-Whitney (para variáveis com 2 categorias) e o teste de Kruskal-Wallis

(para variáveis com mais de 2 categorias);

quando as variáveis independentes eram variáveis quantitativas discretas ou contínuas:

foi realizada análise de correlação de Sperman.

Foram considerados estatisticamente significativos os resultados com p<0,05.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A amostra foi formada por 110 pacientes, com idade média de 51,8±12,8 anos. Na

Tabela 2 são apresentadas as características socioeconômicas, demográficas e de tratamento da

amostra de estudo.

Tabela 2. Características socioeconômicas, demográficas e do tratamento de pacientes em

tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018.

VARIÁVEIS Total (n=110)

N %

Sexo

Masculino

Feminino

68

42

61,82

38,18

Faixa etária

Adultos (20 a 59 anos)

Idosos (≥ 60 anos)

75

35

68,19

31,81

Raça/Cor

Branco(a)

Preto(a)

Pardo(a)

23

27

60

20,91

24,55

54,54

Escolaridade (n=108)

Até ensino fundamental completo

Ensino médio completo e superior incompleto

Ensino superior completo ou mais

51

41

16

47,22

37,96

14,82

Situação conjugal

Sem companheiro(a)

Com companheiro(a)

51

59

46,36

53,64

Renda

Até 2 salários

3 ou mais

78

32

70,91

20,09

Condição de trabalho (n=109)

Sem emprego

Trabalha

Com renda, mas sem emprego

8

11

90

7,34

10,09

81,82

Situação de moradia

Mora sozinho (a)

Mora com companhia

9

101

8,18

91,82

Cobertura do tratamento

SUS

Plano de saúde/particular

88

22

80,00

20,00

Verificou-se que a maioria dos indivíduos eram do sexo masculino (n=68; 61,82%),

com faixa etária de 20 a 59 anos (n= 75; 68,19%) e idosos (n=35; 31,81), predomínio de não

brancos, sendo 54,54% (n=60) de pardos. Semelhante ao presente estudo, o Censo realizado

pela SBN em 2011 identificou que 57,3% dos pacientes em diálise no país eram do sexo

masculino (SESSO et al. 2012). BARBOSA et al. (2007) em seu estudo com 114 pacientes em

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hemodiálise também verificou que a maioria (59,7%) dos pacientes eram homens. LOPES et

al. (2007) com uma amostra de 603 pacientes de quatro clínicas de diálise de Salvador

encontrou que 57,9% dos indivíduos acometidos pela DRC eram do sexo masculino. Em

relação à faixa etária pode-se observar no estudo de MARTINS E CESARINO (2005) que

avaliaram 125 indivíduos em diálise na cidade de São José do Rio Preto, que a média de idade

relatada foi de 53±14,6 anos, e este dado é próximo à média de idade encontrada neste estudo.

Do total de indivíduos, a maior parte estudou até o ensino fundamental (n=51; 46,22%),

assim como no estudo de MARTINS E CESARINO, (2005), que verificou 63,8% dos

indivíduos avaliados tinham até o ensino fundamental. A maioria 70,91% (n=78) possuía renda

individual mensal de até 2 salários mínimos e 81,82% (n=90) possuíam renda, mas não tinham

emprego (eram aposentados ou encostados). No Brasil ainda não há dados que confirmem se o

perfil social do portador de DRC corresponde ao perfil social de sua comunidade, ou se há

maior incidência da doença entre pessoas de nível social mais baixo (FUKSHIMA et al. 2018).

No entanto, no estudo de GODINHO et al. (2006) realizado na Bahia e de CASTRO et al.

(2007) em São Paulo, foi demonstrado que o perfil econômico dos indivíduos em dialise é

inferior à média observada na população brasileira. Um estudo realizado em 2005 demonstrou

que a pobreza influencia negativamente a evolução da DRC (NORRIS E AGODOA, 2005).

Quanto à ocupação, TERRA E COSTA (2007) também encontraram maior frequência

de aposentados (87,6%) em seu estudo com 30 pacientes renais realizado em Alfenas – Minas

Gerais, e VALLE et al. (2013), encontraram que 75% da população estudada (n= 75) também

era constituída de aposentados. Isso possivelmente acontece devido a uma condição de vida

imposta pela própria doença, uma vez que a DRC pode alterar a capacidade física das pessoas,

consequentemente impossibilitando-as de trabalhar (SOUSA E RIBEIRO, 2013).

O tratamento hemodialítico da amostra era coberto em sua maioria pelo SUS (n=88;

80,00%). No Censo de 2016, realizado pela SBN, 83% dos tratamentos dialíticos eram

financiados pelos SUS e 17% eram reembolsados pelos planos de saúde (SESSO et al., 2017).

As características clínicas e de comportamentos relacionados à saúde dos pacientes da

pesquisa são apresentadas na Tabela 3. As principais causas de DRC foram HAS em 49,09%

dos indivíduos (n=54) e DM em 10,91% (n=12). No estudo de GODINHO et al. (2006),

realizado em Salvador com 161 pacientes, a HAS foi a causa referida de DRC em 81% dos

participantes da pesquisa. SESSO et al. (2012) elucidam que HAS e DM são as principais

doenças de base da DRC no Brasil, e que são responsáveis por quase metade dos indivíduos

que estão em tratamento dialítico.

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Tabela 3. Características clínicas e comportamentos relacionados à saúde de pacientes em

tratamento hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018.

VARIÁVEIS Total (n=110)

N %

Causas da doença renal crônica

Hipertensão arterial

Diabetes melittus

Rins policísticos

Superdosagem medicamentosa

Outras causas

54

12

10

9

25

49,09

10,91

9,09

8,18

22,73

Diabetes melittus

Sim

Não

Hipertensão arterial

Sim

Não

Dislipidemia

Sim

Não

26

84

83

27

10

100

23,64

76,36

75,45

24,55

9,09

90,91

Volume de urina/24h

Até 500 ml

≥ 500 ml

84

26

76,36

23,63

Fumante atual

Sim

Não

7

103

6,36

93,64

Consumo de bebida alcoólica (n=109)

Sim

Não

21

88

19,27

80,73

Prática de exercício físico nos últimos 3 meses

Sim

Não

41

69

37,27

62,73

Tipo de exercício físico praticado (n=41)

Caminhada

Corrida

Musculação

Hidroginástica ou Natação

futebol/futsal ou basquetebol

33

2

1

1

4

80,49

4,88

2,44

2,44

9,76

Quanto à comorbidades, a maior parte dos indivíduos (n=83; 75,45%) eram portadores

de HAS e 23,63% (n=26) tinham diagnóstico de DM, sendo este dado muito importante, pois

sabe-se que HAS e DM são DCNT, que vem aumentando progressivamente na população em

geral, e também são as principais causas de DRC em todo o mundo (SIVIERO et al. 2014).

Resultados semelhantes foram observados em outros estudos com pacientes renais crônicos em

HD no Brasil (TELLES et al. 2014; ALVES et al. 2014). TELLES et al. (2014), em um estudo

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realizado com 90 pacientes com DRC, identificaram que as comorbidades mais frequentes

foram a HAS que acometia 73,3% dos entrevistados e o DM em 32,2% dos entrevistados.

Verificou-se no presente estudo que a maior parte dos pacientes (n=84; 76,36%) referiu

ter um volume de urina em 24h de até 500ml e, portanto, podendo ser anúricos (até 100 ml) ou

oligúricos (até 500ml). No estudo de FINDALE (2011), que avaliou volume de urina de

pacientes em tratamento hemolítico na cidade Uberlândia, e verificou que, o volume de urina

médio encontrado foi de 427±517 mL, dado esse muito próximo do encontrado no presente

estudo.

Em relação aos comportamentos relacionados à saúde (Tabela 3), foi verificado que

6,36% (n=7) dos entrevistados disseram ser fumantes e 19,27% (n=21) referiram consumir

algum tipo de bebida alcoólica, independentemente da frequência de consumo, do tipo e

quantidade de bebida alcoólica consumida. SILVA E JÚNIOR (2012) em uma pesquisa com

100 pacientes em HD, verificaram resultados semelhantes ao presente estudo, tendo encontrado

que 8,0% dos pacientes assumiram serem tabagistas, 29,0% assumiram consumirem bebida

alcoólica, e 36,0% disseram serem usuários de tabaco associado ao etilismo.

Quanto à prática de exercício físico, 37,27% (n=41) dos pacientes do estudo disseram

ter realizado algum tipo de exercício nos 3 meses anteriores à entrevista. Destes, a maioria

(n=33; 80,48%) tinham como principal exercício físico a caminhada. Analisando o estudo de

KIRCHNER et al. (2011) com 32 pacientes em HD no Rio Grande do Sul, foi possível observar

que 34,4% (n=11) dos indivíduos participantes da pesquisa praticavam exercício físico,

frequência esta inferior à encontrada no presente estudo. Na Tabela 4 são apresentados os

valores médios ± desvio padrão de variáveis de avaliação do estado nutricional e variáveis

clínicas dos pacientes do estudo. Em relação ao estado nutricional dos pacientes avaliados,

verificou-se IMC médio de 25,50 ±4,57 kg/m2 considerando ambos os sexos e faixas etárias

(adultos e idosos). VALENZUELA et al. (2003) analisaram o estado nutricional de 165

pacientes em HD com idade entre 18 e 84 anos, e verificaram um IMC médio de 23,3 ± 3,4,

que classificaram como IMC médio dentro do limite da normalidade (18,5 a 24,9 kg/m²).

Resultado semelhante ao presente estudo foi verificado no estudo de DOBNER (2013), com 90

pacientes com DRC em HD com idade entre 21 a 83 anos, que encontrou IMC médio de

25,68±4,90 Kg/m², considerando ambos os sexos. O autor afirma que o IMC revelou que

metade da população estudada possuía algum grau de alteração do EN.

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Tabela 4. Características clínicas e de estado nutricional de pacientes em tratamento

hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018. Média ± Desvio Padrão

IMC (Kg/m2) 25,50 ± 4,57

Circunferência da cintura (cm) 93,13 ± 13,21

Circunferência da panturrilha (cm) 34,37 ± 3,77

EMAP (mm) 10,45 ± 2,75

Tempo de diálise (anos) 58,36 ± 55,84

Uréia pré-diálise (mg/dL) 135,83 ± 35,42

Creatinina (mg/dL) (n=106) 10,28 ± 3,63

Fósforo (mg/dL) 5,15 ± 1,53

Potássio (mEq/L) 5,17 ± 0,80

Hemoglobina (g/dL) 11,30 ± 1,90

Ferro sérico (µg/dL) 70,80 ± 35,56

Albumina (g/dL) 3,94 ± 0,28

IMC: Índice de Massa Corporal; EMAP: Espessura do músculo adutor do polegar.

Em média, a EMAP dos pacientes analisados foi de 10,45±2,75 mm, considerando

ambos os sexos. No estudo de LIMA et al. (2016), realizado com 40 pacientes em HD na cidade

de Recife - PE, que ao categorizar os resultados, verificaram que 35,0% (n=15) dos pacientes

apresentavam risco nutricional/desnutrição e 65,0% (n=26) apresentavam o valor da EMAP

adequado.

Em média, a amostra apresentou tempo de diálise de 4,86 ± 4,65 anos. No que tange ao

tempo de tratamento hemodialítico, no estudo de OLIVEIRA et al. (2015) com 63 pacientes,

foi verificado que o tempo médio de tratamento dos pacientes era de 4,2 anos, sendo que 23,9%

estavam entre a faixa de um a dois anos. De forma semelhante, SZUSTER et al. (2012) também

observaram maior frequência de pacientes com tempo de hemodiálise com até 2 anos de

tratamento (30,0%).

As médias das pontuações referentes à qualidade de vida nas diversas dimensões

englobadas pelo instrumento genérico SF-36 são apresentadas na Tabela 5. Verificou-se que as

maiores pontuações médias foram das categorias saúde mental (78,33±26,84), aspectos sociais

(76,36±27,27) e capacidade funcional (64,45±26,85), e as menores médias foram para o aspecto

dor (7,94±3,01) e aspectos físicos (36,82±39,30).

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Em estudos de avaliação da qualidade de vida em pacientes renais, as médias das

pontuações das dimensões do SF-36 variam imensamente, a depender da população estudada e

do tipo de pesquisa. No estudo de SANTOS et al. (2013), realizado com 30 pacientes em HD

no Centro de Nefrologia do Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), Espírito Santo,

verificou-se que, entre as médias das pontuações das dimensões abordadas pelo instrumento

SF-36, o menor valor encontrado foi para limitação por aspectos físicos (16,47±29,60) assim

como no estudo de BARBOSA et al. (2007), e o maior para aspectos sociais (68,17±33,67),

resultados estes semelhantes ao presente estudo.

Tabela 5: Médias das pontuações de cada uma das oito dimensões do SF-36.

Domínios do SF-36 Média±DP

Capacidade Funcional

Aspectos Físicos

Dor

Estado Geral de Saúde

Vitalidade

Aspectos Sociais

Aspectos Emocionais

Saúde Mental

64,45 ± 26,84

36,82 ± 39,30

7,94 ± 3,01

58,26 ± 22,08

62,95 ± 23,30

76,36 ± 27,27

56,06 ± 44,22

78,33 ± 17,77

DP: Desvio padrão

A análise bivariada entre as pontuações médias dos domínios do SF-36 e variáveis

independentes categóricas são apresentadas nas Tabelas 6 a 8. Na análise bivariada entre as

pontuações médias dos domínios do SF-36 e variáveis socioeconômicas e demográficas (Tabela

6), verificou-se diferenças de médias significativas entre as categorias de faixa etária e

capacidade funcional (p=0,04), sendo a média de pontuação da CF maior entre indivíduos

adultos, ou seja, menor CF foi observada entre idosos. Esse resultado se dá pelo processo natural

do envelhecimento, que é caracterizado dentre tantas condições, pela redução da capacidade

funcional dos diversos tecidos e órgãos, o que pode acarretar risco do aparecimento de doenças,

principalmente as DCNT (TENÓRIO et al. (2006).

A média da pontuação de EGS foi significativamente diferente entre as categorias de

situação conjugal (p=0,03), sendo que aqueles que disseram viver sem companheiro (solteiros,

viúvos ou divorciados) apresentaram maior média e, portanto, melhor estado geral de saúde.

Não foram encontrados na literatura estudos com portadores de DRC semelhantes ao presente

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estudo para comparação deste resultado, no entanto, no artigo de TAVARES et al., (2010), que

analisaram a QV em 204 adultos que não possui diagnóstico de DRC, que buscaram

atendimento no instituto de psicanálise em Porto Alegre, a partir do instrumento World Health

Organization Quality of Life – bref version (WHOQOL - Bref), foi verificado que os solteiros

tinham maior pontuação da QV no domínio relações sociais (p=0,041) e que, os indivíduos que

disseram não morar com o companheiro(a) tinham também pontuação média superior neste

domínio quando comparados àqueles indivíduos que moravam com o companheiro(a).

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Tabela 6. Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis socioeconômicas e demográficas de pacientes em tratamento hemodialítico

em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018.

Variáveis CF AF DF EGS VIT AS AE SM

Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP

Sexo

Feminino 62,74 ± 24,92 29,76 ± 37,14 7,51 ± 2,81 57,14 ± 20,94 63,81 ± 20,77 72,92 ± 28,28 56,35 ± 45,08 77,90 ± 17,81

Masculino 65,51 ± 28,09 41,18 ± 40,23 8,21 ± 3,12 58,96 ± 22,88 62,43 ± 24,87 78,49 ± 26,61 55,88 ± 44,03 78,59 ± 17,87

p-valora 0,33 0,15 0,23 0,70 0,81 0,27 0,99 0,76

Faixa etária

Adulto(a) 68,27 ± 25,44 37,33 ± 39,50 8,09 ± 3,06 57,56 ± 22,83 64,40 ± 22,06 77,50 ± 26,16 58,22 ± 43,87 78,19 ± 17,92

Idoso(a) 56,29 ± 28,29 35,71 ± 39,43 7,63 ± 2,92 59,77 ± 20,62 59,86 ± 25,82 73,93 ± 29,76 51,43 ± 45,26 78,63 ± 17,70

p-valora 0,04 0,99 0,37 0,76 0,37 0,55 0,44 0,91

Estado conjugal

Sem companheiro(a) 69,41 ± 25,15 43,14 ± 42,45 8,36 ± 2,90 63,43 ± 18,50 67,35 ± 22,48 79,17 ± 26,89 64,05 ± 44,14 82,04 ± 15,42

Com companheiro(a) 60,17 ± 27,71 31,36 ± 35,84 7,58 ± 3,08 53,80 ± 24,04 59,15 ± 23,51 73,94 ± 27,59 49,15 ± 43,49 75,12 ± 19,13

p-valora 0,09 0,17 0,15 0,03 0,06 0,26 0,05 0,06

Raça/cor

Branco 59,57 ± 27,96 30,43 ± 40,56 8,14 ± 2,89 59,78 ± 23,58 61,52 ± 21,56 75,00 ± 28,45 57,97 ± 44,06 73,74 ± 20,35

Preto 60,56 ± 30,80 32,41 ± 36,57 7,26 ± 3,33 60,00 ± 20,04 63,52 ± 22,35 72,22 ± 30,68 49,38 ± 45,64 79,70 ± 19,84

Pardo 68,08 ± 24,32 41,25 ± 40,08 8,18 ± 2,91 56,90 ± 22,64 63,25 ± 24,66 78,75 ± 25,35 58,33 ± 44,10 79,47 ± 15,65

p-valorb 0,45 0,36 0,48 0,78 0,93 0,67 0,74 0,38

Escolaridade

Até fundamental completo 63,63 ± 26,04 34,31 ± 39,67 7,79 ± 2,66 59,65 ± 21,68 64,02 ± 20,54 79,66 ± 24,62 58,17 ± 43,64 78,90 ± 18,14

Médio completo e/ou

superior incompleto 65,37 ± 26,89 45,12 ± 39,62 8,62 ± 3,14 55,56 ± 21,78 64,76 ± 24,19 72,26 ± 29,38 59,35 ± 45,04 79,90 ± 16,09

Superior completo ou mais 65,94 ± 30,12 26,56 ± 37,05 7,07 ± 3,58 60,94 ± 23,62 55,94 ± 28,65 76,56 ± 31,25 47,92 ± 43,83 72,50 ± 20,91

p-valorb 0,87 0,18 0,20 0,64 0,51 0,49 0,59 0,39

continua

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Tabela 6. Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis socioeconômicas e demográficas de pacientes em tratamento

hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018 (continuação).

Variáveis CF AF DF EGS VIT AS AE SM

Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP

Renda (salários mínimos)

Até 2 salários 63,33 ± 26,08 37,18 ± 39,01 7,93 ± 2,97 56,47 ± 20,85 62,05 ± 22,73 77,24 ± 26,09 58,12 ± 44,44 78,46 ± 18,62

3 ou mais salários 67,19 ± 28,85 35,94 ± 40,63 7,99 ± 3,17 62,63 ± 24,63 65,16 ± 24,87 74,22 ± 30,28 51,04 ± 43,98 78,00 ± 15,77

p-valora 0,33 0,78 0,95 0,15 0,48 0,65 0,43 0,57

Condição de trabalho

Sem emprego 66,88 ± 17,31 28,13 ± 38,82 7,71 ± 1,96 57,00 ± 22,36 60,63 ± 25,28 84,38 ± 18,60 58,33 ± 49,60 75,00 ± 20,37

Trabalha 67,27 ± 32,04 38,64 ± 46,59 8,22 ± 3,93 58,36 ± 28,29 60,91 ± 31,29 80,68 ± 26,44 60,61 ± 44,27 76,73 ± 18,75

Com renda, mas sem

emprego 63,67 ± 27,14 36,94 ± 38,81 7,93 ± 3,01 58,62 ± 21,48 63,39 ± 22,43 75,00 ± 28,17 54,81 ± 44,22 78,67 ± 17,64

p-valorb 0,82 0,83 0,92 1,00 0,94 0,68 0,94 0,92

Situação de moradia

Mora sozinho(a) 65,00 ± 28,50 50,00 ± 43,30 9,84 ± 3,06 70,22 ± 26,18 62,22 ± 26,23 90,28 ± 17,43 62,96 ± 45,47 87,56 ± 13,18

Mora com companhia 64,41 ± 26,84 35,64 ± 38,95 7,78 ± 2,97 57,20 ± 21,51 63,02 ± 23,16 75,12 ± 27,70 55,45 ± 44,29 77,50 ± 17,94

p-valora 0,97 0,36 0,06 0,10 0,90 0,09 0,55 0,08

DP: desvio padrão; SUS: Sistema Único de Saúde; aTeste de Mann-Whitney; bTeste de Kruskal-Wallis; CF: Capacidade Funcional; AF: Aspectos Físicos; DF: Dor; EGS: estado

geral de saúde; VIT: Vitalidade; AS: Aspectos sociais; AE: Aspsectos Emocionais; SM: Saúde Mental.

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Tabela 7. Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis clínicas de pacientes em tratamento hemodialítico em duas clínicas de

Cuiabá-MT, 2018.

Variáveis CF AF DF EGS VIT AS AE SM

Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP

Diabetes

Não 68,57 ± 24,32 39,88 ± 40,91 8,06 ± 2,98 59,85 ± 22,98 66,13 ± 21,35 76,64 ± 27,43 59,52 ± 43,00 79,05 ± 16,91

Sim 51,15 ± 30,60 26,92 ± 32,34 7,58 ± 3,14 53,15 ± 18,38 52,69 ± 26,65 52,69 ± 26,65 44,87 ± 47,09 76,00 ± 20,49

p-valora 0,01 0,23 0,43 0,14 0,02 0,78 0,17 0,71

Hipertensão Arterial

Não 71,30 ± 19,74 37,96 ± 36,28 8,21 ± 3,11 59,81 ± 25,26 62,41 ± 23,67 76,39 ± 27,59 65,43 ± 39,74 79,26 ± 17,96

Sim 62,23 ± 28,52 36,45 ± 40,44 7,86 ± 2,99 57,76 ± 21,09 63,13 ± 23,32 76,36 ± 27,33 53,01 ± 45,39 78,02 ± 17,81

p-valora 0,30 0,64 0,55 0,57 0,92 0,83 0,24 0,67

Dislipidemia

Não 64,85 ± 26,82 34,75 ± 39,23 7,92 ± 3,01 58,90 ± 22,70 62,30 ± 23,50 75,75 ± 27,80 55,33 ± 43,99 77,52 ± 18,25

Sim 60,50 ± 28,13 57,50 ± 35,45 8,17 ± 3,15 51,90 ± 13,77 69,50 ± 21,14 82,50 ± 21,41 63,33 ± 48,30 86,40 ± 8,88

p-valora 0,55 0,05 0,78 0,23 0,33 0,64 0,52 0,15

Volume de urina/24h

Até 500 mL 64,82 ± 26,95 36,61 ± 38,70 8,04 ± 3,00 56,64 ± 21,86 61,43 ± 22,68 76,79 ± 28,39 56,35 ± 44,20 77,81 ± 18,32

≥ 500 ml 63,27 ± 26,98 37,50 ± 41,98 7,63 ± 3,10 63,50 ± 22,40 67,88 ± 25,03 75,00 ± 23,72 55,13 ± 45,16 80,00 ± 16,08

p-valora 0,78 0,99 0,60 0,17 0,17 0,43 0,83 0,59

DP: desvio padrão; aTeste de Mann-Whitney; CF: Capacidade Funcional; AF: Aspectos Físicos; DF: Dor; EGS: estado geral de saúde; VIT: Vitalidade; AS: Aspectos sociais;

AE: Aspsectos Emocionais; SM: Saúde Mental.

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Na análise bivariada entre as pontuações médias dos domínios do SF-36 e variáveis

clínicas (Tabela 8), podemos observar diferenças de médias significativas entre a ocorrência

ou não de diabetes mellitus e os domínios CF (p= 0,01) e VIT (p= 0,02), sendo as médias de

pontuação de CF e VIT maiores entre os indivíduos não diabéticos, o que significa que os

indivíduos que não possuem diagnóstico de DM encontravam-se com melhor qualidade de vida

em relação aos domínios CF e VIT.

No estudo de CASTRO et al. (2003), que analisou QV em 212 pacientes em uma clínica

de hemodiálise verificou-se que indivíduos portadores de DM tinham valor menor nos domínios

CF (46±32) e VIT (51±21), sendo as médias desses domínios maiores em pacientes não

diabéticos, corroborando com os resultados do presente estudo.

A DM é uma DCNT que representa um problema de saúde pública devido ao aumento de

sua incidência e prevalência e por se tratar de uma doença progressiva, em que os indivíduos

acometidos tendem a deteriorar seu estado de saúde com o passar do tempo, quando começam

a aparecer as complicações derivadas de um mau controle glicêmico (FARIA et al. 2012). Essa

situação pode acarretar uma depreciação da qualidade de vida, pois se reflete em seus diferentes

aspectos, como debilidade do estado físico, prejuízo da capacidade funcional, dor em membros

inferiores, falta de vitalidade, dificuldades no relacionamento social, instabilidade emocional,

entre outros. O DM pode afetar negativamente o bem-estar físico em decorrência das

complicações agudas e crônicas e das demandas do tratamento (FARIA et al. 2012).

Nas análises entre as pontuações médias dos domínios do SF-36 e variáveis de

comportamentos relacionados à saúde (Tabela 9), encontrou-se uma diferença de média

significativa entre os indivíduos que praticavam exercício físico e os domínios CF (p<0,01) e

VIT (p=0,01), em que os indivíduos que disseram ter praticado algum exercício físico nos 3

meses anteriores à entrevista possuíam melhor pontuação nesses domínios, caracterizando

assim, melhor qualidade de vida relacionado a esses aspectos. Em um estudo realizado com 115

pacientes em tratamento hemodialítico no hospital das clínicas em Porto Alegre, estudo esse

que avaliou indivíduos que praticavam ou não exercício físico, houve a constatação de que os

valores de todos os domínios do SF-36 foram maiores nos indivíduos que praticavam exercício

físico (MARTINEZ et al. 2011).

A QV mostrou-se melhor nos aspectos CF e VIT nos indivíduos que realizavam

exercício, possivelmente porque a pratica diária de qualquer exercício físico melhora o ânimo

do indivíduo, dá mais força e disposição para realizar suas tarefas diárias (PAULETTO e LIMA,

2009). Segundo KNAP et al. (2005) realizar exercícios durante a diálise aumenta a tolerância

ao esforço físico e qualidade de vida dos pacientes, pode reduzir o rebote de soluto e levar a

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maior efetividade da diálise, além de contribuir para maior e mais fácil aderência ao exercício,

agindo como uma intervenção eficiente para aumentar a flexibilidade e dar motivação em um

ambiente estruturado e monótono. A pouca adesão à pratica de exercício físico e a baixa QV

são situações comuns entre os pacientes em hemodiálise, o que pode ser explicado por

condições como idade avançada, tempo de diálise, baixo condicionamento físico e até a anemia

própria da DRC (MARTINEZ et al. 2011).

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Tabela 8. Diferenças de médias entre os domínios do SF-36 e variáveis de comportamentos relacionados à saúde de pacientes em tratamento

hemodialítico em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018.

Variáveis CF AF DF EGS VIT AS AE SM

Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP Média±DP

Fumante atual

Não 64,51 ± 26,65 36,17 ± 39,10 7,92 ± 3,03 57,71 ± 21,90 62,52 ± 23,52 75,49 ± 27,84 55,02 ± 44,45 77,79 ± 18,01

Sim 63,57 ± 31,85 46,43 ± 44,32 8,34 ± 2,92 66,43 ± 24,89 69,29 ± 20,09 89,29 ± 11,25 71,43 ± 40,50 86,29 ± 11,97

p-valora 0,99 0,66 0,76 0,34 0,55 0,36 0,35 0,21

Consumo de bebida alcoólica

Não 64,32 ± 26,91 35,23 ± 38,59 8,00 ± 2,98 59,05 ± 20,62 62,22 ± 23,78 75,43 ± 27,56 54,17 ± 44,72 77,27 ± 17,92

Sim 63,81 ± 27,24 45,24 ± 42,29 7,90 ± 3,17 56,48 ± 27,44 65,24 ± 21,82 80,95 ± 26,70 66,67 ± 40,82 82,86 ± 17,21

p-valora 0,98 0,37 0,92 0,78 0,61 0,27 0,26 0,09

Prática de exercício físico

Não 58,04 ± 26,27 34,06 ± 36,37 7,66 ± 2,89 58,26 ± 21,27 58,77 ± 22,84 77,36 ± 26,19 55,56 ± 44,16 78,61 ± 18,37

Sim 75,24 ± 24,49 41,46 ± 43,88 8,42 ± 3,19 58,27 ± 23,66 70,00 ± 22,61 74,70 ± 29,25 56,91 ± 44,87 77,85 ± 16,93

p-valora <0,01 0,58 0,24 0,83 0,01 0,76 0,86 0,61

DP: desvio padrão; aTeste de Mann-Whitney; CF: Capacidade Funcional; AF: Aspectos Físicos; DF: Dor; EGS: estado geral de saúde; VIT: Vitalidade; AS: Aspectos sociais;

AE: Aspsectos Emocionais; SM: Saúde Mental.

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A análise bivariada entre as pontuações dos domínios do SF-36 e as variáveis

independentes quantitativas contínuas é apresentada na Tabela 9. Foi observada uma correlação

negativa significativa entre a CC e a CF (r: -0,28; p= <0,01), em que à medida que aumenta o

valor da CC, diminui a pontuação do domínio CF. Verificou-se também que houve uma

correlação negativa significativa entre o IMC e o domínio CF (r: -0,21; p=0,03), ou seja, à

medida que aumenta o valor do IMC, diminui a pontuação do domínio CF, caracterizando pior

a QV relacionada a esse domínio.

Estudos de correlação entre CC e QV usando o SF-36 são escassos no Brasil. No

estudo de SANTOS et al. (2013), com 30 pacientes, os autores não encontraram correlação

estatisticamente significante entre IMC e os domínios do SF-36. Porém, BARROS (2015)

avaliou a QV de pacientes em hemodiálise a partir de um instrumento denominado WHOQOL,

e constatou que o domínio físico era reduzido com o aumento da CC, ou seja, quanto maior CC

menor a pontuação da QV para o domínio físico. Com o aumento do IMC e o surgimento do

sobrepeso ou obesidade, podem surgir consequências aos portadores de DRC, como menor

TFG, maior proteinúria, além de diminuir ritmo de exercício físico e de atividades de vida

diária. Com isso, aumenta o percentual de gordura corporal e diminui massa muscular,

ocasionando perda da capacidade funcional, consequentemente pior QV nesse aspecto, o

mesmo ocorre com a CC aumentada, além de que a CC e o IMC estão associados à várias

complicações na DRC, como por exemplo, maior incidência e prevalência de nefrolitíase

(KOVESDY et al. 2017).

Quanto à medida da EMAP, foi observada uma correlação positiva entre a pontuação

do domínio AF com o valor da EMAP (r: 0,23; p= 0,02), ou seja, à medida que aumenta o valor

da EMAP, aumenta também a pontuação deste domínio. A EMAP vem sendo sugerida como

marcador de massa muscular, ou seja, a medida que o paciente realiza exercício físico e as

atividades de vida diária, melhora a saúde física (PEREIRA et al. 2013). EMAP diminuída tem

sido associada à sarcopenia, que é a perda muscular com diminuição da CF, incapacidade física

e com pior qualidade de vida (PAMA, 2016). Esse dado vai de acordo com o encontrado no

presente estudo esclarecendo porque a EMAP tem correlação positiva com os AF, pois quanto

maior o valor da EMAP, melhor a QV (PAMA, 2016). Não foram encontrados na literatura

brasileira estudos que façam correlação da EMAP com qualidade de vida.

Foi encontrada uma correlação positiva entre o tempo de diálise e a pontuação do

domínio AE (r: 0,19; p= 0,05), o que caracteriza que conforme aumenta o tempo em que o

paciente está em tratamento dialítico, aumenta a pontuação do domínio AE. É possível que

esses indivíduos desenvolvam certa estabilidade emocional com o passar do tempo em

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tratamento hemodialítico. No artigo de LUTZ et al. (2010) verificou-se que tempo total de

tratamento hemodialítico tinha correlação positiva com capacidade funcional (r = 0,30, p<

0,045), limitação por aspectos físicos (r = 0,45, p = 0,002) e aspectos emocionais (r =0,39, p <

0,010), resultado este que corrobora com o presente estudo. SANTOS e PONTES (2007),

também de forma semelhante aos nossos resultados, observaram que maior tempo em diálise

se associa à melhora de aspectos mentais da QV em portadores de DRC e sugerem que, como

ocorre em outras doenças crônicas, existe uma adaptação psicológica em relação à doença,

sendo supostamente a explicação para esse fato. Ainda, segundo WU et al. (2004), há um

aumento geral na funcionalidade e percepção de bem-estar após um ano de diálise, tanto por

diálise peritoneal ou hemodiálise.

Outra correlação positiva significativa existente neste estudo foi entre o valor de

hemoglobina e os domínios CF (r= 0,21; p=0,03) e EGS (r= 0,20; p=0,04), sendo que à medida

que aumentam os valores de hemoglobina, aumenta a pontuação dos domínios citados acima.

Isso supostamente ocorre, pois, os pacientes em tratamento hemodialítico uma anemia própria

da DRC, causada pela produção insuficiente de eritropoetina (hormônio produzido no rim e que

estimula a produção de células vermelhas do sangue). Essa anemia provoca incapacidade física

e mental e é responsável pela redução da sobrevida e da QV dos pacientes renais crônicos

(FRONZA et al. 2014). Desta forma, se a hemoglobina estiver com valor adequado, significa

que o paciente não possui um quadro de anemia instalado, e consequente apresenta maior

capacidade funcional, vitalidade e disposição para realizar suas tarefas diárias. Alguns estudos

observaram correlação positiva entre nível de hemoglobina e maiores pontuações relacionadas

ao nível de QV utilizando os instrumentos Sickness Impact Profile (SIP) e Kidney Disease

Questionaire (KDQ) (MORENO et al., 2000; FURULAND et al. 2003; SANTOS, 2005). No

estudo de Santos (2009) a hemoglobina se correlacionou com o DF (dor) (r= 0,209; p=0,007) e

VIT (r=0,157; p=0,047) do SF-36.

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Tabela 9. Correlação entre a pontuação dos domínios do SF-36 e variáveis clínicas e de estado nutricional de pacientes em tratamento hemodialítico

em duas clínicas de Cuiabá-MT, 2018.

Variáveis CF AF DF EGS VIT AS AE SM

IMC (kg/m2) r -0,21 -0,08 -0,09 -0,02 0,02 -0,11 -0,07 -0,01

p-valor 0,03 0,43 0,34 0,82 0,87 0,25 0,45 0,92

Circunferência da cintura (cm) r -0,28 -0,10 -0,03 0,05 -0,01 -0,12 -0,15 -0,02

p-valor <0,01 0,31 0,73 0,58 0,89 0,19 0,12 0,82

Circunferência da panturrilha

(cm)

r 0,07 -0,06 -0,11 0,09 0,09 -0,14 -0,05 -0,03

p-valor 0,46 0,53 0,24 0,34 0,37 0,15 0,61 0,77

EMAP (mm) r 0,18 0,23 0,14 -0,03 0,05 0,07 0,04 -0,05

p-valor 0,05 0,02 0,15 0,74 0,60 0,48 0,70 0,59

Tempo de diálise (anos) r 0,06 0,15 -0,02 -0,03 0,02 0,13 0,19 0,14

p-valor 0,55 0,11 0,80 0,78 0,84 0,18 0,05 0,15

Creatinina (mg/dL) r 0,17 0,13 0,12 0,01 0,08 0,10 0,18 0,05

p-valor 0,08 0,17 0,21 0,95 0,40 0,29 0,06 0,58

Fósforo (mg/dL) r -0,08 0,10 -0,06 0,05 0,02 -0,06 0,02 -0,11

p-valor 0,42 0,31 0,56 0,61 0,83 0,51 0,80 0,27

Potássio (mEq/L) r -0,06 0,10 0,02 -0,08 -0,05 -0,06 0,04 -0,16

p-valor 0,51 0,31 0,82 0,39 0,62 0,56 0,70 0,10

Hemoglobina (g/dL) r 0,21 0,16 0,12 0,20 0,06 0,05 0,05 0,02

p-valor 0,03 0,09 0,21 0,04 0,57 0,61 0,60 0,82

Albumina (g/dL) r 0,13 0,09 0,06 0,06 0,07 -0,09 0,04 0,10

p-valor 0,19 0,35 0,56 0,52 0,50 0,35 0,71 0,30

IMC: Índice de Massa Corporal; EMAP: Espessura do músculo adutor do polegar; r: coeficiente de correlação de Spearman; CF: Capacidade Funcional; AF: Aspectos Físicos;

DF: Dor; EGS: estado geral de saúde; VIT: Vitalidade; AS: Aspectos sociais; AE: Aspectos Emocionais; SM: Saúde Mental.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os pacientes com DRC em tratamento hemodialítico entrevistados, a maioria

eram adultos, do sexo masculino, da raça/cor parda, que estudaram até o ensino fundamental

completo, que viviam com companheiro(a), possuíam renda, mas não tinham emprego

(aposentados ou encostados) e que tinham até 2 salários mínimos de renda mensal individual.

As principais causas da DRC foram a HAS e o DM, também comorbidades presentes

na maioria dos pacientes. A maior parte dos pacientes entrevistados estava em tratamento

hemodialítico a menos de 4 anos, e apresentavam volume de urina em 24h de até 500 ml

(anúricos ou oligúricos). Quanto aos comportamentos relacionados à saúde, a maioria disse não

fumar, consumir bebidas alcoólicas e não praticar exercício físico.

Verificou-se maiores pontuações médias de QV nos aspectos saúde mental, aspectos

sociais e capacidade funcional e as menores médias foram para o aspecto dor e aspectos físicos.

Diferenças de médias significativas foram observadas entre as categorias de faixa

etária e CF, situação conjugal e EGS, DM e os aspectos CF e VIT e prática de exercício físico

e aspectos CF e VIT.

Correlação negativa significativa foi observada entre o aspecto CF e as variáveis IMC

e CC. Correlação positiva foi verificada entre o domínio AF e EMAP. Tempo de diálise e

domínio AE foram positivamente correlacionados. Verificou-se ainda correlação positiva

significativa entre nível de hemoglobina e os aspectos CF e VIT.

A partir dos resultados desta pesquisa, é possível concluir que os aspectos da QV

analisados pelo instrumento SF-36 que mais sofreram influência das variáveis independentes

foram a capacidade funcional e a vitalidade, porém diferenças de pontuações foram verificadas

em outros três aspectos (EGS, AF e AE).

Sabe-se que a QV é modificada em diferentes aspectos na DRC, assim como o EN

destes pacientes, que pode ser afetado tanto pela doença em si, quanto pela própria TRS. Deste

modo, realizar o monitoramento contínuo da QV, do EN e fatores associados nesta população

pode contribuir para que estes pacientes tenham maior sobrevida, tratamento adequado à sua

condição clínica e tenham maior qualidade de vida.

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61

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa “Estado

Nutricional e Qualidade de vida de Pacientes com Doença Renal Crônica em Tratamento

Hemodialítico”. Este estudo tem como objetivo analisar o estado nutricional, a qualidade de

vida e alguns fatores associados em pacientes com doença renal crônica que estejam realizando

tratamento por hemodiálise.

Com a avaliação do estado nutricional é possível identificar alterações nutricionais

(como desnutrição e obesidade) e com a avaliação da qualidade de vida é possível conhecer

sobre a satisfação do indivíduo no que diz respeito à sua vida quotidiana. Como estes

conhecimentos os profissionais de saúde podem evitar que aconteçam alterações ou tratar

aquelas que já tenham acontecido.

Sua participação neste estudo não é obrigatória. Caso aceite participar, saiba que a

qualquer momento você poderá desistir e retirar seu consentimento. Sua recusa, desistência ou

retirada de consentimento não lhe causará prejuízos na continuidade de seu tratamento. Sua

participação não será remunerada e nem implicará em gastos para você.

Participação no estudo: Sua participação nesta pesquisa será em duas etapas e a

primeira é uma entrevista com perguntas sobre seu estado civil, condição de moradia,

raça/cor, anos de estudo, renda individual mensal, prática de atividade física, hábito de fumar,

consumo de bebidas alcoólicas, hábitos alimentares (como está sua alimentação), uso de

medicamentos e sintomas gastrointestinais (como vômito, ânsia de vômito, funcionamento do

intestino e apetite). Além disso, serão feitas a você perguntas sobre sua qualidade de vida e

impacto da sua saúde na realização de atividades do dia-a-dia e de trabalho. A segunda etapa

de sua participação na pesquisa será a medição de peso, altura, circunferência da cintura,

circunferência da panturrilha e espessura do músculo adutor do polegar (tamanho do músculo da

mão). As entrevistas serão realizadas durante sua sessão de hemodiálise e terão duração

estimada de 1(uma) hora e as medidas do corpo serão realizadas ainda na clínica, ao término

da sessão de hemodiálise, após liberação da equipe médica. A entrevista e as medidas serão

realizadas por membros da equipe de pesquisa devidamente treinados.

Ainda, pedimos sua autorização para usar o seu prontuário, que fica na clínica de

hemodiálise e tem anotações do médico e da equipe de Enfermagem. Neste documento teremos

acesso a informações sobre sua condição de saúde, como o diagnóstico de doenças,

medicamentos que você utiliza, resultados de exames, avaliações e procedimentos médicos

realizados no último ano (como transfusão de sangue, cirurgias, internações, complicações da

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doença).

Os dados apenas serão coletados após a explicação detalhada de um entrevistador

sobre os procedimentos que serão realizados e após você dar seu consentimento por meio de

assinatura desse documento. Essa pesquisa não inclui o registro de áudios, vídeos ou imagens.

Benefícios: Como benefício desta pesquisa podemos citar a produção de

conhecimento científico sobre o estado nutricional, a qualidade de vida e fatores diversos

associados a estes aspectos em pacientes com doença renal crônica e que estejam em tratamento

por hemodiálise em Cuiabá-MT, de forma a entender, prevenir ou aliviar possíveis alterações

neste grupo de pessoas. Além disso, ao final do estudo, lhe será oferecido um atendimento

nutricional com o diagnóstico do seu estado nutricional e da qualidade da sua alimentação e

informações sobre a sua qualidade de vida.

Riscos: Os riscos deste estudo são mínimos devido a possível incômodo ou

desconforto que você possa sentir na realização da entrevista ou das medidas corporais. Caso

isto aconteça, a entrevista ou realização das medidas corporais será imediatamente

interrompida, suas dúvidas serão esclarecidas e você pode optar por marcar um outro momento

para a participação na pesquisa ou pode recusar-se a continuar e retirar o seu consentimento.

Caso você sinta algum mal-estar devido aos procedimentos da pesquisa, você estará dentro da

clínica de hemodiálise e a equipe de profissionais da clínica poderá ser chamada para dar

assistência.

Além disso, sua participação neste estudo apresenta riscos mínimos quanto à

confidencialidade e anonimato. Para garantir o sigilo de suas informações, todos os

entrevistadores recebem treinamento que incluem orientações éticas quanto à exigência de

sigilo sobre as informações coletadas. Os dados agrupados serão tratados de forma a compor

publicações científicas, as quais poderão ser apresentadas em eventos científicos e publicadas

em revistas científicas, sem que a sua identidade seja revelada.

Com quem você deve entrar em contato em caso de dúvida:

Se você tem alguma questão ou dúvidas sobre a pesquisa você pode entrar em contato

com a pesquisadora responsável: Gabriela Dalcin Durante, Professora da Faculdade de

Nutrição, da Universidade Federal de Mato Grosso, SIAPE nº 2759894. Endereço: Av.

Fernando Corrêa da Costa, nº 2367, Bloco CCBS I, 1º piso, sala 13, Bairro Boa Esperança,

Cuiabá – MT, CEP: 78060-900. E-mail: [email protected] Telefones: (65)99972-

7142/98139-2939, (65)3615-8808.

Suas dúvidas podem também ser enviadas para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP

Saúde) da Universidade Federal de Mato Grosso: Faculdade de Medicina – UFMT, Avenida

Fernando Corrêa da Costa, Bloco CCBSI, Nº 2367 - Boa Esperança, Cuiabá- MT, CEP 78060-

900, Fone: (65) 3615-6240/3615-8854.

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Declaração de Consentimento:

Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito do estudo acima citado que

li ou que foram lidas para mim. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os

procedimentos a serem realizados, seus riscos e benefícios, as garantias de confidencialidade,

sigilo e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação não terá

custos ou despesas e que não é obrigatória. Concordo voluntariamente em participar deste

estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou qualquer

tipo de prejuízo.

Eu receberei uma via desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a

outra ficará com o pesquisador responsável por essa pesquisa. Além disso, estou ciente de que eu

e o pesquisador responsável deveremos assinar esse TCLE.

Nome do Participante

____/___/2018

Assinatura do Participante Data

____/___/2018

Gabriela Dalcin Durante (Pesquisadora responsável) Data

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APÊNDICE 2 – Questionário A

QUESTIONÁRIO INDIVIDUAL DA PESQUISA

PARTE 1: Dados de identificação, variáveis socioeconômicas e demográficas

1. Data do preenchimento deste questionário: ____ / /_________

2. Este formulário foi preenchido por: _______________________________

3. Código de identificação: _____________________________________________

4. Para a necessidade de possíveis checagens coloque aqui as Iniciais do nome do paciente:

__________________ (Esta informação não entra no banco de dados)

5. Dias das sessões de HD: ( ) segunda/quarta/sexta ( ) terça/quinta/sábado

6. Turno da diálise: ( ) 1º turno ( ) 2º turno ( ) 3º turno

7. Data de nascimento: / /

8. Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

9. Qual seu estado conjugal atual?

( ) solteiro(a) ( ) casado(a) legalmente ( ) tem união estável há mais de seis meses ( )

viúvo(a) ( ) separado(a) ou divorciado(a) ( ) não quis informar

10. Considera que sua cor ou raça é:

( ) branca ( ) preta ( ) amarela ( ) parda ( ) indígena ( ) não sabe ( ) não quis informar

11. Até que série e grau o(a) sr.(a) estudou? _________

12. Qual a última série ou ano de estudo o(a) sr.(a) COMPLETOU? _________

13. Em qual cidade o(a) sr(a) reside? _________

14. Quanto tempo demora para deslocar-se da sua residência para a clínica de hemodiálise (em

minutos ou horas)? _________

15. Necessitou mudar-se para Cuiabá devido ao tratamento de hemodiálise? ( ) Sim ( )Não Se sim,

há quanto tempo reside em Cuiabá (meses ou anos)? ________

16. Qual a sua condição de moradia atualmente?

( ) mora sozinho(a) ( ) mora com cuidador(a) ( ) mora com familiares ( )

mora em casa de apoio da prefeitura ( ) mora com amigos ou conhecidos ( )

sem teto

17. Tinha trabalho remunerado antes de iniciar a hemodiálise? ( ) sim ( ) não

18. Sobre seu trabalho, atualmente você:

( )Está desempregado ( )É autônomo ( )É funcionário público ( )É funcionário de empresa

privada ( )Recebe auxílio-doença/encostado* ( )Recebe auxílio de programa de transferência

direta de renda- Bolsa Família ( )É aposentado: [ ] por invalidez [ ] por tempo de serviço [

] Por idade

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19. Aproximadamente, qual a sua renda individual (em salários mínimos) por mês, considerando o

salário mínimo atual de R$ 954,00: ( ) nenhum ( ) 1 a 2 salários ( ) 3 a 4 salários ( ) 5 ou mais

salários

PARTE 2: Comportamentos relacionados à saúde

20. O sr(a), atualmente, é fumante? ( )Sim ( )Não ( )Não quis informar

a. Caso SIM, há quanto tempo fuma?

b. Caso SIM, quantos cigarros fuma por dia?

c. Caso NÃO, já fumou em algum período da vida? ( )Sim ( )Não

d. Se ex-fumante, por quanto tempo fumou?

e. Se ex-fumante, quanto tempo de abstenção?

21. Costuma ingerir bebida alcoólica? ( )Sim ( )Não Caso SIM:

a. Com que frequência você ingere bebidas alcoólicas?

( )diariamente ( ) 1-3x/semana ( ) 4-6x/semana ( ) 1-3x/mês ( )Ocasionalmente

b. O que o(a) sr(a) costuma beber?

( )cerveja/chopp ( )vinho ( )destilados [cachaça, vodka ou whisky]

c. Quanto o(a) sr(a) costuma beber?

Copo Lata

Taça Garrafa

Dose Outra medida

d. Há quanto tempo bebe?

( ) menos de 1 ano ( ) 1-5anos ( ) 5-15anos ( ) 16 anos ou mais

22. Nos últimos três meses, o(a) sr.(a) praticou algum tipo de exercício físico ou esporte?

( )Sim ( ) Não

23. Qual o tipo principal de exercício físico ou esporte que o(a) sr.(a) praticou?

ANOTAR APENAS O PRIMEIRO CITADO

( ) caminhada (inclui caminhada em esteira) ( ) artes marciais e luta (jiu-jítsu, karatê, etc.)

( ) corrida (cooper ou em esteira) ( ) bicicleta (inclui ergométrica)

( ) musculação ( ) futebol/futsal ou basquetebol

( ) ginástica aeróbica (spinning, step, jump) ( ) voleibol/ futevôlei ou tênis

( ) ginástica em geral (alongamento, pilates, ioga) ( ) dança (balé, dança de salão ou do ventre)

( ) hidroginástica ou natação ( ) outros

24. Quantos dias por semana o(a) sr.(a) costuma praticar exercício físico ou esporte?

( ) 1 a 2 dias por semana ( ) 3 a 4 dias por semana

( ) 5 a 6 dias por semana ( ) todos os dias (inclusive sábado e domingo)

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25. No dia que o(a) sr.(a) pratica exercício ou esporte, quanto tempo dura esta atividade (em minutos

ou horas? ________

PARTE 4: Dados clínicos

26. Quanto o(a) sr(a) urinou nas últimas 24 horas?

( ) Nada/anúrico a 99 ml ( ) 100 a 500 ml ( ) 501 a 1000 ml ( ) 1001 a 2000 ml

27. Tem história familiar de Doença Renal Crônica, com necessidade de diálise?

( ) Sim ( )Não (OBS: marcar “SIM’ quando pais, avós e irmãos tiverem história de DRC)

28. Se usa quelante de fósforo (carbonato de cálcio ou Renagel®), com que frequência durante as

últimas quatro semanas você deixou de tomar o medicamento prescrito?

( ) Todo dia ou quase todo dia ( ) 2 a 3 vezes por semana ( ) 4 a 5 vezes por semana

( ) Cerca de uma vez na semana ( ) Menos do que uma vez na semana ( ) Nunca ou quase nunca

29. Em que horário o(a) sr(a) usa o quelante de fósforo (carbonato de cálcio ou Renagel®)?

( ) Pouco antes das refeições ( ) Logo após as refeições ( ) Intervalo entre as refeições

30. O(a) sr(a) está fazendo dieta para emagrecer atualmente? ( )Sim ( )Não

31. Nas últimas 4 semanas, o(a) sr(a) mudou a quantidade de alimentos que costuma comer? ( )Sim

( )Não

a. Se sim, mudou a quantidade que consome? ( )Não ( )Sim, diminuiu ( )Sim, aumentou

b. Se sim, mudou a consistência dos alimentos? ( ) Para pastosos ( ) Para líquidos

32. O(a) sr(a) usa algum tipo de suplemento alimentar (tal como leite enriquecido, Sustagen®,

Nutren®?) ( )Sim ( )Não

33. Nas últimas semanas o(a) sr(a) sentiu algum destes sintomas a seguir?

Sintomas Possui? Qual a frequência semanal? Qual a intensidade?

Náuseas

vômito)

(ânsia de

(

)Sim

(

)Não

(

(

)1-2x

)5-6x

(

(

) 3-4x

)Todos os dias

(

(

(

) Leve

) Moderado

) Forte

Vômitos

(

)Sim

(

)Não

(

(

)1-2x

)5-6x

(

(

) 3-4x

)Todos os dias

(

(

(

) Leve

) Moderado

) Forte

Diarreia (3 ou mais

dejeções líquidas/dia)

(

)Sim

(

)Não

(

(

)1-2x

)5-6x

(

(

) 3-4x

)Todos os dias

(

(

(

) Leve

) Moderado

) Forte

Má digestão (Pirose)

(

)Sim

(

)Não

(

(

)1-2x

)5-6x

(

(

) 3-4x

)Todos os dias

(

(

(

) Leve

) Moderado

) Forte

Falta de apetite

(

)Sim

(

)Não

(

(

)1-2x

)5-6x

(

(

) 3-4x

)Todos os dias

(

(

(

) Leve

) Moderado

) Forte

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PARTE 5: Exame Físico (Realizado pelo entrevistado; não perguntar ao paciente)

A. Assinale as áreas com aparente PERDA DE GORDURA:

( ) Bíceps ( ) Tríceps ( ) Peito ( ) Abaixo dos olhos ( ) Não se aplica

a. Como classifica a perda de gordura?

( ) Leve ( ) Moderada ( ) Grave ( ) Gravíssima ( ) Não se aplica

B. Assinale as áreas com PERDA MUSCULAR aparente:

( ) têmpora ( ) clavícula ( ) acrômio (ombro) ( ) escápula ( ) costelas

( ) músculo interósseo da mão ( ) quadríceps ( ) joelho ( ) panturrilha ( ) nenhuma

a. Classificação da perda muscular:

( ) Leve ( ) Moderada ( ) Grave ( ) Gravíssima ( ) Não se aplica

PARTE 6: Dados Antropométricos

Peso pré-diálise: Kg Peso pós-diálise (seco): Kg

1. Altura: ( ) Aferida ( ) Estimada Motivo para estimar:

Medida 1: cm Medida 2: cm Média: cm

2. Índice de Massa Corporal (IMC): kg/m2

3. Circunferência da cintura:

Medida 1: cm Medida 2: cm Média: cm

Motivo que possa invalidar a medida da circunferência da cintura (ex: hérnia umbilical,

doença renal policística): _________

4. Circunferência da panturrilha esquerda :

Medida 1: cm Medida 2: cm Média: cm

5. Espessura do músculo adutor do polegar (EMAP):

Medida 1: ____mm Medida 2: _____mm Medida 3____ mm Média:_ mm

PARTE 7: COLETA DE DADOS DOS PRONTUÁRIOS

1. Data (dia/mês/ano) da 1° sessão de hemodiálise nesta clínica: / /

2. Data (dia/mês/ano) da 1ª diálise de manutenção (peritoneal ou hemodiálise), ou seja, a 1ª diálise

após o paciente ser informado que tinha chegado a fase da doença que iria precisar de diálise para

o resto da vida, ou seja estágio final da doença renal:

3. A cobertura do tratamento dialítico é feita pelo:

( ) SUS ( ) Plano Privado de Saúde ( ) Particular ( ) Outro: _______________

4. Doença renal mais provável de ter causado falência renal com necessidade de diálise:

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( ) hipertensão arterial sistêmica

( ) diabetes

( ) glomerulonefrite primária

( ) glomerulonefrite secundária

( ) rins policísticos

( ) doença obstrutiva

( ) nefropatia tubulointersticial

( ) outra causa

5. Já foi transplantado? ( )sim ( )não Caso SIM:

Há quanto tempo realizou o transplante (meses ou anos)? __________

Por quanto tempo (meses ou anos) permaneceu com o rim transplantado? ________

Há quanto tempo retornou para a hemodiálise (meses ou anos)? ________________

6. Comorbidades (marque todas as opções que constem no prontuário):

( ) diabetes

( ) hipertensão arterial

( ) dislipidemia

( ) insuficiência cardíaca congestiva; grau/classe:

( ) doença arterial coronária; grau/classe:

( ) doença pulmonar obstrutiva crônica; grau/classe:

( ) sequela neurológica grave

( ) câncer/quimioterapia recente

( ) trombose venosa profunda

( ) doença cerebrovascular

( ) tromboembolismo pulmonar

( ) HIV

( ) asma

( ) depressão ou outra doença psiquiátrica

( ) infecção por vírus B ou C

( ) hepatopatia crônica

( ) pancreatite crônica

( ) lúpus ou outras doenças autoimunes

( ) outros

7. Medicações em uso:

( ) Para controle da pressão arterial

( ) Diurético

( ) Para diabetes (antihipoglicemiante oral ou insulina)

( ) Quelante de fósforo (Renagel®, carbonato de cálcio ou outros)

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( ) Eritropoietina (Hemax®)

( ) Reposição de ferro intravenoso (Noripurum® ou outros)

( ) Suplemento de vitamina D

( ) Suplemento de cálcio

( ) Suplemento de outras vitaminas ou minerais

( ) Outros

8. Tipo de acesso vascular no momento da coleta de dados:

( ) fístula arteriovenosa ( )cateter temporário ( ) cateter permanente ( ) Outro

9. Ocorrência de transfusão de sangue nos últimos três meses: ( )Sim ( )Não

10. Peso seco há 6 meses (Kg):

Peso seco há 3 meses (Kg):

11. Perda de peso (nos últimos 6 meses) até a atualidade (Kg):

% perda de peso:

12. Mudança de peso seco nos últimos 3 a 6 meses:

( ) Sem redução no peso seco ou redução de peso < 0,5 kg

( ) Redução do peso ≥ 0,5 kg, mas < 1 kg

( ) Redução de peso > 1 kg, mas < 5% ( ) Redução de peso > 5%

13. Ganho de peso interdialítico (média das últimas 3 sessões):

14. Bioimpedância (BCM):

Data da realização: / /

Peso utilizado (Kg):

Altura utilizada (cm):

Tecido adiposo (% e Kg):

Massa magra (% e Kg):

Hiperidratação (% e litros):

15. Exames laboratoriais:

Exame Resultado Data de coleta

Kt/V / /

Ureia Pré‐diálise: / /

Ureia Pós‐diálise: / /

Cálcio: / /

Fósforo: / /

Potássio: / /

Albumina: / /

Ferro sérico / /

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Capacidade total de ligação do ferro (CTLF): / /

Transferrina sérica / /

Hematócrito: / /

Hemoglobina: / /

Série Branca

Leucócitos (%) / /

Neutrófilos (%) / /

Eosinófilos (%): / /

Basófilos (%) / /

Linfócitos (%) / /

Monócitos (%) / /

Creatinina: / /

PCR: / /

PTHi: / /

Colesterol Total: / /

HDL: / /

LDL: / /

Triglicérides: / /

Alumínio: / /

25 OH Vitamina D / /

1,25 Diidroxi Vitamina D / /

Ácido úrico

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ANEXO 1 – Termos de autorização para realização da pesquisa nas clínicas

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ANEXO 2 – Certificado de apresentação de Apreciação Ética

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ANEXO 3 – Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida -SF-36

1- Em geral você diria que sua saúde é:

Excelente Muito

Boa

Boa Ruim Muito

Ruim

1 2 3 4 5

2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora?

Muito

Melhor

Um Pouco

Melhor

Quase a

Mesma

Um Pouco

Pior

Muito

Pior

1 2 3 4 5

3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia

comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas atividades? Neste caso, quando?

Ativida

des

Sim,

dificult

a muito

Sim,

dificulta

um pouco

Não, não

dificulta de

modo algum

a) Atividades Rigorosas, que exigem muito esforço,

tais como

correr, levantar objetos pesados, participar em esportes

árduos.

1 2 3

b) Atividades moderadas, tais como mover uma mesa,

passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.

1 2 3

c) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3

d) Subir vários lances de escada 1 2 3

e) Subir um lance de escada 1 2 3

f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3

g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3

h) Andar vários quarteirões 1 2 3

i) Andar um quarteirão 1 2 3

j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3

4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou

com alguma atividade regular, como consequência de sua saúde física?

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Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras

atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras atividades. 1 2

d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (ex. necessitou de

esforço extra).

1 2

5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou

outra atividade regular diária, como consequência de algum problema emocional (como se sentir

deprimido ou ansioso)?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras

atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente

faz.

1 2

6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais

interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo?

De forma

nenhuma

Ligeirament

e

Moderadament

e

Bastant

e

Extremament

e

1 2 3 4 5

7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?

Nenhum

a

Muito

leve

Lev

e

Moderad

a

Grave Muito

grave

1 2 3 4 5 6

8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal (incluindo o

trabalho dentro de casa)?

De maneira

alguma

Um

pouco

Moderadament

e

Bastant

e

Extremament

e

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1 2 3 4 5

9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as

últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime de maneira

como você se sente, em relação às últimas 4 semanas.

Todo

Tempo

A

maior

parte

do

tempo

Uma

boa

parte do

tempo

Alguma

parte do

tempo

Uma

pequena

parte do

tempo

Nunca

a) Quanto tempo você

tem se

sentindo cheio de

vigor, de

vontade, de força?

1

2

3

4

5

6

b) Quanto tempo você

tem se sentido uma pessoa

muito nervosa?

1 2 3 4 5 6

c) Quanto tempo você

tem se sentido tão

deprimido que nada

pode anima-lo?

1

2

3

4

5

6

d) Quanto tempo você

tem se sentido calmo ou

tranquilo?

1 2 3 4 5 6

e) Quanto tempo você

tem se

sentido com muita

energia?

1 2 3 4 5 6

f) Quanto tempo você tem

se sentido desanimado ou

abatido?

1 2 3 4 5 6

g) Quanto tempo você 1 2 3 4 5 6

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tem se sentido esgotado?

h) Quanto tempo você

tem se sentido uma

pessoa feliz?

1 2 3 4 5 6

i) Quanto tempo você tem

se sentido cansado?

1 2 3 4 5 6

10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais

interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?

Todo

Tempo

A maior parte

do tempo

Alguma parte

do tempo

Uma

pequena

parte do

tempo

Nenhuma parte

do tempo

1 2 3 4 5

11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?

Definitivamente

verdadeiro

A maioria

das vezes

verdadeiro

Não

sei

A

maioria

das vezes

falso

Definitiva-

mente falso

a) Eu costumo obedecer

um pouco mais facilmente

que as outras pessoas

1 2 3 4 5

b) Eu sou tão saudável

quanto

qualquer pessoa que eu

conheço

1 2 3 4 5

c) Eu acho que a minha

saúde vai piorar

1 2 3 4 5

d) Minha saúde é

excelente

1 2 3 4 5

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8. ANEXO 4 – Cálculo dos escores do questionário de qualidade de vida

Fase 1: Ponderação dos dados

Questão Pontuação

01 Se a resposta

for 1

2

3

4

5

Pontuação

5,0

4,4

3,4

2,0

1,0

02 Manter o mesmo valor

03 Soma de todos os valores

04 Soma de todos os valores

05 Soma de todos os valores

06 Se a resposta

for 1

2

3

4

5

Pontuaçã

o 5

4

3

2

1

07 Se a resposta

for 1

2

3

4

5

6

Pontuação

6,0

5,4

4,2

3,1

2,0

1,0

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08 A resposta da questão 8 depende da nota da

questão 7 Se 7 = 1 e se 8 = 1, o valor da

questão é (6)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 1, o valor da questão é (5)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 2, o valor da questão é (4)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (3)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 4, o valor da questão é (2)

Se 7 = 2 à 6 e se 8 = 3, o valor da questão é (1)

Se a questão 7 não for respondida, o escorre da questão 8 passa a ser o seguinte:

Se a resposta for (1), a pontuação será

(6) Se a resposta for (2), a pontuação

será (4,75) Se a resposta for (3), a

pontuação será (3,5) Se a resposta for

(4), a pontuação será (2,25) Se a

resposta for (5), a pontuação será (1,0)

09 Nesta questão, a pontuação para os itens a, d, e ,h, deverá seguir a seguinte

orientação: Se a resposta for 1, o valor será (6)

Se a resposta for 2, o valor

será (5) Se a resposta for 3, o

valor será (4) Se a resposta

for 4, o valor será (3) Se a

resposta for 5, o valor será (2)

Se a resposta for 6, o valor

será (1)

Para os demais itens (b, c,f,g, i), o valor será mantido o mesmo

10 Considerar o mesmo valor.

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Fase 2: Cálculo do Raw Scale

Nesta fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que

variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. É chamado

de raw scale porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida.

Domínio:

Capacidade funcional

Limitação por aspectos físicos

Dor

Estado geral de saúde

Vitalidade

Aspectos sociais

Aspectos emocionais

Saúde mental

Para isso você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio: Domínio:

Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100 Variação (ScoreRange)

Na fórmula, os valores de limite inferior e variação (Score Range) são fixos e estão

estipulados na tabela abaixo.

Domínio Pontuação das questões

correspondidas

Limite

inferior

Variação

Capacidade funcional 03 10 20

Limitação por

aspectos físicos

04 4 4

Dor 07 + 08 2 10

Estado geral de saúde 01 + 11 5 20

11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém os itens b e d deverão seguir a

seguinte pontuação:

Se a resposta for 1, o valor será (5)

Se a resposta for 2, o valor será (4)

Se a resposta for 3, o valor será (3)

Se a resposta for 4, o valor será (2)

Se a resposta for 5, o valor será (1)

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Vitalidade 09 (somente os itens a + e + g + i) 4 20

Aspectos sociais 06 + 10 2 8

Limitação por

aspectos emocionais

05 3 3

Saúde mental 09 (somente os itens b + c + d + f

+ h)

5 25