QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os...

95
QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO Dissertação de Mestrado Amaury de Machado Gomes Salvador - Bahia Brasil 2011

Transcript of QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os...

Page 1: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS

RESPIRATOacuteRIOS DO SONO

Dissertaccedilatildeo de Mestrado

Amaury de Machado Gomes

Salvador - Bahia

Brasil

2011

ii

QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS

RESPIRATOacuteRIOS DO SONO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede

Humana da Escola Bahiana de Medicina

e Sauacutede Puacuteblica como requisito para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Medicina e Sauacutede Humana

Autor Amaury de Machado Gomes

Orientadora Profordf Dra Manuela

Garcia Lima

Salvador ndash Bahia

2011

iii

Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios respiratoacuterios do sono

Dissertaccedilatildeo de Mestrado

Amaury de Machado Gomes

Folha de Aprovaccedilatildeo

Comissatildeo Examinadora

Manuela Garcia Lima

Doutora em Sauacutede Puacuteblica pelo Instituto de Sauacutede Coletiva UFBA

Maacutercia Lurdes de Cacia Pradella-Hallinan

Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo Paulo

UNIFESP

Antonio de Souza Andrade Filho

Doutor em Medicina pela Universidade Federal Fluminense

Regina Terse Trindade Ramos

Doutora em Medicina e Sauacutede Humana pela Escola Bahiana de

Medicina e Sauacutede Puacuteblica

Salvador-Bahia

2011

iv

INSTITUICcedilOtildeES ENVOLVIDAS

EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

FBDC - Fundaccedilatildeo Bahiana para Desenvolvimento das Ciecircncias

INOOA - Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

v

EQUIPE

Amaury de Machado Gomes ndash Otorrinolaringologista Mestrando

Manuela Garcia Limandash Professora Doutora em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Federal da

Bahia (UFBA) Brasil ndash Orientadora

Maacutercia Pradella-Hallinan ndash Professora Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo

Paulo (UNIFESP) Brasil ndash Co-orientadora

Otaacutevio Marambaia dos Santos ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

(EBMSP) Coordenador do Estaacutegio de Otorrinolaringologia do Inooa

Kleber Pimentel ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica (EBMSP)

Mestre em Medicina Interna

Pablo Pinillos Marambaia ndash Preceptor da Residecircncia ndash Inooa

Ana Carolina Mendonccedila ndash Otorrinolaringologista ndash Inooa

Leonardo Marques Gomes ndash Meacutedico

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 2: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

ii

QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS

RESPIRATOacuteRIOS DO SONO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede

Humana da Escola Bahiana de Medicina

e Sauacutede Puacuteblica como requisito para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Medicina e Sauacutede Humana

Autor Amaury de Machado Gomes

Orientadora Profordf Dra Manuela

Garcia Lima

Salvador ndash Bahia

2011

iii

Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios respiratoacuterios do sono

Dissertaccedilatildeo de Mestrado

Amaury de Machado Gomes

Folha de Aprovaccedilatildeo

Comissatildeo Examinadora

Manuela Garcia Lima

Doutora em Sauacutede Puacuteblica pelo Instituto de Sauacutede Coletiva UFBA

Maacutercia Lurdes de Cacia Pradella-Hallinan

Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo Paulo

UNIFESP

Antonio de Souza Andrade Filho

Doutor em Medicina pela Universidade Federal Fluminense

Regina Terse Trindade Ramos

Doutora em Medicina e Sauacutede Humana pela Escola Bahiana de

Medicina e Sauacutede Puacuteblica

Salvador-Bahia

2011

iv

INSTITUICcedilOtildeES ENVOLVIDAS

EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

FBDC - Fundaccedilatildeo Bahiana para Desenvolvimento das Ciecircncias

INOOA - Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

v

EQUIPE

Amaury de Machado Gomes ndash Otorrinolaringologista Mestrando

Manuela Garcia Limandash Professora Doutora em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Federal da

Bahia (UFBA) Brasil ndash Orientadora

Maacutercia Pradella-Hallinan ndash Professora Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo

Paulo (UNIFESP) Brasil ndash Co-orientadora

Otaacutevio Marambaia dos Santos ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

(EBMSP) Coordenador do Estaacutegio de Otorrinolaringologia do Inooa

Kleber Pimentel ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica (EBMSP)

Mestre em Medicina Interna

Pablo Pinillos Marambaia ndash Preceptor da Residecircncia ndash Inooa

Ana Carolina Mendonccedila ndash Otorrinolaringologista ndash Inooa

Leonardo Marques Gomes ndash Meacutedico

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 3: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

iii

Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios respiratoacuterios do sono

Dissertaccedilatildeo de Mestrado

Amaury de Machado Gomes

Folha de Aprovaccedilatildeo

Comissatildeo Examinadora

Manuela Garcia Lima

Doutora em Sauacutede Puacuteblica pelo Instituto de Sauacutede Coletiva UFBA

Maacutercia Lurdes de Cacia Pradella-Hallinan

Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo Paulo

UNIFESP

Antonio de Souza Andrade Filho

Doutor em Medicina pela Universidade Federal Fluminense

Regina Terse Trindade Ramos

Doutora em Medicina e Sauacutede Humana pela Escola Bahiana de

Medicina e Sauacutede Puacuteblica

Salvador-Bahia

2011

iv

INSTITUICcedilOtildeES ENVOLVIDAS

EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

FBDC - Fundaccedilatildeo Bahiana para Desenvolvimento das Ciecircncias

INOOA - Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

v

EQUIPE

Amaury de Machado Gomes ndash Otorrinolaringologista Mestrando

Manuela Garcia Limandash Professora Doutora em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Federal da

Bahia (UFBA) Brasil ndash Orientadora

Maacutercia Pradella-Hallinan ndash Professora Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo

Paulo (UNIFESP) Brasil ndash Co-orientadora

Otaacutevio Marambaia dos Santos ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

(EBMSP) Coordenador do Estaacutegio de Otorrinolaringologia do Inooa

Kleber Pimentel ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica (EBMSP)

Mestre em Medicina Interna

Pablo Pinillos Marambaia ndash Preceptor da Residecircncia ndash Inooa

Ana Carolina Mendonccedila ndash Otorrinolaringologista ndash Inooa

Leonardo Marques Gomes ndash Meacutedico

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 4: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

iv

INSTITUICcedilOtildeES ENVOLVIDAS

EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

FBDC - Fundaccedilatildeo Bahiana para Desenvolvimento das Ciecircncias

INOOA - Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

v

EQUIPE

Amaury de Machado Gomes ndash Otorrinolaringologista Mestrando

Manuela Garcia Limandash Professora Doutora em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Federal da

Bahia (UFBA) Brasil ndash Orientadora

Maacutercia Pradella-Hallinan ndash Professora Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo

Paulo (UNIFESP) Brasil ndash Co-orientadora

Otaacutevio Marambaia dos Santos ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

(EBMSP) Coordenador do Estaacutegio de Otorrinolaringologia do Inooa

Kleber Pimentel ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica (EBMSP)

Mestre em Medicina Interna

Pablo Pinillos Marambaia ndash Preceptor da Residecircncia ndash Inooa

Ana Carolina Mendonccedila ndash Otorrinolaringologista ndash Inooa

Leonardo Marques Gomes ndash Meacutedico

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 5: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

v

EQUIPE

Amaury de Machado Gomes ndash Otorrinolaringologista Mestrando

Manuela Garcia Limandash Professora Doutora em Sauacutede Puacuteblica pela Universidade Federal da

Bahia (UFBA) Brasil ndash Orientadora

Maacutercia Pradella-Hallinan ndash Professora Doutora em Ciecircncias pela Universidade Federal de Satildeo

Paulo (UNIFESP) Brasil ndash Co-orientadora

Otaacutevio Marambaia dos Santos ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica

(EBMSP) Coordenador do Estaacutegio de Otorrinolaringologia do Inooa

Kleber Pimentel ndash Professor da Escola Bahiana de Medicina e Sauacutede Puacuteblica (EBMSP)

Mestre em Medicina Interna

Pablo Pinillos Marambaia ndash Preceptor da Residecircncia ndash Inooa

Ana Carolina Mendonccedila ndash Otorrinolaringologista ndash Inooa

Leonardo Marques Gomes ndash Meacutedico

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 6: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a DEUS por esse momento

Expresso a minha gratidatildeo

Aos meus pais pelos ensinamentos de vida

Agrave Ivete esposa e amiga e aos filhos Andreacute e Leonardo pela compreensatildeo e apoio

demonstrados

Ao meacutedico e amigo Otaacutevio Marambaia pelo apoio estiacutemulo encorajamento e

aconselhamento

Ao meacutedico Kleber Pimentel pelo apoio incondicional competecircncia e ajuda fundamental

Agrave Professora Manuela Garcia pela confianccedila demonstrada e saacutebias orientaccedilotildees nesta

dissertaccedilatildeo

Agrave Doutora Maacutercia Pradella-Hallinan pela relevante contribuiccedilatildeo neste estudo

Aos professores da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Medicina e Sauacutede Humana pelos ensinamentos

Aos meacutedicos Pablo Marambaia Ana Carolina Mendonccedila Leonardo Gomes e estagiaacuterios do

Inooa pela colaboraccedilatildeo

Aos colegas da Poacutes-Graduaccedilatildeo pela cooperaccedilatildeo

Agrave Caacutetia Claacuteudia e Uracircnia e demais colaboradores do Inooa pela atenccedilatildeo e cuidados

dispensados as crianccedilas

Aos pacientes e seus pais pela cooperaccedilatildeo e participaccedilatildeo neste trabalho

Ao Inooa por proporcionar a estrutura e apoio integral agrave pesquisa

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 7: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

SUMAacuteRIO

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS 3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4

I RESUMO 5

II INTRODUCcedilAtildeO 6

III REVISAtildeO DA LITERATURA 9

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA 9

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS 10

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS 12

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS 16

III131 Diagnoacutestico cliacutenico 16

III2 TRATAMENTO DA SAOS 20

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO 20

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO 21

II3 QUALIDADE DE VIDA 21

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS DO SONO 24

IV OBJETIVOS 34

IV1 PRIMAacuteRIO 34

IV2 SECUNDAacuteRIO 34

V JUSTIFICATIVA 35

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS 36

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA 36

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM 36

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO 36

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO 37

VI3 INSTRUMENTOS 37

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 37

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 38

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18 38

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 39

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA 39

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA 40

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL 40

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 8: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

2

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA 41

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS 45

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS 45

VI 51 HIPOacuteTESES 45

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL 46

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25 46

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS 47

VII RESULTADOS 48

VIII DISCUSSAtildeO 58

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS 66

X CONCLUSAtildeO 68

XI ABSTRACT 69

XII REFEREcircNCIAS 70

XIII ANEXOS 77

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 78

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO 80

ANEXO C ndash ( OSA-18) 84

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS 86

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 88

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA 89

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 9: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

3

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 e marccedilo de 2009 48

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas segundo o OSA-18 basal das crianccedilas

atendidas entre agosto de 2008 e marccedilo de 2009 51

Graacutefico 3 ndash Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono

diagnosticada por polissonografia realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 51

Tabela 1 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009 52

Tabela 2 ndash Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas das crianccedilas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009 52

Tabela 3 ndash Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco

primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 53

Tabela 4 ndash Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das

crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia

plusmn desvio padratildeo) 53

Graacutefico 4 ndash Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas

crianccedilas com SAOS e com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui

Quadrado 54

Tabela 5 ndash Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 54

Tabela 6 ndash Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o

escore total do OSA-18 nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 55

Tabela 7 ndash Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas

entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 56

Tabela 8 ndash Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009 56

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 10: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBCL The Child Behavior Check-list

CHQ-PF28 The Child Health Questionaire-PF 28

CPAP Pressatildeo positiva contiacutenua em via aeacuterea

DOS Distuacuterbio obstrutivo do sono

DRS Distuacuterbio respiratoacuterio do sono

HAT Hipertrofia adenotonsilar

IA Iacutendice de apneia

IAH Iacutendice de apneia e hipopneia

IDR Iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio

IH Iacutendice de hipopneia

IMC Iacutendice de massa corpoacuterea

MOS Escore de oximetria McGill

OSA-18 Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep Apnea Questionnaire

OSD-6 6-item Health-related Instrument

PedsQL Pediatric Quality of life Inventory

PSQ Pediatric Sleep Questionaire

PSG Polissonografia

QV Qualidade de vida

RP Ronco primaacuterio

SAOS Siacutendrome da apneia obstrutiva do sono

SF-36 Medical Outcome Study Short Form-36

SRVAS Sindrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

SpO2 Saturaccedilatildeo de O2 da hemoglobina

TAHSI The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 11: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

5

I RESUMO

Introduccedilatildeo Crianccedilas podem apresentar distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) que incluem

o Ronco Primaacuterio (RP) e a Siacutendrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) O padratildeo ouro

para diagnoacutestico eacute a polissonografia (PSG) e a principal causa eacute a hipertrofia adenotonsilar

(HAT) sendo a adenotonsilectomia o tratamento mais adequado Os DRS levam a inuacutemeras

complicaccedilotildees e repercussotildees na qualidade de vida (QV) e para avaliaacute-la satildeo utilizados

questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis Objetivos avaliar a

qualidade de vida de crianccedilas com DRS comparar crianccedilas com Siacutendrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) e sem apneia (RP) e identificar qual ou quais os domiacutenios do

questionaacuterio OSA-18 estatildeo mais comprometidos Casuiacutestica material e meacutetodos estudo

transversal com amostragem consecutiva de demanda espontacircnea em crianccedilas com histoacuteria de

roncos eou apneia com hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides O grau de obstruccedilatildeo

das tonsilas palatinas foi identificado pela classificaccedilatildeo de Brodsky e das tonsilas fariacutengeas

(adenoide) foi aferido pela videonasofibrolaringoscopia sendo a qualidade de vida avaliada

pelo questionaacuterio OSA-18 O diagnoacutestico de SAOS e RP foi realizado atraveacutes da PSG

Resultados participaram 59 crianccedilas com meacutedia de idade entre 67plusmn226 anos O escore

meacutedio do OSA-18 foi 779plusmn1322 e os domiacutenios mais prevalentes foram ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo (218plusmn425)ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo(188plusmn519) e ldquosofrimento

fiacutesicordquo(173plusmn500) O impacto foi pequeno em 6 crianccedilas (102) moderado em 33 (559) e

grande em 20 (339) RP foi encontrado em 44 crianccedilas (746) SAOS em 15 (256)

sendo graus leve 6 crianccedilas (102) moderado em 1 (17) e acentuado em 8 (136)

SAOS tem o domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Houve ausecircncia de

correlaccedilatildeo entre o escore OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r= 018 p=017) e palatina

(r= 004 p=074) Natildeo houve diferenccedila entre o escore OSA-18 e os grupos RP SAOS leve

moderada e acentuada (p=007) O IA (r=022 p=008) e o IAH (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com OSA-18 Conclusatildeo Os DRS causaram impacto de moderado a grande

na QV e os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do

sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo As crianccedilas portadoras de SAOS tiveram o domiacutenio sofrimento

fiacutesico mais afetado que RP O escore do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA

IAH

Palavras-chave 1 Qualidade de vida 2 Crianccedilas 3 Apneia do sono 4 Ronco 5 Distuacuterbio

respiratoacuterio do sono

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 12: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes

6

II INTRODUCcedilAtildeO

Os distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) satildeo relativamente frequentes na populaccedilatildeo

infantil e incluem o ronco primaacuterio (RP) a siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores

(SRVAS) e a siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS)

O RP eacute definido como um ruiacutedo respiratoacuterio mas a arquitetura do sono a ventilaccedilatildeo

alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio mantecircm-se normais Isto eacute frequente na infacircncia e

afeta de 7 a 9 das crianccedilas de um a dez anos1

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das vias aeacutereas ao esforccedilo respiratoacuterio com ronco noturno despertares

breves e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou

dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida2

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal A prevalecircncia na infacircncia

varia de 07 a 3 em diferentes estudos epidemioloacutegicos e o pico de incidecircncia eacute observado

nos preacute-escolares sendo a hipertrofia adenotonsilar a principal causa3

A crianccedila com SAOS tambeacutem pode apresentar hipoventilaccedilatildeo obstrutiva situaccedilatildeo

em que por vaacuterios minutos ocorrem roncos contiacutenuos e movimento paradoxal de caixa

toraacutecica sem apneias sendo que o melhor meio para detectar esses eventos eacute atraveacutes da

medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2)4

A SAOS pode ter consequecircncias graves como

cor pulmonale retardo do crescimento pocircndero-estatural alteraccedilotildees do comportamento

prejuiacutezo do aprendizado e comprometimento de outras funccedilotildees cognitivas da crianccedila5

7

Os DRS tambeacutem podem afetar a qualidade de vida (QV) dos seus portadores Silva e

Leite6 citam o conceito de QV como uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de

sauacutede eou aspectos natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de

opiniotildees de indiviacuteduos (pacientes) com o uso de instrumentos especiacuteficos A QV das crianccedilas

eacute uma aacuterea emergente de pesquisa Nos uacuteltimos anos em paiacuteses desenvolvidos sobretudo nos

Estados Unidos tecircm aumentado o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre QV e DRS6

Em um estudo foram avaliadas 61 crianccedilas com SAOS diagnosticadas atraveacutes de

polissonografia realizada apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono Destas obteve-se um impacto

pequeno na QV em 20 crianccedilas (33) moderado em 19 (31) e grande em 22 (36)7

Stewart et al8-10

em 2000 e 2001 publicaram trecircs estudos sobre a validaccedilatildeo do

questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV o Child Health Questionaire ndash PF28 (CHP-PF28) especiacutefico

para crianccedilas com doenccedila adenotonsilar e demonstraram o impacto desta doenccedila Concluiacuteram

que este questionaacuterio poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem rotinas e protocolos

e assegurarem melhoria na qualidade de vida das crianccedilas afetadas

Outros estudos internacionais demonstram que os DRS tecircm impacto negativo

significante na qualidade de vida das crianccedilas portadoras de hipertrofia adenotonsilar com

melhora apoacutes adenotonsilectomia11-22

No Brasil Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo de QV em crianccedilas com DRS

utlizando o instrumento OSA-18 baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al7

Foram avaliadas 48

crianccedilas prospectivamente com quadro cliacutenico de DRS e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia Eles concluiacuteram que DRS apresentam impacto relevante na qualidade de

vida e que melhoram apoacutes o tratamento ciruacutergico23

8

Outros autores nacionais avaliaram QV em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar e

DRS utilizando os questionaacuterios de avaliaccedilatildeo OSA-18 e OSA-6 concluindo que haacute uma

melhora na QV dessas crianccedilas apoacutes adenotonsilectomia24-27

Nenhum dos artigos nacionais

citados utilizou o padratildeo ouro para diagnoacutestico da SAOS a polissonografia (PSG) em

laboratoacuterio de sono

9

III REVISAtildeO DA LITERATURA

III1 CONCEITOS BAacuteSICOS E EPIDEMIOLOGIA

Crianccedilas em idade preacute-escolar podem apresentar vaacuterios distuacuterbios respiratoacuterios

obstrutivos durante o sono ronco primaacuterio (RP) siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas

superiores (SRVAS) hipoventilaccedilatildeo obstrutiva siacutendrome de apneia obstrutiva do sono

(SAOS)28

Nas crianccedilas a SAOS se caracteriza por um continuum que vai desde o ronco

primaacuterio passando pela resistecircncia aumentada das vias aeacutereas superiores ateacute a SAOS

propriamente dita e difere dos padrotildees vistos nos adultos no que diz respeito agrave sua

fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e tratamento29

O ronco primaacuterio eacute definido como a presenccedila de um ruiacutedo respiratoacuterio causado por

uma vibraccedilatildeo nas estruturas das vias aeacuterea superiores (VAS) mas a arquitetura do sono

ventilaccedilatildeo alveolar e saturaccedilatildeo sanguiacutenea de oxigecircnio encontram-se normais A prevalecircncia eacute

de 7-9 em crianccedilas de um a dez anos1 Petry et al

30 apoacutes estudarem 1011 crianccedilas de 9 a 14

anos de idade e aplicarem um questionaacuterio com sintomas de DRS encontraram prevalecircncia de

27 para ronco habitual Outros estudos

3132 relatam prevalecircncia de 12 nesta faixa etaacuteria

A siacutendrome da resistecircncia das vias aeacutereas superiores (SRVAS) caracteriza-se por

aumento da resistecircncia das VAS ao fluxo inspiratoacuterio com ronco noturno despertares breves

e fragmentaccedilatildeo do sono poreacutem sem reduccedilatildeo significativa do fluxo aeacutereo ou dessaturaccedilatildeo da

oxihemoglobina Sua prevalecircncia na infacircncia ainda eacute desconhecida25

A siacutendrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas eacute uma desordem

respiratoacuteria durante o sono caracterizada por obstruccedilatildeo parcial prolongada das vias aeacutereas

superiores eou obstruccedilatildeo completa intermitente (apneia obstrutiva) que prejudicam a

ventilaccedilatildeo normal durante o sono e os padrotildees de sono normal Esta ocorre desde o periacuteodo

10

neonatal ateacute a adolescecircncia contudo eacute mais comum em crianccedilas em idade preacute-escolar

sobretudo entre dois aos seis anos de idade e natildeo haacute predominacircncia entre os sexos A

prevalecircncia de SAOS na infacircncia varia de 07 a 3 em diferentes estudos353233

III11 FISIOPATOLOGIA DA SAOS

A SAOS eacute uma condiccedilatildeo seacuteria durante a infacircncia e sua fisiopatologia ainda eacute pouco

entendida18

Em condiccedilotildees fisioloacutegicas as VAS mantecircm-se permeaacuteveis graccedilas a fatores

anatocircmicos e funcionais Na crianccedila a SAOS possui etiologia multifatorial e ocorre devido a

fatores estruturais e neuromotores O sono modifica a funccedilatildeo e o controle do sistema

respiratoacuterio por reduccedilatildeo do estiacutemulo respiratoacuterio e haacute hipotonia dos muacutesculos intercostais e

dilatadores das VAS Estas modificaccedilotildees alteram significantemente as vias aeacutereas superiores e

a troca de gases em crianccedilas normais e ainda aquelas com doenccedilas respiratoacuterias ou de sistema

nervoso Uma minoria delas com obstruccedilatildeo de vias aeacutereas severa apresenta respiraccedilatildeo

ruidosa mesmo quando acordadas

Na SAOS as vias aeacutereas superiores em crianccedilas apresentam aumento de tocircnus

neuromotor fariacutengeo em especial do muacutesculo genioglosso originando um padratildeo

predominante de obstruccedilatildeo parcial e persistente de vias aeacutereas superiores aleacutem da hipercapnia

e da hipoacutexia (chamado de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva) O muacutesculo genioglosso promove a

protrusatildeo da liacutengua evitando que ela se mova em direccedilatildeo agrave parede posterior da orofaringe em

condiccedilotildees normais O haacutebito de respiraccedilatildeo bucal promove uma rotaccedilatildeo da mandiacutebula em

direccedilatildeo dorso caudal alterando a posiccedilatildeo do muacutesculo genioglosso e reduzindo a capacidade

de protrusatildeo da liacutengua Um padratildeo adequado de resposta em VAS ocorre em resposta a

estiacutemulos como hipoacutexia e hipercapnia compensando parcialmente o aumento da resistecircncia

11

de vias aeacutereas evitando o colapso destas Os periacuteodos prolongados e ininterruptos de

hipoventilaccedilatildeo obstrutiva acontecem devido ao aumento do limiar dos despertares em resposta

agrave SAOS Os despertares e apneias ciacuteclicas satildeo mais comuns em adultos 533

Essa siacutendrome difere no tocante agrave fisiopatologia ao quadro cliacutenico diagnoacutestico e

tratamento em se tratando de sua ocorrecircncia em crianccedilas e adolescentes ou no caso de adultos

O esqueleto craniofacial eacute o arcabouccedilo que protege as VAS Anormalidades como atresia

coanal hipoplasia mandibular deformidade da base do cracircnio alteraccedilotildees de limites oacutesseos do

rinofaringe podem levar agrave SAOS A alteraccedilatildeo mais comum nas crianccedilas com SAOS eacute a

hipertrofia adenotonsilar que acontece principalmente dos trecircs aos oito anos

Acredita-se que a SAOS em crianccedilas esteja associada a uma combinaccedilatildeo de

hipertrofia adenotonsilar e tocircnus muscular da via aeacuterea alterado Entretanto deve-se ressaltar

que a intensidade da SAOS natildeo eacute proporcional ao tamanho das tonsilas e quando

normotroacuteficas natildeo excluem a SAOS pois nem todas as crianccedilas com hipertrofia

adenotonsilar tecircm apneia a maioria delas durante a vigiacutelia natildeo apresenta obstruccedilatildeo

respiratoacuteria quando o tocircnus muscular eacute maior e muitas delas apoacutes adenotonsilectomia voltam

a ter SAOS na adolescecircncia534-40

A prevalecircncia de sobrepeso e obesidade em crianccedilas e adolescentes tem aumentado

nas uacuteltimas duas deacutecadas em todo o mundo Por exemplo a prevalecircncia duplicou em crianccedilas

entre 6 e 11 anos de idade e triplicou entre 12 e 17 anos nos Estados Unidos entre 1980 a

2000 Tal fato evidenciou que crianccedilas obesas podem ter aumentado o risco para SAOS

Certamente a proporccedilatildeo de DRS aumentou em obesos37

Redline et al

38 examinando fatores

de risco para DRS em crianccedilas de 2 a 18 anos encontraram risco entre crianccedilas obesas

aumentado em 4 a 5 vezes As siacutendromes geneacuteticas especialmente aquelas relacionadas com

o terccedilo meacutedio da face (como a Siacutendrome de Alpert) micrognatia (como a Siacutendrome de Pierre-

Robin) as anomalias da base do cracircnio (com a Siacutendrome de Arnold-Chiari) ou obstruccedilatildeo

12

nasal (como a Siacutendrome de Charge) satildeo as causas mais comuns de SAOS em lactentes33

A

obstruccedilatildeo nasal grave por rinite tumores ou poacutelipos volumosos pode tambeacutem levar agrave

respiraccedilatildeo bucal e SAOS5

III12 REPERCUSSOtildeES CLIacuteNICAS DA SAOS

III121 Sistema cardiovascular

Os DRS estatildeo associados de forma significativa com niacuteveis elevados da pressatildeo

sanguiacutenea em crianccedilas de 5 a 12 anos de idade41

Em adultos hipertensatildeo arterial eacute uma

complicaccedilatildeo de SAOS poreacutem na crianccedila natildeo estaacute bem estudada sistematicamente Diante

disto Marcus et al42

estudaram 75 crianccedilas com suspeita de SAOS e submeteu-as agrave

polissonografia com medidas seriadas da pressatildeo arterial Comparou 41 crianccedilas com SAOS e

26 com ronco primaacuterio Concluiacuteram que crianccedilas com SAOS tecircm pressatildeo sanguiacutenea diastoacutelica

elevada comparadas com crianccedilas portadoras de RP e que o grau de elevaccedilatildeo da pressatildeo

sanguiacutenea tem relaccedilatildeo com a severidade da SAOS e o grau de obesidade das crianccedilas Os

autores recomendam medidas da pressatildeo arterial em todas as crianccedilas com SAOS

Amin et al43

publicaram estudo com crianccedilas entre 7 e 13 anos de idade roncadoras

com hipertrofia das tonsilas fariacutengeas e palatinas e as comparou com controles Todas as 140

crianccedilas se submeteram agrave polissonografia noturna monitorizaccedilatildeo ambulatorial da pressatildeo

arterial durante 24 horas ecocardiografia e actigrafia Este uacuteltimo eacute um exame realizado com

um equipamento preso ao pulso do paciente denominado actiacutegrafo que registra a atividade

motora corporal ou seja o aumento da atividade durante o estado de vigiacutelia e reduccedilatildeo durante

o sono4 Os autores concluiacuteram que a pressatildeo arterial sistoacutelica diurna e noturna pressatildeo

13

arterial diastoacutelica e pressatildeo arterial meacutedia foram fatores preditivos para mudanccedilas na

espessura da parede ventricular esquerda Portanto distuacuterbios respiratoacuterios do sono em

crianccedilas que satildeo saudaacuteveis estatildeo associados a um pico de aumento matinal da pressatildeo arterial

A associaccedilatildeo entre o remodelamento ventricular esquerdo e a pressatildeo arterial de 24 horas

destaca o papel dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono no aumento da morbidade

cardiovascular43

As alteraccedilotildees morfoloacutegicas e funcionais cardiacuteacas encontradas no ventriacuteculo direito e

ventriacuteculo esquerdo sugerem que em crianccedilas a obstruccedilatildeo respiratoacuteria durante o sono pode

levar a repercussotildees cardiovasculares Estas anormalidades podem expor essas crianccedilas a um

maior risco anesteacutesico e ciruacutergico44

Por outro lado no intuito de estimar o risco de pressatildeo sanguiacutenea elevada em

crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono Zintzaras e Kaditis45

publicaram uma metanaacutelise

com estudos de coorte publicados nos quais investigaram esta relaccedilatildeo Dos 66 tiacutetulos

publicados no PubMed e revisados 12 deles foram considerados relevantes Poreacutem nestes

chegou-se agrave conclusatildeo que natildeo existem evidecircncias de elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial

especialmente a sistoacutelica em crianccedilas com distuacuterbio severo respiratoacuterio durante o sono

Contudo haacute que se fazer a ressalva de que os trabalhos selecionados apresentavam nuacutemero

pequeno de casos e criteacuterios de inclusatildeo heterogecircneos Destarte avalia-se ser necessaacuterio

ampliar o foco desses estudos sobretudo com maior rigor metodoloacutegico

Jaacute no Brasil Granzotto et al46

estudaram 45 crianccedilas com DRS e encontraram boa

correlaccedilatildeo entre o tamanho da tonsila palatina (TP) aferido atraveacutes de radiografia lateral do

pescoccedilo com ponto de corte identificado pela curva ROC de 066 e a pressatildeo da arteacuteria

pulmonar medida por ecocardiografia com Dopller (r=0624 plt0001) Os autores concluiacuteram

que crianccedilas com TP gt066 (plt001) podem ter aumento de risco para complicaccedilotildees

cardiacuteacas e devem se submeter agrave avaliaccedilatildeo complementar com ecocardiografia com Dopller

14

Arritmias bradicardias podem estar presentes em crianccedilas com SAOS Em estudo

com 70 crianccedilas e adolescentes Guilleminault et al47

compararam um grupo com SAOS

secundaacuteria a um problema meacutedico e outro com SAOS primaacuteria Os referidos autores

encontraram em todos os participantes arritmia sinusal em associaccedilatildeo com apneias repetidas

durante o sono Notaram tambeacutem bloqueio atrioventricular do segundo grau em 28 das

crianccedilas com SAOS Paradas sinusais entre 25 a 9 segundos foram notadas em 52 bloqueio

atrioventricular em 28 e taquicardia atrial paroxiacutestica em 16 dos casos aleacutem de elevaccedilatildeo

da pressatildeo arterial

Hipertensatildeo pulmonar decorrente de hipercapnia e a hipoxemia recorrentes podem

ocasionar o aumento da sobrecarga de trabalho do ventriacuteculo direito que com o tempo pode

levar essa crianccedila a desenvolver insuficiecircncia cardiacuteaca congestiva e cor pulmonale33

III122 Crescimento e metabolismo

Crianccedilas com SAOS podem apresentar consequecircncias cliacutenicas significantes como

retardo do crescimento pocircndero-estatural e existem basicamente trecircs teorias que tentam

explicaacute-los satildeo estas a) reduccedilatildeo da produccedilatildeo de hormocircnio de crescimento (GH) b) reduccedilatildeo

do aporte caloacuterico pela anorexiadisfagia nas crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar c) maior

gasto de energia pelo esforccedilo respiratoacuterio Mesmo em crianccedilas com roncos que natildeo

preenchem os criteacuterios da presenccedila de SAOS haacute evidecircncias de diminuiccedilatildeo do crescimento e

com frequecircncia haacute decreacutescimo da proteiacutena ligadora 3 do IGF (fator de crescimento siacutemile a

insulina do tipo I) Isso sugere que o roncar ocasionando a fragmentaccedilatildeo do sono afeta a

liberaccedilatildeo do GH Apoacutes adenotonsilectomia ocorre a recuperaccedilatildeo do crescimento da crianccedila

afetada e havendo resoluccedilatildeo da SAOS natildeo ocorre deacuteficit residual somaacutetico5234849

15

De la Eva et al50

avaliaram a ligaccedilatildeo entre SAOS resistecircncia agrave insulina e

dislipidemia em 62 crianccedilas e adolescentes obesos apoacutes polissonografia e exames

metaboacutelicos Observaram alteraccedilatildeo da glicemia em jejum em 7 crianccedilas (11) e correlaccedilatildeo

entre a severidade da SAOS e niacutevel de insulina

III123 Funccedilotildees cognitivas

As principais consequecircncias de SAOS em crianccedilas incluem distuacuterbios

comportamentais deacuteficit de aprendizado hiperatividade reduccedilatildeo da atenccedilatildeo ansiedade

depressatildeo hipersonolecircncia diurna (em crianccedilas mais velhas) e prejuiacutezo do crescimento

somaacutetico133339515253

Mais de 25 dos pais de crianccedilas com SAOS descrevem hiperatividade

e problemas comportamentais Altos iacutendices de DRS tecircm sido demonstrados em crianccedilas com

problemas de comportamento48

Cerca de 30 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar tecircm

alteraccedilotildees de comportamento como agressividade e hiperatividade A prevalecircncia de ronco

noturno habitual em 143 crianccedilas com transtorno de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade

(TDAH) foi de 30 5

Uema et al5253

encontraram alta prevalecircncia (25) de comportamento anormal em

crianccedilas e piores resultados no teste de aprendizagem e memoacuteria (Teste de Rey)

principalmente em relaccedilatildeo ao grupo com RP quando comparado com SAOS Jaacute o teste de

atenccedilatildeo natildeo apresentou diferenccedila entre eles Gozal54

demonstrou que crianccedilas com problemas

de aprendizado escolar tecircm a incidecircncia de SAOS seis vezes maior do que na populaccedilatildeo

pediaacutetrica geral

Outro dado que merece ser ressaltado eacute que apesar da sonolecircncia excessiva diurna ser

comum entre os adultos com SAOS esta tem baixa prevalecircncia entre as crianccedilas sendo mais

frequente a hiperatividade3648

16

III13 DIAGNOacuteSTICO DA SAOS

III131 Diagnoacutestico cliacutenico

A histoacuteria cliacutenica e o exame fiacutesico continuam sendo os mais utilizados para

diagnosticar a maioria das crianccedilas com DRS e estes associados tecircm validade apenas como

triagem na identificaccedilatildeo de quais satildeo os pacientes que necessitam de investigaccedilatildeo adicional

Estas ferramentas tecircm baixa sensibilidade (35) e especificidade (39) portanto natildeo satildeo

preditivas para SAOS55

Valera et al56

avaliaram 267 crianccedilas com quadro cliacutenico de SAOS que foram

divididos em dois grupos ndash preacute-escolares (menores que 6 anos ) e escolares (maiores que 6

anos) Em seguida foram alocados em trecircs subgrupos adicionais de acordo com a hipertrofia

tonsilar e comparados aos achados da polissonografia de noite inteira Eles concluiacuteram que a

histoacuteria cliacutenica de ronco e apneia e os achados polissonograacuteficos apresentaram fraca

correlaccedilatildeo Tambeacutem natildeo encontraram correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo e os achados

polissonograacuteficos em crianccedilas mais velhas

Brietzke et al57

realizaram revisatildeo sistemaacutetica para avaliar a acuraacutecia da histoacuteria

cliacutenica e do exame fiacutesico no diagnoacutestico de SAOS na infacircncia Foram analisados 12 artigos

com niacutevel de excelecircncia de bom a excelente e concluiacuteram que histoacuteria cliacutenica e exame fiacutesico

natildeo satildeo suficientes para discriminar RP e SAOS na infacircncia

Na anamnese das crianccedilas com SAOS eacute importante inquirir aos genitores ou

cuidadores sobre sintomas como roncos noturnos habituais (gt 4 vezessemana) pausas

respiratoacuterias dificuldade para respirar sono agitado sudorese noturna e respiraccedilatildeo bucal

Outros sinais tambeacutem podem ser observados como sudorese profusa cianosepalidez rinite

enurese haacutebito de dormir em posiccedilatildeo de hiperextensatildeo cervical sonolecircncia diurna excessiva

17

alteraccedilotildees de comportamento e deacuteficit de aprendizado5293348

O principal sintoma da SAOS eacute

o ronco presente em quase todas as crianccedilas afetadas poreacutem a sua intensidade natildeo estaacute

relacionada agrave gravidade do quadro2933

Em crianccedilas mais novas especialmente lactentes o

ronco eacute mais sutil e os sintomas podem ser apenas o de dificuldade de alimentaccedilatildeo com tosse

e movimentos durante a mesma33

Diante do exposto cabe sinalizar para o profissional especial atenccedilatildeo ao exame

fiacutesico no sentido de observar a graduaccedilatildeo das tonsilas palatinas identificaccedilatildeo da situaccedilatildeo

pocircndero-estatural do paciente sinais de respirador bucal formato craniofacial (face ovalada e

longa mento curto e estreito retro posiccedilatildeo da mandiacutebula palato alto e arqueado palato mole

alongado) abertura orofariacutengea classificada pela escala de Malampatti35

inspeccedilatildeo do nariz

rinoscopia anterior e avaliaccedilatildeo cardioloacutegica em busca de sinais sugestivos de sobrecarga de

ventriacuteculo direito e de hipertensatildeo arterial sistecircmica29334855

III132 Exames complementares

Um hemograma pode apresentar anemia e mais raramente na seacuterie vermelha pode-

se verificar policitemia devido agrave hipoxemia noturna As dosagens de bicarbonato seacuterico

ferritina e ferro seacuterico podem ser uacuteteis Eletrocardiograma e ecocardiograma podem estar

indicados quando houver suspeita de cor pulmonale A radiografia lateral da regiatildeo cervical

das VAS (radiografia de cavum) avalia o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas

fariacutengeas (adenoide) e palatinas Atualmente a nasofibroscopia exame de grande utilidade

para avaliar as VAS permite ao otorrinolaringologista diagnosticar desvios septais

hipertrofia das conchas nasais e da adenoide alteraccedilotildees dinacircmicas da respiraccedilatildeo e da

degluticcedilatildeo Na suspeita de malformaccedilotildees ou massas do sistema nervoso central haacute indicaccedilatildeo

para o uso de ressonacircncia nuclear magneacutetica ou tomografia computadorizada53355

18

A polissonografia realizada em laboratoacuterio de sono eacute considerada o melhor meacutetodo de

diagnoacutestico (padratildeo ouro) e pode ser realizada em qualquer faixa etaacuteria sendo especialmente

recomendada para se diferenciar SAOS de RP apneias centrais convulsotildees noturnas e

narcolepsia aleacutem de avaliar a severidade da SAOS o risco de complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio

imediato e o seguimento poacutes-tratamento O exame constitui-se de uma monitorizaccedilatildeo natildeo

invasiva de diversos paracircmetros e deve ser realizado em sono espontacircneo e noturno2933

Haacute inuacutemeras diferenccedilas no registro da SAOS na polissonografia de crianccedilas e dos

adultos A maioria dos despertares apneia e hipopneia obstrutiva da crianccedila ocorre no sono

REM58

e elas sofrem uma dessaturaccedilatildeo significativa da hemoglobina mesmo nas apneias de

curta duraccedilatildeo jaacute que seu metabolismo e consumo de oxigecircnio satildeo maiores do que os dos

adultos As crianccedilas com SAOS podem tambeacutem apresentar uma obstruccedilatildeo parcial demorada

das VAS chamada de hipoventilaccedilatildeo obstrutiva58

Esta se caracteriza por ronco contiacutenuo por

vaacuterios minutos e movimento paradoxal de caixa toraacutecica sem apneias A melhor forma de se

detectar esses eventos eacute por meio da medida de gaacutes carbocircnico exalado (ETCO2) que se

apresenta aumentado devido agrave dificuldade de ventilaccedilatildeo4

O diagnoacutestico polissonograacutefico de SAOS eacute feito quando o iacutendice de apneia obstrutiva

for gt 1 eventohora de sono associado agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina (lt92)35

Outro

paracircmetro que eacute utilizado para o diagnoacutestico em polissonografia pediaacutetrica eacute a capnografia

com valores de pico de CO2 exalado gt 53 mmHg considerados alterados Recentemente a

Academia Americana de Medicina do Sono em sua publicaccedilatildeo sobre o escore do sono e dos

eventos associados recomendou a utilizaccedilatildeo do percentual de tempo com CO2 gt 50 mmHgn

(aferido por capnografia ou PaCO2 transcutacircneo) superior a 25 do tempo total de sono como

criteacuterio para hipoventilaccedilatildeo Em adolescentes a partir dos 13 anos pode ser utilizado o

mesmo criteacuterio dos adultos (IAH ge 5 eventosh)12

19

Outros meacutetodos de avaliaccedilatildeo como a polissonografia diurna gravaccedilatildeo em viacutedeo

pulso-oximetria noturna apresentam baixa especificidade subestimam a severidade do quadro

e natildeo excluem a SAOS 529335159

Um estudo transversal estudou 349 crianccedilas com quadro de

DRS e apoacutes PSG encontrou SAOS em 210 (60) Estas tambeacutem realizaram pulsoximetria

Brouillette et al51

concluiacuteram que um resultado negativo da pulsoximetria natildeo descarta

SAOS

Na infacircncia a probabilidade de ausecircncia de diagnoacutestico de distuacuterbios obstrutivos do

sono eacute maior do que nos adultos porque os sinais e sintomas satildeo diferentes e menos

reconhecidos nas crianccedilas Na impossibilidade de realizar polissonografia autores

desenvolveram questionaacuterios para identificar DRS nas crianccedilas e sintomas complexos

incluindo ronco sonolecircncia diurna e distuacuterbios de comportamento referidos

Chervin et al60

aplicaram o questionaacuterio Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ) aos

pais de 162 crianccedilas entre 2 e 18 anos e concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido e

confiaacutevel principalmente em situaccedilotildees de pesquisa cliacutenica nas quais natildeo se dispotildee da

polissonografia mas ainda natildeo recomenda o seu uso para a praacutetica cliacutenica Jaacute Preutthipan et

al61

estudaram 65 crianccedilas com SAOS e apoacutes os pais completarem um questionaacuterio sobre as

dificuldades respiratoacuterias durante o sono concluiacuteram que a polissonografia eacute ainda necessaacuteria

para determinar o grau de severidade da obstruccedilatildeo

20

III2 TRATAMENTO DA SAOS

III21 TRATAMENTO CIRUacuteRGICO

Diferentemente do adulto o tratamento mais indicado da SAOS na infacircncia que tem

como principal causa a hipertrofia de adenoide eou de tonsilas palatinas eacute o tratamento

ciruacutergico ndash adenotonsilectomia A histoacuteria direcionada e o exame fiacutesico seguido de

tonsilectomia e adenoidectomia satildeo efetivos na melhoria das sequelas fiacutesicas e da qualidade

de vida nas crianccedilas afetadas assim como haacute melhora do sono e do comportamento2933485362

A SAOS pode levar a significantes sequelas e a adenotonsilectomia permite sua cura em 75-

100 das crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar sendo a primeira linha de tratamento para

SAOS62

Arrate et al63

publicaram um estudo que tinha por objetivo avaliar o efeito da

adenotonsilectomia na saturaccedilatildeo de O2 medida por oximetria de pulso noturna em 27 crianccedilas

com suspeita de DRS e encontraram melhora significativa no iacutendice de dessaturaccedilatildeo de

oxigecircnio poacutes-operatoacuterio quando comparado com o preacute-operatoacuterio

As complicaccedilotildees no poacutes-operatoacuterio imediato de adenotonsilectomia em crianccedilas com

SAOS incluem edema pulmonar e insuficiecircncia respiratoacuteria secundaacuteria agrave obstruccedilatildeo das VAS e

exigem cuidado poacutes-operatoacuterio intensivo Essas complicaccedilotildees satildeo mais comuns quando a

cirurgia estaacute associada a fatores de risco tais como idade menor que trecircs anos iacutendice de

distuacuterbio respiratoacuterio maior que 10hora saturaccedilatildeo miacutenima menor que 70 dificuldade

moderada de ganho pocircndero-estatural doenccedilas isoladas siacutendrome de Down doenccedilas

neuromusculares cor pulmonale histoacuteria de prematuridade uvulopalatofaringoplastia

associada no mesmo tempo ciruacutergico infecccedilatildeo respiratoacuteria recente e obesidade3348

21

Outras cirurgias (como traqueostomia uvulopalatofaringoplastia avanccedilamento de

mandiacutebula e reduccedilatildeo da liacutengua) podem ser indicadas em casos especiacuteficos como siacutendromes

geneacuteticas doenccedilas neuromusculares desordens cracircnio faciais e paralisia cerebral52933

Eacute

fundamental o acompanhamento do paciente apoacutes a cirurgia uma vez que pode haver

recorrecircncia da obstruccedilatildeo64

III22 TRATAMENTO CLIacuteNICO

Nos casos em que a adenotonsilectomia natildeo esteja indicada ou em outras condiccedilotildees

particulares que se associam agrave patogecircnese da SAOS como malformaccedilotildees cranianas o

Continuous Positive Airway Pressure nasal (CPAP) estaacute indicado Este no geral eacute bem

tolerado pela maioria das crianccedilas (cerca de 80 a 86 delas) apoacutes um periacuteodo de treinamento

do paciente e de familiares Na uacuteltima deacutecada o CPAP tem sido utilizado de forma crescente

em crianccedilas como alternativa segura a cirurgias de vias aacutereas superiores ou agrave traqueostomia

Contudo a traqueostomia ainda pode ser necessaacuteria caso outras medidas se mostrem

ineficazes Tratamento da obesidade controle da rinite corticosteroides nasais medidas de

higiene do sono terapia ortodocircntica eou fonoaudioloacutegica satildeo tambeacutem importantes na

abordagem das crianccedilas com SAOS53348

II3 QUALIDADE DE VIDA

Tornou-se lugar-comum no acircmbito do setor sauacutede repetir com algumas variantes a

seguinte frase sauacutede natildeo eacute ausecircncia de doenccedila sauacutede eacute qualidade de vida Por mais correta

que esteja tal afirmativa costuma ser vazia de significado e frequentemente revela a

22

dificuldade que os profissionais da aacuterea tecircm de encontrar algum sentido teoacuterico e

epistemoloacutegico fora do marco referencial do sistema meacutedico que sem duacutevida domina a

reflexatildeo e a praacutetica do campo da sauacutede puacuteblica65

De acordo com Zietlhofer citado por Silva e Leite6 em artigo de revisatildeo qualidade

de vida (QV) eacute uma percepccedilatildeo uacutenica e pessoal relacionada ao estado de sauacutede eou aspectos

natildeo meacutedicos da vida podendo ser medida atraveacutes da determinaccedilatildeo de opiniotildees de indiviacuteduos

com o uso de instrumentos especiacuteficos Natildeo eacute um conceito definido de maneira uniforme

Velarde-Jurado e Avila-Figuero66

discutem os aspectos metodoloacutegicos necessaacuterios

para avaliar a consistecircncia validade as escalas de mediccedilatildeo de qualidade de vida Definem

qualidade de vida como um fenocircmeno que afeta tanto a doenccedila quanto os efeitos adversos do

tratamento destacando a importacircncia da sua avaliaccedilatildeo e a dificuldade de quantificaacute-la

objetivamente As mediccedilotildees podem se basear em pesquisas diretas de pacientes com

referecircncia ao aparecimento da doenccedila seu diagnoacutestico e mudanccedilas nos sintomas ao longo do

tempo e os componentes mais importantes satildeo o bem-estar subjetivo e a satisfaccedilatildeo com

diferentes aspectos da vida funcionamento objetivo nos papeacuteis sociais e condiccedilotildees de vida

ambiental

Em virtude da qualidade de vida estar fundamentada em mediccedilotildees gerais com carga

de subjetividade satildeo requeridos meacutetodos de avaliaccedilatildeo vaacutelidos reprodutiacuteveis e confiaacuteveis Os

instrumentos para medir a qualidade de vida disponiacuteveis atualmente constituem uma

ferramenta complementar para aferir a resposta ao tratamento Estes tecircm sido avaliados em

funccedilatildeo da sua capacidade de discriminaccedilatildeo discriccedilatildeo e prediccedilatildeo da QV Em geral estatildeo

disponiacuteveis no idioma inglecircs portanto sua aplicaccedilatildeo em paiacuteses de outra liacutengua requer

meacutetodos de traduccedilatildeo vaacutelidos e ainda a consciecircncia de que tais ferramentas satildeo adequadas ao

contexto social razatildeo pela qual o pesquisador deve estar seguro de que os domiacutenios

explorados sejam apropriados agrave populaccedilatildeo alvo66

23

Moyer et al67

conduziram uma revisatildeo sistemaacutetica sobre qualidade de vida com

especial atenccedilatildeo para instrumentos desenvolvidos especificamente para SAOS Discorrem

sobre os instrumentos existentes para avaliaccedilatildeo de QV e caracteriacutesticas Estes satildeo

classificados em duas categorias baacutesicas os geneacutericos e os especiacuteficos Os geneacutericos satildeo

apropriados para diversos grupos de indiviacuteduos servindo para comparar diferentes problemas

poreacutem satildeo pouco sensiacuteveis e tecircm finalidade descritiva encontrando-se neste grupo o Medical

Outcome Study Short Form-36 (SF-36) Jaacute os instrumentos especiacuteficos se baseiam em

caracteriacutesticas especiais de uma determinada doenccedila sobretudo para avaliar as mudanccedilas

fiacutesicas e efeitos do tratamento atraveacutes do tempo e nos datildeo maior capacidade de discriminaccedilatildeo

e prediccedilatildeo aleacutem de serem mais focados na aacuterea de interesse que os geneacutericos e uacuteteis para

ensaios cliacutenicos

Apesar dos instrumentos geneacutericos permitirem fazer estudo cruzado falta-lhes a

sensibilidade necessaacuteria para detectar diferenccedilas entre os pacientes com a mesma doenccedila Os

instrumentos especiacuteficos podem se distinguir pelo diagnoacutestico tratamento pela populaccedilatildeo de

pacientes pelas funccedilotildees ou pelos sintomas Esses instrumentos satildeo mais susceptiacuteveis a

capturar diferenccedilas nos resultados de tratamentos diferentes para uma mesma doenccedila67

A qualidade de vida das crianccedilas eacute uma aacuterea emergente de pesquisa com potencial para

relacionar a efetividade cliacutenica do tratamento e a satisfaccedilatildeo das famiacutelias com os cuidados

prestados Podemos citar como exemplo o estudo feito por Silva e Leite23

em 2005 Os referidos

autores publicaram artigo de revisatildeo com pesquisa em literatura nas bases de dados

MEDLINE LILACS e SCIELO de 1985 a 2005 e com os descritores referentes ao tema em

portuguecircs e sua traduccedilatildeo para o inglecircs Concluiacuteram que os distuacuterbios respiratoacuterios do sono

acometem um percentual significante da populaccedilatildeo pediaacutetrica afetam de maneira marcante a

qualidade de vida e o comportamento destas crianccedilas e apresentam melhora importante destes

comprometimentos apoacutes o tratamento ciruacutergico6

24

III31 AVALIACcedilAtildeO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANCcedilAS COM DISTUacuteRBIOS RESPIRATOacuteRIOS

DO SONO

O impacto na qualidade de vida de vida em crianccedilas com DRS portadoras de

hipertrofias das tonsilas fariacutengeas e palatinas vem sendo estudado mais amiuacutede nos uacuteltimos

anos aumentando o interesse sobre a relaccedilatildeo existente entre alteraccedilotildees da qualidade de vida e

os distuacuterbios obstrutivos do sono No entanto existem poucos estudos sobre QV das crianccedilas

neste particular sobretudo em se tratando da dificuldade de se aferir tais dados Deste modo

como soluccedilatildeo satildeo utilizados questionaacuterios com respostas dos pais ou cuidadores responsaacuteveis

para avaliaccedilatildeo23

Franco et al7 no intuito de reconhecer o impacto da SAOS na qualidade de vida das

crianccedilas e averiguar quais se beneficiavam com a cirurgia de adenotonsilectomia publicaram

estudo original no ano de 2000 que envolveu uma amostragem de 61 crianccedilas com ateacute 12 anos

de idade apresentando sintomas obstrutivos do sono O exame fiacutesico da cabeccedila e pescoccedilo

constou de classificaccedilatildeo do grau de obstruccedilatildeo determinado pelas tonsilas palatinas de acordo

com o diacircmetro luminal da faringe O tamanho da tonsila fariacutengea (adenoide) foi baseado no

percentual de obstruccedilatildeo das coanas atraveacutes da endoscopia nasal com fibra oacuteptica O IMC foi

estratificado em trecircs categorias obeso sobrepeso e normal Todas as crianccedilas se submeteram

agrave polissonografia diurna (NAP study) baseado no protocolo da instituiccedilatildeo Os exames foram

realizados apoacutes uma noite de privaccedilatildeo do sono com polissoniacutegrafo portaacutetil de cinco canais

com duraccedilatildeo aproximada de 90 minutos e os resultados interpretados pelo diretor da

Instituiccedilatildeo O iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) isto eacute o nuacutemero de apneias obstrutivas e

hipopneia por hora foi interpretado como normal ou SAOS leve (IDR lt5) SAOS moderada

(IDR 6-9) e SAOS severa (IDR ge10) O meacutetodo de avaliaccedilatildeo escolhido foi justificado por ser

25

mais conveniente mais raacutepido e ter alta acuraacutecia para determinar a gravidade da SAOS

baseado em estudo de Man e Kang (1995)

Os cuidadores primaacuterios completaram um questionaacuterio com 20 itens denominado

OSA-20 A pesquisa validou o instrumento denominado Francorsquos Pediatric Obstructive Sleep

Apnea Questionnaire (OSA-18) e eliminaram dois itens do OSA-20 que natildeo apresentaram

boa correlaccedilatildeo7 Este instrumento OSA-18 tem seu foco nos problemas fiacutesicos limitaccedilotildees

funcionais e emocionais consequentes da doenccedila e eacute um instrumento vaacutelido e confiaacutevel de

medida de QV6 O questionaacuterio consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens

satildeo pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos descritos a seguir

1 nenhuma vez

2 quase nenhuma vez

3 poucas vezes

4 algumas vezes

5 vaacuterias vezes

6 a maioria das vezes

7 todas as vezes

Assim os domiacutenios do OSA-18 podem obter as seguintes pontuaccedilotildees

a) distuacuterbio do sono (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

b) sofrimento fiacutesico (4 itens com escores variando de 4 a 28 pontos)

c) sofrimento emocional (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

d) problemas diurnos (3 itens com escores variando de 3 a 21 pontos)

e) preocupaccedilotildees dos pais ou responsaacuteveis (4 itens com escores variando de 4 a 28

pontos)

O total de escores do OSA-18 pode variar de 18 a 126 pontos e categorizados em trecircs

grupos conforme o impacto na qualidade de vida pequeno ndashmenor que 60 moderado ndash entre

60 e 80 e grande ndash acima de 80 ou seja quanto mais frequente cada item do domiacutenio maior

o escore final e maior repercussatildeo negativa na qualidade de vida Pontuaccedilotildees elevadas no

escore significam pior qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global

26

relacionada com a qualidade de vida atraveacutes de uma escala de zero a 10 pontos atribuiacutedos

pelo cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade e 10 (dez) agrave melhor qualidade

possiacutevel Ficou demonstrado nesse estudo que 33 da amostra apresentaram pequeno

impacto na qualidade de vida 31 impacto moderado e 36 impacto grande A relaccedilatildeo entre

o escore OSA-18 e o IDR manteve-se significante quando ajustada para o tamanho das

tonsilas palatina e adenoide iacutendice de massa corpoacuterea e idade das crianccedilas7

Vaacuterios autores tecircm publicado trabalhos sobre o tema com o uso de outros

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo da QV em crianccedilas Stewart et al 8910

em 2000 e 2001 publicaram

trecircs estudos sobre outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de QV especiacutefico para crianccedilas com

hipertrofia adenotonsilar demonstrando o impacto desta doenccedila sobretudo relacionado aos

pais Eles validaram o questionaacuterio CHP-PF28 (The Child Health Questionaire PF-28) e

concluiacuteram que este eacute um instrumento vaacutelido confiaacutevel e sensiacutevel nas seis subescalas

distintas Tambeacutem poderia ajudar especialistas e pediatras a avaliarem seus protocolos de

atendimento

Flanary12

em 2003 utilizou o CHP-PF28 e o OSA-18 em 55 pacientes com DRS e

idade entre 2 e 16 anos submetidos agrave adenotonsilectomia Foram comparados 30 dias antes e

180 dias apoacutes a cirurgia Concluiacuteram que a qualidade de vida destas crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono e hiperplasia adenotonsilar melhorou em longo prazo apoacutes intervenccedilatildeo

ciruacutergica contudo os instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida geral apesar de

evidenciarem melhora fiacutesica natildeo demonstraram melhoras psicossociais

Jaacute Goldstein et al13

utilizaram dois instrumentos o CHQ-PF28 (The Child Health

Questionaire-PF28) e o TAHSI (The Tonsil e Adenoid Health Status Instrument) em 92

crianccedilas com tonsilite crocircnica e avaliaram 6 meses e 1 ano apoacutes tonsilectomia As crianccedilas

apresentaram melhora em todas subescalas do TAHSI incluindo via aeacuterea e respiraccedilatildeo

infecccedilotildees comportamento (plt0001) e tambeacutem nas subescalas do CHQ-PF28 tais como

27

percepccedilatildeo geral da sauacutede funcionamento fiacutesico impacto nos pais e nas atividades familiares

Concluiacuteram que haacute melhora do iacutendice global de qualidade de vida em crianccedilas apoacutes 6 meses e

1 ano da intervenccedilatildeo ciruacutergica

Em outro estudo estes mesmos autores22

utilizaram o CBCL (The Child Behavior

Check-list) juntamente com o OSA-18 em 64 crianccedilas com distuacuterbio respiratoacuterio do sono ou

recorrentes tonsilites antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Ao final do estudo houve

melhora do comportamento e dificuldades emocionais mudanccedilas nos escores para os

domiacutenios distuacuterbio de sono preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis e sofrimento fiacutesico no poacutes-

ciruacutergico natildeo sendo encontrada correlaccedilatildeo entre o gecircnero e a situaccedilatildeo econocircmica

De Serres et al11

em estudo prospectivo com 100 crianccedilas entre 2 a 12 anos com

sintomas de DRS decorrentes de hipertrofia adenotonsilar validaram outro questionaacuterio

tambeacutem de faacutecil aplicaccedilatildeo respondido de igual maneira pelos pais eou responsaacuteveis

denominado OSD-6 (6-item Heath-related Instrument) aplicado antes e apoacutes 4 ou 5 semanas

da adenotonsilectomia A polissonografia foi obtida em 6 (62) e gravaccedilatildeo do sono em

viacutedeo em 30 crianccedilas (309) Os pesquisadores concluiacuteram que este instrumento eacute confiaacutevel

de faacutecil aplicaccedilatildeo e eacute vaacutelido para detectar mudanccedilas nas crianccedilas com DRS apoacutes

adenotonsilectomia

Silva e Leite6 em revisatildeo de literatura sobre qualidade de vida e distuacuterbios

obstrutivos do sono em crianccedilas referem que em 2002 De Serres et al realizaram estudo

complementar com 101 crianccedilas concluindo que adenotonsilectomia produzia uma grande

melhora pelo menos a curto prazo na qualidade de vida das crianccedilas com DRS

Sohn e Rosenfeld14

em estudo de coorte com 69 crianccedilas com DRS compararam a

qualidade de vida aplicando simultaneamente o OSD-6 e OSA-18 antes e apoacutes tonsilectomia

ou adenoidectomia com melhora da qualidade de vida Apoacutes validarem o OSA-18 como

instrumento evolutivo concluiacuteram que este eacute de faacutecil aplicaccedilatildeo e adequado para situaccedilotildees

28

onde se deseja avaliar a evoluccedilatildeo do paciente podendo ser usado pelos meacutedicos na rotina

cliacutenica diaacuteria e em serviccedilos de sauacutede

Crabtree et al15

em 2004 publicaram estudo com 85 crianccedilas entre 8 a 12 anos de

idade roncadoras com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono e as comparou com 35

controles Utilizaram os questionaacuterios para avaliaccedilatildeo de depressatildeo o ldquoChildrens Depression

Inventoryrdquo e outro para qualidade de vida denominado ldquoPediatric Quality of life Inventoryrdquo

(PedsQL) respondido pelos pais As crianccedilas foram encaminhadas a um centro de medicina

do sono e subdivididas de acordo com o IMC idade e gecircnero Os autores concluiacuteram que

aquelas com suspeita de distuacuterbio respiratoacuterio do sono independente da severidade do IAH e

presenccedila de obesidade tiveram pior qualidade de vida e mais sintomas depressivos que

crianccedilas natildeo roncadoras

Tran et al16

avaliaram 42 crianccedilas com SAOS confirmada por polissonografia

comparadas com 41 controles Os pais completaram os instrumentos OSA-18 e o CBCL

(Child Behavior Checklist) antes e trecircs meses apoacutes adenotonsilectomia Os autores

encontraram dificuldades emocionais e de comportamento naquelas com SAOS com melhora

significante de escores de qualidade de vida comparado aos controles apoacutes o tratamento

ciruacutergico Para os pacientes com SAOS natildeo houve correlaccedilatildeo significante entre o escore total

inicial do OSA-18 e o IAH preacute-operatoacuterio comparados com controles (r=027 p=009) mas

foi encontrada correlaccedilatildeo entre a mudanccedila do escore total apoacutes adenotonsilectomia com IAH

(r=035)

Baldassari et al17

publicaram a primeira metanaacutelise para examinar dados de SAOS

pediaacutetrica e qualidade de vida comparando escores de QV em crianccedilas com SAOS e sadias

escores de QV entre crianccedilas com SAOS e doenccedilas crocircnicas e avaliaccedilatildeo da QV apoacutes

adenotonsilectomia a curto e longo prazo Para tanto identificaram 19 estudos de QV com

SAOS pediaacutetrica destes excluiacuteram 9 e entatildeo 10 artigos foram avaliados O total do estudo

29

incluiu 1470 crianccedilas sendo 562 com SAOS e 815 sadias utilizando o CHQ e OSA-18

Concluiacuteram que SAOS tem impacto significante na qualidade de vida de crianccedilas e que estas

melhoram apoacutes adenotonsilectomia tanto a curto como a longo prazo

Michel et al17

no ano de 2004 publicaram trecircs estudos No primeiro avaliaram o

questionaacuterio OSA-18 em crianccedilas com hipertrofia adenotonsilar (HAT) e SAOS severa com

polissonografia noturna no preacute e poacutes-operatoacuterio de adenotonsilectomia e encontraram reduccedilatildeo

do escore total do OSA-18 e do IAH no poacutes-operatoacuterio apesar de pacientes com IAH maior

que 20 eventoshora natildeo normalizarem a polissonografia

Em um segundo estudo realizado em 2004 esses mesmos autores68

apoacutes avaliarem

60 crianccedilas 72 do gecircnero masculino e 50 com idade inferior a 6 anos encontraram meacutedia

do escore total do OSA-18 de 714 pontos antes da cirurgia e 358 pontos apoacutes

adenotonsilectomia O domiacutenio do OSA-18 com maior mudanccedila foi o ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e natildeo houve correlaccedilatildeo entre o escore total preacute-ciruacutergico do OSA-18 e o IAH

Em um terceiro estudo os autores19

avaliaram prospectivamente 34 crianccedilas com

SAOS documentada por polissonografia em que os cuidadores completaram o OSA-18 antes

da cirurgia apoacutes 7 meses e entre 9 e 24 meses Relataram melhora em longo prazo na

qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia poreacutem esta eacute mais pronunciada em curto prazo

Em 2005 Mitchell e Kelly20

publicaram um estudo cujos objetivos eram avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade dos distuacuterbios respiratoacuterios do sono (DRS) e comparar as

mudanccedilas na QV apoacutes adenotonsilectomia em crianccedilas com SAOS e DRS Para isso

compararam 43 crianccedilas com SAOS e 18 sem apneia denominado DRS leve apoacutes

polissonografia Ao final do estudo observaram nos dois grupos escores elevados tanto

escore total quanto os dos domiacutenios do OSA-18 e melhora significativa nestes escores no poacutes-

operatoacuterio

30

Em 2007 Mitchell69

publicou estudo prospectivo com 79 crianccedilas entre 3 a 14 anos

com diagnoacutestico de SAOS Os pais responderam o OSA-18 e as crianccedilas se submeteram agrave

polissonografia no preacute-operatoacuterio e 6 meses apoacutes adenotonsilectomia O autor inferiu que a

adenotonsilectomia para crianccedilas portadoras de SAOS resultou em melhora acentuada dos

paracircmetros respiratoacuterios na polissonografia e de todos os domiacutenios do OSA-18 e houve

mudanccedila mais evidente no domiacutenio perturbaccedilatildeo do sono O domiacutenio que apresentou

resultados menos significantes foi o ldquosofrimento emocionalrdquo Ficou evidenciado neste estudo

fraca correlaccedilatildeo entre o escore total do OSA-18 e o IAH tanto no preacute-operatoacuterio (r=028)

quanto no poacutes-operatoacuterio (r=016)

Constantin et al70

publicaram estudo transversal no qual propuseram determinar se o

OSA-18 tinha acuraacutecia para determinar SAOS moderada ou severa Para tanto avaliaram 334

crianccedilas com suspeita de SAOS entre dois e dez anos de idade utilizando oximetria noturna

de pulso atraveacutes de um escore que utiliza o nuacutemero de dessaturaccedilotildees abaixo de 90 e o

nuacutemero de agrupamentos de dessaturaccedilatildeo denominado escore de McGill (MOS) Ao final do

estudo os autores encontraram sensibilidade de 40 e valor preditivo negativo de 73

Concluiacuteram que o OSA-18 tem pouca sensibilidade para identificar SAOS moderada e severa

No Brasil os poucos trabalhos relativos agrave QV em crianccedilas com DRS satildeo referidos a

seguir Silva e Leite23

publicaram o primeiro estudo com uso do OSA-18 no municiacutepio de

Fortaleza Cearaacute (Brasil) baseado na publicaccedilatildeo de Franco et al 7 Os autores avaliaram 48

crianccedilas prospectivamente com idade inferior a 12 anos com quadro cliacutenico de distuacuterbio

respiratoacuterio do sono e indicaccedilatildeo para adenoidectomia eou adenotonsilectomia Foi aplicado o

questionaacuterio OSA-18 adaptado para o portuguecircs com o uso da teacutecnica de back-translation

aos pais ou cuidadores primaacuterios antes e com pelo menos 30 dias apoacutes o tratamento

ciruacutergico A idade meacutedia encontrada foi 593 anos a meacutedia do escore total basal foi de 8283

(grande impacto) e de 343 (pequeno impacto) no poacutes-operatoacuterio (plt0001) O escore total

31

basal do OSA-18 foi classificado como de pequeno impacto na qualidade de vida das crianccedilas

em 1 (21) moderado em 24 (50) e grande em 23 (479) e o domiacutenio do OSA-18 que

apresentou escore meacutedio basal mais elevado foi o ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de

ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Jaacute o que apresentou maior diferenccedila antes e apoacutes

o tratamento ciruacutergico foi o ldquoperturbaccedilotildees do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos

responsaacuteveisrdquo23

O domiacutenio que apresentou menor diferenccedila foi ldquoproblemas diurnosrdquo Todas

estas diferenccedilas do escore total e dos domiacutenios foram significantes (p=0000) O grau de

obstruccedilatildeo pelas tonsilas palatinas da orofaringe encontrado nas crianccedilas neste estudo foram

grau III em 22 (458) e grau IV em 5 (313) e o grau de obstruccedilatildeo coanal promovida pela

tonsila fariacutengea (adenoide) foi classificada como acentuada (gt 70) em 36 crianccedilas (749)

Silva e Leite23

concluiacuteram que o DRS apresenta impacto relevante na qualidade de vida com

melhora significativa apoacutes o tratamento ciruacutergico

Lima Juacutenior et al24

publicaram a continuidade do estudo de Silva e Leite23

e

avaliaram em longo prazo a QV com aplicaccedilatildeo do questionaacuterio OSA-18 aos pais com pelo

menos 11 meses apoacutes o tratamento ciruacutergico Dos 48 pacientes que compareceram na

primeira avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria 34 crianccedilas (708) compareceram para o seguimento sem

diferenccedila estatiacutestica entre a avaliaccedilatildeo poacutes-operatoacuteria inicial e tardia Concluiacuteram que a

melhora da qualidade de vida se manteacutem em longo prazo natildeo havendo diferenccedila significativa

entre as avaliaccedilotildees poacutes-operatoacuterias (pgt005) e que o OSA-18 eacute uma ferramenta uacutetil na

avaliaccedilatildeo da QV antes e apoacutes adenoidectomia adenotonsilectomia

Nascimento et al25

em 2007 publicaram estudo prospectivo envolvendo a

participaccedilatildeo de 48 crianccedilas entre 3 e 13 anos portadoras de hiperplasia de tonsilas fariacutengeas

com grau de obstruccedilatildeo maior que 80 e palatinas grau III e IV sem polissonografia noturna

O instrumento utilizado na avaliaccedilatildeo da qualidade de vida escolhido foi o OSA-18

respondido pelos pais ou responsaacuteveis 24 horas antes da adenoidectomia ou

32

adenotonsilectomia e apoacutes 30 dias do procedimento ciruacutergico Foi encontrada diferenccedila

estatiacutestica entre o preacute e poacutes-ciruacutergico (plt0002) para quase todos os paracircmetros do OSA-18

Trecircs outros estudos26 2771

nacionais realizados nos estados de Satildeo Paulo Paranaacute e

Santa Catarina utilizaram outro questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da QV o OSD-6 desenvolvido por

De Seres et al11

Este questionaacuterio inclui os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbio do

sonordquo ldquoproblemas de fala e degluticcedilatildeordquo ldquodesconforto emocionalrdquo ldquolimitaccedilatildeo de atividades

fiacutesicas e preocupaccedilatildeo dos pais com o ronco da crianccedilardquo Os autores avaliaram o impacto da

adenotonsilectomia na qualidade de vida em crianccedilas com DRS e hipertrofia adenotonsilar

com melhora da QV apoacutes a intervenccedilatildeo ciruacutergica Nenhum destes estudos utilizou

polissonografia noturna

Em 2004 foi publicado um estudo com 36 pacientes entre 2 e 15 anos que

apresentaram tonsila fariacutengea ocupando mais que 75 da rinofaringe (baseado nos achados

da radiografia de cavum) e aumento das tonsilas palatinas acima do grau II Foi aplicado o

questionaacuterio OSD-6 antes e apoacutes a cirurgia Apoacutes serem divididos em dois subgrupos

segundo a faixa etaacuteria com ponto de corte em 7 anos natildeo foi encontrada diferenccedila entre eles

poreacutem todos melhoraram apoacutes a cirurgia Foi encontrada correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo

fariacutengea e palatina e os domiacutenios ldquodistuacuterbio do sonordquo ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo e a meacutedia

geral dos domiacutenios e associaccedilatildeo positiva entre sofrimento fiacutesico com distuacuterbio do sono Os

autores27

concluiacuteram que o aumento das tonsilas palatinas e apneia obstrutiva do sono pioram

a QV das crianccedilas principalmente os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo e ldquodistuacuterbios do sonordquo

Em 2008 Alcacircntara et al71

avaliaram 100 pacientes entre hum a 16 anos de idade e

apoacutes aplicarem o questionaacuterio dos autores De Serres et al11

encontraram comprometimento

da qualidade de vida em portadores de DRS com hipertrofia das tonsilas palatinas e fariacutengea

com melhora significativa da QV apoacutes adenotonsilectomia71

33

Outro estudo26

nacional de avaliaccedilatildeo de QV em crianccedilas com DRS foi publicado no

ano de 2009 o qual avaliou o impacto da adenotonsilectomia em crianccedilas atendidas em

ambulatoacuterio com idade de 3 a 15 anos e uso do OSD-6 antes e 30 dias apoacutes a intervenccedilatildeo

ciruacutergica Participaram 75 crianccedilas com indicaccedilatildeo de adenotonsilectomia por hiperplasia de

tonsila fariacutengea maior que 50 da nasofaringe obtida a partir de radiografia do cavum e

aumento das tonsilas palatinas (grau III ou IV) O domiacutenio que prevaleceu no preacute-operatoacuterio

foi ldquopreocupaccedilatildeo dos pais com o roncordquo (78) seguido de ldquosofrimento fiacutesicordquo (43) Os

autores encontraram reduccedilatildeo dos escores no poacutes-operatoacuterio e correlaccedilatildeo entre o grau de

obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas e palatinas e os domiacutenios ldquosofrimento fiacutesicordquo ldquodistuacuterbios do

sonordquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos paisrdquo

34

IV OBJETIVOS

IV1 PRIMAacuteRIO

Avaliar a Qualidade de Vida (QV) de crianccedilas com Distuacuterbios Respiratoacuterios do Sono

(DRS)

IV2 SECUNDAacuteRIO

Comparar a qualidade de vida de crianccedilas portadoras de Siacutendrome de Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS) com crianccedilas sem apneia (RP)

Identificar quais domiacutenios do OSA-18 estatildeo mais comprometidos

35

V JUSTIFICATIVA

O Distuacuterbio Respiratoacuterio do Sono eacute prevalente na infacircncia tendo como causa mais

comum a hipertrofia adenotonsilar Esta aleacutem de causar consequecircncias cliacutenicas importantes

quando natildeo tratados compromete a QV das crianccedilas de maneira significativa23

A QV eacute avaliada subjetivamente atraveacutes de instrumentos respondidos pelos pais ou

cuidadores das crianccedilas e dentre estes se destaca o questionaacuterio OSA-18 bastante utilizado

por autores internacionais e timidamente em nosso paiacutes Os estudos nacionais com avaliaccedilatildeo

de QV em portadores de DRS na infacircncia publicados ateacute o presente com aplicaccedilatildeo do

instrumento OSA-18 antes e apoacutes adenotonsilectomia encontraram reduccedilatildeo dos escores do

OSA-18 traduzindo melhora significativa da qualidade de vida destas crianccedilas23-25

Entretanto em todos eles natildeo se estabeleceu a severidade do DRS que se daacute atraveacutes da PSG

noturna em laboratoacuterio de sono considerado padratildeo ouro para o diagnoacutestico diferencial entre

SAOS e RP5

Este estudo se justifica por avaliar a QV realizar o diagnoacutestico precoce e assim

reduzir as consequecircncias cardiovasculares metaboacutelicas e neurocognitivas possibilitando uma

intervenccedilatildeo precoce no tratamento e melhor ajustando estas crianccedilas ao conviacutevio social

familiar e escolar Em nosso meio eacute um trabalho pioneiro neste tema

36

VI CASUIacuteSTICA MATERIAL E MEacuteTODOS

VI1 DESENHO DO ESTUDO E POPULACcedilAtildeO ESTUDADA

Foi realizado um estudo transversal em crianccedilas de baixa condiccedilatildeo social de 3 a 12

anos A amostra foi selecionada por demanda espontacircnea sequencial no ambulatoacuterio do

respirador bucal em um centro de referecircncia em otorrinolaringologia em Salvador-BA ndash

Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados (Inooa) ndash no periacuteodo de agosto de

2008 a marccedilo de 2009

VI2 CRITEacuteRIOS DE AMOSTRAGEM

VI21 CRITEacuteRIOS DE INCLUSAtildeO

crianccedilas de ambos os sexos com idade entre 3 a 12 anos

histoacuteria de roncos eou apneia haacute mais de 4 meses

portadores de hiperplasia das tonsilas palatinas ou adenoides ao exame fiacutesico

realizaccedilatildeo da polissonografia de noite inteira (PSG)

assinatura do Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TLCE) (Anexo E)

37

VI22 CRITEacuteRIOS DE EXCLUSAtildeO

crianccedilas com malformaccedilotildees craniofaciais

crianccedilas com distuacuterbios psiquiaacutetricos comportamentais e com alteraccedilotildees no

desenvolvimento psicomotor

crianccedilas em uso de medicaccedilotildees que atuam no SNC

crianccedilas imunocomprometidas

crianccedilas jaacute submetidas agrave adenotonsilectomia

VI3 INSTRUMENTOS

VI31 FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Os dados da crianccedila e do cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel) foram coletados em

formulaacuterio com dados cliacutenicos e sociodemograacuteficos (Anexo A) A idade foi medida em anos

completos de acordo com a data de nascimento A variaacutevel raccedila foi autodefinida conforme os

censos demograacuteficos adotando a cor da pele como referecircncia Outras variaacuteveis como tempo

de queixa de distuacuterbio do sono em anos completos sintomas referidos se a crianccedila dorme em

quarto separado e o grau de escolaridade do cuidador primaacuterio foi tambeacutem coletado

38

VI32 QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

Outro questionaacuterio padratildeo do laboratoacuterio de sono (Anexo B) adaptado de Bruni et

al28

foi aplicado na noite do exame previamente agrave polissonografia (PSG) contendo dados

sobre o distuacuterbio do sono Ambos os questionaacuterios foram aplicados ao mesmo responsaacutevel

cuidador primaacuterio (pai ou responsaacutevel)

VI33 QUESTIONAacuteRIO OSA-18

O questionaacuterio OSA-18 (Anexo C) foi aplicado aos pais ou cuidadores primaacuterios e

utilizado para avaliar a qualidade de vida Este instrumento validado por Franco et al7 foi

adaptado ao portuguecircs do Brasil no ano de 2006 por Silva e Leite23

atraveacutes da teacutecnica de

back-translation obtendo conformidade exata com os termos utilizados no documento

original

Este instrumento consiste de 18 itens agrupados em cinco domiacutenios cujos itens satildeo

pontuados em escala ordinal de 1 a 7 pontos O total de escores do OSA-18 pode variar de 18

a 126 pontos e categorizados em trecircs grupos conforme o impacto na qualidade de vida

pequeno ndash (menor que 60) moderado (entre 60 e 80) grande (acima de 80) ou seja quanto

mais frequente cada item dos domiacutenios maior o escore final e maior repercussatildeo negativa na

qualidade de vida Este instrumento contempla ainda uma taxa global relacionada com a

qualidade de vida atraveacutes de uma escala de 0 (zero) a 10 (dez) pontos atribuiacutedos pelo pai ou

cuidador onde 0 (zero) corresponde agrave pior qualidade de vida e 10 (dez) agrave melhor qualidade de

vida possiacutevel Foram realizadas comparaccedilotildees do escore total dos 5 domiacutenios do OSA-18 da

taxa global de QV com a variaacutevel sexo idade tempo de queixa sintomas dados do exame

fiacutesico SAOS e RP

39

VI34 QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

O exame fiacutesico (Anexo D) consistiu de exame da cavidade oral rinoscopia anterior

otoscopia e videonasofibrolaringoscopia Estes foram realizados pelo investigador principal

O exame da cavidade oral identificou a posiccedilatildeo do palato e a base da liacutengua utilizando a

classificaccedilatildeo de Mallampati modificada35

O paciente foi colocado em posiccedilatildeo sentada em

abertura bucal maacutexima e liacutengua relaxada observando a dimensatildeo exposta da orofaringe

sendo classificado de I a IV de acordo com a visualizaccedilatildeo maior ou menor do palato mole em

relaccedilatildeo agrave base da liacutengua35

A oroscopia identificou o tamanho das tonsilas palatinas de acordo

com a classificaccedilatildeo de Brodsky72

que contempla o grau de obstruccedilatildeo I (tonsilas palatinas

ocupam ateacute 25 do espaccedilo orofariacutengeo) II (tonsilas palatinas que ocupam entre 26 e 50 do

espaccedilo orofariacutengeo) III (tonsilas palatinas que ocupam entre 51 e 75 do espaccedilo

orofariacutengeo) e IV (tonsilas palatinas que ocupam mais de 75 do espaccedilo orofariacutengeo) Os

graus III e IV foram considerados tonsilas obstrutivas56

VI35 VIDEONASOFIBROLARINGOSCOPIA

A videonasofibrolaringoscopia avaliou o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas

adenoides classificadas em grau I (ateacute 25) II (26 a 50) III (51 a 75) e IV (gt 75)7 Este

exame foi realizado pelo investigador principal com a crianccedila em vigiacutelia acompanhada dos

pais ou responsaacuteveis na posiccedilatildeo sentada em cadeira adequada para a sua realizaccedilatildeo sem uso

de medicaccedilatildeo Realizado introduccedilatildeo do aparelho de fibra oacuteptica flexiacutevel atraveacutes da cavidade

nasal direita e depois esquerda e exame das vias aeacutereas superiores (cavidades nasais

nasofaringe orofaringe hipofaringe e laringe) Para este fim foi utilizado o endoscoacutepio

flexiacutevel Machidda (modelo ENT P III 32 mm de diacircmetro) acoplado a uma fonte de luz de

40

250 W Endoview microcacircmera filmadora (Toshiba CCD IKCU 44A) monitor Sony

(modKU 1441B) videocassete Sony (mod SLV 40BR)

VI36 AVALIACcedilAtildeO ANTROPOMEacuteTRICA

Para a avaliaccedilatildeo antropomeacutetrica foi feito o registro de peso e altura utilizando-se

uma balanccedila de precisatildeo mecacircnica com capacidade maacutexima de 150 Kg miacutenima de 25 Kg e

reacutegua antropomeacutetrica de 200 cm acoplada agrave balanccedila

VI37 CLASSIFICACcedilAtildeO NUTRICIONAL

A classificaccedilatildeo nutricional das crianccedilas foi realizada comparando-se as medidas de

peso e altura com os graacuteficos de crescimento do National Center for Health Statistic

(NCHS)73

e os graacuteficos da OMS (wwwwhoint) Estas foram entatildeo convertidas para o escore

Z (desvios-padratildeo) de iacutendice de massa corpoacuterea e estaturaidade e pesoestatura baseados em

idade e gecircnero utilizando-se o programa EPI-INFO versatildeo 6 com a anaacutelise do estado

nutricional

Os pontos de corte adotados foram

Escore Z PesoEstatura (PE)

lt -2 escores z (peso baixo para a estatura)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z (sobrepeso)

gt + 2 escore z (obesidade)

41

Escore Z EstaturaIdade (EI)

lt -2 escore z (retardo de crescimento linear)

-2 a -1 escore z (risco nutricional)

-1 a +1 escore z (eutrofia)

+1 a +2 escore z

gt +2 escore z

Para obesidade e sobrepeso foi utilizado o iacutendice de massa corpoacuterea (IMC) percentil

gt85 a lt 95 para sobrepeso e percentil gt 95 para obesidade74

Os indiviacuteduos foram divididos

em obesos e natildeo obesos e comparados com qualidade de vida representados pelo escore total

do OSA-18 e com siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e ronco primaacuterio (RP)

determinados pela polissonografia (PSG)

VI38 AVALIACcedilAtildeO POLISSONOGRAacuteFICA

O diagnoacutestico de RP ou SAOS foi obtido atraveacutes de polissonografia de noite inteira

em laboratoacuterio de sono onde a crianccedila dormia em quarto escuro e silencioso com ambiente

refrigerado (tipo split) em sono espontacircneo sem nenhuma sedaccedilatildeo acompanhada pelo

cuidador responsaacutevel que respondeu previamente a um questionaacuterio padratildeo de distuacuterbios do

sono (Anexo B) Todos os participantes da pesquisa foram orientados a evitar o uso de

estimulantes (cafeacute chocolate refrigerantes) no dia do exame

O equipamento computadorizado utilizado foi o Alice 3 Healthdyne Respironics 16

canais contendo eletroencefalograma (C3A2) (C4A2) (O1A2) O2A1) eletromiograma

submentoniano e tibial eletrooculograma direito e esquerdo sendo empregado para a

colocaccedilatildeo dos eletrodos o sistema internacional 10-20 fluxo de ar oro-nasal atraveacutes de

42

termistor nasal (Thermistor Airflow Sensor 6210) cintas para registro de esforccedilo abdominal e

toraacutecico microfone para captaccedilatildeo de ronco adaptado na regiatildeo do pescoccedilo saturaccedilatildeo arterial

de oxigecircnio (SpO2) avaliada atraveacutes de oxiacutemetro de pulso (Heathdyne Technologies

Oximeter) frequecircncia e ritmo cardiacuteaco atraveacutes de eletrocardiografia e sensor de posiccedilatildeo no

leito A arquitetura do sono foi avaliada por teacutecnica padratildeo e proporccedilatildeo do tempo gasto em

cada estaacutegio de sono e foi expressa em percentual do tempo total de sono3

A apneia central foi definida por ausecircncia de fluxo aeacutereo oro nasal medido por

termistor nasal na ausecircncia de esforccedilo respiratoacuterio e foram quantificadas aquelas com

duraccedilatildeo maior ou igual a 10 segundos A apneia obstrutiva foi definida por ausecircncia de fluxo

aeacutereo oro nasal medido por termistor nasal com presenccedila de movimentos do toacuterax e abdocircmen

por pelo menos dois ciclos respiratoacuterios A apneia mista foi definida como aquela com

componente central e obstrutivo em qualquer ordem e com componente central durando ge 3

segundos Hipopneia foi definida por reduccedilatildeo de 50 da amplitude do fluxo aeacutereo oro nasal

medido pelo termistor associada agrave dessaturaccedilatildeo da oxihemoglobina gt3 ou SpO2lt90 eou

despertares5

A identificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos estaacutegios de sono foram baseadas em eacutepoca de 30

segundos obedecendo aos criteacuterios definidos por Rechtschaffen e Kales75

No sono satildeo

identificados dois estados comportamentais o sono sincronizado ou NREM e o sono

dessincronizado ou REM (Rapid Eye Moviment)

A polissonografia (PSG) registra simultaneamente muacuteltiplas variaacuteveis fisioloacutegicas

descritas sumariamente a seguir

Iacutendice de despertares ndash nuacutemero de despertares por horasono

TTS (tempo total de sono em minutos) ndash tempo total dormindo soma dos estaacutegios

de sono NREM e REM

43

Estaacutegios de sono 1 2 3 4 REM ndash definem a arquitetura do sono e foram

representados em percentual

Eficiecircncia do sono ndash consiste na porcentagem do TTS (tempo total de sono) sobre o

tempo de registro

Latecircncia do sono ndash foi definida como o intervalo entre o desligar das luzes e o

primeiro minuto no estaacutegio 1 do sono

Latecircncia do sono REM ndash foi definida como o intervalo entre o iniacutecio do sono e o

primeiro periacuteodo do sono REM

Iacutendice total de microdespertares ndash correspondeu ao nuacutemero de microdespertares

dividido pelo nuacutemero total de horas de sono

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo de oxigecircnio ndash todas as dessaturaccedilotildees de oxigecircnio gt 3 a

partir da SpO2 basalhora de sono medido por oximetria de pulso

IH (iacutendice de hipopneia) ndash nuacutemero de hipopneias por hora de sono registrado

Saturaccedilatildeo de O2 na vigiacutelia ndash saturaccedilatildeo da oxihemoglobina basal medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 REM ndash saturaccedilatildeo media de O2 no estaacutegio REM medida por

oximetria de pulso

Saturaccedilatildeo de O2 NREM ndash saturaccedilatildeo meacutedia de O2 nos estaacutegios NREM medida por

oximetria de pulso

44

As variaacuteveis respiratoacuterias da PSG analisadas para a classificaccedilatildeo dos eventos foram

Iacutendice de apneia (IA) ndash nuacutemero de apneias obstrutivas e mistas com duraccedilatildeo miacutenima

de dois ciclos respiratoacuterios expresso em eventos por hora (considerando para caacutelculo o

tempo total de sono)

Iacutendice de apneia e hipopneia (IAH) somatoacuteria do nuacutemero de apneias obstrutivas e

mistas e hipopneias obstrutivas expresso em eventos por hora (considerando para

caacutelculo o tempo total de sono) Considera-se anormal nas crianccedilas o IAH ge 1hora O

IAH tambeacutem eacute denominado iacutendice de distuacuterbio respiratoacuterio (IDR) sendo que a esse

iacutendice se adiciona para seu caacutelculo os RERAs (da sigla inglesa Respiratory Effort-

Related Arousals ndash despertar relacionado ao esforccedilo respiratoacuterio)

Nadir de saturaccedilatildeo de O2 (nadir da SpO2) ndash saturaccedilatildeo miacutenima de oxigecircnio durante

o estudo do sono medida por oxiacutemetro de pulso Valores menores que 90 costumam

estar associados com distuacuterbios ventilatoacuterios do sono centrais ou obstrutivos

Todas as variaacuteveis foram apresentadas sob a forma de meacutedia eou mediana Todos os

exames foram analisados por meacutedico com experiecircncia em exames de crianccedilas obedecendo agrave

classificaccedilatildeo dos eventos aos criteacuterios pediaacutetricos da American Thoracic Society3

Os indiviacuteduos foram divididos em roncadores primaacuterios (sem apneia) quando

apresentavam IAlt1 e portadores de SAOS (com apneia) quando o IA era gt1 As crianccedilas

com SAOS foram subdivididas em SAOS leve (1ltIAlt5) moderada (5ltIAlt10) e acentuada

(IAgt10) Os dados obtidos foram relacionados com gecircnero idade cor da pele sintomas

referidos obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escores e domiacutenios do OSA-18 variaacuteveis

antropomeacutetricas e paracircmetros da polissonografia

45

VI4 VARIAacuteVEIS ANALISADAS

A qualidade de vida foi avaliada atraveacutes do escore do questionaacuterio OSA-18

enquanto o DRS foi avaliado atraveacutes do IA IAH nadir SpO2

Jaacute as variaacuteveis secundaacuterias foram sexo idade cor da pele tempo dos sintomas

sintomas presentes de distuacuterbio obstrutivo do sono grau de obstruccedilatildeo dados de exame fiacutesico

dados sociodemograacuteficos

VI5 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DESCRICcedilAtildeO E TRATAMENTO DAS VARIAacuteVEIS

VI 51 HIPOacuteTESES

Hipoacutetese nula (Ho) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute igual agrave de crianccedilas com ronco primaacuterio (RP)

Hipoacutetese alternativa (Ha) A qualidade de vida em crianccedilas com siacutendrome de apneia

obstrutiva do sono (SAOS) eacute mais comprometida do que em crianccedilas com ronco

primaacuterio (RP)

Para a construccedilatildeo do banco de dados e anaacutelise estatiacutestica utilizou-se o programa

ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo (SPSS Chicago-IL versatildeo 110) e Epi Info

versatildeo 6 As variaacuteveis contiacutenuas foram apresentadas sob a forma de meacutedia e desvio padratildeo

As variaacuteveis categoacutericas foram expressas como proporccedilotildees (frequecircncia relativa) Para a

comparaccedilatildeo entre duas amostras independentes foi utilizado o teste ldquot de Studentrdquo ou Mann-

Whitney caso a distribuiccedilatildeo fosse considerada natildeo normal Foram feitas comparaccedilotildees do

escore geral e dos escores de cada domiacutenio entre os dois grupos Para a anaacutelise de trecircs ou mais

grupos foi utilizada a anaacutelise de variacircncia ldquoone wayrdquo ANOVA para a distribuiccedilatildeo normal ou

46

Kruskal-Wallis para o complemento o teste de Tukey para a primeira ou teste de Mann-

Whitney para muacuteltiplas comparaccedilotildees 2 a 2 apoacutes o Kruskal-Wallis

Para o estudo das variaacuteveis categoacutericas foi utilizado o teste Qui ndash Quadrado de

Pearson e Exato de Fischer se natildeo atendessem aos preacute-requisitos do primeiro Os testes foram

bicaudais com um niacutevel de significacircncia de 5

A correlaccedilatildeo de Spearmann foi utilizada para as seguintes variaacuteveis grau de

obstruccedilatildeo palatina e fariacutengea escore total do OSA-18 e os cinco domiacutenios Iacutendice de Apneia

(IA) Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH)

VI6 CAacuteLCULO AMOSTRAL

Para o caacutelculo do tamanho amostral considerou-se uma prevalecircncia de apneia do

sono entre crianccedilas roncadoras de 25 intervalo de confianccedila de 95 e diferenccedila maacutexima

aceitaacutevel de 15 sendo entatildeo necessaacuterios 33 pacientes Todavia como se pretendia fazer

comparaccedilotildees este tamanho foi dobrado O caacutelculo foi realizado no programa PEPI (Computer

Program For Epidemiologists) Version 404x

VI61 JUSTIFICATIVA PARA USO DE PREVALEcircNCIA DE 25

A prevalecircncia de SAOS em crianccedilas com sintomas de DRS diagnosticadas por

polissonografia noturna em diversos estudos publicados eacute variaacutevel e pode chegar a 70 63

Carrol et al76

apoacutes estudarem 83 crianccedilas com idade entre 5 a 15 anos com histoacuteria cliacutenica

de DRS encontraram 35 portadoras de SAOS (42)

47

Valera et al56

ao estudarem crianccedilas com idade entre 1 e 13 anos e histoacuteria cliacutenica

de ronco e apneia encontraram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e adenoacuteides

natildeo obstrutivas Izu et al77

em estudo nacional avaliaram retrospectivamente 248 crianccedilas

respiradoras orais entre 0 e 13 anos e encontraram prevalecircncia de SAOS em 104 delas (42)

Mitchell e Kelly20

avaliaram prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de

DRS e apoacutes PSG encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705) Em nosso estudo foi utilizada

uma prevalecircncia inferior agrave encontrada em estudos anteriores

VI7 ASPECTOS EacuteTICOS

Este estudo foi realizado em ambulatoacuterio do respirador bucal em um centro de

referecircncia em Otorrinolaringologia do Instituto de Otorrinolaringologia Otorrinos Associados

Ltda (Inooa) localizado no municiacutepio de Salvador (Bahia)

Todos os pais ou responsaacuteveis das crianccedilas que foram convidados a participar da

pesquisa assinaram o Termo Livre de Consentimento Esclarecido (TCLE) (Anexo E)

O estudo foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica da Fundaccedilatildeo Bahiana para

Desenvolvimento das Ciecircncias-FBDC sob protocolo nuacutemero 342008 (Anexo F)

48

VII RESULTADOS

Foram examinadas 110 crianccedilas no periacuteodo de agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Destas 63 aceitaram participar do estudo das quais 4 natildeo realizaram polissonografia A

populaccedilatildeo alvo foi de 59 crianccedilas sendo 559 (n= 33) do sexo feminino A idade meacutedia no

momento da inclusatildeo do estudo foi de 677plusmn226 anos Quanto agrave cor da pele 10 pais (169)

autodefiniram as crianccedilas como brancas 43 (729) pardas e 6 (102) pretas predominando

natildeo brancas 49 (831)

Por informaccedilatildeo dos cuidadores o tempo meacutedio de queixa dos sintomas de distuacuterbios

do sono das crianccedilas na inclusatildeo do estudo foi de 394 plusmn 177 anos Todos os participantes

incluiacutedos no estudo foram roncadores 59 (100) e os sintomas referidos com mais frequecircncia

estatildeo descritos no Graacutefico 1

Graacutefico 1 ndash Frequecircncia dos sintomas presentes na avaliaccedilatildeo basal das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a

marccedilo de 2009

()

n=59

119

237

305

339

695

763

78

792

854

917

938

100

100

Sonolecircncia

Baixo desenvolvimento fiacutesico

Deacuteficit de aprendizado

Enurese

Apneacuteia

Sialorreacuteia

Sudorese

Hiperatividade

IVAS de repeticcedilatildeo

Sono Agitado

Obstruccedilatildeo nasal

Respiradores bucais

Roncos

49

Foram ainda referidos no momento da inclusatildeo otites de repeticcedilatildeo em 12 crianccedilas

(203) rinorreia frequente em 32 crianccedilas (542) espirros frequentes em 28 crianccedilas

(475) espirros por poeira em 23 crianccedilas (39) espirros por mudanccedilas climaacuteticas em 25

crianccedilas (424) espirros por outras causas em 13 crianccedilas (22) e 4 (68) dos cuidadores

natildeo souberam informar com precisatildeo Entre os antecedentes patoloacutegicos os mais encontrados

foram tonsilites de repeticcedilatildeo em 23 crianccedilas (39) pneumonia em 7 crianccedilas (119 ) e

asma em 5 crianccedilas (85)

Ao exame fiacutesico otorrinolaringoloacutegico encontramos predomiacutenio dos graus III e IV

tanto para o grau de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas quanto para as tonsilas

fariacutengeas (adenoide) discriminadas a seguir

Tonsilas palatinas

Grau II 14 (237)

Grau III 28 (475)

Grau IV 17 (288)

Tonsilas fariacutengeas

Grau I 1 (17)

Grau II 16 (271)

Grau III 29 (492)

Grau IV 13 (22)

Outro dado do exame fiacutesico a classificaccedilatildeo de Malampati apresentou predomiacutenio da

classe I encontrado em 54 crianccedilas (915) Na rinoscopia anterior encontramos hipertrofia dos

cornetos nasais em 21 crianccedilas (356) e desvio septal em 5 (85) O exame otoscoacutepico foi

normal em 43 crianccedilas (729) alterado por rolha de ceruacutemen em 12 (204) e membrana

timpacircnica opacificada em 4 (67) Noacutedulos vocais foram detectados em 8 crianccedilas (136)

pela videonasolaringoscopia natildeo sendo encontrada predominacircncia de sexo com 50 para cada

um

50

Em relaccedilatildeo ao ambiente familiar 32 (542 ) crianccedilas dormiam no mesmo quarto

que o cuidador primaacuterio e 54 (915) destas dormiam entre 9 e 11 horas por dia Em relaccedilatildeo agrave

escolaridade 27 crianccedilas (458) cursavam crechepreacute-escola 17 crianccedilas (289)

primeirasegunda seacuterie 13 crianccedilas (221) terceiraquartaquinta seacuterie e 2 (34) natildeo

estudavam sendo 28 crianccedilas (475) no turno matutino

As informaccedilotildees sociodemograacuteficas assim como o questionaacuterio OSA-18 foram

respondidos pelos cuidadores primaacuterios (pais ou responsaacuteveis) sendo a fonte principal a matildee

em 53 (898) seguido do pai 2 (34) e outros 4 (68) A idade meacutedia do cuidador foi de

325plusmn620 anos

Quanto ao grau de escolaridade dos cuidadores 33 (559) tinham o 2ordm grau

completo 22 (373) o 1ordm grau completo e 4 (68) o 1ordm grau incompleto ou analfabetos

com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos

O estado civil mais frequente informado pelos cuidadores foi casadomarital 42

(712) seguido de solteiro 13 (22) e outros 4 (68)

A renda familiar informada foi ateacute 2 salaacuterios miacutenimos em 52 (881) familiares do

estudo com meacutedia de 11plusmn032 salaacuterios miacutenimos Jaacute a meacutedia do nuacutemero de pessoas

sustentadas pela renda familiar foi de 38plusmn100 pessoa

Todos os 59 pais ou cuidadores completaram o questionaacuterio OSA-18 sem

dificuldades Em relaccedilatildeo a um cuidador que se declarou analfabeto (17) o questionaacuterio foi

completado verbalmente apoacutes leitura realizada pelo investigador principal No momento da

inclusatildeo o escore meacutedio obtido foi de 779plusmn1322 A avaliaccedilatildeo do comprometimento do

impacto na QV foi classificada como impacto pequeno 6 crianccedilas (102) moderado em 33

(559) e grande em 20 (339) conforme Graacutefico 2

51

Graacutefico 2 ndash Impacto na qualidade de vida das crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 segundo

o OSA-18

O domiacutenio do OSA-18 que apresentou escore meacutedio mais elevado foi ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo com 218plusmn425 pontos seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo com 188plusmn519

pontos ldquosofrimento fiacutesicordquo com 173plusmn50 pontos ldquosofrimento emocionalrdquo com 118plusmn452

pontos e o menor foi ldquoproblemas diurnosrdquo 80plusmn40 A meacutedia da nota global de qualidade de

vida foi 535plusmn145 pontos

A polissonografia de noite inteira diagnosticou na amostra RP (ronco primaacuterio) em

44 crianccedilas (746) e SAOS (apneia) em 15 (254) Os portadores de SAOS foram

classificados pela gravidade em grau leve 6 (102) moderado 1 (17) e acentuado 8

(136) conforme observa-se no Graacutefico 3

Graacutefico 3 Frequecircncia simples de cada categoria de distuacuterbio obstrutivo do sono diagnosticada por

polissonografias realizadas nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

52

Quando comparada as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e avaliaccedilatildeo nutricional das

crianccedilas e dos pais natildeo foi encontrada diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com apneia

(SAOS) e Ronco Primaacuterio conforme Tabelas 1 e 2

O escore z do iacutendice estaturaidade que traduz atraso do crescimento linear (lt-2

escore z) foi encontrado em 6 crianccedilas (101 ) e risco nutricional (-2 a -1 escore z) em 6

(101 ) crianccedilas

Tabela 1 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas e antropomeacutetricas da populaccedilatildeo estudada entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Sexo 071

Masculino 06 (40) 20(455)

Feminino 09 (60) 24(545)

Escore Z PE 10

Obesos 04 (267) 11(45)

Natildeo obesos 11 (733) 33(75)

Informante (cuidador) 10

Matildee 13 (866) 40(909)

Pai 01 (67) 01(23)

Outros 01 (67) 03(68)

Estado civil do cuidador 018

Solteiro 05 (334) 08(182)

CasadoMarital 08 (533) 34(773)

Outros 02 (133) 02(45)

Grau de escolaridade do cuidador 025

1ordm grau incompleto 01 (66) 03(68)

1ordm grau completo 03 (20) 19(432)

2ordm grau completo 11 (734) 22(50)

Renda familiar

lt 2 salaacuterios miacutenimos 13 (866) 39(886) 10

gt 2 salaacuterios miacutenimos 02 (134) 05(114)

PE = pesoestatura n() Qui-Quadrado Fischer

Tabela 2 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas das crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto

de 2008 a marccedilo de 2009

Nome da variaacutevel Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Idade das crianccedilas (anos)

Meacutedia plusmndp 59plusmn225 70plusmn221 008

Tempo de queixa (anos)

Meacutedia plusmndp 37plusmn225 40plusmn170 059

Idade do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 322plusmn499 326plusmn661 085

Tempo de estudo do cuidador (anos)

Meacutedia plusmndp 118plusmn250 106plusmn351 020

Meacutedia plusmndp Teste ldquotrdquode Student

53

Os achados do exame otorrinolaringoloacutegico dos portadores de SAOS e RP foram

comparados e natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre eles conforme Tabela 3

Tabela 3 Achados do exame otorrinolaringoloacutegico (ORL) de crianccedilas com apneia e ronco primaacuterio

atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

Caracteriacutesticas do exame ORL Apneia

n=15 ()

Ronco Primaacuterio

n=44 () Valor de p

Grau de obstruccedilatildeo Fariacutengea

Grau I 0 1 (32) 10

Grau II 5 (333) 11 (25) 052

Grau III 5 (333) 24 (545) 023

Grau IV 5 (333) 8 (183) 028

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 1 (66) 13 (295) 009

Grau III 7 (467) 21 (477) 10

Grau IV 7 (467) 10 (228) 010

Malampati

I 14 (933) 40 (91) 10

II 1 (67) 4 (9)

Hipertrofia dos cornetos

Sim 9 (60) 29 (659) 068

Natildeo 6 (40) 15 (341)

Desvio de septo

Sim 0 (0) 5 (114) 031

Natildeo 15 (100) 39 (886)

Qui-Quadrado Fischer

Os portadores de apneia (SAOS) apresentaram escore meacutedio total do OSA-18

maiores que roncadores primaacuterios (RP) poreacutem sem significacircncia estatiacutestica (p=008) Quem

tem apneia tem o domiacutenio do OSA-18 ldquosofrimento fiacutesicordquo mais afetado que RP (p=004) Os

domiacutenios encontrados mais frequentes foram semelhantes nos dois grupos vide Tabela 4

Tabela 4 Frequecircncia dos escores meacutedios dos domiacutenios e do escore total do OSA-18 das crianccedilas

com apneia e ronco primaacuterio atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (meacutedia plusmn

desvio padratildeo)

DOMIacuteNIOS E ESCORES Apneia

n=15

Ronco Primaacuterio

n=44 Valor de p

Domiacutenios

Perturbaccedilatildeo do sono 202plusmn568 183 plusmn 5 020

Sofrimento fiacutesico 196plusmn556 166plusmn470 004

Sofrimento emocional 112plusmn518 12plusmn432 059

Problemas diurnos 91plusmn476 76plusmn377 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 229plusmn425 214plusmn423 023

Escore Total do OSA-18 83plusmn1508 762plusmn224 008

Nota global 246plusmn043 215plusmn060 010

Teste ldquotrdquode Student

54

O grau de impacto na qualidade de vida representado pelo escore meacutedio do OSA-18

encontrado nos grupos SAOS e RP foi respectivamente Pequeno em 1 (67) e 5 (113)

Moderado em 6 (40) e 27 (613) e Grande em 8 (533) e 12 (272) crianccedilas sem

apresentar diferenccedila estatiacutestica entre eles (p=018) conforme Graacutefico 4

Graacutefico 4 Frequecircncia do grau de impacto na qualidade de vida segundo o OSA-18 nas crianccedilas com SAOS e

com RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009 (p=018) Qui Quadrado

Natildeo houve diferenccedila estatiacutestica entre o escore meacutedio do OSA-18 e os grupos RP

SAOS leve moderada e acentuada (p=007)

Ao compararmos o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (grau II III IV) e o grau de obstruccedilatildeo

palatina (grau II III IV) com os respectivos escores do OSA-18 natildeo encontramos diferenccedila

estatiacutestica entre eles (p=065) e (p=042) respectivamente conforme Tabela 5

Tabela 5 Escores meacutedios do OSA-18 por grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina das criancas atendidas entre

agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU Escore de OSA-18

(meacutediaplusmndp)

Grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

Grau II 733plusmn1176

Grau III 786plusmn1344

Grau IV 784plusmn1685

p=065

Grau de obstruccedilatildeo palatina

Grau II 770plusmn1554

Grau III 751plusmn1036

Grau IV 805plusmn1554

p=042

dp= desvio padratildeo OBS Grau I de obstruccedilatildeo fariacutengea (ateacute 25) soacute houve um caso com escore OSA de 77 pontos

SAOS

RP

55

As tonsilas fariacutengeas e palatinas foram consideradas obstrutivas em graus III e IV

sendo categorizadas em maior e menor que 50 de obstruccedilatildeo Quando comparadas natildeo

houve diferenccedila estatiacutestica entre os grupos com SAOS e RP A obstruccedilatildeo palatina apresentou

valor de p=009 e obstruccedilatildeo fariacutengea p=074

Ao correlacionarmos os graus II III e IV de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com o

escore OSA-18 e os seus domiacutenios somente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo (r=025

p=005) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026 p=004) se correlacionaram fracamente

com o grau de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas vide Tabela 6

O escore total do OSA-18 natildeo se correlacionou com o escore global de QV (r=-012

p=034) assim como o escore global de QV natildeo se correlacionou com o grau de obstruccedilatildeo

palatina (r=-020 p=012) nem com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea (r=-0006 p=096)

Tabela 6 Correlaccedilatildeo entre o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina com os domiacutenios e o escore total do OSA-18

nas crianccedilas atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de 2009

GRAU DE OBSTRUCcedilAtildeO (IIIIIIV) Coeficiente de

correlaccedilatildeo(r) Valor de p

FARIacuteNGEA

Perturbaccedilatildeo do sono 016 020

Sofrimento fiacutesico -008 051

Sofrimento emocional 025 005

Problemas diurnos 014 028

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 026 004

Escore total do OSA 018 017

PALATINA

Perturbaccedilatildeo do sono 019 014

Sofrimento fiacutesico 004 075

Sofrimento emocional -015 038

Problemas diurnos -016 022

Preocupaccedilatildeo dos responsaacuteveis 012 033

Escore total do OSA 004 074

Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

Comparando-se os sintomas referidos na consulta inicial observa-se que 39 dos

roncadores primaacuterios (886) apresentaram maior hiperatividade do que 9 apneicos (60)

(p=002) Dentre as crianccedilas com apneia 8 (533) apresentaram maior comprometimento no

desenvolvimento do que as 6 roncadores primaacuterios (136) (p=0004) conforme Tabela 7

56

Tabela 7 Frequecircncia dos sintomas referidos entre crianccedilas com SAOS e RP () atendidas entre agosto de 2008

a marccedilo de 2009

Sintomas Referidos Apneia

n=15 ()

Ronco

n=44 () Valor de p

Pausas respiratoacuterias (apneia) 13 (928) 28 (651) 008

Obstruccedilatildeo nasal 14 (933) 41 (932) 10

Sialorreia 11 (733) 34 (773) 073

Sono agitado 15 (100) 39 (866) 031

Hiperatividade 9 (60) 39 (886) 002

Sonolecircncia diurna 3 (20) 4 (93) 036

Sudorese noturna 9 (60) 37 (84) 007

Enurese 6 (40) 14 (318) 056

Deacuteficit do aprendizado 4 (266) 14 (318) 10

Baixo desenvolvimento fiacutesico 8 (533) 6 (136) 0004

IVAS de repeticcedilatildeo 12 (80) 37 (84) 07

Otites de repeticcedilatildeo 4 (266) 8 (186) 048

Rinorreia frequente 10 (666) 22 (50) 026

Espirros frequentes 7 (466) 21 (477) 094

n () Qui-Quadrado

As variaacuteveis polissonograacuteficas das crianccedilas com SAOS e RP foram comparadas e

encontradas diferenccedilas estatisticamente significantes nas variaacuteveis Iacutendice de despertares

(nh) Iacutendice de Apneia (nh) Iacutendice de Hipopneia (nh) Nadir SpO2 () vide Tabela 8

Tabela 8 Variaacuteveis polissonograacuteficas em crianccedilas com SAOS e RP atendidas entre agosto de 2008 a marccedilo de

2009

Dados polissonograacuteficos Apneia

n=15 (plusmndp)

Ronco Primaacuterio

n=44 (plusmndp) Valor de p

Tempo total de sono (min) 4106plusmn495 4135plusmn69 088

Eficiecircncia de sono () 822plusmn796 830plusmn134 083

Iacutendice de despertares (nh) 142plusmn565 99plusmn413 0003

Estaacutegio1() 36plusmn220 43plusmn238 032

Estaacutegio 2() 497plusmn991 483plusmn724 054

Estaacutegio 3 Estaacutegio 4() 286plusmn82 293plusmn503 066

REM() 179plusmn674 179plusmn788 099

Iacutendice de Apneia (nh) 107plusmn130 009plusmn022 lt0001

Iacutendice de Hipopneia(nh) 41plusmn419 07plusmn182 lt0001

Iacutendice de Apneia-Hipopneia(nh) 154plusmn148 08plusmn20 lt0001

Iacutendice de dessaturaccedilatildeo() 153plusmn109 53plusmn574 lt0001

Saturaccedilatildeo O2 vigiacutelia() 952plusmn094 958plusmn095 0023

Saturaccedilatildeo O2 NREM() 945plusmn164 956plusmn103 0013

Saturaccedilatildeo O2 REM() 94plusmn217 955plusmn116 0005

Nadir Sat O2() 743plusmn134 88plusmn512 0001

dp= desvio padratildeoREM= Rapyd Eye MovimentTeste ldquotrdquode Student Mann-Witney

57

Os iacutendices respiratoacuterios da polissonografia (PSG) como o Iacutendice de Apneia (IA)

(r=022 p=008) e o Iacutendice de Apneia-Hipopneia (IAH) (r=014 p=026) natildeo se

correlacionaram com os domiacutenios e escore total do OSA-18 nem tampouco com o grau de

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina (II III IV)

58

VIII DISCUSSAtildeO

A qualidade de vida cada vez mais eacute reconhecida como uma importante medida de

resultado de sauacutede na medicina cliacutenica Entretanto o impacto da SAOS na QV das crianccedilas

tem sido subestimado17

Destarte no presente estudo pretendeu-se avaliar essa questatildeo com

base numa amostragem de 59 crianccedilas com sinais e sintomas de DRS idade entre 3 e 12 anos

idade meacutedia de 677plusmn 226 anos Apoacutes realizaccedilatildeo de PSG noturna 15 crianccedilas (254)

confirmaram SAOS

Um estudo nacional epidemioloacutegico verificou prevalecircncia elevada de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em 998 escolares de 9 a 14 anos de baixo niacutevel

socioeconocircmico A prevalecircncia de ronco habitual encontrada foi de 276 significativamente

maior que as taxas encontradas em crianccedilas de faixa etaacuteria semelhante em outros paiacuteses30

Estima-se que a prevalecircncia de RP seja de 32 a 121 na populaccedilatildeo pediaacutetrica A

presenccedila de SAOS encontra-se em uma proporccedilatildeo menor nestas crianccedilas variando de 07 a

103 Em crianccedilas com DRS encaminhadas para investigaccedilatildeo a proporccedilatildeo de crianccedilas com

SAOS diagnosticadas por PSG pode chegar ateacute a 7078

No estudo transversal de Brouillette et al51

para determinar a utilidade da oximetria

de pulso para diagnoacutestico de SAOS 210 crianccedilas (60) confirmaram diagnoacutestico de SAOS

definida por polissonografia Este estudo incluiu 43 pacientes entre 10 a 17 anos de idade e 92

crianccedilas tinham outras doenccedilas associadas que poderiam afetar a respiraccedilatildeo durante o sono Jaacute

Carroll et al76

analisaram retrospectivamente 83 crianccedilas com idade variando de 54 meses a

148 anos e histoacuteria cliacutenica de DRS sendo que 67 eram afro-americanos e 26 tinham

obesidade Os autores encontraram SAOS de acordo com o IAH ge 1hora em 35 delas

(42) Valera et al56

em estudo nacional avaliaram 267 crianccedilas com diagnoacutestico cliacutenico de

SAOS e apoacutes PSG confirmaram SAOS em 305 naquelas portadoras de tonsilas e

59

adenoides natildeo obstrutivas Izu et al77

em pesquisa nacional com dados obtidos de

prontuaacuterios de 248 crianccedilas respiradoras orais encontraram prevalecircncia de SAOS em 104

delas (42) com pico ocorrendo entre os 4 e 7 anos de idade Mitchell e Kelly20

estudaram

prospectivamente 61 crianccedilas entre 3 e 18 anos com histoacuteria de DRS objetivando avaliar a

relaccedilatildeo entre QV e a severidade do DRS e comparar as mudanccedilas na QV apoacutes

adenotonsilectomia e encontraram SAOS em 43 crianccedilas (705)

A populaccedilatildeo deste estudo incluiu crianccedilas roncadoras (100) que apresentaram

sintomas claacutessicos de DRS com elevada frequecircncia respiraccedilatildeo bucal (100) obstruccedilatildeo nasal

(932) sono agitado (915) IVAS de repeticcedilatildeo (831) hiperatividade (814) sudorese

(78) sialorreia (763) apneia referida (695) e 729 se autodefiniram pardas Os

sintomas com menor frequecircncia foram desenvolvimento fiacutesico (237) seguido de sonolecircncia

diurna (119) Ramos et al79

em estudo nacional encontraram resultados semelhantes com

predomiacutenio de roncos (935) obstruccedilatildeo nasal (935) e sono agitado (882) A presenccedila

de sintomas em crianccedilas com SAOS e RP foi similar Respiraccedilatildeo bucal e sintomas nasais

foram os sintomas mais prevalentes encontrados por outros autores723

Os DRS na infacircncia promovem impacto na QV das crianccedilas afetadas e dos pais ou

cuidadores fato evidenciado por vaacuterios estudos na literatura internacional Franco et al7

encontraram impacto moderado e grande na QV em 67 das crianccedilas na amostra estudada

Mitchell e Kelly20

encontraram impacto moderado e grande na QV em 72 das crianccedilas

portadoras de SAOS Goldstein et al22

apoacutes estudarem 64 crianccedilas encontraram 66 de

impacto moderado e grande na QV No Brasil Silva e Leite23

encontraram impacto moderado

e grande em 979 das crianccedilas estudadas Neste estudo o grau de impacto na QV atraveacutes do

questionaacuterio OSA-18 foi classificado como impacto pequeno em 6 (102) moderado em

33 (559) e grande em 20 (339) crianccedilas ou seja 53 (898) das crianccedilas participantes

60

do estudo registraram impacto na QV em grau moderado e grande Esses dados satildeo

comparaacuteveis com os da literatura pesquisada

Quando se compara os grupos SAOS (com apneia) e RP (sem apneia) em relaccedilatildeo ao

grau de impacto na qualidade de vida natildeo haacute diferenccedila estatiacutestica (p=018) semelhante ao

encontrado por Mitchell e Kelly20

Mais da metade (542 ) das crianccedilas dormiam no mesmo quarto com os pais tendo

a matildee como principal informante em 898 dos casos e um percentual de 508 que possuiacutea

o segundo grau completo com um tempo meacutedio de escolaridade de 109plusmn331 anos Esses

dados satildeo semelhantes ao encontrado por Silva e Leite23

ndash 625 das crianccedilas dormiam no

mesmo quarto com os pais em mais de 80 dos casos o informante foi a matildee e o tempo

meacutedio de escolaridade foi de 82 anos (DP=314)

A meacutedia do tempo de queixa nesse estudo foi de 39 contra 46 anos de Silva e

Leite23

Eacute possiacutevel que os resultados traduzam a dificuldade de acesso destas crianccedilas carentes

ao otorrinolaringologista na regiatildeo nordeste do Brasil em comparaccedilatildeo com a meacutedia

apresentada por Franco et al7 que foi de 2 anos fato que talvez represente a realidade norte

americana

Nesse estudo foram encontrados escores meacutedios mais elevados para os domiacutenios

ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo seguido de ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo e ldquosofrimento fiacutesicordquo Os

itens que compotildeem estes domiacutenios envolvem questotildees sobre os aspectos mais comuns dos

DRS (preocupaccedilatildeo dos pais com a sauacutede da crianccedila sono agitado ronco alto engasgos

respiraccedilatildeo oral infecccedilotildees das VAS rinorreia dificuldade para se alimentar) Estes resultados

satildeo similares ao encontrado por Silva e Leite23

Outros autores apontaram para os mesmos

domiacutenios (ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo seguido de ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo e ldquosofrimento

fiacutesicordquo) como os mais afetados76869

61

O domiacutenio menos afetado nesse estudo foi ldquoproblemas diurnosrdquo resultado similar

aos estudos nacionais23

25 diferentemente dos estudos internacionais que encontraram o

domiacutenio ldquoproblemas emocionaisrdquo como o menos afetado7166970

Neste aspecto concordando

com Silva e Leite23

pode-se atribuir a diferenccedila entre os domiacutenios quando comparados

estudos nacionais e internacionais As questotildees culturais podem estar envolvidas jaacute que os

latinos costumam ser mais expansivos que os americanos populaccedilatildeo pesquisada nestes

estudos

Observamos nesse estudo que 746 dos pais ao responderem o item ldquolhe deixaram

preocupados a respeito da sauacutede geral de sua crianccedilardquo que faz parte do domiacutenio ldquopreocupaccedilatildeo

dos responsaacuteveisrdquo optaram pela nota maacutexima 7 pontos (todas as vezes) na escala ordinal de 1

a 7 sugerindo que a qualidade do sono nos filhos implica em grande preocupaccedilatildeo para os pais

A meacutedia do escore basal do questionaacuterio OSA-18 encontrado neste estudo foi pouco

menor (779) que a encontrada por Silva e Leite6 ndash 828 classificado como de grande impacto

Provavelmente isto se deveu agrave meacutedia do tempo de queixa encontrada ter sido inferior Natildeo foi

encontrada diferenccedila entre os sexos tanto para o escore total quanto para os domiacutenios do

OSA-18 semelhantes a diferentes estudos7236869

Um estudo encontrou impacto grande na QV em 37 e moderado em 35 das

crianccedilas com SAOS20

Nesse estudo foi encontrado impacto grande na QV em 533

moderado em 40 das crianccedilas com SAOS e natildeo houve diferenccedila significativa entre os

grupos SAOS e RP (p=018) similar ao encontrado por outro estudo20

Mitchell e Kelly20

demonstraram que o escore total basal do OSA-18 foi maior no

grupo com SAOS (728) pontos poreacutem sem diferenccedila estatiacutestica significante em relaccedilatildeo ao

RP (694) Nesse estudo encontramos escores meacutedios mais elevados no grupo com SAOS (83)

do que com RP (762) sem diferenccedila estatiacutestica significante entre eles (p=008) Entretanto

quando comparados os grupos SAOS e RP com o escore total e escore dos domiacutenios do

62

OSA-18 encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante somente para o domiacutenio sofrimento

fiacutesico (p=004)

Nesse estudo discordando de Franco et al7 natildeo foi encontrado correlaccedilatildeo entre o

escore total do OSA-18 e o IAH Esses resultados se assemelham aos estudos de Tran et al16

e Mitchell et al2068

A correlaccedilatildeo encontrada por Franco et al7 pode ser atribuiacuteda ao fato do

uso da polissonografia diurna para validar o OSA-18 em lugar da PSG noturna

Esse meacutetodo pode natildeo ter mostrado uma parcela representativa do distuacuterbio do sono

pois uma das variaacuteveis para a sua validaccedilatildeo foi o IAH17

Um estudo em crianccedilas entre 2 e 10 anos com suspeita de SAOS o OSA-18

apresentou baixa sensibilidade (40) e valor preditivo negativo de 73 para detectar escore

anormal de oximetria noturna O questionaacuterio OSA-18 natildeo deve ser utilizado para identificar

SAOS moderada e severa em crianccedilas70

O OSA-18 e a PSG medem diferentes aspectos da SAOS enquanto a PSG eacute usada

para avaliar paracircmetros fisioloacutegicos associados ao sono o OSA-18 avalia o comportamento

das crianccedilas A falta de correlaccedilatildeo encontrada em diversos estudos pode ser explicada porque

os pais natildeo observam as crianccedilas ao final da noite onde ocorre o maior pico de apneia

registrado pela PSG1768

Mitchell69

estudou prospectivamente 79 crianccedilas com SAOS encontrou fraca

correlaccedilatildeo entre o escore total basal do OSA-18 e o IAH (r=028) O escore elevado do OSA-

18 foi um indicador fraco para evidenciar severidade de SAOS

Os iacutendices antropomeacutetricos enquanto indicadores do estado nutricional satildeo

representativos das condiccedilotildees de vida dos grupos populacionais estudados80

Rudnick e

Mitchell81

compararam crianccedilas obesas com natildeo obesas portadoras de SAOS e encontraram

alta prevalecircncia de problemas comportamentais independente da obesidade A obesidade em

63

crianccedilas tem aumentado dramaticamente nas uacuteltimas duas deacutecadas e aproximadamente um

terccedilo de crianccedilas obesas exibem DRS

Mitchell e Boss82

realizaram um estudo controlado com 89 crianccedilas com SAOS no

qual 40 (45) crianccedilas obesas (gt percentil 95) foram comparadas com natildeo obesas Os autores

avaliaram o impacto da adenotonsilectomia na qualidade de vida e o comportamento delas O

escore meacutedio do OSA-18 foi mais elevado em obesos melhorando apoacutes a cirurgia e o IAH

apresentou fraca correlaccedilatildeo com o escore meacutedio do OSA-18 tanto no preacute quanto no poacutes-

operatoacuterio

No exame fiacutesico o grau de obstruccedilatildeo foi representado nesse estudo pela tonsila

fariacutengea (adenoide) como grau I II III e IV e tonsilas palatinas grau II III IV e consideradas

obstrutivas os graus III IV (gt 50) O grau obstrutivo foi comparado com o escore meacutedio do

OSA-18 e natildeo apresentou diferenccedila estatiacutestica significante tanto para tonsila fariacutengea

(p=065) quanto para tonsilas palatinas (p=042) Tambeacutem natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo entre

o escore total do questionaacuterio OSA-18 e o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina Entretanto

apoacutes ser analisado cada domiacutenio separadamente os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo

(r=025) e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo (r=026) apresentaram correlaccedilatildeo fraca com o grau

de obstruccedilatildeo das tonsilas fariacutengeas respectivamente Franco et al7 encontraram associaccedilatildeo

entre o domiacutenio ldquosofrimento emocionalrdquo (r=036) com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

sugerindo que obstruccedilatildeo nasal pode afetar adversamente o bem-estar da crianccedila

Dayyat et al37

encontraram modesta correlaccedilatildeo (r=022 p=lt0001) entre a soma do

tamanho adenotonsilar e o IAH em crianccedilas natildeo obesas natildeo encontrando diferenccedila no grupo

de obesos Mitchell

69 apoacutes estudo prospectivo com 79 crianccedilas com SAOS evidenciou que

aquelas com o grau I e II de obstruccedilatildeo promovido pelas tonsilas palatinas tecircm IAH meacutedio

menor (plt00001) do que aquelas com tonsilas grau III e IV poreacutem sem diferenccedila

significativa apoacutes adenotonsilectomia Nesse estudo quando categorizada a variaacutevel grau de

64

obstruccedilatildeo fariacutengea e palatina em maior ou menor do que 50 de grau de obstruccedilatildeo natildeo

encontrou-se diferenccedila estatiacutestica significante entre os grupos SAOS (p=009) e RP (p=074)

A relaccedilatildeo entre DRS e alteraccedilotildees de comportamento relatado nas crianccedilas eacute

complexa Aleacutem dos prejuiacutezos relacionados aos DRS os cliacutenicos devem considerar a

contribuiccedilatildeo do ganho de peso sono insuficiente e desordem do sono ao avaliarem estas

crianccedilas83

Sobrepeso e obesidade estatildeo se tornando um problema de sauacutede puacuteblica pois a

prevalecircncia eacute crescente No Brasil o sobrepeso foi detectado em 147 e obesidade em 41

das crianccedilas84

Nesse estudo os iacutendices escores z PE e percentil PE foram analisados e

apresentaram em cada um deles 267 de crianccedilas com obesidade no entanto sem

apresentar diferenccedila estatisticamente significante quando comparados o grupo SAOS e RP

Franco et al7 consideraram 54 crianccedilas (89) com peso normal de acordo com IMC menor

ou igual a 25 kgm2 encontrando obesidade em apenas duas crianccedilas (3) natildeo levando em

consideraccedilatildeo a idade

Quando comparado os sintomas referidos nos grupos de SAOS e RP encontrou-se

maior comprometimento pocircndero-estatural em crianccedilas com SAOS (p=0004) e

hiperatividade em portadoras de RP (p=002) Melendres et al85

em estudo com base no

escore de Conners encontraram mais sintomas de deacuteficit de atenccedilatildeo e hiperatividade nas

crianccedilas com DRS do que nos controles poreacutem ao compararem RP e SAOS natildeo

descobriram diferenccedila entre eles concluindo que os paracircmetros da PSG natildeo satildeo

determinantes para avaliar hiperatividade

A desnutriccedilatildeo (peso baixo para idade peso baixo para a estatura e retardo de

crescimento linear) permanece como problema nutricional de maior interesse em paiacuteses em

desenvolvimento No Brasil um estudo84

detectou 57 de baixo peso para a idade 23 de

baixo peso para a estatura e 105 para retardo de crescimento linear Na regiatildeo Nordeste as

prevalecircncias foram respectivamente 83 28 e 179 Na avaliaccedilatildeo nutricional desse

65

estudo encontrou-se 6 crianccedilas (101 ) com acometimento da estatura em relaccedilatildeo agrave idade

portanto satildeo desnutridos pregressos foram desnutridos no passado compensaram o peso

mas natildeo conseguiram compensar a altura Como a classe social predominante nesse estudo foi

de baixa renda variaacuteveis diversas podem ter interferido como por exemplo a falta de uma

alimentaccedilatildeo adequada na idade mais importante para o crescimento nos dois primeiros anos

de vida natildeo podendo se atribuir somente aos DRS

Vaacuterios autores abordam na literatura o prejuiacutezo fiacutesico comportamental deacuteficit de

atenccedilatildeo em crianccedilas com sintomas obstrutivos respiratoacuterios do sono devido agrave hipertrofia

adenotonsilar com melhora na qualidade de vida apoacutes adenotonsilectomia tanto em curto

como em longo prazo6171986878889

Nesse estudo encontrou-se um grau de comprometimento na qualidade de vida

moderado e grande em mais de 89 das crianccedilas participantes do estudo atraveacutes do

instrumento OSA-18 Variaacuteveis sociodemograacuteficas como sexo idade das crianccedilas tempo de

queixa dos sintomas renda familiar idade dos pais ou cuidadores tempo de estudo dos pais e

o grau de escolaridade natildeo apresentaram diferenccedilas estaticamente significantes entre o grupo

SAOS e RP similar ao encontrado por Mitchell e Kelly20

66

IX LIMITACcedilOtildeES E PERSPECTIVAS

Esse estudo apresentou como limitaccedilatildeo a falta de grupo controle com crianccedilas sadias

o que natildeo o invalida pois o objetivo baacutesico foi alcanccedilado ndash avaliar a qualidade de vida de

crianccedilas relacionada especificamente a um grupo de doenccedila (distuacuterbios respiratoacuterios do sono)

que engloba a SAOS e RP Com este propoacutesito foi aplicado aos pais um instrumento

especiacutefico para avaliaccedilatildeo do impacto na qualidade de vida o OSA-18 e comparado os grupos

SAOS (com apneia) e RP (sem apneia)

A subjetividade proporcionada pelo uso de questionaacuterios na pesquisa foi minimizada

com uma medida objetiva ndash a polissonografia Apesar da dificuldade de acesso da nossa

populaccedilatildeo agrave PSG em crianccedilas aleacutem da sua complexidade esta conseguiu ser realizada pois eacute

considerada padratildeo ouro no diagnoacutestico diferencial entre SAOS e RP sendo importante

instrumento de avaliaccedilatildeo da gravidade dos DRS Os estudos nacionais constantes da revisatildeo

bibliograacutefica natildeo utilizaram a polissonografia para diagnoacutestico diferencial das crianccedilas com

quadro cliacutenico de DRS devido aos custos e dificuldades para realizaacute-lo Eles avaliaram o

impacto da qualidade de vida em crianccedilas selecionadas para adenoidectomia eou

adenotonsilectomia e todos eles encontraram melhora apoacutes o tratamento ciruacutergico232425262771

O efeito da SAOS pediaacutetrica na qualidade de vida global requer mais atenccedilatildeo nas

iniciativas de sauacutede puacuteblica17

O pediatra e o otorrinolaringologista satildeo os primeiros a ter

contato com este tipo de paciente e devem estar atentos Balbani et al90

publicaram um estudo

sobre as opiniotildees e condutas de 516 pediatras do Estado de Satildeo Paulo escolhidos

aleatoriamente e coletados no ano de 2003 quando se obteve os seguintes resultados o ensino

de DRS na infacircncia foi considerado insatisfatoacuterio pelos participantes da pesquisa tanto na

graduaccedilatildeo (652) quanto na residecircncia meacutedica em Pediatria (348) As principais condutas

citadas pelos pediatras para diagnoacutestico de SAOS na crianccedila foram radiografia do cavum

67

avaliaccedilatildeo com otorrinolaringologista (25) e oximetria de pulso noturna (142) Somente

116 dos pediatras indicaram a polissonografia de noite inteira e 45 a polissonografia

breve diurna Os autores concluiacuteram que haacute um descompasso entre as pesquisas sobre DRS na

infacircncia e sua abordagem na praacutetica pediaacutetrica

Este estudo se torna relevante pois permitiu o emprego de um instrumento para avaliar

o impacto na qualidade de vida relacionada especificamente a um grupo de doenccedila que quando

natildeo tratado pode levar a consequecircncias danosas aos seus portadores tanto no presente quanto no

futuro A populaccedilatildeo estudada foi composta por crianccedilas com DRS e baixa condiccedilatildeo social e

esse estudo encontrou comprometimento da qualidade de vida tanto nos portadores de SAOS

quanto nos RP

Eacute preciso estar ciente de que os DRS em crianccedilas representam um importante

problema de sauacutede com consequecircncias para os indiviacuteduos afetados para suas famiacutelias e para

a sociedade infelizmente muitos casos continuam sem serem diagnosticados eou tratados91

Os dados encontrados neste estudo poderatildeo colaborar na tomada de decisatildeo mais

precoce com medidas mais eficientes Pesquisas futuras devem ser estimuladas assim como a

divulgaccedilatildeo cientiacutefica acerca dos distuacuterbios obstrutivos do sono na graduaccedilatildeo e nos serviccedilos de

residecircncia meacutedica

Esse estudo teraacute uma segunda fase quando se avaliaraacute a QV em longo prazo apoacutes

adenotonsilectomia utilizando o instrumento OSA-18 Trabalhos futuros controlados seratildeo

importantes para se avaliar as mudanccedilas na qualidade de vida das crianccedilas afetadas e dos

familiares apoacutes o tratamento

68

X CONCLUSAtildeO

1 A qualidade de vida em crianccedilas portadoras de DRS estaacute comprometida

2 O escore meacutedio do OSA-18 natildeo se correlacionou com RP SAOS IA IAH Nadir SpO2

3 Os domiacutenios mais afetados foram ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo ldquoperturbaccedilatildeo do sonordquo

e ldquosofrimento fiacutesicordquo

4 Os domiacutenios ldquosofrimento emocionalrdquo e ldquopreocupaccedilatildeo dos responsaacuteveisrdquo se correlacionaram

com o grau de obstruccedilatildeo fariacutengea

5 O domiacutenio ldquosofrimento fiacutesicordquo do OSA-18 eacute mais afetado em apneicos do que em

roncadores primaacuterios

69

XI ABSTRACT

Introduction Children may present sleep-disordered breathing (SDB) that includes Primary

Snoring (PS) and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) The gold standard for

diagnosis is polysomnography (PSG) and the main cause is adenotonsillar hypertrophy

(AHT) Adenotonsillectomy is the most appropriate treatment SDB leads to innumerable

complications and impact on quality of life (QOL) and to evaluate it the use of questionnaires

with answers parents or caregivers is necessary Objective Evaluate QOL in children with

SDB compare the quality of life of children with obstructive sleep apnea syndrome (OSAS)

and without apnea (PS) and identify which areas of OSA-18 are mostly affected Casuistic

Material and methods cross-sectional study with consecutive sampling of spontaneous

demand in children with a history of snoring and or apnea with hyperplasia of tonsils or

adenoids at physical examination The degree of obstruction of tonsils was identified by

Brodskyrsquos classification pharyngeal tonsil (adenoid) was measured by

videonasofibrolaryngoscopy and quality of life by OSA-18 questionnaire PSG was used to

diagnose OSAS and PS Results 59 children participated in this study with mean age of 67plusmn

226 years The mean score of the OSA-18 was 779plusmn1322 and the areas were ldquoconcern of

persons in chargerdquo (218plusmn425) ldquosleep disturbancerdquo (188plusmn519) ldquophysical sufferingrdquo

(173plusmn50) The impact was low in 6 children (102) moderate in 33 (559) and high in 20

(339) PS was found in 44 children (746) OSAS in 15 (256) and degrees were mild

in 6 (102) moderate in 1 (17) and marked in (136) OSAS had most affected

physical suffering area than PS (p = 004) Lack of correlation between the OSA-18 score

and the degree of pharyngeal obstruction (r= 018 p=017) and palate (r= 004 p=074)

There was no difference between OSA-18 scores and the groups PS OSAS mild moderate

and severe (p = 007) The AI (r = 022 p=008) and AHI (r = 014 p=026) were not

correlated with OSA-18 Conclusion SDB caused impact of moderate to marked in QOL and

the areas most affected of concern to the persons in charge were ldquosleep disturbancerdquo and

ldquophysical sufferingrdquo Those affected by OSAS had higher score in the field of ldquophysical

distressrdquo than PS OSA-18 did not correlate with PS OSAS AI and AIH

Keywords 1 quality of life 2 children 3 sleep apnea 4 snoring 5 sleep-disordered

breathing

70

XII REFEREcircNCIAS

1- Anstead M Pediatric sleep disorders new developments and evolving understanding

Curr Opin Pulm Med 2000 6(6)501-6

2- Bower C Buckmiller L Whats new in pediatric obstructive sleep apnea Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 20019352-8

3- American Thoracic Society Standards and indications for cardiopulmonary sleep

studies in children Am J Respir Crit Care Med 1996153(2)866-78

4- Tufik S Medicina e Biologia do Sono 1 ed Barueri SP Editora Manole Ltda 2008

v 1 p 155

5- Balbani APS Weber SA Montovani JC Update on obstructive sleep apnea syndrome

in children Braz J Otorhinolaryngol 2005 jan-fev 71(1)74-80

6- Silva VC Leite AJ Qualidade de vida e distuacuterbios obstrutivos do sono em crianccedilas

revisatildeo de literatura Rev Pediatr Cearaacute 2005 6 (1)12-9

7- Franco RA Rosenfeld RM Rao M First place-resident clinical science award 1999

Quality of life for children with obstructive sleep apnea Otolaryngol Head Neck Surg

2000123(1 Pt 1)9-16

8- Stewart MG Pediatric outcomes research development of an outcomes instrument for

tonsil and adenoid disease Laryngoscope 2000110(3 Pt 3)12-5

9- Stewart MG Friedman EM Sulek M Hulka GF Kuppersmith RB Harrill WC

Quality of life and health status in pediatric tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2000126(1)45-8

10- Stewart MG Friedman EM Sulek M deJong A Hulka GF Bautista MH Anderson

SE Validation of an outcomes instrument for tonsil and adenoid disease Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2001127(1)29-35

11- De Serres LM Derkay C Astley S Deyo RA Rosenfeld RM Gates GA Measuring

quality of life in children with obstructive sleep disorders Arch Otolaryngol Head

Neck Surg 2000126423-9

12- Flanary VA Long-term effect of adenotonsillectomy on quality of life in pediatric

patients Laryngoscope 2003113(10)1639-44

13- Goldstein NA Stewart MG Witsell DL Hannley MT Weaver EM Yueh B et al

Quality of life after tonsillectomy in children with recurrent tonsillitis Otolaryngol

Head Neck Surg 2008 138(1Suppl)S9-S16

14- Shon H Rosenfeld RM Evaluation of sleep-disordered breathing in children

Otolaryngol Head Neck Surg 2003128344-52

71

15- Crabtree VM Varni JW Gozal D Health-related quality of life and depressive

symptoms in children with suspected sleep-disordered breathing Sleep 2004

27(6)1131-8

16- Tran KD Nguyen CD Weedon J Goldstein NA Child behavior and quality of life in

pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg 200513152-7

17- Baldassari CM Mitchell RB Schubert C Rudnick EF Pediatric obstructive sleep

apnea and quality of life a meta-analysis Otolaryngol Head Neck Surg 2008

138(3)265-273

18- Mitchel RB Kelly J Outcome of adenotonsillectomy for severe obstructive sleep

apnea in children Int J Pediatric Otorhinolaryngol 200468(11)1375-9

19- Mitchell RB Kelly J Call E Yao N Long-term changes in quality of life after

surgery for pediatric obstructive sleep apnea Arch Otolaryngol Head Neck Surg

2004130(4)409-12

20- Mitchell RB Kelly J Quality of life after adenotonsillectomy for SDB children

OtolaryngologyndashHead Neck Surg 2005133569-57

21- Garetz SL Behavior cognition and quality of life after adenotonsillectomy for

pediatric sleep-disordered breathing summary of the literature Otolaryngol Head

Neck Surg 2008138(1 Suppl)S19-26

22- Goldstein NA Fatima M Campbell TF Rosenfeld RM Child behavior and quality of

life before and after tonsillectomy and adenoidectomy Arch Otolaryngol Head Neck

Surg 2002128(7)770-5

23- Silva VC Leite AJM Qualidade de vida em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do

sono avaliaccedilatildeo pelo OSA-18 Braz J Otorhinolaryngol 200672(6)747-56

24- Lima Juacutenior JM Silva VC Freitas MR Long term results in the life quality of

children with obstructive sleep disorders Braz J Otorhinolaryngol 200874(5)718-24

25- Nascimento MS Salgado DC Maia MS Lambert EE Pio MRB Suzano R Tiago L

Impacto do tratamento ciruacutergico na qualidade de vida de crianccedilas com hiperplasia de

tonsilas ACTA ORLTeacutecnicas em Otorrinolaringologia 200725 (2)119-123

26- Beraldin BS Rayes TR Vilela PH Ranieri DM Assessing the impact

adenotonsilectomy has on the lives of children with hypertrophy of palatine and

pharyngeal tonsils Braz J Otorhinolaryngol 200975(1)64-69

27- Di Francesco RC Komatsu CL Melhora da qualidade de vida em crianccedilas apoacutes

adenoamigdalectomia Rev Bras Otorrinolaringol 200470(6)748-51

28- Bruni O Ottaviano S Guidetti V Romoli M Innocenzi M Cortesi F et al The Sleep

Disturbance Scale for Children (SDSC) Construction and validation of an instrument

to evaluate sleep disturbances in childhood and adolescence J Sleep Res 19965(4)

251-61

72

29- Fagondes SC Moreira GA Apneia obstrutiva do sono em crianccedilas J Bras Pneumol

2010 36(supl 2)57-61

30- Petry C Pereira UM Pitrez PMC Jones MH Stein RT Prevalecircncia de sintomas de

distuacuterbios respiratoacuterios do sono em escolares brasileiros - The prevalence of

symptoms of sleep-disordered breathing in Brazilian schoolchildren J pediatr

200884(2)123-29

31- Ali NJ Pitson DJ Stradling JR Snoring sleep disturbance and behaviour in 4-5 year

olds Arch Dis Child 199368(3)360-6

32- Brunetti L Rana S Lospalluti ML Pietrafesa A Francavilla R Fanelli M et al

Prevalence of obstructive sleep apnea syndrome in a cohort of 1207 children of

southern Italy Chest 2001120(6)1930-5

33- Valera FCP Demarco Ricardo C Anselmo-Lima Wilma T Siacutendrome da apneacuteia e da

hipopneacuteia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianccedilas Rev Bras Otorrinolaringol

200470232-7

34- Marcus CL Pathophysiology of childhood obstructive sleep apnea current concepts

Respir Physiol 2000119(2-3)143-54

35- Bittencourt LRA coordenador Diagnoacutestico e tratamento da siacutendrome da apneacuteia

obstrutiva do sono (SAOS) guia praacutetico Satildeo Paulo Livraria Meacutedica Paulista Editora

2008

36- Marcus CL Sleep-disordered breathing in children Am J Respir Crit Care Med 2001

164(1)16-30

37- Dayyat E Kheirandish-Gozal L Sans Capdevila O Maarafeya MM Gozal D

Obstructive sleep apnea in children relative contributions of body mass index and

adenotonsillar hypertrophyChest 2009136(1) 137-44

38- Redline S Tishler PV Schluchter M Aylor J Clark K Graham G Risk factors for

sleep-disordered breathing in children Associations with obesity race and respiratory

problems Am J Respir Crit Care Med 1999159 (5 Pt 1)1527-32

39- Mitchell RB Kelly J Behavioral changes in children with mild sleep-disordered

breathing or obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy Laryngoscope 2007

117(9)1685-8

40- Carroll JL Loughlin GM Diagnostic criteria for obstructive sleep apnea syndrome in

children Pediatr Pulmonol199214(2) 71-42

41- Bixler EO Vgontzas AN Lin HM Liao D Calhoun S Fedok F et al Blood pressure

associated with sleep-disordered breathing in a population sample of children

Hypertension 200852(5)841-6

42- Marcus CLGreene MG Carrol JL Blood pressure in children with Obstructive Sleep

apnea Am J Respir Care Med 19981571098-1103

73

43- Amin R Somers VK McConnell K Willging P Myer C Sherman M et al Activity-

adjusted 24-hour ambulatory blood pressure and cardiac remodeling in children with

sleep disordered breathing Hypertension 200851(1)84-91

44- Weber SA Montovani JC Matsubara B Fioretto JR Echocardiographic abnormalities

in children with obstructive breathing disorder during sleep J Pediatr (Rio J) 2007

83(6)518-522

45- Zintzaras E Kaditis AG Sleep-disordered breathing and blood pressure in children a

meta-analysis Arch Pediatr Adolesc Med 2007161(2)172-8

46- Granzotto EH Aquino FV Flores JA Lubianca Neto JF Tonsil size as a predictor of

cardiac complications in children with sleep-disordered breathing Laryngoscope

2010120(6)1246-51

47- Guilleminault C Korobkin R Winkle R A review of 50 children with obstructive

sleep apnea syndrome Lung 1981159(5)275-87

48- Nixon GM Brouillette RT Sleep 8 paediatric obstructive sleep apnoea Thorax

200560(6)511-65

49- Gozal D Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Metabolic alterations and systemic

inflammation in obstructive sleep apnea among nonobese and obese prepubertal

children Am J Respir Crit Care Med 2008177(10)1142-9

50- De la Eva RC Baur LA Donaghue KC Waters KA Metabolic correlates with

obstructive sleep apnea in obese subjects J Pediatr 2002140(6)654-9

51- Brouillette RT Morielli A Leimanis A Walters KA Luciano R Ducharme FM

Nocturnal pulse oximetry as an abbreviated testing modality for pediatric obstructive

sleep apnea Pediatrics 2000105(2)405-12

52- Uema SFH Vidal MVR Fujita RR Moreira GA Pignatari SSN Avaliaccedilatildeo

comportamental em crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono Braz J

Otorhinolaryngol 200672(1)120-3

53- Uema SFH Pignatari SSN Fujita RR Moreira GA Hallinan MP Weckx L

Avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo cognitiva da aprendizagem em crianccedilas com distuacuterbios

obstrutivos do sono Braz J Otorhinolaryngol 200773(3)315-20

54- Gozal DSleep-disordered breathing and school performance in children Pediatrics

1998102(3 Pt 1)616-20

55- Ray RM Bower CM Pediatric obstructive sleep apnea the year in review Curr Opin

Otolaryngol Head Neck Surg 200513(6)360-5

56- Valera FCP Avelino MAG Pettermann MB Fujita R Pignatari SSN Moreira GA et

al OSAS in children correlation between endoscopic and polysomnographic findings

Otolaryngol Head Neck Surg 2005132268-72

74

57- Brietzke SE Katz ES Roberson DW Can history and physical examination reliably

diagnose pediatric obstructive sleep apneahypopnea syndrome A systematic review

of the literature Otolaryngol Head Neck Surg 2004 Dec131(6)827-32

58- Goh DY Galster P Marcus CL Sleep architecture and respiratory disturbances in

children with obstructive sleep apnea Am J Respir Crit Care Med 2000162(2 Pt 1)

682-6

59- Brouillette RT Fernbach SK Hunt CE Obstructive sleep apnea in infants and

children J Pediatr 198210031-40

60- Chervin RD Hedger KM Dillon JE Pituch KJ Pediatric Sleep Questionnaire (PSQ)

validity and reliability of scales for sleep-disordered breathing snoring sleepiness

and behavioral problems Sleep Med 20001(1)21ndash32

61- Preutthipan A Chantarojanasiri T Suwanjutha S Udomsubpayakul U Can parents

predict the severity of childhood obstructive sleep apnea Acta Paediatr 2000

89(6)708-12

62- Pessoa JHL Pereira Junior JC Alves RSC Distuacuterbio do sono na crianccedila e no

adolescente uma abordagem para pediatras EdAtheneu 2008 p88 100-104

63- Arrarte JL Lubianca Neto JF Fischer GB The effect of adenotonsillectomy on

oxygen saturation in children with sleep disordered breathing J Bras Pneumol 2007

33(1)62-8

64- Capdevila OS Kheirandish-Gozal L Dayyat E Gozal D Pediatric obstructive sleep

apnea complications management and long-term outcomes Proc Am Thorac Soc

20085(2)274-82

65- Minayo MCS Hartz ZMA Buss PM Qualidade de vida e sauacutede um debate

necessaacuterio Ciecircnc Sauacutede Coletiva [online] 20005(1)7-18

66- Verlade-Jurado E Avila-Figueroa C Consideraciones metodoloacutegicas para evaluar la

calidad de vida Salud Puacutebl Meacutex 200244(5)448-62

67- Moyer CA Sonnad SS Garetz SL Helman JI Chervin RD Quality of life in

obstructive sleep apnea a systematic review of the literature Sleep Med 2001

2(6)477-91

68- Mitchel RB Kelly J Call E Yao N Quality of Life After Adenotonsillectomy for

Obstructive Sleep Apnea in Children Arch Otolaryngol Head Neck Surg 2004

130190-194

69- Mitchell RB Adenotonsillectomy for obstructive sleep apnea in children outcome

evaluated by pre- and postoperative polysomnography Laryngoscope 2007 117(10)

1844-54

70- Constantin E Tewfik TL Brouillette RT Can the OSA-18 quality-of-life

questionnaire detect obstructive sleep apnea in children Pediatrics 2010125(1)162-

8

75

71- Alcacircntara LJL Pereira RG Mira JGS Soccol AT Tholken R Koerner HNet al

Adenotonsillectomy impact on childrenacutes quality of life Arq Int

Otorrinolaringol 200812(2)172-178

72- Brodsky L Modern assessment of tonsils and adenoids Pediatr Clin North Am 1989

36(6)1551-69

73- World Health Organization Disponiacutevel em httpwwwwhointen Acesso em 26

set 2010

74- Sigulem DM Devinvenzi UM Lessa AC Diagnoacutestico do estado nutricional da

crianccedila e do adolescente J pediatr (Rio J) 200076(suppl 3)S274-S284

75- Rechtschafen A Kales A A manual of standardized terminologytechniques and

scoring system and sleep stages of human subjects Los Angeles UCLA Brain

Information Service1968

76- Carroll JL McColley SA Marcus CL Curtis S Loughlin GM Inability of clinical

history to distinguish primary snoring from obstructive sleep apnea syndrome in

childrenChest 1995108(3)610-8

77- Izu SC Itamoto CH Pradella-Hallinan M Pizarro GU Tufik S Pignatari S et al

Ocorrecircncia da siacutendrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianccedilas

respiradoras orais Braz J Otorhinolaryngol 201076(5)552-556

78- Van Someren V Burmester M Alusi G Lane R Are sleep studies worth doing Arch

Dis Child 200083(1)76-81

79- Ramos RTT Daltro CHC Gregoacuterio PB OSAS in children clinical and

polysomnographic respiratory profile Braz J Otorhinolaryngol 200672(3)355-61

80- Carolina SBA Caroline OK Danilo AB Larissa VC Zugaib LCA Luciana GMA

Avaliaccedilatildeo Antropomeacutetrica em Estudantes de uma Comunidade Litoracircnea de

Camaccedilari Bahia Gazeta Meacutedica da Bahia 2006 76(Suplemento 3)S75-S81

81- Rudnick EF Mitchell RB Behavior and obstructive sleep apnea in children is obesity

a factor Laryngoscope 2007117(8)1463-6

82- Mitchell RB Boss EF Pediatric obstructive sleep apnea in obese and normal-weight

children impact of adenotonsillectomy on quality-of-life and behavior Dev

Neuropsychol 2009 34(5)650-61

83- Owens JA Mehlenbeck R Lee J King MM Effect of weight sleep duration and

comorbid sleep disorders on behavioral outcomes in children with sleep-disordered

breathing Arch Pediatr Adolesc Med 2008162 (4)313-21

84- Motta MEFA Silva GAP Desnutriccedilatildeo e obesidade em crianccedilas delineamento do

perfil de uma comunidade de baixa renda J Pediatr (Rio J) 200177(4)288-93

85- Melendres MC Lutz JM Rubin ED Marcus CLDaytime sleepiness and hyperactivity

in children with suspected sleep-disordered breathing Pediatrics 2004114(3)768-75

76

86- Powell SM Tremlett M Bosman DA Quality of life of children with sleep-

disordered breathing treated with adenotonsillectomy J Laringol Otol 2010271-6

87- Villa Asensi J De Miguel Diacuteez J Romero Anduacutejar F Campelo Moreno O Sequeiros

Gonzaacutelez A MuntildeozCodoceo R [Usefulness of the Brouillette index in the diagnosis

of obstructive sleep apnea syndrome in children] Utilidad del iacutendice de Brouillette

para el diagnoacutestico del siacutendrome de apnea del suentildeo infantil An Esp Pediatr

200053(6)547-52

88- Wei JL Mayo MS Smith HJ Reese M Weatherly RA Improved Behavior and Sleep

After Adenotonsillectomy in Children With Sleep-Disordered Breathing Arch

Otolaryngol Head Neck Surg 2007133(10)974-979

89- Ye J Liu H Zhang GH Li P Yang QT Liu X et al Outcome of adenotonsillectomy

for obstructive sleep apnea syndrome in children Ann Otol Laryngol 2010

119(8)506-13

90- Balbani APS Weber SA Montovani JC Carvalho LR Pediatras e os distuacuterbios

respiratoacuterios do sono na crianccedila Rev Assoc Med Bras 200551(2)80-6

91- Bruni O Sleep-disordered breathing in children time to wake up J Pediatr (Rio J)

200884(2)101-103

77

XIII ANEXOS

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

ANEXO C ndash (OSA-18)

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ANEXO Fndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

78

ANEXO A ndash FICHA PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio Nuacutemero_________

1 Nome _____________________________________

2 Data ___________ 3Data de nascimento

4 Idade anos meses 5Cor ou raccedila 51 Branca ( ) 52 Parda ( ) 53 Preta ( )

6Endereccedilo______________________________________________________________

7Cidade (Estado) ___________________________ Telefone_____________________

8Nome do cuidador _____________________________________________ Idade _______

Cuidador primaacuterio matildee ( ) pai ( ) avocircavoacute ( ) outro ( )

Crianccedila dorme em quarto separado do cuidador ( ) no mesmo quarto ( )

Tempo de estudo do cuidador anos

Grau de escolaridade do cuidador

Analfabeto ( )

Primeiro grau completo ( ) incompleto ( )

Segundo grau completo ( ) incompleto ( )

Terceiro grau completo ( ) incompleto ( )

Sintomas presentes nas crianccedilas com DOS (distuacuterbios obstrutivos do sono)

Tempo de queixas do distuacuterbio do sono anos

Ronco noturno sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Respiraccedilatildeo bucal sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Apneia (pausas respiratoacuterias) sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Obstruccedilatildeo nasal sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sialorreia sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sono agitado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Distuacuterbio de comportamento sim( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

(hiperatividade)

Sonolecircncia diurna excessiva sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Sudorese noturna sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

79

Enurese sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Deacuteficit do aprendizado sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Baixo desenvolvimento fiacutesico sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

IVAS de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Otites de repeticcedilatildeo sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Rinorreia frequente sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros frequentes sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por poeira sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por mudanccedilas climaacuteticas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Espirros por outras causas sim ( ) natildeo ( ) agraves vezes ( ) natildeo sabe informar ( )

Antecedentes meacutedicos patoloacutegicos pneumonia ( ) asma ( ) tonsilites de repeticcedilatildeo ( )

Outros ( ) especificar ____________________________________________

80

ANEXO B ndash QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO - LABORATOacuteRIO DE SONO

81

ESCALA DE DISTUacuteRBIOS DO SONO PARA BEBEcircSCRIANCcedilAS

Quantas horas de sono o(a) seu(sua) filho(a) dorme na maioria das noites

9-11 hs 8-9 hs 7-8 hs 5-7 hs Menos que 5 hs

Depois de ir para a cama quanto tempo o(a) seu(sua) filho(a) leva para dormir

Menos de 15 min 15 - 30 min 31 - 45 min 46 a 60 min Mais de 60 min

Complete a tabela considerando o seu horaacuterio de dormir e de despertar durante a semana e nos finais de semana

Hora habitual de dormir

Hora habitual de acordar

Dias de semana

(2a a 6a feira)

Final de semana

(saacutebdomferiado)

No do exame

No do quarto

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) evita o maacuteximo ou luta

na hora de ir para a cama

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade para

dormir

O(a) seu(sua) filho(a) se sente ansioso(a) ou

com medo enquanto estaacute tentando dormir

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

bruscos ou movimenta abruptamente partes

do corpo enquanto estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos tais como balanccedilar ou bater a

cabeccedila quando estaacute iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) tem a impressatildeo de

ver cenas que parecem sonho quando estaacute

iniciando o sono

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

quando estaacute iniciando o sono

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda mais que duas

vezes por noite

Depois de acordar no meio da noiteo(a)

seu(sua) filho(a) tem dificuldade para dormir

novamente

Este questionaacuterio iraacute permitir que tenhamos uma melhor compreensatildeo do ritmo sonovigiacutelia do(a) seu(sua)

filho(a) e de qualquer problema de comportamento do(a) seu(sua) filho(a) durante o sono Tente responder

todas as questotildees Caso necessaacuterio peccedila ajuda para seus pais considere cada questatildeo referente aos uacuteltimos

6 meses de vida do(a) seu(sua) filho(a)

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) faz movimentos

repetitivos ou bruscos com as pernas

quando estaacute dormindo

O(a) seu(sua) filho(a) se mexe muito na

cama ou derruba as cobertas quando estaacute

dormindo

82

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem sufocamento ou

dificuldade para respirar durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) transpira muito

durante a noite

O(a) seu(sua) filho(a) anda enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) range os dentes

enquanto dorme

O(a) seu(sua) filho(a) fala enquanto dorme

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) acorda no meio da

noite gritando ou confuso e na manhatilde

seguinte natildeo se lembra do que aconteceu

O(a) seu(sua) filho(a) tem pesadelos que

natildeo se lembra no dia seguinte

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldade de

acordar de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente cansado

quando acorda de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) se sente incapaz de se

mover quando acorda de manhatilde

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

O(a) seu(sua) filho(a) eacute sonolento durante o

dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme de repente em

situaccedilotildees natildeo apropriadas

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Vocecirc jaacute precisou chacoalhar o(a) seu(sua)

filho(a) para voltar a respiraccedilatildeo (enquanto

estava dormindo)

Os seus laacutebios do(a) seu(sua) filho(a)jaacute

ficaram azuis ou roxos durante o sono

Vocecirc estaacute preocupado com o ronco do(a)

seu(sua) filho(a)

Com que frequumlecircncia o(a) seu(sua) filho(a)

ronca

Qual eacute a intensidade do ronco de seu(sua) filho(a)

Leve Moderada Alta Muito alta Extremamente alta

Nunca

Ocasionalmente

(1-2xmecircs)

Algumas vezes

(1-2xsem)

Frequumlentemente

(3-5xsem)

Sempre

(diariamente)

Com que frequumlecircncia seu(sua) filho(a) tem

dor de garganta

O(a) seu(sua) filho(a) reclama de dor de

cabeccedila de manhatilde

O(a) seu(sua) filho(a) respira pela boca

durante o dia

O(a) seu(sua) filho(a) dorme na escola

O(a) seu(sua) filho(a) dorme assistindo

televisatildeo

O(a) seu(sua) filho(a) urina na cama

83

Adaptado de Bruni et al28

O(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsotildees Tem Jaacute teve Nunca teve

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem ou jaacute teve convulsatildeo favor descrever como foi

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades no aprendizado favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento Natildeo Sim

Se o(a) seu(sua) filho(a) tem dificuldades de relacionamento favor descrever essa dificuldade

O(a) seu(sua) filho(a) estaacute fazendo uso de medicaccedilotildees Natildeo Sim

Se sim favor especificar na tabela abaixo NOME do medicamento DOSE e HORAacuteRIO

MEDICAMENTO HORAacuteRIO DOSE

POacuteS SONOA ser respondido pelo paciente ou acompanhante

Comparado com o seu sono habitual como foi a sua noite de sono

Pior Igual Melhor

Comparado com seu horaacuterio habitual de dormir esta noite vocecirc dormiu

Mais cedo No horaacuterio normalhabitual Mais tarde

Vocecirc acordou durante a noite

Natildeo Sim

Se acordou durante a noite foi por qual motivo

Se pudesse continuar dormindo nesta manhatilde quanto tempo mais vocecirc acha que dormiria

0 min Ateacute 30 min 1 hora Mais de 1 hora

A sua queixa de sono ocorreu durante essa noite

Natildeo Sim

Como vocecirc avalia esta noite com relaccedilatildeo a sua queixa habitual

Melhor Pior

84

ANEXO C ndash ( OSA-18)

Nenhuma

vez

Quase

nenhuma

vez

Poucas

vezes

Algumas

vezes

Vaacuterias

vezes

A maioria

das vezes

Todas as

vezes

1 - Perturbaccedilatildeo do sono

ronco alto 1 2 3 4 5 6 7

periacuteodos em que prendeu o

ar ou parou a respiraccedilatildeo agrave

noite

1 2 3 4 5 6 7

barulho de engasgo ou de

respiraccedilatildeo ofegante enquanto

dormia

1 2 3 4 5 6 7

sono agitado ou despertares

frequentes durante o sono

1 2 3 4 5 6 7

2 - Sofrimento fiacutesico

respiraccedilatildeo pela boca devido

agrave obstruccedilatildeo nasal

1 2 3 4 5 6 7

resfriados ou infecccedilotildees das

vias aeacutereas superiores

frequentes

1 2 3 4 5 6 7

secreccedilatildeo nasal ou nariz

escorrendo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se

alimentar

1 2 3 4 5 6 7

3 ndash Sofrimento emocional

mudanccedila de humor ou

acesso de raiva

1 2 3 4 5 6 7

comportamento agressivo

ou hiperativo

1 2 3 4 5 6 7

problemas de disciplina 1 2 3 4 5 6 7

4 ndash Problemas diurnos

sonolecircncia ou cochilos

diurnos excessivos

1 2 3 4 5 6 7

pouca concentraccedilatildeo ou

atenccedilatildeo

1 2 3 4 5 6 7

dificuldade para se acordar

de manhatilde

1 2 3 4 5 6 7

5 ndash Preocupaccedilotildees dos

responsaacuteveis

deixaram-lhe

preocupado(a) a respeito da

sauacutede geral de sua crianccedila

1 2 3 4 5 6 7

criaram a preocupaccedilatildeo de

que sua crianccedila natildeo estaacute

respirando ar suficiente

1 2 3 4 5 6 7

interferiram na sua

capacidade de fazer suas

atividades diaacuterias

1 2 3 4 5 6 7

fizeram-lhe sentir-se

frustrado(a)

1 2 3 4 5 6 7

Total de pontos OSA (18-

126)

Modificado de Silva VC Leite AJM Rev Bras Otorrinolaringol 200672(6)747-56

85

Como vocecirc avalia a qualidade de vida do seu filho baseado nesses problemas

Escore

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Obsgt escala variando de 0-10 pontos onde 0 representa a pior possiacutevel e 10 a melhor possiacutevel

Circule um nuacutemero

86

ANEXO D ndash QUESTIONAacuteRIO PARA COLETA DE DADOS CLIacuteNICOS

Questionaacuterio nuacutemero_________

1Nome _____________________________________ DN

2Data ___________ 3 Idade anos meses

4 Gecircnero (masc) (fem) 5 Altura___ _m__ cm

6 Peso______ _Kg____ 61 Percentil

7 IMC-________Kgm2_

8 Tonsilas palatinas grau de obstruccedilatildeo Brodsky

81 Grau I ( ) ateacute 25 82 Grau II ( ) 26 a 50

83 Grau III ( ) 51 a 75 84 Grau IV ( ) gt 75

9Tonsilas fariacutengeas grau de obstruccedilatildeo

91 Grau I ( ) ateacute 25 92 Grau II ( ) 26 a 50

93 Grau III ( ) 51 a 75 94 Grau IV ( ) gt 75

10 Mallampati classificaccedilatildeo 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )

11 Rinoscopia anterior Cornetos eutroacuteficos ( ) hipertroacuteficos ( )

12 Posiccedilatildeo do septo nasal 121 desvio grau I ( ) 122 grau II ( ) 123 grau III ( ) 124 sem desvio ( )

Outros achados

13 Otoscopia ouvido D ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

ouvido E ndash normal ( ) alterado ( ) ___________________

87

Paracircmetros da polissonografia

IA h IAH h IH h

Sat O2 na vigiacutelia (acordado)

Meacutedia da Sat O2 no sono REM

Meacutedia da Sat O2 no sono NREM

Nadir Sp O2

Eficiecircncia do sono

Iacutendice de despertares h Tempo total de sono minutos

Fases do sono Vigiacutelia 1 2 3 4 REM

Diagnoacutestico ronco primaacuterio ( ) apneia grau leve ( ) moderada ( ) acentuada ( )

88

ANEXO E ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROJETO ldquoQualidade de vida em crianccedilas com Siacutendrome da Apneacuteia Obstrutiva do Sonoldquo

O seu filho _ ________________________________________________________________

estaacute sendo convidado para participar deste estudo porque apresenta roncos sono agitado pausas durante o sono

(apneia) infecccedilotildees respiratoacuterias de repeticcedilatildeo respiraccedilatildeo pela boca provocados pelas amiacutegdalas e adenoides

aumentadas

O objetivo desta pesquisa eacute avaliar a qualidade de vida de crianccedilas com distuacuterbios obstrutivos do sono que

respiram mal (ronco ou apneia) Noacutes pedimos que seu filho se submeta a consulta e exame cliacutenico assim como a

dois exames um para examinar o nariz e as adenoides chamado Viacutedeonasofibroscopia que pode levar a algum

desconforto ao introduzir a fibra oacuteptica atraveacutes das cavidades nasais e outro chamado Polissonografia que

estuda o sono da crianccedila e sua respiraccedilatildeo servindo para diagnosticar se haacute roncos primaacuterios (roncador) ou se tem

apneia obstrutiva (pausas durante o sono) realizado durante a noite no endereccedilo abaixo A crianccedila deve estar

acompanhada pelo responsaacutevel cuidador (adulto) Este exame consiste na colocaccedilatildeo de eletrodos no couro

cabeludo e na regiatildeo do toacuterax (semelhante ao eletroencefalograma e eletrocardiograma) um aparelho tipo

ldquopegadorrdquo preso a um dos dedos da matildeo que mede a quantidade do oxigecircnio e um outro no nariz para monitorar

o fluxo de ar Natildeo seraacute usada nenhuma droga sedativa

Outra etapa eacute responder a dois questionaacuterios com perguntas sobre a crianccedila com relaccedilatildeo ao sono ao

comportamento a respiraccedilatildeo a sauacutede e conteacutem tambeacutem dados sociodemograacuteficos (escolaridade estado civil

renda etc) do cuidador Os resultados poderatildeo ser divulgados em congressos seminaacuterios perioacutedicos cientiacuteficos

ou informes epidemioloacutegicos e seraacute garantido o sigilo assim como qualquer pergunta poderaacute ser feita aos

pesquisadores Dra Manuela Garcia ou Dr Amaury de Machado Gomes

Fui informado (a) que no caso de decidir natildeo participar mais da pesquisa natildeo sofrerei nenhum tipo de prejuiacutezo

Caso tenha dificuldade para ler este documento seraacute feita a leitura de forma pausada por um membro da equipe

da pesquisa Se vocecirc estiver de acordo em participar desta pesquisa deveraacute assinar (ou colocar a sua impressatildeo

digital) este termo de consentimento

Salvador Ba _______________

NOME ------------------------------------------------------------------------------------

Identidade

Assinatura

Impressatildeo digital

Testemunhas ----------------------------------------------------------

Nome

___________________________________________________

Nome

___________________________________________________

Responsaacutevel Dra Manuela Garcia CRM 11895 e Amaury de Machado Gomes CRM BA 5314 Endereccedilo da

pesquisa Inooa- Av ACM 2603- Cidadela - Salvador BA Tel 71 3270-8000 9984-2564

Atenccedilatildeo A sua participaccedilatildeo em qualquer tipo de pesquisa eacute voluntaacuteria Em caso de duacutevida quanto aos seus

direitos escreva para o Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da FBDC Endereccedilo Av D Joatildeo VI 274 ndash Brotas-

Salvador BA CEP 40290-000

89

ANEXO F ndash COMITEcirc DE EacuteTICA E PESQUISA

Page 13: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 14: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 15: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 16: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 17: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 18: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 19: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 20: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 21: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 22: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 23: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 24: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 25: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 26: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 27: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 28: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 29: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 30: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 31: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 32: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 33: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 34: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 35: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 36: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 37: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 38: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 39: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 40: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 41: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 42: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 43: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 44: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 45: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 46: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 47: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 48: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 49: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 50: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 51: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 52: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 53: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 54: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 55: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 56: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 57: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 58: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 59: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 60: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 61: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 62: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 63: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 64: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 65: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 66: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 67: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 68: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 69: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 70: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 71: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 72: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 73: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 74: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 75: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 76: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 77: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 78: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 79: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 80: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 81: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 82: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 83: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 84: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 85: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 86: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 87: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 88: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 89: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 90: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 91: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 92: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 93: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 94: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes
Page 95: QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS …€¦ · ventilação normal durante o sono e os padrões de sono normal. A prevalência na infância varia de 0,7 a 3 % em diferentes