QUALIDADE DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO NA MICROBACIA DO … · qualidade da Água para irrigaÇÃo na...
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Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA
QUALIDADE DA GUA PARA IRRIGAO NA
MICROBACIA DO CRREGO DO COQUEIRO NO
NOROESTE PAULISTA
RENATO ALBERTO MOMESSO FRANCO
Bilogo
Dissertao apresentada Faculdade de
Engenharia da UNESP, Campus de Ilha
Solteira, para a obteno do ttulo de
Mestre em Agronomia
Especialidade: Sistema de Produo
Orientador: Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez
ILHA SOLTEIRA - SP
FEVEREIRO - 2008
FICHA CATALOGRFICA
Elaborada pela Seo Tcnica de Aquisio e Tratamento da Informao Servio Tcnico de Biblioteca e Documentao da UNESP - Ilha Solteira.
Franco, Renato Alberto Momesso F825q Qualidade da gua para irrigao na microbacia do Crrego do Coqueiro no
Noroeste Paulista / Renato Alberto Momesso Franco. -- Ilha Solteira : [s.n.],
2008
103 p. : il.
Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira. Especialidade: Sistemas de Produo, 2008
Orientador: Fernando Braz Tangerino Hernandez
Bibliografia: p. 95-100
1. gua Qualidade. 2. Assoreamento. 3. Bacia hidrogrfica.
QUALIDADE DA GUA PARA IRRIGAO NA
MICROBACIA DO CRREGO DO COQUEIRO NO
NOROESTE PAULISTA
Renato Alberto Momesso Franco
DISSERTAO APRESENTADA FACULADADE DE ENGENHARIA DO CMPUS
DE ILHA SOLTEIRA - UNESP COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA
OBTENO DO TTULO DE MESTRE EM AGRONOMIA
COMISSO EXAMINADORA:
Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez (Orientador)
Prof. Dr. Joo Luiz Zocoler
Prof. Dr. Marcelo dos Santos Targa
Ilha Solteira - SP
Fevereiro de 2008
Seleo Natural
... Curupira da mata se avechou....!
Viu Drago de Ferro que chegou...;
Boitat quis chorar, no se conteve ...no!;
Foi pro mar... suplicar...proteo...;
No brilho das guas a msica do Sol;
Trilhando as correntes, num olhar .. enchente !
Pelos irmos da mata; o corao no mente...
O que ser da flor ?
Fruta-po insiste em seu lugar
Catuaba, aroeira numa prece verdadeira
Esto de luto..!
A fauna j no come o fruto.
Pois a flora aflita
Pode ser que resista...
Que se faa a primavera;
Que o lavrador semeia a Terra
Pra nos campos cantar..
Um cantiga de AMOR !
Daniel S. Cavalcante Biel
Esta conquista dedico a minha Me,
por seu incondicional amor. Ao Meu
Paitrocnio, pelo belo exemplo de
vida e a minha Filha Lorrani que trouxe
inspirao.
AGRADECIMENTOS
Agradeo a DEUS pela oportunidade de conceder a minha estadia no Planeta
Terra e aos Espritos benfeitores que sempre me iluminam.
Meus agradecimentos ao meu Orientador Fernando Braz Tangerino
Hernandez, pela grande oportunidade concebida, compartilhando idias, experincia
de vida e reflexes a todo o momento.
A minha namorada e companheira Juciene Rover pelo amor existente entre
ns e compreenso em todos os momentos.
As minhas irms Denizi, Milena e Dbora pelo carinho e amor que existem
entre ns. Aos companheiros das irms, esto os cunhados: Fernando, Devanir e
Tito. E aos frutos dessas unies resultaram as sobrinhas (o): Nayara, Kau, Nayla e
Tayna.
A minha madrinha Clarice Momesso pelo carinho de sempre e a minha Tia
Ciclia Franco por contribuir pelo crescimento intelectual.
A todos os membros da equipe da rea de Hidrulica e Irrigao: Alex,
Everaldo, Jean, Keler, Larissa, Renata e Ronaldo, pela participao, convivncia e
amizade em todos os momentos. Em especial ao Vanzela que sempre est disposto
a ensinar e ao futuro Bilogo Gustavo, pelo auxlio imprescindvel no campo e em
laboratrio.
Aos colegas de Mestrado, em especial os amigos Hernandes Queiroz, Rafael
Montanari, Igor Malaspina e Jferson Anselmo.
Aos professores Luis Sergio Carvalho e Joo Luiz Zocoler.
Aos funcionrios da UNESP, principalmente ao Sr. Jos Jesus Batista
Apolinrio, nosso Motorista, sempre prestativo e que nos conduziu com segurana
pelas estradas que ligam ao crrego do Coqueiro.
Ao Professor e Pesquisador Jener Fernando Leite de Moraes e ao Tcnico
em Informtica Joo Paulo, do Instituto Agronmico de Campinas (IAC), pelos
ensinamentos sobre sensoriamento remoto e geoprocessamento.
Ao Engenheiro Agrnomo Claudemir Moura, da casa de agricultura de
Palmeiras dOeste, pela ajuda e conhecimento da rea da microbacia do Coqueiro.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq),
pela bolsa de mestrado e ao FEHIDRO, pelo apoio financeiro para execuo desta
pesquisa.
SUMRIO
1. INTRODUO........................................................................................................ 17
2. REVISO BIBLIOGRFICA................................................................................... 19
2.1. Bacia Hidrogrfica ............................................................................................... 19
2.2. Uso da gua na irrigao .................................................................................... 21
2.3. Quantidade e qualidade da gua ........................................................................ 23
2.4. Qualidade de gua para a irrigao.................................................................... 24
2.4.1 Enquadramento dos corpos hdricos em Classes............................................. 25
2.4.2. Parmetros de qualidade de gua utilizados na irrigao............................... 26
2.4.2.1. Slidos ........................................................................................................... 26
2.4.2.2. Turbidez......................................................................................................... 27
2.4.2.3. Temperatura .................................................................................................. 28
2.4.2.4. Potencial Hidrogeninico (pH)....................................................................... 28
2.4.2.5. Condutividade Eltrica................................................................................... 29
2.4.2.6. Oxignio Dissolvido....................................................................................... 29
2.4.2.7. Ferro Total ..................................................................................................... 30
2.4.2.8. Dureza Total .................................................................................................. 31
2.4.2.9. Coliformes ..................................................................................................... 32
3. MATERIAL E MTODOS....................................................................................... 34
3. 1. Localizao da rea de Estudo.......................................................................... 34
3.2. Geologia, litoestratigrafia e caracterizao da vegetao remanescente .......... 35
3.3. Caractersticas Scios-Econmicas.................................................................... 36
3.4. Tipos de usurios, finalidade e uso da gua....................................................... 38
3.5. Clima.................................................................................................................... 39
3.6. rea e permetro da microbacia e clculos dos parmetros hidrolgicos .......... 40
3.7. Localizao dos Pontos de Avaliao................................................................. 41
3.7.1. Ponto 1 ............................................................................................................. 44
3.7.2. Ponto 2 ............................................................................................................. 46
3.7.3. Ponto 3 ............................................................................................................. 48
3.7.4. Ponto 4 ............................................................................................................. 51
3.7.5. Ponto 5 ............................................................................................................. 53
3.8. Coleta e anlise da gua..................................................................................... 54
3.9. Medio de vazo ............................................................................................... 55
3.10. Anlise dos Dados............................................................................................. 56
3.10.1. Caracterizao da Qualidade de gua .......................................................... 56
3.10.2. Chuva e variao temporal e espacial das variveis..................................... 58
4. RESULTADOS E DISCUSSES ........................................................................... 61
4.1. Vazo................................................................................................................... 61
4.2. Qualidade de gua para a Irrigao ................................................................... 64
4.2.1. Variveis Fsicas .............................................................................................. 64
4.2.1.1. Slidos Dissolvidos, Suspensos e Total ....................................................... 64
4.2.1.2. Turbidez......................................................................................................... 69
4.2.1.3. Temperatura .................................................................................................. 72
4.2.2 Variveis Qumicas............................................................................................ 73
4.2.2.1. Potencial hidrogeninico (pH) ....................................................................... 73
4.2.2.2. Condutividade Eltrica................................................................................... 75
4.2.2.3. Ferro Total ..................................................................................................... 78
4.2.2.3. Oxignio Dissolvido....................................................................................... 81
4.2.2.4. Clcio, Magnsio e Dureza Total .................................................................. 83
4.2.3. Variveis Biolgicas ......................................................................................... 89
4.2.3.1. Coliformes Fecais e Totais............................................................................ 89
4.3. Consideraes Finais .......................................................................................... 93
4.3.1. Qualidade de gua para a irrigao................................................................. 93
5. CONCLUSO......................................................................................................... 94
6. REFERNCIAS ...................................................................................................... 95
ANEXOS................................................................................................................... 101
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1. Microbacia do crrego do Coqueiro e pontos de amostragem e municpios.
.................................................................................................................................... 34
Figura 2. Fragmento florestal remanescente na microbacia do Crrego do Coqueiro.
.................................................................................................................................... 37
Figura 3. Comportamento mdio das variveis climticas, temperatura, precipitao,
umidade relativa e evapotranspirao. ...................................................................... 40
Figura 4. Mapa de localizao dos pontos de amostragem e limite da microbacia,
utilizando uma imagem CBERS. ................................................................................ 43
Figura 5. Rodovia de acesso a Jales e ponto 1 de amostragem em 24/05/2007. .... 44
Figura 6. Mapa de localizao, hidrografia e limite da sub-bacia do ponto 1............ 45
Figura 7. Ponto 2 de amostragem em 26/07/2007, prximo ao municpio de So
Francisco e processo de assoreamento observado neste trecho. ............................ 46
Figura 8. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 2 de amostragem e hidrografia.
.................................................................................................................................... 47
Figura 9. Ponto 3 de amostragem em 26/07/2007, prximo a estao de Estao de
Tratamento de gua e medio de vazo. ................................................................ 48
Figura 10. Ponto 3 no dia 22/03/2007 com precipitao intensa, no dia 11/10/2007
com volume baixo de gua e medio de vazo. ...................................................... 49
Figura 11. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 3 de amostragem e
hidrografia................................................................................................................... 50
Figura 12. Ponto 4 de amostragem em 14/12/2007, medio de vazo (a esquerda)
e vooroca prximo ao ponto 4 (a direita).................................................................. 51
Figura 13. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 4 de amostragem e
hidrografia................................................................................................................... 52
Figura 14. Ponto 5 de amostragem em 24/05/2007, coleta da gua e medio de
vazo . ........................................................................................................................ 53
Figura 15. Medio de vazo em 11/10/2007utilizando o molinete hidromtrico, da
marca FP101-FP201 Global Flow Probe. .................................................................. 56
Figura 16. Variao temporal da chuva em cada perodo amostrado, o nmero de
dias sem chuva no intervalo de cada coleta e o nmero de dias sem chuva que
antecederam o dia da coleta. ..................................................................................... 59
Figura 17. Representao explicativa de um grfico do tipo boxplot...................... 60
Figura 18. Variao espacial e temporal da vazo e da chuva acumulada entre os
perodos de amostragem............................................................................................ 62
Figura 19. Distribuio dos valores de vazo entre os perodos seco e chuvoso para
toda a microbacia do Crrego do Coqueiro. .............................................................. 63
Figura 20. Distribuio dos valores de vazo entre os perodos seco e chuvoso, de
acordo com os ponto de amostragem........................................................................ 64
Figura 21. Variao espacial e temporal da concentrao de slidos suspensos na
gua na microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007................................... 66
Figura 22. Variao espacial e temporal da concentrao de slidos dissolvidos na
gua na microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007................................... 67
Figura 23. Distribuio dos resultados da concentrao de slidos suspensos na
gua da microbacia do crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano
de 2006/2007.............................................................................................................. 67
Figura 24. Distribuio dos resultados da concentrao de slidos dissolvidos na
gua da microbacia do crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano
de 2006/2007.............................................................................................................. 68
Figura 25. Variao espacial e temporal da concentrao de slidos totais na gua
na microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007. ........................................... 69
Figura 26. Distribuio dos resultados da concentrao de slidos totais na gua da
microbacia do crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de
2006/2007................................................................................................................... 69
Figura 27. Variao espacial e temporal da turbidez da gua na microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 71
Figura 28. Distribuio dos resultados da turbidez da gua na microbacia do crrego
do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. ....................... 71
Figura 29. Variao espacial e temporal da temperatura da gua na microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 72
Figura 30. Distribuio dos resultados da temperatura da gua na microbacia do
crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. .......... 73
Figura 31. Variao espacial e temporal de pH da gua na microbacia do crrego do
Coqueiro, ano 2006/2007. .......................................................................................... 74
Figura 32. Distribuio dos resultados de pH na gua da microbacia do crrego do
Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. ............................ 75
Figura 33. Variao espacial e temporal da condutividade eltrica na microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 77
Figura 34. Distribuio dos resultados da condutividade eltrica na gua da
microbacia do crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de
2006/2007................................................................................................................... 77
Figura 35. Variao espacial e temporal de ferro total na microbacia do crrego do
Coqueiro, ano 2006/2007. .......................................................................................... 80
Figura 36. Distribuio dos resultados de concentrao de ferro total na gua entre
os perodos, seco e chuvoso...................................................................................... 81
Figura 37. Variao espacial e temporal do oxignio dissolvido na microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 82
Figura 38. Distribuio dos resultados de concentrao de oxignio dissolvido na
gua entre os perodos, seco e chuvoso. .................................................................. 83
Figura 39. Variao espacial e temporal da concentrao de clcio na microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 85
Figura 40. Distribuio dos resultados de clcio na gua da microbacia do crrego
do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. ....................... 85
Figura 41. Variao espacial e temporal da concentrao de magnsio na
microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007. ................................................ 86
Figura 42. Distribuio dos resultados de magnsio na gua da microbacia do
crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. .......... 86
Figura 43. Variao espacial e temporal da dureza total na gua, microbacia do
crrego do Coqueiro, ano 2006/2007......................................................................... 87
Figura 44. Distribuio dos resultados da dureza total na gua da microbacia do
crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. .......... 88
Figura 45. Distribuio dos resultados da dureza total para a microbacia do crrego
do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. ....................... 88
Figura 46. Variao espacial e temporal da concentrao de coliformes totais na
gua, microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007....................................... 90
Figura 47. Distribuio dos resultados de coliformes totais na gua da microbacia do
crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. .......... 91
Figura 48. Variao espacial e temporal da concentrao de coliformes fecais na
gua, microbacia do crrego do Coqueiro, ano 2006/2007....................................... 91
Figura 49. Distribuio dos resultados de coliformes fecais na gua da microbacia do
crrego do Coqueiro, entre os perodos seco e chuvoso, ano de 2006/2007. .......... 92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classe de uso para irrigao...................................................................... 26
Tabela 2. Vegetao Natural Remanescente. ........................................................... 36
Tabela 3. Populao urbana e total dos municpios pertencente microbacia do
Coqueiro, corpo receptor de lanamento de efluentes e principais culturas agrcolas.
.................................................................................................................................... 38
Tabela 4. Tipos de uso da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. ................ 38
Tabela 5. Finalidade de uso da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. ........ 39
Tabela 6. Tipo de Usurio da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. ........... 39
Tabela 7. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o
ponto 1........................................................................................................................ 44
Tabela 8. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o
ponto 2........................................................................................................................ 46
Tabela 9. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o
ponto 3........................................................................................................................ 49
Tabela 10. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o
ponto 4........................................................................................................................ 51
Tabela 11. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o
ponto 5........................................................................................................................ 53
Tabela 12. Sntese das metodologias e dos equipamentos utilizados nas anlises de
qualidade da gua para a irrigao............................................................................ 55
Tabela 13. Parmetros avaliados para a classificao da qualidade de gua para a
irrigao. ..................................................................................................................... 57
Tabela 14. Limites estabelecidos para a classificao da qualidade de gua para a
irrigao. ..................................................................................................................... 58
Tabela 17. Distribuio dos resultados de slidos suspensos e dissolvidos de acordo
com os padres de qualidade de gua para a irrigao na microbacia do crrego do
Coqueiro, anos de 2006/2007. ................................................................................... 65
Tabela 18. Distribuio dos resultados de Turbidez em relao aos padres de
qualidade de gua para a irrigao............................................................................ 70
Tabela 19. Distribuio dos resultados de potencial hidrogeninico (pH) de acordo
com os padres de qualidade de gua para a irrigao, na microbacia do crrego do
Coqueiro, ano 2006/2007. .......................................................................................... 74
Tabela 20. Condutividade eltrica da gua do crrego do Coqueiro em relao ao
potencial de salinizao do solo, no ano de 2006/2007. ........................................... 76
Tabela 21. Concentrao de ferro total e classificao na microbacia do crrego do
Coqueiro, ano 2006/2007. .......................................................................................... 79
Tabela 22. Oxignio Dissolvido da gua do crrego do Coqueiro em relao ao
potencial de salinizao do solo, no ano de 2006/2007. ........................................... 81
Tabela 23. Distribuio dos resultados de clcio e magnsio de acordo com os
padres de qualidade de gua para a irrigao, na microbacia do crrego do
Coqueiro, ano 2006/2007. .......................................................................................... 84
Tabela 24. Distribuio dos resultados da concentrao de coliformes de acordo
com os padres de gua para a irrigao.................................................................. 89
Tabela 25. Resultados de todos os pontos analisados. .......................................... 101
FRANCO, R.A.M. Qualidade da gua para irrigao na microbacia do crrego do coqueiro no noroeste paulista. Ilha Solteira, 2008, 100f. Dissertao. (Mestrado em Sistemas de Produo) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar as variveis fsicas, qumicas e biolgicas
da qualidade de gua para a irrigao no crrego do Coqueiro, afluente da margem
direita do rio So Jos dos Dourados, com bacia de drenagem de 180,1 km2 e
localizado entre os municpios de Jales, So Francisco, Palmeira Doeste e Dirce
Reis, SP. Foram georreferenciados cinco pontos ao longo do crrego para coleta de
gua e medio de vazo e as coletas foram feitas mensalmente durante um ano e
analisados: temperatura, slidos (suspensos e dissolvidos), turbidez, condutividade
eltrica, pH, clcio, magnsio, dureza, ferro total e coliformes (fecais e totais). Os
maiores valores mdios de vazo nos pontos 1 (6,0 Km da nascente), 2 (14,1 Km da
nascente), 3 (17,4 Km da nascente), 4 (24,6 Km da nascente) e 5 (29,4 Km), foram
respectivamente de 0,149, 0,629, 0,735, 0,736 e 0,782 m3/h: As anlises mostraram
que os parmetros fsicos (slidos suspenso e slidos dissolvidos) e qumicos (pH,
condutividade eltrica e dureza total) apresentaram classificao de baixo a mdio
potencial de dano ao sistema de irrigao. Exceto o ferro total, o nico parmetro
qumico que ficou na classificao de mdio a alto potencial de dano ao sistema de
irrigao localizada, com 78,28% e 21,64% das amostras analisadas,
respectivamente. O parmetro biolgico (coliformes totais e fecais) no ofereceu
risco de contaminao na gua para irrigao, de acordo com a Resoluo de
N357/2007.
Palavras-chave: qualidade da gua, assoreamento, bacia hidrogrfica.
FRANCO, R.A.M. Water quality in the microwatershed of the creek Coqueiro (northwest of So Paulo, Brazil) used for irrigation. Ilha Solteira, 2008, 100f. Dissertao. (Mestrado em Sistemas de Produo) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira.
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the physical parameters and
chemical quality of water for irrigation at the Coqueiro stream, a tributary of the right
bank of the So Jos dos Dourados river, with the drainage basin of 180,1 km2 and
located between the municipalities of Jales, So Francisco, Palmeira dOeste and
Dirce Reis, Brazil. For the implementation of the search were determined five points
of collection of water along the stream and analyzed monthly for a year the following
parameters: solids (suspended and dissolved), turbidity, electrical conductivity, pH,
calcium, magnesium, hardness, total iron and coliforms (fecal and total). The highest
average values of flowing out of the points 1 (6.0 Km from the headwater), 2 (14.1
Km from the headwater ), 3 (17.4 Km from the headwater), 4 (24.6 Km from the
headwater) and 5 ( 29.4 km from the headwater), were respectively 149, 629, 735,
736 and 782 m3/h: The analyses showed that the physical parameters (solids
suspended and dissolved ) and chemical (pH, electrical conductivity, total hardness)
presented classification of Low to medium potential for damage to the irrigation
system. Except the total iron, the only parameter that was in the chemical
classification of medium to high potential for damage to the irrigation system located,
with 78.28% and 21.64% of the samples, respectively. The biological parameter
(coliforms total and fecal) offered no risk of contamination in the water for irrigation,
according to the Resolution Number. 357/2007.
Keywords: water quality, silting, watershed
17
1. INTRODUO
Os ecossistemas aquticos continentais so utilizados no mundo e no Brasil
como recursos disponveis para a sociedade e com significado ecolgico, econmico
e social (TUNDISI et al., 2006). As finalidades de uso so mltiplas, entre as quais
se destacam o abastecimento pblico de gua, a gerao de energia eltrica, a
irrigao, a aqicultura, a dessedentao animal e a harmonia paisagstica.
No entanto, nos ltimos tempos, os recursos hdricos vm sendo modificados
por ao antrpica, o que acaba resultando em prejuzo na qualidade e
disponibilidade de gua. Devido a isso tem a necessidade crescente do
acompanhamento das alteraes da qualidade de gua, de forma a no
comprometer seu aproveitamento mltiplo e minimizar os impactos negativos ao
meio ambiente (BRAGA et al, 2006).
No Estado de So Paulo, as bacias hidrogrficas foram divididas em 22
Unidades de Gerenciamento de Recursos Hdricos (UGRHI). A bacia hidrogrfica do
So Jos dos Dourados a Unidade de Gerenciamento dos Recursos Hdricos -
UGRHI de nmero 18, localizada na regio noroeste do Estado e composta por 25
municpios, com atividades econmicas voltadas para os setores da agroindstria.
Os principais produtos do setor primrio, nesta UGRHI - 18 so citros, caf, banana,
uva e agropecuria, sendo que todos os municpios tm a braquiria como a
principal cultura (SO PAULO, 2006).
A microbacia do crrego do Coqueiro compreende os municpios de Jales,
So Francisco, Palmeira DOeste e Dirce Reis, tendo como atividades
predominantes agricultura com lavouras permanentes e temporrias, com destaque
para a fruticultura (abacate, banana, coco-da-baia, citros, mamo, manga, goiaba,
maracuj e uva) e agropecuria com pastagem extensiva com grande potencial
erosivo, alm de disponibilizar gua para abastecimento dos municpios de Palmeira
dOeste e Marinpolis, o que lhe garante maior importncia regional.
Com dficits hdricos prolongados ao longo de oitos meses por ano e a maior
evapotranspirao do Estado de So Paulo e suscetibilidade a veranicos
(HERNANDEZ et al, 1995; HERNANDEZ et al., 2003), o desenvolvimento scio-
econmico passa pela implantao de sistemas de irrigao de modo a minimizar
riscos de quebra de produo e melhoria na qualidade do produto, alm da
18
flexibilizar as pocas de plantio e escolha de culturas a serem cultivadas. Todavia,
no crrego do Coqueiro o uso da gua para irrigao pode conflitar com o uso para
o abastecimento urbano e a dependncia dos recursos hdricos superficial, o
desmatamento, a eroso e assoreamento podem comprometer o uso mltiplo da
gua.
A bacia hidrogrfica do So Jos dos Dourados se enquadra na categoria de
alta criticidade em relao ao processo erosivo e o impacto da eroso nos recursos
hdricos considerado muito crtica, por apresentar predomnio de reas com alta
suscetibilidade e onde se concentra o maior nmero de feies erosivas lineares. Os
municpios So Francisco e Dirce Reis se apresentam com criticidade mdia e os
municpios Jales e Palmeira dOeste na categoria de criticidade alta em relao ao
processo erosivo. Este mesmo relatrio, em relao vegetao natural
remanescente, indica uma baixa porcentagem de reas preservadas. (SO PAULO,
2006).
Essas alteraes ambientais causam inmeros impactos, principalmente nos
recursos hdricos, pois a gua um recurso natural finito, cuja qualidade e
quantidade vm reduzindo nos ltimos anos, decorrente do mau uso dos recursos
naturais, sendo isto reflexo do uso e ocupao da bacia hidrogrfica. Sendo os rios
de fluxo unidirecional, geram transporte horizontal dos materiais (sedimentos,
nutrientes, etc) presente na gua, geralmente de origem alctone e provenientes das
reas adjacentes (agricultura e rea urbana) ou de regies superiores (sentido
nascente-foz) que podem comprometer a qualidade de gua do rio e influenciar na
gua destinada para a irrigao.
Os municpios que abrangem esta microbacia no lanam os efluentes
urbanos provenientes de estao de tratamento de esgoto neste manancial, sendo
lanados em outros corpos dgua. Por esse motivo, acaba atendendo ao uso
mltiplo da gua para fins de abastecimento pblico, onde a SABESP (Companhia
de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo) retira e trata a gua superficial,
abastecendo os municpio de Marinpolis e Palmeira dOeste.
Considerando a importncia estratgica do crrego do Coqueiro, o objetivo
deste trabalho foi monitorar a qualidade de gua para irrigao, no crrego do
Coqueiro, utilizando as variveis fsicas, qumicas e biolgicas, que consiste no
emprego de variveis que indicam as alteraes ocorridas na microbacia, sejam de
origem antrpicas ou natural e que podem comprometer o sistema de irrigao.
19
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. Bacia Hidrogrfica
A Poltica Nacional de Recursos Hdricos (PNRH), estabelecida pela Lei n
9.433, de 8 de janeiro de 1997, reconhece a bacia hidrogrfica como a unidade de
seu gerenciamento (BRASIL, 1997).
A bacia hidrogrfica toda rea de drenagem de um crrego ou rio da quais
todas as guas de superfcie e de subsolo saem por um mesmo ponto (RICKLEFS,
2003, p.152). fundamental reconhecer que a bacia hidrogrfica a unidade bsica
para o gerenciamento dos recursos hdricos e no d para analisar somente o
sistema aqutico. A bacia hidrogrfica um sistema geomorfolgico aberto, que
recebe matria e energia atravs de agentes climticos e perde atravs do deflvio
(LIMA; ZAKIA, 2000, p.33). Para Odum (1988) toda a bacia hidrogrfica deve ser
considerada no somente um trecho do crrego ou de vegetao, sendo
considerada a unidade mnima de ecossistema quando se trata de interesses
humanos. E se deve levar em conta todo o uso e ocupao do solo dessas
unidades-bacias-hidrogrficas-rios (TUNDISI et al, 2006, p. 216), pois essas aes
antrpicas alteram sensivelmente os processos biolgicos, fsicos e qumicos de
uma bacia hidrogrfica. Dentro desta viso holstica em analisar todo o sistema
bacia hidrogrfica possvel ter xito no gerenciamento dessas unidades de estudo.
Segundo Goldenfum (2003, p. 3), Lima e Zakia (2000, p. 33) o conceito de
microbacia um tanto vago e/ou subjetivo, pois no h um limite de tamanho para a
sua caracterizao e no existe um valor nico aplicvel a todas as situaes. Lima
e Zakia (2000, p. 33) definem microbacia como sendo aquela cuja rea de
drenagem to pequena que a sensibilidade chuva de alta intensidade e s
diferenas de uso do solo no seja suprimida pelas caractersticas da rede de
drenagem. Isso significa dizer que essas pequenas bacias convertem a precipitao
em vazes nos crregos, com variao no volume (chuvas de alta intensidade e de
curta durao), e outro fator so o uso e a ocupao do solo que tambm tem
influncia no deflvio da microbacia e nas grandes bacias o deflvio lento.
20
Os rios so ecossistemas abertos em constante interao com o sistema
terrestre e integraliza todos os fenmenos que ocorrem em uma bacia, e atravs do
monitoramento da qualidade e disponibilidade da gua pode informar sobre as
alteraes ocorridas no sistema. Essas informaes so a base que garante a
qualidade da deciso, inclusive como forma de diminuir a incerteza e de garantir a
sustentabilidade dos sistemas (BRAGA et al, 2006, p. 146). Segundo os mesmo
autores as informaes necessrias a um adequado gerenciamento dos recursos
hdricos envolvem as caractersticas fsicas dos sistemas hdricos (hidrografia,
relevo, solo, cobertura vegetal, aes antrpicas e etc.), comportamento
hidroclimatolgico (sries histricas e em tempo real de variveis climticas,
pluviometria, fluviometria e qualidade de gua) e dados socioeconmicos (dados
sobre populao, produo agrcola e o uso e impactos dos recursos hdricos).
No Brasil, h grande carncia de dados hidrolgicos de pequenas bacias, h
poucos postos em bacias menores de 500 km2 e seu monitoramento de
fundamental importncia para a complementao da rede de informao hidrolgica
e estudo do funcionamento dos processos fsicos, qumicos e biolgicos atuantes no
ciclo hidrolgico (GOLDENFUM, 2003).
O Brasil necessita dessas informaes citadas acima e Braga et al (2006)
comentam que a situao do monitoramento de qualidade no pas bastante
deficitria, apenas a regio sudeste apresenta uma situao tima em relao s
outras regies do pas. O Estado de So Paulo tem o maior nmero de estaes
hidrometeorolgicas, todavia essas informaes so obtidas em grandes bacias
hidrogrficas como ocorre na bacia do rio So Jos dos Dourados que possui
apenas um ponto de coleta da gua, tendo uma rea de drenagem de 6.732 km2
(CETESB, 2005). Ento, cabe salientar a necessidade urgente de informaes sobre
qualidade e quantidade da gua para o cenrio em nvel regional, com enfoque para
a microbacia. Para Paz et al (2000, p.467) a situao brasileira no de
tranqilidade, embora seja considerado um pas privilegiado em recursos hdricos,
conflitos de qualidade, quantidade e dficit de oferta j so realidade. Regies que
existe uma alta demanda pelo uso da gua tem acarretado uma srie de conflitos
entre os setores de usurios, principalmente nas bacias hidrogrficas com baixa
relao disponibilidade/demanda.
Como parte integrante deste sistema bacia hidrogrfica esto as cidades, os
ecossistemas naturais e os agroecossistemas, estes considerados um sistema de
21
produo agrcola dependentes da produo primria, ou seja, produo
fotossinttica na obteno de biomassa comercializada (gros, fibras, protenas,
frutos, madeira etc.) e extremamente dependentes dos recursos hdricos. Para Salati
et al (2006) a sustentabilidade desses agroecossistemas poder ser feita tomando
por base o balano hdrico (precipitao e evapotranspirao) das bacias
hidrogrficas, pois a gua um fator limitante para o desenvolvimento econmico e
sustentvel.
2.2. Uso da gua na irrigao
O primeiro avano significativo que levou a um incremento massivo na
produtividade agrcola foi o desenvolvimento da irrigao com a necessidade de
fornecer gua s culturas, uma atividade que foi praticada no Oriente Prximo em
pocas como h 7.000 anos (RAVEN et al, 2001, p.801).
O maior usurio de gua o setor agrcola, que em nvel mundial consome
cerca de 69% de toda gua originada de rios, lagos e aqferos e os outros 31% so
consumidos pela indstria e uso domstico (CHRISTOFIDIS, 1997). Segundo dados
das Naes Unidas apud Townsend et al. (2006, p.466) o uso da gua em pases
em desenvolvimento, tem a agricultura como a maior consumidora (86,8%), em
segundo a indstria (7,0%) e em terceiro o uso domstico (6,25%). Nos pases
desenvolvidos esses percentuais diminuem, a agricultura passa para 46,1%, a
indstria com 41,4% e o uso domstico com 12,5%.
A agricultura irrigada no Brasil ocupa 5% a 6% das terras cultivadas no pas,
do volume de produo agrcola participa entre 16% e 35% do valor arrecadado com
a comercializao de produo agrcolas (TELLES; DOMINGUES, 2006, p. 325). No
Brasil, a referncia de dotao unitria mdia de gua para irrigao 0,39 L/s/ha,
considerando operao 24 horas por dia, 365 dias por ano, que equivale dotao
de 12.300 m3/ha/ano e a demanda mdia de gua para irrigao em nosso pas
corresponde a pouco mais de 1.290 m3/s (TELLES; DOMINGUES, 2006, p.336)
Estima-se que existiam 3,31 milhes de hectares irrigados no Brasil, que
correspondem a menos de 6% da rea total cultivada. Segundo avaliaes mais
22
modestas o pas dispe de 29,6 milhes de hectares irrigveis e os mtodos mais
utilizados apresentam a seguinte distribuio: inundao 33%; asperso mecanizada
21%; asperso convencional 20%; sulcos 18% e irrigao localizada com 8%
(TELLES; DOMINGUES, 2006, p.331).
Para Telles e Domingues (2006, p. 325) so muitas as razes para implantar
um sistema de irrigao em uma propriedade, com destaque para as condies
climticas (dficits hdricos em algumas regies), as questes agronmicas e as de
interesse econmico e gerencial. Na regio noroeste do Estado de So Paulo, com
oitos meses de dficits hdricos, a maior evapotranspirao do estado e
suscetibilidade a veranicos, essas so as razes para que muitos agricultores
instalassem sistemas de irrigao em suas propriedades (HERNANDEZ et al, 2003).
Nesta regio, os principais mtodos de irrigao mais empregados pelos agricultores
so: asperso e localizada (gotejadores, microasperso e as tripas plsticas), sendo
a ltima a mais empregada na microbacia do crrego do Coqueiro e regio. Para o
Estado de So Paulo a irrigao localizada e asperso ocupam rea de 32.010 ha e
104.210 ha, respectivamente (CHRISTOFIDIS apud TELLES; DOMINGUES, 2006,
p. 327).
O uso intensivo da gua na irrigao pode gerar diversos impactos ao
ambiente. Telles e Domingues (2006) citam alguns desses impactos ocasionados
pela irrigao como depleo excessiva da vazo ou do nvel do curso dgua,
rebaixamento do lenol fretico, salinizao do solo, disseminao de doenas de
veiculao hdrica e contaminao das guas superficiais e subterrneas. Essas
aes antrpicas acabam interferindo diretamente e/ou indiretamente no uso da
gua na agricultura irrigada, tanto em termos de quantidade e qualidade. gua de
boa qualidade de extrema importncia para obteno de produtos saudveis e
tambm no desempenho dos equipamentos de irrigao.
Os impactos da agricultura irrigada podem ser minimizados com a adoo do
conceito de desenvolvimento sustentvel, para guiar o equilbrio exato entre a
produo e o uso dos recursos naturais o xito da agricultura sustentvel est no
desenvolvimento de metodologias e instrumentos tecnolgicos apropriados a cada
situao e regio, prontamente acessvel e possveis de serem adotadas pelo
produtor e capazes de promover o aumento de produtividade com mnimo de risco
ao meio ambiente (SILVA PAZ et al, 2000, p.472).
23
2.3. Quantidade e qualidade da gua
A gua uma necessidade fisiolgica para todo ser vivo e do ponto de vista
ecolgico e agronmico um fator limitante, principalmente em ambientes terrestres
que passam por estiagens prolongadas e/ou perodos de dficits hdricos
acentuados. Um exemplo a eficincia de transpirao, que a razo entre o
crescimento vegetal (produo lquida) e a gua transpirada, geralmente expressa
em termos de grama de matria seca produzida por 1.000 gramas de gua
transpirada (ODUM, 1998, p.161). Para a maioria das espcies de interesse
agrcola, apresenta uma eficincia de transpirao de dois ou menos, ou seja, 500
gramas ou mais de gua perdem-se para cada grama de matria seca produzida
(NORMAM apud ODUM, 1998, p.161). Devido s caractersticas fisiolgicas dos
vegetais e a necessidade de produzir alimentos levaram os uso de tecnologias como
a irrigao para aumentar a eficincia e a produtividade agrcola. Por exemplo, a
cultura da videira na regio do Vale do So Francisco, necessita de um consumo
mdio de 12.750 m3/ha/ano (TELLES; DOMINGUES, 2006).
O consumo inadequado da gua, com aumento da demanda na irrigao, na
indstria e no padro de vida em vrios pases, trs um cenrio quantitativo de que o
nmero de pases com escassez de gua passar de 31 para 48 nos prximos
trintas anos (GLEICK apud TUNDISIS et al, 2006, p. 741). Entretanto, a agricultura
irrigada vem acompanhando essas mudanas de comportamento em relao ao uso
da gua, reduzindo a aplicao dos recursos hdricos sobre a planta, usando
tcnicas que melhorem a qualidade e a eficincia da irrigao.
Para instalar um sistema de irrigao devem ser levados em considerao
vrios fatores, entre esses pode destacar um de extrema importncia que so o
volume e a vazo disponvel so indicadores importantes para o irrigante e para o
gerenciamento do uso da gua. Na Regio Hidrogrfica do Paran (MS, SP, PR e
partes de MG e GO), e de acordo com o uso mltiplo da gua, a irrigao utiliza
apenas 24% (116,7 m3/s), atrs do consumo humano (167,5 m3/s) e industrial (159,9
m3/s) (AGNCIA NACIONAL DE GUAS; MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE, 2007,
p. 43).
24
Christofidis apud Telles e Domingues (2006, p. 328) relatam que em 1999 a
rea irrigada no Estado de So Paulo era de 468.400 hectares, com demanda
especfica de 0,296 L/s.ha e demanda total com vazo de 138,65 m3/s.
No Estado de So Paulo a disponibilidade de recursos bem maior que a
demanda. No perodo de 2004 a 2006, a demanda de gua na irrigao foi de 155
m3/s, maior que o uso industrial e abastecimento pblico que foram de 99 m3/s e 128
m3/s, respectivamente (PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HDRICOS apud SO
PAULO, 2006). Neste mesmo relatrio, a relao entre a vazo mnima
(disponibilidade) e as demandas, gerou um indicador que determina onde a
disponibilidade mais restrita em relao demanda e a bacia do So Jos dos
Dourados ficou na quarta categoria, com uma demanda de 10% a 30% da vazo
mnima (SO PAULO, 2006, p. 33).
Freqentemente surge a questo se existe disponibilidade de gua no
somente em quantidade, mas tambm, em qualidade adequada para os usos
pretendidos (GASTALDINI; MENDONA, 2003, p. 428). Para os autores, os corpos
dgua podem ser caracterizados por trs principais componentes, hidrolgicos,
fsico-qumicos e biolgicos.
A qualidade da gua de uma bacia hidrogrfica resultante de fenmenos
naturais e antrpicos. Para Sperling (1996), a qualidade de uma determinada gua
funo do uso e da ocupao do solo em toda a bacia hidrogrfica. E os diversos
componentes presentes na gua, e que alteram o seu grau de pureza, podem ser
retratados, de uma maneira ampla e simplificada, em termos de suas caractersticas
fsicas, qumicas e biolgicas. As caractersticas fsicas podem ser os slidos (totais,
dissolvidos e suspensos) presentes na gua. A parte qumica pode ser interpretada
atravs de materiais orgnicos e qumicos presentes na gua e so determinadas
pelas condies climticas, geomorfolgicas e geoqumicas existentes na bacia de
drenagem (GASTALDINI; MENDONA, 2003) enquanto que a parte biolgica pode
ser determinada pela presena da comunidade biolgica na gua.
2.4. Qualidade de gua para a irrigao
25
A agricultura irrigada necessita de gua em quantidade e qualidade,
entretanto o aspecto de qualidade era desprezado no passado, devido existncia
de gua em abundncia, de boa qualidade e de fcil utilizao pelo irrigante.
Atualmente, a qualidade da gua para a irrigao uma ferramenta importante,
atravs dessa informao sabe-se o tipo de cultura a ser irrigada (AYRES;
WESTCOT, 1991) e os problemas com o equipamento de irrigao devido
obstruo fsica ou qumica dos orifcios, principalmente em sistemas de irrigao
localizada que apresentam orifcios de pequeno dimetro e so obstrudos por
partculas slidas (silte e argila) e tambm por microorganismo como algas e
bactrias (NAKAYAMA; BUCKS, 1986).
A qualidade da gua para a irrigao est relacionada com a operao do
equipamento utilizado no sistema. Pela anlise da gua possvel saber se a gua
utilizada pode danificar o sistema de irrigao ou no. Um exemplo a corroso e a
incrustao que so prejudiciais aos equipamentos de irrigao e por esse motivo a
anlise da gua pode definir o material de fabricao dos equipamentos e o sistema
de irrigao utilizado (TELLES; DOMINGUES, 2006, p 360).
Nakayma e Bucks (1986, p. 142-143) relataram que as variveis fsicas,
qumicas e biolgicas que esto relacionadas com risco de obstruo segundo a
qualidade da gua de irrigao, so: os slidos suspensos e dissolvidos, pH, ferro
total, mangans, sulfito de hidrognio e populao de bactrias.
Para a avaliao da qualidade da gua para a irrigao devem ser definidos
padres e critrios das variveis fsicas, qumicas e biolgicas e os risco de danos
que essas interferem nos sistemas de irrigao.
2.4.1 Enquadramento dos corpos hdricos em Classes
As Resolues 20/86 e 357/2005 do CONAMA (BRASIL, 2005) classificam as
guas em nove Classes, dividindo-as em doces, salobras e salinas, obtendo-se,
assim, as possibilidades dos usos preponderantes no corpo dgua ou em um trecho
dele. As cinco primeiras Classes destinam-se s guas doces, sendo que as
Classes Especiais destinam-se ao abastecimento domstico sem prvia ou com
26
simples desinfeco e preservao do equilbrio natural da comunidade aqutica.
Para a irrigao utilizam as quatro primeiras classes, de acordo com a Tabela 1.
Os padres de qualidade da gua dessas duas Resolues so critrios
numricos ou qualitativos para os parmetros fundamentais preservao do uso
do corpo dgua. Para cada uma das classes corresponde uma qualidade a ser
mantida no corpo dgua, que so condies e padres de qualidade da gua
necessrios ao atendimento dos usos preponderantes, atuais e futuros.
Tabela 1. Classe de uso para irrigao. Classes E 1 2 3 4
Hortalias consumidas cruas e frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoo de pelculas.
Hortalias, plantas frutferas e de parques, jardins, campos de esportes e lazer, com os quais o pblico possa vir ter contato direto.
Irrigao
Culturas arbreas, cerealferas e forrageiras.
E1 classe especial. Fonte: Resoluo CONAMA N357 (2005)
2.4.2. Parmetros de qualidade de gua utilizados na irrigao
A seguir so apresentadas algumas das variveis utilizadas na caracterizao
da qualidade da gua para a irrigao.
2.4.2.1. Slidos
Segundo Galtaldini e Mendona (2003, p. 433) o termo slidos
amplamente usado para a maioria dos compostos presentes em gua e que
permanecem em estado slidos aps evaporao. Os slidos suspensos e
dissolvidos correspondem aos resduos filtrveis e no filtrveis, respectivamente.
Em saneamento, slidos nas guas correspondem a toda matria que permanece
27
como resduo aps evaporao, secagem ou calcinao da amostra durante um
tempo fixado (AGNCIA NACIONAL DE GUAS, 2005).
Os slidos suspensos (areia, silte, microorganismos, restos de animais e
vegetais) com dimetro superior a 10 m, em altas concentraes constituem-se em
um dos principais problemas, pois pode ocasionar obstruo dos orifcios em
sistema de irrigao localizada (NAKAYAMA; BUCKS, 1986). Segundo Nakayama e
Bucks (1986, p. 142-143) quando a gua de irrigao apresenta valores acima de 50
mg/L de slidos suspensos e 500 mg/L de slidos dissolvidos, pode ocorrer danos
moderado ao sistema de irrigao localizada, com o entupimento de emissores. Um
outro problema so os slidos dissolvidos que apresentam sais minerais, sendo que
seu excesso na gua de irrigao pode provocar a salinizao do solo, dificultando
e/ou impedindo a planta de absorver a gua pelas as razes (AYRES; WESTCOT,
1991, p. 3).
2.4.2.2. Turbidez
O tipo e concentrao de matria em suspenso (silte, argila, partculas finas
de matria orgnica e inorgnica, compostos orgnicos solveis, plncton, e outros
organismos microscpios) controlam a Turbidez e a transparncia da gua
(GASTALDINI; MENDONA, 2003). Esses autores comentam que a turbidez resulta
do espalhamento e absoro da luz incidente por partculas, enquanto que a
transparncia o limite de visibilidade na gua.
Nos sistemas aquticos tropicais, a Turbidez dos corpos dgua
particularmente elevada em regies com solos erodveis, onde a precipitao podem
carrear partculas de argilas, silte, areia, fragmentos de rochas e xidos metlicos do
solo. Os rios brasileiros so naturalmente turvos em decorrncia das caractersticas
geolgicas das bacias de drenagem, de altos ndices pluviomtricos e do uso de
prticas agrcolas inadequadas (LIBNIO, 2005, p.23).
Os valores de Turbidez vo de 0 a 1000 unidades nefelomtricas (NTU), os
valores baixos indicam poucas partculas suspensa na gua e o contrrio tem o
aumento nos valores de turbidez que indicam a concentrao de matrias em
28
suspenso. A turbidez para a irrigao um indicativo que determina a presena de
sedimentos em suspenso na gua, que em excesso pode obstruir o sistema de
irrigao e para o ambiente aquticos os altos valores de turbidez reduz a taxa
fotossinttica e a quebra da estabilidade ambiental. Segundo Resoluo do
CONAMA de N 357/2005 (BRASIL, 2005), a Turbidez para a guas de Classe 1 o
permitido de 40 unidades nefelomtricas de turbidez, para as Classes 2 e 3, no
devem exceder 100 unidades nefelomtricas.
2.4.2.3. Temperatura
A temperatura uma varivel importante no sistema aqutico e vrios
processos qumicos, fsicos e biolgicos so influenciados por essa varivel. Com a
elevao da temperatura, de 0 C a 30 C, a viscosidade, a tenso superficial, a
compressibilidade, o calor especfico, a constante de ionizao e o calor latente de
vaporizao diminuem. Outras propriedades fatores como a condutividade trmica e
a presso de vapor aumentam as solubilidades com o aumento da temperatura
(ESTEVES, 1998).
Os organismos aquticos, com a elevao da temperatura aceleram a maioria
dos processos metablicos sendo que a taxa de consumo de oxignio
freqentemente aumenta de modo constante e regular com a elevao da
temperatura. Em geral, uma elevao de 10C na temperatura provoca um aumento
de 2 a 3 vezes na taxa de consumo de oxignio e na decomposio de matria
orgnica.
2.4.2.4. Potencial Hidrogeninico (pH)
O pH influencia muitos processos biolgicos e qumicos nos corpos dgua
(ESTEVES, 1998). O pH uma funo da proporo entre ons de H+ e os ons de
OH- em soluo, e regula numerosos processos fisiolgicos que envolvem animais e
29
vegetais e reaes fsico-qumicas do ambiente. As guas naturais de superfcie
apresentam pH variando de 6,0 a 8,5, neste intervalo de pH o ideal manuteno
da vida aqutica (LIBNIO, 2005, p. 30).
Segundo Resoluo do CONAMA N 357/2005, fixam o valor de pH para
proteo vida aqutica, na faixa entre 6 e 9. Para a irrigao os valores de pH
esto entre baixo (< 7,0), mdio (7,0-8,0) e alto (> 8,0) (NAKAYAMA ; BUCKS,1986).
2.4.2.5. Condutividade Eltrica
A condutividade eltrica determina a capacidade da gua conduzir a corrente
eltrica. Quanto maior a concentrao inica de uma soluo, maior ser a
condutividade eltrica, situao contraria com baixa concentrao de ons ocorre
menor condutividade eltrica e o contrrio maior ser a resistncia (ESTEVES,
1998). Os ons originam-se da dissoluo ou intemperizao das rochas e solos,
incluindo a dissoluo lenta do calcrio, do gesso e de outros minerais (AYRES e
WESTCOT, 1991). Em ambientes que esto impactados a condutividade eltrica
apresentam valores superiores a 100 S/cm (CETESB, 2005), podendo atingir
valores de 1000 S/cm em corpos dgua receptores de levadas cargas de efluentes
domsticos e industrial (LIBNIO, 2005, p. 33).
Para a irrigao, o principal problema do excesso de sais na gua que aps
a deposio dos ons no solo e com a evaporao da gua se tem o acumulo dos
ons, podendo resultar em salinizao do solo (AYRES ; WESTCOT, 1991).
2.4.2.6. Oxignio Dissolvido
A concentrao de oxignio dissolvido um parmetro importante para
expressar a qualidade de um ambiente aqutico e sua reduo pode ocorre por
razes naturais principalmente pela respirao dos organismos presentes no
30
ambiente aqutico, mas tambm por perdas para a atmosfera, mineralizao da
matria orgnica e oxidao de ons (LIBNIO, 2005, p.34).
uma varivel qumica importante para as condies ambientais, embora no
seja um parmetro utilizado na caracterizao da qualidade de gua para irrigao.
Atravs da medio da concentrao de oxignio dissolvido, detecta-se os efeitos de
resduos oxidveis sobre guas receptoras e a eficincia do tratamento dos esgotos
durante a oxidao bioqumica (COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO
AMBIENTAL, 2005). A Resoluo do CONAMA de N 357/2005 (BRASIL, 2005)
determina que em qualquer amostra coletada, os valores de oxignio dissolvido para
as gua de Classe 1, 2e 3, no podem ser inferiores a 6, 5 e 4 mg/L,
respectivamente.
2.4.2.7. Ferro Total
O ferro um macronutriente e tem a sua origem na dissoluo de compostos
de rochas e solos, sendo um elemento abundante e encontrado nas guas naturais,
superficiais e subterrneas (ESTEVES, 1998). Apresentando-se nas formas
insolvel (Fe+3) e dissolvida (Fe+2), a forma dissolvida ocorre onde existe baixa
concentrao de oxignio dissolvido (LIBNIO, 2005, p. 39). A concentrao de ferro
no meio aqutico depende de vrios fatores ambientais, sendo o pH, a temperatura
e o potencial redox os mais importantes (ESTEVES, 1998).
O ferro constitui nutrientes para algumas espcies bactrias, principalmente
do gnero Crenotrix e Gallionela que podem crescer no interior das redes de
distribuio tambm conferindo cor, odor e sabor gua, alm de possibilidade de
incrustaes (LIBNIO, 2005, p.39). Nackayama e Bucks (1986, p. 146) tambm
evidenciaram no sistema de irrigao a precipitao do ferro ocasionado pela
presena de bactrias dos gneros Gallionela, Leptothrix, Crenothrix e Sphaerotilus
Devido s caractersticas geopedolgicas rica em sesquixidos de ferro, e
com a falta de conservao dos solos, processos erosivos acentuados e
assoreamento dos mananciais tendem a aumentar a concentrao deste elemento
nos corpos dgua.
31
Atualmente o ferro um dos principais problemas na gua de irrigao
devido capacidade de obstruir fisicamente as tubulaes e emissores dos sistemas
de irrigao localizada. Segundo Hernandez et al. (2001) aps a oxidao, de Fe+2
para Fe+3, o ferro fica retido nas paredes do tubo, ocasionando o aumento nas
perdas de cargas e comprometendo o sistema de irrigao.
Nakayama e Bucks (1986, p. 143) relatam que ferro total em concentraes
superiores a 0,2 mg/L na gua de irrigao pode resultar em precipitao e
obstruo de tubulaes e emissores, ocasionando danos moderados ao sistema. A
remoo de ferro pode ser realizada por aerao, favorecendo a oxidao forma
insolvel (LIBNIO, 2005, p.39). Para a irrigao essa aerao deve ser antes de
entrar no sistema de irrigao.
2.4.2.8. Dureza Total
A dureza indica a presena de certo ctions, com os ons Ca+2 e Mg2+ e a
maior parte do clcio entra na gua atravs de CaCo3 , na forma de calcrio, ou por
meio de depsito minerais de CaSO4 . J a fonte de entrada do magnsio o
calcrio dolomtico, CaMg (CO3) (BAIRD, 2002, p. 476). A dureza tem origem
natural pela dissoluo de rochas clcareas, sendo expressa em mg/L de
equivalente de carbonato de clcio (CaCO3). A dureza devido ao carbonato
sensvel ao calor, precipitando o carbonato ao aumento significativo de temperatura,
podendo provocar incrustaes nas tubulaes de gua quente, caldeiras e
aquecedores (LIBNIO, 2005, p.31).
O clcio um ction (Ca+2) presente na gua e essencial para o
crescimento de algas, macrfitas aquticas e muitos animais, em especial moluscos
(ESTEVES, 1998). Para a irrigao esse ction associa ao magnsio (Mg+2) e esses
dois sais solveis geralmente determina a dureza da gua, embora pode ocorrer
outros ctions.
O magnsio (Mg+2) para o ambiente se deve a sua participao na formao
da molcula de clorofila (ESTEVES, 1998). Associado ao clcio determina a dureza
32
da gua e a origem natural desses dois elementos ocorre atravs da dissoluo de
minerais, solos e rochas (ALLAN, 1995, ESTEVES, 1998)
Em corpos dgua de reduzida dureza, como o caso da maioria dos
mananciais superficiais, a biota do meio aqutico mais sensvel presena de
substncias txicas, j que a toxidade inversamente proporcional ao grau de
dureza da gua (LIBNIO, 2005, p.33).
A dureza uma varivel importante para qualidade de gua para irrigao.
Segundo Nakayama e Bucks (1986) a precipitao dos carbonatos de clcio e
magnsio pode ocorrer se a dureza for elevada e valores de pH acima de 7,5. Para
Ayre e Westcot (1991) os valores ideais de clcio e magnsio na gua de irrigao,
devem ser de 400 mg/L de Ca+2 e 60 mg/L de Mg+2.
2.4.2.9. Coliformes
As bactrias do grupo coliformes so indicadoras de contaminao fecal,
restritas ao trato intestinal de animais homeotrmicos, ou seja, animais de sangue
quente, como aves e mamferos. A determinao da concentrao dos coliformes
fecais e totais assume importncia como parmetro indicador da possibilidade da
existncia de bactrias patognicas, responsveis pela transmisso de doenas de
veiculao hdrica, como febre tifide, desinteria bacilar e clera (CETESB, 2005).
O uso de coliforme como indicador de possveis presenas de seres
patognicos de veiculao hdrica que possam estar associados s fezes de fcil
identificao e contagem em laboratrio com poucos recursos. Ao contrrio de um
mtodo analtico em que se procura identificar e quantificar cada um das espcies
patognicas presentes, o teste de coliformes procura apenas evidenciar
quantitativamente a presena de certos microorganismos que, sendo de origem
intestinal, atestam a presena de fezes na gua (BRANCO et al., 2006, p. 247).
Esse grupo de coliformes totais so bactrias aerbias ou anaerbias
capazes de fermentar a lactose de 24 a 48 horas temperatura de 35 a 37C
(LIBNIO, 2005, p.44).
33
A Resoluo CONAMA de N20/86 determina o nmero de coliformes fecais e
totais, de acordo com classe de uso. A Classe 2 permite o nmero de 5.000
coliformes totais em 100 mL de amostra e de coliformes fecais um nmero de 1.000
coliformes em 100 mL de amostra. Para se tornar inapta de uso, os limites devem
ser excedidos em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais, colhida em
qualquer ms.
34
3. MATERIAL E MTODOS
3. 1. Localizao da rea de Estudo
O estudo foi desenvolvido na microbacia do crrego do Coqueiro, com 29,4
km de extenso da nascente at a foz, um afluente da margem direita do Rio So
Jos dos Dourados, uma das principais bacias de drenagem da regio noroeste do
Estado de So Paulo. Este manancial esta localizado entre os municpios de Jales,
So Francisco, Palmeiras dOeste e Dirce Reis, as coordenadas geogrficas da rea
correspondem aos paralelos 20 15 a 20 30 sul e aos meridianos 50 30 00 a
503000 oeste. Foram selecionados cinco pontos de monitoramento de modo a
representar o comportamento da bacia hidrogrfica (Figura 1).
Figura 1. Microbacia do crrego do Coqueiro e pontos de amostragem e municpios.
35
Os quatros municpios esto distribudos ao entorno da microbacia que
ocupam uma rea de 85.000 hectares, sendo Jales o maior municpio da regio. A
microbacia do crrego do Coqueiro possui uma rea de 180,2 km2 e um permetro
de 71,61 km determinados atravs do software Ilwis, verso 3.4, a partir da base
cartogrfica do IBGE na escala de 1: 50.000 do municpio de Jales e imagem do
satlite CBERS em sua passagem em 30 de agosto de 2007.
3.2. Geologia, litoestratigrafia e caracterizao da vegetao remanescente
A microbacia do crrego do Coqueiro uma sub-bacia do Rio So Jos dos
Dourados, inserida na Provncia do Planalto Ocidental, com relevo levemente
ondulado, com caimento para oeste e as altitudes inferiores a 600 metros (SO
PAULO, 2006, p.428).
Segundo o Comit da Bacia do So Jos dos Dourados (2003, p.17), as
unidades geolgicas que afloram nesta bacia so as rochas gneas baslticas do
Grupo So bento, formao Serra Geral e as rochas sedimentares do Grupo Bauru,
Formao Caiu.
Os municpios de So Francisco e Dirce Reis se apresentam com criticidade
mdia e os municpios de Jales e Palmeira DOeste na categoria de criticidade alta
em relao ao processo erosivo. (SO PAULO, 2006). Esses critrios foram
desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisa Tecnolgico apud So Paulo (2006, p.57)
que estabeleceram um ndice de criticidade dos municpios quanto aos processos
erosivos, fundamentado a partir dos seguintes critrios: nmero de feies erosivas
lineares em rea urbana e total do municpio, percentagem de rea urbana e rea
total do municpio e percentuais das reas de suscetibilidade eroso no municpio.
A vegetao originalmente predominante na bacia caracterizada como
floresta estacional (semidecidual e decidual), entretanto este tipo de vegetao est
todo fragmentado e degradado por estarem em reas que passaram por grandes
transformaes econmicas (SO PAULO, 2006). Geralmente esses fragmentos
esto localizados ao longo de cursos dgua e so considerados como floresta
estacional semidecidual ribeirinha com influncia fluvial sazonal (RODRIGUES,
36
2000), sendo 1,7% o valor mdio de vegetao natural remanescente nos
municpios por onde o crrego do Coqueiro passa (CETESB, 2005) (Tabela 2).
Tabela 2. Vegetao Natural Remanescente. Municpio rea (ha) Vegetao natural remanescente (ha) % Dirce Reis 8.800 602 2,0 Jales 36.800 594 1,6 So Francisco 9.000 98 1,1 Palmeiras DOeste 30.400 653 2,1
Fonte: Relatrio de Qualidade Ambiental do Estado de So Paulo. 2006
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo e Instituto
Florestal (2005) na regio noroeste do Estado de So Paulo restam apenas 3,3% de
vegetao natural, disposta em pequenos fragmentos de 10 ha o que caracteriza
como uma das mais degradadas reas do Estado.
Na microbacia do crrego do Coqueiro existem dois fragmentos florestais
(Figura 2) remanescentes, a jusante (2,21 km2) e a montante (1,74 km2) do ponto 4
de monitoramento, ocupando 2,19 % da rea total da bacia hidrogrfica.
3.3. Caractersticas Scios-Econmicas
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (2007), no
Censo do ano 2000, em 60% da bacia do So Jos dos Dourados no existe
nenhum municpio com populao superior a 50.000 habitantes, destacando-se o
municpio de Jales, com 21,5 % da populao total.
As principais fontes de renda destes municpios vm das atividades primrias,
como a pecuria e a fruticultura (principalmente, citros e uvas) (Tabela 3). Todos os
municpios tm a braquiria como a principal cultura (SO PAULO, 2006, p.428) e a
maioria destas pastagens encontram-se degradadas devido ao manejo incorreto por
parte dos pecuaristas que no adotam prticas conservacionista de proteo ao
solo.
37
Figura 2. Fragmento florestal remanescente na microbacia do Crrego do Coqueiro.
38
Tabela 3. Populao urbana e total dos municpios pertencente microbacia do
Coqueiro, corpo receptor de lanamento de efluentes e principais culturas agrcolas.
Populao Censo 20001
Lavouras permanentes com maiores reas
plantadas nos municpios3 Municpios
Total Urbana
Corpo receptor2
Culturas rea
plantada (ha) rea
Dirce Reis 1.623 1.075 Cr. Marimbondo Laranja 159
Jales 46.178 42.332 Cr. Marimbondo
Laranja Limo Uva
1464 150 150
Palmeiras dOeste 10.322 7.085 Cr. do Cervo Uva 180
So Francisco 2.863 2.055 Cr. Botelho Laranja 580
Total Geral 60.986 52.547
Fonte: 1Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Censo demogrfico, 2000; 2CETESB, 2005; 3Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Produo agrcola municipal, 2005.
3.4. Tipos de usurios, finalidade e uso da gua
Para a microbacia do crrego do Coqueiro esto definidos os tipos de
usurios, a finalidade e o uso da gua. Essas informaes foram obtidas a partir de
requerimentos de Outorga solicitados ao DAEE e, em relao ao tipo de uso, a
captao superficial foi representada por 53% e a outra parte representada pela
reservao (47%) que so tanques em superfcies (Tabela 4).
Tabela 4. Tipos de uso da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. Tipo de uso Nmero Freqncias (%)
Captao superficial 20 53 Reservao (tanques em sub-superfcie) 18 47
Fonte: DAEE - Departamento de gua e Energia Eltrica
As finalidades de uso da gua nesta microbacia esto mostrando que a
agricultura irrigada representa a maior porcentagem de outorga uso (58%) e a
39
dessendentao animal com 15,7% (Tabela 5). O nmero de irrigantes que
solicitaram outorgas so 12, com uma porcentagem de 31,5% de tipos de usurios
da gua na microbacia (Tabela 6).
Tabela 5. Finalidade de uso da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. Finalidade de uso Nmero Freqncias (%)
Irrigao 22 58 Regularizao de Vazo (Barragem) 10 26,3 Dessendentao 6 15,7
Fonte: DAEE - Departamento de gua e Energia Eltrica
Tabela 6. Tipo de Usurio da gua na microbacia do Crrego do Coqueiro. Tipo de usurio Nmero Freqncias (%)
Irrigantes 12 31,5 Uso comunitrio 14 37 Uso Rural 2 5,2 Pecuarista 10 26,3
Fonte: DAEE - Departamento de gua e Energia Eltrica
3.5. Clima
A classificao climtica para a regio, segundo Keppen, o subtropical
mido, Cwa, com inverno seco e ameno e vero quente e chuvoso (PEREIRA et al,
2002). As precipitaes foram obtidos no Centro Integrado de Informaes
Agrometeorolgicas do municpio de Jales (SO PAULO, 2007), enquanto que as
demais varireis foram obtidas a partir da estao agrometeorolgica automtica
instalada no municpio de Marinpolis operada pela rea de Hidrulica e Irrigao da
UNESP Ilha Solteira. O total de precipitao pluviomtrica e evapotranspirao de
referncia de Pennman-Monteith apud Allen et al (1998), para o perodo monitorado
foi de 1138,2 e 1819,4 mm, respectivamente. Na Figura 3 esto s mdias mensais
das variveis de umidade relativa (%), temperatura (C), precipitao e
evapotranspirao, no decorrer do perodo em estudo.
40
0255075
100125150175200225250275300325
out-0
6
nov-0
6
dez-0
6
jan-0
7
fev-0
7
mar-0
7
abr-0
7
mai-0
7
jun-0
7jul
-07
ago-
07
set-0
7
out-0
7
Tem
p (
C);
UR
%; C
huva
(m
m)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Eva
potra
nspi
ra
o (m
m/d
ia)
Temperatura Umidade RelativaPrecipitao Evapotranspirao
Figura 3. Comportamento mdio das variveis climticas, temperatura, precipitao, umidade relativa e evapotranspirao.
3.6. rea e permetro da microbacia e clculos dos parmetros hidrolgicos
As bases cartogrficas para a realizao do levantamento de rea e permetro
de cada ponto de amostragem da microbacia do coqueiro foram uma carta do IBGE
na escala de 1: 50.000 do municpio de Jale, com eqidistncia das curvas de nvel
de 10 metros e uma imagem do satlite CBERS obtida no perodo de 30 de agosto
de 2007.
Atravs da carta do IBGE com representaes das curvas de nvel foi
possvel definir os divisores de gua da microbacia e as delimitaes das sub-bacias
com os seus respectivos pontos de amostragem georreferenciado em campo. A
imagem CBERS utilizada foram as bandas 4 (infravermelho), 2 (verde) e 1(azul),
sendo a banda 4 inserida no canal Red, para a visualizao de falsa cor, neste
caso tudo que vegetao sadia nas imagem vo aparecer com colorao
vermelho.
41
O sofware de sistema de informao geogrficas empregado foi ILWIS 3.4,
com esse programa foi possvel construo da rede hidrogrfica atravs do
processo de vetorizao, com as delimitaes da bacia e subacias. Depois desta
etapa tem a obteno de um arquivo de polgonos, e a partir dessas informaes
tem os dados de rea e permetro da bacia e das subbacias dos pontos de
amostragem. A composio de falsa cor das imagens do CBERS tambm foi atravs
do sofware ILWIS 3.4, para uma melhor visualizao da vegetao e da rede de
drenagem da microbacia.
Dados quantitativos dos recursos hdricos como os valores de vazo mnima,
mxima e mdias obtidas durante as medies em cada ponto de coleta, foram
calculadas atravs do programa Excel. A vazo firme, plurianual e vazo mnima de
sete dias consecutivos com perodo de retorno de 10 anos foram estimadas atravs
do sofware disponvel no Sistema de Informao para Gerenciamento dos Recursos
Hdricos do Estado de So Paulo (SO PAULO, 2007), neste programa insere a
informao da rea de drenagem e a localizao geogrfica de cada ponto
amostrado para a obteno dos dados de regionalizao dos recursos hdricos para
a microbacia.
3.7. Localizao dos Pontos de Avaliao
Na Figura 4 tem a imagem do satlite CBERS nas bandas 4, 2 e 1 onde esto
representados a distribuio dos pontos de amostragem, a hidrografia, a delimitao
da bacia hidrogrfica do crrego do Coqueiro e os municpios a quem pertencem.
Ao longo da calha principal do Crrego do Coqueiro foram georreferenciados
com auxlio de um GPS, cincos pontos de coleta de gua e nestes mesmos pontos
foram realizados s medies de vazo e coleta da gua. As coletas ocorreram em
intervalo mensal no perodo de 26/10/2006 e 11/10/2007, totalizando 13 amostras de
gua.
As medies de vazo nos pontos 1, 2 e 3 totalizaram 10 medies por ponto
amostrado. Nos dois ltimos, o ponto 4 com cinco medies e o ponto 5 com seis
medies. Isso ocorreu devido ao volume de gua do crrego que ultrapassou o
42
dique marginal nos perodos de chuva que antecederam as coletas e impossibilitou a
medio de vazo.
43
Figura 4. Mapa de localizao dos pontos de amostragem e limite da microbacia,
utilizando uma imagem CBERS.
44
3.7.1. Ponto 1
Este ponto de coleta localizado prximo rodovia Dr. Euphly Jalles (SP 563)
que d acesso cidade de Jales, com coordenadas geogrficas de 20 18 53.7 Sul
e 503817.7 Oeste (Figura 5 e 6). A 6,0 km da nascente, passando por pequenas
propriedades rurais que abrangem o municpio de Jales, neste local observam-se
ausncia de matas ciliares e pastagens degradadas.
Os valores de rea e permetro da sub-bacia e os aspectos quantitativos dos
recursos hdricos para o ponto 1, esto na Tabela 9.
Figura 5. Rodovia de acesso a Jales e ponto 1 de amostragem em 24/05/2007.
Tabela 7. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o ponto 1.
rea de drenagem 19,4 Km2
Permetro 18,3 Km2
Vazo mnima 0,028 m3/s Vazo mxima 0,451 m3/s Vazo mdia 0,149 m3/s Vazo firme 0,064 m3/s Vazo plurianual 0,127 m3/s Vazo mnima de 7 dias consecutivos com perodo de retorno de 10 anos
0,030 m3/s
45
Figura 6. Mapa de localizao, hidrografia e limite da sub-bacia do ponto 1.
46
3.7.2. Ponto 2
Este ponto est prximo a uma ponte localizada na estrada de acesso que
liga o trevo de So Francisco com Palmeira dOeste, com coordenadas geogrficas
20 22 40.4 Sul e 504039.2 Oeste. Com distncia de 14,1 km da nascente e
situado no municpio de So Francisco, trecho de pequenas e grandes propriedades
agrcolas, com predomnio de pecuria extensiva; neste segmento tambm se
observam ausncia de matas ciliares e pastagem degradadas (Figura 7 e 8).
Nesta sub-bacia do ponto 2, observa-se o manejo inadequado do solo,
ausncia de curvas de nvel em vrios trechos, principalmente prximo ao ponto de
amostragem.
Na Tabela 8 esto os valores de rea de drenagem e permetros da sub-bacia
do ponto 2, e aspectos quantitativos dos recursos hdricos.
Figura 7. Ponto 2 de amostragem em 26/07/2007, prximo ao municpio de So
Francisco e processo de assoreamento observado neste trecho.
Tabela 8. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o ponto 2.
rea de drenagem 68,5 Km2
Permetro 52,2 Km2
Vazo mnima 0,109 m3/s Vazo mxima 1,768 m3/s Vazo mdia 0,629 m3/s Vazo firme 0,224 m3/s Vazo plurianual 0,449 m3/s Vazo mnima de 7 dias consectivos com perodo de retorno de 10 anos 0,105 m
3/s
47
Figura 8. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 2 de amostragem e
hidrografia.
48
3.7.3. Ponto 3
O ponto 3, localizado no municpio de Palmeiras dOeste, possui pequenas e
mdias propriedades, com pastagens degradadas e ausncia de conservao do
solo (Figura 9).
Este ponto est jusante da Estao de Tratamento de gua (ETA) da
SABESP (Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo), que trata a
gua superficial e abastece os municpios de Palmeiras dOeste e Marinpolis.
Neste trecho h presena de matas ciliares, entretanto essa rea de preservao
permanente (APP) no corresponde aos 30 metros determinado pela Legislao.
Figura 9. Ponto 3 de amostragem em 26/07/2007, prximo a estao de Estao de Tratamento de gua e medio de vazo.
Observa-se tambm assoreamento do dique marginal em trechos prximo ao
ponto 3. Em perodos de precipitao intensa como o ocorrido no dia 22 de maro
de 2007, cujo precipitao foi 70,4 mm, observou-se o transbordamento de gua
sobre o dique marginal do crrego. Quando ocorre esse tipo de evento impossibilita
a medio de vazo neste ponto e nos outros tambm (Figuras 10).
Na Tabela 9 esto os valores de rea e permetro e os aspectos quantitativos
dos recursos hdricos na sub-bacia do ponto 3 .
49
Figura 10. Ponto 3 no dia 22/03/2007 com precipitao intensa, no dia 11/10/2007 com volume baixo de gua e medio de vazo.
Tabela 9. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o ponto 3.
rea de drenagem 89,7 Km2
Permetro 74,1 Km2
Vazo mnima 0,118 m3/s Vazo mxima 2,35 m3/s Vazo mdia 0,735 m3/s Vazo firme 0,294 m3/s Vazo plurianual 0,588 m3/s Vazo mnima de 7 dias consecutivos com perodo de retorno de 10 anos
0,137 m3/s
Na Figura 11est o mapa de localizao da sub-bacia do ponto 3, que dista
17,4 km da nascente, com coordenadas geogrficas 20 24 23,4 Sul e 504051,8
Oeste.
50
Figura 11. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 3 de amostragem e hidrografia.
51
3.7.4. Ponto 4
O ponto 4 est localizado no municpio de Dirce Reis, com coordenadas
geogrficas 20 2824.7 Sul e 504000,1 Oeste, distncia de 24,6 km da nascente
e com predomnio de pecuria extensiva com dessedentao animal em alguns
trechos. Presena de matar ciliar, entretanto rea de preservao permanente
menor que 30 metros.
Neste local, na margem esquerda do crrego observa-se uma vooroca ao
lado do manancial (Figura 12) e todo o sedimento acaba sendo depositado no
crrego, atravs desse processo constata a ausncia total de conservao do solo,
principalmente em cultura de braquiria.
Figura 12. Ponto 4 de amostragem em 14/12/2007, medio de vazo (a esquerda) e vooroca prximo ao ponto 4 (a direita)
Na Tabela 10 esto os valores de rea e permetro da subbacia e aspectos
quantitativo dos recursos hdricos para o ponto 4 e na Figura 12 se tem a localizao
do ponto de amostragem e a rede hidrogrfica deste sub-bacia.
Tabela 10. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o ponto 4.
rea de drenagem 164,4Km2
Permetro 115,2 Km2
Vazo mnima 0,275 m3/s Vazo mxima 1,53 m3/s Vazo mdia 0,756 m3/s Vazo firme 0,540 m3/s Vazo plurianual 1,079 m3/s Vazo mnima de 7 dias consecutivos com perodo de retorno de 10 anos 0,252 m
3/s
52
Figura 13. Mapa de localizao da sub-bacia do ponto 4 de amostragem e hidrografia.
53
3.7.5. Ponto 5
O Ponto 5 est localizado prximo a foz da microbacia e no municpio de
Dirce Reis, com coordenadas geogrficas 203048,9 Sul e 503914,7 Oeste. Com
distncia de 29,4 km da nascente e trecho possui pequenas e mdias propriedades
e o uso da gua para dessedentao animal (Figura 14).
Figura 14. Ponto 5 de amostragem em 24/05/2007, coleta da gua e medio de vazo .
Neste ponto de amostragem a vegetao da margem esquerda atende a
legislao (Lei 7.803/89; 7.875/89 e 9.985/00), ultrapassa os trinta metros para
cursos dgua de menos de 10 metros de largura (SO PAULO, 2000, p.32-42)
entretanto, na margem direita, existem trechos irregulares menores e maiores que
trinta metros. Na Tabela 11 esto os valores da rea de drenagem, permetro e
aspectos quantitativos do ponto 5.
Tabela 11. rea, permetro e aspectos quantitativos dos recursos hdricos para o ponto 5.
rea de drenagem 180,1 Km2
Permetro 132,7 Km2
Vazo mnima 0,317 m3/s
Vazo mxima 2,096 m3/s
Vazo mdia 0,782 m3/s
Vazo firme 0,560 m3/s
Vazo plurianual 1,180 m3/s
Vazo mnima de 7 dias consecutivos com perodo de retorno de 10 anos
0,590 m3/s
54
3.8. Coleta e anlise da gua
As variveis fsicas, qumicas e biolgicas de qualidade da gua avaliados
foram os slidos (totais, dissolvidos e suspensos), turbidez, pH, dureza total, clcio,
magnsio, ferro total, condutividade eltrica, oxignio dissolvido, coliformes fecais e
totais. As amostras de gua foram coletadas em garrafas de polietileno de dois litros
bem higienizadas e lavadas com gua destilada, depois de coletada a gua, as
garrafas foram acondicionadas em caixas de isopor com gelo, sendo posteriormente
levadas ao laboratrio.
Para a anlise do oxignio dissolvido so duas etapas, a coleta da gua em
campo atravs de uma garrafa de Van Dorn e adio os reagentes (sulfato de
mangans e azida sdica) para a complexao do oxignio, para evitar a
desoxigenao durante o transporte. A outra etapa ocorre em laboratrio com o
mtodo de Winkler modificado.
A temperatura da gua foi determinada no prprio local de amostragem, por
leitura direta em termmetro de mercrio com escala interna.
Os slidos dissolvidos totais e suspensos foram realizados de acordo com o
mtodo gravimtrico. O pH, turbidez e condutividade eltrica utilizaram-se
equipamentos especficos para cada tipo de anlise e foram realizadas com no
mximo 12 horas aps a coleta da gua. A dureza total, clcio e magnsio foram
determinados por titulao e realizados no dia seguinte aps a coleta da gua no
campo.
A varivel biolgica, coliformes fecais e totais foi feito pela anlise
bacteriolgica com o uso do Ecokit, procedimento de anlise - V124 (HERMES et al,
2004, ALFAKIT, 2007), em estufa a 36- 37 C, por 15 horas e realiza a contagem
dos coliformes atribuindo o NMP/100 ml da amostra. O controle de qualidade de
gua obedece a Resoluo de n 20/ 86 para coliformes fecais e totais e para O a
Resoluo 357/2005, classe 2, guas destinadas irrigao de 2 hortalias e
plantas frutferas (BRASIL, 2005).
Na Tabela 12 so apresentados uma sntese das variveis analisadas, o
mtodos empregado em cada anlise e os equipamentos utilizados.
55
Tabela 12. Sntese das metodologias e dos equipamentos utilizados nas anlises de
qualidade da gua para a irrigao.
Variveis Mtodos Equipamentos Referncias
Slidos Totais Slidos dissolvidos Slidos suspensos
Gravimtrico (mg/L)
Cpsula de porcelana, balana eletrnica de preciso JK-200 da YMC CO, estufa 305 SE da Fanem, dissecador e papel de filtro (poros de 28 m)
Vanzela (2004)
Turbidez Nefelomtrico (NTU)
Turbidmetro 2020 La Motte
APHA (1998)
Oxignio dissolvido Winkler modificado, titulao (mg/L)
Pipetas de 2 ml, garrafas de Van Dorn e bureta
Vanzela (2004)
Condutividade eltrica
Eletrodo de platina S.cm-1 a 25 C
Condutivmetro Corning Pinacle
APHA (1998)
Ferro Total Colorimtrico ferroespectral (mg/L) Colormetro Hach -
Dureza total Clcio Magnsio
Titulao (mg/ L) Bureta e pipetas Vanzela (2004)
Coliformes Totais Coliformes Fecais
Contagem de bactria (NMP/100 ml de amostra)
Procedimento de anlise - V124, Kit microbiolgico - ALFAKIT
Hermes (2004)
3.9. Medio de vazo
As vazes foram medidas pelo mtodo do molinete hidromtrico da marca
Global Water, modelo FP101-FP201. As velocidades do fluxo so obtidas em uma
seo (no caso de sees inferiores a 0,50 m) ou em diversas sees molhadas ao
longo da largura do curso d gua, sendo a vazo total calculada por:
nn SvSvSvQ ...2211 , sendo:
Q - vazo do curso dgua (m3/s); v1 - velocidade do fluxo de gua na seo molhada 1 (m/s); S1 - rea da seo 1 (m
2); v2 - velocidade do fluxo de gua na seo molhada 2 (m/s);
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S2 - rea da seo 2 (m
2); vn - velocidade do fluxo de gua na seo molhada n (m/s); Sn - rea da seo n (m
2);
A velocidade do fluxo determinada diretamente pelo molinete. As sees
molhadas so determinadas por meio da medio do perfil transversal do canal,
coletando-se as profundidades espaamentos regulares de uma margem a outra e
digitalizao em software AutoCAD, onde so calculadas as respectivas sees
molhadas (Figura 15).
Em algumas coletas no foi possvel a medio da vazo devido ao volume
de gua do manancial ultrapassar o dique marginal em dias de