Quais as principais características da sociedade no período de criação do serviço social

4
Quais as principais características da sociedade no período de criação do serviço social? Quando o Serviço Social surgiu no Brasil, na década de 30 do século passado, registrava-se no País uma intensificação do processo de industrialização e um avanço significativo rumo ao desenvolvimento econômico, social, político e cultural. Tornaram-se mais intensas também as relações sociais peculiares ao sistema social capitalista. Quando se coloca em discussão a denominada questão social, dois elementos surgem em destaque: o trabalho e o capital. A resposta a ser dada ao conflito, entre esses dois pólos, vai depender da maior ou menor importância que se atribui a um ou outro desses elementos. Para entender melhor essa problemática, considera-se, de início, o trabalho humano, destacando as relações sociais que se desenvolvem no sistema produtivo. Focaliza-se, então, o cerne da questão social, a exploração do trabalho pelo capital, com todas as suas conseqüências para a vida do trabalhador. O Serviço Social profissional teve suas origens no contexto do desenvolvimento capitalista e do agravamento da questão social. Para compreender as circunstâncias históricas ligada ao século passado, considerando-se como eixo central da análise a questão social em seus aspectos econômicos, políticos e sociais. Nesse contexto, foi promulgada uma série de medidas de políticas sociais, como uma forma de enfrentamento das múltiplas refrações da questão social, ao mesmo tempo o Estado conseguia a adesão dos trabalhadores, da classe média e dos grupos dominantes, donos do capital. O governo populista adotava, ao mesmo tempo, mecanismos de centralização político-administrativa, que favoreciam o aumento da produção, dando condições para a expansão e a acumulação capitalista. Relacionando o Serviço Social com a questão social e com as políticas sociais do Estado, tornou-se necessário o debate de alguns elementos da problemática do Estado: o Estado liberal, o Estado intervencionista, e as funções educativas, políticas e sociais que se desenvolvem no âmbito do Estado moderno. Os processos de institucionalização do Serviço Social, como profissão, estão relacionados com os efeitos políticos, sociais e populistas do

Transcript of Quais as principais características da sociedade no período de criação do serviço social

Quais as principais caractersticas da sociedade no perodo de criao do servio social?

Quando o Servio Social surgiu no Brasil, na dcada de 30 do sculo passado, registrava-se no Pas uma intensificao do processo de industrializao e um avano significativo rumo ao desenvolvimento econmico, social, poltico e cultural. Tornaram-se mais intensas tambm as relaes sociais peculiares ao sistema social capitalista. Quando se coloca em discusso a denominada questo social, dois elementos surgem em destaque: o trabalho e o capital. A resposta a ser dada ao conflito, entre esses dois plos, vai depender da maior ou menor importncia que se atribui a um ou outro desses elementos. Para entender melhor essa problemtica, considera-se, de incio, o trabalho humano, destacando as relaes sociais que se desenvolvem no sistema produtivo. Focaliza-se, ento, o cerne da questo social, a explorao do trabalho pelo capital, com todas as suas conseqncias para a vida do trabalhador. O Servio Social profissional teve suas origens no contexto do desenvolvimento capitalista e do agravamento da questo social. Para compreender as circunstncias histricas ligada ao sculo passado, considerando-se como eixo central da anlise a questo social em seus aspectos econmicos, polticos e sociais. Nesse contexto, foi promulgada uma srie de medidas de polticas sociais, como uma forma de enfrentamento das mltiplas refraes da questo social, ao mesmo tempo o Estado conseguia a adeso dos trabalhadores, da classe mdia e dos grupos dominantes, donos do capital. O governo populista adotava, ao mesmo tempo, mecanismos de centralizao poltico-administrativa, que favoreciam o aumento da produo, dando condies para a expanso e a acumulao capitalista. Relacionando o Servio Social com a questo social e com as polticas sociais do Estado, tornou-se necessrio o debate de alguns elementos da problemtica do Estado: o Estado liberal, o Estado intervencionista, e as funes educativas, polticas e sociais que se desenvolvem no mbito do Estado moderno. Os processos de institucionalizao do Servio Social, como profisso, esto relacionados com os efeitos polticos, sociais e populistas do governo de Vargas. A implantao dos rgos centrais e regionais da previdncia social e a reorganizao dos servios de sade, educao, habitao e assistncia ampliaram de modo significativo o mercado de trabalho para os profissionais da rea social. O Servio Social, como profisso e como ensino especializado, beneficiou-se com esses elementos histricos conjunturais. Ao mesmo tempo em que se ampliava o mercado de trabalho, criavam-se as condies para uma expanso rpida das escolas de Servio Social QUAL A IMPORTNCIA DO CAPITALISMO PARA O SERVIO SOCIAL?

O trabalho humano se encontra na base de toda a vida social. Os homens, impulsionados pelas necessidades vitais, apropriam-se da natureza e produzem os bens necessrios a sua manuteno, que lhes do condies de existir, de se reproduzir e de fazer histria, salientaram Marx e Engels . Aps satisfeitas as primeiras necessidades, surgem outras, exigindo novas solues, que direcionam o homem nas relaes com os outros homens. Enredado nesse conjunto de relaes sociais, como um ser social e histrico, este desenvolve

sua prxis, atividade material pela qual ele faz o mundo humano e se transforma a si mesmo .As transformaes das condies sociais, realizadas pela prtica humana, foram sendo gerados bem como os progressos econmico e social, bem como toda uma cultura. Na teoria marxista, o modo de produo oferece elementos para caracterizar as sociedades e analisar as suas transformaes. No processo de trabalho, os homens criam determinadas relaes entre eles (relaes de produo), que, juntamente com a capacidade de produzir (foras produtivas), constituem o modo de produo. O nvel de desenvolvimento dessas foras produtivas materiais e as relaes de produo correspondentes determinam os diferentes tipos de sociedade. As relaes de produo modelam, portanto, a estrutura social e a repartio da sociedade em classes. Quando as condies materiais de produo mudam, tambm se alteram tambm se alteram as relaes entre os homens que ocupam a mesma posio na sociedade de classes. Na base, se encontram as foras produtivas, ou seja, os instrumentos e tcnicas de produo, a fora de trabalho dos homens, os objetos aos quais se aplica esse trabalho. Sobre a infraestrutura econmica se ergue uma superestrutura, composta da instncia jurdico -poltica e da instncia ideolgica, a que correspondem todas as formas de conscincia social. As contradies entre as foras produtivas e as relaes de produo acabam levando ao colapso um determinado modo de produo e a sua substituio por outro,uma relao dialtica entre o sujeito e o objeto, em que se reconhece uma reciprocidade econmico-social e toda uma cultura humana, que produziu tambm a alienao, a dominao do homem sobre os outros homens e as desigualdades sociais. Essas desigualdades sociais se tornaram cruciais nas sociedade em processo de industrializao. Marx, em sua obra O Capital (1985), fez uma profunda crtica da sociedade capitalista e das ideologias que mascaram a sujeio real do trabalho ao capital, a alienao e a explorao da classe trabalhadora. Os proprietrios dos meios de produo, retirando a mais-valia do trabalho, intensificaram o processo de acumulao do capital. A concentrao dos bens de produo nas mos de poucos, em prejuzo dos que s possuam a sua fora de trabalho, levou ao agravamento dos problemas sociais enfrentados pelos trabalhadores. As relaes conflituosas que se estabeleceram entre o capital e o trabalho configuram a questo social.Marx, a partir do valor do trabalho, construiu o conceito de mais-valia. O autor explica, ento, que no modo de produo capitalista, o processo de trabalho tambm um processo de explorao, porque se d uma apropriao do excedente do trabalho pelo capitalista (1985). O trabalhador, que nada possui, se v obrigado, assim, a vender sua fora de trabalho para poder sobreviver, e a burguesia, detentora dos meios de produo, enriquece, se apropriando da mais-valia. A acumulao crescente levou o sistema capitalista a expandirse, assumindo cada vez mais o controle de todos os recursos materiais e humanos, e colocou esse imenso potencial a servio de um processo produtivo cada vez mais eficiente, associado ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico. O sistema capitalista, entretanto, alm da explorao, significa tambm a alienao do homem. E a obra de Marx (1982-1985) permeada pelas crticas s vrias formas de alienao: a religiosa, a filosfica, a poltica e a socioeconmica. Sendo a alienao econmica e social

revestida , principalmente, das seguintes formas: separao entre o homem e seu trabalho, que o priva de decidir o que faz e como faz; separao entre o homem e o produto de seu trabalho, que lhe tira o controle sobre o que feito com o resultado e os excedentes de seu trabalho, possibilitando a explorao; separao entre o homem e seu semelhante, gerando relaes de competio. Essas formas de alienao se fundamentam na diviso social do trabalho, na propriedade privada e na decorrente diviso da sociedade em classes,e constitui numa tentativa de mostrar ao movimento operrio como o modo de produo capitalista desvirtua a vida e as relaes sociais humanas, sob mltiplas formas, com o intuito de satisfazer as exigncias da reproduo do capital. A conscincia crescente da explorao e o agravamento dos problemas sociais, ligados acumulao capitalista, levaram os trabalhadores a se organizar em movimentos e lutas por melhores condies de vida e de trabalho. As polticas sociais, que comearam a ser implantadas no fim do sculo XIX, na Europa e Estados Unidos, e a partir de 1930, no Brasil, tm sido apontadas como uma gesto, ainda que conflitiva, da fora de trabalho para que ela se reproduza nas melhores condies para o capital. importante assinalar, portanto, que as polticas sociais implantadas nos pases de capitalismo avanado, no foram produtos de uma ao autnoma e beneficente do Estado, mas o resultado de concretas, prolongadas e muitas vezes violentas demandas das classes popular .Havia uma longa tradio de luta pelos direitos de cidadania muitos benefcios sociais foram conquistados pelos trabalhadores e eram administrados pelo Estado, como forma de distribuio da riqueza acumulada pelo capital. No Brasil, as polticas sociais e o Servio Social foram implantados na terceira dcada do sculo XX, em condies muito diversas, assumindo caractersticas peculiares, que vo marcar seu desenvolvimento posterior e que ajudam a compreender suas limitaes atuais.