Quais as Diferentes Visões Sobre o Arrebatamento (2)

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 1 Escatologia A Doutrina das Últimas Coisas Introdução Definição: Escatologia: Eschatos = últimas, extremas Hb 1.1 – últimos dias A finalidade da Escatologia é discernir a partir das Escrituras a Revelação de Cristo e as ações da Igreja e do Senhor nos últimos dias. O propósito Eterno de Deus para a humanidade se consumará com o fechamento da história presente e o início de uma gloriosa história com Cristo. O Estudo das últimas coisas é fundamental para que a esperança dos crentes em Cristo não seja abalada pelas circunstâncias do dia-a-dia. Entender que há um fim de todas as coisas e que o Nosso Senhor é o final vencedor e galardoador dos fiéis renova a fé e move a Igreja na direção de uma vida piedosa e apaixonada pelo nosso Deus. Consumar o Reino de Deus na Terra é o propósito do nosso Deus, como vemos em Mt 6. Qual a importância da compreensão do Reino nos dias finais? Pensar todas as coisas a partir da perspectiva do Reino nos leva a compreender que a obra de Deus não é estática, mas que o Reino a ser consumado já está presente (Mateus 3:2; 4.17; 10.7; 13, Marcos 1:15; Lucas 10:9,11; Lucas 11.20; 17.20-21). Oscar Cullman compreendia que o tempo se dividia em três: A História de Israel – a era da preparação; A Era Presente – o tempo de Cristo como centro e a era da igreja, que é a preparação para a Era Vindoura (presente mas não consumada). A Era Vindoura – O Reino de Deus consumado. Para Geerhard Vos, a Igreja vive duas eras ao mesmo tempo: A Era Vindoura, através do Reino que já está, manifestando-se no Tempo Presente.

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Descrição das quatro principais visões sobre o arrebatamento

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 1

EscatologiaA Doutrina das Últimas Coisas

Introdução

Definição:

Escatologia: Eschatos = últimas, extremas

Hb 1.1 – últimos dias

A finalidade da Escatologia é discernir a partir das Escrituras a Revelação de Cristo e as ações da Igreja e do Senhor nos últimos dias. O propósito Eterno de Deus para a humanidade se consumará com o fechamento da história presente e o início de uma gloriosa história com Cristo.

O Estudo das últimas coisas é fundamental para que a esperança dos crentes em Cristo não seja abalada pelas circunstâncias do dia-a-dia. Entender que há um fim de todas as coisas e que o Nosso Senhor é o final vencedor e galardoador dos fiéis renova a fé e move a Igreja na direção de uma vida piedosa e apaixonada pelo nosso Deus. Consumar o Reino de Deus na Terra é o propósito do nosso Deus, como vemos em Mt 6.

Qual a importância da compreensão do Reino nos dias finais?

Pensar todas as coisas a partir da perspectiva do Reino nos leva a compreender que a obra de Deus não é estática, mas que o Reino a ser consumado já está presente (Mateus 3:2; 4.17; 10.7; 13, Marcos 1:15; Lucas 10:9,11; Lucas 11.20; 17.20-21).

Oscar Cullman compreendia que o tempo se dividia em três:

A História de Israel – a era da preparação; A Era Presente – o tempo de Cristo como centro e a era da igreja, que é a preparação para a Era

Vindoura (presente mas não consumada). A Era Vindoura – O Reino de Deus consumado.

Para Geerhard Vos, a Igreja vive duas eras ao mesmo tempo:

A Era Vindoura, através do Reino que já está, manifestando-se no Tempo Presente.(TS Franklin Ferreira, p. 1023)

George Eldon Ladd apresenta um diagrama mais elaborado a respeito da intervenção temporal do Reino na presente realidade (TS Franklin Ferreira, pág. 1024).

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Os dias que antecedem o Fim

Lucas 17.20-37 – Como nos dias de Noé

Sinais:

a) O surgimento de muitos falsos profetas . Todos sabem que a missão de um falso profeta é seduzir, confundir, desviar e levar as pessoas a cultos, costumes e práticas corrompidas. Daí, Jesus advertir aos seus discípulos, como em Mt.24.4,11: “... cuidado, que ninguém vos engane”. “Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos”.

b) O extremo enfraquecimento da fé . Apesar do ensinamento cristão segundo o qual (Mt. 24.14) “Este evangelho do reino será pregado... a todas as gentes”, os homens cada vez mais se mostram indiferentes para com a mensagem do evangelho. Na verdade, a decadência da fé bíblica do tempo presente, à luz do ensino de Jesus, não é nenhuma novidade, pois, o próprio Jesus profetizou a esse respeito, dizendo: (Luc. 18:8). “... Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?".

O apóstolo Paulo, também profetizou sobre esse tempo, dizendo: (2 Tim. 4:3-4). "Porque virá tempo em que não suportarão a são doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, juntarão para si doutores conforme as sua próprias concupiscências”; “Desviarão os ouvidos da verdade voltando às fábulas”. Em outras palavras, à medida que o tempo do fim se aproxima, as pessoas se interessarão mais pelas coisas agradáveis aos seus ouvidos, que pela palavra da verdade divina.

c) A progressiva decadência moral . (Mt. 24.12) “E, por se multiplicar a iniqüidade...”. A perda da fé desencadeará a moralidade desprovida dos valores divinos. O apostolo Paulo descreve o perfil dos homens nos últimos tempos, assim: (II Tim. 3:1-5).

À medida que se aproxima o fim desta dispensação da graça de Deus, os desejos da carne dominarão os interesses de quase todos. (Mt. 24:12). Ou seja, perderão o interesse por Cristo e por sua obra. Nesse tempo, crentes antes fieis, defensores da santíssima fé, darão ouvidos às mentiras dos falsos profetas, se deixarão enganar. (I Tim. 4:1).”Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.

d) A grande perseguição aos verdadeiros cristãos .

Os cristãos serão aborrecidos pelas pessoas que rejeitarão a sã doutrina do Senhor. Sobre esse tempo Jesus profetizou, dizendo: (Mt.24.9; Mc.13:12-13; Lc. 21.17-18) “E de todos sereis odiados por causa do meu nome”. “Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça”.

O levante de sucessivos anticristos em oposição ao legítimo Cristo já vem operando há muito tempo. João já notou a presença de anticristos em seu tempo, e notifica que virá uma pessoa específica (1 Jo 2.18, 22);

Embora haja muita divergência entre diversos teólogos, alguns crêem que as referências de Dn 11.37; 2 Ts 2.4 e Ap 13.3, 13, 16, 17 sejam referência à mesma pessoa. Se essas referências são de uma só pessoa, então Satanás concedeu inspiração maligna e poder sobrenatural para enganar e persuadir as nações, visando obter adoração para si mesmo, usurpando-a de Deus.

Na esfera política, exigirá fidelidade e exercerá pressão econômica para forçar a obediência. Seus oponentes sofrerão tribulações tamanhas que se Deus não abreviasse esses dias nenhum deles

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resistiria (Mt 24.22-23). Se essas referências são de uma só pessoa, então Satanás concedeu inspiração maligna e poder sobrenatural para enganar e persuadir as nações, visando obter adoração para si mesmo, usurpando-a de Deus. Na esfera política, exigirá fidelidade e exercerá pressão econômica para forçar a obediência. Seus oponentes sofrerão tribulações tamanhas que se Deus não abreviasse esses dias nenhum deles resistiria (Mt 24.22-23).

Outros Sinais:

e) Pregação do evangelho a todas as nações – Mc 13.10; Mt 24.14;f) Grande tribulação – Mc13.7,8; Lc 21.20-24; Mc 13.19,20g) Falsos profetas realizando sinais – Mc 13.22h) Sinais no céu – Mt 24.29-30 - Mc 13.24-26; Lc 21.25-27i) Anticristo e apostasia – Ap 13; 1Jo 2.18; 2Ts 2.1-10j) Salvação de Israel - Rm11.15k) As referências bíblicas destacam que devemos aguardar com ansiedade a vinda de Cristo, visto que

é iminente (Rm 8.19-25; 1Co 1.7; Fp 4.5; Tt 2.13; Tg 5.8-9; Jd 21);

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A volta de Cristo marca definitivamente o fim dos tempos. A segunda vinda de Cristo é citada em inúmeros textos: Mt 24.27, 30, 37, 39, 42, 44; 26.64; Mc 13.26; Lc 21.27; Jo 14.3; 1Ts 4.15-26; 2Ts 1.7,10 e Tt 2.13; Hb 9.28; Tg 5.7-8; 1Pe 1.7,13; 2 Pe 1.16, 3.4,12; 1Jo 2.28.

Marcas do Fim

A volta de Cristo tem caráter Pessoal: Jo 14.3; 1Ts 4.16; At 1.11;

A volta de Cristo será física: Mt 28.20; Jo 14.23;

A volta de Cristo será visível: At 1.11; Mt 24.30;

A volta de Cristo será inesperada: Mt 25.1-13; 2Pe 3.3-4;

“A Bíblia dá a entender que a medida da surpresa que haverá quando da vinda de Cristo será na razão inversa à medida da vigilância das pessoas”

A volta de Cristo será Triunfante e Gloriosa:

Com poder e glória: Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27; Acompanhado dos anjos e anunciado pelo Arcanjo; 1 Ts 4.16; Se assentará em seu trono glorioso e julgará as nações: Mt 25.31-46;

Muitos acreditam que a a vinda de Cristo ocorrerá em duas etapas. São elas o arrebatamento e a revelação, ou a “vinda para os santos” e a “vinda com os santos”.

Esses eventos serão separados pela tribulação, inteira ou em parte; quanto a isso, temos basicamente três linhas de pensamento: pré-tribulacionismo; meso-tribulacionismo e pós-tribulacionismo (que une os dois eventos em um só).

Antes de tratarmos desses termos, precisamos falar brevemente a respeito das posições relativas ao milênio.

O milênio é o governo glorioso do Senhor Jesus Cristo na Terra, conforme Ap 20.1-8.

Há correntes que defendem a literalidade do termo, outros, no entanto, afirmam ser uma forma de expressar um longo período de tempo.

São elas o pré-milenismo; o pós-milenismo e o amilenismo, que serão abordados a seguir

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Pós-MilenismoO Pós-Milenismo defende que o Reino de Cristo está se estabelecendo na Terra desde a ascensão de Jesus

e que a era atual – a era da Igreja – é o Milênio. Esta visão não contempla um Milênio literal, mas período longo de paz e justiça.

Nesse tempo, a maioria das pessoas se converterá a Cristo o que resultará na cristianização da sociedade mundial.

Os Pós-Milenistas crêem que o Reino se estabelecerá gradualmente através da pregação do Evangelho, alcançando a maioria da humanidade, fato este que promoverá a ampliação do estado de justiça, prosperidade e progresso em todos os âmbitos da vida, à medida que a maioria crescente de convertidos se esforçam para ganhar o mundo para Cristo. Quase todos crerão antes da volta de Cristo, inclusive os judeus, o que muitas vezes parece uma forma de Universalismo (todos os homens serão salvos pela misericórdia de Deus), sendo este descaracterizado por não haver salvação a todos na história, mas à maioria dos presentes neste período de plenitude do Reino através da Igreja.

Cristo governará os corações dos homens, sendo esse o Reino de Deus presente. Não será um governo político, embora sua influência se estenda também esse âmbito. Texto base Jo 14:16:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre."

Como o nome indica e segundo essa visão, "depois dos mil anos", ou seja, depois do domínio do Cristianismo sobre o mundo por muito tempo, Cristo voltará e então, como no Amilenismo, haverá uma ressurreição geral, a destruição da criação atual e a entrada no Estado Eterno.

Os Pós-Milenistas diferem dos Pré-Milenistas e dos Amilenistas porque são otimistas em sua crença de que esta vitória se realizará sem a necessidade de uma volta cataclísmica de Cristo para impor justiça, mas que ela será o resultado da aplicação fiel do processo atual.

Histórico

Esta interpretação escatológica foi desenvolvida no século XVIII e ganhou seguidores principalmente entre as igrejas reformadas. Foi desenvolvido como um sistema distinto da escatologia somente tempos depois da Reforma.

Antes disso, consistia de vários elementos que depois foram aglutinados na vertente teológica do Pós-Milenismo Moderno. Pode ser dividido em dois tipos:

Pós-Milenismo Antigo – Fazem parte deste grupo os Puritanos e alguns escritores modernos. Esse grupo espera uma grande obra futura de Deus entre os judeus, que levará à conversão de muitos, senão de todos eles. Alguns outros esperam um grande e poderoso reavivamento na igreja no final dos tempos, antes da vinda de Cristo, quando o evangelho uma vez mais frutificará na mesma medida da era apostólica e da grande Reforma Protestante do século XVI. A Igreja crescerá espantosamente a ponto da “terra se encher do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar” (Hc 2:4).

Pós-Milenismo Radical – surgiu mais recentemente, e parte dele é algumas vezes conhecido como "Reconstrucionismo Cristão" ou “Teologia do Domínio”. Este Pós-Milenismo mais radical espera não somente um futuro glorioso para a Igreja, mas que todos os aspectos da sociedade e da vida humana estejam sob o domínio de cristãos, e que esta sociedade “cristianizada” será o cumprimento das promessas das Escrituras com respeito ao Reino de Cristo.

O Pós-Milenismo enfatiza o 'Evangelho Social'

Esta forma mais recente de Pós-Milenismo espera que a realização principal de Deus acontecerá no mundo presente, e tal realização se dará não somente pela pregação do evangelho e o crescimento da Igreja, mas pela “ação” cristã nas diferentes áreas da vida.

Muitos dos pensadores dessa linha insistem que é essencial o envolvimento e tomada das mais variadas áreas da sociedade, reivindicando-as assim para Cristo para que então “coroem Cristo como rei em toda área”.

A maioria dos Pós-Milenistas são também Preteristas, ou seja, crêem que toda a primeira parte de Mateus 24:1-35, e a maior parte do livro de Apocalipse já se cumpriu. As profecias de ambos os trechos foram cumpridas no tempo da destruição de Jerusalém pelo exército romano em 70 dC e que as profecias com respeito ao

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Anticristo e a grande tribulação já tiveram o seu cumprimento na era apostólica. Esse entendimento da Igreja e do futuro da sociedade impede uma crença numa tribulação no final dos tempos e numa revelação de um outro Anticristo.

Os Pós-Milenistas quase sempre são chamados também de Teonomistas (“Teonomia” significa “lei de Deus”), por crerem que a lei de Deus, incluindo as leis civis do Antigo Testamento, será a base para a futura sociedade cristianizada, o Reino de Cristo sobre a Terra. Não o evangelho, mas a lei será a força principal neste Reino, pois todos, embora crendo mas nem todos sendo convertidos, se encontrarão debaixo da lei de Deus e sob o “domínio” da lei.

O Pós-Milenismo foi a última grande posição teológica criada acerca do Reino Milenar.

Durante o século XVIII e XIX, o Pós-Milenismo foi a principal concepção acerca do Milênio, quando as missões estavam em franca expansão. Homens como Jonathan Edwards, Charles Hodge e Loraine Boetner foram defensores do Pós-Milenismo. Muitos missionários foram influenciados por esta interpretação, bem como muitos hinos foram escritos inspirados por esta visão.

Até a década de 1960 o Pós-Milenismo foi desaparecendo dos círculos tológicos, tendo ressurgido nos últimos 25 anos em algumas áreas conservadoras através do movimento chamado "Reconstrucionismo Cristão".

Essa linha escatológica tem alcançado mais adeptos nos círculos contemporâneos, apesar de eventos históricos como as duas grandes guerras mundiais quase destruírem esse ponto de vista escatológico por contradizerem a afirmação de que o presente tempo seria o Milênio.

Similaridades do Pós-Milenismo com as outras correntes escatológicas:

Amilenismo – Não vê um Reino futuro de Israel. Diferença: crê que a Igreja chegará a dominar o mundo e o poder da Igreja será o governo. Depois Jesus voltará a Terra para julgar os vivos e mortos, e então virá o Estado Eterno.

Pré-Milenismo – Crê em um período de glórias terrenas para a Igreja, como um novo Israel. Diferença: esse período será depois da Segunda Vinda de Cristo, e não antes, como no Pós-Milenista.

Principais Defensores do Pós-Milenismo:

Loraine Boettner (principal proponente)

Agostinho

A. Hodge

Joaquim de Fiore

Daniel Whitby

James Snowden

Charles Hodge

A. H. Strong

B.B. Warfield

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Breve cronologia escatológica do Pós-Milenismo:

Cristo volta após o Milênio (não literal).

O Milênio consiste na transformação do mundo atual no Reino de Cristo pela ação da Igreja.

O bem e o mal continuam juntos, crescendo lado a lado, como na parábola do joio e do trigo (Mateus 13.24-30).

O crescimento do evangelho transformará o mundo, derrotará o mal, fará o bem reinar e inaugurará o Milênio.

Com um conhecimento maior de Deus, os homens viverão no estado de autoridade estabelecido por Deus para que Adão vivesse.

No fim deste período edênico (um novo Éden), os crentes se permitirão descansar e Satanás liberto sairá a enganá-los.

No fim do reino milenar de justiça, Cristo voltará, impedindo que ocorra uma nova queda.

Cristo vencerá Satanás para sempre, ressuscitará todos os mortos e realizará o juízo final, quando os perdidos serão enviados à condenação eterna e os salvos entrarão no Reino Eterno (céu).

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Pré-Milenismo Histórico

Os adeptos desta visão afirmam que ela é a interpretação escatológica mais antiga sobre o Milênio, por isso é também chamada de Pré-Milenismo Clássico.

Histórico

O Pré-Milenismo foi a visão escatológica predominante nos primeiros três séculos da Igreja. Alguns dos que aderiram a esta vertente foram Papias (60-130dC), Justino Mártir (100-165dC), Irineu (130-202), Tertuliano (160-330dC), Orígenes (cerca de 185-254), Hipólito, Metódio, Comandiano, Lactanius e outros.

De acordo com alguns documentos, como o apócrifo ‘Epístola de Barnabé’, nos primeiros séculos da Igreja os cristãos aguardavam a volta de Jesus para estabelecer o Milênio de paz e justiça na Terra, ou seja, predominava a crença em um Pré-Milenismo primitivo que seria estabelecido depois de um período de tribulação. O Reino eterno estabelecer-se-ia depois do Milênio.

O principal motivo para os cristãos primitivos acreditarem na volta iminente de Jesus depois de um período de tribulação era a compreensão de que já viviam o período de muitas perseguições e sofrimentos a ponto de considerarem este estado como normal, segundo a sua ótica escatológica. Os líderes da época buscavam preparar os cristãos para um tempo ainda pior que estaria por vir.

A visão do Milênio seria uma época de grande abundância, prosperidade e harmonia abrangendo toda a criação. Papias, bispo de Hierápolis da Frígia, no início do segundo século, cria dessa forma. Porém, com o tempo, a crença de um Milênio literal já não era unânime. A partir do quarto século, muita coisa iria mudar e promover o declínio da visão Pré-Milenista.

Vários fatores contribuíram para a mudança de visão:

1) Com o fim das perseguições devido à pseudo-cristianização e estatização da fé promovida pelo Imperador Romano Constantino, a visão Amilenista tomou força. Esta continua sendo a posição da Igreja Católica Romana até o presente e foi defendida também pela maior parte dos reformadores protestantes, por influência óbvia do catolicismo presente há séculos.

2) A partir do século III d.C. teólogos de Alexandria introduziram outro ensino sobre o Milênio. Orígenes e Clemente sugeriram um ensino simbólico ou alegórico a respeito dos mil anos. A Igreja, exausta de tantas perseguições, havia esperado ardorosamente, mas em vão, pelo retorno imediato de Jesus, deixando-se influenciar e abandonando o Pré-Milenismo.

A proteção de Constantino respaldou a idéia de que o Milênio era presente. O que inicialmente foi considerado heresia, gradualmente, foi sendo aceito, especialmente através da influência de Agostinho, bispo de Hipona (396-430 d.C.) e Jerônimo (347-420 d.C.). Agostinho rejeitava o Pré-Milenismo, tachando-o de literal e carnal demais, e espiritualizou o conceito.

3) A introdução do método de interpretação alegórica das Escrituras foi decisiva para o declínio Pré-Milenista. O Velho Testamento era, até meados do segundo século depois de Cristo, a única Bíblia da Igreja. O VT fala muito de um Reino na Terra, por isso alguns pais do segundo século (como Clemente e Orígenes) começaram a transformar essas passagens em alegorias para evitar os conflitos que uma interpretação mais literal poderia trazer. O Velho Testamento passou a ser visto, cada vez mais, não como uma parte importante do plano de Deus, mas apenas como uma história simbólica cheia de figuras das verdades espirituais e invisíveis.

4) A influência da filosofia grega e o gnosticismo também contribuíram decisivamente para o declínio da visão Pré-Milenistar. Conceitos gregos contaminaram o Crsitianismo com concepções de que a matéria é má por natureza e que por isso é preciso se livrar desse corpo e desse mundo material para poder alcançar a perfeição, que para o então Cristianismo seria o Céu, totalmente espiritual e transcendental.

5) Outro fator foi o distanciamento entre a Igreja e os judeus. Embora os primeiros cristãos fossem todos judeus, depois da abertura para os gentios, a Igreja aos poucos se desligou de suas raízes originais. Uma das causas foi a destruição de Jerusalém em 70 d.C. O método de interpretação alegórica também contribuiu, fazendo com que os cristãos desprezassem a história da nação de Israel e o entendimento judaico das revelações de Deus. Isso preparou o caminho para a Igreja ser considerada o novo Israel de Deus, herdeira de todas as promessas do Velho Testamento (num sentido espiritual), deixando Israel como povo e nação completamente fora do plano eterno.

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Para os Pré-Milenistas Históricos a Igreja é o Israel de Deus, mencionado por Paulo em Gl. 6:16. Não há nenhuma distinção entre Israel e Igreja hoje, e do mesmo modo não haverá no Milênio. Para chegar a esta conclusão, fazem uso do mesmo princípio de interpretação utilizado pelos Amilenistas, em relação às profecias do Antigo Testamento. Contudo, acreditam que Deus restaurará a nação de Israel, pois ainda há promessas a cumprir no Milênio.

Romanos 11 é usado para provar essa restauração:

“E se alguns dos ramos foram quebrados (Israel), e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles (A Igreja), e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.

Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.

E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!

Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.” (Romanos 11:17-27)

O Velho Testamento e Cristo falaram a respeito do governo do Ungido. Salmos 2 é usado como respaldo bíblico:

“Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.” (Salmo 2:6)

Apesar de que o único lugar onde a Bíblia menciona tal reino milenar terreno é Apocalipse 20:1-6, os Pré-Milenistas encontram uma descrição da Segunda Vinda de Cristo em Apocalipse 19 e Apocalipse 20 descreve eventos que sucederão à Segunda Vinda. Os primeiros três versículos de Apocalipse 20 descreveriam o aprisionamento de Satanás durante o Milênio depois da volta de Cristo.

Apocalipse 20:4 retrataria o reinado dos crentes ressuscitados com Cristo sobre a terra durante o milênio. A palavra grega 'ezasan' (eles viveram ou, vieram à vida), encontrada nos versos 4 e 5, significariam ‘ressuscitado da morte de um modo físico’. Ainda no verso 4, seria encontrada a descrição da ressurreição física dos crentes no início do Milênio, mais tarde denominada “a primeira ressurreição”; no verso 5, uma descrição da ressurreição física dos incrédulos no final do Milênio.

Em 1 Coríntios 15.23-26, embora os Pré-Milenistas reconheçam que esta passagem não forneça uma prova conclusiva para um Milênio terreno, pode-se encontrar apoio, especialmente nos versos 23 e 24

“Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias, depois (epeita) os que são de Cristo, na sua vinda. E então (eita) virá o fim (telos), quando ele entregar o Reino ao Deus e Pai…”

Nesses versículos, o Apóstolo Paulo estaria retratando o triunfo do Reino de Cristo realizado em três etapas:

- a ressurreição de Cristo;

- a Parousia, quando os crentes serão ressuscitados;

- o fim, quando Cristo entregará o Reino a Deus Pai;

Uma vez que há um intervalo significativo entre a primeira (ressurreição de Cristo) e a segunda etapa (ressurreição dos crentes), então não parece improvável que possa haver também um intervalo significativo entre a segunda e a terceira etapa.

As palavras 'então' (eita) e 'fim' (telos) deixariam lugar para um intervalo indefinido de tempo entre a Segunda Vinda e o Fim, quando Cristo completaria a subjugação de seus inimigos.

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Este intervalo seria o Milênio.

Cronologia Pré-Milenista Histórica

De acordo com o Pré-Milenismo Histórico, vários eventos têm de acontecer antes que Cristo retorne:

• A evangelização das nações; A grande apostasia ou rebelião; A manifestação do anticristo; A grande tribulação; A Igreja atravessará a Tribulação final;

• A Segunda Vinda de Cristo não será um evento em duas etapas, mas uma ocorrência única; Quando Cristo voltar, os crentes que estiverem mortos serão ressuscitados, os crentes que estiverem ainda vivos serão transformados e então ambos os grupos serão juntamente elevados para encontrar com o Senhor nos ares; quando então os crentes o acompanharão à Terra;

• Após a descida de Cristo à Terra, o anticristo será exterminado e o Reino opressor chegará ao fim. Neste momento ou pouco antes disso, a grande maioria dos judeus que estiverem vivos se arrependerá de seus pecados, crerá em Cristo como seu Messias e será salvo;

• Jesus Cristo então estabelecerá seu Reino Milenar – um Reino que durará aproximadamente mil anos, governando visivelmente sobre todo o mundo. Seu povo redimido reinará juntamente com ele. Os redimidos incluem tanto judeus como gentios, embora em sua maioria os judeus tenham se convertido, após a era da igreja, eles não formarão um grupo separado, uma vez que haverá apenas um povo de Deus.

• Aqueles que reinarão com Cristo, durante o Milênio, incluem tanto crentes que acabam de ser ressuscitados da morte como crentes que ainda estavam vivos quando da volta de Cristo, ambos glorificados;

• As nações incrédulas, que ainda estiverem sobre a terra nessa época, serão governadas por Cristo com vara de ferro.

• O Milênio ainda não é o Estado Eterno, porque o pecado e a morte ainda existirão. Entretanto, o mal será amplamente restringido e a justiça prevalecerá na Terra como nunca antes aconteceu.

• Este será um tempo de justiça social, política e econômica, e de grande paz e prosperidade. A natureza refletirá as bênçãos desta era uma vez que a terra será extraordinariamente produtiva e o deserto florescerá como a rosa.

• Perto do fim do Milênio, porém, Satanás, que estava preso durante este período, será solto e sairá a enganar as nações mais uma vez, congregando as nações rebeldes para a Batalha de Gogue e Magogue, e as levará para atacar o “acampamento dos santos”.

• Descerá fogo do céu sobre as nações rebeldes e Satanás será lançado no Lago de Fogo. Com o fim do Milênio, haverá a ressurreição dos incrédulos que morreram.

• Acontecerá o julgamento do Grande Trono Branco, no qual todos os homens, tanto crentes como incrédulos, serão julgados. Aqueles cujos nomes forem encontrados escritos no Livro da Vida ingressarão na vida eterna, enquanto aqueles cujos nomes não forem encontrados naquele livro serão lançados no Lago de Fogo.

• Depois disto, o Estado Eterno é instaurado: os incrédulos passam a eternidade no inferno, enquanto o povo redimido de Deus vive eternamente na nova terra que foi purgada de todo mal.

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Principais Argumentos contra o Pré-Milenismo Histórico

• Apocalipse 20 não fornece prova incontestável para um reinado milenar terreno que se seguirá à Segunda Vinda.

• O livro de 1 Coríntios 15.23,24 não fornece evidência clara um Reino milenar terreno.

• O retorno do Cristo glorificado e dos crentes glorificados, para uma terra onde ainda existe pecado e morte, violaria a finalidade da glorificação.

• O reinado milenar terreno não concorda com o ensino escatológico do Novo Testamento, uma vez que não pertence nem a era presente nem a era porvir.

• Os Pré-Milenistas se utilizam apenas da literatura apocalíptica para provar a literalidade do milênio, visto que o Velho Testamento não possui nenhum texto que relata um período literal de mil anos.

Conclusão

Este ponto de vista foi abandonado pela maior parte do Cristianismo, que passou a adotar a interpretação Amilenista e mais tarde Pós-Milenista.

Depois do século XIX surgiu a interpretação conhecida como Pré-Milenismo Dispensacionalista, porém difere em várias partes do Pré-Milenismo Histórico.

Alguns proponentes do Pré-Milenismo Histórico são George Eldon Ladd, J. Barton Payne, Alexander Reese, Millard Erickson e outros.

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Pré-Milenismo

O Pré-Milenismo Histórico e o Pré-Milenismo Dispensacionalista diferem, basicamente, na questão dos eventos. Enquanto no Histórico o Arrebatamento e a Segunda Vinda são o mesmo evento, os Dispensacionalistas os separam em duas fases.

O Pré-Milenismo Dispensacionalista defende uma Segunda Vinda de Cristo ocorrerá antes do Reino Milenar, quando então Cristo reinará por mil anos na Terra, o que ainda não é a vinda definitiva.

Ao contrário do Pós-Milenismo, a situação do mundo tende a piorar cada vez mais até que Cristo volte.

Os Pré-Milenistas chamam o momento atual como a 'Era da Igreja', que é separada e totalmente diferente de Israel nos planos de Deus.

A semelhança entre as duas linhas de Pré-Milenismo é que ambas interpretam o Milênio de Apocalipse 20 como um período literal em que Jesus Cristo reinará na Terra depois da Segunda Vinda. A diferença básica é o Arrebatamento antes do fim da Tribulação (no início ou no meio). Durante a Tribulação Israel será preparada para aceitar o Messias e ser a base do Reino milenar.

O Pré-Milenismo Dispensacionalista considera que a era do Milênio será a última dispensação criada por Deus. Atualmente vivemos na Dispensação da Graça ou a Era da Igreja. No Milênio teremos a Dispensação do Reino ou a Era do Milênio.

O método de interpretação utilizado no Pré-Milenismo Dispensacionalista é o histórico-gramatical, ou seja, as palavras devem ser entendidas em seu sentido histórico e gramatical o mais literal possível.

Também admite-se cumprimento parentético, onde algumas profecias podem ser cumpridas em duas etapas: algumas contemporâneas ou próxima ao tempo do profeta que as proferiu, e outras para um tempo futuro. Neste caso há um lapso de tempo (um "parêntesis") entre o cumprimento de uma previsão e outra. Exemplo disso encontramos na profecia de Isaías 61:1-2,3-7, na primeira parte lemos "o ano aceitável do Senhor" que se cumpriu na primeira vinda do Senhor Jesus. A segunda parte da profecia diz "o dia da vingança do nosso Deus" (Is.6l:2b) e "a restauração de Sião" (Is.6l:3-7) ainda não se cumpriram.

Histórico

Dos séculos I a III o Pré-Milenismo foi a interpretação da Igreja Primitiva. A Igreja Primitiva acreditava que os mil anos de Apocalipse seria literal e este era retratado de modo bastante vívido, dando origem ao quiliasmo, uma doutrina intensamente imaginativa sobre o Milênio.

A esperança da volta de Cristo para o estabelecimento do seu reino, deu aos cristãos dos primeiros séculos ânimo suficiente para resistirem as perseguições. Com o tempo, a crença em um Milênio literal foi substiuída por teorias baseadas no método alegórico, porém muitos cristãos se mantiveram fiéis à interpretação literal do Milênio, recusando a interpretação da Igreja oficial baseada no método alegórico.

Apesar disso, o Pré-Milenismo nunca deixou de existir. Em toda a história da Igreja Cristã sempre houve homens que defenderam essa doutrina. Na Idade Média, o Milenismo foi praticamente (mas não totalmente) abandonado no Ocidente, até que os puritanos e outros protestantes começaram a reavivá-lo no final do século XVI. Com a Reforma Protestante o Pré-Milenismo voltou a ganhar força. Os reformadores voltaram a enfatizar o método literal de interpretação das Escrituras, porém continuavam a recusar a crença em um Milênio literal.

Novamente no século XIX o Pré-Milenismo ganhou força, ficando conhecido como Dispensacionalista e mais tarde se tornou a visão escatológica predominante nas igrejas evangélicas no século XX.

Embora muitos afirmem que o Pré-Milenismo Dispensacionalista é uma doutrina recente, com origem nos Estados Unidos da América, na Inglaterra ou na Alemanha, e que não possui fundamento Bíblico, há evidências de que já teria sido defendido entre alguns “Pais da Igreja” e posteriormente abandonado.

Muitas doutrinas adormecidas voltaram a fazer parte da Igreja no período pós-reforma. Verdades fundamentais perdidas no percurso da História da Igreja, em especial na Idade Média, foram restaurados com a Reforma de Lutero, no século XVI, como a “salvação pela fé”, e a predominância das Escrituras como Revelação.

Mais tarde, no século XIX, o ensino do Pré-Milenismo foi reavivado por Scofield e J. N. Darby, estudiosos das Escrituras Sagradas e que ficou conhecido como Pré-Milenismo Dispensacionalista.

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Depois de séculos de interpretação alegórica das Escrituras e uma ausência de expectativa pela volta de Jesus Cristo por grande parte da Igreja, o Pré-Milenismo Dispensacionalista trouxe uma revolução para Teologia Cristã e mudou radicalmente o movimento evangélico no século XX. Essa visão escatológica enfatiza a interpretação literal das Escrituras, o futuro de Israel no plano de Deus e a iminência da volta de Cristo.

Ainda no século XIX, muitos teólogos de grandes Igrejas históricas se voltavam cada vez mais para o Liberalismo e para a Alta Crítica, movimento que, entre outras coisas, questiona a autenticidade e inspiração das Escrituras. O movimento Dispensacionalista se posicionou com uma defesa da fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3).

A doutrina Pré-Milenista Dispensacionalista foi fortalecida pela implantação de institutos bíblicos, alternativas aos seminários teológicos liberais. A "Bíblia Scofield", com anotações dispensacionalistas, foi publicada em 1909 e muito contribuiu para disseminar esse ensino.

Desenvolvimento Pré-Milenismo Dispensacionalista na História da Igreja

90 d.C – Estêvão de Hemas, discípulo dos Doze Apóstolos: "Vocês escaparão à Grande Tribulação por causa da vossa fé…" (Ele foi ensinado pelos Apóstolos e cria que a Igreja "Corpo de Cristo" não passaria pela Grande Tribulação).

110 d.C – Papias, de Hierapolis (60-130): "Haverá um período de algumas centenas de anos, depois da ressurreição da morte, e o Reino de Deus e o Reino de Cristo será transformado numa forma material nesta mesma terra".

220 d.C – Tertuliano (150-220): "Um Reino está prometido sobre a terra. No entanto, antes disso, haverá a ressurreição, e por mil anos viveremos na cidade de Jerusalém, divinamente construída".

373 d.C – Efraim da Síria (*) (306-373): "Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da Tribulação que está para vir, e serão levados pelo Senhor, a fim de que estes possam escapar a qualquer momento à confusão que irá assombrar o mundo, por causa dos seus pecados".

1200 d.C – Pedro Waldo (1137-1217): O Movimento Waldense: eles eram crentes convictos na interpretação fiel das Escrituras Sagradas e esperavam pela vinda do Senhor. No Livro: «A Nobre Lição», um dos escritos de Pedro Waldo, mostrava precisamente a expectativa em relação ao Reino que há de vir.

1545 d.C – O Reformista Hugh Lattimer (1485-1555): "Poderá vir na minha velhice, ou no período dos meus filhos… Os santos poderão erguer-se para conhecerem Cristo no céu".

1723 d.C – Increase Mather (1639-1723) e Cotton Mather (1663-1728): populares pregadores puritanos na América: "A crença fiel na segunda vinda do Senhor Jesus Cristo e a elevação e reino dos santos com Ele, será mil anos antes da ressurreição do resto dos mortos… (a ressurreição dos perdidos, para o julgamento no Grande Trono Branco). A doutrina do milénio é a verdadeira".

1742 d.C – Morgan Edwards (1722-1795): ensinador na faculdade da Ilha de Rhode "Os santos mortos serão ressuscitados e a sua vida mudada, quando Cristo surgir nos ares. Então ascenderemos às muitas mansões na casa do Pai".

(*) Efraim da Síria – Foi um compositor de hinos e teólogo do século IV d.C. As obras de Efraim são testemunhas de uma forma mais antiga de cristianismo na qual as idéias ocidentais tinham pouca influência. Efraim tem sido considerado o mais importante de todos os Pais da Igreja na tradição siríaca (oriental). Um dos seus escritos é o "Sermão a respeito do fim do mundo", datado aproximadamente em 373 A.D. O Pseudo-Efraim, como conhecido hoje, é uma fonte histórica referente a um sermão apocalíptico que contém duas declarações sobre o 'proto-arrebatamento'. Algumas palavras mais significativas do Sermão são: "Portanto, por que não rejeitam os cuidados com as coisas terrenas e se preparam para se encontrar com o Senhor Jesus Cristo, para que assim Ele possa nos tirar dessa confusão que toma conta do mundo? (…) Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da Tribulação vindoura e serão levados à presença do Senhor, para que não vejam a confusão que se apossa do mundo proveniente dos pecados da humanidade". Efraim acreditava que os cristãos da época estavam vivendo nos últimos dias e seu Sermão proclama a expectativa de remoção dos cristãos da Terra antes de um período específico de Tribulação.

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Principais Ensinamentos

O Pré-Milenismo Dispensacionalista faz distinção entre a Igreja e Israel. O período atual é chamado de "Era da Igreja" por se tratar de um parênteses no plano divino para com os hebreus. No final dessa era, que no ensino do Dispensacionalismo é chamado de "Dispensação da Graça", Cristo retornará (arrebatamento iminente) de modo invisível apenas para a Igreja e antes da Grande Tribulação. Neste retorno, também conhecido como a primeira fase da Segunda Vinda, ocorrerá a ressurreição dos cristãos mortos e a transformação dos cristãos vivos e ambos serão arrebatados e se encontrarão com Cristo nos ares. Durante a Tribulação na Terra, os cristãos arrebatados serão julgados no "Tribunal de Cristo" e a seguir será celebrada no céu as "Bodas do Cordeiro".

Com o Arrebatamento da Igreja terá início na Terra o período de sete anos chamado de "Grande Tribulação", segundo descrito em Daniel 9:24-27 (as setenta semanas de Daniel), quando então o Anticristo se manifestará e governará o mundo. Este fará uma aliança com o povo judeu e na metade do período (três anos e meio), quebrará a aliança e passará a persegui-los. Esta perseguição levará os judeus a aceitarem Jesus Cristo como o Messias.

Antes da Segunda Vinda de Jesus, haverá muitos sinais: a pregação do evangelho a todas as nações, apostasia, guerras, fome, terremotos, além da manifestação do Anticristo e do Falso Profeta, que junto com Satanás formarão a "trindade satânica". Durante a Grande Tribulação o evangelho será anunciado, mas a salvação será concedida com muitas tribulações, pois os santos que estiverem na Terra serão severamente perseguidos (Mt.24:13,22; Ap.13:7-10).

No final da Grande Tribulação, Cristo retornará visivelmente (chamada de segunda fase da Segunda Vinda) com sua noiva "a Igreja" e porá seus pés no Monte das Oliveiras. Ele restaurará a nação de Israel, julgará as outras nações e então terá início o Milênio com o reinado de Cristo sobre o mundo. O Anticristo e o Falso Profeta serão lançados no inferno, Satanás será preso, os crentes mortos durante a Grande Tribulação serão ressuscitados para participar do Milênio.

Será neste tempo que o tabernáculo de Davi será restaurado (At.15:16; Zc.6:13), e o próprio Jesus será ao mesmo tempo Rei, Sacerdote e Profeta (Mq.5:2;Zc.6:13). A natureza participará das bençãos mileniais produzindo abundantemente (Is.30:23-26; 66:25).

No Milênio, além de Israel e a Igreja, outras nações participarão desse Reino, ainda assim muitos serão incrédulos. Por essa razão, no final do Milênio, Satanás será solto e enganará muitos novamente levando os rebeldes a guerrearem contra Cristo e Seu povo, porém todos serão destruídos e lançados no Lago de Fogo.

Depois disso, haverá a ressurreição dos incrédulos (chamada de segunda ressurreição) e o Juízo Final, onde apenas os incrédulos serão julgados e lançados no inferno.

Após o Juízo Final terá início o chamado "Estado Eterno", quando virão "os novos céus e a nova terra", onde os remidos habitarão eternamente com Deus, governados pelo Rei – Jesus Cristo.

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Conclusão

O Pré-Milenismo, ou Quilialismo, como era conhecido na Igreja primitiva, foi o mais antigo dos sistemas de interpretação do Milênio. "Essa não era apenas a doutrina da Igreja, um credo ou um modelo de devoção cristã, mas sim a opinião difundida de mestres distintos, como Barnabé, Papias, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, Metódio, e Lactâncio…" (Philip Schaff - History of the Christian Church).

Uma característica favorável ao Pré-Milenismo Dispensacionalista é o constante incentivo ao cristão para manter-se preparado e vigilante, aguardando a Volta de Cristo.

Outros argumentos a favor de um Pré-Milenismo Dispensacional são algumas passagens do Antigo Testamento que não se encaixam nem na presente era nem no estado eterno, indicando algum estágio intermediário entre esses dois, mais grandioso que a era presente, mas ainda inferior ao estado eterno.

Obras pré-milenistas populares: "Daniel Fala Hoje" e "A visão de Patmos", de Orlando Boyer; "Alinhamento dos Planetas", de Nels Lawrence Olson; "A Doutrina das Últimas Coisas", de Harold B. Allison; "A Agonia do Grande Planeta Terra", de Hal Lindsey e C.C. Carlson, e muitas outras.

Alguns proponentes dessa corrente escatológica são John Darby, Scofield (autor da primeira Bíblia evangélica com notas de rodapé), Lewis Sperry Chafer; John Walvoord, Charles Feinberg, Herman Hoyt, Harry Ironside, Eric Sauer, Charles Ryrie e outros.

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Amilenismo

Introdução

O termo Amilenismo, literalmente, significa "não mil anos". Essa corrente escatológica ensina que o capítulo 20 de Apocalipse deve ser interpretado alegoricamente, ou seja, não haverá um milênio literal e o reinado de Cristo não será físico, mas celestial, uma vez que o reino de Cristo ‘não é deste mundo’, mas Ele reina especialmente nos corações daqueles que o aceitam com Rei e Senhor. Trata-se de uma figura de linguagem que faz referência a um longo período de tempo onde Deus realizará todos os seus propósitos.

Para o Amilenismo, Satanás está preso atualmente, no sentido de não poder 'enganar as nações' e impedir o avanço da pregação do Evangelho. Todos os eventos dos tempos do fim ocorrerão de uma só vez logo após a volta de Cristo. Os Amilenistas, em sua grande parte, crêem que Cristo pode voltar a qualquer momento.

Histórico

Segundo os defensores desta posição, o termo Amilenismo é de origem recente e tem sido usado desde a década de 1930, porém não se sabe quando surgiu pela primeira vez. O termo pode ser recente, mas as idéias remontam aos primeiros séculos do Cristianismo.

Os primeiros cristãos acreditavam estar vivendo os últimos dias e aguardavam a volta de Cristo para estabelecer um reino literal. Orígenes de Alexandria (185 – 254) trouxe uma nova interpretação, usando o método alegórico, espiritualizou o reino futuro e entendeu que ele seria a era da Igreja.

O teólogo exegeta Ticônio (370 – 390) também era adepto da interpretação ‘espiritualizada’ das Escrituras, sobretudo o Apocalipse. Ticônio era antiquiliástico, sua interpretação sobre o milênio, excluía qualquer esperança de um reino terrestre futuro. Para ele, o milênio prometido no Apocalipse começou com a Igreja, e não haverá nenhum outro evento concreto desencadeado por uma catástrofe cósmica qualquer.

A escatologia proposta por Orígenes e Ticônio influenciou e foi popularizada por Agostinho (354 – 430).

Para Agostinho o milênio seria o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo e era literal, ou seja, ele cria que Jesus retornaria mil anos após sua ascensão.

Nota: Mais tarde, quando o ano 1000 chegou, e Jesus não retornou, esse ensinamento passou também a ser espiritualizado e passou a significar um período de tempo indefinido.

Com Agostinho, o Amilenismo ganhou grande destaque, pois apesar de Orígenes ter estabelecido as base ao propor o método não-literal de interpretação, foi Agostinho quem disseminou o conceito alegórico do milênio no que agora conhecemos como Amilenismo.

Em sua famosa obra, 'A cidade de Deus', Agostinho propôs que a Igreja visível era o reino de Deus na terra e com base nesse ensinamento, ele desenvolveu sua doutrina do milênio.

Ele ensinou que o milênio deve ser interpretado espiritualmente como cumprido pela Igreja. Foi ele quem defendeu a idéia do aprisionamento de Satanás como tendo ocorrido durante o ministério terreno do Senhor Jesus (Lc 10.18) e a primeira ressurreição seria o novo nascimento do cristão (Jo 5.25).

“E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Lc 10.18)

“Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” (Jo 5.25)

Jerônimo (347 – 420) também foi um defensor do Amilenismo. Em seu comentário sobre o livro de Daniel, escrito um pouco antes do ano 400, Jerônimo ensinou que “os santos de modo nenhum terão um reino terrestre, mas somente um celestial; portanto, esta fábula dos mil anos tem que ser eliminada.” [1]

Grandes líderes da Reforma criam na escatologia Amilenista, ensinamento herdado da Igreja Católica que por sua vez se baseava nos ensinamentos de Agostinho.

Calvino (1509 – 1564) ensinava que Israel e a Igreja eram a mesma coisa e aguardava a Segunda Vinda para que ocorressem a ressurreição, o juízo e o estado eterno. Foi um grande crítico ao quiliasmo (crença no milênio) e o descrevia como 'ficção', 'sonho', 'blasfêmia intolerável', etc.

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No século XIX surgiu uma nova interpretação para o Amilenismo. Em 1874, B. B. Warfield (prof. de teologia no Seminário Teológico de Princeton) passou a ensinar que o milênio é o estado presente dos santos no céu (conhecido hoje como Amilenismo Clássico).

Tipos de Amilenismo

Os adeptos do Amilenismo divergem acerca do cumprimento do milênio, alguns acreditam que está sendo cumprido na Terra (Amilenismo Agostiniano), outros acreditam que está sendo cumprido com os santos nos céus (Amilenismo Warfield ou Clássico).

Agostiniano - Entende que todas as promessas do Antigo Testamento, em relação ao Reino, foram cumpridas com Cristo reinando do trono do Pai sobre a Igreja na Terra. Esse ponto de vista é defendido também pela Igreja Católica. O Amilenismo Agostiniano prevê o completo domínio do bem sobre o mal, através da pregação do evangelho. À medida que o Reino de Deus está sendo expandido na terra, através da Igreja, a situação do mundo vai melhorando.

Clássico/Warfield - Crê que, desde a ascensão de Cristo no primeiro século, o Milênio foi estabelecido na Terra e durará por um período indefinido, chamado de 'o tempo da Graça'. Considera que o Reino de Deus é o domínio de Deus sobre os santos que estão nos céus – o Reino dos Céus. Ao contrário do Amilenismo Agostiniano, o Amilenismo Clássico não vê o futuro de maneira otimista para a humanidade; a presente irá piorar cada vez mais até a Segunda Vinda de Cristo, o qual virá para dar fim a apostasia.

Esses dois pontos de vista podem ser considerados ortodoxos, por crerem na interpretação literal das doutrinas da ressurreição, juízo, castigo eterno e outros temas relacionados.

Existe ainda outro tipo de Amilenismo chamado de Modernista (adepto da Teologia Liberal), que nega as doutrinas da ressurreição, do juízo, da segunda vinda, etc.

Doutrinas Amilenistas

Reino de Deus

Para os Amilenistas o Reino de Deus foi estabelecido por Cristo em sua primeira vinda à Terra e está operante atualmente até que seja revelado em sua Segunda Vinda. Discordam do ensinamento de que Jesus governará a partir do trono de Davi com sede em Jerusalém em algum tempo no futuro. Para os Amilenistas, Jesus já está reinando, não sobre um Israel natural, mas sobre um Israel de fé, ou seja, a Igreja. Cristo não reina só sobre o povo, mas dentro do seu povo. A sede de seu governo é a Jerusalém celestial.

"… O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós." (Lucas 17:20-21)

Prisão de Satanás

O Amilenismo ensina que o diabo foi amarrado "espiritualmente" por Jesus. Por isso ele não pode impedir que a Igreja realize a obra de evangelizar e expandir o reino de Cristo no mundo. Texto usado como sustentação:

"Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus.

Ou como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele." (Mateus 12:28-29)

O Amilenismo ensina que, em Lucas 10:17-18, Jesus viu o reino de Satanás sofrer um grande golpe e foi neste instante que ocorreu o aprisionamento:

"Os setenta e dois voltaram alegres e disseram: "Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome".

Ele respondeu: "Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago." (Lucas 10:17-18)

Outro texto base: "Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim". (João 12:31-32)

Satanás só será liberto quando se cumprir a 'plenitude' do reinado de Cristo na Igreja. Quando for solto, o diabo terá permissão para operar contra os cristãos e vencê-los.

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Depois, Jesus voltará e os santos serão arrebatados e serão recebidos pelo Senhor nas nuvens. Então se seguirá o juízo e o estado eterno, com os novos céus e nova terra e o reino eterno de Deus.

Ressurreição

Na visão Amilenista haverá uma única ressurreição dos crentes e dos incrédulos por ocasião da volta de Cristo: ""Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados." (João 5:28-29)

A expressão “primeira ressurreição”, descrita em Apocalipse 20:4-5, refere-se a ir para o céu, não é uma ressurreição física, mas uma ida à presença do Senhor e reinar com Ele no céu: "Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo durante mil anos. (O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos.) Esta é a primeira ressurreição." (Apocalipse 20:5).

Nota: Existe outra interpretação Amilenista que diz que a “primeira ressurreição” é o novo nascimento (conversão), ou seja, se refere à ressurreição de Cristo e à participação dos crentes na ressurreição de Cristo por meio da união com Ele.

A "segunda ressurreição" ocorrerá na volta de Cristo e será geral, tanto para os crentes quanto para os ímpios. Os crentes vivos e os ressuscitados serão transformados e glorificados: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. (1 Coríntios 15:51-52)

Nota: A "primeira morte" é a morte física e a "segunda morte" será o castigo eterno.

Cristo, Israel e a Igreja

O Amilenismo ensina que as profecias feitas a Israel tem seu cumprimento na Igreja, que é o Israel espiritual. Os Reformadores do século XVI aceitavam esse tipo de interpretação teológica.

O Amilenismo argumenta que as profecias relacionadas a Israel, à Terra, ao Templo, devem ser entendidos como cumpridos na pessoa de Jesus: "Todos os cristãos estão acostumados a ver os sacrifícios, as festas e as cerimônias do Antigo Testamento como tipos, isto é, ferramentas pedagógicas que apontam para a obra de Cristo. Por que, então, os elementos que consideramos agora – a terra de Canaã, a cidade de Jerusalém, o templo, o trono de Davi, a própria nação de Israel – não poderiam ser compreendidos à luz da mesma percepção interpretativa utilizada para os sacrifícios e as cerimônias?" (O Milênio: 3 pontos de vista – Stanley Gundry)

Há diversas profecias no Antigo Testamento acerca da primeira vinda de Jesus, que se cumpriram espiritualmente. Um exemplo é a profecia de Oséias onde se lê: "Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho." (Os.11:1). Esta afirmação histórica da chamada de Deus a Israel do Egito no Êxodo foi aplicada espiritualmente, no Novo Testamento, à Jesus Cristo, em Mateus 2:15: "E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho."

Esse é o argumento essencial do Amilenismo, é dessa forma que acreditam que o Novo Testamento deve ser interpretado. Os textos proféticos não serão cumpridos no futuro, pois eles já tiveram seu cumprimento em Jesus Cristo.

Na visão Amilenista o verdadeiro Israel é Cristo e interpretam todas as profecias relacionadas com Israel como tendo uma aplicação direta em Cristo. Logo, conclui que os cristãos que estão em Cristo tornam-se o verdadeiro povo de Israel, o Israel da fé. Isto quer dizer que não existem quaisquer promessas bíblicas para o Israel natural , pois todas as promessas são cumpridas em Cristo, o Israel de Deus, ou em seu povo, que é a Igreja, o Israel da fé. "E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus." (Gálatas 6:16)

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Com relação ao Templo futuro a interpretação Amilenista é que o próprio Jesus é o Templo prometido, por isso não se deve esperar por outro. Texto base: "Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei." (João 2:19)

Essa forma de interpretação teológica também pode ser chamada de “Teologia de Substituição”, ou seja, a crença de que a Igreja tomou o lugar de Israel.

Paralelismo Progressivo

A interpretação do livro de Apocalipse é a mesma adotada pelo Pós-Milenismo, conhecido como "paralelismo progressivo", defendido por William Hendriksen, em seu livro: "More Than Conquerors" ("Mais que vencedores").

Este método de interpretação divide o livro do Apocalipse em seções, geralmente sete, " cada uma das quais recapitula os eventos do mesmo período ao invés de descrever os eventos de períodos sucessivos. Cada uma delas trata da mesma era - o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo - retomando temas anteriores, elaborando-os e desenvolvendo-os ainda mais. Apocalipse 20, portanto, não fala de eventos muitos removidos para o futuro, e o significado dos mil anos deve ser achado nalgum fato passado e/ou presente ." (Anthony A. Hokoema, no livro “O Milênio”, de Robert Clouse).

Essas sete seções estão divididas em dois grandes períodos Ap. 1-11 e Ap. 12-22. A primeira seção descreve a perseguição do mundo e ímpios e a segunda descreve a perseguição do dragão e seus agentes.

Primeira Seção (Ap. 1-3) – Os sete candeeiros Segunda Seção (Ap. 4-7) – Os sete selos Terceira Seção (Ap. 8-11) – As sete trombetas Quarta Seção (Ap. 12-14) – A tríade do mal Quinta Seção (Ap. 15-16) – As sete taças Sexta Seção (Ap. 17-19) – A derrota dos agentes do Dragão Sétima Seção (Ap. 20-22) – O Reinado de Cristo

As sete seções paralelas referem-se ao mesmo período, ou seja, o tempo que vai da Primeira à Segunda vinda de Cristo. À medida que se aproxima o fim, os eventos se tornam mais fortes e o juízo de Deus mais evidente.

Algumas interpretações do Apocalipse

O Cavalo Branco, que aparece na abertura dos Setes Selos, tem várias interpretações: o Anticristo, conquistas militares, pregação do Evangelho e a mais defendida entre os Amilenistas, representa o Cristo vencedor.

Os Sete Selos, as Trombetas e as Taças não serão eventos cósmicos futuros, mas são visões de paz e de guerra, de fome e de morte, de perseguição à igreja e do juízo de Deus, desde a ascensão até o regresso glorioso de Cristo.

Enquanto os Selos falam do sofrimento da Igreja perseguida, as Trombetas falam do mundo incrédulo em virtude das orações da Igreja. Os Selos mostram o que vai acontecer na história até o retorno de Cristo, dando particular atenção ao que a igreja terá de sofrer. Já as Trombetas, descrevem o que vai acontecer na História até o retorno de Cristo, dando ênfase no sofrimento que o mundo irá sofrer, como expressão da advertência de Deus.

As Sete Taças compreendem todo o período da Igreja, assim como os Selos e a Trombeta. Enquanto as Trombetas são juízos parciais e alertas de Deus para o mundo, as Taças falam da Ira sem mistura, da consumação da cólera de Deus. Tanto as Trombetas como as Taças referem-se ao mesmo período.

A Grande Meretriz, Babilônia, é identificada como a Igreja apóstata.

Eventos Escatológicos

Para o Amilenismo, o fim do mundo chegará quando o Milênio, o tempo atual, terminar. Antes disso, Satanás será solto por pouco tempo e então ocorrerá a Grande Tribulação, a apostasia e o reinado do Anticristo.

O Amilenismo interpreta que a Grande Tribulação, o Armagedom (Ap. 16:16) e a batalha de Gogue e Magogue (Ap.20:8) são a mesma coisa. Trata-se de uma descrição da última batalha contra o Cordeiro e sua noiva (a Igreja), durante o período que Satanás será solto.

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A queda da Babilônia, do Anticristo, do falso profeta, de Satanás, dos ímpios e da morte acontecerão ao mesmo tempo, ou seja, na segunda vinda de Cristo.

Os Amilenistas não creem em um arrebatamento secreto como os Pré-Milenistas, mas crêem que ocorrerá na segunda vinda de Cristo e será visível para todo o mundo. Todos os mortos, tanto os crentes como os infiéis, serão ressuscitados ao mesmo tempo, não haverá duas ressurreições físicas.

Em seguida, ocorrerá o julgamento do Trono Branco (Ap. 20:11), onde todos, inclusives os crentes, irão comparecer para serem julgados. Os que tiverem seu nome no Livro da Vida herdarão a vida eterna e quem não os tiver serão lançados no Lago de Fogo, não simbólico, mas literal.

Após todos esses eventos iniciará o Estado Eterno, onde todos aqueles, cujos nomes estavam escritos no Livro da Vida, reinarão com Cristo por toda a eternidade.

Nota: A Nova Jerusalém não é uma cidade celestial, mas a própria Igreja.

Quadro Resumo

Arrebatamento Tribulação Segunda Vinda

Ocorre depois da tribulação A igreja passa pela tribulação Uma só fase

Profecias do Reino Messiânico Profecias do Novo Testamento Profecias do Antigo Testamento

Centralizadas em Cristo Estão se cumprindo no presente Já se cumpriram em Cristo.

Principais fatos Escatológicos Cumprimento

Milênio:

O Reino de Cristo e o Reino de Deus

O milênio é o reino celestial de Cristo nos céus sobre as almas dos salvos. O Estado Eterno será introduzido na volta

de Cristo, com os novos céus e nova terra. Mt.25:34

O Israel de Deus (Gl.6:16) O novo Israel de Deus é a Igreja.

Interpretação das profecias do Antigo Testamento Método espiritual e Preterista, as profecias já se cumpriram em Cristo.

Interpretação do livro do Apocalipse Paralelismo Progressivo. A maior parte está se cumprindo.

As duas Ressurreições (Ap.20:1-6) A primeira é espiritual, a segunda é corporal. (Jo.5:25-29; Ef.2:1-6)

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Escatologia - Conceitos Tribulacionistas

Pré-TribulacionismoHá três principais visões a respeito do Arrebatamento. As diferenças estão em quando acontecerá

e quem será arrebatado. São elas: Arrebatamento Pré-Tribulacionista Arrebatamento Pós-Tribulacionista Arrebatamento Midi ou Meso-Tribulacionista

A 'Grande Tribulação' e a 'Segunda Vinda de Cristo' são os temas centrais. Muitos afirmam que haverá um período, em que uma Tribulação será mais severa, mais intensa e que assolará a Terra.

A grande discussão é: a Igreja (os salvos em Cristo) passará ou não por esse período de Tribulação?

Essa discussão, em torno de uma Tribulação, faz parte da teologia dos Milenistas, principalmente nos Dispensacionalistas.

Os Amilenistas não se preocupam com essa discussão, pois apesar de crer da Segunda Vinda de Cristo não crêem que haverá um Milênio e uma Tribulação literais.

Definições:Milenistas – Trata-se da interpretação dos mil anos de reinado de Cristo sobre a terra. Existem três

visões básicas sobre o milênio: pré-milenismo, pós-milenismo e amilenismo.Dispensacionalistas – Doutrina teológica e escatológica que afirma que a segunda vinda de Jesus

Cristo será um acontecimento no mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino de Deus na Terra. A palavra "dispensação" deriva-se de um termo latino que significa "administração" ou "gerência", e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo.

Amilenistas - O amilenismo clássico crê num milênio que iniciou-se com a primeira Vinda de Cristo, representando o período do Evangelho, que segue entre a Ressurreição de Cristo e a Segunda Vinda de Cristo.

Introdução

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Arrebatamento do grego harpazo (αρπαζω), que significa: 1) pegar, levar pela força, arrebatar; 2) agarrar, reivindicar para si mesmo ansiosamente; 3) arrebatar.

"… depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor." (1 Tes 4:17)

"… salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne." (Jd 23)

Essa palavra não aparece na Bíblia, mas é usada para descrever a “rápida trasladação para cima”, “arrebatar do fogo”, “puxar com força para cima”.

Foi usada para descrever o arrebatamento de Filipe de uma cidade para outra, após a conversão do eunuco etíope:

"Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo." (At 8:39).

Isso é exatamente o que Cristo vai fazer com os cristãos, a Noiva do Cordeiro! ConceitoResumidamente a linha escatológica do Pré-Tribulacionismo defende que Cristo virá buscar seus

fiéis, a Igreja, no chamado “Arrebatamento”. Os Pré-Tribulacionistas crêem que Cristo tirará a Igreja antes da Grande Tribulação e que esta tem como propósito encerrar o tempo dos gentios e preparar o povo de Israel para a restauração no milênio, governado por Cristo.

O Dispensacionalismo (dispensação) ensina que há um tratamento diferente entre dois povos: judeus e gentios, visto que são grupos distintos, haverá um plano de Deus exclusivo tanto para Israel como para a Igreja, sendo que a Grande tribulação é uma Dispensação onde Deus tem como objetivo trabalhar com Israel e não com a Igreja, que já teve o seu período de salvação na Dispensação da Graça. A igreja é um mistério não-revelado no Antigo Testamento. Esse plano de mistério deve ser completado antes que Deus possa retomar seu plano com Israel e completá-lo. Essas considerações surgem do método literal de interpretação.

Neste caso, seria incoerente a Igreja passar pela Grande Tribulação devido esses propósitos, ou seja, o propósito da Grande Tribulação é preparar a conclusão do plano geral de Deus para a humanidade e não purificar ou testar a Igreja.

O Pré-Tribulacionismo acredita que Cristo voltará a qualquer momento para buscar sua Igreja. (Rm 8: 19-25; ICo 1:7; Fil 4:5; Tt 2:13; Tg 5:9; Jd 21: I Ts 4:18; etc).

Alicerces Bíblicos e Teológicos

Interpretação Literal das Escrituras - A interpretação literal da Bíblia, significa explicar o sentido do texto apenas com o uso normal do texto, levando em consideração a gramática, o contexto histórico e o contexto da passagem. (Leia o artigo sobre Interpretação Literal e Alegórica aqui) Pré-Milenismo – Ensina que Jesus Cristo voltará antes do período milenar. Futurismo – Crença que todos os eventos ocorrerão no futuro, durante a Grande Tribulação, na Segunda Vinda e no Milênio. (Leia o artigo sobre o Futurismo aqui) Diferença Entre Israel e a Igreja – Israel e a Igreja são vistos como dois organismos diferentes pela Bíblia, se fosse um apenas não haveria necessidade de restauração de Israel.

Principais Características

O Método de Interpretação é Literal e não Alegórica; A Grande Tribulação é a última das Setentas Semanas de anos de Daniel 9:24-27, portanto a Grande

Tribulação terá a duração de sete anos.

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As Setenta Semanas de Daniel 9:24-27 estão determinadas para Israel, e não para a Igreja, portanto a Igreja não passará pela Grande Tribulação.

O Dispensacionalismo (Estudo das Dispensações) tem grande influência nas posições defendidas pelos Pré-Tribulacionistas, e pelos Pré-Milenistas, por crer que Deus não mistura as coisas, pelo contrário, ele tem um objetivo diferente em cada uma das Dispensações, e na Grande Tribulação seu maior objetivo é repreender, castigar e educar a Israel com vara de juízo, preparando os Judeus para enfim aceitarem a Jesus Cristo como o Messias prometido (Ezequiel 20:37, Deuteronômio 4:30) visto que Israel não aceita a Jesus Cristo, mas fará acordo com o Anticristo (Isaías 28:15, João 5:43, II Tessalonicenses 2:3-4).

A Grande Tribulação é conhecida como tempo da 'Ira de Deus', ou seja, o período em que Deus irá derramar a sua Ira sobre os gentios que não aceitaram o amor de Cristo, oferecido durante a Dispensação da Graça, e tratar com o povo Judeu pela rejeição do Messias, Jesus Cristo (I Tessalonicenses 1:10 e 5:9 e Apocalipse 6:16-17). Neste contexto, Deus não iria derramar a sua Ira sobre a Igreja, que aceitou o amor de Cristo, a ponto de ser comparada a sua Noiva.

Argumentos Essenciais

1 – O método literal de interpretação

A controvérsia básica entre amilenistas e pré-milenistas é a questão do método de interpretação empregado no tratamento de profecias: interpretação literal x interpretação figurada. Caso o método literal de interpretação das Escrituras for o certo, então a interpretação pré-tribulacionalista é a correta.

Dessa maneira, a doutrina da volta pré-tribulacionalista de Cristo para instituir um reino literal resulta de métodos de interpretação literal das promessas e das profecias do Antigo Testamento. E natural, portanto, que o mesmo método básico de interpretação deva ser empregado na interpretação do arrebatamento.

2 – As Setenta Semanas de Daniel

Existem várias palavras usadas no Antigo e no Novo Testamento em referência ao período da septuagésima semana, as quais, quando examinadas em conjunto, oferecem a natureza essencial ou o caráter desse período:

1) ira (Ap 6.16,17; 11.18; 14.19; 15.1,7; 16.1,19; l Ts 1.9,10; 5.9; Sf 1.15,18);2) julgamento (AP 14.7; 15.4; 16.5-7; 19.2);3) indignação (Is 26.20,21; 34.1-3);4) castigo (Is 24.20,21);5) hora do julgamento (Ap 3.10);6) hora de angústia (Jr 30.7);7) destruição (Jl 1.15);8) trevas (Jl 2.2; Sf 1.14-18; Am 5.18).Essas referências abrangem todo o período, não apenas parte dele, de modo que todo o período é

assim caracterizado.

Esse período testemunhará o derramamento da ira divina por toda a terra, embora esteja em questão toda a terra, esse período é particularmente dirigido a Israel. Jeremias 30.7, que chama esse período "tempo de angústia de Jacó", confirma isso. Os acontecimentos da septuagésima semana são acontecimentos do "Dia do SENHOR" ou "dia de Jeová". O uso do nome Jeová indica o relacionamento de Deus com a nação de Israel.

Esse período está sendo profetizado em Daniel 9: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade" (v. 24). Todo esse período faz, então, referência ao povo de Daniel, Israel, e à cidade santa de Daniel, Jerusalém.

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Visto que muitas passagens do Novo Testamento como Efésios 3.1-6 e Colossenses 1.25-27 mostram claramente que a Igreja é um mistério e sua natureza como um corpo composto por judeus e gentios não foi manifestada no Antigo Testamento, a Igreja não poderia estar nessa e em nenhuma outra profecia do Antigo Testamento.

Já que a igreja não teve sua existência senão depois da morte de Cristo (Ef 5.25,26), senão depois da ressurreição de Cristo (Rm 4.25; Cl 3.1-3), senão depois da ascensão (Ef 1.19,20) e senão depois da descida do Espírito Santo em Pentecostes, com o início de todos os Seus ministérios a favor do crente (At 2), não poderia constar das primeiras 69 semanas dessa profecia. Já que a igreja não faz parte das primeiras 69 semanas, que estão relacionadas apenas ao plano de Deus para com Israel, ela não pode fazer parte da septuagésima semana, que está, mais uma vez, relacionada ao plano de Deus para Israel, depois que o mistério do plano de Deus para a Igreja for concluído.

A Bíblia indica que existem dois propósitos principais a ser cumpridos na septuagésima semana.

1. O primeiro propósito está declarado em Apocalipse 3.10: "Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra". Esse período tem em vista "os que habitam sobre a terra", e não a Igreja. A mesma expressão ocorre em Apocalipse 6.10; 11.10; 13.8,12,14; 14.6 e 17.8. Na sua utilização, João oferece não uma descrição geográfica, mas sim uma classificação moral.

"A palavra "habitam" do grego 'katoikeo' é usada para descrever a totalidade do Deus que habitava em Cristo (Cl 2.9); é usada para a moradia permanente de Cristo no coração do crente (Ef 3.17) e dos demônios retornando para obter posse absoluta de um homem (Mt 12.45; Lc 11.26). Ela deve ser diferenciada da palavra 'oikeo', que é o termo geral para "habitar", e de 'paroikeo', que tem a idéia de transitório, "visitar". O termo 'katoikeo' inclui a idéia de permanência. Dessa maneira, o julgamento referido em Apocalipse 3.10 dirige-se aos habitantes da terra daquele dia, aos que se estabeleceram na terra como se fosse sua verdadeira casa, aos que se identificaram com o comércio e a religião da terra.” (Henry C. THIESSEN, Will the church pass through the tribulation?, p. 28-29.)

Visto que esse período está relacionado com os "que habitam a terra", os que se estabeleceram em ocupação permanente, não pode ter nenhuma referência à Igreja, que seria sujeita às mesmas experiências se estivesse aqui.

"Uma segunda consideração é o uso do infinitivo' peirasai' (tentar) para expressar propósito. A definição dessa palavra diz que Deus é o seu sujeito ao "infligir males a alguém para provar seu caráter e sua constância na fé". Como Deus vê a Igreja em Cristo e nEle aperfeiçoada, esse período não pode ter nenhuma referência a ela, pois sua legitimidade não precisa ser testada." (Henry C. THIESSEN)

"Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição." (Malaquias 4.5,6)

O profeta declara que o ministério desse Elias seria preparar para o Rei que estava prestes a vir. Em Lucas 1.17 promete-se que o filho de Zacarias "irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias" para atuar nesse ministério e "habilitar para o Senhor um povo preparado". Com respeito à vinda de Elias que deveria ter sido um sinal para Israel, o Senhor declara:

"Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará todas as cousas; como, pois, está escrito sobre o Filho do homem que sofrerá muito e será aviltado? Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito". (Mc 9.12,13).

Jesus mostra a seus discípulos que João Batista tinha o ministério de preparar o povo (de Israel) para Ele. "E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir" (Mateus 11.14).

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Então o primeiro ministério de João Batista era preparar a nação de Israel para a vinda do Rei (Jesus). Só podemos concluir, então, que Elias, que está por vir antes do terrível Dia do Senhor, tem um único ministério: preparar um remanescente em Israel para a chegada do Senhor (A Segunda Vinda de Cristo).

Concluindo: esses dois propósitos, a provação dos habitantes da terra e a preparação de Israel para o Rei, não têm nenhuma relação com a Igreja. Essa é a evidência complementar de que a Igreja não estará na septuagésima semana.

Há ainda outra consideração.

A última Semana de Daniel 9 é dividida em duas partes de três anos e meio cada, porém a natureza e o caráter da Semana é uma só, formando uma totalidade. Logo não há como admitir a permanência da Igreja na primeira metade da última Semana (teoria Meso-Tribulacionista), pois como ela estaria isenta septuagésima semana (70a. semana de anos) e permanecer na primeira metade da semana?

A impossibilidade de incluir a igreja na última metade torna igualmente impossível incluí-la na primeira parte, pois, embora as Escrituras dividam o período da semana, não fazem distinção a respeito da natureza e do caráter das duas partes.

3 – A natureza da Igreja

Há distinções entre a Igreja e Israel e são claramente demonstradas nas Escrituras.

Igreja e o Israel Nacional: a igreja é composta por aqueles que confessam a fé em Cristo e que tenham nascido de novo. Israel nacional baseia-se em nascimento físico, e todos os que pertencem a esse grupo e não forem salvos serão sujeitos à ira da tribulação.

Igreja e o Israel Espiritual: Antes de Pentecostes, existiam indivíduos salvos, mas não existia Igreja, e eles faziam parte do Israel Espiritual, não da Igreja. Depois do Pentecostes e até o arrebatamento encontramos a Igreja, corpo de Cristo, mas não encontramos o Israel Espiritual. Depois do arrebatamento não encontramos a Igreja, mas novamente um Israel verdadeiro ou Espiritual.

Igreja – mistério não-revelado: não era mistério que Deus proveria salvação para os judeus, nem que os gentios seriam abençoados com esta salvação. O fato de que Deus formaria de judeus e gentios um só corpo nunca foi revelado no Antigo Testamento e constitui o mistério citado por Paulo em Efésios 3.1-7, Romanos 16.25-27 e Colossenses 1.26-29. Todo esse novo plano não foi revelado até a rejeição de Cristo por Israel. É depois da rejeição que o Senhor faz a primeira promessa da futura igreja (Mateus 16.18). É depois da rejeição da cruz que a igreja tem seu início, em Atos 2. É depois da rejeição final de Israel que Deus chama Paulo para ser apóstolo aos gentios, e por meio dele o mistério da natureza da Igreja é revelado. Pode-se dizer que a Igreja é uma interrupção do plano de Deus para Israel, que não foi iniciada até que Israel rejeitasse a oferta do reino. Segue-se, logicamente, que esse plano de mistério deve ser concluído antes que Deus possa retomar Seu trato com a nação de Israel. O plano do mistério, tão distinto no seu início, certamente será separado na sua conclusão. Esse plano deve ser concluído antes que Deus retome e complete Seu plano para Israel. O conceito da Igreja como mistério leva, inevitável, ao arrebatamento pré-tribulacionista.

Evidências de um Arrebatamento Pré-Tribulacional

1 - Promessa de livramento da Ira de Deus

A Grande Tribulação é também chamada de “O Dia da Ira do Senhor”.

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“O Dia da Ira do Senhor” vai chegar para o mundo inteiro (Sl 110:5; Is 13:6-13 e Ap. 6:16-17). Os cristãos sempre foram sujeitos à perseguições, porém será diferente na Grande Tribulação. As perseguições são causadas por homens maus e pelo diabo, enquanto que na Grande Tribulação de sete anos será um período referente à ira divina. (Ap. 6:16-17; 14:10).

Alguns acreditam que a Igreja (todos os cristãos que formam a Noiva de Cristo) não será poupada no tempo da Ira, mas será salva através da mesma. Porém a Bíblia revela que os que estiverem na Terra durante a Grande Tribulação não escaparão da Ira:

"Pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão". (1 Tess 5:3)

A Bíblia promete o livramento da presença da Ira:

“Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem” (Lucas 21:36).

Desse forma, a Igreja deverá ser, fisicamente, removida da Terra, caso contrário, teria que suportar o dia da Ira. Deus promete a remoção em Apocalipse 3:10:

“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”.

Este verso não diz que Deus vai guardar a Igreja através da provação, mas livrá-la dela.

2 – O Arrebatamento é iminente

Qual é a definição bíblica de iminência? Um acontecimento iminente é aquele que está sempre "pairando acima de alguém, constantemente prestes a vir sobre ou a alcançar alguém; próximo quanto à sua ocorrência" (Dr. Renald Showers - The Oxford English Dictionary, 1901, V. 66).

Assim, a iminência traz consigo o sentido de que algo pode acontecer a qualquer momento. Outras coisas podem acontecer antes do evento iminente, mas nada precisa acontecer antes que ele aconteça. Se alguma coisa precisa acontecer antes de determinado evento ocorrer, tal evento não é iminente. Em outras palavras, a necessidade de que algo ocorra antes destrói o conceito de iminência.

Cristo ensinou isto em Mt 24:42, 44; 25:13 e Mc 13:30.

Paulo ensinou isto em Fl 4:5 (“Perto está o Senhor”); Tt 2:13.

Tiago ensinou em Tg 5:8-9.

Pedro ensinou na 1 Pe 4:7.

A Igreja primitiva vivia na expectativa da volta de Cristo (1 Tes. 1:9-10). O apóstolo Paulo assim instruiu a igreja em Tessalônica:

“MAS, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes. 5:1-9).

A igreja não está aguardando o aparecimento do Anticristo, mas a volta do Filho de Deus.

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3 – Igreja, mistério não revelado no Velho Testamento (Ef 3:1-11)

A Igreja não faz parte da cronologia dos eventos narrados pelos profetas do Velho Testamento. Eles profetizaram claramente a Primeira Vinda de Cristo, o Seu miraculoso nascimento, Sua vida, morte, ressurreição e ascensão. Os mesmos profetas descreveram a Segunda Vinda de Cristo em glória, precedida por um tempo de tribulação mundial, seguida pelo estabelecimento do glorioso reino messiânico, a partir de Jerusalém. Porém, esses profetas não viram o mistério da Igreja:

“O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Efésios 3:5).

Entre a Primeira e a Segunda Vindas, existe um intervalo que não foi visto pelos profetas do Velho Testamento. Este intervalo é a 'Era da Igreja'. Os profetas do VT não viram que Israel seria deixada, temporariamente, em compasso de espera, enquanto Deus iria chamar, entre todas as nações, um corpo especial de pessoas. Após ter completado este intento, e quando o tempo dos gentios chegar ao fim, Deus vai restaurar o relógio profético de Israel e cumprir todas as promessas do Velho Testamento em relação à Sua antiga nação escolhida, pois:

“…o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. (Rm 11:25).

A Grande Tribulação diz respeito a Israel, não à Igreja. Este período atual do mistério vai terminar com a remoção da Igreja da Terra. Então, o Senhor executará o Seu plano para a nação de Israel, quando cumprirá as profecias do Velho Testamento sobre o tempo das dores de Jacó, a vinda do Messias e o estabelecimento do reino messiânico.

4 - O Apocalipse mostra que a Igreja não estará na Terra durante a Grande Tribulação

A igreja não é vista na Terra nos capítulos 4 a 18 do Apocalipse. Israel será a testemunha de Deus durante a Grande Tribulação e não a Igreja. (Apocalipse 7). As orações dos santos em Apocalipse 8 são de julgamento. Somente Israel faz orações deste tipo.

A Igreja é ensinado a orar pelos seus inimigos e não contra eles (Lc 9:51-56). As orações do Apocalipse são as orações dos Salmos, embasadas nas promessas feitas a Abraão, de amaldiçoar os que amaldiçoassem Israel (Gn 12:1-3).

Os gafanhotos com poder de escorpiões do Apocalipse 9 receberam permissão para atormentar os habitantes da Terra, exceto os judeus que tiverem na testa o sinal de Deus, colocado pelo anjo do Apocalipse 7. Se a Igreja estivesse na Terra estaria sujeita a este horrendo castigo de Deus.

Apocalipse 10 identifica os eventos de Apocalipse 4 a 18 com os eventos profetizados pelos profetas do Velho Testamento – os dias da Grande Tribulação e o Dia do Senhor. A Igreja nunca esteve na visão destas profecias do Velho Testamento, pois era um mistério oculto. A Igreja tem um propósito e um programa diferentes da nação de Israel. Esta nação é que está focalizada nas profecias do Velho Testamento e em Apocalipse de 4 a 18.

O ministério das duas testemunhas de Apocalipse 11 identifica-as com a nação de Israel e com as profecias do Velho Testamento sobre o “Dia do Senhor”. Estas duas testemunhas ministrarão em Jerusalém, a capital de Israel. A Igreja não tem Jerusalém como capital; sua cidade é celestial, não terrena (Cl 3:1-4; Fl 3:17-21). As duas testemunhas estão vestidas de pano de saco, o que é típico de Israel. Em parte nenhuma, a Igrejas se veste de pano de saco. Apocalipse 11:4 identifica as duas testemunhas com a profecia do Velho Testamento, Zacarias 4:3, 11, 14 (As duas Oliveiras) se refere a Israel, não à igreja. Além disso, as duas testemunhas invocam julgamento sobre os inimigos (Apocalipse 10:5-6). Jesus repreendeu os Seus discípulos por desejarem isto e instruiu os crentes da Igreja no sentido de que deviam orar pelo bem-estar dos seus inimigos, não pela sua destruição. (Lucas 9:54-56; Romanos 12:14; 17-21).

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O diabo persegue Israel, não a igreja, durante a Tribulação (Apocalipse 12). Não pode haver dúvida alguma de que a mulher neste capítulo é identificada como a nação de Israel. O verso 5 mostra uma mulher dando à luz Cristo; é óbvio que Jesus foi dado à luz por Israel, não pela igreja(Isaías 9:6-7; Romanos 9:5). Além disso, os símbolos de Apocalipse 12:1-2 lembram a familiar tipologia de Israel no VT, onde Israel é apresentada como uma mulher (Isaías 54:4-5). O sol, a luz e as doze estrelas lembram o sonho de José relativo a Israel (Gênesis 37:9). As palavras de Apocalipse 12:2 são quase uma exata citação de Miquéias 5:3, referindo-se ao trabalho de parto, que deu à luz o Messias. Estes símbolos não são usados nas Igrejas do Novo Testamento.

5 – A Purificação de Israel

A maioria das profecias sobre o Período da Tribulação encontra-se no Antigo Testamento e, portanto, é claramente destinada a Israel.

O Período da Tribulação objetiva fazer a purificação (ver Apocalipse 7:9 e 14:4) e preparar a conversão nacional de Israel (comparar com Ezequiel 20:37-38; Zacarias 13:1,8-9). Até mesmo esse mais terrível de todos os tempos será usado por Deus para o bem final, e levará a história em direção ao fim que Ele planejou. Apesar de todos os horrores desse tempo terrível, o objetivo é claro que ele levará ao livramento:

"Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela." (Jr 30:7).

6 – Casamento Judaico e a Igreja

Os paralelos entre o costume hebraico do casamento e o arrebatamento da igreja são inegáveis! A Noiva (a Igreja) deve esperar a vinda do Noivo (Jesus Cristo) na casa de seu pai (este mundo, controlado por Satanás). Quando o Noivo volta após um período de separação de dois anos (2.000 anos?), a Noiva é levada para a casa do Pai do Noivo (a casa do Pai Celestial) onde ocorre a cerimônia de casamento. A lua-de-mel na nova casa (as "moradas" de João 14:2) dura sete dias (corresponde aos sete anos do Período da Tribulação aqui na Terra).

A Importância do Arrebatamento Pré-Tribulacional

Cristo, Paulo, João e Pedro ensinaram que a volta de Jesus seria iminente e deveria ser esperada a qualquer momento (Mt 24:44; Fl 4:5; Tg 5:8-9 e 1 Pe 4:7). Os cristãos primitivos viveram na expectativa da volta de Cristo como um cumprimento literal das profecias:

“Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Tes. 1:9-10).

A doutrina de um Arrebatamento Pré-Tribulacional motiva à purificação da vida pessoal do cristão:

Ela encoraja o crente nas tribulações e perseguições:

“Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (1 Tes. 4:17-18).

Ela coloca o foco da igreja na Grande Comissão (Mt 28:18-20; Mc 16:15; At 1:8). Ela nos ensina a pregar o evangelho, a ganhar pessoas para Cristo e a estabelecer igrejas, pois “a igreja do Deus vivo [é] a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3:15), como o assunto mais urgente. D. L. Moddy estava certo quando disse: “Vejo este mundo como um barco destruído. Deus me deu um bote salva-vidas e me disse: ‘Moody, salve tantos quantos você puder’”.

Ela nos motiva a trabalhar na obra do Senhor (1 Co 15:58).

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 29

Ela nos motiva a uma vida obediente (1 Tes 5:4-7; 1 Jo 3:1-3).

Ela nos motiva a nos separarmos do mal (Tt 2:13-14).

Ela mantém os crentes longe da heresia e da apostasia (2 Tm 4:3-4 e 1 Jo 2:24-28).

Alguns proponentes dessa escatologia são: John Walvoord; J.Dwight Pentecost, John Feinberg, Herman Coyt, Charles Ryrie, Rene Pache, Henry c. Thiessen, Leon Wood, Hal Sindsay, Jonh Sproul, Richard Mayheu e outros, como também boa parte dos fundamentalistas.

Pós Tribulacionismo

A 'Grande Tribulação' e a 'Segunda Vinda de Cristo' são os temas centrais. Muitos afirmam que haverá um período, em que uma Tribulação será mais severa, mais intensa e que assolará a Terra.

A grande discussão é: a Igreja (os salvos em Cristo) passará ou não por esse período de Tribulação?Essa discussão, em torno de uma Tribulação, faz parte da teologia dos Milenistas, principalmente

nos Dispensacionalistas.Os Amilenistas não se preocupam com essa discussão, pois apesar de crer da Segunda Vinda de

Cristo não crêem que haverá um Milênio e uma Tribulação literais.

ConceitoJesus nos advertiu sobre um tempo de grande tribulação tal como o mundo jamais viu e que

ocorreria antes do seu retorno, leia Mt 24:3-31.A linha escatológica Pós-Tribulacionista defende que a Igreja passará por essa Grande Tribulação

predita por Jesus, porém ela (a Igreja) será preservada da ira, ou seja, receberá uma proteção sobrenatural a exemplo de Israel que permaneceu no Egito durante o juízo das pragas, porém não foi atingido por elas. Outros exemplos são os de Noé, Ló e dos cristãos de Jerusalém quando da destruição de 70 d.C, o Senhor providenciou meios, revelações e ajuda a Seus servos para que pudessem se proteger da ‘Ira’.

Isso é possível, pois “tribulação” e “ira de Deus” são diferentes. Enquanto a tribulação será experimentada por todos, a ira de Deus visará apenas os ímpios, no qual os cristãos salvos serão poupados; Ap.3:10 é citado para provar essa teoria, onde o Senhor promete nos guardar da hora da provação:

“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” (Ap 3:10)

O Pós-Tribulacionismo também identifica a Igreja como sendo os santos da Tribulação:“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as

nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 30

brancas e com palmas nas suas mãos; E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” (Apo 7:9, 13-14)

Nesta linha escatológica o Arrebatamento e o Aparecimento Glorioso são os mesmo eventos, não há distinção entre eles. O Arrebatamento só ocorrerá no final da Grande Tribulação e os crentes salvos e vivos serão arrebatados para se encontrar com o Senhor no ar e voltarão imediatamente com Ele à Terra.

RessurgimentoDesde a década de 50 vários teólogos vêm abandonando outras posições escatológicas, como o

Pré-Tribulacionismo e aderindo ao Pós-Tribulacionismo.O motivo desse ressurgimento deve-se em parte por influência do ministro Batista George E. Ladd,

Professor de Novo Testamento do Seminário Teológico Fuller. Ladd foi um defensor notável do Pré-Milenismo Histórico e crítico do ponto de vista Dispensacionalista. Escreveu alguns livros defendendo a tese Pós-Tribulacionista: “Crucial Questions About the Kingdom of God” (Questões Cruciais Sobre o Reino de Deus, de 1952), “The Blessed Hope” (A Bem-aventurada Esperança, de 1956) e “The Last Things” (As Últimas Coisas, de 1978).

George E. Ladd acreditava que o Pós-Tribulacionismo era o ponto de vista dos pais da Igreja e concluiu um estudo a esse respeito onde afirmou que: “Cada pai da Igreja que trata do assunto previa que a Igreja sofreria nas mãos do Anticristo”.

Principais CaracterísticasO Pós-Tribulacionismo utiliza o método de interpretação alegórico e por isso não faz distinção

entre Israel e Igreja.Crêem em duas ressurreições, sendo que a primeira será de todos os mortos salvos e ocorrerá no

início do Milênio.Quanto ao Reino de Deus, há Pós-Tribulacionistas que crêem que ele está presente nos corações

dos homens (método alegórico) e há os que crêem em um Reino literal onde Cristo irá reinar nesta Terra.

Há Pós-Tribulacionistas que também são Pós-Milenistas e por isso crêem que Jesus voltará encerrando a Tribulação e também o Milênio e que ambos não têm tempo determinado, por esse motivo muitos ignoram a questão do Arrebatamento.

O Pós-Tribulacionismo nega:- A doutrina da iminência (volta do Senhor a qualquer momento): ensina que vários sinais devem

ser cumpridos antes que o Senhor possa vir.- O cumprimento futuro da profecia de Daniel 9.24-27: alega que essa profecia já se cumpriu.- O Dispensacionalismo: alega que o tempo chamado "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30.7)

também é para a Igreja e não só para Israel. Fundamentação Bíblica Arrebatamento e Segunda Vinda“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de

Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Tessalonicenses 4:16-17)

O Pós-Tribulacionismo diz que somente Paulo mencionou que a Igreja seria tomada nos ares, e ele disse isso em apenas uma passagem da Carta aos Tessalonicenses. Por causa disso toda a discussão sobre Arrebatamento deve ter esses versos como fundamento.

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Se esse é o único lugar nas Escrituras onde o Arrebatamento é mencionado, então todas as outras passagens que são citadas como base para o “Arrebatamento" têm que ter alguma conexão com este versículo.

Com base nesse argumento usam a passagem de Mateus 24:27-31, que julgam ser a mais próxima do Arrebatamento citado por Paulo:

“E, logo depois da aflição daqueles dias (Tribulação), o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos (Arrebatamento), de uma à outra extremidade dos céus.”

Com esses versículos fica provado que o Arrebatamento ocorrerá após a Tribulação, concluem.Portanto, seria um equívoco perguntar quando o Arrebatamento ocorrerá, pois a Bíblia somente

menciona a Vinda do Senhor e diz que quando Ele vier, nós seremos Arrebatados juntos para estar com Ele.

Logo, não existem dois eventos: Arrebatamento e Segunda Vinda. Há apenas um evento, por ocasião da Segunda Vinda os crentes serão Arrebatados. Dizem que a Bíblia não faz esta distinção, caso fosse um evento distinto, não usaria o termo ‘parousia’, que significa ‘Vinda’, mas sim a palavra ‘Arrebatamento’.

Outro argumento é que a Bíblia usa pelo menos duas outras palavras para descrever o retorno do Senhor e também não faz distinção entre elas: ‘apokalupsis’ que significa ‘revelação’ e ‘epiphaneia’ que significa ‘manifestação’. Ambas as palavras vem do grego e são usadas para descrever a esperança da Igreja e em passagens onde o assunto é a Segunda Vinda. Neste caso seria estranho que a Bíblia usasse três diferentes palavras (parousia, apokalupsis e epiphaneia) para descrever dois eventos diferentes e que estão separados por sete anos. Em outras palavras, seria confuso usar estas três palavras para falar de dois eventos diferentes, sem procurar distingui-los.

TribulaçãoOutro grande argumento dos Pós-Tribulacionistas é a promessa de que a Igreja passará pela

Tribulação.Passagens usadas como base:Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as

nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. (Mateus 24.9-11)

Mas olhai por vós mesmos, porque vos entregarão aos concílios e às sinagogas; e sereis açoitados, e sereis apresentados perante presidentes e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho. Mas importa que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações. Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer, nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer. E sereis odiados por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo. (Marcos 13.9-13)

E seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos, e o lamentavam. Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram! Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos. Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco? (Lucas 23.27-31)

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 32

Crêem que esses versículos são dirigidos à Igreja e não à Israel, como querem os Pré-Tribulacionistas. Outras passagens usadas como argumentos:

Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. (João 15.18,19)

Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. (João 16.1,2,33)

Segundo o Pós-Tribulacionismo, diante de todas essas promessas de uma Tribulação fica impossível dizer que a Igreja será Arrebatada antes desse período.

Todos esses argumentos são ainda mais fundamentados pela citação de perseguições presentes em Atos, das quais a Igreja foi vítima como cumprimento parcial daqueles alertas:

E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos. E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto. E Saulo assolava a Igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. (At 8.1-3)

E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. (At 11.19)

Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus. (At 14.22)

Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; (Rm 12.12)RessurreiçãoSegundo o Pós-Tribulacionismo a ressurreição dos santos mortos ocorrerá por ocasião do

Arrebatamento da Igreja, usam o versículo de Tessalonicenses como base bíblica:Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de

Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. (l Ts 4.16).Conseqüentemente, o Arrebatamento está junto com a ressurreição.Outro argumento é as passagens que falam sobre uma ressurreição de santos mortos (primeira

ressurreição) elas sempre estão associadas à Vinda do Senhor:Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que

habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos. (Is 26.19),

Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? (Rm 11.15),

E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos. E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no Reino de Deus. (Lc 14.14,15)

E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. (Ap 20.4-6),

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 33

E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. (Ap 11.18),

E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente. (Dn 12.1-3).

Os Pós-Tribulacionistas afirmam que as passagens do Antigo Testamento provam que a ressurreição dos santos ocorrerá com a Revelação de Cristo antes do Reino Milenar, logo a ressurreição da Igreja será junto com a ressurreição de Israel. Então a ressurreição da Igreja marca a hora do Arrebatamento.

Parábola do trigo e do joio"Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro

o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro" (Mt 13.30).Os Pós-Tribulacionistas entendem que os anjos irão agrupar o joio no final dos tempos, mas só

transladarão (arrebatar) a Igreja, representada pelo trigo do campo, deixando o joio confinado para julgamento.

As Setentas Semanas de DanielSetenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a

transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. (Daniel 9.24-27)

Segundos os Pós-Tribulacionistas a profecia de Daniel 9.24-27 já foi cumprida em sua totalidade, não havendo intervalo entre a sexagésima nona e a septuagésima semana da profecia. Dizem que todo o plano ali determinado já teve seu cumprimento concluído no ano 70 a.C. com a destruição de Jerusalém.

Argumentam que se existissem "espaços" entre as semanas a profecia seria vaga, ilusória e enganosa.

As "sessenta e nove semanas" ("sessenta e duas semanas" + "sete semanas"), chegaram “até o Messias”, ou seja, até o início de seu ministério. Na verdade a última das "setenta semanas" proféticas começou com João Batista e sua pregação pública sobre o Reino de Deus e quando Cristo foi batizado, tentado e começou também a pregar meses depois.

A primeira metade da semana (3 anos e meio) foi usada para pregar o evangelho do Reino. Na metada da semana ocorreu a Páscoa ou quatrocentos e oitenta e seis anos e meio depois "do mandamento para restaurar e construir Jerusalém".

Cristo, de acordo com essa teoria, é Aquele que confirma a Aliança, e no período de Seu ministério as seis grandes promessas de Daniel 9.24 foram cumpridas: cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniqüidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e ungir o Santíssimo.

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 34

Portanto, esses sete anos, adicionados aos quatrocentos e oitenta e três anos, somam quatrocentos e noventa anos (70 semanas), de modo que toda a profecia, desde os tempos e acontecimentos correspondentes, foi cumprida ao pé da letra.

2 Tessalonicenses 1:5-10 Prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do Reino de Deus, pelo qual

também padeceis; Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).

Nesses versículos os Pós-Tribulacionistas afirmam que Paulo está indicando claramente que Deus dará aos crentes o descanso quando Jesus vier em chamas de fogo, trazendo retribuição. Então Paulo diz que os descrentes irão pagar as penalidades, "quando ele vem para ser glorificado nos santos naquele dia". Concluem que não há dúvida de que a Vinda para os santos e a Vinda para executar vingança são a mesma Vinda.

2 Tessalonicenses 2:1-3 Ora, irmãos, rogamo-vos, pela Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,

Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.

Nestes versos Paulo volta ao assunto ‘Segunda Vinda’. Ele o faz dizendo "quanto à Vinda do nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele". Então ele diz que o Dia do Senhor "não virá sem que primeiro venha a apostasia, e o homem da iniqüidade seja revelado, o filho da destruição".

Segundo o Pós-Tribulacionismo esta é a mais clara negação do Arrebatamento "a qualquer momento" – iminente – que alguém possa imaginar.

Dizem que esta passagem fala por si mesma, pois parafraseando o que Paulo está dizendo, teríamos: "Quanto à sua Vinda e a nossa reunião com ele, isto não acontecerá até…".

Então, colocando dessa forma, fica subentendido que Paulo liga a Vinda do nosso Senhor com a nossa reunião com Ele (Arrebatamento), porque ele está falando sobre ambos, logo não se trata de dois eventos separados.

Concluem que seria estranho Paulo alertar que o anticristo precisaria vir primeiro, pois eles não estariam ali para ver, neste caso Paulo deveria alertar que primeiro haveria o Arrebatamento.

Apocalipse 20:4-5E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles

que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.

Está claro para todos que, os eventos mencionados nos versos acima, ocorrerão depois da Tribulação, pois pessoas estão assentadas no trono reinando com Jesus. Com base nessa premissa, os Pós-Tribulacionistas afirmam que isto é a Primeira Ressurreição. Se o Arrebatamento é precedido pela Ressurreição dos crentes (1Ts 4:15-17; 1Co 15:52), e isto é a Primeira Ressurreição, então o Arrebatamento deve ser depois da Tribulação.

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 35

1 Coríntios 15:50-55E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a

corrupção herdar a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?

Esta passagem e a de 1 Ts 4:17 (“Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”) são provavelmente as passagem mais conhecidas para as pessoas em geral, em relação ao Arrebatamento.

Porém, os Pós-Tribulacionistas, sustentam que a passagem de 1 Coríntios 15:50-55 não se refere ao Arrebatamento. Dizem que Paulo enfatizou que iriam acorrer os seguintes eventos: o soar da trombeta, os mortos ressuscitarão e os vivos seriam transformados "num piscar dos olhos". Não há menção de um Arrebatamento.

O motivo pelo qual as pessoas relacionam essa passagem a existência de um Arrebatamento é a expressão "num piscar dos olhos", porém o que Paulo quis dizer é que num piscar de olhos seremos transformados e não ‘Arrebatados’.

1 Coríntios 15:23-24Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua Vinda. Depois

virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.

Os Pós-Tribulacionistas argumentam que esta passagem mostra os seguintes tipos de ressurreição: do Senhor; a primeira (geral) ressurreição e então seguirá a segunda ressurreição.

Com isso a teoria Pré-Tribulacionista de que haverá múltiplas ressurreições dentro da Primeira Ressurreição é eliminada.

O argumento: se a ressurreição dos "que são de Cristo na sua Vinda" ocorre no Arrebatamento, então a "Primeira Ressurreição" de João (Ap 20:5) também ocorre no Arrebatamento. E se realmente "os que são de Cristo na sua Vinda" é uma referência a Segunda Vinda, então nem Paulo não menciona o Arrebatamento ou o Arrebatamento ocorre na Segunda Vinda. Que esta última é a verdadeira sabe-se porque é demonstrada pelo relato no livro de Apocalipse que mostra que aqueles que morrem durante a Tribulação, certamente seriam incluídos em "os que são de Cristo".

Mateus 24:29-31E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas

cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.

Os Pós-Tribulacionistas se baseiam nesta passagem para sustentar a tese de que o Arrebatamento e a Segunda Vinda são o mesmo evento.

Não crêem que Jesus estava falando apenas para os judeus, como sustentam os Pré-Tribulacionistas, mas também para a Igreja que iria ser formada após sua ascensão. Jesus falou essas palavras aos discípulos que seriam a fundação da futura Igreja. Seria um absurdo achar que tudo Jesus falou e ensinou nos Evangelhos foi apenas para os judeus e sem aplicação para a futura Igreja.

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 36

O discurso de Jesus foi para responder a uma pergunta: "Que sinal haverá da sua Vinda, e o fim dos tempos?" Jesus respondeu descrevendo a Grande Tribulação, sua Vinda nas nuvens, o som de trombetas e a reunião dos eleitos (Arrebatamento).

Lucas 17:26-31 E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam,

bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás.

Segundo os Pós-Tribulacionistas, Jesus está mostrando que Deus virá em juízo no mesmo dia em que os crentes serão salvos: "Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de manifestar".

2 Pedro 3:8-15 Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como

um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a Vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;

Um dos argumentos Pós-Tribulacionista é que Pedro usa a expressão "como um ladrão" que é geralmente usada em referência à Segunda Vinda de Cristo.

Pedro descreve o evento dando a impressão de que os crentes estarão esperando ‘Aguardando, e apressando-vos para a Vinda do dia de Deus ‘ e que estão conectados com a promessa de Deus ‘O Senhor não retarda a sua promessa’.

Pedro também declara que Paulo escreveu sobre essas coisas em suas epístolas.Então concluem que se os eventos desta passagem ocorrem na Segunda Vinda, e se estes eventos

eram o que os crentes nesta epistola estavam esperando, então a nossa esperança e a nossa expectativa é a Segunda Vinda e não o Arrebatamento: "O Senhor não retarda a sua promessa… mas o Dia do Senhor virá…", ou seja, a promessa será cumprida no Dia do Senhor.

Finalizam dizendo que a Igreja deve esperar ver estes eventos acontecerem e deve procurar estar preparada quando Ele vier. Isto dificilmente pode ser aplicado na visão Pré-Tribulacionista.

ProponentesAlguns proponentes dessa escatologia são: Benjamin Newton, George Muller, William Booth

(fundador do Exército da Salvação) e Charles Spurgeon.

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Escatologia: O Milênio e a Tribulação 37

Meso-tribulacionismoEssa posição escatológica defende que a Igreja estará presente em parte da grande tribulação,

sendo removida da Terra antes que Ira de Deus seja derramada, levando à ausência de crentes salvos no planeta.

Essa linha também sustenta a existência futurista da grande tribulação em sete anos, baseados também no texto de Daniel. A ira de Deus será derramada na segunda metade da tribulação, após o arrebatamento da Igreja. Com base em Mt 24 e Mc 13, afirma-se que parte dessa tribulação será abreviada pela permanência dos santos, que é a Igreja do Senhor. A interpretação de Rm 5:9 é literal ao afirmar que seremos salvos da ira, ou seja, os cristãos não passarão pelos três anos e meio final que é o derramar da “ira de Deus”. O mesmo acontece com I Ts 1:10; Mt 3:7; Lc 3:7, com o foco na expressão “ira vindoura”.

A escatologia meso-tribulacionista difere da pré-tribulacionista na afirmação de que a Igreja permanecerá na primeira metade dos sete anos, mas também é uma linha pré-milenista e utiliza uma hermenêutica literal dos textos bíblicos.

Apesar dessa linha escatológica ser a menos defendida, alguns de seus proponentes são: Norman Harrison e J.Oliver Buswell (com discussões terminológicas), Gledson Archer e Merrill Tenney, entre outros.