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Q ~cS~ n TATHIANA DE FARIAS RIBAS A ALFABETIZACAO BASEADA NA TEO RIA CONSTRUTIVISTA \<.c~ ~', ,,\. \: ,-0'\ l:" Monografia apresentada ao Centro de P6s-Gradu8y80, Pesquisa e Extensao da Universidade Tuiuti do Parana, para obten<;:ao do Titulo de Especialista em Creche , Pre-Escola e A!fabetiz8c;:ao, sob a orienta<;:2Io da Prof a Suzana Borges. CURITIBA 2003

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Q~cS~n

TATHIANA DE FARIAS RIBAS

A ALFABETIZACAO BASEADA NA TEO RIA CONSTRUTIVISTA

\<.c~~',,,\. \:

,-0'\ l:"

Monografia apresentada ao Centro de

P6s-Gradu8y80, Pesquisa e Extensao da

Universidade Tuiuti do Parana, para obten<;:ao

do Titulo de Especialista em Creche ,

Pre-Escola e A!fabetiz8c;:ao, sob a orienta<;:2Io

da Profa Suzana Borges.

CURITIBA

2003

SUMARIO

RESUMO ..

INTRODUCAO.

OBJETIVOS DA EDUCACAO INFANTIL ...

...IV

..1

. 3

PRATICAS CONVENCIONAIS NA ALFABETIZACAO 5

ALFABETIZACAO NA VlsAo CONSTRUTIVISTA... . 7

A CRIANCA: UM SER SOCIAL... .... 10

A CRIANCA E 0 ADUL TO ...

o PROFESSOR ALFABETIZADOR..

.. 13

....16

ANALISE DE UM TRABALHO DENTRO DA VlsAo CONSTRUTIVISTA 20

CONCLUsAo... .. 24

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. ...29

ANEXOS ... ..~

III

RESUMO

A proposta sistematizada de colel'ao CONSTRUTIVISMO NA PRE-ESCOLA

da autora Raquel Rodriguez de Moraes Saldanha ( pedagoga curitibana com metodologia

baseada na teo ria construtivista), situa-se dentro do contexto, tendo como objetivo efetivar urn

apoio para a educ8C;ElO infantil, voltado para 0 desenvolvimento e a ampliayEio do

conhecimento da crian9a em uma visao s6cia construtivista.

Esta pesquisa visa analisar tal trabalho construtivista e demonstrar a eficiencia

desta teoria em comparacyao a metodologla tradicional no processo de alfabetizacyEIo.

IV

INTRODUCAo

o Construtivismo chegou ao Brasil he. cerca de vinle (20) anos, de

mane ira discreta, mencionado aqui e ali, par professores que conheciam as pesquisas

de Emilia Ferreiro. Tambem, discretamente S8 espalhou pelo pais de tal forma que hoje

e quase impassivel saber quantos educadores se valem da descobertas da

psicolinguistica argentina no seu dia a dia.

o Construtivismo nao chega a ser urn metoda de ens ina, e sim uma

teoria cnde a crianC;8 constr6i a seu proprio processD de leitura e de escrita. Nesta

construc;:ao, que tern uma 169ica individual, mas que interage com 0 grupo, a crianC;:8

passa par etapas, com avanc;os e reCUDS ale sa aposentar e dominar 0 c6digo

IIngoistico.

Neste processo 0 professor devera ser apenas um orientador, pennitindo

que a crianc;a aprenda atraves de experiemcias individuais au com 0 grupo.

o presente trabalho objetiva analisar as diferentes concepc;6es que

norteiam a questao da alfabetizac;ao, nao sendo uma proposta de ~como alfabetizar",

mas sim, ser um auxiliar pedag6gico no processo ENSINO-APRENDIZAGEM.

A constru<;:ao do conhecimento na educaC;ao infantil nao deve ser

relacionada a principios rigidos, como tambem nao pode estar sujeita ao simples

improviso.

OBJETIVOS DA EDUCA<;:AO INFANTIL

A educac;ao tern como tim a cidadania, a emancipa<;ao da popula<;ao, a

equaliz8yao de oportunidades. Entre meiDs de conhecimento, nurn processo que se

inicia na primeira infancia e que 56 atingira seu objetivo se fcrem competentes os

recursos humanos envolvidos.

o encaminhamento metodol6gico deve estar intrinsecamente articulado

ao fundamento teo rico que deve orientar a pratica pedagogica.

o trabalho desenvolvido na escola, deve considerar 0 conhecimento que

a crianc;:a passui e domina, como ponto de partida para a aquisic;ao e sistematizac;:ao de

novos conhecimentos.

"A supera'!(8o das compreenc;oes parciais fragmentadas e ingenuas, 56

pode ser conseguida quando 5e traduz teoricamente a realidade entendendo-a como

pratica social" (Klein, 1991. p. 5).

A constru9ao e apropria9ao do saber de forma reflexiva e critica, vai

permitir a crianva compreender 0 mundo e a realidade em que vive, a sociedade e sua

propria inser9c3.o social.

Segundo KLEIN (1992), a mundo material nao se explica par ele mesmo.

o que determina a objeto sao as relayoes sociais. Portanto, a processo de aquisiyao do

conhecimento nao se da pel a rela9ao do sujeito com a objeto, mas pela rela9ao do

sujeito com os outros sujeitos

A crian9a deve Ter oportunidade de se comunicar, pais a linguagem e a

forma de comunica9ao que se faz presente em todos os momentos, instrumento basico

de progresso e de cultura, facilitando 0 ajustamento do individuo ao seu grupo social, e

possibilitando~lhe maior capacidade de compreensao, interferencia e atua9ao no

ambiente.

PRATICAS CONVENCIONAIS NA ALFABETIZA.;:Ao

A educa~aotern passado por muitos avan~os,deixando para tras uma

visao de educador, apoiado em trabalhos mimeografados au em cartilhas, priorizando os

aspectos mecimicos da alfabetizattao.

Neste processo, a escola tern como objetivo ensinar a desenhar letras e

construir palavras sem a funyao de ensinar a linguagem escrita. Embora existam ainda

muitos metod os de ensinar a ler e escrever, eles nao estao baseados nurn processo

cientifico. A escola considera a linguagem escrita como urn complicado tr8ino perceptual

e motor na repeti<;ao de palavras e pad roes simb61icos, no periodo preparatorio.

Apresenta-se a crianc;:a uma linguagem escrita de maneira artificial e

sem significado. Os textos apresentados ilustram bem esta situayao;

"Zaza viu 0 menino na cama.

Ela rezava, rezava, e dizia:

Uma belezal Uma beleza!

Zaza levou para 0 menino

Uma roupa azulada. (ALMEIDA, 1984. p. 69)"

Percebe-se que 0 objetivo do texto e a fiX8<;ElOde uma familia silabica,

sem pretensao de transmitir algo a alguem. Sem nenhuma fun9c3o comunicativa real e

nem sequer com a funC;Elode preservar 8 informac;Elo.

Enfatiza-as a mecanica de ler obscurecendo-se a linguagem escrita

como tal.

A partir da leltura deste "texto" a crianr;a e submetida a uma serie de

atividades que a distancia da real n09aO, au seja, alga que tenha real significado.

Nas cartilhas a cnan<;a encontra silabas lsoladas, palavras

descontextualizadas e frases sem sentido.

As produr;oes escritas das classes de alfabetizar;8o, submetidos a este

tipo de metodologla, acabam sendo muito semelhantes as produc;oes das tao faladas

cartilhas.

A concep<;ao de Ilnguagem que esta jnserida na maioria dos metod os

tradicionais de alfabetiza<;ao va a Hngua como urn conjunto de formas prontas e

acabadas.

Este trabalho pedag6gico se assemelha aos tao falados pre-requisitos

para aquisiC;80 da alfabetiza<;ao, on de valorizam a percepC;03o do esquema corporal,

estruturag80 espacial e temporal, discriminaC;8o auditiva, visual, coordenaC;80 motora,

etc ..

o professor direciona 0 trabalho de uma mecanica tendo como ponto de

apoio este material, deixando como segundo plano a fundamentaC;Elo teorica, a

criatividade de condi<;:oes essenciais para uma transi9~10 do saber.

ALFABETIZAI;AO NA VISAO CONSTRUTIVISTA

A psicologa Emilia Ferreiro, colaboradora de Jean Piaget, justifica seu

trabalha de investlga980 com 0 objetivo de compreender melhor 0 fracas so nas series

iniciais.

Em suas pesquisas, Emilia Ferreiro descobriu 0 que vern sendo

considerado 0 "Ovo de Colombo", par educadores de varies paises da America Latina;

ao contrario do que S8 pensava, nao e 0 professor que ens ina a Jar e escrever, mas e a

crian<;8 que constr6i seu proprio processo de leitura e de escrita. A luz de sua proposta

construtivista, conhecida tambem par psicogenese da escrita, as experiencias

alternativas de alfabetiz8<;ao que vern acontecendo em nossa rede publica, na opiniao

de muitos, ja indicaram urn esfor<;o nacional para sacudir pela raiz os fracassos da

alfabeliza<;ao (FERRAZ, Claudia R., 1989. p. 12)

Questlono nao os fatos clentlficamente verjf,cados e slm as conclus6es

que foram tlradas deles, Isto El, que em mUltos casas de fracassos na alfabetizayao,

esteja localizada nestas deficiencias, au seja, que trelnamentos de prontidaa nao

diminuiram efetivamente a indice de crianyas que passam de ana sem Ter adquirido a

conhecimento ..

Sua base teorica tern uma concep<;:ao que defende a apropria<;:ao da

linguagem com prod uta de urn desenvolvimento individual.

Esta perspectiva ve a alfabetizayB.o como urn process a de reconstruC;8o

da linguagem escrita pela crian9a.

"0 resultado sao construc;oes originais tao estranhas ao nosso modo

'alfabetizador' de ver a escrita, que parecem caoticos a primeira vista" ( FERREIRO,

1991. p. 10).

Atraves do seu trabalho analisam as interpreta90es que as crian<;:as dao

a esc rita concluindo que elas constroem seu proprio processo de alfabetiza<;:ao, par meio

de vivencia de conflitos cognitivos, ate ehegar ao sistema alfabetico da "eserita".

"Entre os resultados mais surpreendentes que obtivemos (atraves de

diferentes situ8<;:oes experimentais) se situam aqueles que demons tram que as crian<;:8s

elaboram ideias proprias a respeito dos sinais escritos" (FERREIRO, Emilia, p. 45).

Esta e uma leoria e nao um metoda, que supoe que a crian<;:a e capaz

de aprender a ler e escrever atraves de urn processo ativo de descobertas e de

constru<;:8o de hip6teses.

Embora a sua formaC;80 de ver a alfabetiza<;:ao nao tenna a pretensao de

ser urn guia para 0 professor, mas ao mesmo tempo oferece subsidios para a reflexao e

fundamenta<;:8a teorica para 0 processo evolutivo da descoberta da escrita pela crian<;:a

"A alfabetiza<;:ao passa a ser uma descoberta individual do aluno.

Desaparecem os conceitos pre~estabelecidas de 'certo e errado'. 0 aluno e analisado

em rela<;:8o a si me sma, a escrita convencional e usada como para metro de avalia<;:2Io e

o ritmo de cad a um e respeitado" (MEIRA, Ruth, 1985. p. 7).

Nesta proposta a aluno e encorajado a escrever, sem haver a

preocupa98o com as erras, chamado como tentativa de acerto, atingindo assim 0

objetivo maior da escola, que e 0 de possibilitar a leitura do mundo, criando condic;oes

adequadas para que a aluno domine a linguagem escnta como urna atividade social e

comunicativa

WO ate de leitura deve ser concebido como urn processo de coordenaC;80

de informac;oes de procedencia diversificada com todos os aspectos inferenciais que isto

supoe e cujo objetivo final e a obten9c3o do significado expresso lingOisticamente"

(FERREIRO, 1991. p. 70)

A CRIAN<;:A: UM SER SOCIAL

"Para aprender a escrever a criantya precisa fazer urna descoberta

basica de que se pode desenhar, alem das coisas, tambem a falal" (VIGOTSKY, 1989

p.134).

Para VIGOTSKY, 0 dominic de urn sistema de signos produzidos

Gulturalmente transforma a consci?!ncia do individuo.

A fala humana e, de lange 0 comportamento do usa de signos rnais

importante ao longo do desenvolvimento da crianc;a. Ela S8 prepara para atividades

futuras, planeja, ordena e controla 0 proprio comportamento e 0 dos Qutros. Atraves dos

signos a crianC;8 con segue colocar a fala, ja que, urna vez adquirida, au seja,

intemalizada, torna-se urna parte importante dos processos psicol6gicos superiores

A fala leva a crianC;8 a integraC;8o e unific8c;i::10 de aspectos variados do

comportamento tais como A percepc;;ao, a mem6ria e solu<;ao de problemas. Como um

ser social adquire seu referencial atraves de convivencia com outras crianc;as e ate

mesmo com 0 adulto. Este devera orienta-Ia e incentiva-Ia, atraves de situa<;6es reals

em grupo, levando a adquirir 0 desenvolvlmento intelectual. Atravas do jogo - ou do faz

II

de conta - na malaria das vezes imitando 0 adulto, reconhecendo as regras deste jogo,

a crianC;8 adquire 0 pensamento abstrato

VIGOTSKY considera que 0 aprendizado e 0 desenvolvimento estao

interrelacionados desde a primeiro dia de vida da crianC;8, mas enfatiza para 0 que

chama de zona de desenvolvimento proximal, au seja, aquila que a crian~a e capaz de

fazer como a auxilio de um adulto au de Dutra crianC;;8 mais experiente. Considera

tambem "nivel de desenvolvimento real", quando a crian<;8 consegue fazer par 5i 56,

atraves de uma evolu9c30 ja adquirida.

Afirma que e muito mais importante a traca de informacyoes com Qutras

crianC;8sau mesmo com adultos do que aquila que con segue fazer sozinha.

Neste processo educacional, a postura do professor e de suma

importancia, pais e atraves da interac;ao com este e com outras crianc;as que acontece a

seu desenvolvimento e a aquisic;ao do conhecimento cientifico.

o processo de educac;ao escolar e qualitativamente diferente do

processo de educa<;ao em sentido amplo. Na escola a crian<;a esta diante de uma tarefa

particular. entender as bases dos estudos cientificos, OU seja, um sistema de

concepc;6es cientlficas.

Durante 0 processo de educa<;ao escolar a crian<;a parte de suas

pr6prias generaliza<;oes e significados; na verdade ela nao sai de seus conceitos, mas

sim entra num novo caminho acompanhada deles, entra no caminho da analise

intelectual, da comparac;ilo da unificac;ilo e do e5tabelecimento de relac;oe5 169ica5. A

crian<;a raciocina seguin do as expllca<;oes recebidas, e entao reproduz opera<;:oes

16gicas, novas para ela, de transi<;:ao de uma generaliza<;:ao para outras generalizac;oes.

12

Os conceitos iniciais que foram construidos na crian~a ao longo de sua vida no contexto

de seu ambiente socia! (chamam estes conceitos de gdiarios" ou "espontaneos",

espontaneos na medida em que sao formados independentemente de qualquer

processo especialmente voltado para desenvolver seu controle), sao agora deslacados

para urn novo processo, para uma nova relat;ao especialmente cognitiva com 0 mundo,

e assim nesse processo as conceitos da crianC;:8 sao transfonnados e sua estrutura

muda. Durante 0 desenvolvimento da consciencia na crian<;a 0 entendimento das bases

de urn sistemas cientifico de conceitos assume agora a direc;:ao do processo.

A CRIANCA E 0 ADUL TO

A crianc;a quando bebe, comeya a explorar 0 meio sempre recorrendo

ao adulto como fonte de referencia, como cita BRAZELTON (1992, p. 65): "determinem

espa90s seguros onde ela possa conhecer a si mesma e assimilar as Iimites"

Segundo 0 autor. as Iimites para a crianc;a, tanto no meio familiar quanta

na escola, sao uma fonte de ensina.

Ainda segundo BRAZELTON (1992, p. 65): " .. eu sempre me orienta ria

pela crianya seu comportamento, Os limites sao uma forma de ensina. No tim do

primeiro ana de vida, depois que a crianya aprende a engatinhar na direc;ao de algo

proibido, ela vai procurar se certificar de que voce a esta observando. Ela comec;ara

inequivQcamente, a solicitar Iimites. Basta que voce observe, se a coisa proibida for

perigosa, mestre-se decidido e afaste a crianc;a".

Os adultos podem organizar 0 ambiente, evitando colocar em risco a

saude ou mesmo a seguran9a da crian9a, oferecendo-Ihe carinho e aten980 sempre que

solicitado.

o ideal e que se consiga passar urn referencial de seguranya, de

incentivo a autonomia e a coopera9c3o, e de regras basicas, proporcionando sernpre

14

atividades interessantes cnde as crian<;8S iniciarao a seu processo de construyao

individual ou com a grupo em que esta inserida.

Importante tambem que se desenvolva em um ambiente onde haja

dialogo, interay6es entre as adultos e crianc;as e das crianc;as entre si, nurn processo

constante de experimentac;ao, de comunicac;ao e de produ~o coletiva de novos

significados.

Quando comec;a a dominar 0 seu proprio corpo a crian9CJ vai

descobrindo, atraves do seu desenvolvimento, que pade expressar alguma caisa.

VIGOTSKY cita urn exemplo de uma crian<;a que" acaso desenhou uma

linha espiral sem qualquer intenc;ao e, de repente notando uma certa similaridade

exclamou alegremente: fuma~a, fuma~a, fuma~a!" (1991, p. 128).

Neste momento e importante a interfenancia do adulto, incentivando-a ,

valorizando assim suas descobertas.

A imagina9aa da crian9a se alimenta de tudo que a rodeia. Aquila que

ela ve, ouve e sente se constitui em experiencias e contribui para desenvolver a sua

imaginayao.

Portanto, quanta maior a experiencia de cada crian9a, mais rica pod era

ser a sue atividade imaginativa e maior a seu conhecimento.

Para VIGOTSKY, e inevitavel a conclusao pedagogica sabre a

necessidade de ampliar a experiencia da crian9a se queremos proporcionar-Ihe bases

suficientemente solidas para sua atividade criativa.

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Quanta mais veja, DUcta e experimenta, tanto rna,s cansideravel e

produtiva sera, as Qutras condig6es permanecendo iguais, a atividade de sua

imaginagao.

o papal do adulto e fundamental no processo de desenvolvimento da

crian<;8, nao para impor sua vontade, mas agindo na sentido de proporcionar

possibilidade de ampliac;ao da experiencia pessoal, ajudando·a quando for necessaria,

orientando-a e valorizando as suas atividades expressivas.

A constrw:;ao do conhecimento a raspeito dos Qutros e de 5i mesma e da

realidade social e influenciada pela 896es e interag6es significativas da vida cotidiana, e

do seu relacionamento com as pessoas.

o PROFESSOR ALIiABETIZADOR

A dinamica do trabalho do professor em sala de aula, devera estar

sustentada, pelo seu conhecimento, seguranC;8, dinamismo, criatividade e sobretudo

pel as interac;5es entre 0 grupo.

Devera ter dominic do conteudo e da fonna de encaminhamento

metodol6gico, garantir a apreensao e compreensao do conhecimento pelo atuno.

Sempre que passivel manter-S8 atuatizado, atraves de bibliografias, questionamentos

com Qutros professores, revistas especificas, congressos, encontros, palestras e

avali8yao de seu desempenho diariamente.

Eo importante tambem que 0 professor conhe,a a historia, ou seja, a

realidade de cada criany8, pois cad a urn tern a seu potencial de desenvolvimento, como

passa a perceber 0 mundo e os objetos que a cerca, como adquire e amplia a

linguagem, seus gestos, suas aptid6es, perrnitira ao professor trabalhar com maior

seguranrya e possibilidade de exito.

o ambiente deve ser a mais estimuladar passivel para favorecer as

habilidades, a interesse para que a crianrya passa aprender e entrar na munda da leltura

17

e da escrita de uma maneira que Ihe proporcione prazer, sem punic;oes, inibic;6es e

limites.

Os seus desenhos como tambem seus erras (tentativas de acertos)

deverao ser considerados como uma forma de escrita. a professor devera mostrar

satisfaC;8o e encoraja-Io a continuar.

A escola e 0 educador devem ter consciencia de que urn fracasso na

aprendizagem inicial, comprometera naD 56 a vida escolar do aluno, mas 8im 0 seu

proprio equilibrio emocionaL

Em muitos casas, S9 va uma preocupac;ao em preparar as crianc;as para

ingressarem na primeira serie do ensina fundamental, e mesma com as testes de

prontidao, exigidos por muitos colegios particulares, se distanciando do objetivo principal

da educ8c;ao infantil, que e 0 de criar uma consci€mcia critica e aquisiyao do

conhecimento cientifico atraves de experiencias.

Segundo KRAMER (1985, p. 106), "as familias passam a vincular a

escola de educal):ao infantil ao inicio da alfabetizayao, resultante da consciemcia que

essas famflias tem do pouco tempo que as crianl):8.s permanecerao no ensino

fundamental, bem como das funl):oes de preparal):ao e socializal):ao que a escola pode

exercer.

Neste sentido as familias passam a nao ter consciencia de seus direitos

gerando a passividade das classes populares. Pais e professores compartilham dessa

crenl):a a um ensino sistematico, mecanicista, negando suas potencialidades de

aprender par si s6 e ignorando que nao necessitam da permissao para comel):ar a

aprender. Os profissionais da educal):ao infantil pecam par sustentar esta condi9Bo de

JR

Wstatus" de sustentar de modo a satisfazer as pais que pagam pelo serviyo prestado,

tendo direito de exigi-Io"

A partir dessas reflex6es, deve-se pensar em tamar prioridade e 0

estudo do significado de "alfabetizayc30" dos 85tagi05 de desenvolvimento da linguagem

e da escrita, respeitando sua capacidade de aprender.

Para KRAMER, " .. alfabetizar nao S8 restringe a aplicay80 de rituais

repetitivos de escrita, leitura e calculo. Eta comecya no momento da pr6pria expressao,

quando as crian<tas falam de sua realidade e identificam as objetos que estao ao seu

redor (1985, p. 61)".

Afirmamos porem que a alfabetizaC;80 deve ser compreendida como urn

processo que S8 inicia atraves de uma experiencia real, ande a crian9a vai tocar, Quvir,

explorar, S8 informar, conviver e se relacionar.

T orna-se necessaria uma organiza<;8o das atividades orais, de forma a ir

alE~mdo espontaneismo e garantir, atraves de situ8<;oes significativas, ricas e variadas, 0

desenvolvimento da expressao oral do aluno, A produ(fao de textos, atraves de

passeios ou situa90es que envolvem 0 proprio ambiente ou a retina de trabalho, da-se

paralelamente as atividades orais. Em situa<;oes concretas, 0 aluna participa ativamente,

ditando textos ao professor, ajudando a escreve-Ios, dis cutin do com os colegas aquila

que faj escnto, realizando atividades de sistematiza<;8o, estabelecendo rela<;oes entre

palavras, letras e silabas, descobrindo e formando novas palavras e retornando a

escrever novas textos produzidos por ele, par colegas ou mesmo pelo professor.

Estas atividades serao realizadas atraves de urn planejamenta previa, no

qual 0 professor devera estabelecer metas para 0 seu desenvolvimento assegurando ao

19

aluno um trabalho de produ<;ao, discuss eo dos contetidos desenvolvidos no texto e de

dominic sistematico da grafia. A proposta de alfabetiz8c;ao nao pode S8 distanciar em

momento algum do seu objetivo maior que e 0 de favorecer ao aluno condic;oes para que

ele adquira 0 conhecimento da linguagem esenta como uma atividade significativa. Em

sintese, podernos afirmar que alfabetizar nae e trabalhar em cima de metodos

tradicionais, nem tampouco usar a linguagem artificial das cartilhas au mesma a

mecanica da [eitura e da eserita; e urn processD gradativQ e dinamico de apropriaC;8o do

saber.

Neste processo, a interveny80 do professor e fundamental para dar

condic;oes aos alunos de melhorarem cada vez mais sua produc;c3o e adquirirem 0

conhecimento atraves das interac;6es com 0 meio em que esta inserido.

A forma~EIO do professor exige fundamentalmente dominio te6rico do

conteudo, e 0 conhecimento e a questao primeira para desempenhar a seu papel como

educador e alfabetizador, visando urn crescimento em rela<;8o a compreensao radical da

hist6ria, ou seja, da realidade humana

ANALISE DE UM TRABALHO DENTRO DA VlsAo CONSTRUTIVISTA

A proposta apresentada pela Colec;ao Construtivismo na Pre-Escala, vol.

I e II, elaborada pela pedagog a RAQUEL RODRIGUEZ vern de encontro com a

fundamentay~o teorica apresentada

A educac;ao deve ser uma obra de pen cia, de habilidade, de

conhecimento, amor e paci?mcia. E uma traca cnde adulto-crianc;a, crianc;a-cnancr8,

elaboram, constroem 0 conhecimento atraves da influencia mutua.

o professor devera levar a crianc;a a utilizar a fala como forma de

expressao e instrumento de comunic8C;8o, oportunizando atividades diversas, pois a

linguagem e basica para a sua socializ8c;80.

Estimular process os de constrUtt80 de narrativas, inveny80 de historias,

exploraC;8o de fatos do cotidiano, individualmente au em grupo, lanc;ando mao de todos

o recursos disponiveis na escola e na comunidade.

A crian~a precisa ter ao seu alcance material de leitura como livros de

textos, poesias, revistas, gibis, calendarios, simbolos, receitasi cartas, notas de

compras, etc ..

fala, esse desejo vem na continuidade do processo.

Esta forma de pensar a aprendizagem difere da postura do professor

que procura treinar as crian<;as nas letras, estimulando-as a escrever 0 que as adultos

desejam.

Nesta nova forma de aprendizagem, a importancia do professor e ainda

maior, ja que ele precis a aproveitar todas as oportunidades e criar outras tantas,

canalizando 0 interesse dos alunos e incentivando-os nesse caminho do aprender.

A constru<;ao e apropria<;80 do saber, de forma reflexiva e critica, vai

permitir a crian<;a compreender 0 mundo, a realidade em que vive, a sociedade e sua

propria inser<;ao social.

o educador precisa ter consciencia de que a crian9a e um ser concreto,

a partir da analise de suas condi96es de vida economica, social e cultural, conduzindo 0

processo de ensino aprendizagem para a construt;:ao conjunta do conhecimento. Os

conteudos devem ser significativos e concretos, no sentido de que sao produzidos

historicamente, nas relat;:oes do homem com a natureza e com os outros homens.

Os conteudos desenvolvidos, conforme a especifica<tao das diversas

areas do conhecimento, devem possibilitar a crian<;a a compreensao da realidade

percebendo sua diversidade, diferentes fun<t5es, relac;oes de interdependencia e

transforma<toes, descrevendo, representando e registrando.

Conteudos:

22

Oralidade:

Verbalizayaa de names - professara, calegas, pais, etc.:

Realiza980 de atividades orais com associaC;:8o de ideias;

• Transmissao de recados, avis os e informac;:oes;

• Relato de fatos ocorrido

Leitura de textos;

Intera9ao entre as crianyas, atraves de conversas;

• Realiza980 de entre vistas;

Explorayao de poesias, trovas - linguas, lendas, musicas;

Explorac;:ao de hist6rias.

Unguagem escrita:

Utilizay80 de desenhos para registrar mensagens, hist6rias, etc.,

Explora<;ao do material escrito;

• Trabalho com 0 nome das crianyas, atraves de crachas, jogos,

chamada, etc.,

• Estabelecer relayoes entre nome do aluno, pessoas da familia,

produtos diversos, cidade, etc.,

• Pesquisa de material escrito encontrado na rua, em revistas, jornais,

etc.,

• Explora<;ao das letras do alfabeto;

13

• Leitura de material acessivel as crian9as;

• Cria~ao de textos escritos, individual e coletivamente.

Explora<;ao de lextos:

• Explora(:ao de textes atraves de desenhos;

Finaliz8«8o de textes incompletos;

• Modific8C;8.0 de textos;

Produc;8.o individual e coletiva de textes;

• Explorac;8.o de rimas encontradas nos textes;

• Oescobrir palavras que possuem as mesmas letras dos names das

crianC;8s;

Registros atraves de passeios;

• Elaborar albuns sabre varios temas.

CONCLusiio

A intenryao deste trabalho foi a de analisar os conteudos, teorias e forma

de aprendizagem desenvolvidos no periodo da EduC8980 Infant!!.

Segundo VIGOTSKY, as considera,oes leitas sobre a linguagem e 0

desenvolvimento indicam que a aquisiC;80 da lingua escrita deve ser alcanyada naD de

maneira mecanica, ende se privilegia a estuco de aspectos particulares do sistema

grafico, mas na perspectiva da signific8ry8o ende as palavras adquirem sentido no

processo de inter1ocury8o e, cujo sentido determina 0 usa de recursos da lingua.

Oeste modo, 0 texto oral e escrito, enquanto unidade de sentido,

enquanto esparyo dialogo sera 0 centro do trabalho no processo de aquisiC;80 da lingua

escrita. Somente nele a palavra alcanC;8 possibilidades mais amplas de significayEio que,

par sua vez, determina os fatos lingOisticos ( relayao letralfonemas, organizaltEio das

silabas, ora90es, acentua~ao, etc. ).

A palavra pode adquirir significalt0es distintas deperdendo do contexto

dentro do qual esta inserida e, se tomada isoladamente na sua literalidade revela

apenas uma dimensao do sentido, perdendo sua dimensao mais importante: a

construyao e reconstruyao no processo de interay80 verba\. E importante ressaltar, que

25

e neste processo dinam;co da ;nteray80 em situayoes de uso real da escrita que a

crianC;8 vai perceber a funC;80 social desta forma de finguagem. Para tanto e preciso que

o trabalho escolar de seitematizac;ao da lingua se de em situac;oes de uso real da feitura

e da escrita.

"0 momenta de maior significado no curso de desenvofvimento

intelectual que da origem as formas puramente humanas de inteligeneia pratiea e

abstrata aconteee quando a fala e a atividade pratica, entao duas linhas eompletamente

independentes do desenvolvimento, convergem" (VIGOTSKY, 1988. p. 27).

o professor exeree papel fundamental neste processo de aquisiC;80 do

conhecimento, pois sera atraves das condic;oes propiciadas par ele, que a crianc;a

construira sua estrutura de pensamento.

A escola de Educac;ao Infantil pode cont.ribuir com 0 desenvolvimento da

crianc;a, no sentido de aprender a ler e escrever, desde que no periodo ela vivencie

situac;oes onde possa desenvolver-se integralmente.

A crianc;a devera ser colocada em contato direto com 0 mundo real da

esc rita abandonando os metod os tradicionalistas centrados na forma mecanicista,

baseados em textos vazios e sem significado.

A coleC;8o WContrutivisrno na Pre-Escola», bern como outras publicac;oes

do genera, deve ser utillzada no sentido de apoiar 0 professor na elaboraC;80 do seu

programa de trabalho, sendo de grande valia para 0 desenvolvimento da crianya

As prapostas apresentadas vern de encontro a necessidade de planejar

com coerencia e organizay80. 0 professor deve proporcionar oportunidades para que a

crianc;a pense, relacione e reflita.

26

Ao planeja suas aulas, 0 professor devera ter como objetivos:

Proporcionar atividades que favorec;am a investigaCY80 e

experimentaC;80;

Atender as diferenc;as individuais;

Possibilitar a desenvo\vimento social e individual;

Respeitar 0 ritma do desenvolvimento da crianc;a;

Mudar seu planejamento de acordo com 0 interesse da crianc;a;

Faz-s8 necessaria co\ocar as crianC;8s em Situ8cyoes reais de

comunic8c;ao verbal, para que possam dizer aquila que pens am e sabem.

A fala permite que a crianC;8 reeeba informacyoes extemas reais

construindo sua pr6pria idei8 sobre a lingua gem oral e, como con sequencia, descubra a

importancia da lingua escrita.

As crianC;8s vivem em uma sociedade que estimula a escrita: anuncios,

livros, propagandas, jomais, documentos, cartazes, etc., levando-a a curiosidade de

intender e interpretar.

o professor, atraves de sua criatividade pedagogica, devera oportunizar

o contato com a lingua escrita, atraves de seus usos, mesmo antes da crianc;a se tornar

capaz efetivamente de ler e escrever.

Todos os textos , parlendas, rimas e poesias que fazem parte do

material de apoio, devem ter como objetivo desenvolver a imaginac;ao poetica e a

criatividade da crian9a, nao se limitando exclusivamente 80 saber, ao cognitiv~, e a

intelectualidade.

E dentro deste processo que se apresenta a linguagem

fundamental na aprendizagem da comunica<;ao, como fato de integra<;ao social.

Tudo que imaginamos e falamos pode ser registrado. As letras do nome

do atuno, a compara<;ao com as dos colegas, irao leva-Io a concluir que cada palavra e

representada por uma combina<;ao das letras do alfabeto.

"A fala humana e, de longe, 0 comportamento de uso de signos mais

importante ao Ion go do desenvolvimento da crian98. Atraves da fala, a crian<;a supera as

limita90es imediatas de seu ambiente. Ela se prepara para a atividade futura; planeja,

ordena e controla 0 proprio cornportarnento e 0 dos outros. A fala tam bern e um

excelente uso de signos, ja que, uma vez intemalizada, torna-se uma parte profunda e

con stante dos processos psicologicos superiores; a fala atua na organiza<;80, unifica<;80

e integra<;ao de aspectos variados do comportamento da crian<;a tais como: percep<;<3o,

memoria e soluc;ao de problemas" (VIGOTSKY, 1989. p.143).

A crian<;8 deve ser lev ada a utilizar 8 fala como forma de expressao e

instrumento de comunica<;ao com os outros, desde a idade do ber<;ario. Cabe ao

professor oportunizar esses momentos em atividades diversas, pOis a linguagem e

basica para a sua socializa<;ao.

A crian<;a precisa buscar a escrita para expressar suas experiencias e

comunicar-se com os outros.

Nesta nova forma de aprendizagem, a importancia do professor e ainda

maior, ja que ele precisa aproveitar todas as oportunidades e criar outras tantas,

canalizando a interesse dos alunos e incentivando...()s nesse caminho do aprender.

Concluindo: "a escrita deve ter significado para as crianc;as de que e

uma necessidade intrinseca e deve ser incorporada a uma tarefa necessaria e relevante

para a vida, s6 entao poderemos estar certos de que ela se desenvolvera nao como

habito de maos e dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem" (

VIGOTSKY, 1989. p. 134).

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