PUCSP2003_2dia

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Na década de 90, o Brasil iniciou um processo de reestruturação do setor de energia elétrica. Para complementar a demanda, e como forma de diversificar a obtenção dessa energia, optou-se por obtê-la, também, em usinas termoelétricas. Esse cenário tem incentivado a geração de energia através da queima do bagaço de cana, uma vez que, nesse processo, obtém-se uma grande quantidade de calor, parte do qual pode ser convertido em trabalho. Além disso, o grande potencial de produção da cana-de-açúcar no país, a menor agressão ao ambiente e o estímulo à produção do álcool como combustível, têm impulsionado ações visando a um melhor aproveitamento desta fonte de energia renovável. A figura abaixo esquematiza o funcionamento de uma usina termoelétrica alimentada pelo bagaço de cana-de- açúcar. OBJETIVO PUC (2º Dia) Dezembro/2002 4 FÍSICA E MATEMÁTICA

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  • Na dcada de 90, o Brasil iniciou um processo de reestruturao do setor de energia eltrica. Para complementara demanda, e como forma de diversificar a obteno dessa energia, optou-se por obt-la, tambm, em usinastermoeltricas.

    Esse cenrio tem incentivado a gerao de energia atravs da queima do bagao de cana, uma vez que, nesseprocesso, obtm-se uma grande quantidade de calor, parte do qual pode ser convertido em trabalho. Alm disso, ogrande potencial de produo da cana-de-acar no pas, a menor agresso ao ambiente e o estmulo produo dolcool como combustvel, tm impulsionado aes visando a um melhor aproveitamento desta fonte de energiarenovvel.

    A figura abaixo esquematiza o funcionamento de uma usina termoeltrica alimentada pelo bagao de cana-de-acar.

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20024

    FSICA E MATEMTICA

  • USINAS DE RIBEIRO PRETO GERAM EXCEDENTE

    Inmeras usinas de acar e destilarias de lcool do Estado de So Paulo produzem a energia eltrica queconsomem. Esta energia gerada por usinas termoeltricas prprias que utilizam o bagao de cana-de-acar como combustvel. Como no consomem toda a energia que produzem, geram um excedente que vendido para empresas concessionrias, tais como a CPFL (Companhia Paulista de Fora e Luz). Nointerior de So Paulo j h pelo menos 12 usinas que fazem isso e, no final do ms, ao invs de pagarem,elas recebem das distribuidoras. O bagao de cana utilizado em usinas termoeltricas para o aquecimento da caldeira tem poder calorficoda ordem de 2000 kcal/kg e o fator de eficincia na converso de energia trmica em energia eltrica podevariar significativamente de uma usina para outra.Segundo o engenheiro eletricista Arthur Padovani, uma rea de um hectare, na regio de Ribeiro Preto,produz, em condies normais, 90 toneladas de cana, que geram, na queima do bagao, energia suficientepara alimentar a usina e um excedente de energia, mandado para a rede pblica, avaliado em 3600 kWh.

    Adaptado de: Moacyr Castro O Estado de S.Paulo,17/06/2001

    INSTRUES:Nas respostas lembre-se de deixar seus processos de resoluo claramente expostos. No basta escrever apenas o resultado final. necessrio mostrar os clculos e/ou raciocnio utilizado.

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20025

    Nas questes seguintes, eventualmente, voc precisar de dados numricos contidos no texto. Procure-oscom ateno.

    a) Identifique quais so as transformaes de energia que ocorrem entre as fases 1 e 2 e entre as fases 3e 4 do processo esquematizado na figura. Em qual dessas duas transformaes realizado trabalhomecnico? Justifique.

    b) Supondo que todo o calor gerado pela queima do bagao de cana seja utilizado no aquecimento de 200L de gua de 10C at 100C, determine a massa de bagao necessria nesse processo.Dados: densidade da gua: dgua = 1 kg/L

    calor especfico da gua: cgua = 1 kcal/kg C

    c) Em uma usina termoeltrica que usa o bagao de cana como combustvel, o fator de eficincia natransformao de energia trmica em energia eltrica de 50%. Nessa usina, queimando-se 1080 kg debagao por minuto, qual ser a energia eltrica, em kWh, gerada por segundo? Use 1 cal = 4 J.

    d) Um agricultor dispe de 200 metros de arame para cercar uma rea retangular que tem um dos ladoscoincidindo com a margem de um rio. Cercando apenas os lados no banhados pelo rio, de maneira quea rea seja a mxima possvel, e plantando cana em toda a rea, qual o excedente de energia, em kWh,se todo o bagao da cana for queimado para alimentar a usina citada no texto pelo engenheiro ArthurPadovani? Lembre-se de que 1 hectare = 10 000 m2.

  • a) Nas fases 1 e 2: no forno, a energia potencial qumica armazenada no bagao de cana transformada em energia radiante (ondas de calor) pormeio da combusto dele;A energia radiante transformada em energia trmica ao ser absorvida pela gua e usada para aquec-la e produzir o vapor dgua.

    Nas fases 3 e 4: a energia trmica do vapor dgua transformada em energia mecnica de rotao da turbina e, no gerador, a energia mecnica transformada em energia eltrica.O trabalho mecnico realizado quando a energia trmica do vapor transformada em energia cintica de rotao das turbinas. A fora de pressodo vapor nas ps da turbina responsvel pela realizao do trabalho.

    b) 1. O calor necessrio para aquecer a gua dado por:Q = m c qQ = 200 . 1 . 90 (kcal)

    Convm notar que foi utilizada no clculo a paridade 1l de gua correspondente a 1kg dessa substncia.2. A massa de bagao e o calor produzido so proporcionais (regra de trs):

    1 kg 2 . 103 kcalm 18 . 103 kcal

    m = (kg)

    c) Se 1080 kg so queimados por minuto, teremos 18 kg por segundo.Usando a proporcionalidade entre massa de bagao e calor produzido, temos:1 kg 2 . 103 kcal18 kg Q

    Q = 36 . 103 kcal = 144 . 103 kJ

    Como a eficincia de 50%, a energia eltrica dada por:

    Eel = . 103 kJ = 72 . 103 kJ = 72 . 106J

    Porm: 1kWh = 103 . 3600J = 3,6 . 106J

    Portanto: Eel = kWh

    (energia eltrica gerada por segundo)

    d)

    De acordo com o texto, temos:

    a + b + a = 200

    2a + b = 200 (1)

    A rea cercada A dada por:

    A = ab (2)

    De (1): b = 200 2aEm (2): A = a (200 2a)

    Fazendo o grfico da funo A = f(a), temos:

    Eel = 20kWh

    72 . 1063,6 . 106

    144

    2

    m = 9 kg18 . 103

    2 . 103

    Q = 18 . 103 kcal

    Resoluo Comentada

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20026

  • Portanto, para Amx, temos:a = 50m e b = 100m

    A rea mxima

    Com 0,5 hectare de rea plantada so produzidas 45 toneladas de cana.No texto no foi citado durante quanto tempo (t) as 90 toneladas de cana conseguiram alimentar a usina e propiciar o excedente de 3600 kWh.Isto nos leva a fazer duas hipteses:

    1) A usina opera sempre com a mesma potncia.

    Neste caso quando reduzimos a quantidade de cana metade ento a usina funcionaria metade do tempo anterior ( ) e portanto aenergia consumida e o respectivo excedente se reduziriam metade, isto , o excedente passaria a ser 1800 kWh naquele intervalo de

    tempo .

    2) A usina no opera com a mesma potncia anterior.Neste caso temos que admitir que a pergunta se refira ao mesmo t que no foi citado no texto.Com 90 toneladas de bagao, a energia produzida dada por:

    90 . 103 kg Q1 kg 2 . 106 cal

    Q = 18 . 1010 cal = 72 . 1010 J = kWh

    Q = 20 . 104 kWh

    Admitindo (no foi citado no texto) que a eficincia desta usina tambm seja de 50%:

    E = 0,5 Q = 10 . 104 kWh

    A energia para abastecer a usina:

    Eel = E Eexcedente Eel = (10 . 10

    4 0,36 . 104) kWh = 9,64 . 104 kWh

    Com a rea de 0,5 hectare:

    E = = 5 . 104 kWh

    Nesse caso a energia E seria insuficiente para abastecer a usina, no mesmo intervalo de tempo t, e portanto no haveria energia excedente.

    Observao: No texto foi usada a expresso 90 toneladas de cana, que interpretamos como sendo 90 toneladas de bagao de cana; sem essasuposio no poderamos fazer o clculo da 2 hiptese.Acreditamos que o examinador tenha pretendido apenas a 1 hiptese por ns admitida.

    E2

    72 . 10103,6 . 106

    t2

    t2

    Amx = ab = 5000m2 = 0,5 hectare

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20027

  • A importncia do primeiro governo de Getlio Vargasna estruturao da legislao trabalhista, a naturezadessa legislao, e suas aes em relao organizao e aos movimentos dos trabalhadores.

    A disseminao (de 1930 at nossos dias) da legis-lao trabalhista, tendo em vista sua distribuiogeogrfica, na cidade e no campo.

    As modificaes na organizao sindical conquis-tadas pelas classes trabalhadoras surgidas daindustrializao, na regio metropolitana de SoPaulo, conhecida como ABCD.

    As transformaes estruturais do trabalho como aterceirizao, o trabalho feito em casa, o trabalhoautnomo etc., as presses para a flexibilizao dalegislao trabalhista e as formas de precarizaodas relaes de trabalho (por exemplo, o trabalhoinformal).

    O trabalho no Brasil

    Leia com ateno:

    Com a criao dos Sindicatos Profissionais moldados em regras uniformes e precisas, d-se s aspiraes dostrabalhadores e s necessidades dos patres expresso legal normal e autorizada. O arbtrio, tanto de uns como deoutros, gera a desconfiana, causa de descontentamentos, produz atritos que estalam em greves e locautes. Ossindicatos ou associaes de classe sero os pra-choques dessas tendncias antagnicas.

    Lindolfo Collor, Ministro do Trabalho, 1931. Apud: Kazumi Munakata. A legislao trabalhista no Brasil. So Paulo: Brasiliense, 1984. p. 84.

    ... a proletarizao do trabalhador rural, no Brasil, no redunda na

    multiplicao dos assalariados permanentes nas fazendas, mas na

    transformao da maioria dos colonos, parceiros e moradores em

    trabalhadores diaristas ou volantes, como so comumente

    conhecidos. O fato, surpreendente em si, passou a ser explicado

    pela reao patronal ao Estatuto do Trabalhador Rural, que estendeu

    ao trabalhador do campo os benefcios da legislao do trabalho.Paul Singer Introduo - Capital e trabalho no campo in Capital e trabalho no

    campo (org. Jaime Pinsky). So Paulo: Hucitec, 1977. p. 2.

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/200211

    GEOGRAFIA E HISTRIA

    Fuzileiros navais obrigam porturios em greve atrabalhar. Rio de Janeiro, fev.1965.

    A teleinformtica permite a extenso das relaes deterceirizao, particularmente entre as empresas situadas acentenas de milhares de quilmetros umas das outras, bemcomo a deslocalizao de tarefas rotineiras nas indstrias quese valem grandemente da informtica. Ela abre caminho paraa fragmentao de processos de trabalho e para novas formasde trabalho em domiclio.

    Franois Chesnais. Apud: Ricardo Antunes. Os sentidos do trabalho. SoPaulo: Boitempo, 1999. p. 114

    Considerando os textos e as imagens, discorra sobre a reordenao das relaes de trabalho no Brasil, iniciada nadcada de 30. Em seu texto procure contemplar:

    Ateno: No copie os textos das citaes e do enunciado.

  • Reordenao das relaes de trabalho no Brasil

    A reordenao das relaes de trabalho no Brasil est umbilicalmente associada ao processo de industrializao e de urbanizao iniciado naRepblica Velha, bem como criao do Estado Populista, a partir de 1930.

    O movimento operrio, bastante influenciado pelo anarcossindicalismo e violentamente reprimido pelos governos oligrquicos, foi redirecionadono primeiro governo de Getlio Vargas, de modo que o conflito capitaltrabalho passou a ser disciplinado pelo Estado. Para isso, Getlio criou oMinistrio do Trabalho, Indstria e Comrcio e legalizou os sindicatos, colocando-os sob a tutela ministerial. Essa subordinao dos sindicatos aogoverno favoreceu o surgimento do chamado peleguismo, em que o governo manipula o movimento dos trabalhadores por meio de falsaslideranas.

    Dentro dessa estrutura de controle sobre a atuao dos trabalhadores, o imposto sindical (1940) desempenhou um papel decisivo: enquantode um lado viabilizava financeiramente os sindicatos que o recebiam (e que, para isso, precisavam do reconhecimento oficial), de outro tornavaimpraticvel qualquer organizao trabalhista que no contasse com a aceitao por parte das autoridades.

    A legislao trabalhista, posta em vigor pelo primeiro governo Vargas, era de natureza paternalista e assistencialista, mas se restringia aosassalariados urbanos (jornada de oito horas, descanso semanal remunerado, frias anuais, aposentadoria, regulamentao do trabalho feminino einfantil, salrio mnimo etc.). A cristalizao desse processo se deu com a promulgao da Consolidao das Leis do Trabalho que, alm dos direitostrabalhistas propriamente ditos, regulamentava as relaes entre patres e empregados. Inspirada na Carta del Lavoro da Itlia Fascista, criou umaespcie de camisa-de-fora para o movimento operrio no Brasil.

    Os sindicatos rurais foram criados durante o efmero perodo parlamentarista (19611963). J a disseminao da legislao trabalhista aocampo, supreendentemente, foi obra do governo Castelo Branco, pouco depois do golpe militar de 1964. No entanto, ainda hoje o sindicalismo rurale os direitos trabalhistas no campo se chocam com uma implacvel oposio por parte dos setores mais conservadores.

    Em relao ao proletariado urbano, os governos militares agiram duramente contra qualquer manifestao de carter reivindicatrio, sobretudoem relao s greves. Todavia, com o processo de abertura iniciado pelo governo Geisel, o sindicalismo reorganizou-se, deflagrando o movimentogrevista de 1978, na regio industrial do ABCD. Foi ento que comeou a se destacar a figura de Luiz Incio da Silva, o Lula.

    Nesse contexto, as principais conquistas dos trabalhadores referem-se ao surgimento de um novo sindicalismo, desvinculado do poder doEstado e mais politizado, mas tambm fortemente ideologizado.

    A partir de 1964, as presses advindas de movimentos do campesinato levam ruptura no sistema de relaes de produo no campo. Comoconseqncia, temos a chamada Revoluo de 1964, um golpe militar que, ao mesmo tempo em que procurava manter o status quo poltico,assumia o interesse por mudanas a fim de evitar mais conflitos e rupturas. Assim, poucos meses aps o golpe, foi promulgado o Estatuto da Terrae do Trabalhador Rural. Este ltimo propunha a extenso de uma srie de direitos concedidos ao trabalhador urbano e rural (frias, 13 salrio,aposentadoria etc.).

    Essas medidas no tiveram o apoio dos proprietrios de terra, que as consideravam onerosas e impraticveis, gerando uma enorme dispensade mo-de-obra. Mais duas conseqncias sobrepem-se a esses fatos: 1) A elevada dispensa da mo-de-obra, que se dirigiu em massa para as cidades.2) Surgiu o que alguns autores chamam de proletarizao do campo, na qual os trabalhadores rurais passaram a ser empregados apenas tempo-

    rariamente como bias-frias (tambm chamados de volantes). Nesse momento, nota-se uma veloz diminuio de efetivos do setor primrio,processo que se verifica at os dias atuais.A partir dos anos 60, o processo de xodo rural intensifica-se e as populaes urbanas crescem seguidamente. Era de se esperar que a enorme

    mo-de-obra disponvel fosse absorvida pelas atividades industriais urbanas, tendo em vista um grande crescimento que esse setor experimentounos 70, com o aumento da produo de bens de consumo durveis. Tal fato aconteceu at, principalmente, os anos 80. Com isso, a atuao desindicatos, na base atitudes reivindicatrias, fez-se presente, garantindo alguns direitos bsicos aos trabalhadores.

    Contudo, ao mesmo tempo, intensificava-se o processo de evoluo da terceira onda tecnolgica, que implicava uma elevada automao,informatizao e robotizao da indstria. Tudo isso acarretou novas alteraes no setor produtivo, bem como nas relaes de trabalho.

    O setor industrial atual caracteriza-se pelo baixo uso da mo-de-obra, o que representa elevada dispensa de trabalhadores e, tambm,produtividade, fazendo com que o setor apresente um alto rendimento e dispense trabalhadores, alm de exigir mo-de-obra cada vez maisqualificada.

    Como implicaes desse processo, temos, primeiramente, uma mudana na funo e atuao de sindicatos, que de simples defensores dedireitos trabalhistas adquiridos, devem versatilizar suas atividades, para melhor atender aos anseios dos sindicalizados. Em segundo lugar, observa-se um aumento indiscriminado de trabalhadores sem-funo, que perderam suas atividades em virtude da automao da indstria ou do campo,e, supostamente, deveriam ocupar postos do setor tercirio da economia.

    O setor tercirio da economia encontra-se por sua vez sobrecarregado, com um excesso de trabalhadores no-qualificados, sem mecanismosou instituies como os sindicatos que os defendem, gerando desequilbrios no setor produtivo e problemas sociais como, por exemplo, o elevadocrescimento do trabalho informal, no qual o trabalhador no tem observado completamente seus direitos trabalhistas. Dentro dessa viso, encaixam-se tambm o trabalho feito em casa, bem como o trabalhador informal. Os sindicatos, muitas vezes incapazes de atender a essas necessidades,perdem seu poder de mobilizao, o que resultou, nos ltimos tempos, na diminuio de movimentos grevistas.

    A perspectiva que se coloca s relaes capital-trabalho, muda radicalmente nesse incio do sculo XXI, gerando a necessidade de um novoarcarbouo legislativo para atender s novas reinvidicaes trabalhistas.

    Resoluo Comentada

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/200212

  • OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20021

    BIOLOGIA E QUMICAQuando observamos um carro em movimento ou uma pessoa em atividade fsica, estamos presenciandotransformaes de energia para realizao de trabalho. Nos dois casos, a energia fornecida pela oxidaode molculas orgnicas presentes no combustvel e no alimento, respectivamente.A glicose o principal combustvel do corpo humano, fornecendo energia necessria para os diversos tiposde trabalhos biolgicos, inclusive o trabalho muscular. Entretanto, a energia liberada no processo decombusto da glicose no imediatamente aproveitada; ela inicialmente transferida e armazenada emmolculas de ATP (trifosfato de adenosina) que funcionam como moedas energticas que as clulasutilizam para pagar os custos envolvidos na realizao de trabalho.As reaes de combusto tambm so classificadas como reaes de xido-reduo, sendo o O2 o agenteoxidante. A combusto completa de combustveis como a gasolina, o lcool etlico e a glicose formam o gscarbnico (CO2), a gua (H2O) e liberam uma certa quantidade de energia. No entanto, caso no hajadisponibilidade adequada de gs oxignio, poder ocorrer a formao de outros subprodutos com liberaode menor quantidade de energia.

    Um msculo em intensa atividade necessita de umagrande quantidade de energia, consumindorapidamente o seu estoque de ATP. Para a produoem larga escala dessas molculas, as clulasmusculares utilizam carboidratos como combustvel,observando-se um aumento tanto no consumo de O2quanto na eliminao de CO2 (situao 1). Quando oesforo muscular muito intenso, verifica-se umacmulo de cido ltico (situao 2), o que podeprovocar fadiga muscular, isto , dor e enrijecimentoda musculatura.

  • a) Explique os fenmenos envolvidos nas situaes 1 e 2 apresentadas no texto, relacionando-os com adisponibilidade de O2 para as clulas musculares.

    b) Considerando que as clulas musculares apresentam um alto consumo de energia, indique qual aorganela encontrada em abundncia nessas clulas. Justifique sua resposta.

    c) Equacione a reao de combusto completa da glicose (C6H12O6). A partir das equaes termoqumicasabaixo determine o calor (entalpia) de combusto da glicose e o poder calorfico da glicose (*). Dica:Considere que h 5,5 mol de glicose em 1 kg dessa substncia.

    Equaes: C(grafite) + O2(g) fi CO2(g) Hf = 400 kJ/molH2(g) + 1/2 O2(g) fi H2O(l) Hf = 280 kJ/mol6 C(grafite) + 3 O2(g) + 6 H2(g) fi C6H12O6(s) Hf = 1 280 kJ/mol

    (*) O poder calorfico indica a quantidade de calor liberada na combusto completa de 1 kg de combustvel.

    d) Determine o nmero de oxidao mdio (Nox) do elemento carbono nas substncias glicose (C6H12O6),lcool etlico (C2H6O) e gs carbnico (CO2). Estabelea uma correlao entre o poder calorfico e onmero de oxidao mdio (Nox) do carbono dos combustveis acima, justificando a diferena de energialiberada durante a combusto completa dessas substncias.Dado: Poder calorfico do lcool etlico 30 000 kJ/kg

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20022

  • a)

    Situao 1:

    Quando a clula muscular apresenta O2 disponvel, ela realiza a respirao aerbia. O processo consiste nas seguintes etapas:I. Gliclise.

    II. Ciclo de Krebs ou dos cidos Tricarboxlicos.III. Cadeia respiratria ou transportadora de eltrons.A finalidade dessas reaes de oxidorreduo a fosforilao oxidativa, ou seja, a sntese de ATP, utilizando a energia obtida na oxidao doscompostos orgnicos.

    Situao 2:Quando a clula muscular apresenta dbito de oxignio, ela realiza a fermentao ltica. Neste processo, o cido pirvico transforma-se em cidoltico (C3H6O3). Trata-se de um processo que apresenta apenas a via glicoltica, no ocorrendo o ciclo de Krebs, nem a cadeia respiratria.A fermentao ltica permite uma obteno adicional de 2 ATP(s), por molcula de glicose utilizada.O excesso de cido ltico txico ao organismo, ocasionando a fadiga muscular.

    b) A mitocndria o organide citoplasmtico responsvel pela respirao aerbia. Na matriz mitocondrial, ocorre o ciclo de Krebs, e nas cristas, acadeia transportadora de eltrons.Como as clulas musculares apresentam um elevado consumo de ATP, elas possuem um grande nmero de mitocndrias.

    c) A combusto completa da glicose dada pela equao1C6H12O6(s) + 6O2(g) fi 6CO2(g) + 6H2O(l) H = ?

    Clculo do HInverter a terceira equao, multiplicar a primeira e a segunda equaes por 6 e somar (Lei de Hess):

    C6H12O6(s) fi 6C(grafite) + 3O2(g) + 6H2(g) H = + 1280kJ

    6C(grafite) + 6O2(g) fi 6CO2(g) H = 2400kJ

    6H2(g) + 3O2(g) fi 6H2O(l) H = 1680kJC6H12O6(s) + 6O2(g) fi 6CO2(g) + 6H2O(l) H = 2800kJ/mol

    Clculo do poder calorficoEm 1kg de combustvel h 5,5 mol de glicose:

    1 mol de C6H12O6 2.800kJ { x = 15.400kJ/kg5,5 mol xd) Clculo do Nox mdio:

    0 1+ 2 2 1+ 2 4+ 2C6H12O6 C2H6O CO20 + 12 12 = zero 4 + 6 2 = zero + 4 4 = zero

    Glicose: C6H12O6 lcool: C2H6ONox mdio de C = zero Nox mdio do C = 2 poder calorfico = 15400kJ/kg poder calorfico = 30000kJ/kg

    Combusto da glicose Combusto do lcool

    C6H12O6 fi CO2 C2H6O fi CO2

    Nox = 4 Nox = 6

    Para uma mesma massa de combustvel, quanto maior a variao do Nox mdio do C, maior a energia liberada, portanto, maior o poder calorfico.

    4+24+0

    Resoluo Comentada

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20023

  • OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20028

    RRRR EEEE DDDD AAAA OOOO

    No Brasil, h trs tipos de leis que regulamentam oTrabalho Infantil:

    1. A Constituio Federal que, em 1999, elevou de 14 para16 anos a idade mnima para o trabalho e 14 anos para oaprendiz.

    2. A Consolidao das Leis do Trabalho CLT onde seencontram as disposies para fiscalizao desse tipo detrabalho.

    3. O Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei 8.069/90)que probe o trabalho noturno, insalubre, perigoso oupenoso, realizado em locais e/ou horrios que impeam afrequncia s aulas.

    Victor

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    Folha

    de S. P

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    8/jul/20

    02. Fo

    to: Ag

    . Reut

    ers

    Josivan, de 8 anos, acorda s

    5 horas da

    manh e passa o dia cortando

    cana-de-

    acar para ajudar o pai a ganha

    r um sal-

    rio mnimo por ms.

    Paula Simas (texto e foto) dispon

    vel no site

    www.trabalhoinfantil.org.br

    Muitas mes levam seus filhos

    pequenos para colheita da laranja

    porque nas cidades no existem

    creches ou quando existem no h

    vagas para todas as crianas

    Iolanda Huzak (texto e foto)

    disponvel no sitewww.trabalhoinfantil.org.br

  • OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/20029

    Leia e relacione as informaes apresentadas aqui, paraque voc possa encontrar a sua forma de escrever sobre a questo que est sendo proposta.

    PROPOSTA :

    Redija uma carta ao presidente do Brasil, eleito em outubrodeste ano, expondo a situao atual do trabalho infantil e da ele os argumentos necessrios para responder s crianasque tm o sonho de ISLAI (depoimento 1).Ao final de seu texto, voc no poder assinar seu nome;crie, ento, um pseudnimo coerente com a sua carta.

    depoimento 1

    Quando fazia uma reportagem sobretrabalho infantil,Andreia Peresperguntou a ISLAI (6anos), quequebrava pedra em Retirolndia, BA, o que ele queria ser quando crescesse.CRIANA, foi a resposta.

    Engel Pascoal disponvel nosite http:/www.wmulher.com.br

    Nessa idade, elas deveriam estudar e brincar. na brincadeira que a crianaexercita a fantasia e a criatividade. Issofaz com que ela tenha uma condiointelectual melhor no futuro.

    Maria Dirce Benedito (psicloga) Folha de S. Paulo 18/ago/2002.

    Projetos que auxiliam a erradicao dotrabalho infantil:

    Fundao ABRINQ pelos direitos das crian-as.

    PETI: Programa de Erradicao do TrabalhoInfantil (Governo Federal) atende a 800 milcrianas no pas.

    Passe a limpo, a tinta, sua redao, no espao a ela reservado.O rascunho no ser considerado.

    Seu trabalho ser avaliado de acordo com os seguintes critrios:espirto crtico, clareza e coerncia compatvel com o tipo detexto pedido e com o tema proposto; adequao do pseudnimoao texto; capacidade de relacionar suas prprias informaesquelas apresentadas aqui.

    Luana, 7 anos, vende balas durante a

    madrugada em um bar da Vila Madalena,

    zona oeste de So Paulo.Folha de S. Paulo 18/ago/2002 Foto: Tuca Vieira

  • Surpreendendo pela proposta, a Banca Examinadora solicitou ao candidato que redigisse

    uma carta ao presidente eleito do Brasil, expondo a situao atual do trabalho infantil e

    oferecendo-lhe argumentos para responder s crianas que tm a infncia roubada pelo

    trabalho.

    Fotografias, grficos com estatsticas e depoimentos de crianas trabalhadoras

    compuseram uma coletnea de documentos em que o candidato deveria basear sua carta.

    Caberia, dentre outras possibilidades, chamar a ateno do presidente para a distncia

    que se verifica entre as leis que regulamentam o trabalho infantil e a realidade, evidenciada

    nas vergonhosas estatsticas que colocam o Brasil entre os pases com alto ndice de

    trabalhadores infantis.

    Seria apropriado, ainda, mencionar as causas e conseqncias das atividades que

    precocemente tiram da criana o espao destinado ao exerccio da fantasia, da criatividade,

    do desenvolvimento intelectual, e as confinam no rido universo do trabalho que, longe de

    dignificar, desumaniza e anula aquela que poderia e deveria ser a melhor fase da vida.

    Embora no devam ter faltado idias e informaes que dessem sustentao a sua carta,

    o candidato no poderia esquecer-se do compromisso de convencer seu interlocutor da

    necessidade de responder s crianas que, a exemplo do garoto Islai cujo depoimento

    consta do painel , mesmo sendo submetidas a vrias formas de explorao, ainda sonham

    com a possibilidade de provar o sabor da infncia. A resposta do presidente seria

    traduzida pela ampliao de projetos de combate ao trabalho infantil, maior rigor na

    fiscalizao de empregadores, alm de uma distribuio de renda que garantisse o sustento

    das famlias, desobrigando-as de delegar aos filhos uma responsabilidade que esto longe

    de poder assumir.

    Redao Comentrio

    OBJETIVO PUC (2 Dia) Dezembro/200210