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DIRETIVA DE PLANEAMENTO pág. 6 NRP SAGRES VIAGENS DE INSTRUÇÃO pág. 14 NRP JOÃO COUTINHO pág. 20 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 489 / ANO XLIV SETEMBRO/OUTUBRO 2014 / MENSAL / €1,50

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DIRETIVA DEPLANEAMENTOpág. 6

NRP SAGRESVIAGENS DE INSTRUÇÃOpág. 14

NRP JOÃO COUTINHO

pág. 20

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 489 / ANO XLIVSETEMBRO/OUTUBRO 2014 / MENSAL / €1,50

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FOTOGRAFIASANTIGAS, INÉDITAS OU CURIOSAS

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NRP Sagres no Porto das Pipas – Angra do Heroísmo (JUL 2014)

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Publicação Ofi cial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 489 / Ano XLIVsetembro-outubro 2014

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

SUMÁRIO

DiretorCALM Carlos Manuel Mina Henriques

Chefe de RedaçãoCMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira

Redatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de Brito

Secretário de RedaçãoSCH L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Desenho Gráfi coASS TEC DES Aida Cris na M.P. Faria

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifí cio das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 321 76 50Fax: 21 347 36 24

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.pt

Paginação eletrónica e produçãoInsti tuto Hidrográfi co

Tiragem média mensal4500 exemplares

Preço de venda avulso: € 1,50

DIRETIVA DE PLANEAMENTODA MARINHA 06

NRP JOÃO COUTINHO 20

NRP SAGRESVIAGENS DE INSTRUÇÃO14

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Fotografi as Anti gas, Inéditas ou Curiosas

Strategia 5

Visita do ALM CEMA/AMN a Angola

NRP Tridente. Pequena revisão com docagem

NRP Vasco da Gama integra a EUROMARFOR

Escola Naval

E se um estágio puder modifi car a vida de um jovem?

Entregas de Comando

Saibam Todos

Academia de Marinha

Vigia da História (67)

Estórias (6) / Convívio

Notí cias

Aniversários

Novas Histórias da Boti ca (36)

Saúde para Todos (18)

Quarto de Folga

Notí cias Pessoais / Convívios

Símbolos Heráldicos

CapaNRP Sagres nas Ilhas Selvagens

Foto 2MAR MS Carvalho da Conceição

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A SOMÁLIA E A UTILIDADE DAS MARINHAS

Stratεgia 5

A parti r do início da década passada, a pirataria maríti ma au-mentou signifi cati vamente no Corno de África, por ação de

piratas somalis. As causas para isso são diversas, sendo de referir o facto do país se encontrar em guerra civil desde 1991, situação agravada por uma seca profunda (que dura há mais de 12 anos) e pela total incapacidade do Estado para controlar o território e a população que, regra geral, vive abaixo do limiar de pobreza. Aliás, segundo um estudo recente do Banco Mundial, vários pira-tas entrevistados referiram a pobreza e a falta de oportunidades de emprego como os principais moti vos para se terem dedicado à pirataria.

Tudo isto fez com que a ati vidade dos piratas somalis fosse crescendo, até ultrapassar a centena de atos de pirataria em 2008 – entendendo-se por atos de pirataria as abordagens ou as tentati vas de abordagem de um navio, efetuadas em alto mar, com o objeti vo de cometer roubo ou outro crime, para fi ns pri-vados, e envolvendo a uti lização efeti va de força ou a intenção de o fazer.

Além disso, vários casos altamente mediati zados, ocorridos nesse ano (2008), fi zeram disparar a atenção geral para o fenó-meno. As potenciais consequências destes ataques causaram preocupação imediata. Primeiro, eles ameaçavam a entrega de ajuda internacional (nomeadamente do Programa Alimentar Mundial da ONU) ao povo da Somália, que vivia uma verdadei-ra tragédia humanitária. Segundo, eles consti tuíam uma ameaça ao regular fl uxo de tráfego maríti mo na principal rota comercial entre a Ásia e a Europa, por onde passam cerca de 70 navios por dia. Cabe aqui referir que a alternati va ao trânsito pelo Golfo de Áden e pelo Canal do Suez consiste na rota do Cabo, correspon-dente a fretes signifi cati vamente mais longos e mais demorados, com acréscimo dos preços dos bens transportados. Terceiro, a pirataria poderia acarretar riscos elevadíssimos, em termos de eventuais catástrofes ambientais, já para não falar em possíveis associações ao terrorismo.

A solução para este problema teria que passar por tentar as-segurar condições de governabilidade e de alguma normalidade políti ca e insti tucional na Somália, que permiti ssem restaurar a autoridade do Estado e estabelecer uma economia viável. Isso requeria uma ação de state building abrangente, que integrasse as várias dimensões essenciais à edifi cação de uma nação, co-

meçando inevitavelmente por uma intervenção militar em lar-ga escala, mas incluindo a reconciliação políti ca, o fomento da governança, a reconstrução económica e o fortalecimento das insti tuições e da sociedade civil. Porém, nessa altura, os países capazes de o fazer (com os EUA à cabeça) já estavam envolvidos em duas intervenções militares em larga escala (no Afeganistão e no Iraque) – o que limitava a sua capacidade de intervir. Além disso, a potência indispensável (os EUA) ainda ti nha bem presen-te na memória o fracasso da intervenção militar na Somália em meados da década de ‘90 – que condicionava a sua vontade de atuar. Acresce ainda que a parti r do início de 2009 ocorreu uma mudança na postura estratégica dos EUA que, com a chegada do Presidente Obama à Casa Branca, foram reduzindo os seus em-penhamentos no exterior, cortando com a políti ca intervencio-nista pós 11 de setembro de 2001.

Ou seja, não havia capacidade nem vontade para tentar atacar o problema da Somália pela raiz. Assim, a única maneira de ate-nuar e controlar a situação foi o envio de navios de guerra, cuja atuação ti nha suporte legal no direito internacional maríti mo (es-sencialmente, na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar), bem como em várias Resoluções do Conselho de Se-gurança das Nações Unidas. Essas resoluções permiti am (e per-mitem), com a concordância do governo federal de transição da Somália, a entrada no mar territorial somali, com o objeti vo de aí reprimir a pirataria, entendida em latu sensu, pois formalmente estes ilícitos designam-se como assaltos à mão armada contra navios quando cometi dos em águas territoriais.

Dessa forma, em resposta a um pedido da ONU, a NATO desen-cadeou, entre outubro e dezembro de 2008, a operação ALLIED PROVIDER e, a parti r de março de 2009, a ALLIED PROTECTOR. Em agosto de 2009, essa operação deu lugar à OCEAN SHIELD (ainda em curso e com duração prevista até fi nal de 2016).

Também a UE decidiu intervir na região, encetando a primeira missão naval ao abrigo da Políti ca Europeia de Segurança e De-fesa: a operação ATALANTA. Foi lançada formalmente em dezem-bro de 2008 e o seu termo tem sido sucessivamente estendido, encontrando-se atualmente previsto para fi nal de 2016. As várias forças navais presentes na área têm perfi s de atuação não total-mente coincidentes, embora todas concorram para a consecução dos mesmos objeti vos estratégicos.

Assim, a missão prioritária da operação ATA-LANTA consiste em assegurar a chegada da aju-da alimentar à Somália e garantir o apoio logísti-co às forças da African Union Mission in Somalia (AMISOM).

Além disso, a força naval europeia contribui para o combate à pirataria e a escolta/defesa de navios mais vulneráveis – que consti tuem as principais tarefas da força da NATO, bem como de uma força-tarefa lidera-da pelos EUA e de outros navios de guerra presentes na área (provenientes de Arábia Saudita, China, Co-reia do Sul, Índia, Irão, Japão e Rússia).

Cumulati vamente, essas forças e unidades navais têm desempenhado um papel essencial na salva-guarda da vida humana no mar, acudindo a inúme-ros pedidos de busca e salvamento, evacuação mé-dica e, mesmo, salvação maríti ma.

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AAtos dede pipirataria atribuídosribuídos a pipiratas SomalisSomalis(Fonte: Interna�onal Mari�me Bureau)

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Importa acrescentar que a UE (mais vocacionada do que a NATO para missões de apoio ao state building, de natureza predominan-temente não militar) foi alargando de forma signifi cati va o âmbito das suas missões, num esforço coerente de atacar as causas do problema. A Somalia Unit – além de responsável pelas missões EUTM Somalia (que visa o treino de forças de segurança) e EUCAP Nestor (que visa a edifi cação de capacidades de segurança maríti -ma) – tem investi do avultadas somas na promoção do desenvolvi-mento da Somália.

Quanto a Portugal, desde 2009 que tem contribuído, todos os anos, para o combate à pirataria maríti ma no Oceano Índico, através do envio de uma fragata com destacamentos de helicópteros e de fuzileiros embarcados, a que acresce a atribuição, por diversas ve-zes, de aviões de patrulha maríti ma P3P da Força Aérea Portuguesa.

Não obstante o esforço internacional encetado a parti r de 2008, o número de atos de pirataria não caiu de forma imediata, pois os piratas refi naram as suas formas de atuação, passando a usar navios-mãe (que podiam ser navios mercantes ou de pesca pre-viamente sequestrados), que transportavam as suas embarcações de assalto (skiff s) até muitas centenas de milhas da costa soma-li. Isso permiti u-lhes expandir a sua área de atuação até prati ca-mente todo o Oceano Índico, difi cultando a intervenção das forças navais. No entanto, os esforços desenvolvidos em vários domínios acabaram por dar resultados bastante frutuosos.

Em primeiro lugar, as várias forças presentes na área foram au-mentando a sua efi ciência, através da melhoria gradual da coor-denação entre si e da adoção de regras de empenhamento mais robustas, que passaram a permiti r o ataque às bases logísti cas dos piratas na costa somali, de forma a destruir as suas embarcações.

Em segundo lugar, a comunidade internacional foi – de forma lenta, mas progressiva – miti gando a maior limitação do combate à pirataria, que tem sido a incapacidade para julgar os suspeitos de pirataria. Embora ainda haja fragilidades nesta matéria, já se con-seguiram acordos de âmbito judicial, visando facilitar o julgamen-to dos piratas deti dos em tribunais estabelecidos para o efeito no Quénia, nas Seicheles, nas Maurícias e na Tanzânia.

Finalmente, a navegação mercante também foi adotando medi-das de proteção própria, que difi cultam a concreti zação e o suces-so dos ataques piratas, nomeadamente: navegação em comboio; adoção de velocidades mais elevadas; manutenção de comunica-ções permanentes com as autoridades de controlo da navegação; recurso a dispositi vos de resistência ao assalto (como barreiras de

arame farpado e canhões de água); instalação de cidadelas (i.e. áreas seguras e isoladas) para refúgio da tripulação em caso de ataque; e, fi nalmente, embarque de equipas de segurança priva-das ou, mesmo, de militares.

Todos estes esforços culminaram numa redução acentuadíssi-ma do número de atos de pirataria a parti r de 2012 (inclusive), conforme se pode atestar no gráfi co que ilustra este arti go. Sem menosprezar os outros contributos, é evidente que a atuação das marinhas se está a revelar essencial na contenção dos efeitos da desestruturação do Estado somali, assegurando a conti nuação da ajuda humanitária à população e a manutenção do regular fl uxo do tráfego maríti mo. Isso mostra a capacidade das marinhas para infl uenciar o que acontece em terra e a sua uti lidade na preserva-ção e na promoção do bem-estar global.

Contudo, nunca é de mais acentuar que a pirataria nesta região do globo só será controlada com alguma sustentação quando a Somália, com a ajuda da comunidade internacional, conseguir al-guma estabilidade políti ca e insti tucional, uma arquitetura de se-gurança minimamente efi caz e uma economia capaz de miti gar a exclusão social, a pobreza e a fome. Como é que isso pode ser con-seguido? É matéria que me proponho abordar na próxima edição da Revista da Armada.

Fuzileiros portugueses tomam de assalto uma embarcação pirata

Comandos portuguesesNo quadro do comando da força-tarefa da Aliança Atlânti ca Stan-

ding NATO Mariti me Group 1, exercido pelo nosso país entre janei-ro de 2009 e janeiro de 2010 – o então Contra-almirante Pereira da Cunha conduziu a operação ALLIED PROTECTOR entre março e junho de 2009 (sendo a fragata Corte-Real o navio-almirante) e a operação OCEAN SHIELD entre novembro de 2009 e janeiro de 2010 (com a fragata Álvares Cabral como navio-almirante).

No âmbito da União Europeia, a força naval encarregue da missão ATALANTA (denominada EUNAVFOR) já teve comando português por duas vezes. Entre abril e agosto de 2011, o comandante da força foi o então Comodoro Silvestre Correia, que esteve embarcado no na-vio-almirante Vasco da Gama. Dois anos depois, entre abril e agosto de 2013, o comando da EUNAVFOR pertenceu ao então Comodo-ro Novo Palma, com a fragata Álvares Cabral como navio-almirante.

Sardinha MonteiroCFR

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A Direti va de Planeamento da Marinha (DPM), sucessora da Di-reti va de Políti ca Naval, foi aprovada em junho pelo Almiran-

te Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). A DPM é um dos principais instrumentos de planeamento estratégico e da gestão de topo da Marinha, porque estabelece a políti ca naval para o período do mandato do CEMA (3 anos). Esta políti ca naval defi ne o processo de transformação ao nível dos recursos, da estrutura organizacional e da ação operacional que a Marinha deve seguir ao longo do período em causa, mantendo agilidade na adaptação às permanentes alterações do ambiente externo, identi fi cando respostas adequadas a novos desafi os e oportunidades, e procu-rando internamente melhorar o desempenho através da promo-ção de medidas de maior efi ciência, visando efi cácia no cumpri-mento da missão da Marinha: garanti r a Portugal o uso do mar na medida dos interesses nacionais.

Na elaboração da DPM são ti dos em conta documentos estru-turantes e enquadrantes do âmbito da políti ca de defesa nacio-nal, das Forças Armadas e da Marinha, como sejam o conceito estratégico de defesa nacional, o conceito estratégico militar, as missões das Forças Armadas, o sistema de forças e o plano da Marinha a 20 anos. Estes documentos defi nem, entre outros as-petos, os objeti vos de defesa nacional e militares, os recursos

necessários às missões e os processos transformacionais genéti -co, estrutural e operacional de longo prazo. Nesta visão de longo prazo destaca-se o plano da Marinha a 20 anos, atualizado bie-nalmente, que serve de linha orientadora para o encadeamento das sucessivas DPM.

Relati vamente ao conteúdo, a DPM parte de alguns aspetos âncora como sejam a missão, sinteti zada a parti r da forma que está detalhadamente explicitada na lei, e uma seleção dos valo-res cruciais da organização que parti cularmente se consti tuem como referenciais para a coesão na ação, o reforço da credibili-dade e do processo de inovação que se persegue: a disciplina, a lealdade, a honra, a integridade e a coragem.

“Missão: Contribuir para que Portugal use o mar”

Posteriormente é analisado o ambiente estratégico, nas suas vertentes externa e interna, tendo em conta as diversas tendên-cias evoluti vas, onde se destacam:

• as difi culdades económicas e fi nanceiras vividas por Portugal e pela Europa, que limitam os recursos disponíveis;

• as persistentes mas diversifi cadas tensões regionais no glo-bo, que representam ameaças à segurança internacional;

• a integração nacional em organizações internacionais, que obrigam à parti cipação nacional em esforços diversos no âmbito da defesa e da segurança;

• a diáspora, que simultaneamente representa interesses na-cionais a proteger e a explorar;

• e o cancelamento de diversos programas de construção de novos navios, que implica défi ces quanti tati vos e qualitati vos de meios para a ação de Portugal no mar.

Após esta análise, é apresentada a visão do Almirante CEMA, que se centra na necessidade de garanti r que a Marinha está sempre pronta e que dispõe dos recursos e do treino necessá-rios e adequados para garanti r a defesa dos interesses nacionais no mar.

“Visão: Uma Marinha focada no serviço à Nação, pronta, cre-dível e efi ciente, consti tuída por meios adequados e por pessoas competentes, preparadas e moti vadas, capaz de valorizar perma-nentemente as suas capacidades e competências para assegurar a defesa dos interesses de Portugal no Mar.”

Para garanti r o cumprimento da missão foram defi nidos, já em 2011 e manti dos na atual direti va, quatro objeti vos globais, com uma natureza de longo prazo, que enquadram cerca de uma de-zena de objeti vos estratégicos e as correspondentes linhas de ação. O primeiro está relacionado com a missão e visa a efi cá-cia: “assegurar o cumprimento da missão com efi cácia”. O segun-do refl ete a preocupação de não desperdiçar os recursos públi-cos na edifi cação de capacidades duplicadas, visando o aprovei-tamento das capacidades militares para ações não militares no mar: “prosseguir o aproveitamento das sinergias de emprego de capacidades e recursos de duplo uso”. O terceiro enquadra-se num quadro de permanente qualidade da gestão, pelo que visa a oti mização organizacional a vários níveis, aumentando a sua efi -ciência: “prosseguir a oti mização organizacional da Marinha”. O quarto objeti vo global foca-se nos recursos, parti cularmente na necessidade de rejuvenescer e reequilibrar a ti pologia dos meios navais que compõem a esquadra e que sustentam as diversas ca-pacidades da Marinha: “prosseguir a edifi cação equilibrada e a sustentação das capacidades da Marinha”.

DIRETIVA DE PLANEAMENTODA MARINHA

A Direti va de Planeamento da Marinha

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“Uma Marinha pronta e credível para defender os interesses de Portugal no mar.”

Na DPM os objeti vos estratégicos para cada uma das perspeti -vas de missão, operacional, estrutural e genéti ca, são identi fi ca-dos e explicados no que se refere aos efeitos pretendidos. A sua sistemati zação foi realizada num diagrama designado por mapa estratégico, destacando-se, relati vamente à Direti va de Políti ca Naval de 2011: no âmbito dos recursos, a introdução de objeti vos de valorização dos recursos humanos e de disponibilização de in-formação de apoio à decisão; no âmbito estrutural, o objeti vo de consolidação e potenciação da capacidade de conhecimento situacional maríti mo e de melhoria da gestão dos ciclos da ati vi-dade operacional; e, no âmbito operacional, a inclusão de obje-ti vos para o incremento da pronti dão das unidades operacionais, o incremento da vigilância e controlo dos espaços maríti mos de interesse nacional e o incremento das ati vidades de desenvolvi-mento cientí fi co e tecnológico.

De uma forma sucinta, os objeti vos estratégicos incluídos na DPM, e as respeti vas linhas de ação, refl etem a necessidade de re-formar a esquadra através da aquisição de novos meios e do abate ao efeti vo de navios em fi m de vida, de realizar alterações organi-zacionais que permitam reduzir o mais possível os custos da estru-tura de apoio por forma a permiti r alocar mais recursos fi nanceiros para a operação no mar e para a manutenção dos navios.

A DPM é simultaneamente um documento de planeamento es-tratégico e de comunicação estratégica. O seu conteúdo enquadra o planeamento aos diversos níveis da Marinha, garanti ndo um ali-nhamento verti cal, entre a chefi a da Marinha e os setores, e hori-zontal, entre os setores, dos objeti vos e linhas de ação a seguir pe-las diversas unidades orgânicas. A sincronização de iniciati vas mul-ti ssetoriais é garanti da através de um outro instrumento de ges-tão, designado por Plano Integrado da Marinha que, focado no ob-jeti vo de maximização do produto insti tucional, pretende sincroni-zar as ati vidades dos setores e das respeti vas unidades orgânicas.

O controlo periódico da operacionalização da DPM permite ao Almirante CEMA aferir desvios ao plano e determinar a rea-lização das ações necessárias para garanti r o cumprimento dos objeti vos transformacionais da Marinha para o seu mandato. Para além destes aspetos práti cos, a DPM permite que qualquer efeti vo da Marinha tenha um perceção imediata dos objeti vos intermédios e de topo para o qual a sua ação diária contribui,

A implementação da gestão estratégica na Marinha

dando-lhe um signifi cado e uma inteligência que ultrapassam a simples execução de ordens.

Na sequência da aprovação da DPM, está já em curso o pro-cesso de planeamento estratégico dos diversos setores da Ma-rinha. As quatro Superintendências, o Comando Naval, a Inspe-ção-Geral da Marinha, a Comissão Cultural da Marinha, a Escola Naval e o Insti tuto Hidrográfi co estão a produzir as suas Direti vas Setoriais para o período de mandato do Almirante CEMA. Estas direti vas têm uma estrutura semelhante à DPM e são produzi-das seguindo a mesma metodologia. A sua principal referência são os objeti vos de topo inscritos na DPM e a especifi cidade da sua missão. Igualmente, a cada objeti vo setorial são associadas linhas de ação, que por sua vez são materializadas através de ini-ciati vas estratégicas.

O controlo da estratégia defi nida na DPM e nas Direti vas Seto-riais é fundamental para garanti r a sua implementação ao longo do tempo, aferir desvios e ajustar as linhas de ação, bem como as iniciati vas estratégicas, visando ati ngir os objeti vos defi nidos. Para controlar a estratégia da Marinha foi desenvolvida uma apli-cação informáti ca pela Direção de Análise e Gestão da Informa-ção (DAGI) designada por “Sistema de Monitorização e Controlo da Gestão Estratégica”. No processo de monitorização e aferição da estratégia defi nida estão previstas realizar revisões operacio-nais com uma periodicidade de até quatro meses e revisões es-tratégicas anuais.

A DPM é, assim, um dos instrumentos do processo de gestão do planeamento estratégico da Marinha. A implementação for-mal e estruturada deste processo foi iniciada há alguns anos, tendo evoluído na sua maturidade tanto ao nível da elaboração como da execução e do controlo. Em termos navais e fazendo uma analogia com a evolução das técnicas e instrumentos de navegação da época dos Descobrimentos, a implementação do processo de planeamento estratégico ao longo dos últi mos anos permite que a gestão se possa fazer por rotas oceânicas, ao in-vés da navegação à vista de costa, contornando difi culdades por forma a garanti r uma Marinha pronta e credível para defender os interesses de Portugal no Mar.

A DPM está disponível para consulta na intranet da Marinha.

Colaboração do EMA

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VISITA DO ALM CEMA/AMNANGOLA

O Chefe do Estado-Maior da Armada/Autoridade Maríti ma Nacional, Almirante Luís Manuel Fourneaux Macieira Fragoso, deslocou-se à República de Angola de 7 a 12 de julho de 2014 para visitar a Marinha Angolana, correspondendo assim a um convite do seu homólogo Almirante Augusto da Silva Cunha, “Gugú”.

A FORMAÇÃO COMOVETOR FUNDAMENTAL

As fortes relações bilaterais entre as Ma-rinhas de Portugal e de Angola fi caram

mais uma vez comprovadas durante este encontro e o futuro passará pela conti nua-ção e reforço da cooperação, como salien-tou o Almirante Macieira Fragoso. Relações que serão aprofundadas, certamente, em breve na visita que o Almirante Silva Cunha fará ao nosso País.As áreas da formação e cooperação téc-nico-militar prestadas pela Marinha Por-tuguesa esti veram em destaque nesta vi-sita tendo esse facto sido aliás referido e salientado pelas Chefi as Angolanas, que destacaram o trabalho desenvolvido e a importância e qualidade do mesmo para ati ngir os objeti vos que a Marinha de Guerra Angolana (MGA) está a reali-zar nos seus diferentes projetos. Duran-

te a deslocação, o CEMA português teve oportunidade de conhecer várias unida-des ligadas à formação dos militares an-golanos, nomeadamente a Escola de Fu-zileiros, onde assisti u à inauguração da Messe de Ofi ciais e à cerimónia de en-cerramento do 16º curso de Formação de Fuzileiros, a Escola de Especialistas Navais e a Academia Naval. Contactou também com alguns projetos em curso nesta área, com especial destaque para a transformação da Escola de Especialistas Navais em Escola de Ofi ciais e a criação da Escola de Tecnologias Navais, no Am-briz, procurando desta forma a melhoria das condições de formação existentes na Marinha de Angola.

O Almirante Macieira Fragoso visitou ainda o Comando da Região Naval Sul, onde foram realizados diversos atos pro-tocolares, apresentações sobre a Marinha Angolana e visita às instalações.

A COOPERAÇÃO ÉPARA APROFUNDAR

Em equipa que ganha não se mexe e é esse também o entendimento das duas Marinhas, que pretendem manter a es-treita colaboração nas várias áreas já existentes bem como alargar para ou-tras parcerias.

A MGA está atualmente a realizar um importante processo de reestruturação, com o intuito de desenvolver e cimen-tar várias capacidades. Neste senti do, a formação e o ensino militar técnico-na-val assumem-se como a estrutura basi-lar sobre a qual poderá ser edifi cado um edifí cio operacional robusto, credível e efi ciente. O Comandante da Marinha An-golana reiterou a vontade de conti nuar a contar com o apoio e colaboração da Ma-rinha Portuguesa destacando os conheci-mentos e experiência desta nas referidas

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áreas. A este repto o ALM CEMA/AMN respondeu manifestando total disponibi-lidade da Marinha Portuguesa para refor-çar a cooperação existente entre as duas insti tuições.

38º ANIVERSÁRIO DA MARINHA DE GUERRA DE ANGOLA

O ALM CEMA/AMN teve ainda oportu-nidade de assisti r às cerimónias que mar-caram o aniversário da MGA que se reali-zaram no dia 10 de julho e que decorre-ram no Ambriz tendo sido presididas pelo General CEMGFA Sachipengo Nunda.

Neste período em Angola, o CEMA/AMN foi também recebido pelo Ministro da De-fesa Nacional, General João Lourenço, pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Sachipengo Nunda, e pelo Governador de Benguela, Engenheiro Isaac dos Anjos.

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NRP TRIDENTEpequena revisão com docagem

Passavam pouco mais de trinta minutos após a atracação no Cais 7-Charlie em Kiel, quando uma delegação da Direção de Navios

entrava a bordo para a primeira reunião de coordenação afeta à Pe-quena Revisão com Docagem (PR02+D02). Antes desta, e ainda em Portugal, ti nham já sido realizadas duas reuniões preliminares, mas esta era sem dúvida a mais importante. Primeiro porque daria “o pontapé de saída” para um exigente período de 5 meses de manu-tenção planeada e correti va, e segundo porque revelaria o verda-deiro estado do navio após dois anos de intensa ati vidade operacio-nal, com a parti cipação em vários exercícios nacionais e NATO, duas travessias atlânti cas, diversas patrulhas nos espaços de interesse nacional e das alianças de que Portugal faz parte, que perfi zeram cerca de 3806 horas de navegação e 366 dias de missão.

De forma muito resumida, este período de manutenção pla-neada ti nha como objeti vos: a inspeção a seco do estado geral do navio; o fecho de alguns dos relatos de avaria ainda abertos e identi fi cados durante o período de garanti a; a condução de ati vi-dades de manutenção planeada e correti va que permiti ssem as-segurar um estado de pronti dão dos órgãos, equipamentos e sis-temas adequados às exigências da ati vidade submarina. Assim, e no âmbito da manutenção planeada, a Direção de Navios Divi-são de Submarinos (DN-DS), submeteu uma lista de trabalhos ao estaleiro consti tuída por cerca de 700 ati vidades.

A concreti zação deste planeamento exausti vo de manutenções, num tempo reduzido como o esti pulado, era um verdadeiro desa-

fi o. Adicionalmente poderiam ainda surgir “surpresas”, já que al-guns componentes dos sistemas estão encerrados no interior do Glassfi ber Reinforced Plasti c (GRP)1 e abaixo da linha de água.

Face ao atual quadro orçamental foi ainda efetuado um esfor-ço na redução de custos, procedendo-se à oti mização do número de militares da guarnição necessários para o acompanhamento das ati vidades previstas, obrigando por isso a uma gestão mais efi ciente dos recursos humanos e fi nanceiros. Com uma lotação completa de 33 militares, o Tridente dispensou 14 militares que voaram para Lisboa três dias após a atracação em Kiel. Durante estes três dias foi reti rado todo o material de bordo (consumíveis, sobressalentes, ferramentas, soda lime2), realizada uma carga de condicionamento à bateria, desembarcada a água dos tanques de combustí vel interiores e exteriores, assegurando assim as pré-condições para docar em segurança. Desta forma fi caram em Kiel 19 militares cuja responsabilidade era operar os equipamentos de bordo, obrigando por isso a um acompanhamento permanen-te de todas as ações de manutenção, acompanhamento esse que se revelou ser decisivo para o resultado fi nal desta docagem, tan-to sob o ponto de vista da transferência de conhecimento, bem como ao nível da deteção e identi fi cação de muitas das avarias de bordo. Era ainda da sua responsabilidade assegurar as ações de manutenção preventi va planeada referentes aos 1º e 2º escalões. Por vezes, e pelo facto do número de militares da DN-DS ser redu-zido, havia que assegurar o acompanhamento de algumas ações

Muito embora o trânsito Lisboa-Kiel e a par cipação no DYNAMIC MONGOOSE 2014 tenham sido bastante exigentes para o NRP Tridente e guarnição, a manhã de 25 de fevereiro trouxe consigo desafi os diferentes que se acabariam por revelar, eventualmente, ainda mais exigentes. Iniciavam-se assim os trabalhos de manutenção que permi rão desenvolver no mar a a vidade submarina por mais dois anos de intenso período operacional.

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Tridente em trabalhos na doca nrº 5 da TKMS

de manutenção planeada e correti va de 3º escalão, bem como a parti cipação nos testes de bancada no estaleiro e em fábrica, as-sim como a parti cipação nos testes e certi fi cação de órgãos inter-vencionados nas ações de 3º escalão. Apesar das muitas ações de manutenção e das inerentes sucessivas horas de trabalho a acompanhar estas ati vidades, considera-se que o balanço fi nal foi bastante positi vo, permiti ndo uma muito profí cua parceria com o estaleiro e demais fabricantes, sendo reconhecida mais que uma vez a valia do contributo dos militares da Marinha.

Importa ainda realçar que durante todo o tempo da docagem foram asseguradas diversas cargas de bateria, tanto de manuten-ção como igualização, bem como uma série de reabastecimentos necessários a garanti r o aprovisionamento logísti co e verifi cado um conjunto de documentação técnica, do 1º e 2º Escalão, per-tencentes ao Ship’s Logisti c Informati on System (SLIS)3, por forma a adequar este sistema à realidade da classe “Tridente” no que diz respeito às ações de manutenção planeada de acordo com uma nova atualização, contratualmente prevista.

Às sucessivas desmontagens, reparação ou substi tuição de órgãos e posteriores montagens, associavam-se sempre duas reuniões de coordenação dos trabalhos, onde estavam representados todos os in-tervenientes envolvidos no projecto: Estaleiro TKMS, DN-DS e Navio.

Nestas 2 reuniões mati nais ao longo da semana era efetuado quase em tempo real o acompanhamento do planeamento e a coordenação de eventuais incompati bilidades de trabalhos. Se-riam ao longo da PR02+D02, com certeza, dos momentos mais profí cuos e simultaneamente tensos, já que seria a “área de ope-rações” onde os diversos intervenientes (Estaleiro, DN-DS e Na-vio) se aproximavam na coordenação de tão complexo projeto. Por diversas vezes mais parecia o episódio bíblico de David e Go-lias, face ao número de técnicos e especialistas que o estaleiro apresentava frente a uma Marinha de poucos recursos mas com uma vontade ti tânica de bem-fazer e de querer. Também aqui o “David” levou a sua vontade avante.

À semelhança do que aconteceu na Docagem de Garanti a, em fi nais de maio, a TKMS recebe o Diretor de Navios, CALM Garcia Belo, acompanhado pelo CMG EMQ Viveiros da Costa, para tratar de assuntos relacionados com o contrato de manutenção a realizar e ver in loco a intervenção levada a cabo no NRP Tridente. A visita teve a duração de dois dias e da agenda constou um ponto de si-tuação dos trabalhos e ati vidades previstas, uma visita às instala-ções do estaleiro, bem como uma visita detalhada a bordo, onde foi exposta a complexidade das intervenções em curso. Já no fi nal, o Diretor de Navios dirigiu-se à guarnição, agradecendo e exaltan-do-a a conti nuar o bom trabalho desenvolvido até ao momento.

No decurso desta docagem o Tridente teve a oportunidade de parti cipar nas comemorações ofi ciais do 10 de junho, Dia de Por- O Comandante com o Embaixador de Portugal em Berlim e esposa e o Adido de Defesa.

tugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Hambur-go. Neste senti do, o comandante do NRP Tridente foi convida-do pelo embaixador de Portugal em Berlim, dr. Luís de Almeida Sampaio, para parti cipar nos eventos relati vos às comemorações dos quais constaram um jantar a bordo do navio-museu Rickmer Rickmers – Sagres I, no dia 5 de junho, e uma receção no Museu Maríti mo de Hamburgo, no dia 7 de junho.

Há já largos meses que as autoridades alemãs ti nham disponi-bilizado a possibilidade das guarnições dos submarinos portugue-ses uti lizarem as capacidades de treino simulado do sistema de combate, dedicado aos submarinos da classe 212 batch 2, fazen-do para isso uso das instalações de treino sediadas no Centro de Formação de Submarinos em Eckernförd. Assim, num contexto de rentabilização dos recursos fi nanceiros, foi aproveitada a oportu-nidade do NRP Tridente se encontrar docado em Kiel (a 30 Km de Eckernförd), para enviar alguns dos militares que desempenham funções na área das operações, e que se encontravam em Kiel, ao Centro de Formação de Submarinos, da Marinha Alemã. O sistema de combate instalado nos submarinos da classe 212 batch 2 (ISUS 90-43) é muito idênti co ao instalado nos submarinos da classe Tri-dente (ISUS 90-50), o que permite o uso e exploração operacio-nal pelas equipas de operações dos submarinos portugueses sem grande difi culdade de adaptação e perda de tempo com a explo-ração do sistema e formação de operação adicional. Este treino designado por Combat Team Training (CTT), que teve a duração de duas semanas e contou com a presença de 9 militares divididos por duas bordadas, ao invés dos 15 que realmente desempenham funções, foi extremamente importante uma vez que as equipas de operações dos submarinos requerem elevados padrões de forma-ção e treino, face às exigências de segurança da navegação sub-marina. Mais relevante ainda é o facto da atual formação ministra-da no Centro de Instrução de Submarinos, mesmo que colmatada com séries de treino práti co atracado, não conseguir assegurar a totalidade das competências necessárias às equipas de operações de bordo, uma vez que é impossível simular cenários mais elabora-dos e complexos, dos quais se destacam o trânsito em campos de minas, ações de ISR4 à cota periscópica com dois metros de água abaixo da quilha e ações táti cas em tempo de crise e guerra na presença de 20 unidades opositoras, entre submarinos, navios de superfí cie equipados com diversos helicópteros e aeronaves de pa-trulha maríti ma. A alternati va acaba sempre por ser o treino de mar, o que encarece sobremaneira o treino e aumenta signifi cati -vamente o risco. O balanço fi nal do desempenho das equipas de operações do NRP Tridente, mesmo que desfalcadas, foi muito po-siti vo, tendo sido inclusive enviada, pelo comandante do Centro de Instrução de Submarinos alemão, uma carta a evidenciar a boa

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Notas.

1 GRP, estrutura exterior ao casco resistente e que assegura a forma hidrodinâmica ao navio e que permite proteger os equipamentos existentes entre o casco resistente e esta mesma estrutura.2 Substancia a va responsável pela absorção do dióxido de carbono a bordo.3 Sistema Integrado de Gestão Logís ca, compreende a gestão de todas as ações de manutenção previstas nos manuais para todos os escalões de manutenção previstos, bem como gestão de stocks, emissão e controlo de requisições e arquivo de todas as ações de manutenção efetuadas e relatórios gerados.4 ISR, Intelligence, Surveillance and Reconnaissance.5 Componente do odómetro que permite determinar a velocidade do submarino so-bre a água, através da alteração do campo eletromagné co.

prestação e os sólidos conhecimentos táti cos apresentados duran-te as ações simuladas.

Há ainda a registar com relevo as celebrações por ocasião do 4º aniversário do Tridente, que ocorreram dia 17 de junho, e que ti veram lugar no restaurante onde os 19 militares da guar-nição estavam abonados, o Restaurante Madeira. Este restauran-te, cujo proprietário é um português da zona de Leiria, Sr. Paulo Outeiro, acolheu-nos durante estes 5 meses sempre da melhor maneira, tendo inclusive abraçado a iniciati va e cedido as insta-lações. Para além da guarnição foram convidados os militares da delegação da DN-DS, bem como alguns dos ex-militares portu-gueses que atualmente trabalham para o estaleiro TKMS. A re-feição, especialmente confecionada com recurso a pratos ti pica-mente portugueses, incluiu umas entradas e o tí pico bacalhau à Braz, acompanhado com vinho nacional.

Mas como diz o lati m Anima Sana In Corpore Sano, também os militares do Tridente procuraram manter a sua forma fí sica respondendo com “presente” ao convite da TKMS ao torneio “SUBCUP”. Trata-se de um evento anual onde o estaleiro orga-niza um torneio desporti vo de futebol que reúne funcionários da TKMS, militares dos navios em construção e manutenção no estaleiro bem como elementos das empresas subcontratadas produtoras de sistemas e equipamentos dos navios ali construí-dos. Foi com um espírito de parti cipação elevado que alguns elementos da guarnição compareceram devidamente equipa-dos para defender as cores nacionais com intenção de as hon-rar ao mais alto nível. E assim foi… com apenas um golo sofrido, a vitória desporti va não sorriu ao navio, mas conquistámos o mais importante dos troféus … simpati a e o reconhecimento de alemães e estrangeiros ali presentes, pelo esforço, dedicação e tenacidade, tendo inclusivamente ganho o troféu de melhor equipa estrangeira.

Já na fase final da docagem, era hora de restabelecer os equipamentos e sistemas. À semelhança de outras docagens, a guarnição estava ciente que esta é uma fase crítica onde normalmente surgem avarias e/ou são identificadas falhas nos diversos circuitos de bordo. Tendo em conta a criticidade des-ta fase, a guarnição e DN-DS redobram a atenção numa luta contra o tempo com o objetivo de obter sobressalentes e con-sumíveis, ora da DA, ora do estaleiro e subcontratantes. Com mais ou menos dificuldade, os sistemas iam ficando operacio-nais, começando a ficar a ideia de que o projeto não iria mes-mo sofrer atrasos.

Estávamos assim em condição de iniciar uma nova etapa da nossa missão… conduzir o navio nas provas de aceitação dos sis-temas intervencionados.

Equipa de futebol do NRP Tridente, na SUBCUP

Fotografi a de grupo no Curso Combat Team Training

As provas de mar no Skagerak realizaram-se entre 5 e 7 de agos-to. Mais um momento de elevada intensidade para navio e guarni-ção. Após mais de 5 meses docado numa situação desconfortável para um navio com o fulgor do Tridente, era hora de o levar mais uma vez ao limite das suas capacidades operacionais e técnicas, a fi m de verifi car o correto estado de todos os equipamentos e siste-mas. Unida num esforço duplo de verifi car o estado do navio e em simultâneo iniciar regresso a Lisboa, a guarnição subtraiu horas de sono adicionando-as com dedicação às provas de mar. Para levar esta missão a bom porto tí nhamos adicionalmente embarcados 3 militares da DN-DS responsáveis pelos trabalhos, assim como um representante do estaleiro TKMS, que por sinal era um ex-militar da Marinha Portuguesa. Foram testados quase todos os sistemas, fi cando apenas por calibrar a sonda EM-LOG5, que apesar de todas as tentati vas insisti a em não trabalhar, e que acabaria por ser um dos pendentes que serão fechados já em Lisboa. O fi m desta longa missão era agora uma meta que a guarnição do Tridente vislum-brava. Foi assim que, na madrugada do dia 7, após o trânsito para Kiel, a parti cipação no DMON14 e cinco meses de intenso trabalho de estaleiro, longe das famílias, o nosso Tridente iniciava a viagem de regresso a águas nacionais, atracando na BNL dia 14 de agosto.

Se bem que foi dia de festa já se pensava na preparação de mais uma missão, prevista para fi nais de setembro, desta vez para a in-tegração no Standing NATO Mariti me Group 2 (SNMG2), com a inerente parti cipação na Operação ACTIVE ENDEAVOUR e no exer-cício NATO NOBLE MARINER 2014. Mas essa será outra história a contar oportunamente!

Colaboração do COMANDO DO NRP TRIDENTE

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NRP VASCO DA GAMAINTEGRA A EUROMARFOR

Entre os dias 7 e 13 de junho, o NRP Vasco da Gama integrou a Força Maríti ma Europeia (EUROMARFOR), a fi m de parti cipar

no MULTICOOPERATIVE EXERCISE 14 (MCE14). Este exercício de-correu entre os dias 9 e 13 de junho no porto de Casablanca (Reino de Marrocos) e numa área a noroeste de Casablanca, tendo conta-do com a parti cipação de uma unidade naval marroquina, a fragata Sultan Moulay Ismail.

A EUROMARFOR é uma força multi nacional que teve a sua forma-ção a 15 de maio de 1995. Esta força é consti tuída por Portugal, Espa-nha, Itália e França e, pela segunda vez desde 2010, realizou um exer-cício com a marinha marroquina. O MCE14 visou a interoperabilida-de entre as unidades da EUROMARFOR e a Marinha Real Marroquina em diversas áreas das operações navais, como a busca e salvamento maríti mo, a segurança maríti ma, comunicações e manobras e evolu-ções, contribuindo desta forma para a melhoria da segurança e esta-bilidade na faixa maríti ma entre o sul da Europa e o Norte de África.

O NRP Vasco da Gama largou a Base Naval de Lisboa a 5 de junho, tendo feito uma escala na Base Naval de Rota (Espanha), onde, no dia 7 de junho, se realizou a cerimónia de ati vação desta força tarefa, consti tuída por três navios: a fragata Vasco da Gama, a fragata Santa Maria (Espanha) e a fragata Montcalm (França). A cerimónia, que decorreu a bordo da fragata espanhola Santa Ma-ria, foi presidida pelo comandante da EUROMARFOR, vice-almi-rante D. Santi ago Bolíbar Piñeiro, que durante o seu discurso des-tacou a importância desta força maríti ma europeia.

No dia 8 de junho a força largou a Base Naval de Rota e iniciou o trânsito em companhia para Casablanca, tendo atracado na ma-nhã de 9 de junho. Após a chegada, o Comandante da Força Tare-fa (COMGRUEUROMARFOR), capitão-de-mar-e-guerra D. Domingo Gomez-Pamo y Guerra del Rio, acompanhado pelos comandantes dos navios, apresentou cumprimentos às autoridades locais, ten-do-se realizado posteriormente um almoço de retribuição de cum-primentos e uma receção a bordo da fragata Santa Maria. Neste dia decorreram também reuniões setoriais que visaram a prepara-ção e o planeamento de todos os exercícios previstos para a força realizar durante o MCE14.

No dia 10 de junho, dia de Portugal, de Camões e das Comu-nidades Portuguesas, o comandante do navio, capitão-de-fragata

Ricardo Freitas Braz, acompanhado por uma comiti va de ofi ciais, sargentos e praças da sua guarnição, parti cipou numa receção na residência ofi cial do Embaixador de Portugal no Reino de Marrocos (Rabat), onde houve a oportunidade de contactar com a comuni-dade portuguesa residente neste país, que se juntou para celebrar este dia tão especial.

Nesta fase de porto do exercício, que decorreu até 11 de junho, realizaram-se exercícios de abordagem e vistoria e assistência a um navio sinistrado, o que permiti u que as várias marinhas pudes-sem adquirir um maior conhecimento mútuo.

Na tarde do dia 11 de junho os navios largaram o porto de Casa-blanca a fi m de iniciar a fase de mar. Nesta fase foram realizados di-versos exercícios, que incluíram ações de abordagem e vistoria, as-sistência a um navio sinistrado, aproximações RAS (Replenishment At Sea), exercícios de defesa aérea e operações com helicópteros, destacando-se neste âmbito uma série de cross deck operati ons, o que permiti u que todos os helicópteros orgânicos realizassem ope-rações de voo em todos os navios. Esta fase de mar consti tuiu-se ainda como uma oportunidade de intercâmbio entre ofi ciais dos navios da EUROMARFOR e do navio da marinha marroquina Sultan Moulay Ismail – um ofi cial da fragata Vasco da Gama acompanhou o exercício a bordo da fragata marroquina e um ofi cial marroquino esteve a bordo da Vasco da Gama.

O MCE14 terminou na manhã do dia 13 de junho, tendo a fraga-ta Vasco da Gama iniciado de seguida o trânsito para Lisboa, che-gando na manhã de 15 de junho ao Alfeite.

A parti cipação de um navio português numa missão com estas característi cas, além de ser uma importante oportunidade de trei-no, assume parti cular relevância na medida em que contribuiu para a promoção do nosso país e do Talant de Bien Faire da Marinha Por-tuguesa. A presença do NRP Vasco da Gama nesta missão demons-tra ainda o empenho de Portugal para com os seus compromissos internacionais, onde se inclui esta integração na EUROMARFOR.

Colaboração do COMANDO DO NRP VASCO DA GAMA

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De 13 de junho a 20 de julho de 2014, passando pelas Canárias e Açores, com os cadetes do 2º ano (Curso D. Maria II) e de 28 de

julho a 8 de agosto de 2014, com os cadetes do 1º ano (Curso CMG Henrique Quirino da Fonseca) e do 15º Curso de Formação de Ofi -ciais do Serviço Técnico (CFOST), prati cando os Pontos de Apoio Naval (PAN) de Porti mão e Tróia.

Com ventos constantes do quadrante NW, a Sagres iniciou a Via-gem de Instrução do 2º ano na manhã do dia 13 de junho, largando da Base Naval de Lisboa (BNL) com 38 cadetes nacionais embarca-dos e 5 cadetes e ofi ciais estrangeiros a bordo, rumo a Las Palmas e com uma primeira passagem pelo promontório de Sagres, cumprin-do o previsto na Ordenança de Serviço Naval para navios em viagem de instrução, e posteriormente uma aproximação ao arquipélago das Selvagens. Na segunda ti rada, ventos predominantes de N e NE foram favoráveis para a navegação à vela entre os portos de Las Pal-mas, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, efetuando-se neste perío-do apenas 16% do tempo de navegação com uti lização da máquina. Na últi ma pernada de regresso à BNL, a infl uência do anti ciclone dos Açores permanente e estacionário anulou por completo os ventos predominantes de W espectáveis para esta altura do ano, obrigando ao recurso da máquina para ganhar algum planeamento, só permi-ti ndo a navegação com todo o pano nos últi mos 3 dias, permiti ndo contudo mais de 50% de navegação à vela.

A viagem de instrução do 1º ano começou em 28 de julho, per-miti ndo uma semana de aprontamento do navio para a nova mis-são. Com ventos do sector NNW na costa ocidental e de WSW na costa Algarvia, realizou-se uma elevada taxa de navegação à vela. Foi ainda possível efectuar duas passagens entre Lagos e Faro, em navegação à vela bem próximo de terra, potenciando a navegação costeira e possibilitando assim dinamizar o mediati smo associado ao navio, com ecos relevantes de quem estava presente nas praias da costa sul do Algarve e viu passar de perto a Sagres à vela, em

todo o seu esplendor. No regresso houve ainda tempo de prati car mais um porto inicialmente não planeado, entrando o navio a bar-ra de Setúbal com desti no ao PAN Tróia, para um almoço de con-vívio da guarnição.

A ATIVIDADES DIPLOMÁTICAS E DE REPRESENTAÇÃO

A Sagres, ao longo dos seus 52 anos ao serviço da Marinha Por-tuguesa, tem-se destacado como um dos mais emblemáti cos em-baixadores iti nerantes da nossa Marinha e símbolo de Portugal. Este ano, cumprindo com esse desígnio, foram realizadas diversas ati vidades de representação e presença naval nos portos visitados.

Decorridos 6 anos após a últi ma visita do navio a Las Palmas, o navio atracou na Base Militar “El Arsenal”, entre 19 e 22 de junho, tendo efetuado os cumprimentos protocolares previstos às enti da-des civis e militares locais. Nesta estadia realizou-se também um almoço e uma receção que contou com a presença de 100 con-vidados para enti dades civis e militares relevantes das Canárias.

Os portos nacionais foram os grandes desti nos da Sagres em 2014, tendo o navio visitado nos Açores Ponta Delgada e Angra do Heroísmo (porto não prati cado desde 2003) e no Conti nente Porti -mão e Tróia. Exceto em Tróia, paragem inicialmente não planeada, foram realizados almoços protocolares e receções nos portos escala-dos, contando com a presença dos respeti vos presidentes de câma-ra e representantes dos governos regionais e os representantes mili-tares das regiões, tendo o navio recebido este verão perto de 10.000 visitantes durante os períodos em que esteve aberto a visitas.

TREINO DA GUARNIÇÃO E CADETESApós o período de paragem para manutenção que se realizou

entre as viagens de instrução de 2013 e 2014, o navio realizou

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VIAGENS DO NRP SAGRESEM 2014Após pequenas navegações no final dos trabalhos de invernia, no âmbito do treino ou de pequenas missões nas proximidades de Lisboa, como o Dia da Marinha 2014, o Navio-escola Sagres realizou novamente as suas “grandes” missões com as tradicionais viagens de instrução dos cadetes da Escola Naval.

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as ações de treino previstas para o recomeço da sua ati vida-de operacional. Contudo, conti nuou a existi r a necessidade de manter os padrões de profi ciência ati ngidos no treino e reforçar o adestramento da guarnição na área de marinharia e manobra do navio à vela. Tendo presente os reduzidos períodos de na-vegação, foi neste senti do que esta viagem foi planeada, com ti radas sufi cientemente longas e médias de velocidades reduzi-das para que, mesmo com mareações mais “fechadas” ao ven-to predominante, fosse possível privilegiar a navegação à vela e potenciar a manobra do navio.

A taxa de navegação à vela neste período de operação ron-dou os 77%, permiti ndo a realização de diversas fainas gerais de mastros e fainas de quarto para manobras de mareação, rea-lização de manobras de “virar por d’avante” e “virar em roda”. Foi ainda possível reforçar as capacidades de formação mari-nheira e militar do navio com exercícios de homem ao mar, li-mitação de avarias, ti ro e pirotécnicos, uti lizando por diversas vezes a baleeira para instrução à vela e a remos e os ainda exis-tentes a bordo paus de surriola para atracação das embarca-ções miúdas, envolvendo assim a guarnição e os cadetes, no senti do de maximizar as oportunidades de treino.

CONVIDADOS ESTRANGEIROSComo vem sendo hábito, foram convidadas diversas Marinhas

estrangeiras amigas para o embarque da Viagem de Instrução do 2º ano. Dos 20 convites enviados, 11 obti veram resposta positi va e esti veram presentes este ano cadetes das Marinhas de Angola, Alemanha, Brasil, Canadá, China, Marrocos, México, Polónia, Tu-nísia, Turquia e Estados Unidos da América. Este embarque pro-porcionou aos cadetes embarcados uma oportunidade relevante de parti lha de conhecimentos e cultura das organizações militares estrangeiras que certamente contribuíram para o enriquecimento da formação dos futuros ofi ciais da nossa Marinha.

* Relati vo ao total de navegação efetuado.

DADOS ESTATÍSTICOS VI 2º ANO VI 1º ANO

Dias de missão

Taxa de navegação

Milhas percorridas

Portos visitados PAN Porti mãoe Tróia

Horas de missão

Horas de navegação

Taxa de navegação à vela

Velocidade média

Las Palmas, P. Delgada, Angra do Heroísmo

38

75%

3056

888

670

76%*

4,6

12

77%

760

264

204

77%*

4,0

Número de dias atracado 4 (60h)11

“For me the chance to meet people from so many diff erent navies, to discuss the training and to see how Portugal trains their future navy leaders was a great experience. As a German cadet I already sailed on the sister ship SSS GORCH FOCK and because I had a great me there I did not have to think twice about going to NRP Sagres when I was asked.”

Benjamin Hech Sergeant Offi ce CadetCadete da Marinha Alemã embarcado na VI 2º ano 2014

Colaboração do COMANDO DO NRP SAGRES

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REVISTA DA ARMADA | 489REVISTA DA ARMADA | 489

1º ENCONTRO DO "SYSTEMS CONCEPTS AND INTEGRATION EXPLORATORY TEAM 012"

ESCOLA NAVAL

Nos passados dias 5 a 7 de maio, realizou-se, na Escola Naval, a 19ª Conferência de Comandantes das Escolas Navais Euro-

peias (www.eunaweb.eu). Estas conferências têm uma periodici-dade bienal, tendo-se realizado em Portugal, pela últi ma vez, no ano de 1998 (historial das conferências no quadro abaixo).

Nestas conferências têm parti cipado as Escolas Navais dos se-guintes países europeus: Alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Norue-ga, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Suécia e Turquia. De salientar, a parti cipação da Escola Naval dos Estados Unidos da América, que tem tomado parte nesta ati vidade desde a sua pri-meira edição, tendo-se já tornado uma tradição a sua colabora-ção. Mais recentemente tem contado ainda com a parti cipação do European Security and Defence College para divulgação e envolvi-mento das Escolas Navais Europeias na Iniciati va Europeia Exchan-ge of Young Offi cers, inspirada no Erasmus (www.emilyo.eu).

A realização destas conferências é fundamental para permiti r a mútua compreensão dos diversos modelos de formação dos futuros ofi ciais, uti lizados pelas Escolas Navais parti cipantes. Os diferentes modelos existentes, quer sejam através de ensino uni-versitário com atribuição de grau académico pelas próprias Es-colas Navais ou por acordos bilaterais com outras universidades, quer sejam através de ensino não universitário sem atribuição de grau académico, parti lham soluções semelhantes para garan-ti r a formação militar-naval, consubstanciada na formação e no treino nas áreas da navegação, da marinharia, da liderança e do treino fí sico.

A conferência realizada na Escola Naval teve como tema “New Ways of Cooperati on in Training and Evaluati on: Navigati on, Seamanship, Leadership and Physical Training” incidindo o deba-te nos modelos de cooperação, formatos de treino e critérios de avaliação por forma a elevar os atuais padrões de qualidade exigi-dos pelas diversas esquadras, incluindo a realização de ati vidades em ambiente simulado, no contexto do ambiente global de fortes restrições económicas que assolam as Marinhas Europeias. A des-

Realizou-se na Escola Naval, nos dias 8 e 9 de julho, o 1º Encontro do “Systems Concepts and Integrati on (SCI) – Exploratory Team

(ET) – 012, Aff ordable Roboti cs for Military Operati ons”. Este gru-po de trabalho, NATO SCI-ET-012, desti na-se a estudar as principais causas dos elevados custos dos sistemas robóti cos militares quando comparados com soluções civis de baixo custo. Para além da parti ci-pação nacional, da Marinha – Centro de Investi gação Naval (CINAV), Exército – Centro de Investi gação da Academia Militar (CINAMIL), Insti tuto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) e Fa-culdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), este even-to contou com parti cipantes dos Estados Unidos da América (Offi ce of Naval Research), da Alemanha (Insti tuto Fraunhofer e Exército – Military Engineering Centre of Excellence), da Estónia (Ministério da Defesa – Research Laboratory for Proacti ve Technologies). Parti cipa-ram, ainda, via teleconferência, um representante do Centro NATO – Centre for Mariti me Research and Experimentati on (CMRE), repre-sentantes da Bélgica e representantes da França.

tacar ainda as apresentações sobre os projectos de investi gação e desenvolvimento do Centro de Investi gação Naval e uma apresen-tação sobre as Jornadas do Mar 2014 a ocorrer na Escola Naval, em novembro, com o tema “Mar: Uma onda de progresso”.

Durante o período do evento, decorreu também um pequeno programa social que procurou dar aos parti cipantes uma panorâ-mica dos aspetos culturais mais relevantes do nosso país.

A próxima Conferência de Comandantes está prevista para o ano de 2016, nos Estados Unidos da América, e será precedida de uma pré-conferência a realizar no Reino Unido em 2015.

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Quando falam dos seus estágios, é a expressão “ganhar expe-riência” que sobressai, condição sine qua non de admissão

no mercado de trabalho. É esta a matriz dos estágios. As em-presas valorizam a componente experiência, difí cil é encontrar quem a proporcione.

Integrar jovens, licenciados ou não, numa equipa de trabalho é sempre uma decisão desafi ante, quer para a insti tuição de aco-lhimento quer para os próprios. É necessário saber arti cular o normal funcionamento dos organismos com a atenção e disponi-bilidade que um estagiário exige de forma a colmatar a sua falta de experiência e alguma insegurança.

De entre as várias unidades de acolhimento de estágios da Ma-rinha, destacamos a Base Naval de Lisboa (BNL), nas pessoas do CMG Dores Aresta e do CTEN Duarte de Oliveira, pela conjuga-ção de vontades; por um lado, conti nuar o trabalho normal da insti tuição, por outro abrir a BNL à realidade social envolvente, tornando-a assim uma parceira efeti va da comunidade, contri-buindo para transformar programas educati vos em oportunida-des concretas e palpáveis…

Os estagiários que este ano chegaram à BNL são maioritariamen-te oriundos de escolas profi ssionais. Num país em que a iliteracia ainda rondava os 5,2% da população, em 2011, e a taxa de abando-no precoce de educação e formação era de 18,9%, em 2013 (Fon-te: INE, PORDATA), os cursos de aprendizagem são uma alternati va ao sistema escolar, permiti ndo a aquisição simultânea de compe-tências académicas para conclusão do 12º ano, com a hipótese de prosseguimento de estudos para o ensino superior, e de compe-tências profi ssionais, em contexto de trabalho, que potenciam o in-gresso mais rápido no mercado de trabalho. O paradigma da forma-

ção tem vindo a alterar-se privilegiando o saber-fazer como um dos fatores de seleção e diferenciação dos candidatos a este mercado.

É o caso do Centro de Formação e Reabilitação Profi ssional de Alcoitão (CFRPA). De entre as várias ações que o CFRPA de-senvolve, foram-nos solicitados estágios para quatro formandos de Gestão de Redes Informáti cas, de nível 4 de qualifi cação do Quadro Nacional de Qualifi cações (QNQ). Colocados no Serviço de Eletricidade da BNL, no Pólo Informáti co, sob coordenação da Direção de Tecnologias de Informação e Comunicações, o facto de se tratar de formandos adultos consti tui, nas palavras do 2TEN D’Albergaria Rodrigues, “uma mais-valia, pois têm maior dedica-ção ao serviço e maior senti do de responsabilidade”. Os percur-sos de vida destes estagiários são tão disti ntos como os seus per-cursos profi ssionais.

Lorena Casagrande, 25 anos, sorriso grande, fala com aquele jeiti nho tão próprio dos brasileiros. O seu percurso profi ssional estende-se desde as vendas ao público até fl orista.

Yurii Maksymenko, 37 anos, de naturalidade ucraniana, mas com nacionalidade portuguesa, 5º ano da Licenciatura em Matemáti ca e Desenho Técnico da Universidade de Kiev, foi professor de desenho técnico na escola em Kiev, empregado de balcão, pintor da constru-ção civil, entre outras profi ssões, mas fi cou desempregado em 2012.

Hugo Aguiar, 35 anos, técnico-sénior de projeto, instalação e manutenção de equipamentos de uma empresa portuguesa, já trabalhou em Angola, Cabo Verde e Espanha a dar formação a equipas técnicas nesses países.

José Caldeira, 38 anos, empregado de balcão/mesas, ajudante de serralheiro, pintor, o seu sonho é ser técnico de informáti ca e criar soft ware para o seu próprio projeto.

E SE UM ESTÁGIO

PUDER MODIFICAR A VIDA DE UM JOVEM?Foi com muita sa sfação que "descobri" a abertura da Marinha a estágios curriculares.Não sei se estarão a par da difi culdade que existe em colocar todos os nossos formandos em estágio curricular.

Maria da Luz AragãoCentro de Formação e Reabilitação Profi ssional de Alcoitão

Romana Lopes, Íris Rosa, Manuel Augusto e Leandro Valadão – Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio

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Para todos eles, a Marinha é sinónimo de credibilidade, foi por isso com sati sfação e senti do de “missão cumprida” que ouvimos estes estagiários falar do acolhimento feito na BNL, da “disponibili-dade, organização e rigor…”, da possibilidade de contactarem com tecnologias e técnicas que se encontram para além das situações simuláveis durante a formação e terem ti do “o privilégio de passar a sério as fi bras óti cas, ajudar na implementação da automati zação do sistema de abastecimento de água do Alfeite”. Mas a sua apren-dizagem estendeu-se também às vivências inerentes às relações hu-manas no trabalho, ao espírito de camaradagem, ao respeito pelo outro, presente nos almoços em grupo, “Parecemos uma família”.

Também anualmente temos recebido alunos da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, como é o caso do Nuno Fragoso, só que neste caso foi ele quem escolheu a Marinha, talvez por ter ligações familia-res à insti tuição e reconhecer nela “o espírito de entreajuda, o am-biente saudável, muito diferente de lá fora”. A estagiar no Serviço de Eletricidade, diz já ter aprendido muito no que toca a redes elétricas.

Do Centro de Emprego e Formação Profi ssional do Seixal, re-cebemos do Curso Técnico de Instalações Elétricas o Fábio Gon-çalves e o João Matos, alunos “bastante interessados e com boa adaptação ao meio militar”, nas palavras do SAJ Matos do Serviço de Eletricidade. Embora o Fábio seja fi lho de marinheiro, a Ma-rinha que encontrou não era a esperada, “nada ti nha a ver com

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os fi lmes”. A “hierarquia é difí cil”, diz o João, mas “o espírito de equipa prevalece”. Aprenderam a fazer “pequenas reparações de aparelhos, a ligar e desligar os navios”.

Mas um estágio não se resume só a ganhar experiência, a co-locar em práti ca os conhecimentos adquiridos. Embora a aqui-sição destas competências tenha um impacto mais imediato, as competências relacionais, sociais e comportamentais podem ter resultados mais duradouros.

É o caso dos alunos ao abrigo do Programa Integrado de Educa-ção e Formação (PIEF), programa de “cariz social e educati vo, em simultâneo, pretendendo dar uma resposta a jovens cujo percur-so escolar foi pautado pela desmoti vação e consequentemente insucesso reiterado”, como nos explicaram os dois Técnicos de Intervenção Local, Pedro Palrão e Rute Pereira, respeti vamente destacados para a Escola Secundária Romeu Correia e Escola Se-cundária do Monte da Caparica.

O projeto concreti zado nestas escolas permite a certi fi cação dos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico a jovens a parti r dos 15 anos de idade. Desvinculados precocemente da escola, é ao nível das competências pessoais e sociais que o impacto das suas vivências é mais notório. O “estágio” solicitado à Marinha era ao nível do trabalho das competências pessoais, ao nível do saber-estar, indis-pensáveis “para uma maior autoconfi ança e autovalorização dos alunos por terem oportunidade de se revelarem como competen-tes e responsáveis em contextos de maior responsabilidade, per-miti ndo uma visão mais positi va de si próprios para si e para os outros”, na opinião dos dois técnicos de intervenção.

Alguns fatores condicionaram, contudo, o sucesso desta inte-gração, como foi o caso de suspensões, de mudança de escola e de abandono escolar. Dos sete alunos propostos para estágio, apenas foi possível falar com o Rodrigo Tavares, da área de Ho-telaria e Restauração, a estagiar na Messe de Sargentos e Praças.

16 anos, de aspeto franzino, conversador, sorriso fácil, pensa aca-bar este ano o 6º ano, “A minha mãe e ti a é que ti veram a ideia de vir para a Marinha. Síti o bué fi xe. Gosto da cozinha, boa comida”. Faz de tudo um pouco, descasca cebolas, alhos, desfi a frango e pato, limpa batatas. Até já nos dá dicas, “Para não chorar a cortar cebola, molha os pulsos, é este o truque”. Mas a empati a vai para o Cabo Gomes, “um chefe muito fi xe, fala comigo, ensina-me e preocupa-se com o que eu como, ensina-me boas maneiras. Para o ano vou fazer os 7º, 8º e 9º anos e quero vir estagiar outra vez para aqui”.

Hugo Aguiar, Lorena Casagrande, Yurii Maksymenko e José CaldeiraCentro de Formação e Reabilitação Profi ssional de Alcoitão

Margarida Peneda, Rúben Silva, Diogo Rouxinol e Francisco Torrado – Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio

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trabalhar, mas é diverti do, são todos simpáti cos. Quero acabar o 9º ano para concorrer à Marinha”.

Já o Manuel, a primeira escolha foi Desporto, mas depois veio para a Hotelaria, vai este ano como jogador para o Vitória de Se-túbal, “mas quero acabar o 9º ano”.

Na Messe de Ofi ciais, o Leandro Valadão é o homem dos sete ofí cios, “Faço talheres, encho os copos com sumo, escamo peixe. Ao princípio não gostava, mas agora já gosto. Foi a primeira vez que peguei num peixe grande”. A Marinha? “É um lugar diferen-te, aprendi o jeito de falar com um Comandante ou um Sargento. É importante saber dirigir-se a uma pessoa”.

Neste ambiente da messe, é o SAJ Galinhas que coordena o vaivém. Todas as manhãs, diz-nos, “reúno as tropas, falo com eles sobre os assuntos da escola, moti vo-os para terem outro comportamento na escola. No fi nal do dia, têm de fazer o relató-rio para levar para a escola, ajudo-os e explico-lhes como devem redigir um relatório. Não é só «Depois… Depois», têm de arran-jar uma outra palavra…”. Também da parte do 1SAR Fialho, há a preocupação da integração, as refeições são tomadas em conjun-to, falam com eles dos problemas que têm na escola, “o pessoal da Marinha tem fi lhos da idade deles”.

Por fi m, a Margarida Peneda, a trabalhar na Central Telefónica, encontrou na telefonista Dulce Ramos a orientação necessária para ter as noções de atendimento telefónico e atendimento ao público, “muito úti l porque a minha mãe tem um supermerca-do”. Encara a sua passagem pela Marinha como “um crescimento em termos de maturidade e de aprendizagem no relacionamento com os outros”.

Acabamos como começámos, com o tí tulo deste arti go “E se um estágio puder modifi car a vida de um jovem?”. Não se trata de uma pergunta retórica, mas a forma de dar a conhecer a im-portância da capacidade de resposta que a Marinha, neste caso parti cular a BNL e respeti vos serviços, tem dado à sociedade civil, demonstrando uma forte vontade de dar o melhor e contribuir para a formação profi ssional e pessoal de muitos jovens e adul-tos enquanto cidadãos inteiros.

Ana Paula Duarte e SilvaDireção do Serviço de Formação

Outro programa direcionado para este ti po de população é o dos Percursos Curriculares Alternati vos (PCA), implementado no Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio.

Contactados pela Professora Maria Soledade, ex-desenhadora do Quadro do Pessoal Civil da Marinha, a quem foi conferida a tarefa de orientar uma turma de 16 alunos PCA, ao nível do 7º ano de escola-ridade, dos quais 11 são nossos estagiários, esta traça-nos o seu per-fi l: “São alunos com idade igual ou inferior a 15 anos, forte desmo-ti vação, elevado índice de absenti smo, baixa autoesti ma e falta de expetati vas relati vamente à aprendizagem e ao futuro, bem como o desencontro entre a cultura escolar e a sua cultura de origem”.

Conhecedora da organização e da mais-valia para este perfi l de alunos, a Professora Maria Soledade optou pela Marinha “pelo seu caráter disciplinador, respeito pela hierarquia e pela oportu-nidade da constatação pelos alunos do que é o verdadeiro con-texto de trabalho. A BNL mostrou-se pronta a receber as tropas e todos queriam vir para a Marinha, pois as suas idealizações iam ao encontro das aspirações que têm na vida”.

Uma vez por semana estão na BNL e foi lá que conversámos com eles.

No Serviço de Apoio Ofi cinal, o Francisco Torrado, fi lho de ma-rinheiro e com ar de menino, gosta de trabalhar com madeira, arranjar cadeiras, mas o que gosta mais é de “fazer molduras, até aqui é preciso saber matemáti ca… mas o SCH Mota tem pa-ciência para ensinar”. Apesar de estar sozinho, “há bom relacio-namento, falo com os mais velhos sobre os problemas e ajudam-me”. Quando há aniversários, almoços de confraternização, ele faz parte do grupo, é mais um do grupo.

No Serviço de Eletricidade, estão o Diogo Rouxinol e o Rúben Sil-va, que completam respeti vamente 15 e 18 anos ainda este ano. O Diogo é a primeira vez que trabalha em eletricidade e o Rúben re-vela-nos o seu sonho: tocar piano eletrónico, mas por agora “con-tamos a luz, medimos a voltagem, limpamos os disjuntores”. O 1TEN Leite, chefe do Serviço de Eletricidade, afi rma que a presen-ça de estagiários é “vantajosa para o serviço e fomenta a parti lha de experiências, a parti cipação nas ati vidades normais do serviço”.

Na Messe de Sargentos e Praças, esperavam-nos a íris Rosa, o Manuel Augusto e a Romana Lopes. Embora a Íris ti vesse co-meçado pela lavandaria, não gostava “porque estava sempre de pé, não havia movimento”. Veio para a messe, “Gosto de servir sopas na linha, as pessoas falam comigo. Não estava habituada a

Nuno FragosoEscola Superior de Tecnologia de Setúbal

Rodrigo TavaresEscola Secundária do Monte da Caparica

João Matos e Fábio GonçalvesCentro de Emprego e Formação Profi ssional do Seixal

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NRP JOÃO COUTINHO 44 ANOS AO SERVIÇO DE PORTUGAL

INTRODUÇÃO

O NRP João Couti nho foi lançado à água na Alemanha em 1969, sendo o primeiro de uma série de seis navios, os três pri-

meiros construidos nos estaleiros Blohm & Voss, na Alemanha, e os restantes, nos estaleiros navais de Bazám, em Espanha. A sua construção foi realizada sob um projeto de conceção nacional de 1965, da autoria do Contra-almirante Engenheiro Construtor Na-val Rogério d’Oliveira.

No dia 7 de março de 1970, foi aumentado ao efeti vo dos na-vios da Armada Portuguesa.

Após chegada a Lisboa, efetuou um período de treino, parti ci-pou nas comemorações do dia da Marinha de 1970, no Porto, e foi empenhado nas cerimónias fúnebres do Dr. Oliveira Salazar, tendo sido incumbido da realização das respeti vas salvas.

A 19 de agosto de 1970 largou com desti no a Moçambique, tendo efetuado paragens logísti cas em Cabo Verde e Angola. Per-maneceu em Moçambique até 1975. Foi empenhado em diver-sas missões, parti cularmente de fi scalização e patrulha das nos-sas águas, apoio às operações dos fuzileiros (sobretudo através do transporte de botes e demais material necessário) e transpor-te de militares do Exército, de nati vos e de população em geral. Durante o longo período de tempo em que esteve empenhado em Moçambique, o navio permanecia ora na Beira (cerca de 1 mês), ora em Porto Amélia (cerca de 2 meses).

Largou de Lourenço Marques em 18 de junho de 1975, fez es-cala em Angola (Luanda), S.Tomé e Las Palmas. Chegou a Lisboa em 13 de Julho desse ano.

Nos últi mos 50 anos da história da Marinha foi o navio que mais tempo esteve em missão fora do Porto de Lisboa.

Era um navio muito sofi sti cado para a época: ti nha ati vado o Centro de Informações em Combate (CIC), com modernos siste-mas associados; foi o primeiro navio da Marinha Portuguesa a ter montado um sistema de ar condicionado que permiti a fazer che-gar ar fresco a prati camente todo o navio; possuia uma guarnição de 92 elementos e ti nha boas condições para alojar elementos extra-guarnição.

A parti r de 1976, com o desiderato de adequar o navio a novas missões de atuação não militar, foram sendo reti rados equipa-mentos do CIC, que mais tarde seria defi niti vamente desati vado.

Das várias missões que o navio realizou destacam-se as seguintes:• Transporte para São Diego, EUA, da nova estátua do navega-

dor e explorador João Rodrigues Cabrilho, em 1988;• Parti cipação na Operação Crocodilo, de evacuação de cida-

dãos nacionais e de países amigos da Guiné-Bissau, em 1998;• Recuperação de corpos que resultaram da queda da ponte

Hintze Ribeiro, em 2001;• Combate à poluição que resultou do acidente com o navio

petroleiro Presti ge na Costa da Galiza, em 2002.Nos anos mais recentes o navio esteve empenhado em missões

de atuação não militar nos espaços maríti mos sob soberania e ju-risdição nacional adjacentes ao território de Portugal Conti nental e na Região Autónoma dos Açores, principalmente de fi scalização e proteção de recursos e de busca e salvamento maríti mo.

O PATRONOJoão António de Azevedo Cou-

ti nho Fragoso de Sequeira nasceu em Alter do Chão em 3 de Fevereiro de 1865. Entrou na Escola Naval em 1882 e foi promovido a Guarda-Ma-rinha em 1884.

Entre 1885 e 1902 Azevedo Cou-ti nho prestou serviço em Moçambi-que, pacifi cando, combatendo a es-cravatura e contribuindo para a pros-peridade da região. Durante este pe-ríodo comandou os iates "Tungué" e "Lúrio", o vapor "Auxiliar" e a lancha canhoneira "Cherim".

Foi tão brilhante a sua ação que foi nomeado sucessivamente Governador Militar do Chire e Governador da Zambézia. Aos 24

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anos de idade, segundo-tenente da Armada, receberia o tí tulo de "Benemérito da Pátria" por voto em Cortes e 2 anos mais tarde se-ria agraciado com a "Ordem da Torre e Espada" pelo Rei D. Carlos.

Em 20 de fevereiro de 1905 assume o cargo de Governador-ge-ral da Província de Moçambique.

Foi, ainda, detentor do cargo de Ministro da Marinha e do Ul-tramar. Passou à reforma no posto de Capitão-de-fragata em 1910 por imposição do novo regime. Mais tarde, foi reintegrado na Armada com o posto de Vice-almirante honorário.

CAPACIDADES, MISSÕES E TAREFASO navio possui excelentes qualidades náuti cas, que lhe permi-

tem enfrentar condições meteorológicas muito adversas, vários são os relatos das ações SAR realizadas nos Açores com ventos muito fortes e ondulações com mais de 10 metros.

Foi construÍdo para passar longos períodos no mar, possui a capacidade de efetuar reabastecimento de líquidos e de sólidos com outros navios e de efetuar Verti cal Replenishment (VER-TREP) com helicópteros.

É atualmente o meio mais uti lizado pela Marinha Portuguesa na projeção de forças anfí bias.

As principais missões atribuídas ao navio são a fi scalização dos espaços maríti mos sob jurisdição nacional e a salvaguarda da vida humana no mar.

O navio possui uma confi guração adaptável multi missão que lhe permite realizar operações de assistência humanitária, inte-gração em força naval, patrulha vigilância e fi scalização e evacua-ção de cidadãos nacionais.

As suas principais tarefas são: • Patrulha das águas sob soberania e jurisdição nacional;• Prevenção e combate à poluição no mar;• Fiscalização e apoio das ati vidades económicas, cientí fi cas e

culturais;• Assistência à População civil;• Busca e salvamento;• Apoio ao treino operacional.

O ÚLTIMO ANOEm 2014, ao longo de 1100 horas de navegação o navio cum-

priu 10 missões, das quais se destacam uma missão na Zona Maríti ma dos Açores, cinco missões SAR na ZEE Conti nente e o acompanhamento ao navio Ark Futura (que efetuava o transpor-te de armas químicas provenientes da Síria) durante o trânsito em águas sob responsabilidade nacional.

Durante as estadias nos portos o navio foi palco de um projeto para aproximar os Portugueses da sua Marinha e esti mular o de-senvolvimento da mentalidade maríti ma dos nossos jovens.

A João Couti nho recebeu a visita de mais de 700 jovens, a maior parte do arquipélago dos Açores, que se mostraram sem-pre muito sati sfeitos por estarem pela primeira vez num navio da sua marinha, terem a possibilidade de perceber quais as suas

principais missões e tomar contacto com a vivência a bordo de uma unidade naval.

A 14 de agosto, após cumprir a sua últi ma missão, o navio en-trou na Base Naval pela últi ma vez, uma viagem emocionante que foi efetuada com a presença de onze dos vinte e três ex-co-mandantes do navio.

No dia 01 de setembro a Bandeira Nacional foi arriada a bordo pela últi ma vez, num momento de grande dignidade e de indis-farçável emoção.

Ao longo de 44 anos, o navio realizou mais de 60 mil ho-ras de navegação ao serviço de Portugal, no cumprimento da missão da Marinha: “Contribuir para que os Portugueses usem o mar”.

Santos Serafi mCTEN

Últi mo Comandante do NRP JOÃO COUTINHO

COMANDANTES

CTEN Niny dos Santos MAR 70 NOV70

CTEN Ribeiro Zilhão NOV 70 DEZ 72

CTEN Janes Semedo DEZ 72 DEZ 74

CTEN Moiti nho de Almeida DEZ 74 JUN 76

CTEN Melo Sampaio JUN 76 MAR 78

CTEN Silva Pinheiro MAR 78 AGO 79

CTEN Adragna Quinta AGO 79 DEZ 81

CTEN Magalhães Cruzeiro DEZ 81 MAI 83

CTEN Telles Palhinha JUN 85 AGO 87

CTEN Alvarenga Rua AGO 87 SET 89

CTEN Fernandes Rodrigues SET 89 MAI 91

CFR Cota Fevereiro MAI 91 OUT 94

CTEN Heitor Cardoso OUT 94 OUT 96

CTEN Louro Alves OUT 96 NOV 98

CTEN Silva Coelho NOV 98 OUT 00

CTEN Ferreira Seuanes OUT 00 FEV 02

CTEN Antunes Rodrigues FEV 02 MAR 04

CTEN Palhas Ezequiel MAR 04 MAR 06

CTEN Manuel Guerreiro MAR 06 JAN 08

CTEN Oliveira Inácio JAN 08 ABR 10

CTEN Silva Lampreia ABR 10 SET 12

CTEN Mamede Alves SET 12 DEZ 13

CTEN Santos Serafi m DEZ 13 AGO 14

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ENTREGAS DE COMANDO

NRP VASCO DA GAMA

Presidida pelo Comandante Naval, VALM Pereira da Cunha, realizou-se

em 11 de julho a cerimónia de entrega de comando do NRP Vasco da Gama, na qual o CFR Neves Rodrigues substi tuiu o CFR Freitas Braz.

Nas palavras de despedida, o Comandan-te cessante agradeceu a todos os organis-mos de Marinha que contribuíram para o cumprimento da missão e expressou à guar-nição o papel relevante de todos durante o seu Comando, afi rmando “(…) que a Vasco da Gama conti nuará pronta para enfrentar

O CFR António Manuel Neves Rodrigues ingressou na EN, tendo sido promovido a GMAR em 1992.

Prestou serviço a bordo dos NRP João Roby e NRP Sagres tendo posteriormen-te concluído o Curso de Especialização de Ofi ciais em Comunicações e Guerra Ele-trónica. Embarcou no NRP Afonso Cer-queira e no NRP Vasco da Gama e inte-grou o Estado-maior do Comandante do Standing NATO Mari me Group 1.

Em terra, foi diretor da Estação Radio-naval de Ponta Delgada e chefe da secção de informações do Comando da Zona Ma-rí ma dos Açores. Foi Chefe do Departa-mento de Comunicações e Sistemas de Informação na ETNA e docente no Ins tu-to de Estudos Superiores Militares. Pres-tou serviço no Estado-Maior da Armada e mais recentemente no gabinete do Minis-tro da Defesa Nacional, como assessor mi-litar de Marinha.

Frequentou diversos cursos nacionais e internacionais e é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

todos os desafi os que encontrar pela fren-te, honrando sempre a Marinha e Portugal”.

O novo Comandante destacou a enor-me honra que foi para ele receber o co-mando do navio, e, ao dirigir-se pela pri-meira vez à guarnição, referiu ser o seu objecti vo “aproveitar todas as oportu-nidades e recursos disponíveis para o aprontamento do pessoal e do material, a fi m de treinar em terra e no mar para ati ngir os padrões de pronti dão.”

Seguiram-se breves palavras do Coman-dante da Esquadrilha de Escoltas Oceâni-

NRP BAPTISTA DE ANDRADE

Em 19 de agosto, teve lugar a bordo do NRP Bapti sta de Andrade a cerimónia de entrega de comando, do CFR Plácido da Conceição para o CTEN Santos Serafi m.

Presidida pelo Comandante Naval, VALM Pereira da Cunha, a cerimónia con-

tou com a presença dos Vice-Almirantes Comandante Operacional Conjunto e Su-perintendente dos Serviços do Material, numerosos militares e civis.

O Comandante cessante, CFR Plácido da Conceição, no seu discurso, sinteti zou as diversas ações desenvolvidas pelo navio durante o seu comando. O novo Coman-dante usou da palavra referindo ser uma honra e privilégio servir a Marinha nas no-vas funções. Referiu ainda que “(...) Tudo farei para corresponder à confi ança em mim depositada, colocando todo o meu empenho e saber ao serviço da Marinha, para que o navio possa cumprir as suas principais missões: a vigilância e fi scaliza-ção dos espaços maríti mos sob jurisdição nacional e a salvaguarda da vida humana no mar (...)”.

No fi nal, o Comandante Naval salientou a importância do papel desempenhado por todos aqueles que servem Portugal no mar.

O CTEN Pedro Miguel Bastos Afonso dos Santos Serafi m entrou para a EN em setem-bro de 1990, tendo-se licenciado em Ciên-cias Militares Navais.

Enquanto ofi cial subalterno desempe-nhou funções de chefe do serviço de na-vegação, ar lharia e comunicações a bor-do dos navios Almeida Carvalho, Sacadura Cabral e Álvares Cabral.

Foi comandante dos NRP Escorpião e João Couti nho.

Par cipou em 2005 na operação Acti ve Endeavour, no Golfo Pérsico, como ofi cial do Staff da EUROMARFOR e, em 2007, na primeira missão fora da área da NATO, a bordo da fragata Álvares Cabral, que in-cluiu uma viagem de circum-navegação ao con nente africano “Africa Tour “.

Na ETNA, foi Chefe do Gabinete de Na-vegação e de Tecnologias Educa vas da Es-cola de Marinharia, Chefe do Gabinete de Operações de Super cie e An aérea e Che-fe do Departamento de Operações.

Em 2010 foi responsável pela formação das especialidades dos militares da compo-nente naval das FFDTL em Timor.

Foi coordenador da área de Comunica-ção Estratégica, na Divisão de Planeamen-to do EMA.

cos e, por últi mo, o Comandante Naval fe-licitou o CRF Freitas Braz pelo sucesso do Comando e manifestou a sua confi ança ao CRF Neves Rodrigues no desempenho des-te novo e importante desafi o.

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Nunes MarqCALM

A 28 de julho, presidida pelo Coman-dante da Zona Maríti ma do Sul, CMG José Isabel, em representação do VAlm. Co-mandante Naval, ocorreu nas instalações do Comando da Zona Maríti ma do Sul, em Faro, a cerimónia de entrega de coman-do do NRP Escorpião, do 1TEN Campos Cavaleiro para o 2TEN Vargas da Costa.

NRP ESCORPIÃO

NRP BARTOLOMEU DIAS

Presentes o Ofi cial Exercendo Funções de Comandante da Esquadrilha de Navios Pa-trulha, CFR Gonçalves Vigário, bem como os Comandantes nos navios em missão na ZMS, entre outros convidados.

O Comandante cessante salientou o facto de ter assumido o Comando ainda com o navio em reparação no Arsenal do Alfeite, agradecendo a colaboração dos diversos organismos das áreas do mate-rial, do pessoal e fi nanceiro pelo apoio dado ao navio.

O novo Comandante referiu o orgulho de poder voltar ao mar e ao anseio le-gítimo do oficial de Marinha que é co-mandar uma Unidade Naval, dirigindo ainda algumas palavras de incentivo à sua guarnição.

Por fi m o Comandante da Zona Maríti -ma do Sul dirigiu algumas palavras ao Co-mandante cessante para o felicitar pelo desempenho do cargo, parti lhando o sen-ti mento do dever cumprido e ao Coman-dante empossado, desejando-lhe dedica-ção e sorte no desempenho das novas e exigentes funções.

O CFR Paulo Jorge de Oliveira Cavaleiro Ângelo concluiu a licenciatura em Ciências Militares Navais, curso de Marinha, na Es-cola Naval, em 1990, e especializou-se em Armas Submarinas.

Em unidades navais, desempenhou funções de chefe de serviço nos NRP Co-mandante Sacadura Cabral (1992/94) e Corte-Real (1996/99). Em 2005/06, de-sempenhou funções de Staff Anti-Sub-marine Warfare Officer e de Staff Force Protection Officer no Estado-Maior In-ternacional da Standing NATO Maritime Group 1. Por diversos períodos, entre 2002 e 2007, exerceu ainda funções de Oficial de Operações e, posteriormente, de Chefe do Estado-Maior da Força Naval Portuguesa (POTG).

Em terra, prestou serviço na Esquadrilha de Escoltas Oceânicos (EEO) (1994/96), exer-ceu funções de subdiretor e posteriormen-te Diretor da Escola de Armas Submarinas (1999/2004), de chefe de Gabinete no CITAN (2004/05), como 2º Comandante da EEO (2006/07), de Ofi cial Adjunto do CEMGFA (2007/10), de Ofi cial do Estado-Maior Interna-cional no Quartel-General da NATO, em Bruxe-las (2011/14), e como Ofi cial do Estado-Maior da Armada (2014).

Prestou ainda serviço no Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros, entre setembro e dezem-bro de 2010, no âmbito da Cimeira da NATO que decorreu em Lisboa.

Da sua formação, destaca-se o curso Geral Naval de Guerra, pelo an go ISNG, o Mariti -me Warfare Course, no Reino Unido, e o Senior Course, pelo NATO Defense College, em Roma.

O 2TEN Miguel Relvas Pena Vargas da Cos-ta nasceu em Lisboa, a 06 de Abril de 1985, tendo concluído em 2010, na Escola Naval, o Mestrado em Ciências Militares Navais.

Após a promoção a Guarda-marinha, prestou serviço a bordo do patrulha Cuan-za, como 3º Ofi cial desempenhando as funções de Chefe de Serviço de Navega-ção, Ar lharia, Comunicações e Opera-ções até Setembro de 2011, altura em que passou a exercer o cargo de Ofi cial Ime-diato, Chefe do Serviço de Abastecimento e Diretor da Can na.

De Setembro de 2012 até Julho deste ano desempenhou funções como Ofi cial de Servi-ço ao Centro de Operações Marí mas/Centro de Busca e Salvamento Marí mo de Lisboa nas instalações do Comando Naval em Oeiras.

Durante o período em que prestou ser-viço no Comando Naval efetuou uma mis-são fora do território nacional no âmbito do exercício militar Saharan Express 14 e operação Mar Aberto que se realizou na ilha de San ago, em cooperação com a ma-rinha de Cabo Verde.

No passado dia 08 de julho, decorreu a cerimónia de entrega de comando do

NRP Bartolomeu Dias, na Base Naval de Lisboa, presidida pelo Comandante Na-val, VALM Pereira de Cunha. Assisti ram à cerimónia diversas enti dades da Marinha bem como convidados civis.

O comandante cessante, CFR Marcelo Correia, exerceu o comando do NRP Bar-tolomeu Dias ao longo de 33 meses, ten-do cumprido diversas missões, das quais se destacam a parti cipação na Operação Manati m, em 2012, com o comandante da Força de Reação Imediata e respeti vo Estado-Maior embarcados; os exercícios internacionais SAHARAN EXPRESS 14 e OBANGAME EXPRESS 14, na costa ociden-

tal de África e na região do Golfo da Guiné e ainda a parti cipação na iniciati va Mar Aberto, em 2014, em Cabo Ver-de, São Tomé e Prínci-pe e Angola.

No seu discurso, o CFR Marcelo Correia manifestou sobretudo o seu reconhecimento às diversas Enti dades da Marinha pelo seu apoio e importante contribu-to no aprontamento do navio em preparação para as suas missões. Em tom de despedida,

dirigiu-se à sua guarnição como uma equi-pa “confi ante, coesa, orgulhosamente de-monstrando no mar, e em terra, um senti -mento único de pertença do navio”.

Já investi do nas funções de comandan-te do NRP Bartolomeu Dias, o CFR Cava-leiro Ângelo usou igualmente da palavra tendo manifestado o seu orgulho e sati s-fação pelo exercício das suas novas fun-ções e elencado as suas prioridades para um novo ciclo de treino e adestramento do navio após uma signifi cati va rotação da sua guarnição.

Usaram ainda da palavra o CMG Gon-çalves Alexandre, Comandante da Esqua-drilha de Escoltas Oceânicos e o Coman-dante Naval, VALM Pereira da Cunha.

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• Protocolo com a Joliber

A Marinha, através da Direção de Apoio Social, rubricou no passado dia 25 de julho um protocolo de cooperação com a agência funerária Joliber. Esta parceria visa a obtenção de con-dições vantajosas para toda a Família Naval, no que diz respeito à aquisição de produtos e serviços disponibilizados pela Joliber. Para a consulta das condições preferenciais do protocolo visite o subportal DAS.

Para usufruir das condições preferenciais dos protocolos em vi-gor, os benefi ciários devem dispor de uma declaração ou de um documento identi fi cati vo emiti dos pela Marinha, designadamen-te: bilhete de identi dade militar ou cartão ADM, que comprovem a sua qualidade de benefi ciário ti tular ou familiar.

• Protocolos Holmes Place e Vodafone

O Ministério da Defesa Nacional (MDN) assinou um protocolo com a cadeia de ginásios “Holmes Place”. Os detalhes do proto-colo, bem como a localização, contactos e horários de funciona-mento de todos os clubes “Holmes Place” encontram-se na in-tranet da DAS. Simultaneamente, o MDN celebrou uma parceria com a Vodafone que proporciona um conjunto de condições es-peciais nas tarifas e aquisições de equipamentos.

SAIBAM TODOS

• OTL Marinha 2014

Decorreu entre os dias 30 de junho e 1 de agosto a quar-ta edição da Ocupação de Tempos Livres (OTL). A iniciativa contou com a presença de cerca de 250 jovens, com idades compreendidas entre os 6 e os 16 anos, filhos de militares, militarizados e civis da Marinha. Com esta atividade, os jo-vens tiveram a oportunidade de preencher parte do tempo das suas férias com um conjunto de atividades de âmbito lú-dico/educativo.

• Taxas Moderadoras - HFAR

No Hospital das Forças Armadas (HFAR) os benefi ciários ti -tulares estão isentos de Taxas Moderadoras. Por seu turno, os benefi ciários familiares suportam Taxas Moderadoras idênti cas às prati cadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). De realçar ainda que as referidas Taxas Moderadoras não são passíveis de comparti cipação pela ADM.

COMANDO DO CORPO DE FUZILEIROS

Realizou-se na Base de Fuzileiros, no passado dia 5 de setembro a cerimó-

nia de rendição do cargo de Comandan-te do Corpo de Fuzileiros. Este importan-te evento, presidido pelo VALM Pereira da Cunha, Comandante Naval, centrou-se numa cerimónia militar onde os fuzileiros se despediram do CALM Cortes Picciochi e acolheram o seu novo Comandante, o CALM Sousa Pereira.

As forças em parada eram consti tuídas por três blocos sendo que, os segundo e terceiro eram uma representação da For-ça de Desembarque afeta à Componente Operacional do Sistema de Forças tanto na modalidade apeada como motorizada. No total formaram na parada cerca de 500 militares fuzileiros e de outras classes que, com o brio que os caracteriza, viram o seu Comandante de seis anos ser agraciado com uma medalha, assisti ram à passagem

do Estandarte Nacional mais condecorado da Marinha para as mãos do CALM Sousa Pereira, e ouviram atentamente as alocu-ções proferidas. A cerimónia fi cou concluí-da com o desfi le das forças perante o Co-mandante Naval.

Em tempos de mudança, e de múlti plas e diversifi cadas necessidades e desafi os, os valores que caracterizam os fuzileiros, disciplina e lealdade, não mudam. E, ape-sar do imperati vo de acompanhar a Ma-rinha no seu processo de transformação, os fuzileiros preservarão a sua identi dade e coesão, conti nuando a assegurar as for-ças e unidades prontas que a Marinha ne-cessita. Mesmo que, no senti do de ganhar efi ciência ao nível da sua estrutura admi-nistrati va, se alterem lógicas, processos e metodologias de funcionamento. Esta será uma longa caminhada que se fará ca-minhando a par do resto da Marinha.

O CALM Luís Carlos de Sousa Pereira nas-ceu em Lisboa a 19 de Junho de 1961 e en-trou para a Escola Naval em 1978.

Parte signifi ca va da sua carreira foi feita no mar, a bordo de unidades navais com funções essencialmente ligadas à área das operações, onde desempenhou cargos de comando e chefi a a vários ní-veis, incluindo o comando da fragata Ál-vares Cabral e o Comando da Força Naval Portuguesa (PO TG).

Das funções que desempenhou em ter-ra merecem especial referência as de Ad-junto para o Planeamento Estratégico na Divisão de Planeamento do Estado-Maior da Armada (EMA), de Adjunto de Ordens do Gabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), de Adjunto Militar (Marinha) no Gabinete do Chefe do Es-tado-Maior General das Forças Arma-das (CEMGFA) e de Chefe da Divisão de Planeamento do Estado-Maior da Arma-da. No âmbito internacional, o almirante Sousa Pereira foi o Chairman de um gru-po de especialistas NATO responsável por um projeto de Smart Defense, que Portu-gal lidera, na área da Proteção Portuária.

Foi promovido ao atual posto em junho de 2014.

Ao longo da sua carreira recebeu vários louvores, e foi condecorado com a Ordem Militar de Avis / Grau Comendador, quatro medalhas de Serviços Dis ntos – prata, e com as medalhas de Mérito Militar de 2ª classe, de Comportamento Exemplar – ouro e prata, da Cruz Naval de 2ª e 3ª clas-se, de Solidariedade-Timor e da INTERFET.

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A MARINHA EM ÁFRICA As Campanhas Portuguesas em Águas Interiores de 1961 a 1974

ACADEMIA DE MARINHA

Na sessão cultural de 29 de Abril decorreu na Academia de Ma-rinha a apresentação do livro A Marinha em África – As cam-

panhas portuguesas em águas interiores de 1961 a 1974, do aca-démico John P. Cann.

O Presidente da Academia salientou o trabalho de investi gação “profundo, competente, inteligente e isento” levado a cabo pelo prof. John Cann ao longo de duas décadas, sobre o papel da Mari-nha Portuguesa no contexto das campanhas das Forças Armadas portuguesas em África. Tendo conhecido John Cann em 1994, quando este se encontrava em Lisboa para recolher elementos para a sua tese de doutoramento sobre as últi mas campanhas portuguesas em África, o almirante Vieira Mati as aproveitou a oportunidade para lhe falar da acção dos navios e fuzileiros no âmbito das operações de contra-subversão na Guiné, em Angola e Moçambique, e comprometeu-se a enviar-lhe mais elementos.

Três anos depois a Greenwood Press editou Counterinsurgen-cy in Africa – The portuguese Way of War 1961-1974, a tese de doutoramento de John Cann no King’s College London. A obra foi editada em Português no ano seguinte, com o tí tulo Contra-in-surreição em África – o modo português de fazer a guerra, 1961-1974, pela editora Atena.

Em 1998, sendo então Chefe do Estado-Maior da Armada, o Almirante Vieira Mati as desafi ou John Cann a prosseguir o seu estudo – que até aí visara essencialmente as acções terrestres – com maior enfoque sobre o papel da Marinha nas três frentes africanas, disponibilizando-lhe todas as facilidades de acesso aos arquivos e apoio do pessoal da Marinha. Aceite o repto, após exi-gente e laboriosa investi gação o professor Cann viria a publicar nos Estados Unidos, em 2007, Brown Waters of Africa: Portugue-se Riverine Warfare 1961-1974, em edição da Hailer Publishing. A versão portuguesa, editada em 2009 pela Prefácio com o tí tulo A Marinha em África – Angola, Guiné e Moçambique: campanhas Fluviais 1961-1974, suscitou forte procura entre os que combate-ram em África, sobretudo no pessoal da Marinha.

Na sequência desse interesse, a Academia de Marinha decidiu esti mular a análise da parti cipação da Armada na guerra colonial, procurando obter mais relatos testemunhais e sugestões com-plementares. John Cann, eleito membro da Academia em 2005, trabalhou os novos elementos de investi gação, enriquecendo a sua obra, e promoveu nova edição em Londres, pela Helion &

Company Ltd. Generosamen-te, John Cann cedeu à Aca-demia de Marinha todos os direitos de edição em língua portuguesa, contra o paga-mento simbólico de um Euro, permiti ndo-lhe assim editar o livro agora apresentado.

Aos académicos e oficiais que deram o seu contributo para esta edição melhora-da, o Presidente Vieira Ma-tias endereçou um agrade-cimento reconhecido, ten-do destacado as importan-tes sugestões e os contactos facilitados pelo almirante Leiria Pinto ao Autor, bem como a qualidade do tra-balho de tradução levado a cabo pelo comandante José Teixeira de Aguilar.

Depois de a todos agrade-cer, e em especial ao professor John Cann, o Presidente passou a palavra ao académico José Luís Leiria Pinto.

Na sua apresentação da obra, o contra-almirante Leiria Pinto referiu a dimensão naval da guerra que Portugal travou em África de 1961 a 1974, descrevendo o modo como a Marinha Portugue-sa percepcionou com antecipação o confl ito, como se apresen-tou para o enfrentar e, principalmente, como o combateu em águas costeiras e interiores nos três diferentes teatros de opera-ções em que esteve envolvida.

O professor John Cann usou então da palavra para agradecer toda a colaboração que lhe foi concedida na preparação da sua obra, fez numerosas referências de grati dão, e historiou em tra-ços gerais o longo processo de pesquisa e escrita em que esteve empenhado ao longo de quase duas décadas.

A cerimónia terminou com a oferta ao académico John P. Cann, pelo almirante Vieira Mati as, de um modelo reduzido de uma LDM, fabricado pelas Ofi cinas Navais de Bissau em 1970.

Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA

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Fonte

ENFRAQUECENDO O INIMIGO

O conde de Linhares, enquanto Vice-Rei, pelo menos aparentemente ter-se-á aper-cebido da importância fundamental que, para a manutenção do Estado da Índia, ti -nham as armadas.

As grandes carências em pessoal neces-sário para guarnecer os navios, quer por-que o pessoal que vinha do Reino, ou de-sertava, ou ingressava nas diversas ordens religiosas ou, como era bem frequente, se tratava de gente que nunca havia andado anteriormente no mar, levaram-no a adop-tar várias medidas que, nem sempre com-preendidas ou totalmente aceites, procu-ravam minorar o problema.

As queixas contra a falta de pessoal pre-parado para servir nas armadas são, ao longo do seu governo, uma constante, le-vando até que, por vezes, pusesse em cau-sa as ordens reais, como se extrai da carta, escrita para o Rei em 1632, na qual o ques-ti ona nos seguintes termos:

“Como hei-de eu fazer Senhor, armada se V. Mag. não me manda gente para ela”. A situação era de tal forma preocupante que o terá levado a adoptar uma medida de carácter excepcional, medida essa que comunica ao Rei, em carta datada de 13 de Novembro de 1634, na qual refere que, com a ajuda dos padres jesuítas “fi zera ma-rinheiros” em Bardês e na ilha de Goa “por forma a solucionar a grande preocupação que ti nha em fretar gente para guarnecer as armadas“.

Dado que os problemas de pessoal para as armadas conti nuavam existentes, não podendo assim manter um poder naval adequado, procurou aquele Vice-Rei o en-fraquecimento dos principais opositores na Índia, os ingleses, os holandeses e os franceses, e para isso adoptou um procedi-mento cujo conhecimento resulta de uma carta escrita pelo Rei, em 1633, na qual manifestava a sua estranheza e preocupa-ção pelo facto do Vice-Rei dar abrigo e em-prego aos holandeses, franceses e ingleses que desertavam das respecti vas armadas, não só pelo receio de eventuais traições, como pelo receio da infl uência negati va que poderiam ter relati vamente aos assun-tos da fé .

A resposta do Vice-Rei, datada de 13 de Novembro de 1664, mas que o Rei só iria receber na segunda metade do ano seguin-te, refere os moti vos que o haviam levado a ter tal procedimento.

Escrevia ele que os navios daquelas na-ções levavam para a Índia muito pouca gente, em parte porque não ti nham gran-de capacidade de os alimentar e, por outro lado, porque parte dessa gente morria por causa do clima.

Consti tuía pois, segundo o Vice-Rei, ”grande Razão de Estado", para lhes dimi-nuir o poder saberem os soldados e ma-rinheiros que, entre os portugueses, se lhes faria bom tratamento em caso de de-serção. A práti ca que vinha seguindo ti nha ainda a vantagem de semear a desconfi an-ça, entre as nações estrangeiras, sobre a fi -delidade dos seus soldados e marinheiros, levando-as a receá-los tanto quanto aos portugueses.

No que se referia aos aspectos da reli-gião, afi rmava o Vice-Rei não haver qual-quer risco na uti lização destes estrangei-ros, com diferentes leis e fé, e no que di-zia respeito a possíveis traições, sendo ele experiente na guerra, sabia prevenir-se em todas as circunstâncias, e tanto assim era que todos os ingleses e holandeses que haviam fugido das suas naus e se ti nham refugiado em Goa, enquanto ele recolhe-ra informações e avisos importantí ssimos, nada lhes fora passado que o pudesse pre-judicar.

Remata a carta afi rmando que, no en-tanto, “obedecerá às ordens de Sua Majes-tade que serão cumpridas na íntegra".

Com. E. Gomes

VIGIA DA HISTÓRIA 67

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co.

Fonte

Livro das Monções nº 15 in Bole m da Filmoteca Ultrama-rina Portuguesa nº 8.

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ESTÓRIAS 6

Foi há mais de 45 anos que teve lugar o que passo a narrar.Estava em Moçambique, embarcado na draga “Búzi”, da qual

era o 2º maquinista. Abro aqui um parêntesis para dizer que, na Direcção dos Serviços de Marinha de Moçambique, do pessoal embarcado nos reboques e dragas, só os maquinistas eram mi-litares, e já nem todos, por haver também maquinistas civis do quadro do pessoal da Direcção dos Serviços de Marinha.

Como ia dizendo, e para ser mais concreto, estávamos no ano de 1966, quando um dia os maquinistas das dragas “Búzi” e “Adolfo Loureiro” (havia mais dragas em Moçambique) foram chamados à presença do Comandante, Director dos Serviços de Dragagens. Colocou-nos, então, uma pergunta bastante embaraçosa e para a qual nunca havíamos pensado que fosse pedida resposta. Trata-va-se de saber quanto tempo é que seria necessário para meter a “Búzi” no fundo.

Entreolhámo-nos, eu e o 1º de máquinas, e fi cámos sem responder!Pedimos algum tempo para podermos dar resposta a tal pergunta.Depois de estudarmos o problema, pensámos que a solução

para o mesmo passaria por ter de abrir uma porta de visita colo-cada no colector (encanamento) de aspiração da bomba de dra-gados, o que resultaria numa entrada de água com um caudal bastante elevado. Para tal acontecer, a lança de aspiração teria que estar mergulhada na água e a válvula interruptora do ti po cunha, situada na casa das máquinas, totalmente aberta. Isto na parte de ré, pois o alagamento abrangeria toda a casa das máqui-nas e das caldeiras desde que a comunicação entre as duas casas esti vesse também aberta. Na parte de vante ti raríamos a tampa da válvula da refrigeração do condensador, que assim alagaria toda a região da proa.

Depois de acordarmos quanto aos processos a seguir e termos tudo pronto para cumprir a tal ordem, concluímos que em vinte minutos poríamos a draga no fundo.

Houve então que proceder a trabalho de benefi ciação das tranquetas da porta de visita do colector da casa das máquinas, e dos parafusos e porcas da válvula de entrada de água na proa, de forma a serem desmontadas com o mínimo esforço e o mais rapidamente possível.

E foi assim que, durante um período de quinze dias, eu e o 1º de máquinas esti vemos, alternadamente, 36 horas a bordo e 12 em casa. Dormíamos junto ao aparelho de fonia, na ponte da draga, aguardando o momento de dar cumprimento à ordem de meter no fundo, caso ela viesse a acontecer, emanada do Direc-tor dos Serviços de Dragagens e confi rmada através de um proto-colo de Santo e Senha.

Nesses dias, após os trabalhos de dragagem, fundeavam as duas dragas, paralelas uma à outra, entre o canal, mas com um cabo de aço já passado pela popa de uma à outra, e com gran-de seio, de forma a que toda a navegação passasse sobre o dito cabo sem problemas.

No caso da dita ordem ter que ser cumprida, a “Búzi” meteria o cabo dentro, de modo a aproximar as popas de ambas as dra-gas, a fi m de obstruir o canal e então proceder ao afundamento das mesmas.

Na “Búzi” havia ainda o cuidado de ter uma baleeira a motor arriada junto á água, para levar todo o pessoal para terra após o trabalho executado. Escusado será dizer que o motor dessa em-barcação ti nha que estar devidamente operacional. Havia ainda que rebocar uma baleeira da outra draga, ou levar o pessoal na nossa embarcação.

Felizmente que a dita ordem nunca foi transmiti da e a opera-ção não se concreti zou...

Bati sta Velez1TEN OTT REF

PERGUNTA INCÓMODACASO QUE, NÃO PARECENDO, FOI REAL

CONVÍVIO

CURSO HERMENEGILDO CAPELO 50º ANIVERSÁRIO

11SET – Cumprimentos ao ALM CEMA por representantes do Curso (AM)

18SET – Homenagem a Hermenegildo Capelo. Descerramen- to de placa em Palmela

“Moscatel de Honra” na Casa Mãe Rota dos Vinhos Abertura ofi cial da exposição “HC.ARTCOLEX” e apre- sentação da edição especial da Revista da Escola Na- val “Tridente”

09OUT – Visita à Escola Naval02OUT – Apresentação de cumprimentos ao VALM COMNAV

Visita à Sagres e almoço 23OUT – Visita ao CITAN, ES, submarino e fragata (AM) Visita ao CCF (PM)25OUT – Jantar e Baile de Encerramento na Messe da Guia Cerimónia de descerramento de placa, em Palmela.

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Nunes MarquesCALM AN

REUNIÃO DO GRUPO DE OPERAÇÕES ANFÍBIAS DA NATO

“HARBOUR PROTECTION”

NOTÍCIAS

Decorreu na Escola Naval, no período de 7 a 11 de julho, o “Amphibious Operati ons Working Group” (AMPHIBOPSWG),

cuja organização esteve a cargo do Centro Integrado de Treino e Avaliação Naval (CITAN).

O AMPHIBOPSWG é um grupo de trabalho constituído sob a égide do NATO Standardization Office (NSO), com o objetivo

N o âmbito da liderança de Portugal do projeto “Harbour Protecti on” (HP) da

iniciati va “Smart Defence” da NATO, decor-reu no Centro Integrado de Treino e Avalia-ção Naval (CITAN), no período de 16 a 18 de julho, uma reunião de trabalho do “Spe-cialist Team on Harbour Protecti on” (STHP).

Este grupo de trabalho integra 14 nações aliadas e uma nação parceira e é liderado pela Marinha portuguesa.

O objeti vo do STHP é estudar e elaborar propostas de uniformização para a edifi ca-ção de uma capacidade de proteção por-tuária projetável, da NATO, contra ameaças tridimensionais, integrada e interoperável, composta materialmente por sensores e armas que permitam proteger infraestru-turas portuárias vitais, incluindo os navios surtos nesses portos.

Este projeto é liderado pela Divisão de Planeamento do Esta-do-Maior da Armada (EMA), encontrando-se em desenvolvimen-to dois pilares desta capacidade: a proposta de uniformização da doutrina táti ca e a proposta de uniformização das especifi cações técnicas do módulo projetável. A doutrina táti ca em desenvolvi-mento consiste em táti cas, técnicas e procedimentos a empregar com o módulo projetável e é liderado por Portugal através do Gru-po Estratégico para a Proteção Portuária e do Grupo de Trabalho HP da área do Comando Naval (CITAN e ofi ciais de várias unidades navais). O documento das especifi cações técnicas para o módulo projetável é liderado pela Alemanha, sendo a parti cipação nacio-

nal da responsabilidade de representantes da Direção de Navios e da Direção de Tecnologias de Informação e Comunicações.

A liderança nacional no desenvolvimento deste projeto permi-ti u que a sua gestão fosse conduzida através da aplicação do mo-delo e das ferramentas de planeamento estratégico em uti liza-ção na Marinha, e conferiu a Portugal uma enorme visibilidade internacional, pela importância operacional que a NATO passou a atribuir à defesa portuária expedicionária.

Esta reunião contou com a presença de delegados de 8 nações NATO e 3 comandos/COE (Center of Excellence) NATO, tendo o CALM Sousa Pereira, Chairman da STHP, efetuado a abertura e o encerramento do evento.

de discutir a doutrina na área das Ope-rações Anfíbias, de modo a propor a sua implementação às várias nações. Este é o processo que estabelece a uniformiza-ção da doutrina, nomeadamente de téc-nicas, táticas, procedimentos e termino-logia em todos os países que integram as operações anfíbias da Aliança.

A escolha de Portugal para receber este grupo de trabalho demonstra o reconheci-mento da NATO pela longa tradição nacional nesta área e pela parti cipação dos Fuzileiros nos diversos teatros de Operações.

As Operações Anfí bias representam uma das capacidades essenciais para a projeção de força da Aliança, em operações militares combatentes e em operações de ajuda hu-manitária ou de evacuação de não comba-

tentes. A sua presença pode infl uenciar os acontecimentos em re-giões litorais mesmo sem penetrar no território.

O CALM Picciochi, Comandante do Corpo de Fuzileiros, efe-tuou a abertura da reunião que contou com a presença de 53 de-legados provenientes de 14 nações (12 nações NATO, Austrália e Nova Zelândia) e 8 comandos/Centros de Excelência NATO.

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Nunes MarqCALM

Tendo sido concluídos em dezembro de 2013 os trabalhos de edifi cação da capela da Escola de Tecnologias Navais (ETNA),

realizou-se no passado dia 25 de junho a cerimónia da sua dedica-ção a Santa Bárbara, padroeira dos Arti lheiros, a qual foi presidida por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Manuel da Silva Rodrigues Linda.

NRP D. CARLOS I EM FÁTIMA

DEDICAÇÃO DA CAPELA DA ETNA A SANTA BÁRBARA

No dia 22 de maio, por volta das 23h00, quinze elementos da guarnição do NRP D. Carlos I saíram em direção a Fáti ma, a

pé, a parti r do Parque das Nações onde se inicia o Caminho de Santi ago Português.

Caminharam o primeiro dia durante 14h00, percorrendo 50 km de baixo de chuva, frio, sol, por trilhos, estradas e passeios marí-ti mos. Passaram por Alverca, Vila Franca de Xira e Carregado, até ver o seu dia terminar às 13h00 do dia 23 de maio na Azambuja, onde permaneceram a descansar até às 03h00 no Centro Social Paroquial da Azambuja.

As dores, as bolhas e o cansaço fí sico eram elevados, mas o grupo estava forte e a vontade de conti nuar era grande. Após um bom banho quente, um excelente tratamento médico, e já con-fortados com uma boa comida, estavam como novos.

No dia 24 de maio acordaram com algumas dores, mas for-tes e confiantes para uma nova etapa, arrancando da Azam-buja às 03h00. Percorreram 60 kms em 16 horas difíceis, de exaustão e algumas desistências devido a lesões. O frio duran-te a noite e o calor durante o dia, por trilhos, estrada, serras e vales, passando pelo Cartaxo, Vale Santarém, Santarém, Azoia de Baixo e terminando com bastantes dificuldades físicas, mas muita força psicológica e espírito na localidade de Olhos de Água, por volta das 19h00, onde permaneceram para repouso, reposição de forças e tratamentos no Centro da Ciência Viva da Nascente do Alviela.

Na últi ma etapa, últi mo dia desta jornada, todos acordaram com uma força do tamanho do mundo, pois apesar de estarem todos debilitados, era o dia de ati ngir o objeti vo maior, a che-gada a Fáti ma. Saíram às 08h00 do dia 25 de maio, cinco ele-mentos dos quinze que iniciaram este caminho, que após 31 km com vento, sol e lindas paisagens passando por Covão do Feto e Minde, viam o seu esforço chegar ao fi m às 15 horas quando

ati ngiram fi nalmente o Santuário de Fáti ma. Esta chegada foi marcada pelo senti mento de união e dever cumprido, mas com muitas lágrimas e dores à mistura. Alguns familiares, orgulho-sos, estavam à espera deles para o grande convívio fi nal, que se realizou no parque de Merendas do Santuário de Fáti ma.

O espírito de sacrifí cio, de cooperação, de parti lha e de grupo foi senti do por todo o grupo e esses eram os grandes objeti vos desta caminhada, pois todos adoraram esta experiência única, que os marcará para o resto das suas vidas e os fará crescer de várias formas.

Esta ati vidade contou com o apoio do Insti tuto Hidrográfi co, a nível de transporte e de vários elementos do navio que provi-denciaram o apoio logísti co, alimentar e de saúde, fi cando aqui o nosso profundo agradecimento a todos os envolvidos.

Colaboração do COMANDO DO NRP D. CARLOS I

A cerimónia ocorreu por ocasião da primeira visita do Bispo do Ordinariato Castrense à ETNA, acompanhado pelo Vigário Geral e todos os capelães da Marinha. A visita foi iniciada com umas palavras de boas vindas pelo Superintendente dos Serviços do Pessoal, VALM Rocha Carrilho, que lhe agradeceu a disponibilida-de apresentada e as recentes palavras de encorajamento aos mi-litares, proferidas por ocasião da peregrinação militar a Fáti ma.

Após uma breve apresentação sobre a Escola, pelo Coman-dante, CMG Henriques Gomes, D. Manuel Linda teve a opor-tunidade de dirigir uma saudação de apreço aos oficiais, sar-gentos, praças e civis que preenchiam na totalidade o auditó-rio, pela missão dos militares da Marinha em geral e da ETNA em particular.

Concluída uma pequena visita às instalações, deu-se início à cerimónia Eucarísti ca de Dedicação da Capela a Santa Bárbara, que pôde contar com a ilustre presença do Comandante Naval, VALM Monteiro Montenegro, arti lheiro mais anti go no ati vo, bem como do CALM Casqueiro de Sampaio, anterior Comandan-te da ETNA, e outros convidados, e que culminou com o descer-rar de uma placa assinalando a efeméride e umas fotos para me-mória futura.

Desta forma a ETNA viu concreti zado um anseio anti go da sua guarnição, passando a dispor de um espaço dedicado à refl exão e práti ca religiosa, com a dignidade e localização adequadas.

Colaboração do COMANDO DA ETNA

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Nunes MarquesCALM AN

ANIVERSÁRIOS

Durante os meses de julho e agosto diversas Unidades ce-lebraram o seu dia. A Revista da Armada associa-se a esta

efeméride, endereçando os parabéns aos Comandantes/Dire-tores e respeti vas Guarnições.

NRP Argos 01 julhoSuperintendência dos Serviços de Tecnologias da Informação 02 julhoCentro de Documentação, Informação e Arquivo Central da Marinha 02 julhoDireção de Análise e Gestão da Informação 02 julhoBase de Fuzileiros 03 julhoNRP Andrómeda 03 julhoDireção dos Serviços Jurídicos 06 julhoLaboratório de Análises Fármaco-Toxicológicas da Marinha 08 julhoInspeção-Geral da Marinha 14 julhoNRP Tridente 17 julhoPlanetário Calouste Gulbenkian 20 julhoMuseu de Marinha 22 julhoNRP Sagitário 31 AgostoNRP Rio Minho 31 Agosto

NRP ANDRÓMEDA27º ANIVERSÁRIO

No passado dia 3 de julho, celebrou-se o 27º aniversário do NRP Andrómeda.

Este navio hidrográfi co de construção nacional foi concebido para operar em zonas estuarinas e costeiras em missões de in-vesti gação nas áreas de hidrografi a, oceanografi a, geologia ma-rinha, química e poluição do meio marinho. Consiste pois, numa plataforma versáti l e económica, de capacidade cientí fi ca não permanente, encontrando-se preparado para uma rápida adap-tação de equipamentos específi cos, dispondo de uma diversa capacidade operacional que permite honrar os compromissos assumidos pela Marinha e pelo Insti tuto Hidrográfi co, quer de natureza militar, quer de interesse para a comunidade cientí fi ca nacional.

O dia de aniversário foi passado no mar, entre o Cabo Espichel e o Cabo Raso, na zona do Canhão de Lisboa, cumprindo-se mais um dia da Campanha SEDIMENTEX, no âmbito do estudo da dinâmica sedimentar, operando equipamentos de medição direta e indireta da coluna de água e de amostradores de sedimentos de fundo.

Concluído o dia de trabalho, a efeméride foi celebrada ao

jantar, com o navio fundeado na baía de Cascais, seguindo-se o bolo de aniversário e um brinde ao navio.

Colaboração do COMANDO do NRP ANDRÓMEDA

NRP ANTÓNIO ENES43º ANIVERSÁRIO

O NRP António Enes foi lançado à água a 16 de agosto de 1969, sendo entregue à Marinha em 18 de junho de 1971. 43 anos

depois, o navio e a sua guarnição comemoraram mais um aniver-sário, desta vez com o navio a realizar uma Revisão Intermédia (RI). Por essa razão a ocasião foi celebrada fora do navio, mas bem perto dele, com um agradável almoço de convívio da guar-nição, que incluiu os tradicionais corte do bolo de aniversário e um brinde à Marinha e ao navio, com as tradicionais “salvas arti -lheiras que a Marinha consagrou”.

Ao longo deste longo período de ati vidade operacional, o NRP António Enes tem desempenhado missões de vigilância, de bus-ca e salvamento maríti mo e de fi scalização dos espaços maríti -mos sob jurisdição nacional. Parti cipou em inúmeros exercícios nacionais, internacionais e viagens de instrução, tendo represen-tado os interesses nacionais em vários cenários, designadamente Moçambique, Angola, Guiné e Cabo Verde.

A RI em curso irá permiti r prolongar a vida operacional do na-vio, para o que receberá um novo sistema de produção e distri-buição de energia, bem como espaços para confeção alimentar de acordo com padrões atuais de Higiene Alimentar e ainda um radar de navegação novo.

Colaboração do COMANDO DO NRP ANTÓNIO ENES

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que por entre vénias múlti plas, solicitava a genti leza de uma foto que enquadrasse o Tejo sorria feliz, como se toda a sua vida a conduzisse ali, para aquele preciso mo-mento e lugar…

Rampas cheias de um verde instantâ-neo suportam fl orestas de adoradores do sol, alinhados por tribos e, muito, muito longe, da exti nção atribuível a outras re-ligiões, cada vez menos persistentes na Fé. Tudo, tudo agora, me parece diferen-te e esta diferença dá algum senti do à mudança que é toda a vida… e à minha própria mudança.

Este ano pude levar a minha família a um país onde morei e onde guardo mui-tos amigos. Foi uma viagem nostálgica. Na verdade, não há como voltar às ori-gens para ver a vida em perspeti va. O mesmo se passou comigo neste preciso momento a nível profi ssional, voltei para onde tudo começou… Peço licença, ainda desta vez, para recomeçar…

Doc

NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 36

A CASA INACABADA…E O REGRESSO“Para mim há três palavras que defi nem as pessoas e que são: com licença, obrigado e perdão”Conversas com Jorge Bergoglio, o Papa Francisco, de Ambrogetti e Rubin

Voltei. Estou de novo junto ao Tejo, num inesperado trajeto do interior

para o rio… No Hospital das Forças Arma-das, fruto da divisão (por quotas) dos lu-gares de gestão pelos Ramos – um impe-rati vo militar – não pude fi car…

Em muito mais do que se vê ou diz, a mudança foi bem-vinda. Percorro locais anti gos onde se sente o mar: o “Minis-tério da Marinha”, o Terreiro do Paço, o Tejo… Contudo, uma parte de mim pa-rece inacabada. Durante meses esti ve profundamente envolvido nas transfor-mações daquele hospital, como muitos presenciaram. Na verdade, a fusão dos hospitais militares, como um maremoto, envolveu de forma intensa todos os que ousaram parti cipar nela.

Considero que há ainda muito, mui-to, por fazer naquela insti tuição. Por ve-zes mesmo, tenho a ousadia de acredi-tar que ainda poderia ter algum papel na mudança… e o meu papel, sabe aquele leitor anónimo que comigo se cruzou no elevador da minha nova unidade, seria sempre naval. Também naquela parte ir-racional da alma que todos temos, pare-ce estranho sair assim, por ser mais anti -go e ser da Marinha. Resta-me a certeza de saber que fi z tudo, tudo o que me foi possível, para honrar o azul-escuro – que a esta altura já faz parte de mim – mui-tas vezes sujeito a ventos e tempestades, inexplicáveis e, com frequência, moral-mente inaceitáveis.

Deste modo, peço aos meus doentes que me perdoem, pela involuntária saí-da. Seria um caminho que mais tarde, ou mais cedo, aconteceria. Procurarei dar, estou certo, um contributo de ou-tro modo, como outros fi zeram antes de mim. A Saúde Militar está numa encruzi-lhada da qual ainda se não conhece to-talmente o rumo, por mais pontos que se marquem na carta onde procuramos delinear o futuro. Ora, também aqui, no lugar de maresia de onde agora escrevo, há muito para fazer…

Alguns estarão a pensar, por esta altu-ra, de que escreverá ele agora? Não se

preocupem, para começar, e de acordo com o lema acima exposto (pertencente a um Papa), gostaria de agradecer daqui a todos os que colaboraram comigo no Serviço de Cardiologia do Hospital das Forças Armadas. Não serão esquecidos. Não serão esquecidos, ainda, todos os militares e civis que aprendi a respeitar, no esforço hercúleo que a mudança im-plicou naquela “casa inacabada”… Ha-verão sempre outros temas, que, como sempre, agradam a alguns e podem de-sagradar a muitos outros que seguem es-tas palavras. É o risco de escrever, que é parecido com o risco de viver…

Vou-me deliciando na contemplação da vida, que sempre me impressionou (e inspirou) a escrita. No trajeto, agora quo-ti diano, da “Doca da Marinha” para o “Mi-nistério” passa o Mundo. Turistas mais ou menos expostos apanham sol na praia, aparentemente maior, que ladeia o Cais das Colunas. Atletas, de todas as cores e feiti os, fogem dos seus fantasmas a par-ti r do Cais do Sodré, como se da corrida dependessem as suas vidas… A japonesa,

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SAÚDE PARA TODOS 18

ERGONOMIA: NA SENDA DAS BOAS POSTURAS!O médico italiano Bernardino Ramazzini foi o primeiro a escrever sobre doenças e lesões relacionadas com o trabalho, na sua publicação de 1700 "De Morbis Ar fi cum" (doenças ocupacionais). Naquela altura, Ramazzini foi discriminado pelos seus colegas por visitar os locais de tra-balho dos seus pacientes a fi m de iden fi car as causas dos seus problemas.A Segunda Guerra Mundial marcou o advento das máquinas e armas sofi s cadas, criando exigências cogni vas e sicas jamais vistas pelos operadores de máquinas. Nas décadas seguintes à guerra, e até os dias atuais, a adaptação do trabalho ao homem con nuou a desenvolver-se e a diversifi car-se. Em 1949, Murrel, engenheiro inglês, fez o reconhecimento desta disciplina cien fi ca criando a primeira associação nacional de Ergonomia, a Ergonomic Research Society. Para melhor compreensão desta temática foi pedida a colaboração ao 1TEN MN Santos Henriques, médico do Centro de Educação Física da Armada.

AP – O que é a Ergonomia?SH – O termo Ergonomia deriva do grego ergon (trabalho) e nomos (leis ou normas). A Ergonomia é a ciência que estuda a com-pati bilidade entre os indivíduos e o seu trabalho. O conceito de "trabalho" inclui o ambiente envolvente, o local específi co de trabalho e as tarefas desempenhadas.AP – Como funciona a Ergonomia?SH – O objeti vo da Ergonomia é identi fi -car as condições de trabalho que não se adequam ao corpo dos trabalhadores e impõem restrições na capacidade de tra-balho a longo prazo. Essas condições ori-ginam frequentemente desconforto e fa-diga, podendo mesmo resultar em lesões e doenças profi ssionais, com consequente absenti smo laboral. AP – Quais as causas ergonómicas que mais frequentemente podem originar doença?SH – As situações patológicas resultantes de condições ergonómicas inadequadas incluem lesões por esforços ou por movi-mentos repeti ti vos, bem como alterações osteomusculares relacionadas com o tra-balho. A sua origem reside normalmen-te em períodos de trabalho prolongado envolvendo movimentos forçados, movi-mentos repeti ti vos ou posturas incorre-tas. Além do componente fí sico da pres-tação laboral, não se pode negligenciar o impacto das condições ambientais envol-ventes no senti mento de bem-estar e mo-ti vação dos trabalhadores, aspeto de ca-pital importância no rendimento laboral. Um local de trabalho muito frio ou mui-to quente, pouco iluminado, barulhento, pouco venti lado ou com odores desagra-dáveis causa descontentamento, stress, fadiga, cansaço visual, dor de cabeça e ou-tros problemas ou mesmo doenças.AP – Como podem estes problemas ser prevenidos? SH – Todas as situações previamente cita-das podem ser prevenidas fazendo com que o local e a organização do trabalho se ajustem às necessidades fí sicas e mentais de cada trabalhador. Ao corrigir as condi-ções inadequadas já identi fi cadas é possí-vel oti mizar o desempenho dos trabalha-

dores, com benefí cios para a saúde dos indivíduos, o bem-estar coleti vo e a pro-duti vidade da insti tuição. AP – Pode apontar um dos erros que seja mais frequente nos locais de trabalho?SH – Todos sabem que a quanti dade de pessoas que passa grande parte do seu tempo laboral sentado à secretária a tra-balhar num computador não é negligenciá-vel. Como tal, parece ser perti nente abor-dar e divulgar alguns factos relati vos à pos-tura a adotar nesta situação em parti cular. A tí tulo de exemplo, considerem-se as se-guintes 10 indicações (ver fi gura):1. Encosto da cadeira adaptado à curvatu-ra da coluna;2. Descanso dos antebraços ao nível dos cotovelos;3. Altura do assento abaixo do nível das rótulas;4. Ombros e ancas alinhados;5. Punhos em posição neutra (sem dobrar ou esti car);6. Joelhos ligeiramente abaixo das ancas;7. Pés apoiados no chão ou num descanso para pés;8. Monitor do computador com o limite superior ao nível dos olhos; brilho e con-traste ajustados;9. Teclado do computador centrado à frente do uti lizador;10. Rato do computador próximo do te-clado e ao mesmo nível.Além deste ti po de cuidados, é ainda aconselhável fazer pequenos intervalos no trabalho para realizar exercícios no senti do de minimizar desconfortos mus-culares e arti culares. O Gabinete Médico do Centro de Educação Física da Arma-da disponibiliza a todos os interessados um folheto informati vo que inclui alguns exemplos de exercícios.Considerando o maior risco destes indiví-duos terem um esti lo de vida sedentário, é importante sublinhar o valor da práti ca regular de ati vidade fí sica para compen-sar os longos períodos de inati vidade em contexto laboral. AP – Sabe-se que é a práti ca regular de ati vidade fí sica, e não um ato esporádico

ou a práti ca irregular, que traz benefí cios para a saúde. Como se defi ne a práti ca regular de ati vidade fí sica?SH – Em cada semana, os adultos devem acumular um mínimo de 150 minutos de ati vidade fí sica aeróbia de intensidade mo-derada (e.g. 30 minutos/dia, 5 dias/sema-na) ou 75 minutos de ati vidade fí sica aeró-bia de intensidade vigorosa (e.g. 25 minu-tos/dia, 3 dias/semana) ou uma combina-ção equivalente das duas anteriores. Para alcançar os tempos totais de práti ca de ati -vidade fí sica deve preferir-se uma distribui-ção semanal equilibrada, podendo inclusi-ve ser fracionada ao longo do dia em pe-ríodos nunca inferiores a 10 minutos con-secuti vos. Os adultos devem ainda realizar exercícios de fortalecimento muscular de intensidade moderada a elevada que en-volvam grandes grupos musculares, duas ou mais vezes por semana.

Ana Cristi na Pratas1TEN MN

A Ergonomia é a ciência que estuda a rela-ção entre o Homem e o trabalho que executa, procurando desenvolver uma integração per-feita entre as condições de trabalho, as capa-cidades e limitações sicas e psicológicas do trabalhador, e a efi ciência do sistema produ -vo. Os seus obje vos primordiais são aumen-tar a efi ciência organizacional (produ vidade e lucros) e aumentar a segurança, a saúde e o conforto do trabalhador.

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OSSEO; AMMAO.

VERTICAIS: 1 – FARFALHEIRO. 2 – USURPAR; AIS. 3 – RELERA; ASAS.4 – CLAMO; CASSE. 5 – OOTEAC; RI. 6 – RES. 7 – PA; UIVARA. 8 – AIAIA; TURIM. 9 – SENO; SUARAM. 10 – TOA; ABALARA. 11 – ACROCORINTA. 11

NuneCALM AN9

NORTE (N)

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 458

1 6 4 8 9 7 2 5 3

8 7 2 34 5 4 59

4 7 93 5 61 28

5 2 7 1 8 9 6 3 4

4 13659 2

39 6548 2 1 7

7536 9 1 8 4 2

9 6428 7 3 1 5

3 7 5 4 8 1 2 9 6

2 3 1 4 7 8 5 9 6

2317 569 48

4 2 69 7 15 38

312 78 69 4 5

85931472 6

47 6528 9 1 3

1234 6 7 8 5 9

4 789 2 5631

1 3 8 6 5 9 27 4

QUARTO DE FOLGA

JOGUEMOS O BRIDGE Problema nº 176

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 8

SUDOKU Problema nº 8

FÁCIL

FÁCIL DIFÍCIL

DIFÍCIL

1 5 9

4 6 9 7

1 5 2

1 2

3 4

1 8

2 4 7

7 9 2 3

6 5 2

1 6 8

2 4 9

9 5 6 2 8

5 7 8 6 4

1 2

3 6 2 1 7

7 9 1 8 2

9 7 3

3 9 6

Problema nº 458PALAVRAS CRUZADAS

HORIZONTAIS: 1 – Que tem modos ou traje de paisano (Pl.). 2 – Gulodices. 3 – Anéis; miseráveis; símb. quím. do bário (Inv). 4 – Pequeno poema da Idade Média, narrati vo ou lírico (Inv.); rio da Suiça (Inv.); rol na confusão. 5 – Metal raro, de cor acinzentada; animal recém-nascido. 6 – Feminino de nós; tritura. 7 – É quase leira; ci-dade e município do est. do Ceará, Brasil. 8 – Fruta da ateira; corto aos bocados com os dentes; três de repas. 9 – Entrega; parceiro; três de egiptólogo. 10 – Contar ou descrever em romance. 11 – Género de mamíferos insectí voros, do Haiti e de Cuba.

VERTICAIS: 1 – Ornato consti tuído por molduras em forma de painel (Pl.). 2 – Estacionai; letra grega. 3 – Anti ga cidade da Ilíria, reputada, nos tempos greco-romanos, como centro intelectual e comercial; no fi m e no princípio de lar. 4 – Andavas; botequim; escritor americano de imaginação ardente e às vezes mórbida nascido em Boston (Ap.). 5 – Senhor; gracejas; mano na confusão. 6 – Espécie de andorinha; livro que contém a doutrina religiosa de Mafoma. 7 – Nica na barafunda; o mesmo que maior; no meio da onda. 8 – Palavras compostas da preposição a e do artº. os; coragem; ninfa que, por ter desagradado a Juno, foi metamorfo- seada em rochedo e condenada a repeti r as últi mas palavras de quem a interrogava. 9 – Primeira e terceira de dose; que se entrega ao tráfego dos negros (Inv.). 10 – Nome próprio masc.; parede de barro calcado entre

HORIZONTAIS: 1 – APAISANADOS. 2 – PAPARICOS. 3 – AROS; VIS; AB. 4 – IAL; RAA; ORL. 5 – NIOBIO; CRIA. 6 – NAS; MOI. 7 – LEIR; COREAU. 8 – ATA; OOR; RPS. 9 – DA; PAR; EGIT. 10 – ROMANCEAR. 11 – SOLENODONTE .VERTICAIS: 1 – APAINELADOS. 2 – PARAI; ETA. 3 – APOLONIA; RL. 4 – IAS; BAR; POE. 5 – SR; RIS; OAMN. 6 – AIVAO; CORAO. 7 – NCIA; MOR; ND. 8 – AOS; COR; ECO. 9 – DS; ORIERGEN. 10 – ARI; APIAT. 11 – SUBLACUSTRE.

Carmo Pinto1TEN

21 3 4 5 6 7 8 9 10 11

123456789

1011

OESTE (W) ESTE (E)

♠ ♥ ♦ ♣ 5 R 6 9 4 V 3 7 3 10 6 2 2

♠ ♥ ♦ ♣ A D V D V 4 9 8 9 3 7 5 6

♠ ♥ ♦ ♣ 7 A A A 5 R R D V 10 10 8 4

♠ ♥ ♦ ♣ R 9 5 3 D 8 4 210 7 2 8 6

SUL (S)

W – E vuln. Analise bem as 4 mãos e procure encontrar uma linha de jogo para S conseguir cumprir o seu contrato de 7♦, com a saída a ♠R.

SOLUÇÃO: PROBLEMA Nº 176

Numa 1ª análise verifi ca-se que contamos 12 vazas sem qualquer problema (1♠+1♥+5♦+5♣), faltando encontrar como conseguir mais uma para cumprir o contrato. A técnica de carteio a seguir, denominada morto inverti do, já foi apresentada em problemas anteriores e deverá estar sempre presente quando procuramos a linha de jogo mais adequada face às cartas disponíveis… e esteja atento que lhe vai aparecer muitas vezes como única solução. Vejamos então como S deve aplicá-la neste problema: faz de A e joga outra ♠ que corta de A; vai ao morto com o 10 de trunfo para o V e con nua com outra ♠ para cortar de R; volta ao morto com o 8 de trunfo para o 9 e joga a úl ma ♠ para cortar com a D, trunfo restante em mão; vai agora ao morto na ♣D, ra o úl mo trunfo com o 7 baldando a ♥ perdente e fazendo o resto das vazas com o naipe de ♣, conseguindo assim as 13 vazas (1♠+1♥+3♦ a destrunfar+3 no corte das ♠+5♣).

Nunes MarquesCALM AN

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NOTÍCIAS PESSOAIS

RESERVA

● SMOR M Joaquim Pires Manso ● SCH CM João Manuel Rodrigues Paulo ● SCH ETI José Manuel Alves Nunes.

● 68742 CALM REF Joaquim de Carvalho Afonso ● CMG 138239 REF Manuel Mateus da Cunha Chagas ● 624887 CFR FZ RES Pau-lo Jorge Serrão Rodrigues ● 673461 SMOR CM REF Joaquim Gue-des Figueiredo ● 74065 SMOR TES REF João José Oliveira Nunes● 224469 SMOR TRC REF Rogério Queimado Carrilho ● 318753 SAJ A REF Augusto Luís ● 97942 1SAR A REF João Vicente de Oliveira● 492454 1SAR H REF Diogo Vicente Amaro ● 916862 1SAR FZ REF Vitoriano Ângelo Cabrita ● 286369 1SAR FZ REF Carlos Manuel Pinto Pereira ● 569159 2SAR FZG REF João Cordeiro dos Santos ● 484557 CAB CCT REF José dos Santos Neves ● 259971 CAB E REF Abel Cabral da Encarnação ● 356454 CAB TFH REF Secundi-no Rodrigues ● 1000663 CAB FZ REF José Carlos Barreto Gaspar ● 280975 CAB TFH REF Júlio da Silva Ferreira ● 173077 CAB M REF Gabriel Domingos Rosado do Rosário ● 1072 Ex-1GRT FZ REF Mário Malan Seide ● 31997758 AG 2CL QPMM APOS Isidoro Coelho Pinto.

FALECIDOS

● SMOR TRI João António Quarenta Lopes ● SMOR TRC Amadeu Lu-cas ● SMOR TRI Fernando Pedroso de Matos ● SCH E José Mar ns Alves da Nóbrega ● SCH CE João Manuel da Silva Abreu Reis ● SCH L José Joaquim Correia da Silva ● SCH SE Fernando Manuel Brito Ribeiro ● SCH FZ José Maria Ribeiro Carrapiço ● SCH T Luís Filipe Calheiros Gouveia ● SAJ FZ Joaquim António Prates Russo ● SAJ A Joaquim José Elias Rosalino ● SAJ M Carlos Manuel da Costa Silva ● SAJ H Gaspar Dias Mar ns ● SAJ E César Alexandrino Lança Figuei-ra ● 1SAR CM Luís Manuel Costa Ferreira ● CAB TFD Fernando Lo-pes ● CAB TFD Luís Manuel Caetano Colaço ● CAB A Francisco Ma-ria Fialho Gaspar ● CAB TFH João Manuel Antunes Vinagre ● CAB T João Luís Potes Manilhas ● CAB V Joaquim António Gonçalves Fran-co ● CAB L António João Ferreira Fonseca ● CAB L Miguel José dos Santos Rodrigues Coelho ● CAB L João Fernandes da Silva Nunes ● CAB L José Pinheiro Machado ● CAB M Mário Jorge Soares Simões ● CAB T Fernando Manuel Marchante Vicente ● CAB T António José Mota Gomes ● CAB A Vítor Luís de Oliveira Tavares.

NOMEAÇÕES● VALM José Alfredo Monteiro Montenegro, Inspetor-Geral de Marinha ● VALM Fernando Manuel de Macedo Pires da Cunha, Comandante do Comando Operacional Conjunto ● CALM An-tónio Tomé Robalo Cabral, Juiz Militar no Tribunal da Relação do Porto ● CALM João António Barreiros Esteves Nunes, Juiz Militar no Tribunal da Relação de Lisboa ● CALM MN José de Gouveia de Albuquerque e Sousa, Diretor do Hospital das For-ças Armadas ● CMG José Cardoso da Cruz Gomes, Chefe do De-partamento Marítimo do Centro e Capitão do Porto de Lisboa

● CMG Paulo Manuel José Isabel, Chefe do Departamento Ma-rítimo do Sul e Capitão do Porto de Faro ● CMG Pedro Sassetti Carmona, Diretor dos Serviços de Cooperação Técnico-Militar (DCTM) ● CFR Ricardo Freitas Braz, Adjunto da União Europeia em missão Militar Junto da Nato e UE em Bruxelas ● CFR Ricar-do José Gomes da Silva Inácio, representante Nacional no Con-sórcio Seasparrow da NATO em Washington, EUA ● CTEN Pedro Miguel Bastos Afonso dos Santos Serafim, Comandante do NRP Baptista de Andrade ● CTEN António Pedro Nolasco Crespo, Co-mandante do NRP Jacinto Cândido ● 2TEN Miguel Relvas Pena Vargas da Costa, Comandante do NRP Escorpião ● 2TEN Rui Mi-guel Aleixo Miguel Cândido, Comandante do NRP Dragão.

COMANDOS E CARGOS

Realizou-se no passado dia 9 de abril, no restaurante “Quinta das Laranjeiras”, em Fernão Ferro, o almoço comemorati vo do 42º aniversário da incorporação de abril de 1972. Informam-se todos os membros da 3º

Guarnição do NRP Álvares Cabral (96/99) que se vai realizar o 2º Almoço Convívio no dia 29NOV2014 a bordo do NRP Álva-res Cabral.

O encontro terá início às 10.30 horas com visita ao navio.

As inscrições podem ser efetuadas até 19NOV2014.

Os interessados devem contactar: ● Pedro Boleta (coordenador) Tel: 309 943 044 (fi xo) / 965 709 988ou email: [email protected]● Cabo CM Pedro Costa Tel: 918 454 826.

INCORPORAÇÃO DE ABRIL DE 1972 NRP ÁLVARES CABRAL (F331) 3ª GUARNIÇÃO

CONVÍVIOS

REFORMA

● CMG FZ José da Conceição Góis ● CFR OT José António Pereira Salgueiro ● CFR FZ José de Campos Beato Aleixo ● CFR Álvaro João Rodrigues Machado ● CFR MN Pedro Jorge dos Santos Monteiro Torres ● SMOR FZ Artur Cândido Negreiros Morais Moura ● SMOR FZ Basílio Ferreira Fernandes ● SMOR TRC Ernesto Bogalho Correia

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SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de azul com carbúnculo de ouro sagitado, brocante um escudete de prata com açor de vermelho, armado, lampassado e membrado de azul, carregado com uma âncora de prata no peito. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, ti po elzevir, «CENTRO DE COMUNICAÇÕES DOS AÇORES».

SIMBOLOGIAO carbúnculo sagitado é sinónimo das comunicações, na medida em que alude à difusão da informação por via eletromagnéti ca. O açor foi adaptado do brasão de armas dos Açores e a âncora simboliza a Marinha.

BRASÃO DO CENTRO DE COMUNICAÇÕESDOS AÇORES

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SÍMBOLOS HERÁLDICOS

BRASÃO DO NTM CREOULA

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de azul com dois bacalhaus de prata adossados, em chefe duas cordas formando um nó direito. Coronel naval de ouro forrado de ver-melho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, ti po elzevir, «N.T.M. CREOULA».

SIMBOLOGIAOs bacalhaus aludem ao passado histórico do navio enquanto bacalhoeiro (1937-1973) e o nó direito traduz o espírito de entreajuda, amizade e camaradagem que os jovens desenvolvem quando embarcam no NTM Creoula, assim como a instrução, a arte de marinheiro e as noções de marinharia que lhes são ministradas a bordo. O nó direito simboliza ainda o reforço da ligação da Marinha à sociedade civil, por via do embarque dos jovens.

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