Publicação Jovens de Responsa

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A publicação “Jovens de Responsa: experiências e práticas em rede para prevenir o uso de bebidas alcoólicas por jovens menores de 18 anos” traz o resultado de quase três anos de trabalho da parceria entre Ambev e as 18 ONGs que integram o Programa Jovens de Responsa. A Publicação reúne práticas que vem contribuindo na elaboração de políticas públicas relacionadas ao uso consciente de bebidas alcoólicas e que podem ser facilmente replicadas em diferentes locais. O prefácio é do jornalista Gilberto Dimenstein, que faz uma análise de todo o trabalho realizado pelos Jovens de Responsa em suas respectivas comunidades. De acordo com especialista, a publicação se presta a um objetivo ainda maior do que disseminar as tecnologias sociais relacionadas ao tema do uso indevido de álcool. O livro é praticamente um guia para fazer do jovem um construtor de políticas públicas.

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sumárioInIcIatIvaAmbev Equipe: Alexandre Loures, Guilherme Mello, Milton Seligman, Ricardo Rolim e Rodrigo Moccia

SIStEmatIzação E contEúdo técnIcoLynx ConsultoriaEquipe: Alvaro Real, Bettina Grajcer, Bruna de Paula, Larissa Dantas e Stella Pereira de Almeida

Produção dE contEúdo E ProjEto GráfIcoAssociação Cidade Escola Aprendizconsultor: Gilberto Dimensteincoordenação: Daniele Próspero e Marina RosenfeldEdição: Daniele Prósperotexto: Julia Dietrich e Paola Prandinirevisão: Bianca Justiniano e Camila Aragonfotografia: Vitor DragonettiIlustração: Vinicius Savrondiagramação: Gláucia Cavalcante

outubro de 2012

PREFÁCIO - JOVEM NÃO É PROBLEMA. É SOLUÇÃOINTRODUÇÃO - REdE JOVENS dE RESPONSA: fORMAÇÃO dE JOVENS cONSciENtES E dE AtitUdEATIVIDADEs COM JOVENs - JOVENS dE RESPONSAEVENTOs - BALAdA SEM ÁLcOOLBAR DE REsPONsA - iRREVERÊNciA cOM RESPONSABiLidAdECAPACITAÇÃO DE EDUCADOREs - A EdUcAÇÃO cOMO PONtO dE PARtidAAÇõEs DE COMUNICAÇÃO - cOMUNicAÇÃO cONSciENtEAVAlIAÇÃOPAssO A PAssOPARA sABER MAIsREDE JOVENs DE REsPONsA

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F requentemente, a palavra jovem aparece associada a problemas

na escola, no trânsito, na vio-lência, no emprego, no abuso

de bebidas alcoólicas. Poucas coisas são mais graves no Brasil do

que a crise no ensino médio, marca-do pela evasão, repetência e desem-

penho sofrível nas notas - e, aqui, se juntam todos os problemas. São vidas

e perspectivas desperdiçadas.Por trás da visão negativa, não se percebe

o jovem, especialmente o das periferias, como um protagonista de soluções, mas de gerador

de encrencas. Espera-se que essa “fase” passe e, então, aquele ser problemático se tornaria, enfim,

um adulto razoável, equilibrado e construtivo.Nesta publicação da Rede Jovens de Reponsa, o

que vemos é justamente o contrário. Vemos o jovem não apenas como parte de um problema - e, aqui, o

grave problema do consumo abusivo de be-bidas alcoólicas -, mas como gerador de uma saída. Não apenas uma saída para suas vidas, mas de suas comunidades.

Quem melhor para falar com o jovem do que o próprio jovem, usando seus códi-gos? Jovens foram colocados diante do desafio de lidar com o tema da saúde pú-blica de diferentes comunidades vulnerá-veis em regiões metropolitanas brasileiras. São locais que, pela pobreza e violência, configuram-se em armadilhas.

Apesar da escassez de recursos e abun-dância destas armadilhas, é possível ver, com clareza, os resultados dessa parceria de jovens, educadores, comunidade, espe-cialistas em saúde pública, comunicadores, organizações não governamentais e a iniciativa privada.

Para evitar “chutes” e impressionismo, montou-se até mesmo, como no caso de He-

liópolis, uma comparação com um grupo de controle a fim de medir o impacto das ações.

O que se faz, em essência, é a criação de tecnologias sociais, capazes de serem replicadas em qualquer lugar, desde que adaptadas às peculiaridades locais.

Usam-se as mais diferentes “iscas”- da comunicação ao esporte, passando pela mú-sica. A partir dessas “iscas”, cria-se uma rede de parcerias, que formam o capital social – o valor que se extrai da capacidade se os indi-víduos trabalharem com metas comuns.

Tecnologia social é exatamente igual a qualquer tecnologia. Passe-se um tempo num laboratório, onde uma ideia é testada e, depois, observada em pequena escala em um projeto-piloto até ser disseminada.

É um trabalho árduo, complexo, passível de erros, que exige atenta observação. Muito do que se faz é descartado como em qualquer experiência. A diferença aqui é que não se

está num asséptico laboratório, mas numa comu-nidade com toda a sua complexidade e vulnerabi-lidade – o que exige ainda mais cuidado.

Este livro é um guia dessas tecnologias sociais inovadoras que, certamente, ainda precisam evoluir, mas revelam um roteiro de soluções valiosas, algumas delas, inclusive, em fase de disseminação pelo poder público. Como não poderia deixar de ser, esses proje-tos transformam-se em roteiro de ação.

Apesar de diferentes, as experiências trans-mitem algumas lições comuns, como a habili-dade de compor parcerias comunitárias, saber comunicar uma ideia, ter educadores engaja-dos que desenvolvam habilidades e, sobretudo, o jovem como protagonista.

O tema aqui é o uso indevido de álcool. Mas a publicação se presta a um objetivo ainda maior: como fazer do jovem um construtor de políticas públicas.

jovem não é problema.

é soluçãoGilberto Dimenstein

pref

acio

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S abemos que desde que o mundo é mundo, nas mais variadas civilizações

e culturas, as celebrações, festas, cerimônias e rituais são marcadas

pelo consumo de bebidas alcoólicas. O álcool ocupa lugar de destaque em

nossa história social, sendo conside-rado, em diferentes épocas, medicação

para diversos males, substância sagrada e valoroso alimento.

É fato que o álcool tem funções importantes para a humanidade. No

entanto, se de um lado ele é benéfico, de outro, se não for usado com moderação,

pode trazer problemas. Para minimizar tal risco a proposta é investir na prevenção do

seu consumo indevido.Atentas a esta importante temática, orga-

nizações sociais espalhadas pelo país apostam na criação de soluções simples e eficazes para pre-

venir o uso de bebidas alcoólicas por adolescentes menores de 18 anos. Estas organizações fazem parte

do Programa Jovens de Responsa (JR), uma iniciativa fomentada pela Ambev e alinhada aos pressupostos

da Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconiza que a indústria participe da solução para prevenir o con-

sumo indevido de álcool.

Para atingir seu objetivo, o Programa Jovens de Responsa conta com o conhecimento e a ex-periência das organizações para desenhar estra-tégias preventivas eficientes. A cada ano, novas organizações se agregam a esta rede. As ações tiveram início em 2010 com a participação de quatro entidades, passando para dez no segundo ano e chegando a 18 organizações em 2012, loca-lizadas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Para o JR, um pressuposto básico das atividades é o estabelecimento de parcerias e o trabalho em rede, pois iniciativas isoladas não costumam oferecer resultados efetivos nessa área. O consumo indevido de bebidas alcoólicas é um problema complexo que exige, portanto, a mobilização de diversos atores, como indústria, governo e sociedade civil.

Há diversos exemplos positivos de ações sendo desenvolvidas, como a Lei nº 14.592 conhecida como “álcool para menores é proibi-do”, sancionada pelo Governo do Estado de São Paulo em 2011, que passou a fiscalizar e multar comércios que a desrespeitavam, e implantou um projeto de prevenção do consumo de álcool voltado para jovens de escolas públicas.

Outra ação neste sentido é a parceria esta-belecida pela Ambev com o Grupo Pão de Açúcar,

que garantiu a implementação de um sistema em todas as lojas da rede no Brasil para impe-dir a venda para jovens sem comprovação da idade, além de formar mais de 15 mil frentes de caixa da empresa sobre prevenção do con-sumo indevido de álcool.

Moral da história: é preciso desenvolver uma gama de ações integradas e com diversos parceiros para conquistas efetivas de mudan-ça de cultura e cumprimento da legislação. É assim que a prevenção funciona! E funciona muito bem: o NIDA (National Institute on Drug Abuse), instituto de pesquisa do governo fede-ral americano, afirma que a cada dólar inves-tido em prevenção, gera-se uma economia de até 10 dólares em tratamento. Ou seja, estamos diante do conhecido ditado: “Prevenir é melhor que remediar!”

É por esse motivo que as organizações da Rede Jovens de Responsa apostam em projetos de prevenção criativos e com a cara da juventude. Esses projetos são planejados pelas equipes gestoras das ONGs, e cada en-tidade desenvolve a estratégia de prevenção que melhor se adéqua a sua realidade local, sempre utilizando o conhecimento e expertise que já possuem, pois cada território conta com saberes específicos aos seus contextos.

Para auxiliar no planejamento e desenvolvi-mento das ações, as organizações participam de capacitações presenciais em grupo e recebem su-pervisões individualizadas, presenciais e à distância. Estas atividades garantem a uniformidade do em-basamento teórico da temática para que as ações em rede estejam sempre alinhadas. São dezenas de iniciativas realizadas em cinco frentes de ação:

1. atividades com jovens - O objetivo é inserir o assunto nas atividades cotidianas das organizações, como: esportivas, oficinas de comu-nicação, teatro, dança etc, permitindo que os jovens adquiram conhecimentos sobre o tema, multipliquem estas informações para seus pares, aumentem a sua percepção de risco do consumo e, portanto, se tornem aptos a tomarem decisões com maior responsabilidade.

2. Inserção do tema em eventos - Organização de festas, concursos e torneios em que os jovens são incenti-vados a se divertir sem o consumo de bebidas alcoólicas, além de divulgar

intr

oduc

ao Rede Jovens de Responsa: foRmação de Jovens conscientes e de

atitude

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mensagens importantes sobre a temática para a comunidade.

3. atividades com bares - Desenvolvi-mento de estratégias e ações para conscientizar e incentivar bares do entorno das organizações de Responsa a não venderem álcool para adoles-centes com menos de 18 anos, assim como para adultos que estejam alcoolizados.

4. capacitação para educadores e lideran-ças - São promovidos encontros de formação para educadores com dinâmicas de grupo informativas e de sensibilização para auxiliar o desenvolvimento de estratégias de abordagem da temática em suas atividades, garantindo a efetividade do primeiro pilar. O programa também trabalha com a formação de lideranças, educadores e mães com o objetivo de torná-los multiplicadores das mensagens de consumo responsável.

5. ações de comunicação para prevenção do consumo indevido de bebidas alcoólicas - Criação e divulgação de material informativo sobre consumo consciente de álcool em bares e pontos movimentados da comunidade, assim como notí-cias e informações sobre o tema, em programas de rádio, fanzines, teatro, entre outros.

A grande “sacada” da Rede de Responsa é fazer com que os atores locais destas comunidades sejam multiplicadores das mensagens de consumo responsável, focando na prevenção. Por meio deste trabalho em rede, o Programa identifica e fortalece as melhores práticas, promovendo a troca de expe-riências e replicando os bons resultados alcançados pelas organizações.

Desta forma, seja pelas rodas de conversa, passando pela produção de games interativos até as campanhas de conscientização dos donos de bares, desde a sua criação, o Jovens de Responsa conseguiu impactar milhares de jovens e tam-bém adultos das comunidades em que as ações são realizadas.

Todas estas atividades são práticas preven-tivas inovadoras, simples e de baixo custo sendo, portanto, passiveis de replicação. Por isto, esta publicação pretende estimular a divulgação das ex-periências já desenvolvidas com sucesso e inspirar novas práticas de “Responsa” no Brasil!

Para facilitar a leitura, a publicação foi organizada a partir dos cinco pilares que com-põem o Programa Jovens de Responsa. Em cada capítulo, um personagem de destaque traz o

tema do pilar à tona, apresentando sua vivência no Programa, a partir dos desafios e conquistas em trabalhar a temática do consumo responsá-vel em sua comunidade.

Você poderá conferir ainda dados de pes-quisas e estudos sobre o assunto e acompanhar o passo a passo de algumas atividades que são desenvolvidas pelas organizações, além da indi-cação de outras práticas realizadas pela rede.

Apresentamos ainda, neste livro, o resultado de uma primeira avaliação realizada que mostra o

impacto positivo das ações preventivas.A nossa proposta é compartilhar os conheci-

mentos e experiências para que possam ser facil-mente replicados por outras organizações, escolas, educadores, programas de governos e cidadãos engajados com o seu entorno.

Seja você também um multiplicador de responsa!

Boa leitura!

Resultados - 6033 jovens participantes em atividades diretas

- 960 educadores e lideranças comunitárias capacitados- 500 bares sensibilizados- 39 mil participantes em eventos (festas, concursos, campeonatos e caminhadas

comunitárias)- 900 mil pessoas impactadas por ações de

comunicação (programas e spots em rádio, distribuição de materiais de comunicação etc)Período: maio 2010 a julho 2012

Jovens de Responsa: prevenção em cinco pilares

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No meio da comunidade de Heliópolis, região periférica da zona Sul da cidade de São Paulo, um

grupo de jovens tem dado literalmente o que falar. E, diferente do que o senso comum pode achar, não é por

uma algazarra que pode virar capa de jornal. Os olhares se voltam para eles pela ação pra lá de positiva. Com sede de

transformação social, estes jovens transgridem, consciente-mente, as regras locais - onde beber é encarado como um há-

bito normal por alguns adolescentes que habitam as redondezas de suas casas. Na contramão desse caminho, eles acreditam que é

possível se divertir sem precisar beber e disseminam esta ideia para os quatro cantos da comunidade.

Cintia Ribeiro e Fabíola da Silva, de 16 anos, e Gabriella Gonçalves de Sousa, de 17 anos, fazem parte deste grupo em que “atitude” já virou

marca registrada: Jovens Alconscientes, projeto realizado pela UNAS (União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João

Clímaco), em parceria com o Programa Jovens de Responsa. A proposta é prevenir o uso indevido de álcool dentro da comunidade

de Heliópolis a partir da participação ativa de jovens lideranças. Assim, a equipe

jovens de

responsaDe jovem para jovem: participantes do projeto Jovens

Alconscientes levam conhecimento sobre o consumo de álcool aos moradores da comunidade de Heliópolis

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do projeto, formada por cerca de 20 jovens, participa de uma série de atividades, como oficinas de Comunicação, Leitura e Escrita e de Design Gráfico, para que possam elabo-rar campanhas e eventos de prevenção no bairro. Ser um jovem “alconsciente” é uma forma de mostrar que não ingerir bebidas alcoólicas antes dos 18 anos é algo positivo e que apenas um jovem com muita atitude poderia desempenhar tais atividades.

Cheio de criatividade, característi-ca marcante da juventude, e alinhado à proposta do Jovens de Responsa, o grupo promove diversas ações, como a Balada Black, o Festival de Música, a Blitz, o Site, entre outras atividades. “A gente participa das oficinas para redigir e revisar os textos que escrevemos em nossos meios de comunicação, e ainda para fazer a produ-

ção gráfica dos cartazes e dos materiais visuais que usamos nas ações”, ressalta Fabíola.

Na Blitz, por exemplo, os jovens elaboram folders sobre o tema e saem pela comunidade para conversar com moradores e até motoristas que pas-sam por ali sobre a temática do consumo conscien-te. Já o Festival Helipa Music acontece como forma de divulgar produções locais de músicas que con-tenham, em suas letras, princípios sobre o consumo indevido de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos ou ainda para difundir boas práticas frente à mudança de comportamento até mesmo de adultos que bebem de maneira inadequada.

Seja na balada ou no festival, estes jovens de

responsa cuidam de tudo: da organização, à criação dos materiais de comunicação até a limpeza do local. Haja responsabili-dade! Com isto, Cintia, Fabíola e Gabi, que participam de todas as ações, assim como os colegas, já se tornaram referência sobre o tema na comunidade.

As garotas se conheceram no bairro onde vivem e passaram a conviver, diaria-mente, por conta das atividades que reali-zam no projeto. Dada a gama de atividades que promovem no grupo, há tarefas para serem cumpridas todos os dias. Com his-tórias variadas, mas com o desejo comum

Adriana Aparecida Checchia, 38 anos, mãe de Karina Checchia Miquelini, 22 anos, que atuou no Programa Jovens de Responsa pela Fundação Gol de Letra

Conheca este pilar

A partir de jogos pedagógicos, rodas de conversa ou oficinas de teatro e comunicação, o objetivo das atividades com os jovens é incentivar a prevenção do uso indevido de bebidas alcoólicas junto aos adolescentes que participam dos projetos desenvolvidos pelas organizações parceiras do Programa Jovens de Responsa. A ideia é também prepará-los para que se tornem multiplicadores deste conteúdo, levando esta mensagem de forma positiva, aberta e com atitude, de jovem para jovem.

Nova maneira de viver

“É muito importante a participação de minha filha no Programa Jovens de Responsa. A Karina buscou um novo caminho, um novo entendimento, se tornou conselheira dos jovens da família. Inclusive, algumas mães conhecidas por nós chegaram a perguntar a ela sobre como poderiam fazer para prevenir que seus filhos ingerissem bebidas alcoólicas antes dos 18 anos. Acho muito interessante a minha filha ter se interessado em participar deste projeto. No mundo de hoje, em que os jovens se envolvem muito mais com o divertimento e o lazer apenas, ter uma filha que dedica parte de seu tempo ao desenvolvimento de uma sociedade melhor é ótimo. Sinto muito orgulho dessa iniciativa”

de ressignificar o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes e jovens, prioritariamente, Cintia foi trazi-da por Fabíola para participar das atividades da UNAS, há dois anos, e Gabriella já é velha frequentadora: faz parte da organização desde os sete anos de idade.

As três atuam juntas há um ano na empreitada pelo consumo consciente de bebidas alcoólicas. Parti-cipando de diferentes ações, as jovens garantem que, qualquer um que passe a fazer parte do grupo tem trabalho de sobra para encarar. Afinal, o consumo de álcool é debatido de diferentes formas pela equipe, e os assuntos são trazidos à tona seja por questões vivencia-das na família, com os amigos ou por conhecer histórias na comunidade.

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Prática de Responsa: AssembleiaQuem realiza: Associação Cidade Escola AprendizDescrição: espaço democrático que promove a discussão dos temas mais relevantes do projeto para os jo-vens e educadores. A inserção do tema “consumo de álcool entre jovens” auxilia no início do diálogo sobre o consumo consciente e levanta subsídios para a realização de ações nas diversas produções do projeto.

Prática de Responsa: Roda de ConversaQuem realiza: Instituto Crescer para a Cidadania e Viva RioDescrição: ambiente de reflexão e diálogo estruturado que promove a compreensão e entendimento de questões relacionadas ao consumo de álcool na adolescência.

Prática de Responsa: Oficina de MúsicaQuem realiza: UNAs e CUFADescrição: oficina para criação de letras, rimas e versos que estimulem o consumo consciente de bebidas alcoólicas.

Gabi, inclusive, já protagonizou diferen-tes iniciativas durante o desenvolvimento das etapas do projeto, incluindo a gravação de um videoclipe de funk sobre os Jovens Alcons-cientes, em que aparece como MC (mestre de cerimônias). Atuou também como repórter do programa de rádio que leva o nome do projeto, veiculado pela Rádio Heliópolis, que conta com o apoio da UNAS. A inicia-tiva leva ao ar informações sobre álcool e outras notícias, contando também com participações ao vivo, feitas pela equipe dos Jovens Alconscientes, em momentos como as Blitz, realizadas pelo bairro em diversas ocasiões.

Na opinião das garotas, a proposta de engajar a própria juventude nesta temática é fundamental para dissemi-nar as ideias do Programa Jovens de Responsa. “Nós transformamos para a linguagem do jovem as cartilhas que

Teoria das Normas Sociais

A Teoria das Normas sociais (Social Norms) é uma estratégia de prevenção que parte do pressuposto de que os jovens superestimam o consumo de bebidas alcoólicas por seus pares e que, como tendem a se comportar como a maioria do grupo, esta percepção vai influenciar o seu próprio padrão de consumo. Assim, acreditando que o comportamento de beber e inclusive de beber em excesso é algo corriqueiro, os jovens acabam bebendo com maior frequência e em maior quantidade.

A proposta é, portanto, transmitir informações sobre o real padrão de consumo dos jovens fazendo com que a mudança de percepção diminua o consumo. Vai no sentido inverso de “se todos bebem vou beber também”. Para isso são realizadas, por exemplo, pesquisas dentro de uma escola, mostrando que seus colegas não bebem tanto quanto imaginam os jovens.

Fonte: Moreira MT, Smith LA, Foxcroft D. Social norms interventions to reduce alcohol misuse in University or College students. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2009.

Saiba mais em: www.socialnorms.org

“Em conversas com os jovens do Ins-tituto Crescer, antes das atividades reali-zadas em prol do consumo consciente de

álcool, eles demonstravam interesse em consumir bebida alcoólica em consequên-

cia de falas de outros jovens, que já pos-suem uma certa ‘experiência’ no assunto.

Por isso, as atividades realizadas focaram os impactos que o álcool pode causar na vida

de menores de idade e dicas de consumo consciente, depois dos 18 anos. Após me-

ses de trabalho, percebemos a formação de cidadãos mais reflexivos, a partir da pro-

dução de materiais de mídia e de arte re-lacionados à temática do Programa Jovens

de Responsa. Nesse sentido, a curto prazo, esperamos que os jovens consigam inter-

pretar o que é ou não sadio para esta fase de desenvolvimento na qual se encontram.

A longo prazo, por sua vez, esperamos que os jovens saibam se comunicar e interpretar

as informações e signos dos meios de co-municação, em prol de uma sociedade mais

consciente e equilibrada”

Eduardo Bustamante, 31 anos, Orien-tador de Projetos do Instituto Crescer para a Cidadania

Formacao de cidadaos

recebemos do programa aqui na UNAS. Trans-formamos os conteúdos em spots radiofônicos, vinhetas e videoclipes, atingindo muito mais o nosso público-alvo, formado por jovens, assim como nós”, explica Gabriella.

Uma das peças de comunicação que se destaca, por exemplo, é o spot radiofônico “Mitos e Verdades”. Em um deles, transmitido pela Rádio Heliópolis, ressalta-se o fato de haver 66% de adolescentes, entre 14 e 17 anos, no Brasil, que sequer ingeriram álcool ou apenas beberam uma única vez. Essa tese contraria a premissa popular

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VEJA O PASSO A PASSO dE OUtRAS PRÁticAS dEStE PiLAR NA PÁgiNA

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anote ai1. Há uma influência direta da família no padrão de consumo

de álcool pelos filhos. De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE em 2011, no Estado de são Paulo, 38% dos menores de idade experimentaram bebidas alcoólicas em sua casa ou na casa de amigos/conhecidos; 39% dos jovens menores de idade consomem bebidas alcoólicas em suas casas uma ou mais vezes por mês; e 22% dos menores de idade bebem geralmente com a família. Por isto, a Organização Mundial da

saúde (OMs) recomenda, dentre outras ações, o envolvimento da comunidade e das famílias como forma de combater o uso

indevido de álcool.Fonte: Pesquisa IBOPE/Governo do Estado de São Paulo - Consumo de bebidas

alcoólicas por menores (2011)

2. O cérebro e o corpo de um adolescente ainda estão em desenvolvimento e o consumo de bebidas alcoólicas pode causar problemas. Jovens que começam a beber antes dos 15 anos, segundo estudos da Universidade Federal de são Paulo (Unifesp), têm mais problemas de aprendizagem, mais prejuízos no desenvolvimento cognitivo, maior envolvimento em comportamentos de risco e maiores chances de se tornarem dependentes quando adultos.Fonte: VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras (2010)

“O adolescente não deve consumir bebidas alcoólicas por algumas impor-tantes razões. O álcool atua no sistema

nervoso central que, na adolescência, ainda está em desenvolvimento. Assim, o consumo de bebidas alcoólicas nessa

faixa etária pode prejudicar o amadure-cimento cerebral normal tendo como consequência alterações no desenvol-

vimento da personalidade e prejuízos de funções centrais como a memória

e a atenção. Além disto, para que o uso de álcool não seja prejudicial à saúde é necessário ter moderação e controle,

atitudes que não são características da adolescência. De fato, quando compara-dos a adultos, os adolescentes bebem em

menor frequência, mas em maiores quan-tidades. Ou seja, quando bebem frequen-

temente o fazem com exagero, se expon-do a riscos. Por fim, a literatura acadêmica demonstra que, quanto mais cedo se dá a

experimentação e o início do uso regular de álcool, maior a probabilidade de de-senvolvimento de padrões de consumo

disfuncionais na idade adulta”

Stella Almeida, Psicóloga com pós-doutora-do em Neurociências e Comportamento

O irmão de Cintia, de 20 anos, inclusive, dimi-nuiu a ingestão de álcool, após a participação dela nas atividades do Programa Jovens de Responsa. No entanto, ela não credita a si o motivo dessa mudan-ça, mas sabe que serve de exemplo para sua família. Para esta adolescente, inclusive, família é parte essencial de sua vida, tanto é que, quando questio-nada sobre quais sonhos possui, Cintia relata que gostaria de comprar uma casa para morar com sua mãe, um dia.

Gabi, todavia, ressalta que nem sempre é tranquilo não beber junto dos amigos que não fazem parte do projeto ou que ainda não conhecem a iniciativa. Mas situações como essa não a desanimam. No futuro, ela espera que o projeto possa ser expandido e que o gosto pela escrita - despertado após ter se tornado repórter da Rádio Heliópolis e do site jovensalconscientes.com.br - continue a ser útil em prol da atuação em outras comunidades.

Para isso, continuam a frequentar a sede da instituição, mesmo quando não há ações a serem realizadas. De maneira geral, espera-se que os jovens impacta-dos pelo projeto tenham atitudes de mu-dança, sendo vistos como ‘descolados’ pela conscientização que possuem. Por isto, a equipe dos Jovens Alconscientes busca sempre dar o recado, falando a língua do jovem e a partir das relações que estabelecem com seus pares, tão jovens como seus componentes. Verdadeiros jovens de atitude!

com moderacao

- defendida por alguns - de que todos irão consumir álcool, mais cedo ou mais tarde, durante a adolescência.

Cintia conta que, após ter ingres-sado no Programa Jovens de Responsa, ficou conhecida por todos na comuni-dade onde mora. “Temos mais respeito junto às pessoas que vivem aqui e, quando alguém não segue as regras, por exemplo, na Balada Black, a gente conversa e explica que não é permiti-do o consumo de bebidas alcoólicas dentro da festa”, finaliza.Jovens do Instituto Crescer para a Cidadania promovem “Dia de Responsa” na comunidade

Depois de ingerido, o álcool é absorvido e passa para a corrente sanguínea, que o

transporta aos diversos órgãos, como o cérebro (A), o sistema cardiovascular (B), o

fígado (C) e os rins e a bexiga (D)

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“É isso aí pessoal. Aqui é o Regis dizendo que sába-do vai rolar a Balada Black, curtição sem álcool na quadra

poliesportiva, na Rua da Mina, 38”. A chamada da Rádio Heliópolis anuncia o evento que há seis anos mobiliza os

jovens da comunidade de Heliópolis, bairro que reúne em torno de 195 mil habitantes na zona Sul de São Paulo, para

uma festa multicultural, com um novo conceito: diversão sem bebida alcoólica. Hip Hop nacional, RAP underground, funk e mú-

sica eletrônica embalam a galera todo último sábado do mês, na chamada Balada Black, que reúne cerca de 1000 jovens por edição.

A ideia – bastante inovadora e corajosa – partiu de uma das maiores referências na comunidade: Reginaldo Gonçalves, 35 anos, ca-

rinhosamente apelidado de Régis, coordenador da Rádio e importante ativista da juventude na região. Régis praticamente nasceu em Heliópolis

e desde pequeno viveu as intensas mudanças da comunidade, seu proces-so de urbanização e modernização.

balada

sem álcool

Na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, a mensagem que ecoa pelos diversos cantos do bairro para os jovens é

uma só: diversão, sim, álcool, não.

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Com pouco mais de 20 anos de idade, na época, Régis, que trabalhava organizando eventos na comunidade, foi convidado a participar da progra-mação da recém-fundada, mas ainda sem estrutura, Rádio Heliópolis, ini-ciativa da União de Núcleos, Associa-ções e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (UNAS). “Logo que entrei, me falaram que a programação da rádio não poderia

ser comercial e que a ideia era trazer a comunidade, construir uma proposta coletiva que representasse de verdade as pessoas do bairro”, conta Régis, que co-nhece todo mundo no bairro e é saudado com muito carinho por onde passa.

Porém, Régis e outros jovens ativistas da comu-nidade entendiam que as ações comunitárias iam muito além do próprio veículo de comunicação. Saraus, festas, aulas e atividades formativas complementavam a proposta da rádio e aproximavam os moradores das suas respectivas associações e da própria UNAS. Porém,

alcançar a juventude sempre foi um desafio. Para Régis, não existiam espaços culturais em que o álcool não aparecesse com força. “Esses jovens associavam sempre a música, a cultura e a diversão à festa e à bebida alcoólica. Mas, a nossa proposta era ir para outro caminho. Tivemos várias ideias e uma delas foi a Balada”, conta.

Inicialmente, a Balada Black foi realizada no CEU Meninos, espaço

que, pelas suas próprias características, não autorizava o consumo de bebida alcoólica. O complexo cultu-ral cuidava de toda a estrutura e aos jovens cabia a divulgação do evento e a fiscalização do não consumo de álcool. Na época, cerca de 400 jovens participavam da atividade, que já se apresentava como uma opção segura de diversão para a juventude local. Em 2008, na mesma época em que a Rádio Heliópolis conquistou outorga para funcionar legalmente, o CEU Meninos mudou de direção e a balada não foi mais autorizada no espaço. Para garantir que o evento continuasse

Conheca este pilar As organizações que participam do Programa Jovens de Responsa sabem que promover um evento é uma ótima estratégia para reunir a comunidade, buscando chamar a atenção dos moradores para o tema da proibição do consumo de bebidas alcoólicas para menores de idade. Cada organização tem autonomia para estruturar o seu evento e o público que pretende envolver na iniciativa. Por isto, pode ser uma balada, um sarau, uma reunião de moradores ou até mesmo um campeonato de futebol. Com muita criatividade, as organizações têm inspirado adultos e jovens, bairros e comunidades inteiras, a repensarem a relação do adolescente com o álcool! Ivon Alves, 34 anos, DJ Ivolverine. Militante e ativista do Movimento Hip Hop,

morador de Heliópolis e DJ residente da Balada Black

Musica de atitude

“O mais bacana nesses eventos comunitários é apresentar para a juventude outras possibilidades de repertório musical, cultural e social. Começamos introduzindo uma música ou uma fala diferente do que es-tão acostumados, do que escutam em casa, mostrando que a música e a cultura local têm um poder enorme de transformação social, inclusive nas questões ligadas ao consumo de álcool. O som vai mandando a letra do respeito ao outro, a si próprio e ao coletivo. E a Balada Black é esse respeito. Ali não rola beber e todo mundo aceita isso porque conhece a proposta, que é defendida pelos próprios jovens. Não adianta chegar com o conhe-cimento pronto, com a proibição. É preciso encontrar formas para que este jovem construa seu próprio caminho e entenda, de verdade, o porquê de não consumir a bebida e descubra outras formas de se divertir, aprender e viver a própria juventude”

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Acao articulada“A Balada é uma iniciativa muito boa, sobretudo porque é

uma festa que olha para esse adolescente. O jovem não pode ser tratado como criancinha. Temos que falar com esse jovem com a linguagem deles, uma linguagem séria, de verdade. E a música, a cultura, o comunicar direto só vem para somar, para apresentar a este jovem outros cenários e possibilidades. Para combater o consumo de álcool por menores de idade, temos que ter todos os setores articulados, respeitando esse jovem, mas apresentando todo o cenário do porquê não consumir o álcool e, quando maior de idade, que ele faça com moderação”

MV Bill (Alex Pereira Barbosa), 38 anos. Rapper e escritor, autor do best-seller “Falcão - Meninos do Tráfico”, e mais de 100 canções fundamentais para a história do RAP e Hip Hop nacional e internacional. É fundador da CUFA e agente da Rede Jovens de Responsa.

rEDE Em

AÇÃoa acontecer, com a ajuda e aval da UNAS, a Balada Black mudou para a quadra poliesportiva, local central, no coração de Heliópolis. Embora muito bem localizada, com a mudança para um espaço aberto, a festa precisava de outro tipo de infraestrutura. “Não queríamos fazer a festa só por fazer. Queríamos que fosse um espaço de mobilização da juventude. Um espa-ço de verdade responsável. Num local mais aberto, sem o vínculo com CEU, a galera poderia facilmente assumir que ali o álcool seria permitido”, diz.

Assim, Régis, com o apoio do Programa Jovens de Responsa, encontrou jovens dispostos a fazer o evento acontecer: um grupo de adolescentes, que recebeu o nome de Alconscientes, passou a organizar a atividade - da divulgação à limpeza. São eles agora que organizam toda a atividade e Régis só os acompanha e auxilia na programação. “Com a par-ceria, além de estruturarmos a festa na quadra, conseguimos montar uma rede de formação para estes jovens do grupo, que participam de uma série de atividades formativas sobre comunica-ção, juventude e participação comuni-tária”, explica.

Ao mesmo tempo em que Régis trabalhava com os jovens na questão do gerenciamento da festa, conti-

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Prática de Responsa: Café na OcaQuem realiza: Instituto Crescer para a CidadaniaDescrição: espaço de interação, lazer e entretenimento para a co-munidade no qual os jovens apresentam as produções realizadas durante o curso, inclusive a respeito da temática do uso consciente de álcool. A comunidade também é convidada a participar ativamente das atividades, como um show de talentos.

Prática de Responsa: Carnaval de ResponsaQuem realiza: UNAs e Viva RioDescrição: carro de som e bloco de percussão que se apresenta nas ruas da comunidade disseminando mensagens e músicas sobre consumo consciente de bebidas alcoólicas na época do carnaval.

Prática de Responsa: Expo Consumo ConscienteQuem realiza: Cipó - Comunicação Interativa e Fundação Gol de letraDescrição: exposição com vídeos, imagens e textos produzidos pelos jovens ao longo dos projetos para discutir o consumo de álcool na adolescência. A exposição conta com a participação dos familiares dos jovens e da comunidade em geral para que possam conhecer e debater o tema.

Prática de Responsa: Responsa Grafitti Fest Quem realiza: Fundação Gol de letraDescrição: encontro de grafitti entre artistas, com palestras e pinturas para conscientizar os participantes sobre a temática do uso indevido de álcool.

VEJA O PASSO A PASSO dE OUtRAS PRÁticAS dEStE PiLAR NA PÁgiNA

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nuou com as atividades de coordena-ção da rádio. Super ativo, Reginaldo é também um educador e articulador comunitário em Heliópolis. Preocu-pado, ele ressalta a importância de buscar novas oportunidades para

a juventude local. “Com o apoio da família, amigos, outros militantes e da própria UNAS, consegui encon-trar um meio para me sustentar e continuar atuando na comunidade. Agora, tento replicar o que aprendi e trazer novos parceiros para que outros jovens possam fazer o mesmo”, explica.

Hoje, com o apoio do Jovens de Responsa, Régis, os DJs da comunidade e os próprios Jovens Alconscientes provaram que a proposta dá certo e comemoram as conquistas. O consumo de álcool segue proibido e não apresenta qualquer problema. “Claro que tivemos um ou outro incidente, mas tudo sempre foi resolvido com calma e pela nossa maior arma, o microfone. Nós subimos no palco e conversamos que neste espaço, não rola. Não pode e pronto: a proposta é outra, é diversão segura e respon-sável. A própria galera, frequenta-dora da balada, não deixa ninguém estragar a festa porque sabe que se não rolar o respeito à regra, nós paramos o evento”, alerta.

No início, ao limparem o espaço, os organizadores encontra-vam algumas garrafas de bebidas, mas hoje não veem mais nenhuma. Além de não encontrarem vestígios de álcool, comemoram a presença de DJs ilustres que apareceram por lá. MV Bill, Dexter e Emicida – todos falaram no microfone, elogiaram a iniciativa e conversaram com os jo-vens sobre a importância do espaço não ter consumo de álcool, de ser pela música e diversão. “Nós tenta-mos associar a produção musical e

cultural da balada à rádio, sintonizada na região na 87,5 FM. Tudo rola em sintonia. As mensagens da cul-tura, da juventude e, claro, do não consumo de álcool por menores de 18 anos e consumo responsável para quem já tem idade”, explica, ressaltando a ponte fun-damental que a Rádio Comunitária tem com todas as ações com foco no desenvolvimento da comunidade.

Sempre lotada, a Balada Black quase nem pre-cisa mais de divulgação. O evento já virou tradição em Heliópolis e, com as ações complementares do Jovens de Responsa, ganhou apoio dos adultos da comunidade, que têm o espaço como local seguro para diversão de seus filhos. “Tenho certeza absoluta que se eu não puder mais estar na organização, a festa vai continuar sozinha. Ela faz parte do nosso cotidiano, é a cara da nossa juventude e é de verda-de a melhor forma de dar a letra para o adolescente não beber”, conclui.

E a ideia parece que deu tão certo que tem mui-ta gente por aí que decidiu apostar na mesma pro-posta. O evento já tem sido replicado em diferentes localidades do país e contagiou outras organizações, da própria Rede Jovens de Responsa.

No início de 2012, por exemplo, os organizadores da Balada Black foram até a cidade de Formosa, em Goiás, para dar oficinas sobre o tema.

Evento que incentiva a produção musical sobre temas importantes para a juventude

Cartaz de divulgação da Balada Black, que chega a reunir mais de 1000 jovens na comunidade

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“Não pode e pronto”. Esta é a resposta de Ro-semeire e Nelson Silva quando jovens menores de 18

anos querem consumir bebidas alcoólicas em seu bar. Os proprietários do Bar do Nelson, popularmente conhecido

como Bar do Corno, localizado no meio do ‘burburinho’ da Vila Madalena, zona Oeste de São Paulo, são uma referência

na comunidade por ter uma atitude responsável em relação ao consumo de álcool, muito antes deste assunto entrar tão em

voga na mídia e nos debates atuais. O casal conta que é muito comum ouvirem comentários

de pessoas que acham uma loucura um dono de bar não querer se beneficiar da venda de bebidas alcoólicas. “Mas, para nós, de verdade,

não interessa ter alguém alcoolizado aqui. Uma coisa é consumir bebida em ocasiões específicas, ter a bebida como diversão, relaxamento, prazer e

outra é ficar bêbado, passar mal, perturbar o ambiente”, explica Rosi.Por essa atitude, o Bar do Corno foi eleito, em 2011, por voto popular

na região de Pinheiros – onde se situa a Vila Madalena – como um “Bar de Responsa”. A campanha foi realizada pelo projeto de comunicação comunitá-

ria da Associação Cidade Escola Aprendiz, como parte das ações do Programa

IrreverêncIa com

responsabIlIdadeCom muito humor, proprietários do Bar do Corno, em São

Paulo, apresentam novas possibilidades de diálogo com os frequentadores sobre o uso abusivo de álcool. Lá, bebida é

diversão com responsabilidade

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Conheca este pilar Todas as ONGs que participam do Programa Jovens de Responsa sãoconvidadas a estruturar e a viabilizar a Campanha Bar de Responsa,tendo em vista a importância destes estabelecimentos também estaremengajados na prevenção ao consumo de bebidas alcoólicas por jovens. Afinal, de nada adianta a organização conscientizar a população e, o bar ao lado, desconstruir este trabalho. Por isto, o objetivo é mobilizar os bares da comunidade para garantir o cumprimento da lei e não venderem bebidas alcóolicas para menores de idade. Além disto, visa conscientizar os proprietários sobre a importância do tema e reconhecer o comportamento dos bares que atuam de forma responsável, cumprem as indicações legais e que evitam a embriaguez exagerada de seus clientes.

Para realizar a Campanha, as organizações promovem um mapeamento dos bares do entorno e solicitam aos estabelecimentos selecionados a assinatura de um termo de compromisso com a ação. A organização promove a mobilização na comunidade para a escolha dos ‘bares de responsa’. Aqueles que mais se destacarem como referência nas práticas de consumo responsável são premiados com melhorias nos bares.

Júnior Diamond, 28 anos, integrante e representante do grupo DR Look Dogs, integrado à Central Única de Favelas (CUFA) de São Paulo, que atua na comunidade de Paraisópolis, bairro com alta vulnerabilidade social na capital paulista

Musica descolada

“Recebemos o convite da CUFA São Paulo para fazermos uma música sobre consumo consciente de álcool. O desafio? Estudarmos o tema e fazermos uma letra que de verdade tocasse a comunidade! Era a primeira vez que parávamos, como jovens, para pensar no assunto e como ele se apresentava na nossa região. Foi um super desafio lidar com esse assunto, entendê-lo de verdade, mas o resul-tado ficou muito bacana. Além de compor a música ‘Tiozinho do bar’, cantamos em todos os bares finalistas da Campanha Bar de Responsa, recebemos comentá-rios das pessoas e percebemos que impactamos de verdade nossa comunidade sobre o tema. Além dos shows nos bares, fizemos campeonatos de videogame, roda de samba e saraus nos bares aqui de Paraisópolis. No Dia da Favela canta-mos também a música com o MV Bill que, além de muito gente boa, é uma enor-me referência para a gente. Percebemos que esta era uma mensagem importante para ser dada e temos muito orgulho de ter participado dessa iniciativa”

Jovens de Responsa.Para escolher os bares, os eleitores

tiveram acesso a diversas reportagens e vídeos sobre cada um dos estabele-cimentos, pré-selecionados a partir de questionários realizados com outros 49 donos de bares localizados perto das principais escolas da região. Finalista junto a outros três bares do bairro, o Bar do Corno ficou em primeiro lugar com uma diferença de mais de 100 votos para o segundo colocado.

Como prêmio, o bar recebeu uma reforma completa da fachada, além de diversos equipamentos e mó-veis novos para o estabelecimento e uma televisão para seus clientes. Con-tudo, para Rosi, a principal premiação foi o reconhecimento da comunidade e a valorização deles como atores de uma luta por um mundo melhor.

Donos de uma irreverência mar-cante, Rosi e Nelson são proprietários do Bar do Corno há mais de 20 anos.

Quando adolescentes, nunca imaginaram trabalhar com este tipo de negócio. “Nossas famílias eram tradicionais, namoramos no portão, com hora para voltar para casa, va-lorizamos a escola, estudamos e fizemos tudo de um jeito certo. Quando, anos depois de casados, Nelson recebeu a proposta do bar, tivemos uma longa conversa e decidimos que, se assumíssemos esse tipo de estabelecimento, faría-mos da forma correta. Queríamos garantir que o bar fosse um espaço bacana, de encontro e que a bebida alcoólica não fosse a única razão”, relata.

Assim, casados desde os 20 anos, e noivos ainda na adolescência, Rosi e Nelson lutaram juntos para transmitir

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valores de justiça social, seriedade, tra-balho e empenho a seus filhos. “Quando assumimos o bar, acabamos levando esses valores aos nossos clientes, que sabem que o Bar do Corno, mesmo com esse nome engraçado, é um ambiente familiar, que faz parte de verdade dessa comunida-de”, explica Rosi.

Essa atitude pró-ativa pelo bairro tem resultados: na região, é certeza que todo mundo já ouviu falar do casal. Mesmo em um bairro grande, numa cidade como São Paulo, o Bar do Corno busca estabe-lecer laços comunitários, “de vizinhança”, reunindo pessoas com responsabilidade, aproximando-as como amigas.

Diariamente, crianças passam na

Familia presente“Visitei mais de 50 bares do Complexo

do Muquiço, junto com a equipe do Instituto Bola pra Frente. Fomos a diversos locais e a

receptividade dos donos dos estabelecimen-tos foi muito boa. No entanto, ainda temos

muito trabalho pela frente. Para mim, como mãe, atuar junto ao Programa Jovens de Res-

ponsa é uma forma de conscientizar o jovem e a comunidade em relação ao consumo de

bebidas alcoólicas”

Vera Lucia Brito do Nascimento de Oliveira, 55 anos, dona de casa e participante das oficinas do Instituto Bola Pra Frente. Mãe de Wellington, de 17 anos, que

é um dos participantes das ações voltadas para o esporte nessa mesma instituição

Prática de Responsa: Encontro Educativo Bar de ResponsaQuem realiza: Instituto Bola Pra Frente e Projeto AxéDescrição: encontro para engajar os comerciantes na pro-moção do consumo responsável. Durante o encontro, a organização apresenta a campanha Bar de Responsa e as suas iniciativas em prol do consumo responsável.

Prática de Responsa: Eleição Bar de ResponsaQuem realiza:Associação NovolharDescrição: os jovens desenvolvem uma matéria para a TV com os candidatos finalistas a Bar de Responsa. A matéria é exibida em espaços públicos, com distribuição de panfletos com infor-mações dos candidatos. É colocada uma urna durante a exibição da matéria, que fica exposta posteriormente em locais de grande circulação da comunidade, para que todos possam votar em seu candidato a Bar de Responsa.

rEDE Em

AÇÃorua e brincam com Nelson, que não tira da cabeça um imenso chapéu de viking, ostentando chifres para lá de chamati-vos. “O Nelson comprou esse chapéu de um dos carroceiros aqui da comunidade, lavou e decidiu colocar na cabeça, para brincar com os clientes”, conta Rosi. “Eu sempre fui fiel e quase matei o Nelson quando vi este chapéu. Mas, a brincadei-ra deu tão certo, que virou uma marca registrada do nosso bar. Eu acabei levan-do tudo com bom humor”, explica.

Para Rosi, essa atitude de levar a vida com bom humor e leveza, que inclui acenar para as crianças que morrem de rir com o chapéu de corno, faz deles proprietários de um bar responsável. Assim como outros ‘bares de responsa’ que seguem a legislação vigente - em que vender bebidas alcoólicas para adolescentes com menos de 18 anos é proibido no país -, o Bar do Corno segue fielmente as normas e compreende sua função social. “Não somos contra bebida. Mas, por sermos proprietários de um bar, temos que cuidar e atender com atenção as pessoas que aqui frequentam”, explica.

Tamanha é a responsabilidade do bar que os dois filhos do casal não bebem. Tiago, de 25 anos, conta que simplesmente nunca teve vontade de beber. Para Rosi, isso acontece porque, os dois, desde pequenos frequentaram o espaço e viram de perto relatos e his-tórias sobre os prejuízos que o álcool em excesso pode causar na vida das pessoas. “Quando me perguntam se aqui tem algo para curar a gripe, eu logo mando

o cliente ir procurar uma farmácia. Bebida não é remédio”, ilustra Rosi.

Para os sempre solícitos e bem humorados proprietários do Bar do Corno, o consumo indevi-do de bebidas alcoólicas está relacionado à forma com a qual as pessoas lidam com as dificulda-des da vida. “Muita gente bebe em excesso para esquecer os problemas. Mas, na verdade, isso só piora. Além de cheio de problemas na vida, você

VEJA O PASSO A PASSO dE OUtRAS PRÁticAS dEStE PiLAR NA PÁgiNA

56anote ai

1. Em pesquisa realizada pelo IBOPE, os donos de bares revelam conhecimento superficial sobre a lei atual a respeito do consumo de álcool e têm dificuldades para aplicá-la. Eles consideram a lei necessária, porém, o baixo conhecimento sobre punições e

implicações para o dono e seu estabelecimento, aliado à falta de fiscalização, compõem o cenário facilitador para o consumo de

bebidas por adolescentes. Fonte: Pesquisa IBOPE/Governo do Estado de São Paulo - Consumo de bebidas alcoólicas

por menores (2011)

2. A Organização Mundial da saúde (OMs) aponta que houve um avanço nas iniciativas visando o consumo responsável de bebidas alcoólicas, pois pelo menos 34 países adotaram políticas formais para coibir ou prevenir os abusos desde 1999. Entretanto, no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBOPE, apenas 7% dos bares pedem documento para menores de idade no momento da compra de bebidas, a fim de evitar o consumo indevido.Fonte: IBOPE / Ambev. Pesquisa do Programa Ambev de Consumo Responsável. (2012)

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acaba tendo que enfrentar também os problemas deixados pela bebida”, conclui Rosi. Por isso, ela e Nelson acreditam que não adianta reprimir com violência, sem cuidado. Lá, os pro-blemas são todos resolvidos com bom

humor e carinho, buscan-do orientar a pessoa sobre outras possibilidades de lidar com suas dificuldades.

Para ambos, o consumo de álcool

exacerbado deixa as pessoas vul-

neráveis e a mercê dos outros problemas

sociais, como violência, sexo inseguro, acidentes

de carro, entre outros.

“Quantas vezes não ouvi histórias de meninas, ainda jovens, saírem de bares carregadas por homens que mal conheciam”, diz a proprietária. Para Rosi, o dono de bar é sim responsável pelo que acontece no seu estabelecimento e pode, ao menos, evitar que situações indesejadas aconteçam.

É assim que Rosi se apresenta como uma mãe zelosa: olha e cuida dos clientes, conversa, alerta, escuta os proble-mas alheios, dá conselhos e, pouco a pouco, mostra ao cliente maior de idade que ele não precisa “afogar suas mágoas” no álcool. “Juro que nunca ficaram bravos porque acho que eles percebem que tenho cuidado, que faço pelo seu bem”, conta.

Contudo, quando o assunto é bebida para menores de idade, Rosi é categórica: “Menor de idade não tem vez aqui não. Pode sentar, beber um refrigerante, comer um salgado, mas bebida alcóolica de jeito nenhum”, diz a agente do Programa Jovens de Responsa. Como o estabe-lecimento é pequeno, Nelson e Rosi conseguem contro-lar tudo o que acontece no bar e, caso tenham dúvidas, sempre pedem a identidade dos frequentadores para se

“O processo de organização da Campa-nha Bar de Responsa foi bastante interessan-

te porque envolveu os frequentadores dos estabelecimentos, que foram convidados a

se mobilizar e perceberem os bares de uma forma diferente do que estavam acostuma-

dos. Os bares também se uniram. Brincamos que parecia mais um concurso de miss! Os donos dos locais queriam que vencesse o

melhor, respeitando a voz e a vontade da co-munidade. O vencedor foi merecido, pois, o

Nelson e a Rosi, do ‘Bar do Corno’, além de não venderem bebidas para menores, são

pessoas com uma atenção muito grande para a comunidade. Ajudam a trocar o gás

da senhora da esquina, contam para os pais se têm crianças aprontando na rua, escutam

quem sofre por algum motivo, mas não re-solvem o problema da pessoa vendendo

mais bebidas. Acredito que ‘Bares de Res-ponsa’ podem ser excelentes potenciais de

articulação comunitária, pois acompanham e vivem de verdade a comunidade onde es-

tão inseridos”

certificarem da idade correta. “Outra coisa que ajuda são os próprios clientes que já conhecem a nossa posição. Quando vem um jovem menor de idade para beber escondido, nos avisam e nos ajudam a fazer valer a lei”, ressalta.

Para os proprietários do Bar do Corno, estar de verdade na comunidade e conhecer esse jovem é parte do processo para negar a bebida. “Estou sem-pre de olho, conheço muitos dos rapazes, vi eles crescerem, sei quem são os pais”, explica. E, para dizer não, Rosi, que tem um sorriso acolhedor, busca explicar o porquê de não vender álcool para menores de idade. Mesmo que ela tenha que parar seus afazeres no bar, ou até deixar outros clientes esperando, Rosi tem muita paci-ência e conversa o tempo que for preciso com o jovem. “Juro que hoje os jovens que moram ou trabalham aqui no bairro nem tentam me pedir para vender bebida alcoólica. Eles já sabem que aqui não pode”, conta.

No entanto, os proprietários do Bar do Corno contam que essa atitude é ainda rara de se encontrar nos bares que, segundo eles, não percebem que o lucro da venda de bebidas em situações ilegais ou incorretas não vale a pena. “Quantas vezes ouvimos histórias de agressão, violência e outros tipos de proble-ma no bar. Não vale a pena vender nessas situações e, muitas vezes, o dono do bar é quem arca com o prejuízo”, explica.

Para ambos, o álcool faz parte da so-ciedade e deve ter um espaço para existir, mas com responsabilidade. “A bebida está associada à celebração, a alegria e nós não queremos impedir isso. Ao contrário, nós entendemos nossa responsabilida-de e garantimos que o espaço do bar seja para isso mesmo: alegria e não problemas!”, conclui.

Conscientizacao

na rede

Roberta Oliveira, 40 anos, articuladora co-munitária de Pinheiros. Sambista, faz parte do Grêmio Cultural Kolombolo Diá Piratin-ga, vizinho do “Bar do Corno”

Kit da Campanha Bar de Responsa entregue aos estabelecimentos que são reconhecidos pelas comunidades

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Dagmar Garroux, mais conhecida por Tia Dag, tem uma crença - ou melhor - um lema: “educar é um

ato de amor”. É assim, amando, que acredita cumprir seu papel como pedagoga. Tia Dag é fundadora da Associação

Educacional e Assistencial Casa do Zezinho, organização que atende a crianças, adolescentes e jovens em situação de

vulnerabilidade social na cidade de São Paulo (SP), localizada entre os bairros Capão Redondo, Parque Santo Antônio e Jardim

Ângela, na periferia da zona Sul da capital paulista.A Casa do Zezinho, como é mais conhecida, é uma entidade não

governamental, fundada em 1994, que acolhe os chamados ‘Zezinhos’ em um espaço com uma infraestrutura de primeira, com mais de três mil

metros quadrados, divididos em salas, áreas de lazer, estúdios de comuni-cação e uma piscina. Tudo muito colorido, fazendo jus à metodologia que se

utiliza na Casa, chamada Pedagogia do Arco-Íris, criada por Tia Dag.As atividades desenvolvidas na Casa do Zezinho têm como ponto cen-

tral o desenvolvimento da autonomia de pensamento e de ação dos ‘Zezinhos’

Educação como ponto dE

partidaTia Dag, fundadora e presidente da Casa do Zezinho, ensina

que, para combater o consumo indevido de bebidas alcoólicas por jovens com menos de 18 anos, é preciso, antes de tudo,

abrir os ouvidos, os braços e o coração

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Conheca este pilar

As capacitações promovidas pelo Programa Jovens de Responsa têm como foco principal a inserção da temática do consumo indevido de bebidas alcoólicas na rotina das organizações parceiras da rede. Os encontros de formação podem estar inseridos de forma transversal nas atividades que já existem nas instituições ou em ações específicas, envolvendo educadores das organizações, grupos de mulheres das comunidades onde elas estão inseridas, associações de moradores, postos de saúde etc.

Além disto, para fomentar o debate sobre o consumo responsável de bebidas alcoólicas na sociedade, assim como promover a troca de experiências entre as organizações, a Rede Jovens de Responsa realiza, ao longo do ano, encontros, seminários e workshops. O seminário de Prevenção do Uso Indevido de álcool, por exemplo, reúne representantes do governo, da indústria e de especialistas sobre o tema.

Ronaldo Gama, 34 anos, Educador Musical da Fundação Gol de Letra

Educar para transformar

“As ações desenvolvidas pelo Programa Jovens de Responsa são fundamen-tais, pois o acesso ao álcool é fácil, principalmente na periferia, em que não há opções de lazer suficientes para esta faixa etária da população. É necessária uma teia de ações para que o consumo de bebidas alcoólicas não seja bem visto pe-los amigos desses jovens ou facilitado por seus próprios familiares. Para isso, é preciso educação. Nesse sentido, acredito ser essencial haver a capacitação de nós, educadores, que fazemos parte do cotidiano desse público. Para mim, que estou iniciando minha atuação na Fundação Gol de Letra, é um privilégio poder receber informações sobre como executar atividades que estimulem a reflexão sobre o uso adequado de álcool junto às crianças e aos adolescentes com quem convivo cotidianamente”

a partir de quatro pilares educativos: Ser (que enfoca a espiritualidade), Conhecer (que tem as Ciências como protagonistas), Saber (que se refere aos fundamentos da Filosofia) e Fazer (ligado às práticas vinculadas à Arte).

O amor enaltecido por Tia Dag, segundo ela própria, é transversal a qualquer um dos pilares que fazem parte da Pedagogia do Arco-Íris e ainda não se restringe apenas a sua função de presidente da instituição,

mas é parte do perfil de todos de sua equipe, pois, conforme explica, “na Casa do Zezinho, qualquer funcioná-rio é educador, pois é preciso educar a qualquer momento, não dá para se compartimentar a educação em gavetinhas”.

A Casa do Zezinho está numa área com muitos bares próximos das moradias, o que gera um acesso fácil dos moradores, inclusive de crianças e de jovens, ao álcool. No entanto, na

contramão desse processo, em parceria com o Programa Jovens de Responsa, no espaço dos ‘Zezinhos’, o recado é o seguinte: “É possível se divertir sem o álcool”.

A parceria desta organização com o Programa Jovens de Responsa foi fruto de uma constatação dentro da própria ONG. Segundo declaração de Tia Dag dos 120 alunos (com 10 anos de idade) que frequentavam a Casa, no ano de 2011, cerca de 80% consumia álcool junto com os pais.

Por esse motivo, a organização decidiu investir na formação de todos os seus educadores de modo que pu-dessem criar, como parte do cronograma de suas aulas já existentes, atividades que dialogassem com esse determina-

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do público e com os pais das crianças, para que se sistematizasse uma proposta educativa em prol do conhecimento.

Para isto, os educadores participaram de dinâmicas de grupo a fim de sensibilizá-los sobre a temática, reduzindo, inclusive, o pre-conceito em relação ao assunto. As atividades buscaram ainda trazer informações e conteú-dos que ajudassem os educadores a trabalhar o tema do consumo indevido de álcool de forma transversal a todas as atividades da Casa do Zezinho. Na aula de culinária, por exemplo, a boa pedida foi a criação de drink sem álcool. Já nas aulas de computa-ção, a ideia foi investir na pesquisa sobre a história do uso de álcool e, nas ativi-dades de música, elaborar uma canção sobre o tema.

Se no início das formações os edu-cadores apresentavam ainda resistência em trabalhar o tema, a partir das ativi-dades desenvolvidas, todos se mostra-ram mais interessados e disponíveis para a discussão, apresentando, inclu-sive, exemplos de situações vividas em sala e já identificando possíveis encaminhamentos. O grande resulta-do é que os educadores perceberam que são exemplos para os jovens, inclusive nesta temática.

Por isto, Tia Dag baseada em um dos preceitos de Paulo Freire, quando afirma que “educar é seduzir”, acredita que a formação de educadores jamais pode se reduzir à teoria, mas deve se

“Após a capacitação ministrada pela Associação Junior Achievement procurei transmitir aos alunos da escola em que atuei

a realidade sobre o uso indevido de álcool e como este pode entrar na vida deles sem que percebam, antes mesmo dos 18 anos. Achei

essencial as informações que me foram tra-zidas durante a formação e, mais importante

ainda, o trabalho realizado com os jovens nas escolas. Desenvolver o que aprendemos, na

prática, faz com que vejamos ainda mais sen-tido naquilo que produzimos, antes mesmo

de desempenhar as ações com os alunos. No caso, na escola em que estive junto com 29

jovens, de 14 a 18 anos, utilizei um texto en-tregue a mim pela Junior Achievement, em

que se conta a história de Carlos, um garoto que começa a beber por brincadeira e passa,

com o tempo, a consumir exageradamente bebidas alcoólicas. Após a leitura do texto, fi-

zemos uma roda de conversa com os jovens presentes e, como fruto dessa experiência, os

convidei a partilhar aquela mensagem traba-lhando com possíveis leitores, que precisas-

sem conhecer aquela história também”

Rosane Azevedo, 49 anos, educadora capa-citada pela Associação Junior Achievement

Rio Grande do Sul

da teoria a

pratica estabelecer pelas vivências. Para ela, “o jovem não é problema, é solução” e, por isso mesmo, deve se levar em conta o que ele deseja, quais seus anseios e, por que não, suas dificuldades frente à vida. “Na Casa do Zezinho, os educadores estão preparados para acolher, ouvir e conversar com as crianças, adolescentes e jovens que fre-quentam a instituição, respeitando suas próprias percepções de mundo’’, diz.

Tendo isto em vista, a Casa do Zezinho investiu também no desenvolvimento de ativi-dades específicas para os jovens, também em parceria com o Programa Jovens de Responsa, como os Grupos de Sensibilização, com a pro-posta de inibir ou retardar o início do consumo de álcool, e o Grupo de Orientação, semelhante ao primeiro, mas com atividades voltadas para inibir o uso indevido de quem já experimentou. “Educar é justamente ter a percepção para dife-renciar, por exemplo, se o jovem está bebendo”, ressalta Tia Dag.

Por isso, a atuação da Casa do Zezinho se dá em toda a rede de relações dos ‘Zezinhos’, inclusive junto à escola e à família, promovendo

Prática de Responsa: Encontros formativosQuem realiza: Cipó - Comunicação Interativa e Associação Junior Achievement Rio Grande do sulDescrição: formação em prevenção ao uso indevido de álcool para voluntários, educadores e lideranças comuni-tárias, propondo uma proposta metodológica para que estes trabalhem o tema com os jovens de maneira dinâmica e significativa em suas atividades cotidianas.

rEDE Em

AÇÃo

seu desenvolvimento e o reconhecimento de suas potencialidades, por meio do incentivo à curiosidade, ao prazer pela descoberta e ao aprendizado constante. Trata-se de um pro-cesso de construção do conhecimento que desenvolve a criação e a reflexão crítica, tendo como meta o desenvolvimento humano.

E esta aposta na criatividade e expressão das crianças e adolescentes da organização perpassa também as atividades de prevenção realizadas como parte das ações do Jovens de Responsa. Por meio de oficinas de jorna-lismo, por exemplo, os educandos da Casa do Zezinho são capacitados para desenvolverem um fanzine trimestral, chamado de Z’zine. A prevenção para o consumo indevido de álcool é debatida também durante as oficinas, incen-tivando o jovem a entender e buscar informa-

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VEJA O PASSO A PASSO dE OUtRAS PRÁticAS dEStE PiLAR NA PÁgiNA

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“Quando o Programa Jovens de Respon-sa chegou à organização, tínhamos efetiva-

mente pouca dimensão do assunto ‘consumo de álcool’ na vida dos nossos adolescentes. Assim, decidimos colocar o tema na caixa da

pautas da Assembleia, que realizamos mensal-mente com os jovens. No momento em que a pauta surgiu, eles trouxeram questões muito

pertinentes, como a vontade de experimentar bebidas alcoólicas. Foi um tremendo desafio para todos nós - educadores - aprendermos

sobre este tema e pensarmos formas de discu-tir o assunto com as turmas. Uma vez, inclusi-

ve, uma jovem menor de idade chegou alco-olizada para a atividade. Embora muito difícil para todos os envolvidos, o fato nos motivou a

pensar em como auxiliá-la e não apenas repri-mi-la, entendendo como este fato se apresenta em nossas vidas. Hoje, temos criado, em parce-

ria com os jovens do projeto, formas de lidar e entender todas as dimensões do consumo de álcool na juventude. É um desafio, mas uma

necessidade presente, tanto para nós educa-dores, quanto para os jovens”

construir coletivamente

Tarsila Portella, 27 anos, Gestora do Ponto de Cultura Escola da Rua e do Projeto Trilhas Ur-banas da Associação Cidade Escola Aprendiz

ções sobre a temática que serão multiplicadas para a comunidade por meio das peças de comunicação organizadas pelos jovens.

Os ‘Zezinhos’ mostram ainda a sua atitude positiva frente ao tema na Balada do Século, evento voltado para jovens de 15 a 21 anos, que acontece ‘conforme manda o figurino’, mas completamente sem o consumo de bebidas alcoólicas. Há ainda a Balada do Aprender Brincando, direcionada a crianças e adolescentes, entre 6 a 14 anos, e que segue as mesmas orientações da primeira. Nes-sas ocasiões, inclusive, os próprios educadores da Casa desempenham as funções de garçom, segurança, DJ etc.

E há muito para se comemorar no que diz respeito às abordagens realizadas pelos educadores da Casa do Zezinho. Após um ano de existência das ações que fazem parte do Programa Jovens de Responsa na instituição - como, por exemplo, parcerias com associa-ções em prol da diminuição do consumo de álcool na região - 80% das 120 crianças que ingeriam álcool na companhia dos próprios pais já mudaram seus hábitos, segundo informações de Tia Dag.

Outro levantamento realizado pelo Programa Jovens de Responsa na organi-zação constatou ainda que a quantidade de jovens que bebiam três doses ou mais por episódio diminuiu de 33% para 25% e de jovens que bebiam de uma a seis vezes por mês baixou de 24% para 10%. A educadora se mostra bastante satisfeita com os resultados. Segundo ela, “basta afeto, escutar e olhar para mudar a realidade que nos incomoda”. É isso aí! Fica a dica de uma proposta pedagógica es-sencial em prol de uma educação de qualidade.

Organizações se reúnem periodicamente para discutir novas metodologias de trabalhar a temática nas comunidades

Encontro reúne educadores para discutir consumo consciente de álcool

VEJA MAIS NA PÁG. 19

anote aiQuando o assunto é prevenção do consumo de

bebidas alcoólicas podemos nos valer da teoria do Bystander. Trata-se de uma estratégia que parte do pressuposto de que pessoas que observam uma situação problema muitas vezes tem vontade de intervir, mas não o fazem. A maioria mantém uma

postura apenas de espectador por acreditar que se ninguém toma alguma atitude é porque a situação

não é problemática, ou por inibição, por não sentir-se responsável, ou ainda por interpretar erroneamente como

as outras pessoas se sentem sobre a situação. Assim, esta estratégia tem como objetivo oferecer dicas práticas e desenvolver habilidades para que pessoas que presenciem situações problemáticas as reconheçam como tal e estejam aptas a intervir de forma segura, efetiva e respeitosa.

Fonte: Berkowitz, Alan. RESPONSE ABILITY: A Complete Guide to Bystander Intervention. BECK & CO. (2009)

Saiba mais: www.alanberkowitz.com

Page 22: Publicação Jovens de Responsa

42 43

Eduardo Francisco da Silva, o famoso “Edu” do Complexo do Muquiço, localizado na zona Oeste do Rio

de Janeiro, faz jus à fama e à função de dinamizador co-munitário do Instituto Bola Pra Frente, organização fundada

pelo ex-jogador de futebol Jorginho, que há doze anos atua pela promoção social por meio do esporte, da educação, da

arte, da cultura e da qualificação profissional. Em menos de meia hora de conversa pelas ruas do Complexo, percebe-se que, além

de tudo, Edu é um amigo reconhecido por todos e um morador orgulhoso dessa região, onde que vive desde quando nasceu, há 41

anos. Sem falar em uma de suas principais virtudes: se comunicar.É com a aposta neste poder da comunicação que diversas ações

vêm sendo desenvolvidas no Complexo do Muquiço, com a ajuda de Edu, para que a temática do consumo consciente de álcool, proposta do Progra-

ma Jovens de Responsa, chegue a todos os moradores, garantindo o maior engajamento da comunidade nas atividades de prevenção. Afinal, num processo

de mobilização social, a comunicação tem um papel bastante estratégico, uma vez

pila

r 5: a

coes

de

comun

icac

ao

Por um futuro melhor, Edu atua como dinamizador comunitário no Complexo do Muquiço, no Rio de Janeiro, e usa o poder da comunicação para disseminar mensagens em que o

esporte e a saúde dizem não ao consumo indevido de álcool

43

ComuniCação

ConsCiente

Page 23: Publicação Jovens de Responsa

44 45

Conheca este pilar

As ações de comunicação realizadas pelas instituições parceiras do Programa Jovens de Responsa sempre buscam informar e mobilizar jovens e a comunidade em geral quanto ao consumo indevido de álcool. Para isso, são desenvolvidas campanhas, além de elaborados diversos materiais de comunicação, como cartazes, fanzines, programas de rádio, entre outros, que tenham como conteúdo comunicativo assuntos relacionados à prevenção do uso excessivo de bebidas alcoólicas, como também a proibição da ingestão de álcool por menores de 18 anos. Essas iniciativas promovem a conscientização sobre o tema dentro das organizações e possibilitam a amplificação das mensagens, com impacto positivo direto nas comunidades onde atuam.

Cafu (Marcos Evangelista de Morais), 42 anos, ex-jogador de futebol e presidente da Fundação Cafu

Sonhos de responsa

“Bebida alcoólica e menor de idade não combinam: é bola fora. Por isso, acredito que o Programa Jovens de Responsa tem um nome muito feliz. Na minha opinião, a imagem de atletas, como eu, pode configurar um exemplo a ser seguido, um espelho para crianças e adolescentes. Te-mos que arcar com a figura de uma pessoa ‘de responsa’. O caminho do bem é o ideal. Ainda há muita coisa boa no mundo para ser vivida por esses futuros grandes homens e mulheres de nosso país. Para isso, a Fun-dação Cafu tem trabalhado e dado às crianças, aos adolescentes e aos jo-vens do bairro Jardim Irene, localizado na zona sul da cidade de São Paulo, o direito de sonhar e de fazer valer as metas que colocam para si e para o futuro do país”

que pode ser usada como instrumento de diálogo, participação e dissemina-ção da temática.

Formado por seis comunida-des - Triângulo, Coréia, Vila Eugênia, Ferroviária, Muquiço e Presidente Var-gas, esta última onde fica a sede do Instituto Bola Pra Frente - o Complexo do Muquiço conta com 18 mil habi-tantes, 96 bares e doze escolas em seu entorno, segundo levantamento realizado pelo próprio Edu e outros

colaboradores e voluntários do Bola. O censo - como ficou conhecido dentro da orga-

nização - foi capitaneado por Edu, pelo fácil acesso que tem às comunidades e pela sua maneira de atuar junto às pessoas, fazendo sempre a ponte entre o Instituto Bola Pra Frente e os moradores do entorno. Um trabalho digno de um agente de comunicação local em prol das atividades do Programa Jovens de Responsa. “Acredito que o meu trabalho pode ser uma oportunidade de mudar a realidade, mostrar para as crianças e jovens que há outro caminho a seguir. Um caminho distante do consumo indevido de álcool e mais próximo da cons-

cientização”, enfatiza Edu.Os anseios de Edu para uma

nova postura dentro da comunidade não é para menos. Segundo estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Inovação Social do Bola Pra Frente, as crianças do Complexo experimentam bebida muito cedo. Em muitos casos, os próprios pais mandam as crianças e adolescentes comprarem bebidas.

Para conscientizar os bares a não venderem bebidas alcoólicas a meno-

res de 18 anos e também disseminar entre os moradores a importância da prevenção, o Instituto Bola Pra Frente desenvolveu a campanha de comunicação: “Respon-sabilidade: Tenha sem Moderação”, em parceria com uma agência de publicidade e totalmente articulada à Campanha Bar de Responsa.

A grande sacada da organização foi unir o esporte às atividades saudáveis para conscientizar as crianças, jovens e suas famílias sobre o tema. Diversos equipa-mentos públicos do Complexo do Muquiço se tornaram palco para as produções dos materiais de comunicação e acabaram estampando os cartazes, flyers e camisetas

VEJA MAIS NA PÁG. 27

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Prática de Responsa: TV Jovens de ResponsaQuem realiza: Instituto Crescer para a Cidadania, Associação Novolhar e UNAsDescrição: em formato de talk show, que consiste em entrevistas e apresentação de conteúdo pelo comentarista, os jovens discutem sobre o consumo de álcool.

Prática de Responsa: Momento Jovens de ResponsaQuem realiza: Aldeia do Futuro, Associação Alfasol, Associação Cidade Escola Aprendiz, Associação Junior Achievement Rio Grande do sul, Oficina de Imagens - Comunicação e Educação e Viva RioDescrição: inserção do tema da prevenção em eventos institucionais das organizações. Trata-se de eventos sem o consumo de álcool, nos quais a temática é trabalhada por meio da distribuição de materiais informativos, oficinas temáticas e disseminação de mensagens de conscientização.

Prática de Responsa: Marcha Jovens de ResponsaQuem realiza: Fundação Mauricio sirotsky sobrinhoDescrição: caminhada nas ruas da comunidade para dissemi-nação de mensagens relacionadas ao consumo consciente de álcool.

Prática de Responsa: Inserção de notícias e fóruns de discussão nas redes sociaisQuem realiza: Oficina de Imagens - Comunicação e EducaçãoDescrição: por meio das redes sociais, promovem debates a respeito da temática, com envio de mensagens diárias que estimu-lam a reflexão e a realização de práticas positivas, que possibilitem mudanças de atitudes e multiplicação do conhecimento.

rEDE Em

AÇÃoimportância dada à educação pela equipe do Bola Pra Frente e, de Edu, que sempre vestiu a camisa em prol da qualidade de ensino no país, motivo que, ele próprio, relata ter sido uma das causas de sua permanência na função de dinamizador comunitário no Complexo do Muquiço. Inclusive, as atividades pedagógicas também são utilizadas como estratégias de comu-nicação, como no jogo de tabuleiro que visa conscientizar os jovens sobre a temática e também os incentivam a multiplicar o conhecimento.

E é esta mesma mensagem que Edu transmite também para sua famí-lia. Pai de Luan, de 13 anos, Edu busca ser um exemplo para o filho, não o esti-mulando a ingerir bebidas alcoólicas, afinal ainda é menor de idade. Segun-do ele, “a ação é diária e contínua”, pois, para manter-se como um exemplo de superação, afirma ter escolhido outro “ângulo para ver as coisas”. Nesse sen-tido, Edu ainda relata que, na maioria dos casos em que verificou a existência de crianças e adolescentes fazendo uso inapropriado de bebidas alcoólicas, isso teria ocorrido por influência ou até mesmo convite dos próprios pais para o ‘primeiro gole’.

Ciente de que seu filho não tem a mesma liberdade que teve, quando criança, para brincar tranquilamente nas ruas do Muquiço, Edu tem como

“A Blitz realizada em prol do consumo consciente de álcool, em Heliópolis, é super

importante não só para mim, como também para o jovens da região. Os adolescentes estão

cada vez mais envolvidos com o álcool e há uma grande aceitação social e um estímulo da

sociedade, sem se preocupar com o fato dele poder causar dependência e mudanças no com-

portamento de quem faz uso indevido. Por isso, é preciso incentivar os jovens a não consumirem

o álcool e, nesse sentido, a Blitz é uma ajuda e tanto que poderia, inclusive, ser mais frequente”

Jessica dos Santos Teixeira, 21 anos, moradora de Heliópolis. Já foi abordada, por duas vezes,

pela Blitz da UNAS

parada obrigatoria

que foram elaborados pela campanha. Além disto, para que a população tivesse uma maior identificação com a campanha, vários jovens moradores da comunidade se tornaram modelos das peças de comunicação.

Um verdadeiro gol de placa, que contou com o apoio de um grupo de mães multiplicadoras que rece-beram uma capacitação para sensibilizar os pontos de venda a aderir à Campanha. O Edu, como não poderia deixar de ser, também marcou presença nestas ativida-des, distribuindo os cartazes pelos bares do Complexo e ainda enumerando pontos de venda que possam vir a ser credenciados a fim de serem reconhecidos em premiações, por desempenhar corretamente a venda de bebidas alcoólicas.

Nesta mesma proposta que enfatiza o esporte e prevenção, a organização conta com outras inicia-

tivas, como a Semana da Conscientização “Copa Consciente”, realizada em 2010. Nesse período,

foram realizadas atividades esportivas e cultu-rais, como um campeonato de futebol com as

três faixas etárias (10 a 12 anos; 13 a 17 anos; e 18 a 24 anos); dinâmicas de grupo; ofi-

cinas de basquete, de dança, de teatro, de grafite; confecção de receitas de be-

bida sem álcool e ainda degustação de drinks sem álcool. No total, 537

pessoas participaram das ativida-des. Por meio delas, foi possível

desenvolver o espírito de lide-rança, de responsabilidade e

de comprometimento dos participantes, com muita

arte, cultura e esporte.Os dados aci-

ma demonstram a

VEJA MAIS NA PÁG. 30

VEJA O PASSO A PASSO dE OUtRAS PRÁticAS dEStE PiLAR NA PÁgiNA

58

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meta mudar para melhor o lugar onde nasceu e se criou. “A comunidade não faz de nin-guém bom ou ruim. A facilidade de se acessar coisas negativas é que determina quem você é ou quem você se tornará um dia”, com-plementa. Talvez, por essa razão, o trabalho realizado pelo Instituto Bola Pra Frente na comunidade do Muquiço seja tão importante para a conscientização sobre o consumo de álcool antes de 18 anos de idade.

Dono de sonhos e de um sorriso mo-tivador, Edu explica que seu próximo passo

será organizar uma balada sem álcool na comunidade. O desejo surgiu a partir de uma visita que fez à UNAS, na zona oeste da cidade de São Paulo. Lá conheceu a Balada Black sem álcool organizada pela equipe do projeto Jovens Alconscientes. Para transformar esse sonho em reali-dade, Edu já está fazendo uso de suas habilidades como dinamizador comuni-tário nato: “é preciso dialogar, envolver as pessoas que estão ao redor para conquis-tar o que queremos”, sintetiza.

É assim, com a construção de exemplos positivos, com a diminuição de possibilidades de influências negativas e, ainda, com a conscientização da popula-ção sobre a urgência de um modo de vida mais digno e com mais qualidade, que

Edu segue seu caminho. Entre um breve olá e outras conversas mais longas com os moradores, esse di-namizador comunitário dá a dica quando o assunto é comunicar para mobilizar.

E como não há limites para as boas intenções, ele demonstra ter disposição para transformar muitos de seus sonhos em realidade junto às pessoas com as quais sempre conviveu e que, por meio do respeito e da cultura do ouvir, o mantém atento a todas as demandas do lugar onde vive.

VEJA MAIS NA PÁG. 19

Campanha elaborada pelo Bola Pra Frente une esportes e prevenção

Fanzine elaborado pelos jovens da Casa do Zezinho divulga informações sobre a temática do consumo consciente

Blitz realizada pela UNAs, em são Paulo, leva informação sobre consumo consciente aos moradores do bairro

anote aiDe acordo com estudo do IBOPE, pensando na conscientização da sociedade sobre os riscos relacionados ao consumo de álcool entre menores de idade, todos os entrevistados – jovens, familiares, donos de bares etc. – acham necessário e relevante que se faça campanhas de conscientização e são receptivos a esta ideia. Entre os

pais, a expectativa é de que um movimento neste sentido favoreça o diálogo sobre o tema na família, auxilie com

conteúdos relevantes e estratégias de convencimento.

Fonte: Pesquisa IBOPE/Governo do Estado de São Paulo - Consumo de bebidas alcoólicas por menores (2011)

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Projetos e programas sociais enfrentam um desafio cotidiano em suas ações: de que forma mensurar e identificar os reais resultados alcança-dos pelas iniciativas frente às diversas demandas existentes? A tarefa não é fácil, mas é essencial para aqueles que querem, de fato, promover trans-formações sociais. Assim, a avaliação ganha, cada vez mais, um espaço central nas organizações, pois permite compreender, de forma contextualizada, todas as dimensões e implicações das atividades desenvolvidas, com vistas a estimular seu aperfei-çoamento e apresentar os impactos gerados para a sociedade.

Diante disto, o Programa Jovens de Responsa realiza, desde o seu início, avaliações periódicas junto às organizações participantes. Em 2010, a sua primeira avaliação foi focada na região de Heliópolis, zona Sul de São Paulo, e contou com a ajuda de uma instituição de pesquisa independente, o Plano CDE.

O objetivo da avaliação foi mensurar o impac-to do programa nos seguintes níveis: percepção do problema; conhecimento dos efeitos das bebidas alcoólicas; mudança de comportamento e multi-plicação de conhecimento para seus pares (outros jovens, por exemplo). A avaliação foi feita a partir de levantamento realizado junto a grupo controle, investigando e comparando os dados com a comu-nidade de Paraisópolis, que apresenta características e cenário social bastante similar ao de Heliópolis.

Para Luciana Aguiar, antropóloga, sócia do CDE e uma das responsáveis pelo estudo, o uso do parâmetro comparativo possibilitou a investigação das ações diretas do programa, excluindo possí-veis mudanças sociais que contribuiriam para as

respostas positivas das ações. “Para tanto fizemos medições antes do projeto iniciar, logo após a intervenção e, novamente, nos dois anos seguin-tes”, explica. Segundo a pesquisadora, a seriedade pela escolha deste tipo de avaliação demonstra as preocupações reais do Programa Jovens de Respon-sa sobre o impacto de longo prazo e relevância das ações construídas com a intervenção.

De acordo com a pesquisa, em pouco mais de dois anos do início das ações do Programa Jovens de Responsa na região, a proporção de jovens que já compraram bebidas diminuiu de 67% para 46%, impacto considerável no acesso à bebidas por menores de idade.

Como complemento à avaliação quanti-tativa, que apresentou a dimensão e escala das ações, foi feita uma avaliação também qualita-tiva, em que os pesquisadores acompanharam os jovens envolvidos no programa por um dia

AvAliAção ApontA impActos dAs Ações dA Rede

Jovens de ResponsAinteiro, inclusive na balada. “Assim, foi possível compreender como esse jovem incorpora a temática, se de fato as ações fazem sentido na vida do indivíduo e como ele se comporta na prática com o que vivencia no projeto”, explica Luciana Aguiar.

A pesquisa apontou ainda que a idade de consumo aumentou de 14,06 anos no início das ações para 14,36 anos na última aferição. “Esse é um dado muito relevante porque diz respeito a uma mudança de comportamento e de cultura, que normalmente leva muito tempo para acon-tecer”, ressalta a pesquisadora.

A partir do estudo, foi possível perceber que, diferente do que é apontado pelo senso comum, os jovens têm, sim, muita curiosidade sobre o tema e buscam meios para se informar a respeito do assunto.

Para a pesquisadora, que há cerca de 20

anos atua com pesquisas em projetos sociais, o grande sucesso do programa está em encontrar formas de inibir o consumo de álcool e não de coibi-lo. “É buscar com o que o jovem enten-da o porquê de não beber antes dos 18 anos e ter a bebida como parte da socialização das pessoas e não como meio de exclusão, como acontece quando seu consumo é indevido. Em pouco tempo, o programa conseguiu impactar essas duas frentes”, conclui. Os resul-tados conquistados pelo Jovens de Responsa vêm comprovar que, um trabalho de prevenção realizado em rede, e com qualidade, só poderia gerar: muita consciên-cia e atitude!

aval

iaca

o

“Ações de preven-ção do consumo e

venda de álcool para menores são de ex-

trema importância para evitar o consumo indevido.

Um programa de prevenção como o Jovens de Responsa,

que demonstra resultados por meio de uma avaliação indepen-

dente, serve como base para a im-plantação de políticas públicas base-

adas em evidências”

Bettina Grajcer – médica e especialista em prevenção

Queda do consumo de bebidas alcoolicas entre menores de 18 anos

51

A frequência de consumo entre os jovens com idade entre 14 e 15 anos também diminuiu: aqueles que bebiam uma vez por mês passou de 30% para 21%. E, o número médio de doses consumidas em diferentes locais, também caiu sensivelmente: de nove para sete doses nos bares, de sete para cinco doses em festas na comunidade e de seis para quatro na casas de amigos.

resultados destaqueNa avaliação, aferiu-se que 98% dos jovens

consideram importante ter projetos que falem sobre os efeitos de bebidas

alcoólicas, e 65% dizem que gostariam de saber mais sobre o que estes efeitos causam no organismo, apontando que o tema ainda não é suficientemente

discutido na sociedade.

Page 27: Publicação Jovens de Responsa

52 53

EsquEtE DE rEsponsA

Jogo pEDAgógico: LiDErE (*ADAptADo)

nome da organização: CUFA e Instituto Crescer para Cidadaniaobjetivo: propiciar ao jovem, por meio do teatro, a vivência de experiências sobre o uso abusivo de álcool.materiais necessários: objetos cênicos, figurinos, papel e caneta.

como realizar: 1. Iniciar a atividade com uma roda de conversa sobre o álcool por meio de experiências vivenciadas na comunida-de. Esta introdução ao assunto, a partir de terceiros, facilita a aproximação com o jovem. Algumas sugestões de perguntas:a. Há muitos bares na comunidade?b. Vocês têm amigos que bebem? c. Já viram algum bêbado ‘pagar mico’? 2. Em seguida, propor um jogo teatral de aquecimento, em que os jovens irão dramatizar algumas das situações discutidas no item acima. Ex: bêbado pagando mico. 3. Solicitar que escrevam, em grupos, uma esquete ou texto a partir da discussão realizada no item 1. Os grupos devem criar situações em um determina-do contexto, ex: festa, casa, bar, volta da escola etc. Dentro do mesmo contexto, cada aluno cria seu personagem, eviden-ciando com isso sua percepção sobre o álcool (positiva ou negativa). O grupo deve dar um desfecho único à cena para que as percepções individuais caminhem juntas para uma consolidação do grupo.4. Ensaiar o texto e as cenas.5. Preparar o cenário, que pode ser com-posto apenas por objetos cênicos como cubos, cadeiras etc.6. Apresentar as esquetes aos demais grupos. 7. Avaliar as apresentações e ensaiar novamente, a fim de aperfeiçoar as esquetes a partir das contribuições dos colegas.8. Apresentar para a comunidade.

dica para replicação: 1. Antes de partir para a criação de esque-tes, é interessante trabalhar jogos de improviso menos complexos e extensos.

nome da organização: Instituto Bola Pra Frenteobjetivo: desenvolver a autonomia e a cooperação do jovem, reforçando o seu potencial de liderança positiva para que os próprios adolescentes atuem na prevenção ao consumo de bebidas alcoólicas.materiais necessários: materiais para a execução dos desafios estabelecidos (ex: bola, cone, bambolês, papel e caneta).

como fazer: 1. Criar um “Tabuleiro Humano” formado por cinco colunas onde cada uma representará um tema e uma cor (ver modelo no site: www.ambev.com.br). O número de linhas do “Tabuleiro Humano” variará de acordo com o número de perguntas e atividades planejadas. 2. Fazer uma lista de perguntas e de atividades a ser realizada para cada ícone. Exemplo:- Tema Esporte:Atividade: equilibrar a bola em cima da cabeça por mais tempo. A equipe deve escolher um representante para realizar a atividade. Pergunta para equipe vencedora da atividade: um jovem atleta consumiu álcool na noite anterior à partida. Esse consumo não influenciará no rendimento da partida. Pontuação:.a. ( ) Verdadeirob. ( x ) Falso3. Formar as equipes. Podem participar até 20 jogadores, divididos por quatro equipes4. Pedir às equipes que escolham um líder.5. Apresentar as regras do jogo:- Somente o líder transmitirá as ideias da equipe para o mediador e marcará a pontuação. O mediador será o orientador do jogo.- A pontuação será da seguinte maneira:Atividades: 1ª equipe a concluir a atividade: 4 pontos; 2ª equipe: 3 pontos; 3ª equipe: 2 pontos; 4 ª equipe: 1 ponto; demais equipes: 0.Perguntas respondidas: 2 pontos para resposta certa e 0 para a errada.6. O mediador inicia o jogo com as atividades do primeiro tema Liderança. A equipe vencedora da atividade ganha o direito de resposta. 7. Quando encerrarem as perguntas relativas ao tema Liderança a pontuação deve ser lançada no placar e as equipes avançam para o tema seguinte. Independente da colocação da equipe, os líderes avançarão as casas temáticas do “Tabuleiro Humano” até o último tema (Arte e Cultura).8. Ao final, a equipe que somar mais pontos é a vencedora.

dicas para replicação:1. Cada organização deve formular perguntas pertinentes a sua realidade.2. A temática das perguntas pode variar contanto que parte delas seja sobre álcool. 3. No ícone “Arte e Cultura” pode-se propor às equipes a criação de músicas, esquetes, desenhos, gritos de guerra, coreografias e textos/cartazes relacionados ao tema. A vencedora será a eleita pelo grupo como a melhor.

DinâmicA: sAco DE pErguntAs

nome da organização: Casa do Zezinhoobjetivo: Promover discussões sobre diversos temas relacionados ao consumo doálcool de maneira lúdica.materiais necessários: roteiro de perguntas, saco de material opaco e garrafa plástica vazia. como realizar: 1. Preparar previamente questões relacionadas ao uso consciente de álcool. Exemplos de perguntas:a. Beber ajuda a ter coragem ou a perder a vergonha de “chegar” em alguém por quem o adolescente esteja interessado?- O álcool tende a diminuir a timidez podendo deixar a pessoa mais confiante para “chegar” em alguém. Porém, essa confiança aumenta a possibilidade de fazer algo embaraçoso na frente da pessoa de interesse.b. Uma lata de cerveja tem a mesma quantida-de de álcool que:1. Uma taça de vinho2. Uma dose de cachaça3. Uma garrafa de bebidas “Ice”4. Todas as anterioresc. Uma xícara de café bem forte e/ou um banho frio corta o efeito do álcool?R: A cafeína, assim como o banho frio, deixa a pessoa mais alerta, mas não interfere na metabolização do álcool. 2. Convidar o grupo para sentar-se em círculo.3. Colocar a garrafa no meio da roda e girá-la.4. A pessoa para quem o fundo da garrafa apontar deve retirar uma pergunta do saco e a pessoa para quem o gargalo aponta deve responder a questão. 5. O coordenador pode completar a resposta caso ache necessário. Para isso, deve ter em mãos as respostas de todas as perguntas. 6. A pessoa que responder a pergunta pode retirar outro papel do saco, girar a garrafa e fazer uma nova pergunta. 7. O jogo continua até que todas as perguntas tenham sido respondidas.

dicas para replicação:1. Caso o grupo seja pequeno ou as pessoas estejam bastante envolvidas, algumas ques-tões podem ser endereçadas ao grupo todo.2. As perguntas podem ser modificadas de acordo com o tema de interesse de cada gru-po, que podem promover novas questões.

pass

o a

pass

o

Práticas de

resPonsaAcompanhe o passo a passo de diversas experiências e seja também um multiplicador destas iniciativas.

Materiais complementares estão disponíveis no site: www.ambev.com.br (página Consumo Responsável)

Atividades com jovens

Page 28: Publicação Jovens de Responsa

54 55

tornEio DE rEsponsA

nome da organização: Instituto Bola Pra Frenteobjetivo: promover, por meio de atividades esportivas e jogos pedagógicos, a prevenção e conscientização sobre o consumo de bebidas alcoólicas.materiais necessários: Material de capacitação dos educadores em prevenção do uso indevido de álcool e materiais necessários para a realização das atividades esportivas.

como realizar: 1. Definir as modalidades esportivas e atividades peda-gógicas a serem disputadas.2. Definir a faixa etária e público beneficiário (jovens da instituição, escolas etc).3. Criar o regulamento do Torneio: data da competição, regras das atividades, critérios de avaliação para as mo-dalidades (ex: basquete, futebol etc) e premiação. Além das atividades esportivas, também contarão pon-tos: a. Fair Play(*); b.Melhor torcida e grito de guerra (com o tema “consumo consciente de álcool”); c.Vídeo (cada escola/grupos deverá gravar previamente um vídeo de cinco minutos com o tema: “álcool, esporte e comu-nidade”). Os três melhores vídeos serão apresentados durante o Torneio.4. Realizar a capacitação com os educadores que estarão à frente do Torneio (educadores, multiplicadores, jovens líderes etc.).5. Divulgar o Torneio e a inscrição das equipes.6. Os dias de Torneio devem ser divididos em duas eta-pas: 1º etapa: atividades esportivas e 2º etapa: game com perguntas. Neste game, devem ser realizadas perguntas sobre esporte, cultura, conhecimento geral e consumo consciente de álcool (quiz). 7. Definir a pontuação para: 1) atividades esportivas; 2) Game com perguntas; 3) Fair Play, torcida e vídeo. A equipe vencedora será a que somar mais pontos nas categorias acima.

(*) observação: o Fair Play representa os benefícios de cumprir as regras, ter bom senso e respeitar todos os participantes. Ao final da partida, o educador se reúne com as equipes a fim de analisar a conduta desportiva de todos dentro e fora do campo. Uma equipe avalia a outra, pontuando da seguinte maneira: Respeito: a. Em todos os momentos (3 pontos); b. Na maioria das vezes (2 pontos); e c. Em alguns momentos (1 ponto).

FEstivAL HELipA music

nome da organização: UNASobjetivo: conscientizar e promover a prevenção em relação ao consumo precoce e abusivo de álcool entre jovens menores de 18 anos por meio de um festival musical.materiais necessários: 1.Espaço adequado; 2. Equipamento de som (computador, caixa amplificadora, microfone etc); 3. Equipamento de luz; 4. Materiais de comunicação (cartazes, folhetos, e-mails); 5. Equipe: Comunicação (design e divulgação); Portaria /Seguran-ça; Produtor; Limpeza; Curadoria e Júri.

como realizar: 1. Montar uma equipe para organizar o evento, dividindo responsa-bilidades.2. Construir um cronograma de trabalho com as atividades a serem realizadas e os prazos necessários para serem concluídas e um orçamento com todos os gastos. Acompanhar o cronograma e o orçamento.3. Eleger um tema para o festival como: “Juventude e diversão: é possível se divertir sem álcool?”; “Consciência e atitude”; “Uso abusivo de álcool”, entre outros. 4. Definir inscrição:- Definir categorias para a inscrição no festival: rap, forro, funk etc.- Construir a ficha de inscrição, definindo regras para recebimento das inscrições. Por exemplo: enviar por e-mail a ficha de inscrição preenchida e a letra da música que será apresentada até a data determinada.5. Seleção: definir prazos e critérios de avaliação (por exemplo: a co-erência da letra da música com o tema do festival; ritmo; melodia; execução; interpretação etc), premiação para os grupos (gravação de um vídeo clipe, computador, mesa de som etc); e escolher e convidar os jurados.6. Elaborar e realizar a divulgação do festival em escolas, centros comunitários e culturais locais etc. Após a inscrição dos grupos, a equipe de curadoria deve realizar a seleção dos participantes e informá-los que foram selecionados.7. Elaborar a agenda de apresentações.8. Divulgar o evento junto ao público em geral e jurados. Levan-tar com os participantes os equipamentos que serão utilizados e providenciá-los.9. No dia do festival, a equipe de produção deverá chegar com 3 horas de antecedência ao evento para organizar, decorar e checar equipamentos, materiais, fichas dos participantes e premiação a ser oferecida. 10. Informar todos os parceiros da festa como foi o evento e agradecê-los pelo apoio.11. Realizar uma reunião de avaliação com a equipe.

dicas para replicação1. Fazer uma lista de presença do público presente, com nome, idade, telefone e e-mail para facilitar a divulgação do próximo evento.2. Divulgar músicas vencedoras em eventos na comunidade ou rádios locais.

BALADA BLAck

nome da organização: UNASobjetivo: conscientizar os jovens menores de 18 anos de que é possível se divertir sem o consumo de bebida alcoólica.materiais necessários: 1.Espaço adequado (quadras esportivas; salão; galpão etc); 2. Parceiros;3. Equipamento de som (computador, caixa amplificadora, microfone etc); 4. Equipamento de luz; 5. Descartáveis; 6. Materiais de comunicação (cartazes, folhetos, e-mails); 7. Bebidas (suco, água, refrigerante, drink sem álcool); 8. Bar (geladeira ou isopor); 9. Material de decoração; 10. Equipe: Comunicação (design e divulgação); Portaria/Se-gurança; Monitores; Barman; Produtor; Limpeza; DJ e atrações artísticas da região; Fotógrafo.

como realizar: 1. Montar uma equipe para organizar a festa, dividindo responsabilidades para as duas etapas do evento: a. Pré--produção (antes do evento) e b. Produção (no dia do evento). 2. Construir um cronograma de trabalho com as atividades a serem realizadas e os prazos necessários para serem concluí-das e acompanhar semanalmente. Exemplo:- Definir o local, data e horário local: semana 1- Definir público-alvo, nome e tema da festa: semana 1- Elaborar orçamento com gastos e definir possíveis receitas: semana 1- Criar material de divulgação e fazer a divulgação: semanas 2 a 4- Conseguir doação ou contratar som, iluminação, bar, mate-rial de decoração e descartáveis: semanas 3 a 5- Contratar equipe de terceiros - portaria/segurança, moni-tores, barman, produtor, limpeza, DJ, atrações artísticas da região, fotógrafo etc.: semanas 4 e 5- Fazer lista de músicas para festa e realizar a balada: semana 53. No dia da festa, chegar com antecedência para preparar e testar todos os equipamentos.4. Após o evento, limpar o local e assegurar que todos os ma-teriais estão guardados corretamente. Lembrar-se das lixeiras e de destinar corretamente os resíduos.5. Informar todos os parceiros da festa como foi o evento e agradecê-los pelo apoio.

dicas para replicação:1. Criar uma lista de possíveis imprevistos para tentar evitá--los. Entre os mais comuns estão: excesso ou falta de público e falhas técnicas.2. Ter cuidado com o conteúdo das músicas. É interessante que as letras não façam apologia ao álcool, às drogas, à violência ou qualquer tipo de preconceito.3. Comerciantes da comunidade podem apoiar a iniciativa com doação de produtos ou contribuição financeira.

cinE DE rEsponsA

nome da organização: Cipó - Comunicação Interativaobjetivo: incentivar os jovens a refletirem sobre o consumo indevido de álcool e seus efeitos por meio de exibições de vídeos.materiais necessários: computador, DVD, datashow, telão, caixa de som e materiais educativos sobre o uso indevido de álcool (panfletos, folders, cartilhas, cartazes). como realizar:1. Formar uma equipe (Cine Clube) que pode contar com a participação de jovens e educadores para dar suporte às atividades.2. Pesquisar vídeos de curta ou longa metragem que tratem, direta ou indiretamente da temática de álcool, ou de temas correlatos como: esporte, lazer, saúde, relação entre amigos e família etc.3. Mapear e articular espaços na comunidade onde o Cine de Responsa possa ocorrer: escolas, creches, associações comunitárias, centros de saúde, praças, quadras, entre outros.4. Agendar dias e horários para a realização do Cine de Responsa em cada um dos locais.5. Planejar e executar ações de divulgação e mobilização de público: cartazes, panfletos, visitas às turmas das esco-las, rádio comunitária, blogs, redes sociais etc. 6. Escolher o filme a ser exibido de acordo com o público previsto para cada ocasião. Levar em consideração ques-tões como: idade, sexo, gênero, escolaridade, facilidade ou não para ler legendas etc.7. Planejar, a partir do conteúdo do filme, reflexões para serem realizadas com o público sobre a prevenção ao uso indevido de álcool.8. Realizar a projeção do filme e provocar o diálogo após a exibição.

dicas para replicação:1. Escolher um nome e marca adequados ao grupo res-ponsável pelo Cine Clube, o que facilitará o contato com o público local.2. Caso a organização não tenha um telão, a projeção pode ser feita com papel metro branco, verso de banner ou até mesmo diretamente na parede.3. Fazer uma lista de presença do público presente, com nome, idade, telefone e endereço eletrônico para facilitar a divulgação do próximo evento.

Eventos

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EvEntos nos BArEs

cApAcitAÇÃo DE AgEntEs DE sAúDE

quiz

nome da organização: CUFA objetivo: sensibilizar os donos de bares a não vender bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e incentivar o consumo responsável de jovens acima desta idade, por meio da organização de eventos conscientes.materiais necessários: papel, caneta, computador, cartazes, CD player, sonorização ou equipamento de DJ e materiais em acordo com a ação a ser realizada.

como realizar: 1. Montar um grupo com vários jovens da comunidade e capacitá-los sobre a temática.2. Ir a um bar da comunidade a fim de sensibilizá-lo a não vender bebidas para menores de idade. É importante que a abordagem seja coletiva, pois individualmente o dono do bar poderá ficar receoso que seja fiscalização.3. Durante a sensibilização, conversar sobre os impactos negativos para a sociedade e o próprio estabelecimento sobre a venda de bebidas para menores e para quem já está alcoolizado. Uma vez sob o estigma de bar de “bêbados” dificilmente atingirá outros públicos.4. Após a conversa inicial, o grupo propõe ao dono do bar a realização de um evento consciente no local. Caso ele aceite, deverá ser feita uma assinatura de termo de compromisso. O grupo deve ressaltar que, durante os eventos, o dono do bar poderá aumentar sua lucratividade ao atrair um público diferenciado e vender produtos não alcoólicos e alimentos.5. O grupo, junto com o dono do bar, deverá propor um evento que tenha relação com a identidade do local. Num bar frequentado por público tipicamente mais velho e masculino, por exemplo, pode ser realizado um campeonato de sinuca e, num restaurante com comidas típica do norte, pode ser feita uma roda de samba.6. O grupo sensibilizador deve ajudar na divulgação e organização do evento, desde que haja engajamento do comerciante.

dica para replicação1. Envolver sempre grupo de jovens da comunidade, pois facilita a aceitação dos bares.

nome da organização: Viva Rioobjetivo: tornar os agentes de saúde do Programa Saúde da Família (PSF) habilitados para desenvolver ações de prevenção ao uso abusivo de álcool entre menores de idade.materiais necessários: materiais de apoio sobre o tema (livros, textos, pesquisas etc), computador, datashow, papel e caneta.

como realizar: 1. Identificar um grupo de agentes de saúde interessa-dos no tema. Neste momento é importante estar bem alinhado com os gestores das Unidades de Saúde da Família (USF) para que estes apóiem a iniciativa.2. Realizar uma formação inicial intensiva sobre o uso de álcool: o que é o álcool; efeitos no organismo; por-que menor de 18 anos não deve beber; como orientar os familiares; modelos de prevenção etc. É importante também apresentar a estes agentes metodologias e práticas de como realizar atividades com o público sobre o tema, como dinâmicas de grupo e oficinas.3. Solicitar que os agentes pensem maneiras de incor-porar os conhecimentos adquiridos em seu cotidiano, tanto nas visitas domiciliares quanto na Unidade de Saúde, contribuindo para a identificação precoce de padrões de uso inadequados.4. Estimular que pesquisem serviços e oportunidades acessíveis para os jovens e a população em geral na comunidade, formando uma rede local de apoio: programas de lazer, projetos de formação, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), universidades com atendimento à comunidade, entre outros. Desta forma, os agentes poderão orientar as famílias para o serviço adequado. 5. Realizar reuniões e formações periódicas para acompanhar e avaliar o desenvolvimento do trabalho dos agentes.

dica para replicação: 1. Realizar atividades de lazer e esportivas dentro da USF é uma forma de aproximar os agentes de saúde dos públicos que pouco acessam o serviço, como adolescentes e jovens.

nome da organização: Lynx Consultoriaobjetivo: aprofundar o conhecimento sobre diversos aspectos relacionados ao álcool.materiais necessários: Cartas de respostas (A, B, C, D, E), flipchart e caneta para marcação. Opcionais: computador, projetor e telão.

como realizar: 1. Preparar previamente questões relacionadas ao álcool, com questões de múltipla escolha. Exemplos de perguntas (valem desde perguntas técnicas como curiosidades e pe-gadinhas). Veja mais perguntas no site: www.ambev.com.br

- Quem fabricava cerveja há cerca de 8 mil anos a.C.?a. Povos bárbaros europeusb. Os sumériosc. Os chinesesd. Tribos africanasResposta correta: Os sumérios

- Os efeitos de álcool são dose-dependentes. O que isso quer dizer?a. Os efeitos têm relação diretamente proporcional a quan-tidade ingeridab. Os efeitos podem causar dependênciac. Que álcool pode causar dependência em qualquer dosed. Nenhuma das anterioresResposta correta: Dose-dependentes quer dizer que os efeitos têm relação diretamente proporcional a quantidade ingerida

- O uso de álcool na adolescência pode levar a:a. Prejuízo de memóriab. Piora no desempenho escolarc.Baixa autoestimad. Todas as anterioresResposta correta: Todas as anteriores

2. Dividir os participantes em grupos de até oito pessoas e solicitar que escolham um nome e grito de guerra para a sua equipe.3. Distribuir as placas: A, B, C e D entre os grupos.4. O mediador deverá iniciar as perguntas.5. Os grupos terão 15 segundos para decidir qual é a alter-nativa correta e separar a placa correspondente. Ao sinal do tempo determinado, cada grupo deverá levantar a letra correspondente à alternativa escolhida.6. O mediador anota as respostas dos grupos. Cada resposta correta, o grupo ganha 1 ponto. É importante que o media-dor comente a respeito da resposta correta.7. Ao final, a equipe que somar mais pontos é a vencedora.

Capacitação de educadores

cAmpAnHA virtuAL BAr DE rEsponsA

nome da organização: Associação Cidade Escola Aprendiz objetivo: sensibilizar os donos de bares a não vender bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e incentivar o consumo responsável de jovens acima desta idade, assim como divulgar os bares que de-senvolvem boas práticas nesta área na comunidade.materiais necessários: matérias jornalísticas sobre o tema, blog ou site da instituição, cartazes de divulga-ção, câmera filmadora, gravador, computador, papel e caneta.

como realizar:1. Mapear, aproximadamente, 30 bares na comuni-dade, priorizando os estabelecimentos próximos aos locais freqüentados por jovens (ex: escolas, espaços culturais, entre outros).2. Conversar com os donos destes bares a fim de sensibilizá-los para a temática e convidá-los a partici-par da campanha. 3. Selecionar cinco bares com o perfil mais próximo ao objetivo da campanha.4. Produzir vídeos com os depoimentos dos donos dos cinco bares justificando porque são “Bares de Responsa”.5. Publicar os vídeos no blog ou site da instituição e divulgar também nas redes sociais, convidando os internautas e a comunidade local a escolher o esta-belecimento que consideram o “Bar de Responsa”.6. Elaborar cartazes de divulgação da votação e distribuir nos bares. É importante que os donos dos estabelecimentos também se envolvam na mobiliza-ção para a votação.7. Realizar a votação no site.8. Publicar os vencedores no site e entregar a premiação.

dica para replicação: 1. Caso a organização não disponha de recursos au-diovisuais, não é necessária a produção dos vídeos. Pode-se utilizar recursos da própria comunidade, como um jornal de bairro e/ou um blog comunitário, ou incentivar a produção de um fanzine, que é de custo baixo. O importante é a avaliação de como e onde divulgar o bar como “Bar de Responsa”.

Bar de Responsa

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BLitz cAmpAnHA DE prEvEnÇÃo

FAnzinE DE prEvEnÇÃo

ráDio Ao vivo

nome da organização: UNASobjetivo: divulgar material informativo sobre o consumo consciente de álcool para toda a comunidade.materiais necessários: 1. Materiais de comunicação (folheto informativo sobre o uso indevido de álcool. Caso seja possível, carro de som, spots e matérias na rádio comunitária e brindes para distribuir);2. Equipe: divulgação (5 a 10 pessoas); produção (1 pessoa); e registro (1 pessoa).

como realizar: 1. Definir um grupo para realizar a blitz. É importante que os participantes gostem de conversar, que não tenham problemas com o uso de álcool e não sejam radicalmente contra seu uso.2. Planejar e definir todos os itens para a realização da blitz: local (pontos de grande movimentação); data e horário; materiais de apoio opcionais (carro de som, créditos no celular se tiver link direto com a rádio); quem fará e como será o registro da ação.3. Desenvolver o material informativo com a participa-ção de jovens. É importante que eles pesquisem sobre a consequência do uso de álcool entre menores de 18 anos e transforme as informações em uma linguagem jovem e acessível. 4. Procurar parceiros para materiais de apoio. Ex: faculdade ou posto de saúde para apoio técnico; gráfica para impres-são do material; rádio local para fazer link ao vivo etc. 5. No dia da blitz: - Marcar um ponto de encontro com todos os participantes e chegar ao local com 1 hora de antecedência. - Alinhar com os participantes como será o dia, tirar dúvidas e elaborar um roteiro sobre importância do consumo consciente para a comunidade e esmiuçar o material de comunicação (folheto informativo) para os participantes da blitz. - Em seguida, começar a blitz entregando o material de comunicação e expondo sobre importância do consumo consciente às pessoas.

dicas para replicação:1. Levantar com a equipe os possíveis problemas (reclama-ção de barulho, pessoas desinteressadas ou com opiniões divergentes etc.) e antecipar soluções.2. Caso a organização for responsável pela produção do material informativo, é interessante que a equipe da blitz participe do desenvolvimento do conteúdo para que esteja melhor preparada para abordar pessoas na rua.

nome da organização: Cipó - Comunicação Interativaobjetivo: produzir e disseminar peças de comunica-ção elaboradas por adolescentes e jovens sobre o uso indevido de álcool.materiais necessários: equipamentos para produção das peças (computador, máquina fotográfica, filmadora, aparelhagem de rádio etc.). O equipamento pode variar de acordo com as linguagens de comunicação esco-lhidas, que podem ser: rádio, vídeo, fotografia, jornal, entre outros.

como realizar:1. Organizar um grupo de jovens que tenha habilidades em comunicação (escrita, vídeo, fotografia, expressão oral, internet, desenho etc.). Caso o projeto possa fazer algum tipo de formação (mesmo que básica) em deter-minadas linguagens, esse grupo pode ser constituído durante a capacitação.2. Escolher as linguagens que serão contempladas. Para isto, levar em consideração: os equipamentos disponí-veis, o recurso financeiro para replicação das peças, os conhecimentos técnicos do grupo e as características da comunidade em que a campanha será executada.3. Realizar reuniões do grupo para definir: nome e tema da campanha; público-alvo; peças que serão elabo-radas; mensagens que devem constar nos produtos (exemplos: ‘Beba Consciente!’; ‘Pratique esporte’; ‘Tenha uma vida saudável!’ etc); cores que devem ser trabalha-das, etc.4. Montar o plano de trabalho definindo tarefas, respon-sáveis, custos, prazos etc.5. Realizar reuniões do grupo para monitoramento, ava-liação e revisão do plano de trabalho periodicamente. Esta continuidade é importante para que a campanha tenha identidade e unidade.6. Produzir cada uma das peças da campanha.7. Criar e executar um plano de disseminação da campanha.

dicas para replicação:1. É importante construir toda a campanha em grupo, desde a concepção até a disseminação, para que todos os envolvidos se sintam parte do processo e adquiram novos conhecimentos sobre o assunto.2. Envolver os jovens na produção de peças educativas de comunicação facilita, pela linguagem utilizada, a aproximação com outros jovens.3. A campanha de comunicação pode ser construída e disseminada a partir de outras atividades sobre o tema, como uma balada sem álcool e eventos esportivos e culturais, por exemplo.

nome da organização: Casa do Zezinho objetivo: divulgar a mensagem do uso indevido de álcool entre menores de 18 anos de jovem de maneira direta e criativa. materiais necessários: gravador, papel, caneta, lápis colorido, revista, tesoura, cola, computador com acesso à internet.

como realizar:1. Explicar aos jovens a proposta de um fanzine, que é uma mistura de revista e folheto informativo. No fanzine, é possível escolher o formato e há mais liberdade para a produção dos textos, imagens e gravuras, utilizando-se, principalmente, colagens.2. Definir o número de páginas da publicação, os temas a serem trabalhados em cada uma das páginas e o tamanho de cada matéria. É importante já definir o tema de maior destaque, que será publicado na capa. 3. Dividir o grupo em pequenas equipes, sendo um jovem responsável pelo texto e outro pela ilustração ou fotografia. 4. Discutir o enfoque das matérias e definir com os jovens as informações que precisam ser buscadas para elaboração dos textos. Para um fanzine de prevenção é interessante abordar temas como: efeitos de álcool no corpo; motivos para o menor de 18 anos não beber; locais de lazer na co-munidade; consumo de álcool por menores e sonhos para o futuro; entre outros.5. Durante a produção da reportagem, as duplas devem levantar as informações pela internet e por meio de entre-vistas. 6. Após a etapa de apuração, os jovens “repórteres” deverão escrever a matéria e os demais buscarem em revistas ou internet fotos e ilustrações que enfatizem a mensagem que está sendo passada. É essencial que a dupla de arte e texto esteja alinhada para que a mensagem escrita e visual estejam em harmonia. 7. Cada dupla deverá organizar o texto e a colagem na página determinada. 8. Grampear ou amarrar com barbante as páginas do fanzine.9. Fazer as cópias e distribuir para a comunidade.

dica para replicação: 1. É essencial pensar qual é o público leitor e as mensagens que o fanzine pretende divulgar para, a partir daí, planejar a publicação como um todo antes de dividir as equipes. 2. No tema da prevenção, é importante que as matérias transmitam informações verdadeiras, não preconceituosas ou alarmistas.

nome da organização: Instituto Crescer para a Cidadaniaobjetivo: produzir um programa de rádio com a partici-pação da comunidade, inserindo a temática de álcool nas matérias.materiais necessários: caixas de som, mesa de som, am-plificador, papel, canetas, cabos, microfones, computador e gravador digital.

como realizar:1. Em grupo, decidir as pautas (temas das matérias) que serão elaboradas. Para um programa de prevenção é interessante abordar temas como: efeitos de álcool no corpo; motivos para o menor de 18 anos não beber; locais de lazer na comunidade; consumo de álcool por menores e sonhos para o futuro; entre outros.2. Cada integrante deve pesquisar sobre a pauta de sua responsabilidade.3. Construir o roteiro coletivamente: montar a estrutura do programa (ex: ordem das matérias, falas que serão lidas ao vivo, entrevistados, vinhetas etc).4. Criar e gravar as vinhetas da rádio.5. Agendar com as pessoas e grupos que serão entrevis-tados ao vivo ou que participarão de alguma forma da rádio, de acordo com roteiro estabelecido.6. Realizar as entrevistas e gravar os textos, quando não forem ao vivo.7. Editar o programa.8. Executar o roteiro ao vivo na rua, praça ou qualquer local da comunidade.9. Avaliar o processo.

dicas para replicação: 1. Definir um bom horário e local para apresentação da rádio, que tenha uma grande circulação de pessoas.2. Desenvolver todas as atividades coletivamente.3. Caso exista uma rádio comunitária, articular com os responsáveis para veiculação do programa produzido.

Ações de comunicação

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centros de pesquisa e acesso a estudos sobre o assunto

Biblioteca virtual em Saúdehttp://bvsms.saude.gov.br

centro Brasileiro de Informações sobre drogas Psicotrópi-cas (cEBrId)www.cebrid.epm.br

centro de Informações sobre Saúde e álcool (cISa)www.cisa.org.br

dicionário sobre drogas (em inglês)http://www.who.int/substance_abuse/terminology/lexicon_alcohol_drugs_spanish.pdf faculdade Latino-americana de ciências Sociais (fLacSo)www.flacso.org.br

Lei nº 14.592, de 19 de outubro de 2011, do Estado de São Paulowww.alcoolparamenoreseproibido.sp.gov.br

materiais complementares sobre as práticas apresenta-das no livrohttp://www.ambev.com.br/pt-br/consumo-responsavel/iniciativas-e-parcerias/publicacao-jovens-de-responsa

ministério da Saúde http://portal.saude.gov.br/

observatório Brasileiro de Informações Sobre drogas (oBId)www.obid.senad.gov.br

Secretaria nacional antidrogas (SEnad) http://portal.mj.gov.br/senad

associação cidade Escola aprendiz Endereço:Rua Padre João Gonçalves, 152 - Vila Madalena - São Paulo (SP) - CEP: 05432-040Telefone: (11) 3031-6129 - Site: www.cidadeescolaaprendiz.org.br

ação comunitária do Brasil Endereço: Rua Amacás, 243 - Campo Limpo - São Paulo (SP) - CEP: 05792-030 Telefone: (11) 5843-2913 -Site: www.acomunitaria.org.br

aldeia do futuro - associação para a melhoria da condi-ção da População carenteEndereço: Rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, 228 – Ameri-canópolis - São Paulo (SP) - CEP: 04337-090 Telefone: (11) 5563-4436 /5677-1298 / 5563-0452 Site: www.aldeiadofuturo.com.br

associação alfaSol Endereço: Rua Pamplona, 1005 - Jd. Paulistano - São Paulo (SP) - CEP: 01405-200 Telefone: (11) 3372-4336 - Site: www.alfasol.org.br

associação Educacional e assistencial casa do zezinhoEndereço: Rua Anália Dolácio Albino, 30 - Pq. Maria Helena - São Paulo (SP) - CEP: 05854-020 Telefone: (11) 5512-0878 - Site: www.casadozezinho.org.br

associação junior achievement do rio Grande do SulEndereço: Rua Largo Visconde do Cairú , 17 - sala 401 - Porto Alegre (RS) - CEP: 90030-110 Telefone: (51) 3227-5095 - Site: www.jars.org.br

associação novolhar Endereço: Rua 13 de Maio, 367 - Bela Vista - São Paulo (SP) - CEP: 01327-000 Telefone: (11) 3459-0687 - Site: www.novolhar.org.br

centro Projeto axé de defesa e Proteção à criança e ao adolescente Endereço: Av. Estados Unidos, 161 - 9° andar - Comércio - Salvador (BA) - CEP: 40010-020 Telefone: (71) 3242-5912 - Site: www.projetoaxe.org.br

cipó - comunicação Interativa Endereço: Rua Paciência, 3784 - Rio Vermelho – Salvador (BA) - CEP: 41950-000 Telefone: (71) 3503-4477 - Site: www.cipo.org.br

central única das favelas (cufa)Endereço: Rua Itapeim, 136 - Paraisópolis - São Paulo (SP) - CEP: 05665-040 Telefone: (11) 5513-9035 - Site: www.cufa.org.br

fundação cafu Endereço: Rua Alves de Souza, 65 - Jardim Amália - São Paulo (SP) - CEP: 05890-010 Telefone: (11) 5824-0422 - Site: www.fundacaocafu.org.br

fundação Gol de Letra Endereço: Rua Antônio Simplício, 170 - Vila Albertina - São Paulo (SP) - CEP: 02353-110Telefone: (11) 2206-5520 - Site: www.goldeletra.org.br

fundação maurício Sirotsky Sobrinho Endereço: Av. Érico Veríssimo, 400, 5.° andar - Porto Alegre (RS) - CEP: 90160-180Telefone: (51) 3218-5007 - Site: www.fmss.org.br

Instituto Bola Pra frente Endereço: Av. Sargento Isanor de Campos, 401 - Guadalupe - Rio de Janeiro (RJ) - CEP: 21670-220 Telefone: (21) 3018-5858; 9345-1111 - Site: www.bolaprafren-te.org.br

Instituto crescer para a cidadania Endereço: Rua Cubatão, 929, Cj. 101 - Vila Mariana - São Paulo (SP) - CEP: 04013-043 Telefone: (11) 5908-8644 - Site: www.institutocrescer.org.br

oficina de Imagens – comunicação e Educação Endereço: Rua Salinas, 1101 - Santa Tereza - Belo Horizonte (MG) - CEP: 31015-365 Telefone: (31) 3465-6800 - Site: www.oficinadeimagens.org.br

união de núcleos, associações e Sociedades de morado-res de Heliópolis e São joão clímaco (unaS)Endereço: Rua da Mina, 38 – Heliópolis - São Paulo (SP) - CEP: 04235-460 Telefone: (11) 2272-0140 - Site: http://jovensalconscientes.com.br

viva rio Endereço: Avenida do Russel, 76, 4° andar - Glória - Rio de Janeiro (RJ) - CEP: 22210-010Telefone: (21) 2555-3750 - Site: www.vivario.org.br

para saber mais rede jovens de responsa

Pesquisas citadas na publicação

BERKOWITZ, Alan. rESPonSE aBILItY: a complete Guide to Bystander Intervention. BECK & CO. 2009. (em inglês)www.alanberkowitz.com

Moreira MT, Smith LA, Foxcroft D. Social norms interventions to reduce alcohol misuse in university or college students. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2009. (em inglês)www.socialnorms.org/

National Institute on Drug Abuse (NIDA). Infofacts: Lessons from Prevention research. 2011. (em inglês) www.drugabuse.gov/publications/drugfacts/lessons-preven-tion-research

Organização Mundial da Saúde (WHO). draft Global Strategy to reduce the Harmful use of alcohol. 2011. (em inglês)www.who.int/substance_abuse/publications/global_alco-hol_report/en/index.html

Pesquisa IBOPE Inteligência - Governo do Estado de São Paulo. consumo de bebidas alcoólicas por menores. 2011.www.saopaulo.sp.gov.br/usr/share/documents/271.pdf

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