7/25/2019 PT_ Da Hegemonia Ao Transformismo

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quinta-feira 11 de fevereiro de 2016atualizado 09:48:15

DESTAQUES Carnaval 2016/ Abaixo as demisses da GM/ Operao Lava Jato

Ainda que seja impensvel a fundao do PT sem levar em considerao o ascenso doproletariado brasileiro no ABC paulista, na dcada de 70, tampouco se podem compreender asbases programticas e estratgicas destepartido sem ter em conta algumas ideiaspredominantes nas esquerdas latino-americanas.

Andr AugustoSo Paulo| @AcierAndy

Juan Dal Maso

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Muitos anos se passaram desde que uma confluncia de sindicalistas,catlicos militantes e militantes de esquerda pusesse de p o PT noBrasil.

E por muitos anos tambm este partido foi tomado como a referenciade uma esquerda aggiornada.

Sucede que, ainda que seja impensvel a fundao do PT sem levar emconsiderao o ascenso do proletariado brasileiro no ABC paulista, nadcada de 70, tampouco se podem compreender as basesprogramticas e estratgicas deste partido sem ter em conta algumasideias predominantes nas esquerdas latino-americanas.

No clima de ideias da intelectualidade latino-americana, a apropriaodo pensamento de Gramsci comeava a deixar para trs asinterpretaes radicalizadas dos anos 70 em uma direo moderadaque posteriormente desenvolveriam Laclau e Mouffe: substituio do

socialismo pela radicalizao da democracia; substituio da classetrabalhadora como sujeito revolucionrio por formas diversas desujeitos populares, transformao do conceito de hegemonia daclasse operria em uma conformao de alianas policlassistas com umverniz social-democrata.

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No casual que os cultores destas ideias tenham encontrado no PTum paradigma de construo hegemnica ou contaminaogramsciana alternativo velha esquerda leninista e cheio depromessas quanto s possibilidades de gerar uma mudana prxima aosocialismo nos marcos da democracia capitalista.

Um autor argentino radicado no Brasil, Ral Burgos, tentandodemonstrar a presena de temticas gramscianas nas esquerdasaggiornadasda Amrica Latina, assinalava, a propsito do PT:

O 1 Congresso ser um momento importante da discusso coletivaonde se chega a uma sntese significativa sobre a questo dosocialismo e sobre o tema da estratgia para conquist-lo, quecontinuam vigentes at hoje. As resolues do Congresso caracterizamo tipo de estratgia adotada como uma estratgia com nfase nadisputa de hegemonia () e o lugar destacado que este conceitoalcanou na definio do PT fica claro nas colocaes de duas seesfundamentas das resolues intituladas O papel central da disputa dehegemonia e A disputa de hegemonia hoje, onde so desenvolvidosos contedos desta estratgia.

() Assim, sobre as aes no nvel do Estado, diz o documento:

A ao de governo que o PT exerce hoje deve ser vista como um

elemento decisivo na construo de nossa hegemonia, j que se tratade governar, executar polticas e democratizar o Estado, acionar aparticipao e o controle popular, conviver e interatuar com outros

setores, segmentos e classes sociais, exercer de fato o direito hegemonia, legitimada nas urnas, ainda que seja por ora em nvel

municipal.

() Em resumo, disputar hegemonia hoje significa construir um enorme

movimento social por reformas em nosso pas, essencial para viabilizarum caminho alternativo de desenvolvimento, que tenha entre suas

principais caractersticas a incorporao da cidadania e do trabalho, demilhes de marginalizados e deserdados sociais existentes no Brasil.

Estes elementos so demonstrativos da construo de um tipo de

lgica poltica para a definio da estratgia deste partido centrada noconceito de hegemonia. Desde sua presena secundria nosdocumentos de fundao do partido nos anos 79-80, passando pelautilizao mais relevante dos conceitos de sociedade civil e classessubalternas e a adoo dos conceitos de bloco poltico e social ebloco histrico, etc., entre o 5 e o 7 Encontros, at a apropriao doconceito tal como o expressa a resoluo do Primeiro Congresso, apresena dos conceitos gramscianos uma realidade irrebatvel.

Deixando de lado qualquer interpretao leninista da questo dahegemonia (na qual claramente se inspirava Gramsci), o PT passou apropor uma hegemonia como forma de lutar pelo socialismo dentroda democracia, ou seja, uma hegemonia que no se orientava a fazer arevoluo socialista.

No obstante, a construo supostamente hegemnica do PTterminou se transformando, depois de chegar ao poder, segundoMassimo Modonesi, em um conservadorismo reformista moderadoque enquanto com o Bolsa Famlia e a criao de 10 milhes deempregos garantia a melhora nas condies de vida de um setorsignificativo da populao brasileira, atuava como um gendarmeespetacular do capital para garantir os negcios do empresariado,como expressa Ricardo Antunes em entrevista para a revista Ideas deIzquierda.

A integrao plena do PT poltica burguesa, sintetizadadramaticamente nos casos de corrupo que se ventilam em toda amdia internacional, poderia se enquadrar perfeitamente em certas

temticas gramscianas, em especial a do transformismo, categoria coma qual o comunista italiano analisava a cooptao pelas classesdominantes dos elementos dirigentes dos setores populares, atravs daabsoro gradual, mas contnua e com mtodos de variada eficcia, doselementos ativos sados dos grupos aliados e at dos gruposadversrios e que pareciam inimigos irreconciliveis. Neste sentido adireo poltica se converteu em um aspecto da funo de domnio,

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porque a absoro das elites dos grupos inimigos leva decapitaodestes e sua aniquilao por um perodo frequentemente muito longo(Gramsci, Cadernos do Crcere, Caderno 19, 24).

Talvez por isso, Carlos Nelson Coutinho colocou certa vez: Quandoingressei no PT, me diziam que eu estava direita, sobretudo porqueacreditava, como at hoje, que sem democracia no h socialismo.Hoje, dez anos depois, no interior do Partido, estou esquerda. E sabepor qu? Porque tambm continuo convencido de que, sem socialismo,no h democracia.

Com os anos, na prtica do PT no restaria nada de socialismo e simmuito de democracia degradada que nos legou o neoliberalismo.

De junho de 2013 para c, o PT se aproximou gradualmente do ncleoda crise de representatividade do regime poltico burgus. Saindo pordemandas sociais e contra a represso policial, em 2013 o movimentode juventude sacudiu o pas e apresentou a possibilidade de rupturapela esquerda com o petismo. A pesar da passividade da classetrabalhadora em junho (tambm responsabilidade da burocracia daCUT), o governo no foi capaz de conter a insatisfao crescente, queem 2014 estourou na forma da maior onda de greves operrias em 20anos, sob o lema No tem arrego! Nas eleies nacionais, o petismoperdeu perdeu grande quantidade de votos nas zonas operrias maisimportantes do pas para a oposio de direita do PSDB (que, sendo

parte da crise de representatividade, tem muita dificuldade emaproveitar-se do desgaste petista, estando envolvido no escndalo daPetrobrs).

Agora o fisiologismo petista est presente nas trs crises queatravessam o pas: a corrupo na Petrobrs, a queda abrupta deaceitao do governo Dilma (a desaprovao chega a 64,8%, apenasatrs dos 68% de Fernando Collor em 1992), e com a crise na basealiada do PMDB, que gerou na semana passada a primeira queda de umMinistro do governo Dilma, Cid Gomes.

O 15M, a pesar de ter sido claramente canalizado pela direita e semdefender qualquer demanda democrtica de Junho, no representa umgiro direita na situao aberta em 2013: s podia surgir em meio aesta situao de grande politizao e ativismo social. A insatisfaocrescente com o regime agregou a figura de Dilma Rousseff e do PTcomo alvo do descontentamento popular que atravessa todos osprincipais partidos do regime poltico burgus (deixando o PTgolpeado, no fortalece as posies da direita nacional, tendo emvista que os expoentes da direita, Jair Bolsonaro, e Paulinho da ForaSindical, foram vaiados e impedidos de falar, alm das grandespersonalidades tucanas no terem subido ao palco da jornada).

O movimento operrio est em estado de expectativa, sado do maiooperrio. Onde os ajustes petistas incidiram, houve resistncia, a pesarde no haver ruptura, nos marcos dos esforos da burguesia e dospartidos tradicionais de pactuar uma paz social pelos ajustes.

O caminho esquerda segue aberto. H uma importante continuidadecom Junho na desconfiana e insatisfao contra a casta corrupta depolticos. Para a esquerda revolucionria, trata-se de convencer ostrabalhadores e o povo pobre a no cair nos enganos da direita, nemnas armadilhas de Dilma e do PT. Uma terceira via independente dotransformismo petista que, diga-se de passagem, em seu trabalho dedisputar espaos no estado burgus, fortaleceu Cunhas, Felicianos,Bolsonaros e a direita mais reacionria no Congresso e na polticanacional.

Frente ao desastre do PT, para a classe trabalhadora e a esquerda cada vez mais necessrio recuperar a tradio marxista clssica quepensava a luta pela hegemonia da classe operria em uma aliana comtodos os setores oprimidos para lutar por um governo dostrabalhadores e o socialismo. Cada luta, como a greve dos professoresde So Paulo, deve ser apoiada e cercada de solidariedade, pois elasrecolocam a questo do sujeito operrio como obstculo unidadenacional da burguesia, do PT e da oposio de direita, em favor doscortes e ajustes. parte fundamental de lutar por outra tradio deesquerda na Amrica Latina.

Rachid Stali

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Para barrar as 517 demisses da GM,professor e metrovirio prestamsolidariedade aos trabalhadores econvidam a fortalecer essa campanha

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