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    1/329FERREIRA, VERA RITA DE MELLO PSICOLOGIA ECONMICA: ORIGENS, MODELOS, PROPOSTASTESE DE DOUTORADO PUC-SP 2007

    Vera Rita de Mello Ferreira

    PSICOLOGIA ECONMICA:

    origens, modelos, propostas

    Programa de Estudos Ps-Graduados em Psicologia Social

    PUC-SP

    SO PAULO

    2007

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    3/329FERREIRA, VERA RITA DE MELLO PSICOLOGIA ECONMICA: ORIGENS, MODELOS, PROPOSTASTESE DE DOUTORADO PUC-SP 2007

    Vera Rita de Mello Ferreira

    PSICOLOGIA ECONMICA:

    origens, modelos, propostas

    Tese apresentada Banca Examinadorada Pontifcia Universidade Catlica deSo Paulo, como exigncia parcial para a

    obteno do ttulo de Doutor emPsicologia Social, sob a orientao daProfa. Doutora Maria do Carmo Guedes

    Programa de Estudos Ps-Graduados em Psicologia Social

    PUC-SP

    SO PAULO

    2007

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    Participantes da banca examinadora:Profa. Dra. Maria do Carmo Guedes (orientador)Profa. Dra. Mitsuko AntunesProfa. Dra. Norma CassebProfa. Dra. Eva MigliavaccaProf. Dr. Sigmar MalvezziProfa. Dra. Ana Cristina Limongi Frana (suplente)Profa. Dra. Laura Vallado de Mattos (suplente)

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    Dedico este trabalho ao nosso pas,esperando que possamos tomar as melhoresdecises neste campo que rene Psicologia eEconomia, para que o Brasil seja capaz deescolher os caminhos do crescimento real

    aquele que s pode acontecer se todosparticiparem dele!

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    RESUMO

    Esta tese tem como objetivo fornecer subsdios para a construo e instalao daPsicologia Econmica no Brasil, partindo-se da hiptese de que o conhecimento destecampo possa despertar o interesse por ele e facilitar a constituio de uma rede depesquisadores com colaborao interdisciplinar. Desenvolvida a partir de umaperspectiva histrica, adota o mtodo analtico-descritivo. A apresentao da rea, situadana interface Psicologia-Economia, tem incio com uma viso panormica da situaoatual nos pases em que se encontra constituda. A seguir, percorre-se suas origens eprincipais modelos, elaborados por autores contemporneos, a partir de obras que se

    destacam dentro dela. A perspectiva histrica, definies da disciplina e trs conceitosbsicos racionalidade, comportamento econmico e tomada de decises estopresentes em todo o trabalho. Os dois ltimos captulos oferecem propostas: a primeira um modelo que se pretende que contribua para a investigao das decises econmicas,fundamentado em teorias e observaes psicanalticas, com foco sobre a polaridadeiluso e pensar, que repousa na concepo do mundo emocional que sobrepe-se razo;a segunda proposta discute possveis modos de insero da Psicologia Econmica noBrasil, com nfase sobre a importncia de proporcionar-se condies para informar apopulao acerca de seu comportamento econmico e maneiras como decises sotomadas neste mbito, que contemplaria tanto dados sobre a Economia, comoconhecimentos sobre nosso funcionamento psquico, com o objetivo de favorecer a

    apropriao, por parte de todos os segmentos, das escolhas que fazem. Ainda dentro estaperspectiva, sugere-se que a reunio destes dados possa expandir as premissas quesustentam inmeras polticas econmicas, de modo a torn-las mais condizentes comnossa realidade externa e psquica.

    PALAVRAS-CHAVE: COMPORTAMENTO ECONMICO. DECISESECONMICAS. EMOO. HISTRIA DA PSICOLOGIA ECONMICA. ILUSO.PSICANLISE. TEORIA DO PENSAR.

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    ABSTRACT

    The main goal of this thesis is to offer data useful for the constitution and consolidationof Economic Psychology in Brazil. The underlying hypothesis is that information aboutthis area may stimulate interest in it and create favourable conditions to build a networkof researchers, based on interdisciplinary cooperation. A historical perspective has beenadopted, employing the analytical-descriptive method. Introduction to this area, thatbelongs to the interface Psychology-Economics, comprehends an overview of itssituation in countries where it has already been established, historical roots and origins,and the main models formulated by relevant contemporary authors within it. Historical

    perspectives, definitions of the discipline and three essential concepts rationality,economic behaviour and decision-making are discussed throughout this research. The lasttwo chapters offer two models: the first one aims to contribute to the issue of decision-making and is based on psychoanalytical theories and observations, focusing the polarityillusion vs. thinking, supported by the conception of emotions prevailing over reason; thesecond one discusses potential insertions for Economic Psychology in Brazil,emphasizing the importance of informing the population on their economic behaviourand how decisions are made, which would include both knowledge about Economics andits mechanisms, and psychological operations as well, in order to help people to take overtheir own decision-making processes in the economic realm. It is sugges ted that datagathered in this research may expand the premises over which economic policies are

    routinely elaborated so as to bring them closer to a more realistic level, both externallyand psychologically.

    KEYWORDS: ECONOMIC BEHAVIOUR. ECONOMIC DECISIONS. EMOTION.HISTORY OF ECONOMIC PSYCHOLOGY. ILLUSION. PSYCHOANALYSIS.THEORY OF THINKING.

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    SUMRIO

    1.PSICOLOGIA ECONMICA UMA INTRODUO p. 1

    1.1.Apresentao p. 11.2.Um rasante panormico p. 61.3.Relaes dentro da Psicologia p. 111.4.Linhas de Pesquisa e disseminao p. 181.5.No Brasil p. 291.6.Plano de Tese p. 321.7.Consideraes metodolgicas p. 36

    2. ORIGENS DA PSICOLOGIA ECONMICA PRIMRDIOS E PRIMEIROSPASSOS p. 40

    2.1.Apresentao p. 40

    2.2.Pr-Hitria Antiguidade, Idade Mdia, Sculo XVIII p. 452.3.Sculo XIX p. 472.4.Sculo XX 1.Metade p. 552.5.Sculo XX 2.Metade p. 602.6.Discusso p. 69

    3. OBRAS, CONCEITOS E MODELOS p. 773.1.Apresentao p. 773.2.Katona, 1975 p. 803.3.Lea, Tarpy & Webley, 1987 p. 893.4.Van Raaij, 1981, 1999 p. 97

    3.4.1.

    Van Raaij, 1981 p. 973.4.2. Van Raaij, 1999 p.1033.5.MacFadyen & MacFadyen, 1986 p.1083.6.Earl, 1990 p.1193.7.Earl & Kemp, 1999 p.1213.8.Webley, Burgoyne, Lea & Young, 2001 p.1243.9. Reynaud, 1967 p.1273.10.

    Albou, 1962 p.1333.11. Descouvires, 1998 p.1363.12. Simon, 1978 p.1393.13. Kahneman, 2002 p.144

    4. ECONOMIA, PSICOLOGIA ECONMICA E ECONOMIA PSQUICA PROPOSTA DE UM MODELO PSICANALTICO PARA TOMADA DEDECISO E AS DECISES ECONMICAS p.153

    4.1.Apresentao p.1534.2.Prazer e Desprazer na Economia Tradicional p.1564.3.Prazer e Desprazer na Psicologia Econmica p.1614.4.Desconto hiperblico subjetivo, escolha intertemporal,

    contas mentais, emoo p.1684.5.Distores de percepo e avaliao p.177

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    4.6.Um modelo psicanaltico para tomada de deciso eas decises econmicas p.181

    4.7.Um breve debate metodolgico p.205

    5.PSICOLOGIA ECONMICA E BRASIL AGENDA E DEBATE p.2145.1.Consideraes sobre um modelo de psicologia

    econmica no Brasil apresentao e discusso p.2145.2.Um exemplo do passado estudos sobre a inflao p.2305.3.Uma proposta de esclarecimento e emancipao

    por meio de informao populao p.2425.4.Possibilidades de insero esboando o nosso futuro

    de pesquisa e atuao p.249

    CONSIDERAES FINAIS p.265

    REFERNCIAS p.275

    ANEXO - OUTRAS REAS QUE ESTUDAM O COMPORTAMENTOECONMICO p. I

    1. Economia Comportamental e Economia Psicolgica p. I2. Finanas Comportamentais p III3. Scio-Economia p. VI4. Psicologia do Consumidor p. VIII5. Pesquisa sobre Julgamento e Tomada de Deciso p. XIV6. Economia Experimental p. XV

    7. Neuroeconomia p. XVII8. Economia Antropolgica ou Antropologia Econmica p. XXI9. Nova Economia Institucional p.XXIII

    10. Economia Ps-Autista p.XXVI

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo, em primeiro lugar, minha orientadora, Maria do Carmo Guedes, que meacolheu quando a Psicologia Econmica era, ainda, to pouco conhecida e teve agenerosidade de ampliar seu repertrio de orientao para abrigar esta tese, ensinando-meos primeiros passos de como se faz pesquisa e, principalmente, como pode ser divertido!

    Em seguida, agradeo banca de examinadores: Sigmar Malvezzi, da PsicologiaOrganizacional, que vem me dando apoio precioso h vrios anos, alm de ter meapresentado ao primeiro livro de Psicologia Econmica com que tive contato, em 1995(eu brinco que, junto com a M.Carmo, proponho que sejam patronos da PsicologiaEconmica no Brasil, pelo espao que abriram para o desenvolvimento do trabalho nestarea em nosso pas), Mitsuko Antunes (Mimi), especialista em Histria da Psicologia,

    que deu um norte preciso (e generoso) no exame de qualificao, Eva Migliavacca,psicanalista, e Norma Casseb, economista, que aceitaram o convite para entrar emcontato com o universo da Psicologia Econmica e poder verificar a possibilidade dedilogos com a Psicanlise e a Economia, e tambm, Ana Cristina Limongi Frana,psicloga organizacional, e Laura Vallado de Mattos, economista, que, igualmente,demonstraram interesse pelo novo campo, dispondo-se a travar contato com este assunto;

    E, agora, uma longa lista de colegas e amigos a quem sou muito grata pela imensacolaborao, seja sob a forma de dilogos preciosos, envio de material ou referncias,seja tecendo a rede, que como gosto de chamar o esforo coletivo para construir estecampo de pesquisa e atuao:

    - da IAREP veio ajuda imprescindvel sem esta cooperao e as grandes doses de boavontade que a acompanharam, dificilmente esta tese teria sido feita:- Paul Webley, que foi uma espcie de padrinho, oferecendo orientao paciente desdeo incio; Stephen Lea, que , de certa forma, o corao da IAREP, sempre apontandocoordenadas fundamentais e dividindo seus conhecimentos e preocupaes com os rumosda disciplina; Karl-Erik Wrneryd, que virou uma espcie de consultor para histria daPsicologia Econmica, no s por ser veterano no campo, mas porque veio seinteressando cada vez mais por esta perspectiva, tambm; Peter Earl, pesquisadoradmirvel por sua coragem, seriedade e generosidade, me enviou trabalhos fundamentais;Erich Kirchler, que nunca se esqueceu do meu tema e, sempre que pde, contribuiu com

    seus timos artigos (em parceria com Erik Hlzl); Fred van Raaij, desde a cpia doprimeiro e nico trabalho especificamente sobre a histria da Psicologia Econmica, atvrias outras pistas; Paul Albou, outro pioneiro, com posies firmes e claras, propsuma rica troca de correspondncia; e, tambm, Ellen Nyhus, Carole Burgoyne e DavidRouth, Simon Kemp (o primeiro com quem estabeleci contato, em 1995, nos idos dainternet manivela...), Folke lander, Henk Elffers, Christine Roland-Levy, GerritAntonides, Alan Lewis, Karel Riegel, Anette Otto, Floyd Rudmin, Tadeusz Tyszka,Gustav Lundberg e Fiona Neligan (secretria da IAREP); Hugh Schwartz, MorrisAltman, John Tomer, Ofer Azar(da SABE); e Fiona Barron (da Elsevier);

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    - no Brasil:- toda a comunidade psi-econ, tanto da lista de discusso da internet, como colegas quevenho conhecendo e com quem venho trocando figurinhas importantes; em especial e,

    vindos da rea econmica e todos ponta firmssima, Daniel Yabe Milanez, que fez umadas dissertaes pioneiras sobre Finanas Comportamentais e me deu inmeras dicastimas, l no comeo, quando era quase que meu nico interlocutor, Evelyn Batista, outrapesquisadora com muito faro que, gentilmente, tambm me cedeu material e muitasindicaes importantes; Bernardo Nunes, tambm pesquisando em FinanasComportamentais, sempre com informaes rpidas e certeiras, quando eu pedia socorro;Roberta Muramatsu, pesquisadora na rea de Economia Comportamental e emoes, comquem estamos construindo um frtil dilogo interdisciplinar;

    - os alunos do curso Psicanlise e Psicologia Econmica, na COGEAE da PUC-SP, quereceberam, em primeira mo, as idias contidas na verso inicial da tese e, durante as

    aulas, com suas perguntas e comentrios, ofereceram contribuies excelentes paraaprofund-las;

    - o grupo de estudos, originado da verso inaugural do curso, com Suely Ongaro, LuizRoberto Randazzo, Paula Pavon, Raphael Galhano, Caio Torralvo, Carla Boer e CecliaLetelier, com discusses sempre to estimulantes;

    - Danilo Fariello, jornalista econmico que h muito tempo se interessa e batalha peladisseminao da interface e proteo do cidado, ampliando o enfoque sobre questeseconmicas na mdia Paula Pavon, idem!

    - os clientes, da clnica e da consultoria, tambm me ajudaram bastante a observar, aovivo e de perto e depois, pensar sobre comportamento econmico, decises econmicas,racionalidade limitada e as reais dificuldades que temos frente a tudo isso;

    - e, ainda: Herbert Kimura e Thiago Lisoni (da Economia Comportamental); AliceMoreira, Ester Jeunon e Iani Lauer, tambm construindo a Psicologia Econmica noBrasil; Marco Aurlio Velloso e Nilton Filomeno (psicanalistas e psiclogos sociais organizamos, juntos, o Pr-Encontro de Psicologia e Economia fronteiras,convergncias, dilemas, em 2002 Leila Bomfim, da Psicologia Social, teve participaoimportante no percurso todo tambm); Eric Calderoni, colega de doutorado e pesquisadorde Psicologia Poltica e Ambiental, que me convenceu a oferecer, junto com ele, o

    primeiro mini-curso sobre Psicologia Econmica, na ABRAPSO de Belo Horizonte, em2005, alm de outras figurinhas trocadas; Cssia DAquino, cientista poltica eespecialista em educao financeira, que compartilha preocupaes e desejos de um pasmelhor; o pessoal do GrupoConsuma, da Universidade de Braslia (gente que pensa sobreconsumo com seriedade, para proteger o consumidor Amlia Perez foi a ponte);Carmem Rittner, que salvou o curso do COGEAE da ameaa de extino, antes mesmode se iniciar, e Bronia Liebesny, que tambm deu suporte para que ele ocorresse;Armando Rocha (da Neuroeconomia); Thomaz Jensen, Gerson Lima, Dante Aldrighi eCristina Amorim (economistas); Lucia Barbosa (que me apresentou ao que virou meulivro de metodologia de cabeceira Laville e Dionne); do mestrado, na USP, minha

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    orientadora, Maria Ins Assumpo Fernandes, que me recebeu nos primrdios destedilogo Psicanlise - Psicologia Social - Psicologia Econmica, e Eda Tassara, queiluminou os primeiros caminhos metodolgicos; Paulo Sternick, psicanalista com quem

    troquei idias no incio; Corbett Williams, que no do Brasil, mas tambm ajudou acosturar pontes estimulantes entre Psicanlise e Psicologia Econmica, na lista eletrnicade discusso sobre Bion;

    - os colegas do NEHPSI-Ncleo de Histria da Psicologia: Maria Fernanda Waeny,Arnaldo Motta, Maria Fernanda Mascheretti, Sonia Neves (no s do ncleo, somoscompanheiras, de trabalho e amizade, de longa data), Ana Karina Fachini, MarildaCastelar, Carmem Taverna, Janana, Renato, Clia, Ceclia Vilhena e outros colegas dodoutorado tambm, como Toninho (Antonio Brito), Ana Lucia Artioli, Tiago Matheus,M. Dionsia e a secretria, Marlene que, sempre que pde, cooperou (isso facilita);

    - os professores Leon Crochik, que me apresentou, com todo o rigor, Teoria Crtica(nunca mais fui a mesma...), e Iza Garcia, com o curso excelente, Produo de ArtigosCientficos;

    Da Amrica Latina:- os colegas da Red Latinoamericana de Psicologa Econmica: Maria Mercedes Botero,Julio Cruz (que enviou um artigo chave), Marianela Denedri e, em especial, CarlosDescouvires que, to gentilmente, presenteou-me com seu livro, em espanhol (ele chileno), mais prximo da nossa realidade, tambm;

    Na famlia, os agradecimentos vo para: Neilon, Nestor Castellan, meu companheiro, que

    ficou ao meu lado, agentando me ver todo fim de semana sem sair do sof, com onotebook no colo e, mesmo assim, me dando TODO o apoio possvel (e como foiimportante!!!); minha me, Coraly Pimentel de Mello Ferreira, a Dona Cora que, aos 92,segue entusiasmada e interessada, sempre me dando muita fora (para no falar de todasas cestas de frutas, gelatinas de melancia, balas de caf lendrias e os almoos filados, claro); Gina e Homer, meus peludos e fiis descansos de alma;

    - aos amigos, agradeo por no desistirem de mim, depois desta prolongada ausncia...

    - e a Ccero Jos Campos Brasiliano, agradecimentos para sempre!

    Por fim, gostaria de registrar a importncia que a bolsa CAPES-flexibilizada teve para aviabilizao deste trabalho.

    Acho que uma sorte ter uma lista to comprida de agradecimentos sinal de que tivemuita ajuda importante, sem a qual no sei se a tese teria sado. Por outro lado, umperigo e se a gente comete um lapso e se esquece de algum fundamental, a quem se profundamente grato? Seja pela Teoria do Prospecto ou no, avaliei as perspectivas,mesmo se enviesadamente..., corri os riscos e, agora, s peo perdo antecipado, casotenha acontecido de deixar algum de fora. A Psicanlise, por seu lado, nos mostra quesomos todos frgeis, precrios e limitados como evitar os riscos, ento??

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    CAP.1 - PSICOLOGIA ECONMICA UMA INTRODUO

    1.1.APRESENTAO

    Este captulo introdutrio tem trs objetivos: primeiramente, situar o trabalho do ponto de

    vista cientfico, no que tange sua insero, relevncia, premissas e propsitos; em

    segundo lugar, apresentar, em linhas gerais, o objeto de estudo desta tese, ou seja, o

    campo da Psicologia Econmica, no que diz respeito sua genealogia, relaes, linhas de

    pesquisa e disseminao; por fim, delinear o formato do trabalho, conforme cada captulo

    que o compe, encerrando com algumas consideraes de ordem metodolgica.

    Esta tese inscreve-se na Histria da Psicologia, na Psicologia Econmica, na Psicologia

    Social e, tambm, na Psicanlise, na medida em que esta ltima possa oferecer subsdios

    para iluminar, de uma forma especial, o objeto de estudo da Psicologia Econmica. Da

    Histria da Psicologia, com suas vertentes de Historiografia, resumimos as seguintes

    coordenadas-chave: o contexto parte determinante dos acontecimentos e suas

    interpretaes (Andery et. al., 20041); no h neutralidade na escrita da Histria (Farr,

    20022); a histria no termina de ser escrita (Woodward, 1998 3); possvel escrever-se

    uma histria do presente (Chauveau e Ttart, 19994).

    Para introduzir a Psicologia Econmica ao pblico brasileiro, recorre-se s seguintes

    estratgias: explicar seu surgimento e linhas de raciocnio bsicas; relatar parte do que j

    foi feito, onde e, quando possvel, por qu; analisar conceitos, modelos e formulaes que

    aliceram o campo; descrever um pouco do estado-da-arte do conhecimento neste

    incio de sculo XXI; discutir a construo da Psicologia Econmica no Brasil, desde o

    que j existe, at outras linhas que poderiam ser igualmente exploradas.

    1ANDERY, M.A., MICHELETTO, N., SRIO, T.M.P., RUBANO, D.R., MOROZ, M., PEREIRA, M.E.,GIOIA, S.C., GIANFALDONI, M., SAVIOLI, M.R., ZANOTTO, M.L.Para compreender a cincia. Riode Janeiro: Garamond; So Paulo: Educ, 2004.2 FARR, Robert. As razes da Psicologia Social moderna. Petrpolis: Vozes, 2002. Trad. PedrinhoGuareschi e Paulo Maya.3 WOODWARD, William R. Rumo a uma historiografia crtica da Psicologia. In J. BROEK e M.MASSIMI (orgs.), Historiografia da Psicologia Moderna (verso brasileira). So Paulo: UnimarcoEditores e Edies Loyola, 1998. Trad. J. A. Ceschin e Paulo J. C. Silva.

    4CHAUVEAU, Agns e TTART, Phillippe. Questes para a histria do presente . Bauru, SP: Edusc,1999. Trad. Ilka Stern Cohen.

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    A relao que, para muitos autores, ntima com a Psicologia Social, ter alguns pontos

    explorados tambm. J a Psicanlise entra, com maior destaque, na proposta de um

    modelo para pensar um dos pontos centrais da Psicologia Econmica a tomada de

    decises.

    As premissas mais importantes que sustentam este estudo podem ser sintetizadas da

    seguinte forma:

    - conhecer as origens de um campo do conhecimento pode representar uma ampliao e

    aprofundamento da anlise de seu contexto, sua trajetria, suas direes e perspectivasfuturas;

    - um trabalho com vis histrico tampouco pode furtar-se a apresentar um panorama dos

    conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, em algum detalhe, examinando seus

    autores, a evoluo de suas idias, os compartilhamentos, colaboraes e confrontos

    internos;

    - uma exposio sistematizada de informaes a respeito da Psicologia Econmica

    poderia ter funo de referncia e base para comunicao para pesquisadores que j

    trabalham na rea, encontrando-se, porm, em grande parte, dispersos pelo nosso vasto

    territrio, bem como para aqueles que desejam aproximar-se do tema e enfrentam as

    dificuldades de no saber por onde comear, onde encontrar a bibliografia necessria,

    com que apoio poderiam contar em termos de orientao, colaborao e publicao. Visa-

    se, ainda, atingir aqueles que sequer ouviram falar que esta disciplina exista, embora j

    tenham, por vezes com perplexidade, se posto a pensar nas limitaes das teoriaseconmicas, nos movimentos surpreendentes dos fenmenos econmicos e dos atos

    econmicos individuais, nas chamadas anomalias. Assim, este trabalho foi escrito de

    modo a contribuir para a gerao e disseminao de conhecimento na esfera psico-

    econmica. Em particular, temos a expectativa de que possa participar da construo da

    Psicologia Econmica no Brasil, que dever ter caractersticas prprias, voltada para

    nossas questes, nossos problemas, nossa realidade alm de, naturalmente, nossos

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    recursos que, ao mesmo tempo em que impem limitaes, quando insuficientes, como

    no caso de restrio de financiamentos, por exemplo, podem, por outro lado, desafiar

    nossa capacidade de transpor obstculos e descobrir formas originais de levar a

    investigao a cabo;

    - o estudo do comportamento econmico dos indivduos e dos grandes grupos pode

    representar uma possibilidade de debater fenmenos psico-econmicos de modo a

    contribuir para polticas econmicas mais justas e apropriadas aos nossos problemas;

    - comportamento econmico reflete comportamento psquico, este ltimo, nonecessariamente manifesto5, porm, capaz de pr aquele em movimento. Como

    complemento desta idia, defendemos que pensamentos e cognio estariam

    amalgamados ao pano-de-fundo emocional, sempre presente, de algum modo, e

    responsvel por ativar, deformar ou paralisar os primeiros, conforme as circunstncias.

    Por esta razo, acreditamos que esta investigao poderia beneficiar-se com a incluso de

    teorias psicanalticas sobre o funcionamento mental, alm das formulaes e dados

    empricos j consagrados por pesquisadores da rea;

    5Gostaramos de defender a incluso de um debate em torno do uso mais amplo do termo comportamento:em nosso entender, ele poderia abarcar tambm o que no visto ou, necessariamente, mensurvel,chegando, inclusive, s operaes psquicas que tm lugar em nossa mente. A expresso comportamento

    psquico foi sugerida por Laertes de Moura Ferro, da Sociedade Brasileira de Psicanlise de So Paulo(da qual foi presidente e analista-didata), num grupo de estudos, em 2002, de que participamos. Elechamava a ateno para o uso do termo em contraste com mecanismo, no que o primeiro teria de maiorabrangncia. Esta acepo parece coadunar-se com o conceito de dinmica, proposto pela Profa. Eva

    Migliavacca, embanca de qualificao a que este trabalho foi submetido, em 17.08.06. usada, tambm,por outros autores, inclusive fora do mbito da Psicologia e Psicanlise, como Economia e Medicina (cf.,por exemplo, KON, Anita. A Economia Poltica do Gnero: determinantes da diviso do trabalho. Revistade Economia Poltica, 22 (3): 89-106, 2002, p.92; LIN, TchiaY., STUMP, Patrick, KAZIYAMA, HelenaH.S., TEIXEIRA, Manoel J., IMAMURA, Marta, GREVE, Jlia M.A. Medicina fsica e reabilitao emdoentes com dor crnica. Rev. Med. (So Paulo), 80(ed. esp. pt.2):245-55, 2001, p.246; GANANA,Maurcio M., BALEEIRO, Eduardo M., FUKUDA, Yotaka, SOUZA JR., Agenor A., RESNIK, Rita K.,ALMEIDA, Clemente I. R. e ALBERNAZ, Pedro L. M. Nefropatias, cardiopatias e tireoideopatiasassociadas a alteraes cocleares e/ou vestibulares; principais sndromes e doenas. Revista deOtorrinolaringologia, 40 (1): 61-64, 1974, p.64. Disponvel em:http://www.rborl.org.br/conteudo/acervo/print_acervo.asp?id=2900 acesso em 04.10.06). Acreditamosque tal expanso possa ser benfica ao aprofundamento do estudo dos processos mentais, que incluem oque observvel e, como temos visto, tambm toda a vastido do que nopode ser observado diretamente.

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    - a necessidade, importncia e possibilidade de haver uma Psicologia Econmica voltada

    para a realidade brasileira;

    - um dilogo multidisciplinar, envolvendo psiclogos, psicanalistas, economistas,

    administradores, historiadores, socilogos, antroplogos, cientistas polticos, bilogos,

    fisiologistas, especialistas em meio-ambiente, comunicao, RH, marketing, jornalismo

    econmico, tributao, Direito, neurocincia, polticas pblicas, amplia o escopo de

    pesquisa e anlise dentro da disciplina;

    - quando nosso estudo parte de uma rea que, apesar de nascida fora de nosso pas, volta-se, em nosso entender, para questes que nos so pertinentes como os componentes

    psquicos presentes no funcionamento da Economia, ressaltando-se os inmeros

    problemas que esta esfera, a econmica, enfrenta no Brasil torna-se necessrio rastrear

    o envolvimento de pesquisadores locais com o assunto, bem como introduzir propostas

    para o desenvolvimento do campo aqui;

    - instalada no Brasil, em clima de abertura, construo dialgica, vnculo com nossas

    necessidades e apreo pelo conhecimento cientfico, a Psicologia Econmica poderia

    colaborar de forma importante para encaminhar nossos inmeros problemas scio-

    econmicos rumo a um avano;

    - a divulgao de como se d o comportamento econmico, ou seja, dentro de quais

    contextos ocorrem as decises econmicas e quais operaes psquicas esto envolvidas

    nelas, em direo a um maior esclarecimento da populao sobre esta importante

    dimenso de sua vida, poderia impulsionar seu movimento de apropriar-se de suasescolhas no mbito scio-econmico e, portanto, favorecer sua emancipao como

    cidados participantes de seu tempo;

    - a cincia deve visar o bem-estar do ser humano e do planeta como um todo.

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    A partir destas premissas, propomos levar o campo da Psicologia Econmica ao

    conhecimento da comunidade cientfica, especialmente aquela poro situada na

    interseco Psicologia-Economia, oferecendo um panorama de sua histria, objeto de

    estudo, modelos e propostas. Nossa meta final colaborar para a prpria constituio do

    campo em nosso pas. Se esta pesquisa puder operar como guia aos leitores interessados

    em conhecer mais ngulos a respeito de fenmenos econmicos e suas repercusses sobre

    os indivduos e as populaes e, mais especialmente, se puder facilitar a comunicao, as

    trocas, as parcerias entre os prprios pesquisadores, iniciantes ou veteranos nesta rea,

    ter alcanado seu objetivo.

    Ao mesmo tempo, esperamos que estas informaes possam, de algum modo, chegar,

    tambm, ao grande pblico, como parte da proposta aqui chamada de esclarecimento da

    populao.

    Estabelecer e desenvolver estudos sistemticos sobre o comportamento econmico dentro

    de um contexto cientfico, que permitam identificar variveis presentes na inter-relao

    dos nveis micro e macro da Economia e da Psicologia, iluminar os processos internos

    que desembocam nas decises econmicas individuais e grupais, debater as fontes que

    poderiam alimentar investigaes desta natureza, confrontar as implicaes de uma

    ampliao destes conhecimentos em diversas dimenses, so os desdobramentos que

    gostaramos de ver acontecer e, sem dvida, para os quais pretendemos contribuir.

    Quanto relevncia desta tese, pudemos identificar, com certa nitidez, a chamada lacuna

    no conhecimento. Em 1999, Fred van Raaij, atuante estudioso da rea, publicou um breve

    captulo, History of Economic Psychology6

    . At o incio da produo desta tese, em2003, este parecia ser o nico trabalho inteiramente dedicado ao tema. Havia, em outras

    obras (que so estudadas no captulo 2), referncias, ainda mais breves, ao percurso

    histrico da disciplina e suas origens. No entanto, no foram encontrados estudos de

    maior flego em torno do assunto, nem fora do pas nem, como era de se supor em se

    6In: EARL, Peter e KEMP, Simon (eds.). The Elgar Companion to Consumer Psychology and EconomicPsychology . Cheltenham, Reino Unido: Edward Elgar, 1999.

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    tratando de disciplina ainda muito pouco conhecida por aqui, no Brasil. Dessa forma, esta

    pesquisa pode mostrar-se relevante como uma primeira tentativa de reunir todo este

    material numa s obra que, esperamos, ganhe, em breve, a companhia de outras com que

    possa estabelecer dilogo. Espera-se que as informaes desta forma compiladas possam

    contribuir para a prpria construo da Psicologia Econmica no Brasil, ao lado de

    oferecer este panorama geral que poderia funcionar como uma referncia para outros

    pesquisadores e interessados em conhecer esta rea de conhecimento. por esta razo

    que o sentido de realizar este trabalho vincula-se importncia que acreditamos existir no

    prprio fortalecimento da Psicologia Econmica no Brasil.

    No poderamos encerrar esta apresentao sem explicitar de onde fala a autora, como

    bem convm a trabalho com perspectiva histrica, que resultado da interseco entre

    alguns vrtices: formao original e experincia clnica em Psicanlise; preocupao com

    a situao social e econmica do pas, que a levou, desde o mestrado7, a investigar a

    possibilidade do conhecimento psicanaltico contribuir para a discusso e

    encaminhamento de problemas desta natureza; aproximao com o campo da Psicologia

    Econmica, iniciada em 1995, mas levada a cabo, de forma mais consistente, a partir de

    2000; envolvimento com a IAREP-International Association for Research in Economic

    Psychology(membro desde 2000 e representante no Brasil desde 2004), ali encontrando

    os principais interlocutores para a realizao deste trabalho; atuao na divulgao desta

    rea de conhecimento no Brasil, por meio de cursos, palestras, publicao de artigos,

    homepage e intercmbio com outros pesquisadores; condio de membro do NEHPSI-

    Ncleo de Estudos em Histria da Psicologia, da PUC-SP, espao coordenado pela Profa.

    Maria do Carmo Guedes.

    1.2.UM RASANTE PANORMICO

    7FERREIRA, Vera Rita de Mello. O Componente emocional funcionamento mental e iluso luz dastransformaes econmicas no Brasil desde 1985. Rio de Janeiro: Papel e Virtual, 2000.

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    Definida como o estudo do comportamento econmico de indivduos e grupos (Lea et.

    al.8, van Raiij 9, Kirchler e Hlzl10), a Psicologia Econmica pertenceria a uma linhagem

    que conta com a Economia Poltica e a Psicologia, particularmente nas suas modalidades

    experimental e aplicada, como genitores (Reynaud, 196711; Descouvires, 199812

    Barracho, 200113), derivando-se, mais recentemente, da Psicologia Social (Lewis et. al.,

    199514 van Raiij, 199915). A expresso teria sido usada pela primeira vez no final do

    sculo XIX, por Gabriel Tarde, na Frana. A disciplina nasce da necessidade, identificada

    por pensadores sociais, economistas e psiclogos, de acrescentar um enfoque mais

    abrangente Economia, que no daria conta de explicar suficiente e apropriadamente os

    fenmenos econmicos, sempre tingidos pela participao humana e, conseqentemente,pelas limitaes, bem como movimentos, por vezes, inesperados, que lhe so inerentes.

    Ao observar que o comportamento econmico de indivduos e grupos divergia

    consideravelmente do que seria esperado, caso as premissas das cincias econmicas

    fossem tomadas como leis, pensadores sociais e economistas, no princpio e, mais tarde,

    psiclogos, passaram a expor seus questionamentos e buscar dados empricos que

    refutassem as alegaes dos economistas tradicionais. Estamos nos referindo, aqui, a

    economistas tradicionais, como aqueles que aceitam os preceitos da chamada teoria neo-

    clssica, que postula a racionalidadedos agentes econmicos.

    Algumas outras disciplinas debruam-se, igualmente, sobre os fenmenos econmicos a

    partir de outras vertentes de pesquisa (cf. Anexo), mas nosso trabalho enfoca aPsicologia

    Econmica, tendo como meta discuti-la desde as suas razes, acompanhando seu

    8 LEA, Stephen E.G., TARPY, Roger M. e WEBLEY, Paul. The individual in the economy . Cambridge:Cambridge University Press, 1987.

    9VAN RAAIJ, W. Fred. History of Economic Psychology. In P. EARL e S. KEMP (eds.), The Elgar

    Companion to Consumer Research and Economic Psychology . Aldershot: Edward Elgar, 1999.10 KIRCHLER, Erich e HLZL, Erik. Economic Psychology. International Review of Industrial andOrganizational Psychology. v.18, p.29-81. University of Manchester, 2003.11 REYNAUD, Pierre Louis. A Psicologia Econmica. So Paulo: Difuso Europia do Livro, 1967. Trad.Djalma Forjaz Neto.12 DESCOUVIRES, Carlos com a colaborao de: A. Altschwager, C. Fernndez, M.L. Jimnez,J.Kreither, C. Macuer, C. Villegas. Psicologa Econmica temas escogidos. Santiago de Chile: EditorialUniversitria, 1998.13 BARRACHO, Carlos.Lies de Psicologia Econmica. Lisboa, Instituto Piaget, 2001.

    14 LEWIS, Alan, WEBLEY, Paul e FURNHAM, Adrian. The New Economic Mind the social psychologyof economic behaviour. London: Harvester/Wheatsheaf, 1995.15 VAN RAAIJ, W. Fred. History of Economic Psychology. In P. EARL e S. KEMP (eds.), The ElgarCompanion to Consumer Research and Economic Psychology. Aldershot: Edward Elgar, 1999.

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    desenvolvimento ao longo do tempo, at chegar a um panorama atual que esboa o

    estado-da-arte do conhecimento da disciplina hoje, incio do sculo XXI, e as

    perspectivas apontadas por essa trajetria.

    A fim de situar nosso campo de conhecimento e compreender sua relao de

    questionamento face Economia, cabe oferecer aqui uma exposio sucinta dos axiomas

    essenciais desta ltima, tal como ainda hoje so aceitos pela maior parte de seus

    integrantes, que aderem ao que identificado como mainstream 16. Lea et. al.(1987), no

    que considerado como o mais importante manual de Psicologia Econmica at a

    presente data

    17

    , descrevem os pressupostos bsicos da Economia mainstreama respeitodas preferncias das pessoas, ou seja, o que guiaria o comportamento dos agentes

    econmicos, dadas algumas condies, como o acesso a informaes suficientes, por

    exemplo. So eles:

    - todo indivduo tem preferncias transitivas e consistentes bem definidas, e no as

    mudam arbitrariamente (p.46);

    - todo indivduo prefere ter uma maior quantidade de um bem, o que constituiria o

    axioma da ganncia(p.46);

    - quanto menor a quantidade de um bem que uma pessoa tiver, menor ser o seu desejo

    de renunciar a uma unidade daquilo, para obter uma unidade adicional de um segundo

    bem (p.48);

    16 Mainstream, em traduo literal, corrente principal.17 Conforme nmero de citaes em artigos publicados no peridico da rea, The Journal of Economic

    Psychology , (KIRCHLER, Erich e HLZL, Erik. Economic Psychology.International Review of Industrialand Organizational Psychology. v.18, p.29-81. University of Manchester, 2003), e referncias em outrostrabalhos de reviso do estado da arte do conhecimento da disciplina, cf., por exemplo, Earl, 1990, 2003(EARL, Peter. Economics and Psychology: A Survey. The Economic Journal, 100 (402): 718-755, 1990;EARL, Peter. Economics and Psychology in the 21st Century. Congresso Economics for the Future,organizado pelo Cambridge Journal of Economics, Reino Unido, 2003).

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    - maximizao de utilidade todo indivduo procura alcanar o mximo de satisfao,

    lucro ou retorno possvel, pelo esforo ou investimento empenhado em suas aes para

    obt-lo (p.49);

    - sobre a teoria da oferta e da procura, acredita-se que as mercadorias sejam desejadas por

    si mesmas, ao invs de s-lo pelos vrios atributos que possam possuir (p.52);

    - os mercados onde haja competio perfeita podem ser descritos por meio de teorias

    elementares (p.55).

    Kirchler e Hlzl (2003

    18

    ) acrescentam, ainda:

    - continuidade possvel compensar a perda de uma quantidade no bem A, aumentando

    a quantidade do bem B o indivduo indiferente a essa distribuio, desde que o valor

    total se mantenha (p.37);

    - convexidade - quando os indivduos possuem uma pequena quantidade de A, e uma

    grande quantidade de B, s ficam indiferentes a uma perda de parte de A se receberem o

    equivalente em B, conforme a lei da saciedade(o aumento relativo da utilidade de uma

    unidade adicional de um bem diminui com a disponibilidade daquele bem) (p.38).

    Em seu cerne, a teoria da racionalidade, repousando sobre os pressupostos acima, postula

    que as pessoas usam informaes disponveis e relevantes para prever o valor futuro

    provvel de variveis econmicas e no cometem erros sistemticos ao fazer essas

    previses (Lea et. al.1987, p.80-seg/s19). Mesmo se cometerem erros, aprendero a partir

    deles, de maneira que os erros previsveis sero eliminados. No se apoiando apenas naexperincia passada, mas recorrendo tambm a informaes atua is, usam-nas de modo

    timo, ainda que no possam alcanar toda a informao possvel, pois esta , muitas

    vezes, cara ou indisponvel, ou tampouco a analisem em profundidade, mas gradualmente

    18 KIRCHLER, Erich e HLZL, Erik. Economic Psychology. International Review of Industrial andOrganizational Psychology. v.18, p.29-81. University of Manchester, 2003.19 LEA, Stephen E.G., TARPY, Roger M. e WEBLEY, Paul. The individual in the economy . Cambridge:Cambridge University Press, 1987.

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    aprendem a antecipar mudanas das polticas macroeconmicas e modificam seu

    comportamento em decorrncia disso.

    Conseqentemente, os indivduos so vistos, pela Economia tradicional, como

    maximizadores de utilidade, sempre buscando o maior retorno possvel para seus

    esforos, mesmo que isso signifique, por exemplo, comportamentos egostas,

    individualistas e pouco solidrios.

    O questionamento, ou discordncia explcita, destes postulados tem servido, desde o

    sculo XIX, como mola propulsora para a criao de vises alternativas sobre ocomportamento econmico das pessoas, fundamentadas em pesquisas que procuram

    alicerces empricos para confrontar aqueles princpios, como o caso da Psicologia

    Econmica.

    No que diz respeito denominao da disciplina, Cruz (200120), em artigo sobre o

    estado-da-arte do conhecimento, traz uma interessante discusso sobre as expresses

    Psicologia Econmica, Economia Psicolgicae Economia Comportamental. De acordo

    com ele, muitos autores procuraram atribuir um nico nome rea, chegando a indagar

    sobre os motivos para haver esta ambigidade. Para Wrneryd (1988 apudCruz, 2001),

    George Katona (cf. cap.3.2) teria contribudo para a ausncia de distino entre eles, ao

    utilizar todos, em diferentes momentos. J MacFadyen e MacFadyen (199021) assinalam

    regies geogrficas a eles: na Europa, Psicologia Econmica, para Katona, nos EUA,

    Economia Psicolgica e, para Simon, tambm nos EUA (cf. cap.3.11), Economia

    Comportamental. De acordo com Brandsttter e Gth (1994 apudCruz, 2001), a opo

    vincula-se formao de origem do pesquisador: quando economista, prefere EconomiaComportamental, se psiclogo, Psicologia Econmica. Esta ltima explicao parece

    fazer sentido e ns a subscrevemos, da o ttulo desta tese, embora a questo da

    designao escolhida no seja a mais importante, como tambm assinala Cruz. De todo

    20 CRUZ, Julio E. Psicologa Econmica. Suma Psicolgica , 8 (2): 213-236, 2001. Julio Cruz umpesquisador colombiano, o que significa um olhar mais prximo ao nosso, no apenas geograficamente,mas em termos do contexto social, cientfico e histrico tambm.

    21 MacFADYEN, Alan J. e MacFAYDEN, Heather W. (eds.) [1986] Economic Psychology intersectionsin theory and application . Amsterdam: Elsevier Science Publishing. 2.ed. 1990.

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    11

    modo, esta meno encontra seu lugar neste trabalho, que tem como objetivo apresentar a

    disciplina, possivelmente, pela primeira vez, a alguns leitores.

    Assim, acompanharemos o nascimento da Psicologia Econmica, os modelos que seus

    autores propem para estudar seus temas, a proposta de um modelo que pode contribuir

    para uma expanso de seu ngulo de anlise, e o debate sobre sua insero no Brasil.

    Esboaremos, primeiramente, sua relao com outras reas da Psicologia e, em seguida,

    suas linhas de pesquisa e disseminao. Informaes sobre a denominao Economia

    Psicolgica e outras reas que fazem fronteira com a Psicologia Econmica ou, de algum

    modo, abordam a interface com a Economia, podem ser encontradas no Anexo

    22

    .

    1.3. RELAES DENTRO DA PSICOLOGIA

    A Psicologia Econmica relaciona-se de modo especial com as seguintes abordagens da

    Psicologia: Experimental, Aplicada, Comportamental, Cognitiva, Social, Organizacional

    ou Industrial e do Consumidor. Como mtodo, o enfoque experimental e suas

    possibilidades de aplicao a vm acompanhando desde o incio; do ponto de vista de

    sustentao terica, o comportamentalismo, tambm prevalente, ao longo de vrias

    dcadas, dentro da Psicologia, foi o referencial privilegiado desde seus primrdios,

    passando a disputar o lugar de exclusividade com o interesse pela cognio, mais uma

    vez em simultaneidade com a disciplina-me, desde a dcada de 1980.

    J as reas Social, Organizacional e Industrial tiveram, em muitos casos, papel de

    matrizes para a Psicologia Econmica, abrigando-a at que pudesse caminhar por seus

    prprios ps. A relao com a Psicologia do Consumidor revela-se to intrincada quemelhor ser abord-la de modo especial, o que faremos em dois momentos: neste

    captulo, adiante, e no Anexo, por um outro ngulo.

    22 So elas: Economia Comportamental e Economia Psicolgica; Finanas Comportamentais; Scio-Economia; Psicologia do Consumidor; Pesquisa sobre Julgamento e Tomada de Deciso; EconomiaExperimental; Neuroeconomia; Economia Antropolgica ou Antropologia Econmica; Nova EconomiaInstitucional; Economia Ps-Autista.

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    Buscando fundamentar suas proposies em dados empricos, a Psicologia Econmica

    tem recorrido, predominantemente, a experimentos em laboratrio, grandes

    levantamentos junto populao e observao direta dos fenmenos, com vistas a

    conhecer e prever o comportamento dos indivduos no que diz respeito a suas escolhas

    econmicas. Neste sentido, corresponde s metas da Psicologia Experimental e Aplicada.

    importante ressaltar que a IAAP-International Association of Applied Psychology,

    possui a 9. Diviso voltada, especificamente, para a Psicologia Econmica. Esta diviso

    foi criada na dcada de 1980 e rene cerca de 150 pesquisadores, incluindo vrios da

    sia.

    Quando a IAREP-International Association for Research in Economic Psychologyestava

    se constituindo, na mesma poca, mas anteriormente criao da 9. Diviso da IAAP,

    buscou um nicho dentro desta organizao. O relato desse movimento pode ser

    encontrado nos documentos originais compostos por cartas e atas de reunies da IAREP,

    que devero ser reunidos em um arquivo de sua histria, futuramente, na Universidade de

    Exeter, Reino Unido23. A histria do episdio pode ser depreendida por intermdio de

    uma troca de cartas, num total de 4, envolvendo G.A.Randell, da Universidade Bradford,

    W.T.Singleton, do Comit Cientfico do 20.Congresso de Psicologia Aplicada (IAAP) e

    duas de G.M. van Veldhoven, do Comit dos European Researchers in Economic

    Psychology(futura IAREP), que revelam as articulaes que visavam inserir a nascente

    Psicologia Econmica contempornea na agenda da j estabelecida Psicologia

    Aplicada 24.

    23 A autora teve acesso a estes documentos durante o congresso de Psicologia Econmica promovido pelaIAREP em Praga, Rep. Tcheca, em 2005. Eles lhe foram gentilmente cedidos para consulta por Stephen

    Lea, ento presidente da Associao. Dado o seu expressivo volume, foram copiados para posterior anliseno Brasil.24 A carta de Randell (18.02.80), endereada ao Professor Behrend, agradece a nota sobre psicologiaeconmica e recomenda que um simpsio sobre este tema seja introduzido no congresso da IAAP. Eleacrescenta que est enviando formulrios de inscrio para que se tornem membros da IAAP, caso desejemfaz-lo e, se houver interesse suficiente por parte de membros de sua Associao, uma diviso depsicologia econmica poderia ser criada dentro dela. Na carta de Singleton (26.11.80), endereada ao Dr.Verhallen, ele supe que a insero da Psicologia Econmica no referido congresso deveria ocorrer dentroda Psicologia Industrial/Organizacional mas solicita novas sugestes a este respeito. Em sua resposta aele, van Veldhoven (carta de 24.12.80), defende a incluso da Psicologia Econmica como sessoindependente no programa, alegando contatos anteriores feitos junto a outros colegas e explicando que suaincluso no campo da psicologia industrial/organizacional seria insatisfatria, uma vez que envolveaspectos sociais e ambientais do comportamento econmico. Caso se mostrasse impossvel realizar a

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    13

    Embora alguns membros da IAREP tambm estejam vinculados 9.diviso da IAAP,

    no h relaes formais entre os dois grupos 25. Optamos, neste trabalho, por acompanhar

    a Psicologia Econmica primordialmente desenvolvida por pesquisadores ligados

    IAREP, no que diz respeito segunda metade do sculo XX, quando esta Associao foi

    instituda. A escolha se deve, mais uma vez, impossibilidade de cobrir todos os

    segmentos da disciplina numa primeira investida. Um estudo subseqente poderia

    analisar semelhanas e diferenas entre o desenvolvimento e produo de ambos os

    grupos, ficando aqui o convite para um trabalho nesta direo.

    Com relao ao embasamento da disciplina, Lea et. al. (1987

    26

    ), adotam ocomportamentalismo e criticam a abordagem cognitiva. Para eles, a abordagem de

    processamento de informao ou cognitiva, embora estivesse na moda poca e, ao

    estudar resoluo de problemas, pudesse descrever, de modo preciso, alguns tipos de

    tomada de deciso econmica, no acrescentaria muito compreenso destes problemas

    (p.481-2). Por outro lado, Earl, economista psicolgico com importantes contribuies

    Psicologia Econmica, tendo sido editor do Journal of Economic Psychology (2001-

    2004), em seu extenso levantamento sobre Economia e Psicologia, opta por privilegiar a

    Psicologia Cognitiva e a Psicologia Social e no, o comportamentalismo (1990, p.71927).

    Em 2006, podemos observar o volume crescente da produo que adota o vrtice

    cognitivo, como foi o caso, mais recente, no IAREP-SABE Conference Behavioral

    Economics and Economic Psychology28, desde a conferncia proferida por Daniel

    sesso independente, optariam por incluir-se junto Psicologia Social Aplicada. Informa que seu grupoestaria pronto para apresentar entre 4 e 5 trabalhos na sesso e que teriam seu 7.colquio uma semanaantes, na mesma cidade, Edimburgo, Esccia, o que poderia significar que vrios participantes do colquiopoderiam ir ao congresso da IAAP tambm. Sua segunda carta (30.07.81), ao Dr. Cumberbatch, seis meses

    mais tarde, expressa preocupao com o fato de no haverem recebido ainda uma notificao formal arespeito da sesso independente de Psicologia Econmica no congresso que, aparentemente, j teria sidoaceita naquela data. O assunto cessa de receber ateno na correspondncia analisada, depois deste ltimodocumento.25 Em 2003, no congresso de Christchurch, Nova Zelndia, Christine Roland-Lvy, ex-presidente daIAREP e tambm participante da diviso de Psicologia Econmica da IAAP, sugeriu que os dois grupos seaproximassem ou mesmo, se fundissem. Esta proposta foi praticamente ignorada pelos participantes daAssemblia Geral, onde foi apresentada.26 LEA, Stephen E.G., TARPY, Roger M. e WEBLEY, Paul The individual in the economy . Cambridge:Cambridge University Press, 1987.27 EARL, Peter. Economics and Psychology: a survey. The Economic Journal, 100 (402): 718-755, 1990.28 Paris, 2006. O congresso foi organizado conjuntamente por IAREP e SABE (Society for the

    Advancement of Behavioral Economics).

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    Kahneman, por ocasio do recebimento do ttulo deDoutor Honoris Causaem Economia

    e Psicologia, at grande parte dos demais trabalhos apresentados ali (cf. Proceedings of

    the IAREP-SABE Conference, Paris, 2006).

    Tendo nascido, freqentemente, no seio da Psicologia Social um grande nmero de

    psiclogos econmicos considerava-se, originalmente, psiclogos sociais a Psicologia

    Econmica guarda proximidade significativa com esta rea (cf., por exemplo, Lewis et.

    al.199529 esta importante obra traz, em seu subttulo, referncia explcita Psicologia

    Social A Nova Mente Econmica a Psicologia Social do Comportamento

    Econmico). Deve ser lembrado que a Psicologia Social aqui referida aqueladesenvolvida no hemisfrio norte, muitas vezes denominada social-cognitiva, que se

    distingue da que feita no Brasil e Amrica Latina desde, em especial, os anos 1970. As

    implicaes desta distino sero discutidas no captulo 5, sendo que voltaremos a

    mencionar esta relao ao longo de todo o trabalho.

    Outra incubadora importante para a Psicologia Econmica tem sid o a Psicologia

    Organizacional e do Trabalho ou, como era chamada anteriormente, Psicologia Industrial.

    Ao estudar as questes relativas s organizaes, empresas, indstrias, locais de trabalho

    e decorrncias psicolgicas de todos esses fatores para os indivduos e grupos, incluindo-

    se a, naturalmente, aqueles gerados por tudo que se relaciona ao dinheiro, esta rea

    apresenta convergncia com a Psicologia Econmica em alguns pases, surge dentro

    daquela. Conhecida e disseminada h mais tempo, a Psicologia Organizacional abrigou

    iniciativas que vieram a dar origem Psicologia Econmica em pases do leste europeu30,

    29

    LEWIS, Alan, WEBLEY, Paul e FURNHAM, Adrian. The New Economic Mind the socialpsychology of economic behaviour. London: Harvester/Wheatsheaf, 1995.30 O importante livro-texto The Individual in the Economy , Lea, Tarpy e Webley, 1987, teve apenas umatraduo alm da verso original, em ingls foi para o tcheco, por iniciativa de um departamento dePsicologia Organizacional ou Industrial, da Charles University, em Praga. Este fato foi mencionado porStephen Lea, um dos autores da obra, e por Karel Riegel, professor daquela universidade, durante aMesa -

    Redonda sobre a Histria da Psicologia Econmica, realizada em 2005, com a presena de pioneiros darea. Na mesma oportunidade, foi lembrado que, em outros pases da regio, semelhante proximidade coma Psicologia Organizacional ou Industrial teria se verificado, o que foi apontado como fator facilitador paraa posterior instalao da Psicologia Econmica propriamente dita.

    Ainda sobre este assunto, a autora assinala que seu primeiro contato com um livro de Psicologia Econmicadeu-se numa aula da disciplina O homem e o trabalho na administrao, dentro da rea de PsicologiaOrganizacional, ministrada pelo Prof. Sigmar Malvezzi, no Programa de Ps-Graduao em Psicologia

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    por exemplo, bem como, em seus primrdios, nos EUA, onde se almejava implantar

    sistemas mais produtivos de trabalho, derivados de estudos psicolgicos (cf.

    Mnsterberg, 1913, apud Wrneryd, 2005a31).

    A relao com a Psicologia do Consumidor , ao mesmo tempo, mais estreita e, em

    alguns sentidos, menos ntida. Desde o incio da Psicologia Econmica contempornea,

    isto , a partir da segunda metade do sculo XX, as duas disciplinas freqentemente se

    confundiram, ainda que possam ser identificados, igualmente, alguns importantes

    movimentos para distanci-las.

    Como pano de fundo para a discusso sobre as relaes delicadas entre Psicologia

    Econmica e Psicologia do Consumidor, fazemos um breve retrospecto histrico. A partir

    da dcada de 1940, George Katona, considerado como o pai da Psicologia Econmica

    moderna (cf. cap.3.2), inicia o desenvolvimento de um instrumento que pretende avaliar o

    estado da Economia norte-americana por meio de uma perspectiva fundamentada em

    aspectos psicolgicos. Deu a ele o nome de ndice de Sentimento do Consumidor.

    Compunha-se de um detalhado questionrio a respeito dos hbitos de consumo e, em

    especial, expectativas futuras quanto a gastos e ganhos, sendo aplicado a amplas amostras

    da populao do pas (Katona, 197532). Propunha-se a explorar o grau de otimismo

    presente na Economia por intermdio da mensurao dos recursos poupados ou gastos. O

    mtodo ganhou grande notoriedade, poca, porque foi capaz de permitir previses que

    se revelaram bastante corretas sobre o desempenho da Economia norte-americana no ps-

    guerra ao contrrio daquelas efetuadas por economistas: enquanto estes vaticina vam um

    ritmo fraco, Katona e seus colaboradores enxergaram um boom que, de fato, veio a

    ocorrer. Um acerto to importante nesta rea vital do pas, que acabava de retornar daSegunda Guerra Mundial, representou um impulso fundamental para o crescimento das

    pesquisas sobre componentes psicolgicos dos fenmenos econmicos. Katona, um

    Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, onde realizou seu mestrado. O livro era LEWIS,Alan, WEBLEY, Paul e FURNHAM, Adrian. The New Economic Mind - the social psychology ofeconomic behaviour. London: Harvester/Wheatsheaf, 1995. 31 WRNERYD, Karl-Erik. Consumer image over the centuries. Glimpses from the history of economicpsychology. In K. GRUNERT & J. THGERSEN (eds.) Consumers, Policy and the Environment - ATribute to Folke lander, Springer Verlag. 2005.

    32 KATONA, George.Psychological Economics. New York: Elsevier, 1975.

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    hngaro que havia deixado seu pas de origem na dcada de 1930 para radicar-se nos

    EUA e gabava-se do acerto tambm desta previso considerado de forma

    praticamente unnime talvez o mais emrito psiclogo econmico.

    O primeiro editorial doJournal of Economic Psychology (van Raaij, 198133), por sua vez,

    refere-se a um campo que seria, se no o mesmo, pelo menos intimamente compartilhado

    por Psicologia Econmica e Psicologia do Consumidor. Seu Resumo inicia-se com as

    seguintes afirmaes: Psicologia econmica estuda o comportamento econmico de

    consumidores e empreendedores. (...)Psicologia econmica relaciona-se com psicologia

    organizacional, pesquisa de mercado, pesquisa de comunicao de massa, sociologiaeconmica e a abordagem de produo domstica. (p.134). Em seguida, no primeiro

    pargrafo, indaga-se se seria diferente da psicologia do consumidor, da psicologia

    organizacional, da pesquisa de mercado, da economia comportamental nesta ordem (op.

    cit., p.1).

    J o Handbook for the teaching of Economic and Consumer Psychology, de Webley e

    Walker, 199935, apesar de trazer ambas em seu ttulo, assinala que a distncia que as

    separa apenas a do Oceano Atlntico (op. cit., p.11), atribuindo a Psicologia

    Econmica Europa, enquanto que aos EUA caberia a Psicologia do Consumidor

    chamada, na mesma obra, de nossa prima americana (p. 9).

    Cabe notar que este manual foi patrocinado pelo Departamento de Educao e Emprego

    do Reino Unido (UK Department for Education and Employment) e pela IAREP como

    parte dos encargos do epTEN (Economic Psychology Training and Education Network),

    destinando-se queles que se denominam Psiclogos do Consumidor e PsiclogosEconmicos, bem como aos docentes de Economia Comportamental, Micro-Economia,

    33 VAN RAAIJ, W. Fred. Economic Psychology. Editorial Journal of Economic Psychology . 1: 1-24,1981.34 Economic psychology studies the economic behavior of consumers and entrepreneurs. (...)Economic

    Psychology is related to organizational psychology, marketing research, mass communication research,economic sociology and the household production approach. (van Raaij, 1981, p.1).35 WEBLEY, Paul & WALKER, Catherine M. (eds.) Handbook for the teaching of Economic andConsumer Psychology . Exeter: Washington Singer Press, 1999.

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    Marketing, Scio-Economia e outras disciplinas relacionadas ao Comportamento

    Econmico e do Consumidor (p.936).

    A fim de distinguir Psicologia Econmica e Psicologia do Consumidor, Webley e Walker

    (1999, p.10) recorrem viso de Ismael Quintanilla, pesquisador espanhol que afirma

    tratar-se de duas diferentes tradies e dois conceitos combinados, alm de oferecer um

    pequeno quadro, no qual definem Psicologia Econmica como uma disciplina emergente,

    que recebe informaes tanto da Economia como da Psicologia, investigando a maneira

    como questes econmicas afetam o comportamento econmico real das pessoas, ao

    passo que a Psicologia do Consumidor seria o estudo das respostas humanas ainformaes e experincias relacionadas a produtos e servios, o que incluiria aspectos

    afetivos, cognitivos e comportamentais. Dessa forma, a Psicologia Econmica no

    trataria apenas de pesquisa de mercado, mas abordaria tpicos mais essenciais, no mbito

    da vida econmica cotidiana das pessoas, como trabalho e desemprego, processos e

    decises sobre compras, poupana, investimento, endividamento, impostos, respostas

    publicidade e apostas. Por outro lado, a Psicologia do Consumidor se restringiria a

    expresso nossa a descrever, prever, influenciar e/ou explicar as respostas dos

    consumidores frente s informaes representadas por respostas aos estmulos oferecidos

    pelo mercado, revistas da rea e propaganda boca-a-boca, por exemplo (op. cit., p.10).

    Para os autores, entretanto, tais diferenas se deveriam mais aos caminhos separados de

    desenvolvimento de ambas, j que, de fato, apresentam-se como complementares e

    mesmo, em alguns sentidos, sobrepondo-se.

    Outro dado revelador desta relao a denominao do Programa de Mestrado em

    Psicologia Econmica da Universidade de Exeter, Reino Unido. Trata-se de um doscursos pioneiros nessa modalidade, sendo Exeter, atualmente, um dos principais centros

    da rea. Iniciado com esta denominao, em 1997, foi renomeado para Psicologia

    36 to those calling themselves Consumer Psychologists as to Economic Psychologists, as well as thoseteaching in Beha vioural Economics, Micro-Economics, Marketing, Socio-Economics and other disciplinesconcerned with Economic and Consumer Behaviour, Webley e Walker, 1999, p.9.

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    Econmica e do Consumidor em 200337. Tais idas-e-vindas sugerem fronteiras fluidas

    entre os dois campos, com um possvel desconforto por parte dos psiclogos econmicos

    em ver-se cerrando fileiras com aqueles colegas. Entre as hipteses sobre tal situao,

    podemos citar a conotao redundantemente mercantilista associada Psicologia do

    Consumidor. De fato, entre os pesquisadores da Psicologia Econmica, ao menos

    naqueles associados IAREP, predomina uma preocupao com o aspecto cientfico e,

    quase se poderia dizer, independentemente de qualquer retorno monetrio significativo

    (cf. Lea, 200038). Estes profissionais costumam receber financiamento acadmico para

    seus trabalhos e, raramente, dedicam-se a outras atividades voltadas para o mercado, o

    setor privado ou mesmo, consultorias prprias. Pelo contrrio, muitas vezes criticam apostura adotada pela Psicologia do Consumidor que, devido aos seus laos indissociveis

    com o mercado e suas fontes de recursos as empresas que pagam por seu trabalho, em

    ltima anlise terminam por no revelar a maior parte dos resultados obtidos, uma vez

    que eles valem dinheiro. Desse modo, impediriam o desenvolvimento e o progresso da

    cincia (Lea et. al. 1987). No Anexo, temos uma exposio ainda mais detalhada deste

    campo, desvinculado de sua relao com a Psicologia Econmica.

    1.4. LINHAS DE PESQUISA E DISSEMINAO

    Kirchler e Hlzl (200339), em artigo sobre o estado-da-arte do conhecimento, apresentam

    uma introduo ao campo da Psicologia Econmica, definindo-a como uma busca para

    compreender a experincia humana e o comportamento humano em contextos

    econmicos(p.29). Ao descrever o objeto de estudo das cincias econmicas decises

    sobre o uso de recursos escassos, com o propsito de satisfazer diversas necessidades

    humanas assinalam que, geralmente, no possvel satisfazer todas as necessidades,por isso se forado a escolher entre alternativas, o que pode implicar a dor de renunciar

    s vantagens das outras opes. Contudo, os modelos de tomada de decises formais e

    37 Informaes fornecidas por Stephen Lea, presidente da IAREP (2003-2005) e professor da Universidadede Exeter, em 15.02.06, por correspondncia eletrnica.38 LEA, Stephen E.G. Making money out of psychology: Can we predict economic behaviour? Palestraproferida para aAnnual Conference, British Psychological Society, Winchester, Reino Unido, 2000.39 KIRCHLER, Erich e HLZL, Erik. Economic Psychology. International Review of Industrial andOrganizational Psychology. v.18, p.29-81. University of Manchester, 2003.

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    complexos que a Economia utiliza para explicar e prever o comportamento econmico,

    tomando como ponto de partida um pequeno nmero de axiomas sobre a lgica do

    comportamento humano, no costumam levar a Psicologia em considerao,

    restringindo-se a examinar decises sobre a alocao de recursos finitos com base sobre a

    premissa da racionalidade e maximizao de utilidade. A Psicologia Econmica, por sua

    vez, forneceria modelos econmicos descritivos , ao invs de normativos, como faz a

    Economia (p.35-6).

    Para propor seus modelos, a Psicologia Econmica recorre, muitas vezes, a experimentos

    que visam testar sujeitos e suas escolhas em contextos de loterias, jogos, barganhas emercado, geralmente balizados pelos seguintes parmetros: os participantes deveriam se

    comportar normalmente, como no mundo real para tanto, o pesquisador deve

    estabelecer uma estrutura de incentivo, com recompensa que depender das aes do

    sujeito (no deve levar saciedade e deve ser planejado de modo a impedir que outros

    fatores perturbem seu comportamento, por exemplo); incentivos financeiros so vistos

    por alguns pesquisadores como necessrios, para motivar a maximizao de resultados;

    os participantes devem ser informados sobre os objetivos da pesquisa.

    Pontos polmicos envolvem: a no proibio com relao a enganar os sujeitos sobre o

    real cenrio do experimento; dvidas acerca do dinheiro no ser suficiente para

    subjugar diferenas individuais; necessidade de analisar a validade de experimentos

    sobre disposio para pagar, por exemplo, naqueles sobre valor econmico de bens

    pblicos, quando difcil mensurar risco e o valor dos bens ; quando se investiga a

    capacidade das pessoas para colher e avaliar adequadamente informaes relevantes, a

    fim de selecionar a melhor alternativa, como estabelecer o que , de fato, relevante? julgamentos individuais de relevncia e todo o sistema de crena individual, quando

    baseados em suposies meta-empricas, no seriam evidncia de grau de racionalidade,

    j que haveria uma metafsica subjetiva. Os autores criticam a escassez de vrtice

    qualitativo nas pesquisas e alertam, por fim, que o foco dos experimentos no deveria

    recair apenas sobre os resultados, que podem no ser o ponto mais importante e, ao invs

    disso, abranger compreenso e sistemas conceituais (p.39-41).

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    Elencam, como categorias investigadas pela rea, as seguintes: teoria e histria (por

    exemplo, quadros de referncia tericos, vida e obra de cientistas); escolha e teoria de

    deciso (por exemplo, deciso sob risco, comportamento de escolha, formao de

    preferncia); cooperao e teoria do jogo; socializao (por exemplo, teorias leigas,

    socializao econmica); firma (comportamento de firma, empreendedorismo); mercado

    de trabalho (oferta de trabalho, experincias de trabalho, renda e salrio, desemprego);

    mercado (por exemplo, precificao, competio de preo); atitudes e comportamento

    financeiro; comportamento financeiro domstico (por exemplo, poupar, crdito e

    emprstimo, dvida); investimento e mercado acionrio ; dinheiro (dinheiro em geral e,

    em particular, o euro); inflao; impostos (atitudes frente a impostos, evaso); governo epoltica econmica (por exemplo, seguridade, crescimento e prosperidade); psicologia do

    consumidor (comportamento do consumidor, expectativas do consumidor, marketing e

    publicidade, atitudes do consumidor); psicologia ambiental.

    Em 2006, a mesma dupla de autores, Kirchler e Hlzl (2006 40), retoma, complementa e

    atualiza os dados sobre a produo da rea publicada no peridico dedicado ao tema, o

    Journal of Economic Psychology. Neste trabalho, somos informados, inicialmente, que

    854 trabalhos foram publicados entre 1981, ano de sua fundao, e 2005 (apenas um do

    Brasil!), tendo o nmero mdio de referncias bibliogrficas por artigo subido de 23.22,

    entre 1981-1985, para 38.35, entre 2001-2005 (os autores observam, porm, que este

    nmero ainda fica muito abaixo daquele encontrado, por exemplo, no Journal of

    Personality and Social Psychology, que 60). Com relao s regies geogrficas de

    origem dos autores dos artigos, temos ampla maioria na Europa (928), seguida pelo

    continente americano (497), Austrlia e Nova Zelndia (98), sia (82) e frica (10), num

    total de 1617 pesquisadores que contriburam para o peridico. Observam, tambm, que osistema de co-autoria aumentou no decorrer dos anos, acompanhando tendncia geral das

    cincias (p.2-4).

    40 KIRCHLER, Erich e HLZL, Erik. Twenty-five years of the Journal of Economic Psychology (1981-2005): a report on the development of an interdisciplinary field of research. Journal of Economic

    Psychology , 2006, doi: 10.1016/j.joep.2006.07.001. A autora agradece a gentileza de Erich Kirchler que,lembrando-se de seu interesse no tema, enviou-lhe este manuscrito, antes mesmo de ser publicado.

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    Quanto s fontes mais citadas, listam: Kahneman e Tversky (1979), sobre Teoria do

    Prospecto; Katona (1975), sobre Economia Psicolgica; Fishbein and Ajzen (1975), sobre

    atitudes e comportamento 41 (p.6). Observa-se uma mudana nos ltimos cinco anos: no

    artigo anterior (Kirchler e Hlzl, 2003), Lea et. al., 198742, tinham a dianteira nesta

    ordenao. Como veremos depois (cf. cap.3), esta obra pode ter ficado, com efeito, algo

    datada, em que pese sua grande importncia para a disciplina, pois foi o primeiro livro-

    texto da rea.

    Com relao a outros peridicos citados nos artigos doJournal of Economic Psychology,

    encontramos, em primeiro lugar, o prprio, seguido peloJournal of Consumer Research eJournal of Personality and Social Psychology43(p.7).

    A seguir, reverteram a mo de direo analisaram os trabalhos publicados noJournal of

    Economic Psychologymais citados em outros peridicos, utilizando, para tal fim, a base

    de dados completa da Web of Science (Social Science Citation Index, Science Citation

    Index, Arts and Humanities Index). Nos primeiros lugares esto: Gth e Tietz (1990),

    sobre comportamento em jogos de ultimato, Mittal e Lee (1989), sobre envolvimento do

    consumidor, e Johnson e Fornell (1991), sobre satisfao do consumidor44.

    Kirchler e Hlzl lembram que artigos recentes teriam menos chances de ser citados to

    freqentemente, dado que deveria ser levado em conta (p.8). De todo modo, podemos

    41 A lista composta por 20 trabalhos. Os demais so: Lea et. al.(1987); Tversky e Kahneman (1981);Ajzen e Fishbein (1980); Lewis (1982); Keynes (1936); Thaler (1980); Scitovsky (1976); Bettman (1979);Festinger (1957); Thaler (1985); Kahneman et. al.(1986); Gth et. al.(1982); Kahneman e Tversky (1984);Tversky e Kahneman (1974); Vogel (1974); Howard e Sheth (1969); Schoemaker (1982).42

    LEA, Stephen E.G., TARPY, Roger M. & WEBLEY, Paul. The individual in the economy . Cambridge:Cambridge University Press, 1987.43 Novamente, a lista contm 20 publicaes: American Economic Review; Journal of Marketing Research;

    Advances in Consumer Research; Econometrica; Journal of Marketing; Psychological Bulletin;Psychological Review; Quarterly Journal of Economics; Journal of Political Economy; Journal ofEconomic Behavior & Organization; American Psychologist; Journal of Applied Psychology; EconomicJournal; Journal of Finance; Journal of Public Economics; Manage ment Science; Journal of EconomicPerspectives.44 Os demais so: Grasmick e Scott (1982); Etzioni (1988); Oliver e Winer (1987); Ger e Belk (1996);Powell e Ansic (1997); Grunert e Juhl (1995); Wrneryd e Walerud (1982); Belk e Wallendorf (1990);Leiser (1983); Ng (1983); Veenabeele (1983); Verhallen e Pieters (1984); Chang et. al.(1987); Van Raaij(1981); Weigel et. al.(1987); Bloemer e Kasper (1995); Davies e Lea (1995); Robben et. al.(1990);Wallschutzky (1984).

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    levantar a hiptese de que a disciplina ainda seja vista, fora de seu prprio mbito, como

    fonte potencial de informao sobre o consumidor, possivelmente com vistas a utilizar

    esta informao em marketing. Esta viso, se verdadeira, diverge de nossa proposta,

    como discutiremos ao longo deste trabalho. Seguindo a recomendao dos autores,

    porm, devemos considerar que este panorama possa estar sofrendo modificaes, por

    exemplo, desde a premiao de Kahneman, em 200245(cf. cap.3.13), que veio a dar nova

    visibilidade e credibilidade Psicologia Econmica caso esta tendncia se verifique

    correta, no teria havido tempo, ainda, para manifestar-se em levantamento desta

    natureza.

    Por fim, recorrendo mesma base de dados (Web of Science), chegam aos peridicos que

    mais citam artigos doJournal of Economic Psychology: em primeiro lugar, est o prprio

    peridico, com 427 citaes e, depois, grande distncia, o Journal of Business

    Research, com 60, e Psychology &Marketing, 5746. Para reduzir a surpresa com esta

    discrepncia, chamam a ateno para o fato de que o nmero deve ser comparado com o

    total de citaes de todas as outras publicaes, o que faz a porcentagem cair para meros

    3.6% do total, o que estaria perfeitamente dentro do esperado para uma revista cientfica

    ( equivalente, por exemplo, ao Journal of Behavioral Decision Making, 3.8%, e ao

    Journal of Economic Behavior and Organization, 3.5%, ao passo que o Journal of

    Personality and Social Psychology apresenta ndice bem mais elevado, 17.9%, op. cit.,

    p.9).

    Em seus comentrios finais, os autores observam que o peridico atrai pesquisadores de

    diferentes reas: Psicologia Aplicada, Economia Comportamental, Psicologia Econmica,

    pesquisa sobre o consumidor e marketing. Com diversidade como uma das linhas-mestrasdo peridico e em ascenso , esta se manifesta desde a origem geogrfica dos autores

    45 Prmio Nobel em Economia, 2002.46 Os outros so: Journal of Economic Behavior & Organization; Journal of Applied Social Psychology;Organizational Behavior and Human Decision Processes; Journal of Consumer Research; Journal of

    Business Ethics ; Journal of Marketing; Journal of Marketing Research; European Journal of SocialPsychology; Kyklos; American Economic Review; International Journal of Service Industry Management;International Journal of Research in Marketing; Personality and Individual Differences; Food Quality andPreference; Service Industries Journal; Social Indicators Research; Advances in Consumer Research;Journal of Social Psychology .

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    (embora europeus continuem a predominar), at os temas dos trabalhos, passando pelo

    nvel das referncias. Neste artigo, as categorias de temas, por quantidade de trabalhos,

    so: teoria e histria; tomada de deciso individual; cooperao e competio;

    socializao e teorias leigas; dinheiro, moeda e inflao; comportamento financeiro e

    investimento; atitudes do consumidor; comportamento do consumidor; firma;

    comportamento no mercado, marketing e publicidade; mercado de trabalho; impostos;

    comportamento ambiental; governo e polticas econmicas (p.9). Se compararmos esta

    listagem com a anterior (Kirchler e Hlzl, 2003, p.31), verificaremos que firma e

    mercado de trabalho perderam posies, enquanto dinheiro e inflao e comportamento

    financeiro e investimento, sobem. Os demais no apresentam variaes significativas,com exceo para o fato de no haver mais distino entre as reas Psicologia do

    Consumidor ePsicologia Ambiental, agora reunidas, na mesma categoria.

    Os autores afirmam que, aps uma busca de identidade inicial, os principais tpicos da

    disciplina teriam ganho contorno, e eles se relacionam prpria Psicologia Econmica,

    alm de Economia Comportamental e Psicologia do Consumidor, num vasto escopo que

    compreende de tomada de deciso individual a assuntos macro-econmicos (p.9). As

    fontes dos trabalhos apontariam para sua natureza interdisciplinar, com Psicologia Social,

    pesquisa do consumidor e Economia, entre os principais plos de dilogo. Para eles, o

    peridico representa umapontenesse sentido, contribuindo tanto para o desenvolvimento

    de teorias como para aplicaes.

    No que diz respeito aos desafios que emergem desta anlise, Kirchler e Hlzl (2006),

    apontam para a necessidade de pensar-se estratgias de atuao frente a: competio com

    publicaes mais especficas, tais como aquelas dedicadas, exclusivamente, a tomada dedeciso, marketing, publicidade ou pesquisa do consumidor quanto a isto, deveriam

    estabelecer meios para aumentar a visibilidade junto s disciplinas que lhe fazem

    fronteira; cuidados com a qualidade dos trabalhos publicados e promoo do peridico

    em geral por exemplo, atraindo pesquisadores reconhecidos para publicar nele, ou

    convidando-os a submeter trabalhos de reviso ou meta-anlises acerca de determinados

    aspectos do campo, bem como informar comunidades de pesquisadores de Economia,

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    Psicologia Social, marketing e Psicologia do Consumidor, enviando-lhes resumos de

    artigos destacados, que pudessem ser veiculados em seus respectivos boletins (p.10).

    Devemos dedicar especial ateno a estas recomendaes, j que prestam-se, igualmente,

    ao nosso objetivo de contribuir para a disseminao do campo no Brasil.

    Outro autor da interface Psicologia-Economia, Azar (200647), tem se voltado para a

    questo da produo cientfica da rea publicada em peridicos, comparando trs deles:

    Journal of Economic Behavior and Organization, Journal of Economic Psychology e

    Journal of SocioEconomics. Tambm fundamentado pela base de dados da Web of

    Science, empreende uma anlise minuciosa das citaes de cada um deles, no perodo2001-2005, e conclui que o mais citado o Journal of Economic Behavior and

    Organization, com o Journal of Economic Psychologye o Journal of SocioEconomics

    ocupando, respectivamente, segundo e terceiro lugares. Estes dados apontam para uma

    multiplicidade de publicaes que se estende para alm do Journal of Economic

    Psychology, tradicionalmente mais ligado IAREP.

    Da mesma forma, de acordo com Cruz (200148), ao lado do Journal of Economic

    Psychology, trabalhos sobre comportamento e decises econmicas, e assuntos afins,

    podem ser encontrados tambm nos seguintes peridicos, com especial destaque para os

    dois primeiros: Journal of Economic Behavior and Organization; Journal of

    SocioEconomics;Applied Psychology: An international Review;British Journal of Social

    Psychology;Journal of Consumer Research; Journal of Consumer Psychology; Journal

    of Advertising;International Journal of Advertising;Psychology & Marketing;Journal of

    Marketing;European Journal of Marketing;Journal of Consumer and Market Research;

    Journal of Applied Psychology;Journal of Product Innovation Management;Journal ofExperimental Analysis of Behavior; Journal of Behavioral Decision Making;

    Experimental Economics; Organizational Behavior and Human Decision Processes.

    Como fontes, ele cita: Quarterly Journal of Economics; Games and Economic Behavior;

    Journal of Mahematical Psychology; Journal of Economic Theory. Acrescentamos

    47 AZAR, Ofer. Behavioral Economics and Scio-Economics Journals: a citation-based ranking. Journal ofSocio-Economics (no prelo).48 CRUZ, Julio E. Psicologa Econmica. Suma Psicolgica , 8 (2): 213-236, 2001.

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    listagem acima, por ter sido fundado em 2003, data posterior ao artigo de Cruz (2001), o

    Judgment and Decision Making, peridico que pertence Society for Judgment and

    Decision Making(cf. Anexo 1.5).

    Com relao a publicaes em castelhano, Cruz, que colombiano, acusa a ausncia de

    um peridico especfico para a rea, citando como exemplo de acolhimento para alguns

    poucos trabalhos os seguintes: Papeles del Psiclogo, La revista de Psicologa del

    Trabajo y de las Organizaciones;Revista Latinoamericana de Psicologa.

    Ainda no dispomos de publicaes desta natureza no Brasil, embora os primeirostrabalhos de pesquisadores da interface Psicologia-Economia estejam, em geral, dispersos

    em peridicos de Economia e Administrao (Ferreira, 2006 49).

    Outro importante vetor para a disseminao da produo em Psicologia Econmica tm

    sido os colquios anuais organizados pela IAREP-International Association for Research

    in Economic Psychology. Realizados desde 1976, em diferentes cidades a cada ano,

    oferecem oportunidade de encontro, debates e possibilidades de estabelecimento de

    parcerias entre os colegas. A cada dois anos, so organizados, conjuntamente, pela

    SABE-Society for the Advancement of Behavioral Economics , a Associao que rene

    49 FERREIRA, Vera Rita M. Is Economic Psychology being born in Brazil? a review of the scientificproduction in the economic-psychological area looking into the future. Anais da IAREP -SABE ConferenceBehavioral Economics and Economic Psychology. Universit Paris 1 Panthon Sorbonne, Elsevier, INRA,

    Regionelle de France, Centre National de la Recherche Scientifique, Universit Paris 5 Ren Descartes,Paris, Frana, 2006.

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    economistas comportamentais, predominantemente norte-americanos50. Abaixo, a lista

    completa de locais e ano de realizao51:

    1. 1976 - Tilburg, Holanda

    2. 1977 - Estrasburgo, Frana

    3. 1978 - Augsburg, Alemanha

    4. 1979 Estocolmo, Sucia

    5. 1980 - Leuven, Blgica

    6. 1981 - Paris, Frana

    7. 1982 - Edinburgo, Reino Unido8. 1983 - Bolonha, Itlia

    9. 1984 - Tilburg, Holanda

    10. 1985 - Linz, ustria

    11. 1986 - Kibbutz Shefayim, Israel

    12. 1987 - Ebeltoft / Aarhus, Dinamarca

    13. 1988 - Leuven, Blgica

    14. 1989 - Kazimierz-Dolny, Polnia

    15. 1990 - Exeter, Reino Unido

    16. 1991 - Estocolmo, Sucia

    17. 1992 - Frankurt / Main, Alemanha

    18. 1993 - Moscou, Rssia

    19. 1994 - Rotterdam, Holanda

    20. 1995 - Bergen, Noruega

    50

    No congresso conjunto de 2006, em Paris, Frana, aventou-se a proposta de uma fuso entre as duasassociaes IAREP e SABE. Se da parte dos membros da SABE a adeso pareceu ter sido unnime, omesmo no pode ser dito sobre a IAREP. Seus membros solicitaram que a moo fosse objeto de anlisemais cuidadosa e levantaram, entre outros questionamentos, a questo, vista como problema para muitos,entre os quais esta autora, de passar a haver congressos nos EUA a cada dois anos, com o que no seconcordaria. Uma proposta defederao foi, ento, levantada, embora tampouco ficasse estabelecida. At omomento, 2006, todos os membros da IAREP so, automaticamente, membros da SABE, e vice-versa.(Relato da autora, presente reunio dos representantes de pas, em 06.07.06, quando o assunto foi trazido baila pela primeira vez, e na Assemblia Geral da IAREP, em 08.07.06, quando foi discutida por todos osmembros presentes. Ambas tiveram lugar na Universidade Ren Descartes, local de realizao docongresso).

    51 Fonte: History of IAREP Congresses,Anais do XXX International Association for Research in EconomicPsychology Annual Colloquium Absurdity in the Economy . Praga, Rep. Tcheca, 2005.

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    21. 1996 - Paris, Frana

    22. 1997 - Valencia, Espanha

    23. 1998 - So Francisco, EUA

    24. 1999 - Belgirate, Itlia

    25. 2000 - Viena (Baden), ustria

    26. 2001 - Bath, Reino Unido

    27. 2002 - Turku, Finlndia

    28. 2003 - Christchurch, Nova Zelndia

    29. 2004 - Philadelphia, EUA

    30. 2005 - Praga, Rep. Tcheca31. 2006 Paris, Frana

    E como se forma um psiclogo econmico, do ponto de vista acadmico? Ainda de

    acordo com Cruz (2001), na graduao, a disciplina oferecida em diversas

    universidades ao redor do mundo: no Reino Unido Exeter, Bath, Sussex, Cambridge ,

    Kingston, London Guildhall; na Holanda Tilburg e Erasmus; na Espanha Universidad

    Complutense de Madrid, Universidad Autnoma de Madrid, Universidad Autnoma de

    Barcelona, Universidad de Valencia; em Portugal Universidade Fernando Pessoa,

    Universidade Lusada; nos EUA Princeton, Michigan State, Cornell, California,

    Washington University; na Nova Zelndia Canterbury; no Canad Calgary; na Suia

    St. Gallen; em Israel Ben-Gurion. Na Amrica Latina: na Colmbia Universidad de

    Los Andes, Corporacin Universitaria y Tecnolgica de Bolvar; no Peru - Universidad

    de Lima; no Chile Universidad de Chile; na Argentina Universidad Nacional de Mar

    del Plata; no Mxico Universidad Nacional Autnoma de Mxico.

    Com base em informaes de colegas da IAREP52, acrescentamos os seguintes cursos: na

    Polnia Wroclaw Faculty, Varsvia, Psicologia Econmica na graduao de

    Psicologia, com Tomasz Zaleskiewicz e na Universidade de Varsvia, com Ewa Gucwa-

    52 A autora enviou mensagem IAREP -net, rede de comunicao eletrnica desta Associao, em14.11.06, solicitan