Pruquê batê in mulé qui naisceu só prá amá? - Paulo Gracino
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Transcript of Pruquê batê in mulé qui naisceu só prá amá? - Paulo Gracino
PAULO GRACINO
CORDEL
PRUQUÊ BATÊ IN MULÉ
QUI NAISCEU SÓ PRÁ AMÁ?
GUARABIA – PB
2014
Literatura de Cordel
22 estrofes – septilhas
Pruquê batê in mulé qui nasceu só prá amá
1ª Edição - 2014
Autor: Paulo Gracino
Capa: Paulo Gracino - Infogravura
Formato: PDF
APRESENTAÇÃO
Este cordel foi produzido para ser declamado no
sarau poético independente Café Com Poeira,
desenvolvido e produzido pelos artistas, produtores e
defensores culturais de Guarabira. Especialmente para
a edição do dia 07 de março de 2014, comemorativo
ao dia Internacional da Mulher, tendo em vista que o
sarau é um evento apresentado todas as sextas feira
na praça da catedral de Nossa Senhora da Luz, no
centro de Guarabira – Paraíba.
A produção poética se apresenta como ferramenta
de denúncia contra a violência que é exercida sobre as
mulheres, como também um meio de conscientizar a
população para tal fato.
Desta forma, queremos também mostrar a
importância de eventos culturais, como o “Café Com
Poeira” para a constituição da cidadania, uma vez que
a cultura é a representação das ações dos seres
humanos e, com isso, os que fazem este sarau poético
independente, estão produzindo valores idealizados
pela nossa população.
O nosso cordel, portanto, serve de instrumento
condutor da harmonia social, além de ser apresentado
nos moldes tradicionais matutos, resgatando raízes
que lutam contra a extinção, em meio ao acelerado
“progresso”.
O Autor
PRUQUÊ BATÊ IN MULÉ
QUI SÓ NAISCEU PRA AMÁ?
_____________Paulo Gracino
Eu vô usar meu cordé
Para mode protestá
Contra home vielontu
Qui insisti in ispancá
A mulé qui diz qui ama
Uma verdadeira dama
Qui nasceu só pra amá.
Eu fico mermo invocado
Cum’ma grande agunia
Quando vejo um cabra desse
Arrotano valentia
Aí perdo a paciência
E uso da violência
In forma de puisia.
Pra mim quem bati in mulé
Cum certeza num é home
Num vale nem um centavo
Nem vale o cume qui come
Só merece é levá pêia
Sê jogado na cadêia
Passá sede e passá fome.
______________________( 05 )______________________
Eu erro inté minhas rima Si fô preciso errá
Pra defendê uma dama Luto cas onda do má
Mi agarro cum a puliça Pinoto numa carniça Rolo pra lá e pra cá.
Tem gente qui prá sê home
Pricisa mostrá qué rim E eu fico passano mal
Quando vejo um cabra assim A vontade é tentadora De dálhe uma vuadôra
Bem no mêi do seu fussim.
Mai cuma eu já falei Prifiro mermo é rimá Mai só fico sastifeito
Quando o Diabo te levá E ti jogá na prisão
Do lado de dois nêgão Que tão doido pra brincá.
Vão brinca da brincadêra
Qui tu já sabe qua é Num sei se tu vaigostá
Ô sé isso qui tu qué Isso vai sê bom dimai E aduvinha quem vai Fazer as vêi de mulé?
______________________( 06 )______________________
É tu mermo mô querido Qui pensa qui é valentão Lá tu vai sê bem tratado Na base dos impurrão De lá tu só sai bixinha
E daquelas bem mancinha Chêia de inducação.
Tu vai sabê qui mulé Pricisa sê respeitada Sê tratada com carim E nunca sê ispancada
Vai aprendê cum’ma dama O mundo todo lhi ama
E naisceu prá sê amada.
Só mulé pode sê mãe E o home num pode sê
É ela quem dá lui E fai o mundo crescê É ela quem dá amô
E é puriço qui sô Seu amante inté morrê.
Mai tem uns cabra de pêia
Qui num pensa dêsse jeito Quando toma umas cachaça
Na mulé só vê defeito Bate no peito ca mão Dizeno qui é machão E é o cabra perfeito.
______________________( 07 )______________________
Quando a mulé se revorta Ainda qué tê razão
Se ela qué ir simbora Ele banca o valentão
Diz qué assim qui si ama Amarra no pé da cama
E dálhe uns bofetão.
Quando num aguenta mai E qui consegui fugi
Aí ele vai atrai Dizeno num permiti Qui a mulé qui é sua Vá simbora pela rua
E vá vivê puraí.
Ele acha qui cum isso Tá fazeno um favô
Pruquê lugá de mulé É onde Deus lhi butô
Do lado do seu parcêro Mermo seno um carnicêro
Dispruvido de amô.
Aí a mulé num guenta Depoi disso vai simbora Ele pensa qui’ela é sua
E cum isso num demora Ispanca muito e martrata Se num dé jeito ele mata Só depoi de preso chora.
______________________( 08 )______________________
Ele chora pruquê sabe Daquilo qui foi falado
Num é arrependimento Mai é pruquê tá lascado
E vai praquela prisão Durmir caqueles negão
E se sair é viado.
Purisso num adianta Enfrentá a natureza
Trate bem a sua dama Preserve sua beleza
Trate bem todos os dia Lhe dê somente aligria
Só ixpulse a tristeza.
Toda famia merece Vivê in paz cum amô
Pruquê toda violência Só tristeza nus causô
Purisso é qui na verdade Abrace a filicidade
Qui o bom Deus incinô.
Nói só vamo tê sussêgo Quando pará de inzistir Home qui bate in mulé Fazeno os filho surrir
Cum mãe abraçano pai Isso vai sê bom dimai
E in paz nói vai drumir. ______________________( 09 )______________________
Só assim eu fico manso E paro de recramá
Daí uso minha letra Apenas para rimá
Inalticeno as famia In forma de puisia
Para omenagiá.
In vez deu ficá aqui Fazeno verso e brigano
Pego minhas puisia E vô logo elugiano
Toda as mulé do mundo Dano um abraço profundo
E cum amô vô rimano.
Num sei se eu agradei Mai tenho qui incerrá
Mando um beijo pras mulé E aos home vô preguntá
Ao otáro ou Zé Mané: Pruquê batê in mulé
Qui só naisceu pra amá?
______________________( 10 )______________________
Algumas obras do autor:
90 anos de encantos de um Pavão Misterioso; O memorial Frei Damião, o romeiro e a fé; A História na visão de um pervertido sexual; O jeitinho brasileiro; Reflexões de um mendigo; Vote no gari; O trabalho feminino no início da República
brasileira; Uma professora muito maluquinha (Ziraldo); Educação no Brasil: A História das rupturas; “Independência ou morte”, Pedro Américo; A História das Sensibilidades; A origem do universo e a sua evolução; O papel do educador e do currículo escolar do
século XXI;