Provérbios 17

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Alves, Silvio Dutra

Provérbios 17./ Silvio Dutra Alves. – Rio de

Janeiro, 2016.

43p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.

I. Título.

CDD 230.223

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Provérbios 17

1 Melhor é um bocado seco, e com ele a

tranquilidade, do que a casa cheia de

festins, com rixas.

Festas constantes, abundância de bens,

reuniões para fins de entretenimento, não são

meios eficazes para a superação de desavenças,

rancores, rixas e desentendimentos.

Aqueles que as promovem para o fim de

melhorar a harmonia e entendimento entre os

participantes, sempre sairão frustrados no fim,

evidenciando o que afirma o provérbio.

Agora, é possível haver paz e harmonia no lar ou

em reuniões de família, com festins, desde que

o fator de unidade não seja a festa propriamente

dita, mas estarem os participantes debaixo do

temor do Senhor e se comportarem conforme

os seus preceitos.

Um coração não transformado e apaziguado

pelo Espírito Santo, não pode ser o promotor da

verdadeira paz e alegria aonde quer que ele se

encontre, ainda que seja em família.

Por isso se destaca no provérbio, que a paz e

harmonia são melhores do que a boa comida e

as festanças, e assim se revelam mesmo quando

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o que há para comer é senão uma simples

porção de alimento seco.

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2 O servo prudente dominará sobre o

filho que procede indignamente; e entre

os irmãos receberá da herança.

Quando Jesus definiu a verdadeira família de

Deus, como sendo aquela que tem a Sua palavra

e a guarda, e não necessariamente aqueles que

estão ligados por laços sanguíneos, e lhes falta

este requisito essencial.

O que identifica uma família verdadeira aos

olhos de Deus, é o amor genuíno entre os

membros, bem como a honra e obediência que

se deve dar aos que estão investidos de

autoridade por Ele no núcleo familiar, a saber,

os pais.

Então, entre um servo prudente e temente a

Deus, e um filho biológico rebelde que proceda

de forma indigna contra os preceitos do Senhor,

será dada preferência por um pai sábio, ao servo

e não ao filho quanto ao governo dos assuntos de

interesse da família, e o constituirá também

como herdeiro de seus bens.

Quando Jesus se referiu a um grande número de

judeus, em seus dias, chamando-lhes de filhos

do diabo e não de Deus, ele apresentou

imediatamente a razão de ter feito a citada

definição; porque imitavam e seguiam as obras

do diabo e não as de Deus.

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Assim, um filho de Deus não é identificado por

causa da denominação religiosa à qual pertença,

nem por serem seus pais verdadeiros filhos de

Deus, mas por ser um imitador de Deus, como

filho amado, e não das obras do diabo.

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3 O crisol é para a prata, e o forno para o

ouro; mas o Senhor é que prova os

corações.

O crisol é um recipiente para a fundição de metais, chamado também de cadinho; daí vem a

expressão “cadinho da provação”, como indicando a condição na qual fomos colocados

para sermos provados por Deus, pelo fogo da

purificação.

O coração dos filhos dos homens estão sujeitos,

não somente à vista de Deus, mas ao seu

julgamento; assim, como o crisol é para provar e

melhorar a prata, de igual modo o Senhor prova

os corações; para ver se estão purificados ou

não, e aqueles que não estão, ele refina para

torná-los mais puros.

Deus prova o coração pela aflição, e muitas vezes

submete seu povo a este forno. Somente Deus é

apto para a realização deste trabalho; devemos

então, estar conscientizados de que nos

encontramos nas mãos do mais habilidoso

Ourives, quando passamos por momentos de

aflição.

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4 O malfazejo atenta para o lábio iníquo; o

mentiroso inclina os ouvidos para a

língua maligna.

É comum se dizer que existe o mexeriqueiro,

porque há sempre alguém disposto e curioso

para dar-lhe atenção.

Se o lábio iníquo e a língua maligna não

encontrassem ouvintes interessados, não

haveria a maledicência e a intriga, assim como

não haveria traficantes de drogas, caso não

existissem os viciados.

Geralmente, um pecado é alimentado por outro.

O estelionatário desapareceria, caso não

houvesse também quem deseja auferir

vantagens ilícitas.

O ladrão de peças de automóveis não as furtaria,

caso não houvessem os receptadores.

Por isso, o provérbio afirma que o malfazejo

atenta para o lábio iníquo, e vemos, assim, que

este lábio iníquo é alimentado e incentivado

pelo coração que intenta fazer ou ver o mal de

outros.

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5 O que escarnece do pobre insulta ao seu

Criador; o que se alegra da calamidade

não ficará impune.

Quando Judá foi levado para o cativeiro pelos

babilônios, lá estavam os edomitas associados a

eles, não somente para ajudá-los, mas para se

alegrarem na desgraça de Israel.

A ida dos judeus para o cativeiro havia sido

decretada pelo próprio Senhor, e de maneira

justa, porque estavam vivendo entregues à

idolatria.

Todavia, ninguém deveria se alegrar com isto,

pois não há porque se alegrar quando Deus se

levanta para julgar seu povo, senão nos

entristecermos, tanto quanto ele se entristece

por ter que fazê-lo como forma de disciplina

extrema.

Em razão disso várias profecias vieram sobre

Edom, de que Deus se vingaria em razão da

atitude que haviam tido para com o povo de

Israel.

Em outra escala; como Deus pode justificar

aqueles que escarnecem dos pobres, por suas

baixas condições de vida? Em vez de escárnio

deveriam sim, se compadecer e fazer algo por

eles.

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Há, portanto, um juízo aguardando por todos

aqueles que se alegram com as calamidades que

vêm sobre seus semelhantes, pois isto revela a

grande perversidade, falta de amor e de

misericórdia existente em seus corações.

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6 Coroa dos velhos são os filhos dos

filhos; e a glória dos filhos são seus pais.

Evidentemente, serão uma coroa, caso se

comportem dignamente, indicando que

receberam boa instrução da parte de seus pais,

que por sua vez a receberam de seus avós.

Se o testemunho de alguém quanto à sua

piedade em servir a Deus e em trazer sua família

sob a devida obediência à sua vontade, passar à

terceira geração, isto será algo que pode ser

comparado a uma vitória diante de Deus, que

nos faz dignos de receber uma coroa indicativa

da referida vitória.

E, também, estes filhos obedientes e

encaminhados à presença de Deus por seus

pais, serão para eles um motivo de se gloriarem

nos pais que tiveram, que lhes transmitiram o

modo correto de se viver neste mundo,

tornando-os dignos de herdar a vida eterna.

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7 Não convém ao tolo a fala excelente;

quanto menos ao príncipe o lábio

mentiroso!

Os governantes deste mundo, bem fariam em atentar para as palavras do sábio na segunda

parte deste provérbio, em vez de seguirem os conselhos de Maquiavel, no seu livro O Príncipe,

como a maior parte deles costuma fazer, pois

parece sábio o conselho que lhes é dado, de não serem verdadeiros e honestos, porém tudo

fazerem para dar esta aparência ao povo.

Maquiavel nunca esteve vivo em tantos pensamentos de governantes, como podemos

ver em nossos dias, especialmente em todos os

noticiários. Cabe também lembrar, que estas

notícias são apenas uma pequena ponta do iceberg que aparece da enorme quantidade de

iniquidades que são praticadas, e permanecem

ocultas ao conhecimento geral da população.

Quando se descobre as mentiras usadas pelos que governam, eles costumam cair em

descrédito perante o povo que dirigem, como também na opinião pública internacional; e, isto

faz com que muita desconfiança seja gerada e

falta de incentivo para se investir num país cujo

governante vive claramente da prática do engano e da dissimulação, quanto às reais

condições políticas e financeiras da nação que

dirige.

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Também, seguindo em direção contrária à verdade proclamada pelo provérbio, muitos são

guindados à posição daqueles cuja fala deve ser

excelente (como a de estadistas, juristas, embaixadores etc.), por motivo de

favorecimento interesseiro político, ou má

escolha dos votantes que os conduzem a estas posições, sem que reúnam as qualificações

mínimas, conforme exigidas por seus cargos.

Há uma teia muito complexa, especialmente no que tange às relações internacionais, e é uma

temeridade vermos tantos ocupando cargos de mando públicos, sem que tenham o mínimo

conhecimento das condições que prevalecem

no mundo atual.

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8 Pedra preciosa é o suborno aos olhos de

quem o oferece; para onde quer que ele

se volte, serve-lhe de proveito.

Numa lida apressada, este provérbio pode ser entendido, erroneamente, como sendo um

estímulo à prática do suborno.

No entanto, o que se pretende nele destacar é o sentimento que possuem aqueles que vivem da

prática de subornar os outros.

Eles têm o sentimento de possuírem uma joia preciosa que sendo submetida à cobiça

daqueles que podem impedir a consumação de

seus interesses, sobretudo naquelas coisas que lhes são proibidas por lei, causará tão forte

impressão que não resistirão à tentação de obtê-

la ainda que isto seja pela via de se burlar a lei.

O suborno é algo tão nocivo, que é expressamente proibido por Deus nos

mandamentos da Lei de Moisés; pois subverte

não apenas a ordem institucional, corrompe o direito e a justiça, como também corrompe os

corações, tanto daqueles que os oferecem,

quanto daqueles que os recebem.

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9 O que perdoa a transgressão busca a

amizade; mas o que renova a questão,

afasta amigos íntimos.

Uma das principais razões do perdão é a

reconciliação, e por isso o provérbio diz que, o

que perdoa a transgressão busca a amizade, pois

é impossível haver reconciliação onde não

houver o retorno à amizade.

Todavia, ainda que não se consiga a

reconciliação através do perdão, até mesmo

porque há situações em que não é

recomendado, há de se ter a sabedoria e a

prudência de se não renovar a questão, ou seja,

de se trazer de novo à tona os motivos que

produziram o afastamento entre as partes

envolvidas.

O provérbio vai além, assegurando-nos que esta

prática de trazer à tona questões esquecidas e

perdoadas pode até mesmo afastar amigos

íntimos.

Alguém disse mui apropriadamente que a

melhor coisa a se fazer com um pecado que foi

perdoado, é um buraco profundo com uma pá e

ali enterrá-lo, para que numa mais se levante.

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O que encobre a transgressão promove o amor,

e é o amor que deve ser sempre buscado em

tudo o que fizermos.

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10 Mais profundamente entra a

repreensão no prudente, do que cem

açoites no insensato.

Uma simples repreensão verbal dirigida ao que

é prudente e temente a Deus, será suficiente

para produzir o efeito desejado de que ele venha

a emendar seu caminho.

Já em relação ao que é insensato, ainda que seja

açoitado cem vezes, não produzirá qualquer

efeito transformador em sua posição de estar

apegado à sua transgressão.

Por isso se ordena, que toda repreensão seja

feita com longanimidade e doutrina, pois não é

por força e poder humanos que a vontade de

Deus é estabelecida nos corações, senão

somente pela operação do Espírito Santo.

O Espírito Santo pode penetrar a consciência e o

coração, e constrangê-los à mudança

voluntária, coisas que meras palavras ou açoites

jamais conseguirão produzir.

Faríamos bem em confiar mais no poder de

nossas orações, do que em nossas repreensões,

ainda que elas sejam também necessárias.

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11 O rebelde não busca senão o mal;

portanto um mensageiro cruel será

enviado contra ele.

Ao homem que pratica o bem e anda nos

caminhos de Deus, até mesmo muitos

mensageiros invisíveis lhes são enviados,

sobretudo os anjos, trazendo-lhes as bênçãos e

boas promessas da parte de Deus.

Já para aquele que é rebelde e busca somente

viver praticando o que é mau, é certo que há de

receber um mensageiro cruel que será contra

ele, e não a seu favor, e ainda que isto não ocorra

neste mundo por conta da omissão das

autoridades responsáveis pela aplicação da

justiça, certamente ocorrerá no dia da sua

morte, quando não receberá a visita de anjos

eleitos para ser conduzido ao paraíso, senão de

demônios que lhe darão a recepção e a má

notícia de que terá que acompanhá-los a um

lugar de horror e sofrimento eternos.

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12 Encontre-se o homem com a ursa

roubada dos filhotes, mas não com o

insensato na sua estultícia.

Uma ursa cujos filhotes lhe foram roubados fica

extremamente furiosa, e não poupará, se

encontrar, os autores de tal ato, que terão que

enfrentar toda a sua fúria e violência.

Pode parecer um exagero o que diz o provérbio,

segundo o qual seria melhor encontrar uma

ursa em tal condição, do que com um insensato

em sua estultícia.

O que parece indicar é que seria mais fácil se

livrar e fugir da ursa do que do insensato,

especialmente quando se trata de alguém que

seja nosso conhecido.

Alguns interpretam o provérbio comparando a

fúria da ursa com a do insensato, uma vez que

ela pode ser apaziguada ao encontrar seus

filhotes, mas o insensato que tencione praticar

o mal contra nós, e cegado pela paixão da sua

fúria não permitirá ser apaziguado, ainda que

lhe sejam expostos os melhores argumentos e

justificativas quanto à insanidade da violência

que pretende realizar contra nós.

Isto pode ser visto de modo prático, nas

investidas de assaltantes que matam suas

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vítimas sem qualquer motivo, senão pelo

simples prazer de matar; fato que a propósito,

tem sido muito corriqueiro nas grandes cidades

brasileiras.

Cumpra-se assim o provérbio, que encontremos

a ursa da qual podemos escapar, e não estes

insensatos, estultos e violentos, que sempre

realizam seus intentos malignos, a menos que

sejamos livrados pela graça e a providência de

Deus.

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13 Quanto àquele que torna mal por bem,

não se apartará o mal da sua casa.

São várias e insistentes as passagens bíblicas em

que somos ordenados a não nos vingarmos a nós

mesmos, a não retribuirmos mal por mal, e

injúria por injúria, porque mesmo nestes casos, nos tornamos suscetíveis a sermos também

julgados por Deus.

Este provérbio apresenta uma condição ainda

mais grave, pois não fala em se retribuir mal por

mal, senão mal por bem, ou seja, retribuirmos o

bem que nos tenham feito com algum tipo de

mal.

A punição para este tipo de ação é terrível, pois

se afirma que o mal não se apartará da casa

daquele que assim proceder.

Nós temos um exemplo bem prático disso nas

Escrituras, na família do próprio Salomão,

porque, tendo Davi, recebido o bem de Urias,

que o servindo fielmente nas fileiras do seu

exército que se encontrava em batalha,

retribuiu o seu bem pagando-lhe com o mal de

um assassinato e um adultério; por isso recebeu

a sentença profética do Senhor contra ele, de

que o mal jamais se apartaria da sua casa.

Alguns de seus próprios filhos se mataram

mutuamente, e o próprio Salomão teve que

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executar Adonias, seu irmão, por tentativa de

usurpar-lhe o trono.

Parece que tudo isto não teria ocorrido, caso

Davi não tivesse praticado aquele horrendo

pecado.

Ele foi perdoado, mas teve que conviver, tanto

ele quanto seus filhos, com estas sequelas que

eram resultantes do juízo de Deus que viera

sobre ele e sua casa.

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14 O princípio da contenda é como o

soltar de águas represadas; deixa por isso

a porfia, antes que haja rixas.

Quem pode conter as águas de uma represa que

tenha se rompido?

Uma vez rompida, é impossível conter o ímpeto

de suas águas, que irão destruir tudo o que

encontrarem em seu caminho.

Este provérbio é da mais pura e profunda

sabedoria, pois retrata uma realidade para a

qual, até mesmo profissionais da área de

psicologia não estão devidamente atentos ou de

acordo, pois não são poucos que recomendam,

que para o alívio do acúmulo de estresse é bom

colocarmos para fora todo o ressentimento que

estiver em nossos corações.

Já o sábio nos alerta, que o próprio início da

contenda, quando percebemos até mesmo no ar

que há algo como um tipo de atmosfera de

provocação e confrontação mútuas, é como o

soltar das águas represadas da contenda, e o

melhor a fazer é fugir desta condição.

Que devemos deixar as queixas e os motivos da

porfia, antes que a discussão ou briga comece,

porque, como as águas da represa rompida, uma

vez que isto acontece, não há mais como

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recolher essas águas destruidoras cheias de

queixas e azedumes, muitas vezes por conta dos

motivos banais, que poderiam ter sido

facilmente esquecidos ou tolerados.

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15 O que justifica o ímpio, e o que

condena o justo, são abomináveis ao

Senhor, tanto um como o outro.

Este é um princípio extraído da Lei, que Deus

revelou através de Moisés.

O ponto é o de que nunca deve haver

impunidade, quando ocorrer a violação da lei ou

da justiça. Fazer isto é uma abominação para o

Senhor, tanto quanto justificar e não punir o

culpado.

Mas o provérbio parece ir um pouco além deste

princípio legal, e entra no mérito das

motivações e da condição real de cada pessoa,

pois não se fala de culpado ou inocente, mas de

ímpio e justo.

Podemos então, entender, que o princípio

sapiencial significa que nunca devemos

justificar os que são ímpios, por causa de

circunstâncias que julguemos atenuantes,

como, por exemplo, ignorância da lei, pobreza

extrema, ou até mesmo uma suposta

intepretação de que apesar de agir impiamente

pode ter no fundo um bom coração, ou traumas

de infância que carregue consigo.

Não importam as circunstâncias; o que é ímpio

pode ser até analisado quanto aos motivos que o

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levam à prática da impiedade, mas jamais ser

justificado como certo ou inocente naquilo que

é ou faz.

E, por outro lado, não há motivos para se

condenar o justo, a que pretexto for, como, se

pela sua justiça expõe a injustiça de outros,

como por exemplo a de colegas de trabalho, ou

que incomoda aqueles que vivem na impiedade,

por considerarem que esteja almejando se

mostrar melhor do que eles, ou por qualquer

outro motivo, pois segundo Deus, o que anda

retamente na prática da Sua Palavra, é digno de

louvor e não de repreensão ou de condenação.

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16 De que serve o preço na mão do tolo

para comprar a sabedoria, visto que ele

não tem entendimento?

Jesus disse que pelo conhecimento da verdade,

nós seríamos libertados. Ele definiu a verdade

como sendo Ele mesmo e a Palavra de Deus.

Agora, como é possível conhecer a verdade, sem

entendimento, sendo estulto, e amando a

estultícia?

Segundo o provérbio em tela, como é possível

alcançar a sabedoria, quando não se tem

entendimento?

O entendimento aqui referido não é outro,

senão o que é espiritual e das coisas celestiais e

divinas, nas quais se encontram o modelo

perfeito e máximo de tudo o que nos convém ser

e fazer, para que se diga que somos de fato, a

imagem e semelhança de Deus.

É de pasmar o quanto esta sabedoria,

entendimento e conhecimento da verdade falta

a muitos, inclusive a genuínos crentes!

Quando os vemos colocando sua confiança e

esperança nas coisas que são deste mundo, para

que por meio delas se veja o reino de justiça e

verdade de Deus prevalecendo na terra,

constatamos o quão distantes se encontram do

conhecimento da verdade.

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Quando pensam que por uma melhor educação,

e condições de vida relativa aos bens mundanos

poderá se ver inaugurado o reino de Deus em

sua plenitude na terra, também revelam o

quanto desconhecem acerca da verdadeira

justiça.

“Aumentemos os investimentos em educação,

saúde e segurança pública, e passaremos a ter

um céu na terra!” É o que muitos pensam, mas

ledo engano e ignorância dos retos caminhos do

Senhor!

Quem em sã consciência é contra as melhorias

no campo da justiça social? Nenhuma pessoa

sensata não deve ser, evidentemente! Mas,

confundir esta justiça social com a justiça do

reino de Deus, é a pior comparação que pode ser

feita por alguém.

“É hora de mudar o Brasil para sempre. Fazer

dele uma nação justa e modelar para todas as

nações!” Este tem sido até mesmo o

pensamento de muitos crentes.

Mas por que via? Perguntamos. Pelos homens

sujeitos e escravizados ainda ao pecado? Por

uma trégua solicitada a todos os poderes de

Satanás e dos demônios, para que não operem

mais nesta nação e no mundo inteiro?

Pensar assim seria a mais grosseira

ingenuidade, mas graças a Deus, que por Sua

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longanimidade e graça pode conviver e suportar

todo o tipo de ignorância à Sua vontade e com a

real condição do coração humano, do qual se diz

que é a coisa mais corrupta que há na criação, e

que somente Ele conhece e pode transformar

pelo Seu poder.

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17 O amigo ama em todo o tempo; e na

angústia nasce o irmão.

O provérbio apresenta uma excelente definição

da condição de um verdadeiro amigo, quando se

refere à constância do seu amor.

Quando falta esta constância em amor, seja

pelos mais variados motivos prova-se que, o que

havia era uma amizade por interesse ou

causalidade, mas não uma amizade real que é

definida pelos laços permanentes dos corações

que são amigos.

Entenda-se o amor, como o sentimento que vai

muito além da simples noção de se ajudar

alguém na hora da sua necessidade, pois isto

está mais para a misericórdia do que para o

amor, visto que ela nos visita nestes momentos

difíceis, mas o amor permanece na casa mesmo

quando tudo vai bem.

Esta amizade há de se revelar fraterna,

especialmente nas horas de aflição, porque pelo

compromisso do laço de amor fraternal, se vê na

contingência de permanecer perto do que sofre

para consolá-lo, e não fugir para se poupar de

sofrimentos e constrangimentos.

Sábios são, portanto, aqueles que podem

identificar os que são verdadeiramente seus

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amigos, pela aplicação prática do princípio que

é ensinado neste provérbio, para que não

venham depois, a se lamentar de possíveis

frustrações de terem depositado sua confiança

e esperança em pessoas que não eram de fato

amigas, porque não lhes amavam.

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18 O homem falto de entendimento

compromete-se, tornando-se fiador na

presença do seu vizinho.

O que se faz fiador de um estranho, e ainda por

cima na presença testemunhal de um vizinho,

não é sábio, porque em não sendo o estranho

uma pessoa confiável e leal em saldar seus

compromissos, poderá deixá-lo arcar com uma

responsabilidade que não lhe pertence, e com a

vantagem de recorrer ao testemunho de

alguém que é conhecido para que tenha que

honrar o que prometeu fazer, sob o impulso da

insensatez ou da pressa.

Temos o dever de ser generosos, mas não de

expormos a nossa segurança e de nossa família,

por compromissos assumidos de forma

precipitada com pessoas não confiáveis.

Especialmente, numa época como a nossa em

que a honestidade e a responsabilidade não são

virtudes vistas em grande parte da sociedade,

devemos ter muito cuidado em nos colocarmos

na posição de fiadores.

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19 O que ama a transgressão ama a

contenda; o que faz alta a sua porta busca

a ruína.

Quem ama a justiça, ama a paz, mas o que ama a

transgressão, ama a contenda.

A inclinação para a paz ou a contenda são ditadas então, pela condição de nossos

corações, ou seja, se eles são pelo que é justo, ou

pelo que é injusto.

Pessoas que vivem a transgredir os mandamentos de Deus são contenciosas por

natureza, pois a natureza carnal é inimizade contra Deus e contra todos aqueles que

procuram fazer a Sua vontade.

Uma natureza regenerada e renovada pelo Espírito Santo é o que nos torna humildes, de

forma que não é para nós nenhum desconforto termos que nos reclinar para termos que passar

por uma porta estreita e baixa, que conduz à

salvação e à vida eterna.

Mas, os que se recusam a inclinar sua cerviz, por não tolerarem ter que se rebaixar diante de

Deus, e por isso fazem portas altas para que nunca tenham que se humilha, como diz o

provérbio, serão arruinados, pois Deus abate a

todo aquele que se exalta.

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20 O perverso de coração nunca achará o

bem; e o que tem a língua dobre virá a

cair no mal.

Enquanto o ímpio não decidir abandonar sua

impiedade, ele nunca poderá achar o bem que

há no evangelho de Cristo, porque Deus não o

revelará a ele.

A conversão demanda que haja antes

arrependimento, o que consiste na mudança de

direção de se inclinar para o mal, buscando

inclinar-se para o bem; e a graça ajudará a

pessoa a ser transformada pela concessão da fé,

que fará com que seja justificada e transformada

por Deus em uma nova criatura, pela habitação

do Espírito Santo.

Por isso, o que tem a língua dobre virá a cair no

mal, pois aquele cujo coração é dobre não pode

ter a fé habitando nele, pois esta lança fora toda

a dúvida acerca do que é bom e do que é mau,

bem como toda a incerteza se Jesus Cristo é de

fato o Salvador e Senhor de nossa alma, por

depositarmos a nossa inteira confiança nele.

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21 O que gera um tolo, para sua tristeza o

faz; e o pai do insensato não se alegrará.

Se um pai é tolo e insensato ser-lhe-á

indiferente ou até mesmo conveniente, que o

filho lhe siga os passos para compartilhar com

ele das mesmas práticas insensatas e estultas.

Certamente, não é a este tipo de pais aos quais o

provérbio se refere, senão àqueles que são

sábios e tementes a Deus, que a par de todos os

seus esforços para conduzirem seus filhos nos

caminhos do Senhor, veem que estes preferem

trilhar pelos caminhos da injustiça.

Isto será para eles um forte motivo de tristeza,

porque não há coisa pior para um pai piedoso do

que ter filhos que trilhem por caminhos que não

sejam os de Deus.

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22 O coração alegre serve de bom

remédio; mas o espírito abatido seca os

ossos. Neste provérbio tanto a palavra “coração”,

quanto a palavra “espírito” são usadas com o

mesmo significado, indicando o nosso homem

interior, que é o sustentáculo tanto do nosso corpo quanto da nossa alma.

Há de se distinguir, como a Palavra de Deus o faz, especialmente separando a alma e o

espírito, pois este indica a força vital de nossos

impulsos, independentemente das faculdades

da alma (razão, emoção, sentimento, vontade, imaginação).

Quando nosso corpo está enfermo e a nossa

alma abatida ou deprimida, ambos podem ser

sustentados por um espírito que estiver fortalecido pela graça de Jesus, como se deu por

exemplo com o apóstolo Paulo, que estava forte

em espírito, enquanto enfraquecido no corpo e

na alma por conta do mensageiro de Satanás que o esbofeteava, ao qual classificou de

espinho na carne.

Eu tive a oportunidade de experimentar isto em

várias ocasiões, especialmente quando estive internado por 62 dias num hospital, infartado,

enfraquecido no corpo, e afligido na alma pelas

circunstâncias produzidas, sobretudo pela ação

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de alguns médicos e enfermeiros não

compassivos e pacientes, e, no entanto sentia-

me fortalecido o suficiente em espírito a ponto

de poder orar e cantar louvores ao Senhor, com grande paz, alegria e gratidão em meu coração.

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23 O ímpio recebe do regaço o suborno,

para perverter as veredas da justiça.

Já falamos sobre suborno num versículo

anterior a este, onde o ponto focava na

segurança que sentem aqueles que têm

dinheiro suficiente para subornar a outros, e

aqui se declara diretamente o motivo do

recebimento do suborno: para perverter as

veredas da justiça. Motivo pelo qual o suborno é

uma abominação para Deus, e deve ser para

todos aqueles que carregam o nome de serem

Seus filhos.

Como o regaço compreende a parte do corpo

entre o quadril e os joelhos, entenda-se então, a

palavra no sentido de ocultação do suborno nos

bolsos, porque sendo a prática condenável

importa que seja feita de forma oculta ao

testemunho alheio.

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24 O alvo do inteligente é a sabedoria;

mas os olhos do insensato estão nas

extremidades da terra.

A mera contemplação do horizonte não nos traz

qualquer conhecimento sólido e útil. Então, o

provérbio chama aqueles que vivem somente

para contemplar o horizonte, que corresponde a

olhar o que está distante e não se pode

interpretar ou usar, de insensatos.

Em contraposição afirma que o objetivo do que

é inteligente é alcançar a sabedoria, e esta não

está certamente na prática de se contemplar o

intangível.

As coisas espirituais, apesar de invisíveis são

reais e tangíveis, pois podem ser

experimentadas e por elas o caráter é

transformado segundo o caráter do próprio

Deus.

Estas coisas espirituais são, contudo racionais,

pelo testemunho registrado nas Escrituras, e

pela meditação, aprendizagem e aplicação das

mesmas às nossas vidas.

Uma religiosidade que consista, portanto na

contemplação de coisas que a mente possa

imaginar, ou em êxtases, sentimentos e

emoções, por recitações mântricas e

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xamanistas, nada têm de inteligente ou de sábio,

quando confrontamos este modo de agir com

aquilo que é apontado nas Escrituras, como

sendo os meios de graça apropriados, para que

por eles alcancemos a verdadeira sabedoria que

procede do trono de Deus.

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25 O filho insensato é tristeza para seu,

pai, e amargura para quem o deu à luz.

Este provérbio já foi comentado em versículos

anteriores de igual teor, e aqui cabe reafirmar

apenas, que esta tristeza e amargura são

sentidas por pais que sejam devotados a Deus,

verdadeiramente piedosos e praticantes de Sua

Palavra, pois somente estes podem sentir a

tristeza e a amargura de espírito quando seus

filhos são insensatos, pois sabem o quanto isto

entristece também a Deus, e a quantos juízos

eles estarão sujeitos por conta de agirem

insensatamente.

42

26 Não é bom punir ao justo, nem ferir

aos nobres por causa da sua retidão.

Este provérbio é uma repetição do constante do

versículo 15, já comentado, exposto em outras

palavras.

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27 Refreia as suas palavras aquele que

possui o conhecimento; e o homem de

entendimento é de espírito sereno.

28 Até o tolo, estando calado, é tido por

sábio; e o que cerra os seus lábios, por

entendido.

Há hora para falar e hora para ouvir e calar.

Quem possui o verdadeiro conhecimento sabe

quando deve refrear suas palavras, pois meras

palavras, muitas vezes não mudam um homem,

nem as circunstâncias, podendo até mesmo

agravá-las.

Por conta disso, geralmente aqueles que

possuem o entendimento da vontade de Deus e

da situação que estão vivendo, são de espírito

sereno, pois sabem que a exaltação de ânimos

nada mudará ou melhorará.

A sabedoria também muda o caráter, porque

juntamente com ela vem a mansidão e a

humildade de Cristo. Porque se diz, que mesmo

aqueles que não são detentores de fato, de

sabedoria, de entendimento, de conhecimento,

e de serenidade podem ser considerados, ainda

que equivocadamente, como tal, caso

permaneçam calados, em vez de abrirem a boca,

e acabarem de vez com a impressão favorável

que estejam tendo a respeito deles.

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