Prova Modelo 2 Português 9 ano

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  • 7/26/2019 Prova Modelo 2 Portugus 9 ano

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    3. Testes de Avaliao| Novas Leituras 9

    PROVA 2

    ESCOLA: ___________________________________________________________________

    PROVA MODELO DE PORTUGUS

    Ano: 9. | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___

    GRUPO I

    Parte A

    Elogio do Subrbio

    Cresci nos subrbios de Lisboa, em Benfica, ento quintinhas, travessas, casas baixas, a ouvir asmes chamarem ao crepsculo Vtor, num grito que, partido da Rua Ernesto da Silva,alcanava as cegonhas no cume das rvores mais altas e afogava os paves no lago sob os lamos.Cresci junto ao castelito das Portas que nos separava da Venda Nova e da Estrada Militar, numpas cujos postos fronteirios eram a drogaria do senhor Jardim, a mercearia do Careca, a pastelariado senhor Madureira e a capelista Havaneza do senhor Silvino, e demorava-me tarde na oficinade sapateiro do senhor Florindo, a bater sola num cubculo escuro rodeado de cegos sentados embanquinhos baixos, envoltos no cheiro de cabedal e misria que se mantm como o nico odorde santidade que conheo. ()

    Na poca em que aos treze anos me estreei no hquei em patins do Futebol Benfica, o guarda-redesenchumaado como um baro medieval apontou-me ao pasmo dos colegas O pai do ruo doutor no que constituiu de imediato a minha primeira glria desportiva e a primeira tenebrosaresponsabilidade, a partir do momento em que o treinador, a apalpar-me os msculos com osolhos, preveniu numa careta de dvida Sempre estou para ver se lhes chegas ruo que o teupai no ringue era lixado para a porrada.

    O dono da Farmcia Unio jogava o pau, () o sineiro a quem chamavam Z. Martelo e quetocava o Papagaio Loiro na Elevaoda missa do meio-dia em vez doA treze de Maioobrigatrio, possuauma agncia funerria cujo prospeto-reclame comeava Para que teima Vossa Excelnciaem viver se por cem escudos pode ter um lindo funeral?, e eu escrevia versos no intervalo do hquei, fumava s escondidas, uma das minhas extremidades tocava o Jesus Correia e a outraCames, e era indecentemente feliz.

    Hoje, se vou a Benfica, no encontro Benfica.Os paves calaram-se, nenhuma cegonha na palmeira dos Correios (j no existe a palmeira

    dos Correios, a quinta dos Lobo Antunes foi vendida) o senhor Silvino, o senhor Florindo e o senhorJardim morreram, ergueram prdios no lugar das casas ()

    No h paves nem cegonhas e contudo a accia dos meus pais, teimosa, resiste. Talvez ques a accia resista, que s ela sobeje desse tempo como o mastro, furando as ondas, de um naviosubmerso. A accia basta-me. Arrasaram as lojas e os ptios, no tocam o Papagaio Loiro nosino, mas a accia resiste. Resiste. E sei que junto do seu tronco, se fechar os olhos e encostar aorelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha me chamar Antnio e um midoruo atravessar o quintal, com um saco de berlindes na algibeira, passar por mim sem me vere sumir-se- l em cima no quarto ().

    Antnio Lobo Antunes, Livro de Crnicas, Publicaes Dom Quixote

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    Novas Leituras 9| Guia do Professor

    Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientaes que te so dadas.

    1.As afirmaes apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto apresentado acima.Ordena a sequncia de letras que corresponde ordem pela qual essas ideias aparecem no texto.Comea pela letra (D).

    (A)O nico elemento que resiste ao do tempo a accia permitir ao narrador recuperara infncia perdida.(B)Ao iniciar a prtica de hquei em patins, o narrador descobriu que recebera uma herana nesta

    modalidade desportiva.(C)Vrias figuras e espaos representativos de vrias profisses delimitaram a geografia da sua infn-

    cia.(D)O narrador recorda o local onde cresceu, Benfica, nos subrbios de Lisboa.(E)Uma das suas memrias mais intensas de carter auditivo.(F)O tempo transformou o espao de tal modo que o narrador j no o reconhece.(G)Um sentimento de profunda felicidade envolve a memria da infncia do narrador.

    2.Indica a que se refere o pronome que sublinhado na frase O dono da Farmcia Unio jogavao pau,() o sineiro a quem chamavam Z Martelo e que tocava o Papagaio Loirona Elevaoda missa domeio-dia em vez doA treze de Maioobrigatrio (). (linhas 16-17)

    3.Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a nica opo que permite obter uma afirmaoadequada ao sentido do texto.Escreve o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida.

    3.1.A expresso Cresci nos subrbios de Lisboa (linha 1)indica que o textoa) narrado na primeira pessoa.b) narrado na terceira pessoa.c)tem um narrador no participante.

    3.2.Na expresso () no que constituiu de imediato a minha primeira glria desportiva () (linha 12)

    est presentea)um exemplo de personificao.b)um exemplo de metfora.c)um exemplo de anttese.d)um exemplo de ironia.

    3.3.A palavra Hoje (linha 22)assinalaa)uma analepse.b)uma prolepse.c)uma oposio temporal.d)uma simultaneidade temporal .

    3.4.Ao usar a expresso Talvez que s a accia resista, que s ela sobeje desse tempo como omastro, furando as ondas, de um navio submerso. (linhas 26-28)o narrador mostra entender apassagem do tempo comoa)um maremoto.b)um terramoto.c)um naufrgio.d)um tornado.

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    3.5.O texto Elogio do subrbio uma crnica, pois, entre outros aspetos, apresenta por parte do autora)uma viso objetiva e rigorosa dos factos narrados.b)um claro distanciamento face aos eventos narrados.c)passagens plurissignificativas e com recurso a uma linguagem conotativa.d)aborda uma temtica que interessa exclusivamente a si prprio.

    Parte B

    Na praia l da Boa Nova, um dia,Edifiquei (foi esse o grande mal)Alto Castelo, o que a fantasia,Todo de lpis-lazli1e coral!

    Naquelas redondezas no haviaQuem se gabasse dum domnio igual:Oh Castelo to alto! parecia

    O territrio dum Senhor feudal!

    Um dia (no sei quando, nem sei donde)Um vento seco de mau sestro2e spleen3Deitou por terra, ao p que tudo esconde,

    O meu condado, o meu condado, sim!Porque eu j fui um poderoso Conde,Naquela idade em que se conde assim...

    Antnio Nobre, S, Editorial Nova tica

    ______________________________VOCABULRIO1 Pedra, de cor azul-ferrete, empregada em joalharia.; 2 Sorte; 3 Melancolia, tristeza.

    4.O sujeito potico narra um acontecimento por ele vivido.Reconta sinteticamente a situao por ele apresentada.

    5.A expresso um dia surge no primeiro verso e repete-se no nono.Indica o momento a que cada uma das ocorrncias se refere e atribui um sentido a essa repetio.

    6.Explica por que motivo as expresses Castelo to alto (verso 7)e o meu condado (verso 12)podem ser consideradas metforas de sonho.

    7.Tendo em conta a globalidade do poema, explicita o sentido do verso Naquela idade em que se conde assim... (verso 14)

    8.Descreve de forma completa a estrutura externa do poema (estrofe, mtrica e rima).

    9.Atendendo ao facto de apresentarem semelhanas temticas, os textos Elogio do Subrbio eNa praia l da Boa Nova, um dia vo integrar uma mesma antologia.Seleciona, de entre os ttulos seguintes, aquele que melhor evidencia as caractersticas comuns.

    a)Saudades da infncia. b) Memrias da infncia.

    Justifica a tua opo, fundamentando-a na leitura de ambos os textos.

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    Parte C

    L o excerto doAuto da Barca do Infernoa seguir transcrito, e responde, de forma completa ebem estruturada, ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulrio apresentado.

    FidalgoAo Inferno todavia!Inferno h i pera mi? triste! Enquanto viviNo cuidei que o i havia.Tive que era fantesia;folgava ser adorado;confiei em meu estadoe no vi que me perdia.

    Venha essa prancha! Veremosesta barca de tristura.

    Diabo Embarque a vossa doura,que c nos entenderemosTomars um par de remos,veremos como remais,e, chegando ao nosso cais,todos bem vos serviremos.

    FidalgoEsperar-me-s vs aqui,tornarei outra vidaver minha dama queridaque se quer matar por mi.

    Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente,

    in Teatro de Gil Vicente,edio de Ant. Jos Saraiva, Portuglia, s/d

    10.Redige um texto expositivo com um mnimo de 70 e um mximo de 120 palavras, no qual apresenteslinhas fundamentais de leitura do excerto da peaAuto da Barca do Inferno.

    O teu texto deve incluir uma parte introdutria, uma parte de desenvolvimento e uma parte de con-cluso.

    Organiza a informao do modo que considerares adequado, abordando os tpicos seguintes:a)identificao das personagens e do espao onde se encontram;b)explicitao da funo de cada uma das personagens;c)referncia a momentos anteriores da mesma cena que permitam entender a reflexo que o Fidalgo faz sobre o seu percurso de vida;d)explicitao da resposta irnica do Diabo;e)referncia inteno do Fidalgo em tornar vida terrena e resposta do Diabo;f)apresentao da funo crtica desta cena na globalidade da pea.

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    GRUPO II

    1.Refere a funo sinttica desempenhada pela expresso sublinhada.

    J no existe a palmeira dos Correios.

    2.Indica a alnea em que a palavra se um pronome.a)Se fechar os olhos e encostar a orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha me.b)As pessoas estavam envoltas no cheiro de cabedal e misria que se mantm como o

    nico odor de santidade que conheo.

    3.L a frase seguinte.Um mido ruo [] passar por mim sem me ver e sumir-se- l em cima no quarto. (Texto Parte A,linhas 30-32)

    a)Classifica as formas verbais sublinhadas (pessoa, nmero, tempo e modo).

    b)Reescreve a frase no condicional simples.4.Indica os processos fonolgicos presentes nos exemplos seguintes.

    a)malemalb)anteantesc)liliulrio

    5.A frase seguinte apresenta erros na utilizao da vrgula.Ao final da tarde, a me do narrador, tinha por hbito gritar, o nome dele.Reescreve a frase, pontuando-a corretamente.

    GRUPO III

    O sonho um elemento determinante nas nossas vidas. Todas as pessoas tm projetos que desejamconcretizar e tu, certamente, tens tambm as tuas expectativas face vida, sonhos que desejasrealizar.

    Num texto correto e bem estruturado com um mnimo de 180 e um mximo de 240 palavras, apresentaa tua opinio sobre a importncia do sonho na vida de cada um de ns, fundamentando a tuaposio em dois argumentos.

    Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo.

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