PROVA FLORIPA 2015 · lÍngua portuguesa e matemÁtica 4º ano do ensino fundamental. ... 4. como...
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ISSN 2448-1645
PROVAFLORIPA2015REVISTA PEDAGÓGICA
LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
PREFEITOCesar Souza Júnio r
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃORodolfo Joaquim Pinto da Luz
DIRETORA GERALMaria José Brandão
PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
André Justino dos Santos CostaAnne Marie Tribess OnestiBianca Nascimento de SouzaCristina Souza FerreiraDaniel Godinho BergerDaniela Guse Weber Eliane Maria SilveiraEmiliana Aparecida CorrêaEneida Celia EspindolaHeliete Schutz MillackIvarne MendelJussara BrigoMaria Letícia Naime MuzaMarilda Terezinha Rios MartinsMarlene Rocha BackesRita de Cássia PerezTamelusa Ceccato do AmaralWalesca Regina Becker Coelho de Franceschi
COORDENAÇÃO GERAL
Claudia Cristina ZanelaAna Regina Ferreira de Barcelos
Apresentação
Prezados Profi ssionais da Educação,
Avaliar para qualifi car a Rede, ou melhor, para continuar avançando e qualifi cando, esse é um dos grandes objetivos da
Prova Floripa - Edição 2015. É por meio desse trabalho que a Secretaria Municipal de Educação do Município de Florianó-
polis consegue melhorar o processo de ensino e de aprendizagem e, a partir das informações coletadas, rever ou construir
políticas públicas.
Levando em conta essas premissas, a Prova Floripa desempenha um papel muito importante sobre os rumos do sistema
de ensino. Através dela, é possível coletar dados fi dedignos e, então, garantir a refl exão sobre os resultados alcançados
pela Rede, auxiliando o planejamento de ações em diferentes níveis e momentos, que objetivam a qualidade e a equidade
nas escolas públicas municipais.
A Prova Floripa - Edição 2015 é composta por dois instrumentos que são complementares e integrados: o primeiro é a
avaliação externa, que se efetiva por meio dos testes de profi ciência aplicados para todos os estudantes da Rede Municipal.
Nos Anos Iniciais, são aplicados nos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática e, nos Anos Finais, em
todos os componentes curriculares. O segundo instrumento compreende a avaliação do sistema de ensino, construído com
base na aplicação do Questionário dos Fatores Associados.
O trabalho da Prova Floripa é realizado com o apoio do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Uni-
versidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF), que assegura metodologias adequadas para a construção de melhores
instrumentos. Para chegar aos dados socializados, foi necessário determinar a população a ser avaliada, elaborar a Matriz de
Referência, construir itens, montar os cadernos de testes, validar os cadernos, além de aplicar os testes e os questionários
contextuais. Isso tudo, com a colaboração de nossos profi ssionais.
Após as etapas básicas, inicia-se a análise dos dados, utilizando a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e a Teoria de Res-
posta ao Item (TRI), para produzir os resultados que serão interpretados por meio das Escalas de Profi ciência e, assim, divul-
gados para todos os profi ssionais da Rede Municipal.
Ressaltamos que todo esse processo foi coordenado pela Secretaria Municipal de Educação – Diretoria de Ensino Fun-
damental (DEF), em parceria com os assessores pedagógicos, gerentes e chefes de departamento da DEF, contando com
a inestimável participação de profi ssionais das Unidades Educativas.
Nosso convite é para que você continue colaborando para qualifi car a educação da Rede Municipal de Ensino de Flo-
rianópolis.
Rodolfo Joaquim Pinto da Luz
Secretário Municipal de Educação de Florianópolis
SUMÁRIO
47 4. COMO SÃO
APRESENTADOS OS RESULTADOS DA PROVA FLORIPA?
15 2. O QUE É AVALIADO NA PROVA FLORIPA?
13 1. POR QUE AVALIAR
A EDUCAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS?
49 5. COMO A UNIDADE
EDUCATIVA PODE SE APROPRIAR DOS
RESULTADOS DA PROVA FLORIPA?
19 3. COMO É A
AVALIAÇÃO NA PROVA FLORIPA?
55 6. QUE ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS
PARA DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES EM
LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA?
Prezado(a) Professor(a) e Equipe Pedagógica
Apresentamos a Revista Pedagógica da PROVA FLORIPA 2015.
Esta publicação faz parte da coleção de divulgação dos resultados da avaliação realizada
no final do ano de 2015.
Para compreender os resultados dessa avaliação, é preciso responder aos seguintes ques-
tionamentos.
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS?
O QUE É AVALIADO NA PROVA FLORIPA?
COMO É A AVALIAÇÃO NA PROVA FLORIPA?
COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DA PROVA FLORIPA?
Uma das dúvidas mais frequentes, quando se fala em avaliação
externa, é: por que avaliar um sistema de ensino, se já existem
as avaliações internas, nas unidades educativas?
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS?
1
Antes de iniciar a elaboração da PROVA FLORIPA, é imprescindí-
vel determinar, com clareza, o que se deseja avaliar.
O QUE É AVALIADO NA PROVA FLORIPA?
Para responder a essa pergunta, é
preciso, em primeiro lugar, diferenciar
avaliação externa de avaliação interna.
Avaliação interna é aquela que
ocorre no âmbito da unidade educati-
va. O educador que elabora, aplica e
corrige diferentes instrumentos avalia-
tivos para, em seguida, analisar seus
resultados faz parte da unidade educa-
tiva em que o processo educacional é
levado a efeito.
A avaliação externa (Provinha Bra-
sil, Prova ANA, Prova Brasil e Prova Flo-
ripa), por sua vez, constitui um procedi-
mento avaliativo baseado na aplicação
de testes e questionários padroniza-
dos, para um grande número de estu-
dantes. Esses testes são elaborados
com tecnologias e metodologias bem
definidas e específicas. A avaliação ex-
terna possibilita verificar a qualidade e
a efetividade do ensino ofertado a uma
determinada população (estado ou mu-
nicípio, por exemplo).
Mas como os dados obtidos por
esse tipo de avaliação podem con-
tribuir para melhorar os processos
educativos, no interior das unidades
educativas, e, consequentemente, os
resultados das redes de ensino? Esse
é um questionamento muito observado
entre as equipes gestoras e pedagó-
gicas das unidades educativas que
recebem os resultados da avaliação
externa.
Tendo como referência a Prova
Floripa, destacamos que é necessá-
rio ter em mente que esta avaliação
tem como objetivo oferecer, por meio
de seus resultados, um importante
subsídio para a tomada de decisões,
inicialmente na esfera das redes de
ensino. Os dados oriundos dos testes
respondidos pelos estudantes formam
um painel que ilustra o que está sendo
ensinado e o que os estudantes estão
aprendendo, em cada componente
curricular e ano avaliado. De posse
dessas informações, os gestores de
rede podem envidar esforços no senti-
do de estabelecer políticas que contri-
buam para a melhoria do desempenho
dos estudantes de toda a rede, e tam-
bém têm a possibilidade de atuar em
casos pontuais.
Além da dimensão da rede de
ensino, as unidades educativas, indivi-
dualmente, podem e devem utilizar os
resultados da avaliação para verificar
o desenvolvimento, pelos estudantes,
das habilidades esperadas para o ano
escolar em que estão inseridos. É re-
levante lembrar que esses resultados
precisam ser pensados à luz dos con-
teúdos curriculares trabalhados pela
unidade educativa: as Matrizes de Re-
ferência da Prova Floripa, base para
a elaboração dos testes, devem estar
relacionadas a esses conteúdos, sem,
no entanto, substituí-los. Pois assim, as
unidades educativas têm a possibilida-
de de observar se o currículo adotado
contempla as habilidades considera-
das mínimas para que os estudantes
consigam caminhar, a cada ano, rumo
à aquisição dos conhecimentos ne-
cessários para se tornarem cidadãos
críticos e conscientes de seu papel na
sociedade.
Verificada a correlação Currículo e
Matriz de Referência (sendo a segunda
uma parte da primeira), gestores, pro-
fessores e equipe pedagógica podem
atuar de diversas maneiras. Algumas
estão indicadas nesta publicação, nas
seções 5 - Como a unidade educativa
pode se apropriar dos resultados da
Prova Floripa? e 6 - Que estratégias
pedagógicas podem ser utilizadas
para desenvolver determinadas habi-
lidades? O importante é descobrir as
estratégias mais adequadas para que
todos os membros da comunidade es-
colar se apropriem dos resultados da
avaliação, compreendendo sua impor-
tância e seu significado para a vida dos
estudantes, e concentrem seus esfor-
ços em levá-los a vencer os obstáculos
apontados por esses resultados.
Essas estratégias passam por um
estudo acurado dos materiais disponi-
bilizados para as unidades educativas:
os conteúdos do site da Prova Floripa,
as revistas de divulgação de resulta-
dos, e os encartes contendo os resul-
tados da unidade educativa, em cada
componente curricular e ano avaliado,
formam um conjunto robusto de infor-
mações que merece atenção e análise.
Esse conjunto foi pensado com
a intenção de fornecer, aos gestores,
professores e equipe pedagógica, o
máximo de elementos para que pos-
sam avaliar como está o desempenho
de seus estudantes e quais são os
pontos que demandam uma atenção
maior, no trabalho desenvolvido no in-
terior da unidade educativa.
Desse modo, fica patente que as
informações obtidas a partir dos testes
da Prova Floripa, isoladamente, não so-
lucionam os problemas da educação, e
nem têm essa pretensão. A trilha que
poderá levar a essa solução é a forma
como os dados serão utilizados. E, nes-
se aspecto, somente os educadores
envolvidos com o processo educacio-
nal poderão estabelecer o melhor ca-
minho a seguir.
As próximas seções têm o objeti-
vo de auxiliá-los nessa trajetória, ofe-
recendo informações relevantes para
que a apropriação e a análise dos re-
sultados da Prova Floripa sejam pro-
dutivas para sua unidade educativa e
para sua prática profissional.
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
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Matriz de Referência
O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?
As Matrizes de Referência indicam as habilidades que
se deseja avaliar nos testes da PROVA FLORIPA. Importa
registrar que as Matrizes de Referência são uma parte do
Currículo, ou proposta curricular: as avaliações externas não
pretendem avaliar o desempenho dos estudantes em todos
os conteúdos presentes no Currículo, mas, sim, nas habili-
dades consideradas fundamentais para que os estudantes
progridam em sua trajetória escolar.
As Matrizes de Referência relacionam os conhecimen-
tos e as habilidades para cada ano escolar avaliado, ou seja,
elas detalham o que será avaliado, tendo em vista as ope-
rações mentais desenvolvidas pelos estudantes em relação
aos conteúdos escolares que podem ser aferidos pelos tes-
tes de proficiência. No que diz respeito à PROVA FLORIPA, o
que será avaliado está indicado nas Matrizes de Referência.
O Tópico ou o Tema agrupam um con-
junto de habilidades, indicadas pelos
descritores, que possuem afinidade
entre si.
Os Descritores descrevem as habili-
dades que serão avaliadas por meio
dos itens que compõem os testes de
uma avaliação externa.
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA — PROVA FLORIPA4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
T2 - APROPRIAÇÃO DO SISTEMA ALFABÉTICO.
C5. Leitura de palavras e frases.
D12 Ler frases.
T3 - LEITURA: COMPREENSÃO, ANÁLISE E AVALIAÇÃO.
C6. Localização de informação explícita em textos.
D13 Localizar informação explícita.
D14 Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador.
C7. Interpretação de informações implícitas em textos.
D15 Inferir informações em textos.
D16 Inferir o sentido de palavra ou expressão a partir do contexto.
D17 Reconhecer o assunto de um texto lido.
D18 Reconhecer efeito de humor.
C8. Coerência e coesão no processamento de textos.
D19 Reconhecer o sentido das relações lógico-discursivas marcados por advérbios e adjuntos adverbiais, etc.
D20 Reconhecer as relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para a sua continuidade.
D21 Identificar efeito de sentido decorrente de recursos gráficos, seleção lexical e repetição.
D22 Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor ou interlocutor de um texto.
T4 - USOS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA.
C9. Implicações do gênero e do suporte na compreensão de textos.
D24 Reconhecer o gênero discursivo.
D25 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Para elaborar os testes da PROVA FLORIPA, é necessário esta-
belecer como se dará esse processo, a partir das habilidades
elencadas nas Matrizes de Referência, e como será o processa-
mento dos resultados.
COMO É A AVALIAÇÃO NA PROVA FLORIPA?
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE MATEMÁTICA — PROVA FLORIPA4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
T1 - ESPAÇO E FORMA.
D01 Identificar a localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras representações gráficas.
D03 Identificar propriedades comuns e diferenças entre poliedros e corpos redondos.
D05 Identificar propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais pelo número de lados e tipos de ângulos.
T2 - GRANDEZAS E MEDIDAS.
D14 Ler horas em relógio de ponteiros ou digital.
D16 Reconhecer e utilizar, em situações problema, as unidades usuais de medida de tempo: dia, semana, mês e ano.
D17 Resolver problema utilizando relações entre diferentes unidades de medida: km/m/cm/mm, t/kg/g/mg, L/mL.
D18 Num problema, estabelecer trocas entre cédulas e moedas do sistema monetário brasileiro, em função dos seus valores.
T3 - NÚMEROS, OPERAÇÕES E ÁLGEBRA.
D23 Identificar a localização de números naturais/inteiros/racionais na reta numérica.
D24 Reconhecer e utilizar características do sistema de numeração decimal, tais como agrupamentos e trocas na base 10 e princípio do valor posicional.
D25 Reconhecer a composição e a decomposição de números naturais nas suas diversas ordens e na sua forma polinomial.
D26 Relacionar números a diferentes representações escritas.
D29 Calcular o resultado de uma adição ou subtração de números naturais.
D30 Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números naturais.
D32 Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes significados das operações de adição e subtração.
D33 Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes significados das operações de multiplicação e divisão.
D37 Resolver problema utilizando a escrita decimal de cédulas e moedas do sistema monetário brasileiro.
T4 - TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO.
D47 Ler informações e dados apresentados em tabela.
D48 Ler informações e dados apresentados em gráficos (particularmente em gráficos de coluna).
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
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Leia o texto abaixo.
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Curaçao, um simpático e colorido paraíso
Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios; ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe.
E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha.
Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari. Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista.
A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações [...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...]
Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP)
(P070105F5) De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha?A) A foca.B) A iguana.C) O golfinho.D) O lagarto.
Item
O que é um item?
O item é uma questão utilizada nos testes das
avaliações externas.
Como é elaborado um item?
O item se caracteriza por avaliar uma única habili-
dade, indicada por um descritor da Matriz de Referência
do teste. O item, portanto, é unidimensional.
Um item é composto pelas seguintes partes:
1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize
recursos cognitivos, visando solucionar o problema apre-
sentado.
2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que ser-
vem de base para a resolução do item. Os itens de Mate-
mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte.
3. Comando – texto necessariamente relacionado à ha-
bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a
tarefa a ser realizada.
4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os
distratores devem referir-se a raciocínios possíveis.
5. Gabarito – alternativa correta.
1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES. 2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE.
20 itens de Língua Portuguesa e 20 itens de Matemática
compõem 1 caderno com 40 itens.
CADERNO DE TESTE
CADERNO DE TESTE
Cadernos de TesteComo é organizado um caderno de teste?
Um caderno de teste é formado por um conjunto de itens elaborados a
partir dos diferentes descritores da Matriz de Referência. Há a preocupação,
ao selecionar esses itens, em cada caderno de teste, que eles apresentem
diferentes graus de dificuldade, permitindo, dessa forma, resultados mais pre-
cisos sobre o desempenho de cada estudante.
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS.
Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desem-
penho dos estudantes submetidos a uma avaliação externa em larga
escala: (a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta
ao Item (TRI).
Os resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são
calculados de uma forma muito próxima às avaliações realizadas pelo
professor em sala de aula. Consistem, basicamente, no percentual de
acertos em relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o
percentual de acerto para cada descritor avaliado.
Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria Clássica dos Testes (TCT)
Teoria de Resposta ao Item (TRI)
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma
medida mais robusta do desempenho dos estudantes, porque leva em consi-
deração um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um valor/
peso diferenciado para cada item que o estudante respondeu no teste de profi-
ciência e, com isso, estimar o que o estudante é capaz de fazer, tendo em vista
os itens respondidos corretamente.
Comparar resultados de di-
ferentes avaliações, como o
Saeb.
Avaliar com alto grau de
precisão a proficiência de
estudantes em amplas
áreas de conhecimento
sem submetê-los a longos
testes.
Ao desempenho do estudante nos testes
padronizados é atribuída uma proficiên-
cia, não uma nota.
Não podemos medir diretamente o conhecimento ou
a aptidão de um estudante. Os modelos matemáticos
usados pela TRI permitem estimar esses traços não
observáveis.
A TRI nos permite:
Comparar os resultados en-
tre diferentes anos, como o
início e fim do Ensino Fun-
damental.
A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos estudantes,
de acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos itens.
Parâmetro A
DiscriminaçãoCapacidade de um item de discri-
minar os estudantes que desen-
volveram as habilidades avaliadas
e aqueles que não as desenvol-
veram.
Parâmetro B
Dificuldade
Mensura o grau de dificuldade dos
itens: fáceis, médios ou difíceis.
Os itens são distribuídos de forma
equânime entre os diferentes ca-
dernos de testes, o que possibilita a
criação de diversos cadernos com
o mesmo grau de dificuldade.
Parâmetro C
Acerto ao acaso
Análise das respostas do estudan-
te para verificar o acerto ao acaso
nas respostas.
Ex.: O estudante errou muitos itens
de baixo grau de dificuldade e acer-
tou outros de grau elevado (situa-
ção estatisticamente improvável).
O modelo deduz que ele respon-
deu aleatoriamente às questões e
reestima a proficiência para um ní-
vel mais baixo.
Que parâmetros são esses?
A proficiência relaciona o conhecimento do es-
tudante com a probabilidade de acerto nos itens
dos testes.
Cada item possui um grau de difi-
culdade próprio e parâmetros di-
ferenciados, atribuídos através do
processo de calibração dos itens.
22 23
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Escala de ProficiênciaLíngua Portuguesa
O QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
A Escala de Proficiência tem o objetivo de traduzir me-
didas de proficiência em diagnósticos qualitativos do de-
sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do
professor com relação às competências que seus estudan-
tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es-
pécie de régua em que os valores de proficiência obtidos
são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam
o grau de desenvolvimento das habilidades para os estu-
dantes que alcançaram determinado Nível de Desempenho.
Os resultados dos estudantes nas avaliações externas
da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente são in-
seridos em uma mesma Escala de Proficiência, estabelecida
pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(Saeb). Como permitem ordenar os resultados de desem-
penho, as Escalas são ferramentas muito importantes para a
interpretação desses resultados.
Os professores e toda a equipe pedagógica da unidade
educativa podem verificar as habilidades já desenvolvidas
pelos estudantes, bem como aquelas que ainda precisam
ser trabalhadas, em cada ano de escolaridade avaliado,
por meio da interpretação dos intervalos da Escala. Desse
modo, os educadores podem focalizar as dificuldades dos
estudantes, planejando e executando novas estratégias
para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem.
A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.
Abaixo do Básico
Básico
Proficiente
Avançado
*As habilidades envolvidas nessas competências não são avaliadas neste ano de escolaridade.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras * Reconhece convenções gráficas * Manifesta consciência fonológica * Lê palavras D12 Localiza informação D13 Identifica tema * Realiza inferência D15/D16/ D17/D18/D21 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D24/D25 Estabelece relações lógico-discursivas D19 Identifica elementos de um texto narrativo D14 Estabelece relações entre textos D20 Distingue posicionamentos * Identifica marcas linguísticas D22
PADRÕES DE DESEMPENHO - 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
PROCESSAMENTO DO TEXTO
24 25
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
MatemáticaA gradação das cores indica a complexidade da tarefa.
Abaixo do Básico
Básico
Proficiente
Avançado
*As habilidades envolvidas nessas competências não são avaliadas neste ano de escolaridade.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Localizar objetos em representações do espaço. D01 Identificar figuras geométricas e suas propriedades. D03 e D05. Reconhecer transformações no plano. * Aplicar relações e propriedades. * Utilizar sistemas de medidas. D14, D16, D17 e D18. Medir grandezas. * Estimar e comparar grandezas. * Conhecer e utilizar números. D23, D24, D25 e D26. Realizar e aplicar operações. D29, D30, D32, D33 e D37. Utilizar procedimentos algébricos. * Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos.
D47 e D48. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade. *
PADRÕES DE DESEMPENHO - 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
ESPAÇO E FORMA
GRANDEZAS E MEDIDAS
NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E
FUNÇÕES
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Na primeira coluna da Escala, são apresentados
os grandes Domínios do conhecimento, para toda a
Educação Básica. Esses Domínios são agrupamentos
de competências que, por sua vez, agregam as habi-
lidades presentes na Matriz de Referência. Nas colu-
nas seguintes são apresentadas, respectivamente, as
competências presentes na Escala de Proficiência e
os descritores da Matriz de Referência a elas relacio-
nados.
Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade
das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da
Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as
habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que
oriente o planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em
sala de aula.
Primeira
COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
As competências estão dispostas nas várias linhas
da Escala. Para cada competência, há diferentes graus
de complexidade, representados por uma gradação de
cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a
cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da
competência, passando pelas cores/níveis intermediá-
rios e chegando ao nível mais complexo, representado
pela cor mais escura.
AS INFORMAÇÕES PRESENTES NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA PODEM SER INTERPRETADAS DE TRÊS FORMAS:
Ler a Escala por meio dos Padrões
e Níveis de Desempenho, que apresen-
tam um panorama do desenvolvimento
dos estudantes em determinados inter-
valos. Assim, é possível relacionar as
habilidades desenvolvidas com o per-
centual de estudantes situado em cada
padrão.
Interpretar a Escala de Proficiência
a partir do desempenho de cada ins-
tância avaliada: município e unidade
educativa. Desse modo, é possível re-
lacionar o intervalo em que a unidade
educativa se encontra ao das demais
instâncias.
Segunda Terceira
Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa
escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada
intervalo corresponde a um nível e um conjunto de nível, forma um Padrão de
Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Educação de Flo-
rianópolis (SME) e representados em tons de verde. Eles trazem, de forma sucinta,
um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a partir do
conjunto de habilidades que desenvolveram.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras * Reconhece convenções gráficas * Manifesta consciência fonológica * Lê palavras D12
PADRÕES DE DESEMPENHO - 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Padrões de Desempenho do Estudante
O QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO?
Os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências e
habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinado ano de escolaridade,
em um componente curricular / área de conhecimento específica.
Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Escala
de Proficiência (vide p. 24 a 25). Esses intervalos são denominados Níveis de De-
sempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho.
Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de De-
sempenho do 4º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa e Matemática,
de acordo com a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas
Pedagógicas da Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados da PROVA
FLORIPA 2015.
Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanhados
por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que padrão a unidade edu-
cativa, a turma e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verificar
quais são as habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção.
Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para o ano
de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os estudan-
tes que se encontram nesse Padrão de Desempenho, deve ser dada
atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por parte
da instituição escolar.
Padrão de Desempenho básico, caracterizado por um processo inicial
de desenvolvimento das competências e habilidades corresponden-
tes ao ano de escolaridade e área do conhecimento avaliadas.
Padrão de Desempenho adequado para o ano e área do conhecimen-
to avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão, demons-
tram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes ao ano de
escolaridade em que se encontram.
Padrão de Desempenho desejável para a ano e área de conhecimento
avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão demonstram
desempenho além do esperado para o ano de escolaridade em que
se encontram.
Língua Portuguesaaté 125 pontos
Matemáticaaté 125 pontos
Língua Portuguesade 125 até 150 pontos
Matemáticade 125 até 175 pontos
Língua Portuguesade 150 até 225 pontos
Matemáticade 175 até 225 pontos
Língua PortuguesaAcima de 225 pontos
MatemáticaAcima de 250 pontos
ABAIXO DO BÁSICO
BÁSICO
PROFICIENTE
AVANÇADO
ABAIXO DO BÁSICO - LÍNGUA PORTUGUESA
Os estudantes que se encontram no Padrão de Desempenho Abaixo do Básico apresentam manifestações de habi-
lidades relacionadas à apropriação do sistema alfabético, como também aos processos iniciais de leitura. Dado o caráter
inicial do processo de alfabetização, esses estudantes necessitam de uma intervenção pedagógica focalizada tanto em
tarefas que possibilitem o desenvolvimento das habilidades do tópico da Matriz de Referência denominado Apropriação do
sistema alfabético como àquelas que dizem respeito ao tópico Leitura: compreensão, análise e avaliação.
Neste padrão, os estudantes que se encontram entre 100 a 125 pontos da Escala de Proficiência ampliam as habilida-
des relacionadas à apropriação do sistema de escrita, já que leem frases com estruturas sintáticas simples e complexa. Tais
estudantes identificam a finalidade de textos que apresentam formas estáveis veiculadas no cotidiano, como, por exemplo,
convite e receita.
Até 125 pontos
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 25 50 75 100 125
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
BÁSICO - LÍNGUA PORTUGUESA
Além das habilidades descritas anteriormente, os estudantes que se encontram no padrão Básico, no intervalo de 125
a 150 pontos, localizam informações em textos curtos, como bilhetes, avisos, receitas, convites e fábulas. Neste nível, há a
ampliação da habilidade de identificar a finalidade de textos de gêneros variados, como bilhete e cartaz, por exemplo. Esses
estudantes interpretam textos não verbais e inferem o sentido de palavras e/ou expressões. Cabe destacar, sobretudo, a
ocorrência da capacidade de realizar inferências em textos verbais. Esses estudantes conseguem, ainda, identificar o as-
sunto de textos curtos quando indicado no título, apoiando-se em pistas textuais.
Neste intervalo, percebem efeitos de sentido produzidos em textos com humor, marcando a presença de habilidades
mais sofisticadas nos Padrões seguintes.
Esse item avalia a habilidade de inferir informações em textos. Nesse caso,
a inferência deve ser realizada a partir da leitura de uma História em Quadrinhos
que conjuga linguagem verbal e não verbal.
Para inferir corretamente a informação solicitada pelo item, o estudante pre-
cisa ler o texto da esquerda para a direita e de cima para baixo, articulando as in-
formações presentes em cada cena, atentando-se ao encadeamento da história.
Os estudantes que escolheram como resposta a alternativa D, o gabarito,
conseguiram compreender o texto, inferindo que Ruth é o sapo que está em
cima da cabeça do pássaro.
Leia o texto abaixo.
LAERTE, Folha de São Paulo. Folhinha. 23 fev. 2013. p. 8. (P042234E4_SUP)
(P042234E4) Nesse texto, onde está a Ruth?A) Atrás da pedra.B) Dentro do cano.C) Em cima da árvore.D) Na cabeça do pássaro.
De 125 a 150 pontos
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 125 150
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
PROFICIENTE - LÍNGUA PORTUGUESA
Os estudantes que se encontram no Padrão de Desempenho Proficiente, no intervalo de 150 a 225 pontos da Escala
de Proficiência, ampliam as habilidades de localizar informação explícita em texto verbal, neste caso, de extensão mediana;
de reconhecer o assunto de um texto; de identificar a finalidade de textos que circulam em diferentes esferas sociais, como
curiosidade, por exemplo. Além dessas habilidades, identificam o gênero de textos como, bilhete, lista e fábula.
Neste padrão, no intervalo de 175 a 200 pontos da Escala de Proficiência, os estudantes são considerados alfabetiza-
dos, devido à ampliação das capacidades cognitivas referentes ao processo de interpretação. Esses estudantes realizam
estratégias de leitura, localizando informações explícitas em textos mais extensos, em que a informação se encontra de
forma literal, e reconhecem gêneros discursivos, como, por exemplo, anúncio e cartaz. Tais estudantes interpretam textos
que conjugam linguagem verbal e não verbal.
No que se refere ao processamento de textos, constata-se a ocorrência do estabelecimento da relação de causa e
consequência entre partes e elementos do texto e outras relações lógico-discursivas, como a identificação do tempo e do
lugar. Além disso, identificam o espaço e o conflito gerador de uma narrativa curta.
Esse item avalia a habilidade de identificar a finalidade de textos de diferen-
tes gêneros, nesse caso, um texto informativo sobre um pássaro chamado arara
maracanã-verdadeira. Tal habilidade se faz importante uma vez que oportuniza o
conhecimento de diferentes gêneros e da função comunicativa dos textos que
circulam em diversas esferas sociais. Além disso, contribui para a ampliação das
estratégias de leitura do estudante.
Para resolver a tarefa proposta pelo item, o estudante precisa realizar toda
a leitura do texto, atentando-se para as pistas que irão colaborar para a iden-
tificação da finalidade do texto e, consequentemente, para sua caracterização
enquanto gênero de divulgação científica.
Os estudantes que assinalaram a alternativa B, o gabarito, desenvolveram a
habilidade avaliada pelo item, reconhecendo que a função do texto apresentado
como suporte é informar sobre um pássaro chamado arara maracanã-verdadeira,
o que demonstra que esses estudantes conseguem interagir com textos de es-
trutura mais complexa e de temática menos familiar.
Leia o texto abaixo.
Você já ouviu falar de um pássaro chamado arara maracanã-verdadeira? Pode parecer, por causa do nome, mas ela não vive em estádios de futebol. Essa arara pequenininha e simpática, que parece um papagaio, gosta de morar perto de rios em florestas da Mata Atlântica, no Cerrado e na Caatinga.
Ela também é conhecida como ararinha, arara-pequena e papagaio-de-cara-branca, mas seu nome científico é Primolius maracana. O pássaro é da mesma família dos papagaios e o que diferencia a arara maracanã de seus “parentes” tagarelas é a cauda longa e pontuda que ela tem.
Verde, com algumas manchas vermelhas nas costas e na barriga, azul na parte de cima e na cabeça, e com a cara branca e sem penas, a ararinha gosta de comer vegetais da mesma cor de seu corpo como castanha do cajueiro, feijão e milho, além de pinhão, umburana, umbuzeiro, braúna e fruto do algodão.
Hoje em dia, a arara maracanã verdadeira corre o risco de desaparecer por causa do desmatamento, que diminui os lugares onde ela pode morar e encontrar comida, e de caçadores que capturam a ave para vender.
Disponível em: <http://criancas.uol.com.br/novidades/2012/08/20/ela-parece-um-papagaio-tem-nome-de-estadio-de-futebol-mas-e-uma-arara.jhtm>. Acesso em: 27 ago. 2012. Fragmento. (P040444E4_SUP)
(P040444E4) Esse texto serve paraA) contar uma história.B) dar uma informação. C) divulgar um evento.D) vender um animal.
De 150 a 225 pontos
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 150 175 200 225
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
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AVANÇADO - LÍNGUA PORTUGUESA
Os estudantes que se encontram neste padrão desenvolveram habilidades que superam aquelas esperadas para o
período de escolaridade em que se encontram. O que evidencia essa ampliação cognitiva, diferenciando-os daqueles que
estão localizados nos padrões anteriores, é a capacidade de interagir com textos de estrutura mais complexa e de temática
menos familiar.
Observa-se que, a partir de 225 pontos da Escala de Proficiência, os estudantes ampliam as habilidades descritas
anteriormente, com destaque para o aumento da complexidade das tarefas que realizam, como, por exemplo, identificar
o conflito gerador do enredo de textos verbais mais longos. Observa-se, ainda, avanços nas habilidades relacionadas à
inferência de textos verbais e do sentido de palavra e expressão, assim como daquelas que se relacionam à localização de
informações explícitas em um texto verbal longo, de forma parafraseada. Além disso, neste intervalo, os estudantes reco-
nhecem o efeito de sentido decorrente de recursos gráficos, seleção lexical e repetição.
Quanto à capacidade de reconhecimento de marcas linguísticas, esses estudantes demonstram avanços no que se
refere à identificação de expressões próprias das linguagens que evidenciam locutor e interlocutor de um texto.
Esse item avalia a habilidade de reconhecer os elementos que compõem
uma narrativa, nesse caso o conflito gerador. É uma habilidade importante para
o processo de compreensão textual dos gêneros narrativos, exigindo que o es-
tudante atente-se para elementos como personagem principal, tempo, espaço e
conflito gerador.
Para responder corretamente o item, o estudante deve ler o texto de forma
global, compreender a sequência dos fatos e identificar o conflito gerador, ou
seja, o fato que desencadeou os acontecimentos da história.
Os estudantes que optaram pela alternativa C, o gabarito, desenvolveram
a habilidade avaliada pelo item, reconhecendo que o fato de Greg ter achado
um passarinho caído do ninho foi o que fez com que essa história acontecesse,
diferenciando esse acontecimento de outros ocorridos na história, descritos nas
demais alternativas.
Aqueles cuja proficiência encontra-se no nível de 200 a 225 pontos da Escala de Proficiência ampliam a habilidade
relacionada ao processamento do texto de identificar elementos da narrativa, localizando as relações de tempo. Quanto
às estratégias de leitura, os estudantes ampliam as habilidades de identificar o gênero e a finalidade de textos diversos.
Além disso, percebe-se que esses estudantes ampliam a competência de estabelecer relações lógico-discursivas en-
tre partes de um texto, uma vez que conseguem realizar operações de retomada de informações por meio de pronomes
pessoais do caso reto e substituição lexical.
Leia o texto abaixo.
Greg e o passarinho
Ontem à tarde, Greg foi ao bosque para juntar cogumelos. Depois de ter recolhido alguns, resolveu voltar para que a mãe fizesse uma omelete para o jantar. No caminho de retorno, ele achou um passarinho caído do ninho, parecendo ter a pata machucada. Greg o envolveu em sua blusa. Chegando à sua casa, ele mostrou o passarinho ao papai e à mamãe: “Olhem, ele está ferido. Precisamos tratá-lo!”. “Venha” – disse a mãe – “Vamos fazer uma caminha para ele [...]. Você lhe dará um pouco do miolo de pão ensopado na água.” Nesta manhã, o passarinho parecia totalmente reavivado.
Greg o levou até o seu ninho e depois foi para a escola com pena, porque queria ficar com o passarinho em casa, talvez, numa gaiola. “Não” – pensou o menino – “Foi melhor assim, pois o bichinho ficaria infeliz demais.” Depois da aula, Greg [...] viu o pássaro bem pertinho, sobre um portão. Greg parou, pensando que o animal ia fugir, mas não. O pássaro pulou [...] bastante contente. Greg se aproximou [...] e teve uma ideia. Na sua bolsa, sobrara ainda um pouco do seu lanche. Ele esmigalhou o pão e estendeu sua mão aberta.
O passarinho hesitou, virou-se, e então, depressa, bicou uma migalha minúscula antes de sair voando para um galho baixo.
MURAT, D’Annie. 365 histórias para cada dia do ano. Tradução: Martim G. Wollstein. Blumenau: Blu Editora, 2010. p. 41. Fragmento. (P042325E4_SUP)
(P042325E4) O que fez com que essa história acontecesse?A) A mãe de Greg cuidar do passarinho.B) A mãe de Greg fazer omelete para o jantar.C) Greg achar um passarinho caído do ninho.D) Greg levar cogumelos para o jantar. Acima de 225 pontos
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Identifica letras Reconhece convenções gráficas Manifesta consciência fonológica Lê palavras Localiza informação Identifica tema Realiza inferência Identifica gênero, função e destinatário de um texto Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos Identifica marcas linguísticas
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
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ABAIXO DO BÁSICO - MATEMÁTICA
As habilidades matemáticas que se evidenciam neste Padrão de Desempenho são elementares para esse período de
escolarização. No Campo Numérico, os estudantes demonstram ter desenvolvido a habilidade de localizar números naturais
na reta numérica, reconhecer o valor posicional dos algarismos de um número, calcular adição com números de até três
algarismos e resolver problemas envolvendo adição ou subtração.
No campo Grandezas e Medidas, eles demonstram estabelecer relação entre diferentes unidades monetárias (repre-
sentando um mesmo valor ou uma situação de troca, incluindo a representação dos valores por numerais decimais) em
diversos contextos sociais.
No Campo Geométrico, eles reconhecem a forma do círculo, do retângulo e do quadrado. Já no Campo Tratamento
da Informação, esses estudantes leem informações em tabelas de coluna única e identificam informações em gráficos de
colunas simples. Cabe ressaltar que a leitura de informações em tabela, nesse padrão, não requer necessariamente que
haja a compreensão da relação entre dados e informações.
O desafio que se coloca nessa fase é o de viabilizar condições para que os estudantes possam encontrar significado
para cada objeto matemático de seu estudo. É preciso levá-los a compreender o espaço em que vivem, por meio da per-
cepção, do sentido e da movimentação no espaço em que ocupam. Da mesma forma, é importante trabalhar mecanismos
que lhes permitam relacionar informações que circulam em diferentes esferas sociais e mobilizar conhecimentos de forma
autônoma para interpretar a diversidade matemática que constitui/integra/estrutura a sociedade.
Esse item avalia a habilidade de identificar marcas linguísticas que eviden-
ciam o locutor ou interlocutor de um texto. O texto que dá suporte ao item é
da ordem do instruir, o que exige do estudante atenção a determinadas marcas
linguísticas presentes nas orientações para identificar a quem o texto se dirige,
o interlocutor.
Para acertar esse item, os estudantes devem ficar atentos a trechos como
“Peça ajuda para um adulto”, que se caracterizam como pistas essenciais ao re-
conhecimento de que o texto foi escrito para uma criança.
Os estudantes que escolheram a alternativa D, o gabarito, desenvolveram a
habilidade avaliada, identificando entre as alternativas de possíveis interlocutores
para esse tipo gênero, que essa receita se destina a crianças.
Leia o texto abaixo.
Pipoca para todo mundo
A pipoca, guloseima ótima para acompanhar um bom filme, também tem seu brilho nas festas de aniversário.
Material necessário• 3 colheres (sopa) de óleo;• Meia xícara (chá) de milho de pipoca;• 1 panela especial para fazer pipoca (pipoqueira).
Como fazerPeça ajuda para um adulto, pois você vai usar o fogão. Coloque a pipoqueira
no fogo alto e deixe esquentar bem. Adicione o óleo e continue esquentando. Quando o óleo estiver bem quente (muito cuidado nessa hora), acrescente o milho e misture bem até ficar dourado. Quando ouvir o primeiro estouro, tampe rapidamente a pipoqueira e mexa com auxílio de sua alça – ela fica no meio da tampa e parece uma manivela – até estourar todo o milho ou você não escutar mais nenhum barulho. Huumm... Está sentindo o cheirinho?
SILVA, Joab Trajano. Revista Ciência Hoje das crianças, ano 26, n. 244. abr. 2013. p. 7. (P042636E4_SUP)
(P042636E4) Esse texto foi escrito paraA) um adolescente.B) um professor.C) uma cozinheira.D) uma criança.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 25 50 75 100 125
Localizar objetos em representações do espaço. Identificar figuras geométricas e suas propriedades. Reconhecer transformações no plano. Aplicar relações e propriedades. Utilizar sistemas de medidas. Medir grandezas. Estimar e comparar grandezas. Conhecer e utilizar números. Realizar e aplicar operações. Utilizar procedimentos algébricos. Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas
e gráficos. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade.
ESPAÇO E FORMA
GRANDEZAS E MEDIDAS
NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
Até 125 pontos
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BÁSICO - MATEMÁTICA
Neste padrão, as habilidades matemáticas que mais se evidenciam são as relativas aos significados atribuídos aos
números naturais, seja em um contexto social ou escolar. Os estudantes que se encontram neste padrão demonstram reco-
nhecer e utilizar características do Sistema de Numeração Decimal, tais como o princípio do valor posicional, a escrita por
extenso de números e sua composição ou decomposição em dezenas e unidades, além de compreender o significado do
algoritmo da subtração de números de até quatro algarismos, da multiplicação com número de dois algarismos e da divisão
exata por números de um algarismo. Os estudantes deste padrão também são capazes de resolver problemas envolvendo
a escrita decimal de cédulas e moedas do Sistema Monetário Brasileiro.
No Campo Geométrico, eles reconhecem um número maior de figuras bidimensionais pelo número de lados e pelo
ângulo reto, diferenciam entre os diversos sólidos aqueles com superfícies arredondadas, além de identificar a localização e
a movimentação de objetos em representações do espaço, com base em referencial igual ou diferente da própria posição.
No Campo Tratamento da Informação, esses estudantes começam a ler informações em tabelas de dupla entrada e
interpretar informações em um gráfico de coluna, por meio da leitura de valores do eixo vertical. Essa leitura é muitas vezes
caracterizada pela percepção da altura da coluna, embora já se constate a leitura de valores no eixo vertical.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes identificarem dados apresen-
tados em um gráfico de colunas simples.
Para resolvê-lo, os estudantes devem compreender que o estilo musical que
recebeu o maior número de votos é aquele cuja altura da coluna do gráfico é a
mais alta, ou seja, a coluna relacionada ao estilo musical samba. Os estudantes
que marcaram a alternativa C, possivelmente, desenvolveram a habilidade ava-
liada pelo item.
(M040112E4) Os alunos da professora Solange fi zeram uma pesquisa sobre o estilo musical preferido de todos os alunos da escola. No gráfi co abaixo, está representado o resultado dessa pesquisa, na qual cada aluno optou por um único estilo musical.
Samba Pagode
De acordo com esse gráfi co, qual estilo musical recebeu o maior número de votos nessa pesquisa?A) Axé.B) Pagode.C) Samba.D) Sertanejo.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 125 150 175
Localizar objetos em representações do espaço. Identificar figuras geométricas e suas propriedades. Reconhecer transformações no plano. Aplicar relações e propriedades. Utilizar sistemas de medidas. Medir grandezas. Estimar e comparar grandezas. Conhecer e utilizar números. Realizar e aplicar operações. Utilizar procedimentos algébricos. Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas
e gráficos. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade.
De 125 a 175 pontos
ESPAÇO E FORMA
GRANDEZAS E MEDIDAS
NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
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PROFICIENTE - MATEMÁTICA
Neste padrão há maior expansão do conhecimento matemático necessário ao ano, tanto no que tange à ampliação
do leque de habilidades relativas à resolução de problemas quanto na complexidade que exige dos estudantes melhor
desempenho ao lidar com o Sistema de Numeração Decimal. Os estudantes demonstram reconhecer a composição ou
decomposição polinomial de um número, calcular o resultado de uma divisão por números de até dois algarismos, inclusive
com resto e uma multiplicação cujos fatores são números de dois algarismos, e identificar números naturais em um intervalo
dado. Eles, ainda, resolvem problemas envolvendo diferentes significados da adição e da subtração, de multiplicação envol-
vendo a ideia de combinação ou configuração retangular e, também, envolvendo mais de uma operação.
No campo Tratamento da Informação, são capazes de localizar informações em gráficos de colunas duplas.
Quanto ao campo Grandezas e Medidas, os estudantes que se encontram neste padrão são capazes de ler horas e
minutos em relógio de ponteiros, em situações mais gerais. Assim como no nível anterior, sabem relacionar dias e semanas
e horas e minutos, mas avançam para outras unidades como meses, trimestres e anos, e sabem, também, efetuar cálculos
simples com essas unidades de medida de tempo. Eles resolvem problemas envolvendo conversão de unidades de me-
dida de massa (kg/g), tempo (dias/anos), comprimento (m/km) e capacidade (mL/ L). Além disso, reconhecem as cédulas do
Sistema Monetário Nacional e estabelecem trocas de cédulas e moedas em situações menos familiares.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes associarem um número natu-
ral à sua escrita por extenso.
Para resolvê-lo, eles precisam ter conhecimento do Sistema de Numeração
Decimal e reconhecer que o número noventa e quatro é formado por dois alga-
rismos distintos (9 e 4), em que o algarismo 9 ocupa a ordem das dezenas, com
valor posicional igual a noventa, e o algarismo 4 ocupa a ordem das unidades,
com valor posicional igual a quatro. Logo, a representação desse número é 94
e os estudantes que marcaram a alternativa C, provavelmente, desenvolveram a
habilidade avaliada pelo item.
(M020441E4) Joana foi a uma loja de brinquedos e gastou noventa e quatro reais.Quantos reais Joana gastou nessa loja?
4
90
94
904
As habilidades pertinentes ao Campo Grandezas e Medidas também aparecem neste padrão, demonstrando que os
estudantes compreendem o procedimento para medir o comprimento de um objeto com a utilização da régua graduada e
relacionam metros com centímetros. Quanto à grandeza tempo, conseguem ler horas e minutos em relógio digital e ponteiro
e relacionam dias, semanas, horas e minutos. Além disso, também conseguem reconhecer as cédulas do Sistema Monetário
Brasileiro que representam uma quantia de dinheiro inteiro, sem centavos.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 175 200 225 250
Localizar objetos em representações do espaço. Identificar figuras geométricas e suas propriedades. Reconhecer transformações no plano. Aplicar relações e propriedades. Utilizar sistemas de medidas. Medir grandezas. Estimar e comparar grandezas. Conhecer e utilizar números. Realizar e aplicar operações. Utilizar procedimentos algébricos. Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas
e gráficos. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade.
De 175 a 250 pontos
ESPAÇO E FORMA
GRANDEZAS E MEDIDAS
NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
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AVANÇADO - MATEMÁTICA
As habilidades matemáticas características deste padrão exigem dos estudantes um raciocínio numérico e geométri-
co mais avançado para a resolução de problemas. Eles resolvem problemas de multiplicação em situação combinatória;
simples de contagem, envolvendo o princípio multiplicativo; envolvendo divisão de números naturais e envolvendo soma e
subtração de números racionais, na forma decimal, envolvendo o Sistema Monetário Brasileiro e problemas.
No Campo Geométrico, constata-se que esses estudantes identificam elementos de figuras tridimensionais, reconhe-
cem o quadrado fora da posição usual, identificam a localização de um objeto, tendo por referência pontos com posição
opostas à sua e envolvendo combinações, além de identificar poliedros e corpos redondos.
Neste padrão, os estudantes realizam conversão e soma de medidas de comprimento (m/km) e massa (g/kg), estimam
medidas de grandeza, utilizando unidades de medida convencionais (L) e resolvem problemas de situações de troco, envol-
vendo um número maior de informações e operações.
Os estudantes que se encontram neste padrão consolidaram as habilidades relativas ao Campo Tratamento da Infor-
mação dos Padrões anteriores a este, demonstrando ser capazes de fazer leituras e interpretação de tabelas de até dupla
entrada e gráficos de colunas.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes lerem horas em um relógio
analógico.
Para resolvê-lo, eles precisam reconhecer o significado dos ponteiros no
relógio, ou seja, saber que o ponteiro pequeno marca as horas e o ponteiro
grande, os minutos. Também é necessário compreender que um ciclo completo
realizado pelo ponteiro grande equivale a 60 minutos, os quais se encontram
divididos em 12 partes iguais. No caso desse item, observando as posições dos
ponteiros, o horário marcado é 8 horas. Os estudantes que marcaram a alternati-
va A, provavelmente, desenvolveram a habilidade avaliada pelo item.
Em relação ao padrão anterior, constata-se que no Campo Geométrico esses estudantes identificam os triângulos, os
quadriláteros, os pentágonos, os hexágonos e os círculos. Eles, também, demonstram ter mobilizado estruturas que os per-
mitiram transitar, cognitivamente, do espaço tridimensional para o plano, percebendo características e propriedades relativas
às planificações de um cubo e de um cilindro dado em situação contextualizada, além de identificar propriedades comuns
e diferenças entre os sólidos geométricos por meio do número de faces, como, também, identificam a localização ou movi-
mentação de objetos em representações gráficas situadas em referencial diferente do estudante.
(M031807E4) O relógio abaixo está marcando o horário em que Paula foi ao teatro.
Em qual horário Paula foi ao teatro?A) 8 horas.B) 8 horas e 12 minutos.C) 12 horas.D) 12 horas e 8 minutos.
DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500
Localizar objetos em representações do espaço. Identificar figuras geométricas e suas propriedades. Reconhecer transformações no plano. Aplicar relações e propriedades. Utilizar sistemas de medidas. Medir grandezas. Estimar e comparar grandezas. Conhecer e utilizar números. Realizar e aplicar operações. Utilizar procedimentos algébricos. Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas
e gráficos. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade.
Acima de 250 pontos
ESPAÇO E FORMA
GRANDEZAS E MEDIDAS
NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
44 45
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
4
COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DA PROVA
FLORIPA?
Realizado o processamento dos testes, ocorre a divulgação dos
resultados obtidos pelos estudantes.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes resolverem problema envol-
vendo a conversão de unidades de medida de comprimento.
Para resolvê-lo, eles devem estabelecer a relação entre metro e centímetro,
percebendo que 1 m é igual a 100 cm e, portanto, 2 m correspondem a 200 cm.
Os estudantes que marcaram a alternativa C, possivelmente, desenvolveram a
habilidade avaliada pelo item.
(M040083BH) A cama de Rafael tem 2 m de comprimento.Qual é o comprimento, em centímetros, da cama de Rafael?A) 2B) 20C) 200D) 2 000
46
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
5
Apresentamos, a seguir, um Estudo de Caso de apropriação
dos resultados da avaliação externa. Este estudo representa
uma das diversas possibilidades de trabalho com os resultados,
de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar.
COMO A UNIDADE EDUCATIVA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA
PROVA FLORIPA?
O processo de avaliação externa da Prova Floripa não acaba
quando os resultados chegam à unidade educativa. Ao contrário,
a partir desse momento toda a unidade educativa deve analisar
as informações recebidas, para compreender o diagnóstico pro-
duzido sobre a aprendizagem dos estudantes. Em continuidade,
é preciso elaborar estratégias que visem à garantia da melhoria
da qualidade da educação ofertada pela unidade educativa, ex-
pressa na aprendizagem de todos os estudantes.
Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, profes-
sores, equipe pedagógica e famílias – devem se apropriar dos
resultados produzidos pela Prova Floripa, incorporando-os à dis-
cussão sobre as práticas desenvolvidas pela unidade educativa.
O encarte de divulgação dos resultados da unidade educa-
tiva traz uma sugestão de roteiro para a leitura dos resultados
obtidos pelas avaliações da Prova Floripa. Esse roteiro pode
ser usado para interpretar os resultados divulgados no Portal
da Avaliação http://www.provafloripa.caedufjf.net/ e no encarte
Escola à vista!
48
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
“ [...] sempre se preocupou em se informar sobre os
assuntos relacionados à educação, mas o tema avaliação externa não fora discutido [...]
sanimassem e atrapalhassem seus
trabalhos. Nesse percurso, ela ouviu
diferentes histórias e opiniões de
seus colegas de trabalho, algumas
um pouco desanimadoras, mas ou-
tras bem estimulantes.
Juliana era professora da turma
do 3º ano do Ensino Fundamental e,
apesar de todas as dificuldades en-
contradas, julgou que o seu trabalho
estava sendo desenvolvido com êxi-
to, uma vez que estava cumprindo o
seu papel, independente das barrei-
ras no caminho. Mas ela tinha cons-
ciência de que, mesmo com toda a
sua dedicação e empenho, seus es-
tudantes ainda apresentavam muitas
dificuldades, e estavam muito aquém
daquilo que era esperado deles no
3º ano do Ensino Fundamental.
No mês de abril do seu primeiro
ano na unidade educativa, Juliana
foi convidada para participar de uma
reunião sobre o programa de avalia-
ção municipal que já existia há três
anos na rede. Juliana conhecia pou-
co sobre avaliação externa, sabia de
algumas avaliações nacionais, como
a Avaliação Nacional da Alfabetiza-
ção (ANA) e a Prova Brasil, mas não
conhecia qual era o objetivo dessas
avaliações, nem a metodologia uti-
lizada. Sua reação, a princípio, foi
questionar o porquê de mais uma
prova, sendo que já existiam outras.
Como essa avaliação poderia aju-
dar, sendo que ela já sabia a situa-
ção de seus estudantes? Será que
a intenção era avaliar o desempe-
nho dos professores? Além de seus
próprios questionamentos, Juliana
começou a ouvir o questionamen-
to de seus colegas que já estavam
na rede desde o surgimento do
programa de avaliação municipal, e
a cada fala ficava mais apreensiva
com o objetivo daquela avaliação.
A preocupação de Juliana justifica-
va-se pelo fato de ela mesma saber
que seus estudantes apresentavam
dificuldades e, portanto, não teriam,
dependendo da avaliação, um ren-
dimento satisfatório. Ela seria punida
por isso? Seria vista pelos seus cole-
gas como uma má profissional?
Desde o início da faculdade,
Juliana sempre se preocupou em
informar-se sobre os assuntos rela-
cionados à educação, mas o tema
avaliação externa não havia sido
discutido durante o curso, e ela pou-
co tinha ouvido falar sobre esse as-
sunto. Por isso, apesar de não acre-
ditar que a reunião seria produtiva,
pois na maior parte das vezes, as re-
uniões viravam grandes discussões,
Juliana resolveu participar, com a in-
tenção de esclarecer suas dúvidas
iniciais e, também, para conhecer
melhor o programa de avaliação.
Na reunião, conduzida pela su-
pervisora escolar Rita, foi possível
perceber que grande parte dos pro-
fessores, apesar de estar na unidade
educativa havia bastante tempo, não
estava envolvida com o programa. E
foi abordando essa situação que Rita
iniciou sua fala, demonstrando preo-
cupação com o pouco engajamento
de sua equipe com a avaliação e, tam-
bém, com a mudança negativa nos re-
sultados de um ano para o outro.
A supervisora escolar sabia de
todas as dificuldades enfrentadas
pela unidade educativa e pelos
seus professores, principalmente as
relacionadas ao pouco envolvimen-
to familiar e às condições socioe-
conômicas da comunidade. Além
disso, existiam algumas dificuldades
em relação ao planejamento esco-
lar. O PPP, importante documento de
gestão dos resultados de aprendi-
zagem, por meio da projeção, da or-
ganização, e acompanhamento de
todo o universo escolar, encontra-
va-se desatualizado. Os professores
não tinham o costume de consultar
a proposta curricular da rede. Rita
sabia que um trabalho grande ainda
haveria de ser feito.
A supervisora escolar Rita co-
nhecia detalhadamente os resulta-
dos de sua unidade educativa, que
nos dois últimos anos mostravam
uma deficiência enorme na apren-
dizagem: os resultados do primei-
ro ano da avaliação foram ruins,
“ Na prática era preciso saber ensinar, saber alfabetizar, mas era
peciso, também, saber lidar com as difernças encontradas em sua
sala de aula.
Mudanças a partir da apropriação dos resultados da avaliação externa
Juliana era professora dos anos
iniciais do Ensino Fundamental na
unidade educativa Silmara Rosa.
Quando se formou em Pedagogia,
Juliana estava ciente do seu papel
de alfabetizadora e sabia que have-
ria muitos desafios a serem enfren-
tados para garantir a aprendizagem
de seus estudantes. No entanto, a
professora, recém-formada, não
imaginava que diversos fatores iriam
influenciar em seu trabalho.
Ao ser efetivada em sua atual
unidade educativa, a primeira ação
de Juliana foi conhecer o Projeto Po-
lítico Pedagógico, o PPP, como se re-
feriam seus professores formadores.
Além disso, buscou com os novos
colegas, orientações sobre o plane-
jamento e a proposta curricular da
rede. Entretanto, ao chegar à unidade
educativa e solicitar o PPP, o acesso
ao documento não foi simples e fácil,
pois estava desatualizado. Ao consul-
tar os colegas, poucos conseguiram
orientá-la sobre como proceder em
relação ao planejamento. Foi nesse
primeiro contato que a professora
começou a perceber que pertencia
a um universo bem diferente daquele
que imaginava encontrar.
Suas preocupações, enquanto
graduanda em Pedagogia, sempre
foram voltadas para o saber ensinar
e para o saber alfabetizar. Durante
os momentos de formação, sua tur-
ma esteve em contato constante
com aspectos relacionados à impor-
tância da utilização das orientações
curriculares e da construção de pla-
nos de aula, com foco no uso de
diferentes metodologias e práticas
pedagógicas.
Além disso, alguns componentes
curriculares faziam referência cons-
tante ao PPP e Juliana sabia que ele
deveria ser consultado e atualizado
periodicamente pelos gestores e
pela equipe pedagógica. Esse docu-
mento deveria apresentar detalhes
da unidade educativa, com os obje-
tivos educacionais e os meios que
seriam utilizados para um rendimento
adequado pelos estudantes. Assim,
ao longo de sua formação, conside-
rando tantos elementos do contexto
escolar, Juliana sempre buscou apro-
veitar todas as oportunidades que
surgiam para se aperfeiçoar, fazendo
com dedicação vários cursos e está-
gios que julgava interessantes para
auxiliá-la nessas tarefas.
A unidade educativa em que
Juliana foi lotada possuía 29 turmas.
Na sala dos professores, Juliana
sempre escutava que a maior parte
dos estudantes não possuía incen-
tivo familiar e que os responsáveis
quase não apareciam na unidade
educativa para saber da vida esco-
lar de seus filhos. Na verdade, por
conta da pouca adesão, a direção
já não realizava mais reuniões de
pais. Sem diálogo com a família, a
responsabilidade pela educação
dos estudantes ficava exclusiva-
mente com a unidade educativa e,
principalmente, com os professores.
Isso era uma queixa recorrente en-
tre seus colegas de trabalho, que
alegavam não conseguir grandes
avanços na aprendizagem dos seus
estudantes por conta dos fatores
extraescolares e pela falta de apoio
familiar.
Apesar de se sentir preparada
para enfrentar a vida docente, Ju-
liana descobriu que, na prática, era
preciso saber ensinar, saber alfabe-
tizar, saber planejar aulas, mas era
preciso, também, saber lidar com as
diferenças encontradas em sua sala
de aula, com as histórias que os es-
tudantes traziam e com a realidade
que envolvia a comunidade em que
a unidade educativa estava inserida.
E isso, inicialmente, foi um choque
para a professora cheia de planos e
idealizações.
Juliana sabia que não apenas
a sua turma enfrentava essas difi-
culdades, sendo essa uma situa-
ção vivenciada por toda a unidade
educativa. Por isso, seu primeiro
passo foi conversar com os outros
professores mais experientes e
com mais tempo na unidade educa-
tiva, para saber como lidavam com
esses fatores, sem que eles os de-
50 51
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
“ Todos concordaram que incentivar a leitura era um caminho essencial para melhorar o desempenho dos estudantes e que seria interessante
conseguir o apoio das famílias nesse trabalho.
metodologia e seus instrumentos. A
coordenadora não era especialista
no assunto, mas já o estava estudan-
do havia um bom tempo, e sentiu-se
segura para dividir com sua equipe
o que ela havia aprendido. Com o
fim da segunda reunião, ela solicitou
que os professores analisassem os
resultados obtidos nos anos ante-
riores e propusessem ações e pro-
jetos para melhorar o desempenho
de seus estudantes. Rita passou o
endereço do site para que eles co-
nhecessem as revistas pedagógicas
e a senha para que todos pudessem
acessar os resultados.
Então, com o que havia apren-
dido na reunião pedagógica e de
posse das revistas e dos resultados,
Juliana analisou os dados de anos
anteriores e tentou interpretá-los
com o apoio da Matriz de Referên-
cia e da Escala de Proficiência. Ao
pesquisar quais habilidades os es-
tudantes do 3° ano apresentavam
mais dificuldade, nas duas últimas
edições da avaliação, percebeu
que elas giravam em torno dos gê-
neros textuais e da produção es-
crita. Aqueles resultados não eram
referentes aos estudantes de Julia-
na, mas ela, através das suas ava-
liações internas, sabia que aquelas
eram as mesmas dificuldades que
seus estudantes apresentavam.
Por curiosidade, Juliana resolveu
conhecer os resultados dos outros
anos ( anos iniciais), e descobriu
que as dificuldades concentravam-
-se, também, em questões ligadas à
leitura e à escrita.
Foi bem desanimador para Ju-
liana conhecer a realidade da sua
unidade educativa na avaliação, ver
oficializado aquilo que ela presen-
ciava todos os dias. Mas o que mais
a incomodava era o fato de alguns
professores encararem aquela si-
tuação como normal, pois já haviam
se acostumado e não acreditavam
que era possível reverter o quadro
e conseguir melhorar o desempe-
nho dos estudantes. Para ela, era
impossível aceitar trabalhar sem
perspectiva de melhora, sem acre-
ditar no seu trabalho e no pontecial
de seus estudantes. Era preciso ao
menos tentar!
Desde os seus primeiros dias
na unidade educativa, Juliana pen-
sava em fazer algum trabalho com
seus estudantes utilizando a biblio-
teca, que possuía um bom número
de livros infantis e era pouco fre-
quentada. Como apresentado nas
orientações curriculares, ela sabia
que trabalhar a leitura de vários gê-
neros textuais iria melhorar a inter-
pretação textual e a escrita de sua
turma. Sua ideia inicial era montar
um “Cantinho de Leitura” na sua
sala de aula, para estimular o gosto
pela leitura, e fazer visitas regulares
à biblioteca escolar, monitorando a
escolha dos livros e a leitura dos
mesmos pelos estudantes. Para a
implementação da sua ideia, Juliana
precisaria de alguns livros, para dis-
ponibilizá-los em sua sala. Por isso,
resolveu conversar com Rita para
ver o que poderia ser feito.
Para Rita, a ideia de Juliana era
fácil de ser efetivada e muito inte-
ressante, por isso resolveu compar-
tilhá-la com os demais professores
dos anos iniciais. Seria importante
que todas as salas tivessem o seu
“Cantinho de Leitura” e, também,
que fosse criada uma agenda regu-
lar para a visita à biblioteca. Incenti-
var e estimular a leitura com certeza
traria benefício para a aprendiza-
gem dos estudantes, e a unidade
educativa possuía recursos (livros)
para implementar tal projeto.
Para apresentar a proposta do
“Cantinho de Leitura” para os ou-
tros professores, Rita convocou
uma reunião com os responsáveis
pelos anos iniciais. Na reunião, ela
pediu que Juliana falasse sobre a
interpretação que tinha feito dos
resultados, das conclusões a que
chegou e sobre o “Cantinho de
Leitura”. A fala de Juliana foi bem
aceita pelos seus colegas e, com o
decorrer da reunião, outras ideias
complementares ao seu projeto
foram surgindo. Todos concorda-
ram que incentivar a leitura era um
caminho essencial para melhorar a
“ [...] a avaliação
externa poderia ser um ótimo
instrumento para o planejamento pedagógico e, por meio dela, era possível
acompanhar em quais habilidades
os estudantes apresentavam
dificuldade, em cada ano escolar [...]
muito abaixo do que ela e a equipe
pedagógica esperavam, e os do se-
gundo ano foram ainda piores. Elas
precisavam reverter essa situação,
mas não conseguiam pensar sozi-
nhas em estratégias e projetos: seria
necessário ter o apoio dos professo-
res e dividir com eles as angústias e
as responsabilidades.
A primeira estratégia seria, en-
tão, dado o relato de Juliana ao ini-
ciar o trabalho na unidade educativa,
era atualizar o PPP da unidade edu-
cativa. Como estavam trabalhando,
naquele momento, com as informa-
ções sobre o rendimento dos estu-
dantes nas avaliações externas, foi
esse o primeiro esforço de atualiza-
ção do documento.
Rita e sua equipe estavam esta-
vam envolvidas com o Programa de
Avaliação desde o início, mas ainda
não tinha conseguido uma forma de
quebrar os tabus referentes à ava-
liação e de fazer com todos da uni-
dade educativa a enxergasse como
um instrumento a favor do trabalho
docente. Então, como segunda es-
tratégia, pensou que seria impor-
tante organizar uma reunião com
os professores, mas seguindo uma
proposta diferenciada: antes de falar
da importância da aplicação da ava-
liação, que seria em outubro, e co-
mentar o resultado do ano anterior,
Rita começou a apresentar alguns
exemplos de ações em diferentes
contextos escolares, mesmo que de
outras redes de ensino, que tinham
conseguido aumentar a participação
dos estudantes na realização das
avaliações e melhorar os resultados
obtidos a partir do trabalho feito com
base nos resultados da avaliação e
na consulta aos documentos oficiais
da rede, como as propostas curricu-
lares e o PPP. Para poder apresentar
tais exemplos, Rita fez várias pesqui-
sas e pediu apoio a sua assessora
Pedagógica. Aquela reunião já esta-
va sendo preparada por Rita e sua
equipe havia muito tempo.
Após a apresentação, Rita per-
cebeu que os professores come-
çaram a conversar entre si e a fazer
perguntas sobre cada unidade edu-
cativa citada como exemplo. Foi a
primeira reunião em que a supervi-
sora escolar enxergava algum inte-
resse por parte de seus professores.
Depois de responder aos questiona-
mentos, Rita apresentou novamente,
pois já o tinha feito em outra data, os
resultados de participação e profi-
ciência dos anos anteriores, e mar-
cou uma reunião para a semana se-
guinte. Nessa reunião, a supervisora
capacitaria os professores, para que
eles pudessem analisar os resulta-
dos das avaliações e relacioná-los
ao trabalho realizado por todos da
Unidade Escolar.
Juliana saiu da reunião mais ali-
viada e com mais interesse sobre o
tema. De acordo com os exemplos
apresentados, a avaliação exter-
na poderia ser mais um importante
instrumento para o planejamento
pedagógico e, por meio dela, era
possível acompanhar em quais habi-
lidades os estudantes apresentavam
dificuldade, em cada ano escolar, e,
também, saber em quais habilida-
des os estudantes possuíam mais
facilidade. Juliana não estava mais
preocupada com o julgamento que
receberia por conta do resultado de
seus estudantes, mas ansiosa para
poder diagnosticar as dificuldades e
avanços e relacioná-los aos conteú-
dos apresentados nas orientações
curriculares, apresentando, assim,
um norte para planejar seu trabalho.
Ela sabia que, provavelmente, as difi-
culdades apresentadas por seus es-
tudantes seriam as mesmas que eles
já apresentavam em suas próprias
avaliações internas, mas seria possí-
vel ter essa confirmação e saber se
essa era a realidade dos estudantes
de toda a unidade educativa ou, es-
pecificamente, de sua turma. Seria
possível, também, saber se seus
estudantes conseguiriam, em uma
avaliação externa demonstrar as ha-
bilidades que ela julgava que eles já
tinham consolidado.
Como combinado, na segun-
da reunião sobre o programa de
avaliação, Rita apresentou como a
avaliação externa era pensada, sua
52 53
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
aprendizagem dos estudantes e
que seria interessante conseguir o
apoio das famílias nesse trabalho.
Sendo assim, tiveram, em conjunto,
a ideia de fazer “O dia do livro na
unidade educativa” para inaugurar
o “Cantinho de Leitura”: esse evento
teria como principal foco sensibilizar
os responsáveis sobre a importância
de incentivar a leitura dos estudan-
tes e mostrar-lhes como poderiam
fazer isso.
Nas duas semanas seguintes,
Juliana e os outros professores tra-
balharam na elaboração do evento:
ensaiaram um grupo de estudantes
para uma apresentação teatral, ela-
boraram os convites para os pais,
organizaram um Cantinho de Leitura
em cada sala e conseguiram doa-
ções de livros. No evento “O Dia do
Livro na Escola”, cada estudante ga-
nharia um livro de presente para ler
em casa e os responsáveis seriam
incentivados a acompanhar a leitura
dos estudantes.
Apesar de muitos pais não te-
rem participado do evento, o grupo
de professores à frente do projeto
ficou satisfeito com a participação
e com o envolvimento dos que es-
tavam presentes. A partir deste dia,
cada professor começaria a utilizar o
“Cantinho de Leitura” de sua sala e
a levar seus estudantes à biblioteca.
Foi combinado, também, que os pais
seriam sempre lembrados da impor-
tância da leitura, através de bilhetes
e de reuniões na unidade educativa.
Além disso, os professores iriam se
reunir de 15 em 15dias para compar-
tilhar seus trabalhos e trocar expe-
riências.
Durante todo o ano, o projeto foi
levado a sério pela unidade educa-
tiva. O trabalho compartilhado con-
tribuiu não só para a aprendizagem
dos estudantes, mas também para
o entrosamento dos profissionais
da unidade escolar e seu enrique-
cimento profissional. A insistência
da unidade educativa em buscar o
incentivo dos responsáveis conse-
guiu o apoio de alguns, antes pouco
envolvidos com a educação de seus
filhos.
Com todo o trabalho desenvolvi-
do, Juliana e os demais professores
perceberam melhora no desempe-
nho de seus estudantes, e estavam
curiosos para conhecer o resultado
da avaliação externa aplicada na-
quele ano. Foi a primeira vez que a
unidade educativa desenvolveu um
trabalho pautado nos resultados da
avaliação externa da rede municipal,
por isso eles estavam ansiosos para
ver como esse trabalho havia impac-
tado os resultados e para quais ca-
minhos eles iriam apontar.
No começo do ano seguinte,
a supervisora escolar Rita marcou
uma reunião com os professores
dos anos iniciais para apresentar os
resultados do ano anterior e conver-
sar sobre eles. Rita acompanhou o
trabalho realizado por Juliana e seus
colegas, sabia que aquele resultado
estava sendo esperado por todos
e sentiu-se realizada por ter con-
seguido que o resultado das ava-
liações auxiliasse a prática de seus
professores e, consequentemente,
a aprendizagem dos estudantes. O
projeto “Cantinho de Leitura”, pro-
posto por Juliana, surgiu a partir da
interpretação dos resultados da ava-
liação externa e conseguiu mudar a
relação dos estudantes com a leitura
e a visão que a equipe pedagógica
tinha da avaliação externa.
Quando apresentou o novo
resultado, Rita parabenizou os pro-
fessores por todo o empenho e
pelo aumento da proficiência. Como
consequência do trabalho realizado
ao longo do ano anterior, a unidade
educativa teve um resultado satis-
fatório. A supervisora escolar, nesta
mesma reunião, conversou com to-
dos os profissionais da Unidade so-
bre as possibilidades de continuida-
de e adaptação do projeto para os
próximos anos. Ela sabia que ainda
havia um longo caminho pela frente,
mas o primeiro passo já havia sido
dado, quando os professores enten-
deram que os resultados poderiam
ser utilizados para a melhoria do en-
sino da unidade educativa. Com o
apoio de todos, Rita tratou de oficia-
lizá-lo no PPP, buscando continuar a
atualização dele para consulta dos
profissionais da unidade educativa.
Juliana que, inicialmente, havia
se assustado com a ideia da avalia-
ção externa, viu nela a possibilidade
de obter informações para trans-
formar a sua prática, melhorando a
aprendizagem de seus estudantes.
Para o novo ano, a equipe pedagó-
gica, que agora estava ciente do pa-
pel dessa avaliação, planejou novas
capacitações, para que todos pu-
dessem conhecer mais esse instru-
mento e implementar novas ações.
6
O texto apresentado nesta seção oferece propostas para a
abordagem, em sala de aula, de algumas habilidades verifica-
das pela PROVA FLORIPA.
QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA DESENVOLVER
DETERMINADAS HABILIDADES EM LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA?
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
GÊNEROS DISCURSIVOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS USOS SOCIAIS DA LEITURA E DA ESCRITA
INTRODUÇÃO
Os seres humanos estão inseridos em um mundo le-
trado e, para terem participação significativa nesse mundo,
são necessários a compreensão e o domínio de seus códi-
gos escritos e falados. Nesse sentido, o conhecimento da
língua materna, tanto oral quanto escrita, é de fundamental
importância para que o indivíduo estabeleça comunicação,
relacione-se com seus pares e consiga participar efetiva-
mente da sociedade da qual faz parte, construindo conhe-
cimentos, hipóteses e visões sobre o mundo que o cerca.
No entanto, não basta apenas decodificar o sistema al-
fabético, mas compreendê-lo a partir de um contexto social,
que exige habilidades e compreensões de leitura e escri-
ta acerca do cotidiano em que o indivíduo está inserido.
Ou seja, o processo de alfabetização do indivíduo deve
ser desenvolvido em um “contexto de letramento”, com a
“participação em eventos variados de leitura e de escrita,
e o consequente desenvolvimento de habilidades de uso
da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a
língua escrita, e de atitudes positivas em relação a essas
práticas” (SOARES, 2003, p. 16). E é a partir desse domínio
do uso da leitura e escrita que o indivíduo conseguirá uma
participação efetiva na vida em sociedade, garantindo e/ou
tendo a possibilidade de lutar por sua cidadania.
Mas como a unidade educativa pode possibilitar o
acesso a esse letramento? Para muitas crianças, especial-
mente as com menos acesso a diferentes suportes textuais,
a unidade educativa será de fundamental importância para
apresentar e ampliar o conhecimento acerca tanto dos di-
ferentes gêneros textuais, quanto das linguagens, signos e
significados que são utilizados em diferentes contextos e
culturas. Por exemplo, a linguagem utilizada em uma roda
de amigos não deve ser a mesma empregada em uma
conversa com o professor, a estrutura e a linguagem utili-
zadas na escrita de uma receita não são as mesmas que
compõem um bilhete. Assim, a unidade educativa deve, a
partir do conhecimento prévio do que seus estudantes co-
nhecem sobre a linguagem utilizada em diferentes gêneros
textuais, “promover a sua ampliação de forma que, progres-
sivamente, [...] cada aluno se torne capaz de interpretar
diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a
palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas
mais variadas situações” (BRASIL, 1997, p. 21).
Visando garantir que os estudantes, desde os anos ini-
ciais do Ensino Fundamental, construam seus conhecimen-
tos a partir da perspectiva do letramento, faz-se necessário
o trabalho com diferentes temas, tais como: “Apropriação
do Sistema Alfabético”, “Leitura: compreensão, análise e
avaliação” e “Usos sociais da leitura e da escrita”. No tocan-
te às avaliações em larga escala, elaboradas pelo Centro
de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), para
o componente curricular de Língua Portuguesa, tais temas
fazem parte da Matriz de Referência de um teste. Essa ma-
triz é composta por competências e descritores que deter-
minarão a forma como cada item do teste será elaborado.
Vale salientar que, embora essa Matriz de Referência seja
desenvolvida a partir da proposta curricular dos sistemas
de ensino, não pode ser utilizada como única fonte para
o trabalho do professor, uma vez que ela consiste em um
recorte do currículo. No entanto, o professor que planeja as
suas aulas considerando a proposta curricular do sistema
de ensino para o qual trabalha estará desenvolvendo um
trabalho também em consonância com a matriz de referên-
cia das avaliações em larga escala.
No que se refere ao presente artigo, será privilegiada
a abordagem acerca do tema “Usos sociais da leitura e da
escrita”, com os seguintes descritores:
» reconhecer o gênero discursivo;
» identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
“ é indispensável que a unidade educativa
propicie que os estudantes tenham
contato com diferentes gêneros discursivos, tanto na forma oral quanto na escrita.
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM GÊNERO DISCURSIVO
Durante todos os momentos da
vida em sociedade, o indivíduo se co-
munica, estabelece relações, troca in-
formações, argumenta e expõe seus
pontos de vista. E, para cada situação,
utiliza um tipo de linguagem que lhe
permite entender e ser entendido por
seus pares. Segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) de Língua
Portuguesa, “a língua é um sistema de
signos histórico e social que possibilita
ao homem significar o mundo e a reali-
dade” (BRASIL, 1997, p. 22). Assim, nada
mais importante do que a unidade edu-
cativa trabalhar com desenvolvimento
de habilidades que lhe possibilitem am-
pliar o repertório de linguagens, signos
e significados, para que seus estudan-
tes consigam estabelecer relações de
forma cada vez mais significativas.
Segundo Bakhtin (1997), o indivíduo
se utiliza de gêneros do discurso para
se comunicar e escrever. Tais gêneros
“dispõe[m] de uma forma padrão e re-
lativamente estável de estruturação de
um todo” (BAKHTIN, 1997, p. 302). Sendo
assim, faz-se importante o conhecimento
e a compreensão da “forma padrão” em
que os diferentes gêneros do discurso
se apresentam. Ainda de acordo com o
autor, “se não existissem os gêneros do
discurso e se não os dominássemos, se
tivéssemos de criá-los pela primeira vez
no processo da fala, se tivéssemos de
construir cada um de nossos enuncia-
dos, a comunicação verbal seria quase
impossível” (1997, p. 303). Dessa forma, é
imprescindível para a formação de todos
os cidadãos o acesso à construção de
conhecimentos sobre os gêneros discur-
sivos.
Nesse sentido, é indispensável que
a unidade educativa propicie que os es-
tudantes tenham contato com diferentes
gêneros discursivos, tanto na forma oral,
quanto na escrita. Geralmente as crian-
ças gostam de ouvir e contar histórias e
o professor pode estimular ainda mais
esse “gosto”. Mas como fazer isso? Uma
sugestão é trabalhar com textos de di-
ferentes gêneros. Por exemplo, um dia
o professor conta uma fábula, no outro
traz uma bula de remédio para debater
com os estudantes se eles acham que
ela também é um texto, propondo ques-
tões como: Para que serve? Transmite
alguma informação? Possui um jeito pró-
prio para ser escrito? Esse texto se pare-
ce com aquela história (fábula ou outra
que tenha sido contada recentemente)?
Enfim, explorando se esse texto possui
uma estrutura específica e quais as suas
características.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESCRITOR “RECONHECER O GÊNERO DISCURSIVO”
Em termos gerais, para que um in-
divíduo reconheça determinado objeto,
é necessário que já o tenha visto, sai-
ba suas características, ou ainda tenha
acesso a uma descrição minuciosa a
respeito. Da mesma forma, podemos
inferir sobre o descritor “Reconhecer o
gênero discursivo”: o estudante deve já
ter conhecimento a respeito do gênero
discursivo em questão ou saber carac-
terísticas sobre sua estrutura. Assim,
nada mais natural do que, partindo do
conhecimento prévio que os estudan-
tes tenham a respeito de alguns gêne-
ros, aprofundar e propiciar o conheci-
mento de outros que ainda não fazem
parte de seu contexto social. Como
apontam os PCN de Língua Portugue-
sa, “cabe, portanto, à unidade educa-
tiva viabilizar o acesso do estudante
ao universo dos textos que circulam
socialmente, ensinar a produzi-los e a
interpretá-los” (BRASIL, 1997, p. 26).
Dessa forma, o acesso aos textos
que circulam socialmente não se restrin-
ge à sua produção pelos estudantes: vai
muito além, incluindo o ouvir histórias,
mesmo quando ainda não sabem ler.
Tal fato está associado à estrutura dos
diferentes gêneros textuais, uma vez
que, mesmo que o estudante ainda não
saiba grafar, por exemplo, um convite,
ao escutar outra pessoa lendo, esta-
rá conhecendo e organizando como é
essa estrutura, quais são os elementos
fundamentais desse gênero. A partir de
então, uma atividade interessante seria
propor que ele também faça um convite,
de forma oral, e o professor ou outro es-
tudante que já esteja em um nível mais
avançado de alfabetização registre no
quadro.
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
“ O professor trabalhando de forma a trazer sempre novos portadores
de textos, com gêneros discursivos variados, certamente auxiliará
o estudante a sistematizar seus conhecimentos de modo que consiga reconhecer um gênero discursivo ao analisar sua estrutura, ao ouvir sua
leitura, ao se relacionar em diferentes contextos sociais e mesmo ao ser
indagado em uma avaliação, seja ela interna ou externa.
Figura 1 – exemplo de convite.
Seria interessante também propor um debate sobre o
convite que está sendo transcrito: Está faltando algum ele-
mento? O que precisa ter em um convite para que a pessoa
consiga chegar no dia e na hora certa? E o lugar onde vai
ser o evento (festa), também é necessário? Por quê?
A própria leitura deleite (leitura por prazer, por fruição,
sem se preocupar em ensinar determinado conteúdo), que
faz parte da rotina escolar especialmente das turmas de
alfabetização, é um momento interessante para explorar
diferentes gêneros discursivos. O professor pode alterná-
-los trabalhando, por exemplo, com fábulas, propagandas,
notícias, histórias em quadrinhos, charges, lendas, cartas,
bilhetes, entrevistas, entre outros.
Um título paradidático que pode ser uma boa ferramen-
ta para explorar diversos gêneros discursivos é “O carteiro
chegou” (AHLBERG; AHLBERG, 2007). Nesse livro, que é
escrito em rimas, alguns personagens dos contos de fadas
se comunicam entre si, através de cartas que são entregues
por um carteiro. Essas cartas são de assuntos diversos: há
cartões postais, catálogo de ofertas, carta com pedido de
desculpa, cartão de aniversário, entre outros. Dessa forma,
o paradidático supracitado se constitui em uma importante
ferramenta para ampliar o conhecimento dos estudantes so-
bre os diferentes gêneros discursivos, propiciando tanto um
trabalho oral, através da leitura deleite, quanto com a produ-
ção escrita.
Uma sugestão para a produção escrita seria escrever
uma carta para um super-herói, por exemplo, que poderia ser-
vir para fazer um pedido de ajuda ou algum agradecimento
sobre um salvamento que ele teria praticado. Tudo poderia ser
discutido com os estudantes, de forma que eles se posicio-
nassem e escolhessem o destinatário de que mais gostassem.
A escrita da carta poderia ser tanto individual quanto coletiva,
dependendo da intencionalidade do professor na exploração
da atividade.
Figura 2 – capa do livro “O carteiro chegou” (AHLBERG; AHLBERG, 2007).
Hila e Nascimento (2009) propuse-
ram uma sequência didática para ser de-
senvolvida com os estudantes dos anos
iniciais do Ensino Fundamental. Entre as
atividades estão: analisar as cartas dos
personagens e seus objetivos, analisar
o panfleto do livro que a bruxa malvada
recebeu, identificando os elementos do
contexto de produção, fazer uma roda
de leitura para relembrar os contos pre-
sentes no texto, entre outras.
O professor, trabalhando de forma
a trazer sempre novos portadores de
textos, com gêneros discursivos varia-
dos, certamente auxiliará o estudante
a sistematizar seus conhecimentos, de
modo que consiga reconhecer um gê-
nero discursivo, ao analisar sua estrutu-
ra, ao ouvir sua leitura, ao se relacionar
em diferentes contextos sociais e mes-
mo ao ser indagado em uma avaliação,
seja ela interna ou externa.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESCRITOR “IDENTIFICAR A FINALIDADE DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS”
Para conseguir identificar a finali-
dade de um texto, o estudante precisa
estar familiarizado com a estrutura e as
características de diferentes gêneros dis-
cursivos. Assim, o trabalho realizado com
vistas a apresentar os diferentes gêneros
a ele, de modo a permitir que reconhe-
ça um determinado gênero, é de grande
importância também para a identificação
da finalidade do mesmo. Por exemplo, ao
trabalhar com o convite, conforme suge-
rido no presente artigo, além de proble-
matizar sobre os elementos estruturais, é
importante problematizar também sobre
sua finalidade: Para que serve esse texto?
Da mesma forma, cabe o trabalho com os
diferentes textos abordados no livro pa-
radidático “O carteiro chegou”: Para que
serve o panfleto que a bruxa malvada re-
cebeu? Para que serve a carta que Cachi-
nhos Dourados enviou para o Senhor e
a Senhora Urso? Para que serve o cartão
de aniversário que Chapeuzinho Verme-
lho enviou para Cachinhos Dourados?
“ O professor pode
aproveitar cartazes e outros textos
informativos para trabalhar com os
estudantes sobre sua finalidade, sobre a
mensagem que eles querem transmitir.
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PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Em outras palavras, o estudante
precisa desenvolver a habilidade de
identificar a função social, o objetivo
do texto que será analisado. Para tanto,
precisa, além de reconhecer qual é o
gênero discursivo, identificar se o obje-
tivo, a finalidade do texto é, por exem-
plo, convidar, informar, dar instruções,
explicar, felicitar, dar um recado, diver-
tir, anunciar, entre outros. É importante
que o estudante perceba que todo tex-
to tem uma finalidade específica e, para
que seja compreendido de forma sig-
nificativa, é imprescindível que tal fina-
lidade, que a sua função comunicativa,
seja conhecida e entendida pelo leitor.
O cartão postal, geralmente, não é
um gênero discursivo muito presente
no cotidiano dos estudantes. No en-
tanto, a forma como ele é mostrado no
livro “O carteiro chegou” pode ser uma
boa estratégia pedagógica para apre-
sentá-lo.
Figura 3 – cartão postal contido no livro “O carteiro chegou” (AHLBERG; AHLBERG, 2007).
Trata-se de um cartão enviado por
Joãozinho (da história “João e o pé de
feijão”) para o Gigante, contando como
foi sua viagem para o Rio de Janeiro.
O professor pode problematizar tan-
to questões relacionadas à estrutura
do texto (Quem enviou o cartão? Para
quem ele foi enviado? Há alguma sau-
dação?), como questões relacionadas à
finalidade do texto (Por que o Joãozi-
nho enviou esse postal para o Gigan-
te? Para que serve um cartão postal?).
Ainda, seria interessante propor aos
estudantes que elaborassem um car-
tão postal, que poderia ser sobre algu-
ma viagem que tenham feito ou gosta-
riam de fazer, sobre algum passeio que
fizeram na unidade educativa, sobre
algum lugar imaginário que gostariam
de conhecer, sobre algum reino encan-
tado (aproveitando que o livro aborda
alguns contos de fadas) etc.
O professor pode aproveitar car-
tazes e outros textos informativos para
trabalhar com os estudantes sobre sua
finalidade, sobre a mensagem que eles
querem transmitir. Um exemplo são as
propagandas que circulam na televisão
e em outros ambientes que fazem parte
do cotidiano dos estudantes: campa-
nhas de vacinação, campanhas sobre
o trânsito, estreia de filmes, produtos
em promoção etc. Na própria unidade
educativa, e mesmo na sala de aula,
geralmente há alguns cartazes informa-
tivos que podem ser analisados. Esses
cartazes normalmente contêm, além de
informações sobre determinados locais,
algumas regras básicas de convivência
nos ambientes.
Uma sugestão seria, além de anali-
sar com os estudantes os cartazes que
já estão prontos, afixados, criar outros
a partir de situações que acontecem
na sala de aula ou mesmo na unidade
educativa. Em outras palavras, utilizar
os “combinados”, as regras de convi-
vência, para trabalhar com a habilidade
de identificar a finalidade de textos de
diferentes gêneros.
Figura 4 – cartazes com regras de convivência na sala de aula.
O professor pode, num primeiro
momento, problematizar com sua tur-
ma: Para que servem os textos dos
cartazes? Num segundo momento,
propor que os próprios estudantes
elaborem cartazes que possam aju-
dar na boa convivência do grupo. Os
cartazes podem conter uma ilustração
e frases curtas e, após serem elabo-
rados, devem ser apresentados pe-
los próprios estudantes para a turma,
expondo o porquê do texto e da ilus-
tração. Assim, eles trabalharão tanto
com a identificação da finalidade de
gêneros discursivos de textos pron-
tos, quanto com a produção de textos,
respeitando um determinado gênero.
Para saber mais:
AHLBERG, Janet; AHLBERG, Allan. O carteiro chegou. São Paulo: Companhia
das Letrinhas, 2007.
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fun-
damental. Parâmetros curriculares nacionais primeiro e segundo ciclos do en-
sino fundamental: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.
HILA, Cláudia Valéria Doná; NASCIMENTO, Elvira Lopes. O carteiro chegou:
uma proposta de sequência didática para anos iniciais. Revista Prolíngua, v.
2, n. 1, jan/jun de 2009. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/index.php/
prolingua/article/view/13418/7617> Acesso em: 08 fev 2016.
SOARES, Magda. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasi-
leira de Educação, São Paulo: Autores Associados, v.25, 2004. p. 5-17.
60 61
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
“ quando há espaço para o estudante falar, fazer experiências (agir) e ter
a ação mediadora do professor, ele irá sistematizar os conhecimentos e estabelecer relações entre as
situações cotidianas e a Matemática.
PERSPECTIVAS E DESAFIOS ACERCA DO TEMA “GRANDEZAS E MEDIDAS”: A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM AS MEDIDAS DE TEMPO NA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA
INTRODUÇÃO
A Matemática está presente em, praticamente, todos os
lugares da sociedade: desde quando um indivíduo nasce
(data e hora do nascimento, peso e comprimento do bebê)
até quando vai envelhecendo (idade, número de filhos, ta-
manho da vestimenta). Em todos os momentos, ele utiliza
conhecimentos matemáticos para se localizar no tempo e no
espaço, bem como para se comunicar e se relacionar com
seus pares. Nesse sentido, a Alfabetização Matemática se
torna tão importante para o exercício da cidadania de qual-
quer indivíduo, quanto saber ler e escrever. E o que enten-
demos por “Alfabetização Matemática”? Conforme apontam
as pesquisas de Danyluk, a Alfabetização Matemática é um
[...] fenômeno que trata da compreensão, da interpre-
tação e da comunicação dos conteúdos matemáticos
ensinados na unidade educativa, tidos como iniciais
para a construção do conhecimento matemático. Ser
alfabetizado em matemática, então, é compreender o
que se lê e escreve o que se compreende a respeito
das primeiras noções de lógica, de aritmética e de geo-
metria. Assim, a escrita e a leitura das primeiras ideias
matemáticas podem fazer parte do contexto de alfa-
betização. Ou seja, podem fazer parte da etapa cujas
primeiras noções das diversas áreas do conhecimento
podem ser enfocadas e estudadas dentro de um con-
texto geral da alfabetização. (DANYLUK, 2015, p. 26)
Partindo desse pressuposto, os conhecimentos mate-
máticos devem ser trabalhados desde o início da escolariza-
ção, de forma a propiciar que o estudante consiga construir e
sistematizar a linguagem, signos e significados das questões
de cunho lógico, aritmético e geométrico. Nesse sentido,
alguns temas são de fundamental importância para serem
trabalhados, a saber: “Espaço e Forma”, “Grandezas e Me-
didas”, “Números, Operações e Álgebra” e “Tratamento da
Informação”. Nas avaliações externas elaboradas pelo Cen-
tro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd),
esses temas são subdivisões do componente curricular de
Matemática, e contam com descritores para indicar quais são
as habilidades que o estudante precisa desenvolver. Esses
temas e descritores compõem a Matriz de Referência de um
teste, que, embora seja embasada nos currículos dos siste-
mas de ensino, não deve ser confundida nem utilizada como
proposta curricular dos mesmos. Em outras palavras, o pro-
fessor que desenvolve um trabalho pautado nos parâmetros
curriculares do sistema de ensino no qual está inserido cer-
tamente estará trabalhando com todos os descritores que
compõem o teste em larga escala a que seus estudantes
serão submetidos.
Embora a Matemática faça parte da vida de todo indi-
víduo, não é uma tarefa simples relacionar o que está pre-
sente em seu cotidiano com os diversos conteúdos unidade
educativares e componentes curriculares. Segundo os Parâ-
metros Curriculares Nacionais (PCN), “[...] destacam-se dois
aspectos básicos: um consiste em relacionar observações
do mundo real com representações (esquemas, tabelas, fi-
guras); outro consiste em relacionar essas representações
com princípios e conceitos matemáticos” (BRASIL, 1997, p.
19). Para tanto, faz-se necessário trabalhar com os estudantes
não por meio de fórmulas e conceitos prontos, mas de forma
a estimulá-los a refletir e a fazer inferências sobre o meio que
os cerca, dialogando com seus pares e com o professor, es-
crevendo relatos sobre suas percepções, seja através de um
texto propriamente dito, ou de desenhos e representações
que os auxiliem na organização e sistematização dos dados.
Para o presente artigo, abordaremos algumas perspecti-
vas e desafios acerca do tema “Grandezas e Medidas”, mais
especificamente sobre o seguinte descritor: “Em um proble-
ma, reconhecer e utilizar as unidades usuais de medidas de
tempo: dia, semana, mês e ano”.
1. POR QUE TRABALHAR COM O TEMA “GRANDEZAS E MEDIDAS”?
Desde muito cedo, algumas questões relacionadas ao
tema “Grandezas e Medidas” estão presentes na vida do in-
divíduo: à noite, é hora de dormir; de dia, realizamos várias
tarefas (como trabalhar e brincar); há dias em que meus pais
não trabalham; um dia é meu aniversário e demora muito
para ser de novo; precisamos de dinheiro para comprar coi-
sas; compramos algumas coisas com moedas e, para outras,
precisamos de cédulas ou muitas moedas etc. Enfim, em vá-
rias situações vivenciadas pelo indivíduo, há conceitos mate-
máticos que precisam ser trabalhados para fazerem sentido.
Além disso, é importante que ele reflita que as medidas e
as comparações entre elas foram historicamente construídas
pelo homem ao longo dos anos. Ou seja, o que conhecemos
como dia, mês, ano, hora, nem sempre foi entendido como o
é atualmente, mas foi pautado por convenções das civiliza-
ções antigas.
Outra questão interessante a ser trabalhada é o instru-
mento que utilizamos para medir. Por exemplo, hoje temos a
régua, a trena, mas o palmo e o pé já foram utilizados por al-
gumas civilizações como unidades de medida. A partir dessa
troca de informações, os estudantes devem ser instigados a
fazer experiências e a tecer reflexões: Vamos medir determi-
nado objeto com os pés. Vocês acham que a quantidade de
pés de uma criança vai ser igual à de um adulto? Por quê?
Então seria mais fácil comprar um pedaço de pano hoje, que
temos a fita métrica para medir, ou antigamente, que mediría-
mos utilizando o pé do vendedor? Essas e outras questões
e propostas poderiam ser lançadas para que os estudantes
pudessem analisar, construir e registrar os conhecimentos
envolvidos. Além disso, essa discussão seria interessante
para a compreensão de que as convenções são importantes
para unificar os sistemas de medida e melhorar a comuni-
cação entre os seres humanos. Dessa forma, um conceito
que, sem contexto, seria abstrato, poderá fazer mais sentido
e facilitar a compreensão do estudante. Como bem aponta
Vygotski:
(1) A fala da criança é tão importante quanto a ação para
atingir um objetivo. As crianças não ficam simplesmen-
te falando o que elas estão fazendo; sua fala e ação
fazem parte de uma mesma função psicológica com-
plexa, dirigida para a solução do problema em questão.
(2) Quanto mais complexa a ação exigida pela situação
e menos direta a solução, maior a importância que a
fala adquire na operação como um todo. Às vezes a
fala adquire uma importância tão vital que, se não for
permitido seu uso, as crianças pequenas não são ca-
pazes de resolver a situação.
Essas observações me levam a concluir que as crian-
ças resolvem suas tarefas práticas com a ajuda da fala,
assim como dos olhos e das mãos. Essa unidade de
percepção, fala e ação, que, em última instância, pro-
voca a internalização do campo visual, constitui o ob-
jeto central de qualquer análise da origem das formas
caracteristicamente humanas de comportamento. (VY-
GOTSKI, 1994, p. 21)
Nesse sentido, quando há espaço para o estudante falar,
fazer experiências (agir) e ter a ação mediadora do professor,
ele irá sistematizar os conhecimentos e estabelecer relações
entre as situações cotidianas e a Matemática. E a relação
entre as medidas e o número poderá auxiliar o estudante
a ampliar sua compreensão numérica e a compreender “a
necessidade de criação de números fracionários, negativos
etc.” (BRASIL, 1997, p. 84).
62 63
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
2. TRABALHANDO COM AS MEDIDAS DE TEMPO: DIAS DA SEMANA
O descritor “Em um problema, reco-
nhecer e utilizar as unidades usuais de
medidas de tempo: dia, semana, mês e
ano”, embora pareça uma tarefa simples
para um adulto, exige grande esforço
para uma criança, especialmente no pri-
meiro ciclo do Ensino Fundamental. As
questões relacionadas ao tempo estão
presentes no cotidiano dos indivíduos,
mas o significado e relações entre os
termos não são diretamente percep-
tíveis. Por exemplo, uma criança sabe
que existem os termos hoje, amanhã e
ontem, mas não necessariamente sabe
que eles estão relacionados. Não é di-
fícil ouvir uma criança dizer “amanhã eu
brinquei de bola”, querendo se referir ao
dia anterior (a “ontem”). Ou seja, ela ain-
da não consegue relacionar que o tem-
po presente é o “hoje”, o dia anterior é o
“ontem” e o dia seguinte é o “amanhã”.
Outro ponto a ser destacado é o nome
de cada dia da semana e sua sequência:
Hoje é segunda-feira e amanhã, que dia
vai ser?; Em quais dias da semana não
tem aula?
Uma sugestão interessante para de-
senvolver as questões apontadas acima
é o trabalho diário com o calendário em
sala de aula. Essa rotina já faz parte da
realidade de muitos professores, mas
não deixa de ser importante enfatizar e
dar sugestões sobre esse recurso pe-
dagógico. Toda a sala de aula deve ser
um ambiente alfabetizador, com cartazes,
alfabeto, numerais, cantinho de leitura,
calendário, entre outros. Mas não basta
apenas um ambiente favorável para que
o estudante se alfabetize e construa seus
conhecimentos: são necessárias meto-
dologias adequadas. No que se refere ao
calendário, podem ser utilizadas desde
estratégias pedagógicas mais informais,
como uma roda de conversa sobre os
usos e funções do calendário, até a reso-
lução de problemas que envolvam a sua
utilização.
Segundo as pesquisas de Goulart
(2010, p. 11),
[...] o que se percebe, nas ava-
liações externas, é que os es-
tudantes não conseguem ler o
calendário e isso se deve a uma
prática divergente de possibilitar
o uso deste como instrumento
que tem a função de medir o
tempo para se fazer contagens,
comparar números, ver a grafia.
A prática docente deixa de rea-
lizar intervenções ou interroga-
ções, priorizando apenas a pas-
sagem do tempo como o único
conhecimento matemático a ser
explorado no calendário, sendo
todo o resto uma distorção ou
assimilação deformante de uma
prática.
Partindo desses pressupostos, o tra-
balho com calendários deve estar pau-
tado em abordagens mais significativas
sobre o seu principal objetivo: medir o
tempo. Certamente que, ao serem abor-
dadas questões como os dias da semana
e sua sequência, estarão sendo trabalha-
das também as concernentes à quantida-
de, contagem e grafia das palavras. No
entanto, o objetivo maior é tecer relações
entre os dias da semana: qual é o primei-
ro dia, o “ontem”, o “hoje” e o “amanhã”,
qual é o dia em que não há aula etc. Gou-
lart (2010) aponta, ainda, a importância
em se trabalhar com “calendários reais”,
ou seja, aqueles que encontramos em
nosso dia a dia (que traz informações
como as fases da lua, feriados nacionais,
continuidade entre um mês e outro etc.).
Assim, o professor não deve confeccio-
nar seu próprio calendário, para que não
deixe de trabalhar questões importantes
que fazem parte do contexto em que os
estudantes estão inseridos.
2.1. Roda de conversa: diálogos acerca do calendário
Assim como para a Educação In-
fantil, para os anos iniciais do Ensino
Fundamental é de grande importância
que a roda de conversa seja uma ativi-
dade presente no cotidiano das aulas.
De acordo com o Referencial Nacional
para a Educação Infantil,
[...] a roda de conversa é o mo-
mento privilegiado de diálogo e
intercâmbio de ideias. Por meio
desse exercício cotidiano as
crianças podem ampliar suas ca-
pacidades comunicativas, como
a fluência para falar, perguntar,
expor suas ideias, dúvidas e
descobertas, ampliar seu voca-
bulário e aprender a valorizar o
grupo como instância de troca
e aprendizagem. A participação
na roda permite que as crianças
aprendam a olhar e a ouvir os
amigos, trocando experiências.
(BRASIL,1998, p. 138)
Nesse sentido, tanto vale uma roda
de conversa sobre um conteúdo que
será trabalhado em sala de aula, quan-
to sobre temas corriqueiros do dia a
dia dos estudantes. O professor deve,
além de ouvir, mediar as conversas en-
tre eles, de forma a contribuir para que
os conflitos de ideias e a construção de
conhecimentos sejam beneficiados.
Para iniciar a roda de conversa
sobre o calendário, a sugestão é que
esteja afixado na sala de aula um ca-
lendário grande, legível, com um mês
em cada folha, conforme a imagem a
seguir:
Figura 1 – calendário indicando os dias do mês de janeiro de 2016.
Após observarem o calendário, algumas perguntas pode-
riam ser feitas para iniciar a conversa: O que é um calendário?
Para que usamos o calendário? Na casa de vocês tem um
calendário? É igual ao que temos aqui na escola? O que sig-
nificam os números que aparecem nele? E as letras? A partir
do que for desenvolvido na roda de conversa, o professor e/
ou algum estudante que já esteja numa fase mais avançada
do processo de alfabetização deverá registrar no quadro e/
ou em alguma folha grande (de papel pardo, por exemplo) os
resultados dos debates sobre o tema. Dessa forma, as discus-
sões tecidas durante a roda de conversa seriam sistematiza-
das e passíveis de serem consultadas em outras aulas e/ou
quando se fizer necessário.
2.2 Os dias da semana: vamos problematizar?
Para trabalhar com os dias da semana, faz-se necessário
que os estudantes construam conhecimentos a respeito de
duas habilidades: quais e quantos são os dias da semana. Con-
forme aponta Constance Kamii, “[...] a criança não constrói o nú-
mero fora do contexto geral do pensamento no dia a dia. Portan-
to, o professor deve encorajar a criança a colocar todos os tipos
de coisas, ideias e eventos em relações todo o tempo, em vez
de focalizar apenas a quantificação” (KAMII, 2011, p.65). Nesse
sentido, cabe ao professor buscar estratégias que façam parte
do cotidiano dos estudantes para auxiliá-los na construção do
conhecimento referente aos dias da semana. Por exemplo, ao
trabalhar com o calendário, explorar questões como: Quais são
os nomes de cada dia da semana, o que cada letra representa
no calendário, porque na letra “D” (domingo) os números estão
em vermelho. Haverá alguns conflitos, como por exemplo, por
que há duas letras “Q” e duas letras “S” em seguida. Seria inte-
ressante trazer e/ou pedir para que os estudantes pesquisem
se em outros tipos de calendários isso ocorre, deixando que
eles tentem dialogar e resolver os conflitos que surgirem. Esse
debate irá propiciar a sistematização não só dos nomes dos
dias da semana, mas também da sequência entre eles.
De posse de alguns desses signos e significados, o
professor deve não só propor situações-problemas, como
deixar que os próprios estudantes proponham também. Por
exemplo, se hoje é segunda, ontem foi que dia? Quais são
os dias da semana em que não temos aula? Em que dia é a
aula de Educação Física? Quais são os dias em que passa
determinado programa de televisão (consultar os estudan-
tes previamente sobre os programas que eles assistem)?
Em que dia é a aula na biblioteca? Tais situações podem
ser propostas tanto em forma de conversa, como através
de registros no próprio caderno de Matemática.
Outra forma de trabalhar com os dias da semana é atra-
vés de situações-problema fictícias. Uma sugestão seria
dividir os estudantes em grupos e distribuir alguns papéis
com situações para que eles descubram o dia a que está se
referindo. Por exemplo:
Figura 2 – papéis com situações-problema fictícias
Querida Joana,
não consegui comprar os
ingressos para o cinema
hoje, terça-feira, só para
daqui a três dias.
Beijos,
Carla
Olá Bruno!
Esqueci de te avisar, mas
vou viajar na sexta-feira
para praia. Mas não se
preocupe, só vou ficar dois
dias lá.
Abraços!
Mariana
Nesses casos, o professor deve orientar sobre quais
informações os estudantes irão localizar em cada situação-
-problema. De outro modo, o professor pode propor também
que os próprios discentes elaborem uma situação-problema
para que seus pares possam resolver. Essa interação entre
os grupos é de grande valia para a construção de conheci-
mentos, uma vez que, “quando a criança é confrontada com
a ideia de outra criança, conflitante com a sua, geralmente é
motivada a pensar outra vez sobre o problema, a retificar sua
ideia ou encontrar um argumento para defendê-la” (KAMII,
2011, p. 58).
As medidas de tempo são muito importantes para a or-
ganização dos indivíduos. Sendo assim, seria interessante uti-
lizar a organização do tempo escolar para desenvolver uma
atividade pedagógica. Uma sugestão seria trabalhar com um
calendário de atividades cotidianas, como uma marcação dos
dias das aulas e atividades em classe, por exemplo.
64 65
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA 4º ano do Ensino Fundamental PROVA FLORIPA 2015
Figura 3 – calendário com marcação das atividades unidade educativares
MAIO 2016D S T Q Q S S
1
Dia do
Trabalhador
2
Trabalho de
Português
3
Aula de
Informática
4
Biblioteca
5
Aniversário do
Lucas
6
Educação Física
7
8
Dia das Mães
9
Trabalho de
Ciências
10
Informática
11
Biblioteca
12 13
Educação Física14
15
16
Aniversário da
Ana
17
Informática
18
Biblioteca
19
Trabalho de
Matemática
20
Aula de
Educação Física
21
22 2324
Informática
25
Biblioteca
26
Corpus Christi
27
Educação Física28
2930
Sessão Pipoca
31
Informática 1 2 3 4
A partir da elaboração das marcações no calendário,
que podem ser de atividades permanentes e/ou de ativida-
des e eventos importantes para os estudantes, o professor
pode elaborar situações-problema que utilizarão o calendá-
rio como suporte: Quantas aulas de Informática teremos em
maio? Quantos estudantes fazem aniversário nesse mês?
Qual vai ser o dia da semana em que teremos “Sessão Pi-
poca”? Dessa forma, os discentes estarão desenvolvendo as
habilidades acerca das medidas de tempo de forma significa-
tiva para a leitura de mundo e o seu processo de cidadania.
Para saber mais:
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria
de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional
para a Educação Infantil. v. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secre-
taria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais primeiro e segundo ciclos do ensino funda-
mental: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.
DANYLUK, Ocsana Sônia. Alfabetização matemática: as
primeiras manifestações da escrita infantil. 5. ed. Passo
Fundo: Editora Universidade de Passo Fundo, 2015.
GOULART, Ilsa do Carmo Vieira. M. A formação docen-
te e a constituição de um espaço de ensino. In: Seminá-
rio Nacional O Professor e a Leitura do Jornal, 5º, 2010,
Campinas. Anais do 5º Seminário Nacional O Professor e
a Leitura do Jornal, Campinas, SP: ALB, 2010. Disponível
em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/portal/5seminario/
PDFs_titulos/A_FORMACAO_DOCENTE_E_A_CONSTI-
TUICAO_DE_UM_ESPACO.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2016.
KAMII. Constance. A criança e o número: implicações da
teoria de Piaget. 39 ed. Campinas: Papirus, 2011.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
66
PROVA FLORIPA 2015 REVISTA PEDAGÓGICA
Vice-Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (em exercício da Reitoria)Marcos Vinício Chein Feres
Coordenação Geral do CAEdLina Kátia Mesquita de Oliveira
Coordenação Geral do ProgramaMaria José Vieira Féres
Coordenação da Unidade de PesquisaTufi Machado Soares
Coordenação de Análises e PublicaçõesWagner Silveira Rezende
Coordenação de Design da ComunicaçãoRômulo Oliveira de Farias
Coordenação de Gestão da InformaçãoRoberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo
Coordenação de Instrumentos de AvaliaçãoRenato Carnaúba Macedo
Coordenação de Medidas EducacionaisWellington Silva
Coordenação de Monitoramento e IndicadoresLeonardo Augusto Campos
Coordenação de Operações de AvaliaçãoRafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de DocumentosBenito Delage
Ficha catalográfica
Florianópolis. Secretaria de Educação de Florianópolis.
PROVA FLORIPA – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.
Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa e Matemática - 4º ano do Ensino Fundamental.
ISSN 2448-1645
CDU 373.3+373.5:371.26(05)