Prova do Suor no Diagnóstico Laboratorial da Fibrose...
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Prova do Suor no Diagnóstico Laboratorial da Diagnóstico Laboratorial da
Fibrose Quistica
Alcina Costa
Unidade de Diagnóstico Laboratorial e Referência, Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis (DPS), INSA, I.P. Lisboa
11 Julho 2014
Fibrose quistica
• Fibrose Quistica (FQ) - doença monogénica autossómicarecessiva . Mais frequente na população caucasiana
• Causada por mutações no gene que codifica a proteína CFTR(Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator).(Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator).
• A CFTR funciona como canal de transporte de iões cloreto aonível da membrana apical das células epiteliais, contribuindopara o controlo do movimento de água nos tecidos. Secretacloretos e inibe reabsorção de sódio.
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Fibrose quistica
Sem FQ Com FQ
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Disfunção da proteína CFTR - distúrbio do transporte de cloroatravés dos epitélios. Influxo compensatório de sódio para manter aeletroneutralidade com consequente influxo da água, o que leva ádesidratação da superfície celular, com formação do muco espessocaracterístico da doença
Gene CFTR
• O gene da FQ localiza-se no braço longo do cromossomo 7, no lócus q31,formado por 250Kb de DNA, com 27 exões e codifica um RNAm de 6,5Kb.
• Descritas mais de 1600 mutações no gene CFTR
• A mais frequente é a deleção de três pares de bases no exão 10 do gene, comperda do aminoácido fenilalanina na posição 508 da proteina. Conhecida comomutação ∆F508.
• Presente em cerca de 42% do gene FQ da população portuguesa
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• Presente em cerca de 42% do gene FQ da população portuguesa
• A FQ é caracterizada pela obstrução e infeção pulmonarcrónica, insuficiência pancreática e obstrução intestinal,infertilidade masculina, e suor com níveis elevados de cloretos
Fibrose quistica
• A doença é multissistémica e afeta todos os órgãos queexpressam a CFTR
• A idade em que se começam a manifestar os primeirossintomas e a sua gravidade estão relacionados com o tipo demutações no gene CFTR
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Fenótipo clinico de Fibrose quistica
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Epidemiologia
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Epidemiologia
Segundo a Organização Mundial de Saúde:
• União Europeia 1 em cada 2000 a 3000 recém-nascidos é afetado pela FQ
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• Além da Europa, existe também uma elevada incidência na América do Norte e na Austrália.
• Em Portugal a incidência de FQ calculada é de 1/6000 novos casos de recém-nascidos, por ano
Diagnóstico
• O diagnóstico é baseado no fenótipo clinico associado a duasou mais provas do suor positivas e/ou pela presença de duasmutações no gene CFTR
• O teste laboratorial de referencia para o diagnóstico da FQ é a• O teste laboratorial de referencia para o diagnóstico da FQ é aprova do suor, com base na concentração elevada de iõescloreto no suor.
• O diagnóstico de FQ é essencialmente clínico e os testes dediagnóstico têm como objetivo principal a sua confirmação,ou, em casos mais atípicos, o seu suporte ou exclusão.
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• Idealmente, a prova de suor deverá realizar-se só após as 2-3primeiras semanas de vida, peso superior a 3 Kg, com o doenteclinicamente estável, bem hidratado, sem sinais de doença aguda esem receber tratamento com corticoides.
Prova do Suor
• Os indivíduos com suspeita de FQ e com prova de suor normal ouintermédia devem efetuar um estudo genético.
• Nos indivíduos com clínica sugestiva de FQ, a identificação deduas mutações confirma o diagnóstico, mas a sua ausência nãoexclui
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A prova de suor, desenvolvida em 1959 por Gibson e Cooke,designada por quantitative pilocarpine iontophoresis test continua aser o teste gold standard para a confirmação diagnóstica
Prova do Suor
É um método quantitativo que mede a concentração de ião cloreto(Cl-) no suor.(Cl-) no suor.
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O Procedimento laboratorial utilizado para a realização da Prova do Suor é
baseado em: “Guideline for the performance of the sweat test for the investigation
of Cystic Fibrosis in the UK”, November 2003 e “ Sweat testing : Sample colletion
and quantitative chloride analysis- Third Edition.” C34-A3, vol 29 nº 27 da
NCCLS e Norma 31/2012 atualizada em 10/01/2014 da DGS.
1 - Estimulação Pilocarpinica do suor
2 - Recolha da amostra pelo sistema Macroduct
3 – Doseamento dos Cloretos
Metodologia
Triagem por Conductimetria (WESCOR)-
(expresso em NaCl)
Quantificação dos Cloretos
por Potenciometria direta (EML 105),
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MetodologiaCondutividade dos electrólitos no suor pelo método Macroduct
Sweat Collection System/Wescor Sweat Check Conductivity
Analyzer. Resultado expresso em NaCl. –Testes rastreio
Na interpretação de uma prova de suor, há que ter emconsideração a metodologia utilizada
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consideração a metodologia utilizada
Segundo a Cystic Fibrosis Foundation e guidelines uma mediçãoda condutividade pelo método Wescor Sweat Check, com resultadosuperior ou igual a 50 mmol/l, deverá ser seguido de uma avaliaçãoquantitativa do ião cloreto.
Prova suor- Procedimento laboratorial na UDR
CV =1,49%participa na Avaliação Externa daQualidade UK NEQAS-Sweat testing.
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Até 6 meses de idade:
Cl- ≤ 29 mmol/L –negativo/ NormalCl- = 30 a 59 mmol/L indeterminadoCl- ≥ 60 mmol/L – consistente com FQ
Casuística de 2009-2013
• Foram realizadas 472 provas do suor, na rotina laboratorial
• 276 (58,5%) indivíduos do sexo masculino e 196 (41,5%) dosexo feminino.sexo feminino.
• A idade dos utentes variou dos 3 meses aos 83 anos.
• mediana de 4 anos
• terceiro quartil de 10 anos;
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Casuística de 2009-2013
A pesquisa de mutações no gene CFTR foi realizada utilizandoas técnicas de rotina do laboratório (ARMS–Amplification
Refractory Mutation System; RDB–Reverse Dot-Blot; DGGE–
Denaturing Gradient Gel Electrophoresis dos exões 3, 12, 13, eDenaturing Gradient Gel Electrophoresis dos exões 3, 12, 13, e20 e em alguns casos sequenciação do ADN) que no seu conjuntopermitem detetar cerca de 93 a 98% das mutações associadas àFQ na população portuguesa.
(Unidade de Genética Molecular, Departamento de Genética Humana, INSA,I.P. Lisboa )
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Casuística de 2009-2013Resultados da prova do suor por condutimetria (NaCl)
Ano Nº testeNegativo
Nº (%)
“Borderline”
Nº (%)
Positivo
Nº (%)
2009 112 85 (75.9%) 25 (22.3%) 2 (1.8%)
2010 116 85 (73.3%) 28 (24.1%) 3 (2.6%)
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Diminuição do número de pedidos de provas do suor de 2012 para 2013, devido aum maior controlo das condições clínicas sugestivas de FQ (?).Esta observação é corroborada pelo facto de a proporção de casos positivos sersuperior aos observados nos anos anteriores
2011 100 83 (83.0%) 16 (16.0%) 1 (1.0%)
2012 92 80 (87.0%) 10 (10.9%) 2 (2.2%)
2013 52 42 (80.8%) 6 (11.5%) 4 (7.7%)
Total 472 375 (79.4%) 85 (18.0%) 12 (2.5%)
Resultados da prova do suor por potenciometria direta (Cl-)
Casuística de 2009-2013
Resultados por
Condutimetria
Nº de
amostras
Resultados por Potenciometria Direta (Cl-)
Negativo
Nº (%)
Borderline
Nº (%)
Positivo
Nº (%)
NaCl <50
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A totalidade das amostras com resultado de NaCl <50 mmol/L foinegativa no doseamento de cloretos
NaCl <50
mmol/L40 40 0 0
NaCl ≥50
mmol/L75 32 (42.7%) 24 (32.0%) 19 (25.3%)
Total 115 72 24 19
Casuística de 2009-2013Percentagem de resultados positivos, borderline e negativos para o rastreio e
confirmação relativamente ao total de amostras analisadas
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Nos 75 casos em que se doseou o ião cloreto:19 positivos, 24 borderline e 32 negativos, correspondendo a 4 %, 5 % e 7% dototal das amostras estudadas,
Casuística de 2009-2013Estudo do Gene CFTR efetuado em 31 casos, 15 com resultado de cloretos positivo, 11borderline e 3 negativos
•10 (32%) - duas mutações•8 (26%) -uma mutação•13 (42%), não se encontraram mutações
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2 casos com condutimetria borderline ( sem doseamento de Cl-), não foramdetetadas mutações.Criança com 6 meses de idade, com Condutimetria negativa , foi encontrada umamutação
encontraram mutações
CONCLUSÃOA prova é tecnicamente exigente, requer experiência, qualificação eo seguimento de orientações emitidas por organismos de referência
A sua interpretação e valorização são de importância primordial parao diagnóstico correto e atempado, sendo no entanto essencial utilizaros métodos de colheita e análise apropriados, assim como um
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os métodos de colheita e análise apropriados, assim como umadequado controlo de qualidade e avaliação dos resultados
Para interpretação de qualquer prova do suor é indispensável queesteja explícito, no resultado laboratorial, o método utilizado naanálise do suor
CONCLUSÃO
Uma prova de suor com resultados dentro dos valores de referêncianão exclui a doença, pelo que sempre que o quadro clínico sejasugestivo de FQ deve ser pedida nova prova de suor paralaboratório que garanta a realização da prova quantitativa.
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Todos os casos em que foram identificadas duas mutações no geneCFTR apresentaram uma prova do suor positiva.
A prova do suor com base na concentração de cloretos é o teste dereferencia para o diagnóstico da FQ.
BibliografiaAccurso FJ. “Update in cystic fibrosis”( 2006). Am J Respir Crit Care Med 2007;
175: 754-7.
Philip M. Farrell et al “Guidelines for Diagnosis of Cystic Fibrosis in Newbornsthrough Older Adults: Cystic Fibrosis Foundation Consensus Report” J Pediatr.
2008 August ; 153(2): S4–S14
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Philip M. Farrel “ The prevalence of cystic in the European Union”, Journal ofCystic fibrosis 7 (2008) 450-453