Prototipagem rápida de conteúdos e sua formalização para a Internet

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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores Prototipagem rápida de conteúdos e sua formalização para a Internet Fernando Jorge Bastos dos Santos de Lima Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de mestre em Gestão de Informação Dissertação realizada sob a supervisão do Professor Doutor Joaquim José Borges Gouveia Porto, Setembro de 1999

Transcript of Prototipagem rápida de conteúdos e sua formalização para a Internet

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Prototipagem rápida de conteúdos e sua formalização

para a Internet

Fernando Jorge Bastos dos Santos de Lima

Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra

Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de mestre em Gestão de Informação

Dissertação realizada sob a supervisão do Professor Doutor Joaquim José Borges Gouveia

Porto, Setembro de 1999

2

Resumo

O texto descreve o estudo efectuado sobre a possibilidade de se conseguir, de uma

forma rápida e simples, efectuar a transferencia de conhecimentos e de se continuar a

leccionar uma “aula”, tal como esta é concebida hoje, num novo modelo na Sociedade

da Informação. Este novo modelo de sociedade permite antever profundas

modificações, nomeadamente a transição de um modelo de ensino presencial para o

ensino não presencial.

É feita uma caracterização do papel do ensino e da educação nesta nova sociedade,

numa vertente de adaptação aos meios emergentes, sendo analisado o estado da

tecnologia, modelos e métodos disponíveis no ensino não presencial.

Sendo a Internet, em particular Web, o meio que naturalmente emerge, para difusão do

saber, é realizada uma análise mais detalhada em função dos ambientes de ensino não

presencial já implementados, tendo sido escolhido o ambiente AulaNet para a realização

de um estudo de caso que procure verificar a possibilidade que existe para a criação de

cursos e proceder à implementação dos respectivos conteúdos na Internet. É também

feita uma análise acerca das atitudes que os intervenientes no processo de

ensino/aprendizagem terão face a estas novas formas de ensino.

3

Abstract

This work describes the study of the possibility to achieve, in a fast and easy way, the

transfer of knowledge, keeping the ability to lecture a class, in a new model within the

Information Society. This new model of society brings deep changes, specially

regarding the transition from a face-to-face learning model to a distant learning model.

The role of the distance education within this new society is analysed specially

regarding its own adaptation to the emerging solutions, with their technology, models,

methods and frameworks.

Due to the perception of the enormous potential of the Internet regarding the Web-

Based Education, an analysis is done aiming the already implemented environments for

the creation and maintenance of Web-based courses. The AulaNet environment as been

select to a detail study regarding the possibility to create courses and implements their

contents within Internet. In this study the new actors’ roles are analysed.

4

Palavras Chave

AulaNet

Ambientes Educativos

Ensino à distância

Gestão de Informação

Instrução Baseada na Web

Implementação de conteúdos

Internet

Learningware

Multimédia Interactiva

Sistemas de Gestão da Instrução

Sociedade da Informação

Treino digital

5

Keywords

AulaNet

Content implementation

Educational Environment

Distance learning

Instructional Management Systems

Information Management

Information Society

Interactive Multimedia

Internet

Learningware

Teletraining

Web-Based Education

6

Agradecimentos

Agradeço de um forma muito especial ao meu orientador, Professor Borges Gouveia, o

cuidado e a colaboração fornecidos durante a realização desta Dissertação, assim como

os conselhos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para os resultados

apresentados neste trabalho.

Agradeço, também, à equipa do LES, PUC-Rio, o facto de me terem disponibilizado o

ambiente AulaNet utilizado no estudo de caso e me ter sido facultada a frequência do

curso de TIAE 1998.

Finalmente, à Ernestina, ao António e ao Rui pela paciência tida durante estes últimos

meses.

7

"Os que estão dispostos a aprender com os outros tornar-se-ão maiores"

Shu Ching, século V a.C.

8

Índice de Conteúdos

RESUMO ....................................................................................................................................................2

ABSTRACT ................................................................................................................................................3

PALAVRAS CHAVE.................................................................................................................................4

KEYWORDS ..............................................................................................................................................5

AGRADECIMENTOS...............................................................................................................................6

ÍNDICE DE CONTEÚDOS.......................................................................................................................8

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................10

ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................................................................11

ABREVIATURAS....................................................................................................................................12

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................13

1.1 OBJECTIVOS..................................................................................................................................13 1.2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO .......................................................................................................15

2. O ENSINO, A FORMAÇÃO E O TREINO DIGITAL ....................................................................16

2.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................16 2.2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO........................................................................................................17 2.3 AS IMPLICAÇÕES DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO...........................................................................19 2.4 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ...........................................................22 2.5 EM DIRECÇÃO A UM "ESTADO DIGITAL" ...........................................................................................24 2.6 UMA TECNOLOGIA EDUCATIVA PARA A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .............................................29 2.7 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM .......................................................................................................31 2.8 CONCLUSÃO......................................................................................................................................38

3. IMPLEMENTAÇÃO DE CONTEÚDOS NA INTERNET...............................................................40

3.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................40 3.2 O DESENVOLVIMENTO DE AMBIENTES EDUCATIVOS NA INTERNET....................................................41

3.2.1 O ensino não presencial ............................................................................................................42 3.2.2 A tecnologia do ensino não presencial ......................................................................................44 3.2.3 O uso apropriado da tecnologia................................................................................................51 3.2.3 Implementação de estratégias para o ensino na Web ...............................................................53

3.3 A MOTIVAÇÃO PARA APRENDER NA WEB..........................................................................................56 3.4 CRITÉRIOS PARA O DESIGN DE CURSOS NA INTERNET.......................................................................58

3.4.1 Objectivos gerais de design de cursos na Web..........................................................................59 3.4.2 Critérios básicos a serem utilizados no design .........................................................................60

3.5 UM MÉTODO GERAL PARA O ENSINO NA WEB....................................................................................61 3.6 UM MODELO EMERGENTE PARA OS CURSOS BASEADOS NA WEB .......................................................67 3.7 IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM ............................................................70 3.8 NOVAS ATITUDES PERANTE O PROCESSO DE ENSINO..........................................................................75 3.9 COMPARAÇÃO DE AMBIENTES...........................................................................................................83 3.10 CONCLUSÃO....................................................................................................................................86

4. O AMBIENTE AULANET - UM ESTUDO DE CASO....................................................................88

4.1 AULANET™ - UM AMBIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO E PARA A MANUTENÇÃO DE CURSOS NA INTERNET ................................................................................................................................................88

9

4.1.1 As origens do AulaNet ...............................................................................................................89 4.1.2 Os objectivos do projecto AulaNet ............................................................................................90

4.2 CARACTERÍSTICAS DO AULANET ......................................................................................................94 4.2.1 A arquitectura do AulaNet.........................................................................................................94 4.2.2 Os actores do AulaNet...............................................................................................................97 4.2.3 Os recursos e serviços do AulaNet ............................................................................................98

4.3 CONTACTO COM O AULANET ..........................................................................................................100 4.3.1 Instalação do AulaNet .............................................................................................................101 4.3.2 A interface do administrador...................................................................................................101 4.3.3 A interface do professor ..........................................................................................................105 4.3.4 A interface do aluno ................................................................................................................111

4.4 FUNCIONALIDADE DO AMBIENTE.....................................................................................................113 4.5 CONCLUSÕES ..................................................................................................................................114

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................116

5.1 CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES.....................................................................................................116 5.2 PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO .........................................................................................................119

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................121

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................129

10

Índice de figuras

Figura 1 - Modelo relacionando professores e alunos...............................................................................77 Figura 2 - O mundo convergente da MMI..................................................................................................78 Figura 3 - Impacto e relações entre MMI baseada utilizando CD e Web..................................................80 Figura 4 - A página inicial do ambiente AulaNet ......................................................................................88 Figura 5 - Arquitectura Cliente/Servidor do ambiente AulaNet ................................................................94 Figura 6 – A arquitectura em modelo de camadas do AulaNet .................................................................95 Figura 7 - A camada servidor de objectos Lua ..........................................................................................96 Figura 8 - Formulário de identificação perante o AulaNet .....................................................................102 Figura 9 - Página inicial de administração do AulaNet ..........................................................................102 Figura 10 - Exemplo de correio recebido após inscrição no AulaNet .....................................................103 Figura 11 - Definição de instituições e departamentos............................................................................104 Figura 12 - Manutenção de ligações a Plugins........................................................................................104 Figura 13 -A barra de progresso do curso, vista pelo professor. ............................................................105 Figura 14 - Os mecanismos de comunicação...........................................................................................106 Figura 15 - Os mecanismos de coordenação ...........................................................................................107 Figura 16 - A arquitectura do Quest (Choren, 1998)...............................................................................109 Figura 17 - Os mecanismos de cooperação .............................................................................................110 Figura 18 - O "controlo remoto" do aluno...............................................................................................111 Figura 19 - A interface do aluno mostrando o “controlo remoto”(menu) em primeiro plano ................112

11

Índice de tabelas

Tabela 1- O aluno como utilizador e produtor de software MMI ..............................................................79 Tabela 2 - Comparação de serviços de ambientes de ensino baseados na Web ........................................85 Tabela 3 - Recursos e Serviços do ambiente AulaNet ................................................................................99 Tabela 4 - Ferramentas integradas no ambiente AulaNet e a sua origem .................................................99 Tabela 5 - O software que é instalado com o AulaNet .............................................................................101

12

Abreviaturas

ARCS - Attention, Relevance, Confidence, Satisfaction ASP - Active Server Pages CAI - Computer Assisted Instruction CFC - Challenge, Fantasy, Curiosity CBM - Computer-Based Multimedia CD - Compact Disk CMC - Computer Mediated Communication CMI - Computer Managed Instruction COM - Microsoft’s Component Object Model CORBA - Common Object Request Broker Architecture FAQ - Frequently Asked Question FTP - File Transfer Protocol HTML - HyperText Markup Language HTTP - HyperText Transfer Protocol IRC - Internet Relay Chat IBM - International Business Machines, Inc. IBW - Instrução Baseada na Web IMS - Instructional Management Systems IMM - Interactive MultiMedia ISO - International Organisation for Standardisation KWL - Know, Want, Learn LES - Laboratório de Engenharia de Software MMI - Multimédia Interactiva MUD - Multi-User Dialogue NLII - National Learning Infrastructure Initiative ODBC - Open DataBase Connectivity OMG - Object Management Group OSI - Open Systems Interconnection PUC-Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RAM - Random Access Memory SGBD - Sistema de Gestão de Base de Dados SI - Sociedade da Informação SMTP - Simple Mail Transport Protocol TCP/IP - Transmission Control Protocol/Internet Protocol TI - Tecnologias da Informação TIC - Tecnologias da Informação e da Comunicação URL - Universal Resource Locators XMLTM - Extensible Markup Language WCB - Web Course in a Box WBE - Web-Based Education WWW - World Wide Web

13

1. Introdução

1.1 Objectivos

Encontramo-nos num processo de transição para uma nova sociedade baseada na

Informação, evoluindo desta maneira para a chamada Sociedade da Informação, que

surge como consequência directa de uma Revolução Social e Económica actualmente

em curso. Esta Revolução implica modificações globais e, como tal, todos os sectores

irão de uma forma ou de outra ressentir-se deste processo evolutivo.

De uma forma mais particular, também o sistema educativo terá de se adaptar à nova

sociedade e uma das questões que é levantada é se este estará apto a acompanhar este

processo evolutivo.

O papel do sistema educativo, nesta nova sociedade, tem de ser caracterizado e em

particular o papel dos seus intervenientes. Este sistema assenta as suas fundações num

processo de ensino/aprendizagem, com uma dependência directa das bases de conteúdos

e de práticas, sendo estes os detentores do conhecimento e possuidores de um conjunto

de técnicas adaptadas ao processo cognitivo humano que permitem realizar a sua

correcta transmissão. É necessário verificar se estas técnicas e práticas serão válidas na

nova sociedade e se será possível, para aqueles que dominam os conteúdos, efectuar de

uma forma rápida e eficaz a sua transmissão a terceiros, adaptando-se também ao novo

modelo de sociedade.

Contudo, o dominar de conteúdos e de práticas “antigas” não garante o atingir de uma

forma célere e eficaz todos aqueles que irão necessitar de novos saberes. Será que a

nova sociedade prevê um novo meio ideal para realizar esta transmissão de

conhecimentos? Poderá a Internet, em particular a Web, ser o meio emergente para a

difusão de conhecimento?

14 Outras questões emergem neste contexto:

• de que forma é que será necessário alterar práticas e técnicas que

actualmente garantem a transmissão do saber de uns indivíduos para outros?

• será que as partes envolvidas irão estar aptas a alterar as suas práticas,

sujeitando-se aos novos requisitos e meios impostos pela nova sociedade?

• será que existem modelos de ensino/aprendizagem que possam vir a ser

utilizados naquilo que se prevê que venha a ser a nova sociedade?

• de que forma os actuais métodos se podem inserir nestes modelos?

• estarão já a ser realizadas “experiências” nesta área?

• qual o potencial que daí advém?

É necessário sintetizar todas estas questões de forma a procurar um objectivo comum

este parece estar ligado às limitações que existirão para se conseguir efectuar a

transferência de conhecimentos e à possibilidade de se poder continuar a leccionar uma

“aula”, tal como ela é concebida hoje, mas adaptada a um novo modelo de sociedade.

Posto o problema desta forma, com a previsão de que será a Internet, em particular a

Web, o meio utilizado para realizar a transferência do saber, a questão principal parece,

como se pretende demonstrar, conjugar-se numa só:

- Será ou não possível efectuar a prototipagem rápida de conteúdos na Web?

Para responder a esta questão terão de ser analisadas as questões deixadas em aberto nos

parágrafos precedentes, devendo ser caracterizado o papel do ensino e da educação

nesta nova sociedade, em particular a educação utilizando os meios emergentes, de

forma a garantir uma adaptação gradual à nova sociedade. Terá também de ser analisado

o estado da tecnologia, dos métodos e dos modelos associados ao desenvolvimento de

conteúdos na Internet, analisando, em particular, as soluções que se encontram

implementadas. Destas soluções será escolhida uma, aquela que apresenta uma maior

flexibilidade e um potencial aparente, com o intuito de realizar um estudo de caso na

óptica dos actuais intervenientes.

15 1.2 Estrutura e organização

Este trabalho será estruturado por forma a responder às questões deixadas em aberto nos

parágrafos precedentes, possuindo o seguinte alinhamento lógico:

1. caracterizar o papel da educação e do sistema educativo face à Sociedade da

Informação (daí o nome “O ensino, a formação e o treino digital” para o capítulo

onde este estudo será realizado), com o intuito de prever as modificações que os

actuais métodos e modelos de ensino irão sofrer na evolução a este novo modelo de

sociedade, pelo que será exequível prever desta forma se os métodos e modelos

actuais de aprendizagem irão sofrer modificações, bem como antecipar onde e como

estas ocorrerão;

2. verificar se a Internet é um meio privilegiado para a realização do ensino à

distância, realizando a necessária caracterização do ensino não presencial, bem

como analisar os ambientes educativos existentes na Internet, procurando as

premissas e as estratégias necessárias à implementação de cursos, sem descurar o

seu potencial e o papel desempenhado pela multimédia no processo educativo,

realizando a verificação da existência de modelos de formatação de conteúdos

(cursos, programas, aulas, design) que permitam uma rápida e fácil implementação

na Web (originando o nome para este capítulo: “Implementação de conteúdos na

Internet”), procurando a identificação de casos tipo, nomeadamente quais os

modelos emergentes e quais as novas atitudes e metodologias, detalhando as

principais características e potencialidades em ambientes já implementados;

3. escolhido um ambiente será realizado o estudo de caso (“O ambiente AulaNet – um

estudo de caso”), onde é realizada a análise geral do ambiente, com uma atenção

especial ao papel dos seus utilizadores e intervenientes, procurando responder à

possibilidade de implementação de conteúdos de uma forma simples e rápida, bem

como antever outras potencialidades do ambiente no ensino não presencial;

4. elaborara as considerações finais e retirar as conclusões do estudo realizado,

procurando perspectivas de evolução (“Conclusões”).

16

2. O ensino, a formação e o treino digital

2.1 Introdução

A nossa sociedade evolui para a chamada Sociedade da Informação, esta evolução surge

como consequência directa de uma Revolução Social e Económica, actualmente em

curso. Sendo uma revolução, torna-se impossível antever, de uma forma objectiva e

inequívoca, o futuro e as suas consequências. É, contudo, possível caracterizar partes

em evolução, e partindo desses fragmentos, conceber um futuro exequível.

A revolução da informação permite antever profundas mudanças na forma como se

encara a sociedade, a sua organização e as suas estruturas. É necessário caracterizar esta

sociedade por forma a se conseguir entender em que medida é que esta Sociedade da

Informação irá influenciar o ensino, a formação e o treino digital. O papel do ensino é

fundamental e terá de ser analisado, porque só desta forma será possível prever as

modificações que os actuais modelos de ensino irão sofrer na adaptação a esta nova

sociedade. Como o sistema actual assenta as suas fundações num processo de

ensino/aprendizagem, com uma dependência directa dos fornecedores de conteúdos e de

práticas, sendo estes os detentores do conhecimento e possuidores de um conjunto de

técnicas adaptadas ao processo cognitivo humano que permitem realizar a sua correcta

transmissão, torna-se necessário verificar se estas técnicas e práticas serão válidas na

nova sociedade e se será possível, para aqueles que dominam os conteúdos, efectuar de

uma forma rápida e eficaz a sua transmissão a terceiros, adaptando-se também ao novo

modelo de sociedade.

Terá de analisado o papel do ensino, porque só desta forma será possível prever se os

modelos actuais de aprendizagem irão sofrer modificações, para se adaptarem a esta

nova sociedade e quais serão. Desta forma será possível antever o futuro e com as

indicações obtidas, relativamente ao papel do processo de ensino na nova sociedade,

poderá ser iniciada desde já a implementação com os actuais meios e recursos.

17

2.2 A Sociedade da Informação

Há que definir o que é a Sociedade da Informação, segundo o Livro Verde para a

Sociedade de Informação em Portugal, a seguinte definição é dada:

"A expressão «Sociedade da Informação» refere-se a um modo de

desenvolvimento social e económico em que a aquisição, armazenamento,

processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de

informação conducente à criação de conhecimento e à satisfação das

necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na

actividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida

dos cidadãos e das suas práticas culturais."

(Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997, p. 7)

Torna-se óbvio que esta nova sociedade é controlada pela informação pelo que, alguns,

preferem chamar-lhe o "Estado Digital" dominado pela informação e pelas tecnologias

associadas, indo esta perspectiva ser alvo de uma atenção especial mais adiante no

texto.

Em 1994, a União Europeia promoveu a realização de um estudo acerca da Sociedade

da Informação e os resultados desse estudo, na forma de recomendações foram

publicados num relatório que ficou conhecido como relatório Bangemann (Comissão

Europeia, 1994). Este estudo, começa por analisar a revolução em curso comparando-a

à revolução industrial, definindo-a como uma revolução, baseada na informação,

caracterizando a informação como a expressão do conhecimento humano. Por outro

lado, constata que o progresso tecnológico permite o processamento, o armazenamento,

a recuperação e a comunicação da informação independentemente do formato desta

(oral, escrita ou visual) sem quaisquer limites de distância, tempo ou volume.

Esta revolução acrescenta uma enorme capacidade à inteligência humana e constitui um

recurso que mudará o modo como trabalhamos e vivemos, sendo possível aproveitar a

18 sociedade da informação para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos da Europa, a

eficiência das organizações sociais, económicas e de reforçar a coesão.

Por outro lado, havendo uma revolução em curso, é natural que a sociedade tal qual a

conhecemos sofra modificações a todos os níveis.

19

2.3 As implicações da Sociedade da Informação

A revolução da informação permite antever profundas mudanças na forma como se

encara a sociedade, a sua organização e as suas estruturas, criando um desafio maior.

Este desafio tem duas opções, ou se aproveitam as oportunidades dadas e se superam os

potenciais riscos, ou "deixa-se andar" sujeitando-se às mudanças, com todas as

incertezas que daí possam ocorrer.

O relatório Bangemann adverte de uma forma directa para as consequências desta opção

e para os potenciais riscos da criação de uma sociedade a dois níveis, composta por

aqueles que tem acesso às novas tecnologias, sentindo-se por esse facto à-vontade e

aproveitando ao máximo os seus benefícios, e pelos outros que não possuem esse

acesso, eventuais vítimas marginalizadas por parte da nova cultura da informação e dos

seus instrumentos. Assim, há que encontrar maneiras de superar os riscos e maximizar

os benefícios, sendo da responsabilidade das autoridades públicas a criação de

salvaguardas e o garantir da coesão da nova sociedade emergente, devendo ser

providenciado um acesso razoável, a todos, às infra-estruturas, devendo, também, ser

dispensada uma especial atenção na difusão e na aceitação do uso das novas tecnologias

por parte da população.

Um dos pontos chave para o sucesso da nova sociedade será o da educação, esta terá de

ser redefinida. A Comissão Europeia criou um Livro Branco em 1995 (White Paper On

Education And Training - Teaching And Learning Towards The Learning Society) no qual

analisa o papel da educação na Sociedade da Informação. Em primeiro lugar constata

que esta nova Sociedade assenta as suas bases no desenvolvimento no trabalho

intelectual, sendo as actividades globais muito complexas. Por esse motivo, é necessário

a especialização e a qualificação dos trabalhadores da Sociedade da Informação.

Estas actividades serão suportadas pela tecnologia, nomeadamente as Tecnologias da

Informação e das Comunicações (TIC). Em virtude do uso das TIC, muitas das

actividades que hoje existem irão deixar de existir, pelo que se prevê como

20 consequência uma desqualificação e um correspondente aumento do desemprego, mas

novos empregos tecnológicos têm de ser criados, prevendo a Comissão Europeia que se

criem um número equivalente ou ligeiramente superior de novos empregos quando

comparados ao número de empregos que irão ser suprimidos.

O trabalho na nova sociedade terá uma natureza essencialmente intelectual e criativo,

sendo valorizado o papel do indivíduo, com a correspondente libertação das tarefas

mecânicas e repetitivas, em favor da criatividade, contudo, este papel poderá vir a ser

desvalorizado pela submissão à tecnologia, e estando esta em constante evolução,

implicando assim ao aumento (reajuste) de conhecimentos e competências individuais.

O trabalho essencialmente criativo pode fazer surgir novas oportunidades para os

elementos que até aqui estavam marginalizados, nomeadamente aqueles que são

portadores de deficiências motoras (Baggot, 1997).

Este aumento, da importância do indivíduo na sociedade, desvalorizará o papel do

Estado, pois serão os indivíduos a terem o poder e a iniciativa, ao Estado competirá

garantir as "regras do jogo", assegurando em primeiro lugar que a transição seja feita de

forma gradual e honesta, e depois, impedindo que se criem desigualdades sociais ou

económicas, garantindo desta forma que "A sociedade da informação é uma sociedade

para todos." (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997, 9)

Torna-se imperativo redefinir o papel e os processos da educação e da formação, de

forma a decorrerem continuamente ao longo da vida dos indivíduos, pois só assim estes

poderão enfrentar as novas condições de vida e de trabalho da Sociedade da Informação.

A Escola e o Sistema Educativo serão assim os berços desta revolução, novas

perspectivas são encaradas, nomeadamente a auto-aprendizagem e o ensino à distância,

sendo adiante detalhadamente analisadas.

As Universidades terão, neste contexto, um papel de destaque porque, como relembra

Alexander King (1985), pois foi sempre nas Universidades que nasceram as grandes

mudanças que mais tarde se repercutiram nas sociedades, pelo que será de esperar que

com as modificações sociais que se prevêem e, sendo um centro crítico por excelência,

21 serão as instituições melhor colocadas para questionar as crenças tradicionais e os

dogmas políticos, criando novas ondas sociais que muitas vezes são responsáveis pelo

renovar de sociedades e de políticas. É previsível que também a Universidade de hoje

na sua estrutura, função e abordagem do ensino tenha de sofrer uma reformulação,

mantendo apesar de tudo, a sua função principal, que continuará a ser a de comunicar às

novas gerações o conhecimento acumulado pelos séculos, bem como a interpretação dos

factos contemporâneos, continuando a ser um centro fornecedor de especialização e de

as competências segundo a vocação individual de cada um. Não se pode ainda esquecer

o papel das Universidades na pesquisa de outros conhecimentos, e ainda as funções

especializadas que algumas Universidades adquiriram na formação de adultos, com o

fim de manter a sua actualização profissional pela sua carreira fora.

Urge preparar os Europeus para o advento da sociedade da informação, como uma

tarefa prioritária. A educação, o treino e a difusão terão um papel principal. O objectivo

descrito no Livro Branco que garante aos cidadãos o direito à educação e treino ao

longo da vida, encontra aqui, em pleno, a sua justificação, sendo necessário encorajar e

promover iniciativas de divulgação (públicas ou privadas), em especial a um nível

regional e local. Assim, é necessário preparar os Europeus para o advento da Sociedade

de Informação como prioridade, recorrendo à educação, ao treino e à difusão.

Por outro lado, será que estaremos preparados para iniciar a revolução? Neste ponto, o

capítulo 3 do Relatório Bangemann, que faz a análise a base tecnológica da Europa,

concluindo que a base tecnológica da Europa é desde já suficiente, mas recomenda um

especial cuidado e atenção na implementação dos sistemas iniciais, devendo estes ser

realísticos e implementados de tal forma que permita a exploração do valor dos serviços

oferecidos aos utilizadores de forma a avaliar a praticabilidade dos novos sistemas de

informação. Estes sistemas iniciais irão ser os modelos de arranque, condicionando

dessa forma a facilidade e eficiência de utilização, bem como permitirá melhorar o custo

dos sistemas e servindo de estudo às consequências da utilização em larga escala.

22

2.4 A educação à distância na Sociedade da Informação

A educação à distância é analisada no relatório Bangemann (Comissão Europeia, 1994,

aplicação 2) na perspectiva de que a educação à distância é aprender ao longo da vida

numa sociedade em mudança, devendo para isso serem promovidos centros de educação

à distância fornecendo cursos, treino e serviços à medida, para as empresas e a

administração pública sendo também necessário alargar o uso do ensino à distância ao

meio escolar. Por esse facto, existe a necessidade de cativar maiores esforços, para

treinar os formadores e expandir a alfabetização informática na docência.

A educação à distância terá como suporte a própria tecnologia que se pretende divulgar,

sendo o meio privilegiado para a introdução de mudanças na sociedade. Não é pois de

estranhar que no Livro Verde para a Sociedade de Informação, o ensino à distância surja

como um mecanismo natural de preenchimento de carências de informação

especializada. Aqui, são preconizadas várias medidas para o desenvolvimento e

promoção do ensino à distância, sendo de referir que é necessário desenvolver projectos

escolares em telemática educativa (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997, p. 38).

Por outro lado, para que nas escolas se possam leccionar programas no âmbito da

Sociedade da Informação, há que promover a revisão de Programas e Currículos e

integrar nestes da melhor forma as TIC (idem, p. 38), recomendando-se ainda para o

realizar de uma avaliação relativamente ao impacto dessa mesma alteração.

Porque só assim, se poderão efectuar eventuais ajustes (e correcções) na implementação

dos referidos programas.

Como muitos dos indivíduos já não estão em idade escolar, e uma vez que a "Sociedade

da Informação exige novos conhecimentos e novas práticas, obriga a um esforço de

aprendizagem permanente" (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997, p. 58) torna-

se obrigatório a criação de programas de ensino à distância com suporte nas novas

tecnologias (idem, p. 60).

23

Para não se criarem condições de marginalização e de info-exclusão, toda a sociedade

deverá ser info-alfabetizada. O Livro Verde salienta este facto ao recomendar o

fomentar da info-alfabetização (Ministério da Ciência e da Tecnologia, 1997, p. 78).

O Estado assume um papel de avalista, ao criar condições a ao incentivar o uso da

tecnologia, para a preparação dos cidadãos, criando novas empregos e oportunidades de

base tecnológica, que podem, inclusive, ser usados para divulgar a própria tecnologia,

especialmente ao propor que os cidadãos devem dispor de ambientes apropriados para

conseguirem desenvolver actividades como o teletrabalho, o trabalho cooperativo e o

ensino assistido (idem, p. 89).

E, procurando encontrar como aliado natural, o mercado e a indústria da informação,

que já se encontram intimamente ligados às indústrias das telecomunicações, dos media,

do lazer e do entretenimento, numa vertente designada de multimédia, é necessário

aproveitar essa indústria e dinamizar o seu desenvolvimento, como forma a criar novos

postos de trabalho e explorar novas oportunidades e negócios. A integração, destas na

Sociedade da Informação, já é feita à escala global, pelo que os que se adiantarem, têm

um aliciante extra, o de poderem vir a dominar os novos mercados e negócios sem

contudo esquecerem de que "...O mercado conduzirá e decidirá quem será vencedor e

vencido(...) e, este mercado é global." (Comissão Europeia, 1994, cap. 1).

24

2.5 Em direcção a um "Estado Digital"

Os gurus dos nossos dias encontram-se também muito sensíveis a esta revolução, em

particular no que diz respeito à educação, Alvin Toffler (1999) afirma que existem dois

pilares fundamentais, sendo um deles uma melhor educação e o outro uma boa infra-

estrutura electrónica. Defende, ainda, a necessidade absoluta de desenvolver novas

formas de ensinar, com o envolvimento dos media, computadores, criando comunidades

de saber distribuído (envolvendo famílias, professores, consultores e demais

intervenientes).

Já Chuck Martin (1998) vai mais longe ao advogar a existência de um Estado Digital,

defendendo a importância dos media e o controlo da informação:

"No Estado Digital, de que eu falo, eu, você, qualquer um tem acesso pessoal

directo à informação que lhe interessa.(...) terá de evoluir, para ser mais do que

um fornecedor de informação, terá de ser um fornecedor de saber."

Sendo este estado consequência de uma revolução tão importante como outras

anteriores na história. Surge baseada nas comunicações em rede e na multimédia digital,

que está a mudar radicalmente a forma como se negoceia, se estuda ou até como as

pessoas se divertem.

Seria completamente ingénuo julgar que os mais novos não estão a ser afectados por

esta vasta mudança social, política e económica. Uma nova geração, a "geração Net",

emerge (daí o nome do livro de Don Tapscott: "Growing Up Digital - The Rise of the

Net Generation"), muito mais preparada do que os da geração anterior para a mudança,

crescendo, naturalmente, com as novas tecnologias, algo que muitos dos da geração

anterior procuram agora agarrar. Tapscott chega mesmo a considerar que vai passar por

esta "geração de miúdos" a tarefa de definir o a nova sociedade e que serão estes a

promoverem a reeducação das gerações mais velhas.

Surge assim, deste Estado Digital, algo absolutamente novo, um "quinto poder", detido

por aqueles que possuem o acesso pessoal directo à informação e uma enorme

25 capacidade de conexão interactiva. Aqui, no Estado Digital torna-se imperioso definir

os pilares de sustentação, e Martin defende que esse pilar é a Internet, uma vez que uma

das características do Estado Digital, é capacidade de se conseguir lançar e aprender,

ora isto só é possível utilizando o ambiente da Internet.

O ambiente da Internet, que é visto como o meio comunitário de conexão entre pessoas

e entidades mais extraordinário de todos os tempos, sem antecedentes que possam servir

de referência e, com a correspondente potencial de conectividade, implica naturalmente,

uma massificação da informação. O Livro Verde (Ministério da Ciência e da

Tecnologia, 1997, p. 85) considera que se deve "disponibilizar uma infra-estrutura de

informação de acesso universal, bidireccional" de qualidade e que disponibilize

aplicações de interesse, nomeadamente na educação, "independentemente da

localização do utilizador", propondo medidas de incentivo ao acesso à Internet (idem,

p. 88)

Com o envio de informação de umas para as outras pessoas, com a mais recente

tecnologia em que se gera através do mundo fluxo de milhões de peças de informação

personalizadas e com a partilha das imensas bases de dados, haverá um crescimento

exponencial da informação disponível e toda a conectividade humana global que a

Internet permite. Para Martin, a Internet exige uma aprendizagem autocrítica, de

aprendizagem com os deslizes, ou seja, é lançando e tropeçando ao longo do percurso

que se consegue acertar com o caminho correcto, sendo pois a própria comunidade da

Internet que fará o seu papel, ajudando-nos na criação da própria estratégia e do

produto, a partir do momento em que é lançado. Este é o grande poder de usar a Internet

para criar o seu "produto" final, sendo este o ponto a ser assimilado para se poder entrar

na nova era porque, o que até agora, tem sido feito é o oposto, ou seja, a testar vezes

sem fim antes de se lançarem produtos no mercado.

Uma outra característica da Internet é a possibilidade de globalizar personalizando, e

Martin exemplifica essa característica da seguinte forma: "Uma empresa ou

organização pode criar um «site» acessível mundialmente - globalização - que se

apresenta de um modo diferente a cada um que o visita - personalização. Isto é feito

hoje pela tecnologia. Assim, quando uma pessoa vê determinada informação numa

26 primeira visita ao «site», verifica, quando lá voltar, que tem mais e mais dessa

informação que lhe interessou. Algo similar, no mundo analógico, seria como se você

visitasse uma loja e andasse por lá às voltas a ver determinado tipo de vestuário. Na

visita seguinte a essa loja, eles teriam lá uma maior variedade do tipo de itens que você

viu da primeira vez.".

Esta característica de personalização ao indivíduo surge como um risco da tecnologia

que permite ir mais além, antevendo um controlo dos indivíduos, controlo esse

efectuado pela importância do indivíduo no meio. A. L. Costa (1991), no seu livro

Creating the Future, afirma existir hoje em dia uma tomada de consciência, quer ao

nível dos dirigentes políticos, quer dos dirigentes escolares (nomeadamente os

professores), numa perspectiva de "projecto social", apercebendo-se da importância dos

seus papeis e o das suas organizações no controlo do indivíduos, pela distribuição do

poder, pelo incentivo à criatividade e ao desenvolvimento pessoal e contínuo ao longo

da vida, havendo que salientar o papel das novas tecnologias, que devem ser

consideradas como recursos adicionais, a ser exploradas e utilizadas, de modo a

optimizar as oportunidades de aprendizagem, essencialmente no que respeita ao

processamento de informação, qualquer que seja a sua forma de apresentação. Fothergill

(1988), parece também apostar na importância do controlo tecnológico ao afirmar que

"a tecnologia tem três efeitos essenciais: mecanismo para controlar o meio envolvente,

para organizar e armazenar informação, e para comunicar".

Passando a descrever a "sociedade de amanhã" (Fothergill, 1988, Cap. 5), defende que

esta é dominada pela informação, sendo esta utilizada por máquinas inteligentes que

permitem a organização de uma série de actividades da vida humana aos mais diversos

níveis, nomeadamente profissional e lúdico. Como consequência, a "sociedade estaria

dependente de tecnologia de todos os tipos". Porém, uma sociedade futura desse tipo,

exige indivíduos capazes de lidar com os equipamentos. Como consequência directa, há

uma necessidade de educar e preparar as crianças de hoje para utilizarem os

equipamentos que terão ao seu dispor no seu futuro, enquanto membros de uma

sociedade. Se atendermos ao facto de que a tecnologia se reveste de um carácter flexível

e de mudança, ainda se torna mais importante considerar a tecnologia como parte

27 integrante dos currículos das escolas dos futuros cidadãos. No fundo, há que prepará-los

para as necessidades do amanhã.

A tecnologia permite um acesso rápido à informação, por parte de um grande número de

pessoas, que podem estar em sítios diversos e distantes. Porém, as pessoas precisam de

saber como tirar proveito das tecnologias ao seu alcance e Fothergill defende que se

deve preparar desde já uma geração para a sociedade da informação, porque "é por essa

razão que uma reconsideração do currículo é necessária agora, não depois. Não é

difícil ver que o currículo de hoje tem pouco para oferecer, de modo que possa vir a

ajudar a preparar as crianças para a sociedade da informação".

A adaptação tecnológica e a preparação de uma nova geração apta a lidar com a

informação é também defendida por King (1985), este defende que, desde o princípio

dos tempos, a tecnologia tem tido um impacto marcante na sociedade, sendo nos nossos

dias dominada pela microelectrónica e pela informação. A variedade de possíveis

aplicações podem levar a uma mudança substancial no estilo de vida de cada um

(correio electrónico, vídeo, compras, jogos, ...). A um nível macro, o aspecto mais

significativo destas possibilidades é a automatização dos serviços, de tal ordem que

poderemos chegar a pensar na ameaça que isso constitui para o desemprego, no entanto,

sobre este aspecto existem opiniões contraditórias. As mudanças tecnológicas

implicarão, necessariamente, profundas transformações sociais e, consequentemente,

mudanças educacionais bastante radicais. Torna-se imperativo sensibilizar os indivíduos

às novas tendências do futuro e abandonar a prática de só pensar no passado. A

sociedade só muda se formos sensíveis à complexidade do presente e conhecermos as

opções alternativas que poderão tomar no futuro que uma questão surge quase

naturalmente: como conseguir então uma abordagem antecipada da educação? A

resposta, segundo King, será a esperada, é necessário um incremento na qualidade e

inovação, e a formação dos professores deverá ser bastante mais exigente e preparada

para as mudanças sociais. Considera ainda que a responsabilidade de preparar a geração

seguinte é de tal forma importante, que o ensino devia ser uma das profissões

prioritárias da sociedade.

28 É, assim, bem possível que no futuro, os avanços tecnológicos e as suas influências na

sociedade conduzam a uma diversificação das estruturas educativas com diversas

opções de transmitir a informação.

O facto de se transmitir aos indivíduos a capacidade de aprender e dominar novas

tarefas, competências e ferramentas, implica mudanças estruturais logo nas fases mais

básicas da nossa formação. Talvez o currículo, em si, não mude, mas este será

transmitido com outra orientação.

Como consequência da importância da Universidade, é necessário realizar uma

abordagem multidisciplinar, uma vez que quase todos os problemas sociais

contemporâneos estão interligados e são extremamente complexos, pelo que as

tentativas de resolver estes problemas isoladamente implicam fortes repercussões nos

restantes. Além disso, cada um desses problemas reveste-se de aspectos político-

económicos, sociais e humanos, não podendo ser resolvido pelo político, sociólogo,

engenheiro ou economista sozinho, tendo que se envolver todas essas disciplinas.

A experiência mostra que quando vários destes especialistas se reúnem, cada um

contribui com a sua visão do problema, sedo mais completa a sua solução. Infelizmente,

ainda não prolifera esta atitude, sendo mais comum que cada um veja as opiniões do

outro como uma intromissão e sem dar grande crédito à abordagem pluridisciplinar.

Como epílogo, para King, será de referir que toda discussão sobre o impacto das

tecnologias na sociedade é baseada na crença de que a tecnologia determina a natureza

da sociedade, mais do que a sociedade define o tipo de tecnologia que quer.

29

2.6 Uma Tecnologia Educativa para a Sociedade da Informação

Torna-se então evidente que a sociedade está dependente da tecnologia e que urge

disseminar essa tecnologia, sendo neste ponto que a educação se assume como suporte

da própria tecnologia. Nos nossos dias, os formadores estão a deixar de ter o papel de

transmissores de conhecimento, para se tornarem em tecnólogos da sua própria prática.

Segundo Mottet (1993), é necessário realizar a "construção de uma verdadeira

«tecnologia da acção educativa» com base nas outras tecnologias, no campo da

educação". A importância das tecnologias na educação surge porque há uma exigência

de se redefinir o processo de aprendizagem. O educador vê-se perante a situação de ter

que rever as suas conceptualizações teóricas e práticas. A hipótese que Mottet coloca é

de que "a integração da tecnologia na educação implica a transformação das

organizações e das práticas educativas". Esta lógica de transformação leva a uma

estratégia de inovação fundada numa lógica de animação pedagógica que pode reunir as

condições necessárias à integração dos novos meios de comunicação postos à

disposição das potencialidades educativas. No entanto, estes meios tecnológicos não

conseguem por si só modificar o modo de ensino.

Pode definir-se tecnologia educativa como uma integração de tecnologias na educação

e, Mottet, propõe três níveis diferentes de integração:

• a tecnologia educativa constrói os diversos utensílios, processos, documentos

e materiais de que os formadores se servem para ensinar, preocupando-se

sobretudo com a modernização da utilização pedagógica na tecnologia;

• a tecnologia educativa é o estudo das diferentes formas de mobilizar e

utilizar os diferentes meios de que dispomos, tem a preocupação de tornar os

meios de utilização de tecnologia coerentes;

• a tecnologia educativa é uma concepção de acção pedagógica, é uma

tecnologia do processo de aprendizagem, concebe a educação como uma

tecnologia, a pedagogia é vista como um processo de integração das

tecnologias.

30 Mottet, considera pois ser necessário (também como consequência da mudança

relativamente à tecnologia) que se construam equipas de professores com funções

diferenciadas (ideia de educador colectivo), bem como construir e desenvolver sistemas

de auto-aprendizagem multimédia.

31

2.7 O processo de aprendizagem

Estando em debate a educação, há que analisar as teorias da educação e da

aprendizagem, existindo muitas vertentes, quer em conflito, quer em complemento

salientando-se algumas das "velhas batalhas" entre teorias, tais como as travadas entre

Associativistas e Humanistas; Conectivistas e Escola de Gestalt ou ainda a clássica

entre Behavioristas e Cognitivistas.

David Smith e Rosslyn Keep, em 1986, analisaram estas controvérsias e chegam à

conclusão que apesar das grandes questões estarem longe de uma resposta, existem

alguns consensos entre as diversas teorias:

• tanto a hereditariedade como a experiência têm papel importante no processo

de aprendizagem;

• algumas coisas, como os factos, são melhor apreendidos por explicação,

enquanto outras, como conceitos, o são em contextos significativos;

• pode ter-se uma variedade de objectivos para ensinar um tópico e isso pode

requerer uma variedade de diferentes métodos de instrução.

Romiszowski (1990) constata a existência de pontos de controvérsia entre as diferentes

teorias, tornando impossível uma coexistência, nomeadamente:

• ensino por descoberta ou exposição?

• produto ou processos de aprendizagem?

• ambientes de aprendizagem ou estruturas de conhecimento?

• estratégias de resolução de problemas algorítmicas ou heurísticas?

Contudo, estas controvérsias, que por si só não trazem quase nada de novo e quando

aliado à não definição e ausência de uniformização na utilização de muitos dos termos,

impede a verificação de mudanças nas premissas básicas das teorias de

ensino/aprendizagem.

32 É necessário clarificar as posições, pelo que se exige uma análise das origens e

principais características das principais correntes teóricas do ensino/aprendizagem:

• o Ensino Programado, evolução da posição behaviorista de Skinner, que

demonstrou ser útil no treino para o desempenho de tarefas específicas,

principalmente no campo industrial em que é possível a definição de

objectivos específicos e passíveis de serem observáveis em termos de

comportamento, sendo contudo, inoperante em termos das disciplinas mais

académicas ou naquelas em que se exige um conjunto de aprendizagens

complexo;

• a posição Neo-behaviorista, exemplificada por Gagné, distingue-se dos

comportamentalistas em sentido estrito em dois pontos, admite uma larga

variedade de diferentes tipos de aprendizagem (estando cada tipo associado a

estratégias de ensino características) e admite algum interesse ao

funcionamento mental interno que determina a aprendizagem, apresentando

para as aprendizagens de elevado nível intelectual, duas estratégias

alternativas, a exposição e a descoberta guiada;

• a abordagem cognitivo-desenvolvimentalista é exemplificada por Piaget e

Brunner, propondo este último uma abordagem por descoberta caracterizada

por três estádios (inactivo, icónico e simbólico), tendo esta abordagem as

suas bases na teoria de desenvolvimento de Piaget, e opondo-se fortemente a

Skinner e Gagné, porque os processos mentais internos assumem a maior

importância, enquanto os comportamentos observáveis ou produtos são

minimizados.

Torna-se também possível sintetizar que a aprendizagem é realizada naturalmente, e

identificar cinco categorias de aprendizagem:

• aprendizagem como um aumento quantitativo de conhecimento;

• como forma de memorização, de armazenamento de informação que pode

ser posteriormente reproduzida;

• como aquisição de factos, de novas métodos e habilidades;

• como aprender a dar sentido/abstrair significado, a relacionar partes de um

tema entre si e ao mundo real;

• como interpretação/compreensão da realidade de diferentes maneiras.

33

A informação só é útil se servir para algo, sendo essa a razão da realização da

aprendizagem é realizada. Donald A. Norman (1995) estabeleceu um modelo cognitivo

de aprendizagem no qual analisa a forma como o conhecimento é adquirido. O modelo

parte do principio que o conhecimento reside no aprendiz na forma de uma rede

semântica como uma teia de ideias e conceitos interligados. A aprendizagem ocorre

quando o aprendiz adquire nova informação e a integra na sua estrutura de

conhecimento ou rede semântica (fase de adição gradual). Como todo aumento de

conhecimento é uma mudança que tem um efeito propagador na rede (fase de

restruturação), o processo de sintonia assegura uma transição gradual da estrutura do

conhecimento (fase de sintonia). A aprendizagem é concluída quando a informação

adquirida deixa de ser algo de novo e adquire significado. Segundo Laurillard (1993) "o

significado é formado através da estrutura", isto significa que a informação começa a

fazer sentido quando passa a exibir um padrão que é reconhecível. Para que isso

aconteça, os aprendizes devem ser capazes de detectar a estrutura da informação que

adquirem, de forma a conseguirem estabelecer essa necessária relação. Este

reconhecimento, de estruturas e padrões comuns, é também defendido por Norman, que

vê este efeito de reconhecimento como algo não só importante para a aprendizagem,

mas também para a concepção de mecanismos de aprendizagem.

Por outro lado, a aprendizagem tem todos os atributos de um processo comunicativo. De

facto, o modelo de Berlo para a comunicação pode ser directamente traduzido para o

processo de aprendizagem. O ensino envolve o envio de conteúdos como mensagens

para o aprendiz (receptor) que, por sua vez, "descodifica" a mensagem e "processa" a

informação. O professor é a "fonte", a "mensagem" são os conteúdos enviados, o

"canal" é o meio de apresentação e o "receptor" é o aprendiz. Para que haja uma

comunicação com sucesso, o aluno precisa de ser capaz de relacionar a sua própria

estrutura do conhecimento com a do fornecida pelo professor, sendo por isso necessário

haver uma compatibilização em termos de estruturas de conhecimento e é necessário

que haja também uma sobreposição entre as estruturas de conhecimento do professor

relativamente ao aluno. Por outro lado, o aluno necessita de um retorno (feedback) por

parte do professor. Este retorno é executado de forma de material, com recurso a

resolução de testes e questionários (proporcionando uma medida relativa do progresso

34 ou do desempenho do aluno) e pela comunicação pessoal (que permite uma interacção

por perguntas e respostas, bem como a interacção social). É, normalmente, no

desenrolar de sessões de perguntas e respostas que o professor consegue conduzir o

aluno à descoberta das ligações e comparações necessárias para estabelecer a

compreensão da informação (Sims,1995).

Intimamente associado ao processo de ensino/aprendizagem encontram-se as práticas

utilizadas. Cuban (1993) realizou um estudo sistemático sobre as diversas práticas

utilizadas nas salas de aula no último século e conclui que estas podem ser englobadas

num modelo. Esse modelo apresenta duas vertentes, uma na qual o processo de ensino é

centrado no professor, e outra, na qual esse processo é centrado no aluno.

Sendo o processo centrado no professor, pode ser caracterizado por:

• a comunicação é efectuada pelo professor que excede largamente a do aluno;

• o processo de ensino ocorre frequentemente com uma turma uniforme;

• a existência do ensino dirigido a pequenos grupos ou a indivíduos de uma

forma personalizada é rara;

• uso do tempo da aula é determinado pelo professor;

• professor segue os conteúdos de um livro como guião do processo de decisão

sobre o currículo/programa;

• as salas de aulas são organizadas em filas de carteiras voltadas para um

quadro.

Centrado no aluno, é atribuído a este um grau substancial de responsabilidade, pelo que

o aluno é ensinado pelo processo de aprendizagem e pelo desenrolar das acções

ocorridas na sala de aula, assim:

• os alunos tem uma comunicação que excede a do professor;

• a maior parte do processo de ensino/aprendizagem ocorre num contexto de

pequenos grupos existentes na turma;

• os alunos ajudam a escolher o conteúdo a ser organizado e aprendido;

• os professores permitem que os alunos definam parcialmente ou

completamente as regras de comportamento, a disposição na sala de aula,

bem como o sistema de recompensas e punições;

35

• uma variedade de material para o ensino/aprendizagem é usado

independentemente ou em pequenos grupos por escolha do grupo ou de

indivíduos;

• a disposição do mobiliário da sala é organizado de forma que os alunos

possam trabalhar em grupo ou individualmente.

Alguns autores (A. Relan e B. Gillani, 1997) consideram mesmo os aspectos propostos

por Cuban para procederem à caracterização do processo de ensino/aprendizagem

centrado no aluno, como elementos essenciais da instrução tradicional, sintetizando que:

• as estruturas espaciais e temporais às quais os alunos precisam aderir estão

firmemente presentes na instrução tradicional;

• em geral, a aprendizagem é geograficamente compartimentada em espaços

físicos que são especificamente designados para a realização da

aprendizagem, tais como a sala de aula, a oficina e/ou o laboratório, bem

como no exterior, com o recurso a "visitas de estudo" a locais específicos;

• esta definição do espaço de trabalho é complementada por uma estrutura

temporal e sequencial (regra geral, as disciplinas são ministradas em

determinados horários e com uma sequência fixa);

• a presença física do estudante e do professor na sala de aula é um requisito

para que a aprendizagem aconteça, apesar da relativamente pequena

interacção que ocorre entre alunos e professores num dia típico na escola.

As novas formas de ensino, apresentam uma filosofia diferente da instrução tradicional

e, podem ser aplicadas no ensino à distância utilizando a Web, podendo ser

implementado um conjunto de estratégias de ensino orientado para actividades

cognitivas, implementadas num ambiente construtivista e orientado para o processo de

ensino/aprendizagem cooperativo.

Existe ainda um outro conceito de aprendizagem, a aprendizagem flexível que é

centrada no aluno, esta oferece uma maior possibilidade de escolha ao aluno, sendo este

a escolher onde, quando, como, o quê e quanto tempo irá dedicar à sua aprendizagem.

O professor, para além de fornecer conteúdos tem também de fornecer guiões de estudo

e material que permita ao aluno explorar por ele mesmo e ao seu ritmo os conteúdos

36 propostos. Este tipo de aprendizagem incrementa, por outro lado, a capacidade de

iniciativa e de exploração do aluno, contribuindo para melhorar a sua própria auto-

estima, uma vez que o aluno em última análise encara-se como responsável pelo seu

próprio sucesso (Anglia Polytechnic University, 1998).

Um outro aspecto a considerar, será o do papel da informática no processo de

ensino/aprendizagem e Romiszowski (1990) constata que é um dado adquirido a

importância que hoje tem a informática como factor de motivação dos alunos para a

aprendizagem. Apesar de ser possível entender as motivações dos alunos em termos de

alguns factores, torna-se muito difícil encontrar o que vai contribuir para a satisfação

dessas necessidades.

Não será assim muito fiável pensar no computador, por si só, como factor de motivação.

Esta perspectiva encara o aluno como um agente passivo, sendo este motivado por

factores externos, mais do que como um participante activo na aprendizagem, o que está

em conflito com a ideia de um aluno activo e explorador do seu mundo, à procura de

informação. Há um certo conflito entre uma visão mecanicista da motivação, por um

lado, e a aprendizagem activa e selectiva, por outro. É esta última visão, a do modelo de

Piaget, tem vindo a ganhar importância no campo da aplicação dos computadores à

educação, o que é defendido por Papert (1981).

Lucena (1998b) desenvolve o conceito inerente à teoria híbrida de Lunefeld, sugerindo

que a educação mediada por computadores envolve os conceitos de extracção (recolha

de informação) e de imersão (envolvimento numa outra realidade). Esta teoria híbrida é

centrada no processo de aprendizagem flexível e visa um equilíbrio entre extracção e

imersão. Os alunos ao recolher a informação e adquirir novos conhecimentos, passam a

poder ser envolvidos num diálogo de imersão. A extracção pode ser obtida de uma

forma eficiente através de um mapeamento adequado das estruturas do modelo mental

do aluno. Embora seja impossível promover um casamento perfeito com o modelo

mental de um aluno e, pior ainda, com os modelos de vários alunos, a estrutura dos

materiais pode, pelo menos, ser intuitiva para o uso e, flexível o suficiente, para

encorajar os iniciados sem desinteressar os alunos que se encontram num estado mais

avançado. Já o conceito de imersão é mais complicado de definir, sendo de considerar

37 que o advento da realidade virtual pode ampliar o efeito de imersão pela vivência dos

conteúdos e pela réplica das situações, existindo contudo um fenómeno de imersão

proporcionada pelas capacidades de comunicação nos ambientes Web e, esta

comunicação, consegue incorporar o elemento humano como um recurso inestimável

em todo o processo de aprendizagem.

Paralelamente, tem-se vindo a dar crescente importância à opinião dos alunos, pois

segundo Cooley e Lohnes (1976), "de entre a informação que nos é transmitida num

processo de aprendizagem, escolhemos a que assimilaremos de acordo com os nossos

interesses, valores e sabedoria prévia; essa decisão depende dos antecedentes dos

aluno". Esta selecção por parte dos alunos tem sido desprezada estatisticamente como se

fosse irrelevante. No entanto, verifica-se que as opiniões dos alunos sobre as matérias e

os professores podem ser bastante consistentes e estáveis ao longo do tempo, sendo pois

de considerar a validade e importância das opiniões dos alunos na tomada de decisão

sobre a eficácia das tecnologias educativas. Sem dizer que estes sejam necessariamente

juizes competentes nesta matéria, devemos estar conscientes de que se está a omitir

informação importante se os destinatários não forem auscultados. Apesar do "mito do

sujeito ingénuo" ser ainda grande na investigação educacional, os professores podem

tirar grandes dividendos do facto de terem em conta a opinião dos seus alunos sobre os

materiais, meios e estratégias que lhes serão destinados.

Encontrada a necessidade de "criar" uma geração tecnológica e analisados os factores

que são necessários ter em conta num contexto de rápidas mudanças tecnológicas, nas

condições existentes de mercado, verifica-se que estão a ser constantemente criados

desafios e oportunidades aos sistemas de educação. Muitas instituições de educação

respondem a estes desafios com o desenvolvimento de programas de ensino e treino

digital à distância.

38

2.8 Conclusão

Parece ser pois um dado adquirido que, na Europa e no nosso país, se pretende

acompanhar a evolução em direcção à Sociedade da Informação. Esta evolução irá

necessariamente passar pelo ensino não presencial (à distância) motivado pela

necessidade de educação, formação e treino permanente.

Estas actividades de constante actualização serão suportadas pela tecnologia, muito em

especial pelas Tecnologias da Informação e das Comunicações, sendo necessário

preparar os Europeus para o advento da Sociedade de Informação, recorrendo à

educação, ao treino e à difusão, surgindo o Estado e a União Europeia como um garante

superior do novo modelo de sociedade ao tentarem antever as modificações e ao

incentivarem medidas que facilitem a implementação.

As universidades terão, neste contexto, um papel de destaque porque com as

modificações sociais que se prevêem e, sendo um centro crítico por excelência, serão as

instituições melhor colocadas para questionar as crenças tradicionais e os dogmas

políticos, criando novas ondas sociais que muitas vezes são responsáveis pelo renovar

de sociedades e de políticas. É previsível que também a Universidade de hoje na sua

estrutura, função e abordagem do ensino tenha de sofrer uma reformulação, mantendo

apesar de tudo, a sua função principal, que continuará a ser a de comunicar às novas

gerações o conhecimento acumulado pelos séculos, bem como a interpretação dos factos

contemporâneos, continuando a ser um centro fornecedor de especialização e de as

competências segundo a vocação individual de cada um.

A Internet, que parece surgir como uma resposta divina, aparentemente é o meio ideal

não apenas para a difusão da informação, mas do saber em si porque os seus recursos

permitem o disseminar da própria tecnologia que serve de base à Sociedade da

Informação e porque permite a implementação e disseminação de conteúdos de uma

forma imersiva, compatível com o processo de aprendizagem humano, permitindo a

implementação de sistemas vocacionados para uma auto-aprendizagem multimédia.

39

Sintetizando, a multimédia e as redes de computadores (em especial a Internet), serão

uma das formas de difusão do saber requerido na nova Sociedade da Informação, tendo

neste contexto as instituições de ensino um papel de destaque, porque podem desde já

iniciar e preparar uma nova sociedade, em virtude de possuírem o saber e a tecnologia

necessárias.

40

3. Implementação de conteúdos na Internet

3.1 introdução

“A utilização cada vez mais intensiva da Internet na escola permitirá a esta alterar a

sua forma de estar e de se ligar com os seus alunos e com o mundo pois de uma forma

natural a escola passa a estar ligada a todos aqueles que de um modo ou de outro, mais

profissional ou mais lúdico, procuram informação e conhecimento com uma abertura

sem precedentes em qualquer outro período da história.” (Restrito e Gouveia, 1999)

Sendo a Internet um meio privilegiado para o ensino à distância torna-se necessário

proceder à análise deste tipo de ensino, caracterizando-o nas suas diversas facetas e

analisando eventuais soluções, que já se encontrem implementadas, sendo também

necessário definir o papel do professor, em especial no que diz respeito às suas

competências. Terá também de ser analisado qual o papel desempenhado pela

multimédia no processo educativo e, por outro lado, terá de se verificar a existência, ou

não, de modelos de formatação de conteúdos (cursos, programas, aulas, design) que

permitam uma rápida e fácil implementação na Web, de forma a que, em caso positivo,

se possam identificar os casos tipo.

Terá de ser realizada a caracterização do ensino não presencial, em especial aquele que

é realizado na Web, bem como analisar os ambientes educativos existentes na Internet,

procurando as premissas necessárias à implementação de cursos, nomeadamente quais

os modelos emergentes e quais as novas atitudes e metodologias. Desta forma, poderá

ser mais simples e natural realizar a transição de um modelo presencial (tradicional)

para o não presencial (requerido pela Sociedade da Informação). Por um outro lado é

importante verificar quais são as principais características e potencialidades de

ambientes já implementados.

41

3.2 O desenvolvimento de ambientes educativos na Internet

O ensino e treino à distância utilizando a Internet, que também é designado por

Instrução Baseada na Web (IBW) ou Web-Based Education (WBE), pode ser definido

como o uso da WWW como meio para de publicação de material de um curso, pela

apresentação de tutores de conteúdos, pela execução de testes e como meio de

comunicação entre os professores e os estudantes. Está também compreendido o uso da

Web na apresentação de conferências multimédia, quer numa forma síncrona, quer

assíncrona.

O desenvolvimento, o design (concepção), a apresentação e as considerações

tecnológicas tornam-se importantes quando se vai criar um ambiente para ensino à

distância na Internet. Segundo Hill (1997), existem três premissas que têm

obrigatoriamente de ser satisfeitas:

• o acesso ao material multimédia;

• o assincronismo;

• a obrigatoriedade de leitura de conteúdos.

O acesso a material multimédia expande substancialmente a variedade de recursos que o

aluno pode usar para participar do processo de aprendizagem.

O assincronismo serve de suporte ao ensino auto-planeado, através de uma agenda

flexível de tal forma que quer o aluno, quer o professor, decidem o momento e os locais

de onde vão retirar materiais e recursos obviamente relacionados com o curso. Embora

algumas actividades possam ter lugar de forma síncrona, o acesso é, em geral, feito

quando o aluno considera mais oportuno.

A obrigatoriedade de leitura de conteúdos tem de ser criada pela informação e pelos

conteúdos apresentados no ecrã do computador, sendo estes criados pelo aluno ou pelo

professor. Esta informação, que deverá ser dinamicamente criada, pode assumir diversas

formas (texto, áudio e vídeo) e, por este facto, conseguir manter uma obrigatoriedade

42 numa dinâmica de conjunto integra e com a correcta interpretação dos diferentes media,

pode constituir um desafio.

O uso apropriado da tecnologia associada à Internet tem de ter em consideração

aspectos pedagógicos, tecnológicos, organizacionais e institucionais. Estes aspectos

terão de estar de acordo com as regras de ensino não presencial.

3.2.1 O ensino não presencial

No nível mais básico, a educação à distância surge como um meio de aproximar alunos

e professores que se encontram a distâncias físicas consideráveis, sendo a tecnologia

(vídeo, áudio, dados e material impresso) usada como ponte. Este tipo de programas

podem ainda providenciar aos adultos uma segunda hipótese na obtenção de um nível

de educação elementar, permitindo ainda para aqueles que não dispõem de tempo, que

possuem deficiências (que impediram, ou impedem, a sua educação), ou ainda a

trabalhadores a possibilidade de ao seu ritmo individual melhorarem e actualizarem o

seu nível pessoal de educação.

Muitos educadores questionam-se do quanto se consegue aprender em ambientes de

ensino à distância quando comparados com o ensino tradicional e presencial. Quer

Moore e Thompson (1990), quer Verdium e Clark (1991), ao analisarem esta questão,

concluíram que a educação à distância é eficaz, desde que utilizadas metodologias e

tecnologias apropriadas às tarefas educativas desde que exista interacção entre aluno(s)

e professor(es).

Torna-se evidente que o ensino da nova sociedade irá ser diferente. O conceito inerente

ao tele-ensino ou ensino à distância não é novo (a origem da palavra "tele" vem do

grego e significa "ao longe"), tem uma longa história de experiências, sucessos e

fracassos. A sua origem remonta já longe, das cartas de Platão e das epístolas de São

Paulo. Existem registos de experiências de educação por correspondência iniciadas no

final do século XVIII, com largo desenvolvimento dos meados do século XIX, devendo

ser salientado a existência de programas de ensino à distância, na Rússia, a partir de

43 1850 e, nos Estados Unidos (Universidade de Wisconsin), desde 1892 (Rumble, 1986).

Hoje em dia, caminha-se na direcção de uma comunicação instantânea de dados

(incluindo os formatos de voz e de imagem).

Segundo Keegan (1991) em 1967, Dohmem caracteriza o ensino à distância da seguinte

forma: "Educação à distância é uma forma sistematicamente organizada de auto-

estudo, onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que lhe é apresentado,

onde o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo

por um grupo de professores. Isto é possível de ser feito através da aplicação de meios

que comunicação capazes de vencer longas distâncias. O oposto de educação à

distância, é a educação directa, ou educação face-a-face: um tipo de educação que tem

lugar com o contacto directo entre professores e estudante" Esta definição induz o

estabelecimento de alguns pontos inerentes a este tipo de ensino:

• existência de separação física entre professor e aluno, obrigando a uma não

presença do aluno face ao professor,

• utilização de meios técnicos de comunicação para unir o professor ao aluno e

transmitir os conteúdos educativos;

• a distância nunca será um mecanismo inibidor da educação, pelo contrário é

um grande desafio, em especial para aqueles que trabalham e não têm

horários compatíveis com os horários escolares, aqueles que sofrem de

deficiências físicas ou que se encontram confinados nalgum local, bem como

aqueles que querem criar o seu próprio programa de estudo e de evolução,

poderão receber na educação à distância uma solução que à partida lhes

estava negada.

Muitos professores são tentados pelo ensino à distância, em especial pelas

oportunidades fornecidas por este tipo de ensino, nomeadamente:

• atingir uma audiência vasta de outra forma impossível de reunir;

• possuírem alunos impossibilitados de se deslocarem às escolas;

• permitir o envolvimento de outros professores e de convidados que de outra

forma nunca se juntariam para ensinar;

• interligar alunos de diversos meios sociais, culturais, económicos e com

experiências de vida diferentes.

44

Convém também aqui referir que, ao contrário do que muitos pensam, o que ensino à

distância não é, em especial se analisado de uma forma exclusiva, o estudo aberto ou a

educação não tradicional, porque o ensino à distância pressupõe um processo educativo

sistemático e organizado, bem como continuado. Estão pois logo à partida excluídos do

conceito de ensino à distância os manuais do tipo “Faça você mesmo”, os textos

isolados de instrução programada ou ainda programas isolados de rádio e TV.

"Hoje são muitos os produtos e serviços acessíveis para uma auto-actualização,

aprendizagem e crescimento pessoal, em geral sob a forma de livros, revistas

computadores e outra tecnologia audiovisual, congressos, retiros e assim por

diante. No entanto, há uma componente muito importante em falta em todos

esses métodos de autocrescimento: um ambiente individualizado, feito por

medida e frente a frente para a dádiva e para a recepção da sabedoria, ou seja,

falta aquilo que designamos por «mentores», honrados pelo tempo e pela

experiência." (Huang et al., 1999, p. 9)

3.2.2 A tecnologia do ensino não presencial

Uma vasta gama de soluções tecnológicas é posta à disposição dos educadores e

formadores à distância contudo, existem em quatro grandes grupos: áudio, vídeo, dados

e meios impressos.

1. Áudio – as ferramentas de áudio educacional incluem tecnologias interactivas como

o telefone, a audioconferência ou o uso de equipamento radioamador. As

tecnologias passivas (unidireccionais) incluem as cassetes, os Compact Discs

(áudio), ou o uso da radiodifusão.

2. Vídeo - neste grupo são incluídos imagens paradas como os slides, os filmes e

vídeos, as imagens em tempo real em combinação com a audioconferência e a

videoconferência.

3. Dados - os computadores enviam e recebem informação de uma forma digital, por

esse motivo o termo dados é utilizado nesta ampla categoria de ferramentas. As

45

aplicações de computador utilizadas na educação à distância e treino digital são

variadas e incluem as seguintes:

• instrução assistida por computador (CAI) - usam o computador como uma

máquina de apresentação de lições individuais;

• instrução gerida por computador (CMI) - o computador é usado para

organizar a instrução e registar os progressos do alunos. A educação em si

não necessita de ser providenciada por computador (normalmente a CAI é

combinada com a CMI);

• educação mediada por computador (CME) - ao computador estão associadas

aplicações que permitem a difusão da instrução, como o correio electrónico,

fax, videoconferência digital e o uso de aplicações WWW (Word Wide Web),

neste grupo salienta-se a educação/instrução baseada na Internet (WBE ou

IBW).

4. Meios impressos - forma elementar e fundamental de programas educação à

distância e a partir da qual evoluem todos os outros, existindo diversos tipos de

meios impressos, destacam-se os livros, os guias de estudo, os manuais e os estudos

de caso.

Apesar do papel da tecnologia ter um papel importante na distribuição da educação à

distância, é necessário focalizar toda a atenção nos resultados obtidos e pretendidos por

aqueles que pretendem adquirir novas competências, devendo toda a atenção ser

concentrada em termos dos conteúdos e das restrições impostas pelo facto de não haver

um contacto presencial entre o aluno e o professor. Este facto leva a que sejam

adoptadas soluções mistas, ou seja de soluções integradas e específicas para cada caso.

Exemplificando:

• o uso de meios impressos para fornecer os conceitos na forma de conteúdos,

manuais, textos de apoio e planificações,

• o uso de áudio interactivo ou vídeo conferência para colmatar a falta de

contacto físico (poderá também ser utilizado como meio de apresentar em

pessoa convidados e oradores a uma plateia a uma fracção do custo que uma

conferência ou seminário poderia custar);

• o uso do vídeo poderá servir como meio de divulgação de palestras, aulas ou

documentários orientados, previamente gravados;

46

• a conferência por computador, quer utilizando correio electrónico por listas

de distribuição, quer ainda utilizando serviços de diálogo e de conferência

tais como os servidores de IRC, poderá ser o meio utilizado na troca de

mensagens, divulgação da evolução, das experiências e dificuldades sentidas,

permitindo também a interacção entre alunos e entre aluno(s) e professor(es)

(existindo largura de banda poderá ser também utilizada para a realização de

videoconferência).

Competirá ao educador seleccionar as soluções que a tecnologia lhe coloca ao seu

dispor de uma forma a completar as necessidades dos alunos de uma forma eficaz e

economicamente viável.

Todos os programas de ensino à distância deverão ser cuidadosamente planeados e

orientados para a compreensão e satisfação das necessidades do aluno, devendo só então

é que a tecnologia ser seleccionada. É sabido que a educação à distância não é obra do

acaso, é fruto de uma evolução de trabalho dedicado, do esforço de indivíduos e

organizações que, ao longo dos anos, foram refinando os processos utilizados.

Uma das críticas colocadas ao ensino à distância é relativa às estratégias utilizadas para

ensinar, os professores do ensino presencial possuem o acesso a um conjunto de sinais

provenientes dos seus alunos que lhes conferem a qualquer momento o poder de alterar

estratégias, de forma a optimizar, a forma de fornecer o saber e os conteúdos. Os

professores também podem avaliar qualidade da recepção e o interesse por parte dos

alunos. Contudo, o professor do ensino à distância não possui estes dados, pelo que terá

de se socorrer de meios, que permitam de uma forma indirecta e a posteriori, avaliar

esses sinais.

Com o surgimento das tecnologias interactivas, em especial das Tecnologias da

Informação e da Comunicação (TIC), tornou-se frequente o uso, por parte dos

educadores e educandos, das ferramentas e meios postos à disposição, tais como a

Internet, o correio electrónico (e-mail), a audioconferência e a videoconferência,

atingindo-se assim um máximo em termos de interactividade. Esta interactividade é

fundamental e Millbank (1994) estudou a eficiência de uma mistura de áudio e vídeo no

47 ensino colectivo, tendo introduzido a interactividade em tempo real, ao que constatou

que a taxa de retenção de informação por parte dos alunos passou de 20% para 75%.

Por outro lado, encontramo-nos num estado de desenvolvimento informático e

tecnológico de tal ordem que se assiste a uma tentativa de interligar tudo ao

computador, não sendo excepção e o ensino e educação. O uso dos computadores e das

tecnologias a eles interligados apresenta, tal como em tudo, vantagens e desvantagens.

Como vantagens poderemos considerar que:

• os computadores podem facilitar a instrução e treino a um ritmo próprio de

cada um, os computadores poderão ainda estimular esse ritmo pelo

fornecimento de reforços ao aluno;

• os computadores hoje em dia são ferramentas multimédia, possuem gráficos

integrados, texto, áudio, capacidades de aquisição e de reprodução de vídeo e

permitem a interligação entre diversas tecnologias, como o uso de leitores de

CDs áudio e vídeo;

• as aplicações, que são hoje desenvolvidas, são flexíveis e permitem a troca

de dados entre si;

• as TIC estão em franco desenvolvimento, o que ontem era um sonho é hoje

uma realidade, sendo possível prever e poder contar com "pequenas"

mudanças ainda não implementadas a um custo não muito elevado;

• existe uma apetência para o uso da informática, pelo que é de esperar uma

transição do ensino presencial para o ensino e treino digital;

• as TIC permitiram também o desenvolvimento de ambientes de realidade

virtual, muito úteis para o ensino de matérias que requerem exercícios e

experiências simuladas.

No lado das desvantagens:

• as redes de computadores tem um desenvolvimento dispendioso, ao mesmo

tempo, as aplicações educativas são ainda muito dispendiosas;

• é necessário estabelecer um limite ao desenvolvimento das tecnologias da

informação e das aplicações, perante o risco de nunca se ter alcançar uma

meta, ou ainda pior, de se deixar ultrapassar pela tecnologia;

48

• existe ainda um nível muito elevado de info-analfabetos e aversão ao uso das

tecnologias da informação, sendo necessário promover a adaptação às TIC e

a info-alfabetização;

Parte das respostas às questões relativas ao uso das TIC no ensino à distância, começou

a ser dada pela Internet, porque sendo a maior e mais poderosa rede de computadores

existente no nosso planeta (existem milhões de computadores permanentemente ligados,

para dezenas de milhões de utilizadores espalhados por todos os locais habitados), pelo

que não é exagero afirmar que é, praticamente sem limitações, possível fazer chegar

qualquer tipo de informação digital, a um qualquer lugar proveniente de um outro

qualquer lugar.

A tecnologia hipertexto tem a sua utilização plena na Internet, em particular na WWW

(World Wide Web, sendo normalmente só designada por Web), sendo aplicada na

concepção e desenvolvimento de cenários avançados de aprendizagem. O termo

hipertexto foi criado por Ted Nelson, com o significado de escrita/leitura não linear,

correspondendo assim à maneira de pensar e agir humana, baseada na associação de

ideias: "Através do suporte da tecnologia hipertexto o documento deixa de ser uma

sequência rígida de pequenas unidades" (Dias e Meneses, 1993), sendo possível haver

uma interligação entre os diferentes elementos. O hipertexto permite criar e explorar as

combinações de informação verbal e analógica.

O hipertexto usou no seu início, para representar o conhecimento, a rede semântica

(constituído por nós - unidades de informação - e arcos - estrutura de ligação

associativa), "No entanto e ao contrário das redes semânticas, a actual concepção da

rede hipertexto permite a passagem de informações proposicionais para analógicas,

aproximando a rede para o quadro da concepção da representação multidimensional"

(Dias e Meneses, 1993), pelo que, actualmente, é mais correcto falar em noção de

esquema e não tanto em termos de rede semântica.

O hipertexto pode ser considerado como uma rede multidimensional, com sistemas de

representação de imagem, som e palavra; permitindo a ligação entre cada sistema de

representação e transferências da informação de uma, para outra rede distinta,

49 favorecendo o processamento da interacção entre as diferentes formas de representação

do conhecimento, sendo considerado como uma ferramenta no ensino à distância. Os

processos interactivos que são possíveis de ocorrer entre o aluno e o computador,

podem ser muito positivos em termos de gerar activamente o conhecimento individual.

Esta opinião é reforçada por Jonassen e Grabinger (1990) o hipertexto possibilita

pesquisa de informação, aquisição de conhecimento e resolução de problemas.

Com a utilização do hipertexto, é redimensionado o desenho da aprendizagem orientada

para a concepção de ambientes, nos quais o aluno não só adquire ou processa a

aprendizagem, mas incrementa também o desenvolvimento de estratégias cognitivas de

controlo, como a identificação e selecção de conceitos, de regras e de princípios,

permitindo a transferência e a utilização do conhecimento em novas situações.

A utilização de programas educativos baseados na tecnologia hipertexto permitem a

interacção entre o aluno e a base de conhecimento curricular, podendo este criar sua

própria regra de leitura, pois pode seleccionar, ou mesmo criar, outros percursos.

Desta forma pode-se dizer que a utilização de um sistema baseado em hipertexto, dentro

de um contexto de aprendizagem, que permita a liberdade de escolher a informação a ler

e a ordem do seu processamento, apelando para a aprendizagem adaptativa e

individualizada, podendo actuar como um incentivo de interesse e um facilitador da

própria aprendizagem.

Mas o hipertexto não é um elemento único, a Internet possui também um conjunto de

serviços inerentes disponibilizados, logo à partida, a todos os seus utilizadores:

• na Internet, há a possibilidade de todos os indivíduos poderem fazer uso do

correio electrónico, este correio, muitas vezes designado pela expressão e-mail

(de electronic mail) é em tudo similar ao correio postal, com a capacidade de a

ele se poder associar informação digital de um outro tipo e, por outro lado,

através do e-mail, é possível um indivíduo fazer parte de uma lista de

distribuição servindo como um ponto de encontro para a troca de ideias num

determinado grupo, possibilitando uma discussão, a progressão e a actualização

do saber de uma forma extremamente rápida.

50

• o correio electrónico não é o único meio de comunicação entre indivíduos na

Internet, existe um mecanismo de discussão pública, os chamados grupos de

discussão (newsgroups), estes fazem parte de um outro serviço fornecido pela

Internet nos quais os temas se encontram classificados por assuntos e que podem

ser acedidos livremente por qualquer utilizador para questionar, debater, trocar

publicamente opiniões tendo como fio condutor apenas a classificação do

assunto em discussão.

• um outro mecanismo, de comunicação entre indivíduos, disponibilizado pela

Internet é disponibilizado pelos os locais de conferência virtual (IRC - Internet

Relay Chat), sendo estes serviços no qual se fornece a possibilidade de discussão

em tempo real com outros indivíduos (estas discussões pode ter lugar quer de

uma forma escrita, quer por voz ou videoconferência).

• finalmente, aquilo que muitos julgam ser a Internet, a Web (WWW), que se

apresenta oficialmente como "...wide-area hypermedia information retrieval

initiative aiming to give universal access to a large universe of documents"

(Huges, 1994) (esta forma de organizar a informação na Internet fornece aos

utilizadores a possibilidade de acederem de uma forma uniforme a todo o tipo

de recursos disponíveis na Internet).

Por outro lado, o uso de ferramentas de navegação, como o Netscape ou o Explorer,

permite que de uma forma intuitiva se manipule a informação, possibilitando a

integração de recursos. A filosofia base da Web, explorada por estas ferramentas, é a

existência de páginas com hipertexto/informação e nas quais são feitas referências a

outras, que são imediatamente acedidas com um simples "click". Qualquer indivíduo

poderá possuir uma página inicial, que pode ser facilmente criada por ele e a partir da

qual ele inicie a sua navegação na Web. Existe a possibilidade de se registarem os locais

que possuem a informação relevante em agendas pessoais de locais favoritos.

Estes motivos reforçam o potencial da Internet como meio privilegiado para o ensino,

quebrando as barreiras temporais e espaciais e permitindo uma transição do ensino em

contexto presencial para um de contexto não presencial.

51 3.2.3 O uso apropriado da tecnologia

Será sempre necessário ter em conta um conjunto geral de aspectos pedagógicos,

tecnológicos, organizacionais e institucionais (Klemm, 1999; Major e Levenburg, 1999;

Northover, 1999; Lucena, 1998d)

Os aspectos pedagógicos relacionam o ensino e a aprendizagem, sendo fundamental o

relacionado com a importância do meio. O meio frequentemente impõe uma

metodologia, pois pode criar restrições ao processo de ensino/aprendizagem. A

incorporação de metodologias e estratégias pedagógicas no ambiente de educação à

distância podem auxiliar na redução dessas restrições.

O impacto da educação à distância sobre o aluno é outro aspecto importante. Uma

queixa frequente acerca dos ambientes de educação à distância é que os alunos se

sentem isolados e desligados. É possível superar este isolamento pelo desenvolvimento

de estratégias que dêem a sensação de poder aos alunos encorajando quer o trabalho

cooperativo quer o trabalho independente, bem como fornecendo e fomentando os

mecanismos de interacção.

Vários aspectos peculiares surgem relacionados à pedagogia associada à Internet, e que

se não forem tidos em conta, originam efeitos nefastos.

A sobrecarga de informação, porque o trabalho num ambiente multimédia pode levar a

uma sensação de saturação causada pelo grande volume de informação estando

relacionada com a "dissonância" associada a ambientes (hiper)interligados devendo, por

isso, ser incorporadas soluções de apoio ao aluno contra as sensações de perdido no

ciberespaço.

O Timing porque nos ambientes multimédia e associados à Internet, além de

envolverem múltiplos níveis, envolvem também múltiplas velocidades. Os alunos

podem ter o acesso aos materiais aparentemente desligados entre si ao longo do tempo,

bem como desenvolver diversas actividades aparentemente desconexas, podendo levar a

52 um sentimento de falta de coerência geral e requerendo muita habilidade na formulação

de temas para desenvolver a interacção e a discussão.

Os aspectos tecnológicos subdividem-se na evolução do hardware e do software e,

surgindo como consequência dessa evolução, na adaptação dos indivíduos (inércia e

tecnofobia).

A evolução do Hardware e Software implica que os aspectos tecnológicos sejam

preocupações constantes nos ambientes de educação à distância. È necessário dar

resposta às questões impostas pelas limitações de largura de banda, da velocidade das

linhas de comunicação, da utilização de aplicações de software intuitivas, bem como da

respectiva qualidade e custo. Existindo uma grande dependência ao computador, ao

modem e à ligação à rede, o acesso ao hardware é uma questão importante, sem este

acesso, a interacção com o ambiente torna-se impossível. Por outro lado, quer o

hardware, quer o software encontram-se intimamente ligados ao custo, implicando a

escolha de soluções mais recentes maiores custos.

Uma consequência dos aspectos tecnológicos é a dificuldade de adaptação. Esta pode

levar a uma inércia por parte do aluno que o impeça de se adaptar, ou pior criar um tipo

de indivíduo que se recusa a aceitar a tecnologia pelo medo e aversão que esta lhe

causa. Estes indivíduos podem, pelos mais diversos motivos, serem colocados a utilizar

a tecnologia. Deverá ser tido em conta o possível medo e intimidação criados pelos

equipamentos em si. Uma outra preocupação que deverá ser tida em conta é a forma

correcta de manipular o hardware e o software.

Os aspectos organizacionais e institucionais estão dependentes do trabalho de

preparação tido e da adequação deste aos intervenientes do processo:

• os aspectos organizacionais estão relacionados à preparação de cursos para

ensino à distância. O planeamento do curso é essencial. Os desafios típicos

dos ambientes de ensino convencionais são amplificados quando pode ser

necessário tempo extra para desenvolver e produzir o ambiente e o material

associado ao ensino à distância;

53

• uma outra questão, associada ao aspecto organizacional, é a forma de suporte

permanente ao curso. Se o planeamento e preparação para o curso são

importantes também o apoio e suporte, tanto o tecnológico como o humano,

permanente e ao longo do curso, são vitais para o sucesso do mesmo;

• a política institucional levanta a origina um problema relacionado com a

quantidade de tempo perdida na preparação e actualização por parte do corpo

docente dos cursos baseados na Internet. Não se trata apenas do esforço

despendido na preparação necessária para um novo curso, mas também do

esforço necessário para se estar actualizado com as novas Tecnologias da

Informação e da Comunicação.

3.2.3 Implementação de estratégias para o ensino na Web

As estratégias de ensino podem ser planeadas com o uso da Web de diversas maneiras e

com as seguintes finalidades:

• como recurso que permite identificar, avaliar e integrar uma grande

variedade de informação;

• como meio de difusão, colaboração, conversação, comunicação, discussão e

de troca de ideias;

• como plataforma internacional para a livre expressão permitindo a partilha

de conceitos e significados artísticos e cognitivos;

• como meio para a participação em experiências simuladas, aprendizagem e a

realização de parcerias cognitivas.

Dados os pressupostos anteriores é possível apresentar uma confrontação entre os

processos de ensino tradicional e o ensino à distância utilizando a Web.

A sala de aula tradicional está limitada fisicamente, todo o processo de

ensino/aprendizagem ocorre nos limites físicos impostos pela escola, pela sala de aula,

ou pelos locais onde decorre; Já o ensino à distância utilizando a Web, alarga as

fronteiras do conhecimento relativamente aquilo que pode ocorrer na sala de aula, em

casa e/ou no local de trabalho. Com o acesso permanente a uma grande quantidade de

54 material independentemente da localização geográfica fica sempre aberta a

possibilidade de reflexão sobre um tópico ou tema bem como a revisão constante de

teses individuais. Isto permite o desenvolvimento de projectos multiculturais, havendo

sempre na Internet voluntários dispostos a realizar as necessárias traduções para este

tipo de trabalho cooperativo.

O ensino utilizando a Web pode ser empregado para promover o ensino/aprendizagem

baseado na experiência in loco, de actividades cientificas, sociais ou culturais. As

expedições e experiências conduzidas por cientistas ou outros profissionais podem ser

acompanhadas pelos alunos nas escolas. Os alunos vivem assim a expedição ou

experiência com recurso a fotografias, ao registo das actividades, à interacção com

participantes e realizando actividades na sala de aula relacionadas com o assunto em

estudo.

O conceito de ensino à distância utilizando a Web, o conceito de ensino/aprendizagem

cooperativo estende-se para além da sala de aula, para potencialmente, todas as salas de

aula interligadas pela Internet. Assim, o aluno possui o potencial para discutir e resolver

problemas de uma forma cooperativa, bem como questionar os seus pares e/ou os

especialistas naquele tema.

A fonte predominante de conteúdos deixa de ser o livro e o professor, para ser encontrar

dispersa por toda a Web. Além disso, a natureza do conteúdo torna-se dinâmica, em

especial se comparada com os textos estáticos publicados até uma certa data. Os alunos

ao desenvolverem o seu trabalho de pesquisa de informação podem, também eles, gerar

informação.

Um atributo inerente ao ensino à distância utilizando a Web é a apresentação dos

conteúdos na forma de hipertexto, com todas as suas vantagens cognitivas. Isto permite

aos alunos o poder de controlar a sua aprendizagem, e que, por defeito, não é possível

na sala de aula tradicional.

55 Muitos cursos são disponibilizados remotamente pela Internet e o aluno pode tirar

partido da gestão pessoal flexível de tempo e dos conteúdos, promovendo-se assim o

desenvolvimento do conceito de ensino à distância.

Esta personalização, por parte do aluno, também adquire uma diferente perspectiva na

WWW, os alunos ao terem a possibilidade de escolha de conteúdos, ao efectuarem a

gestão do tempo e dos recursos, ao controlarem o feedback e ao disporem de uma

variedade de meios para expressar sua assimilação, deixam de ser um alvo e passam a

ser também eles origem de informação, permitindo que os conteúdos possam ser

completados pelos resultados da interpretação da informação por parte dos especialistas,

dos alunos e ainda de eventuais curiosos.

56

3.3 A motivação para aprender na Web

Os trabalhos de Keller e Susuki (1983) com o modelo ARCS e o modelo CFC de

Malone (1981) fornecem dimensões interessantes para determinar porque o ensino à

distância pode ser intrinsecamente motivador, sugerindo como se pode agir para criar

um interesse em particular num ambiente Web. O modelo ARCS (Attention, Relevance,

Confidence, Satisfaction) considera quatro factores de motivação, a atenção, a

importância, a confiança e a satisfação pessoal. Para Duchastel (1997) o ensino à

distância satisfaz plenamente aos dois primeiros factores e apresenta eventuais

problemas com relação aos dois últimos.

Assim, conseguir e manter a atenção é uma tarefa fácil na Web, em virtude da riqueza

de informação disponível e à variedade de estratégias no design de recursos multimédia,

que podem ser utilizadas para captar e manter a atenção. O risco, a ter em conta, sempre

existente, é o do eventual dispersar motivado pela natureza das ligações existentes, ou

pelo excesso de ligações, que podem também originar uma eventual e indesejável

sensação de perdido no ciberespaço.

A importância, é garantida pela conjunção entre o interesse no tópico e a percepção da

utilidade deste. A importância está assim relacionada com os diversos factores de

motivação sejam estes intrínsecos ou extrínsecos. No ensino baseado na Web, dada a

riqueza de recursos, torna-se possível escolher e adequar os recursos a um indivíduo,

satisfazendo ainda os objectivos específicos do ensino/aprendizagem, assim algo que

inicialmente poderia ser considerado motivador de um ponto de vista extrínseco,

assume uma maior relevância e passa a ser intrinsecamente motivador.

Por outro lado a confiança e a satisfação encontram-se relacionadas com a percepção do

aluno relativamente à capacidade de obter sucesso a partir dos resultados da

aprendizagem. É difícil controlar quer os níveis de satisfação, quer os de confiança

individuais. O controlo individual, que é necessário realizar, pode revelar-se positivo

para o aluno quando lhe garante o progresso ou a conformidade, mas também pode ter

um efeito negativo, quando lhe revela já está "perdido" ou muito desfasado, sendo

57 necessário incorporar paralelamente mecanismos adequados de detecção e apoio aos

alunos que iniciem um afastamento, para evitar que estes se "percam".

No modelo CFC (Challenge, Fantasy, Curiosity) de Malone (1981) observa-se um

conjunto diverso de motivações (embora existam algumas sobreposições). Este modelo

foi criado a partir da análise de Malone aos jogos de computador, pelas suas

características motivadoras, tendo depois extrapolado para ver como os factores que

criam o interesse pelos jogos poderiam ser utilizados no processo de ensino. Este

modelo considera três factores, o desafio, a fantasia e a curiosidade:

• o desafio é proporcionado por objectivos explícitos e por resultados de difícil

de previsão;

• a fantasia envolve a imersão do aluno num ambiente interessante,

convidando ao envolvimento (tanto um ambiente de aventura quanto um

ambiente próximo da realidade);

• a curiosidade, que está mais relacionada com a motivação intrínseca.

Quer o desafio, quer a fantasia, estando mais associados a jogos e a simulações,

aparentemente não estão directamente relacionados com o ensino. Segundo este modelo,

os ambientes tipo Web ainda são vistos como algo rico em informação, mas pobres no

processo de ensino/aprendizagem.

A curiosidade, que está relacionada com a motivação intrínseca, sendo relevante para o

ensino à distância utilizando a Web, em virtude do potencial e da riqueza de recursos e

de informação disponíveis.

58

3.4 Critérios para o Design de Cursos na Internet

Os cursos existentes, baseados nas novas tecnologias, em particular aqueles que estão

relacionados ou integrados na Internet, quando analisados quer sob o ponto de vista dos

elementos educacionais básicos quer do ponto de vista de design, na perspectiva de

concepção e produção demostram ser um viveiro de filosofias, métodos, metodologias

e de potenciais actividades voltadas para o ensino/aprendizagem.

Há uma miríade de soluções, desde os cursos baseados no ensino presencial que são

transcritos para um ambiente virtual na Web (mantendo as mesmas características),

sendo esta utilizada apenas como forma alternativa da apresentação da informação que

era leccionada em contexto presencial, passando pelo ensino presencial complementado

por actividades desenvolvidas na Web, ou ainda, por cursos que utilizam unicamente

recursos da Internet como um mecanismo completo de apresentação do curso. A

estrutura desses cursos deve ser baseada em conceitos teóricos relacionados de como

ocorre todo o processo de ensino/aprendizagem.

Consegue-se por vezes identificar e interligar a aplicação de uma teoria particular de

aprendizagem ao processo escolhido para um dado design. Duas escolas de pensamento

salientam-se das demais em relação às teorias de aprendizagem aplicáveis a cursos

baseados na Web, o objectivismo e o construtivismo. Estas duas vertentes de

pensamento, oferecem posições fundamentalmente diferentes sobre a forma como o

conhecimento é representado, como o significado é criado e, consequentemente, sobre

como ocorre a aprendizagem.

Para o objectivismo, a informação no mundo exterior é independente da mente e pode

ser caracterizada em termos objectivos e concretos, podendo ser transmitida ou

comunicada do professor para o aluno, sendo tudo passível de

quantificação/qualificação.

Segundo a perspectiva construtivista, o aluno não é um mero depósito de informação,

possuindo um papel activo no processamento da experiência e da informação,

59 determinado pelo seu próprio quadro referencial (Pereira, 1992). Cada aluno constrói

individualmente uma representação do conhecimento interna e pessoal que é indexada

pelas suas experiências particulares, assim sendo aquilo que é válido para um, pode não

o ser para um outro, porque as suas experiências pessoais não são necessariamente

iguais.

Aplicando estas teorias ao ensino à distância e usando a Internet, para a teoria

objectivista, as aulas consistem na publicação de conteúdos, sendo estes organizados, de

uma forma uniforme, pelo professor; enquanto na perspectiva construtivista, esse

mesmo curso implicaria a inclusão de oportunidades (para o aluno) de síntese, de

organização e de (re)estruturação da informação, assim como a possibilidade de

contribuição com novos recursos.

3.4.1 Objectivos gerais de design de cursos na Web

Desde o surgimento do hipertexto que este começou a ser utilizado em ambientes de

educação, nomeadamente para o ensino/aprendizagem. Jacob Nielsen, sugeriu, mesmo

antes da utilização da Web, os seguintes parâmetros de utilização associados ao

hipertexto ligado ao processo de ensino/aprendizagem. Para se poder tirar partido da

Web como um meio educativo alguns requisitos básicos devem ser satisfeitos:

• a facilidade na aprendizagem, o utilizador deve estar apto a realizar

rapidamente trabalhos no sistema; no caso da Web, esta possui uma estrutura

transparente e uma interface que torna o uso intuitivo. Uma certa

redundância no conteúdo assegura um acesso fácil e intuitivo a todos os

elementos de um site;

• a eficiência de utilização, quer os utilizadores, quer os autores de conteúdos

pretendem um sistema com um alto nível de produtividade; No caso da Web

o design da estrutura e da interface devem permitir que os utilizadores

rapidamente se concentrem nos conteúdos a serem transmitidos;

• a facilidade de memorização, o utilizador ocasional deve poder voltar a

usar o sistema após algum tempo afastado sem necessitar de (re)aprender a

manipulá-lo; No caso da Web o design do sistema deve ser claro e,

sobretudo, consistente. A consistência reduz o excesso cognitivo e auxilia o

processo de memorização e de orientação;

60

• a fiabilidade no sistema, não devem existir erros e a criação de erros pelos

utilizadores deve permitir uma recuperação simples; No caso da Web o

conteúdo e estrutura devem ser regularmente actualizados. As ligações a

URLs devem ser regularmente testadas e actualizadas;

• a satisfação, os utilizadores devem estar satisfeitos ao usar o sistema; No

caso da Web o design do sistema deve permitir aos utilizadores um rápido

acesso ao essencial sem a preocupação de uma sobrecarga visual devendo ser

flexível de forma a agradar quer aos iniciados quer aos já veteranos. O uso (e

abuso) de informação multimedia pode ser contraproducente por excesso

cognitivo e pelo tempo requerido para o acesso ou transferência.

3.4.2 Critérios básicos a serem utilizados no design

Torna-se óbvio que deve haver um conjunto de "cuidados" a ter no design de um site

educacional, este deve satisfazer um conjunto de critérios:

• deve ser acessível, devendo os conteúdos ser apresentados de uma forma rica

em informação, sem sobrecarregar a largura de banda existente. Se a

informação, a ser transferida pela Web, for grande demais torna-se

inacessível;

• deve ser um local de linguagem clara e precisa, com uma estrutura e

apresentação visual simples e identificadora;

• ambiente educativo criado deve ser orientado para a transmissão de

conteúdos;

• dado que o hipertexto é muito sedutor em termos de escolhas (possibilidade

de muitas ligações), existe uma tendência para a dispersão, o design do site

na Web deve oferecer uma quantidade adequada de ligações. O objectivo é

alcançar um nível de exploração, que não leve à distracção, nem permita o

"esquecimento" do que se está a fazer;

• deve haver uma identidade visual consistente para todo o site e ambiente

educacional devendo as mesmas funções aparecerem numa forma única;

• o design da disposição (layout) e da estrutura do ambiente devem ser

flexíveis e adaptáveis a eventuais mudanças.

61

3.5 Um método geral para o ensino na Web

Bannan e Milhein (1997) estudaram os diversas métodos aplicáveis ao ensino na

Internet e conceberam um método geral que se desenrola em oito passos:

1. disseminação;

2. assistência;

3. colaboração interna no grupo;

4. colaboração Externa;

5. "estágios";

6. desenvolvimento;

7. simulação;

8. modelagem do comportamento.

Cada um destes oito passos pretende engloba um conjunto de objectivos que deverão ser

realizados, tornando-se necessário descrever a sua implementação.

1. A disseminação, tem por finalidade:

• divulgar e distribuir a informação relativa ao curso;

• publicar informação;

• organizar os recursos na Internet e as respectivas URLs;

• transcrever as comunicações entre alunos na Internet;

• organizar as ligações (links) para os textos em formato digital.

2. A assistência, que é:

• fornecer o apoio necessário ao aluno;

• guiar os alunos pelo fornecimento de directrizes e sugestões, orientar

discussões, sugerir recursos e formular perguntas estimulantes;

• divulgar os resultados produzidos com o uso do correio electrónico, das

listas de distribuição e outros recursos para conferência electrónica, tais

como os ambientes MUD (Multi-User Dialogue).

3. A colaboração interna no grupo, que visa:

• promover a comunicação entre alunos;

62

• manter um ambiente de suporte para a apresentação de perguntas,

esclarecimento de dúvidas, atendimento virtual e que permita o

desenvolvimento de trabalho em grupo;

• utilizar os resultados produzidos com o uso do correio electrónico, das

listas de distribuição e outros recursos para conferência electrónica.

4. A colaboração externa, que pretende:

• interagir com a comunidade externa ao curso;

• realizar debates e palestras com recurso a entidades e pessoas externas ao

curso;

• proceder à ligação (links) a recursos externos na Internet;

• aceder a ambientes de conferência electrónica relacionados com o curso;

• obter colaboração de outros professores e de entidades e pessoas

convidadas.

5. Os "estágios" que visam a aquisição e desenvolvimento de competências

específicas, pelo que devem ser:

• orientados por especialistas externos nos tópicos e/ou tarefas específicas;

• controlados pelo correio electrónico, listas de distribuição e/ou os

ambientes de conferência electrónica.

6. O desenvolvimento consiste em:

• criar de conteúdos;

• assimilar, recorrendo à interacção e à síntese da informação, para

posteriormente se proceder à criação, organização e reorganização de

conteúdos específicos;

• proceder ao desenvolvimento das homepages e efectuar uma análise

crítica dos conteúdos que se encontram disponíveis na Web.

7. Já a simulação, ou o desempenho de papéis (role-play), visa melhorar a

aprendizagem pela simulação de papéis esta é facilitada pelo uso de ambientes de

conferência electrónica, no qual os professores criam nestes ambientes:

• o tema central;

• os diversos personagens;

• as ferramentas.

63 8. A modelagem do comportamento visa criar padrões de comportamento de forma a

que se consiga satisfazer de uma forma mais rápida os objectivos e progressão no

curso e engloba:

• a modelagem do comportamento em ambiente electrónico;

• o fornecimento de exemplos de trabalho do curso considerados

relevantes;

• a orientação para a interacção em ambientes simulados com recurso à

tecnologia MUD;

• a publicação dos exemplos de interacção, de tarefas e de projectos na

Internet de forma a fornecer modelos que satisfaçam eventuais

expectativas criadas pelos requisitos do curso.

Nos diversos passos do método, constata-se que se recorre a um conjunto de actividades

educacionais específicas e associadas ao ensino à distância utilizando a Web, que os

referidos autores também sintetizam numa dúzia de pontos:

1. a publicação de informação;

2. o uso do correio electrónico;

3. as listas de discussão;

4. os URLs;

5. os URLs contribuídas;

6. os diálogos entre vários utilizadores;

7. a conferência;

8. a comunidade electrónica;

9. o registo das transações;

10. o texto digital;

11. a criação de páginas Web;

12. a publicação de projectos.

Estas actividades específicas são implementadas para serem obtidos um conjunto de

objectivos bem específicos.

1. A publicação de informação visa:

• o fornecimento de informação;

64

• a distribuição do programa do curso, dos textos promocionais e de

outras informações relativas ao curso;

• o fornecimento de informações tais como procedimentos de

matricula, de alterações no site do curso bem como de outro tipo de

anúncios.

2. O uso do correio electrónico permite:

• a interacção durante o curso;

• a comunicação assíncrona entre o professor e os alunos;

• facilitar o formular de perguntas e respostas;

• distribuir os trabalhos do curso;

• o preenchimento de formulários electrónicos;

• realizar inquéritos, avaliações e outras actividades relacionadas.

3. As listas de discussão permitem:

• a comunicação do (e em) grupo;

• a possibilidade da existência de discussões assíncronas no curso;

• o fornecimento de instruções referentes a várias actividades do curso;

• a submissão de trabalhos e de propostas;

• o apoio geral fornecidos pelos pares;

• a realização de orientação geral do professor.

4. As URLs fornecem:

• as ligações para outros sites na Web;

• a possibilidade de aceder a locais com informação suplementar para

complemento de conteúdos;

• o acesso a bases de dados, a programas tutores ou a software utilizado

para desenvolver as actividades inerentes ao curso.

5. As URLs contribuídas são ligações criadas pelos alunos e permitem que estes

adicionem suas próprias URLs ao site do curso, complementado as já existentes.

6. Os diálogos entre vários utilizadores permitem:

• garantir a possibilidade de interacção em tempo real;

• sendo realizados em ambientes baseados em texto, servem para

proporcionar colaboração e interacção social;

65

• servir de meio para o desempenho de papéis (role-play) entre os

participantes do curso.

7. A conferência surge como uma forma mais avançada de diálogos e tem por

finalidade permitir a discussão em grupo, é normalmente moderada pelo professor e

permite por isso:

• simplificar a discussão sobre um tópico específico;

• servir de organizador sobre os tópico e permite criar uma estrutura

em árvore que traduza o padrão da conversação desejado.

8. A comunidade electrónica visa a participação externa, nomeadamente de indivíduos

de fora do curso servindo para:

• publicação de mensagens, de propostas de tópicos e a contribuição de

links pessoais;

• proporcionar outras perspectivas da comunidade externa.

9. Dada a importância das interacções é necessário proceder ao registo das transações

sendo necessário proceder à captura dos diálogos tidos:

• captura e publicação de textos dos diálogos tidos nas listas de

distribuição e em conferência;

• disponibilizar os registos destas interacções para leitura posterior.

10. Por outro lado o acesso ao textos digitais e à bibliografia relativa ao curso é

importante pelo que se devem disponibilizar:

• os trabalhos publicados na bibliografia para download e leitura;

• os recursos necessários à inserção de comentários e anotações nos

textos.

11. O desenvolvimento de conteúdos na Web, ou a criação de páginas Web deverá

utilizar e envolver os alunos nomeadamente na:

• elaboração da síntese de conteúdos e a sua publicação na Web;

• criação e utilização de recursos, na Web.

12. A publicação de projectos surge como forma de se poderem compartilhar

exemplos de projectos e torna-se útil para:

• apresentar exemplos de projectos já concluídos ou em

desenvolvimento;

• servir de modelo, para eventual discussão ou revisão.

66 Seguindo esta filosofia, já foram implementados diversos cursos baseados na Web,

sendo de referir que a aplicação sistemática das tecnologias da informação e da

comunicação no ensino, educação e aprendizagem teve início no ano de 1996 com uma

oferta de cerca de 2000 cursos. Nesse ano, foi estimado pelo grupo Gartner (Gartner

Group Inc.) que no início do século XXI cerca de 3/4 das universidades na América do

Norte estariam em condições de disponibilizar quase todos os seus cursos na Web.

Uma boa forma de apreciar as diversas técnicas actualmente usadas no ensino à

distância utilizando a Web, consiste na analise dos cursos específicos oferecidos. Uma

grande variedade de cursos, de qualidade muito diferenciada, pode ser encontrada

facilmente na Internet, sendo de referir os principais centros aglutinadores de cursos tais

como o World Lecture Hall, Distance/Web-based Education WWW Sites, The

Globewide Network Academy, ou o Virtual U.

67

3.6 Um modelo emergente para os cursos baseados na Web

Partindo de uma análise ao World Lecture Hall da Universidade do Texas, constata-se

que este centro apresenta exemplos de centenas de cursos desenvolvidos na Web. O

nível de utilização de recursos tecnológicos utilizados pelos diferentes cursos lá

apresentados varia consideravelmente. No entanto, com base na análise efectuada por

Lucena (1998) aos cursos lá contidos, é possível identificar um modelo geral para

desenvolvimento e manutenção de cursos baseados na Web, em sete etapas:

1. criação do conteúdo do curso;

2. criação do curso no servidor;

3. transferir o conteúdo (Upload) para o servidor ;

4. interacção do administrador com o sistema;

5. interacção do professor com o sistema;

6. interacção do aluno com o curso;

7. interacção de um colaborador do professor com o curso.

Cada uma destas etapas, descritas pelo próprio título, sintetiza o conjunto de acções a

ser desenvolvidas pelos diversos intervenientes no curso.

1. Criação do conteúdo do curso.

Existem duas opções, ou o professor é especialista em ferramentas para a Web e

desenvolve ele mesmo todo o ambiente, ou o professor usa um ambiente de

desenvolvimento não sendo necessário dominar os detalhes técnicos desse

ambiente. É claro, que mesmo para os especialistas na utilização de recursos e

ferramentas da Web justifica-se a utilização de ambientes de desenvolvimento,

capazes de criarem e efectuarem a gestão de cursos, em especial perante o

volume de trabalho envolvido na primeira opção, pelo que os passos a seguir

têm em conta esta segunda opção.

2. Criação de um curso no servidor.

O professor solicita ao administrador de um servidor, no qual se pretende

colocar o curso, a permissão de criar esse curso. O administrador/gestor de

cursos cria um perfil de curso de acordo com a solicitação do professor

68

responsável pelo curso. O professor então pode ligar-se ao servidor e realizar as

seguintes tarefas:

• personalizar a interface com o aluno (usando menus);

• criar uma homepage do curso;

• definir as componentes desejadas e os recursos auxiliares de

navegação;

• inscrever os seus colaboradores;

• inscrever os alunos.

3. Transferir o conteúdo (Upload) para o servidor.

O conteúdo do curso pode ser transferido do computador do professor, onde foi

criado, para a conta do curso no servidor.

4. Interacção do administrador com o sistema.

A função deste é gerir o sistema, a partir de qualquer máquina com ligação à

Internet, usando um nome e senha (password) que lhe garantem direitos de

administrador e que lhe permite adicionar e remover cursos desse servidor.

5. Interacção do professor com o sistema.

O professor tem a seu cargo diversas tarefas, às quais tem acesso após ligação ao

servidor (via Internet) e após uma identificação por nome e senha perante este.

Aqui ele tem que analisar as diversas comunicações entretanto ocorridas no

contexto do curso, acedendo para isso aos serviços de correio electrónico, às

listas de distribuição, aos grupos de interesse e ao registo de diálogos e das

conferências tidas, respondendo e participando de forma adequada. O professor

deverá também actualizar, se necessário, os conteúdos e ter uma especial atenção

para com o progresso dos alunos, nomeadamente na:

• atribuição tarefas aos alunos;

• análise do progresso dos alunos, recorrendo aos resultados de teste e

à análise de estatísticas sobre o site.

6. Interacção do aluno com o curso.

O aluno também acede ao servidor identificando-se perante este com um nome e

uma senha pessoais e deverá que analisar as diversas comunicações entretanto

ocorridas no contexto do curso, acedendo para isso aos serviços de correio

electrónico, às listas de distribuição, aos grupos de interesse e ao registo de

diálogos e das conferências tidas, respondendo e participando de forma

69

adequada. Como aluno, procurará assimilar os conteúdos do curso, a um ritmo

próprio, analisando o conteúdo das ligações a URLs propostas, acompanhando o

desenrolar de programas tutores, e deverá acompanhar a sua própria evolução,

quer pela análise de resultados a testes e questionários quer pela análise de

estatísticas que o classifiquem. O aluno pode também elaborar uma página

pessoal.

7. Interacção do colaborador do professor com o curso.

O Colaborador do professor tem uma função algo análoga à do professor,

acedendo ao sistema de forma personalizada e por um sistema de nome e senha

de verificação. O colaborador complementa o trabalho do professor, competindo

a este normalmente as tarefas de dinamização das diversas formas de

comunicação utilizadas no ambiente do curso, além de realizar as tarefas de

correcção e avaliação de testes e trabalhos realizados pelos alunos. Poderá

desempenhar funções como professor para certos temas do curso, sendo então o

responsável por esses conteúdos.

70

3.7 Implementação do processo de ensino/aprendizagem

A International Data Corporation (IDC,1997) prevê o desenvolvimento e adopção da

educação e do treino com base na Web, quer através das Intranets cooperativas, quer

através da Internet, prevendo a existência de um mercado com um valor superior a dois

mil milhões de dólares no ano 2000. É também um pressuposto da IDC que o incentivo

que está na origem e desenvolvimento deste tipo de soluções de ensino, não é

meramente económico, sendo na sua essência devido à necessidade de formação

contínua na Sociedade de Informação, obrigando assim ao desenvolvimento de soluções

e métodos capazes de responder, de uma forma contínua e just-in-time, às necessidades,

quer dos indivíduos, quer das instituições.

A IDC propõe uma classificação simples para os servidores Web utilizados na educação

e no treino digital, em dois grupos distintos.

De um lado, considera os servidores já existentes num estilo de campus universitário,

que permitem o processo de ensino/aprendizagem com a utilização das diversas

tecnologias multimédia, tais como a disseminação de conteúdos por multimédia

interactiva e a possibilidade de uma efectiva interacção entre professores e os alunos.

No projecto Internet 2, esta tecnologia assumiu a designação de learningware. Nestes

servidores existe ainda a possibilidade de integração de livros, CDs e a ligação a outros

sites na Web contendo aplicações com uma utilização educativa e de treino (Papert,

1996). Novas potencialidades surgiram como a existência de livros publicados numa

forma multimédia, com a inclusão de recursos adicionais, tais como o áudio, o vídeo e a

animação, bem como a utilização de ambientes remotamente acedidos através de um

site Web permitindo assim as mais diversas operações interactivas de consulta.

Por outro lado, existem os cursos multimédia projectados e desenvolvidos com recurso

a uma tecnologia única, nomeadamente elaborados com o recurso de ferramentas de

autor, sendo o site Web apenas um substituto do CD, assumindo esta tecnologia a

designação de courseware.

71 Torna-se óbvio que a educação à distância está a evoluir e Ryder (1994) defende que

aqueles que se ocupam da educação a distância talvez se venham a considerar mais

como “tecnólogos da aprendizagem” e “especialistas no suporte da aprendizagem” ao

invés dos tradicionais "tecnólogos da instrução" e "designers da instrução".

O potencial da Internet no processo educativo, já é reconhecido pelas escolas,

universidades, organismos governamentais e outras organizações interessadas na

promoção e criação de ambientes de ensino/aprendizagem. A utilização de redes de

computadores e da Internet permite oferecer a infra-estrutura base para a realização do

ensino à distância baseado na Web. O uso da Web tem evoluído do simples “click” e

preenchimento de formulários, característicos dos ambientes desenvolvidos com o

HTML para as novas e dinâmicas tecnologias, proporcionadas pelo Java, ActiveX,

JavaBeans, JavaScript, Dynamic HTML, Shockwave, Flash e RealAudio/Player. Estas e

outras ferramentas podem proporcionar um melhor ambiente, mas não criam os

conteúdos, o acesso aos mesmos, bem como a sua articulação e interligação. Com o

intuito de identificar uma infra-estrutura adequada ao processo de ensino/aprendizagem,

foi desenvolvido, pela EDUCOM1/NLII IMS, um método que permite encarar os três

típicos problemas, que se colocam quando são desenvolvidos cursos à distância

utilizando a Internet, sendo estes:

• a deficiência de suporte na natureza dinâmica e colaborativa da

aprendizagem;

• a falta de incentivos e de uma estrutura adequada ao desenvolvimento e à

partilha de conteúdos educativos;

• a deficiência no suporte, na localização e na operação de materiais

independentes de uma plataforma.

O projecto IMS (Instructional Management Systems) é resultado de uma participação

cooperativa de diversas organizações académicas, comerciais e governamentais, sendo

dedicado à promoção do ensino/aprendizagem via Internet. O principal objectivo do

IMS é o de propor uma arquitectura aberta para a aprendizagem na Web, especificando

uma série de requisitos técnicos na criação de materiais e ambientes de aprendizagem

1 A EDUCOM é agora designada de EDUCAUSE

72 com qualidade. Para este fim, foi criado um modelo com o qual se torna possível gerar e

interligar a informação no processo de ensino/aprendizagem. A utilização de um

processador de conteúdos pode criar material para um aluno específico, podendo um

professor desenvolver um conjunto de documentos integrados dentro do sistema.

É importante saber que o modelo proposto pelo IMS não é um software que é executado

em computadores, mas sim algo similar a um protocolo que tal como o TCP/IP, o

ISO/OSI ou o HTTP, de forma a que as novas aplicações ou ambientes que venham a

ser desenvolvidas possam seguir estas directrizes conseguindo por esta forma

implementar um nível elevado de interactividade, de troca de informações e de

compatibilidade em termos de sistemas.

Assim o modelo plataforma IMS pretende conseguir:

• baixos custos para o desenvolvimento de learningware;

• uma melhoria da qualidade dos materiais e dos ambiente de aprendizagem;

• um mais fácil acesso à aprendizagem;

• uma maior personalização da aprendizagem.

Existem assim emergentes vários actores na proposta, tendo cada um papel específico.

Os Aprendizes: são pessoas com as mais variadas idades, habilidades, interesses e

motivações, pertencentes ou não a alguma instituição de ensino e/ou investigação,

podendo realizar a aprendizagem quer de uma forma individual, quer colectiva.

Os Professores: são aqueles que transmitem seu conhecimento socorrendo-se de

diversas técnicas, podendo ou não pertencer a institutos de pesquisa, escolas,

universidades ou algum órgão institucional, podendo ensinar de forma individual ou por

participação num grupo de ensino.

Os Coordenadores: são entidades académicas, privadas, institucionais ou comunitárias,

que fornecem o crédito às iniciativas associadas ao processo de ensino/aprendizagem,

participando na gestão dos cursos e dos currículos.

73 Os Fornecedores: são aqueles que oferecem o conteúdo e os serviços criados pelo

trabalho de um autor, de um grupo ou de outros fornecedores agregados, tais como

revistas e jornais.

A arquitectura IMS oferece, além do mais, um suporte que permite a troca de

informações intra e inter grupos de actores.

Nesta proposta, o processo de aprendizagem é visto como um conjunto de pequenos

documentos de informação que são (re)dispostos de forma a produzir uma gama

diversificada de conhecimento em vários contextos de aprendizagem.

O modelo IMS considera os seguintes tópicos essenciais:

• interoperabilidade: é a possibilidade de vários ambientes de aprendizagem

poderem comunicar e interagir mutuamente;

• personalização e extensibilidade: a personalização de um sistema é viável

através de uma combinação das partes interoperáveis, sendo também

requerido que os sistemas sejam desenvolvidos de forma a beneficiar com a

generalização de seus módulos e que possuam procedimentos compatíveis

com os já existentes;

• colaboração: por colaboração entende-se a troca entre alunos e o ambiente

de aprendizagem propriamente dito, constituído por pessoas e recursos.

O modelo IMS oferece um conjunto de ferramentas, que facilitam a gestão, tornando

assim possível produzir materiais educativos de alta qualidade e potencialmente

reutilizáveis. A plataforma IMS pretende gerar uma infra-estrutura de forma a que toda

a infra-estrutura já criada possa ser reutilizada na produção de ambientes de

aprendizagem. Esta reutilização tem um valor suplementar face aos investimentos já

realizados, por muitas escolas e universidades, no desenvolvimento de ambientes de

aprendizagem.

No desenvolvimento do seu modelo a IMS teve em conta as tendências tecnológicas,

que estão, ou estarão, presentes nos ambientes de aprendizagem, em termos de modelos

74 de objectos utilizados, tutores e auxiliadores de aprendizagem, uso de ambientes

virtuais, problemas de gestão e de segurança.

Observaram que o mercado era dominado por dois tipos de modelos de objectos

distribuídos:

o COM (Microsoft’s Component Object Model) da Microsoft

o Corba da empresa OMG (Object Management Group)

Ambos os modelos suportam a linguagem Java, possuindo o modelo Corba

especificações para suporte de Java/RMI. A existência destes modelos permite uma

neutralidade no que concerne ao desenvolvimento de componentes apropriados para um

determinado público alvo.

Foi também identificada a tendência para a proliferação de agentes com o intuito de

facilitar o processo de ensino/aprendizagem, actuando muitas vezes como tutores.

Em virtude do aumento de largura de banda e do potencial gráfico e multimédia dos

computadores é previsível um aumento na utilização de ambientes de realidade virtual e

de aprendizagem imersiva.

Poderão surgir problemas com o aumento do número de ambientes de aprendizagem e

com a correspondente necessidade de gestão de um número elevado de utilizadores e de

cursos, pelo que se prevê que possam ocorrer problemas relativos à autenticação de

utilizadores, à segurança das comunicações e das transações efectuadas.

Face a estas tendências foram elaborados alguns requisitos para a plataforma IMS:

• as especificações inerentes à plataforma IMS deverão permitir a inclusão de

inovações tecnológicas;

• deverá suportar a extensibilidade em termos de sintaxe, semântica e funções,

permitindo a especificação a determinadas aplicações ou domínios;

• as especificações do IMS deverão utilizar o padrão XMLTM (Extensible

Markup Language) como sintaxe para dados e objectos. Deverá permitir

também a criação e interacção dinâmica em termos de conteúdo.

75

3.8 Novas atitudes perante o processo de ensino.

O ensino à distância utilizando a Web obriga a um repensar de atitudes por parte dos

intervenientes. Partindo do principio que o sucesso da do ensino à distância utilizando a

Web depende da existência de uma aprendizagem auto-planeada (esta aprendizagem

pode ser encarada quer como uma componente, quer como algo resultante deste tipo de

ensino). Aos alunos deve ser dada a oportunidade de interagir, reflectir e aplicar o

aprendem, não sendo razoável esperar que os alunos obtenham a mais correcta das

aprendizagens sem a existência de algum apoio e orientação, quanto mais não seja ao

nível da utilização dos diversos métodos interactivos postos à sua disposição.

Paul Shotsberger (1997) analisou o papel dos professores perante o ensino na Web,

Harasin (1993) e Eastmond (1995) propõem alguns cuidados, a ter em conta, para os

ambientes de ensino utilizando o computador, de forma a melhorar a interacção,

concluindo que é necessário garantir o envolvimento dos alunos e desenvolver um

sentido de comunidade de ensino/aprendizagem.

Para personalizar o uso de ferramentas e dos métodos de forma a assegurar o

envolvimento activo do aluno há que efectuar um conjunto de tarefas:

• publicação preliminar de material que realce a frequência do envolvimento

do aluno, como incentivo à interactividade;

• publicação de mensagens assíncronas especificamente elaboradas para

promover e estimular a comunicação;

• envolvimento pessoal do aluno por atribuição de diferentes papéis em

discussões, tais como o de apresentador, de moderador, de assistente ou de

participante;

• divisão de tarefas e atribuição das mesmas a pequenos grupos de alunos,

evitando assim a dependência do recurso a grupos grandes, estes devem ser

utilizados para reuniões e discussões;

• uso contínuo, de uma forma equilibrada, da comunicação síncronas e

assíncronas;

76

• evitar a comunicação unidireccional, pois Moore (1992) previne contra a

dependência deste tipo de comunicação em sistemas de educação à distância

porque tende a promover a criação de uma "distância transaccional" entre os

utilizadores;

• os utilizadores realizando trabalhos de grupo devem poder comunicar entre

si, quer de uma forma síncrona, quer assíncrona, com ferramentas específicas

de interacção que devem fazer parte dos ambiente de trabalho. Deve ser tido

em conta os aspectos tecnológicos utilizados nestes dois tipos de

comunicação bem como a preparação e a competência de que deve ser

possuidores os alunos habituados ao ensino presencial;

• na comunicação assíncrona, o fluxo de informação deve permitir a realização

de um trabalho progressivo num dado problema, mantendo em aberto as

ideias chave por um longo período de tempo, de forma a poderem ser

analisadas por diversas perspectivas.

Para ser desenvolvido e incrementado o sentido de comunidade e de grupo, devem ser

dadas respostas às questões apresentadas, sendo necessário existir alguma competência

online e permitindo a organização das diversas formas de interacção, sendo estes os três

princípios básicos que governam a criação e que vão permitir o posterior sucesso de

uma comunidade dinâmica de ensino/aprendizagem. De uma forma mais específica,

compete aos animadores de um grupo/comunidade a responsabilidade de serem

flexíveis nas suas apresentações, de gerir um conjunto de perguntas e respostas

frequentes (FAQs) e de garantirem um retorno dinâmico aos comentários e observações

postas por parte dos alunos, bem como de garantirem a actualização constante dos

conteúdos existentes.

É necessário repensar o papel dos professores, quer na forma como estes são preparados

para o ensino, quer como estes o encararam, para isso os professores devem:

• adquirir a familiaridade e a proficiência no uso das tecnologias, em especial

a necessária à interligação entre professor e alunos;

• mudar seu papel de fornecedor de conteúdos para gestor de conteúdos;

• conceber o(s) curso(s) de uma forma diferente;

77

• aprender a ensinar, sem o apoio e o retorno proporcionado pelo controlo

(visual e oral) típicos do ensino presencial;

• desenvolver uma compreensão e apreciação pelo estilo de vida de alunos

provenientes de diferentes comunidades, de outras regiões geográficas e com

diferentes valores socioculturais;

• explorar novas formas de interactividade (entre o professor e alunos, bem

como entre alunos), proporcionadas pela Internet e pelos recursos por esta

proporcionados;

• manter horários de atendimento virtual, assinalando a sua presença no

ciberespaço;

• utilizar os modelos de teste e avaliação de desempenho baseados na Web e

garantir um retorno dessa avaliação aos alunos;

• criar um programa de marketing ao curso divulgando informações e material

disponível acerca do curso; Criar e manter uma zona de questões e respostas

frequentes (FAQs); Promover o curso com os meios postos à sua disposição.

Os alunos também têm um papel importante, tendo sido criado um modelo (Hedberg et

al., 1997; Lucena, 1998a) que relaciona os professores e os alunos ao longo do tempo,

do lugar e da dimensão do grupo.

Grupo

Assíncrono

Síncrono

Tempo

Mesmo DiferenteLocal

• Modos flexíveis• Ensino/aprendizagembaseada utilizando meiosinformáticos

Sala de Aula Virtual

Ensino porcorrespondência

Ensino baseado na sala deaula

Educação a distância em temporeal e comunicação uni e bi-direccional

Auto-aprendizagem

Sala deaulavirtual

Ferramentas de trabalho emcomunidade e grupo

Conferênciamultimedia

Individual

Dimensãodo grupo

Figura 1 - Modelo relacionando professores e alunos

78 Num dos extremos (canto inferior esquerdo), existe uma sala de aula tradicional típica

onde os professores e os alunos compartilham o mesmo espaço ao mesmo tempo e onde

os alunos podem desenvolver actividades quer individualmente, quer em grupo. No

outro extremo, o professor e o aluno estão em locais diferentes, comunicam-se

assincronamente, podendo os alunos "juntar-se" para compartilhar as suas experiências

ou para colaborar e cooperar nas diversas tarefas de aprendizagem, é a sala de aula

virtual facultada pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação.

Nesta sala virtual, o aluno pode escolher entre ser um utilizador ou um produtor da

informação ao contrário da forma tradicional, na qual o aluno tem sido normalmente

apenas visto como um receptor de informação. Com o desenvolvimento do software

educativo multimédia interactivo (MMI ou IMM) limitado (suporte CD) ou ilimitada

(na Internet) o aluno ocupa normalmente um papel de utilizador de software, vendo

nalguns casos o seu papel transformar-se em produtor de software.

Fonte de informação limitada(ex.: CD-ROM)

Fonte de informação ilimitada(ex.: aprendizagem baseada na Web)

Processamento para discernirestrutura

•Foco no conhecimento•Base de informação estática

•Tarefas estruturadas por designers/professor

•Estruturas de informaçãoespecificadas

Ferramentasde autor

Muitas formasde representação

Processamento em ambientehipertexto

Ênfase no desenvolvimento desistemas de informações pessoais

• Foco na busca

• Base de informação dinâmica• Tarefas estruturadas porutilizador/professor

• Estruturas de informaçãobaseadas em hipertexto flexível

Aluno comoprodutor

Aluno comoutilizador

Caminhando na direcção Caminhando na direcçãoAs áreas de similaridade tendem a aumentar com

maiores velocidades de acesso e poder decálculo

Figura 2 - O mundo convergente da MMI

A produção de multimédia interactiva na Web oferece contudo vantagens sobre a

utilização de meios mais limitados porque:

• a informação pode ser constantemente actualizada;

• é requerido menor equipamento para produção;

79

• não existe uma necessidade tão elevada de recursos multimedia;

• a própria Web oferece uma fonte constantemente actualizada de modelos de

design a serem utilizados na estruturação de grandes quantidades de

informação

Como um utilizador de software suas acções podem incorporar o amplo leque de

actividades oferecidas pelos designers do software, desde as actividades objectivistas,

orientadas passo-a-passo (de uma forma passiva), até actividades construtivistas, de

envolvimento activo, proporcionado pela simulação com uma correspondente utilização

dos recursos multimédia.

Encontrando-se o aluno a produzir software multimédia, é necessário analisar o porquê

dessa produção e existem duas situações possíveis. O aluno pode desenvolver páginas

para a Web, ou produzir software multimédia interactivo (MMI), realizando assim a sua

aprendizagem sobre a produção de software multimédia interactivo. Por outro lado, o

aluno pode usar as ferramentas de produção para desenvolver e construir conteúdos de

outras áreas de conhecimento, devendo a carga cognitiva associada a essas ferramentas

ser mínima (Lucena, 1998a).

Tabela 1- O aluno como utilizador e produtor de software MMI

Utilizador Produtor Modelo A Modelo B Modelo C

Ensino

Ensino com recurso a MMI e aplicações Web

Ensino com recurso a MMI e produção de páginas Web

Aprendizagem com MMI e ferramentas para a construção de páginas Web

Aprendizagem Aprendizagem com recurso a MMI e aplicações Web

Aprendizagem sobre MMI e Produção de páginas Web

Aprendizagem com MMI e ferramentas Web

As teorias da aprendizagem influenciaram a estrutura utilizada na multimédia

interactiva aplicada ao ensino, podendo na figura seguinte ser vista a comparação do

impacto e das relações existentes entre a multimédia interactiva utilizando CD e Web e

em função do ambiente de aprendizagem e número de utilizadores (Lucena, 1998a).

80

Número deutilizadores(tamanho dogrupo)

Utilizadorindividual

Objectivismo(passo-a-passo) Paradigma definidor

Construtivismo(envolvimento)

Multimedia interactiva baseada na Web

Múltiplosutilizadoresindividuais

Ambientes deaprendizagemvirtuaiscompartilhados

Gruposlocalizados nomesmo espaço elocal

Salto quântico

Multimedia interactiva baseada em CD

Novas formas deinteracção

Figura 3 - Impacto e relações entre MMI baseada utilizando CD e Web

Para o utilizador do software e à medida que ele se move numa direcção construtivista,

de maior envolvimento, são criadas condições para a interacção em grupo porque as

tarefas a serem desempenhadas se tornam mais complexas. Por outro lado, a amplitude

e a extensão da interacção do utilizador com os dados no software aumenta na medida

em que o utilizador recebe uma maior liberdade de navegação, de acesso, de

determinação de qual o formato da informação e de manipulação de dados usando

ferramentas cognitivas e metacognitivas. Toda esta liberdade para ter o acesso e para

manipular os dados apresenta-se sobre na forma de um ambiente, que lhe fornece o

contexto e as estruturas de suporte à actividade cognitiva.

O software construtivista não é obrigatoriamente utilizado só em grupo, tendo um

utilizador solitário de possuir uma maior motivação, bem como capacidades de

assimilação e de planificação elevadas para conseguir progredir sem o apoio e

interacção dos seus pares. A existência do grupo oferece a possibilidade de discussão e

de serem fornecidas sugestões e ideias, obtendo-se uma grande variedade de estratégias

para serem compartilhadas sobre a aprendizagem e a solução dos problemas, podendo

ainda proporcionar um retorno pessoal imediato através dos canais de comunicação, nos

seus diversos formatos. Tais benefícios da actividade em grupo só podem ser atingidos

quando todos os membros do grupo se consciencializam da necessidade de desenvolver

e de refinar habilidade tais como a negociação e a colaboração.

81

A produção e uso de multimédia interactiva como auxiliar do processo de aprendizagem

não necessita de ser uma actividade individual, podendo os grupos de alunos também

produzir multimédia interactiva para processar a informação, havendo nesta situação a

considerar as seguintes mais-valias:

• a necessidade de desenvolver actividades próprias do grupo, tais como

colaboração e cooperação;

• a procura suplementar de hardware e de software, como suporte à capacidade

crescente do grupo para gerar e construir recursos;

• as inúmeras oportunidades de discussão do material e a possibilidade de

aprender ensinando com os outros elementos do grupo;

• o retorno e avaliação por parte dos outros membros do grupo;

• o desenvolvimento de habilidades interpessoais.

Por outro lado, o desenvolvimento de material multimédia interactivo oferece várias

vantagens ao aluno porque:

• é um processo activo;

• é significativo do ponto de vista pessoal;

• promove um processamento profundo do conhecimento;

• incrementa o desenvolvimento de habilidades sociais, técnicas e de solução de

problemas;

• permite a representação do conhecimento numa grande variedade de formatos;

• garante o envolvimento dos alunos a longo prazo;

• permite a transferência de habilidades adquiridas para outras situações;

• é possível analisar todo o processo de assimilação de conteúdos por parte dos

alunos, em vez de apenas verificar os resultados produzidos.

Como inconvenientes na produção de software multimédia interactivo há que ter em

conta que:

• os requisitos ao nível do hardware e software tendem a ser mais sofisticados e

exigentes;

82

• a existência de flexibilidade de agenda pode perturbar os professores que

preferem procedimentos bem estabelecidos;

• a experiência pessoal dos professores, porque sem experiência pessoal em

construção do conhecimento muitos professores não serão capazes de antecipar

as necessidades dos alunos, nem serão capazes de maximizar o seu apoio aos

alunos.

83

3.9 Comparação de ambientes

Perante a existência de um modelo (EDUCOM/NLII IMS) foram desenvolvidos vários

produtos que implementam produtos educativos na Internet, nomeadamente:

• AulaNet (LES, PUC-Rio, Brasil)

• Classnet (Iowa State University Computation Center)

• LiveBOOKs (University of Waterloo, Ontario, Canada)

• Lotus Learning Space (IBM/Lotus)

• Serf (University of Delaware)

• Virtual-U (Simon Fraser University)

• Web-Course-in-a-Box (Virginia Commonwealth University)

• WebCT (University of British Columbia)

O AulaNet é um ambiente concebido para poder ser utilizado, de uma forma assíncrona

e com bastante interactividade aos mais diversos níveis. Foi concebido a pensar

naqueles que não dominam os conceitos técnicos associados à Internet, requerendo o

ambiente apenas o uso de um programa de navegação. Concebido por módulos é

facilmente actualizável, podendo nele ser integrados novos recursos e funcionalidades.

O Classnet é um ambiente de gestão de cursos, de alunos, permitindo a atribuição e

gestão de testes, tarefas, projectos, gerando a avaliação correspondente, a componente

didáctica será sempre realizada em paralelo com recurso a outros produtos e/ou

ambientes.

O LiveBOOKs é um ambiente distribuído para a realização e autoria e consumo de

material educativo através da Web. Este ambiente foi desenvolvido com o intuito de

simplificar o processo de criação e manutenção de cursos.

O Lotus LearningSpace é um ambiente concebido para o desenvolvimento de serviços

de apoio à educação à distância. O LearningSpace foi desenvolvido segundo a filosofia

do Lotus Notes. É um ambiente com uma vocação essencialmente comercial, sendo

também considerado muito funcional.

84

O Serf foi concebido para a distribuição de cursos em formato multimédia de uma forma

assíncrona. É dada uma importância especial à atribuição e à realização de tarefas.

O ambiente Virtual-U permite a integração de ferramentas para a autoria, manutenção e

consumo de cursos. Este ambiente incentiva à estruturação de discussões interactivas e à

realização de actividades cooperativas entre alunos, professores e/ou colaboradores

externos, como ainda permite a partilha de recursos para disseminação do

conhecimento.

O Web-Course-in-a-Box (WCB) foi desenvolvido para a criação e manutenção de

cursos. Este ambiente permite a criação de páginas WWW para vários serviços tais como

o menu do curso, a agenda e homepages pessoais, além de funções interactivas como os

fóruns de discussão e a realização de exercícios de correcção automática. A autoria e o

consumo do curso são ambos feitos através de um qualquer programa de navegação e

não requerem quaisquer conhecimento técnicos.

O WebCT é uma ferramenta que permite a criação de ambientes de aprendizagem. Não

requer na prática qualquer conhecimento técnico, professor ou aluno. A interactividade,

a estrutura de navegação e as ferramentas educativas são fornecidas pelo ambiente,

podendo ser incorporadas outras. Este ambiente foi inicialmente desenvolvido para

simplificar a criação cursos internos na University of British Columbia. É um produto

bastante divulgado, por ter sido desenvolvido e adoptado em colaboração com outras

universidades norte-americanas, surgindo normalmente como uma referência.

Como todos estes ambientes assentam as suas bases no modelo EDUCOM, todos eles

apresentam características similares, dando maior ou menor ênfase a aspectos

particulares como a avaliação, a interactividade ou a incorporação de recursos

multimédia.

De uma maneira geral, comparando-os entre si, o AulaNet distingue-se dos demais, em

primeiro lugar por ser em Português e, depois, pela aparente simplicidade do ambiente e

pelo elevado grau de interactividade presente no mesmo, este facto permite uma melhor

85 adaptação dos utilizadores ao ambiente e poderá ser um “trunfo” para a adopção. Do

ponto de vista da integração de recursos, este ambiente parece possuir à partida uma

maior diversidade e funcionalidade, pelo que a criação e o acompanhamento de cursos

através do AulaNet parece mais simples e realizado de uma forma mais natural que nos

demais, apresentando também como vantagem a sua implementação em vários idiomas.

Tabela 2 - Comparação de serviços de ambientes de ensino baseados na Web Ambiente

→ Serviços↓

AulaNet Classnet Learning Space LiveBooks Serf Virtual-U WCB WebCT

Com

unic

ação

• Grupo de interesse

• Grupo de discussão

• Contacto com o pro-fessor

• Conferência/Debate

• Correio electrónico

• Net forum • Conferência/

Debate

• Correio electrónico

• Grupo de discussão

• Contacto com o pro-fessor

• Contacto com o tutor

• Contacto com o mo-nitor

• Grupo de interesse

• Grupo de discussão

• Contacto com o pro-fessor

• Conferência/Debate

• Correio electrónico

• Grupo de discussão

• Debates

• Contacto com o pro-fessor

• Conferência/Debate

• WCB Forum

• Correio electrónico

• Grupo de discussão

• Conferência/Debate

Adm

inis

trat

ivos

• Agenda • Notícias do

curso • Matriculas e

cadastro

• Gestão de senhas

• Matriculas e cadastro

• Prazos de entrega

• Agenda

• Agenda • Notícias do

curso • Cadastro • Controlo do

progresso e previsão de conclusão

• Agenda • Controle do

progresso

• Notícias do curso

• Agenda

• Quadro de avisos

• Divulgação de notas

• Acompa-nhamento do curso

Ava

liaçã

o • Testes • Projectos • Exercícios • Resultados

• Exercícios • Tarefas • Projectos • Resultados

• Exercícios • Tarefas

• Auto-avalia-ção

• Tarefas • Exercícios

• Exercícios • Tarefas

• Exercícios • Resultados

• Testes periódicos

Did

áctic

os

• Plano de aulas

• Transparên-cias

• Apresenta-ção gravada

• Texto de aula

• Livro texto • Demonstra-

ções • Bibliografia

• Realizado com recurso a outros ambi-entes e pro-dutos

O Classnet é apenas uma

ferramenta de gestão e organi-

zação.

• Centro de recursos multimédia (Media center)

• LiveBOOK • Notas de

rodapé • Biblioteca

Electrónica

• Plano de aulas

• Texto de aulas

• Recursos multimédia

• Seminários moderados por alunos

• Projectos em equipe

• Estabeleci-mento de metas

• Conferência em tempo real

• Transparên-cias

• Referências na Web

• Glossário indexado

• Facilidade para anota-ções de aluno

• Material de referência do curso

• Quadro branco compartil-hado e in-teractivo

Ger

ais

• Tutores de Internet

• Homepage de alunos

• Motor de Busca

• Estatísticas

• Net forum

• Perfis de aluno e professor

• Gestor de avaliação

• Tutores parautilização do sistema

• Motor de Busca

• Estatísticas • Partilha de

recursos

• Homepage de alunos

• Homepage de instruto-res

• WCB Forum

• Área de apresenta-ção de alu-nos

• Arquivos de imagem in-dexados

• Indexação e busca auto-mática

Trab

alho

co

oper

ativ

o

Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim

Multilíngue Sim Sim (com uso

do Java Classnet)

Não Não Não Não Não Não

AulaNet Classnet Learning Space LiveBooks Serf Virtual-U WCB WebCT

86 3.10 Conclusão

O uso apropriado da tecnologia associada à Internet tem de ter em consideração os

aspectos pedagógicos, tecnológicos, organizacionais e institucionais. Todos os

programas de ensino à distância deverão ser cuidadosamente planeados e orientados

para a compreensão e satisfação das necessidades do aluno. A tecnologia só então

deverá ser seleccionada. Competirá ao educador seleccionar as soluções que a

tecnologia lhe coloca ao seu dispor de uma forma a completar as necessidades dos

alunos de uma forma eficaz e economicamente viável. A Internet surge como o meio

privilegiado para o ensino, quebrando as barreiras temporais e espaciais, permitindo

uma transição de um ensino em contexto presencial para um ensino em contexto não

presencial. O uso da própria Web origina a curiosidade, que está relacionada com a

motivação intrínseca, sendo assim muito relevante, em virtude do potencial e da riqueza

de recursos e de informação disponíveis.

Os cursos existentes, baseados nas novas tecnologias, em particular aqueles que estão

relacionados ou integrados na Internet, quando analisados quer sob o ponto de vista dos

elementos educacionais básicos quer do ponto de vista de design, na perspectiva de

concepção e produção demostram ser um viveiro de filosofias, métodos, metodologias

e de potenciais actividades voltadas para o processo de ensino/aprendizagem.

As estratégias de ensino podem ser planeadas com o uso da Web de diversas maneiras

por forma a maximizar todo o processo, existindo métodos e metodologias aplicáveis ao

processo de ensino com recurso à Web, com o recurso a tecnologias multimédia,

apresentando-se a Web cada vez mais como um meio emergente para o processo de

ensino/aprendizagem. Por outro lado, o uso de ferramentas de navegação permite que de

uma forma intuitiva se manipule a informação, possibilitando a integração de recursos.

Novas atitudes são requeridas por parte dos intervenientes, professores e alunos, porque

é possível, nomeadamente com o uso de MMI, o aluno contribuir para a sua própria

aprendizagem e para um maior envolvimento em grupo, aumentando a motivação.

87 O papel do professor deverá também ser redefinido, em especial no que diz respeito às

suas competências, devendo dominar os conteúdos e não a preocupar-se com o design

da instrução, maximizando o contacto com os alunos e preocupando-se com a qualidade

dos conteúdos difundidos.

O AulaNet surge como um ambiente seguindo os modelos e métodos aceites para o

ensino na Web, em primeiro lugar por ser em Português e, depois, pela aparente

simplicidade do ambiente e pelo elevado grau de interactividade presente no mesmo,

este facto permite uma melhor adaptação dos utilizadores ao ambiente. Do ponto de

vista da integração de recursos, o AulaNet também parece possuir à partida uma maior

diversidade e funcionalidade, pelo que a criação e o acompanhamento de cursos através

do AulaNet parece mais simples e realizado de uma forma mais natural que nos demais,

apresentando também como vantagem a sua implementação em vários idiomas.

Sintetizando, há um conjunto de factores decisivos que permitem antever uma transição

do ensino presencial para o ensino não presencial, com recurso da Internet e das

tecnologias multimédia associadas, havendo que modificar atitudes por forma a

maximizar a aquisição do saber. Existem modelos e metodologias aplicáveis. Existem

produtos que recorrendo a essas técnicas já difundem o saber na Web. Há uma escolha

lógica para a realização de um estudo mais aprofundado, de forma a permitir concluir da

possibilidade de criar e de leccionar conteúdos de uma forma natural e rápida na

Internet, sendo esse produto o AulaNet.

88

4. O ambiente AulaNet - um estudo de caso

4.1 AulaNet™ - um ambiente para o desenvolvimento e para a manutenção de cursos na Internet

Figura 4 - A página inicial do ambiente AulaNet

O reconhecimento do potencial do uso dos recursos da Internet na educação e no treino

digital origina a que esta seja uma das áreas com um elevado índice de crescimento na

Internet. Este potencial tem atraído a atenção dos grupos de investigação, pesquisa e

desenvolvimento das universidades e das indústrias que se preocupam com o

desenvolvimento de modelos e produtos para a educação e treino digital, com suporte na

Web. O Departamento de Informática, em particular o Laboratório de Engenharia de

Software (LES) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) não

foi excepção e criou um ambiente denominado AulaNet, este ambiente permite a

criação, frequência e manutenção de cursos à distância com base na Web e dirigido a

indivíduos não-especialistas na tecnologia associada.

Iniciado um Junho de 1997, o AulaNet é utilizado pela PUC-Rio possui 26 cursos,

encontrando-se ainda em fase de divulgação tendo já aderido ao projecto AulaNet 60

89 instituições com cerca de 1358 utilizadores registados por todo o mundo. Está

disponível (ou em desenvolvimento) em várias línguas, nomeadamente o Português, o

Inglês e o Espanhol (LES, 1999).

4.1.1 As origens do AulaNet

O AulaNet é um produto concebido a partir da experiência obtida com a criação de três

cursos à distância utilizando a Web no decorrer do segundo semestre de 1997 no LES

(Lucena, 1998b). Esses três cursos permitiram estabelecer um conjunto de premissas

que foram utilizadas na criação do AulaNet:

• os cursos criados, no ambiente AulaNet, devem possuir grande capacidade de

interactividade, de forma a cativar e a desenvolver a participação do aluno

em todo o processo de aprendizagem;

• o autor do curso não deve ser um especialista em Internet;

• os recursos oferecidos, pelo ambiente na criação de cursos, devem

corresponder na medida do possível aos existentes numa qualquer sala de

aula convencional e complementados por outros disponíveis pelo recurso às

tecnologias da Web;

• deve ser possível a reutilização dos conteúdos multimédia entretanto

desenvolvidos, permitindo a sua integração em novos cursos.

Partindo do conceito inerente aos sistemas de educação baseados numa sala de aula, foi

concebido um modelo que permitisse uma migração para um sistema mais aberto, com

base numa aprendizagem cooperativa, tendo por esse motivo sido dada uma importância

particular aos três vectores necessários à cooperação (Lucena, 1998b):

• a comunicação;

• a coordenação;

• a cooperação propriamente dita.

Grosso modo, para existir cooperação, há que existir coordenação e para existir a

coordenação, é necessária a comunicação.

90 O ambiente AulaNet assenta o seu funcionamento nas tecnologias de comunicação da

Internet. O acesso ao ambiente AulaNet é executado remotamente por intermédio de um

simples programa navegador (browser) da Internet. Esta particularidade permite a

qualquer um que possua um acesso à Internet, ter acesso ao ambiente AulaNet.

4.1.2 Os objectivos do projecto AulaNet

O ambiente proporcionado pelo AulaNet tenta reproduzir o modelo conceptual para a

implementação de inovações tecnológicas na educação. Este modelo assenta em três

pressupostos.

1. A adopção precede a mudança. Para que se verifique uma qualquer mudança é

necessário que ocorra uma efectiva adopção em primeiro lugar, ou seja, para que

haja inovação na educação, esta terá de ser previamente adoptada por alunos e

professores;

2. A realização é um processo de recriação. O processo de implementação de uma

inovação é, em essência, um processo de recriação no qual os professores e os

alunos interpretam a inovação de forma própria. Assim, a realização de algo

inovador tem é o reflexo das soluções de compromisso entre a forma nova e a

antiga de fazer as coisas;

3. A aprendizagem é resultado da evolução contínua do conhecimento. O

conhecimento criado por um ser humano tem de ser filtrado e refinado pela

crítica dos seus pares porque, apesar do potencial criador dos humanos como

criadores de conhecimento activo, estes são falíveis.

A criação do AulaNet foi feita de forma a satisfazer estes pressupostos, com os

seguintes objectivos gerais:

• a promoção (e adopção) da Web como um ambiente educacional;

• a contribuição (sem imposição) para a mudança pedagógica apoiando os

processos de recriação;

• o encorajar da evolução do conhecimento (quer de alunos, quer de professores).

91 De forma a permitir o alcançar destes objectivos, o ambiente AulaNet foi desenvolvido

permitindo uma integração total, a colaboração global, o uso de uma tecnologia comum

e transparente, dentro de padrões de elevada flexibilidade por forma a simplificar a

construção e o refinar do conhecimento, permitindo ainda a evolução do conhecimento

e de habilidades próprias.

A integração total: o ambiente AulaNet possui um conjunto de ferramentas quer para os

alunos, quer para os professores, destinadas a facilitar as várias etapas do processo de

aprendizagem; este ambiente integrado permite que os alunos e os professores interajam

de forma diversa, analisem os mesmos dados com diferentes ferramentas, logo por

diversas perspectivas podendo assim atingir múltiplos objectivos no âmbito do mesmo

ambiente.

A colaboração global: o ambiente AulaNet foi de forma a permitir a interacção num

processo cooperativo; permite ainda que os alunos tenham a possibilidade de não

apenas colaborar nos projectos preestabelecidos, mas também, por sua iniciativa

iniciarem novos projectos e encontrarem novos parceiros de trabalho.

A tecnologia transparente: para promover a adopção, o AulaNet foi desenhado de

forma a poder funcionar de uma maneira o mais transparente possível, é por esse motivo

que pode ser utilizado um qualquer programa de navegação (browser) da Internet como

interface com os seus utilizadores, apresentando quatro vantagens evidentes:

1. o uso deste tipo de interface simplifica o processo de adaptação ao ambiente;

2. permite criar uma maior independência, quer relativa ao hardware, quer

relativa ao sistema operativo utilizado;

3. a simplificação nas tarefas por utilização de conceitos inerentes ao programa

de navegação (transferência de ficheiros, preenchimento de formulários,

pesquisa, ...);

4. a existência de uma estrutura interna e de mecanismos que permitem aos

alunos e aos professores gerir e tornar disponível informação num servidor

Web. Não são requeridos aos utilizadores quaisquer conhecimentos técnicos

de programação, codificação ou de transferência de documentos na Web,

nomeadamente de HTML, CGI, FTP ou outros.

92 A flexibilidade: o ambiente AulaNet procura ser o mais possível flexível do ponto de

vista pedagógico, por esse motivo é fornecido um suporte quer para os métodos mais

tradicionais de ensino, quer para os mais recentes; um professor poderá fornecer os seus

conteúdos com o recurso a sebentas, textos de apoio, transparências, como com

utilização de grupos de discussão e ambientes MUD, nomeadamente a áudio e

videoconferência, com utilização das capacidades multimédia já existentes na Web.

O simplificar a construção e o refinamento do conhecimento: para auxiliar o aluno a

ver todo o processo de evolução do seu conhecimento, o AulaNet vai armazenando

todas as interacções. Permite também que após a apresentação do conteúdo das aulas

pelo professor, os alunos e os professores possam continuar actualizados e a discutir os

temas já estudados, através do uso de um grupo de discussão.

O uso de uma tecnologia comum: ao ser utilizado um tecnologia já existente como

suporte ao ambiente AulaNet são reduzidos os custo é simplificado o processo que leva

à promoção de uma adopção, reduzindo toda uma tarefa de treino e adaptação dos

utilizadores. O AulaNet permite uma integração de todo um conjunto de ferramentas já

existentes e com suporte na Web.

A evolução do conhecimento e habilidades, ao invés de oferecer um conjunto fixo de

material educativo, o AulaNet permite que o ambiente existente para os seus cursos

evolua de uma forma permanente, nomeadamente por acumulação de recursos, por

exemplo, os trabalhos dos alunos de um curso estarão disponíveis como fonte extra de

material de estudo nos alunos de um curso subsequente.

O acesso ao acervo do curso, os conteúdos dos cursos criados com o AulaNet evoluem

no tempo e encontram-se permanentemente armazenados numa base de dados. Toda a

informação disponível num dado momento é passível de recuperação e poderá ser

reutilizada com facilidade.

A satisfação destas premissas levou ao formular de um conceito designado pelo LES de

Processo de Desenvolvimento do Aprendizado (PDA). Este conceito exige uma

93 especificação prévia, por parte do professor/autor de um curso, dos recursos didácticos

que serão utilizados durante o curso.

A utilização de AulaNet permite a criação e a frequência de cursos à distância através da

Web com uma relativa facilidade, sendo um ambiente dotado de elevado grau de

interactividade e com a possibilidade de uma participação activa por parte do aluno.

94

4.2 Características do AulaNet

4.2.1 A arquitectura do AulaNet

A arquitectura do ambiente AulaNet é baseada na WWW, para a qual foi desenvolvida a

interface do ambiente e na interface CGI (Common Gateway Interface), servindo esta

para implementar todas as funcionalidades do servidor (Lucena et al., 1998c).

Figura 5 - Arquitectura Cliente/Servidor do ambiente AulaNet

Todos os objectos são manipulados pelo ambiente AulaNet, sejam estes os cursos, os

alunos, as instituições ou os departamentos, estando armazenados numa base de dados

relacional. Esta base de dados é responsável pela persistência desses objectos.

As interfaces e validação de dados no cliente é feita com recurso ao JavaScript uma vez

que as interfaces (clientes) são responsáveis pela validação dos dados de entrada e os

servidores são responsáveis pela persistência, manipulação das informações e controle

da navegação, o processamento inerente ao ambiente AulaNet é considerado

distribuído.

95 A interface CGI entre a base de dados e a aplicação é feita por uma camada de objectos

proprietária designada de Lua. Essa camada é responsável pela manipulação de todas as

informações relativas ao ambiente, permitindo também a integração no AulaNet de

ferramentas externas, podendo estas ser utilizadas para implementar alguns de seus

serviços (external helpers), como a transferência de ficheiros via WWW (Upload), como

os grupos de discussão (Listserv) ou a produção de estatísticas Analog. (Lucena et al.,

1998c; Crespo et al., 1998).

Figura 6 – A arquitectura em modelo de camadas do AulaNet

(Crespo et al., 1998)

A camada servidor de objectos Lua é também a responsável pela definição da interface

dos objectos dos servidores do AulaNet. Esta camada tem um papel intermediário,

seguindo as definições do design pattern Facade (Gamma et al., 1995; Lucena et al.,

1998c).

O mapeamento entre as classes orientadas a objectos, que modelam os objectos do

AulaNet, e o sistema que garante a persistência relacional também é feito na camada

Lua (Lucena et al., 1998c).

Os servidores AulaNet, quer de autoria, quer de aprendizagem, foram implementados

com o CGILua desenvolvido no LES (Hester et al., 1996) e são clientes do servidor de

objectos Lua.

96

Figura 7 - A camada servidor de objectos Lua

A CGILua usa a linguagem de extensão Lua (Ierusalimschy et al., 1996) tanto na sua

implantação, como uma linguagem de configuração para todo o pacote, quanto como

linguagem de script para construção de páginas CGI. Desta forma, CGILua herda a

maioria das características da linguagem Lua:

• portabilidade,

• sintaxe simples e parecida com a linguagem Pascal,

• poucos construtores

• flexibilidade.

Grande parte desta flexibilidade é devido a sua arquitectura, baseada no uso de

linguagem de extensão. Um núcleo, escrito em C, fornece os serviços básicos genéricos.

A parte da configuração, escrita em Lua, dá ao programa sua forma final. Esta

arquitectura permite a inclusão de outras características como a segurança e a inclusão

de bibliotecas.

A arquitectura implementada permitiu, como foi considerado pela equipa do LES

(Lucena et al., 1998c; Crespo et al., 1998), alcançar uma alta taxa de reutilização através

do uso de componentes. A base de dados relacional, além de armazenar objectos do

domínio do ambiente, armazena, também, os componentes de software reutilizáveis, tais

como as rotinas em JavaScript e em CGILua.

97 4.2.2 Os actores do AulaNet

O AulaNet destingue os seus intervenientes, como actores do processo

ensino/aprendizagem em três categorias:

1. o administrador, que facilita a integração professor/curso/aluno, lida com as

questões de natureza predominantemente operacionais, tais como a matrícula

de alunos, divulgação da agenda e das notícias do curso;

2. o autor, que é o criador do curso, participando desde a especificação e

descrição inicial do mesmo até a entrada dos conteúdos, este pode, ou não,

ser o responsável pela aplicação do curso, afirmativamente assume também a

função de Professor, podendo contar ou não com o auxílio de um ou mais

Monitores, que normalmente assumem as partes prática e de suporte,

nomeadamente encarregando-se do processo de avaliação dos alunos;

3. O aluno, que é o utilizador final do curso, representando o público-alvo para

quem se destina o produto final obtido pela utilização do AulaNet.

O AulaNet está construído de forma a que partindo dos professores, se consiga criar

cursos e divulgá-los perante os alunos. Um problema que foi imediatamente

identificado (Lucena, 1998b) foi o criado pelos professores, que mesmo que desejando

publicar materiais na Internet, estavam logo à partida condicionados pelo facto de não

dominarem uma variedade de linguagens de programação necessárias à construção de

páginas, bem como de não dominarem os programas de autor que lhes poderia criar

essas páginas com valor educativo. Foi, pois, uma questão de bom senso que levou o

LES a partir do principio que professor deve dominar a sua área de conhecimento e não

ser obrigado a dominar de uma forma profunda a Internet e as linguagens de

programação associadas, bem como as linguagens e procedimentos, normalmente

associados aos programas de autor.

Levando isso em consideração, o AulaNet foi logo à partida projectado de forma a

facilitar a tarefa do professor através da separação da parte constituída pelo conteúdo

em si, da parte da navegação. Deveria ser possível criar um conteúdo sem ter de utilizar

um qualquer tipo de navegação de baixo nível (por exemplo, hiperligações). O

professor, inicialmente como autor, deveria poder utilizar o seu processador de texto

98 habitual para criar e preparar documentos num formato normalizado e suportado pelo

AulaNet. Fazendo isso, o autor, passaria a poder concentrar toda a sua atenção, energia e

dedicação nos conteúdos de trabalho, evitando toda e qualquer necessidade de

programação para a Internet. A actualização, reutilização e migração desses materiais

deveria por outro lado ser o mais possível facilitada para o professor/autor.

4.2.3 Os recursos e serviços do AulaNet

Durante o processo de criação do curso, o AulaNet oferece ao autor do curso a

possibilidade de seleccionar um conjunto de recursos que serão posteriormente

utilizados, por ele ou pelos demais utilizadores, na montagem final do curso e que serão

automaticamente convertidos em serviços. Os recursos, no AulaNet, estão agrupados em

quatro categorias, didácticos, avaliação, administrativos e fixos.

1. Recursos didácticos: correspondem aos instrumentos pedagógicos que

devem ser utilizados durante o curso e que foram previamente seleccionados

pelo autor do curso;

2. Recursos de avaliação: correspondem aos formatos que serão utilizados

pelo professor na avaliação do aproveitamento dos alunos;

3. Recursos administrativos: são recursos necessários para o estabelecimento

de uma comunicação operacional entre os alunos e a instituição responsável

pelo curso;

4. Recursos fixos: são recursos utilizados em qualquer tipo de curso, que

servem de base às operações básicas do ambiente AulaNet.

Os recursos após a selecção pelo autor são convertidos em serviços suportados pelo

ambiente AulaNet. Existe uma correspondência directa entre os recursos e os serviços

do AulaNet.

99

Tabela 3 - Recursos e Serviços do ambiente AulaNet Recursos Didácticos Serviços do AulaNet Transparência Transferência de ficheiros do tipo PowerPoint (*.ppt)

Apresentação Transferência de ficheiros tipo Real Media (áudio e vídeo)

Texto de Aula Transferência de ficheiros do tipo texto (*.rtf) Demonstração Transferência de ficheiros e fornecimento de URLs

Bibliografia Transferência de ficheiros do tipo texto (*.rtf) e fornecimento de URLs

Grupo de Interesse Serviço de News Grupo de Discussão Listas Debate Conferência (Chat), Videoconferência Digital Tutores Tutor sobre Internet Recursos Administrativos Serviços do AulaNet Agenda Formulário Notícias do Curso Formulário Cadastro de Instrutores Formulário Recursos de Avaliação Serviços do AulaNet Prova Prova, Nota da Prova Trabalho Trabalho, Nota do Trabalho Exercício Exercício, Nota do Exercício Recursos Fixos Serviços do AulaNet Registro de Aluno Cadastro de Aluno, homepage de Aluno Busca Motor de Busca Contacto com o Professor Correio Electrónico Identificação do Curso Formulário

Para conseguir fornecer todos os serviços necessários, o AulaNet integra, à partida, um

conjunto de ferramentas de software, sendo a maioria do tipo freeware, tendo sido

algumas desenvolvidas no LES e as demais disponíveis na Internet.

Tabela 4 - Ferramentas integradas no ambiente AulaNet e a sua origem

ConferenceRoom, CHAT WebMaster Inc. RTF2HTML, Conversor de RTF para HTML, Chris Hector

HTML Upload Script v.201, Transferência de Arquivos, Webcom Listserv Lyris, Servidor de lista de discussão Lyris Inc.

Editor de transparências PPT-Like, LES Servidor de News, LES

100

4.3 Contacto com o AulaNet

O software necessário para utilização do ambiente AulaNet pode ser facilmente obtido

por acesso ao servidor principal do ambiente AulaNet no LES2. A versão, que é

gratuitamente fornecida a instituições de ensino, é a 1.2 e é constituída por um ficheiro

comprimido (fullport.zip) que possui cerca de 25 Mb (a versão em uso no servidor do

LES é a 1.9). A sua transferência é realizada por FTP. Feito o pedido, para a utilização

do AulaNet, é fornecida uma chave que irá identificar o utilizador, servindo também

como número de série do produto.

4.3.1 Requisitos do AulaNet

O AulaNet foi concebido para ser instalado num computador possuindo no mínimo um

processador Pentium a 200Mhz, requerendo 64Mb de memória RAM, uma placa de

rede e 30Mb disponíveis em disco para instalar os programas inerentes ao

funcionamento do AulaNet. Este computador terá de ter instalado como sistema

operativo o Windows NT Server 4.0 (versão em inglês), actualizado com o Service Pack

3.0. Necessitará também de ter instalado o programa Microsoft Access (versão do Office

97), o IIS (Internet Information Server) 3.0 e o ODBC 3.0 (com o driver para Microsoft

Access instalado). Deverá estar disponível o servidor de correio electrónico SMTP, o

nome e o endereço IP da máquina onde o AulaNet ira ser instalado. O computador

deverá ainda possuir um programa de navegação (Browser), devendo ser usada no

mínimo a versão do Microsoft Internet Explorer 4.72 ou em alternativa o Netscape 4.0.

O administrador do AulaNet necessita de um endereço electrónico próprio. A instalação

do “pacote” contendo o AulaNet tem de ser feita com acesso total ao sistema, pelo que

deverá ser feita pelo administrador local desse computador, podendo este também

desempenhar as funções de administrador do AulaNet.

Numa situação de uso efectivo deste computador para ensino à distância, ele deve ser

unicamente utilizado para esse fim, devendo o administrador do sistema garantir a

periódica execução de cópias de segurança à informação nele existente.

2 AulaNet: http://ead.les.inf.puc-rio.br/aulanet

101 4.3.1 Instalação do AulaNet

A instalação do AulaNet é feita a partir do programa setup.exe, sendo feita de uma

forma simples e linear, devendo ser acompanhada a instalação com o Manual de

Instalação do AulaNet, que também é fornecido em formato Microsoft Word. Após

onze passos, o programa de instalação instala os programas de apoio necessários ao

fornecimento de serviços, que também vêm incluídos no pacote e, cuja instalação

também é descrita passo-a-passo, no referido manual. Assim será instalado o Real

Server 5.0 (com licença de utilização até 60 ligações) em doze passos, o

ConferenceRoom 1.2.2 (com número de série de ensaio limitado - TRIAL) em cinco

passos. Finalmente o programa de instalação dá por concluída a instalação, devendo o

sistema ser reiniciado para que os serviços de listas de discussão, conversação e vídeo

fiquem activos.

Tabela 5 - O software que é instalado com o AulaNet Software Finalidade Real Server Servidor de vídeos e de áudio Emwac Servidor de listas por correio electrónico (e-mails) ConferenceRoom Programa de gestão das salas de conferência (chat) Mail Programa necessário para enviar e-mails Analog Analisador de logfiles que acompanha o AulaNet CGILua e Upload Programas necessários ao funcionamento do AulaNet

4.3.2 A interface do administrador

Tal como para a instalação do ambiente, existe um manual do LES orientado para o

administrador do AulaNet, Manual de Operação do Servidor AulaNet, este manual

fornece instruções claras e precisas relativas à administração do ambiente AulaNet,

explicando com algum detalhe os diversos procedimentos e os mecanismos que o

AulaNet utiliza no controlo e gestão do ambiente. O administrador facilmente fica

familiarizado com os formulários gerados pelo ambiente, quais as suas finalidades e que

tipo de relatórios de confirmação são produzidos. Para aceder ao ambiente como

administrador, este só tem de se identificar perante o sistema como tal. É nesta fase de

identificação pessoal de Identificação e Senha de validação que o sistema identifica o

tipo utilizador, gerando a partir daí um ambiente personalizado e individualizado.

102

Figura 8 - Formulário de identificação perante o AulaNet

Como administrador, é possível logo à partida produzir um conjunto de informações

relativas ao ambiente AulaNet, bem como de configuração.

Figura 9 - Página inicial de administração do AulaNet

O administrador pode assim obter informações e conceder privilégios aos participantes

(utilizadores) do ambiente e quando avisado por correio electrónico dos diversos

pedidos pendentes, poderá dar ou não o seu deferimento. Possui também mecanismos

de controlo análogos para a gestão de cursos.

103 Date: Tue, 8 Dec 1998 17:18:10 -0200

X-Mailer: Stalker's Mailer V1.12

From: AulaNet <email_adm@dominio>

To: email_adm@dominio

Subject: AulaNet - Confirmação de Cadastramento

O AulaNet recebeu um pedido de cadastro de:

Nome:<nome do participante>

E-mail:participante@dominio

Descrição Profissional:<descrição profissional do participante>

Instituição:<instituição do participante>

Departamento:<departamento do participante>

URL da Home-Page Pessoal:<home page do participante>

Identificação:<login do participante no ambiente AulaNet>

Senha:<senha do participante>

Favor verificar em 'Registro de participantes'.

Figura 10 - Exemplo de correio recebido após inscrição no AulaNet

Na parte de configuração da interface do ambiente, é possível configurar de forma

separada o ambiente em si e um curso qualquer em particular. Assim é possível alterar

as imagens utilizadas no ambiente, as diversas cores e os botões de navegação e de

função. Caso o administrador fique perdido com as suas alterações, existe uma opção

que restaura as configurações de defeito do ambiente.

O ambiente gera um conjunto de estatísticas de acesso e de listagem de falhas e de

directorias utilizadas de uma forma simples e directa.

O administrador pode definir Instituições e Departamentos, de forma a hierarquizar os

cursos existentes no ambiente.

104

Figura 11 - Definição de instituições e departamentos

Compete ainda ao administrador executar a manutenção de ligações Internet para

plugins utilizados.

Figura 12 - Manutenção de ligações a Plugins

O administrador pode ter acesso à base de dados do servidor AulaNet, para efeitos de

consulta directa porque esta é criada em formato Microsoft Access (aulanet.mdb). Este

nunca deve proceder a modificações a esta base de dados sem ser com o ambiente

AulaNet, por forma a garantir a integridade da mesma.

O administrador recebe também pedidos (por correio electrónico) de criação de listas de

discussão, feitos pelos professores devendo usar o EMWAC IMS para criar e gerir as

listas e os endereços das mesmas.

De uma forma análoga são feitos os pedidos de abertura de salas para conferência

(Chat), que o administrador gere com recurso ao ConferenceRoom.

105 4.3.3 A interface do professor

Quando identificado como professor de um curso perante o sistema, surge uma interface

do professor, na qual o AulaNet oferece uma orientação pedagógica ao professor, de

forma a facilitar a criação e as actualizações desse curso. Essa orientação é realizada

com recurso a uma barra de progresso de curso, ficando localizada no parte inferior da

interface do professor.

Figura 13 -A barra de progresso do curso, vista pelo professor.

Existem seis passos nesta barra de progresso:

O primeiro serve para o fornecimento das informações gerais do curso.

Os segundo, terceiro e quarto passos estão relacionados com a selecção de

diversos mecanismos que serão automaticamente convertidos em serviços para

os alunos. O AulaNet vem já apetrechado com um conjunto pré- seleccionado de

mecanismos, servindo de pacote de oferta para o professor. Este pode, sempre

que o entender, seleccionar ou anular os mecanismos de acordo com as suas

necessidades pedagógicas. Contudo, o AulaNet requer uma série de cuidados. Os

professores devem entender que, por exemplo, se o método de avaliação de seus

cursos for baseado em testes (provas), eles têm que obrigatoriamente seleccionar

as Provas nos mecanismos de coordenação. Além disso, se eles anularem o

mecanismo de comunicação de Grupo de Discussão, todas as mensagens

previamente armazenadas, desse grupo, serão irremediavelmente perdidas.

O quinto passo é aquele que é usado para a definição do plano de aulas.

Finalmente, o sexto passo é dedicado à entrada de conteúdos para as lições

definidas no quinto passo, de acordo com os diversos mecanismos seleccionados

nos passos imediatamente anteriores. Neste último passo torna-se necessário

clarificar que:

• não há necessidade de realizar alguma configuração em qualquer um

dos mecanismos seleccionados;

106

• a inserção de conteúdos é em tudo idêntica à realização de uma

qualquer transferência de um arquivo de um computador pessoal,

sendo em primeiro lugar o material criado e guardado num formato

aceite pelo AulaNet. Durante a entrada de conteúdo para um serviço

específico, o professor é levado de uma forma natural a seleccionar o

arquivo que deverá ser transferido para o computador que contêm o

servidor do AulaNet. Estes materiais poderão também ser

desenvolvidos utilizando ferramentas de autor, sendo apenas

requerido ao professor o arquivo que será mostrado como conteúdo.

Os mecanismos do AulaNet, como podem ser vistos na barra de progresso são

classificados em três grupos:

• mecanismos de comunicação;

• mecanismos de coordenação;

• mecanismos de cooperação.

Figura 14 - Os mecanismos de comunicação

Assim, os Mecanismos de Comunicação são aqueles que oferecem os meios para a

comunicação ente o professor e os alunos e entre os alunos. O AulaNet oferece os

seguintes mecanismos de comunicação:

107

• o Contacto com o professor, que permite a comunicação assíncrona entre

os alunos e o professor;

• o Grupo de Discussão, que é a lista de discussão do curso. Todas as

mensagens são enviadas através do correio electrónico para todos os

participantes do curso, além de ser armazenada no ambiente para futuras

consultas;

• o Grupo de Interesse, que permite a discussão de uma forma encadeada

sobre um qualquer assunto específico, seguindo a filosofias dos grupos de

discussão (Newsgroups);

• o Debate, que permite a comunicação síncrona que pode assumir uma forma

puramente textual, utilizando-se uma ferramenta de IRC, ou multimédia, por

recurso a software de videoconferência de baixo custo (CU-SeeMe).

Figura 15 - Os mecanismos de coordenação

Os Mecanismos de Coordenação permitem realizar a planificação de tarefas,

nomeadamente de avaliação. O AulaNet oferece os seguintes mecanismos de

coordenação:

• a Agenda, que é o mecanismo utilizado para a planificação de eventos tais

como as discussões síncronas por IRC ou a divulgação de prazos;

108

• as Notícias do Curso, que funciona como um quadro de avisos, onde as

notícias sobre o desenrolar do curso são colocadas;

• as Provas, que permite a avaliação dos alunos através de provas;

• os Trabalhos, que permite realizar a avaliação dos alunos através de

trabalhos;

• os Exercícios, para realizar a avaliação dos alunos através da resolução de

exercícios.

Enquanto a Agenda e as Notícias do Curso são mecanismos de coordenação baseados

num calendário, os outros mecanismos de coordenação são baseados em competência

específicas. O AulaNet ao oferecer três métodos de avaliação permite que através de

exercícios e trabalhos, os aprendizes possam debater, criar projectos e compartilhar as

suas experiências, isto é, participar activamente do processo de aprendizagem. Com a

realização de provas, o professor poderá realizar uma avaliação formativa do processo

de aprendizagem, enfatizando assim a importância dos aspectos cognitivos.

As provas são controladas por uma ferramenta de criação e correcção automática

desenvolvida no LES, chamada Quest (Choren et al.,1998).

O Quest tem como objectivos:

• auxiliar o autor na criação de provas para uma vasta audiência;

• gerar o retorno da avaliação para os alunos;

• gerar os relatórios desta para o professor.

Os relatórios gerados para o professor permitem-lhe avaliar o desempenho e evolução

dos alunos, bem como o seu relacionamento com os objectivos de todo o processo de

aprendizagem.

109

Figura 16 - A arquitectura do Quest (Choren, 1998)

O Quest possui a capacidade de permitir a criação de perguntas de três tipos (escolha

múltipla, lógicas e de preenchimento). Graças à sua capacidade de edição, torna-se

extremamente simples a inserção de questões e a sua remoção, este editor de questões é

em ambiente gráfico e permite ao professor guardar e recuperar os seus modelos de teste

para reutilização. Às questões são associados itens de qualificação que permitirão o

tratamento estatístico após a correcção automática, tais como o tópico associado, o

domínio cognitivo associado, a resposta correcta e a cotação da pergunta. Os resultados

são imediatamente comunicados aos alunos, permitindo-lhes verificar onde erraram e

funcionar como incentivo à aprendizagem. Todos os resultados são armazenados,

incluindo dados indirectos como o números de respostas erradas, a duração efectiva da

resolução do teste e podem ser posteriormente consultados pelos alunos. O professor

receberá um retorno individualizado e, como o sistema gera dados estatísticos, este pode

analisar de diversas formas o desempenho individual e colectivo dos alunos.

Finalmente, por ser uma ferramenta autónoma, o Quest pode ser sujeito a melhorias sem

prejudicar o desempenho do AulaNet em si.

Os Mecanismos de Cooperação, destinam-se à cooperação entre o professor e os

alunos e entre alunos. Esta cooperação deve ser entendida como a preparação de todo o

material que os alunos consumirão e também, numa visão construtivista, como a

110 permissão para que outras pessoas (outros professores e outros alunos) possam preparar

materiais que poderão ser incorporados ao longo do curso.

Figura 17 - Os mecanismos de cooperação

O AulaNet oferece os seguintes mecanismos de cooperação, que quando seleccionados

pelo autor são automaticamente convertidos em serviços suportados:

• a Transparência (Slide) – torna possível a utilização de transparências

(arquivos em formato PowerPoint - *.PPT);

• a Apresentação Gravada – torna possível a utilização de apresentações

gravadas (arquivos em Real - *.RM);

• o Texto de Aula – torna possível a utilização de textos (arquivos em formato

Adobe - *.PDF ou em linguagem HTML);

• o Livro Texto – torna possível a utilização de textos (arquivos em formato

Adobe - *.PDF ou em linguagem HTML);

• a Bibliografia – torna possível a referência a livros texto e a referências na

Internet por URLs;

• a Demonstração – permite a inclusão de demonstrações, quer por imagens

paradas, quer por imagens vídeo (arquivos *.GIF, *.JPG, *.RM, *.AVI,

*.MOV);

111

• a Co-autoria de Professor – autoriza a existência de outros professores,

além do autor como co-autores do curso;

• a Co-autoria de Aluno - permite que o professor efectue uma escolha de

alunos na preparação de materiais para o curso. Estes materiais terão de ser

certificados pelo professor antes de sua utilização no curso.

Resumindo, quando um professor selecciona Transparência, Texto de Aula ou

Apresentação Gravada, ele está, de facto a criar uma área de trabalho que se tornará o

que no ambiente é designado de Aula. Na entrada de conteúdos, o professor insere

conteúdo na área de trabalho de uma aula e selecciona mecanismos de cooperação

adequados, podendo assim ilustrar os seus exemplos com recursos multimédia.

4.3.4 A interface do aluno

Ao aluno é oferecido um “controlo remoto”. Este é um simples menu de serviços

(permitindo facilidades de navegação a alto nível) sendo configurado e gerado

automaticamente mediante a selecção feita pelo professor nos mecanismos de

comunicação, coordenação e cooperação.

Figura 18 - O "controlo remoto" do aluno

A utilização de um menu deste tipo surge porque se parte do principio que todos os

alunos estarão familiarizados com a utilização de um controlo remoto de um vulgar

112 electrodoméstico. Utilizando o controlo remoto, os alunos têm a possibilidade de

escolher entre os diferentes serviços, como por exemplo o Contacto com o Professor, a

Lista de Discussão, o Grupo de Interesse ou a Agenda.

Figura 19 - A interface do aluno mostrando o “controlo remoto”(menu) em

primeiro plano

De uma forma deliberada, o AulaNet não oferece nenhum tipo de sincronização entre os

diferentes materiais pelo será da competência do aluno a utilização dos recursos postos

à sua disposição. O aluno tem assim total liberdade de colocar, por exemplo, um vídeo

em segundo plano e apenas ouvi-lo, reiniciar ou avançar o vídeo as vezes que entender,

fechar a janela de vídeo, mover a divisão entre as transparências e o texto de aula para

maximizar a visão de um ou de outro, entre outras tantas opções.

113

4.4 Funcionalidade do ambiente

O ambiente demonstrou corresponder às expectativas criadas, quer como aluno

observado no curso de TIAE 98, quer como administrador e professor de um curso

simulado.

Relativamente a uma análise como administrador, de menor relevância neste estudo, é

extremamente fácil instalar o ambiente, bem como realizar a sua gestão.

Como professor, há que destacar a simplicidade para criar, organizar e realizar a

transferência de conteúdos para o curso. O professor deverá, contudo, ter em atenção a

largura de banda disponível, e dimensionar o tamanho dos seus ficheiros (em especial

aqueles que contêm as apresentações gravadas e as transparências em PowerPoint)

porque o seu acesso pela Internet pode tornar-se exasperante. O software de gestão de

listas cumpre o seu papel tornando-se uma ferramenta muito útil.

Como aluno, há que ter em conta as limitações impostas pela largura de banda

disponível e pelo fuso horário, que pode prejudicar a frequência das sessões on-line de

IRC, bem como originar hiatos de tempo entre o formular de um questão e a

correspondente resposta.

Em termos de interactividade, esta vai depender tal como nas aulas presenciais do

interesse que o professor consiga incutir nos alunos, não dependendo do ambiente em si,

uma vez que este não só permite, como incentiva a sua plena implementação.

O retorno providenciado pelo AulaNet aos seus utilizadores em formato de correio

electrónico (gerado automaticamente) é bastante claro e gerado em tempo útil e

oportuno.

A integração e a funcionalidade do software instalado no AulaNet é de tal forma bem

conseguida que para um utilizador só existe um produto: o ambiente AulaNet.

114

4.5 Conclusões

Um professor consegue criar e leccionar conteúdos para alunos que, apesar da separação

física, se pode considerar em tudo análoga ao ensino presencial. O professor não

necessita de alterar muito os seus hábitos para se adaptar a este ambiente, mesmo na

forma de leccionar as aulas. Além disso, é possível incorporar nas aulas conteúdos, que

por limitações físicas e temporais, estavam vedadas num contexto normal de sala de

aula, tais como o acesso ao material de ilustração, de apoio, de bibliografia e, ainda,

utilizar recursos multimédia. O aluno, por outro lado, pode aceder a estes mesmos

materiais as vezes que desejar e da forma que considere mais útil para a sua

aprendizagem. Os mecanismos de comunicação facultados pela Internet permitem-lhe

ainda levá-lo mais além, contribuindo para a constante evolução e actualização do saber.

O professor também pode verificar o decorrer do curso e incentivar os alunos a

evoluírem.

Este ambiente, não se limita a fazer uma transposição do ambiente de uma escola para

um ecrã de computador, a principal diferença será talvez o facto de o AulaNet incentivar

a cooperação, que se traduz um aumento em termos de interactividade, contudo, esta vai

depender tal como nas aulas presenciais do interesse que o professor consiga incutir nos

alunos, não dependendo do ambiente em si, uma vez que este permite a sua plena

implementação.

Por outro lado, pelo facto de existir no AulaNet uma separação em termos do conteúdos

relativamente ao sistema de navegação, o professor não necessita de dominar nem as

tecnologias nem as linguagens de programação que permitem a implementação do

ambiente, preocupando-se de uma forma mais dedicada ao domínio do saber e à

manutenção do funcionamento do curso, sendo beneficiados directamente o professor e

seus alunos.

Finalmente, a equipa que desenvolveu este ambiente, demonstra possuir um espírito

aberto, promovendo a sua divulgação e encontra-se a proceder a modificações refinando

115 o ambiente, quer pela introdução de novas funcionalidades e recursos, quer de forma a

que sejam encontradas respostas às solicitações dos seus utilizadores.

Sintetizando, o ambiente AulaNet confirmou as expectativas criadas, sendo por isso um

produto que de uma forma aparentemente natural consegue cumprir com os seus

objectivos. As suas características aliadas na prática com a simplicidade, a facilidade de

utilização, a integração de ferramentas e de recursos, bem como com a flexibilidade

demonstrada, permitem antever um bom augúrio para este ambiente.

116

5. Conclusões

5.1 Considerações e conclusões

Da análise dos capítulos precedentes foi concluído que a multimédia e as redes de

computadores (em especial a Internet), serão uma das formas de difusão do saber

requerido na nova Sociedade da Informação, tendo neste contexto as instituições de

ensino um papel de destaque, porque podem desde já iniciar e preparar uma nova

sociedade, em virtude de possuírem o saber e a tecnologia necessárias, existindo um

conjunto de factores decisivos que permitem antever uma transição do ensino presencial

para o ensino não presencial. Esta transição ocorrerá com recurso da Internet e das

tecnologias multimédia associadas, havendo que modificar atitudes por forma a

maximizar a aquisição do saber. Por outro lado, concluiu-se que existem modelos e

metodologias aplicáveis e que já existem produtos que recorrendo a essas técnicas

difundem o saber na Web. Foi encontrada uma escolha lógica para a realização de um

estudo mais aprofundado, de forma a permitir concluir da possibilidade de criar e de

leccionar conteúdos de uma forma natural e rápida na Internet, sendo esse produto o

ambiente AulaNet, este ambiente confirmou as expectativas criadas, sendo por isso um

produto que de uma forma aparentemente natural consegue cumprir com os seus

objectivos, nomeadamente com a possibilidade de permitir a implementação de

conteúdos na Internet de uma forma simples e rápida.

Partindo destas considerações, tornou-se óbvio que é um dado adquirido que já nos

encontramos a acompanhar a evolução na direcção de uma Sociedade da Informação.

Esta evolução será conseguida através de profundas modificações e terá, cada vez mais,

de passar pelo recurso ao ensino não presencial, dadas as necessidade de educação,

formação e treino permanente. Estas actividades de constante actualização serão

suportadas pela tecnologia, muito em especial pelas Tecnologias da Informação e das

Comunicações.

117 Competirá de uma forma geral ao Sistema Educativo e, de modo mais particular, às suas

instituições a implementação de adaptações que permitam uma transição gradual para a

transmissão do saber e dos conteúdos adaptados à nova sociedade.

Estas instituições deverão sofrer modificações na sua estrutura, função e abordagem

face ao ensino, para um novo público-alvo, mantendo apesar de tudo, a sua função

principal, que continuará a ser a de comunicar o saber e conhecimento acumulado,

mantendo-se com centros fornecedores de especialização e de competências segundo a

vocação individual de cada um.

A Internet emerge como o meio aparentemente ideal, não apenas para a difusão da

informação, mas do saber em si porque os seus recursos permitem o disseminar da

própria tecnologia que serve de base à Sociedade da Informação e porque permite a

implementação e a disseminação de conteúdos de uma forma imersiva, compatível com

natureza e o processo de aprendizagem humano. As estratégias de ensino podem ser

planeadas com o uso da Web de diversas maneiras, por forma a maximizar todo o

processo, existindo métodos e metodologias aplicáveis a esta forma de ensino, quer pela

incorporação e uso das tecnologias multimédia e das ferramentas de navegação que

permitem, de uma intuitiva, a manipulação da informação com integração de recursos.

Os métodos e metodologias já desenvolvidos, já permitiram a criação de produtos que

implicam a modificação do papel do professor que, em especial no que diz respeito às

suas competências, cada vez mais terá de dominar os conteúdos e, não sendo da sua

responsabilidade o design da instrução, procurará por outro lado maximizar o contacto

com os alunos e garantir a qualidade dos conteúdos difundidos. Estes professores irão

deixar de ter o papel de meros transmissores de conhecimento, tornando-se cada vez

mais em tecnólogos da sua própria prática.

Um professor consegue criar e leccionar conteúdos para alunos que, apesar da separação

física, se pode considerar em tudo análoga ao ensino presencial. O professor não

necessita de alterar muito os seus hábitos para se conseguir adaptar a este ambiente,

mesmo na forma de dar aulas. É possível a incorporação nas aulas de conteúdos que,

por limitações físicas e temporais, estavam vedadas num contexto normal de sala de

118 aula, tais como o acesso a material de ilustração, de apoio, de bibliografia ou, mesmo, à

utilização de recursos multimédia. O aluno, por outro lado, pode aceder a estes mesmos

materiais as vezes que desejar e da forma que considere mais útil para a sua

aprendizagem. Os mecanismos de comunicação facultados pela Internet permitem-lhe

ainda levá-lo mais além, contribuindo para a constante evolução e actualização do saber.

O professor também pode verificar o decorrer do curso e incentivar os alunos a

evoluírem.

O ambiente AulaNet surge seguindo os modelos e métodos aceites para o ensino na Web

e, associado ao facto de ser em Português, implementa com uma enorme simplicidade,

um elevado grau de interactividade e uma boa integração de ferramentas e de recursos

que permitem uma fácil adaptação dos utilizadores, dispondo ainda de flexibilidade.

Este ambiente, não se limita como a maior parte dos outros ambientes, a fazer uma

transposição do ambiente de uma escola para um ecrã de computador, a principal

diferença será talvez o facto de o AulaNet incentivar a cooperação, que se traduz um

aumento em termos de interactividade, contudo, esta vai depender tal como nas aulas

presenciais do interesse que o professor consiga incutir nos alunos, não dependendo do

ambiente em si, uma vez que este permite a sua plena implementação.

Por outro lado, pelo facto de existir no AulaNet uma separação em termos do sistema de

navegação relativamente ao conteúdo, o professor não necessita dominar nem as

tecnologias, nem as linguagens de programação que permitem a implementação do

ambiente, preocupando-se com o domínio do saber e com a manutenção do

funcionamento do curso, beneficiando directamente o professor e seus alunos, pelo que

é possível formalizar e implementar conteúdos de uma forma rápida na Internet.

Fica pois provado que é já possível hoje e com a tecnologia disponível proceder à

implementação com recurso à Internet de cursos e conteúdos, sendo necessário agora

proceder à sua efectiva implementação por forma a melhorar o que já existe.

119

5.2 Perspectivas de evolução

Torna-se necessário implementar soluções de ensino permanente utilizando os métodos

e os produtos descritos neste trabalho, porque estes demostram ser válidos e passíveis

de uma implementação imediata. O AulaNet surge como um bom exemplo, o que aliado

à sua concepção, tornará possível alterar, descobrir e implementar novas

funcionalidades.

Ao ser divulgado, com implementação de cursos e de aulas, incutirá nos intervenientes

do processo educativo a habituação a uma nova filosofia de ensinar e aprender. Estes

pioneiros, por seu lado, serão os principais divulgadores que levarão à mudança. Esta

implementação deverá partir das Universidades, porque nestas instituições poderão ser

criados processos de controlo e de análise a todo o processo em si, permitindo que não

só os professores, mas também os alunos possam ao utilizar este tipo de ensino

contribuir para a realização de eventuais transformações de uma forma mais cientifica.

A utilização poderá ser exportada sob controlo da Universidade para outros níveis de

ensino e para a realização de outras acções de formação, nomeadamente em empresas.

Certos pontos neste tipo de produtos ainda têm de ser melhorados, podendo uma vez

mais a Universidade ser um agente importante, nomeadamente ao desenvolver os

mecanismos que permitem avaliar e certificar um indivíduo que frequenta um curso, ou

contribuindo para a resolução do problema da identificação do indivíduo, podendo

actualmente, sem uma confirmação presencial, haver uma usurpação de identidades.

As Universidades ao adoptarem de uma forma gradual este tipo de ensino, de

características não presenciais, poderão beneficiar da possibilidade poderem ter um

maior número de alunos com uma correspondente libertação dos seus recursos humanos

para as tarefas de investigação, uma vez que certo tipo de tarefas que estão associadas

ao ensino presencial passariam a ser desempenhadas pelos sistemas de ensino não

presencial. Lucrariam também pela redução da necessidade constante de salas de aula

requeridas no ensino presencial, associadas aos recursos materiais e humanos

necessários à sua existência e manutenção. Os alunos por seu lado poderiam durante a

120 fase de estudo desenvolver outro tipo de actividades e evitariam ter de ser deslocar

constantemente à Universidade durante a sua formação. Desta forma, seria mais

proveitoso para ambas as partes, em especial se considerarmos a formação permanente

ao longo da vida, nomeadamente as acções de especialização e de pós-graduação.

É urgente testar e experimentar sendo, neste caso, conseguido pelo implementar de

cursos e pelo produzir de conteúdos, permitindo o teste, de uma forma ainda mais

exaustiva, a esta tecnologia. Por outro lado, não se deve descurar a procura de novos

modelos e tecnologias que possam emergir, pelo que, a implementação de um curso que

promova o próprio estudo deste tipo de ensino parece ser o primeiro passo a dar, porque

existindo o potencial de utilização deste produto multimédia na comunidade escolar,

esta será a melhor forma de divulgação, o que permitirá uma posterior criação de

"núcleos duros" que servirão de base para a adaptação e adopção de uma forma mais

generalizada.

Resta antever o futuro, e a única certeza é a que evoluindo o ensino, cada vez mais de

uma forma permanente e ao longo da vida, implica uma modificação nos conceitos e

nas barreiras físicas impostas pelos métodos tradicionais, indo ser transformados e

adaptados para formas de ensino não presencial, seguindo o rumo delineado pela

Sociedade da Informação em função da sua própria transformação, implementação e da

evolução tecnológica, sem contudo esquecer que aqueles que partirem primeiro, em

principio, serão os vencedores.

121

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