Protocolo Transfusional do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP)€¦ · Síndrome miastênica de...

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    Protocolo Transfusional do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) Módulo: Aférese Terapêutica 1° Edição, 2015 Comitê Transfusional

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    SUMÁRIO

    1. DESCRIÇÃO E MODALIDADES

    1.1 Descrição

    1.2 Indicação e contra - indicações

    2. AFÉRESES TERAPÊUTICAS - Categorias de indicação

    2.1 Tabela I - Indicações de Plasmaféreses Terapêuticas

    2.2 Tabela II - Indicações de Citaféreses Tereapêuticas

    2.3 Contra - indicações

    3

    .

    ORIENTAÇÕES SOBRE O PROCEDIMENTO

    3.1 Orientações

    3.1.1 Idade e Peso

    3.1.2 Condições Clínicas

    3.1.3 Situações de Urgência

    3.2 Procedimento

    3.3 Fluído de Reposição

    3.4 Cuidados com o paciente

    3.5 Complicações

    4. ANEXOS

    5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    Aférese Terapêutica

    1. DESCRIÇÃO E MODALIDADES

    1.1 Descrição

    O processo de aférese consiste na remoção de

    sangue total de um paciente, seguida pela separação de

    componentes por centrifugação ou filtros específicos com a

    retenção do elemento desejado e retorno dos

    remanescentes ao organismo do paciente acompanhado

    ou não de algum líquido de reposição.

    O procedimento deve ser realizado com o objetivo de

    remover uma substância ou componente sanguíneo

    presente em quantidade excessiva na circulação, através

    da retirada de plasma (plasmaférese não seletiva) ou

    elementos figurados do sangue, as chamadas citaféreses:

    leucócitos (leucocitoaférese), plaquetas (plaquetaférese) e

    eritrócitos (eritrocitoaférese).

    1.2 Indicações e contra-indicações

    A indicação deve seguir os preceitos da medicina

    baseada em evidências, conforme determinado pela

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    Associação Americana de Banco de Sangue (AABB) e

    Sociedade Americana de Aférese (ASFA). As

    recomendações estão descritas abaixo, de acordo com

    índice de categorias de indicação e eficácia.

    2. AFÉRESES TERAPÊUTICAS – CATEGORIAS DE INDICAÇÃO - (AABB/ASFA) – 2010

    I – Indicação aceitável como primeira linha, com eficácia comprovada por estudos controlados ou ensaios clínicos bem desenvolvidos.

    II – Indicação aceitável como tratamento de suporte.

    III – Indicação duvidosa, evidência insuficiente de eficácia, dados conflitantes ou sem relação risco-benefício.

    IV – Sem eficácia, somente em protocolos de pesquisa.

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    2.1 Tabela I. Indicações de Plasmaféreses Terapêuticas

    Hematologia Categoria

    Púrpura Trombocitopênica Trombótica I

    Hiperviscosidade (mieloma múltiplo,

    macroglobulinemia de Waldenstrom) I

    Incompatibilidade ABO e transplante de

    medula óssea II

    Doença hemolítica do recém-nascido II (III)

    Púrpura pós-transfusional III

    Mieloma múltiplo ou insuficiência renal

    aguda III

    Inibidor de fator de coagulação III

    Anemia aplástica ou aplasia pura da

    série vermelha III

    Anemia Hemolítica Auto-imune (AHAI) III

    Doença da crioaglutinina III

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    Neurologia Categoria

    Síndrome de Guillain Barré I

    Polirradiculoneuropatia desmielinizante

    inflamatória crônica (CIDP)

    I

    Miastenia gravis I

    Polineuropatia desmielinizante

    associada a IgG/IgA

    I

    Distúrbio neuropsiquiátrico auto-imune

    pediátrico (PANDAS)

    I

    Coréia de Sydenham I

    Polineuropatia por IgM (associada ou

    não a macroglobulinemia Waldenstrom)

    I

    Esclerose Múltipla II

    Síndrome miastênica de Lambert-Eaton II

    Encefalite de Rasmussen II

    Polineuropatia por Mieloma Múltiplo III

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    Nefrologia/Endocrinologia Categoria

    Doença com anticorpo antimembrana

    basal glomerular

    (Sind Goodpasture)

    I

    Glomerulonefrite rapidamente

    progressiva ANCA Positivo e diálise

    dependente e DAH

    I

    Rejeição em transplante renal mediada

    por anticorpo I

    Glomerulonefrite focal segmentar

    (recorrente) I

    Síndrome hemolítico-urêmica (SHU)

    clássica IV

    Doença de Refsum (doença de depósito

    do ácido fitânico) II

    Hipercolesterolemia familiar

    homozigótica e heterozigótica II

    Desensibilização HLA e transplante

    renal II

    Intoxicação exógena III

    Insuficiência hepática aguda III

    Glomerulonefrite rapidamente

    progressiva pauci

    imune/imunocomplexos

    III

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    Reumatologia/Doenças auto-imunes Categoria

    Crioglobulinemia I

    Crioglobulinemia secundária a hepatite

    C II

    Anemia hemolítica auto-imune III

    Esclerose sistêmica progressiva ou

    esclerodermia III

    Lúpus eritematoso severo II

    Púrpura Trombocitopênica idiopática

    (PTI) IV

    Síndrome antifosfolípe catastrófica III

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    2.1 Tabela II. Indicações de Citaféreses Terapêuticas

    Patologia ou condição

    clínica

    Procedimento Categoria

    Leucocitose com

    síndrome de

    hiperviscosidade

    Leucaférese

    I

    Trombocitose Trombocitaférese I

    Síndromes falciformes Eritrocitaférese I

    Malária ou Babebiose Eritrocitaférese II

    Poliglobulia

    (primária/secundária)

    Eritrocitaférese IV

    2.3 Contra-indicações:

    - Instabilidade hemodinâmica não-responsiva a drogas

    vasoativas;

    - Sepse ou quadro infeccioso grave não controlado;

    - Alteração importante da permeabilidade da membrana

    alvéolo-capilar.

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    3. ORIENTAÇÕES SOBRE O PROCEDIMENTO

    3.1 Orientações

    3.1.1. Idade e Peso

    Não há limite de idade para a inclusão dos pacientes

    para os procedimentos de aférese terapêutica. Desde que

    haja peso adequado, no mínimo 30Kg, para suportar o

    volume de circuito extracorpóreo. Os casos pediátricos com

    peso inferior a 30Kg deverão ser discutidos

    individualmente.

    3.1.2. Condições Clínicas

    • Sem febre ou infecção;

    • Doenças do coração, desnutrição, alergia, etc. –

    avaliar individualmente (relação risco-benefício).

    3.1.3. Situações de Urgência

    Todas as plasmaféreses de urgência deverão ser

    instituídas em até 24-36horas após diagnóstico clínico, sem

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    outras alternativas terapêuticas viáveis, em situações que

    ameaçam a vida do paciente.

    Principais indicações:

    • Púrpura Trombocitopenica Trombótica (PTT)

    • Síndrome Torácica Aguda na Doença Falciforme

    • Trombocitose

    • Hiperleucocitose

    • Síndrome de Hiperviscosidade

    • Malária

    • Síndrome Antifosfolípede

    • Miastenia gravis

    • Síndrome de Guillain Barré

    3.2 Procedimento

    1. O médico assistente deverá solicitar via sistema

    informatizado para o seu paciente o procedimento de

    Aférese o Serviço de Hemoterapia. Mediante solicitação

    será realizado um parecer Hemoterápico:

    Parecer Hemoterápico: Um dos

    médicos hemoterapeutas da equipe do Serviço de

    Hemoterapia irá avaliar o paciente e determinará o

    número de procedimentos, a freqüência, o volume

    de troca ou de remoção e o fluido de reposição, pois

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    variam de acordo com a doença, a condição clínica

    do paciente e a resposta terapêutica.

    2. O Hemoterapeuta avalia a indicação e a

    possibilidade de realização do procedimento de aférese. A

    decisão sobre a realização do procedimento deverá levar

    em conta:

    • Indicação;

    • Contra-indicações relativas ao procedimento;

    • Avaliação do acesso venoso periférico:

    Quando este não estiver adequado ou se houver a

    necessidade de várias sessões, deverá ser

    providenciado um cateter central que permita a

    realização do procedimento. A responsabilidade pela

    implantação do cateter duplo lúmen não colabante

    (Shiley) será de responsabilidade do médico assistente.

    Antes da realização do primeiro procedimento de

    aférese, serão realizados os seguintes exames

    laboratoriais: tipagem sanguínea, hemograma completo,

    coagulograma (TTPA, TP e plaquetas), dosagem de sódio,

    potássio, cálcio e magnésio e, albumina.

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    Em todos os pacientes serão coletados amostras de

    sangue para armazenado na soroteca no Serviço de

    Hemoterapia, conforme termo de consentimento do

    paciente prévio ao procedimento.

    Conforme o quadro clínico do paciente, outros

    exames poderão ser solicitados pelo médico responsável

    pelo procedimento de aférese. Após a realização de cada

    procedimento, serão feitos controles laboratoriais conforme

    necessidade.

    3. O Serviço de Hemoterapia irá orientar o paciente e

    seus familiares com relação ao procedimento, e após

    solicitará a assinatura do Termo de Consentimento para o

    paciente ou responsável (Anexo IV).

    3.3 Fluído de Reposição

    Nos casos de plasmaférese terapêutica, o líquido de

    reposição escolhido será a solução de albumina de 3 a 5%

    na maioria das patologias, reservando-se o uso de Plasma

    Fresco Congelado nos casos de Púrpura Trombocitopênica

    Trombótica (PTT) e nas coagulopatias.

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    A quantidade de produto utilizado na reposição será

    definida pelo médico que conduzirá o procedimento,

    conforme volemia processada e outros parâmetros de

    utilização do equipamento separador.

    Nos casos de leucaférese e trombocitaférese, o

    líquido de reposição será soro fisiológico 0,9%; nos casos

    de eritrocitaférese, a substituição será feita com

    concentrados de hemácias.

    3.4 Cuidados com o paciente

    Os pacientes poderão ser submetidos aos

    procedimentos de aférese terapêutica em regime hospitalar

    ou ambulatorial, dependendo das condições clínicas, da

    doença de base e do nível de complexidade do

    procedimento em si.

    Durante a realização dos procedimentos, os

    seguintes cuidados devem ser tomados:

    • O paciente não deverá estar em jejum, e também

    poderá se alimentar durante o procedimento, se

    assim o desejar;

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    • O paciente deverá ser mantido em monitoramento do

    ritmo cardíaco;

    • Os medicamentos parenterais, não deverão ser

    administrados durante e nas 4 horas que antecedem

    o procedimento, e sim, preferencialmente, logo após

    o término deste;

    • Coleta de sangue para exames e, outras punções,

    não deverão ser realizadas nas veias antecubitais

    destes pacientes no período que estiver sendo

    submetido ao ciclo de procedimentos, pois deverão

    ser preservadas;

    • O médico hemoterapeuta acompanhará o

    procedimento no local.

    • Em regime hospitalar a primeira sessão ou conforme

    a gravidade do quadro clinico , deverá ser realizada

    ,preferencialmente , na unidade de Terapia Intensiva (

    CTI ) e caso não tenha leito poderá ser realizado no

    CCIE ou na Emergência .

    • Em situações especiais da realização do

    procedimento em paciente graves estáveis pelo uso

    de vasoativas, é de responsabilidade do médico

    assistente o manuseio destes medicamentos no

    momento do procedimento.

    3.5 Complicações

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    As reações adversas associadas a aférese

    terapêutica geralmente são leves e rapidamente revertidas,

    usualmente não afetando a condição clínica no paciente.

    As complicações mais freqüentes são:

    Formação de hematoma por múltiplas punções,

    quando se utilizada acesso venoso periférico. Quando

    utilizada cateter central os efeitos adversos que poderão

    ocorrer incluem trombose, contaminação bacteriana,

    formação de fístulas arteriovenosa.

    Sinais e sintomas decorrentes da hipocalcemia,

    induzida pela solução anticoagulante utilizada: parestesia

    peroral, e/ou extremidades, calafrios, tremores, náuseas,

    vômitos, cólicas abdominais, cefaléia, hipotensão arterial,

    bradicardia, arritmia cardíada, tetania, sinais de Chvostek e

    Trousseau.

    Alterações hemodinâmicas: hipotensão arterial e

    hipovolemia podem estar associadas ao volume retido no

    circuito extracorpóreo, a um balanço hídrico inadequado ou

    ao uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina

    (ECA).

    Outras complicações: manifestações alérgicas;

    alterações eletrolíticas, como hipocalcemia; alterações

    hematológicas como trombocitopenia e anemia; risco de

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    transmissão de doenças infecciosas quando a reposição é

    feita com hemocomponentes; diminuição dos níveis séricos

    de drogas administradas anteriormente (principalmente

    aquelas que se ligam a albumina).

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    4. ANEXOS Anexo I – Solicitação de Procedimentos de Aférese Terapêutica (Requisição eletrônica). Requisição Eletrônica:

    00

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    Anexo II – Solicitação de Procedimentos de Aférese Terapêutica (Requisição manual).

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    Anexo IV – Termo de Consentimento para Paciente ou Responsável

    SOCIEDADE HOSPITALAR BENEFICIENTE SÃO VICENTE DE PAULO Rua: Teixeira Soares, 808 Centro CEP: 99010-080 – Passo Fundo/RS

    CGC/MF 92.021.062/0001-06 Inscrição Estadual: 091/0007969 Responsável Técnica Dra. Cristiane da Silva Rodrigues de Araújo

    TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE INFORMADO

    Declaro ter recebido todas as informações a

    respeito do Procedimento de Aférese Terapêutica.

    Fui informado que aférese é um

    procedimento feito em uma máquina chamada separadora

    de células e o meu sangue será retirado e uma veia do meu

    braço ou acesso venoso central e irá para a máquina. Será

    centrifugado na máquina para realização do processo. O

    restante do sangue retornará para a minha veia, a duração

    é aproximadamente de duas horas e conforme necessidade

    serão realizadas várias vezes durante a semana.

    Enquanto o sangue é retirado, uma pequena

    quantidade de anticoagulante circula pela máquina, e virá

    para o meu organismo, junto com o sangue que retorna

    para minha veia. Isto pode provocar algumas reações,

    como dormência nos lábios, calafrios e sonolência. Estes

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    sintomas melhoram rapidamente ao término do

    procedimento. É possível também que eu venha a

    apresentar outras complicações como tontura, fraqueza,

    enjôo e vômitos, durante ou após o procedimento.

    Todo o processo de aférese é feito com

    agulhas e kits descartáveis, e que em nenhuma hipótese

    podem ser reutilizados. Tenho recebido todas estas

    explicações sobre aférese, e tendo tido ainda a

    oportunidade de fazer perguntas e de tirar as minhas

    dúvidas, declaro concordar expressamente com este

    procedimento.

    Autorizo coletar uma amostra do meu

    sangue para ser realizada minha tipagem sanguínea e

    posteriormente ser guardado como soroteca, em local

    próprio, como protocolo padrão do Serviço de Hemoterapia.

    Passo Fundo, _____/_____/_____

    Assinatura do paciente _____________________________

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    5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Szczepiorkowski ZM, Winters JL, Bandarenko N, et al.

    Guidelines on the use of therapeutic apheresis in clinical practice evidence-based approach from the apheresis applications committee of the American Society for Apheresis. Journal of Clinical Apheresis. 2010;25(3):83–177.

    2. McLeod BC, editor. Apheresis: Principles and Practice. 3rd edition. Bethsda (Md): AABB Press, 2010.

    3. Hospital Sírio Libanês. Guia de Condutas Hemoterápicas. Padronização para utilização de Hemocomponentes no Hospital Sírio Libanês. 2º edição, 2010.

    4. Kunter JM, Mota MA, Vacarini ALT, Bub RF. Manual de Orientação para o uso do Sangue, Hemocomponentes e Aféreses Terapêutcias – Hospital Albert Einstein. 3º edição, 2004.

    5. Roback JD, Grossman BJ, Harris T, Hillyer CD.

    Technical Manual. 17th edition. Bethe sda (Md): AABB Press, 2011.

    6. Portaria SAS/MS nº 497 de 23 de dezembro de 2009.

    Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.Síndrome de Guillain Barré.

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    Autores: Dr. Antonio Alexandre Clemente de Araujo Dra. Cristiane da S. Rodrigues de Araujo Dra. Simone M. Beder Reis Colaboradores: Eliane Bianchini Janete Jaqueline Cella Winckler Luciana Bertelli Dagostini Cláudia Maria Pastorello Aprovado pelo Comitê Transfusional - HSVP