Protocolo Monitoramento Aves Migratorias O-charadriiformes

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  • MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE

    INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

    DIRETORIA DE PESQUISA, AVALIAO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE

    CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAO DE AVES SILVESTRES

    PROGRAMA BRASILEIRO DE MONITORAMENTO DE AVES MIGRATRIAS

    PROTOCOLO DE MONITORAMENTO DE AVES MIGRATRIAS

    (CHARADRIIFORMES - Charadriidae, Scolopacidae e Sternidae)

    1. INTRODUO

    Migraes so movimentos sazonais em escalas geogrficas variadas (locais,

    regionais, intercontinentais, etc.), cujas rotas incluem uma rea de reproduo (Lincoln

    1979, Bethold 1993). A cada ano, milhares de aves que reproduzem no hemisfrio Norte

    se deslocam para diversos locais ao Sul, fugindo do inverno boreal que se aproxima e da

    conseqente reduo da oferta de alimento, sendo estes locais comumente chamados de

    reas de invernada.

    Entre os grupos de migrantes mais importantes esto as espcies pertencentes s

    famlias Charadriidae, Scolopacidae e Sternidae (ordem Charadriiformes), conhecidas

    respectivamente como baturas, maaricos e trinta-ris (HARRINGTON & MORRISON 1979, SICK

    1997, BERTHOLD 1993). A conservao dessas espcies passa necessariamente pela

    manuteno da qualidade dos habitats por elas utilizados ao longo de suas rotas

    migratrias, sendo esta uma tarefa a ser desempenhada por todos os pases que as

    recebem. Conhecer as diferentes espcies que compem as comunidades em cada local

    de ocorrncia, aspectos de sua biologia, dados populacionais e ameaas sua integridade

    um requisito necessrio para subsidiar as aes de conservao.

    O Programa Brasileiro de Monitoramento de Aves Migratrias, envolve a execuo e

    coordenao em nvel nacional de coleta de informaes padronizadas de monitoramento

    das aves migratrias da ordem Charadriiformes, o armazenamento e anlise das

    informaes disponveis sobre as espcies, seus habitats crticos e ameaas, com a

    finalidade de subsidiar aes de conservao. Engloba aes previstas no Plano de Ao

    Nacional para a Conservao das Aves Limcolas Migratrias

    http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/planos-de-

    acao/3567-plano-de-acao-nacional-para-conservacao-das-aves-limicolas.html,

    o qual tem como objetivo geral Ampliar e assegurar a proteo efetiva dos habitats

    crticos para as aves limcolas at 2018.

    As aes indicadas no PAN das aves limcolas migratrias e previstas no Programa

    de Monitoramento so: identificar e mapear as reas de ocorrncia (locais de pouso,

    alimentao, invernada e reproduo) das aves limcolas do Plano e definir habitats

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    crticos para sua conservao; realizar estudos de biologia e ecologia das aves limcolas do

    Plano, priorizando estudos populacionais das espcies ameaadas e com dados

    insuficientes; elaborar e implementar programa de monitoramento das aves limcolas

    ameaadas e com dados insuficientes (definio de protocolos de monitoramento,

    capacitao de atores, principalmente as comunidades locais, na coleta de dados) em

    todos os habitats crticos identificados e; identificar as atividades tursticas e

    empreendimentos imobilirios que podem impactar as populaes de aves limcolas.

    Tomando como base as principais ameaas conservao das aves migratrias

    limcolas contidas no PAN das Aves Limcolas Migratrias, as quais se aplicam s demais

    espcies costeiras, no geral, so apresentados mtodos de monitoramento que

    respondem a estas perguntas mais diretamente os quais podem ser aplicados de forma

    padronizada nos projetos e estudos a serem desenvolvidos no pas, permitindo a gerao

    de um banco de dados sobre o tema, o qual ir resultar em informaes essenciais para a

    conservao das aves migratrias brasileiras.

    2. OBJETIVO

    Estabelecer mtodos para coleta de informaes que iro alimentar o banco de

    dados referencial para subsidiar a avaliao de tendncias populacionais das

    espcies.

    Objetivos Especficos:

    (1) Obter dados de abundncia relativa nos diferentes tipos de habitats;

    (2) Obter dados de condio corporal;

    (3) Obter dados de padres de muda.

    3. PROTOCOLO

    Cada projeto deve ter autorizao de atividades com finalidade cientfica pelo

    Sistema de Autorizao e Informao Cientfica em Biodiversidade (SISBIO), de acordo

    com a Instruo Normativa 154/2007, obtida no site: www.icmbio.gov.br/sisbio. Alm

    disso, os pesquisadores e anilhadores devem estar devidamente registrados no Sistema

    Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres (SNA) e o projeto aprovado no SNA.net

    (www.icmbio.gov.br/sna), de acordo com a Instruo Normativa 27/2002.

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    Ser utilizada a nomenclatura e sequncia taxonmica mais recente do Comit

    Brasileiro de Registros Ornitolgicos (www.cbro.org.br). Para a identificao das espcies

    ser utilizado bibliografia especializada.

    Recomenda-se uma sequncia prtica de atividades refletida em planilhas

    padronizadas (modelo anexo) nas quais sero anotadas as condies ambientais (vento,

    nebulosidade, chuva e temperatura), coordenadas geogrficas do local de capturas,

    nmero e localizao das redes de neblina, data e horrio das capturas, horrio do incio e

    final da sesso, o nome dos membros da equipe e as iniciais do anilhador e do anotador.

    3.1. Captura e anilhamento

    As capturas tero como finalidade a obteno de dados de condies corpreas e,

    quando possvel, padres de muda. Considera-se o nmero desejvel de 30 indivduos

    capturados por espcie e por localidade.

    Recomenda-se que cada indivduo seja marcado com anilhas padro do CEMAVE.

    Nos casos de utilizao de bandeirolas com sequncias alfanumricas nas famlias

    Charadriidae e Scolopacidae contatar o CEMAVE para obteno de cdigos.

    Para os procedimentos de captura, manuseio e anilhamento, assim como para a

    coleta dos dados biomtricos recomenda-se seguir o Manual de Anilhamento de Aves

    Silvestres (IBAMA, 1994) disponvel em

    http://www.icmbio.gov.br/cemave/downloads/viewdownload/7-sna/13-manual-de-

    anilhamento-de-aves-silvestres.html

    Biometria :

    Massa corprea

    Clmen exposto

    Comprimento do Tarso

    Asa

    Mudas e desgaste das penas:

    Recomenda-se seguir o Manual de Anilhamento de Aves Silvestres (IBAMA,1994)

    para observao do desgaste das penas. A avaliao das mudas dever seguir a

    codificao padro BTO (British Trust for Ornithologist).

    3.2 - Censos:

    Devero ser coletados dados para o clculo da abundncia relativa, utilizando uma

    planilha de campo para cada unidade amostral.

    Recomenda-se a metodologia de ponto fixo para manguezais, esturios e bancos

    de areia e o transecto por veiculo ou a p para amostragem em praias, campos,

    margens de rios e de manguezais.

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    Ponto Fixo

    Selecionar o maior nmero de pontos possveis, distantes pelo menos 500 metros

    entre si, por ponto e contabilizar todas as aves durante 10 min em um raio de 100m.

    Transeco

    Selecionar trecho da rea de estudo e contabilizar todas as aves no campo de viso

    em transectos de extenso varivel com velocidade constante e mxima de 50 km/h.

    3.3 - Biossegurana

    Recomenda-se como protocolo de biossegurana mnimo a ser utilizado em campo:

    1. Lavar as mos com gua e sabo ou similar, antes e depois das atividades

    2. Fazer higiene complementar com lcool gel ou 70

    3. Desinfetar diariamente instrumentos no descartveis utilizados nas atividades

    4. Utilizar lcool gel ou 70 para limpeza das mos antes de depois do processamento

    de cada ave

    5. Utilizao de mscara e luvas

    6. No tocar boca, nariz, olhos, rosto ou cabelo ou manipular alimentos ou bebidas

    durante as atividades

    7. No manter ou guardar bolsas, roupas ou quaisquer outros objetos pessoais no

    relacionados com o trabalho prximos ao local de manipulao dos animais

    8. Evitar a circulao com as roupas de trabalho nas reas destinadas alimentao e

    repouso

    9. Manter uma distncia de segurana entre a rea de trabalho da rea de

    alimentao e descanso

    10. Dependendo do contexto, durante a retirada das aves das redes de neblina ou de

    outros tipos de armadilha, utilizar equipamentos de proteo individual (EPI):

    mscara N95, culos de proteo e roupas (macaces, aventais). O mesmo

    procedimento deve ser adotado para a manipulao, anilhamento e registro de

    dados

    11. Durante a retirada e colocao do EPI, adotar prticas que minimizem o contato

    com a rea externa do mesmo.

    12. Utilizar luvas para colheita de material biolgico

    13. Monitorar, durante o trabalho de campo e uma semana aps o mesmo, sinais

    clnicos que possam indicar algum tipo de contaminao, como febre, fraqueza,

    tosse e dores de cabea ou em outras partes do corpo

    14. Procurar ajuda mdica na presena destes sinais e relatar a sintomatologia ao

    coordenador da expedio

    15. Separar os resduos orgnico, inorgnico e infectante, destinando-o de maneira

    adequada, conforme segue:

    a. Orgnico cavar vala profunda e enterrar

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    b. Inorgnico separar em sacos de lixo apropriados e dar correta destinao

    em cidades com aterros sanitrios ou encaminhar para reciclagem

    c. Contaminante - deve ser trazido de volta de todas as expedies de campo e

    encaminhado adequadamente para o descarte

    16. Descontaminar as redes de neblina e demais materiais utilizados na captura das

    aves

    17. Recomenda-se manter atualizado o carto de vacinao

    3.4 Uso de imagens e autorias de publicaes

    O CEMAVE arquivar um Banco de Imagens sendo os autores das imagens e gravaes

    convidados a depositarem seus arquivos e assinarem a DECLARAO DE CESSO DE

    USO NO COMERCIAL DE IMAGENS E GRAVAES, a qual respeitar as autorias,

    dando seus crditos na utilizao de tais arquivos. Estas imagens podero ser utilizadas na

    divulgao do CEMAVE e seus projetos.

    Quanto s autorias de publicaes, sero seguidas, inicialmente at que o ICMBio

    defina sua poltica prpria, as Diretrizes retiradas do Relatrio da Comisso de Integridade

    de Pesquisa do CNPq instituda pela portaria PO-085/2011 de 5 de maio de 2011:

    1. A incluso de autores em manuscrito deve ser discutida antes de comear a

    colaborao.

    2. Somente as pessoas que emprestaram contribuio significativa ao trabalho

    merecem autoria em um manuscrito. Por contribuio significativa entende-se

    realizao de expedies de campo, participao na elaborao do

    planejamento experimental, anlise de resultados ou elaborao do corpo do

    manuscrito. Emprstimo de equipamentos, obteno de financiamento ou

    superviso geral, por si s no justificam a incluso de novos autores, que

    devem ser objeto de agradecimento.

    3. A simples participao em atividades de campo por si s no justifica a incluso

    como autor e sim nos agradecimentos. Entretanto as pessoas que participaram

    das expedies devem ser convidadas a serem co-autores. Estas pessoas sero

    includas desde que contribuam efetivamente na redao e anlises realizadas.

    4. A colaborao entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critrios. Os

    supervisores devem cuidar para que no se incluam na autoria estudantes com

    pequena ou nenhuma contribuio nem excluir aqueles que efetivamente

    participaram do trabalho. Autoria fantasma em Cincia eticamente inaceitvel.

    5. Todos os autores de um trabalho so responsveis pela veracidade e idoneidade

    do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente

    responsabilidade integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas

    contribuies individuais.

    6. Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua

    contribuio pessoal ao trabalho.

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    7. Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padres ticos na sua

    execuo, seja com animais ou com seres humanos.

    4. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AZEVEDO JNIOR, S. M., M. M. DIAS, M. E. LARRAZBAL, W. R. TELINO JNIOR, R. M.

    LYRA-NEVES e C. J. G. FERNANDES. 2001. Recapturas e recuperaes de aves migratrias

    no litoral de pernambuco, Brasil. Ararajuba 9(1): 33-42.

    Berthold, P. 1993. Bird Migration: a general survey. Oxford, New York, Tokyo: Oxford

    University Press.

    GINN, H. B. & D. S. MELLVILLE. 1995. Moult in Birds. British Trust for Ornithology, guide

    19. Norwich: Crowes of Norwich.

    Harrington, B. A. e R. I. G. Morrison. 1979. Semipalmated sandpiper migration in North

    America. Studies in Avian Biology 2: 83-100.

    Harrison, P. 1983. Seabirds, an identification guide. Boston: Houghton Mifflin

    Company.

    HAYMAN, P., J. MARCHANT, & T. PRATER. 1986. Shorebirds: an identification guide to the

    waders of the world. Boston: Houghton Mifflin Company.

    IBAMA, 1994. Manual de anilhamento de aves silvestres. 2 ed. Braslia: IBAMA.

    KREBS, C. J. 1989. Ecological Methodology. New York: Haper Collins Publislher.

    LINCOLN, F. 1979. Migration of Birds. Ed. Revisada. Circular 16. Fish & Wildlife Service,

    United States Department of Interior. U. S. Government Printing Office.

    McNeil, R. e F. Cadieux. 1972a. Numerical formulae to estimate flight range of some North

    American shorebirds from fresh weight and wing length. Bird Banding 43 (2): 107- 113.

    McNeil, R. e F. Cadieux. 1972b. Fat content and flight-range capabilities of some adult

    spring and fall migrant North American shorebirds in relation to migration routes on the

    Atlantic Coast. Le Naturaliste Canadien 99: 589 - 605.

    PIELOU, E. C. 1977. Mathematical Ecology. New York, Wiley, 385p.

    PRATER, A. J., J. H. MARCHANT E J. VUORINEN. 1977. Guide to the identification and

    ageing of Holartic Waders. BTO Guide 17. Beech Grove, Tring, Herts.

    SHANNON, L. E. 1948. A mathematical theory of communication. Bul Syst. Tech. Jour.

    27: 379-423.

    SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira.

  • PROGRAMA BRASILEIRO DE MONITORAMENTO DE AVES MIGRATRIAS Modelo de Planilha de Campo

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    Status Idade Sexo

    Plumagem Desgaste Primrias

    Projeto:______________________________________________

    ______ 1. Ave nova A - Adulto M - Macho 1 Jovem 1

    ano 0 - sem uso Local:______________________________________Data:_____/______/______

    2. Recaptura J - Jovem F - Fmea 2 - Subadulto

    1 - lev. usadas s/ corte

    Coord.:____________________S; ______________________W.Datum:

    3. Recuperao N - Ninhego I - Indeterminado

    3 Adulto

    2 - rel. usadas c/ cortes

    Anilhadores:______________________________________________________

    4. Anilha destruda I - Indeterminado

    a- eclipse 3 - franjas

    _______________________________________________________________________________________

    5. No anilhada/fuga

    b Intermediria 4 - muito usadas

    Mtodo captura:________________________Hora inicial/final:______/_______

    6. Aves ortas c - reproduo 5 - excessiv. usadas

    Condies climticas:

    .

    Sta

    tus

    Anilha Espcie

    Idad

    e

    Sex

    o

    Plu

    mag

    em

    Biometria Mudas e desgaste

    Observaoes

    Mas

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    Asa

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    so

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