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Susana Margarida Carvalho Miguel Protocolo de avaliação da motricidade orofacial revisto: Aplicabilidade, sensibilidade e fidedignidade Trabalho de projeto elaborado com vista à obtenção do grau de Mestre em Terapia da Fala, na área de Motricidade Orofacial e deglutição Orientador: Professora Doutora Isabel Cristina Ramos Peixoto Guimarães Setembro, 2017

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Susana Margarida Carvalho Miguel

Protocolo de avaliação da motricidade orofacial

revisto: Aplicabilidade, sensibilidade e fidedignidade

Trabalho de projeto elaborado com vista à obtenção do grau de Mestre em Terapia da Fala, na

área de Motricidade Orofacial e deglutição

Orientador: Professora Doutora Isabel Cristina Ramos Peixoto Guimarães

Setembro, 2017

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Susana Margarida Carvalho Miguel

Protocolo de avaliação da motricidade orofacial

revisto: Aplicabilidade, sensibilidade e fidedignidade

Relatório elaborado com vista à obtenção do grau de Mestre em Terapia da Fala, na área de

Motricidade Orofacial e deglutição

Orientador: Professora Doutora Isabel Cristina Ramos Peixoto Guimarães

Júri:

Presidente: Doutora Isabel Maria da Silva Franco Desmet

Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde do Alcoitão

Vogais: Professora Doutora Isabel Cristina Ramos Peixoto Guimarães

Professor Coordenador da Escola Superior de Saúde do Alcoitão

Professora Doutora Inês Tello Rato Milheiras Rodrigues

Investigadora no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade

Católica Portuguesa

Setembro, 2017

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Abreviaturas

A1 – Avaliador 1

A2 – Avaliador 2

A3 – Avaliador 3

CCI - Coeficiente de correlação intraclasse

DDK – Diadococinésia oral

Dto – Direito

Esq – Esquerdo

k – Coeficiente de kappa de Cohen

MA – Moviment alternado

MOF – Motricidade Orofacial

NOT- S – The Nordic Oofacial Test-Screening

OSME - Oral Speech Mechanism Screening Examination

OSMSE -3 – Oral Speech Mechanism Screening Examination, terceira edição

PAOF – Protocolo de avaliação orofacial

PAOF – R – Protocolo de avaliação orofacial revisto

SEG – Sistema Estomatognático

TF – Terapeuta da Fala

Nota

O presente documento, elaborado no âmbito da 3.ª edição de mestrado em terapia da fala

– na área de motricidade orofacial e deglutição, da Escola Superior de Saúde do Alcoitão

(ESSA) em cooperação com o Instituto E.P.A.P.

Foi redigido segundo o novo acordo ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009, e segue

as normas estabelecidas pela ESSA para redação de trabalhos académicos e científicos1 e

as normas internacionais de Vancouver (5ª edição, 1997) no que respeita a referências

bibliográficas, para a apresentação de artigos propostos para publicações cientificas na

área da saúde2.

1 Escola Superior de saúde de Alcoitão. Normas para redação de trabalhos académicos e científicos. Conselho Científico. Alcoitão;

outubro de 2014

2 Comissão Internacional de Editores de Revistas Médicas. Normas para apresentação de artigos propostos para publicação em revistas

médicas. In: Miranda JA. Normas de Vancouver. 1998

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Protocolo de avaliação da motricidade orofacial: Aplicabilidade,

sensibilidade e fidedignidade

Resumo

Objetivo: Verificar a aplicabilidade, sensibilidade, e fidedignidade do protocolo de

avaliação da motricidade orofacial – revisto (PAOF-R). Métodos: Foram examinadas

crianças, por três terapeutas da fala, entre os 6;00 e 9;11 anos de idade, da região de Leiria.

Estudaram-se as seguintes propriedades psicométricas: aplicabilidade (tempo em

minutos), sensibilidade dos itens, consistência interna (alfa de Cronbach) e fidedignidade

intra e inter-avaliadores (coeficiente de kappa de Cohen e o coeficiente de correlação

intraclasse, CCI). Resultados: A amostra total em estudo é de 219 crianças. O

instrumento é de fácil aplicabilidade (15 minutos em média), a sensibilidade dos itens foi

razoável notando-se em alguns itens efeito de teto, apresenta uma forte consistência

interna para o total da sua pontuação (α=0.93) e existe uma excelente fidedignidade intra-

avaliadores (CCI>0.9). A fidedignidade inter-avaliadores na maioria dos itens é pobre

(CCI= 0.5). Conclusão: O PAOF-R mostrou ser um instrumento de rastreio aplicável,

válido e fidedigno para crianças na faixa etária estudada sendo, no entanto aconselhável

a exploração e confirmação da propriedade psicométrica relativa à fidedignidade inter-

avaliadores.

Palavras-chave: Motricidade orofacial; Crianças; Protocolo; Rastreio; Fidedignidade;

Aplicabilidade, Sensibilidade

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Abstract

Purpose: To check the applicability, sensitivity, and reliability of the Protocol for

Oromotor Assessment – Revised (PAOF-R). Methods: Children among 6; 00 and 9; 11

years old from Leiria county were examined by three speech and language therapists. The

following psychometric properties were studied: applicability (time in minutes),

sensitivity of the items, internal consistency (Crombach’s alfa) and intra and inter-rater

reliability (Cohen's kappa coefficient and the intra class correlation coefficient, ICC).

Results: The total study sample is 219 children. The instrument tool is easy to apply (15

minutes on average). The sensitivity of the items was reasonable showing in some items

the ceiling effect, it provides a strong internal consistency for the total of its score

(α=0.93) and there is a strong intra-rater reliability (ICC>0.9). The inter-rater reliability

is poor in the majority of the items. (ICC= 0.5). Conclusion: PAOF-R has shown to be a

valid and reliable screening tool for children in the studied age group, however, it is

advisable to explore and confirm the psychometric property in what inter-rater reliability

is concerned.

Key-words: Oromotor; Children; Protocol; Screening; Reliability; Applicability;

Sensitivity

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Índice Geral

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................... 2

1.1 Importância da avaliação da motricidade orofacial para o terapeuta da fala............. 2

1.2 Rastreio e protocolos de rastreio em motricidade orofacial .......................................... 4

1.3 Aplicabilidade de um instrumento de avaliação ............................................................. 6

1.4 Sensibilidade de um instrumento de avaliação ......................................................... 7

1.5 Fidedignidade de um instrumento de avaliação ....................................................... 8

II. METODOLOGIA ................................................................................................................ 10

2.1 Princípios éticos ......................................................................................................... 10

2.1.1 Pedido de autorização para a recolha de dados às Instituições ................................... 10

2.1.2 Pedido de autorização aos pais – consentimento informado ....................................... 10

2.1.3 Pedido de autorização específico aos pais das 12 crianças para filmagem ................. 10

2.2 Amostra ...................................................................................................................... 10

2.3 Materiais .................................................................................................................... 11

2.3.1 PAOF-R ..................................................................................................................... 11

2.4 Procedimentos............................................................................................................ 12

2.4.1 Procedimento para a recolha de dados ..................................................................... 12

2.4.2 Procedimentos de análise do registo de avaliação ................................................... 13

2.5 Análise de dados ........................................................................................................ 13

3.1 Caracterização da amostra ............................................................................................. 16

3.2 Aplicabilidade do PAOF-R ............................................................................................. 17

3.3 Sensibilidade .................................................................................................................... 17

3.4 Fidedignidade do PAOF-R ............................................................................................. 20

3.4.1 Consistência Interna dos itens do PAOF – R para a amostra das 219 crianças ....... 20

3.4.2 Consistência interna dos itens do PAOF-R para a amostra das 12 crianças no

primeiro e segundo momento de avaliação ......................................................................... 20

3.4.3 Fidedignidade intra-avaliadores ................................................................................ 21

3.4.4 Fidedignidade inter-avaliadores ................................................................................ 24

IV. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 28

V. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 34

VII. APÊNDICES ...................................................................................................................... 39

Apêndice I – Pedido de autorização para a recolha de dados às Instituições................... 39

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Apêndice II – Pedido de autorização aos pais - consentimento informado .................. 40

Apêndice III– Pedido de autorização específico aos pais das 12 crianças para

filmagem ............................................................................................................................. 41

Apêndice IV – Análise da fidedignidade intra-avaliadores do avaliador 2 e do

avaliador 3 .......................................................................................................................... 42

IX. ANEXOS .............................................................................................................................. 44

Anexo II – Folha de caracterização do PAOF-R (não é permitida a publicação total porque

o PAOF tem direitos de autoria) ......................................................................................... 44

Anexo II – Folha de Registo do PAOF-R ........................................................................... 45

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização da amostra das 219 crianças .............................................................. 16

Tabela 2 - Caracterização da amostra das 12 crianças ................................................................ 16

Tabela 3 - Tempo de aplicação do PAOF-R ............................................................................... 17

Tabela 4 - Análise descritiva dos itens da morfologia do PAOF-R ............................................ 18

Tabela 5 - Análise descritiva dos itens da função ....................................................................... 19

Tabela 6 - Análise descritiva dos itens do domínio da DDK ...................................................... 20

Tabela 7 - Análise da consistência interna dos itens do PAOF-R para a amostra das 12 crianças

no primeiro e segundo momento de avaliação. ........................................................................... 21

Tabela 8 – Análise da fidedignidade intra-avaliador do avaliador A1 ........................................ 22

Tabela 9 - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 1º momento ............................................. 25

Tabela 10 - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 2º momento ........................................... 26

Tabela 11 – Análise da fidedignidade intra-avaliadores dos avaliadores A2 e A3 ..................... 42

Índice de Quadros

Quadro 1 - Protocolos de rastreio de MOF ................................................................................... 5

Quadro 2- Caracterização dos avaliadores .................................................................................. 17

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Introdução

O presente estudo foi efetuado com vista à obtenção do grau de Mestre de Terapia da

Fala na área de Motricidade Orofacial e Deglutição e é parte integrante do estudo global

(projeto) Protocolo de Avaliação Orofacial – Revisto (PAOF-R), realizado em

cooperação com duas colegas de mestrado (Ana Filipa Raimundo e Helena Nobre).

O Protocolo de Avaliação de Orofacial (PAOF) é o único protocolo de avaliação da

motricidade orofacial padronizado, validado e editado em Portugal desde 1995.

Atualmente, encontra-se desatualizado, mas continua a ser usado na prática clínica pelos

terapeutas da fala, surgindo assim a necessidade de nova revisão e validação.

O PAOF- R é um teste de rastreio e de rápida aplicabilidade, para avaliar a motricidade

orofacial. A validação foi realizada em indivíduos com idades compreendidas entre os

6;00 e os 9;11 anos de idade e apresentada no estudo de Ana Filipa Raimundo no âmbito

da 3ª edição do Mestrado em Terapia da fala, na ESSA.

A questão de investigação a ser respondida neste estudo é: “Será que o PAOF-R é um

instrumento com aplicabilidade, sensibilidade e fidedignidade para a prática clínica dos

terapeutas da fala com crianças?”

Na análise da aplicabilidade e sensibilidade foram usadas as 219 crianças. Para a

análise da fidedignidade inter e intra-avaliadores, foram selecionadas 12 crianças entre os

6;00 e os 9;11anos de idade para serem filmados durante a aplicação do PAOF-R. Os

vídeos foram vistos por três terapeutas da fala que realizaram as avaliações, em dois

momentos distintos, com um intervalo de duas semanas.

Por fim, este trabalho encontra-se organizado da seguinte forma: introdução,

enquadramento teórico, metodologia, resultados, discussão e conclusão.

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I. Enquadramento Teórico

1.1 Importância da avaliação da motricidade orofacial para o terapeuta da

fala

O Sistema Estomatognático (SEG) é responsável pelo adequado funcionamento da

face e desempenha as funções de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala1. É um

sistema complexo, apresentando também ligação com os sistemas circulatório, periférico

e sistema nervoso central2.

Este sistema, é composto por ossos, articulação temporomandíbular, músculos,

sistema vascular e nervoso, e espaços vazios3. Encontra-se inter-relacionado com as

estruturas orofaciais do aparelho fonador acima da glote, tais como, nariz e seios

perinasais, cavidade oral, lábios, língua, dentes, palato duro, palato mole, mandíbula,

maxilar superior, faringe e laringe4.

O crescimento e desenvolvimento de forma íntegra do complexo craniofacial resulta

numa relação harmoniosa entre as estruturas orofaciais e as funções do SEG5. Portanto,

qualquer alteração conduzirá a um desequilíbrio de todo o sistema3, incluindo alterações

nos músculos orofaciais e funções, pois estas podem ter um impacto negativo, tanto na

saúde oral, como na saúde global de cada indivíduo6.

Segundo o Comitê Brasileiro de Motricidade Orofacial, a motricidade orofacial

(MOF)7 é responsável pelo estudo e reabilitação dos aspetos estruturais e funcionais, das

regiões orofaciais e cervicais. É também considerada como uma etapa fundamental no

processo de diagnóstico do terapeuta, pois possibilita a compreensão das condições

anatómicas e funcionais do SEG. Surge, assim, como uma área de intervenção do

terapeuta da fala (TF), onde os principais objetivos passam pela intervenção, avaliação,

diagnóstico, desenvolvimento, aperfeiçoamento e reabilitação dos aspetos estruturais e

funcionais das regiões orofacial e cervical8.

No que se refere à área da MOF é importante salientar, também, os aspetos

relacionados com a produção da fala pois, nas crianças, as perturbações da articulação

verbal, estão frequentemente associadas a alterações orofaciais. É primordial a

identificação e um diagnóstico diferencial o mais precocemente possível, de forma evitar,

adiar e/ou agravar o quadro clínico4.

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A fala é caracterizada como sendo o produto final de uma rede complexa de

processos linguísticos, cognitivos e sensoriomotores9-11. Este processo envolve a

regulação ativa de forças do sistema muscular e do trato vocal. A capacidade de controlar

os movimentos voluntários sequenciais motores da fala voluntários, necessários para o

posicionamento dos articuladores durante a produção de fonemas, depende ainda da

precisão dos comandos motores e da “suavidade” entre as posições articulatórias11. Por

exemplo, a diadococinésia oral (DDK), é a taxa máxima de produção silábica não-

linguística, que consiste em realizar movimentos (repetidos ou alternados) de forma

rápida e rítmica de combinações de consoante-vogal10,12-13, num determinado período de

tempo11, permite avaliar o desempenho, precisão e competência dos movimentos

articulatórios antagonistas de acordo com o ponto de articulação (porção antero-posterior

da língua, mandíbula e lábios)14-16.

Sendo o TF o profissional responsável pela prevenção, avaliação e intervenção ao

nível das funções do SEG, e tendo por base o que foi exposto anteriormente, este irá ter

como principal objetivo avaliar e averiguar a existência de desequilíbrios musculares e

funcionais que possam interferir de maneira negativa na funcionalidade do SEG17.

Para um correto diagnóstico é necessário complementar a avaliação da MOF com

dados de anamnese, dados de exames clínicos pertinentes para cada caso, assim como a

avaliação da sensibilidade e funções do SEG3,6,18. Estes aspetos são igualmente

corroborados por autores que, ao longo das suas investigações, foram contribuindo para

a determinação de etapas na avaliação e diagnóstico funcional. Neste sentido, Ferraz8

afirma que, para o diagnóstico funcional é imprescindível o cumprimento de três etapas:

anamnese, avaliação e estudo do caso. Na anamnese ou história clínica são investigadas

informações pré-natais, natais e pós-natais; enquanto na história clínica questiona-se a

queixa, os aspetos respiratórios e alimentares, os hábitos orais, e se o utente faz ou fez

outros tratamentos8.

Mais especificamente no âmbito da Terapia da Fala, Marchesan18 complementa que,

durante a avaliação das estruturas orofaciais, deve-se ter em conta que o SEG é composto,

tanto pelas estruturas ósseas, como também pelas estruturas moles, aspetos que deverão

ser igualmente alvo de compreensão e análise.

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Junqueira (2004), referiu que ao longo dos anos houve grande mudança na forma de se

avaliar e diagnosticar as alterações miofuncionais, e que inicialmente as avaliações eram

mais qualitativas e descritivas, sendo que agora são mais quantitativas19.

Como tal, os métodos quantitativos de avaliação em MOF são cada vez mais sugeridos20,

como forma de uniformizar os resultados, estabelecer parâmetros de normalidade e

alteração, bem como padronizar as classificações21.

1.2 Rastreio e protocolos de rastreio em motricidade orofacial

Para uma intervenção em terapia da fala adequada é importante que a escolha dos

instrumentos de avaliação a utilizar sejam os indicados. Vários autores têm procurado

expressar numericamente os resultados da avaliação miofuncional orofacial, sendo

sugerido na literatura a utilização de instrumentos formais na avaliação em terapia da fala

pois trazem algumas vantagens nomeadamente: normas nos padrões de aplicação,

sugestões de análises a seguir e estabelecimento de critérios referentes ao início da

avaliação22. A avaliação pode ser realizada através da aplicação de testes de rastreio ou

de diagnóstico23.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o rastreio como o processo de

identificação de indivíduos que apresentam um risco suficientemente mais elevado de

uma doença que justifique maior investigação ou uma ação direta24.

Os testes de rastreio permitem detetar alterações, de uma forma mais rápida. São

utilizados para verificar apenas se existe alteração, não são por isso indicados para traçar

um diagnóstico25. Este tipo de teste é caracterizado pela sua aplicação simples, sensível

no que pretende avaliar, deve existir treino na sua aplicação, deve estar estandardizado

(referência à norma) e deve fornecer resultados simples26.

Os casos em que o rastreio apresentar alterações deverão ser sujeitos a uma

avaliação mais profundada, que permitirá definir o diagnóstico e posterior necessidade de

intervenção ou não 18,27-28.

Na literatura apenas foram encontrados dois testes de rastreio validados para a

avaliação da motricidade orofacial, o The Nordic Orofacial Test-Screening (NOT-S) 29 e

o Oral Speech Mechanism Screening Examination – terceira edição (OSMSE-3)30

(Quadro 1).

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Quadro 1 - Protocolos de rastreio de MOF

Testes

Descrição NOT-S OMSE-3

Ano 2007 2000

População-alvo

[Anos:Meses]

Crianças e adultos

[3:00-86]

Crianças e adultos

[5:00-77]

O que avalia Funções

orofaciais

Estruturas e funções

orofaciais, DDK

O NOT-S é um instrumento de rastreio para crianças e adultos, desenvolvido na

Suécia em 2007 por Bakke et al. 29. Este teste inclui um manual de imagens reais, onde

são apresentados os exercícios a executar. É de fácil aplicação, por qualquer profissional

de saúde e não necessita de nenhum equipamento específico para a avaliação da MOF.

Demora entre cinco a 13 minutos a aplicar. Com base na literatura, na epidemiologia e

em estudos clínicos os autores, identificaram quais os aspetos de MOF mais importantes

para a avaliação, acabando por consideraram doze áreas significativas. Seis dessas áreas

foram incluídas na história clinica: função sensorial, respiração, hábitos, mastigação e

deglutição, sialorreia e xerostomia e as outras seis na avaliação terapêutica: face em

repouso, expressão facial, respiração nasal, músculos mastigatórios, função mandibular,

função orofacial e fala. Cada área tinha entre um a cinco itens, classificados por uma

escala dicotómica de “não” ou “sim”, em que o “sim” era indicativo de disfunção. A

pontuação máxima do NOT-S é 12, indicativo de disfunção. As avaliações foram feitas

através da análise de gravações em vídeo, tendo sido dadas ordens para a realização das

tarefas miofuncionais orais, aos sujeitos da amostra, através de imagens impressas. Foi

aplicado por cinco examinadores experientes na área a 180 sujeitos, com idades entre três

e 86 anos, 120 com alterações e 60 saudáveis, para constituir o grupo controlo. Este teste

pretende comparar os diagnósticos presentes no ICD-10 com manifestações de alterações

da motricidade orofacial. Quanto à estatística utilizada na construção deste instrumento,

aplicaram o teste Kolmogorov-Smirnov para apurar se a distribuição das pontuações totais

do NOT-S no grupo experimental e no grupo controlo se desviaram da normalidade. Os

dois grupos foram comparados com o teste Mann-Whitney U para avaliar a validade

discriminativa, -percebendo se existem diferenças estatisticamente significativas

correspondentes a p<0.05. Para verificar o erro de medida do NOT-S, 40 avaliações da

amostra foram gravadas em vídeo, analisadas e cotadas duas vezes com um intervalo

mínimo de duas semanas, pelos três investigadores, autores suecos e terapeutas da fala.

A estatística kappa foi usada para avaliar o acordo inter-examinadores na totalidade da

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cotação do NOT-S29. Valores de kappa abaixo de 0.40 são considerados pobres, entre

0.40 e 0.75 razoáveis e, acima de 0.75 são considerados excelentes. A sensibilidade

apurada do NOT-S29 foi de 0.96, referindo que a maioria dos doentes do grupo

experimental foram identificados. O erro metodológico foi de 5.3%. Com a análise das

40 gravações foi apurado uma concordância inter-examinador de 83% e, intra-

examinador de 92%-95%29. O NOT-S tem versões para a Suíça, Dinamarca, Noruega e,

uma tradução para inglês. Os autores ressalvam a necessidade de treino e formação dos

profissionais antes de utilizarem o protocolo e interpretarem os seus resultados. O NOT-

S demonstrou ser um instrumento útil e válido para utilização entre diferentes

profissionais na avaliação das funções orofaciais29.

O protocolo de rastreio Oral Speech Mechanism Screening Examination

(OSMSE)30 foi criado por St. Louis e Ruscello em 1981, para a prática clinica de terapia

da fala, servindo ao mesmo tempo como uma ferramenta útil para fisioterapeutas,

dentistas e ortodontistas interessados pela área da fala. Avalia as estruturas anatómicas e

funções orofaciais, relacionadas com as perturbações da fala ou linguagem, através das

seguintes áreas: lábios, língua, mandíbula, dentes, palato duro, palato mole, faringe,

respiração e diadococinésia oral. Através de um estudo preliminar, com sujeitos sem

alterações da fala, verificou-se que o OSMSE apresentava fidedignidade intra e inter-

examinador satisfatória após um período mínimo de treino. Foi considerado um teste

fidedigno, relativamente fácil, de rápida aplicabilidade (entre cinco a 10 minutos), e

apropriado para crianças e adultos. A sua terceira edição, o protocolo OSMSE-330, foi

desenvolvida em 2000. É igualmente um teste de rastreio para a avaliação da motricidade

orofacial e fala, validado para crianças e adultos, compreendendo as faixas etárias dos

cinco aos 77 anos. Cinquenta por cento do teste é constituído por itens de avaliação das

estruturas orofaciais, 42% por itens de avaliação da função orofacial e 8% por itens de

avaliação da função articulatória verbal.

1.3 Aplicabilidade de um instrumento de avaliação

O teste é o instrumento psicométrico usado para designar uma modalidade de

medição em vários campos científicos e técnicos, pelo que deve ser preciso para ser fiável.

Consiste em avaliar as diferenças existentes, de uma determinada característica, entre

diversos indivíduos, ou o comportamento do mesmo indivíduo em diferentes ocasiões

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(diferença inter e intra-individual), devendo por isso obter soluções satisfatórias ou

erradas de forma a produzir um resultado, o qual permitirá uma avaliação31.

Segundo Cerdá (1972 citado por Erthal 2009)31 a situação experimental é tudo

aquilo que faz parte do teste e da aplicação do mesmo, isto é, material empregado,

instruções, local da aplicação, atitude do examinador, entre outras. Contudo essas

situações precisam de ser padronizadas para que se evitem variações nas condições da

aplicabilidade do teste. Se este é um estimulo que gera uma resposta do indivíduo, o

registo desse comportamento é importante.

A forma como se aplica um teste influencia as propriedades psicométricas das

pontuações obtidas, assim como a sua fidedignidade e validade32.

A aplicação de um teste deve obedecer rigorosamente às instruções contidas no

manual32. O avaliador tem de estar preparado de modo a evitar imprevistos durante a

avaliação. Deve ter conhecimento das condições necessárias para a aplicação, forma de

registo e cotação contidas no manual, experiência e aptidão de aplicação, e prever

situações que possam ocorrer fora do seu controlo31-33.

Deve também de ter em conta as condições físicas (ex: temperatura,

iluminação…) do local para a aplicação, de forma a evitar, que essas condições alterem

o bom desempenho de qualquer atividade do teste31-33.

Antes da aplicação do instrumento de avaliação, o avaliador deve estabelecer uma

correta interação com o paciente. Fazer uma explicação prévia da forma de avaliação e

materiais que vão ser utilizados de acordo com a idade, maturidade e grau de

intelectualidade do paciente, de forma a diminuir o grau de medo e de ansiedade e facilitar

a cooperação e desempenho31-33.

1.4 Sensibilidade de um instrumento de avaliação

A sensibilidade revela o poder discriminativo de um instrumento de avaliação

e está relacionada com a variância e amplitude de resultados, sendo por isso uma condição

necessária para que um teste seja válido34-35. No entanto, não existe um indicador

destinado à sua avaliação. Para a análise da sensibilidade pode recorrer-se a três

indicadores que pelas suas características se complementam: (1) coeficientes de Skewness

[Assimetria] e Kurtosis [Achatamento] e Shapiro-Wilk para amostras menores que 30];

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(2) testes de normalidade [Kolmogorov-Smirnov para amostras maiores ou iguais a 30

sujeitos; (3) e análise do histograma34.

1.5 Fidedignidade de um instrumento de avaliação

A fidedignidade, é uma das características que um instrumento deve ter para

garantir a qualidade informativa dos dados, pois assegura se os dados foram obtidos

independentemente do contexto, do instrumento ou do investigador, verificando assim a

consistência do processo de medição32,35.

Existem três aspetos que devem ser considerados quando se pretende avaliar a

fidedignidade35:

- A precisão, que implica medir sem erro, atingindo ao máximo o

fenómeno que se pretende medir35.

- A estabilidade, que implica reproduzir diferentes fenómenos, com pouco

erro de medida, em tempos diferentes35.

- A consistência / homogeneidade, que implica que todos os itens do teste

meçam um mesmo aspeto35, devendo cada enunciado do instrumento estar relacionado

com o enunciado seguinte36.

Se um instrumento de medida dá sempre os mesmos resultados quando aplicado

a alvos estruturalmente iguais37, independentemente das circunstâncias de aplicação, do

instrumento ou do investigador35, podemos confiar no significado de medida e dizer que

a medida é fiável. Dizemo-lo, porém com maior grau de certeza porque toda a medida é

sujeita a erro 31,37.

Wilkin et al.38 e Finch et al.39 consideram, três tipos de fidedignidade na avaliação

de instrumentos: a fidedignidade intra-avaliador; inter-avaliador e a consistência interna.

A fidedignidade intra-avaliador é a possibilidade de um instrumento proporcionar

resultados estáveis ao longo do tempo, sendo que, esta estabilidade é testada através da

repetição das medições, nas mesmas condições e na mesma população, por um único

observador. Na avaliação inter-avaliador, são testados os diferentes avaliadores, que

recolhem simultaneamente os dados do sujeito, devendo os resultados apresentar

unanimidade. Na consistência interna procura-se a homogeneidade do conteúdo do

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instrumento. Este parâmetro é relevante nos instrumentos que apresentam vários itens

relacionados com a mesma dimensão/características.

Para Ferreira et al.40 a consistência interna de um teste é importante por três

razões: avalia a homogeneidade dos itens; evidencia a capacidade de um teste diferenciar

indivíduos num determinado momento do tempo, e por fim, a consistência interna permite

determinar o erro sistemático que está associado com a pontuação da medida num dado.

Os coeficientes frequentemente utilizados para avaliar a consistência interna são:

o método de metades, a correlação total item-item e o alfa Cronbach. Destes, o alfa

Cronbach é o mais utilizado, sendo que o seu coeficiente varia entre zero e um (1=

elevada correlação e 0= fraca correlação), e trabalha com a premissa de que as correlações

entre os itens são positivas37,41-,42.

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II. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo metodológico para análise da aplicabilidade, sensibilidade

e fidedignidade intra e inter-avaliadores do PAOF-R.

2.1 Princípios éticos

2.1.1 Pedido de autorização para a recolha de dados às Instituições

No que diz respeito aos princípios éticos no presente estudo, estes foram iniciados

através de um contacto por escrito com alguns dos agrupamentos de escolas, das regiões

de Leiria, Lisboa e Guarda, por uma questão de conveniência dos locais para as

investigadoras do estudo, informando sobre a natureza do estudo e pedido de autorização,

tendo sido enviados Formulários de Consentimento aos Órgãos da Direção das

Instituições (Apêndice I).

2.1.2 Pedido de autorização aos pais – consentimento informado

Foram entregues aos professores, formulários de consentimento informado, para os

Encarregados de Educação. Foi tido em conta o respeito pelo indivíduo, bem como o seu

anonimato e confidencialidade, de acordo com o princípio da beneficência, sendo que a

participação de cada sujeito dependia da apresentação de consentimento informado

favorável e devidamente assinado pelo encarregado de educação (Apêndice II).

2.1.3 Pedido de autorização específico aos pais das 12 crianças para filmagem

Previamente foi realizada uma reunião individual com os pais de cada criança, de

modo a solicitar uma autorização específica para a filmagem das mesmas, e combinar o

local para se proceder à recolha/avaliação (Apêndice III).

2.2 Amostra

O PAOF-R foi aplicado 219 crianças do 1º ciclo dos 6;00 aos 9;11 anos de idade,

dos distritos de Lisboa, Leiria e Guarda. Como critério de inclusão foram apenas

selecionadas as crianças sem alterações morfofuncionais faciais evidentes e sem

alterações cognitivas, linguísticas e sensoriais, sinalizadas pelos professores de turma.

Para a análise da fidedignidade inter e intra-avaliadores, foi considerada uma

amostra de 12 crianças, três de cada grupo etário, selecionadas pela autora do estudo.

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Foram convidados dois avaliadores, terapeutas da fala, estudantes do mestrado em

terapia da fala na especialização Motricidade Orofacial e Deglutição, porque a terceira

avaliadora é a autora do estudo.

2.3 Materiais

2.3.1 PAOF-R

O instrumento utilizado no presente estudo foi o PAOF-R, que é um protocolo de

rastreio em motricidade orofacial, para despiste de presença ou ausência de patologias na

área da motricidade orofacial. O PAOF-R é uma revisão do PAOF publicado em 199543

e descontinuado em 1998. Encontra-se em processo de validação desde 2015 com a

participação de alunos de mestrado Paulo Teixeira44 e Filipa Raimundo45.

A folha de registo do PAOF-R (Anexo I) contém inicialmente informação de

caracterização dos dados demográficos, seguido das três dimensões (função, morfologia

e DDK) num total de 53 itens. As dimensões de função e morfologia englobam as

estruturas orofaciais: face, lábios, mandíbula, língua, palato mole, palato duro, dentição

e oclusão dentária. A dimensão DDK engloba dois tipos de movimento: alternado (pa-

pa-pa) e sequencial (pa-ta-ka).

Antes da aplicação do teste o avaliador deve ter em conta a nota que se encontra

no início da folha de registo, que refere que, o avaliador deve sempre que necessário

adaptar a linguagem à criança, e que em todos os itens de função, deve demonstrar,

encorajar e apenas cotar a segunda tentativa, sendo a primeira de exemplificação. Caso a

criança faça uma terceira tentativa esta não deverá ser considerada para cotação.

Na folha de registo cada item apresenta o que observar e as instruções de aplicação

específicas para cada um, assim como a descrição de cada valor da pontuação, para que

o avaliador possa compreender a que se refere a mesma e assinalar a resposta com

fiabilidade. O avaliador coloca a cotação no quadrado correspondente, caso haja mais do

que uma tarefa por item, ou apenas assinala em cima do número da tabela se existir apenas

uma tarefa. Existe ainda um espaço para colocar observações. No final da folha de registo,

encontra-se uma escala de tipo Likert de cinco pontos, que permite ao avaliador, registar

a sua perceção global sobre o indivíduo, considerando a sua experiência, quanto ao grau

de funcionalidade oromotora da criança, antes da cotação formal na folha de registo.

O sistema de pontuação do PAOF-R é realizado através de uma escala de Likert

com a seguinte classificação: 1. Grave; 2. Moderado; 3. Ligeiro; 4. Discreto; 5. Normal.

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A pontuação máxima total do teste é de 265 (indicativo de normalidade), e as

parciais são de 180 na dimensão função, 75 na dimensão morfologia e de dez na dimensão

DDK.

Os itens estão organizados numa única folha de síntese de cotação, por secção e

pela mesma ordem de apresentação da folha de caracterização, facilitando o

preenchimento dos resultados da avaliação e a visão global das áreas fortes e fracas da

avaliação da MOF.

Os resultados da avaliação são traçados na folha de registo (Anexo II), permitindo

assim ao terapeuta da fala comparar o desempenho da criança entre todos os itens, e

monitorizar a sua evolução, quer ao nível da investigação como da prática clínica. Esta

forma de registo possibilita observar claramente o padrão de alteração da criança e,

proporciona ao avaliador retirar facilmente uma cópia dos resultados para incluir no seu

processo clínico.

2.4 Procedimentos

2.4.1 Procedimento para a recolha de dados

A aplicação do PAOF-R a 219 criança foi realizada pela autora do presente estudo

em colaboração com mais duas colegas da edição do mestrado, Ana Filipa Raimundo e

Helena Nobre, nos distritos de Leiria, Lisboa e Guarda.

Da amostra global e por critério de conveniência, foram selecionadas 12 crianças

do distrito de Leiria, três de cada grupo etário para serem filmadas aquando da aplicação

do PAOF-R.

Recorreu-se ao uso de filmagem para registar o momento de avaliação e posterior

observação. A criança encontrava-se sentada de frente para o avaliador e para a câmara

de filmar. Após uma pequena conversa introdutória de familiarização com a criança,

procedeu-se à recolha de dados. A aplicabilidade do teste teve em conta as instruções

descritas no início da folha de registo do PAOF-R, principalmente, em todos os itens de

função. O item de diadococinésia oral além de ser filmado, também foi gravado num

sistema áudio.

Após as avaliações das 12 crianças as imagens vídeo foram observadas, para

proceder a cortes desnecessários de imagem, de forma a obter-se uma sequência de

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imagem continua sem interferências, para facilitar a observação dos avaliadores, quer no

primeiro, quer no segundo momento de avaliação.

2.4.2 Procedimentos de análise do registo de avaliação

Para a análise dos registos de vídeo foram convidadas, duas terapeutas da fala. Foi

realizada uma reunião para se informar dos objetivos do presente estudo, onde lhes foi

transmitido que teriam de observar 12 gravações de vídeo de 12 crianças com idades

compreendidas entre os 6;00 e os 9;11 anos de idade, em dois momentos distintos, com

duas semanas de intervalo. Foi-lhes apresentada a folha de registo do PAOF-R, e

explicado que não teriam de avaliar o item força oclusão da dimensão ‘função’, uma vez

que a avaliação deste item requisita avaliar a tensão por palpação dos masséteres.

Após o primeiro momento de avaliação, decorreram duas semanas, sem existir

contacto das avaliadoras com as gravações de vídeo, até nova observação, análise e

registo dos parâmetros observados.

2.5 Análise de dados

Após a recolha de dados procedeu-se à sua análise. Foi criada uma base de dados

no software estatístico, “Stastistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão

24 para o Windows a fim de realizar o tratamento estatístico dos resultados obtidos no

PAOF-R. Para que a análise fosse feita de forma individualizada, a cada criança foi

atribuído um número. Os testes estatísticos utilizados foram aplicados com níveis de

significância p<0.05.

A análise descritiva deste estudo pretende obter informações sobre características

de determinado grupo e propiciar determinado conhecimento ao investigador46-47, pelo

registo, análise e interpretação dos factos ou acontecimentos48.

Para a análise da aplicabilidade do PAOF-R foi realizada a análise descritiva do

tempo de aplicação em segundos, no global dos dados (n=219) e de acordo com as faixas

etárias avaliadas.

A sensibilidade dos itens do protocolo foi avaliada através dos coeficientes de

assimetria e curtose para a amostra total (219 crianças). Estes coeficientes complementam

as medidas de posição e de dispersão de forma a proporcionar uma descrição e

compreensão mais completa das distribuições de frequências, que não diferem apenas

quanto ao valor médio e à variabilidade, mas também quanto à sua forma (assimetria e

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curtose)49. O grau de simetria (G) permite comparar as três medidas de tendência central:

a média, a mediana e a moda. A distribuição é simétrica quando a média, a moda e a

mediana são iguais (G = 0) e as observações estão concentradas nos valores centrais. É

assimétrica positiva ou enviesada à esquerda quando a média>mediana>moda (G > 0)

estando as observações concentradas nos valores mais baixos da variável, e é assimétrica

negativa ou enviesada à direita quando a média<mediana<moda (G < 0) caso em que as

observações estão concentradas nos valores mais elevados da variável. O grau de curtose

ou achatamento de uma distribuição (K), indica a intensidade das frequências na

vizinhança dos valores centrais, bem como a possibilidade de serem observados outliers

(valores extremos), isto é, observações com valores distantes das restantes observações,

podendo-se ter uma distribuição mesocúrtica (K = 0,263), uma distribuição platicúrtica

(K > 0.263) e uma distribuição leptocúrtica (K <0,263)50.

A fidedignidade da escala total e das dimensões (morfologia, função e DDK) foi

avaliada pela medida de consistência interna do alfa de Cronbach. Para comprovar os

resultados obtidos da consistência interna do PAOF-R na amostra de 219 indivíduos, foi

igualmente analisada a consistência interna na amostra de 12 indivíduos no primeiro e

segundo momento de avaliação. O alfa de Cronbach estima o quão uniformemente os

itens contribuem para a soma não ponderada do instrumento, variando numa escala de

zero a um. Tende a subavaliar a fidedignidade total de uma medida, estimando de forma

convencional a verdadeira fidedignidade51.

De um modo geral, os valores deste índice podem ser interpretados do seguinte

modo: abaixo de 0.5 apresenta uma fidedignidade inaceitável, entre 0.5 e abaixo de 0.6

apresenta uma fidedignidade pobre, entre 0.6 e abaixo 0.7 apresenta uma fidedignidade

questionável, entre 0.7 e abaixo 0.8 apresenta fidedignidade aceitável, entre 0.8 e 0.9

apresenta uma excelente fidedignidade52.

Para a análise da fidedignidade intra e inter-avaliadores foram determinados para

cada item o número de concordância, o coeficiente de kappa de Cohen (k), o coeficiente

de correlação intraclasse (CCI) e o índice de alfa de Cronbach nos dois momentos de

avaliação, comparando-se os valores obtidos no segundo momento, com os valores

iniciais. Na análise da fidedignidade inter-avaliadores, o número de concordâncias e o

coeficiente de kappa de Cohen foram determinados na comparação de dois a dois (A1

versus A2, A1 versus A3 e A2 versus A3) e o CCI e o alfa de Cronbach foram

determinados comparando as 3 avaliações (A1, A2 e A3), quer no primeiro momento,

quer no segundo momento de avaliação. Cohen51, desenvolveu o coeficiente de k como

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um coeficiente de concordância dos julgamentos de dois avaliadores para escalas

nominais, que permite verificar a proporção de acordo entre os avaliadores após ser

retirada a proporção de acordo devido ao acaso. O valor máximo do coeficiente de kappa

é um, que representa o acordo perfeito entre avaliadores, mas se estiver mais próximo do

valor zero, indica que o grau de acordo entre os avaliadores se deve ao acaso. O

coeficiente kappa pode ainda assumir valores negativos (até ao limite de -1), que indica

graus de acordo inferiores aos esperados pelo acaso. Não existe um valor objetivo

específico que permita considerar o valor de k como adequado, no entanto encontra-se na

literatura algumas sugestões que direcionam normalmente essa decisão. Para Fleiss53 se

o coeficiente de k for menor que 0.40 é pobre, se estiver entre os valores 0.40 e 0.75 é

satisfatório a bom, e se for maior que 0.75 é excelente.

O CCI é uma das ferramentas estatísticas mais utilizadas para a mensuração de

medidas54 e, é equivalente à estatística kappa55, sendo analisado como a proporção da

variabilidade total atribuída a uma medida54.

Foi utilizado o CCI misto de duas vias (que permite avaliar cada alvo pelo mesmo

conjunto de avaliadores independentes fixos) com o tipo de concordância absoluta (que

implica que os resultados sejam exatos na sua correspondência, isto é, absolutamente

concordantes)56. Os resultados do CCI variam entre -1 e 1, e segundo Fleiss55 podem ser

interpretados da seguinte forma: valores inferiores a 0.4 indica uma concordância pobre;

valores entre 0.40 e 0.75 indicam uma concordância satisfatória a boa; e valores

superiores a 0.75 indicam uma concordância excelente.

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III. RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados obtidos, tendo em

conta os objetivos traçados.

3.1 Caracterização da amostra

Tal como podemos observar na Tabela 1, os dados apresentados correspondem à

amostra total. Este estudo teve a participação total de 219 crianças, 110 do género

masculino e 109 do sexo feminino. 21 crianças estudam em escolas privadas e 198 em

escolas públicas.

A menor percentagem de crianças (21.9%) avaliadas pertence ao grupo etário dos

6;00 aos 6;11 anos de idade e, a maior percentagem de crianças avaliadas (28.8%)

pertence ao grupo etário dos 7;00 aos 7;11 de idade.

Tabela 1 - Caracterização da amostra das 219 crianças

Idade 6;0-6;11 7;0-7;11 8;0-8;11 9;0-9;11

Sexo

(Masculino|Feminino) M F M F M F M F

Frequência absoluta

(fi *)

22

(20%)

26

(23.9%)

34

(30.9%)

29

(26.6%)

27

(24.5%)

26

(23.9%)

27

(24.5%)

28

(25.7%)

Total absoluto (fi) 48 (21.9%) 63(28.8%) 53(24.2%) 55 (25.1%)

Escola

(Privado|Público) 15(31.3%)|33(68.8%) 1(1.6%)|62 (98.4%) 1(1.9%)|52 (98.1%) 4(7.3%)| 51 (92.7%)

*fi (frequência absoluta)

Na Tabela 2, os dados apresentados correspondem à amostra das 12 crianças, sete

do género masculino e cinco do sexo feminino, sendo que a menor percentagem de

crianças avaliadas pertence ao sexo feminino.

Tabela 2 - Caracterização da amostra das 12 crianças

Idade 6;0-6;11 7;0-7;11 8;0-8;11 9;0-9;11

Sexo

(Masculino|Feminino) M F M F M F M F

Frequência absoluta

(fi *)

2

(28,6%)

1

(20%)

2

(28,6%)

1

(20%)

2

(28,6%)

1

(20%)

1

(14.3%)

2

(40%)

Total absoluto (fi) 3 (25%) 3 (25%) 3 (25%) 3 (25%)

Escola

(Privado|Público) 1 (33.3%)|2(66.7%)| 1(33.3%)|2 (66.7%) 0 (0%)|3 (100%) 1 (33.3%)| 2 (66.7%)

*fi (frequência absoluta)

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O Quadro 2 mostra que a experiência profissional dos avaliadores do presente

estudo, varia entre os quatro e os sete anos. Todos têm pós-graduação na área de MOF,

mas só o A1 e o A3 realizam avaliações de MOF durante a sua prática clínica,

enquanto o A2 já não realiza avaliações de MOF há três anos. Ambos conhecem o

PAOF original e têm experiência na aplicação do mesmo, no entanto só o A1 conhece

o PAOF-R.

Quadro 2- Caracterização dos avaliadores

Avaliadores

A1 A2 A3

Formação / Escola

Licenciatura ESSA ESSA ESTSP

Pós-gradução ESSA ESSA ESSA

Mestrado ESSA Não ESSA

Experiência Profissional / anos 7 anos 7 anos 4 anos

População - alvo Crianças / Adultos Crianças Crianças

Experiência na avaliação de MOF Sim Não Sim

Experiência na aplicação do PAOF Sim Sim Sim

Conhecia o PAOF-R Sim Não Não

Avalia MOF há quantos meses / anos 7 anos 3 anos 4 anos

Experiência na avaliação de MOF através de vídeo Não Não Não

3.2 Aplicabilidade do PAOF-R

Como se pode observar na Tabela 3 o tempo de aplicação do PAOF-R (em

segundos) varia entre um mínimo de 4 a 35 minutos e em média, globalmente cerca de

15 minutos. O tempo de aplicação vai diminuindo, à medida que a idade das crianças

aumenta.

Tabela 3 - Tempo de aplicação do PAOF-R

Global 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos

N 219 48 63 53 55

Média ± Desvio padrão 14.9±6.7 15.5±6.2 14.8±6.2 14.7±5.5 14.3±7.7

Minímo|Máximo 4|35 7|35 6|32 6|35 4|35

Mediana 14 15 13 15 13

3.3 Sensibilidade

A sensibilidade dos itens do teste foi avaliada através dos coeficientes de

assimetria e curtose. As Tabelas 4, 5 e 6 apresentam os valores do mínimo, máximo,

média, desvio padrão, assimetria e curtose para os itens de acordo com as dimensões

(morfologia, função, DDK) do PAOF-R.

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Na Tabela 4 estão descritos os valores dos 15 itens da morfologia. Os itens perfil

frontal, lábio superior, mandíbula, implementação dentária inferior, oclusão dentária

vertical, oclusão dentária sagital, língua morfologia, língua freio e palato mole, variam

entre os valores um (grave) e o cinco (normal) e os itens perfil direito, perfil esquerdo,

lábio inferior, implementação dentária superior, oclusão dentária horizontal, palato duro,

variam entre os valores dois (moderado) e cinco (normal). Seis itens apresentam valores

absolutos de assimetria superiores a três e oito itens apresentam valores de curtose

superiores a cinco.

Tabela 4 - Análise descritiva dos itens da morfologia do PAOF-R

MORFOLOGIA

N Mín Máx Média Assimetria Curtose

Desvio

Padrão

Erro

Padrão

Erro

Padrão

Face Frontal 219 1 5 4.71 0.633 -2.631 0.164 8.230 0.327

Perfil Direito 219 2 5 4.86 0.519 -3.769 0.164 13.631 0.327

Perfil Esquerdo 219 2 5 4.86 0.515 -3.845 0.164 14.151 0.327

Lábio Superior 219 1 5 4.81 0.547 -3.637 0.164 15.783 0.327

Lábio Inferior 219 2 5 4.89 0.407 -4.134 0.164 19.015 0.327

Mandíbula 219 1 5 4.52 0.826 -1.620 0.164 1.831 0.327

Dentição_ Implementação

dentária superior 219 2 5 4.32 0.861 -0.842 0.164 -0.647 0.327

Dentição_ Implementação

dentária inferior 219 1 5 4.50 0.820 -1.667 0.164 2.510 0.327

Oclusão Dentária_ Plano

Vertical 219 1 5 4.05 1.093 -0.781 0.164 -0.461 0.327

Oclusão Dentária_ Plano

Horizontal 219 2 5 4.21 0.938 -0.826 0.164 -0.501 0.327

Oclusão Dentária_ Plano

Sagital 219 1 5 4.17 1.068 -1.026 0.164 0.039 0.327

Língua 219 1 5 4.89 0.421 -5.508 0.164 38.682 0.327

Língua_ Freio lingual 219 1 5 4.75 0.640 -2.801 0.164 8.264 0.327

Palato Duro 219 2 5 4.22 0.857 -0.625 0.164 -0886 0.327

Palato Mole 219 1 5 4.84 0.513 -4.131 0.164 20.687 0.327

Na Tabela 5 estão descritos os valores dos 34 itens da função do PAOF-R. Os

itens, lábios postura em repouso, protrusão labial, estiramento labial, retrusão labial,

lábios lateralização direita, lábios lateralização esquerda, lábios movimento alternado

protrusão/estiramento, lábios movimento alternado lateralização esquerda/direita, lábios

protrusão/retrusão, força de encerramento labial, mandíbula projeção, mandíbula

retração, mandíbula lateralização direita, mandíbula lateralização esquerda, mandíbula

movimento alternado projeção/retrrusão, mandíbula movimento alternado lateralização

direita e esquerda, mandíbula oclusão cêntrica, língua postura em repouso, língua

protrusão, língua retração, língua supraversão, língua infraversão, língua lateralizaçã

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direita, língua lateralização esquerda, língua movimento alternado projeção/retrusão,

língua movimento alternado supraversão/infraversão, variam entre os valores um (grave)

e o cinco (normal); os itens expressão facial fala, mandíbula postura em repouso,

mandibula depressão, mandíbula elevação, variam entre os valores dois (moderado) e

cinco (normal) e o item expressão facial em repouso, varia entre os valores três (ligeiro)

e cinco (normal). Quatro itens apresentam valores absolutos de assimetria superiores a

três e sete itens apresentam valores de curtose superiores a cinco.

Tabela 5 - Análise descritiva dos itens da função

FUNÇÃO

N Mín Máx Média Assimetria Curtose

Desvio

Padrão

Erro

Padrão

Erro

Padrão

Expressão Facial Repouso 219 3 5 4.89 0.384 -3.570 0.164 12.682 0.327

Expressão Facial Fala 219 2 5 4.76 0.636 -2.661 0.164 6.242 0.327

Lábios - Postura Repouso 219 1 5 4.51 0.935 -1.921 0.164 2.889 0.327

Protrusão Labial 219 1 5 4.58 0.833 -1.961 0.164 3.015 0.327

Estiramento Labial 219 1 5 4.74 0.693 -3.102 0.164 10.360 0.327

Retrusão Labial 219 1 5 4.70 0.755 -2.606 0.164 6.197 0.327

Lábio - Lateralização Direita 219 1 5 3.56 1.574 -0.494 0,164 -1.369 0.327

Lábios - Lateralização Esquerda 219 1 5 3.63 1.599 -0.596 0.164 -1.320 0.327

Lábios - MA_ Protrusão/Estiramento 219 1 5 3.88 1.123 -0.646 0.164 -0.608 0.327

Lábio - MA_ Lateralização esq/dta 219 1 5 3.01 1.559 0.073 0.164 -1.510 0.327

Lábios - Protrusão/Retrusão 219 1 5 3.69 1.201 -0.305 0.164 -1.291 0.327

Força Encerramento Labial 219 1 5 4.75 0.638 -3.374 0.164 13.435 0.327

Mandíbula - Postura em repouso 219 2 5 4,56 0.795 -1.639 0.164 1.488 0.327

Mandíbula - Depressão 219 2 5 4.41 0.974 -1.443 0.164 0.713 0.327

Mandíbula - Elevação 219 2 5 4.36 0.963 -1.202 0.164 0.087 0.327

Mandíbula - Projeção 219 1 5 4.12 1.335 -1.240 0.165 0.105 0.328

Mandíbula - Retrusão 219 1 5 4.68 0.878 -2.848 0.164 7.432 0.327

Mandíbula - Lateralização direita 219 1 5 4.21 1.285 -1.465 0.164 0.803 0.327

Mandíbula - Lateralização esquerda 219 1 5 4.28 1.234 -1.594 0.164 1.232 0.327

Mandíbula – MA

Depressão/Elevação 219 1 5 4,26 1.102 -1.206 0.164 -0.019 0.327

Mandíbula - MA Protrusão/Retrusão 219 1 5 3.83 1.379 -0.719 0.164 -0.991 0.327

Mandíbula - MA - Lateralização

esq/dta 219 1 5 3.90 1.403 -0,905 0.164 -0.650 0.327

Mandíbula_ Oclusão Cêntrica 219 1 5 3.97 1.198 -0.859 0.164 -0.416 0.327

Língua - Postura em Repouso 219 1 5 4.85 0.516 -4.248 0.164 21.117 0.327

Língua - Protrusão 219 1 5 4.66 0.799 -2.511 0.164 5.922 0.327

Língua- Retrusão 219 1 5 4.26 1.135 -1.392 0.164 0.799 0.327

Língua - Supraversão 219 1 5 4.11 1.197 -0.997 0.164 -0.332 0.327

Língua - Infraversão 219 1 5 4.22 1.177 -1.210 0.164 0.120 0.327

Língua - Lateralização direita 219 1 5 4.53 0.949 -1.966 0.164 2.861 0.327

Língua - Lateralização esquerda 219 1 5 4.55 0.909 -1.862 0.164 2.257 0.327

Língua - MA - Projeção/Retrusão 219 1 5 3.82 1.230 -0.506 0.164 -1.221 0.327

Língua - MA - Supraversão

/Inversão 219 1 5 3.57 1.440 -0.427 0.164 -1.340 0.327

Língua - MA - Lateralização dta/esq 219 1 5 4.25 1.082 -1.172 0.164 0.061 0.327

Língua - Força de Sucção 219 1 5 3.32 1.410 0.170 0.164 -1.746 0.327 Movimento Alternado (MA)

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Na Tabela 6 estão descritos os valores dos dois itens da DDK. O item /pa/ varia

entre os valores dois (moderado) e cinco (normal), com valor absoluto de assimetria -

1.789 e valor de curtose 2.496, e o item /pá-tá-ká/ varia entre os valores um (grave) e

cinco (normal) com valor absoluto de assimetria -0.896 e valor de curtose -0.109.

Tabela 6 - Análise descritiva dos itens do domínio da DDK

N Mín Máx Média Assimetria Curtose

Desvio

Padrão

Erro

Padrão Erro Padrão

pa 219 2 5 4.67 0.616 -1.789 0.164 2.496 0.327

pataka 219 1 5 3.89 1.240 -0.896 0.164 -0.109 0.327

3.4 Fidedignidade do PAOF-R

3.4.1 Consistência Interna dos itens do PAOF – R para a amostra das 219

crianças

Foi encontrado um alfa de Cronbach de 0.93 para o total, 0.79 para a dimensão

‘morfologia’, 0.94 para a dimensão ‘função’ e 0.55 para a dimensão ‘DDK’.

3.4.2 Consistência interna dos itens do PAOF-R para a amostra das 12 crianças

no primeiro e segundo momento de avaliação

A análise da Tabela 7 permite-nos constatar que para o avaliador um (A1) quer

no primeiro e segundo momentos de avaliação, todos os valores de alfa de Cronbach são

superiores a 0.89, apresentando assim boa consistência interna, quer no total do PAOF-

R, quer em cada uma das suas dimensões (morfologia, função, DDK). Para o avaliador

dois (A2) e para o avaliador três (A3) os valores de alfa de Cronbach não são tão elevados,

sendo que o único valor de alfa de Cronbach inferior a 0.7 é na dimensão “morfologia”

do A3.

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Tabela 7 - Análise da consistência interna dos itens do PAOF-R para a amostra das 12

crianças no primeiro e segundo momento de avaliação.

Avaliador

1ºmomento / 2º

momento

Domínios

dos itens

A1

A2

B1

B2

C1

C2

Morfologia 0.893 0.894 0.775 0.883 0.640 0.579

Função 0.992 0.915 0.819 0.845 0.855 0.863

DDKa 0.892 0.906 0.970 0.974 0.764 0.818

Total 0.927 0.924 0.803 0.860 0.833 0.845

Nota: A1 = consistência interna dos itens do avaliador 1 no 1º momento de avaliação; A2 = consistência

interna dos itens do avaliador 1 no 2º momento de avaliação; B1= consistência interna dos itens do avaliador

2 no 1º momento de avaliação; B2 = consistência interna dos itens do avaliador 2 no 2º momento de

avaliação; C1 = consistência interna dos itens do avaliador 3 no 1º momento de avaliação; C2 = consistência

interna dos itens do avaliador 3 no 2º momento de avaliação

3.4.3 Fidedignidade intra-avaliadores

Na Tabela 8 pode-se observar que em 33 itens a concordância foi total para o

avaliador A1. O avaliador A1 classificou as 12 crianças com a mesma classificação nos

dois momentos de avaliação. Em 13 itens houve unicamente uma criança com

classificação distinta nos dois momentos de avaliação e em seis itens observou-se duas

classificações distintas. Deste modo, em todos os itens há pelo menos a mesma

concordância em 10 das 12 crianças avaliadas.

Estes resultados traduzem -se em 31 itens com o coeficiente de k superior a 0.9;

19 itens com k compreendido entre 0.75 e 0.9 e unicamente um item com k entre 0.5 e

0.75 (Função Protrusão Labial, com k = 0.718).

Na análise do CCI em 43 itens o valor é superior a 0.9; em seis itens o valor está

compreendido entre 0.75 e 0.9, em um item o valor está compreendido entre 0.5 e 0.75

(Diadococinésia oral /pa/ com CCI = 0.6) e unicamente em um item com o valor é inferior

a 0.5 (Função Expressão Facial em Repouso, CCI = 0.488).

A análise utilizando o índice alfa de Cronbach é análoga, pois em 46 itens o valor

é superior a 0.9, em quatro itens o valor está compreendido entre 0.75 e 0.9 (Função

Expressão Facial em Repouso com alfa igual a 0.656) e, unicamente em um item o valor

está compreendido entre 0.5 e 0.75.

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A mesma análise foi feita para o A2 e A3, mas os resultados (consultar tabela 9

no Apêndice IV), não são tão satisfatórios. Se no A1 a média de classificações

concordantes observadas nos 52 itens foi de 11.5 aproximadamente, no A3 esta média foi

ligeiramente inferior (10.9 aproximadamente), mas no A2 foi significativamente inferior

(8.1 aproximadamente).

Relativamente ao índice kappa, o A2 apresenta um item com k > 0.9; 6 itens com

k compreendido entre 0.75 e 0.9, 20 itens com k compreendido entre 0.5 e 0.75 e 25 itens

com k < 0.5 e o A3 apresenta 20 itens com k > 0.9; 9 itens com k compreendido entre 0.75

e 0.9, 11 itens com k compreendido entre 0.5 e 0.7 e sete itens com k < 0.5. Em relação

aos resultados do CCI, o A2 apresenta em 5 itens um valor de CCI superior a 0.9, em 21

itens um valor de CCI compreendido entre 0.75 e 0.9, em 18 itens valores entre 0.5 e 0.75

e em oito itens um valor de CCI inferior a 0.5, e o A3 em 36 itens um valor de CCI

superior a 0.9, em oito itens um valor de CCI compreendido entre 0.75 e 0.9, em 2 itens

compreendidos entre 0.5 e 0.75 e em um item um valor de CCI inferior a 0.5. Por fim,

relativamente aos resultados do alfa de Cronbach, o A2 mostra em 12 itens um valor de

alfa superior a 0.9, em 27 itens um valor compreendido entre 0.75 e 0.9, em 11 itens

valores entre 0.5 e 0.75 e em dois itens um valor de alfa inferior a 0.5; e o A3 em 43 itens

o índice alfa assume um valor superior a 0.9, em dois itens um valor compreendido entre

0.75 e 0.9 e em dois itens valores compreendidos entre 0.5 e 0.75.

Existem valores do coeficiente de kappa, CCI e alfa de Cronbach, que não estão

apresentados na Tabela 8, porque não é possível determinar o seu valor, uma vez que

todas as crianças são classificadas com o mesmo valor nesses itens, pelo mesmo

avaliador.

Tabela 8 – Análise da fidedignidade intra-avaliador do avaliador A1

concordância Kappa CCI

Alfa de

Cronbach

Função Expressão Facial Repouso 11 0.810 0.488 0.656

Função Expressão Facial Fala 12 1 1 1

Morfologia Tipo Facial Frontal 11 0.840 0.908 0.952

Morfologia Tipo Facial Perfil Direito 11 0.750 0.766 0.867

Morfologia Tipo Facial Perfil Esquerdo 11 0.750 0.766 0.867

Morfologia Lábio Superior 12 1 1 1

Morfologia Lábio Inferior 12 1 0.766 0.867

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Tabela 8 (cont.) – Análise da fidedignidade intra-avaliador do avaliador A1

Função Lábio Postura em Repouso 12 1 1 1

Função Protrusão Labial 10 0.718 0.905 0.955

Função Estiramento Labial 10 0.755 0.938 0.965

Função Retrusão Labial 12 1 0.854 0.921

Função Lábios Lateralização Direita 12 1 1 1

Função Lábios Lateralização Esquerda 12 1 1 1

Função Lábios MA Protrusão/Estiramento 11 0.876 0.965 0.982

Função Lábios MA Lateralização Dta/Esq 12 1 1 1

Função Lábios MA Protrusão/Retrusão 12 1 1 1

Função Força de Encerramento Labial 12 1 1 1

Morfologia Mandíbula 10 0.758 0.923 0.956

Função Mandíbula em Repouso 10 0.758 0.923 0.956

Função Mandíbula em Depressão 11 0.876 0.959 0.979

Função Mandíbula em Elevação 12 1 1 1

Função Mandíbula em Projeção 12 1 1 1

Função Mandíbula em Retrusão 12 1 1 1

Função Mandíbula Lateralização Direita 12 1 1 1

Função Mandíbula Lateralização Esquerda 12 1 1 1

Função Mandíbula MA Depressão/Elevação 11 0.840 0.908 0.952

Função Mandíbula MA Projeção/Retração 12 1 1 1

Função Mandíbula MA Lateralização

Direita/Esquerda

11 0.881 0.968 0.984

Função Mandíbula Força de Oclusão Centrica - - - -

Morfologia da Dentição Implementação Dentária

Superior

12 1 0.955 1

Morfologia da Dentição Implementação Dentária

Inferior

11 0.882 1 0.977

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano Vertical 12 1 1 1

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Transversal

12 1 1 1

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano Sagital 12 1 1 1

Morfologia da Língua 12 1 1 1

Função da Língua em Repouso 12 1 1 1

Morfologia do Freio Lingual 12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Protrusão 12 1 0.897 1

Função da Língua no movimento de Retrusão 11 0.875 0.929 0.946

Função da Língua no movimento de Supraversão 10 0.878 0.935 0.967

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Tabela 8 (cont.) – Análise da fidedignidade intra-avaliador do avaliador A1

Função da Língua no movimento de Infraversão 11 0.871 1 0.969

Função da Língua no movimento de Lateralização

Direita

12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Lateralização

Esquerda

12 1 0.923 1

Função da Língua no MA Protrusão/Retração 11 0.833 0.847 0.960

Função da Língua no MA Supraversão/Infraversão 10 0.739 0.963 0.924

Função da Língua no MA Lateralização

Direita/Esquerda

11 0.881 1 0.981

Função da Língua Força de Sução 12 1 1 1

Morfologia do Palato Duro 12 1 1 1

Morfologia do Palato Mole 12 x 1 1

Função do Palato Mole em Repouso 12 x 0 -

Função do Palato Mole 12 1 1 1

Diadococinésia Oral /pa/ 12 0.852 0.600 0.750

Diadococinésia Oral /pataka/ 12 1 1 1

x – Não é possível apresentar valor, porque todos as crianças são classificadas com o mesmo valor nestes itens, pelo mesmo avaliador.

3.4.4 Fidedignidade inter-avaliadores

Na Tabela 9 e na Tabela 10, observa-se que em termos de concordância quer no

primeiro momento, quer no segundo momento, os resultados não são satisfatórios,

demonstrando uma grande variabilidade nas classificações atribuídas pelos três

avaliadores no mesmo item.

Existe uma média próxima de cinco concordâncias em cada item. A estatística

kappa na grande maioria dos valores assume valores inferiores a 0.5; e o CCI e o alfa,

que inclui num único índice os três avaliadores apresentam igualmente valores na sua

maioria inferiores a 0.5 (48 e 49 itens na comparação A1 versus A2, 44 e 49 itens na

comparação A1 e A3 e 46 e 49 na comparação A2 versus A3). Na comparação conjunta

das classificações atribuídas pelos três avaliadores, os valores do CCI assumem na sua

maioria valores inferiores a 0.5 (36 e 38 itens) e o índice de alfa de Cronbach apresenta

34 e 36 valores inferiores a 0.75 (sendo 22 e 20 desses valores inferiores a 0.5).

Existem valores do coeficiente de kappa, CCI e alfa de Cronbach, que não estão

apresentados nas Tabelas 9 e 10, porque não é possível determinar o seu valor, uma vez

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que todas as crianças são classificadas com o mesmo valor nesses itens, pelo mesmo

avaliador.

Tabela 9 - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 1º momento

A1versusA2 A1versusA3 A2versusA3 A1, A2, A3

NC KAPP

A

NC KAPP

A

NC KAPPA CCI Alfa de

Cronbac

h

Função Expressão Facial Repouso 5 0.152 10 0.566 5 0.056 0.269 0.679

Função Expressão Facial Fala 5 0.152 9 0.250 5 0.153 0.188 0.562

Morfologia Tipo Facial Frontal 6 0.273 6 0.014 5 0.176 0.255 0.549

Morfologia Tipo Facial Perfil Direito 3 -0.029 8 0.158 2 -0.111 0.060 0.211

Morfologia Tipo Facial Perfil Esquerdo 3 -0.029 8 0.158 2 -0.111 0.060 0.211

Morfologia Lábio Superior 8 0.360 9 0.455 7 0.268 0.571 0.793

Morfologia Lábio Inferior 8 0.143 9 0.333 7 0.122 0.545 0.787

Função Lábio Postura em Repouso 9 0.514 7 0.178 8 0.422 0.841 0.943

Função Protrusão Labial 7 0.326 9 0.571 7 0.118 0.662 0.850

Função Estiramento Labial 3 -0.009 3 -0.149 7 0.032 0.008 0.027

Função Retração Labial 7 0.231 7 0.318 4 -0,129 0.410 0.677

Função Lábios Lateralização Direita 5 0.236 6 0.385 5 0.288 0.858 0.950

Função Lábios Lateralização Esquerda 6 0.333 3 0.053 6 0.379 0.763 0.926

Função Lábios MA Protrusão/Estiramento 3 0.077 3 0.150 4 0.207 0.610 0.877

Função Lábios MA Lateralização Dta/Esq 8 0.461 7 0.333 9 0.617 0.843 0.946

Função Lábios MA Protrusão/Retrusão 5 0.229 5 0.222 2 -0.026 0.707 0.907

Função Força de Encerramento Labial 9 -0.091 10 x 11 x -0.034 -0.112

Morfologia Mandíbula 5 0.250 5 0.056 9 -0.091 0.509 0.777

Função Mandíbula em Repouso 5 0.143 4 -0.067 6 0.200 0.458 0.759

Função Mandíbula em Depressão 6 0.345 2 0.040 5 0.045 0.060 0.235

Função Mandíbula em Elevação 4 0.150 3 0.182 5 0.129 0.115 0.410

Função Mandíbula em Projeção 5 0.345 7 0.400 7 0.434 0.788 0.931

Função Mandíbula em Retrusão 6 0.273 6 0.056 5 -0.500 0.120 0.305

Função Mandíbula Lateralização Direita 4 0.172 5 0.357 3 0.069 0.712 0.890

Função Mandíbula Lateralização Esquerda 6 0.365 4 0.186 5 0.243 0.644 0.847

Função Mandíbula MA Depressão/Elevação 2 -0.132 2 0.111 3 0.009 0.091 0.457

Função Mandíbula MA Projeção/Retração 6 0.276 3 0.163 3 0.172 0.700 0.900

Função Mandíbula MA Lateralização Dta/Esq 4 0.119 3 0.077 2 0.008 0.597 0.865

Função Mandíbula Força de Oclusão Centrica - - - - - - - -

Morfologia da Dentição Implementação

Dentária Superior

5 0.152 5 0.215 4 0.150 0.261 0.651

Morfologia da Dentição Implementação

Dentária Inferior

3 -0.009 4 0.111 2 0,026 -0.112 -0.833

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Vertical

2 -0,188 2 -0.111 2 0.016 -0.005 -0.160

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Transversal

6 0.250 1 -0.039 1 -0.031 0.255 0.505

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Sagital

3 0.061 5 0.116 3 0.129 0.384 0.683

Morfologia da Língua 8 0.127 10 -0.091 8 0.127 0.207 0.496

Função da Língua em Repouso 4 0.020 10 0.429 3 -0.059 0.085 0.352

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Tabela 9 (cont.) - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 1º momento

Morfologia do Freio Lingual 6 0.234 6 0.027 7 0.091 0.423 0.751

Função da Língua - movimento de Protrusão 5 0.192 3 0.018 6 0.053 0.177 0.464

Função da Língua - movimento de Retrusão 1 -0.034 4 0.158 1 -0.211 0.143 -0.572

Função da Língua - Supraversão 6 0.374 3 0.100 5 0.184 0.339 0.587

Função da Língua - Infraversão 2 0.016 1 -0.015 3 0.000 0.105 0.256

Função da Língua - Lateralização Direita 7 0.310 6 x 9 x 0.241 0.540

Função da Língua - Lateralização Esquerda 7 0.385 7 x 9 x 0.267 0.566

Função da Língua MA Protrusão/Retrusão 5 0.160 0 -0.263 3 0.009 0.085 0.274

Função da Língua MA Supraversão/Infraversão 4 0.040 0 -0.108 5 0.215 0.202 0.669

Função da Língua no MA Lateralização Dta/Esq 4 0.127 1 x 6 x 0.016 0.108

Função da Língua Força de Sução 7 0.130 2 -0.071 2 -0.154 0.211 0.627

Morfologia do Palato Duro 3 0.156 2 0.070 7 -0.111 0.040 0.142

Morfologia do Palato Mole 6 x 11 x 6 0.077 0.022 0.079

Função do Palato Mole em Repouso 6 x 12 x 6 x 0.000 0.000

Função do Palato Mole 1 -0.347 2 0.016 4 0.127 0.156 0.467

Diadococinésia Oral /pa/ 5 0.097 5 0.200 7 0.130 0.074 0.225

Diadococinésia Oral /pataka/ 8 0.568 3 0.122 1 -0.031 0.646 0.920

Tabela 100 - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 2º momento

A1versusA2 A1versusA3 A2versusA3 A1, A2,A3

NC KAPPA NC KAPPA NC KAPPA CCI Alfa de

Cronbach

Função Expressão Facial Repouso 4 -0.021 9 0.321 5 0.157 0.358 0.455

Função Expressão Facial Fala 2 -0.143 10 0.429 3 0.098 0.245 0.417

Morfologia Tipo Facial Frontal 5 0.143 7 -0.071 4 0.115 0.280 0.327

Morfologia Tipo Facial Perfil Dto 3 0 10 0.429 4 0.222 0.462 0.617

Morfologia Tipo Facial Perfil Esq 3 0 10 0.429 4 0.222 0.462 0.617

Morfologia Lábio Superior 9 0.514 8 0.294 7 0.641 0.843 0.842

Morfologia Lábio Inferior 9 0.345 9 0.333 9 0.736 0.893 0.903

Função Lábio Postura em Repouso 8 0.415 7 0.178 6 0.700 0.875 0.886

Função Protrusão Labial 10 0.711 9 0.526 9 0.862 0.949 0.946

Função Estiramento Labial 3 -0.038 6 0.258 8 0.033 0.092 0.102

Função Retrusão Labial 7 0.231 8 0.473 7 0.325 0.590 0.595

Função Lábios Lateralização Dta 5 0.263 5 0.270 3 0.816 0.930 0.938

Função Lábios Lateralização Esq 7 0.429 4 0.103 3 0.735 0.893 0.913

Função Lábios MA Protrusão/Estiramento 1 -0.011 3 0.115 2 0.489 0.742 0.782

Função Lábios MA Lateralização dta/esq 6 0.273 7 0.333 7 0.785 0.916 0.928

Função Lábios MA Protrusão/Retrusão 4 0,135 4 0.111 3 0.692 0.871 0.903

Função Força de Encerramento Labial 6 -0.029 10 x 7 0.267 0.522 0.554

Morfologia Mandíbula 7 0.375 6 0.111 4 0.443 0.705 0.733

Função Mandíbula em Repouso 6 0.280 5 0.012 4 0.392 0.659 0.681

Função Mandíbula em Depressão 4 0.119 3 0.150 3 0.170 0.381 0.556

Função Mandíbula em Elevação 4 0.143 4 0.256 3 0.114 0.278 0.392

Função Mandíbula em Projeção 6 0.333 7 0.400 7 0.787 0.917 0.929

Função Mandíbula em Retrusão 5 0.106 5 0.067 6 0.029 0.081 0.084

Função Mandíbula Lateralização dta 4 0.207 6 0.357 3 0.602 0.819 0.830

Função Mandíbula Lateralização esq 4 0.213 4 0.186 3 0.541 0.780 0.782

Função Mandíbula MA Depressão/Elevação 1 0.189 2 0.118 3 0.107 0.265 0.509

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Tabela 11 (cont.) - Análise da fidedignidade inter-avaliador / 2º momento

Função Mandíbula MA Projeção/Retrusão 2 0 3 0.163 4 0.724 0.887 0.908

Função Mandíbula MA Lateralização dta/esq 2 0.062 4 0.179 3 0.563 0.794 0.831

Função Mandíbula Força de Oclusão

Centrica

- - - - - - - -

Morfologia da Dentição Implementação

Dentária Superior

4 0.059 3 0.053 3 0.252 0.502 0.719

Morfologia da Dentição Implementação

Dentária Inferior

2 -0.091 4 0.000 3 -0.031 -

0.400

-0.076

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Vertical

4 0.010 2 0.008 3 0.033 0.092 0.132

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Transversal

4 0.040 2 0.055 0 0.231 0.475 0.510

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Sagital

5 0.176 5 0.160 3 0.363 0.631 0.654

Morfologia da Língua 9 0.182 10 -0.091 9 0.280 0.538 0.569

Função da Língua em Repouso 6 0.065 10 0.429 5 0.198 0.425 0.534

Morfologia do Freio Lingual 6 0.191 6 0.027 7 0.194 0.420 0.458

Função da Língua no movimento de

Protrusão

3 -0.009 4 0.018 11 0.108 0.265 0.340

Função da Língua no movimento de

Retrusão

2 -0.111 5 0,243 3 -0.076 -

0.269

-0.273

Função da Língua no movimento de

Supraversão

5 0.215 4 0.172 5 0.394 0.662 0.655

Função da Língua no movimento de

Infraversão

3 0,085 2 0.048 4 0.194 0.419 0.415

Função da Língua no movimento de

Lateralização Direita

6 0.226 6 0.000 6 0.103 0.255 0.329

Função da Língua no movimento de

Lateralização Esquerda

6 0.172 7 0.000 6 0.074 0.193 0.248

Função da Língua no movimento alternado

Protrusão/Retração

5 0.077 0 -0.252 2 0.075 0.195 0.241

Função da Língua no MA

Supraversão/Infraversão

5 0.208 0 -0.108 3 0.257 0.509 0.757

Função da Língua no MA Lateralização

Direita/Esquerda

4 0.077 1 0.000 5 0.082 0.211 0.423

Função da Língua Força de Sução 8 0.304 2 -0.081 3 0.105 0.261 0.356

Morfologia do Palato Duro 3 0.156 2 0.070 7 0.040 0.111 0.142

Morfologia do Palato Mole 11 0.000 11 0.000 10 -0.044 0.144 -0.137

Função do Palato Mole em Repouso 11 0.000 12 x 11 0.000 0.000 0.000

Função do Palato Mole 3 -0.029 3 0.061 6 0.239 0.455 0.677

Diadococinésia Oral /pa/ 4 0.000 6 0.250 10 0.214 0.450 0.589

Diadococinésia Oral /pataka/ 8 0.571 4 0.207 3 0.671 0.860 0.904

x – Não é possível apresentar valor, porque todos as crianças são classificadas com o mesmo valor nestes itens, pelo mesmo avaliador.

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IV. Discussão

O presente estudo pretendeu verificar a aplicabilidade, sensibilidade e

fidedignidade do protocolo de avaliação da motricidade orofacial – revisto (PAOF-R).

O tempo de aplicação do PAOF-R para a amostra de 219 crianças, varia entre os

14.3 minutos e os 15.5 minutos. O tempo de aplicação é menor nas crianças do grupo

etário dos 9;00 aos 9;11 anos de idade, comparativamente com as crianças do grupo etário

dos 6;00 aos 6;11 anos de idade. Possivelmente, isto acontece porque as crianças com o

avançar da idade, apresentam um aumento da atenção, da concentração, de maturidade,

de cooperação e de desempenho, assim como uma melhor maturação oromotora.

Relativamente aos testes encontrados na literatura, o NOT-S29 demora entre cinco a 13

minutos a aplicar e o OMSE-330, demora entre cinco a dez minutos. O PAOF-R apesar

de demorar mais tempo a aplicar, apresenta uma diferença de 2.5 minutos em relação ao

tempo de aplicação do NOT-S e de 5.5 minutos em relação ao tempo de aplicação do

OMSE-3, demonstrado que é um teste de rápida aplicabilidade, uma vez que apresenta

53 itens.

Relativamente à sensibilidade psicométrica dos itens das dimensões ‘morfologia’,

‘função’ e ‘diacocinésia’ do PAOF-R. Nos itens da dimensão ‘morfologia’ e da dimensão

‘função’, os valores dos coeficientes de assimetria mostram que as curva de frequências

são todas assimétricas negativas (menos acentuadas), concentrando a maioria dos valores

todos à direita, entre os valores mais elevados da escala, (em que o valor quatro

corresponde a uma alteração discreta e o valor cinco à normalidade), fazendo com que os

valores da média nestes casos tendam a ser mais elevados. Os valores da curtose mostram

que a maioria das curvas são leptocúrticas, ou seja, que existem pelo menos alguns valores

que se encontram longe da média (outliers). Os itens com valores de curtose mais elevado

indicam que a quase totalidade das respostas estão concentradas no valor máximo da

escala (cinco), obtendo-se assim uma média muito elevada, mas havendo também pelo

menos uma observação com o valor mínimo da escala (um). Os itens cujo coeficiente de

curtose assume um valor negativo correspondem a itens com uma média mais baixa (na

sua maioria com média inferior a quatro) o que indica que os valores observados estão

mais distribuídos por todos os valores da escala, não havendo assim outliers (observações

isoladas, distantes das restantes). Estes itens correspondem igualmente aos que observam

maior valor no coeficiente de assimetria (valores próximos de zero) pois não há, nestes

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casos, uma concentração nos valores mais elevados da escala utilizada. A amostra do

estudo é apenas constituída por crianças ‘normais’, sem alterações morfológicas graves e

funcionais. Portanto a grande maioria dos valores, encontram-se concentrados no valor

máximo da escala (cinco), que corresponde à normalidade.

Na dimensão ‘DDK’ os valores da assimetria e curtose são mais baixos,

comparativamente com as dimensões ‘morfologia’ e ‘função’. No item /pa/ os valores de

simetria mostram que a curva é assimétrica negativa, concentrando as observações nos

valores mais elevados da escala, tendo uma média elevada (4.67), quanto à curtose por

serem observados alguns valores distantes da média, a curva é leptocúrtica. No item /pá-

tá-ká/, o valor de simetria mostra que quando os valores do coeficiente de assimetria estão

mais próximos do valor zero a distribuição tende a ser quase simétrica (isto porque as

observações estão mais dispersas pelos diferentes valores da escala), pelo que o valor

médio da medida estará mais próximo do valor do centro da escala (próxima do valor três

que corresponde a uma alteração ligeira). Neste caso o valor de curtose é negativo, o que

indica ausência de observações isoladas (outliers), sendo a curva platicúrtica. A tarefa

motora nesta dimensão, consiste na capacidade de executar repetições rápidas de

sequências silábicas57, formadas através da associação do fonema /a/, a fonemas oclusivos

desvozeados, marcado pelo forte encerramento e expulsão de ar, em /pa, /ta/, /ka/ e na

combinação destas três sílabas em /pataka/58, sendo por isso muito exigente em termos de

desenvolvimento motor, mesmo em crianças ‘normais’, obtendo-se assim valores mais

baixos nesta dimensão.

Esta análise mostra que quer os valores da média, quer os valores de assimetria

e quer os valores de curtose, situam a maioria das observações entre os valores quatro

(alteração discreta) e cinco (normal), e que a maioria das 219 crianças são classificadas

próximas da normalidade na maioria dos itens. Estes resultados eram espectáveis, pois

não temos ‘doentes’ na amostra, que nos permita verificar qual a sensibilidade do PAOF-

R para os identificar. Na literatura apenas o NOT-S29 refere uma sensibilidade de 0.96,

referindo que a maioria dos doentes do grupo experimental foram identificados, não

fazendo referência ao tipo de estatística utilizada.

Os resultados obtidos para a consistência interna da amostra das 219 crianças

permitem afirmar que o PAOF-R, apresenta uma boa consistência interna para o total das

dimensões, podendo confirmar-se com o valor de alfa de Cronbach (α=0.93). Quando

são consideradas as dimensões ‘morfologia’ (α=0.79) e função (α=0.94), a consistência

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interna mantêm-se elevada, tornando-se questionável para a dimensão ‘DDK’ (α=0.55).

A razão do valor questionável relativo à DDK prende-se possivelmente com o facto desta

dimensão ter apenas dois itens.

Estes resultados podem ainda ser comprovados pela análise de consistência

interna do PAOF-R realizada para a amostra das 12 crianças, nos dois momentos de

avaliação realizadas pelos três avaliadores. Podemos constatar que o PAOF-R mantém

bons resultados de consistência interna quer para o total das dimensões, quer para a

dimensão ‘função’, apresentando um alfa de Cronbach elevado (α=0.80). Na dimensão

‘morfologia’ também apresenta um alfa de Cronbach elevado (α=0.77), sendo que um

dos avaliadores (A3) nesta dimensão apresenta um alfa de Cronbach satisfatório (α=0.64)

no primeiro momento e um alfa de Cronbach insatisfatório no segundo momento

(α=0.57). Relativamente à dimensão ‘DDK’, esta revelou melhores níveis de

fidedignidade inter-itens (α=0.76), comparativamente com a consistência interna

determinada na amostra de 219 crianças.

Segundo Martins59 quando são obtidos níveis de consistência interna, atinge-se

uma das propriedades psicométricas necessárias. Os testes encontrados na literatura

NOT-S29 e OMSE-330, não fazem referência a esta propriedade psicométrica.

Os resultados obtidos para a fidedignidade intra-avaliadores, do PAOF-R revelam

que para o avaliador A1 existe uma concordância elevada (excelente) entre as avaliações

feitas nos dois momentos, o que mostra efetivamente que podem ser definidos critérios

para uma atribuição objetiva da classificação dos itens avaliados. A média de

classificações concordantes observadas por este avaliador, nos 52 itens foi de 11.5

aproximadamente, no avaliador A3 esta média foi ligeiramente inferior (10.9

aproximadamente), mas no avaliador A2 foi significativamente inferior (8.1

aproximadamente). Assim sendo apesar da avaliação intra-avaliador do A3 ter

apresentado resultados satisfatórios, a avaliação intra-avaliador A2 é claramente negativa.

Esta discrepância de análise intra-avaliadores poder-se-á atribuir ao facto de a

avaliação ter sido feita por vídeo, o que não é habitual, por parte dos três avaliadores, e

também à falta de prática clínica na área de MOF, do A2 nos últimos três anos colocando

assim em evidência que sem a devida preparação e treino, na realização de uma avaliação

através deste tipo de protocolos, os resultados podem ser enviesados.

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Na análise da fidedignidade inter-avaliadores, quer no primeiro momento, quer no

segundo momento de avaliação, os resultados não são satisfatórios, demonstrando uma

grande variabilidade nas classificações atribuídas pelos três avaliadores no mesmo item,

existindo apenas uma média próxima de cinco concordâncias em cada item. Deste modo,

todas as medidas indicam uma pobre fidedignidade inter-avaliadores.

A concordância inter-avaliador costuma ser menor que a intra-avaliador para a

avaliação da mesma amostra, porque inclui variabilidades inerentes a diferentes

avaliadores60. Este facto corrobora o citado na literatura sobre a necessidade de um

manual com a explicação dos critérios e treino de aplicação das provas percetivas como

é o caso do PAOF-R31-33.

Nos testes de rastreio encontrados na literatura, ambos referem que apresentam

uma fidedignidade satisfatória, mas não apresentam os resultados estastísticos. O NOT-

S29 apenas analisou a fidedignidade inter-avaliadores através do índice kappa e o OMSE-

330 analisou a fidedignidade intra e inter- avaliadores, mas não refere qual a estatística

utilizada.

Limitações de estudo

Não ter sido foi possível verificar a fidedignidade intra e inter-avaliadores, do item

Mandibula Força de Oclusão Centrica na dimensão ‘função’, uma vez que a sua avaliação

implica observar a tensão por palpação dos masséteres.

A dimensão da amostra ser constituída apenas por 12 crianças e três avaliadores,

poderá ter limitado os resultados da fidedignidade inter-avaliadores.

O avaliador A1, ser a autora do estudo, poderá ter contribuído para a disparidade

entre os resultados da fidedignidade intra-avaliadores, porque já conhecia e tinha aplicado

o PAOF-R.

Sugestões para o futuro

A realização de um novo estudo, com um maior número de avaliadores

especializados na área de MOF, para nova análise da propriedade psicométrica

fidedignidade inter-avaliadores.

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A elaboração de um manual de aplicação, com CD que permita ao avaliador

observar como se aplica o PAOF-R, evitando assim que os resultados sejam enviesados.

Considerando os resultados insatisfatórios da fidedignidade inter-avaliadores, é

aconselhável que em estudos futuros, antes da aplicação do PAO-R, seja feita uma

clarificação de como classificar os diferentes itens de forma a permitir definir critérios

objetivos e, deste modo, atingir as mesmas classificações por diferentes avaliadores.

Sendo a avaliação clinica em MOF fundamental no processo de diagnóstico de

terapia da fala, considera-se necessário, a realização de outros estudos que confirmem a

aplicabilidade, sensibilidade e fidedignidade do PAOF-R em amostras de população com

perturbações dos sons da fala (crianças “doentes”), assim como em outras faixas etárias,

adolescentes e adultos, de forma a testar a sua robustez e estabilidade.

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V. Conclusão

Conclui-se, através dos dados obtidos com este estudo que o PAOF-R é um

instrumento de rápida aplicabilidade, com boa consistência interna e fidedignidade intra-

avaliadores, apresentando potencialidade para ser usado como um instrumento de rastreio

na área da MOF.

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41. Maroco J. Análise estatística com utilização do SPSS. 3. ed. Lisboa: Edições Sílabo;

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42. Pereira J. Análise de dados qualitativos – Estratégias metodológicas para as ciências

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43. Guimarães I. Protocolo de avaliação Orofacial (PAOF). Lisboa: Edições Europraxis;

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44. Teixeira P. Protocolo de Avaliação Orofacial: Um contributo para a sua revisão e

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45. Raimundo F. Protocolo de avaliação motricidade orofacial: Revisão e características

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Terapia da Fala, na Área de Motricidade Oro Facial e Deglutição. Alcoitão: Escola

Superior de Saúde do Alcoitão; 2016.

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39

VII. Apêndices

Apêndice I – Pedido de autorização para a recolha de dados às Instituições

Nome do mestrando

Contato tlm e email

Ao Diretor da …..

Exmo Senhor (nome)

Lisboa, __________ de 2016

Assunto: Pedido de autorização para realização do estudo intitulado ‘XXXXX…..’ na Escola….

Exmo. Senhor

Venho por este meio solicitar a autorização para avaliar a motricidade oral e a fala de crianças

dos 5 aos 9 anos, alunos da Escola…, após consentimento informado positivo, por parte dos

pais, no âmbito do projeto de estudo intitulado “XXXXXXXXX”, para finalização do Mestrado

em Terapia da Fala na especialização em Motricidade Orofacial e Deglutição, na Escola

Superior de Saúde do Alcoitão/Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e sob a orientação da

Professora Doutora Isabel Guimarães.

Agradeço antecipadamente a atenção dispensada.

Com os meus melhores cumprimentos, _________________________________,

(nome)

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Apêndice II – Pedido de autorização aos pais - consentimento informado

FOLHA DE INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO INFORMADO

Título do estudo: “XXXXX”

CARO EDUCADOR,

No âmbito de um projecto de Mestrado em Terapia da Fala a decorrer na Escola Superior de

Saúde do Alcoitão (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) pretendo avaliar a funcionalidade oral

e a fala de crianças entre os 5 e os 9 anos. Neste sentido, se autorizar a participação do seu

filho, neste estudo, tem a vantagem de contribuir para o desenvolvimento de instrumentos de

medida que visam a melhoria dos cuidados de saúde prestados no âmbito da terapia da fala. A

participação do seu filho envolverá que o mesmo imite movimentos com a face (p. ex. para

verificar como mexe os lábios e a língua), coma um pedaço de pão (para analisar como mastiga)

e nomeie imagens para verificar como fala. As informações recolhidas são estritamente

confidenciais, sendo o acesso às mesmas restrita à orientadora e a mim, mestranda, e será

codificada e utilizada apenas neste estudo. A futura apresentação dos resultados do estudo

respeitará sempre a confidencialidade dos dados. Se tiver dúvidas poderá contactar a

orientadora do estudo, Professora Doutora Isabel Guimarães, ou a mestranda, Terapeuta da

Fala XXXXX através dos seguintes contactos: [email protected] ou XXXXX.

Agradeço desde já a sua colaboração.

(assinatura)

***************************************************************************** (Se autoriza a participação, por favor, recorte este pedaço da folha, assine e devolva)

CONSENTIMENTO INFORMADO Nº____/

Título do estudo: “XXXXX”

Declaro ter lido e compreendido a informação fornecida por escrito. Declaro que aceito e

autorizo a participação do meu filho e que os dados sejam utilizados para os objectivos descritos

no estudo. Sei que os dados serão tratados confidencialmente, omitindo o meu nome e do meu

filho e protegendo a nossa imagem.

Nome do participante (criança): … … … … … … … …... … … … … … …... … … … … … … … … … … … …

Assinatura (educador): … … … … … … … … …... … … … … ... … … … … … Data: …… /…… /……

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Apêndice III– Pedido de autorização específico aos pais das 12 crianças para

filmagem

FOLHA DE INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO INFORMADO

Título do estudo: “XXXXX”

CARO EDUCADOR,

No âmbito de um projeto de Mestrado em Terapia da Fala a decorrer na Escola Superior de

Saúde do Alcoitão (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) pretendo avaliar a funcionalidade oral

e a fala de crianças entre os 5 e os 9 anos. Neste sentido, se autorizar a participação do seu

filho, neste estudo, tem a vantagem de contribuir para o desenvolvimento de instrumentos de

medida que visam a melhoria dos cuidados de saúde prestados no âmbito da terapia da fala. A

participação do seu filho envolverá que o mesmo seja filmado, imite movimentos com a face (p.

ex. para verificar como mexe os lábios e a língua), coma um pedaço de pão (para analisar como

mastiga) e nomeie imagens para verificar como fala. As informações recolhidas são estritamente

confidenciais, sendo o acesso às mesmas restrita à orientadora e a mim, mestranda, e será

codificada e utilizada apenas neste estudo. A futura apresentação dos resultados do estudo

respeitará sempre a confidencialidade dos dados. Se tiver dúvidas poderá contactar a

orientadora do estudo, Professora Doutora Isabel Guimarães, ou a mestranda, Terapeuta da

Fala XXXXX através dos seguintes contactos: [email protected] ou XXXXX.

Agradeço desde já a sua colaboração.

(assinatura)

*****************************************************************************

(Se autoriza a participação/filmagem, por favor, recorte este pedaço da folha, assine e devolva)

CONSENTIMENTO INFORMADO Nº____/

Título do estudo: “XXXXX”

Declaro ter lido e compreendido a informação fornecida por escrito. Declaro que aceito e

autorizo a participação do meu filho e que os dados sejam utilizados para os objetivos descritos

no estudo. Sei que os dados serão tratados confidencialmente, omitindo o meu nome e do meu

filho e protegendo a nossa imagem.

Nome do participante (criança): … … … … … … … …... … … … … … …... … … … … … … … … … … … …

Assinatura (educador): … … … … … … … … …... … … … … ... … … … … … Data: …… /…… /……

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Apêndice IV – Análise da fidedignidade intra-avaliadores do avaliador 2 e do

avaliador 3

Tabela 12 – Análise da fidedignidade intra-avaliadores dos avaliadores A2 e A3

concordância Kappa CCI

Alfa de

Cronbach

Função Expressão Facial Repouso Avaliador 2 8 0.489 0.656 0.784

Avaliador 3 10 0.429 0.450 0.643

Função Expressão Facial Fala Avaliador 2 7 0.400 0.607 0.739

Avaliador 3 11 0.625 0.645 0.784

Morfologia Tipo Facial Frontal Avaliador 2 8 0.489 0.790 0.874

Avaliador 3 10 0.455 0.894 0.949

Morfologia Tipo Facial Perfil Direito Avaliador 2 8 0.529 0.686 0.802

Avaliador 3 11 0.765 0.948 0.973

Morfologia Tipo Facial Perfil Esquerdo Avaliador 2 8 0.529 0.686 0.802

Avaliador 3 10 0.765 0.948 0.973

Morfologia Lábio Superior Avaliador 2 9 0.571 0.842 0.910

Avaliador 3 10 0.541 0.911 0.950

Morfologia Lábio Inferior Avaliador 2 7 0.189 0.410 0.562

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Lábio Postura em Repouso Avaliador 2 10 0.733 0.823 0.823

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Protrusão Labial Avaliador 2 9 0.544 0.641 0.766

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Estiramento Labial Avaliador 2 7 0.250 0.756 0.855

Avaliador 3 9 0.143 0.522 0.673

Função Retração Labial Avaliador 2 10 0.600 0.656 0.788

Avaliador 3 9 0.422 0.854 0.921

Função Lábios Lateralização Direita Avaliador 2 7 0,455 0.634 0.791

Avaliador 3 11 0.890 0.974 0.987

Função Lábios Lateralização Esquerda Avaliador 2 8 0.556 0.946 0.970

Avaliador 3 11 0.892 0.977 0.988

Função Lábios MA Protrusão/Estiramento Avaliador 2 9 0.644 0.783 0.869

Avaliador 3 11 0.883 0.973 0.986

Função Lábios MA Lateralização Direita/Esquerda Avaliador 2 10 0.647 0.931 0.971

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Lábios MA Protrusão/Retrusão Avaliador 2 11 0.864 0.842 0.914

Avaliador 3 10 0.778 0.967 0.982

Função Força de Encerramento Labial Avaliador 2 8 0.238 0.135 0.289

Avaliador 3 12 x x x

Morfologia Mandíbula Avaliador 2 9 0,621 0.738 0.845

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula em Repouso Avaliador 2 10 0.760 0.753 0.851

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula em Depressão Avaliador 2 8 0.556 0.794 0.877

Avaliador 3 11 0.721 0.953 0.976

Função Mandíbula em Elevação Avaliador 2 8 0.547 0.726 0.845

Avaliador 3 11 0.800 0.971 0.985

Função Mandíbula em Projeção Avaliador 2 9 0.664 0.952 0.974

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula em Retrusão Avaliador 2 10 0.724 0.800 0.896

Avaliador 3 11 0.721 0.953 0.976

Função Mandíbula Lateralização Direita Avaliador 2 8 0.568 0.800 0.881

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula Lateralização Esquerda Avaliador 2 8 0.560 0.833 0.902

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula MA Depressão/Elevação Avaliador 2 10 0.776 0.935 0.969

Avaliador 3 12 1 1 1

Função Mandíbula MA Projeção/Retrusão Avaliador 2 7 0.400 0.746 0.896

Avaliador 3 12 1 1 1

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43

Tabela 11 (cont.) – Análise da fidedignidade intra-avaliadores dos avaliadores A2 e A3

Função Mandíbula MA Lateralização

Direita/Esquerda

Avaliador 2 8 0.543 0.842 0.914

Avaliador 3 12 0.890 0.985 0.992

Função Mandíbula Força de Oclusão Cêntrica Avaliador 2 - - - -

Avaliador 3 - - - -

Morfologia da Dentição Implementação Dentária

Superior

Avaliador 2 5 0.160 0.774 0.864

Avaliador 3 10 0.692 0.884 0.944

Morfologia da Dentição Implementação Dentária

Inferior

Avaliador 2 6 0.321 0.686 0.801

Avaliador 3 11 0.478 0.800 0.889

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano Vertical Avaliador 2 7 0.355 0.694 0.813

Avaliador 3 9 0.538 0.857 0.943

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano

Transversal

Avaliador 2 7 0.241 0.380 0.574

Avaliador 3 10 0.864 0.989 0.994

Morfologia da Oclusão Dentária no Plano Sagital Avaliador 2 7 0.241 0.612 0.745

Avaliador 3 9 0.739 0.963 0.980

Morfologia da Língua Avaliador 2 9 0.471 0.766 0.864

Avaliador 3 12 1 1 1

Função da Língua em Repouso Avaliador 2 7 0.471 0.859 0.950

Avaliador 3 12 1 1 1

Morfologia do Freio Lingual Avaliador 2 11 0.840 0.809 0.894

Avaliador 3 12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Protrusão Avaliador 2 8 0.392 0.479 0.705

Avaliador 3 12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Retrusão Avaliador 2 6 0.301 0.555 0.717

Avaliador 3 7 0.450 0.894 0.940

Função da Língua no movimento de Supraversão Avaliador 2 10 0.760 0.783 0.884

Avaliador 3 12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Infraversão Avaliador 2 9 0.776 0.780 0.882

Avaliador 3 12 1 1 1

Função da Língua no movimento de Lateralização

Direita

Avaliador 2 8 0.422 0.634 0.791

Avaliador 3 12 x x x

Função da Língua no movimento de Lateralização

Esquerda

Avaliador 2 8 0.422 0.634 0.791

Avaliador 3 12 x x x

Função da Língua MA Protrusão/Retrusão Avaliador 2 7 0.429 0.864 0.922

Avaliador 3 8 0.571 0.870 0.925

Função da Língua MA Supraversão/Infraversão Avaliador 2 8 0.505 0.804 0.894

Avaliador 3 8 0.621 0.903 0.946

Função da Língua MA Lateralização

Direita/Esquerda

Avaliador 2 3 0.044 0.483 0.637

Avaliador 3 12 1 0 x

Função da Língua Força de Sução Avaliador 2 8 0.324 0.522 0.669

Avaliador 3 8 0.510 0.861 0.861

Morfologia do Palato Duro Avaliador 2 12 1 1 1

Avaliador 3 12 1 1 1

Morfologia do Palato Mole Avaliador 2 7 0.189 0.267 0.519

Avaliador 3 12 1 1 1

Função do Palato Mole em Repouso Avaliador 2 7 0.189 0.267 0.519

Avaliador 3 12 x 0 x

Função do Palato Mole Avaliador 2 8 0.525 0.509 0.731

Avaliador 3 12 0.478 0.923 0.923

Diadococinésia Oral /pa/ Avaliador 2 12 x 0 0

Avaliador 3 12 1 1 1

Diadococinésia Oral /pataka/ Avaliador 2 6 0.543 0.882 0.938

Avaliador 3 10 0.742 0.961 0.961 x – Não é possível apresentar valor, porque todos as crianças são classificadas com o mesmo valor nestes itens, pelo mesmo avaliador.

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IX. Anexos

Anexo II – Folha de caracterização do PAOF-R (não é permitida a publicação total

porque o PAOF tem direitos de autoria)

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Anexo II – Folha de Registo do PAOF-R