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MARIANA LIMA BORONI MARTINS PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS RELACIONADOS À DEFESA DE PLANTAS E ANÁLISE PROTEÔMICA DE FOLHAS DE TOMATE INOCULADAS COM Xanthomonas campestris pv. vesicatoria VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL 2010 Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae

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MARIANA LIMA BORONI MARTINS

PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS RELACIONADOS À DEFESA DE PLANTAS E

ANÁLISE PROTEÔMICA DE FOLHAS DE TOMATE INOCULADAS COM Xanthomonas

campestris pv. vesicatoria

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL 2010

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae

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MARIANA LIMA BORONI MARTINS

PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS RELACIONADOS À DEFESA DE PLANTAS E

ANÁLISE PROTEÔMICA DE FOLHAS DE TOMATE INOCULADAS COM Xanthomonas

campestris pv. vesicatoria

APROVADA: 30 de Julho de 2010. Prof. Leandro Licursi de Oliveira Dra. Meire de Oliveira Barbosa (Coorientador) (Coorientador) Prof.a Claudine Márcia Carvalho Prof. Humberto Josue de O. Ramos

Prof.a Maria Cristina Baracat Pereira (Orientadora)

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Agrícola, para obtenção do título de Magister Scientiae

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A os M eus queridos pais,

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por sempre abençoar minha vida, iluminar meu

caminho e me dar forças para superar as dificuldades e alcançar mais este

objetivo.

Ao apoio das pessoas que amo e são fundamentais na minha vida: meu

pai Eduardo, minha mãe Denise e meus irmãos Natália e Matheus.

À Profª. Cristina Baracat pela oportunidade, confiança e orientação.

Obrigada por todas valiosas lições.

Ao Prof. Reginaldo Romeiro (in memorian), e sua equipe, por toda

atenção, gentileza e contribuição nos experimentos de fitopatologia.

Aos meus Coorientadores, Prof. Leandro L. de Oliveira e Meire de Oliveira Barbosa, pelas valiosas colaborações.

Ao Prof. Humberto Ramos pela disponibilidade e ajuda nas análises de

Bioinformática.

Às minhas amigas Patrícia, Hebréia, Poliene, Carolina e Renata pelos

valiosos conselhos, por sempre estarem presentes, e me fazerem sentir

especial.

Aos meus queridos amigos e companheiros do Laboratório de

Proteômica e Bioquímica de Proteínas Patrícia, Hebréia, Meire, Nayara, Tânus, Ana, Marcos, Lanna, pelo apoio, incentivo, ajuda nos experimentos e

principalmente pela convivência diária tão feliz.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais –

FAPEMIG, pela concessão da bolsa de estudo de mestrado, ao Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pela concessão

da bolsa de iniciação científica, à Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP

pelo financiamento do projeto.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... VI LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. VII LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. VIII RESUMO................................................................................................................................. X ABSTRACT ............................................................................................................................XI

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................................1

CAPÍTULO I .............................................................................................................................3 RESUMO..................................................................................................................................3 ABSTRACT ..............................................................................................................................4 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................5 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................7 2.1. PR PEPTÍDEOS E PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS (AMPS)........................................7 2.2. TIONINAS (PR-13) ...........................................................................................................9

2.2.1. ATIVIDADE BIOLÓGICA DAS TIONINAS E MODO DE AÇÃO............................................10 2.2.2. LOCALIZAÇÃO DAS TIONINAS EM PLANTAS ...............................................................11

2.3. DEFENSINAS DE PLANTAS (PR-12) ............................................................................12 2.3.1. ATIVIDADE BIOLÓGICA DAS DEFENSINAS E MODO DE AÇÃO .......................................12 2.3.2. LOCALIZAÇÃO DAS DEFENSINAS EM PLANTAS ...........................................................15

2.4. PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS DE LIPÍDEOS (PR-14) .........................................15 2.4.1. ATIVIDADE BIOLÓGICA DOS LTPS E MODO DE AÇÃO.................................................16 2.4.2. LOCALIZAÇÃO DOS LTPS EM PLANTAS ....................................................................17

2.5. INIBIDORES DE PROTEASES (PR-6) ...........................................................................18 2.5.1. ATIVIDADE BIOLÓGICA DOS INIBIDORES DE PROTEASES E MODO DE AÇÃO..................19 2.5.2. LOCALIZAÇÃO DOS INIBIDORES DE PROTEASES EM PLANTAS .....................................20

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................21

CAPÍTULO II ..........................................................................................................................22 RESUMO................................................................................................................................22 ABSTRACT ............................................................................................................................24 1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................25 2. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................27

2.1. A CULTURA DO TOMATE.............................................................................................27 2.2. A MANCHA BACTERIANA DO TOMATEIRO ......................................................................28 2.3. MECANISMOS DE DEFESA VEGETAL ............................................................................29 2.3.1. RESPOSTA HIPERSENSITIVA ..................................................................................29 2.3.2. INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA .....................................................................................30 2.3.3. PROTEÍNAS PR ....................................................................................................32 2.4. ANÁLISE PROTEÔMICA ..............................................................................................33 2.5. FERRAMENTAS PROTEÔMICAS ...................................................................................35

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2.5.1. ABORDAGEM PROTEÔMICA POR ELETROFRESE BIDIMENSIONAL.................................36 2.5.2. IDENTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS POR ESPECTROMETRIA DE MASSA .............................37 2.5.3. MÉTODOS COMPUTACIONAIS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS.............................38

3. OBJETIVOS ...................................................................................................................42 3.1. OBJETIVO GERAL......................................................................................................42 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................42 3.3. METAS ....................................................................................................................42

4. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................43 4.1. PLANTIO DAS SEMENTES ...........................................................................................43 4.2. ESTRESSE BIÓTICO...................................................................................................43 4.3. AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE DO PATÓGENO.................................................................44 4.4. COLETA DO MATERIAL ...............................................................................................44 4.5. PREPARO DO EXTRATO FOLIAR ..................................................................................44 4.5.1. EXTRATO PARA ATIVIDADE ENZIMÁTICA...................................................................44 4.5.2. EXTRATO PARA ANÁLISE PROTEÔMICA....................................................................45 4.6. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS ....................................................45 4.6.1. QUANTIFICAÇÃO PELO MÉTODO DO ÁCIDO-BICINCONÍNICO .......................................45 4.6.2. QUANTIFICAÇÃO PELO MÉTODO DE BRADFORD ........................................................46 4.7. DETECÇÃO DA ATIVIDADE DAS ENZIMAS INDICADORAS DO ESTADO DE INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA DAS PLANTAS ....................................................................................................46 4.7.1. ATIVIDADE DE LIPOXIGENASES (LOX) .....................................................................46 4.7.2. ATIVIDADE DE PEROXIDASES (PO) .........................................................................47 4.7.3. ATIVIDADE DE FENILALANINA AMÔNIA-LIASE (PAL)...................................................47 4.7.4. ATIVIDADE DE QUITINASES ....................................................................................48 4.7.5. ATIVIDADE DE Β-1,3-GLUCANASES ..........................................................................48 4.8. ELETROFORESE BIDIMENSIONAL.................................................................................49 4.8.1. FOCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA (IEF)...........................................................................49 4.8.2. EQUILÍBRIO DAS TIRAS DE GRADIENTE DE PH IMOBILIZADO .......................................49 4.8.3. ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA NA PRESENÇA DE SDS (SDS-PAGE)....50 4.8.4. VISUALIZAÇÃO DOS GÉIS .......................................................................................50 4.9. CAPTURA DAS IMAGENS.............................................................................................51 4.10. ANÁLISE DOS GÉIS....................................................................................................51 4.11. RETIRADA DE PROTEÍNAS DOS GÉIS BIDIMENSIONAIS E TRIPSINÓLISE ............................51 4.12. ANÁLISE ESPECTROMÉTRICA ATRAVÉS DE MALDI-TOF/TOF .......................................53 4.13. IDENTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS .................................................................................53

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................55 5.1. AVALIAÇÃO DO GRAU DE SEVERIDADE DA DOENÇA INDUZIDA PELO PATÓGENO ...............55 5.2. AVALIAÇÃO DA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA....................................................................55 5.2.1. ATIVIDADE DAS ENZIMAS INDICADORAS DA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA ........................55 5.2.2. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS ................................................60 5.3. ANÁLISE PROTEÔMICA COMPARATIVA .........................................................................60 5.3.1. DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS ................................................60 5.3.2. ANÁLISE DO PERFIL PROTÉICO DE FOLHAS DE TOMATEIRO APÓS INOCULAÇÃO COM O PATÓGENO POR ELETROFORESE BIDIMENSIONAL .....................................................................61 5.4. ESPECTROS DE MASSA E BUSCA EM BANCOS DE DADOS ..............................................63

6. CONCLUSÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ...................................................................76

CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................................78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................79

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: FOLHA DE TOMATE COM SINTOMAS TÍPICOS DE MANCHA BACTERIANA. ...........................29

FIGURA 2: FOLHAS DE TOMATEIROS INOCULADOS COM PROPAGOS DA BACTÉRIA XANTHOMONAS

CAMPESTRIS PV. VESICATÓRIA.. ..........................................................................................56

FIGURA 3: ATIVIDADE ESPECÍFICA DAS ENZIMAS INDUTORAS DO ESTADO DE INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA

SISTÊMICA. .......................................................................................................................59

FIGURA 4: ELETROFORESE BIDIMENSIONAL DE EXTRATOS PROTÉICOS. .........................................62

FIGURA 5: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A1M39. ........................................................64

FIGURA 6 : METABOLISMO FOTORRESPIRATÓRIO MULTICOMPARTIMENTADO DO CARBONO E DO

NITROGÊNIO EM PLANTAS. ..................................................................................................65

FIGURA 7: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A1M48. ........................................................66

FIGURA 8: REAÇÕES DA FRUTOSE 1,6-BIFOSFATO ALDOLASE......................................................67

FIGURA 9: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A1M59 .........................................................68

FIGURA 10: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A1M80. ......................................................69

FIGURA 11: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A2M5.. .......................................................71

FIGURA 12: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A2M12. ......................................................72

FIGURA 13: EXPRESSÃO DIFERENCIAL DA PROTÉINA A2M110. ....................................................73

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS DE PROTEÍNAS E PEPTÍDEOS PR. .............. 5

TABELA 2: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS DE PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS DE

PLANTAS.................................................................................................................................... 6

TABELA 3: REVISÕES SOBRE PR-PEPTÍDEOS ............................................................................21

TABELA 4 : ETAPAS UTILIZADAS DURANTE A FOCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA DAS FITAS DE 24 CM..........49

TABELA 5: DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO DO ÁCIDO

BICINCONÍNICO NOS EXTRATOS FOLIARES UTILIZADOS PARA OS ENSAIOS ENZIMÁTICOS......................60

TABELA 6: DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO DE BRADFORD NOS

EXTRATOS FOLIARES UTILIZADOS PARA A ANÁLISE PROTEÔMICA......................................................60

TABELA 7 :LISTA DE PROTEÍNAS IDENTIFICADAS EM FOLHAS DE TOMATE USANDO PEPTIDE MASS

FINGERPRINTING (PMF).............................................................................................................74

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LISTA DE ABREVIATURAS

2DE: Eletroforese bidimensional

AMPs: Peptídeos antimicrobianos (AntiMicrobial Peptides)

AS: Ácido salicílico

BBI: Inibidores Bowman Birk

BCA: Ácido-Bicinconínico (Bicinchoninic Acid)

BSA: Albumina soro bovina (Bovine Serum Albumin)

CID: Câmaras de colisão (Collision-Induced Dissociation)

DTT: Ditiotreitol

EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético (EthyleneDiamine Tetraacetic Acid)

ES: Extratos protéicos solúveis

ESI: Ionização por electrospray (Electron Spray Ionization)

ET: Etileno

HAPHB: Hidrazida do ácido p-hidroxibenzóico

HPLC: Cromatografia líquida de alto desempenho (High-Performance Liquid

Chromatography)

HR: Resposta hipersensitiva (Hypersensitive Response)

IEF: Focalização Isoelétrica (Isoeletric Focalization)

IPG: Gradiente imobilizado de pH (Immobilized pH Gradient)

ISR: Resistência Sistêmica Induzida (Induced Systemic Resistance)

JA: Ácido jasmônico (Jasmonc Acid)

LTPs: Proteínas transportadoras de lipídeos

LOX: Lipoxigenases

MALDI: Ionização/Dessorção de Matriz Assistida por Laser (Matrix Assisted

Laser Desorption Ionization)

MDLC: Cromatografia líquida multidimensional

MS: Espectrometria de massa (Mass Spectrometry)

nsLTP: Proteínas transportadoras de lipídios não-específicas

PAGE: Eletroforese em gel de poliacrilamida (PolyAcrylamide Gel

Electrophoresis)

PAL: Fenilalanina amônia-liase

PAMPs: Padrões moleculares associados a patógenos

PIs: Inibidores de protease

PO: Peroxidases

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PR: Relacionadas à patogênese (Pathogenesis Related)

PFF: Peptide Fragment Fingerprinting

PME: Pectinesterase ou Pectina metilesterase

PMF: Peptide Mass Fingerprinting

PMSF: Fluoreto de fenilmetilsulfonila (PhenylMethylSulphonyl Fluoride)

PVPP: Polivinilpolipirrolidona

RMN: Ressonância magnética nuclear

ROS: Espécies reativas de Oxigênio (Reactive Oxygen Species)

S/I: Sem inóculo

SAR: Resistência Sistêmica Adquirida (Systemic Acquired Resistance)

SDS: Dodecilsulfato de sódio (Sodium Dodecyl Sulfate)

SDS-PAGE: Eletroforese desnaturante em gel de poliacrilamida na presença

de SDS

TFA: Ácido trifluoracético (TriFluoroacetic Acid)

TOF: Tempo de vôo (Time-Of-Flight)

TRIS: Tris (Hidroximetil) aminometano

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RESUMO MARTINS, Mariana Lima Boroni Martins, M.S., Universidade Federal De

Viçosa, Julho, 2010. Proteínas e Peptídeos Relacionados à Defesa de Plantas e Análise Proteômica de Folhas de Tomate Inoculadas com Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. Orientador: Prof.a Maria Cristina Baracat Pereira. Conselheiros: Prof. Leandro Licursi De Oliveira e Dra. Meire De Oliveira Barbosa.

Na natureza há uma grande diversidade de microorganismos que estão,

diretamente, em contato com as plantas, mas que não causam, na sua maioria,

qualquer dano a estas, evidenciando a predominância da resistência sobre a

suscetibilidade. A resistência de plantas ao ataque de patógenos pode ser

entendida como a capacidade que elas desenvolveram de impedir, restringir ou

retardar a penetração destes organismos em seus tecidos, diminuindo os

efeitos danosos potenciais. Para se defenderem de doenças e pragas, as

plantas estão equipadas com as defesas pré-formadas ou constitutivas, e com

defesas pós-formadas ou induzidas. Tais eventos e reações podem determinar

o sucesso da resistência da planta contra o ataque do fitopatógeno, evitando,

assim, o estabelecimento da doença. Entretanto, o mecanismo pelo qual as

plantas se defendem do ataque de patógenos ainda não é totalmente

elucidado. Assim, o estudo de mecanismos bioquímicos e de biomoléculas

relacionadas à defesa de plantas em resposta a patógenos contribui para a

elucidação desses processos e consecutivamente, para a derscoberta de

novos agentes de defesa contra organismos fitopatogênicos.

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xi

ABSTRACT MARTINS, Mariana Lima Boroni Martins, M.S., Universidade Federal De

Viçosa, Julho, 2010. Proteins and Peptides Related to Plant Defense and Proteomics Analysis of Tomato Leaves Inoculated with Xanthomonas campestris pv. vesicatoria. Adviser: Prof.a Maria Cristina Baracat Pereira. Co-advisers: Prof. Leandro Licursi De Oliveira e Dra. Meire De Oliveira Barbosa.

There is a wide diversity of microorganisms that are directly in contact

with plants without cause any damage to these, highlighting the resistance

prevalence over susceptibility. Plant resistance to pathogens attack can be

understood as their capacity to prevent, restrict or delay the entry of these

organisms in their tissues, reducing the potential harmful effects. Plants are

equipped with pre-formed or constitutive defenses and with the post-formed or

induced defenses. These events and responses can determine the plant

resistance success against pathogen attack, thus preventing the establishment

of the disease. However, the mechanism by which plants defend themselves

against the attack by pathogens is not yet fully elucidated. Therefore, the study

of biochemical mechanisms and biomolecules related to plant defense in

response to pathogens attack contributes to the elucidation of these processes

and consecutively to discovery of new defense agents against pathogenic

organisms.

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INTRODUÇÃO GERAL

As plantas reagem às agressões que sofrem de vírus, bactérias, insetos

e outros organismos, ou de agentes não-biológicos, como a radiação, as

temperaturas extremas, a poluição e outros. Além das defesas pré-formadas ou

constitutivas, que são aquelas naturalmente presentes na planta, funcionando

como barreiras físicas e químicas, as plantas desenvolveram para

sobreviverem, durante sua evolução, mecanismos de resposta a danos e

doenças, acionados assim que reconhecem a agressão (Beckers e Conrath,

2007).

Estes mecanismos, ausentes ou de pouca expressividade em plantas

sadias, são aquelas que se tornam evidentes somente após a invasão do

patógeno ou quando a planta é injuriada. Nestes casos, além da resposta

hipersensitiva, que se caracteriza pelo rápido e localizado colapso do tecido

vegetal em volta do local da infecção, há o aumento na concentração ou

síntese de várias proteínas relacionadas à patogênese (PRs), e, ainda, a

resistência sistêmica adquirida (SAR), que se caracteriza pela indução da

resistência em locais da planta distantes do local da infecção pelo patógeno

(van Loon, 1997; Silva et al., 2004; van Loon et al., 2006; Walters e Heil, 2007).

O estudo das rotas de defesa e das proteínas-chave que desencadeiam

as cascatas de reações em resposta a danos bióticos e abióticos, ou proteínas

efetoras que atuam diretamente contra o ataque de patógenos constituem

alvos na bioengenharia de plantas. O entendimento dos mecanismos de defesa

vegetal é de fundamental importância para a agricultura, que busca a melhoria

na produção de alimentos de origem vegetal, com a concomitante diminuição

do uso de agrotóxicos danosos ao meio ambiente em vários de seus níveis

tróficos.

Dentre as diversas moléculas sintetizadas pelas plantas para atuarem

tanto na defesa constitutiva, quanto induzida, os peptídeos PRs também se

destacam por corresponderem a uma estratégia de defesa econômica (atuam

em baixas concentrações e são muitas vezes produzidos com baixo consumo

energético). Ainda, possuem amplo espectro de ação, não induziriam

resistência pelos patógenos, baixa toxicidade e baixo impacto ambiental

(Reddy et al., 2004). São relativamente pequenos (até 10 kDa) e podem ser

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divididos em 4 famílias: Inibidores de proteases, Defensinas, Tioninas e LTPs,

sendo os três últimos também classificados como peptídeos antimicrobianos

(AMPs) (Sels et al., 2008).

Dessa forma, proteínas e peptídeos envolvidos nos mecanismos de

defesa de plantas têm sido estudados com o propósito de serem utilizados na

biotecnologia para o melhoramento genético de plantas ou desenvolvimento de

defensivos de origem protéica.

O conhecimento sobre proteínas e peptídeos PR e AMPs apresenta-se

de grande importância para a proposta de estudos e a avaliação de novas

estratégias em potencial para a bioengenharia da resistência vegetal, pelo uso

desses peptídeos como agentes de defesa contra fitopatógenos, seja na forma

de agentes de defesa comercialmente disponíveis ou como biomoléculas a

serem superexpressas em plantas para o desenvolvimento de maior resistência

ou tolerância a doenças.

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CAPÍTULO I PEPTÍDEOS PR E AMPs: ASPECTOS BIOQUÍMICOS

RESUMO

As plantas sintetizam barreiras estruturais e biomoléculas da defesa

constitutiva e induzida, como proteínas e peptídeos relacionados à

patogêneses (PR), incluindo-se também os peptídeos antimicrobianos (AMPs).

Os PR peptídeos são uma forma de defesa natural e não tóxica, em geral, para

diversas formas de vida, incluindo-se mamíferos. São de grande importância

para a defesa vegetal, uma vez que são uma forma de defesa rápida e efetiva

contra o ataque de fitopatógenos e pragas. São relativamente pequenos (até

10 kDa) e apresentam espectro de ação contra uma ampla gama de

microrganismos. O mecanismo molecular de ação de muitos desses peptídeos

não está ainda totalmente desvendado, mas já é conhecida a atuação dos

AMPs pela desestabilização da membrana celular e pela atuação sobre vias de

sinalização e expressão gênica de células procarióticas. Devido a questões

ambientais e econômicas, o interesse biotecnológico nos AMPs tem

aumentado, uma vez que não induziriam resistência pelos patógenos, atuam

em baixas concentrações, com baixa toxicidade e baixo impacto ambiental.

Dessa forma, aspectos bioquímicos sobre os PR Peptídeos serão abordados e

discutidos sob nesta revisão, a fim de se contribuir no estudo dessas

biomoléculas que é essencial para a descoberta de novos agentes de defesa

contra organismos fitopatogênicos, que apresentem custo e dano ambiental

baixos.

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ABSTRACT

Plants synthesize structural barriers and constitutive and induced

defense biomolecules, such as pathogenesis related (PR) proteins and

peptides, also including antimicrobial peptides (AMPs). The PR peptides are a

natural defense and non-toxic, in general, to various life forms, including

mammals. They are of great importance for plant protection, since they are a

quick and effective defense form against pathogens and pests attack. They are

relatively small (up to 10 kDa) and have spectrum of activity against a wide

range of microorganisms. The molecular action mechanism of many of these

peptides is not fully identified, but it is known the AMPs performance by

destabilizing the cell membrane and by acting on signaling pathways and gene

expression in prokaryotic cells. Due to environmental and economic concerns,

the biotechnology interest in AMPs has increased, since it does not induce

resistance by pathogens, acting at low concentrations, with low toxicity and low

environmental impact. Thus, the study of PR peptides is essential for the

discovery of natural molecules against these organisms, which have low cost

and low environmental damage.

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1. INTRODUÇÃO

Os peptídeos relacionados à patogênese (PR) são moléculas com

massas moleculares abaixo de 10 kDa (Tabela 1), que são produzidas em

concentrações elevadas sob condições de infecção ou exposição a estresse

(Gorjanovic, 2009). São divididos em famílias, de acordo com suas

características bioquímicas e fisiológicas: Inibidores de protease, Defensinas,

Tioninas e Proteínas transportadoras de lipídeos não-específicas (nsLTP) (Sels

et al., 2008).

TABELA 1: Principais características das famílias de Proteínas e Peptídeos PR. As famílias de peptídeos PR têm massa abaixo de 10 kDa e estão destacadas na tabela. Adaptada de Sels et al., 2008

FAMÍLIA MEMBRO TAMANHO TÍPICO (KDA) PROPRIEDADES

PR-1 Tobacco PR-1a 15 Antifúngico PR-2 Tobacco PR-2 30 β-1,3-Glucanase

PR-3 Tobacco P, Q 25–30 Quitinase (classe I,II, IV,V,VI,VI)

PR-4 Tobacco ‘R’ 15–20 Quitinase classe I,II PR-5 Tobacco S 25 Thaumatin-like PR-6 Tomato Inhibitor I 8 Inibidor de Protease PR-7 Tomato P69 75 Endoprotease PR-8 Cucumber chitinase 28 Quitinase classe III

PR-9 Tobacco ‘lignin-forming peroxidase’ 35 Peroxidase

PR-10 Parsley ‘PR1’ 17 ‘Ribonuclease-like’ PR-11 Tobacco ‘class V’ chitinase 40 Quitinase classe I PR-12 Radish Rs-AFP3 5 Defensina PR-13 Arabidopsis THI2.1 5 Tionina PR-14 Barley LTP4 9 LTPs PR-15 Barley OxOa (germin) 20 Oxalato oxidase PR-16 Barley OxOLP 20 ‘Oxalato oxidase-like’ PR-17 Tobacco PRp27 27 Desconhecida

Eles são importantes componentes da defesa constitutiva e indusida de

plantas, e sua ação corresponde a uma estratégia de defesa evolutiva,

econômica e com amplo espectro de ação (Reddy et al., 2004). Os inibidores

de proteases são induzidos em plantas, em resposta a ferimentos ou ataque

por insetos ou patógenos (Ryan, 1989), e atuam como inibidores de protease

anti-metabólicos, que interferem com o processo digestivo dos insetos. Já as

Defensinas, Tioninas e LTPs são classificados como peptídeos antimicrobianos

(AMPs) (Tabela 2).

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TABELA 2: Principais características das famílias de peptídeos antimicrobianos de plantas. As famílias de AMPs que estão relacionadas à patogênese (Peptídeos PR) estão destacados na tabela.

FAMÍLIA Nº DE RESÍDUOS AÇÃO CONTRA

LTPs 90 -95 Bactéria e fungo

Snakins (GASA) 61 – 70 Bactéria e fungo

Defensinas 45 – 54 Bactéria e fungo

Tioninas 45 – 47 Bactéria e fungo

Hevein-like 43 Bactéria Gram + e fungo

Knotin-like 36 – 37 Bactéria Gram + e fungo

Shepherdins 28 – 38 Bactéria e fungo

MBP-1 20 Bactéria Gram + e fungo

Pept. Macrocíclicos 29 – 31 Bactéria Gram +

Ib-AMPs 20 Bactéria Gram + e fungo

Os AMPs constituem um mecanismo de defesa primitivo, são

encontrados desde os organismos simples, como bactérias, até organismos

mais complexos, como animais, incluindo-se os humanos. (Bechinger e Lohner,

2006; Straus e Hancock, 2006). Os AMPs são, em sua maioria, menores que

10 kDa, têm carga líquida positiva, e 50% de seus aminoácidos são

hidrofóbicos (Hancock e Diamond, 2000). Os AMPs descobertos têm sido

divididos em vários grupos baseados em seu tamanho, estrutura secundária e

terciária, e na presença ou ausência de pontes dissulfeto (Reddy et al., 2004).

Muitos são pré-sintetizados ou ativados por proteólise a partir de proteínas

específicas, mas podem ser prontamente sintetizados de uma maneira flexível

e com um baixo consumo de energia e de biomassa, em função do seu

pequeno tamanho (Borregaard et al., 2000). Possuem capacidade de

estabelecimento de defesa rápida e efetiva.

No agronegócio, pesquisas visam obter novos defensivos agrícolas

contendo tais compostos, já que podem apresentar atividades contra bactérias,

fungos, vírus e/ou protozoários e atuam em baixas concentrações. (Almeida et

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al., 2007). Entretanto, o mecanismo molecular de ação de muitos desses

peptídeos não é ainda totalmente conhecido. Dessa forma, o estudo desses PR

Peptídeos é essencial para a descoberta de moléculas naturais de defesa

contra esses organismos, que apresentem baixo custo, baixa toxicidade à vida

animal e baixo dano ambiental.

2. Revisão de Literatura 2.1. PR Peptídeos e Peptídeos Antimicrobianos (AMPs)

As plantas desenvolveram uma variedade de mecanismos diferentes

para lidar com a constante ameaça por microrganismos fitopatogênicos. Elas

desenvolveram barreiras físicas e a expressão de compostos antimicrobianos

constitutivos, além de mecanismos sensoriais para detectar o ataque de

patógenos e desencadear as vias de sinalização que induzem respostas de

defesa rápida. Estes mecanismos incluem não só a detecção direta de

eliciadores derivados de patógeno (por exemplo, padrões moleculares

associados a patógenos (PAMPs) e fatores de avirulência ou efetores), mas

também a detecção indireta do impacto de patógenos sobre as plantas

hospedeiras (Hématy et al., 2009). Quando um patógeno penetra na parede

celular da planta, o contato entre o patógeno e o protoplasma da célula

hospedeira desencadeia sistematicamente a ativação ou a amplificação de

mecanismos celulares, com o objetivo de conter a instalação ou a multiplicação

dos patógenos (Heil e Ton, 2008; Walters, 2009). Compostos tóxicos para o

patógeno são produzidos, dentre eles proteínas e peptídeos de defesa (van

Loon et al., 2006) conhecidas como moléculas PR (pathogenesis related) (Ye

et al., 1990; Koch et al., 1992; van Loon, 1997; Silva et al., 2004; van Loon et

al., 2006; Walters e Heil, 2007). Proteínas PR complementam as barreiras

estruturais das plantas às infecções microbianas, aos ataques de insetos e aos

desafios ambientais. Muitas proteínas PRs estão presentes constitutivamente

nos diferentes tecidos e contribuem para a resistência basal de plantas sadias

contra patógenos, e são produzidas em concentrações elevadas sob condições

de infecção ou exposição a estresse (Gorjanovic, 2009). As PR moléculas

foram originalmente definidas como proteínas que são induzidas em patologias

ou situações relacionadas, e que atuam na defesa vegetal contra um confronto

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provável (van Loon, 1997). Atualmente, essa terminologia corresponde a um

grupo de proteínas heterogêneo, codificadas por genes que são rapidamente

induzidos por infecções patogênicas, pelo ácido salicílico (SA), ácido jasmônico

(JA) e etileno (ET), além de fatores ambientais como ferimentos, estresses

causados por frio, metais pesado e exposição a produtos químicos (Seo et al.,

2008). São proteínas solúveis, com baixas massas moleculares, estáveis a

baixos valores de pH, resistentes a proteases (Gozzo, 2003), que se acumulam

nos espaços intercelulares ou nos vacúolos de células de plantas durante

interações com vírus, bactérias ou fungos. Essas moléculas são classificadas

em 17 “famílias” (Tabela 1) baseadas em suas propriedades bioquímicas e

moleculares, de PR-1 a PR-17 (van Loon et al., 2006), incluindo-se as

moléculas com massas abaixo de 10 kDa, denominadas peptídeos PR, os

quais também são divididos em classes, de acordo com suas características

bioquímicas e fisiológicas: Inibidores de protease, PR-6; Defensinas, PR-12;

Tioninas, PR-13; e Proteínas transportadoras de lipídeos, PR-14 (Sels et al.,

2008).

Os peptídeos tais como tioninas (MM ~ 5 kDa), defensinas (MM ~ 5 kDa)

e ns-LTPs (MM 7 e 9 kDa), classificados como PRs, são peptídeos

antimicrobianos (AMPs). AMPs são componentes importantes da defesa

natural de diversos organismos contra a invasão de patógenos. Constitutivos

ou induzidos e ubíquos na natureza, são em geral catiônicos, anfipáticos

(Hancock e Diamond, 2000), e apresentam comprimentos, sequências e

estruturas variáveis, presença de um número variável de resíduos de cisteínas,

que contribuem para estabilizar a conformação nativa pela formação de ligação

de dissulfeto, além de espectro de ação contra uma ampla gama de

microrganismos (Yeaman e Yount, 2003; Reddy et al., 2004; Padovan et al.,

2010b). Dez grupos de peptídeos de defesa foram identificados em plantas,

podendo ter uma expressão constitutiva ou estimulada por patógenos (García-

Olmedo et al., 2001). Muitos AMPs parecem promover a lise celular por

rompimento da membrana plasmática (Reddy et al., 2004). Peptídeos de

diferentes classes, em alguns casos agem sinergisticamente contra patógenos

quando produzidos pelo mesmo tecido, e contribuem para prolongar a defesa

contra uma ampla gama de micróbios (Padovan et al., 2010b). A diversidade de

AMPs e proteínas antimicrobianas é muito grande, e muitos não estão incluídos

na classificação de PRs (Bechinger e Lohner, 2006; Straus e Hancock, 2006).

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Os AMPs já descritos têm sido divididos em vários grupos baseados em seu

tamanho, estrutura secundária e terciária, e na presença ou ausência de

pontes dissulfeto (Reddy et al., 2004). Possuem capacidade de

estabelecimento de defesa rápida e efetiva. O acúmulo de AMPs desempenha

um papel importante na proteção de plantas jovens vulneráveis na fase inicial

de desenvolvimento, quando outros mecanismos de defesa ainda estão

inativos (Almeida et al., 2007; Gorjanovic, 2009). Almeida e colaboradores

(2007) verificaram uma maior atividade antimicrobiana de peptídeos na parede

celular de plantas jovens quando comparadas com folhas maduras, que

apresentaram maior atividade desses peptídeos na fração solúvel.

2.2. Tioninas (PR-13)

O primeiro registro relacionado à presença de substâncias com atividade

antimicrobiana de plantas foi feita por Jago e Jago (1895), que sugeriram a

existência de uma substância letal para o fermento de pão na farinha de trigo,

depois de observar uma diminuição na liberação de dióxido de carbono durante

o processo de fermentação. Em 1942, Balls e colaboradores cristalizaram esta

substância tóxica a partir do endosperma do trigo (Triticum aestivum L.). Ele

era um material protéico, de baixo peso molecular, com alto teor de enxofre,

que foi denominado purothionin (do grego puro, trigo e tio, enxofre). As

Tioninas (Bohlmann e Apel, 1987, 1991; Bohlmann, 1994) são pequenas

proteínas (~ 5 kDa), ricas em resíduos contendo enxofre (cisteína, arginina e

lisina), geralmente básicas (pI > 8), encontradas em monocotiledôneas e

dicotiledôneas. Apesar de pequenas variações de comprimento (45-47

aminoácidos), eles compartilham a mesma estrutura tridimensional (forma da

letra grega Γ) e modo de ação, conforme testado em uma variedade de culturas

bacterianas e linhas de células de mamíferos (Stec et al., 2004; Stec, 2006).

Tradicionalmente, as α / β-Tioninas foram subdivididas em cinco diferentes

classes (I, II, III, IV e V) de acordo com suas características bioquímicas e

estruturais (Bohlmann, 1994; Stec, 2006). As Tioninas têm em geral um

peptídeo líder com cerca de 25 resíduos de aminoácidos, cuja clivagem é

necessária para a ativação da toxina, e um peptídeo com cerca de 60 resíduos

de aminoácidos que se encontra logo após o peptídeo catiônico (o peptídeo

funcional) e que neutraliza a toxina. O domínio correspondente à toxina é

muito mais variável do que os dois peptídeos que flanqueiam a pró-proteína e,

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provavelmente, reflete a adaptação das proteínas a papéis desempenhados

nas diferentes partes da planta em que são expressos, bem como as pressões

evolutivas (Stec et al., 2004).

A toxicidade das Tioninas a diferentes tipos de organismos e culturas de

células tem sido investigada há várias décadas, após os relatos iniciais de suas

propriedades antibióticas (Balls e Hale, 1942), sugerindo um papel importante

na defesa de plantas contra micro-organismos patogênicos. Rayapuram e

colaboradores (2008), silenciando o gene PR13/Thionin em Nicotiana

attenuata, mostraram que a tionina é claramente uma proteína de defesa

ecologicamente relevante, envolvida na resistência a patógenos.

2.2.1. Atividade Biológica das Tioninas e Modo de Ação

A principal característica das Tioninas é o seu efeito tóxico em diferentes

sistemas biológicos como bactérias (Molina et al., 1993; Loeza-Ángeles et al.,

2008; Ochoa-Zarzosa et al., 2008), fungos (Molina et al., 1993; Epple et al.,

1997b; Bohlmann et al., 1998; Loeza-Ángeles et al., 2008), protozoários

(Berrocal-Lobo et al., 2009), cultura de células de mamíferos (Carrasco et al.,

1981).

Acredita-se que seus efeitos tóxicos derivam da lise das membranas das

células alvo, no entanto, o mecanismo preciso permanece desconhecido. O

tratamento da hifa de Neurospora crassa com a tionina antifúngica α-

Hordothionin, obtida a partir de grãos de cevada, levou a um aumento da

captação de Ca2+, aumento do efluxo de K+ e alcalinização do meio, sendo que

esses fluxos ocorreram mais rapidamente em comparação com aqueles

causados por defensinas vegetais. Além disso, a tionina promoveu a

permeabilização de hifas e alterou as propriedades elétricas de membranas

lipídicas artificiais, levando à ruptura das bicamadas lipídicas, mostrando que

Tioninas inibem o crescimento de fungos como resultado de interações diretas

do peptídeo com a membrana (Thevissen et al., 1996). Usando medições

eletrofisiológicas, foi demonstrado que β-purothionin obtida de farinha de trigo

pode formar canais de cátions íon-seletivos em membranas de bicamada

lipídica artificial e no plasmalema de neurônios do hipocampo de

camundongos. Esses resultados sugerem que a toxicidade de Tioninas a

diversos organismos é devido à sua capacidade de gerar canais de íons nas

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membranas celulares, resultando na dissipação do gradiente de íons, essencial

para a manutenção da homeostase celular (Hughes et al., 2000). Stec e

colaboradores (2004), por estudos físico-quimicos, propuseram um modelo de

interação específica entre fosfolipídeos de membrana e tioninas, mediada pela

ligação de fragmentos de fosfolipídios carregados negativamente (ácido

fosfatídico ou fosfatidilserina). A formação dos complexos proteolipídicos causa

solubilização e lise da membrana. Ainda, o modelo sugere que a

oligomerização pode desempenhar um papel no processo de ativação da

toxina. Winkler e colaboradores (2008) verificaram que esta ligação é

reversível. A análise de rearranjos conformacionais nas extremidades opostas

do núcleo α-hélice de tioninas, induzida por interações com ânions presentes

no sítio de ligação com os fosfolipídeos, pode ser relevante para um

mecanismo de atividade e de permeabilização de membranas (Oard et al.,

2010).

A lise da membrana constitui o primeiro grande efeito exercido nas

tioninas, que iniciam uma cascata de eventos citoplasmática, levando à morte

celular. Foi descrito que algumas enzimas, como a β-glucuronidase, são

inativadas por tionina oxidada, uma reação dependente da concentração e do

tempo, tanto in vitro, quanto quando expresso em protoplastos de plantas, e

essa inativação foi prevenida e revertida pelo Ditiotreitol (DTT) (Diaz et al.,

1992). Estudos posteriores mostraram que essa inativação é decorrente de

ligações dissulfídicas formadas entre tioninas e as proteínas estudadas, e que

existe uma seletividade na reação (Piñeiro et al., 1995). Também foi

demonstrado que Tioninas exibem efeito estimulatório e citotóxico em células

do sistema imune humano (Stein et al., 1999). Há ainda relatos que as Tioninas

podem interferir com a síntese de proteínas e DNA (Castro e Fontes, 2005),

podem atuar como proteínas regulatórias, dada sua atividade como

tiorredoxina, e também como mensageiro secundário, atuando como tiol, na

regulação redox de enzimas (Johnson et al., 1987).

2.2.2. Localização das Tioninas em Plantas

As tioninas são sintetizadas após estresse, como contato com patógeno,

ou ferimentos (Bohlmann et al., 1998; Vignutelli et al., 1998), ou são expressas

constitutivamente, podendo ser encontradas nas sementes (Orrù et al., 1997),

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ou nos tecidos vegetativos, como no tonoplasto e na parede celular de folhas

(Bohlmann et al., 1998) e flores, provavelmente atuando como uma primeira

linha de defesa costitutiva. Tioninas encontradas em sementes também podem

atuar como proteínas de armazenamento, especialmente como fonte de

enxofre. Evidências desse papel foram relatadas para viscotoxinas, cujos níveis

decrescem drasticamente durante a senescência de folhas (Schrader-Fischer e

Apel, 1993).

2.3. Defensinas de Plantas (PR-12)

Defensinas são parte do sistema imune inato do hospedeiro, uma

estratégia de defesa antiga, usada por organismos multicelulares que incluem

plantas, animais, e até mesmo fungos para controlar sua microbiota natural ou

combater patógenos microbianos (Thevissen et al., 2007). As primeiras

defensinas de plantas foram isoladas a partir de trigo e de grãos de cevada por

Colilla et al. (1990) e Mendez et al. (1990), respectivamente. Elas foram

inicialmente chamadas de γ-Tioninas por apresentarem semelhanças no

tamanho (5 kDa) e no número de pontes dissulfídicas (quatro) com as α- e β-

Tioninas, já caracterizadas. Mais tarde, as γ-Tioninas foram renomeadas

defensinas vegetais devido à sua semelhança estrutural com defensinas de

mamíferos e insetos (Terras et al., 1995). Defensinas vegetais possuem quatro

pontes dissulfeto, apresentam entre 45 e 55 resíduos aminoacídicos (Wong et

al., 2007; Carvalho e Gomes, 2009), resultando em uma pequena molécula

com massa entre 5 e 7 kDa. São peptídeos básicos, com pI próximo a 9. Sua

estrutura tridimensional compreende uma cadeia tripla de folha-β (βαββ), e

uma α-hélice paralela, formando uma ponte dissulfeto estabilizando o motivo α-

hélice folha-β.

2.3.1. Atividade Biológica das Defensinas e Modo de Ação

A precisão da função in vivo das defensinas de planta permanece

incerta, e diferentes papéis têm sido atribuídos a elas, especialmente na defesa

da planta (Thevissen et al., 2007). Sua atividade mais caracterizada é a

capacidade de inibir o crescimento de fungos in vitro, podendo ser divididas em

dois grupos: o primeiro formado por defensinas que inibem o crescimento dos

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fungos por distorções morfológicas das hifas, enquanto que o segundo grupo

corresponde a peptídeos que inibem o crescimento dos fungos sem a distorção

morfológica (Osborn et al., 1995). No entanto, alguns membros da família de

defensinas de plantas apresentam ainda atividade antibacteriana, anti-HIV-1 e /

ou atividade inibidora contra células tumorais (Wong e Ng, 2005; Wong et al.,

2006; Ma et al., 2009; Lin et al., 2010). Lin e colaboradores (2010) mostraram a

vasta gama de atividade de uma defensina-like isolada de feijão “purple pole

beans (Phaseolus vulgaris cv. ‘Extra-long Purple Pole bean’)”. Esse peptídeo

inibiu o crescimento micelial de diferentes fungos, a proliferação de células

tumorais, mas não de hepatócitos humanos, e ainda mostrou atividade contra a

transcriptase reversa do vírus HIV-1. Além disso, alguns trabalhos têm

mostrado que além de atividade antimicrobiana (Carvalho et al., 2006),

algumas defensinas de plantas apresentam atividade inibitória de serino

proteases (Wijaya et al., 2000) e da α-amilase, importante enzima presente no

aparelho digestivo de insetos (Pelegrini et al., 2008; dos Santos et al., 2010).

Trabalhos também sugerem que as defensinas de plantas desempenham um

papel na defesa contra as pragas, pois elas interferem na digestão de insetos,

privando-os assim de energia derivada da degradação do amido (Lin et al.,

2007).

Sobre o mecanismo de ação das defensinas, ao contrário das

defensinas de mamíferos e insetos, defensinas de plantas não formam poros

permeáveis a íons nas membranas artificiais e não apresentam atividade de

permeabilização da membrana de hifas. Entretanto, mostrou-se que dois

peptídeos antifúngicos diferentes, membros da família defensinas de planta,

Rs-AFP2 e DM-AMP1, induziram uma série de respostas relativamente rápida

em membrana de fungos, incluindo captação de Ca2+, efluxo de K+, a

alcalinização do meio, e a mudança no potencial de membrana (Thevissen et

al., 1996), indicando que defensinas de plantas podem agir por um mecanismo

diferente, possivelmente mediado por receptores. Posteriormente, verificou-se

que a interação de defensinas de planta com um sítio específico lhes permite

inserir na membrana plasmática, causando uma ruptura estrutural e a alteração

da permeabilidade da membrana a íons como o Ca2+ e o K+ , e moléculas

orgânicas (Thevissen et al., 1999).

Em contrapartida, de Medeiros et al. (2010) mostraram, utilizando

técnicas de RMN, a importância do Loop1 da defensina catiônica antifúngica

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Psd1 de ervilha na interação com vesículas sintéticas contendo os lipídeos

aniônicos fosfatidilcolina, ou dodecilfosfatidilcolina, com glucosilceramida,

isoladas de Fusarium solani. Além disso, van der Weerden et al. (2008),

utilizando técninas de imunoflorescência, mostraram que a defensina NaD1,

proveniente das flores de Nicotiana alata, se ligou às paredes celulares das

hifas tratada, permeabilizou as membranas plasmáticas fúngicas através da

formação de uma abertura, resultando em granulação do citoplasma e em

morte celular.

Esses resultados em conjunto mostram que algumas regiões das

defensinas são importantes para a interação com a membrana alvo, enquanto

outras regiões são importantes para sua atividade na célula. A interação de

defensinas de planta com um local específico posteriormente lhes permite

inserir na membrana plasmática, causando uma ruptura estrutural e alteração

da permeabilidade da membrana a íons como o Ca2+ e o K+ , e moléculas

orgânicas. Ainda não está claro o alvo intracelular específico das defensinas de

plantas. A interação com a membrana pode ser só o primeiro destino celular.

Depois, eles podem ser internalizadas e interagir com um alvo citoplasmático,

como no caso das defensinas c e x-hordothionin, isoladas do endosperma da

cevada, que inibem a síntese protéica em eucariotos, bem como em sistemas

de células procariotas livres (Mendez et al., 1990; Mendez et al., 1996), ou no

caso da defensina RsAFP2 isolada de rabanete (Raphanus sativus) que induz

apoptose e, concomitantemente, desencadeia a activação das caspases ou

proteases-like caspase no patógeno Candida albicans (Aerts et al., 2009), ou

como a defensina extraída de semente de alfalfa (Medicago sativa), MsDef1,

que bloqueia o canal de Ca2+ do tipo L em células de mamíferos, mas sua

relação com a atividade antifúgica não foi determinada (Spelbrink et al., 2004).

Ainda, mostrou-se que defensinas podem estar envolvidas na tolerância a Zn

(Mirouze et al., 2006).

As defensinas têm sua atividade diminuída com o aumento da força

iônica do meio, principalmente na presença de cátions divalentes, e

experimentos mostram que o efeito antagonista dos cátions na atividade

antifúngica está relacionado ao fungo teste, indicando que os cátions devem

interferir na interação do peptídeo com a membrana alvo (Lay e Anderson,

2005).

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Defensinas em geral apresentam baixa conservação da sequência

primária, provavelmente devido a diferentes mecanismos de interação com a

membrana. Entretanto, a similaridade entre as sequências pode chegar a altos

escores nos loops de interação, se compararmos defensinas que compartilham

o mesmo destino da membrana (de Medeiros et al., 2010).

2.3.2. Localização das defensinas em Plantas

As defensinas de plantas estão localizadas em células periféricas e

estomáticas para combater os patógenos (dos Santos et al., 2010). Eles

geralmente são secretados, uma vez que a maioria dos peptídeos carrega um

peptídeo sinal, entretanto, alguns peptídeos da famíia de defensinas de plantas

parece não conter essa tal sequência, sugerindo que esses peptídeos

permanecem no citoplasma (Thomma et al., 2002). Além disso, têm sido

relatada a presença desses peptídeos na parede celular de vegetais (Segura et

al., 1998; Teixeira et al., 2006; Almeida et al., 2007), formando uma primeira

linha de defesa em plantas. Elas podem ser encontradas em diferentes partes

das plantas como, sementes (Spelbrink et al., 2004; Wong e Ng, 2005; Wong et

al., 2006; Tavares et al., 2008b; Lin et al., 2010; Vieira et al., 2010), folhas

(Penninckx et al., 1996; Segura et al., 1998; Thomma e Broekaert, 1998;

Teixeira et al., 2006; Almeida et al., 2007; Mukherjee et al., 2010), flores

(Tavares et al., 2008a) e outros tecidos vegetativos como os vasculares, raízes

e cascas (Moreno et al., 1994; Epple et al., 1997a; Park et al., 2002; Silverstein

et al., 2007). A maioria dos tecidos vegetais expressa constitutivamente dois ou

mais genes de defensinas, enquanto outros genes podem ser expressos após

estímulo, como a infecção por patógeno (Thomma e Broekaert, 1998). Isto

sugere que peptídeos individuais são expressos em circunstâncias específicas

ou em sítios específicos.

2.4. Proteínas Transportadoras de Lipídeos (PR-14)

Proteínas transportadoras de lipídeos (LTPs) são pequenos peptídeos,

catiônicos, com pI próximo a 9, ricos em cisteína, encontrados em várias

espécies de plantas. LTPs foram nomeados por sua capacidade de facilitar a

transferência de fosfolipídios entre as membranas in vitro (Kader, 1975). Eles

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são capazes de transferir vários tipos de lipídios, incluindo fosfatidilinositol,

fosfatidilcolina e galactolipídeos (Blein et al., 2002; Yeats e Rose, 2008).

Devido a esta baixa especificidade para o substrato lipídico, LTPs de plantas

também são chamados "proteínas transportadoras de lipídios não-específicas"

(nsLTP). São geralmente identificados como uma pequena família multigênica

e estão presentes em quantidades abundantes, até o máximo de 4% do total

de proteínas solúveis (Wang et al., 2010). nsLTP foram previamente divididas

em duas subfamílias, LTP1 e LTP2, de acordo com a massa molecular, cerca

de 9 e 7 kDa respectivamente (Kader, 1996). Recentemente, Boutrot et al.

(2008) ampliou a classificação dos nsLTPs a nove diferentes classes através

de uma análise filogenética. LTPs possuem oito resíduos de cisteínas

conservados, formando quatro pontes dissulfeto, que são responsáveis pela

dobramento compacto dos nsLTP e estabilidade ao tratamento térmico e

proteólise, propriedades que os tornam verdadeiros alérgenos alimentares

(Fernandez-Rivas, 2009).

2.4.1. Atividade Biológica dos LTPs e Modo de Ação

A molécula de nsLTP forma uma cavidade hidrofóbica única, delimitada

por quatro α-hélices, em que podem residir ácidos graxos, acil-CoA, ou

fosfolipídios que poderiam ser transportados através da membrana celular das

plantas (Blein et al., 2002; Ooi et al., 2006). Apesar de seu nome, um papel no

transporte intracelular de lípidos é considerado improvável, baseado em sua

localização extracelular. LTPs possuem um peptídeo sinal, o que os direciona a

matriz extracelular(Finkina et al., 2007; Yeats e Rose, 2008). Embora as

estruturas de nsLTPs sejam altamente conservadas, nsLTPs diferentes

parecem possuir funções biológicas distintas correspondentes a diferentes

regulações da expressão dos genes (Wang et al., 2010).

No que diz respeito ao desenvolvimento da planta, várias funções têm

sido sugeridas, tais como envolvimento na mobilização de lipídios de

armazenamento em sementes, na formação da cutícula, na adesão do tubo

polínico, na morte celular programada do endosperma, e na flexibilização da

parede celular (Bakan et al., 2006). Em matéria de defesa, apresenta atividade

de inibição de bactérias e fungos (Oshchepkova et al., 2009), inibidor de

protease e sinalização da resistência sistêmica (Pyee et al., 1994).

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Segundo Blein et al. (2002), dois mecanismos básicos principais estão

provavelmente envolvidos na defesa de plantas e estão de acordo com a

localização extracelular dos nsLTPs: (1) a formação de camadas protetoras

hidrofóbica (cutina e suberina) e (2) a inibição do crescimento fúngico . Embora

o papel exato dos nsLTPs na formação de camadas de cutina seja

desconhecida, eles poderiam desempenhar um papel no transporte de

monômeros hidrofóbicos para a polimerização extracelular .

Elicitinas, proteínas secretadas por oomycetes, são conhecidos

eliciadores de defesa da planta, e trabalhos recentes demonstraramm que as

proteínas elicitinas e LTPs apresentam afinidade e concorrência para o mesmo

receptor de membrana. Entretanto, elicitinas induzem a morte celular via

hipersensibilidade e resistência sistêmica inespecífica, enquanto que estas

respostas celulares são inibidas por nsLTP1, que se comportam como

antagonistas de elicitinas (Blein et al., 2002), indicam que LTPs podem estar

envolvidos na sinalização celular contra patógenos.

Ainda, verificou-se que nsLTPs de A. thaliana estão envolvidas na

transdução de sinal de lipídios vegetais, incluindo a promoção de sinalização

de longa distância durante SAR (Maldonado et al., 2002; Salcedo et al., 2007).

2.4.2. Localização dos LTPs em Plantas

Estudos envolvendo imunolocalização mostraram que LTPs estão

localizadas principalmente no citosol, mas são posteriormente excretadas e,

finalmente, se acumulam na interface plasmalema-parede celular e na parede

celular (Thoma et al., 1993; Borges et al., 2006).

Um estudo de genomas sequenciados de plantas sugere que as duas

famílias caracterizadas bioquimicamente de LTPs são restritas

filogeneticamente às plantas que produzem sementes (Yeats e Rose, 2008) e

já foram identificadas (em nível protéico ou DNA) em diferentes tecidos, em

espécies de mono e dicotiledôneas (García-Olmedo et al., 2001).

Eles são abundantes no malte de cevada, contribuindo para a qualidade

da cerveja e a formação de espuma, e também foram identificadas como os

principais agentes alergênicos para humanos, especialmente nas frutas da

família Rosaceae, tais como maçã e pêssego (Yeats e Rose, 2008).

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2.5. Inibidores de proteases (PR-6)

Os inibidores de proteases (PIs) que estão presentes naturalmente são

essenciais para regular a atividade das suas proteases correspondentes e

desempenham papéis-chave na regulação de muitos processos biológicos

(Habib e Fazili, 2007). Um importante mecanismo de controle de enzimas

ativas envolve a interação com proteínas que inibem a atividade dos PIs. Estes

inibidores formam complexos menos ativos ou completamente inativos com

suas enzimas cognatas,. Os PIs ativos contra diferentes classes de proteases

foram classificadas em 48 famílias, com base em similaridade significativa de

sequências e relações estruturais (Rawlings et al., 2004). Proteínas contendo

um único inibidor da unidade são denominados inibidores simples, e aqueles

que contêm inibidor com múltiplas unidades são denominados inibidores

complexos (Habib e Fazili, 2007).

PIs são de ocorrência comum no reino vegetal. PIs de Plantas

geralmente são pequenas proteínas. Eles também são encontrados

costitutivamente ou são induzidos em plantas, em resposta a ferimentos ou

ataque por insetos ou patógenos (Ryan, 1989). Nas plantas, essas proteínas

atuam como inibidores da protease anti-metabólicos, que interferem com o

processo digestivo dos insetos.

O número de PIs de plantas identificados e isolados é grande, sendo os

PIs serínicos e cisteínicos os que apresentam melhor caracterização. A maioria

dos PIs serínicos reage com suas enzimas cognatas através de um mecanismo

semelhante ao que ocorre na ligação entre enzima e substrato (Grutter et al.,

1990). As plantas contêm uma variedade de inibidores de serino proteases

que podem ser divididos em 16 classes (Ryan, 1989). Entretanto, quatro

classes são mais conhecidas: os inibidores de tripsina do tipo Kunitz de soja;

os inibidores de Bowman Birk e os inibidores do tipo I e II, presentes na batata.

Os Inibidores Bowman Birk (BBI) foram isolados e caracterizados pela primeira

vez em feijão (Bowman, 1945) e sementes de soja (Birk et al., 1963) sendo,

posteriormente, identificados em outras leguminosas (Norioka e Ikenaka, 1983)

e gramíneas (Odani et al., 1986). Os BBI possuem em sua estrutura dois

domínios ativos que podem agir de forma independente, pois em sua estrutura

existem duas regiões distintas que inibem as enzimas semelhantes à tripsina e

quimotripsina, sendo conhecidos como “inibidores de dupla-cabeça”. Essas

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moléculas, geralmente, possuem uma baixa massa molecular variando de 6 a 9

kDa, e frequentemente apresentam sete ligações dissulfeto altamente

conservadas. Essa característica confere uma simetria à molécula, onde as

duas “cabeças”, que estão localizadas em lados opostos, contêm os sítios de

ligação (Gariani et al., 1999).

2.5.1. Atividade Biológica dos Inibidores de Proteases e Modo de

Ação

Os PIs em plantas atuam geralmente como proteínas de reserva (fonte

de nitrogênio), como reguladores de enzimas endógenas, ou estão

relacionados com um mecanismo de defesa contra o ataque de pragas e/ou

patógenos. Resultados recentes sugerem que os PIs desempenham um papel

ativo na resistência a doenças. As plantas sintetizam, em resposta ao ataque,

polipeptídeos inibitórios que podem suprimir a atividade das enzimas proteases

produzidas por microrganismos fitopatogênicos (Kim et al., 2009a).

Esses inibidores podem atuar como fatores de defesa contra fungos. Os

fungos são bem conhecidos pela habilidade em degradar uma ampla variedade

de substratos e produzem, entre os compostos biologicamente ativos, uma

variedade de enzimas hidrolíticas, as quais se encarregam de gerar peptídeos

e aminoácidos a partir do crescimento em substratos protéicos. A função das

enzimas hidrolíticas extracelulares parece ser nutricional, uma vez que

catalisam a hidrólise de grandes moléculas em moléculas menores ou blocos

construtivos para a subsequente utilização pelas células, o que também é

verdadeiro para algumas enzimas intracelulares (Barata et al., 2002). Os PIs

atuam nessas enzimas hidrolíticas causando a morte do microrganismo.

Também no caso de defesa contra insetos, os PIs interferem no

processo digestivo dos insetos se deve à diminuição da assimilação de

nutrientes, interferindo tanto no desenvolvimento como na reprodução. Quando

insetos são submetidos a uma dieta artificial que contenha inibidores

específicos para a principal classe de proteinases de seus intestinos, estes têm

seu crescimento e desenvolvimento retardados, bem como podem apresentar

índices de mortalidade bastante significantes (McManus e Burgess, 1995).

Foi também demonstrado que um peptídeo inibidor de cisteíno protease

tem atividade nematicida (Andrade et al., 2010).

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Entretanto, outras funções além de bloquear a ação de proteases

também foram encontradas para alguns PIs, como as atividades de fator de

crescimento ou envolvimento na carcinogênese (Habib e Fazili, 2007).

Os inibidores BBI também possuem outras atividades biológicas. A

exemplo, a interação BBI-Protease do vírus da dengue é modelo para o

desenvolvimento de novas drogas inibidoras dessa protease que é fundamental

na replicação viral (Krishna Murthy et al., 2000), que atuam inibindo enzimas

envolvidas na regulação de sistemas fisiológicos de animais superiores, como

as enzimas proteolíticas de leucócitos polimorfonucleares humanos como a

elastase (HLE) e catepsina G (HLCG), que hidrolisam proteínas estruturais

importantes como elastina, colágeno (tipos I-V, IX, X, XI) e fibronectina.

Acredita-se que a hidrólise da elastina por HLE possua um papel importante na

destruição de tecidos em diversas doenças inflamatórias, como enfisema

pulmonar, artrite, e outras.

PIs estão entre os candidatos mais estudados na engenharia genética

para a resistência de plantas contra insetos-praga. Vários estudos têm

mostrado que inibidores de protease são ativos contra as enzimas de

diferentes espécies de insetos, tanto em análises in vitro como in vivo (Mosolov

et al., 2001; Rahbé et al., 2003).

2.5.2. Localização dos Inibidores de Proteases em Plantas

PIs são encontradas em plantas pertencentes a uma variedade de

grupos sistemáticos, embora altos níveis de PIs sejam frequentemente

encontrados em muitas plantas pertencentes à família Solanaceae (Kim et al.,

2009a). PIs de plantas têm sido principalmente descritos como presentes nos

tecidos de armazenamento, tais como sementes e tubérculos, mas eles

também foram encontrados na parte aérea das plantas, como folhas, em seus

órgãos reprodutivos, tecidos vegetativos e frutos (De Leo et al., 2002).

Estes peptídeos são expressos em altas concentrações, tanto local

como sistemicamente, durante o ataque do patógeno, o que apóia a sugestão

de que elas desempenham um papel na proteção de plantas (Kim et al.,

2009b).

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TABELA 3: Revisões sobre PR-Peptídeos PR-PEPTÍDEOS REVISÃO

Tioninas (PR – 13) (Bohlmann e Apel, 1991; Bohlmann, 1994; Florack e

Stiekema, 1994; Stec, 2006)

Defensinas (PR – 12)

(Broekaert et al., 1995; Thomma et al., 2002; Lay e

Anderson, 2005; Pelegrini e Franco, 2005; Yang e Lyu,

2008; Carvalho e Gomes, 2009; Stotz et al., 2009;

Padovan et al., 2010a)

Proteínas Transportadoras de

Lipídeos - LTPs (PR-14)

(Kader, 1996; Douliez et al., 2000; Carvalho e Gomes,

2007; Salcedo et al., 2007; Yeats e Rose, 2008)

Inibidores de Proteases (PR-10) (Mosolov et al., 2001; Habib e Fazili, 2007; Mosolov e

Valueva, 2008; Kim et al., 2009a)

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de sésseis, as plantas desenvolveram no decorrer da evolução

inúmeros mecanismos de respostas específicas a estresses variados. Estes

organismos conseguem alterar o seu plano de desenvolvimento para contornar

situações desfavoráveis, como ataques de pestes ou patógenos, fatores

abióticos impróprios, dentre outros. Além disso, podem contar com um arsenal

de defesas constitutivas que já fazem parte do seu metabolismo normal.

Peptídeos de plantas têm sido propostos como novas fontes úteis de

utilização no desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes a

fitopatógenos. Nesse âmbito, diversos peptídeos têm sido isolados, e

caracterizados com o propósito de serem utilizados na biotecnologia para o

melhoramento genético de plantas ou desenvolvimento de defensivos de

origem protéica.

O conhecimento sobre peptídeos relacionados à patogênese e

peptídeos antimicrobianos apresenta-se de grande importância para a proposta

de estudos e a avaliação de novas estratégias em potencial para a

bioengenharia da resistência vegetal, pelo uso desses peptídeos como agentes

de defesa contra fitopatógenos, seja na forma de agentes de defesa

comercialmente disponíveis ou como biomoléculas a serem superexpressas

em plantas para o desenvolvimento de maior resistência ou tolerância a

doenças.

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CAPÍTULO II ANÁLISE PROTEÔMICA DE FOLHAS DE TOMATE INOCULADAS COM

Xanthomonas campestris pv. vesicatoria

RESUMO

A resistência natural das plantas a patógenos é baseada em

mecanismos pré-formados como barreiras físicas e compostos antimicrobianos

constitutivos e em mecanismos induzidos, que são ativados após a percepção

do patógeno pela planta, desencadeando vias de sinalização que induzem

respostas de defesa rápida, com a síntese de proteínas que desempenham

importante papel contra o ataque de fitopatógenos. A proteômica aplica-se com

sucesso à identificação de proteínas diferencialmente expressas em resposta

de plantas de tomate ao estresse biótico, visando identificar proteínas

importantes relacionadas à defesa de plantas. Verificou-se que após o inoculo

com a bactéria Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, houve indução de

resistência nas plantas de tomate e a resposta da planta ao estresse variou de

acordo com a severidade da doença. Essa resposta diferenciada pôde ser

observada pelo teste das enzimas indicadoras do estado de resistência, como

quitinases, β-1,3-glucanases, lipoxigenases, peroxidases e fenilalanina amônia-

liase, e pela expressão diferencial de proteínas. Neste trabalho, géis

bidimensionais 12,5% de extratos protéicos solúveis (ES) de folhas de

tomateiros inoculados com o patógeno e colhidas em diferentes tempos, foram

comparados com géis de extratos ES de plantas sem inóculo, a fim de se

identificar proteínas diferencialmente expressas entre os diferentes

tratamentos. Os spots diferencialmente expressos foram extraídos e

tripsinizados. Pela análise dos espectros gerados por Peptide Mass Fingerprint,

foi possível identicar proteínas diferencialmente expressas relacionadas com

fotossíntese, resistência a doença, mecanismos de defesa, energia e

metabolismo. A identificação dessas proteínas é de grande importância para a

evidenciação das vias metabólicas envolvidas e assim a melhor compreensão

da resposta das plantas frente ao ataque por patógenos. Esse auxílio na

identificação de rotas metabólicas e, ou, de mecanismos de defesa certamente

auxiliam a direcionar pesquisas e caminhos na bioengenharia, visando à

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geração de plantas resistentes ou na identificação de processos metabólicos

de defesa a serem utilizados como mecanismos naturais contra patógenos.

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ABSTRACT

The natural plants resistance to pathogens is based on preforms

mechanisms, as physical barriers and constitutive antimicrobial compounds,

and induced mechanisms that are activated after the perception of the pathogen

by the plant, triggering signaling pathways that induce quickly defense

responses, as proteins synthesis that play an important role against attack by

pathogens. Proteomics successfully applies to identify differentially expressed

proteins in biotic stress response of tomato plants, to identify important proteins

related to plant defense. It was found that after inoculation with Xanthomonas

campestris pv. vesicatoria, tomato plants showed induced resistance and plant

response varied according to disease severity. This differential response could

be observed by the detect increases in activity of enzymes known to be

involved with induced systemic resistance such as lipoxygenases,

phenylalanine, amonia-lyases, peroxidases, chitinases and β-1,3-glucanase,

and the differential expression of proteins. In this study, two-dimensional gels of

soluble protein extracts (ES) from tomato leaves inoculated with the bacteria

and harvested at different times were compared with gels of ES extracts from

plants without inoculum, to identify differentially expressed proteins between

different treatments. The spots differentially expressed, after identification by

ImageMaster, were extracted and trypsinized. By analyzing the spectra

generated by Mass Spectrometry (MS), we identified proteins tha are involved

in several processes, i.e. photosynthesis, disease resistance, defense

mechanisms, energy and metabolism. The identification of these proteins is

important to better understand the plants response against pathogens attack

and may help identify metabolic pathways and / or defense mechanisms that

help further research in the bioengineering field in the generation of resistant

plants or identifying defense metabolic processes to be used as natural

mechanisms against pathogens.

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1. INTRODUÇÃO

As plantas reagem às agressões que sofrem de vírus, bactérias, insetos

e outros organismos, ou de agentes não-biológicos, como a radiação, as

temperaturas extremas, a poluição e outros. Para sobreviverem, durante sua

evolução, elas desenvolveram mecanismos de resposta a danos e doenças,

acionados assim que reconhecem a agressão.

Na maior parte das vezes, a alta capacidade de adaptação das plantas

permite que sobrevivam, mesmo tendo muitas vezes seu desenvolvimento

prejudicado. Os efeitos são mais graves sobre as espécies de interesse

agrícola, muito vulneráveis, porque, em geral, são usadas em plantio de

monoculturas geneticamente uniformes. Quando uma doença atinge essas

espécies, as perdas podem ser severas.

O tomate está entre as hortaliças mais consumidas no mundo, sendo

uma fonte de vitaminas A e C, e de sais minerais como potássio e magnésio. É

um fruto originário dos países andinos, desde o norte do Chile até a Colômbia,

e pertence à família Solanaceae, assim como o pimentão, o jiló, a berinjela e a

batata. Dentre as hortaliças cultivadas no país, o tomate de mesa destaca-se

em área plantada e em produção, sendo cultivado em todas as regiões

geográficas, sob diferentes condições de manejo cultural (Melo, 2003). Em

2007, o Brasil ocupou o sexto lugar no ranking da produção mundial, com uma

produção de três milhões de toneladas plantadas numa área de 57,6 mil

hectares (AGRIANUAL, 2008). Em função do grande número de pragas e

doenças que afetam o tomateiro, a cultura do tomate ocupa o segundo lugar

em consumo de agrotóxicos por área na produção comercial (Neves et al.,

2003). A busca por uma cultura que possa ser produzida sem a utilização de

agrotóxicos vem crescendo, principalmente com a divulgação frequente de

contaminação do fruto com resíduos de pesticidas (ANVISA, 2005) Assim, a

produção de tomates constitui uma grande oportunidade de negócio para os

agricultores e, ao mesmo tempo, um desafio, pois estes não possuem

informações e alternativas efetivas para o combate de doenças e de pragas

nas safras.

A proteômica, que corresponde à avaliação do conjunto de proteínas

expressas em um organismo, tecido ou célula em dada situação celular, aplica-

se com sucesso à identificação de proteínas diferencialmente expressas em

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resposta de plantas de tomate a estresses bióticos e abióticos. A identificação

de proteínas envolvidas em rotas metabólicas de defesa poderá auxiliar na

identificação de mecanismos de defesa que auxiliem o agronegócio na geração

de plantas resistentes. Poderão ainda ser identificados processos metabólicos

de defesa a serem utilizados como mecanismos naturais contra fitopatógenos,

ou ainda, ser identificados compostos antimicrobianos para uso como

defensivos agrícolas naturais. Este projeto visa identificar proteínas

diferencialmente expressas em plantas de tomate submetidas a estresse

biótico por infecção com Xanthomonas campestris pv vesicatoria, para auxiliar

na elucidação de mecanismos de ação de defesa e busca de agentes de

controle para a cultura do tomate.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A cultura do Tomate

Tomates (Solanum lycopersicum L., syn. Lycopersicon esculentum Mill.)

são importantes constituintes na dieta dos seres humanos. Estão entre as

hortaliças mais consumidas no mundo, sendo uma fonte de vitaminas A e C e

de sais minerais, como potássio e magnésio. São, também, boas fontes de

licopeno, um antioxidante natural associado à proteção contra alguns tipos de

câncer (Carvalho e Pagliuca, 2007).

O tomate é um fruto originário dos países andinos, sendo produzido

desde o norte do Chile até a Colômbia. Pertence à família Solanaceae, como o

pimentão, o jiló, a berinjela e a batata. É cultivado em praticamente todos os

países, quer em campos abertos ou em culturas protegidas, o que o leva ao

topo de maior produção/consumo, com destaque para a China e os Estados

Unidos, que produzem 30% do total mundial. Em 2007, o Brasil ocupou o sexto

lugar no ranking da produção mundial, com uma produção de três milhões de

toneladas plantadas numa área de 57,6 mil hectares (AGRIANUAL, 2008).

Dentre as hortaliças cultivadas no País, o tomate de mesa destaca-se

em área plantada e em produção, sendo cultivado em todas as regiões

geográficas, sob diferentes condições de manejo cultural (Melo, 2003).

Bactérias como Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis,

Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, Pseudomonas syringae pv. tomato,

Pseudomonas solanacearum e Erwinia spp, além de fungos como

Phytophthora infestans, Fusarium oxysporum fsp. Lycopersici e Alternaria

solanii são responsáveis por doenças prejudiciais ao crescimento e ao

desenvolvimento da planta e de seus frutos. Com relação aos nematóides, os

causadores da galha do gênero Meloidogyne são importantes patógenos do

tomateiro. Já os vírus que mais causam danos econômicos na cultura de

tomate, no Brasil, são os geminivírus. Em função do grande número de pragas

e doenças que afetam o tomateiro, essa cultura ocupa o segundo lugar em

consumo de agrotóxicos por área na produção de frutos com valor comercial

(Neves et al., 2003). A busca por uma cultura que possa ser produzida com

redução no uso de agrotóxicos é crescente, considerando a divulgação de

contaminação dos frutos com resíduos dos pesticidas (ANVISA, 2005).

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2.2. A mancha Bacteriana do Tomateiro

Dentre diversas doenças que acometem o tomateiro, com elevada

capacidade destrutiva e difícil controle, destaca-se a pústula-bacteriana ou

mancha-bacteriana, causada por Xanthomonas campestris pv. vesicatoria

(Doidge) Dye (Jones et al., 1998; Tamir-Ariel et al., 2007), uma bactéria

baciliforme, Gram-negativa, móvel por meio de um flagelo polar. Esta bactéria

foi reclassificada recentemente, propondo-se quatro diferentes espécies:

Xanthomonas vesicatoria, Xanthomonas euvesicatoria, Xanthomonas gardneri,

e Xanthomonas perforans (Tamir-Ariel et al., 2007). Como a aceitação da nova

nomenclatura ainda está para ser determinada pela comunidade científica, aqui

utilizamos a nomenclatura clássica.

A mancha bacteriana, causada por espécies do gênero Xanthomonas,

frequentemente ataca plantas de tomate e de pimentão. A doença é favorecida

por temperaturas entre 20 e 30 ºC, e ocorre com maior severidade onde a

chuva está associada a ventos fortes. Os sintomas da mancha bacteriana

ocorrem em toda a parte aérea da planta, podendo se manifestar em qualquer

estágio da cultura (Jones et al., 1998; Tamir-Ariel et al., 2007). Nas folhas, os

primeiros sintomas aparecem na forma de pequenas áreas encharcadas, de

formato irregular e bordos definidos. Estas manchas (Figura 1) tornam-se

deprimidas, passando de uma coloração amarelada ou verde-clara para

marrom-escura, até a necrose do tecido (Goode e Sasser, 1980).

Essa doença é uma das mais importantes e destrutivas do tomateiro

para processamento industrial no país. As perdas devido à doença são

diretamente resultantes da redução da produção em decorrência dos sintomas

(as manchas necróticas nas folhas contribuem para o secamento das mesmas)

e também do custo dos produtos químicos empregados como estratégias de

controle (Goode e Sasser, 1980).

O êxito ou fracasso do controle químico à bactéria pode ser, em parte,

atribuído à maior ou menor eficácia dos princípios ativos aplicados, a cuidados

e épocas de tratamento e, principalmente, à sensibilidade ou resistência das

populações do patógeno a bactericidas comumente empregados.

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FIGURA 1: Folha de tomateiro com sintomas típicos de mancha bacteriana.

2.3. Mecanismos de Defesa Vegetal

Em função do grande número de mecanismos de defesa utilizados pelas

plantas e, por serem de alta eficiência, a infecção por patógenos resulta em

danos reduzidos nas plantas. A resistência natural das plantas é baseada tanto

em mecanismos pré-formados constitutivos quanto em mecanismos induzidos.

A resistência constitutiva, inespecífica ou estática constitui o principal

mecanismo no caso de resistência não específica, e ocorre mesmo sem a ação

de agentes agressores, pois, quando recebida por herança dos ancestrais,

torna as plantas imunes (ou não-hospedeiras) à maioria dos patógenos. É

constituída por mecanismos de defesa naturais pré-existentes nas plantas, uma

série de barreiras estruturais que conferem a elas proteção a patógenos, como

cutículas serosas e componentes antimicrobianos, que estão presentes na

forma ativa em plantas sadias, ou possuem precursores inativos que

rapidamente são ativados em resposta ao estresse ou ao ataque de patógenos.

Há ainda outros mecanismos de defesa, ainda mais eficientes, que conferem

resistência pós-infeccional ou induzida, que, aparentemente, permanecem

inativos ou latentes, só sendo acionados ou ativados, após a exposição das

plantas a agentes eliciadores (Colson e Deverall, 1996; Heath, 2000; Gozzo,

2003; Beckers e Conrath, 2007).

2.3.1. Resposta Hipersensitiva

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Ao contrário do que ocorre na maquinaria de defesa do sistema imune

em mamíferos, as células vegetais não se movem, e as respostas de defesa

são autônomas, de modo que cada célula possa detectar e responder ao

ataque microbiano. Uma das mais eficientes formas de defesa das plantas é a

resposta de hipersensibilidade (HR – do inglês, hypersensitive response),

caracterizada pela morte celular localizada das células vegetais e a formação

de lesões necróticas no sítio de penetração do patógeno, ocorrendo o

desenvolvimento de lesões que limitam o crescimento do patógeno e/ou seu

espalhamento ou, até mesmo, a autodestruição de toda a planta (Bonas e

Lahaye, 2002). Comuns a todas as plantas em resposta a diferentes

patógenos, os aspectos fisiológicos da HR incluem o aumento rápido e

transitório de espécies reativas de oxigênio (ROS – do inglês, reactive oxygen

species), tais como, O2-, OH- e H2O2; a perda de íons potássio (K+) e o ganho

de íons hidrogênio (H+) pelas células; a destruição de compartimentos e o

espessamento das paredes celulares e da cutícula; além da síntese de toxinas

(fitoalexinas) e de proteínas relacionadas à defesa, conhecidas como proteínas

PR (relacionadas à patogênese ou, do inglês, pathogenesis related) (Ye et al.,

1990; Koch et al., 1992; van Loon, 1997; Silva et al., 2004; van Loon et al.,

2006; Walters e Heil, 2007).

2.3.2. Indução de Resistência

Além dos mecanismos de defesa constitutivos, plantas possuem

mecanismos de defesa pós-infeccional, ainda mais eficientes, que são

acionados após elas serem expostas a agentes de indução. O contato entre o

patógeno e o protoplasma da célula hospedeira desencadeia reações de

síntese de compostos tóxicos para o patógeno. A resposta, após uma infecção

primária por agente patogênico microbiano, por ataque por pragas ou pela

exposição a moléculas capazes de atuarem como indutores pode levar as

plantas a desenvolver uma resistência aumentada a ataques futuros. Este

fenômeno é conhecido como indução de resistência (Walters e Heil, 2007). É

considerado um estado “de aumento da capacidade defensiva”, eliciada por

estímulo ambiental específico, por meio da qual as defesas constitutivas das

plantas são potencializadas contra os desafios bióticos subsequentes (van

Loon, 1997; Van Loon et al., 1998; van Loon et al., 2006).

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Os dois mecanismos mais conhecidos de resistência induzida são SAR -

Resistência Sistêmica Adquirida (Systemic Acquired Resistance) e ISR -

Resistência Sistêmica Induzida (Induced Systemic Resistance). Estes

fenômenos são distintos quanto à forma através da qual são induzidos e

regulados por mecanismos bioquímicos, embora semelhantes fenotipicamente.

Ambos resultam em indução de resistência (ou tolerância) contra um ataque

subsequente de patógenos ou parasitas e têm seus mecanismos de defesa

ativados não apenas no sítio de indução, como também em outros locais dele

distantes. Eles podem ser diferenciados com base na natureza do eliciador e

na via metabólica regulatória envolvidas. As diferenças entre os dois

fenômenos são que a SAR envolve o acúmulo de proteínas PR como

mecanismos induzidos de defesa da planta, sua indução é salicilato-

dependente, pode resultar em alterações visuais (necroses, por exemplo) na

planta que sofreu indução, e geralmente é induzida por patógenos ou

ativadores químicos (Loake e Grant, 2007). No caso de ISR, não há acúmulo

de proteínas PR, a planta que sofreu indução não exibe alterações, o agente

indutor é usualmente um microrganismo não-patogênico e sua indução não é

salicilato-dependente, parecendo haver uma outra rota de sinalização mais

associada a jasmonatos e ao etileno (Stiche et al., 1997; van Loon, 1997; Van

Loon et al., 1998; Grant e Lamb, 2006; van Loon et al., 2006; Walters e Heil,

2007).

A resistência induzida acontece se a planta percebe a presença do

agente agressor e transmite os sinais, por meio de moléculas que se ligam a

receptores de membrana, que ativam mecanismos de defesa. O

reconhecimento rápido de patógenos invasores pelas células vegetais e a

indução rápida das respostas de defesa são essenciais para a resistência das

plantas. Desta forma, a resistência ocorre quando respostas múltiplas de

defesa são ativadas rapida e coordenadamente (Yamamizo et al., 2006).

Foi proposta a existência de um sistema de reconhecimento gene-a-

gene, com interação específica. Uma planta com o gene dominante de

resistência R reconhece um patógeno com o gene dominante de avirulência avr

correspondente, e assim, a presença do gene avr torna o patógeno não-

virulento se a planta tiver o gene R apropriado. Se o gene certo não existe na

planta ou no agente patogênico, não há reconhecimento nem resistência, e a

doença se instala. Acredita-se que o gene R codifica o receptor, que, por sua

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vez, reconhece a molécula indutora gerada direta ou indiretamente pela ação

do gene avr, ativando os mecanismos de defesa (Flor, 1971; Keen, 1990;

Bonas e Lahaye, 2002; Walters e Heil, 2007).

2.3.3. Proteínas PR

Das alterações decorrentes da interação planta-patógeno, a síntese de

proteínas PR talvez seja a mais evidente. Proteínas PR são um grupo de

proteínas heterogêneo codificadas por genes que são rapidamente induzidos

por infecções patogênicas, pelo ácido salicílico (SA), ácido jasmônico (JA) e

etileno (ET), além de fatores ambientais (Seo et al., 2008). Elas participam

ativamente no fenômeno de resistência induzida, tanto quando a indução é por

fatores bióticos (Bol et al., 1990), como por abióticos (Shah et al., 1997). Elas

são classificadas em 17 “famílias” baseadas em suas propriedades bioquímicas

e moleculares, de PR-1 a PR-17. As mais comumente investigadas são as PR-

1, que contém as primeiras PRs descobertas cujas atividades biológicas são

ainda desconhecidas, PR-2 (-1,3-glucanases), PR-3 (Quitinases) e PR-5

(Osmotina) (van Loon et al., 2006).

Proteínas PR têm baixo peso molecular, são estáveis a baixos valores

de pH e resistem a proteases (Gozzo, 2003). Acumulam-se em locais de

infecção e em sítios remotos destes, em casos de indução de resistência

sistêmica (Sticher et al., 1997). Podem se acumular tanto nos espaços

intercelulares (quando teriam uma ação direta sobre o patógeno) como em

vacúolos (teriam ação após eventos de patogênese que culminam com a

descompartimentalização).

Um grande número de enzimas PR também tem sido associado à ISR,

incluindo peroxidases (E.C. 1.11.1.7), fenilalanina amônia-liase (PAL) (E.C

4.3.1.5), lipoxigenases (E.C. 1.13.11.12), β-1,3-glucanases (E.C. 3.2.1.6), e

quitinases (E.C. 3.2.1.14) (Silva et al., 2004; van Loon et al., 2006; Seo et al.,

2008). Quitinases e β-1,3-glucanases mostram atividade antifúngica sinérgica.

Estas enzimas levam à liberação de moléculas que provocam os primeiros

passos da indução de resistência, como as fitoalexinas e compostos fenólicos.

Peroxidase participa na lignificação da parede celular, fazendo-a mais

resistente à degradação pelo arsenal enzimático do patógeno ou à penetração

mecânica, e na eliminação de ROS. A enzima PAL é uma enzima-chave,

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responsável pela transformação da fenilalanina em ácido cinâmico. A atividade

de fenilalanina amônia-liase também gera precursores da biossíntese de

lignina, que podem exercer efeito tóxico sobre o patógeno ou podem se ligar à

parede celular fúngica, fazendo-a mais rígida e impermeável (Hammerschmidt

et al., 1982), e outros compostos fenólicos que se acumulam em resposta à

infecção. Produtos da ação das lipoxigenases contribuem para as reações de

defesa por meio da inibição do crescimento de patógenos, induzindo produção

de fitoalexinas e por transdução de sinal. O aumento da atividade e

acumulação destas enzimas depende principalmente do agente indutor, mas

também do genótipo da planta, condição fisiológica, e dos agentes patogênicos

(Silva et al., 2004). O aumento da atividade dessas enzimas indica um estado

de indução de resistência.

2.4. Análise Proteômica

Com o sequenciamento completo de genomas inteiros e a

disponibilização dessas informações, pesquisadores têm focado esforços na

compreensão dos proteomas. Estudos dos genes por meio do seu

sequenciamento e de suas características estruturais, por si só, não poderiam

prever a estrutura dinâmica de uma proteína.

Proteínas são biomoléculas responsáveis por vários eventos

bioquímicos em organismos vivos, desde a formação e a composição até a

regulação e o funcionamento. Elas são montadas nas células com base na

informação contida nos genes, e é a forma específica que adquirem depois de

construídas que determina como (e se) vão atuar na célula. A busca pelo

entendimento da expressão, da função e regulação das proteínas codificadas

por um organismo deu início à chamada Era Proteômica.

Proteômica é o estudo do proteoma, o conjunto de proteínas contidas

numa célula em uma dada situação celular, as quais são determinadas pelo

genoma da mesma. O termo proteoma foi cunhado por Wilkins e Williams, em

1995, significando o conjunto de todas as proteínas expressas por um genoma,

em um tecido ou sistema biológico em dado momento celular, ou como o

conjunto de todas as proteínas celulares expressas pelo genoma de um

organismo sob determinada situação fisiológica (Wilkins, 1996). A proteômica

despontou como uma das vertentes da era pós-genômica, como resultado

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direto dos avanços conseguidos pelo sequenciamento em larga escala do DNA

(Mann et al., 2001).

A análise proteômica permite a avaliação sistemática da expressão

protéica comparativa em tecidos sob momentos fisiológicos diferentes, como

tecidos doentes e sadios, tratados e não-tratados, resistentes e suscetíveis

(Wasinger et al., 1995). O objetivo é contribuir para o entendimento global e

integrado do funcionamento da célula, ou seja, refere-se ao estudo funcional de

proteínas e seu envolvimento em vias metabólicas celulares. As informações

não podem ser obtidas apenas pelo estudo dos genes, já que são as proteínas

um dos principais agentes responsáveis pelos fenótipos das células. Os

genomas indicam o potencial proteômico de uma célula. A identificação do

proteoma apresenta grandes dificuldades, ao contrário do genoma, pois o

proteoma de cada célula viva é dinâmica, alterando-se em resposta a

moléculas-sinal, intra e extracelulares. Conhecer como funciona o proteoma é

um processo complexo, porque na maioria das vezes a proteína não age

sozinha realizando determinada tarefa, é a interação entre elas que vai

condicionar o processo (Gazzana e Borlak, 2007).

Além disso, análise proteômica gera conhecimento sobre vias de

sinalização celular, conjunto de proteínas reguladoras, permite identificar,

quantificar e estudar as modificações pós-traducionais das proteínas em uma

célula, tecido ou mesmo organismos em um dado momento fisiológico, bem

como outras informações importantes sobre os estados fisiológicos e

fisiopatológicos de células e organismos (Mann e Jensen, 2003; Newton et al.,

2004).

Na proteômica estrutural, em evidência no período entre 1995 e 2000,

os projetos proteômicos tiveram como objetivos primários separar e detectar o

máximo de proteínas possível de uma fonte, permitindo que sejam catalogadas

computacionalmente para estudo por técnicas analíticas. Em sua segunda era,

a proteômica funcional, prega-se o estudo funcional das proteínas

diferencialmente expressas, visando o seu envolvimento em rotas metabólicas,

ou de defesa, ou em mecanismos diversos que permitam avanços em termos

de genômica funcional. Esse estudo funcional simultâneo de um grande

número de proteínas requer o uso de técnicas sofisticadas. Dentre as técnicas

de separação de proteínas, a cromatografia líquida multidimensional (MDLC) e

a eletroforese bidimensional (2D) apresentam uma maior versatilidade e são as

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mais usadas. Já no processo de detecção, destacam-se os espectrômetros de

massa (MS).

A análise proteômica tornou-se uma ciência poderosa, oferecendo

ferramentas para a caracterização de plantas. Com o progresso alcançado no

que diz respeito à sensibilidade e à rapidez na identificação de proteínas pela

espectrometria de massa e na contínua melhoria nas técnicas de análise

descritiva de proteínas, pela eletroforese 2D, a proteômica trouxe novas

perspectivas para analisar as complexas funções de espécies de plantas e

grãos, em diferentes níveis (Newton et al., 2004; Agrawal et al., 2005b, a).

O interesse na análise proteômica de plantas tem crescido rapidamente

nos últimos anos. O estudo do conjunto de proteínas expressas em órgãos e

tecidos vegetais tem sido aplicado para monitorar mudanças adquiridas ou

influência de estímulo ambiental nos padrões de expressão protéica (Agrawal

et al., 2005b). A proteômica aplica-se com sucesso ao estudo de variações de

proteínas em diferentes organismos vegetais (Mo et al., 2003), variações na

resposta a eventos fisiológicos (Gallardo et al., 2001), variações na interação

hospedeiro-patógeno (Elvira et al., 2008), associado ao melhoramento vegetal,

incluindo-se a prospecção de proteínas-alvo visando a defesa de plantas.

2.5. Ferramentas Proteômicas

Um dos grandes problemas enfrentados pela análise proteômica é a

composição complexa de muitas amostras analisadas, uma vez que um gene

pode dar origem a proteínas diferentes, incluindo as isoformas e também as

modificações co- e pós-transducionais que as proteínas sofrem. Considerando-

se a ocorrência de cerca de 40.000 genes no genoma humano como exemplo,

é estimado que mais de 100.000 tipos únicos funcionais de proteínas possam

ser encontrados em uma célula humana e, com as múltiplas modificações de

cada proteína, o número total de proteínas pode chegar a cerca de um milhão

(Ashcroft, 2003). As proteínas podem sofrer modificações pós-traducionais

como fosforilação, metilação, acetilação e clivagem proteolítica entre outras.

Por este motivo, a estrutura final e função das diversas proteínas não podem

ser definidas com base apenas nas sequências nucleotídicas dos genes que as

codificam. Além disso, muitos dos produtos gênicos são produzidos em

quantidades diferentes nas células, e aqueles que são produzidos em menores

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quantidades podem não ser detectados, pois seus sinais se perdem no

background. Para resolver essa questão, um pré-fracionamento da amostra é

uma prática eficiente.

2.5.1. Abordagem Proteômica por Eletrofrese Bidimensional

Atualmente, a eletroforese bidimensional é o modo mais direto para

mapear o proteoma de um organismo (Dailey, 2001). Na eletroforese

bidimensional (2DE), as proteínas são separadas de acordo com seu ponto

isoelétrico (pI) por focalização isoelétrica (IEF) na primeira dimensão, e de

acordo com sua massa molecular por meio de eletroforese desnaturante em

gel de poliacrilamida na presença de SDS (SDS–PAGE) na segunda dimensão

(O'Farrell, 1975). As proteínas separadas por 2DE podem ser visualizadas

posteriormente por coloração com coomassie blue, coloração por prata,

corantes fluorescentes, detecção imunológica ou por radiomarcação.

A eletroforese bidimensional é um método de separação eficiente

porque todas as proteínas em uma amostra são separadas simultaneamente

fornecendo informações úteis sobre ponto isoelétrico, massa molecular,

expressão, abundância relativa e modificações pós-traducionais, verificadas

pela alteração da mobilidade eletroforética (Pandey e Mann, 2000). A

capacidade de separar com alta resolução um grande número de proteínas de

uma amostra complexa, e a possibilidade de se fazer análise da expressão

gênica por meio de comparação entre perfis protéicos de diferentes situações

fisiológicas, posiciona essa metodologia entre as principais ferramentas para

aplicação em proteômica. A separação e a visualização de proteínas de um

extrato bruto obtido de um tecido, organismo ou célula por 2DE seguida por

sua identificação e caracterização por espectrometria de massa é o método

mais comum para análises proteômicas atuais (Sarma et al., 2008).

Entretanto, perfis gerados pela 2DE nem sempre representam a

totalidade do proteoma, uma vez que esta técnica apresenta limitações para

detectar proteínas presentes em baixa concentração, com valores de massas

moleculares e pI extremos e proteínas hidrofóbicas, incluindo as de

membranas, as quais, muitas são normalmente usadas como alvos para a

ação de drogas, e são promissoras para o desenvolvimento de novas drogas

ou testes diagnósticos (Nägele et al., 2004). Proteínas com massas

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moleculares abaixo de 10 kDa, geralmente, não são retidas pela malha do gel e

podem não ser detectadas quando essa técnica é empregada (Baggerman et

al., 2004).

Diversos procedimentos podem ser adotados para contornar tais

limitações, dentre eles, o pré-fracionamento da amostra, utilização de faixas

estreitas de pH para realização da IEF, fracionamento sub-celular e/ou

remoção das proteínas mais abundantes da amostra (Hancock, 2002).

Devido a essas limitações, a cromatografia líquida multidimensional

(MDLC-HPLC) vem sendo empregada com sucesso como alternativa à

utilização da 2DE (Newton et al., 2004; Ye et al., 2007). Técnicas e

equipamentos para a separação e detecção de proteína e peptídeo

recentemente desenvolvidos, tais como nano-HPLC e HPLC multidimensional,

permitiram que a proteômica experimentasse um crescimento dinâmico durante

os últimos anos (Mitulovic e Mechtler, 2006).

2.5.2. Identificação de Proteínas por Espectrometria De Massa

A espectrometria de massa (MS) tornou-se uma técnica indispensável

para as pesquisas em ciências biológicas, como uma ferramenta robusta, não

só devido à sua notável sensibilidade, mas também pela qualidade e variedade

de informações fornecidas pela técnica (Cañas et al., 2006). O espectrômetro

de massa é um instrumento analítico capaz de converter moléculas neutras em

íons na forma gasosa e separá-las de acordo com a sua razão massa/carga

(m/z), utilizando, para isso, campos eletromagnéticos. Este equipamento atua

como uma balança de íons de altíssima precisão e, em sua grande maioria, é

composto por uma fonte ionizante, por analisador(es), e detector(es). Como

resultado, é emitido um espectrograma, no qual o eixo y representa a

intensidade do sinal dos íons gerados e o eixo x, a razão m/z destes (Cañas et

al., 2006).

Apesar de a MS ser uma tecnologia usada há muito tempo no campo

das engenharias e da física, era pouco utilizada nas ciências da saúde por

degradar biomoléculas ao ionizá-las. Foram desenvolvidas duas técnicas

capazes de ionizar biomoléculas de alta massa molecular, como oligopeptídeos

e proteínas. Estas técnicas também são capazes de alterar o analito de sua

fase sólida ou líquida para gasosa, estado necessário para se analisar em MS

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sem a degradação do analito. Tais técnicas foram denominadas matrix assisted

laser desorption ionization (MALDI) e electron spray ionization (ESI),

aperfeiçoadas para estudos de macromoléculas biológicas por John Fenn et al.

em 1989.

A possibilidade de identificar rapidamente um grande número de

proteínas pelo uso da espectrometria de massa (MS) permitiu o atual avanço

na área da proteômica e peptidômica. As conexões dos sistemas de ionização

com os analisadores formaram tipos de espectrômetro de massas bastante

utilizados em estudos de biomoléculas, como é o caso do MALDI-TOF (time-of-

flight), MALDI-TOF-TOF e Q-TOF.

2.5.3. Métodos Computacionais para Identificação de Proteínas

Identificação de proteínas por espectrometria de massa pode ser feita

seguindo-se duas abordagens: Peptide Mass Fingerprinting (PMF), baseando-

se em um único estágio do MS, e do Peptide Fragment Fingerprinting (PFF),

que é baseado na espectrometria de massa em tandem (MS/MS) (Blueggel et

al., 2004; McHugh e Arthur, 2008; Tiengo et al., 2009). A identificação das

proteínas utilizando os dados de MS por PMF é realizada por comparação

entre os mapas de peptídeos, em que as proteínas e os peptídeos maiores são

submetidos a uma digestão enzimática ou a uma clivagem química, e os

peptídeos resultantes têm sua massa molecular, posteriormente, identificada

por MS. Esses valores de massas moleculares obtidos são utilizados nas

buscas computacionais em que são comparados com resultados de digestão

“in silico” das proteínas existentes em bancos de dados, utilizando softwares

específicos, em geral pela ação de tripsina como a enzima proteolítica. A

tripsina, normalmente utilizada para a digestão das proteínas, faz clivagem

específica C-terminal adjacente a resíduos de arginina e lisina, gerando um

conjunto de peptídeos únicos cujas massas são determinadas por

espectrometria de massa (Shevchenko et al., 1996; Cagney et al., 2003) e que

podem ser considerados como impressão digital daquela molécula.

Já na análise por PFF, dois analisadores de massa acoplados em série

são utilizados. Os peptídeos previamente detectados durante o PMF

(chamados de íons precursores ou parentais) são então isolados e submetidos

à fragmentação, que proporciona a geração de fragmentos filhos. O espectro

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obtido é chamado espectro de fragmentação ou MS/MS. Os espectros gerados

são analisados computacionalmente, onde são comparados com espectros

gerados in sílico dos peptídeos provenientes das proteínas existentes em

bancos de dados, utilizando softwares específicos (Blueggel et al., 2004;

McHugh e Arthur, 2008). Infelizmente, a abordagem da PFF só é útil quando há

uma coincidência exata entre os dados experimentais e uma sequência

incluída no banco de dados. Qualquer diferença de massa devido a

modificações inesperadas impede a identificação (Cañas et al., 2006).

Um dos softwares mais utilizados para as buscas é o MASCOT,

disponível em http://www.matrixscience.com/search_form_select.html, cuja

abordagem fundamental para calcular a probabilidade é de que a

correspondência observada entre o conjunto de dados experimentais e cada

entrada de seqüência contida nos bancos de dados é um acontecimento

fortuito. O Mascot envolve o cálculo de fragmentos teoricamente preditos para

todos os peptídeos de um banco de dados de acordo com a massa do íon

precursor, previamente determinada. Os valores de m/z dos fragmentos

preditos são comparados com os fragmentos experimentais sendo que, neste

caso, a comparação se inicia com base nos íons -b e -y mais intensos. A

probabilidade de o valor de m/z de um fragmento teoricamente obtido coincidir,

de maneira randômica, com o valor de m/z de um fragmento obtido

experimentalmente é calculada e expressa como sendo o negativo do logaritmo

desse número (score). Assim, quanto maior for o valor obtido, menor é a

probabilidade de que este resultado seja fruto de uma "coincidência". Esse

software fornece para cada busca submetida um valor limite (dependendo das

condições usadas para a busca) a partir do qual o valor obtido indica que a

determinação possui probabilidade inferior a 5% de ser um evento randômico

(Cantú et al., 2008). Se esta correspondência é também uma correspondência

importante, depende do tamanho do banco de dados utilizado para a pesquisa

(McHugh e Arthur, 2008).

Infelizmente, às vezes um espectro da amostra não se assemelha a

qualquer espectro teórico no banco de dados de proteína, perto o suficiente

para fazer uma identificação confiável. Isso pode acontecer por vários motivos,

tais como modificações pós-translacionais ou químicas inesperadas, splice

variantes, variações da sequência individual (polimorfismos de um único

nucleotídeo [SNPs] e outros), ou de omissões e erros no banco de dados

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(McHugh e Arthur, 2008). Ainda, apesar de o PMF ser conceitualmente simples

e rápido, ele pode apresentar alguns falso-positivos na lista final,

especialmente quando a amostra é uma mistura de proteínas e o banco de

dados de referência é amplo. As ferramentas disponíveis atualmente para as

buscas apresentam algumas limitações. Os principais problemas dizem

respeito à possibilidade de escolher o banco de dados de proteína de

referência e de atualização, de escolher um número máximo de clivagens

perdidas adequadas ou as modificações pós-translacionais de interesse.

Normalmente, as massas de contaminantes detectados pelo espectrômetro

não são removidos antes de identificações ou proteínas contaminantes não

podem ser especificadas pelo usuário e em alguns casos, a avaliação

estatística dos resultados são muitas vezes inexistentes (Tiengo et al., 2009).

Outra técnica de identificação importante para a análise proteômica é o

sequenciamento de aminoácidos com o uso da técnica Sequenciamento de

novo (MS/MS). Os peptídeos ionizados (íons parentais) são acelerados para

uma região do espectrômetro preenchida com um gás inerte (hélio, argônio ou

nitrogênio) proporcionando, assim, a colisão entre os peptídeos ionizados e as

moléculas do gás inerte (no caso de aparelhos que usam CID – Câmaras de

colisão ou, do inglês, collision-induced dissociation), culminando na

desestabilização das ligações do esqueleto polipeptídico e, por consequência,

induzindo a formação de dois íon-fragmentos, que são classificados como íons

que retêm a carga residual (próton) no lado N-terminal (gerando fragmentos -a,

-b e -c, dependendo da ligação que é fragmentada); íons que retém a carga

residual (próton) na região C-terminal (gerando os fragmentos -x, -y -z,

dependendo da ligação que é fragmentada), segundo a nomenclatura proposta

por Roepstorff–Fohlmann–Biemann (Cantú et al., 2008). Esses íons filhos são

detectados, determinando os seus valores de razão massa/carga. Os espectros

gerados são analisados pela diferença de massa entre os picos referentes aos

íons filhos, e essa diferença é associada à massa dos 20 aminóacidos que

compõe as proteínas, na forma intacta ou modificada, fornecendo informações

para a formação da sequência (Westermeier et al., 2002). As sequências

geradas são utilizadas para buscas por similaridade através do alinhamento de

sequências via programas como o BLAST.

As diversas bases de dados utilizadas para as buscas são o “Genbank”,

o “SwissProt Database”, o “Protein Database” e o “EMBL”. A identificação é

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fortemente influenciada pela quantidade de proteína na amostra, grau de

modificação pós-traducional, qualidade das buscas automáticas e presença da

proteína nos bancos de dados (Hancock, 2002; Gazzana e Borlak, 2007;

Tiengo et al., 2009; Pestana-Calsa et al., 2010). O conhecimento do genoma

de um organismo é de grande importância para permitir a identificação exata

das proteínas pelo padrão de peptídeos.

Na área vegetal, a proteômica teve seus primeiros resultados publicados

após 2000, e a pesquisa nessa área permanece ainda bastante incipiente.

Assim como para o estudo das células animais, microbianas e de insetos, a

proteômica na área vegetal certamente trará grandes avanços na identificação

de proteínas, enzimas ou peptídeos envolvidos em processos metabólicos de

interesse biotecnológico.

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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Considerando que plantas submetidas a formas de estresses bióticos

são induzidas a uma resposta sistêmica que provoca uma alteração nos seus

estados fisiológicos e fisiopatológicos, o objetivo do trabalho foi identificar

proteínas e peptídeos diferentemente sintetizados em tomateiros (Solanum

lycopersicum) eliciados por Xanthomonas campestris pv. vesicatoria.

3.2. Objetivos Específicos

i – Estabelecimento de um sistema de cultivo e de eliciação de plantas

de tomate que permita identificar proteínas e peptídeos diferencialmente

sintetizados por estresse biótico após infecção bacteriana;

ii – Purificação e evidencição da ocorrência de proteínas e peptídeos

diferencialmente expressos após eliciação por Xanthomonas campestris pv.

vesicatoria;

iii – Identificação e caracterização estrutural parcial de proteínas e

peptídeos relacionados à patogênse (PR) em plantas de tomate em condições

de estresse biótico por infecção por Xanthomonas campestris pv. vesicatoria.

3.3. Metas

i – Plantar as sementes de tomate, promover ataque por bactérias em

plantas adultas, colher e armazenar as folhas a –80oC para uso como fonte

protéica;

ii – Ajustar a metodologia de extração de folhas de tomateiro;

iii – Determinar as atividades de enzimas marcadoras da indução de

resistência;

iv – Ajustar o protocolo de purificação dos extratos por eletroforese

bidimensional (2DE).

iv – Caracterizar bioquímica e estruturalmente proteínas selecionadas:

determinar a massa molecular (MM) das proteínas de interesse.

v – Buscar homologia em bancos de dados genômicos e proteômicos.

vi – Buscar correlações biológicas que justifiquem a ocorrência da

expressão diferencial das proteínas identificadas.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos de fitopatologia foram realizados em colaboração com

o Laboratório de Bacteriologia e Controle Biológico – DFP/UFV, então

cordenado pelo Professor Reginaldo da Silva Romeiro (in memorian). As

demais análises foram feitas no Laboratório de Proteômica e Bioquímica de

Proteínas- BIOAGRO/UFV, sob a cordenação da Professora Maria Cristina

Baracat Pereira e no Núcleo de Análises de Biomoléculas, sob a cordenação

do Professor Everaldo Golçalves de Barros. As análises de bioinformática

tiveram a colaboração do Prof Humberto Ramos – DBB/UFV.

4.1. Plantio das Sementes

As sementes de tomateiro (Solanum lycopersicum) da cultivar Santa

Clara SAKATA® foram semeadas em copos descartáveis de poliestireno (500

mL), contendo substrato Bioplant® não esterilizado. Foram plantadas três

sementes por copo, em um total de 99 copos descartáveis, totalizando três

grupos de 33 copos cada. Após 10 dias de semeadura, promoveu-se a

desbastagem, mantendo-se 2 plantas por copo. Foram realizadas 66

repetições/tratamento, em que cada planta representou uma repetição. O

delineamento experimental foi o completamente casualizado. O experimento foi

todo conduzido sobre uma bancada no interior de casa-de-vegetação com

média de temperatura dia/noite de 30-22 ºC, umidade relativa > 60 % e

fotoperíodo de aproximadamente 12 horas.

4.2. Estresse Biótico

A bactéria Xanthomonas campestris pv vesicatoria, gentilmente cedida

pelo professor Reginaldo da Silva Romeiro, então cordenador do Laboratório

de Bacteriologia e Controle Biológico– DFP/UFV, foi plaqueada em meio sólido

Luria-Bertani broth (LB) e incubada por 48 h a 28 ± 2 ºC. Em seguida, a

bactéria foi ressuspendida em água, até que a a A540 tivesse uma leitura igual a

0,3. Para a inoculação, as plantas foram transferidas para a câmara de

nevoeiro, onde permaneceram por 24 horas. Os grupos de tomateiros foram,

então, inoculados com propagos de Xanthomonas campestris pv vesicatoria,

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utilizando-se um atomizador (Romeiro, 2001), em dois diferentes tempos. Após

outras 24 horas, as plantas retornaram à casa de vegetação. Todas as plantas

foram coletadas no mesmo dia, de forma que tivessem a mesma idade. Desta

forma, as plantas foram submetidas a três tratamentos:

1) Sem inóculo (Grupo controle);

2) Inoculadas 1 dia antes da coleta;

3) Inoculadas 7 dias antes da coleta.

4.3. Avaliação da Severidade do Patógeno

As plantas de tomate, constituindo os dois grupos inoculados em tempos

diferentes com a bactéria X. campestris, foram avaliadas quanto à severidade

da doença, pela análise (contagem) dos sintomas visuais típicos apresentados

nas folhas, utilizando o programa Severity Pro (NUTTER Jr., F.W. e

LITWILLER, D. Severity Pro. Iowa State University Research Foundation, Inc.

1998).

4.4. Coleta do Material

As amostras consistiram da coleta de todas as folhas de cada planta

submetida a cada um dos três tratamentos, aos 41 dias após a semeadura.

Cada grupo de plantas correspondente a um tratamento foi coletado

separadamente. As folhas foram, então, armazenadas em envelopes de papel

alumínio e estocadas a -80 0C, obtendo-se os seguintes tratamentos:

1) Sem Inóculo (Grupo controle) – S/I;

2) Inoculadas 1 dia antes da coleta – 1 Dia;

3) Inoculadas 7 dias antes da coleta – 7 Dias;

4.5. Preparo do Extrato Foliar

4.5.1. Extrato para Atividade Enzimática

A extração seguiu-se de acordo com Shen (2002), com algumas

modificações. Folhas (5 g) de cada tratamento foram pulverizadas

separadamente em nitrogênio líquido, utilizando almofariz e pistilo. O pó obtido

foi homogeneizado com polivinilpolipirrolidona (PVPP) 2%, e em seguida, com

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tampão de extração Tris-HCl 50mM, pH 7,0, (extração 1:3, g:mL), acrescido de

fluoreto de fenilmetilsulfonila (PMSF) e benzamidina, ambos na concentração

final de 1mM. O extrato obtido foi centrifugado a 20.000 g, 4 oC, por 25

minutos, e os sobrenadantes foi reservado.

4.5.2. Extrato para Análise Proteômica

A extração seguiu-se de acordo com Shen (2002), com algumas

modificações. 5 g de folhas de cada tratamento foram pulverizados

individualmente em nitrogênio líquido, utilizando almofariz e pistilo. O pó obtido

foi homogeneizado com PVPP 2% e adicionado de tampão de extração, na

proporção de 1:4, contendo tris-HCl 40 mM pH 7,5 , sacarose 250 mM, ácido

etilenodiamino tetra-acético (EDTA) 10 mM, triton X-100 1%, PMSF 1 mM,

tiouréia 2 mM, benzamidina 1 mM, DTT 1mM. Após agitação durante 2h a 4 °C,

o material foi centrifugado a 21.000 g por 30 min a 4 °C. O sobrenadante foi

reservado. Ao precipitado, adicionou-se novamente o tampão de extração, na

proporção de 1:4, e após 1h sob agitação a 4 °C, o material foi novamente

centrifugado (21.000 g, 30 min, 4 °C). O sobrenadante foi recolhido e

adicionado ao primeiro sobrenadante.

As proteínas foram então precipitadas overnight a -20 °C, adicionando-

se TCA 10% em acetona gelada, na proporção de 1:1,5. A amostra foi então

centrifugada a 21.000 g por 30 min a 4 °C, e o precipitado foi lavado com

acetona gelada quatro vezes, até que o precipitado ficasse branco. O

precipitado foi então lavado com etanol 80%, e seco em SpeedVac.

O pó protéico resultante foi solubilizado em 500 µL de Tampão de

Solubilização (uréia 7M , tiouréia 2M, CHAPS 2%, DTT 0,3%), com a ajuda de

um sonicador de haste. Para remover as partículas, fez-se uma rápida

centrifugação, e o sobrenadante foi removido e quantificado.

4.6. Determinação da Concentração de Proteínas 4.6.1. Quantificação pelo Método do Ácido-Bicinconínico

A quantificação de proteínas totais dos extratos utilizados para a

detecção das atividades das enzimas foi feita pelo Método do Ácido-

Bicinconínico (BCA) (Smith et al., 1985), ajustado para microquantidades. O

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ensaio foi conduzido em placas de 96 poços. O ensaio foi constituído de 5 µL

de amostra, 55 µL de água destilada e 120 µL do reagente, mantendo-se a

placa em banho-maria por 30 minutos, a 37 0C e por 20 minutos em

temperatura ambiente, seguindo-se a leitura em um leitor de microplacas a 560

nm. Para se determinar a concentração de proteínas, preparou-se uma curva-

padrão com BSA (albumina soro bovina) como proteína padrão, entre 0 a 40 µg

de BSA. A equação da reta da curva padrão ajustada foi y=0,0399x + 0,1371,

com R2=0,9968.

4.6.2. Quantificação pelo Método de Bradford

Devido à presença de interferentes presentes na amostra, a

quantificação de proteínas totais dos extratos utilizados para a análise

proteômica foi feita pelo Método de Bradford (Bradford, 1976 ), ajustado para

microquantidades. O ensaio foi conduzido em placas de 96 poços. O ensaio foi

constituído de 0,5 µL de amostra diluída em 143,5 µL de água destilada e 36

µL do reagente 5X. Após 10 minutos em repouso, em temperatura ambiente,

fez-se a leitura em um leitor de microplacas a 595 nm. Para se determinar a

concentração de proteínas, preparou-se uma curva-padrão com BSA (albumina

soro bovina) como proteína padrão, entre 0 a 60 µg de BSA. A equação da reta

da curva padrão ajustada foi y=0,0865x + 0,0843, com R2=0,9928.

4.7. Detecção da Atividade das Enzimas Indicadoras do Estado de

Indução de Resistência das plantas 4.7.1. Atividade de Lipoxigenases (LOX)

O aumento das atividades de LOX foi avaliado segundo metodologia

descrita por Axelrod et al. (1981), pelo aumento da absorvância no

comprimento de onda de 234 nm, pela formação de um sistema de ligações

duplas conjugadas no hidroperóxido formado, utilizando-se ácido linoléico

(linoleato de sódio 10 mM, pH 9,0) como substrato. A mistura de reação

constituiu-se de 1000 µL de tampão fosfato de sódio 50 mM, pH 6,0, 20 µL do

substrato e 10 µL do extrato vegetal. As leituras foram realizadas em

espectrofotômetro a partir de 30 segundos do início da reação, e a 10 minutos

e 30 segundos, após o início da reação.

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A velocidade de formação dos produtos (V) foi calculada pela equação:

V = A234 / . I . t, utilizando-se o coeficiente de extinção molar () dos

hidroperóxidos para o ácido linoléico de 25.000 M-1.cm-1, o caminho ótico (I), de

1,0 cm e o tempo de reação (t), de 10 minutos. Os resultados finais de

atividade enzimática foram expressos em µmol de 9-hidroperóxido do ácido

linoléico.min-1.µg proteína-1.

4.7.2. Atividade de Peroxidases (PO)

A atividade das peroxidases foi determinada a 30 ºC, pela da medida da

conversão do guaiacol em tetraguaiacol a 470nm (Hammerschmidt et al.,

1982). A mistura de reação constituiu-se de 1019 µL de uma solução de reação

(constituída na proporção de 125 µL de guaiacol, 153 µL peróxido de

hidrogênio em 50 mL de tampão fosfato de sódio 10 mM, pH 6,0) e 1 µL do

extrato vegetal). A reação foi incubada em banho-maria e, em seguida, foram

realizadas leituras de absorvância, no comprimento de onda de 470 nm, nos

tempos de 30 segundos e 15 minutos e 30 segundos, após o início da reação.

A atividade das peroxidases foi expressa em unidades de absorvância.min -1.µg

proteína -1 (U.A..min -1.µg proteína -1).

4.7.3. Atividade de Fenilalanina Amônia-liase (PAL)

Para a detecção da atividade de PAL, foi utilizado o método descrito por

Pascholati et al. (1986), pela quantificação colorimétrica do ácido trans-

cinâmico liberado do substrato fenilalanina, com pequenas modificações.

Determinou-se a atividade por medida espectrofotométrica direta, pela

conversão de L-fenilalanina para ácido cinâmico a 290 nm e 37 ºC, nos tempos

de 30 segundos, e seguido por 5 minutos e 30 segundos após o início da

reação. A mistura da reação foi composta de 10 µL do extrato foliar e 1000 µL

de uma solução 0,2% de L-fenilalanina. A variação () das leituras de

absorvância foram plotadas em curva padrão para ácido cinâmico: y = 0,3621x

- 0,3891, R2=0,9968, em que y representa o valor da absorvância a 290 nm e x

representa os nmoles de ácido cinâmico produzido. Os resultados foram

expressos como atividade específica: nmol ácido cinâmico.min-1.µg proteína-1.

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4.7.4. Atividade de Quitinases

A atividade de quitinases foi avaliada pela variação colorimétrica do

produto liberado na reação com o substrato Chitin Azure, na qual ocorre a

liberação de fragmentos solúveis de quitina carboximetilada marcada com

remazol brilhante violeta (CM-Chitin-RBV), segundo método descrito por

Hackman e Goldberg (1964), com pequenas modificações. Chintin Azure (10

µg, que consiste na concentração final do substrato de 1% (p/v) de mistura de

reação) foi pesada em um microtubo, em seguida acrescentados 600 µL de

tampão de extração e 400 µL do extrato foliar. Na reação-controle, o extrato

vegetal foi substituído por tampão de extração, no mesmo volume. Os ensaios

foram incubados a 25 °C por 48 horas. Em seguida a absorvância foi

determinada, a 575 nm. Para o cálculo da atividade específica, foi utilizada a

diferença entre o valor de absorvância de cada amostra e valor de absorvância

do controle. Os resultados finais foram expressos em atividade de quitinase.dia-

1. g quitina-1.g proteína-1.

4.7.5. Atividade de β-1,3-glucanases

A atividade de β-1,3-glucanases nas amostras foi determinada pela

variação colorimétrica de glicose liberada do substrato laminarina usando

hidrazida do ácido p-hidroxibenzóico (HAPHB) (Lever, 1972). A mistura de

reação foi incubada a 45 ºC por 1 hora, contendo 220 µL do tampão de

extração (acetato de sódio 100 mM, pH 5,0), 250 µL da solução de substrato

(laminarina 4 mg.mL-1.) e 30 µL do extrato vegetal. Após esse período, foram

acrescentados 1,5 mL de HAPHB, solução de desenvolvimento de cor (0,5 g da

HAPHB dissolvido em 10 mL de HCl 0,5 M, acrescido de 50 mL de NaOH 0,5

M), sendo esta mistura, em seguida, aquecida a 100 ºC por 5 minutos.

Após resfriamento em gelo até a temperatura de 30 ºC, determinou-se a

absorvância das amostras, utilizando-se um comprimento de onda de 410 nm.

O valor de absorvância de cada amostra foi subtraído pelo valor de

absorvância do controle (esse controle correspondeu a uma mistura idêntica à

da amostra, mas sem incubação prévia). Os resultados foram expressos em

unidades de absorvância.min-1.µg proteína-1.

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4.8. Eletroforese Bidimensional

4.8.1. Focalização Isoelétrica (IEF)

A focalização Isoelétrica das proteínas foi realizada em equipamento

Ettan IPGphor 3, marca GE Healthcare. A IEF foi conduzida em tiras de

gradiente imobilizado de pH (Immobilized pH gradient - IPG) de 24 cm

(ImmobilineTM DryStrip, GE Healthcare), contendo um gradiente linear de pH

(pH 3-10) em gel de poliacrilamida fixado em plástico. Foram feitas 4 repetições

experimentais de cada tratamento.

Previamente à IEF, 800 µg de cada amostra foram adicionados de

solução de reidratação para um volume de 450 µL de concentração final de

uréia 7M, CHAPS 2%, tampão IPG (pH 3-10) 2%, DTT 40mM e azul de

bromofenol 0,002%, segundo instruções do fabricante (GE Healthcare). A

solução foi aplicada nas bandejas de reidratação e as fitas foram posicionadas

com o gel voltado para baixo, após remoção do plástico protetor. A re-

hidratação foi feita à temperatura ambiente durante 19 horas.

A focalização isoelétrica foi iniciada logo após o término da reidratação,

seguindo as orientações do fabricante, e ocorreu em cinco etapas, conforme

descrito na Tabela 2.

TABELA 4 : Etapas utilizadas durante a focalização isoelétrica das fitas de 24 cm.

Tipo de Voltagem Voltagem (V) Tempo (h) ou Voltagem acumulada (Vh)

Fixa 200 12 h

Fixa 500 1 h

Gradiente 1.000 800 Vh

Gradiente 10.000 16.500 Vh

Fixa 10.000 27.000 Vh

Após a IEF as tiras foram imediatamente armazenadas em congelador a

-80ºC para posterior utilização.

4.8.2. Equilíbrio das Tiras de Gradiente de pH Imobilizado

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Após a IEF, as amostras foram reduzidas e alquiladas por incubação

consecutiva por 30 min cada em 15 mL de DTT 1% e iodoacetamida 2,5% em

tampão de equilíbrio, contendo tris-HCl 75 mM pH 8.8, uréia 6M, glicerol 30%

(p/v), SDS 2% (p/v) e azul de bromofenol 0,002% (p/v).

Após, as tiras foram lavadas com água destilada, e submersas por

alguns minutos em tampão de corrida (Laemmli, 1970), e imediatamente

submetidas à segunda dimensão por eletroforese em gel de poliacrilamida com

SDS (SDS-PAGE).

4.8.3. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida na Presença de SDS

(SDS-PAGE)

A eletroforese das proteínas presentes nas tiras IPG foi feita em gel de

poliacrilamida na presença de SDS (SDS-PAGE), utilizando a metodologia

descrita por Laemmli (1970). O gel de separação foi preparado na

concentração de 12,5 %T. A eletroforese foi realizada em cubas de eletroforese

vertical modelo Ettan DALTsix (GE Healthcare). As tiras IPG foram

mergulhadas por alguns minutos no tampão de corrida e em seguida

posicionadas horizontalmente no topo do gel, mantendo pleno contato com

este. Posicionou-se juntamente papel de filtro (0,5x0,5cm) contendo 15 µL de

marcador Broad Range (BioRad). As tiras foram cobertas com 3mL de solução

de agarose morna (agarose 0,5%, SDS 1% e azul de bromofenol 0,002%), que

foi deixada solidificar por aproximadamente 5 minutos. A corrida foi feita em

fonte para eletroforese modelo EPS 601 (GE Healthcare), limitando-se a

corrente a 40 mA/gel até o azul de bromofenol atingir o limite inferior do gel. A

temperatura foi mantida a 8ºC por meio de refrigeração com circulador

termostático modelo MultiTemp III (GE Healthcare).

4.8.4. Visualização dos Géis

Os géis bidimensionais foram visualizados por meio de coloração com

Coomassie Blue coloidal, conforme o fabricante (GE Healthcare). Os géis

corados com Coomassie coloidal permaneceram pelo menos 48 horas em

solução de Coomassie Blue G250 0,08%, ácido fosfórico 0,8%, sulfato de

amônio 8% e metanol 20%. O corante residual foi removido com lavagens com

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solução de ácido acético 1% e foram estocados em ácido acético 5% até a

remoção dos spots.

4.9. Captura das Imagens

As imagens dos géis bidimensionais foram digitalizadas utilizando o

scanner ImmageScan (GE Healthcare), em modo transparência, com a

resolução de 300 dpi (dotch per inch). As imagens geradas em formato .mel

foram analisadas no programa ImageMaster.

4.10. Análise dos Géis

As análises dos géis bidimensionais foram feitas no programa

ImageMaster 2D platinum (GE Healthcare). A detecção de pontos protéicos foi

feita automaticamente seguida de correções manuais. O volume dos pontos

protéicos detectados foi normalizado utilizando o modo de normalização de

volume total de pontos protéicos, no qual o volume de cada ponto foi dividido

pelo volume total dos pontos detectados e multiplicado por 100. As imagens de

géis resultantes de um mesmo tratamento foram sobrepostas e foi criado um

gel de referência artificial representativo de cada tratamento. Os géis

representativos de cada condição foram comparados para verificar diferenças

de expressão protéica. Para considerar uma proteína como induzida ou

reprimida, o critério utilizado foi respectivamente o aparecimento ou

desaparecimento da proteína do gel. Nas análises, foram considerados pontos

diferencialmente expressos aqueles que apresentaram uma variação na

percentagem de volume entre os tratamentos de 1,5 vezes ou mais, em pelo

menos três géis, com p< 0,05 segundo ANOVA.

4.11. Retirada de Proteínas dos Géis Bidimensionais e Tripsinólise

A retirada de proteínas para posterior análise por espectrometria de

massa foi feita com auxílio de uma ponteira de 1000 µL, estéril, com a ponta

cortada. O preparo das amostras para análise por meio de MALDI-ToF foi feito

conforme o seguinte protocolo, modificado de Shevchenko (2006). Para

remoção dos corantes os pedaços de gel contendo as proteínas foram

transferidos para tubos de 500µL siliconizados e receberam 200µL de solução

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acetonitrila 50% em bicarbonato de amônio 25 mM pH 8,0. A suspensão foi

agitada em vortex e deixada em repouso durante 10 minutos. O procedimento

foi repetido 3 vezes, sendo a última lavagem realizada overnight, até a total

descoloração do gel e a remoção de SDS. Para realizar a desidratação dos

fragmentos de géis, foram feitas 2 lavagens com 200 µL de acetonitrila 100%

por 5 min cada e, em seguida, os géis foram secos em sistema de

centrifugação a vácuo durante 15 minutos.

Os pedaços de gel foram reduzidos em 100 µL de DTT 65 mM em

bicarbonato de amônio 100 mM pH 8,0, por 30min a 56 °C, e alquilados com

100 µL de iodoacetamida 200 mM em bicarbonato de amônio 100 mM pH 8,0,

por 30min à temperatura ambiente. Os pedaços de gel foram lavados em

seguida com 200 µL bicarbonato de amônio 100 mM pH 8,0 utilizando-se

vortex por 10 min. Os géis foram novamente desidratados com 200 µL de

acetonitrila 100% por 5 min no vórtex. A acetonitrila foi removida, e os géis

reidratados com 200 µL bicarbonato de amônio 100 mM pH 8,0. Os géis foram

mais uma vez desidratados com 200 µL de acetonitrila 100% por 5 min no

vórtex. A acetonitrila foi removida e em seguida os géis foram secos em

sistema de centrifugação a vácuo durante 15 minutos.

Na etapa de digestão enzimática, os géis foram reidratados com solução

contendo tripsina (25 µg/mL) – Tripsin Gold, Mass Spectrometry Grade,

Promega - em 40 mM de solução bicarbonato de amônio pH 8,0 e acetonitrila

10%, em quantidade suficiente para cobrir completamente os pedaços de géis.

A solução com enzima foi aplicada fria (4ºC) e as amostras permaneceram em

banho de gelo durante 45 minutos. Em seguida, foram adicionados 50 µL de

solução de bicarbonato de amônio pH 8,0 e acetonitrila 10%. As amostras

foram colocadas em banho-maria a 37ºC durante 16 horas. Após este período,

as amostras foram sonicadas por 10 min, agitadas em vortex por 20s e a

solução com enzima foi removida para um tubo limpo. Ao gel restante, foram

adicionados 15 µL de solução de ácido fórmico 5% e acetonitrila 50%, o tubo

foi agitado em vortex por 20s e foi deixado em repouso por 15 min em

temperatura ambiente. As amostras foram novamente sonicadas por 2 min,

agitadas em vortex por 20s e a solução contendo os peptídeos foi removida e

adicionada à removida anteriormente. O passo anterior foi novamente repetido,

e a solução foi removida e combinada com a contida no tubo limpo. As

amostras foram concentradas em sistema de centrifugação a vácuo.

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Os digestos foram dessalinizados antes da análise em MS utilizando

micro-colunas de fase reversa C18 ZipTip (Milipore) de acordo com as

instruções do fabricante.

4.12. Análise Espectrométrica Através de MALDI-TOF/TOF

As análises espectrométricas dos peptídeos resultantes da digestão com

tripsina foram feitas em equipamento do tipo MALDI-TOF/TOF Ultraflex III

(Bruker Daltonics®). Aplicou-se 1 µL da mistura (1:3) de amostra e matriz de

ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico (5 µg.mL-1 em 50% de acetonitrila e ácido

trifluoracético (TFA) 0,1%) no poço da placa de aço MTP Anchor Chip TM

600/384 TF (Bruker Daltonics®) do espectrômetro de massa. Para que os

espectros obtidos tivessem a maior precisão e confiabilidade, foi realizada a

calibração externa com o padrão, “Peptide calibration standard II” (Bruker

Daltonics®), que foi espotado com a mesma matriz em um outro poço da placa

de aço. Esse padrão é composto pelos peptídeos bradicinina (757 Da),

angiotensina II (1046 Da), angiotensina I (1296 Da), substância P (1347 Da),

bombesina (1619 Da), ACTH clip 1-17 (2093 Da), ACTH clip 18-39 (2465 Da) e

somatostatina (3147 Da).

O método de aquisição utilizado foi o modo de detecção tipo refletor

para íons com polaridade positiva. Os espectros foram editados manualmente,

no programa FlexAnalysis, com seleção dos picos monocarregados apenas.

4.13. Identificação das Proteínas

As massas monoisotópicas de cada peptídeo detectados pelo MALDI-

TOF/TOF foram submetidas à busca no MASCOT, instalado no servidor do

Núcleo de Análises de Biomoléculas – UFV, programa que permite a

identificação por Peptide Mass Fingerprinting. As pesquisas foram realizadas

no banco de dados NCBI e Swiss-Prot. Para ambas as buscas, foi utilizado o

grupo taxonômico das Plantas Verdes (Viridiplantae). Os critérios de busca

foram todas as massas moleculares, carboxamidometilação de cisteínas como

modificação fixa e oxidação de metionina como modificação variável. Foi

tolerada no máximo uma clivagem perdida para peptideos semi-trípticos e uma

variação de massa dos peptídeos de 0,05 Da. A identificação foi considerada

não ambígua quando existiram pelo menos 4 peptídeos encontrados, uma

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cobertura de pelo menos 15% da sequência inteira da proteína não madura e

pela coincidência próxima da massa molecular e pI teóricos e experimentais da

proteína. Critérios como percentagem em score, massas moleculares e

espécies à qual pertencem as proteínas foram também levados em

consideração para evitar interpretações equivocadas.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. Avaliação do Grau de Severidade da Doença Induzida pelo

Patógeno

Após a inoculação de propagos de Xanthomonas campestris pv.

vesicatoria, somente as plantas do tratamento 7 dias apresentaram os

sintomas da Mancha-Bacteriana do tomateiro, causada pelo patógeno (Figura

2). A severidade da doença, avaliada pelos sintomas nas folhas, foi

significativamente maior para o tratamento 7 dias (Figura 2e), como já era

esperado, uma vez que há a necessidade de um período para que o patógeno

se estabeleça, colonize os tecidos e expresse a doença.

Considerando os diferentes graus de severidade observados pela

expressão da mancha-bacteriana nas plantas, constatou-se que as plantas

usadas como material-fonte de proteínas, para avaliação da expressão

diferencial frente à inoculação do patógeno, foram submetidas a diferentes

situações de estresse biótico.

5.2. Avaliação da Indução de Resistência

As Proteínas PR constituem-se na principal classe de compostos

induzidos após a reação de hipersensibilidade, pois participam ativamente no

fenômeno de resistência induzida. Embora as proteínas PR estejam envolvidas

na defesa de plantas, elas não são necessariamente identificadas por sua ação

antipatogênica, mas sim por seu simples acúmulo em plantas submetidas à

situação de patogênese (van Loon, 1997). As enzimas indicadoras do estado

de indução estão incluídas dentre as proteínas PR.

5.2.1. Atividade das Enzimas Indicadoras da Indução de Resistência

As atividades das enzimas indicadoras da indução de resistência

mostraram-se estatisticamente diferenciada entre os tratamentos nos extratos

foliares, de acordo com o Teste de Tukey (α= 0,05) (Figura 3). Esses

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resultados sugerem que as plantas dos diferentes tratamentos encontram-se

em diferentes estados fisiológicos em relação à resposta de indução de

resistência pelo patógeno X. campestris pv. vesicatoria.

FIGURA 2: Folhas de tomateiros inoculados com propagos da bactéria Xanthomonas campestris pv. vesicatória. a: Plantas não inoculadas; b: Após 1 dia de inoculação; c: Após 7 dias de inoculação. Os sintomas da mancha-bacteriana estão indicados pelas setas em c. d:

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Severidade da doença expressa como a média do número de lesões por folheto em plantas de tomate após a inoculação pelo patógeno. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

A atividade de Quitinase (Figura 3a) foi maior no tratamento 7 Dias.

Cavalcanti et al. (2006a) mostraram que plantas de tomateiro pulverizadas com

as substâncias testadas (Ecolife e VLA - extrato aquoso de ramos de lobeira

(Solanum lycocarpum) infectados por C. perniciosa) apresentaram, durante o

período testado de 9 a 12 dias, valores mais altos na atividade de quitinases do

que os observados nas plantas correspondentes pulverizadas com água.

A atividade de β-1,3-glucanase (Figura 3b) para 1 e 7 Dias foi menor do

que a do extrato controle S/I, entretanto mostrou tendência de aumento entre 1

e 7 Dias. Cavalcanti et al. (2006a), quando estudaram plantas de tomateiro

pulverizadas com formulação biológica proveniente de biomassa cítrica,

denominada Ecolife, e suspensão de quitosana proveniente de micélio de

Crinipellis perniciosa mostraram haver aumento na atividade de β-1,3-

glucanases em folhas, à primeira hora após a pulverização, em relação a

plantas pulverizadas com água. A atividade entre 3 e 12 dias após a

pulverização não diferiu significativamente da encontrada em plantas

pulverizadas com água e das pulverizadas com água e submetidas

posteriormente à inoculação com Xanthomonas campestris pv vesicatoria.

A atividade da enzima PAL (Figura 3c) foi estatisticamente maior no

tratamento 1 Dia. Segundo van Loon (1997) e Podile e Laxmi (1998), o produto

de PAL, o ácido cinâmico, está diretamente ligado ao processo de lignificação

celular, e os níveis mais elevados de atividade da PAL geralmente ocorrem

cerca de 24 h após a infecção inicial, o que foi observado nesse trabalho.

Aumentos na atividade de PAL foram também observados por indução por

ferimentos (Saltveit, 2000) ou luz (Chen et al., 2002), com picos de atividade

enzimática entre 24 e 48 h após a indução. A atividade da PAL está

relacionada com a resistência de plantas a patógenos, pelo envolvimento

dessa enzima no primeiro passo da síntese dos fenilpropanóides, com a sua

conversão de fenilalanina em ácido-transcinâmico, resultando em compostos

como fitoalexinas e, principalmente, lignina, que confere maior resistência à

parede celular das plantas aos patógenos (Nakazawa et al., 2001).

A atividade de LOX foi significativamente maior nos tratamentos 1 e 7

(Figura 3d), quando comparada ao controle, sendo o pico de atividade em 7

Dias. As LOX catalisam a oxidação de ácidos graxos polinsaturados com uma

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fração (cis,cis)-1,4-pentadieno a hidroperóxidos de ácidos graxos e têm um

papel importante na danificação de membranas durante a HR. Além disso,

produtos voláteis da ação das lipoxigenases contribuem para reações de

defesa por ação na inibição do crescimento de patógenos.

Aumento significativo da atividade de PO (Figura 3e) foi observado para

os tratamentos 7 Dias quando comparado com o controle S/I, coincidente com

o grau de severidade da doença. Buonaurio e Kumar (1995) avaliaram a

atividade enzimática de PO em plantas inoculadas com X. campestris pv.

vesicatoria 3 a 12 dias após a infecção e observaram que a maior atividade de

PO foi na fase mais avançada da doença (12-15 dias após a inoculação).

As atividades das lipoxigenases (LOX) e das peroxidases (PO) maiores

nos tratamentos citados podem indicar uma indução das PO para neutralizar

hidroperóxidos gerados pelas LOX no processo de sinalização celular.

Os superóxidos gerados provocam a peroxidação de lipídeos de

membrana, responsáveis pela produção de ácidos graxos livres, como o

linoléico e o linolênico (BREUSEGEM et al., 2001). Hidroperóxidos desses

ácidos são produtos de reações catalisadas pelas LOX, como o ácido

hidroperoxilinolênico, um precursor da óxido sintase presente na via de síntese

metabólica do ácido jasmônico, um importante fitormônio de defesa de plantas

(Guzzo, 2004). A reação de hipersensibilidade é o mecanismo de defesa

induzida inicial resultando em uma alta concentração de espécies reativas de

oxigênio, cujo efeito citotóxico resulta na necrose das células vegetais,

privando o patógeno de nutrientes e dificultando a sua propagação (Soares e

Machado, 2007).

Os resultados obtidos indicam que diferentes grupos de proteínas foram

expressos em cada um dos tratamentos, sugerindo um material-fonte de

proteínas que certamente deve permitir a avaliação do proteoma diferencial

envolvido no estresse por X. campestris pv vesicatoria em plantas de tomate.

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FIGURA 3: Atividade específica das enzimas marcadoras do estado de indução de resistência sistêmica em extratos de tomate após inoculação com X. campestris pv. vesicatoria. Os tratamentos corresponderam ao tempo de coleta das folhas (1 e 7 dias) após a inoculação, comparados com o tratamento controle (S/I – Sem Inóculo). a: Quitinase (∆A575.dia-1.g quitina-

1.mg proteina-1); b: -1,3-glucanase (∆A410.min-1.mg proteina-1), c: fenilalanina amônia-liase (PAL, nmol ácido cinâmico.min-1.mg proteina-1), d: lipoxigenases (LOX, nmol ácido linoleico.min-1.mg proteina-1), e e: peroxidases (PO, ΔA470.min-1.mg proteina-1). As barras representam a média ± desvio padrão. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

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5.2.2. Determinação da Concentração de Proteínas

Para a determinação das atividades específicas das enzimas

indicadoras de indução de resistência, avaliou-se a concentração de proteínas

das amostras (Tabela 3) determinada pelo método do ácido bicinconínico

(Smith et al., 1985), tendo sido ajustada a equação de reta y= 0,0399x +

0,1371, R2=0,9968. O método do ácido bicinconínico foi escolhido por

apresentar alta sensibilidade e boa reprodutibilidade para o procedimento

descrito, não sendo influenciado pelas concentrações utilizadas de

componentes do extrato (conforme prospectos de informação do produto

fornecidos pelo fabricante).

TABELA 5: Determinação da concentração de proteínas pelo método do ácido bicinconínico

nos extratos foliares utilizados para os ensaios enzimáticos

AMOSTRA ∆Abs (560nm) Ptn (µg) Ptn (µg.µL-1) S/I 0,378 6,05 1,21 1Dia 0,493 8,93 1,79 7Dias 0,416 7,00 1,40

5.3. Análise Proteômica Comparativa

5.3.1. Determinação da Concentração de Proteínas

Após a precipitação das proteínas extraídas e ressolubilização, as

amostras foram quantificadas (Tabela 4) pelo método de Bradford (1976 ),

ajustado para micro quantidades, tendo sido ajustada a equação de reta y=

0,0865x + 0,0843, R2=0,9928. A escolha do método é devido aos componentes

do tampão de ressolubilização, que são interferentes para outros métodos de

quantificação.

TABELA 6: Determinação da concentração de proteínas pelo método de Bradford nos extratos

foliares utilizados para a análise proteômica

AMOSTRA ∆Abs (595nm) Ptn (µg) Ptn (µg.µL-1) S/I 0,847 8,82 17,63 1 Dia 0,490 4,69 9,38 7 Dias 0,650 6,54 13,08

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5.3.2. Análise do Perfil Protéico de Folhas de Tomateiro após Inoculação com o Patógeno por Eletroforese Bidimensional

Os perfis protéicos dos três diferentes tratamentos (Figura 4) sugerem

que as proteínas das folhas de tomate são predominantemente aniônicas,

similar ao perfil protéico de folhas de tomateiro separadas por Gel 2D descrito

por outros grupos de pesquisa (Corpillo et al., 2004; Kok et al., 2008; Afroz et

al., 2009). Os perfis protéicos referentes aos três tratamentos, quando

comparados, apresentaram diferenças com relação à presença ou ausência,

formas e intensidades de pontos protéicos em uma ampla faixa de massa

molecular analisada, entre 200 e 14 kDa. A expressão de muitas proteínas é

diminuída após o estresse, enquanto outras proteínas foram sintetizadas.

Assim, confirmou-se que a resposta de defesa da planta variou de acordo com

o tempo de estresse, como pode ser observada pela expressão diferencial de

proteínas após 1 dia de inoculação (Tratamento 1Dia) e após 7 Dias

(Tratamento 7Dias).

Após análise das imagens pelo ImageMaster (GE), foram detectados

255 pontos protéicos diferencialmente expressos com p<0,05 entre controle e 1

Dia e 192 pontos protéicos entre controle e 7 Dias. Para posterior análise por

MS, fez-se uma análise criteriosa para seleção dos pontos protéicos a serem

analisados, considerando-se como significativas apenas as expressões que

diferenciaram pelo menos cerca de 1,5 vezes, e os pontos protéicos presentes

em um tratamento e ausentes em outro. Dessa forma, selecionou-se 44 pontos

protéicos para excisão e digestão enzimática.

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FIGURA 4: Eletroforese bidimensional de extratos protéicos de folhas de tomateiros. A primeira dimensão foi realizada em gradiente de pH 3-10 e a segunda dimensão por eletroforese SDS-PAGE 12,5%. Utilizou-se como padrão de massa molecular o marcador Broad Range (BioRad).

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Os géis foram corados por Coomassie Blue Coloidal. a- Controle sem Inóculo, b- Tratamento 1 Dia, c- Tratamento 7 Dias.

5.4. Espectros de Massa e Busca em Bancos de Dados

Após a digestão tríptica, a análise por MS forneceu um espectro com a

razão massa/carga dos peptídeos trípticos obtidos de cada um dos pontos

protéicos retirados dos géis.

As proteínas foram identificadas pela comparação entre as massas

obtidas pela digestão tríptica dos pontos protéicos e a massa dos peptídeos

teóricos obtidos do banco de dados do NCBI e SwissProt.

Dos 42 picos submetidos à análise, foram identificadas sete proteínas

(Tabela 4). De acordo com o algosritmo do MASCOT, somente duas dessas

foram significativas, com p<0,05. Entretanto, sabendo das limitações da

técnica, e usando outros atributos, descritos na metodologia, para validar os

resultados, outras cinco proteínas foram também identificadas.

Dentre as proteínas identificadas, três tiveram sua expresão diminuída

ou inibida após 1 dia de inoculação com o patógeno Xanthomonas campestris

pv. vesicatoria. São elas: A1M39, A1M48 e A1M59. Uma aumentou após 1 Dia

de inoculo, A1M80, e três no tratamento 7 Dias: A2M5, A2M12, A2M110.

A1M39 (pI 6,96 e MM 41,131kDa) (Figura 5) foi identificada como a

enzima hidroxipiruvato redutase de Solanum lycopersicum (pI 8,15 e MM

13,203 kDa). Esta enzima é importante para a redução do hidroxipiruvato a

glicerol, que é então fosforilado nos cloroplastos, e o 3-fosfoglicerato resultante

entra no ciclo de Calvin (Figura 6). A principal atividade da hidroxipiruvato

redutase das folhas é de uma enzima altamente ativa localizada em

peroxissomos, que utiliza preferencialmente NADH como cofator. Em menor

quantidade, NADPH também pode ser utilizado pela enzima peroxisomal. Uma

segunda enzima hidroxipiruvato redutase está localizado no citoplasma, que

preferencialmente usa NADPH, mas também pode usar como cofactor NADH

(Bauwe et al., 2010). Esses resultados sugerem o redirecionamento do poder

redutor, que em situações fisiológicas normais seria utilizado para o

crescimento da planta, e que numa situação de estresse causado pelo

patógeno, passa a ser utilizado nas reações desencadeadas pelos

mecanismos de defesa da planta.

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FIGURA 5: Expressão diferencial da protéina A1M39. a: proteína presente no controle SI (sem inoculo; b: proteína ausente no tratamento 1 Dia; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M39 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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FIGURA 6 : Metabolismo fotorrespiratório multicompartimentado do carbono e do nitrogênio em plantas. Fluxograma das reações que constituem o núcleo do ciclo C2 (azul), o ciclo da fotorrespiração do nitrogênio (preto), e diversas reações associadas (azul e cinza claro). As enzimas são CAT, catalase; Complex, NADH: ubiquinona redutase da cadeia mitocondrial de transporte de elétrons; GDC, glicina descarboxilase; GLYK, o glicerol 3-quinase; GOGAT, glutamato sintase dependente de ferredoxina; GOX, glicolato oxidase; GGT, glutamato: glioxilato aminotransferase; GS, glutamina sintetase; HPR1, hidroxipiruvato redutase peroxisomal; HPR2, hidroxipiruva redutase citosólica; MDH, malato desidrogenase; NDAin, NADH:ubiquinona redutase interno, PGP, 2PG fosfatase; SGT, serina:glioxilato aminotransferase e SHMT, serina hidroximetil. As múltiplas setas de 3PGA para RuBP simbolizam as reações do ciclo de Calvin. Retirado de: Photorespiration: players, partners and origin (Bauwe et al., 2010).

A1M48 (pI 5,38 e MM 34,937 kDa) (Figura 7), que teve sua expressão

diminuída 2,7 vezes após 1 Dia do inóculo, foi identificada como aldolase (pI

5,47 e MM 37,974 kDa) da espécie Pisum sativum. Esta proteína possui alta

homologia com frutose-1,6-bifosfato aldolase de Solanum lycopersicum

(AAK62818.1) segundo BLASTp (Score 206, e-value 2e-54 e 55% de

cobertura). Esta é uma enzima importante para o metabolismo da Glicose. A

enzima é também um componente do ciclo das pentoses-fosfato e do ciclo de

Calvin em plantas superiores (Figura 8) (Purev et al., 2008). Esta alteração da

regulação da fotossíntese em plantas de tomate, com a diminuição da

expressão da enzima com frutose-1,6-bifosfato aldolase, foi também verificada

em plantas superexpressando glutationa peroxidase (Herbette et al., 2005).

Purev e colaboradores (2008) também verificaram a dimunição da expressão

do gene dessa enzima, via RT-PCR em C. lanceolata após 48h submetidas ao

estresse por ferimentos. Outro estudo, entretanto, revelou um aumento nos

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níveis da proteína em resposta à infecção fúngica (Campo et al., 2004), o que

está de acordo com um trabalho que mostra que um aumento nos níveis de

sacarose no tecido foliar se correlaciona com resistência a fungos (Murillo et

al., 2003).

FIGURA 7: Expressão diferencial da proteína A1M48. a: proteína presente no controle SI (sem inoculo; b: proteína expressa 2,7 vezes menos no tratamento 1 Dia; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M48 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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FIGURA 8: Reações da Frutose 1,6-Bifosfato aldolase.

A1M59 (pI 6,66 e MM 39.067 kDa) (Figura 9), que teve sua expressão

diminuída após 1 Dia do inóculo, foi identificada como uma possível

pectinesterase/pectinesterase inibidor 19 (pI 7,00 e MM 59.168 kDa) da

espécie Arabidopsis thaliana. Esta proteína possui alta homologia com a

Pectinesterase de Solanum lycopersicum (P14280) segundo BLASTp (Score

408, e-value 3e-115 e 95% de cobertura). A Pectinesterase ou Pectina

metilesterase (PME) (EC 3.1.1.11) é uma das enzimas modificadoras de

pectina, presente tanto em plantas quanto em microrganismos fitopatogênicos

(fungos e bactérias). Acredita-se desempenhar um papel importante no

metabolismo da parede celular (Phan et al., 2007). Ela remove os grupos metila

presentes, como grupos carboximetil, na cadeia poligalacturonato, produzindo

pectina com menor grau de metilação e metanol. Como consequência, prótons

são liberados no meio. A desmetilação permite a agregação de pectina, via

interquelação com cálcio, fortalecendo a parede. Entretanto, a desmetilação

pode também tornar a pectina mais suscetível à degradação pela

poligalacturonase da parede celular, atuando assim no enfraquecimento da

parede. Dessa forma, é provável que as muitas isoformas de PME encontradas

associadas com diferentes tecidos da planta, poderiam ter funções muito

diferentes durante o desenvolvimento da planta. Em tomateiro (Solanum

lycopersicum), a atividade da enzima PME está presente em todo o

desenvolvimento e amadurecimento dos frutos e também está presente nas

folhas e raízes. Esta atividade, como em outras plantas, está associada com

múltiplas isoformas (Phan et al., 2007).

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O ponto protéico A1M80 (pI 6,57 e MM 25,891 kDa) (Figura 10) teve

sua expressão aumentada após 1 dia do inóculo com o patógeno. A proteína

foi identificada como uma isoforma citosólica da triosefosfato isomerase (pI

5,73 e MM 27,252 kDa) da espécie Solanum chacoense, pertencente à mesma

família dos tomates. A triose-fosfato isomerase é uma enzima que cataliza a

interconversão reversível de dihidroxiacetona fosfato a D-gliceraldeido-3-

fosfato. Esta enzima desempenha um papel importante na glicólise, sendo

essencial para uma produção eficiente de energia.

FIGURA 9: Expressão diferencial da protéina A1M59. a: proteína presente no controle SI (sem inoculo; b: proteína com expressão diminuída no tratamento 1 Dia; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M59 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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FIGURA 10 : Expressão diferencial da protéina A1M80. a: proteína presente no controle SI (sem inoculo; b: proteína com expressão aumentada no tratamento 1 Dia; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M59 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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O ponto protéico A2M5 (pI 4,05 e MM 42,761 kDa) (Figura 11) Teve

sua expressão aumentada após 7 dias de inoculção e foi identificado como

Peroxidase de Solanum lycopersicum (pI 4,56 e MM 35,374 kDa), o que está

de acordo com os ensaios enzimáticos previamente apresentados. Os

mecanismos de defesa das plantas contra fitopatógenos envolvem alterações

metabólicas que estão correlacionadas com mudanças na atividade de

enzimas-chaves nos metabolismos primário e secundário. Neste contexto o

grupo de peroxidases (PR 9) representam um papel importante na defesa das

plantas. As peroxidases de planta são glicoproteínas que contêm um

grupamento heme em sua estrutura e possuem a função básica de catalisar a

oxidação do peróxido de hidrogênio (H2O2) a partir de numerosas espécies de

substratos orgânicos e inorgânicos. Elas são proteínas de massa molecular em

torno de 40 kDa, conhecidas como enzimas de “função dupla” pois elas

produzem o H2O2 como produto de sua reação e também o utilizam como

substrato em outras reações (Cavalcanti et al., 2006b). Defesas das plantas

contra patógenos, cicatrização de ferimentos, oxidação de fenóis, formação de

lignina, metabolismo da auxina, biossíntese de etileno, regulação da elongação

de células respiração, processos intermediados por luz, crescimento e

senescência são alguns exemplos de eventos fisiológicos nos quais existe a

participação das peroxidases. Na biossíntese de lignina, as peroxidases

removem os átomos de hidrogênio dos álcoois hidroxicinâmicos, resultando na

produção de radicais que reagem espontaneamente durante a deposição de

lignina na parede celular (Torres e Andrews, 2006). A lignina, juntamente com a

celulose e outros polissacarídeos que ocorrem na parede celular das plantas

superiores, funciona como uma barreira física à penetração fúngica. Jung

(2004) demosntrou que a atividade peroxidase aumenta cerca de 100 vezes,

sete dias após o tratamento de folhas de Arabidopsis thaliana com metil

jasmonato.

O ponto protéico A2M12 (pI 5,15 e MM 61,185 kDa) (Figura12), que foi

induzido no tartamento 7 Dias, foi identificado como uma proteína predita de

Populus trichocarpa (pI 9,87 e MM 42,891 kDa).

Já A2M110 (pI 4,79 e MM 14,943 kDa) (Figura 13), que também foi

induzido após 7 dias de inoculção apresentou homologia com uma proteína

desconhecida de Zea mays (pI 8,98 e MM 11,431 kDa).

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FIGURA 11 : Expressão diferencial da protéina A2M5. a: proteína presente no controle SI (sem inoculo; b: proteína com expressão aumentada no tratamento 7 Dias; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M59 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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FIGURA 12: Expressão diferencial da protéina A2M12. a: proteína ausente no controle SI (sem inoculo; b: proteína com expressão aumentada no tratamento 7 Dias; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M59 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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FIGURA 13 : Expressão diferencial da protéina A2M110. a: proteína ausente no controle SI (sem inoculo; b: proteína com expressão aumentada no tratamento 7 Dias; c: espectro de massa do perfil peptídico da proteína A1M59 após digestão enzimática com tripsina 25 ng/ µL.

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TABELA 7 :Lista de Proteínas identificadas em folhas de tomate usando Peptide Mass Fingerprinting (PMF).

Amostra Match ID

PI teórico

MM

teórico Identificação Acesso PI MM Score %

Cobertura Número de Matchs

Erro Banco de Dados

A1M39 2227 6.96 41131 hydroxypyruvate reductase [Solanum lycopersicum] EU574918.1 8.15 13203 45 58% 8 ± 0.05

Da NCBI

A1M48 801 5.39 34937 aldolase [Pisum sativum] M97477.1 5.47 37974 651 20% 6 ± 0.05

Da SwissProt

A1M48 801 5.39 34937 aldolase [Pisum sativum] M97477.1 5.47 37974 65 20% 6 ± 0.05

Da NCBI

A1M59 2216 6.66 39067

Probable pectinesterase/pectinesterase inhibitor 19 [Arabidopsis thaliana]

Q84JX1 7.00 59168 43 20% 9 ± 0.05 Da SwissProt

A1M80 743 6.57 25891 triose phosphate isomerase cytosolic isoform [Solanum chacoense]

AY438596.1 5.73 27251 52 35% 8 ± 0.05 Da NCBI

A2M5 1567 4.05 42761 Peroxidase [Solanum lycopersicum] Y19023.1 4.56 35374 92 42% 12 ± 0.05

Da NCBI

A2M12 1587 5.15 61185 predicted protein [Populus trichocarpa]

XP_002297718.1 9.87 42891 50 21% 7 ± 0.05

Da NCBI

A2M110 248 4.79 14943 unknown [Zea mays] BT084055.1 8.98 11431 59 63% 6 ± 0.05

Da NCBI

1 Os escores em negrito são estatisticamente significativos (p<0,05) segundo o algorismo do MASCOT.

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O grau de similaridade observado pode ser fruto dos bancos de dados

utilizados. Além de muitos serem incompletos, o PMF é baseado nos valores

exatos das massas de peptídeos gerados por digestão enzimática, é

imprescindível que a sequência da proteína ou de seu gene esteja

disponibilizada em bancos de dados. Um projeto internacional para o

seqüenciamento do genoma do tomate começou em 2004, entretanto somente

um rascunho do banco de dados do tomateiro poser encontrado

(http://solgenomics.net/genomes/Solanum_lycopersicum/). Esta dificuldade em

encontrar um banco de dados mais adequado para cada análise contribui para

a baixa pontuação dos valores obtidos. Além disso, a pesquisa foi realizada por

homologia em bancos de dados amplos (NCBI e SwissProt – Plantas Verdes),

apresentando um elevado número de diferentes sequências correspondendo a

muitas espécies de plantas. Este fator limitante pode ser claramente observado

na análise da proteína A1M48. Observa-se que quando a busca foi feita no

banco de dados do NCBI, apesar de apresentar uma homologia com uma

aldolase, essa homologia não foi significativa segundo o algoritimo MASCOT.

Entretanto, quando a mesma pesquisa foi feita, utilizando-se um banco de

dados menor, o SwissProt, verificou-se uma homologia significativa com a

aldolase, mostrando que o tamanho do banco interfere nos resultados

estatísticos.

Além disso, a presença de interferentes como queratina, produtos da

autólise da tripsina, e ainda contaminantes não protéicos, como detergentes e

plásticos, gera um conjunto de picos que podem interferir na identificação da

proteína, podendo até levar a uma identificação errônea.

A identificação com sucesso de uma proteína depende de vários fatores,

sendo os mais importantes: (i) exatidão da massa dos picos (erro permitido), (ii)

a relação entre os picos atribuídos e não atribuídos do espectro, e (iii) o

tamanho da base de dados utilizada (Cañas et al., 2006; Cañas Montalvo et al.,

2006).

Outro ponto importante é que são considerados desvios de pI e de

massa teórica até cerca de 10%, em função de problemas experimentais na

resolução dos géis, ou pelas modificações decorrentes da fosforilação,

acetilação e adição de grupos glicosídicos. Porém, quando encontramos

resultados que não estão na faixa proposta, devemos observar se as proteínas

são precursoras, ou proteínas maduras, o que pode gerar erro na predição do

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pI e da massa molecular. Valores diferentes de massa molecular podem ser

função da proteólise limitada da proteína (nos casos em que a MM encontrada

é menor que a esperada) ou da formação de agregados de uma mesma

proteína ou associação com outras proteína quando a MM observada é

superior à esperada (Wildgruber et al., 2002).

6. CONCLUSÕES FINAIS E PERSPECTIVAS

A defesa de plantas é um processo complexo que envolve uma extensa

regulação gênica. O perfil proteômico é vital para uma melhor comprrensão

dos mecanismos de defesa das plantas em reposta a atque por patógenos,

como a bactéria Xanthomonas campestris pv. vesicatoria.

Nesse estudo, algumas proteínas foram identificadas em resposta ao

estresse em plantas de tomate por ataque de uma bactéria fitopatogênica,

utilizando 2-DE. Esses resultados serão utilizados como base para estudos

complementares, que visam ao entendimento dos processos de defesa que

ocorrem na planta.

A análise computacional dos géis mostrou que muitas proteínas foram

induzidas após a inoculação, enquanto outras tiveram a expressão diminuída

ou foram até inibidas após o estímulo. Foi possível observar que além de

induzir a síntese de proteínas diretamente ligadas á defesa contra patógenos,

como o caso das Peroxidases, encontrada diferencialmente expressa, além

das outras enzimas PR com atividade aumentada, enzimas que regulam a

fotossíntese e respiração nas plantas tiveram uma diminuição de sua

expressão, como a aldolase e a hidroxipiruvato redutase. Dessa forma, é

provável que o metabolismo normal da planta tenha sido alterado, de forma a

concentrar sua energia para a síntese de compostos que atuam diretamente na

defesa contra o patógeno.

Novas análises computacionais poderão ser feitas na tentativa de

melhorar os resultados obtidos: pretende-se utilizar um programa para remoção

dos picos de massa referente a interferentes como autólise da tripsina,

queratina e matriz, e ainda montar um banco de dados de tomate para

aumentar as chances de identificação. Pretende-se também obter a

fragmentação dos peptídeos trípticos encontrados para novas análises de PFF

e ou sequenciamento de novo.

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Outra perspectiva é de analisar o proteoma dessas plantas utilizando

fitas e IPG de pH 3-7, favorecendo a focalização das proteínas ácidas,

principais constituintes da amostra.

Destaca-se a necessidade de continuar esse tipo de estudo, visto que

pouco ainda se sabe sobre a interação planta-patógeno o que possibilitará

prever estratégias potenciais para a bioengenharia da resistência vegetal.

Considerações sobre o uso de fungicidas na agricultura, como oneração do

custo de produção, degradação dos recursos naturais, problemas de

intoxicação dos aplicadores de defensivos agrícolas, aumento dos riscos da

presença de resíduos nos produtos colhidos, assim como surgimento de raças

de microrganismos resistentes têm levado a uma procura crescente por

práticas de manejo de doenças mais racionais. Portanto, conhecer tanto a

complexa sequência de sinais que leva a aos mecanismos de defesa da planta,

quanto sua regulação é essencial para desenvolver novas estratégias de

controle das doenças vegetais.

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CONCLUSÕES GERAIS

Plantas possuem mecanismos de defesa constitutivos, que atuam como

primeira fase de defesa contra fitopatógenos, e ainda, mecanismos latentes,

que são acionados após estímulo biótico ou abiótico. O estudo de proteínas e

peptídeos relacionados a esses mecanismos de defesa em plantas possibilita

identificar alvos de interesse biotecnológico. Dessa forma, as biomoléculas

identificadas poderiam ser produzidas para serem utilizadas na forma de

agentes de defesa comercialmente disponíveis, ou novas tecnologias de

obtenção de plantas geneticamente modificadas poderiam incorporar genes de

defesa no genoma de cultivares de interesse, advindos de outras plantas e

variedades.

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