Propostas avaliadas

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Page 1: Propostas avaliadas

Unidade: Floresta

DATA: / / 2011

2ª ETAPA – ATIVIDADE DE REDAÇÃO – 1ª Ano / EM

ALUNO(A): N.º: TURMA:

PROFESSOR(A): Inês Análise e avaliação de Redações

Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?

O desgosto do brasileiro com os políticos tem gerado protestos inusitados, como a eleição de

animais, em décadas passadas, e a candidatura de pessoas sem nenhuma ligação com a política,

que chegam a declarar publicamente não entenderem nada sobre o cargo que disputam. O

slogan mais comentado do ano foi "Vote Tiririca, pior que tá não fica". O que você pensa disso?

Esse tipo de voto de protesto ajuda o Brasil a melhorar? Passado o fervor da campanha eleitoral

e concretizado o deboche por meio da eleição desses personagens, como fica o país e qual a

contribuição desses novos políticos durante anos? Qual o prazo de validade da piada que se faz

ao se votar em palhaços? Com base nos textos de apoio e em outras informações de que você

disponha, elabore uma dissertação defendendo um ponto de vista sobre a pergunta: Votar em

palhaço é uma forma válida de protestar?

Humor, política e cultura

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, criticou, nesta terça-feira, o candidato a deputado federal

Francisco Everaldo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca (PR-SP). Ele aparece na TV com o slogan

"Vote Tiririca, pior que tá não fica"."Respeito muito o Tiririca por ser um artista de circo e

conseguir se firmar nos meios de comunicação de massa", disse. "Mas acho que ele não está

prestando um bom serviço à democracia. Acho que é um deboche com a democracia",

completou, após ser questionado por jornalistas sobre o slogan.(...)Juca Ferreira defendeu o fim

da censura a programas humorísticos. Na semana passada, o ministro do STF (Supremo

Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto suspendeu parte da legislação eleitoral que proibia

"trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo" que ridicularizasse candidatos,

partidos ou coligações. Pela lei, piadas e paródias ficariam vedadas a partir de 1º de julho do

ano eleitoral."Cercear o humor é cercear parte da cultura brasileira. A censura não é a saída",

disse o ministro, ao receber o manifesto de artistas do movimento Humor sem Censura. [Folha.com]

SOCIEDADE MINEIRA DE CULTURA Mantenedora da PUC Minas e do

COLÉGIO SANTA MARIA

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Trechos de entrevista de Tiririca à "Folha de S. Paulo"

Folha: Por que você decidiu se candidatar?

Tiririca: Eu recebi o convite há um ano.

Conversei com minha mãe, ela me

aconselhou a entrar porque daria pra ajudar

as pessoas mais necessitadas. Eu tô

entrando de cabeça.

Folha: Quais são as suas principais

propostas?

Tiririca: Como eu sou cara que vem de

baixo, e graças a Deus consegui espaço, eu

tô trabalhando pelos nordestinos, pelas

crianças e pelos desfavorecidos.

Folha: Mas tem algum projeto concreto que

você queira levar para a Câmara?

Tiririca: De cabeça, assim, não dá pra

falar. Mas como tem uma equipe

trabalhando por trás, a gente tem os projetos

que tão elaborados, tá tudo beleza. Eu quero

ajudar muito o lance dos nordestinos.

Folha: O que você poderia fazer pelos

nordestinos?

Tiririca: Acabar com a discriminação, que

é muito grande. Eu sei que o lance da

constituição civil, lei trabalhista... A gente

tem uma porrada de coisa que... de cabeça

assim é complicado pra te falar. Mas tá tudo

no papel, e tá beleza. Tenho certeza de que

vai dar certo.

Folha: Você tem ideia de quanto custa a

campanha?

Tiririca: Cara, não tá sendo barata. Não

tenho ideia, não.

Folha: O que você conhece sobre a

atividade de deputado?

Tiririca: Pra te falar a verdade, não

conheço nada. Mas tando lá vou passar a

conhecer.

Folha: Até agora você não sabe nada sobre

a Câmara?

Tiririca: Não, nada.

Folha: Você pretende se vestir de Tiririca

na Câmara?

Tiririca:Não, de maneira alguma.

Folha: Em quem votou para deputado na

última eleição?

Tiririca: Pra te falar a verdade, eu nunca

votei. Sempre justifiquei meu voto.

[Folha.com]

Candidatos folclóricos e humoristas

Desde a Antiguidade, o humor faz parte da democracia como instrumento de crítica aos

governantes. “No Brasil, a atual legislação proíbe a veiculação de piadas na TV feitas com

políticos, ao passo que os partidos acolhem os tipos mais excêntricos e celebridades” como

candidatos.

De acordo com a Lei Eleitoral nº 9.504, é vetado aos programas de emissoras de rádio e TV

"usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma,

degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação". A lei entrou em vigor nas

eleições deste ano.

No dia 26 de agosto, o ministro Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a

regra por meio de uma liminar pedida pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e

Televisão (Abert).

Por outro lado, a tradição de expressar o descontentamento com a baixa qualidade dos

candidatos por meio do voto em figuras caricatas, ou mesmo em animais, é preservada.

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Em 1958, o "candidato" mais voltado nas eleições para vereador foi Cacareco, um rinoceronte

do Zoológico de São Paulo. Em 1988, o Macaco Tião, um chipanzé do Zoológico do Rio de

Janeiro, ficou em terceiro lugar na disputa.

A partir das eleições de 1996, as cédulas foram substituídas por urnas eletrônicas. Com isso,

ficou impossível votar em candidatos que não sejam reconhecidos pelo Tribunal Superior

Eleitoral (TSE).

Começaram, então, a proliferar personagens como Tiririca, Mulher Pêra, Maguila, Marcelinho

Carioca, Ronald Esper e Tati Quebra-Barraco, entre outros, que disputam vagas de

parlamentares nas eleições deste ano. Os partidos, que deveriam servir de filtro, esperam puxar

votos para a legenda com os candidatos exóticos. [UOL Educação - Atualidades]

Proposta:

Tendo como base as ideias apresentadas nos textos acima, os alunos fizeram uma dissertação

sobre o tema Votar em palhaço é uma forma válida de protestar?

Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;

Deve ter uma estrutura dissertativa;

Não deve estar redigido em forma de poema (versos) ou narração;

A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;

Não deixe de dar um título a sua redação.

Redação 1 [Sem título]

Não concordo, o protesto é válido, mas o que vejo hoje é muita gente sem interesse na política e

principalmente pessoas sem condições de votar, muitos[votar. Muitos] estão

enteresados[interessados] na propina de candidatos na campanha eleitoral. Estamos muito longe

de eleger candidatos sérios, e digo mais[sérios e digo mais:] os que dizem ser honestos eles

também são complice[cúmplices] dos ladrões.

Comentário geral

O texto foi selecionado para deixar claro que não se trata de responder a pergunta formulada na

proposta de redação, mas de desenvolver um texto dissertativo-argumentativo tendo a pergunta

como ponto de partida. Em outras palavras, esse texto não cumpre as exigências da prova e não

só nesse quesito. Note-se que ele também não atinge o limite mínimo de linhas, nem traz um

título, o que é explicitamente solicitado do aluno.

Competências avaliadas Avaliação: 0,0 (zero)

1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 0,0

2. Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de

conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto

dissertativo-argumentativo.

0,0

3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e

argumentos em defesa de um ponto de vista. 0,0

4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a

construção da argumentação. 0,0

5. Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos

valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

0,0

Page 4: Propostas avaliadas

Redação 2: Protestar é votar bem

Com a introdução da urna eletrônica, o chamado "voto de protesto" tomou um novo rumo na

política brasileira. Se antigamente era possível demonstrar o descontentamento, da população,

através do voto em candidatos fictícios, atualmente essa possibilidade não existe mais.

A cada nova disputa eleitoral, surgem candidatos caricatos ou pseudo-celebridades que, em

teoria, representam uma forma de protesto e indignação do povo. Tiririca e Mulher Pera,

respectivamente, são exemplos desse tipo de candidatura. Mas, na realidade, tais candidatos têm

a função de ajudar no quociente eleitoral de seus partidos.

O quociente eleitoral determina o número de eleitos, através da transferência direta de votos de

um determinado candidato. Muitos devem lembrar, da[lembrar-se da] eleição de cinco

deputados federais, do já extinto PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional), que se

beneficiaram, diretamente, da votação expressiva do candidato Enéas Carneiro, famoso pelo seu

bordão inconfundível : Meu nome é Enéas! .

Tendo em mente esses fatos, protestar é votar de forma consciente. Escolhendo[consciente,

escolhendo] bem o seu[o] candidato, analisando cuidadosamente suas idéias e

propóstas[propostas] , e também, verificando o seu passado político. Afinal, votar em um

candidato caricato, apenas como forma de protesto, sem levar em consideração todos os itens

aqui citados, não resolvem[resolve] absolutamente nada.

Comentário geral

Texto bem escrito, com bom nível de informatividade na explicação sobre a manobra que

garante a eleição de candidatos do mesmo partido que o candidato famoso. Faltou, porém,

discutir as consequências dessa prática para a população e para o país. Também não foram

expostas as possibilidades de o eleitor expressar o descontentamento de outros modos.

Aspectos pontuais

1) Quarto parágrafo:

a) o segundo período ficou incompleto por usar apenas verbos no gerúndio, ou seja, orações

subordinadas reduzidas que não estão ligadas a uma oração principal. A junção do trecho ao

período anterior, com vírgula, resolveria o problema;

b) o autor limitou-se a indicar o voto consciente. sem mostrar como é possível fazer o protesto

atualmente, com a urna eletrônica.

Competências avaliadas Avaliação: 6,5

1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 1,5

2.

Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento

para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

1,5

3.

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos

em defesa de um ponto de vista. 1,0

4.

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da

argumentação. 1,5

5.

Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores

humanos e considerando a diversidade sociocultural. 1,0

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Redação 3: Viva a bossa-sa-sa; viva a palhoça-ça-ça-ça-ça.

Na antiga sociedade romana, o imperador, a fim de inibir rebeliões futuras da população por

causas dos problemas sociais advindos da escravidão rural e consequente migração para as

cidades, adotou a política "panem et circenses" (pão e circo). Diariamente, promoviam-se lutas

entre gladiadores nos estádios, como o Coliseu, e, nestes [nesses] eventos, distribuíram-se

alimentos, em geral pão e trigo. Era uma forma de distração do povo e, ao mesmo tempo, de

dominação contra revoltas.

Este panorama da Roma antiga não diverge muito do Brasil atual. A sociedade brasileira é

mantida sob domínio por meio desse sistema de entrega do pão (Bolsa Família, Bolsa Escola) e

divertimento no circo (aventuras políticas no cenário nacional). Mas, no picadeiro da política

atual, sempre existe um personagem ilustre que faz a alegria do respeitável público: o palhaço.

Realmente, no ano de 2010, um palhaço ganhou visibilidade no campo político, ao ser eleito

deputado federal em São Paulo. Seu nome é Tiririca.

Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, somou mais de 1,3 milhões [milhão] de

votos e inseriu-se na história da política brasileira como o deputado federal mais votado, ficando

atrás apenas do lendário Enéas, do Prona. Com uma campanha irreverente e debochada, o

humorista jamais explanou claramente suas intenções políticas, porém a espontaneidade de seu

discurso acabou por torná-lo uma mescla de sucesso e polêmica, alvo de debates na internet e na

comunidade social. O célebre bordão "vote em Tiririca, pior que tá não fica!" ganhou o gosto

popular.

Piadas à parte, a grande discussão que circunda a eleição do palhaço Tiririca ao Congresso

Nacional é se esse foi um voto de protesto da sociedade, em face ao sentimento de descaso que

o Congresso permeou no povo, devido à série de episódios vergonhosos de corrupção. Por mais

que o protagonista em questão represente uma parcela grande da sociedade e, de certo modo,

espelhe a insatisfação social com os políticos atuantes, a sua candidatura em nada contribuirá

para a melhoria da condição de vida das pessoas. A intenção é valida, contudo, pôr alguém (um

palhaço!) sem nenhuma experiência política, ou mesmo sem propostas e perspectivas de

mudanças para a população, como representante político, ridiculariza ainda mais o sistema

político brasileiro, já tão taxado pelas nações desenvolvidas. É aumentar ainda mais a

"palhaçada" e ver o "circo pegar fogo".

O verdadeiro protesto é aquele que nasce da consciência coletiva e é externado, com coragem e

esperança, pela própria sociedade. A História é pródiga em apresentar exemplos. O movimento

negro que, nos Estados Unidos, teve em Martin Luther King um impulso expressivo, na luta

contra leis racistas que proibiam o direito de voto às minorias étnicas. No Brasil, o movimento

Tropicalismo, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, convocou os jovens brasileiros a proclamarem

a [o] individualismo e [a] liberdade sexual, num espírito de contestação político-cultural, em

plena ditadura militar. O movimento "Diretas Já" arrastou milhares às ruas, em passeatas,

comícios e lideranças, para reivindicarem eleições presidências [presidenciais] diretas no

Brasil, em 1983.

É preciso que essas investidas feitas contra a estrutura político-social brasileira resultem em

benefícios a todos. Se o povo está cansado de "pão", que o representante da nação tenha

capacidade de administrar os bens públicos para pôr na mesa do brasileiro arroz, feijão, carne,

salada, um emprego decente, saúde, educação e segurança. Precisamos de governantes

compromissados com o desenvolvimento do país, e não de figuras pitorescas que apenas

ocupam assentos nas cadeiras partidárias e não contribuem para o crescimento do Estado e

fortalecimento da democracia.

Page 6: Propostas avaliadas

Comentário geral:

O texto merece a nota máxima, apesar dos pequenos deslizes que nele se encontram. Além dos

assinalados, em verde ou vermelho, pode-se também questionar a correção ou propriedade das

referências históricas. Ainda assim, o texto atende, em todos os quesitos, o que se espera de um

texto redigido por alguém nessa etapa da escolaridade e demonstra que ele está apto a

prosseguir na carreira escolar.

Aspectos pontuais:

1)Terceiro parágrafo: em negrito, destaca-se a perífrase desnecessária: por que não dizer

pura e simplesmente "sociedade" em vez de "comunidade social"? A clareza se constrói

com simplicidade. (Perífrase é a substituição de um nome comum ou próprio por uma expressão que a caracterize.

Nada mais é do que um circunlóquio, isto é, um rodeio de palavras.)

2) Quarto parágrafo: a) Mais uma vez, uma perífrase desnecessária e, nesse caso,

provocando confusão: como na frase anterior a referência mais próxima é Congresso, pode-

se entender que é o Congresso o "protagonista" que inicia a frase seguinte. b) "Taxar" exige

um complemento para significar o que o autor pretende. Pode ser, por hipótese, que as

nações desenvolvidas taxem o Congresso brasileiro de ineficiente. Sem complemento,

"taxar" significa "cobrar tributo" e as nações desenvolvidas nem taxam nem podem taxar o

Congresso brasileiro.

3) Podem-se levar milhões de pessoas às ruas em passeatas e em comícios, mas não em

lideranças. A palavra "liderança" tem outro significado e não comporta esse uso. O

paralelismo do texto fica capenga devido ao uso inapropriado de um vocábulo.

Competências avaliadas: Avaliação: 10,0

1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 2,0

2.

Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento

para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

2,0

3.

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos

em defesa de um ponto de vista.

2,0

4.

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da

argumentação.

2,0

5.

Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores

humanos e considerando a diversidade sociocultural.

2,0

Desempenho do aluno em cada competência:

Nota 2,0 - Satisfatório Nota 0,5 - Fraco

Nota 1,5 - Bom Nota 0,0 - Insatisfatório

Nota 1,0 - Regular