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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE ARTE
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
Durante o período colonial, foi desenvolvida pela Companhia de Jesus
uma educação de tradição religiosa cujos registros revelam o uso pedagógico
da arte. Esse trabalho envolvia os ensinamentos de artes e ofícios, por meio
da retórica, literatura, música, teatro, dança, pintura, escultura e arte manuais.
Ensinava-se a arte ibérica da Alta Idade Média e renascentista, mas
valorizavam-se, também, as manifestações artísticas locais. Esse trabalho
influenciou na constituição da matriz cultural brasileira.
Nesse processo houve a superação do modelo teocêntrico medieval em
favor do projeto iluminista.
Nesse contexto, o governo português do Marques de Pombal expulsou os
Jesuítas do território do Brasil e estabeleceu uma reforma na educação e em
outras instituições da colônia, apesar dessa reforma a educação era
estritamente literária, baseada nos estudos de gramática, retórica, latim e
música.
Em 1808, com a vinda da família real de Portugal para o Brasil destaca-se
a vinda de um grupo de artistas franceses encarregado da fundação da
Academia de Belas-Artes, na qual os alunos poderiam aprender as artes e
ofícios artísticos. Esse padrão estético entrou em conflito com a arte colonial.
Nesse período, houve a laicalização do ensino no Brasil. Nos
estabelecimentos públicos houve um processo de dicotomização do ensino de
Arte: Belas Artes e música para formação estética e o de artes manuais e
industriais.
Com a proclamação da República, em 1890 ocorreu a primeira reforma
educacional do Brasil republicano. Os positivistas defendiam a necessidade do
ensino de Arte valorizar o desenho geométrico como forma de desenvolver a
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mente para o pensamento científico As primeiras décadas da República,
ocorreu a Semana de Arte Moderna de 1922, um importante marco para a arte
brasileira. O sentido antropofágico do movimento era devorar a estética
europeia e transformá-la em uma arte brasileira, valorizando a expressão
singular do artista, rompendo com os modos de representações realistas.
O movimento modernista valorizava a cultura popular, pois entendia que
desde o processo de colonização, a arte indígena, a arte medieval e
renascentista europeia e a arte africana, cada qual com suas especificidades,
constituíram a matriz da cultura popular brasileira.
O ensino de Arte passou a ter então enfoque na expressividade,
espontaneísmo e criatividade. Apoiou-se muito na pedagogia da escola Nova,
fundamentada na livre expressão de formas, na individualidade, inspiração e
sensibilidade, o que rompia com a transposição mecanicista de padrões
estéticos da escola tradicional.
No Paraná com a chegada dos imigrantes no final do séc. XIX e entre
eles artistas, vieram novas ideias e experiências culturais diversas. As
características da nova sociedade em formação e a necessária valorização da
realidade local estimularam movimentos a favor da Arte se tornar disciplina
escolar.
A partir da década de 1960, as produções e movimentos artísticos se
intensificaram. Em 1971, foi promulgada a Lei Federal nº 5692/71, cujo artigo
7º determinava a obrigatoriedade do ensino da arte nos currículos do Ensino
Fundamental e médio. Tornando obrigatório no Brasil.
Na escola, o ensino de artes plásticas foi direcionado para as artes
manuais e técnicas, e o ensino de música enfatizaram a execução de hinos
pátrios e de festas.
Essas teorias propunham oferecer aos educandos acesso aos
conhecimentos da cultura para uma prática social transformadora.
Em 1990 foi publicado o currículo básico com a proposta curricular que
pretendia fazer da escola um instrumento para a transformação social e nelas,
o ensino da Arte retomou a formação do aluno pela humanização dos sentidos,
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pelo saber estético e pelo trabalho artístico. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), publicados no período de 1997 a 1999 tornaram-se os novos
orientadores do ensino. Os encaminhamentos metodológicos apresentados
pelos Fins sugerem que o planejamento curricular seja centrado no trabalho
com temas e projetos, o que relega a segundo plano os conteúdos específicos
da arte.
Em 2003 iniciou-se, no Paraná, um processo de discussão com os
professores da Educação Básica do Estado. Tal processo tomou o professor
como sujeito epistêmico, que pesquisa sua disciplina, reflete sua prática e
registra sua práxis.
As novas diretrizes curriculares concebem o conhecimento nas suas
dimensões artísticas, filosófica e científica, e articula-se com políticas que
valorizam a arte e seu ensino na rede estadual do Paraná.
Reconhece-se, então, que os avanços recentes podem levar a uma
transformação no ensino de arte. Assim, o ensino de arte deixará de ser
coadjuvante no sistema educacional para se ocupar também do
desenvolvimento do sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e
em constante transformação.
Tendo em vista esse avanço o Parecer 22/2005 alterou a nomenclatura
da disciplina de Educação Artística para Arte e o parecer CEE/CEB Nº 219
unificou o termo Arte para o ensino Ensino Fundamental, visando não
fragmentar a unidade da Educação Básica, pois a área do conhecimento é a
mesma e a diferença de nomenclatura tem gerado discussões e debates que
desviam da finalidade e das necessidades concretas do ensino de Arte.
Nesse sentido, educar os alunos em arte é possibilitar-lhes um novo
olhar, um ouvir mais crítico, um interpretar da realidade além das aparências,
com a criação de uma nova realidade, bem como a ampliação das
possibilidades de fruição.
A construção do conhecimento em Arte se efetiva na relação entre o
estético e o artístico (objeto de estudo), materializada nas representações
artísticas. Apesar de suas especificidades, esses campos conceituais são
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interdependentes e articulados entre si, abrangendo todos os aspectos do
conhecimento em Arte.
ARTE – ENSINO FUNDAMENTAL
5ª SÉRIE – ÁREA MÚSICA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Altura
Duração
Timbre
Intensidade
Densidade
Ritmo
Melodia
Escalas
Gêneros:
folclórico,indígena,
popular e étnico.
Técnica: vocal,
instrumental e mista.
Improvisação.
Grego-Romana
Oriental
Ocidental
Africana
ARTE – ENSINO FUNDAMENTAL
6ª SÉRIE – ÁREA MÚSICA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Altura
Duração
Ritmo
Melodia
Música popular e étnica
( ocidental e oriental )
5
Timbre
Intensidade
Densidade
Escalas: diatônica
pentatômica
cromática
Improvisação
ARTE – ENSINO FUNDAMENTAL
7ª SÉRIE – ÁREA MÚSICA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Altura
Duração
Timbre
Intensidade
Densidade
Ritmo
Melodia
Harmonia
Tonal, modal e a fusão
de ambos
Técnica: vocal,
instrumento e mista.
Indústria Cultural
Eletrônica
Minimalista
Rep,Rock,Tecno
8ª SÉRIE – ÁREA MÚSICA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Altura
Duração
Timbre
Ritmo
Melodia
Técnica: vocal,
Música Engajada
Música popular
Brasileira
6
Intensidade
Densidade
instrumental e mista.
Gêneros: popular,
folclórico e étnico.
Contemporâneas
5ª SÉRIE – ÁREA ARTES VISUAIS
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Ponto
Linha
Textura
Forma
Superfície
Volume
Cor
Luz
Bidimensional
Figurativa
Geométrica,
simétrica
Técnicas: Pintura,
escultura,
arquitetura.
Gêneros: cenas
da mitologia.
Arte Grego
Romana
Arte Africana
Arte Oriental
Arte Pré- Histórica
6ª SÉRIE – ÁREA ARTES VISUAIS
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Ponto
Linha
Textura
Forma
Superfície
Volume
Cor
Proporção
Tridimensional
Figura e fundo
Abstrata
Perspectivas
Técnicas: Pintura,
escultura,
Arte Indígena
Arte Popular
Brasileira e
Paranaense
Renascimento
Barroco
7
Luz modelagem,
gravuras.
Gêneros:
Paisagem, retrato, natureza morta.
7ª SÉRIE – ÁREA ARTES VISUAIS
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Linha
Forma
Textura
Superfície
Volume
Cor
Luz
Semelhanças
Contrastes
Ritmo Visual
Estilização
Deformação
Técnicas:
desenho,
fotografia, audiovisual e mista.
Indústria Cultural
Arte no Séc. XX
Arte
Contemporânea
8ª SÉRIE – ÁREA ARTES VISUAIS
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Linha
Textura
Forma
Superfície
Volume
Cor
Bidimensional
Tridimensional
Tira-fundo
Ritmo Visual
Técnica: Pintura,
grafite,
Realismo
Vanguardas
Muralismo e Arte
Latino-americana
Hip Hop
8
Luz performance.
Gêneros:
Paisagem urbana, cenas
do cotidiano.
5ª SÉRIE – ÁREA TEATRO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Personagem:
Expressões
corporais,
vocais,
gestuais e
faciais
Ação
Espaço
Enredo, roteiro.
Espaço Cênico,
adereços
Técnicas: jogos teatrais, teatro
indireto e direto,
improvisação,
manipulação
máscara.
Gênero;Tragédia,
Comédia e Circo.
Grego-romana
Teatro Oriental
Teatro Medieval
Renascimento
6ª SÉRIE – ÁREA TEATRO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Personagem:
Expressões
corporais,
vocais,
Representação,
Leitura dramática
Cenografia.
Técnicas: jogos
Comédia dell' arte
Teatro Popular
Brasileiro e
Paranaense
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gestuais e
faciais
Ação
Espaço
teatrais, mímica,
improvisação,
formas
animadas.
Gêneros:
Rua e arena,
Caracterização.
Teatro Africano
7ª SÉRIE – ÁREA TEATRO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Personagem:
Expressões
corporais,
vocais,
gestuais e
faciais
Ação
Espaço.
Representação no
Cinema e Mídia
Texto dramático
Maquiagem
Sonoplastia
Roteiro
Técnicas: jogos teatrais,
sombra,adaptação
cênica.
Indústria Cultural
Realismo
Expressionismo
Cinema Novo .
8ª SÉRIE – ÁREA TEATRO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Personagem: Técnicas: Monólogo,
jogos teatrais, direção,
Teatro Engajado
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Expressões
corporais,
vocais,
gestuais e
faciais
Ação
Espaço.
ensaio, teatro-Fórum.
Dramaturgia
Cenografia
Sonoplastia
Iluminação
Figurino
Teatro do Oprimido
Teatro Pobre
Teatro do Absurdo
Vanguardas
5ª SÉRIE – ÁREA DANÇA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Movimento corporal
Tempo
Espaço
Kinesfera
Eixo
Ponto de Apoio
Movimentos articulares
Fluxo ( livre e
interrompido)
Rápido e lento
Formação
Níveis (alto Médio e
baixo)
Deslocamento ( direto e
indireto)
Dimensões ( pequeno e
grande)
Pré- história
Grego-Romano
Renascimento
Dança Clássica
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Técnica: Improvisação
Gênero: Circular.
6ª SÉRIE – ÁREA DANÇA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Movimento corporal
Tempo
Espaço
Ponto de Apoio Rotação
Coreografia Salto e
queda Peso ( leve e
pesado)
Fluxo ( livre, interrompido
e condizido)
Lento, rápido e
moderado
Níveis ( alto, médio e
baixo)
Formação
Direção
Gênero: Folclórica,
popular e étnica.
Dança Popular
Brasileira
Paranaense
Africana
Indígena
7ª SÉRIE – ÁREA DANÇA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
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Movimento corporal
Tempo
Espaço
Giro
Rolamento
Saltos
Aceleração e
desaceleração
Direções ( frente, atrás,
direta e esquerda )
Improvisação
Coreografia
Sonoplastia
Gênero: Indústria
Cultural e espetáculo
Hip Hop
Musicais
Expressionismo
Indústria Cultural
Dança moderna
8ª SÉRIE – ÁREA DANÇA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Movimento corporal
Tempo
Espaço
Kinesféra
Ponto de apoio
Peso
Fluxo
Quedas
Saltos
Giros
Rolamentos
Extensão ( perto e longo )
Coreografia
Deslocamento
Vanguardas
Dança Moderna
Dança
Contemporânea
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Gênero: Performance e
moderna.
ARTE – ENSINO MÉDIO
ÁREA MÚSICA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Altura
Duração
Timbre
Intensidade
Densidade
Ritmo
Melodia
Harmonia
escalas
Modal, Tonal e fusão de
ambos.
Gêneros: erudito,
clássico, popular, étnico,
folclórico, Pop.
Técnicas; vocal,
instrumental eletrônica,
informática e mista
Improvisação.
Música Popular Brasileira
Paranaense
Popular
Indústria Cultural
Engajada
Vanguarda
Ocidental
Oriental
Africana
Latino- Americana
ENSINO MÉDIO – ÁREA ARTES VISUAIS
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Ponto Bidimensional Arte Ocidental
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Linha
Forma
Textura
Superfície
Volume
Cor
Luz.
Tridimensional
Figura e Fundo
Figurativo
Abstrato
Perspectivas
Semelhanças
Contrastes
Ritmo Visual
Simetria
Deformação
Estilização
Técnica: Pintura,
desenho, modelagem,
instalação performance,
fotografia, gravura e
esculturas, arquitetura,
história em quadrinhos.
Gêneros: paisagem,
natureza-morta, Cenas
do cotidiano, Histórica,
Religiosa, da mitologia.
Arte Oriental
Arte Africana
Arte Brasileira
Arte Paranaense
Arte Popular Arte de
Vanguarda
Indústria Cultural Arte
Contemporânea
Arte Latino-americana.
ENSINO MÉDIO – ÁREA TEATRO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Personagem: Técnicas: jogos teatrais, Teatro Greco-romano
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Expressões corporais,
vocais, gestuais e
faciais.
Ação
Espaço
teatro direto e indireto,
mímica, ensaio, Teatro
Fórum roteiro encenação
e leitura dramática
Gêneros:Tragédia,
Comédia, Drama e Épico
Dramaturgia
Representação nas
mídias Caracterização
Cenografia, sonoplastia,
figurino e iluminação
Direção
Produção
Tearo Medieval
Teatro Brasileiro
Teatro Paranaense
Teatro Popular
Indústria Cultural
Teatro Engajado
Teatro Dialético
Teatro Essencial
Teatro do Oprimido
Teatro do Pobre
Teatro de Vanguarda
Teatro Renascentista
Teatro Latino-americano
Teatro Realista
Teatro Simbolista
ENSINO MÉDIO - ÁREA DANÇA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSICÃO MOVIMENTOS E PERÍODO
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE
Movimento corporal
Tempo
Espaço
Kinesfera
Fluxo
Peso
Eixo
Salto e Queda
Pré-história
Greco-romana
Medieval
Renascimento
Dança Clássica
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Giro
Rolamentos
Movimentos articulares
Lento, rápido e
moderado Aceleração e
desaceleração Níveis
Deslocamento Direções
Planos
Improvisação.
Coreografia
Gêneros: Espetáculo,
indústria Cultural, étnica,
folclórica, populares e
salão.
Dança Popular Brasileira
Paranaense Africana
Indígena Hip Hop
Indústria Cultural
Dança Moderna
Vanguardas
Dança Contemporânea
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação ambiental,
Educação fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na
condição de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da
intencionalidade do recorte do conhecimento da disciplina encaminhamento
metodológico.
METODOLOGIA
A metodologia do ensino de Arte deve-se contemplar três momentos da
organização pedagógica:
1. Teorização
2. Percepção e apropriação
3. Trabalho artístico
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Teorização: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a
obra artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para formar
conceitos artísticos. Nessa proposta, o conhecimento em arte é alcançado pelo
trabalho com elementos formais, a composição, os movimentos e períodos,
tempo e espaço, e como eles se constituem nas Artes Visuais, dança, música e
teatro. Esse conhecimento se efetiva quando os três momentos da metodologia
são trabalhados.
Percepção e apropriação: são as formas de apropriação, fruição e leitura
da obra de arte. O trabalho do professor é de possibilitar o acesso às obras de
Música, Teatro, Dança e Artes Visuais e mediar a percepção e apropriação dos
conhecimentos sobre a arte, para que o aluno possa interpretar as obras,
transcender aparências e apreender, pela arte, aspectos da realidade humana
em sua dimensão singular e social.
Trabalho artístico: é a prática criativa de uma obra, pois a arte não pode
ser apreendida somente de forma abstrata. .
É essencial no ensino de Arte que o educando desenvolva atividades de
cunho artístico no âmbito da escola. A concepção de arte como fonte de
humanização incorpora as três vertentes das teorias críticas em arte: arte como
trabalho criador, arte como ideologia e arte como forma de conhecimento. , o
conhecimento, as práticas e a fruição artística devem estar presentes em todos
os momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação Básica.
Nas séries finais do Ensino Fundamental ( 5ª A 8ª séries/6º ao 9º ano),
gradativamente abandona-se a prática artística e a enfase nos elementos
formais, tratando-se de forma superficial os conteúdos de composição e dos
movimentos e períodos.
No Ensino Médio a prioridade é para a História da Arte, com raros
momentos de prática artística, centrando-se no estudo de movimento e
períodos e na leitura de obras de arte.
Em síntese, durante a Educação Básica, o aluno tem contato com
fragmentos do conhecimento de Arte, percorrendo um arco que inicia-se nos
elementos formais, com atividades artísticas (séries iniciais) e finaliza nos
movimentos e períodos, com exercícios cognitivos abstratos ( Ensino Médio).
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AVALIAÇÃO
A concepção de avaliação para a disciplina de Arte, nesta proposta é
diagnóstica e processual. É diagnóstica por ser a referência do professor para
planejar as aulas e avaliar os alunos; é processual por pertencer a todos os
momentos da prática pedagógica. A avaliação processual deve incluir formas
de avaliação da aprendizagem, do ensino (desenvolvimento das aulas) bem
como a autoavaliação dos alunos.
O método de avaliação proposto inclui observação e registro de processo
de aprendizagem, com os avanços e dificuldades percebidos na apropriação
do conhecimento pelos alunos. Como sujeito desse processo, o aluno também
deve elaborar seus registros de forma sistematizada.
O conhecimento que o aluno acumula deve ser socializado entre os
colegas e, ao mesmo tempo, constitui-se como referência para o professor
propor abordagens diferenciadas.
A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e do grupo, são
necessários vários instrumentos de verificação tais como:
* Trabalhos artísticos individuais e em grupo;
*Pesquisas bibliográficas e de campo;
*Debates em forma de seminários e simpósios;
*Provas teóricas práticas
*Registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, audiovisual e outros.
*Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico
necessário para o planejamento e o acompanhamento da aprendizagem
durante o ano letivo, visando as seguintes expectativas de aprendizagem:
*A compreensão dos elementos que estruturam e organizam a arte e sua
relação com a sociedade contemporânea;
*A produção de trabalhos de arte visando a atuação do sujeito em sua
realidade singular e social.
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*A apropriação prática e teórica dos modos de composição da arte nas
diversas culturas e mídias à produção, divulgação e consumo.
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REFERENCIAS:
DIRETRIZES CURRICULARES DE ARTE - Secretaria de Estado da Educação
do Paraná.
BRASIL. Leis, decretos, etc. Lei n. 9394/96: lei de diretrizes e bases da
educação nacional, LDB. Brasília, 1996.
FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2002.
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino médio: construindo uma proposta para os
que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez, 2000.
OSTROWER , Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Ensino de
Primeiro Grau. Currículo básico para a escola pública do Paraná. Curitiba:
SEED/DEPG, 1992.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Ensino Médio.
LDP: Livro Didático Público de Arte. Curitiba: SEED-PR, 2006.
PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser extinta.
Campinas: Autores Associados, 2003. (Coleção polêmicas do nosso tempo,
84).
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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE BIOLOGIA
ENSINO MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
A Biologia é um fazer humano e, portanto, histórico, fruto da conjugação
de fatores sociais, políticos, econômicos, religiosos e tecnológicos. A disciplina
de Biologia tem como objeto de estudo o fenômeno Vida.
Ao longo da história da humanidade, muitos foram os conceitos
elaborados sobre este fenômeno numa tentativa de explicá-lo e ao mesmo
tempo, compreendê-lo.
Como construção, o conhecimento é sempre um processo inacabado. O
avanço da Biologia, portanto, é determinado pelas necessidades materiais do
homem com vistas ao seu desenvolvimento, em cada momento histórico,
refletindo o desenvolvimento e as rupturas ocorridas nos contextos sociais,
políticos, econômicos e culturais, valorizando então, a construção histórica dos
conhecimentos biológicos, articulados à cultura científica, consolidando a
formação do sujeito crítico, reflexivo e analítico, por meio de um trabalho em
que o professor reconhece a necessidade de superar concepções pedagógicas
anteriores, ao mesmo tempo em que compartilha com os alunos a afirmação e
a produção de saberes científicos a favor da compreensão do fenômeno Vida,
pois leva o ser humano a refletir sobre a necessidade de garantir sua
sobrevivência, respeitando a natureza e entendendo que os benefícios
historicamente conquistado pela humanidade deve beneficiar a todos e não a
uma minoria.
Portanto, estudar Biologia, implica em relacionar fenômenos, fatos,
processos e ideias, elaborando conceitos, identificando regularidade e
diferenças, construindo generalizações e a contextualizações histórica vividas
no momento, estabelecendo relações entre parte e todo de um fenômeno
biológico.
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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES E RELAÇÃO DOS CONTEÚDOS
BÁSICOS
Os conceitos biológicos e conteúdos estruturantes serão trabalhados de
forma integrada e não fragmentada, permitindo o acréscimo conceitual e não
algo como pronto, acabado, definido por gênios da Ciência. São os conteúdos:
Estruturantes: Organização dos seres vivos, Mecanismos Biológicos,
Biodiversidade e Manipulação genética.
Básicos: Classificação dos seres vivos: critérios taxonômicos e
filogenéticos, Sistemas Biológicos: anatomia, morfologia e fisiologia,
Mecanismos de desenvolvimento embriológico, Mecanismos celulares
biofísicos e bioquímicos, Teorias evolutivas, Transmissão das características
hereditárias e Dinâmicas dos ecossistemas: relação entre os seres vivos e a
interdependência com o ambiente e Organismos geneticamente modificados.
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEUDOS BÁSICOS
Organização dos Seres Vivos
Mecanismos Biológicos
Biodiversidade
Manipulação genética
Classificação dos Seres Vivos: critérios
taxonômicos e filogenéticos.
Sistemas Biológicos: anatomia,
morfologia e fisiologia.
Mecanismos de desenvolvimento
embriológico.
Mecanismos celulares biofísicos e
bioquímico.
Teorias Evolutivas
Dinâmica dos ecossistemas: relações
entre os seres vivos e interdependência
com o ambiente.
Organismos geneticamente
modificados.
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Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação ambiental,
Educação fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, História e Cultura Afro Brasileira, Africana e
Indígena passará pelo currículo somente na condição de compreensão do
currículo na totalidade, fazendo parte da intencionalidade do recorte do
conhecimento da disciplina.
METODOLOGIA
Compreender o fenômeno Vida e sua complexidade de relações, significa
analisar uma ciência em transformação, cujo caráter provisório permite a
reavaliação dos seus resultados e possibilita repensar, mudar conceitos e
teorias elaboradas em cada momento histórico, social, politico, econômico e
cultural.
A proposição dos conteúdos estruturantes na disciplina de Biologia
sugere a possibilidade de selecionar conteúdos específicos, outra possibilidade
importante é relacionar os diversos conhecimentos específicos entre si e com
outras áreas de conhecimento, propiciando reflexão constante sobre as
mudanças conceituais em decorrência de questões emergentes.
Nesta Proposta pretende-se discutir o processo de construção do
pensamento biológico presente na história da ciência e reconhece-la como
uma construção humana, como lutas de ideias, solução de problemas e
proposição de novos modelos interpretativos, não enfatizando somente seus
resultados.
Importa, então, conhecer e respeitar a diversidade social, cultural e as
ideias primeiras do aluno, como elementos que também podem constituir
obstáculos à aprendizagem dos conceitos científicos que levam à
compreensão do conceito Vida.
Concepções anteriores implica promover ações pedagógicas que permita
tal superação.
Saviani(1997) e Gasparin (2002) apontam que o ensino dos
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conteúdos específicos de Biologia, necessita apoiar-se num processo
pedagógico em que:
Prática social: Produzir uma aprendizagem a partir de uma visão
sincrética, desorganizada, de senso comum a respeito do conteúdo a ser
trabalhado.
Problematização: apontar questões que precisam ser resolvidas
no âmbito de prática social.
Instrumentalização: apresentação de conteúdos sistematizados
para assimilação e transformação em instrumento de construção pessoal e
profissional.
Catarse: aproximação entre o que o aluno adquiriu de
conhecimento e o problema em questão, passa da ação para a construção.
Retorno à prática social: passagem de um estágio de menor
compreensão do conhecimento científico à fase de maior clareza e
compreensão.
Dentro da Organização dos Seres Vivos é importante a
observação e descrição dos seres vivos. A ampliação e abordagem descritiva
de modo a comparar as características estruturais anatômicas e
comportamentais dos seres, abordando a classificação dos seres vivos como
uma das tentativas de conhecer e compreender a diversidade biológica.
Pretende-se com conteúdo Mecanismos Biológicos a discussão sobre a
organização dos seres vivos, analisando o funcionamento dos sistemas
orgânicos nos diferentes níveis de organização destes seres do celular ao
sistêmico. Considerando que este conhecimento isolado é insuficiente para
permitir ao aluno estabelecer relações entre os diversos mecanismos de
funcionamento e manutenção da Vida. É importante que os professores
considerem o aprofundamento, a especialização, o conhecimento objetivo dos
mecanismos, para que se compreenda os sistemas vivos como fruto da
interação entre seus elementos constituintes e da interação deste sistema com
os demais componentes do seu meio.
O trabalho pedagógico com conteúdo Biodiversidade deve ser abordado
como um sistema complexo de conhecimentos biológicos, interagindo num
processo integrado e dinâmico o que envolve a variabilidade genética, a
25
diversidade de seres vivos, as relações ecológicas e estabelecidas entre eles e
com a natureza, além dos processos evolutivos pelos quais os seres vivos têm
sofrido transformações. Com este conteúdo, pretende-se discutir os processos
pelos quais os seres vivos sofrem modificações, perpetuam uma variabilidade
genética e estabelecem relações ecológicas, garantindo a diversidade de seres
vivos. Destacando-se assim, a construção do pensamento biológico evolutivo.
Com o conteúdo manipulação genética pretende-se propiciar a análise
sobre as implicações dos avanços biológicos que se valem das técnicas de
manipulação do material genético para o desenvolvimento da sociedade.
A estratégia de ensino como aula dialogada, a leitura, a escrita, a
experimentação, a demonstração, o estudo do meio, os jogos didáticos, entre
todas as outras, favorecendo a expressão dos alunos, seus pensamentos, suas
percepções, significações, interpretações, uma vez que envolve a
produção/criação de novos significados, pois esse processo acarreta o
encontro e o confronto das diferentes ideias propagadas em sala de aula.
O estudo do meio possibilita integrar conhecimentos, propiciar novas
elaborações utilizando locais como: parques, praças, terrenos baldios, praias,
bosques,rios, zoológicos, hortas, aterros sanitários, fábricas, etc.
AVALIAÇÃO
A avaliação é um critério necessário e indispensável para uma mudança
didática, favorecendo uma reflexão crítica de ideias e comportamentos. A
avaliação é diagnóstica, contínua e formativa utilizando vários instrumentos
avaliativos, valorizando o conhecimento já adquirido pelo aluno, propiciando
condições para o seu avanço no processo de ensino-aprendizagem.
Nesta perspectiva, a avaliação como momento do processo ensino
aprendizagem, abandona a ideia de que o erro e a dúvida constituem
obstáculos impostos à continuidade do processo. Ao contrário, o aparecimento
de erros e dúvidas dos alunos constituem importantes elementos para avaliar o
processo de mediação desencadeado pelo professor entre o conhecimento e o
aluno. A ação docente também estará sujeita a avaliação e exigirá observação
26
e investigação visando a melhoria da qualidade de ensino. Enfim, adota-se
como pressuposto a avaliação como instrumento analítico do processo ensino
aprendizagem que se configura em um conjunto de ações pedagógicas
pensadas e realizadas ao longo do ano letivo, de modo que professores e
alunos tornam-se observadores dos avanços e dificuldades a fim de
superarem os obstáculos existentes.
RECUPERAÇÃO
A recuperação de estudos é direito dos alunos independentes do nível de
apropriação os conhecimentos básicos, sendo concomitante ao processo
ensino e aprendizagem. O professor deverá retomar os conteúdos essenciais
através de atividades significativas, por meio de procedimentos didático-
pedagógicos diversificados, levando-se em consideração os conteúdos de
maior dificuldade. O resultado da recuperação será incorporado às avaliações
efetuadas durante o período letivo, constituindo-se em mais um componente
do aproveitamento escolar.
27
REFERÊNCIAS:
DIRETRIZES CURRICULARES DE BIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO
BIOLOGIA – Cesar e Sezar – Editora Saraiva
BIOLOGIA – Ama bis e Martho – Editora Moderna
BIOLOGIA VOLUME ÚNICO - Sonia Lopes e Sergio Rosso – Editora Saraiva
LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO - Secretaria de Estado da Educação
PPP – Colégio Estadual de Iporã – E.F.M.Profissional.
LIVRO DIDÁTICO – PNLD – MEC.
28
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE CIÊNCIAS
ENSINO FUNDAMENTAL
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
A ciência é uma atividade humana complexa, histórica e coletiva
construída, que influencia e sofre influência de questões sociais, tecnológicas,
culturais, éticas e políticas (Kneller 1980; Andery et al 1998).
Por isso conceituar ciência exige cuidado epistemológico, pois para
conhecer a real natureza se faz necessário investigar a história de construção
do conhecimento científico.
Segundo (Gaston Bachelard 1884 – 1962) a reflexão voltada para a
produção do conhecimento científico contribui para compreensão que a
ciência rompe como modelos científicos.
Ao longo do tempo criaram mitos e divindades como estratégias para
explicar fenômenos da Natureza, por isso o ser humano se preocupava com a
divindade dos conhecimentos e não com as causas desses fenômenos.
O método científico, como estratégia de investigação é constituído por
investigações experimentais, levantamento e teste de hipótese, síntese em leis
ou teorias. No estado científico o mundo era considerado mutável e o universo
infinito.
O período pré – científico, contribuíram para o entendimento de que os
seres vivos se transformavam com o passar do tempo geológico. A natureza
que lhe propiciava mudanças adaptativas. Segundo Yutuyma, 1993, Charles
Darwin considerava como provas e suporte para a teoria da evolução das
espécies “Os registros dos fósseis, a distribuição geográfica das espécies, a
anatomia, a embriologia e a modificação de organismo domesticado”.
Grandes avanços se destacaram durante o século XIX e modificaram a
compreensão do funcionamento dos sistemas de organismo: a teoria da célula
e os estudos sobre a geração espontânea da vida. Novas pesquisas permitiram
29
o entendimento de uma unidade da qual se pudesse originar a imensas
diversidades dos seres vivos.
Além dos conhecimentos produzidos a partir das pesquisas sobre a
constituição da matéria na natureza. Tais estudos associados a conhecimentos
relativos à lei da conservação da energia, contribuíram para o entendimento de
que na natureza ocorrem ciclos de energia o que se contrapôs à ideia de
criação e destruição e estabeleceu modelos de transformação de energia na
natureza.
Nesse mesmo contexto, a mecânica clássica e o modelo newtoniano
cartesiano influenciaram fortemente o pensamento científico que se apropriou
das verdades mecanicistas para explicar o funcionamento dos seres vivos.
O estado do novo espírito configurava-se também como um período
fortemente marcado pela aceleração da produção científica e a necessidade de
divulgação em que a tecnologia influenciou e sofreu influências dos avanços
científicos
O ensino de Ciências no Brasil foi influenciado pelas relações de poder
que se estabeleceram entre as instituições de produção científica.
As instituições escolares que existiam nas cidades frequentadas pelos
filhos da elite, contratava professores estrangeiros dedicados a ensinar
conhecimento científico em caráter formativo. Aos filhos da classe
trabalhadora, principalmente agricultores, era destinado ensino em que os
professores não tinham formação especializada, trabalhavam em várias
escolas e ensinavam conhecimento científico sob caráter informativo.
A disciplina de Ciências, mesmo nos dias atuais, expressa a lógica de sua
criação à existência de um único método para o trato do conjunto das ciências
naturais.
Do início do século XX aos anos de 1950, a sociedade brasileira passou
por transformações significativas rumo a modernização.
Favorecer a articulação entre os conhecimentos físicos, químicos
e biológicos;
Compreender a ciência como um processo de produção de
conhecimento e uma atividade humana, histórica, associada a
Aspectos de ordem social, econômica, política e cultural;
30
Identificar relações entre conhecimentos científicos, produção de
tecnologia e condições de vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica,
e compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas
sabendo elaborar juízo sobre riscos e benefícios das práticas científico-
tecnológicos;
Compreender a saúde pessoal, social e ambiental, como bens
individuais e coletivos que devem ser promovidos pela ação de diferentes
agentes.
O ensino de Ciências na atualidade tem o desafio de oportunizar a todos
os alunos, por meio de conteúdos, noções e conceitos que propiciem um a
leitura crítica de fatos e fenômenos relacionados à vida, à diversidade cultural,
social e da produção científica, dando ênfase aos conteúdos estruturantes
(corpo humano e saúde, Ambiente e Energia e Tecnologia) que são saberes
capazes de organizar teoricamente os campos de estudos da disciplina com
vista à compreensão das diferenças inter-relações entre essas ciências.
A disciplina de ciências tem como objeto de estudo conhecimento
científico que resulta da investigação da natureza assim, alguns objetivos são
estabelecidos para a efetivação do ensino da disciplina de ciências,
mencionados a seguir.
• Compreender a natureza como um todo dinâmico e o ser humano, em
sociedade, como agente de transformação do mundo em que vive em relação
essencial com os demais com os demais seres vivos e outros componentes do
ambiente;
Formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas
reais a partir de elementos das ciências naturais, colocando em prática
conceitos desenvolvidos no aprendizado escolar;
• Saber utilizar conceitos científicos básicos, associados à energia,
matéria, transformação, espaço, tempo, sistema, equilíbrio e vida.
• Saber combinar leituras, observações, experimentações e
registros para comparação entre explicações, organização e discussão de fatos
e informações;
• Valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação critica e
cooperativa para a construção coletiva do conhecimento.
31
ENSINO FUNDAMENTAL: 5ª SÉRIE
CONTEÚDOSESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
ASTRONOMIA
Universo
Sistema solar
Movimentos Terrestres
Movimentos Celestes
Astros
MATÉRIAConstituição da matéria
SISTEMAS BIOLÓGICOSNíveis de organização
ENERGIA
Formas de energia
Conversão de energia
Transmissão de energia
BIODIVERSIDADE
Organização dos seres vivos
Ecossistemas
Evolução dos seres vivos
ENSINO FUNDAMENTAL: 6ª SÉRIE
CONTEÚDOSESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
ASTRONOMIA
Astros
Movimentos Terrestres
Movimentos celestes
Astros
MATÉRIAConstituição da matéria
SISTEMAS BIOLÓGICOSCélula
Morfologia e Fisiologia dos seres vivos
32
CONTEÚDOSESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
ENERGIA
Formas de energia
Conversão de energia
Transmissão de energia
BIODIVERSIDADE
Origem da vida
Organização dos seres vivos
Sistemática
ENSINO FUNDAMENTAL: 7ª SÉRIE
CONTEÚDOSESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
ASTRONOMIA Origem e evolução do Universo
MATÉRIAConstituição da matéria
SISTEMAS BIOLÓGICOSCélulaMorfologia e fisiologia dos seres vivos
ENERGIA Formas de energia
BIODIVERSIDADEEvolução dos seres vivos
ENSINO FUNDAMENTAL: 8ª SÉRIE/9OANO
CONTEÚDOSESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
ASTRONOMIA
Astros
Gravitação Universal
MATÉRIAPropriedades da matéria
33
SISTEMAS BIOLÓGICOSMorfologia e fisiologia dos seres vivos
Mecanismos de herança genética
ENERGIAFormas de energia
Conversão de energia
BIODIVERSIDADE Interações ecológicas
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação ambiental,
Educação fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na condição
de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da intencionalidade
do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará compreende-los como
parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas determinações que
produzem e explicam os fatos sociais.
METODOLOGIA
A metodologia da ação didática deve pressupor os elementos básicos: as
situações, os procedimentos e as representações simbólicas, visando balizar o
planejamento da intervenção do professor na trajetória para aprendizagem e
deverão facilitar as articulações das ideias pela formulação de hipóteses e
conclusões.
As atividades propostas deverão contemplar as experiências vivenciadas
e trazidas pelos alunos identificando com os conhecimentos adquiridos no
cotidiano tendo como características questionamentos e a utilização de
diversos recursos pedagógicos e permitindo que os alunos se expressem
livremente. Este momento oportuniza ao professor ouvir de seus alunos quais
os significados pessoais que dão para o que estão estudando, o que facilitará
ao professor elaborar sua intervenção problematizadora e demais instrumentos
para mediação do processo ensino-aprendizagem como:
34
Problematização: é a criação de problematizar para se iniciar um novo
conteúdo. Essa ação possibilita a aproximação entre o conhecimento
alternativo dos estudantes e o conhecimento científico escolar que se pretende
ensinar.
Contextualização: é uma forma de articular o conhecimento científico com
o contexto histórico e geográfico do estudante, com outros momentos
históricos. A contextualização pode ser um ponto de partida de modo a abordar
o conteúdo de modo mais concreto e próximo à realidade do aluno para uma
posterior abordagem abstrata e específica.
Interdisciplinaridade: é a articulação permanentemente com outros
conteúdos e isso torna necessária uma aproximação entre eles, mesmo entre
os tratados por diferentes disciplinas escolares;
Pesquisas: essa estratégia inicia-se na procura de material pesquisa,
passa pela interpretação desse material e chega à das atividades:
Leitura Científica: É uma estratégia de ensino, permite aproximação entre
os estudantes e o professor. Cabe ao professor analisar o material a ser
trabalhado.
Atividade em Grupo: O estudante tem a oportunidade de trocar
experiências, apresentar suas proposições aos outros estudantes, confrontar
ideias, desenvolver espírito de equipe e atitude colaborativa;
Observação: Estimula no aluno a capacidade de observar fenômenos em
detalhes para estabelecer relações mais amplas sobre eles;
Atividade experimental: Apresenta-se com uma importante estratégia de
ensino e aprendizagem, quando mediada pelo professor de forma a
desenvolver o interesse nos educandos e criar situações de investigações para
formação de conceitos;
Recursos Instrumentais: Os recursos instrumentais (mapas conceituais,
organogramas, mapas de relações, diagramas, gráficos, tabelas, infográficos,
entre outros) quando mediada pelo professor de forma que desenvolvam
interesse a participação, criando uma situação de observação experimentação,
ampliar a possibilidade do estudante criar sentido para o que está aprendendo
e torna a aprendizagem significativa.
Lúdico: É uma forma de interação do estudante com o mundo, podendo
35
utilizar-se de instrumento que promova a imaginação, a exploração, a
curiosidade e o interesse, tais como jogos, brinquedos, modelos,
exemplificações realizadas habitualmente pelo professor, entre outro. O lúdico
permite uma maior interação entre os assuntos abordados e quanto mais
intensos for essa interação, maior será o nível de percepções e reestruturações
cognitivas realizada pelo estudante.
AVALIAÇÃO
A avaliação é um elemento de processo de ensino e aprendizagem que
deve ser considerada em direta associação com os demais. A avaliação
informa ao professor o que foi aprendido pelo estudante; informa ao estudante
quais são seus avanços, suas dificuldades e possibilidades; encaminha o
professor para a reflexão sobre a eficácia de sua pratica educativa e, desse
modo, orienta o ajuste de sua intervenção pedagógica para que o estudante
aprenda. Possibilita também à equipe escolar definir prioridades em suas
ações.
Longe de ser apenas um momento final do processo de ensino, a
avaliação se inicia quando o estudante põe em jogo seus conhecimentos
prévios e continua a se evidenciar durante toda a situação escolar. Assim, o
que constitui a avaliação ao final de cada período de trabalho é o resultado
tanto de um acompanhamento contínuo e sistemático pelo professor como de
momentos específicos de “formalização”, ou seja, a demonstração de que as
metas de formação de cada etapa foram alcançadas.
Coerentemente com a concepção de conteúdos e com os objetivos
propostos, a avaliação deve considerar o desenvolvimento das capacidades
dos estudantes com relação à aprendizagem não só de conceitos, mas
também de procedimentos e de atitudes. Desta forma, o fundamental que se
utilizem diversos instrumentos e situações para poder avaliar diferentes
aprendizagens. Para que a avaliação seja feita em clima afetivo, o cognitivo
propício para o processo de ensino e aprendizagem, os critérios de avaliação
necessitam estar explícitos e claros tanto para o professor como para os
estudantes.
36
Em ciências, também são muitas as formas de avaliação possível:
individual e coletiva, oral e escrita. Os instrumentos de avaliação comportam,
por um lado, a observação sistemática durante as aulas sobre as perguntas
feitas pelos estudantes, às respostas dadas, os registros de debates, de
entrevistas, de pesquisas, de filmes, de experimentos, os desenhos de
observação, como comunicações de pesquisa, participação em debates,
relatórios de leituras, de experimentos e provas dissertativas ou de múltipla
escolha.
37
REFERÊNCIAS:
ANDREY, M. A.; MICHELETTO, N.; SERIO T. M. P. [et al]. Para compreender
a ciência: uma perspectiva histórica. 14. Ed. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo;
São Paulo: EDUC, 2004.
BACHELARD, G. A formação do espírito cientifico: contribuição para uma
psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BASTOS, F. História da ciência e pesquisa em ensino de ciências: breves
considerações. In: NARDIR, Rua Questões atuais no ensino de Ciências. São
Paulo: Escrituras, 1998.
FERNANDES, J.A.B. Ensino de Ciências: a biologia na disciplina de Ciências.
Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia, São Paulo, v.1, n.0,
ago.2005.
FUTUYMA, D.J. Biologia evolutiva. Ribeirão Preto: Funpec/Sociedade
Brasileira de Genética/CNPq, 1993.
GONÇALVES, F.P.; GALIAZZI, medo C. A natureza das atividades
experimentais no ensino de Ciências: um programa de pesquisa educativa nos
cursos de licenciatura. In: MORAES, R.; MANCUSO, R. em Educação
Ciências: produção de currículos e formação de professores. Ijuí, 2004.p. 237-
252.
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CIÊNCIAS
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
38
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRRICULAR DE EDUCAÇÃO
FÍSICA ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
A fim de situar historicamente a disciplina de Educação Física no Brasil,
optou-se nesta Proposta por retratar os movimentos que a constituíram como
componente curricular.
O modelo de prática corporal pautava-se em prescrições de exercícios
visando o aprimoramento de capacidades e habilidades físicas como força,
destreza, agilidade e a resistência, além de visar a formação do caráter, da
autodisciplina, dos hábitos de higiênicos, do respeito à hierarquia e do
sentimento patriótico. No contexto referido acima, a Educação Física ganha
espaço na escola, uma vez que o físico disciplinado era exigência da nova
ordem em formação.
A criação do Conselho Superior de Educação Física teve como objetivo
centralizar, coordenar e fiscalizar as atividades referentes ao Desporto e à
Educação Física no país e também a elaboração do Método Nacional de
Educação Física. A institucionalização da disciplina de Educação Física e a
influência da ginástica, contribuíram para alguns marcos históricos, dentre eles:
a criação do Regulamento da Instrução Física Militar (Método Francês), em
1921; a obrigatoriedade da prática da ginástica nas instituições de ensino, em
1929; a adoção oficial do Método Francês, em 1931, no ensino secundário; a
criação da Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade
do Brasil, em 1939.
O método ginástico francês, que contribuiu para construir e legitimar a
Educação m Física nas escolas brasileiras estava fortemente ancorado nos
conhecimentos advindos da anatomia e da fisiologia, cunhados de uma visão
positivista da ciência, isto é, um conhecimento científico e técnico considerado
superior a outras formas de conhecimentos, e que deveria ser referencia para
consolidação de um projeto de modernização do país.
39
No final da década de 1930, o esporte começou a se popularizar, não por
acaso, passou a ser um dos principais conteúdos trabalhados nas aulas de
Educação Física. Com o intuito de promover políticas nacionalistas, houve um
incentivo às práticas desportivas, como a criação de grandes centros
esportivos, a importação de especialistas que dominavam as técnicas de
algumas modalidades esportivas e a criação do Conselho Nacional de
Desportos, em 1914. No final da década de 1930 e inicio da década seguinte,
ocorreu que o Conselho denomina como processo de desmilitarização da
Educação Física brasileira, isto é, a predominância da instrução física militar
começou a ser sobreposta por outras formas de conhecimento sobro o corpo e,
com o fim da II Guerra Mundial, teve inicio um intenso processo de difusão do
esporte na sociedade e, consequentemente, nas escolas brasileiras. Trata-se
não mais do esporte da escola, mas sim do esporte na escola.
A Lei Orgânica do Ensino Secundário permaneceu em vigor até a
aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61, em
1961.
Com golpe militar no Brasil, em 1964, o esporte passou a ser tratado com
maior ênfase nas escolas, especialmente durante as aulas de Educação Física.
Nesse contexto, o esporte consolidou sua hegemonia como objeto principal
nas aulas de Educação Física, em currículos, cujo, enfoque pedagógico estava
centrado na competição e na performance dos alunos.
Ainda, nesse período, aos olhos do regime militar, a Educação Física era
um importante recurso para consolidação do projeto “Brasil Forte” (BRACHT),
1992). Através da pratica de exercícios físicos visando o desenvolvimento
da aptidão física dos alunos, seria possível obter melhores resultados nas
competições esportivas e, consequentemente, consolidar o país como uma
potencia olímpica, elevando seu status político econômico.
Tal concepção de Educação Física escolar de caráter esportivo foi
duramente criticada pela corrente pedagógica da psicomotricidade que surgia
no mesmo período.
A Educação Física ficou também relegada a serviço da aprendizagem das
outras disciplinas escolares. No mesmo período, a comunidade científica na
Educação Física se fortaleceu coma expansão da pós-graduação em
40
Educação Física no Brasil. Houve um movimento de renovação do pensamento
pedagógico. Que trouxe várias proposições e interrogações acerca da
legitimidade dessa disciplina como campo do conhecimento escolar. Entre as
correntes ou tendências progressistas destacaram-se as seguintes
abordagens:
Desenvolvimentista: defende a ideia de que o movimento é o principal
meio e fim da Educação Física. Concentram-se nas habilidades motoras e sua
base teórica é a psicologia do desenvolvimento e a aprendizagem.
Construtivista; defende a formação integral incluindo as dimensões
afetivas e cognitivas ao movimento humano.
Médico-operadora: baseia-se nos pressupostos da pedagogia histórico-
crítica e estipula como objeto da Educação Física, a Cultura Corporal, a partir
de conteúdos como: o esporte, a ginástica, os jogos, as lutas e a dança. O
conceito de Cultura Corporal tem como suporte a ideia de seleção, organização
e sistematização do conhecimento humano para ser transformado em saber
escolar. É função da escola e neste caso também da Educação Física garantir
o acesso às variadas formas de conhecimentos produzidos pela humanidade.
Crítico-emancipatória: Nesta perspectiva o movimento humano é
considerado significativo, pois, a expressividade corporal é uma forma de
linguagem pela qual o ser humano se relaciona com o meio, tornando-se
sujeito pela qual o ser humano se relaciona com o meio, tornando-se sujeito a
partir do reconhecimento de si no outro.
No final da década de 1980 e início de 1990, no Estado do Paraná,
estabelecem as discussões para elaboração do Currículo Básico, sendo o
principal documento oficial relacionado à educação básica no Estado do
Paraná.
Essa proposta representou um marco para a disciplina, destacou a
dimensão social da Educação Física e possibilitou a consolidação de um novo
entendimento em relação ao movimento humano, como expressão da
identidade corporal, como pratica social e como uma forma do homem se
relacionar com o mundo. A rigidez na escolha dos conteúdos, a insuficiente
oferta de formação continuada para consolidar a proposta dificultaram a
implementação dos fundamentos teóricos e políticos do Currículo Básico na
41
proposta pedagógica. Por isso, o ensino da Educação Física na escola se
manteve, em muitos aspectos, em suas dimensões tradicionais, ou seja, com
enfoque exclusivamente no desenvolvimento das aptidões físicas, de aspectos
psicomotores e na prática esportiva.
Os avanços teóricos da Educação Física sofreram retrocesso na década
de noventa quando, após a discussão e aprovação da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional ( LDB n nº 9394/96), o Ministério da Educação)
apresentou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para a disciplina de
Educação Física, cujo conhecimento perderam a centralidade e a importância
em favor dos temas transversais e da pedagogia das competências e
habilidades, as quais receberam destaque na proposta.
Dentro de um projeto mais amplo de educação, o Estado do Paraná,
entende a escola como um espaço que, dentre outras funções, deve garantir o
acesso ao conhecimento produzido historicamente pela humanidade,
contribuindo para que os alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o
próprio corpo, adquirir uma expressividade corporal consciente e refletir
criticamente sobre as praticas corporais.
O objetivo da disciplina de Educação Física é a formação humana, a
atitude crítica perante a Cultura Corporal, o domínio do conhecimento e a
possibilidade de sua construção, possibilitando aos alunos o acesso ao
conhecimento produzido pela humanidade, relacionando-o às práticas
corporais, ao contexto histórico, político, econômico e social.
É partindo dessa posição que a proposta Curricular de Educação Física
aponta como objeto de estudo a Cultura Corporal, evidenciando a relação
estreita entre a formação histórica do ser humano por meio do trabalho e das
práticas corporais.
ENSINO FUNDAMENTAL: 5ª a 8ª SÉRIES
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS BÁSICOS
CONTEÚDO ESPECÍFICO
Esporte Individuais
e
Coletivos
Atletismo; natação; tênis de mesa;
tênis de campo; badminton; hipis-
mo.
Futebol; voleibol; basquetebol; pu-
42
nhobol; handebol; futebol de salão;
futevôlei; rugby; beisebol.
Jogos e
brincadeiras
Dança
Jogos e
brincadeiras po-
pulares
Brincadeiras e
cantigas de roda
Jogos de
tabuleiro
Jogos
dramáticos
Jogos
cooperativos
Danças
folclóricas
Dança de salão
Danças de rua
Danças criativas
Amarelinha; elástico; 5 marias; caiu
no poço; mãe pega; stop; bulica;
bets; peteca; fito; raiola; relha; cor-
rida de sacos; pau ensebado; pau-
lada ao cântaro; jogo do pião; jogo
dos paus; queimada; policia e la-
drão.
Gato e rato; adoletá; capelinha de
melão; caranguejo; atirei o pau no
gato; ciranda cirandinha; escravos
de jó; lenço atrás; dança da cadei-
ra.
Dama, trilha, resta um, xadrez,
dominó, futebol de preguinho.
Improvisação, imitação, mímica.
Futpar, volençol, eco-nome, tato
contato, olhos de águia, cadeira
livre, dança das cadeiras.
fandango; quadrilha; dança de fitas;
dança de São Gonçalo; frevo; sam-
ba de roda; batuque; baião; catere-
tê; dança do café; cuá fubá; ciran-
da; carimbó.
valsa, merengue, forró, vanerão,
samba, soltinho, xote, bolero,
salsa, swing, tango.
Break, funk, regae.
Elementos de movimentos (tempo,
espaço, peso e fluência)
qualidades de movimentos,
improvisação, atividades de
43
expressão corporal.
Ginástica
Ginástica rítmica
Ginástica circen-se
Ginástica geral
corda; arco; bola; maças; fita.
Malabares; tecido; trapézio; acro-bacias; trampolim.
Jogos mímicos, movimentos mímicos ( balancinha, vela, rolamentos, paradas, estrela, rodantes, ponte).
LutasLutas de aproximação e de distância
Judô; luta olímpica; jiu-jitsu, karatê, boxe.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS
BÁSICOSCONTEÚDOS ESPECÍFICOS
ESPORTESColetivos
Futebol; voleibol; basquetebol; punhobol; handebol; futebol de salão; futevôlei; rugby; beisebol.by; beisebol.
Individuais
Atletismo; natação; tênis de mesa;
tênis de campo; badminton;
hipismo.
RadicaisSkate; rappel; rafting; treking;
bungee jumping; surf.
JOGOS E
BRINCADEIRAS
Jogos e
Brincadeiras
Populares
Amarelinha; elástico; 5 marias;
caiu no poço; mãe pega; stop;
bulica; bets; peteca; fito; raiola; re-
lha; corrida de sacos; pau enseba-
do; aulada ao cântaro; jogo do
pião; jogo dos paus; queimada; po-
licia e ladrão.
44
Brincadeiras e
cantigas de roda
Gato e rato; adoletá; capelinha de
melão; caranguejo; atirei o pau no
gato; ciranda cirandinha; escravos
de jó; lenço atrás; dança da cadei-
ra.
Jogos tabuleiroDama; trilha; resta um; xadrez
Jogos
dramáticos
Improvisação; imitação; mímica.
Jogos
cooperativos
Futpar; volençol; eco-nome; tato
contato; olhos de águia; cadeira li-
vre; dança das cadeiras cooperati-
vas; salve-se com um abraço.
DANÇAS
Danças
folclóricas
Fandango; quadrilha; dança de fi-
tas; dança de São Gonçalo; frevo;
samba de roda; batuque; baião ca-
teretê; dança do café; cuá fubá; ci-
randa; carimbó
Danças de salão
Valsa; merengue; forró; vanerão;
samba; soltinho; xote; bolero; sal-
sa; swing; tango.
Danças de ruabreak; funk; house; locking,
popping; rage.
Danças criativas
Elementos de movimento ( tempo,
espaço, peso e fluência); qualida-
des de movimento; improvisação
atividades de expressão corporal.
Danças
circulares
Contemporâneas; folclóricas; sa-
gradas.
GINÁTICA
Ginástica
artística/olímpica
Solo; salto sobre o cavalo; barra
fixa; argolas; paralelas assimétri-
cas.
45
Ginástica rítmica Corda; arco; bola; maças; fita.
Ginástica de
Condicionament
o Físico
Alongamentos; ginástica aeróbica;
ginástica localizada; step; core
board; pular corda; pilates.
Ginástica
circense
Malabares; tecido; trapézio; acro-
bacias; trampolim.
Ginástica geral
Jogos gímnicos; movimentos gím-
nicos (balancinha, vela, rolamen-
tos, paradas, estrela, rodante, pon-
te).
LUTAS
Lutas de
aproximação
Judô; luta olímpica; jiu-jitsu; sumô.
Lutas que
mantêm a
distância
karatê; boxe; muay thai; taekwon-
do
Lutas com
instrumento
mediador
Esgrima; kendô.
Capoeira Angola; regional.
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação Ambiental,
Educação física, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na
condição de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da
intencionalidade do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará
compreendê-los como parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas
determinações que produzem e explicam os fatos sociais.
METODOLOGIA
O professor de Educação Física tem a responsabilidade de organizar e
sistematizar o conhecimento sobre as práticas corporais possibilitando a
comunicação e o diálogo com as diferentes culturas. No processo pedagógico,
46
o censo de investigação e de pesquisa pode transformar as aulas de Educação
Física e ampliar o conjunto de conhecimentos que não se esgotam nos
conteúdos, nas metodologias, nas práticas e nas reflexões.
Essa concepção permite ao educando ampliar sua visão de mundo por
meio da Cultura Corporal, onde o conhecimento é transmitido e discutido com o
aluno, levando-se em conta o momento político, histórico, econômico e social
em que está inserido. O conhecimento de um conteúdo teórico deverá
proporcionar ao mesmo tempo a expressão corporal, o aprendizado das
técnicas próprias dos conteúdos e, a reflexão sobre o movimento corporal.
Tudo isso segundo o princípio da complexidade crescente, em que um mesmo
conteúdo pode ser discutido tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino
Médio.
Ao trabalhar o conteúdo estruturante Jogo, o professor do Ensino
Fundamental pode apresentar as diversas modalidades de jogos com suas
regras mais elementares; enquanto no Ensino Médio ao tratar o mesmo
conteúdo estruturante o professor deverá envolver jogos e regras que
requeiram maior capacidade de abstração.
Na Educação Física é preciso levar em consideração, inicialmente aquilo
que o aluno traz como referência a cerca do conteúdo proposto, ou seja,
a primeira leitura da realidade. Após delinear o que o aluno conhecem sobre o
conteúdo, o professor deve propor um desafio criando um ambiente de dúvida.
Posteriormente, o professor apresentará aos alunos o conteúdo
sistematizado, possibilitando a assimilação e recriação do mesmo. É neste
momento, que o professor realiza as intervenções pedagógicas necessárias.
Finalizando a aula o professor pode solicitar que os alunos criem outras
formas de jogo. Ainda é possível através de um dialogo permitir ao aluno
avaliar seu processo de ensino aprendizagem.
O trabalho com a disciplina de Educação Física, cuja função social é
contribuir para que os alunos ampliem sua consciência corporal e alcance
novos horizontes como sujeitos singulares e coletivos, sem deixar de
reconhecer alguns dos principais problemas da Educação Física atual, que
compromete sua legitimação do currículo escolar. Neste sentido, é preciso
superar:
47
A persistência do dualismo corpo-mente com base cientifico teórico da
Educação Física que mantém a cisão teoria prática e da origem a um aparelho
conceitual de conteúdo real, dentre eles a-histórico de esporte e da suas
classificações;
A banalização do conhecimento da cultura corporal, pela repetição
mecânica de técnicas esvaziadas da valorização subjetiva que deu origem a
sua criação;
A restrição do conhecimento oferecido aos alunos, obstáculo para que
modalidades esportivas, especialmente as que mais atraem às crianças e
jovens, possam ser apreendidas na escola, por todos, independente de
condições físicas, de etnia, sexo ou condição social;
A utilização de testes e medidas padronizadas, não como forma de
acesso aos conhecimentos oriundos do esporte de rendimento, mas com
objetivos exclusivos de aferir o nível das habilidades físicas, ou como
instrumentos de avaliação do desempenho instrucional dos alunos nas aulas
de Educação Física;
A adoção da teoria da pirâmide esportiva como teoria educacional.
A falta de uma reflexão aprofundada sobre o desenvolvimento da aptidão
física e sua contradição com a reflexão sobre a Cultura Corporal;
Diante do exposto, o papel da Educação Física é desmitificar formas
arraigadas e não refletidas em relação às diversas práticas e manifestações
corporais historicamente produzidas e acumuladas pelo ser humano.
AVALIAÇÃO
Diante das discussões desenvolvidas nestas Diretrizes, é necessário
entender que a avaliação em Educação Física deve oferecer maior coerência
entre a concepção defendida e as práticas avaliativas que integram o processo
ensino aprendizagem. Um dos primeiros aspectos que precisam ser garantidos
é a não exclusão, isto é, a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem de
todos os alunos.
Com efeito, os critérios para avaliação devem ser estabelecidos,
considerando o comprometimento e o envolvimento dos alunos no processo
48
pedagógico: se os alunos entregam as atividades propostas pelo professor; se
houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e
regras; se o aluno consegue resolver de forma criativa, situações problemas
sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo
e propondo soluções para as divergências; se o aluno mostra-se envolvido
nas atividades, seja através da participação nas atividades práticas ou
realizando relatórios. Com essas observações, o professor poderá identificar os
avanços e dificuldades no processo pedagógico com o objetivo de replanejar e
propor encaminhamentos que superem as dificuldades constatadas.
Durante estes momentos de intervenção pedagógica, o professor pode
utilizar de instrumentos avaliativos como dinâmicas de grupos, seminários,
debates, júri simulado, recriação de jogos, pesquisas em grupo, inventários,
etc. Também a realização de atividades de jogos escolares e festivais têm a
finalidade de demonstrar a apreensão dos conhecimentos em situação de real
atividade. A realização de provas e trabalhos escritos podem ser utilizados
para a avaliação em Educação Física, desde que a nota não sirva para
classificar os alunos, mas que sirva como referencia para redimensionar a sua
ação pedagógica.
49
REFERÊNCIAS:
BRACHT, Valter. Educação Física e aprendizagem social. Porto Alegre:
Magister,1992.
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: história que não se
conta. 4 ed. Campinas; Papirus, 1994.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São
Paulo: Cortez, 1992.
FALCÃO, JOSÉ LUIZ C. Capoeira. In; kunz, Elenor. Didática da Educação
Física 1. 3. ed. Ijuí; Unijuí, 2003, p. 55-94.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da
pré-escola à universidade. 20 ed. Porto Alegre; Mediação, 2003.
Educação Física / vários autores: Curitiba: SEED – PR, 2006 – 232 p.
DIRETRIZES CURRICULARES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DO
PARANÁ.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA.
50
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE ENSINO
RELIGIOSO ENSINO FUNDAMENTAL
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Há muito tempo a disciplina de Ensino Religioso participa dos currículos
escolares no Brasil e, em cada período assumiu diferentes características
pedagógicas legais.
A primeira forma de inclusão dos temas religiosos na educação brasileira,
que se perpetuou até a Constituição da República em 1891, pode ser
identificada nas atividades de evangelização promovidas pela Companhia de
Jesus e outras instituições religiosas de confissão católica. A meta da
educação como um todo, e não só das aulas exclusivamente voltadas para o
ensino das sagradas escrituras e da doutrina católica, era conduzir os
indígenas ao abandono de suas crenças e costumes e a sua consequente
submissão ao conjunto de preceitos e sacramentos da Igreja Católica
Apostólica Romana.
Com o advento da República e do ideal positivista houve a separação do
Estado e da Igreja, restaurando a neutralidade religiosa . Por força de mais
de 300 anos de responsabilidade religiosa iniciou-se um período de intensa
disputa entre os defensores da manutenção do Ensino Religioso e os partidos
republicanos da educação laica.
Em 1934, com o Estado Novo houve a introdução do Ensino Religioso
nos currículos da educação pública, salvaguardando o direito individual de
liberdade de credo para os estudantes não católicos.
Essa formação formal de Ensino Religioso durou até a década de 60. A
concepção de religião deste período era, portanto, restritiva, e, como nos
períodos anteriores, abordavam unicamente a doutrina cristã.
A partir da Constituição de 1967 foi aberta a possibilidade para
elaboração da disciplina em função de uma perspectiva aconfessional de
ensino. As aulas, porém, continuavam relegadas a professores voluntários
ligados a denominações religiosas e, consequentemente, sofriam forte
51
influência do caráter confessional dessas instituições, o que resultava na
fragmentação dessa disciplina.
A possibilidade de um ensino Religioso aconfessional e público só se
concretizou legalmente com a LDB de 1996, que pela primeira vez na história
houve a inclusão de temas religiosos sendo proposto modelo laico e pluralista
com intenção de impedir qualquer forma de prática catequética nas salas de
aula públicas. Coube ao professor de Ensino Religioso a tarefa de repensar a
fundamentação teórica sobre a qual apoiar, os conteúdos a serem trabalhados
em sala de aula, a metodologia a ser utilizada no ensino.
DIMENSÃO HISTÓRICA DO ENSINO RELIGIOSO NO PARANÁ
Para viabilizar a proposta de Ensino Religioso no Paraná, a Associação
interconfessional de Curitiba, formada por um pequeno grupo de caráter
ecumênico, preocupou-se com a elaboração de materiais pedagógicos e
cursos de formação continuada. Em 1973, foi firmado um convênio entre a
SEED e a Assintec, com o propósito de implementar um Ensino Religioso
interconfessional nas escolas públicas de Curitiba, e no mesmo ano a SEED
designou a entidade como intermediária entre a Secretaria e os Núcleos
Regionais de Educação com a finalidade de orientar a proposta curricular do
Serviço de Ensino Religioso.
No ano de 1981, nasceu um programa de rádio dirigido aos professores,
como meio para ampliar a possibilidade de uma formação continuada e
favorecer a preparação de temas a serem tratados nas aulas de Ensino
religioso. Aconteceu também o primeiro Simpósio de Ensino Religioso no
Cetepar.
No ano de 1987, teve início o curso de Especialização em Pedagogia
Religiosa voltada a formação de professores interessados em ministrar aulas
de Ensino Religioso. Essa formação visava a pluralidade religiosa.
Na Constituinte de 1988, por meio de um movimento nacional, buscou
garantir o Ensino Religioso como disciplina escolar que assegurasse o direito
a liberdade de culto e de expressão religiosa.
52
No Paraná, o Ensino Religioso não foi contemplado no Currículo Básico
sendo que dois anos após foi publicado um caderno para o Ensino Religioso,
nos moldes do Currículo Básico. Sendo de responsabilidade da Assintec, com
a colaboração SEED.
No artigo 33 da LDBEN n. 9.394/96 adotaram o princípio de que o Ensino
Religioso é parte integrante essencial na formação do ser humano como
pessoa e cidadão e é responsabilidade do estado a sua oferta na educação
pública sendo compreendida como uma disciplina escolar.
Até 2002, houve um enfraquecimento de ensino Religioso de modo, que
sua oferta ficou restrita as escolas onde havia professor efetivo na disciplina.
Na reorganização das matrizes curriculares do Ensino Fundamental, o Ensino
Religioso foi praticamente extinto, mesmo diante da exigência legal pela
LDBEN n. 9.394/96.
Em 1996, o MEC elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais, mas
não incluiu neste documento o Ensino Religioso. Somente em 1997 foi
publicado o PCNs para o Ensino Religioso que passou a ser umas das
referências para a organização do Ensino religioso em todo país.
No início da gestão 2003-2006, retomou a responsabilidade sobre a
oferta e organização da disciplina no que se refere a composição do corpo
docente, metodologia, a avaliação e formação continuada de professores. Por
meio de Encontros, Simpósios, Grupos de Estudos realizados nos anos de
2004-2008, houve discussões entre professores da rede para a elaboração
das Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. O resultado final, mas não
conclusivo deste processo, foi a implementação de uma proposta para Ensino
Religioso laico e de forte caráter escolar.
A religião e conhecimento religioso são patrimônio da humanidade, pois
se constituíram-se historicamente na inter-relação dos aspectos culturais,
sociais, econômicos e políticos, por isso, a disciplina de Ensino Religioso deve
orientar para a apropriação dos saberes sobre as expressões e organizações
religiosas das diversas culturas com outros campos do conhecimento.
O Ensino Religioso contribuirá para superar desigualdades étnico-
religiosas, para garantir o direito Constitucional de liberdade de crença e
expressão e também o direito à liberdade individual e político. Desta forma
53
atenderá um dos objetivos da educação básica que é o desenvolvimento da
cidadania.
A disciplina de Ensino Religioso deve contribuir com os alunos na busca
da compreensão, comparação e análise das diferentes manifestações do
sagrado, com vistas à interpretação do seus múltiplos significados. Ainda,
subsidiará os educando na compreensão de conceitos básicos no campo
religioso e na forma como a sociedade é influenciada pelas tradições
religiosas, tanto na afirmação quanto na negação do sagrado.
Assim através de debates, palestras e estudos definiu-se como objeto de
estudo o sagrado, como um saber articulador do fenômeno religioso de forma
contemplar a diversidade religiosa.
Conteúdos
Estruturantes
Conteúdos
Básicos
Paisagem Religiosa
Universo Simbólico Religioso
Textos Sagrados
5ª série
Organizações religiosas
Lugares Sagrados
Textos Sagrados orais ou
escritos
Símbolos Religiosos
6ª série
Temporalidade Sagrada
Festas Religiosas
Ritos
Vida e Morte.
METODOLOGIA
O encaminhamento metodológico para disciplina de Ensino Religioso,
mais do que planejar formas, métodos, conteúdos ou materiais a serem
adotados em sala de aula, pressupõe um constante repensar das ações que
subsidiam esse trabalho, pois, uma abordagem nova de um conteúdo escolar
leva, inevitavelmente, a novos métodos de investigação, análise e ensino.
54
Propõe-se uma metodologia baseada na aula dialogada, isto é, a partir de
experiências religiosa do aluno e dos seus conhecimentos prévios para, em
seguida, apresentar o conteúdo que será trabalhado, onde o mesmo deve
orientar a partir das manifestações religiosas ou expressões do sagrado
desconhecidas ou pouca conhecida pelos alunos, para que depois sejam
trabalhados os conteúdos relativos às manifestações religiosas mais comuns,
do universo cultural da comunidade.
O professor, por sua vez deve posicionar-se de forma clara, objetiva e
crítica, quanto ao conhecimento sobre o sagrado e seu papel sócio cultural.
Assim, exercerá o papel de mediador entre os saberes que o aluno já possui e
os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula.
Sugere-se que o professor faça um levantamento de questões ou
problema envolvendo esta temática para que os alunos identifiquem o quanto
já conhecem a respeito do conteúdo a ser desenvolvido em sala de aula e que
de alguma forma está presente na prática social dos mesmos.
No segundo momento propõe-se a problematização do conteúdo
identificado na prática social, sendo que as questões levantadas devem
articular-se com o conteúdo estudado e à vida do aluno. É neste momento
que acontece a construção do conhecimento.
A abordagem teórica do conteúdo, por sua vez, só faz sentido quando
associado ao contexto histórico, político e social. A interdisciplinaridade é
fundamental para efetivar a contextualização do conteúdo, pois articulam-se os
conhecimentos de diferentes disciplinas curriculares garantindo a
especificidade dos campos de estudo de Ensino Religioso.
Para que o ensino aprendizagem aconteça com êxito, faz-se necessário
que cada expressão do sagrado seja abordado do ponto de vista laico e não
religioso. Desta forma, o professor estabelecerá uma relação pedagógica
frente ao universo das manifestações religiosas e do sagrado, tomando-o como
construção histórico social e patrimônio cultural da humanidade. Nesta
Proposta Curricular, repudia-se, quaisquer juízos de valor sobre esta ou aquela
prática religiosa.
Ao considerar a diversidade de referências teóricos para suas aulas, o
professor deverá priorizar às produções de pesquisadores das respectivas
55
manifestações do sagrado em estudo para evitar fontes de informações
comprometidas com interesse de uma ou outra tradição religiosa.
É preciso respeitar o direito à liberdade, a consciência e a opção religiosa
do educando e destacar o conhecimento das bases teóricas que compõem o
universo das diferentes culturas, nas quais se firmam o sagrado e suas
expressões coletivas.
AVALIAÇÃO
Para efetivar o processo de avaliação no Ensino Religioso, é necessário
definir os instrumentos e estabelecer os critérios que explicitem o quanto o
aluno se apropriou do conteúdo específico da disciplina e foi capaz de
relacioná-lo com outras disciplinas e o que a prática pedagógica contribuiu
para a transformação social do aluno.
A apropriação do conteúdo trabalhado pode ser observado pelo professor
em diferentes situações de ensino aprendizagem:
o aluno expressa uma relação respeitosa com os colegas que têm
opções religiosas diferentes da sua?
o aluno aceita as diferenças de credo ou de expressão de fé?
o aluno reconhece que o fenômeno religioso é um dado de cultura
e de identidade de cada grupo social?
o aluno emprega conceitos adequados para referir-se às
diferentes manifestações do sagrado?
A avaliação é um processo integrante do processo educativo e cabe ao
professor implementar práticas avaliativas e construir instrumentos de
avaliação que permitam acompanhar e registrar o processo de apropriação do
conhecimento pelo aluno. O que se busca é identificar em que medida os
conteúdos passam a ser referenciais para a compreensão das manifestações
do sagrado pelos alunos.
Diante da sistematização dos resultados, o professor terá elementos para
planejar as intervenções no processo pedagógico, bem como para retomar as
lacunas identificadas na aprendizagem do aluno. Terá também elementos
indicativos dos níveis de aprofundamento dos conteúdos e da possível
56
necessidade da reorganização do trabalho. O registro da avaliação, no que
refere a frequência dos alunos é importante, uma vez que, a disciplina está em
processo de implementação na escola, como também a sua legitimação
como componente curricular.
Recomendasse que o professor registre o processo avaliativo, por meio
de instrumentos, que permitam à escola, ao aluno, aos pais ou responsáveis a
identificação dos progressos obtidos na disciplina.
A avaliação permite diagnosticar o quanto o aluno se apropriou do
conteúdo, como resolveu as questões propostas, como reconstituiu seu
processo de concepção da realidade social e, como, enfim, ampliou seu
conhecimento em torno do objeto de estudo do Ensino Religioso, o sagrado,
sua complexidade, pluralidade, amplitude e profundidade.
57
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1934
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, 1967
BRASIL, Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
BRASIL, Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997
CALLAI, H. C. Estudar o lugar para compreender o mundo. In:
CASTROGIOVANNI, A C. (org) Ensino de Geografia: práticas e textualizações
no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2003.
CLASTRES, P. A fala sagrada: mitos e contos sagrados dos índios guaranis.
Tradução Nícia adan Bonatti. Campinas, SP: Papirus, 1990.
DIRETRIZES CURRICULARES DE ENSINO RELIGIOSO PARA O ENSINO
DA EDUCACAO BÁSICA.
ELIADE, M. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
FERRATER MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001.
PPP (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO) do Colégio Estadual de Iporã-
EFMP.
58
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE FILOSOFIA
ENSINO MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
No mundo atual, em que se discutem os sentidos dos valores éticos,
políticos, estéticos a Filosofia tem muito a contribuir. Pois os seus esforços
estão voltados aos problemas e conceitos criados no decorrer de sua longa
história (2600 A.C.), que desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações
emancipadoras.
Um dos objetivos do Ensino Médio é a formação pluridimencional e
democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de
compreender a complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas
particularidades e especializações. Nesse mundo que se manifesta quase
sempre de forma fragmentada, o estudante não pode prescindir de um saber
que opere por questionamentos, conceitos e categorias e que busque articular
o espaço-temporal e sócio-histórico em que se dá o pensamento e a
experiência humana.
Como disciplina na matriz curricular do Ensino Médio, considera-se que
A Filosofia pode viabilizar interfaces com as outras disciplinas para a
compreensão do mundo da Linguagem, da Literatura, da História, das Ciências
e da Arte.
A Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como exercício que
possibilita ao estudante desenvolver o próprio pensamento. O ensino de
Filosofia é um é um espaço para análise e criação de conceitos, que une a
Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida ao ensino
dessa disciplina, juntamente com o exercício da leitura e da escrita.
A DCE de Filosofia propõe que se trabalhe a sua dimensão pedagógica,
a necessidade de criar conceitos universais – a unidade de uma sociedade
suas leis, seus valores morais, - para aproximar o seu ensino à sua vocação
original, que é criar conceitos (DELEUZE, GUATARRI, 1992, P. 21),
59
significando o espaço de experiência filosófica, espaço de provocação do
pensamento original, da busca da compreensão, da imaginação, da
investigação, da análise e da criação de conceitos
Ao deparar-se com os problemas e por meio da leitura dos textos
filosóficos, espera-se que o estudante possa pensar, discutir, argumentar e,
que nesse processo, crie e recrie para si os conceitos filosóficos, ciente de que
não há conceito simples e de que jamais os conceitos são criados do nada,
“Um filosófico não para de remanejar seus conceitos, e mesmo de mudá-los”
( DELEUZE, GUATARRI, 1992, P.34).
Porém a criação de conceitos como resultada da atividade filosófica no
Ensino Médio não deve ser confundida com a perspectiva acadêmica de alta
especialização. O que se pretende é o trabalho com o conceito na dimensão
pedagógica.
Neste sentido os textos filosóficos ou à história da Filosofia são
importantes desde que atualizem os diversos problemas filosóficos que podem
ser trabalhados a partir da realidade dos estudantes.
A atividade filosófica centrada, sobretudo no trabalho com o texto,
propiciará entender as estruturas lógicas e argumentativas, levando-se em
contato cuidado com a precisão dos enunciados, com o encadeamento e
clareza das ideias e buscando a superação do caráter fragmentário do
conhecimento.
É preciso que o professor tenha uma ação consciente para não praticar
uma leitura em que o texto seja um fim em si mesmo. O domínio do texto é
necessário. O problema está no formalismo e no tecnicismo estrutural da
leitura, que considera, quando não descarta, a necessidade da compreensão
do contexto histórico, social e político da sua produção, como também da sua
própria leitura.
Cabe ao professor assegurar ao estudante a experiência daquilo que é
específico da atividade filosófica, ou seja, a criação de conceitos. Esse
exercício poderá manifestar-se ao refazer o percurso filosófico. O professor
propõe problematizações, leituras e análise de textos, organiza debates,
sugere pesquisas e sistematizações.
O ensino de Filosofia tem uma especificidade que se concretiza na
60
relação do estudante com os problemas, na busca de soluções nos textos
filosóficos por meio da investigação, no trabalho direcionado à criação de
conceitos.
O objeto de estudo da Filosofia é, portanto, a criação de conceitos, o
pensar, o refletir, o indagar para a criação dos próprios conceitos. Assim, o
ensino de filosofia como a criação de conceitos deve abrir espaço para que o
estudante possa planejar um sobrevoo sobre todo o vivido, a fim de que
consiga à sua maneira também, cortar, recortar e realidade e criar conceitos.
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
FILOSOFIA POLITICA
Saber mítico;
Saber filosófico;
Relação Mito e Filosofia;
Atualidade do mito;
O que é Filosofia?
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Possibilidade do conhecimento; As formas de conhecimento;
O problema da verdade;
A questão do método;
Conhecimento e lógica.
ESTÉTICA
Ética e moral;
Pluralidade ética;
Ética e violência;
Razão, desejo e vontade;
Liberdade de: autonomia do sujeito
e a necessidade das normas.CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
61
CONTEÚDOS BÁSICOS
FILOSOFIA POLITICA
Relações entre comunidade e
poder;
Liberdade e igualdade política;
Política e Ideologia;
Esfera pública e privada;
Cidadania formal e/ou participativa
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Concepções de ciência;
A questão do método científico;
Contribuições e limites da ciência;
Ciência e ideologia;
Ciência e ética.
ESTÉTICA
Natureza da arte;
Filosofia e arte;
Categorias estéticas – feio, belo,
sublime, trágico, cômico, grotesco,
gosto, etc.;
Estética e sociedade.
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação Ambiental,
Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na
condição de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da
intencionalidade do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará
compreende-los como parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas
determinações que produzam e explicam os fatos sociais.
METODOLOGIA
O ensino de Filosofia não se confunde com o simples ensino de
conteúdos; como disciplina análoga a qualquer outra, tem nos seus conteúdos
62
elementos mediadores fundamentais para que possa desenvolver o caráter
específico do ensino de Filosofia: problematizar, investigar e criar conceitos.
Essa proposta procura superar a concepção enciclopédica da Filosofia, não
desvalorizam os textos que possam ser trabalhados ao longo do percurso
filosófico. A aprendizagem de conteúdos por meio de textos está articulada
necessariamente à atividade reflexiva do sujeito, que aprende enquanto
interroga e age sobre sua condição.
O trabalho com os conteúdos estruturantes da Filosofia e seus
conteúdos específicos dar-se à em quatro momentos:
• A mobilização para o conhecimento
• A problematização
• A investigação
• A criação de conceitos
O ensino de Filosofia pode começar pela exibição de um filme ou de uma
imagem, da leitura de um texto jornalístico ou literário da audição de uma
música. São inúmeras as possibilidades de atividades conduzidas pelo
professor para instigar e motivar possíveis relações entre o cotidiano do
estudante e o conteúdo filosófico a ser desenvolvido.
A problematização ocorre quando professor e estudantes levantam
questões, identificam problemas e investigam o conteúdo. Os recursos
escolhidos para a mobilização podem ser retomados a qualquer momento do
processo de aprendizagem. Ao problematizar, o professor convida o
estudante a analisar o problema, o que se faz por meio da investigação, que
pode ser o primeiro passo para possibilitar a experiência filosófica.
É imprescindível recorrer à história da Filosofia e aos textos clássicos dos
filósofos, pois neles o estudante se defronta com o pensamento filosófico, com
diferentes maneiras de enfrentar o problema e, com as possíveis soluções já
elaboradas que orientam e dão qualidade à discussão. O texto filosófico será
trazido com o objetivo de entender o que ocorre hoje e como podemos, a partir
da Filosofia, atuar sobre os problemas de nossa sociedade.
Ao final desse processo o estudante, via de regra, encontrar-se apto a
elaborar um texto, um construto teórico, terá condições de ser construtor
teórico, terá condições de ser construtor de ideias com caráter inusitado e
63
criativo e à socializará para discussão. Após esse exercício o estudante terá
condições de perceber o que está e o que não está implícito nas ideias, como
elas se tornam conhecimento e por vezes discurso ideológico, de modo que
assim eles criam a possibilidade de argumentar filosoficamente, por meio de
raciocínios lógicos, num pensar coerente e crítico.
É imprescindível que o ensino de Filosofia seja permeado por atividades
investigativas individuais e coletivas que organizem e orientem o debate
filosófico, dando-lhe um caráter dinâmico e participativo. Pressupõe uma
prática pedagógica que inclua leitura, debate, produção de textos, entre outras
estratégias, a fim de que a investigação seja fundamento do processo de
criação de conceitos.
AVALIAÇÃO
Conforme a LDB nº 9394/96, no seu art. 24, avaliação deve ser
concebida na sua função diagnóstica e processual. Ao avaliar, o professor
deve ter profundo respeito pelas posições do estudante, mesmo que não
concorde com elas, pois o que está em questão é a capacidade de argumentar
e de identificar os limites dessas posições.
O que deve ser levado em conta é a atividade com conceitos, a
capacidade de construir e tomar posições, de detectar os princípios e
interesses subjacentes aos temas e discursos. Torna-se relevante avaliar a
capacidade do estudante de trabalhar e criar conceitos, sob os seguintes
pressupostos: qual conceito criou/ recriou; qual discurso tinha antes; qual
discurso tem após o estudo da Filosofia.
A avaliação de Filosofia se inicia com a mobilização para o conhecimento,
por meio da análise comparativa do que o estudante pensava antes e do que
pensa após o estudo. Com isso torna-se possível entender a avaliação como
um processo.
64
REFERÊNCIAS:
ASPIS, R. O professor de Filosofia: o ensino da Filosofia no Ensino Médio
como experiência filosófica. Cadernos CEDES. Campinas. N. 64,2004.
CORBISIER, R. Introdução à filosofia. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1986, v.1.
FERRATER MORA. Dicionário de Filosofia São Paulo: Loyola, 2001.
LEOPOLDO E SILVA, F. Por que a Filosofia no segundo grau. Revista
Estudos Avançados, v.6, n. 14, 1992.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação
Básica.. Filosofia. Curitiba: SEED, 2007. ( Livro Didático Público)
REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: patrística escolástica. São
Paulo: Paulus, 2003
RUSSEL, B. Os problemas da filosofia. Tradução Antonio Sérgio. Coimbra:
Almedina, 2001
LDP: Livro Didático Público
DCE: Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
PPP: Projeto Politico Pedagógico
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – COL. ESTADUAL DE IPORÃ
LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO
DIRETRIZES CURRICULARES DO ESTADO DO PARANÁ
65
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE FÍSICA
ENSINO MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
A Física tem como objeto de estudo o Universo e em toda sua
complexidade propõe aos estudantes o estudo da natureza. Entretanto, os
conhecimentos de Física apresentados aos estudantes do Ensino Médio não
são coisas da natureza, ou a própria natureza, mas modelos elaborados pelo
Homem.
Na tentativa de resolver problemas de ordem prática e de garantir
subsistência, a humanidade começou a observar para compreender a natureza
em tempos remotos, provavelmente no período paleolítico. Porém, bem mais
tarde é que surgiram as primeiras sistematizações, com o interesse dos gregos
em explicar as variações cíclicas observadas nos céus. Esses registros deram
origem à astronomia, talvez a mais antiga das ciências e, com ela, o início do
estudo dos movimentos.
Entretanto, apesar dos estudos e contribuições dos mais diversos povos
como os árabes e os chineses, entre outros, as pesquisas sobre a História da
Física demonstram que até o período do Renascimento a maior parte da
ciência conhecida pode ser resumida à Geometria Euclidiana, à Astronomia
Geocêntrica de Ptolomeu e à física de Aristóteles.
As explicações em cada época a respeito do universo mudam de acordo
com o que se conhece sobre ele. Aristóteles, no século IV A.C., apresentou
argumentos bastante convincentes para mostrar a forma arredondada da Terra
e desenvolveu uma física para tentar compreender a nova visão de mundo
terrestre.
Dessa forma, quatro elementos formariam o universo: terra, água, fogo e
ar.
Por outro lado, como se observava que alguns corpos celestes não se
aproximavam nem se afastavam do centro o universo, Aristóteles imaginou que
66
existiria um quinto elemento, o éter, que a tudo preencheria acima da Lua.
Dessa forma o universo seria dividido em dois mundos: o sublunar, localizado
abaixo da Lua formado pelos quatro elementos (terra, água, fogo e ar), e; o
supralunar, localizado a partir da Lua, formado por éter.
Nesse novo contexto histórico, Galileu inaugurou a Física que
conhecemos hoje. De suas observações pelo telescópio desfez o sacrário dos
lugares naturais, da dicotomia entre terra e céu, entre mundo sublunar e
supralunar e contribuiu para a afirmação do sistema copernicano. O universo
deixou de ser finito e o céu deixou de ser perfeito. O espaço passou a ser
mensurável, descrito em linguagem matemática.
Ao aceitar o modelo de Copérnico e propor a matematização do universo,
Galileu causou uma revolução, de modo que se abriu caminho para que Isaac
Newton fizesse a primeira grande unificação da ciência elevando a Física, no
século XVII, ao status de Ciência. Com sua mecânica e sua gravitação, Newton
completou o que Galileu e Descartes não chegaram a realizar, que foi
submeter o céu e a Terra às mesmas leis; a primeira grande unificação da
física.
Os franceses estiveram entre os grandes disseminadores da obra de
Newton e se preocuparam em eliminar o empirismo e as ideias metafísicas –
como o papel da ação divina na teoria da gravitação, por exemplo –, o que deu
origem à Física Matemática. Mesmo a termodinâmica, de início desenvolvida
empiricamente, passaria a ter um tratamento quantificado com os franceses
nos moldes do Principia.
A união entre técnicos e cientistas para o entendimento da ciência do
calor, indispensável para melhorar a potência das máquinas térmicas,
possibilitou o estabelecimento das leis da termodinâmica e outra grande
unificação da Física: o calor passou a ser entendido como uma forma de
energia relacionada ao movimento.
Em 1934, no Brasil, foi criado o curso de Sciencias Physicas, na
Faculdade de Philosophia, Sciencias e Letras da Universidade de São Paulo ,
para formar bacharéis e licenciados em Física. Isso permitiu ao país que a
Física, como campo de pesquisa e criação de novos conhecimentos,
começasse a se desenvolver efetivamente.
67
Em 1837, foi adotada uma Física matematizada, quantitativa, ensinada
por meio dos manuais franceses, com ênfase na transmissão e aquisição de
conteúdos, relacionados aos problemas europeus, distantes da realidade
brasileira.
A revogação da obrigatoriedade de adoção dos programas oficiais do
MEC, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB nº 4.024, de 21 de
dezembro de 1961, deu liberdade às escolas quanto à escolha dos conteúdos
de ensino, desenvolveu o Projeto Piloto de Ensino de Física, durante o golpe
militar de 1964, o que levou à promulgação da Lei nº 5.692, de Diretrizes e
Bases da Educação, em 1971.
A chamada pedagogia histórico-crítica é exemplo desse momento. Por
meio das ideias de teóricos e educadores como Dermeval Saviani, as
discussões e as ações para implementação dessa perspectiva pedagógica
tiveram início, primeiramente na prefeitura de Curitiba e, depois, na rede
estadual. Desse movimento, nasceram o Currículo Básico e os documentos de
Re-estruturação do Ensino de 2º Grau, entre eles o referente à disciplina de
Física.
Publicada em 1993 essa proposta de Re-estruturação do ensino de Física
buscava propiciar ao aluno uma sólida educação geral voltada à compreensão
crítica da sociedade para enfrentar as mudanças e atuar sobre elas, condição
improvável sem a aquisição do conhecimento científico. Além disso, o
entendimento da relação ciência-tecnologia, do processo de elaboração da
ciência e sua aplicação à tecnologia, evitaria a apresentação da ciência como
verdade absoluta – à margem da sociedade – e contribuiria para o
desenvolvimento da criticidade dos estudantes.
A necessária reforma educacional para esse fim foi concretizada com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96, com as
Diretrizes Curriculares Nacionais e com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs).
O uso da tecnologia na educação, especialmente os recursos
computacionais, passou a ser exigência do novo padrão de formação e
qualificação.
A proposta busca construir um ensino de Física centrado em conteúdos e
68
metodologias capazes de levar os estudantes a uma reflexão sobre o mundo
das ciências, sob a perspectiva de que esta não é somente fruto da
racionalidade científica. É preciso ver o ensino da Física “com mais gente e
com menos álgebra, a emoção dos debates, a força dos princípios e a beleza
dos conceitos científicos”.
Entende-se, então, que a Física deve educar para cidadania e contribuir
para o desenvolvimento de um sujeito capaz de admirar a beleza da produção
científica ao longo da história. Também deve considerar a dimensão crítica do
conhecimento sobre o universo de fenômenos ao fazer perceber a não-
neutralidade de sua produção, mas seu comprometimento e envolvimento com
aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.
O ponto de partida da prática pedagógica são os conteúdos estruturantes,
propostos nestas Diretrizes Curriculares com base na evolução histórica das
ideias e dos conceitos da Física. Para isso, os professores devem superar a
visão do livro didático como ditador do trabalho pedagógico, bem como a
redução do ensino de Física à memorização de modelos conceitos e
definições, excessivamente matematizados e tomados como verdades
absolutas, como coisas reais o qual afirma que o conhecimento científico é
uma construção humana com significado histórico e social.
Assim, a Física chegou ao final do século XIX com um quadro conceitual
de referência construído ao longo de séculos nestes três campos: movimento
(mecânica e gravitação), termodinâmica e eletromagnetismo. Esse conjunto
teórico e a visão de mundo deles decorrente ficaram conhecidos como Física
Clássica. Muitos pesquisadores desta época acreditavam que todos os
problemas relacionados a questões físicas resolviam-se com essa teoria
clássica.
Esse quadro, contudo apresentou alguns problemas de abrangência,
especialmente certos aspectos do eletromagnetismo, que não se
harmonizavam com a mecânica newtoniana.
A visão mecanicista começou a ser abalada com a experiência de Albert
Michelson e Edward Morley, em 1887, que revelou ser o valor da velocidade da
luz independente do referencial adotado para a medida e pôs em dúvida a
existência do éter. Este fato pode ter contribuído para que os físicos
69
aceitassem uma visão relativística da natureza, a qual independe do éter. Isso
já se observava no trabalho de Maxwell, embora ele aceitasse o éter.
Para entender o processo de construção desse quadro conceitual da
Física e, portanto, os conceitos fundamentais que o sustenta, é imperativo que
a pesquisa faça parte do processo educacional, ou seja, que cada professor
elabore a sua História e Epistemologia da Física.
É preciso que o professor volte-se para os estudos teóricos e
epistemológicos da Física para ir além dos manuais didáticos e estabelecer
relações entre essa ciência e outros campos do conhecimento, permitindo que
os estudantes também percebam essas relações.
Consciente deste quadro teórico disciplinar, acredita-se que seja possível
o planejamento e o controle do trabalho pedagógico por parte do professor de
modo que atue, efetivamente, como responsável pela aprendizagem de seus
alunos.
Para tanto é preciso levar em conta que o conhecimento científico é uma
produção humana, e que o cientista/pesquisador, independentemente da
instituição de pesquisa ou de quem o financie, é um sujeito histórico e social,
ou seja, situado num contexto econômico, político, social e cultural e por ele
influenciado. Por isso, para entender a ciência é necessário: considerar a
sociedade onde é produzida, perceber os interesses das instituições de
pesquisa que a apoiam e sustentam e entender que o meio social e os avanços
técnicos e científicos se inter-relacionam.
O professor de Física deve aliar um sólido conhecimento científico com
conhecimentos de outra natureza, tais como: didática e pedagogia, história e
filosofia, dentre outros. A integração desses conhecimentos poderá contribuir
para um ensino coerente e interdisciplinar.
A ciência busca construir um mundo e não descrevê-lo, ou seja, a
produção científica não é uma cópia fiel do mundo ou da realidade perceptível
pelo senso comum, mas uma construção racional da mente humana e é uma
aproximação daquilo que os físicos entendem ser o comportamento da
natureza.
Ao levar em conta o conhecimento prévio dos estudantes, o professor
deve considerar que a ciência atual rompe com o imediato, o perceptível, o que
70
pode ser tocado e, que para adentrar ao mundo da ciência, é preciso um
processo de enculturação no qual o estudante apropria-se das teorias
científicas.
O processo de ensino e aprendizagem dos estudantes somente é
possível através da interação com o professor, detentor do conhecimento
físico. Nesta Proposta recoloca-se o professor no centro do trabalho
pedagógico como o sujeito indispensável nesse processo
Ao propor um currículo de Física para o Ensino Médio, deve-se ir além do
domínio dos aparatos tecnológicos para que não haja prejuízo na abordagem
dos conteúdos científicos, históricos e filosóficos. Dessa forma, a educação
científica, indispensável à participação política, deve capacitar os estudantes
para uma atuação social e histórico-crítica sob o horizonte de transformação de
sua vida e do meio que o cerca.
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES: MOVIMENTO, TERMODINÂNICA E
ELETROMAGMETISMO.
Entende-se por conteúdos estruturantes os conhecimentos que compõem
os campos de estudo da Física na escola. Esses conteúdos fundamentam a
abordagem pedagógica dos conteúdos específicos, de forma que o estudante
compreenda o objeto de estudo e o papel dessa disciplina no Ensino Médio.
Nos fundamentos teórico-metodológicos apresentaram-se, com base em
recortes históricos, as três grandes sínteses que compunham o quadro
conceitual de referência da Física no final do séc. XIX e início do séc. XX.
Essas três sínteses – Movimento, Termodinâmica e Eletromagnetismo– são
denominadas “conteúdos estruturantes” para a disciplina de Física, pois essas
teorias compõem campos de estudos da Física.
MOVIMENTO
No estudo dos movimentos, é indispensável trabalhar as ideias de
conservação de momentum e energia, pois pressupõe o estudo de simetrias e
leis de conservação, em particular, da Lei da Conservação da Energia,
71
desenvolvida nos estudos da termodinâmica, no século XIX e considerada uma
das mais importantes leis da física.
Outro importante conceito a ser trabalhado é o de força, definido a partir
da variação temporal da quantidade de movimento, que constitui a segunda lei
de Newton.
TERMODINÂMICA
No campo da termodinâmica, os estudos podem ser desdobrados a partir
das Leis da termodinâmica.
A Lei Zero da termodinâmica é um bom enfoque para o estudo das no-
ções preliminares de calor como energia em trânsito, não uma mera medida do
grau de agitação molecular de um sistema.
A primeira lei da termodinâmica, que também porta a ideia de calor como
forma de energia, permite identificar sistemas termodinâmicos postos a realizar
trabalho.
O estudo da segunda Lei da Termodinâmica é importante para a compre-
ensão das máquinas térmicas, mas vai além, pois conduz ao conceito de entro-
pia.
ELETROMAGNETISMO
Historicamente, um dos resultados mais importantes dos trabalhos de
Maxwell é a apresentação da luz como uma onda eletromagnética e o estudo
das suas equações que levam às quatro leis do eletromagnetismo clássico.
O trabalho sobre o eletromagnetismo enseja, ainda, tratar conteúdos rela-
cionados a circuitos elétricos e eletrônicos. Esses temas ainda são objetos de
estudo em muitas pesquisas, sejam relativas à tecnologia incorporada aos sis-
temas produtivos ou aos novos materiais e técnicas. Ao serem abordados na
escola é preciso considerar, também, seu papel nas mudanças econômicas e
sociais da sociedade contemporânea, bem como o fato de não serem acessí-
veis para todos.
72
CONTEÚDOS ESTRUTURANTE
CONTEÚDOS BÁSICOS
Momentum e
inércia
Conservação
de quantidade
de movimento
(momentum)
Variação da
quantidade de
movimento =
Impulso
2ª Lei de Newton
3ª Lei de Newton e condições de
equilíbrio
Os conteúdos básicos devem ser abordados
considerando-se:
• o contexto histórico-social, discutindo a construção
científica como um produto da cultura humana, sujeita
ao contexto de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois entende-se
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica, a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
epistemológicos encontrados;
• o reconhecimento da Física como um campo teórico,
ou seja, consideram-se prioritários os conceitos
fundamentais que dão sustentação à teoria dos
movimentos, pois se entende que, para ensinar uma
teoria científica, é necessário o domínio e a utilização de
linguagem própria da ciência, indispensável e
inseparável do pensar ciência. Portanto, é fundamental
o domínio das ideias, das leis, dos conceitos e
definições presentes na teoria e sua linguagem
científica;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• o contexto social dos estudantes, seu cotidiano e os
jogos e brincadeiras que fazem parte deste cotidiano;
• as concepções dos estudantes e a História da
evolução dos conceitos e ideias em Física como
possíveis pontos de partida para problematizações;
• que a ciência dos movimentos não se esgota em
Newton e seus sucessores. Propõe-se uma discussão
em conjunto com o quadro teórico da Física no final do
73
século XIX, em especial as dúvidas que inquietavam os
cientistas a respeito de algumas questões que
envolviam o eletromagnetismo, as tentativas de adaptar
o eletromagnetismo à mecânica, o surgimento do
Princípio da Incerteza e as consequências para a física
clássica;
• textos de divulgação científica, literários, etc.
Energia e o
Princípio da
Conservação da
energia
O tratamento pedagógico destes conteúdos básicos
adotará uma abordagem pedagógica que considere:
• o contexto histórico-social, discutindo a construção
científica como um produto da cultura humana, sujeita
ao contexto de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois se entende
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica, a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
epistemológicos encontrados;
• o campo teórico da Física na qual a energia tem um
lugar fundamental, pois se entende que para ensinar
uma teoria científica é necessário o domínio e a
utilização de linguagem própria da ciência,
indispensável e inseparável do pensar ciência. Portanto,
é fundamental o domínio das ideias, das leis, dos
conceitos e definições presentes na teoria e sua
linguagem científica;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• textos de divulgação científica, literários, etc.;
• o cotidiano, o contexto social, as concepções dos
estudantes e a história da evolução dos conceitos e
ideias em Física como possíveis pontos de partida para
74
problematizações.
Gravitação
Os conteúdos básicos devem ter uma abordagem que
considere:
• o contexto histórico-social, discutindo a construção
científica como um produto da cultura humana, sujeita
ao contexto de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois se entende
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica; a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
epistemológicos encontrados;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• o cotidiano, as concepções dos estudantes e a história
da evolução dos conceitos e ideias em Física como
possíveis pontos de partida para problematizações;
• textos de divulgação científica, literários, etc.;
• o modelo científico presente na gravitação newtoniana
a contemporaneidade da gravitação através da Teoria
da Relatividade Geral.
Leis da Termodinâmica:
Lei zero daTermodinâmica
1ª Lei daTermodinâmica
2ª Lei daTermodinâmica
A abordagem teórico-metodológica para estes
conteúdos básicos deve considerar:
• o contexto histórico-social, discutindo a construção
científica como um produto da cultura humana, sujeita
ao contexto de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois se entende
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica, a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
75
epistemológicos encontrados;
• o reconhecimento da Física como um campo teórico,
ou seja, considera se prioritário os conceitos e ideias
fundamentais que dão sustentação ao corpo teórico da
termodinâmica, pois se entende que para ensinar uma
teoria científica é necessário o domínio e a utilização de
linguagem própria da ciência, indispensável e
inseparável do pensar ciência. Portanto, é fundamental o
domínio das ideias, das leis, dos conceitos e definições
presentes na teoria e sua linguagem científica;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• o cotidiano, as concepções dos estudantes e a história
da evolução dos conceitos e ideias em Física como
possíveis pontos de partida para problematizações;
• utilização de experimentação para formulação e
discussão de conceitos e ideias;
• textos de divulgação científica, literários, etc.
Carga, correnteelétrica, campo e
ondas eletromagnéticas
Força eletromagnética
Equações deMaxwell:
Lei de Gauss para eletrostática
Lei de Coulomb,
O tratamento pedagógico destes conteúdos básicos
deverá considerar:
• o contexto histórico-social da construção científica
entendida como um produto da cultura humana, sujeita
aos determinantes de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois se entende
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica, a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
epistemológicos encontrados;
• o reconhecimento da Física como um campo teórico
com conceitos fundamentais que dão sustentação ao
eletromagnetismo, bem como o domínio das ideias, das
76
Lei de Ampère,
Lei de Gauss
magnética,
Lei de Faraday)
leis, dos conceitos e definições presentes na teoria e
sua linguagem científica;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• o contexto social dos estudantes, suas concepções,
seu cotidiano, possíveis pontos de partida para
problematizações;
• textos de divulgação científica, literários, etc;
• experimentação para discussão das ideias e conceitos
do eletromagnetismo.
A natureza da luz e
suas propriedades
O tratamento pedagógico destes conteúdos básicos
deverá considerar:
• que o estudo da ondulatória deve se iniciar pelas
ondas mecânicas, pois são mais “visíveis” ou
perceptíveis no cotidiano. No entanto, as ondas
eletromagnéticas, entre elas a luz visível, também estão
presentes no dia-a-dia, porém o modelo matemático
para ondas não encontra uma correspondência direta
com este fenômeno, sendo ótimo para mostrar a
diferença entre modelo e fenômeno, diferenciando real
do abstrato.
• o contexto histórico-social da construção científica
entendida como um produto da cultura humana sujeita
aos determinantes de cada época;
• a Epistemologia, a História e a Filosofia da Ciência –
uma forma de trabalhar é a utilização de textos originais
traduzidos para o português ou não, pois se entende
que eles contribuem para aproximar estudantes e
professores da produção científica, a compreensão dos
conceitos formulados pelos cientistas e os obstáculos
epistemológicos encontrados;
• o reconhecimento da Física como um campo teórico
com conceitos fundamentais que dão sustentação ao
77
eletromagnetismo, bem como o domínio das ideias, das
leis, dos conceitos e definições presentes na teoria e
sua linguagem científica;
• as relações da Física com a Física e com outros
campos do conhecimento;
• o contexto social dos estudantes, suas concepções,
seu cotidiano, possíveis pontos de partida para
problematizações;
• textos de divulgação científica, literários, etc;
• experimentação para discussão das ideias e conceitos
do eletromagnetismo.
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação ambiental,
Educação fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na
condição de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da
intencionalidade do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará
compreendê-los como parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas
determinações que produzem e explicam os fatos sociais.
METODOLOGIA
É importante que o processo pedagógico, na disciplina de Física, parta do
conhecimento prévio dos estudantes, no qual se incluem as concepções alter-
nativas ou concepções espontâneas. O estudante desenvolve suas concep-
ções espontâneas sobre os fenômenos físicos no dia-a-dia, na interação com
os diversos objetos no seu espaço de convivência e as traz para a escola
quando inicia seu processo de aprendizagem.
Os experimentos podem suscitar a compreensão de conceitos ou a perce-
pção da relação de um conceito com alguma ideia anteriormente discutida. A
atividade experimental precisa contribuir para que o estudante perceba, além
da teoria, as limitações que esta pode ter. Ainda, privilegiam o confronto entre
as concepções prévias do estudante e a concepção científica, o que pode faci-
78
litar a formação de um conceito científico. Mesmo as dificuldades e os erros de-
correntes das experiências de laboratório devem contribuir para uma reflexão
dos estudantes em torno do estudo da ciência.
A escola é, por excelência, o lugar onde se lida com esse conhecimento
científico, historicamente produzido.
Porém, uma sala de aula é composta de pessoas com diferentes costu-
mes, tradições, pré-conceitos e ideias que dependem de sua origem cultural e
social, dessa forma esse ponto de partida deve ser considerado.
No trabalho com os conteúdos de ensino, seja qual for a metodologia es-
colhida, é importante que o professor considere o que os estudantes conhecem
a respeito do tema para que ocorra uma aprendizagem significativa.
O professor deve mostrar ao estudante que o seu conhecimento não está
pronto e acabado, mas que deve ser superado. Muitas das ideias dos estudan-
tes já foram consideradas pelos cientistas, pois também o conhecimento cientí-
fico não se constitui em uma verdade absoluta e definitiva.
A Ciência surge na tentativa de decifrar o universo físico e é determinada
pela necessidade humana de resolver problemas e demandas materiais nas di-
versas épocas, por isso é histórica e contribui para a formação de uma visão
de mundo.
Essa visão de mundo se expressa num modelo que busca representar o
real, sob a forma de conceitos e definições, ao buscar descrever e explicar
seus objetos de estudo por leis universais, amparado em teorias aceitas por
uma comunidade científica, mediante rigoroso processo de validação, em que
se estabelece “uma verdade” sobre o objeto.
O fazer ciência está, em geral, associado a dois tipos de trabalhos: um te-
órico e um experimental. Em ambos, o objetivo é estabelecer um “modelo” de
representação da natureza ou de um fenômeno. No teórico, é feito um conjunto
de hipóteses, acompanhadas de um formalismo matemático, cujo conjunto de
equações deve permitir que se façam previsões, podendo, às vezes, receber o
apoio de experimentos em que se confrontam os dados coletados com os pre-
vistos pela teoria.
Para que o estudante tenha uma visão mais abrangente do universo, é
preciso indicar-lhe que as fórmulas matemáticas representam modelos, os
79
quais são elaborações humanas criadas para entender determinado fenômeno
ou evento físico. Esses modelos são válidos para alguns contextos, não para
todos, eles abrangem uma região e têm um prazo de validade que termina
quando a teoria não consegue explicar fatos novos que podem surgir. Portanto,
não é suficiente propor questões como: considere, suponha, resolva e calcule.
Sabe-se da importância da linguagem matemática na Física, mas os mo-
delos criados quase sempre são escritos pelos cientistas para seus pares. Fa-
lar com estudantes é diferente; é preciso levar em conta seu grau cognitivo, o
meio social onde ele esta inserido dentre outras coisas. Isso permitirá definir
um método de abordagem pedagógica para que o estudante chegue ao conhe-
cimento científico.
O professor pode e deve utilizar problemas matemáticos no ensino de Fí-
sica, mas entende-se que a resolução de problemas deve permitir que o estu-
dante elabore hipóteses além das solicitadas pelo exercício e que extrapole a
simples substituição de um valor para obter um valor numérico de grandeza.
Ao usar um modelo, é preciso propiciar aos estudantes condições para que con-
templem a beleza e a elegância das teorias físicas, permitindo um envolvimento maior
com essas teorias e, por consequência, uma aprendizagem muito mais significativa.
Outro fator importante no ensino de Física é a experimentação. Os resul-
tados são unânimes em considerar a importância dessa prática para melhorar
a compreensão acerca dos fenômenos físicos.
Propõem-se, então, ir além do mais tradicional objetivo de uma aula expe-
rimental, que é unicamente comprovar leis e teorias científicas, o que reduz
essa aula a atividades tão somente verificatória com a necessidade de prepa-
ração prévia e adequada dos diversos materiais e equipamentos envolvidos no
experimento. Nessa abordagem reducionista, os estudantes podem adequar os
dados coletados ao resultado esperado, aquele previsto pela teoria. No entan-
to, adequar dados à realidade não é fazer ciência.
A atividade experimental privilegia as interações dos sujeitos da aprendi-
zagem entre os estudantes e entre eles e o professor. Ao se relacionarem en-
tre si, as possibilidades de debates e discussões se intensificam aproximando
os sujeitos e facilitando a criação, a análise, a formulação de conceitos, o de-
senvolvimento de ideias, a escolha de diferentes caminhos para o encaminha-
mento da aula, orientados pelo professor.
80
Outro aspecto a considerar é que uma experiência que permite a manipu-
lação de materiais pelos estudantes ou uma demonstração experimental, pelo
professor, nem sempre está associada a um aparato sofisticado, mas à sua or-
ganização, discussão e reflexão, o que propicia interpretar os fenômenos físi-
cos e trocar informações durante a aula.
Os experimentos podem suscitar a compreensão de conceitos ou a perce-
pção da relação de um conceito com alguma ideia anteriormente discutida. A
atividade experimental precisa contribuir para que o estudante perceba, além
da teoria, as limitações que esta pode ter. Ainda, privilegiam o confronto entre
as concepções prévias do estudante e a concepção científica, o que pode faci-
litar a formação de um conceito científico. Mesmo as dificuldades e os erros de-
correntes das experiências de laboratório devem contribuir para uma reflexão
dos estudantes em torno do estudo da ciência.
Uma diversidade de aparatos experimentais pode ser construída na pró-
pria escola e, até mesmo pelos estudantes orientados pelo professor. No en-
tanto, é fundamental para a prática experimental, a presença constante de ma-
teriais e equipamentos que atendam a grupos pequenos para facilitar a intera-
ção entre eles e que as atividades em espaços de laboratório não tenham
como meta a apresentação de uma ciência fechada, que está à espera de al-
guém que confirme suas verdades, mas que seja um ambiente de confrontação
de hipóteses.
Acredita-se que a experimentação pode ser mais um componente, não o
único, na implementação de uma proposta de ensino centrada no conhecimen-
to.
AVALIAÇÃO
A avaliação será de forma consciente e produtiva de acordo com o Proje-
to Político Pedagógico do Colégio, onde o educando será avaliado durante o
desenvolvimento das atividades de forma contínua e cumulativa, através de re-
latórios, pesquisas, avaliação escrita, expressão oral, participação ativa nas ati-
vidades de interesses.
Desta forma, a avaliação terá um caráter diversificado tanto qualitativo
81
quanto do ponto de vista instrumental, levando em consideração os aspectos: a
compreensão dos conceitos físicos, a capacidade de análise de um texto, seja
ele literário ou científico, emitindo uma opinião que leve em conta o conteúdo
físico, a capacidade de elaborar um relatório sobre um experimento ou qual-
quer outro evento que envolva a Física, como por exemplo, uma visita a um
Parque de Ciência, etc...
Não será um mecanismo arbitrário e classificatório, mas sim processual,
com análise e apreciação do trabalho realizado para ver se os objetivos estão
sendo alcançados e julgar o grau de aproximação do ideal pretendido, bem
como abrir possibilidades de se rever, refazer e redirecionar o trabalho quantas
vezes forem necessárias, de forma a garantir o alcance dos objetivos deseja-
dos. Terá a avaliação caráter humanizador, não sendo encarada como castigo,
mas sim como detentor de aprendizagem.
O aluno será permanentemente acompanhado pelo professor no proces-
so ensino/aprendizagem, para que o mesmo possa além dos aspectos científi-
co-pedagógicos, ser também avaliado em aspectos importantes em seu com-
portamento : organização, criticidade, responsabilidade, entre outros, sendo
avaliado como um todo nas diversas situações que envolvem a aprendizagem.
O resultado de todas as avaliações será apresentado ao final de cada bi-
mestre, onde os pais ou responsáveis tomarão conhecimentos através da en-
trega de boletim.
82
REFERÊNCIAS:
ABRANTES, P. C.C. Newton e a Física francesa no século XIX, In: Cad. De
História e Filosofia da Ciência, série 2, 1(1): p. 5-31, jan-jun, 1989
BONJORNO. Regina Azenha. Física Completa. São Paulo: 2ª edição FTD,
2001
CARON. Wilson. Física. São Paulo: Ed. Moderna 2ª edição, 2003
CHAVES, A. Física: Mecânica. Volume I. Rio de Janeiro: Reichmann e Afon-
so Editores, 2000
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA - FÍSICA - SEED –
PR.
Livro Didático Público - Física – SEED –PR - Vários autores, 2006
NARDI, R. (org). Pesquisas em Ensino de Física. São Paulo: Escrituras, 1998
Projeto Político Pedagógico
TOSCANO, Carlos. Física(Ensino Médio).São Paulo: Scipione, 2009.
83
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE GEOGRAFIA
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
APRESENTAÇÃO
Considerada por alguns estudiosos da geografia como uma das mais
antigas disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu na Antiga Grécia, sendo no
começo chamado de história natural ou filosofia natural.
A grande parte do mundo ocidental conhecido, era dominada pelos
gregos, em especial o leste do Mediterrâneo. Sempre interessados em
descobrir novos territórios de domínio e atuação comercial, era fundamental
que conhecessem o ambiente físico e os fenômenos naturais. 0 céu claro do
Mediterrâneo facilitava a vida dos navegantes gregos, sempre atentos às
características dos ventos, importantes para sua navegação em termos de
velocidade e segurança. Sobre tais experiências, os gregos deixaram para as
futuras gerações, escritas que contavam a sua vivencia geográfica. Estudos
feitos acerca do rio Nilo, no Egito, detalhavam, entre outras coisas, seu período
de cheia anual.
No século IV a.C., os gregos observavam o planeta como um todo.
Através de estudos filosóficos e observações astronômicas, Aristóteles foi o
primeiro a receber crédito ao conceituar a Terra como uma esfera. Em sua
especulação sobre o formato da Terra, Strabo onde descrevia suas próprias
experiências do mundo. Strabo acabou tornando-se o pai de geografia
regional.
Com o colapso do Império Romano, os grandes herdeiros da geografia
grega foram os árabes. Muitos trabalhos foram traduzidos do grego para o
árabe. Ocorreram, no entanto, a partir daí, algumas regressões: após o ano de
900 d. C., as indicações de latitude e longitude já não apareciam mais nos
mapas. De todo modo, os árabes acabaram recuperando e aprofundando o
estudo da geografia, e já no século XII, AI-Idrisi apresentaria um sofisticado
sistema de classificação climática. Em suas viagens à África e à Ásia, outro
explorador árabe, Ibn Battuta, encontrou a evidência concreta de que, ao
84
contrário do que afirmara Aristóteles, as regiões quentes do mundo eram
perfeitamente habitáveis.
Já no século XV, viajantes como Bartolomeu Dias e Cristóvão Colombo
redescobririam o interesse pela exploração, pela descrição geográfica e pelo
mapeamento. A confirmação do formato global da Terra veio quinze anos mais
tarde, em uma viagem de circunavegação realizada pelo navegador português
Fernando Magalhães, permitindo uma maior precisão das medidas e
observações.
Grandes nomes se empenharam no estudo das várias áreas da geografia.
A geografia social, por exemplo, recebeu a dedicação de nomes como Goethe,
Kant, e Montesquieu, preocupados em estabelecer em seu estudo a relação
entre a humanidade e o meio ambiente. A geografia recebeu novas
subdivisões, entre as quais, a geografia antropológica e a geografia política.
Por volta do século XIX, surgia a Escola Alemã, apresentando o
determinismo, que suportava a ideia de que o clima era capaz de estimular ou
não a força física e o desenvolvimento intelectual das pessoas. Assim,
afirmava que nas zonas temperadas a civilização teria um desenvolvimento
mais elevado do que nas quentes e úmidas zonas tropicais. Já nos anos 30, a
Escola Francesa lançava o positivismo que afirmava que as pessoas poderiam
determinar seu desenvolvimento a partir de seu ambiente físico, ou seja, sua
escolha determinaria a extensão de seu avanço cultural.
Chegaram os anos 60 com todas as suas revoluções, e o desejo de fazer
da geografia um estudo mais científico, mais aceito como disciplina, levaram à
adoção da estatística como recurso de apoio. No final da década, duas novas
técnicas de suma importância para a geografia começavam a ser
desenvolvidas: o computador eletrônico e o satélite, dando nova ênfase à
disciplina.
O material didático de geografia objetiva superar a ideia de que esta é
uma área de conhecimento escolar que apenas fornece informações e que não
há necessidade de desenvolver um pensamento lógico para aprendê-la.
O grande desafio é construir a ideia de espaço ou espaços nas
dimensões culturais, econômicas, ambiental e social, permitindo ainda pensar
em fenômenos geográficos articuladamente e com possibilidades de análise
85
em diferentes escalas o que significa examiná-los conceitualmente, em função
de diversas práticas e representações.
A aprendizagem da geografia deve ser entendida como um processo de
construção da espacialidade, que corresponde orientar-se, e deslocar-se, no
espaço e tempo, podendo ser associada para traçar características que dão
identidade a um lugar, para aplicação dos saberes geográficos, nos trabalhos
relativos a outras competências, como semelhanças e diferenças entre lugares,
meios físicos e a maneira de como os lugares foram organizados e,
organizando – se socialmente e, em particular, capacitar para a utilização de
mapas (letramento cartográfico), aumentar o conhecimento e a compreensão
dos espaços nos contextos locais, regionais, nacionais, internacionais e
mundiais, bem como as relações entre homem e natureza, determinando a
sustentabilidade, conservação, preservação, ou degradação ambiental e as
relações entre diferentes temas e problemas de localizações particulares.
A proposta vai além dos conteúdos conceituais e factuais, pois incorpora
conteúdos procedimentais e atitudinais, contribuindo para ampliar a concepção
de currículos existentes nas escolas. Todas as tentativas seguem em direção à
renovação, a qual implica mudanças na postura do professor, na linguagem e
nas atividades de aprendizagem necessária para que o aluno faça uma
reflexão sobre a sua realidade, sociedade a qual está inserido e a dinâmica do
espaço.
O encaminhamento metodológico dado pelo professor é de suma
importância para estabelecer as relações necessárias, levando o aluno a
perceber as implicações naturais, sociais e culturais relevantes em cada tema.
Em todas as etapas de todos os anos, há preocupação com o letramento
cartográfico, pois entendemos que a Educação Básica deve habilitar o aluno
para a leitura cartográfica do espaço local para o mundial. Dessa forma, os
conteúdos ao longo dos quatro anos são articulados das seguintes maneiras:
O ensino de geografia é capaz de contribuir para que os alunos sejam
sujeitos de si, e da historia e, portanto, agentes geográficos participantes,
conscientes da produção coletiva do espaço.
O conceito adotado para objeto de estudo da geografia é o espaço
geográfico, entendido, como o espaço produzido e apropriado pela sociedade,
86
composto pela inter-relação entre sistemas de objetos-símbolos, culturais e
técnicos, e sistemas de ações ,relações sociais, culturais, políticas e
econômicas.
A Geografia é uma ciência que tem por objetivo estudar o espaço
geográfico resultado da inter-relação entre objetos e ações. Para a
compreensão desse espaço geográfico essa ciência/disciplina possui um
quadro conceitual de referência: lugar, paisagem, território, redes, região,
sociedade e natureza.
Assim promove uma análise espacial sob a abordagem natural, histórica,
econômica, cultural e política. Levando em consideração as diferentes formas
de organização do espaço, na escala local, regional, nacional e mundial.
O valor educativo da disciplina de geografia originasse no fato de que
todos os acontecimentos do mundo têm uma dimensão espacial, visto que o
espaço é a materialização dos tempos da vida social, portanto, há que se
empreender uma educação geográfica, numa perspectiva crítica e de diálogo,
subsidiada na relação de conteúdos teóricos, na prática vivida e no princípio da
busca da autonomia moral e intelectual do cidadão, capaz de adquirir e utilizar
os conhecimentos relacionados à geografia e os espaços geográficos.
ENSINO FUNDAMENTAL: 5ª SÉRIE
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS
BÁSICOSDimensão
econômica do
espaço geográfico
Dimensão política
do espaço
geográfico
Dimensão cultural e
Formação e transformação das paisagens naturais e
culturais.
Dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de
tecnologias de exploração e produção.
A formação, localização, exploração e utilização dos
recursos naturais.
A distribuição espacial das atividades produtivas e a
(re)organização do espaço geográfico.
As relações entre campo e a cidade na sociedade
capitalista.
87
demográfica do
espaço geográfico
Dimensão
socioambiental do
espaço geográfico
A evolução demográfica, a distribuição espacial da
população e os indicadores estatísticos.
A mobilidade populacional e as manifestações
socioespaciais da diversidade cultural.
As diversas regionalizações do espaço geográfico.
ENSINO FUNDAMENTAL: 6ª SÉRIE
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOSBÁSICOS
Dimensão
econômica do
espaço geográfico
Dimensão política
do espaço
geográfico
Dimensão cultural e
demográfica do
espaço geográfico
Dimensão
socioambiental do
espaço geográfico
A formação, mobilidade das fronteiras e a
reconfiguração do território brasileiro.
A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego
de tecnologias de exploração e produção.
As diversas regionalizações do espaço brasileiro.
As manifestações socioespaciais da diversidade
cultural.
A evolução demográfica da população, sua distribuição
espacial e indicadores estatísticos.
Movimentos migratórios e suas motivações.
O espaço rural e a modernização da agricultura.
A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos
espaços urbanos e a urbanização.
A distribuição espacial dessas atividades produtivas, a
(re)organização do espaço geográfico.
A circulação de mercadorias e das informações.
88
ENSINO FUNDAMENTAL: 7ª SÉRIE
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS
BÁSICOS
Dimensão
econômica do
espaço geográfico
Dimensão política
do espaço
geográfico
Dimensão cultural e
demográfica do
espaço geográfico
Dimensão
socioambiental do
espaço geográfico
As diversas regionalizações do espaço geográfico.
A formação, mobilidade das fronteiras e a
reconfiguração dos territórios do continente americano.
A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o
papel do Estado.
O comércio em suas implicações socioespaciais.
A circulação da mão de- obra, do capital, das
mercadorias e das informações.
A distribuição espacial das atividades produtivas, a (re)
organização do espaço geográfico.
As relações entre o campo e a cidade na sociedade
capitalista.
O espaço rural e a modernização da agricultura.
A evolução demográfica da população, sua distribuição
espacial e os indicadores estatísticos.
Os movimentos migratórios e suas motivações.
As manifestações socioespaciais da diversidade
cultural.
Formação, localização, exploração e utilização dos
recursos naturais.
89
ENSINO FUNDAMENTAL: 8ª SÉRIE/9ANO
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS
BÁSICOS
Dimensão
econômica do
espaço geográfico
Dimensão política
do espaço
geográfico
Dimensão cultural e
demográfica do
espaço geográfico
Dimensão
socioambiental do
espaço geográfico
As diversas regionalizações do espaço geográfico.
A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o
papel do Estado.
A revolução tecnicocientífico- informacional e os novos
arranjos no espaço da produção.
O comércio mundial e as implicações socioespaciais.
A formação, mobilidade das fronteiras e a
reconfiguração dos territórios.
A evolução demográfica da população, sua distribuição
espacial e os indicadores estatísticos.
As manifestações socioespaciais da diversidade
cultural.
Os movimentos migratórios mundiais e suas
motivações.
A distribuição das atividades produtivas, a
transformação da paisagem e a (re)organização do
espaço geográfico.
A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego
de tecnologias de exploração e produção.
O espaço em rede: produção, transporte e
comunicações na atual configuração territorial.
90
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS
ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS
BÁSICOS
Dimensão
econômica do
espaço geográfico
Dimensão política
do espaço
geográfico
Dimensão cultural
e demográfica do
espaço geográfico
Dimensão
socioambiental do
espaço geográfico
A formação e transformação das
paisagens.
A dinâmica da natureza e sua
alteração pelo emprego de tecnologias
de exploração e produção.
A distribuição espacial das atividades
produtivas e a (re)organização do
espaço geográfico.
A formação, localização, exploração e
utilização dos recursos naturais.
A revolução técnico científica-
informacional e os novos arranjos no
espaço da produção.
O espaço rural e a modernização da
agricultura.
O espaço em rede: produção,
transporte e comunicação na atual
configuração territorial.
A circulação de mão de- obra, do
capital, das mercadorias e das
informações.
Formação, mobilidade das fronteiras e
a reconfiguração dos territórios.
91
As relações entre o campo e a cidade
na sociedade capitalista.
A formação, o crescimento das
cidades, a dinâmica dos espaços
urbanos e a urbanização recente.
A evolução demográfica, a distribuição
espacial da população e os
indicadores estatísticos.
Os movimentos migratórios e suas
motivações.
As manifestações socioespaciais da
diversidade cultural.
O comércio e as implicações
socioespaciais.
As diversas regionalizações do espaço
geográfico.
As implicações socioespaciais do
processo de mundialização.
A nova ordem mundial, os territórios
supranacionais e o papel do Estado.
Será contemplada a Lei 10.639/08 referente a História e a Cultura Afro
Brasileira e Africana e a Lei 11.645/08 referente a História a Cultura Afro
Brasileira e Indígena, bem como os conteúdos relacionados aos desafios
educacionais contemporâneos que serão permeados aos conteúdos.
92
METODOLOGIA
A metodologia nesta Proposta deve permitir que os alunos se apropriem
dos conceitos fundamentais de Geografia e compreendam o processo de pro-
dução e transformação do espaço geográfico. Para isso, os conteúdos de Geo-
grafia devem ser trabalhado de forma crítica e dinâmica, interligados com a
realidade próxima e distante dos alunos, em coerência com os fundamentos
teóricos propostos nas diretrizes.
A apropriação e construção dos conteúdos fundamentais do conheci-
mento geográfico se dá a partir da intervenção intencional do professor, me-
diante um planejamento que articule os conteúdos com a avaliação. Deve-se
considerar o conhecimento espacial para relacioná-lo ao conhecimento cientí-
fico prévio dos alunos superando o senso comum.
Recomenda-se ao professor que ao apresentar o conteúdo, crie uma si-
tuação problema instigante e provativa, com a finalidade de mobilizar o aluno
para o conhecimento, utilizando questões que estimulem o raciocínio, a refle-
xão e a crítica de modo a tornar o aluno sujeito da sua aprendizagem.
Outro pressuposto metodológico é a contextualização que vai além da
realidade vivida pelo aluno, situá-lo historicamente nas relações politicas, so-
ciais, econômicas, culturais, em manifestações concretas.
Nas relações interdisciplinares a abordagem do conteúdo em estudo
deve levar o aluno a perceber que o assunto ultrapassa os campos de estudo
das diversas disciplinas, mas que cada uma delas tem um foco de análise pró-
prio.
O professor deve conduzir o processo de aprendizagem de forma dialoga-
da, possibilitando o questionamento e a participação para a compreensão dos
conteúdos e a aprendizagem crítica aconteçam.
Para os anos finais do Ensino Fundamental o professor trabalhará os co-
nhecimentos necessários para o entendimento das inter-relações entre as di-
mensões econômicas, cultural e demográfica, politica e socioambiental presen-
te no espaço geográfico. Sob essa perspectiva, o professor aprofundará os
conceitos básicos que fundamentam o entendimento e a crítica à organização
espacial.
As reflexões podem ser promovidas em torno da aplicação dos conceitos
93
construídos desde os anos iniciais, das especificidades naturais e sociais do
espaço em estudo e da compreensão das relações de poder politico econômi-
co que definem regiões e territórios.
Ao concluir o Ensino Fundamental espera-se que o aluno tenha noções
básicas sobre as relações scioespaciais nas diferentes escalas geográficas
local e global e condições de aplicar seus conhecimentos na interpretação e
crítica de espaços próximos e distantes, conhecidos empiricamente ou não.
Recomenda-se que no Ensino Médio, os conteúdos sejam organizados
numa sequencia que problematize as relações Sociedade e Natureza e as rela-
ções Espaço e Tempo a partir do espaço geográfico mundial.
Essa abordagem auxilia a compreensão do processo histórico da transi-
ção da ordem mundial precedente à atual. O professor pode considerar os di-
versos critérios de regionalização do espaço geográfico até chegar à formação
dos atuais blocos regionais (econômicos e políticos), envolvendo nesses estu-
dos aspectos sobre o Brasil e o Paraná.
O professor de geografia deve abordar no seu Plano de Trabalho Docen-
te a Cultura e História Afro-brasileira e Indígena, a Educação Ambiental de for-
ma contextualizada e relacionadas aos conteúdos de ensino de Geografia.
Algumas práticas pedagógicas para a disciplina de Geografia podem uti-
lizar de importantes instrumentos para a compreensão do espaço geográfico,
dos conceitos e das relações socioespaciais nas diversas escalas geográficas,
como: aula de campo, maquetes, filmes, programas de reportagem, fotogra-
fias, slides, charges, ilustrações, literatura em seus diversos gêneros,cartogra-
fia, obras de arte, croquis, desenhos, figuras, murais, posters, outdoor, etc...
AVALIAÇÃO
Nesta Proposta a avaliação deve acompanhar a aprendizagem dos alu-
nos como também nortear o trabalho do professor. Para isso, deve se consti-
tuir numa ação reflexiva sobre o fazer pedagógico. Nessa concepção de avalia-
ção, considera-se que o aluno tem diferentes ritmos de aprendizagem, identifi-
cam-se dificuldades e possibilita a intervenção pedagógica a todo o tempo. O
94
professor pode, então, procurar caminhos para que todos os alunos apren-
dam e participem das aulas.
A avaliação deste modo seja mais do que a definição de notas ou concei-
tos. As atividades ao longo do ano letivo devem possibilitar ao aluno a apro-
priação dos conteúdos e posicionamento crítico frente aos diferentes contextos
sociais.
O processo de avaliação deve considerar mudança de pensamento e ati-
tude e alguns elementos demonstram o exito do processo ensino aprendiza-
gem, como: a aprendizagem, a compreensão, o questionamento e a participa-
ção dos alunos, descartando a memorização, passividade da escola tradicio-
nal.
Os principais critérios de avaliação em Geografia consiste na formação
dos conceitos geográficos básicos e o entendimento das relações socioespa-
ciais para compreensão e intervenção na realidade. É importante que o profes-
sor tenha registrado, de maneira organizada e precisa, todos os momentos do
processo ensino aprendizagem, bem como as dificuldades e os avanços obti-
dos pelos alunos, de modo que esses registros tanto explicitem o caráter pro-
cessual e continuado da avaliação quanto atenda às exigências burocráticas
do sistema de notas.
Será necessário, então, diversificar as técnicas e os instrumentos de
avaliação. Ao invés de apenas por meio de provas, o professor pode usar
técnicas e instrumentos que possibilitam várias formas de expressão dos alu-
nos, como: interpretação e produção de textos de Geografia; interpretação de
fotos, imagens, gráficos, tabelas e mapas, pesquisas bibliográficas, relatórios
de aulas de campo, apresentação e discussão de temas em seminários, cons-
trução, representação e análise do espaço através de maquetes e outros.
RECUPERAÇÃO
A recuperação de estudos é direito dos alunos independentes do nível de
apropriação dos conhecimentos básicos, sendo concomitante ao processo
ensino e aprendizagem. O professor deverá retomar os conteúdos essenciais
através de atividades significativas, por meio de procedimentos didático-
95
pedagógicos diversificados, levando-se em consideração os conteúdos de
maior dificuldade. O resultado da recuperação será incorporado às avaliações
efetuadas durante o período letivo, constituindo-se em mais um componente
do aproveitamento escolar.
96
REFERÊNCIAS:
DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS.
A formação do profissional da geografia. EDITORA UNIJUÍ,1999.
GASPARELLOS & GARCIA, O ESPAÇO GEOGRÁFICA, 2005.
MOREIRA, IGOR. Construindo o Espaço Geográfico do Homem 2001
ELIAN ALABI LUCCI e ANSELMO LAZARAM BRANCO Homem & Espaço
ALMEIDA, Rosângela D. de; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e
representação. São Paulo: Contexto, 1989.
CALLAI, Helena Copetti (org.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões.
Porto Alegre: Ed. Da UFRGS, 2003.
CARVALHO, Alcione Luis Pereira. A avaliação em geografia nas séries iniciais.
Curitiba: UFPR, 2005. (Coleção Avaliação da Aprendizagem – todas as áreas) .
COLL, César. Psicologia da aprendizagem no Ensino Médio. Porto Alegre:
Artmed, 2003.
97
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE HISTÓRIA
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
A partir de 1837, a História passa a ser uma disciplina acadêmica e foi
criado o IHGB pelos professores do Colégio D. Pedro II.
As primeiras produções desses professores foram elaboradas sobre a
influencia da Escola Metódica e do positivismo, baseada no uso de
documentos oficiais e como fonte e verdade histórica e a valorização dos
heróis.
De 1901 à 1942, a História do Brasil passa a fazer parte da História
Universal, somente no governo de Getúlio Vargas ela volta ao currículo a
serviço da elite dominante.
Por meio da Escola Nova, os estudos americanos sobre a disciplina de
Estudos Sociais passam a fazer parte dos debates educacionais. Com a
Ditadura Militar, a História mantém um caráter político destacando os heróis
como sujeitos da História, tendo como função ajustar o aluno a cumprir seus
deveres patrióticos e adaptá-los a realidade, como controle do Estado sobre as
escolas para atingir os grupos resistentes ao regime.
Com a Lei 5692/71, o ensino tecnicista deu maior valor as disciplinas
exatas, voltadas ao ensinar fazer, desprezando as disciplinas humanas.
O retorno de uma reflexão mais aprofundada de uma historiografia só
ocorreu com o declínio do regime militar, surgindo uma discussão sobre uma
nova proposta da renovação do estudo da história, voltada para a historiografia
social fundamentada pelo materialismo histórico dialético.
Havia uma super valorização da História da Europa, em consequência
uma desvalorização da História do Brasil, dando pouca importância a História
do Paraná.
A partir das reformas Educacionais na década de 90, surgem os PCNs
para o Ensino Fundamental e Médio, com as disciplinas de Geografia,
Sociologia, Filosofia e História como parte das ciências humanas. A adesão à
98
reforma. estava ligada ao recebimento de recursos financeiros, por parte dos
Estados .
A produção historiográfica brasileira contemporânea está relacionada com
as referências e metodologias presentes nas correntes historiográficas
apresentadas nas DCE, especialmente os princípios teóricos metodológicos
correspondentes aos da Nova Esquerda Inglesa.
A Nova Esquerda Inglesa surgiu em 1956, com britânicos vinculados ao
Partido Comunista Inglês. Desse movimento participaram Raymond Willians
(1921 – 1988), Eric Hobsbawn (1917), Edwardo Thompson (1923 – 1993),
entre outros.
Segundo os historiadores dessa corrente contribuíram mais
especificamente para os estudos de História Social, pois consideram a
subjetividade, as relações entre as classes e a cultura. Defendem, ainda que a
consciência de classe se constrói nas experiências cotidianas comuns, a partir
das quais são tratados os comportamentos, valores, condutas, costumes e
culturas.
Outro conceito fundamental é o poder, em que a Nova Esquerda Inglesa
busca superar as visões mecânicas e reducionistas da corrente tradicional
marxista, que prescrevia uma revolução inexorável, e da História metódica,
calcada em fatos históricos determinados e aliados a figuras de heróis. Esta
corrente elegeu os sujeitos da classe trabalhadora como personagens centrais
de seus estudos empíricos.
Outra contribuição importante desta corrente, assim como no marxismo
clássico, é que ela continua a defender uma concepção de História entendida
como experiência do passado de homens e mulheres e sua relação dialética
com a produção material, valorizando as possibilidades de luta e
transformação social e a construção de novos projetos de futuro.
A necessidade do ser humano ter uma formação integral é imprescindível
para os nossos dias e a disciplina de História é um dos instrumentos valiosos
para esta formação integral. Ou compreendemos a sociedade globalizada ou
seremos engolidos por ela, portanto nunca a disciplina de História foi tão
importante.
Os estudantes precisam se perceber como sujeitos da História e só
99
conseguiram ter esta percepção se compreenderem o trajeto que a
humanidade fez até nossos dias, para que eles possam se sentir membros
desta organização social de produção histórica.
Ensinar História passa a significar, então, proporcionar ao aluno
condições para que possa participar do processo de construção do
conhecimento histórico e possa compreender e explicar a realidade em que
vive.
Segundo Smith, do ponto de vista didático-pedagógico, só é importante a
aprendizagem que tenha significado para o aluno e o trabalho em sala de aula
deve levar em conta o conteúdo que deve relacionar-se com a cultura
experiencial dos alunos e construir em sala de aula um ambiente de
compartilhamento de saberes. Dessa forma, o processo ensino-aprendizagem
deve levar a uma reconstrução de conhecimentos.
O ensino de História com base na experiência dos alunos faz com que
educando e educadores tenham diálogo entre presente e passado,
identificando as possibilidades de intervenção e participação na realidade em
que vivem. É necessário perceber que trabalhar com base na experiência do
aluno não significa valorizar sua aprendizagem espontânea, mas, trata-se de
buscar uma alternativa que produza um relacionamento entre os dois
extremos. Isso significa utilizar a potencialidade explicativa das disciplinas e da
cultura pública para, mediante um processo de diálogo e negociação, provocar
a reconstrução das pré-concepções do aluno baseadas no conhecimento do
seu estão de desenvolvimento, suas preocupações e propósitos. (SACRISTIAN
& GOMES, apud SHMIDT, 1998, P. 62)
Segundo as Diretrizes Curriculares do Ensino de História do Paraná, é
necessário que os alunos compreendam que existem diferentes interpretações
para um mesmo acontecimento histórico; faz-se necessário ampliar o universo
de consultas para entender melhor diferentes contextos, e ainda, que o
conhecimento histórico é uma explicação sobre o passado que pode ser
complementada com novas pesquisas e pode ser contestada ou validada pelo
trabalho de investigação do historiador. É tarefa do professor instigar nos
alunos a capacidade de questionar e criticar os conteúdos e as abordagens
existentes no texto consultado, de modo que consigam, gradativamente,
100
autonomia na busca do conhecimento.
Por isso, é necessário que os alunos e professores desenvolvam o hábito
da instigação para que possam ampliar contestar ou validar a análise de
determinado conteúdo trazido no livro didático de História.
A prática tem refletido a dificuldade de cumprir a finalidade do ensino de
História que é “a formação de um pensamento histórico a partir da produção do
conhecimento. Este conhecimento é provisório, configurado pela consciência
dos sujeitos”.
Segundo Rusen (1987), a consciência histórica não pode ser meramente
equacionada como simples conhecimento do passado. A consciência histórica
dá estrutura ao conhecimento histórico como um meio de entender o tempo
presente e antecipar o futuro.
Nas aulas de história os alunos devem ser conduzidos a ações mentais
que os levem a pensar, reconhecer, perceber os problemas presentes, através
da consciência histórica se experiencia ao passado e o interpreta como
história,esta interpretação o faz entender melhor o presente e prever o que o
futuro nos reserva.
O conceito de consciência histórica foi utilizado na Didática da História
primeiramente por John Rusen, a consciência histórica é a soma das
operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da
evolução temporal de seu mundo e de si mesmo de forma tal que possam
orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo. (RÜSEN, 2001: 57). A
consciência histórica não apenas tem relação com aprendizado e o ensino de
história, mas cobre todas as formas de pensamento histórico, através dela se
experimenta o passado e se interpreta como história.
História é a ciência que estuda a vida humana através do tempo, em
várias comunidades e culturas. Seu conhecimento amplia a compreensão do
ser humano e ajuda-o a construir seu mundo, embora não se possam usar
soluções do passado para problemas do presente, visto que o passado não se
repete.
A história preocupa-se a desenvolver a reflexão humana, isso permite
compreender as origens das desigualdades sociais contemporâneas e da
subsídio para que seres conscientes e participantes contribuam para a criação
101
de uma sociedade mais justa.
Em História não existe verdade absoluta. As explicações sobre processos
e fatos históricos constroem-se com base na analise e interpretação das fontes
históricas, sendo possíveis de reavaliação. Todo o conhecimento produzido
pelos historiadores é provisório, já que a descoberta de uma fonte ou uma
interpretação diferente pode mudar tal interpretação sobre o conhecimento.
O historiador também não é capaz de compreender um fenômeno
histórico em sua totalidade, pois não pode avaliar a história de todos os
indivíduos sob todos os aspectos o tempo todo. De qualquer maneira, o
historiador busca uma visão mais ampla da sociedade, recria a estrutura social
por meio da análise de aspectos sociais, culturais, religiosos, econômicos e
políticos.
Sendo assim, História revela seu dinamismo, pois o processo de
mudança é continuo e contraditório (dialético).
A História não é apenas conhecimento, ela é também prática social.
Trata-se evidentemente, de formar cidadão e mais do que isso, criar sujeitos
historicamente. O ensino de História tem grande importância porque leva o
educando a conhecer a sua realidade, a torná-lo mais crítico e consciente das
necessidades e transformações da sociedade globalizada e de tendência
neoliberal.
Os conhecimentos sócios históricos e as categorias de análise que
propiciem a compreensão crítica da sociedade e das formas de atuação do
homem como cidadão e trabalhador, sujeito e objeto da História.
Dessa forma tem que haver uma articulação entre o conhecimento
básico, conhecimento específico e conhecimento das formas de gestão e
organização do trabalho, contemplando os conteúdos científicos, tecnológicos,
sócio-culturais histórico.
A História, nesta proposta tem como função resolver os problemas
imediatos e próximos ao aluno, apesar da valorização do ensino humanístico
seu objetivo é preparar o individuo para o mundo do trabalho, onde ocorreu um
avanço na disciplina de História.
Para superar os problemas diagnosticados na organização curricular da
disciplina de História a SEED em colaboração com os professores construíram
102
um novo documento orientador para atender a organização curricular da
disciplina de História e às demandas dos movimentos sociais organizados.
Dentre essas se destaca a aprovação da Lei 13,381/01, que torna obrigatório,
na Educação Básica da rede pública estadual de ensino de conteúdos de
História do Paraná, além da Lei 11645 de 10/03/2008, que altera a Lei
10.639/03, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
História e Cultura Afro-brasileira, seguidas das diretrizes curriculares nacionais
para a Educação das Relações Étnico-raciais e para Ensino de História e
Cultura Afro-brasileira e Africana e indígena que tornam obrigatórias a
inserção dos conteúdos de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nos
currículos escolares, bem como, os desafios educacionais contemporâneos
Referendadas, nas Diretrizes Curriculares. O ensino de História terá como
referência os conteúdos estruturantes, ( relações de trabalho, de poder e
culturais entendidos como os saberes que aproximam e organizam os campos
da História e seus objetivos.
O objeto de estudo de História são os processos Históricos relativos as
ações e as relações humanas praticadas no tempo, bem como a respectiva
significação atribuída pelos sujeitos, tendo ou não consciência dessas ações.
Apesar de não existir fatos somente políticos econômicos e culturais, para
melhor compreender o mundo os historiadores procederam esses recortes
para simplificar os estudos.
ENSINO FUNDAMENTAL: 5ª SÉRIE - Os Diferentes Sujeitos Suas
Culturas Suas Histórias
CONTEÚDOSESTRUTURANTES CONTEÚDOSBÁSICOSRelações de
trabalho
Relações de
poder
Relações
culturais
A experiência humana no tempo.
Os sujeitos e suas relações com o
outro no tempo.
As culturas locais e a cultura comum
103
6ª SÉRIE - A Constituição Histórica do Mundo Rural e Urbano e a
Formação da Propriedade em Diferentes Tempos e Espaços
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
Relações de
trabalho
Relações de
poder
Relações
culturais
As relações de propriedade.
A constituição histórica do mundo do
campo e do mundo da cidade.
A relação entre o campo e a cidade.
Conflitos e resistências e produção
cultural campo/ cidade.
7ª SÉRIE - O Mundo do Trabalho e os Movimentos de Resistência
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
Relações de
trabalho
Relações de
poder
Relações
culturais
História das relações da humanidade
com o trabalho.
O trabalho e a vida em sociedade.
O trabalho e as contradições da
modernidade.
Os trabalhadores e as conquistas de
direito.
8ª SÉRIE - Relações de Dominação e Resistência: a Formação do
Estado e das Instituições Sociais
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
Relações de trabalho
Relações de poder
Relações culturais
A constituição
Das instituições sociais.
A formação do
Estado.
Sujeitos, Guerras e revoluções.
104
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICO
RELAÇÕES DE TRABALHO
RELAÇÕES DE PODER
RELAÇÕES CULTURAIS
Tema 1
Trabalho Escravo, Servil, Assalariado
e o Trabalho livre
Tema 2
Urbanização e Industrialização
Tema 3
O Estado e as Relações de Poder
Tema 4
Os sujeitos, as revoltas e as guerras
Tema 5
Movimentos Sociais, Políticos e
Culturais e as Guerras e Revoluções
Tema 6
Cultura e Religiosidade
METODOLOGIA
A metodologia proposta pela Diretrizes Curricular do Ensino Básico tem
como finalidade uma metodologia que contribua para que os alunos possam
se apropriar dos fundamentos teóricos necessários para pensar historicamente.
Uma metodologia problematizadora, reiterando constantemente com os alunos
como ocorre essenciais processo.. A construção do conhecimento histórico e
sua apropriação, pelos alunos, é processual, e, deste modo necessário que
esta produção, seja constantemente retomado. No entanto faz se necessário
que o professor oriente os alunos para que conheçam o acervo específico, as
obras que poderão a ser consultadas, bem como ensine os bons hábitos de
manuseio e conservação. O livro didático será frente de apoio, mas
problematizado junto aos alunos, uma vez que as explicações ali apresentadas
são limitadas. Portanto, uma metodologia de pesquisas, (bibliográfica, pesquisa
de campo, palestra e apresentação oral, relatórios seminários, debates,
105
atividades a partir de recursos audiovisuais, trabalho em grupo, questões
discursivas e questões objetivas e produção de texto).
A Cultura Afro-brasileira Indígena (carnaval, ritmos, etc.) e a História do
Paraná serão abordadas permeando os conteúdos.
No Ensino Médio os temas serão problematizados a partir das relações
presente, passado.
• Analisar as permanências, mudanças e simultaneidades.
• Produção de narrativa histórica, tornando o presente o passado e
construindo a consciência histórica.
• Fundamentação das explicações e/ou interpretação por meio de
documentos.
AVALIAÇÃO
A avaliação proposta nas Diretrizes Curriculares, para o Ensino de
História objetiva superar a avaliação classificatória. Propõe-se uma avaliação
defendida nas práticas avaliativas que integram o processo de ensino
aprendizagem uma avaliação que esteja a serviço da aprendizagem de todos
os alunos, permeando o conjunto das ações pedagógica, e não como
elemento externo a este processo, conforme as concepções defendidas no
PPP da escola, propondo uma maior participação dos alunos no processo
avaliativo, não desvalorizando o papel do professor, mas para ampliar o
significado das práticas avaliativas para todos os envolvidos.
Ao considerar os conteúdos do Ensino de História: relações de trabalho,
relações de poder e relações culturais essenciais para o desenvolvimento da
consciência histórica, faz-se necessário ter clareza que avaliar é sempre um
ato de valor.
Diante disto, professor e alunos precisam entender que pressupostos da
avaliação, tais como finalidades, objetivos, critérios e instrumentos podem
permitir rever o que precisa ser melhorado ou o que já foi aprendido segundo
Luckesi (2002) o professor poderá lançar mão de vários formas avaliativas tais
como:
Para o Ensino Fundamental e Médio, a Avaliação da disciplina de
106
História, nesta Proposta, considera três aspectos importantes:
• a investigação e a apropriação de conceitos históricos pelos
estudantes;
• A compreensão das relações da vida humana ( Conteúdos
Estruturantes);
• O aprendizado dos conteúdos básicos/temas históricos e
específicos.
É importante ter claro que o trabalho com documentos históricos exige
formas diferentes de avaliação.
Textos:
• Identificação: identificar o tema, o tipo de texto, a data de
publicação, a época de produção, o autor e o contexto em que foi produzido;
• Leitura: sublinhar as palavras e expressões-chave, resgatar e
reagrupar as ideias principais e os temas secundários, e buscar o ponto de
vista do autor;
• Explicação: compreender o sentido das palavras e expressões e
esclarecer as alusões contidas no texto;
• Interpretação: analisar a perspectiva do texto, comparar a outros
fatos e pontos de vista e verificar em que medida o texto permite o
conhecimento do passado.
Imagens:
• Identificação: identificar o tema, a natureza da imagem, a data, o
autor, a função da imagem e o contexto;
• Leitura: observar a construção da imagem – o enquadramento, o
ponto de vista, os planos. Distinguir os personagens, os lugares e outros
elementos contidos na imagem;
• Explicação: explicar a atuação do autor de acordo com suporte e
contexto de produção da imagem;
• Interpretação: compreender a perspectiva da imagem, o valor do
testemunho sobre a época e os símbolos apresentados.
Tais critérios não esgotam o processo de avaliação pelo professor de
História. São indicativos a serem enriquecidos para orientar o planejamento
das práticas avaliativas em consonância com estas Diretrizes.
107
Recuperação
É importante ressaltar e esclarecer questões já contempladas na LDB
9394/96, além da Indicação nº001/99 – CEE/PR quando expõe sobre a
obrigatoriedade dos estudos de recuperação, afirmando que:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento.
De acordo com Vasconcellos (2003) a Recuperação de Estudos consiste
na retomada de conteúdo durante o processo de ensino e aprendizagem,
permitindo que todos os alunos tenham oportunidade de apropriar-se do
conhecimento historicamente acumulado, por meio de metodológias
diversificadas e participativas.
Para que ocorra a Recuperação de Estudos é necessário o
acompanhamento do professor, sendo fundamental a compreensão de que a
aprendizagem ocorre a partir da apropriação, pela mediação das pessoas, por
meio das relações sociais, tendo claro que todos os sujeitos são singulares,
únicos, com características diferenciadas e, portanto, cada um se apropria do
conhecimento de acordo com suas especificidades.
A recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples:
os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do
aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos, de retomar
os conteúdos para que aconteça a aprendizagem. A recuperação é justamente
isso: o esforço de retomar, de voltar ao conteúdo, de modificar os
encaminhamentos metodológicos, para assegurar a possibilidade de
aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação da nota é simples decorrência da
recuperação de conteúdo.
108
REFERÊNCIAS:
ANDREOTTI, V.; JORDÃO, C. M.; GIMENEZ, T. (org) Perspectivas
educacionais e ensino de inglês na escola pública. Pelotas: Educat, 2005;
GIMENEZ, T. Inovação educacional e o ensino de línguas estrangeiras
modernas: o caso do Paraná. Revista Signum, v.2, p. 169-183, 1999.
GIMENEZ, T. Currículo de língua estrangeira: revisitando fins educacionais. In:
ENCONTRO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS, 11,
Londrina, 2003. Anais. Londrina: Midiograf, 2003.
JORDÃO, C. M. O ensino de línguas estrangeiras em tempos pós-modernos.
Curitiba, UFPR, 2004b.
PICANÇO, D.C..L.. A língua estrangeira no país dos espelhos. In: Educar em
Revista, Curitiba,2002.
109
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA MODERNA - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
Com as constantes mudanças ao longo da História Social, o ensino de
Língua Estrangeira no Brasil sofreu transformações para atender as
expectativas e demandas sociais.
Em 1809, D. João VI assinou o decreto de 22 de junho para criar as
cadeiras de Inglês e Francês. A partir daí o ensino das Línguas Modernas
passou a ser valorizado.
Em 1837, ocorreu a fundação do Colégio Pedro II, primeiro em nível
secundário, cujo currículo contemplava sete anos de Francês cinco de Inglês e
três de Alemão. Esse modelo de Língua instituído por esse Colégio se manteve
até 1929.
Em 1917 o governo decidiu fechar todas as escolas estrangeiras e criar
as escolas públicas subvencionadas com recursos federais sob a
responsabilidade do Estado com a finalidade de impedir a desnacionalização
da escola e da infância.
A dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos se
acentuou durante e após a segunda guerra mundial. Com isso, intensificou a
necessidade de aprender inglês.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.º 4.024 promulgada em 1961,
criou os Conselhos Estaduais. Cabia-lhes decidir acerca da inclusão ou não da
Língua Estrangeira nos currículos. Essa Lei determinou a retirada da
obrigatoriedade do ensino de Língua Estrangeira no colegial. Ainda assim,
identificou-se a valorização da Língua Inglesa devido as demandas de mercado
de trabalho que não se expandiam no período.
Em 1976, o ensino de Língua Estrangeira voltou a ser valorizado, quando
a disciplina se tornou novamente obrigatória somente no segundo grau. No
Estado do Paraná, a partir da década de 1970, tais questões geraram
110
movimentos de professores insatisfeitos com a reforma de ensino. Em 1986,
foi criado o centro de Línguas Estrangeiras no Colégio Estadual do Paraná, o
qual passou a ofertar aulas de inglês, espanhol, francês e alemão, aos alunos
no contra turno.
O reconhecimento da importância da diversidade de idiomas ocorreu na
Universidade Federal do Paraná, a partir de 1982, quando foram incluídas no
vestibular as línguas espanholas, italiana e alemã.
Neste contexto histórico, a Abordagem Comunicativa desenvolvida na
Europa desde os anos 1970, começou a ser discutida no Brasil. Na abordagem
comunicativa, o professor deixa de ser o centro do ensino e passa à condição
de mediador do processo pedagógico. Do aluno, é esperado que ele
desempenhe o papel de sujeito de sua aprendizagem. De acordo com essa
concepção, as atividades pedagógicas devem priorizar a comunicação, por
meio de jogos e dramatizações. O erro integra o processo de ensino e
aprendizagem.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394,
determinou a oferta obrigatória de pelo menos uma Língua Estrangeira
Moderna, cuja escolha do idioma foi atribuída à comunidade escolar, conforme
suas possibilidades de atendimento.
Para o Ensino Médio, a Lei determina ainda que seja incluída uma
Língua Estrangeira Moderna como disciplina obrigatória, escolhida pela
comunidade escolar e uma segunda, em caráter optativo, dentro das
possibilidades da Instituição.
A Proposta Curricular para o ensino de Língua Estrangeira Moderna está
comprometida com o resgate da função social e educacional, de modo a
superar os fins utilitarista, pragmáticos ou instrumentais que historicamente tem
marcado o ensino desta disciplina. Desta forma espera-se que o aluno seja
capaz de: ampliar o conhecimento do aluno, compartilhando suas experiências;
valorizar sua cultura e a cultura do outro; contribuir para a formação de um
sujeito crítico, que seja capaz de interferir criticamente na sociedade;
proporcionar ao aluno a possibilidade de interagir com a grande variedade
discursiva presente nas diversas práticas sociais; use a língua em situações de
comunicação oral e escrita; compreenda que os significados são sociais e
111
historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática
social; tenha maior consciência sobre o papel das línguas na sociedade;
reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, bem como seus
benefícios para o desenvolvimento cultural do país.
De acordo com a Lei 11.645 de 10/03/2008, que estabelece a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro- brasileira e Africana,
pretende-se proporcionar ao educando conhecimentos através de textos,
filmes, pesquisas, etc. para que possam compreender todo fenômeno histórico
em sua totalidade, oferecendo uma visão mais ampla e criando uma análise
de todos os aspectos sociais, culturais, religiosos, econômicos e políticos desta
temática.
Os Desafios Educacionais contemporâneos: Educação ambiental,
Educação fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na
condição de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da
intencionalidade do recorte do conhecimento da disciplina.
ENSINO FUNDAMENTAL
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: DISCURSO COMO PRATICA SOCIAL
CONTEÚDOS BÁSICOS:
GENERO DISCURSIVO:
Para o trabalho das praticas de leitura, escrita, oralidade e analise
linguística, serão adotados como conteúdos básicos os gêneros discursivos
conforme suas esferas sociais de circulação. Caberá ao professor fazer a
seleção de gêneros, nas esferas, de acordo com Projeto Politico Pedagógico,
com a Proposta Pedagógica Curricular, com Plano de Trabalho Docente, ou
seja, em conformidade com as características da escola e com o nível de
complexidade adequado a cada uma das séries.
112
LEITURA
Aceitabilidade do textos;
Ambiguidade;
Conteúdo temático;
Elementos composicionais do gênero;
Expressões que denotam ironia e humor no texto;
Finalidade do texto;
Finalidade;
Informalidade;
Interlocutor;
Intertextualidade;
Léxico;
Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes
gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos, (aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
Operadores argumentativos;
Repetição proposital de palavras;
Semântica;
Sentido conotativo e denotativo das palavras no texto;
Situacionalidade;
Tema do Texto;
Vozes sociais presentes no texto.
ESCRITA
Aceitabilidade;
Acentuação gráfica;
Ambiguidade;
Concordância verbal e nominal;
Conteúdo temático;
113
Elementos composicionais do gênero;
Expressões que denotam ironias e humor no texto;
Figuras de linguagens;
Finalidade do texto;
Informatividade;
Interlocutor;
Intertextualidade;
Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes
gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos, (aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
Operadores argumentativos;
Ortografia;
Semântica;
Sentido conotativo e denotativo;
Significado das palavras;
Situacionalidade;
Tema do texto;
Vozes sociais presentes no texto.
ORALIDADE
Aceitabilidade do texto;
Adequação do discurso ao gênero;
Conteúdo temático;
Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito
Elementos extralinguísticos: entonação, expressões faciais,
corporal e gestual, pausas;
Elementos semânticos;
Finalidade;
Informatividade;
Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recurso
semântico.
114
Papel do locutor e interlocutor;
Tema do texto;
Turnos de fala;
Variações linguísticas.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: DISCURSO COMO PRÁTICA SOCIAL
LEITURA
Aceitabilidade do textos;
Acentuação gráfica;
Concordância verbal;
Discurso direto e indireto;
Elementos composicionais do gênero;
Emprego do sentido conotativo no texto;
Finalidade do texto;
Informatividade;
Interlocutor;
Intertextualidade;
Marcas linguísticas: coesão, coerência, função das classes
gramaticais no texto, pontuação, recursos gráficos, (aspas, travessão, negrito),
figuras de linguagem;
Ortografia;
Palavras e /ou expressões que detonam ironia e humor no texto;
Partículas conectivas do texto;
Polissemia;
Referencia textual;
Situacionalidade;
Tema do Texto;
Temporalidade;
115
ORALIDADE
Aceitabilidade do texto;
Adequação do discurso ao gênero;
Conteúdo temático;
Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e o escrito;
Elementos extralinguísticos: entonação, expressões faciais, corporal e
gestual, pausas;
Finalidade;
Informatividade;
Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recurso
semântico;
Papel do locutor e interlocutor;
Turnos de fala;
Variações linguísticas;
Adequação da fala ao contexto( uso de conectivos, gírias, repetições,
etc.).
ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO
EXEMPLOS DE GENEROS
COTIDIANA
Adivinhas
Álbum de Família
Anedotas
Bilhetes
Cantigas de Roda
Carta Pessoal
Cartão
Cartão Postal
Causos
Comunicado
Convites
Curriculum Vitae
Diário
Exposição Oral
Fotos
Músicas
Parlendas
Piadas
Provérbios
Quadrinhas
Receitas
Relatos de
experiências vividas
Trava-línguas
Autobiografia Letras de músicas
116
LITERÁRIA/ARTISTICA
Biografias
Contos
Contos de Fada
Contemporâneos
Cronicas de Ficção
Escultura
Fábulas
Contemporâneas
Haicai
Histórias em
Quadrinhos
Lendas
Literatura de Cordel
Memórias
Narrativas de
Aventura
Narrativas de Migma
Narrativas de Ficção
Científica
Narrativas de Humor
Narrativas de Terror
Narrativas
Fantásticas
Narrativas Míticas
Paródias
Pinturas
Poemas
Romances
Tankas
Textos Dramáticos
CIENTÍFICA
Artigos
Conferência
Debate
Palestra
Pesquisas
Relato Histórico
Relatório
Resumo
Verbetes
ESCOLAR
Ata
Cartazes
Debate Regado
Diálogo/Discussão
Argumentativa
Exposição Oral
Juri Simulado
Mapas
Palestra
Pesquisa
Relato Histórico
Relatório
Relatos de
Experiências
Científicas
Resenha
Resumo
Seminário
Texto Argumentativo
Texto de Opinião
Verbetes de
Enciclopédias
117
IMPRENSA
Agenda Cultural
Anúncio de Emprego
Artigo de Opinião
Caricatura
Carta ao Leitor
Cartum
Charge
Classificados
Crônica Jornalística
Editorial
Entrevista (oral e
escrita)
ESFERAS SOCIAIS DE CIRCULAÇÃO EXEMPLOS DE GENEROS
PUBLICITÁRIA
Anúncio
Caricatura
Cartazes
Comercial de TV
Folder
Fotos
Slogan
Músicas
Paródia
Placas
Publicidade
Comercial
Publicidade
Institucional
Publicidade Oficial
Texto Político
POLÍTICA
Abaixo-assinado
Assembleia
Carta emprego
Carta de Reclamação
Carta de Solicitação
Debate
Debate Regrado
Discurso Político “de
palanque”
Fórum
Manifesto
Mesa Redonda
Panfleto
JURÍDICA
Boletim de ocorrência
Constituição brasileira
Estatutos
Leis
118
Contrato de
declaração de direitos
Depoimento
Discurso de Acusação
Discurso de Defesa
Ofício
Procuração
Regimentos
Regulamentos
Requerimento
PRODUÇÃO E CONSUMO
Bulas
Manual técnico
Placas
Relato Histórico
Relatório
Relatos de
experiências
Científicas
Resenha
Resumo
Seminário
Texto
Argumentativos
Texto de Opinião
Verbetes de
Enciclopédias
MIDIÁTICA
Blog
Chat
Desenho Animado
Entrevistas Filmes
Fotoblog
Home Page
Reality Show
Talk show
Telejornal
Telenovelas
Torpedos
Vídeo Clip
Vídeo Conferência
METODOLOGIA
A partir do Conteúdo estruturante Discurso como prática social serão
abordadas questões linguísticas, sócio pragmáticas, culturais e discursivas,
bem como as práticas do uso da língua: leitura, oralidade e escrita.
119
O ponto de partida da aula de Língua Estrangeira Moderna será o texto,
verbal e não verbal, como uso de linguagem em uso.
As discussões poderão acontecer em língua materna, pois, nem todos os
alunos dispõem de um léxico suficiente para que o diálogo se realize em língua
estrangeira.
Na abordagem de leitura discursiva, a inferência é um processo relevante
porque possibilita construir novos conhecimentos, a partir daquele existentes
na memória do leitor. Espera-se que o trabalho com leitura vá além daquela
superficial e linear. Uma questão é linear quando busca respostas já
visualizando-as no próprio texto. Será não linear quando o aspecto sobre o
qual incide a questão não se localiza apenas na materialidade do texto.
É importante que o professor propicie leitura de textos de diferentes
gêneros; considere os conhecimentos prévios dos alunos, formule
questionamentos que possibilitem inferências sobre o texto; encaminhe
discussões e reflexões sobre tema, intenções, intertextualidade, aceitabilidade,
informatividade, situacionalidade, contextualize a produção, utilize textos não
verbais, relacione o tema com o contexto atual, oportunize a socialização das
ideias dos alunos, instigue a identificação e reflexão das diferenças decorridas
do uso de palavras e/ou expressões no sentido conotativo e denotativo.
O papel do estudo gramatical relaciona-se ao entendimento, quando
necessário, de procedimentos para construção de significados usados na
Língua Estrangeira. Portanto, o trabalho com análise linguística torna-se
importante na medida em que permite o entendimento dos significados
possíveis das estruturas apresentadas. As reflexões linguísticas devem ser
decorrentes das necessidades específicas dos alunos, a fim de que se
expressem ou construam sentidos aos textos.
O maior objetivo da leitura é trazer um conhecimento de mundo que
permita ao leitor um novo modo de ver a realidade.
As estratégias específicas da oralidade tem como objetivo expor os
alunos a textos orais, pertencentes aos diferentes discursos, lembrando que
na abordagem discursiva a oralidade é muito mais do que o uso funcional da
língua,é aprender a expressar ideias em língua estrangeira mesmo com
limitações. Também é importante que o aluno se familiarize com os sons
120
específicos da língua que está aprendendo.
É importante que o professor organize as apresentações dos alunos
levando em consideração a aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e
finalidade do texto. Oriente sobre o contexto social de uso do gênero oral
selecionado. Prepare apresentações que explorem as marcas linguísticas
típicas da oralidade em seu uso formal e informal. Estimule contação de
histórias de diferentes gêneros, utilizando-se dos recursos extralinguísticos,
como: entonação, expressões facial, corporal, gestual, pausas, etc.. Selecione
discursos de outros para analise dos recursos da oralidade como: cenas de
desenho, programa infanto-juvenis, entrevistas, reportagem entre outros.
Com relação à escrita não se pode esquecer que ela deve ser vista como
uma atividade sociointeracional, ou seja, significativa, pois em situações reais
de uso, escreve-se sempre para alguém, ou para um alguém de quem se
constrói uma representação. É preciso que no contexto escolar esse alguém
seja definido como um sujeito sócio-histórico-ideológico, com quem o aluno vai
produzir um diálogo imaginário, fundamental para a construção do texto e de
sua coerência. Nesse sentido, a produção deve ter um objetivo, por exemplo,
escrever um e-mail para uma editora solicitando material, elaborar uma
entrevista a ser feita a um estrangeiro etc.
A finalidade e o gênero discursivo serão explicitados aos alunos no
momento de orientá-lo para a sua produção, assim como a necessidade de
adequação ao gênero, planejamento, articulação das partes, seleção da
variedade linguística adequada-formal ou informal. Ao fazer escolhas, o aluno
desenvolve sua identidade e se constitui como sujeito crítico. Ao propor uma
tarefa de escrita, é essencial que se disponibilize recursos pedagógicos, junto
com a intervenção do próprio professor, para oferecer ao aluno elementos
discursivos, linguísticos, sociopragmáticos e culturais para que ele melhore sua
produção.
Nos textos de literatura, a reflexão sobre a ideologia e a construção da
realidade faz parte da produção do conhecimento, sempre parcial, complexo e
dinâmico, dependente do contexto e das relações de poder. Nesta proposta
para cada texto escolhido verbal e/ou não verbal o professor deverá trabalhar
levando em conta os itens abaixo sugeridos:
121
a) Gênero: explorar o gênero escolhido e suas diferentes aplicabilidades.
b) Aspecto cultural/inter discurso: influência de outras culturas percebidas
no texto, o contexto, quem escreveu, para quem, com que objetivo e quais
outras leituras poderão ser feitos a partir do texto apresentado;
c) Variedade Linguística: formal ou informal.
d)Aspectos Linguísticos: os conteúdos específicos a serem desenvolvidos
serão proporcionados pelo trabalho com texto de acordo com a série;
e) Atividades.
Pesquisa: será proposta para o aluno, a cerca do assunto abordado
lembrando aqui que pesquisa é entendida como uma forma de saber mais
sobre o assunto, isso significa que poderá ser realizada não só nos livros ou
internet.
Discussão: conversar em sala de aula a respeito do assunto, valorizando
as pesquisas feitas pelos alunos.
Produção de texto: o aluno irá produzir um texto na Língua Estrangeira,
com a ajuda dos recursos disponíveis na sala de aula e a orientação do
professor.
Os conteúdos poderão ser retomados em todas as séries, porém em
diferentes graus de profundidades, levando em conta o conhecimento do aluno.
Além do livro didático como material de apoio, recomenda-se que o
professor utilize outros materiais disponíveis na escola: dicionários, livros
paradidáticos, vídeos, DVD, CD-ROM, Internet, TV pendrive, jogos, revistas,
recortes de filmes e documentários.
AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna está
articulada aos fundamentos teóricos explicitados nas Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná e na LDB n.º 9394/96.
As práticas avaliativas, objetiva favorecer o processo de ensino
aprendizagem, ou seja, nortear o trabalho do professor bem como propiciar ao
aluno que tenha uma dimensão do ponto em que se encontra no processo
pedagógico. Para se construir o verdadeiro significado da avaliação é
122
necessário que avaliação deixe de ser utilizada como recurso de autoridade e
assuma o papel de auxiliar no crescimento cognitivo do aluno. Avaliação
objetiva subsidiar discussões acerca das dificuldades e avanços dos alunos,
a partir de suas produções. O professor deverá observar a participação dos
alunos e considerar que o engajamento discursivo na sala de aula se faça
pela interação verbal, a partir dos textos, e de diferentes formas: entre os
alunos e o professor, entre os alunos na turma, na interação com o material
didático, nas conversas em Língua Materna e Língua Estrangeira; no próprio
uso da língua, que funciona como recurso cognitivo ao promover o
desenvolvimento de ideias. É importante considerar o erro como efeito da
própria prática, ou seja, como resultado do processo de aquisição de uma nova
língua.
Uma vez que o aluno é o sujeito da aprendizagem, deve ter o seu esforço
reconhecido e por meio de ações que possibilite sua reflexão sobre seu
desempenho e o entendimento do erro como parte integrante da
aprendizagem.
Na prática da leitura o professor deverá avaliar se o aluno: realiza a leitura
compreensiva do texto, localiza as informações explicitas e implícita no texto,
o posicionamento argumentativo, a identificação da ideia principal, a intenção
do autor, a dedução dos sentidos da palavra ou expressões, a compreensão
das diferenças decorridas do uso das palavras ou expressões, a ampliação do
horizonte de expectativas, o reconhecimento de palavras/expressões que
estabelecem a referência textual.
Quanto a escrita o professor deve observar a expressão de ideias com
clareza, a elaboração de textos atendendo as situações propostas, a
diferenciação do contexto de uso na linguagem formal e informal, o uso de
recursos textuais como coesão, coerência, informatividade, a utilização
adequada de recursos linguísticos, o emprego de palavras no sentido
conotativo e denotativo.
Na prática da oralidade a avaliação deve atender a pertinência do uso de
elementos discursivos, textuais, estruturais e normativos, reconhecer palavras
ou expressões que estabelecem a referência textual, a utilização do discurso
de acordo com a situação de produção, a apresentação da ideia com clareza,
123
a compreensão do discurso do outro, a exposição objetiva de argumentos, a
organização da sequencia de fala,, a participação ativa em diálogos, relatos,
discussões, quando necessário na língua materna, a utilização consciente de
expressões faciais, corporais, gestuais, de pausa e entonação nas exposições
orais, etc.
124
REFERÊNCIAS:
ANDREOTTI, V. JORDÃO, C. M. GIMENEZ, T. (ORG) Perspectivas
Educacionais e Ensino de Inglês na Escola Pública. Pelotas: Educat, 2005;
GIMENZ, T. Inovação Educacional e o Ensino de Línguas Estrangeiras
Modernas: o caso do Paraná. Revista Signum, v.2,p. 169-183, 199.
GIMENZ, T. Currículo de LÍNGUA Estrangeira: revisitando fins educacionais.
In: Encontro de Professores de Línguas Estrangeiras, 11, Londrina, 2003.
Anais. Londrina: Midiograf, 2003.
JORDÃO, C. M. O Ensino de Línguas Estrangeiras em tempos pós
modernos. Curitiba, UFPR, 2004b.
PICANÇO, D.C.L: A Língua Estrangeira no País dos Espelhos. In: Educar
em Revista, Curitiba, 2002
DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA.
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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE LÍNGUA
PORTUGUESA - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
O processo de ensino da Língua Portuguesa iniciou-se no Brasil com a
educação jesuítica. Essa educação era instrumento fundamental na formação
da elite colonial ao mesmo tempo em que se propunha a “alfabetizar” e
“catequizar” os indígenas. Nesse período não havia uma educação
institucionalizada, partia-se de práticas pedagógicas restritas à alfabetização,
que visavam manter os discursos hegemônicos da metrópole e da igreja.
O acesso a educação letrada desde a constituição da escola e do ensino
no Brasil era restrito aos filhos da elite colonial. Era uma educação claramente
reprodutivista. Ainda no período colonial, a língua mais utilizada era a tupi. O
português era a “língua da burocracia”, ou seja, a língua das transações
comerciais, dos documentos legais. Os colonizadores, num primeiro momento
aprenderam a língua nativa e a língua geral, que era o tupi-guarani para
dominação da nova terra. A situação do bilinguismo passou a não interessar
aos propósitos colonialistas de Portugal. A língua portuguesa tornou-se oficial
no Brasil através do decreto do Marquês de Pombal em 1758, proibindo o uso
da língua geral. A hegemonia da língua portuguesa em todo território foi
conseguida com decretos e proibições, expulsões e prisões, perseguições e
massacres.
A Língua Portuguesa passa, então, com a Reforma Pombalina, a fazer
parte dos conteúdos curriculares, seguindo os moldes do latim. O ensino, até
então dominado pelos jesuítas, não se limitava mais às escolas de ler e contar,
ou escolas elementares, dirigidas à população indígena. Eles também
mantinham cursos de Letras e Filosofia, que eram considerados secundários, e
o curso de Teologia para a formação de sacerdotes. Em 1772 o ensino primário
e secundário eram mantidos pelo imposto que incidia sobre a carne, o vinho e
a cachaça. Dessa forma, o ensino público (que atendia a alfabetização e
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catequese dos índios), anteriormente sob a tutela dos jesuítas, passou a ser
financiado pela metrópole. A intenção era modernizar a educação, tornando o
ensino laico e colocando-o a serviço da Coroa Portuguesa.
Com a corte no Rio de Janeiro, foram instaladas as primeiras instituições
de ensino superior no Brasil. Eram faculdades destinadas às classes
privilegiadas europeizando e produzindo uma educação que visava à
manutenção do status que as classes populares, que precisavam do ensino
primário para aprender a ler e escrever a língua portuguesa, continuavam
negligenciadas.
Seguindo os moldes do Latim, o ensino de Língua Portuguesa
fragmentava-se no ensino de Gramática, Retórica e Poética. Ainda no final do
século XIX, com a industrialização há a ampliação do acesso ao ensino,
coincidindo com a exclusão da disciplina de Retórica do Currículo.
Em 1871, através do decreto imperial, foi criado o cargo de Professor de
Português mantendo a mesma tradição até os anos 40 do século XX, a
tradição da gramática, da retórica e da poética. Nesse período o Latim começa
a perder prestígio com a valorização da língua nacional que acontece no bojo
do movimento romântico. Em 1922, os modernistas defendiam a necessidade
de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar o falar
brasileiro. O Modernismo contribuiu para aproximar nossa língua escrita do
falar cotidiano no Brasil.
O ensino de Língua Portuguesa manteve a sua característica elitista até
meados do séc. XX, quando se iniciou, no Brasil, a partir da década de 1960,
um processo de expansão do ensino público, onde aconteceu a ampliação de
vagas e eliminação dos chamados exames de admissão. Como consequência
desse processo, a multiplicação de alunos, as condições escolares e
pedagógicas, as necessidades e as exigências culturais passaram a ser outras
bem diferentes.
Nesse período, que foi, também, de consolidação da ditadura militar, uma
concepção tecnicista de educação gerou um ensino baseado em exercícios de
memorização, no qual “a visão de reforço é acentuada, pois a aprendizagem é
entendida como processada pela internalização inconsciente de hábitos (teoria
comportamentalista/behaviorista)”. A pedagogia da formação de hábitos,
127
memorização e reforço era adequada ao contexto autoritário que cerceava a
reflexão crítica no ambiente escolar, impondo uma formação acrítica e passiva.
Com a Lei n.º 5692/71, a disciplina de Português passou a denominar-se,
no primeiro grau, Comunicação e Expressão (nas quatro primeiras séries) e,
Comunicação em Língua Portuguesa, no segundo grau, (nas quatro últimas
séries), com a qualificação voltada para o trabalho, o objeto de estudo era a
língua vista como código numa pedagogia tecnicista. Na década de 70, além
disso, outras teorias a respeito da linguagem passaram a ser debatidas entre
elas: a Sociolinguística, a Análise do Discurso, a Semântica, a Linguística
Textual. Dessas teorias resultou o questionamento sobre a autoridade e
eficácia das aulas de gramática no ensino da língua materna. Apesar disso os
livros didáticos continuavam porta-vozes da concepção tradicional de
linguagem. As únicas inovações eram o trabalho sistemático com a produção
de texto compreendida como veículo de transmissão de mensagens e a leitura
entendida como ato mecânico. O ensino de Língua Portuguesa fundamentava-
se, então, em exercícios estruturais, técnicas de redação e treinamento de
habilidades de leitura.
O ensino de Literatura, até meados do século XX, restringiu-se ao então
segundo grau, com abordagens estruturalista e/ou historiográficas do texto
literário. Propõe- se a análise do texto conforme as estruturas formais: rimas,
escansão de versos, ritmo, estrofes, etc. O professor conduzia a análise
literária e o aluno era mero ouvinte. No vigor da ditadura militar, não seria
tolerada uma prática pedagógica que visasse despertar o espírito crítico e
criador. Ainda na década de 1970, houve uma tentativa de rompimento com
essas práticas. O texto literário mudou apenas para uma metodologia que se
centrava numa análise literária simplificada, com ênfase em questionários
sobre personagens principais e secundários, tempo e espaço de narrativa.
A partir de 1979, com o movimento que levaria ao fim do regime militar,
houve um aumento de cursos de pós graduação, para uma formação de elite
de professores e pesquisadores, possibilitando um pensamento crítico em
relação à educação. Ganham força as discussões sobre o currículo escolar e
sobre o papel da educação na transformação social, política e econômica da
sociedade brasileira. Fortalecendo a pedagogia histórico-crítica a dimensão
128
tradicional de ensino da língua cedeu espaço, ao menos na academia, a novos
paradigmas, envolvendo questões de uso, contextuais, valorizando o texto
como unidade fundamental de análise.
O percurso histórico da disciplina de Língua Portuguesa na educação
básica brasileira resultou numa proposta que dá ênfase à língua viva, dialógica,
em constante movimentação, permanentemente reflexiva e produtiva. As
práticas são adotadas como ponto central do trabalho pedagógico.
Ensinar a todos a Língua Materna é possibilitar a todos o aprimoramento
linguístico-discursivo e o acesso à norma padrão que o instrumentalize para a
inserção na sociedade marcada pelos conflitos sociais.
Pensar o ensino da língua e da literatura implica pensar também as
contradições, as diferenças e os paradoxos do quadro complexo da
contemporaneidade. Mesmo vivendo numa época denominada “era da
informação”, a qual possibilita acesso rápido à leitura de uma gama
imensurável de informação, convivemos com o índice crescente de
analfabetismo funcional. É nesse contexto que as DCEs ( Diretrizes
Curriculares da Educação Básica) formam um arcabouço relevante para a
melhora da educação básica.
É nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua
Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de
sua competência linguística, de forma a garantir a inserção ativa e crítica na
sociedade. É na escola que o estudante brasileiro, e mais especificamente o da
escola pública, deve encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe
possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso
da língua Materna, em instâncias públicas e privadas. É na escola que o
estudante brasileiro aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade
democrática, mas plena de conflitos e tensões. A possibilidade dos “sem
parcela” lutarem pelo poder que lhes é de direito, é a palavra.
São objetivos da ensino da Língua Portuguesa – empregar a língua oral
em diferentes situações de uso, saber adequá-la a cada contexto e interlocutor,
reconhecer as intenções implícitas nos discursos do cotidiano e propiciar a
possibilidade de um posicionamento diante deles; desenvolver o uso da língua
escrita em situações discursivas por meio de práticas sociais que considerem
129
os interlocutores, seus objetivos, o assunto tratado, além do contexto de
produção; analisar os textos produtivos, lidos e/ou ouvidos, possibilitando que o
aluno amplie seus conhecimentos linguístico-discursivos; aprofundar, por meio
da leitura de textos literários, a capacidade de pensamento crítico e a
sensibilidade estética, permitindo a expansão lúdica da oralidade, da leitura e
da escrita; aprimorar os conhecimentos linguísticos, de maneira a propiciar
acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos
proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes
contextos sociais.
É importante ressaltar que tais objetivos e as práticas deles decorrentes
supõem um processo longitudinal de ensino e aprendizagem que se inicia na
alfabetização, consolida-se no decurso da vida acadêmica e não se esgota no
período escolar, mas se estende por toda vida.
Nesse contexto, a Língua Portuguesa tem como objeto de estudo a
Língua e como conteúdo estruturante o Discurso como Prática Social.
CONTEUDO ESTRUTURANTE CONTEUDO BÁSICO
DISCURSO COMO PRATICA SOCIAL
GÊNEROS DISCURSIVOS
Para o trabalho das práticas de leitura,
escrita, oralidade e análise linguística serão
adotados como conteúdos básicos os
gêneros discursivos conforme suas esferas
sociais de circulação.
Caberá ao professor fazer a seleção de
gêneros, nas diferentes esferas, de acordo
com o Projeto Político Pedagógico, com a
Proposta Pedagógica Curricular, com o
Plano Trabalho Docente, ou seja, em
conformidade com as características da
escola e com o nível de complexidade
adequado a cada uma das séries.
*Vide relação dos gêneros ao final deste
documento.
130
LEITURA
• Tema do texto;
• Interlocutor;
• Finalidade;
• Aceitabilidade do texto;
• Informatividade;
• Discurso direto e indireto;
• Discurso ideológico presente no texto;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Partículas conectivas do texto;
• Progressão referencial no texto;
• Elementos composicionais do gênero;
• Léxico;
• Modalizadores;
• Figuras de linguagem
• Intertextualidade;
• Ambiguidade;
• Semântica;
• Polissemia;
• Operadores argumentativos;
• Sentido denotativo e conotativo das
palavras no texto
ESCRITA
• Tema do texto;
• Conteúdo temático;
• Interlocutor;
• Finalidade do texto;
• Informatividade;
• Situacionalidade;
• Intertextualidade;
• Temporalidade;
• Vozes sociais presentes no texto;
• Relação de causa e consequência entre
131
as partes e elementos do texto;
• Argumentatividade;
• Partículas conectivas do texto;
• Discurso direto e indireto;
• Elementos composicionais do gênero;
• progressão referencial no texto;
• Divisão do texto em parágrafos;
• Marcas linguísticas: coesão, coerência,
função das classes gramaticais no texto,
pontuação, recursos gráficos (como aspas,
travessão, negrito), figuras de linguagem;
• Processo de formação de palavras;
• Acentuação gráfica;
• Ortografia;
• Sintaxe de concordância e de regência;
• Concordância verbal/nominal;
• Vícios de linguagem;
• Semântica;;
• Operadores argumentativos;
• Modalizadores;
• Polissemia;
ORALIDADE
• Tema do texto;
• Finalidade;
• Argumentatividade;
• Papel do locutor e interlocutor;
• Elementos extralinguísticos: entonação,
pausas, gestos;
• Adequação do discurso ao gênero;
• Turnos de fala;
•Variações linguísticas (lexicais,
semânticas, prosódicas, entre outras);
• Marcas linguísticas: coesão, coerência,
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gírias, repetição, recursos semânticos.
• Semântica;
• Aceitabilidade do texto;
• Informatividade;
• Adequação da fala ao contexto (uso de
conectivos, gírias, repetições, etc);
• Diferenças e semelhanças entre o
discurso oral e escrito;
• Conteúdo temático;
• Intencionalidade
Os Desafios Educacionais Contemporâneos, assim também como as Leis
n.º10.639/03 e n.º 11.645/08 passarão pelo currículo somente na condição de
compreensão deste na totalidade, fazendo parte da intencionalidade do recorte
do conhecimento da disciplina.
METODOLOGIA
O trabalho com a Língua Portuguesa tem o papel de promover o
amadurecimento do domínio discursivo da oralidade, da leitura e da escrita,
para que os estudantes compreendam e possam interferir nas relações de
poder com seus próprios pontos de vista permitindo a sua emancipação e
autonomia em relação ao pensamento e às práticas de linguagem
imprescindíveis ao convívio social.
Na prática da oralidade, o professor pode planejar e desenvolver tanto no
Ensino Fundamental, quanto no Médio, a variedade linguística padrão e
permitir ao aluno entender a necessidade desse uso em determinados
contextos sociais, por meio de diferentes caminhos, como: apresentação de
temas variados (histórias de família, da comunidade, um filme, um livro);
depoimentos sobre situações significativas vivenciadas pelo aluno ou pessoas
do seu convívio; dramatização; debates, seminários, júris-simulados e outras
atividades que possibilitem o desenvolvimento da argumentação; troca de
133
opiniões; recados; elogio; explicação; contação de histórias; declamação de
poemas; etc. No que concerne à literatura oral, valoriza-se a potência dos
textos literários como Arte, os quais produzem oportunidade de considerar seus
estatutos, sua dimensão estética e suas forças políticas particulares.
Na prática de escrita, nós professores levamos em conta a relação entre o
uso e o aprendizado da língua, sob a premissa de que o texto é um elo de
interação social e os gêneros são construções coletivas.
Assim o educando precisa compreender o funcionamento de um texto
escrito, que se faz a partir de elementos como organização, unidade temática,
coerência, coesão, intenções, interlocutores, dentre outros.
As atividades com a escrita se realizarão de modo interlocutivo,
relacionando o dizer escrito às circunstâncias de sua produção. Isso implica o
produtor do texto assumir-se como locutor, dessa forma, ter o que dizer; razão
para dizer; como dizer, interlocutores para quem dizer.
Abaixo, citam-se alguns gêneros escritos que serão utilizados, não se
reduzindo somente a esses exemplos: convite, bilhete, carta, cartaz, aviso,
notícia, editorial, artigo de opinião, carta do leitor, relatórios, resultado de
consultas bibliográficas, resultados de pesquisas, resumos, resenhas,
solicitações, requerimentos, crônica, conto, poema, relatos de experiência,
receitas, e-mail, blog, Orkut, etc.
Por meio desse processo, em que vivência de planejar, escrever, revisar
e reescrever seus textos, o aluno perceberá que a reformulação da escrita não
é motivo de constrangimento.
A prática da leitura é um ato dialógico, interlocutivo. O aluno/leitor, passa
a ter um papel ativo no processo de leitura, sendo o responsável por reconstruir
o sentido do texto.
Ler é familiarizar com diferentes textos produzidos em diferentes esferas
sociais jornalística, artística, judiciária, cientifica, didático-pedagógico,
cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. Na formação do leitor nas linhas
que tecem a leitura, como: memória, intersubjetividade, interpretação, fruição,
intertextualidade, informatividade, conteúdo temático, aceitabilidade do texto,
situacionalidade e vozes sociais presentes no texto tornando-o capaz de
enxergar o que está implícito no texto e assim ser crítico frente ao que lê.
134
O importante no trabalho pedagógico é o amadurecimento dessa leitura, é
a ampliação do horizonte de expectativas. Para realizar a seleção dos textos e
das obras a serem trabalhadas na escola, é necessário que o docente seja um
leitor contínuo, visto que o papel da escola é instrumentalizar o aluno para que
ele amadureça suas opiniões a respeito do que lê. Através de atividades com
artes visuais, música, cinema, fotografia, semiologia gráfica, vídeo, televisão,
rádio, publicidade, quadrinhos, charges, multimídia, etc.
O trabalho com literatura parte da necessidade de ser um produto ligado a
vida social e sujeito a modificações históricas, relacionando dialogicamente
com outros e sua articulação nos campos do contexto de produção, da crítica
literária, da linguagem, da cultura e da história.
O trabalho deve partir dos pressupostos teóricos da estética da recepção
que busca formar um leitor capaz de sentir e expressar o que sentiu, com
condições de reconhecer nas aulas de literatura um envolvimento de
subjetividade expresso pela tríade: obra/autor/leitor.
Ao valorizar a leitura e fruição, sem perder de vista a dimensão histórica
da obra, a estética da recepção questiona as concepções de caráter mais
imanentes, ou seja, apenas o plano formal desconsiderando o viés contextual.
Assim o objetivo principal do ensino de literatura é a formação de leitores,
sendo necessário para isso que o professor selecione, não apenas obras
canônicas, mas naquelas que tenha um senso estético aguçado e levem a
perceber que a diversidade de leituras pode suscitar a busca de autores
consagrados da literatura.
Pensados dessa maneira, embora tenham um curso planejado pelo
professor, as aulas de literatura estarão sujeitas a ajustes atendendo as
necessidades e as sugestões dos alunos, num contínuo texto-puxa-texto,
levando a reflexão e aperfeiçoamento no manejo e habilidades de falante, leitor
e escritor, bem como compreensão do fenômeno estético, juntamente com o
desenvolvimento do trabalho com análise linguística.
AVALIAÇÃO
Como em todas as demais disciplinas, em Língua Portuguesa também é
135
preciso avaliar e de preferência priorizando a qualidade e o desempenho do
aluno. A avaliação será contínua e cumulativa, prevalecendo os aspectos
qualitativos sobre os quantitativos. Para isso, o professor deve usar a
observação diária e instrumentos variados, selecionando-o de acordo com
cada conteúdo ou objetivo, sendo assim formativa, respeitando ritmos e
processos de aprendizagem diferenciados, intervindo pedagogicamente
sempre que necessário.
Assim a Oralidade será avaliada em forma de debates, relato de histórias,
análises de obras literárias, em função da adequação do discurso/texto aos
diferentes interlocutores e situações.
Na leitura avaliar as estratégias que os alunos usam para a compreensão
do texto lido, o sentido construído, a relação dialógica que faz entre os textos, a
compreensão de causa e efeito, da ironia e humor presente nos mais diversos
tipos de texto. As atividades propostas como: discussões sobre tema e
intenções, contextualizar a produção: suporte/ fonte, interlocutores, finalidade,
época; utilizem textos verbais e não verbais, como: gráficos, fotos, imagens,
mapas e outros; relacionar temas com o contexto atual com as diferentes
possibilidades de sentido (ambiguidade) e com outros textos e que devem
permitir avaliar a reflexão que o aluno faz a partir do texto.
Na Escrita o texto do aluno deve ser visto e avaliado observando o
processo de produção e nunca como produto final, ou seja, usando o discurso
como prática social. Para isso serão desenvolvidos atividades de análise de
produção textual, observando a coesão e a coerência, se há continuidade
temática, se atende a finalidade, se a linguagem está adequada ao contexto e
que estimule a ampliação de leituras sobre o tema e o gênero proposto.
Quanto à análise linguística os diferentes gêneros precisam ser avaliados
sob uma prática reflexiva e contextualizada, possibilitando a compreensão dos
diferentes recursos no interior do texto. Serão avaliadas as marcas linguísticas:
coesão, coerência, função das classes gramaticais no texto, pontuação,
recursos gráficos ( como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem.
Ainda avaliaremos ortografia, concordância verbal/nominal.
Com o uso da língua oral e escrita em práticas sociais, os alunos são
avaliados continuamente, pois efetuam operações com a linguagem refletindo
136
as diversas possibilidades de aperfeiçoamento linguístico, o letramento.
Assim é preciso respeitar as diferenças e promover ações pedagógicas
de qualidades, derrubando mitos, conceitos e padrões pré-estabelecidos,
construindo relações sociais generosas e inconcludente.
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REFERÊNCIAS:
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo:
Parábola Editorial, 2003.
MUITO ALÉM DA GRAMÁTICA: por um ensino de línguas sem pedras no
caminho. São Paulo: Parábola, 2007.
BARBOSA, Jaqueline Peixoto. Trabalhando com os gêneros do discurso: uma
perspectiva enunciativa para o ensino da Língua Portuguesa. Tese(Doutorado
em Linguística) Aplicada ao Ensino de Línguas, Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.
BAKHTIN, Michail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de
Michel Lahud e Yara Frateschi. 9 ed. São Paulo: Hucitec, 1999.Estética da
CRIAÇÃO VERBAL. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
DCEs - Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado
do Paraná
LIVRO DIDÁTICO PÚBLICO.
PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO.
138
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE MATEMÁTICA
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
Os primeiros conhecimentos matemáticos foram desenvolvidos pelos
povos da Antiguidade, conhecimentos estes, que vieram compor a matemática
conhecida hoje. Era enfatizado o desenvolvimento do raciocínio abstrato, a
contagem de números naturais, ordinais e cardinais. Essa concepção
estabeleceu para a disciplina de matemática uma base que perdurou até o
século XVII d.C.
Na sua obra Elementos, Euclides apresentava base para o
conhecimento de geometria, teoria das proporções das grandezas, geometria
de figuras planas, teoria dos números incomensuráveis e esteriometria,
conteúdos estes presentes e abordados na Educação Básica de hoje.
No século XVI, houve descobertas matemáticas que contribuíram para o
progresso científico e econômico aplicado no aperfeiçoamento e uso produtivo
de máquinas e equipamentos, como armas de fogo, moinhos de ventos,
relógios, embarcações que atendiam as necessidades militares. Com esse
ensino objetivava a preparação do jovem ao exército, ligado ao comércio, a
arquitetura, à música, à geografia, à astronomia, às artes, à medicina, à
navegação e as guerras.
No Brasil, os jesuítas contribuíram para que o ensino da matemática
fosse introduzido como disciplina nos currículos da escola brasileira.
No século XVIII – marcada pela Revolução Francesa Industrial, emerge a
economia política capitalista e a matemática voltou-se definitivamente para as
necessidades do processo de industrialização.
No século XIX, o ensino da matemática foi desdobrado em aritmética,
geometria, álgebra e trigonometria que contribuiu para a formação de
engenheiros, geógrafos e topógrafos, que trabalhariam em minas, aberturas de
estradas, construções de portos, pontes etc. Com a Revolução Industrial,
139
evidenciaram-se diferenças entre classes sociais e a necessidade de educação
para essas classes, de modo a formar tanto aos trabalhadores quanto aos
dirigentes. A matemática era um importante instrumento para atender a
demanda do mercado.
Com a chegada da corte portuguesa (1808), implementou-se um ensino
de matemática por meios de cursos técnicos-militares, nos quais ocorreu a
separação da matemática em: matemática elementar(atual educação básica) e
matemática superior, nos cursos superiores respectivamente.
No início do século, XIX o ensino de matemática foi discutido em
encontros internacionais de matemática, nos quais se elaboraram propostas
pedagógicas que legitimaram a matemática como disciplina curricular ligando
seu ensino aos ideais das transformações sociais e econômicas dos últimos
séculos advindos de um novo cenário.
Com o movimento da matemática Moderna, baseada em estudos
psicológicos, filosóficos e sociológicos, houve ampla reformulação dos
sistemas de ensino em diversos países da Europa e contribuíram para que o
ensino de matemática articulasse, numa única disciplina, a aritmética, álgebra,
geometria e trigonometria.
Essas discussões chegaram até o Brasil, onde os professores do Colégio
Pedro II, no Rio de Janeiro, solicitaram ao governo Federal a junção das
disciplinas, numa única, denominada Matemática. Essa mudança foi aceita e
repassada a todos os estabelecimentos de ensino secundário do país.
Com o movimento da Escola Nova que propunha valorizar os processos
de aprendizagem e o envolvimento do estudante em atividades de pesquisa,
jogos e experiências, influenciou a formulação da metodologia, cuja proposta
básica era o desenvolvimento da criatividade, das potencialidades e interesses
individuais. O estudante era considerado o centro do processo e o professor, o
orientador da aprendizagem.
Outras tendências influenciaram o ensino da Matemática até hoje, dentre
as quais destacam-se as tendências: formalista clássica, formalista moderna,
tecnicista, construtivista, socioetnocultural e histórico-critica.
Até o final da década de 1950 prevaleceu a tendência formalista clássica,
cuja, tendência era centrada no professor e no seu papel de transmissor e
140
expositor do conteúdo, ou seja, o ensino era livresco e conteudista, a
aprendizagem consistia na memorização e na repetição precisa de raciocínios
e procedimentos.
Após os anos de 1950, observou-se a tendência formalista moderna,
onde o ensino era centrado no professor, que demonstrava os conteúdos e
enfatizava o uso preciso da linguagem Matemática,
Com a Revolução de 1964, foi necessário redirecionar a política
educacional, com a tendência tecnicista, que visava preparar o individuo para
inseri-lo no mercado de trabalho e servir ao sistema produtivo. O método de
aprendizagem era centrado na memorização de princípios, formulas e nas
habilidades de manipulações de algoritmos e expressões algébricas e
resoluções de problemas.
A tendência construtivista se estabeleceu em 1980, cujo conhecimento
matemático resultava das ações interativas e reflexivas dos estudantes. No
construtivismo dava-se, mais ênfase ao processo e menos ao produto do
conhecimento. A interação entre os estudantes e professor era valorizada. O
espaço de produção individual se traduzia como um momento de interiorização
das ações e reflexões realizadas coletivamente.
A tendência pedagógica sócio etnocultural tinha como base teórica os
aspectos socioculturais da Educação Matemática, como um saber dinâmico,
prático e relativo. A relação professor-estudante era dialógica, privilegiava a
troca de conhecimento entre ambos e atendia sempre a iniciativa dos
estudantes e problemas significativos no seu contexto cultural.
A tendência histórico-critica em meados de 1984, buscava a construção
sócio-individualizada do conhecimento. Essa tendência é expressa como um
saber vivo, dinâmico construído historicamente para atender as necessidades
sociais e econômicas. Nesse sentido, a aprendizagem consiste em criar
estratégias que possibilitam ao aluno atribuir sentido e construir significado as
ideias matemáticas, sendo capaz de justificar, analisar, discutir e criar. Cabe ao
professor articular o processo pedagógico, a visão de mundo do aluno, suas
opções diante da vida, da história e do cotidiano.
No final da década de 1980, o Estado do Paraná produziu coletivamente
um documento de referência curricular para sua rede pública, denominado
141
Currículo Básico. O texto de Matemática teve uma forte influência da
pedagogia histórico-critica em sua fundamentação teórica.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, procura
adequar o ensino brasileiro às transformações do mundo do trabalho, fruto da
globalização econômica, apresentando novas interpretações para o ensino de
Matemática, definindo aspectos curriculares, tanto na oferta de disciplina,
compondo a parte diversificada, quanto ao elenco de conteúdos das disciplinas
da Base Nacional Comum, devido a autonomia dada à instituição para
elaboração do seu projeto pedagógico. No Paraná, neste período, foram
criadas várias disciplinas que abordavam os campos do conhecimento da
Matemática: Geometria, Desenho Geométrico e Álgebra, que fragmentavam o
conhecimento da Matemática e enfraqueciam-se como disciplina.
A partir de 1998, o MEC, distribuiu os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio orientava as práticas
docentes para o desenvolvimento de competências e habilidades, destacando
o trabalho com os temas transversais, em prejuízo da discussão da importância
do conteúdo disciplinar e da apresentação de uma relação desses conteúdos
para aquele nível de ensino.
A partir de 2003, a SEED, deflagrou um processo de discussão coletiva,
que resgatou importantes considerações teóricas metodológico para o ensino
da matemática. É imprescindível que o estudante se aproprie do conhecimento
matemático de forma que “compreenda claramente os conceitos e princípios
matemáticos, raciocine claramente e comunique ideias matemáticas com
segurança”.
Pela Educação matemática, almeja-se um ensino que possibilite aos
estudantes análise, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e
formulação de ideias. Aprende-se matemática, não somente por sua beleza ou
pela consistência de suas teorias, mas, a partir dela, o homem amplie seu
conhecimento e, por conseguinte contribua para o desenvolvimento da
sociedade.
A diretriz curricular resgata a importância do conteúdo matemático e da
disciplina matemática, pois, nenhuma atividade na vida contemporânea, ou
seja, da música a informática, do comércio a meteorologia, da medicina a
142
cartografia, das engenharias as comunicações, em que a matemática, não
compareça de maneira insubstituível para codificar, ordenar, quantificar e
interpretar compassos, taxas, dosagens, coordenadas, tensões, frequências e
quantas outras variáveis houver.
Assim, embora o objeto de estudo da Educação Matemática esteja em
construção, o mesmo está centrado na prática pedagógica e engloba as
relações entre o ensino, a aprendizagem e o conhecimento matemático e
envolve o estudo de processos que investigam como o estudante compreende
e se apropria da própria matemática “concebida como um conjunto de
resultados, métodos, procedimentos, algoritmos. Investiga, também, como o
aluno, por intermédio do conhecimento matemático desenvolve valores e
atitudes diversas visando a sua formação integral como cidadão. Aborda o
conhecimento matemático sob uma visão histórica, de modo que os conceitos
são apresentados, discutidos, construídos e reconstruídos, influenciando na
formação do pensamento do aluno.
Cabe ao professor a sistematização dos conteúdos matemáticos que
emergem das aplicações, superando uma perspectiva utilitarista, sem perder o
caráter científico da disciplina e do conteúdo matemático. Ir além do senso
comum pressupõe conhecer a teoria científica, cujo papel é oferecer condições
para apropriação dos aspectos que vão além daqueles observados pela
aparência da realidade. (Ramos,2004)
É necessário que o processo pedagógico em matemática contribua para
que o estudante tenha condições de constatar regularidades, generalizações e
apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar fenômenos
matemáticos e de outras aéreas do conhecimento.
ENSINO FUNDAMENTAL - 5ª A 8ª SÉRIE
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
Sistema de Numeração
Números Naturais
Múltiplos e Divisores
Potenciação e Radiciação
143
NÚMEROS E ÁLGEBRA
Números Fracionários
Números Decimais
Números Inteiros;
Números Racionais;
Equação e Inequação do 1ºgrau;
Razão e proporção;
Regra de três simples.
• Números Racionais e
Irracionais;
• Sistemas de Equações do
1º grau;
• Potências;
• Monômios e Polinômios;
• Produtos Notáveis
Números reais;
Propriedades dos radicais
Equação do 2º Grau
Teorema de Pitágoras
Equações Irracionais
Equações Biquadradas
Regra de três Composta
GRANDEZAS E MEDIDAS
Medidas de Comprimento
Medidas de Massa
Medidas de área
Medidas de volume
Medidas de Tempo;
Medidas de ângulos
Sistema Monetário
Medidas de temperatura;
Relações Métricas no Triângulo
Retângulo;
Trigonometria no triângulo
retângulo
144
GEOMETRIAS
Geometria Plana
Geometria Espacial
Geometria não-euclidianas
Geometria analítica
TRATAMENTO DA INFROMAÇÃO
Dados, tabelas, gráficos
Porcentagem
Pesquisa estatística;
Média aritmética;
Moda e Mediana;
Juros Simples;
Gráfico e Informação;
População e amostra;
Noções de análise combinatória
Noções de Probabilidade;
Estatística;
Juros compostos.
FUNÇÕES
Noção intuitiva de Função afim;
Noção intuitiva de função
Quadrática
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDO ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
NÚMEROS E ÁLGEBRA
• Números Reais;
• Números Complexos;
• Sistemas lineares;
• Matrizes e
Determinantes;
• Polinômios;
• Equações e Inequações
Exponenciais, Logarítmicas e
Modulares.
GRANDEZAS E MEDIDAS
• Medidas de Área;
• Medidas de Volume;
• Medidas de Grandezas
145
Vetoriais;
• Medidas de Informática;
• Medidas de Energia;
• Trigonometria.
FUNÇÕES
• Função Afim;
• Função Quadrática;
• Função Polinomial;
• Função Exponencial;
• Função Logarítmica;
• Função Trigonométrica;
• Função Modular;
• Progressão Aritmética;
• Progressão Geométrica.
GEOMETRIAS
• Geometria Plana;
• Geometria Espacial;
• Geometria Analítica;
• Geometrias não-euclidianas
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
• Análise Combinatória;
• Binômio de Newton;
• Estudo das Probabilidades;
• Estatística;
• Matemática Financeira
Os Desafios Educacionais Contemporâneos: Educação Ambiental,
Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na condição
de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da intencionalidade
do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará compreendê-los como
parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas determinações que
produzem e explicam os fatos sociais.
METODOLOGIA
Nesta Proposta Curricular propõe-se abandonar abordagens
146
fragmentadas, como se os conteúdos de ensino existissem em patamares
distintos e sem vínculos.
Os procedimentos metodológicos propiciarão a apropriação de
conhecimentos matemáticos que expressem articulações entre os conteúdos
específicos do mesmo conteúdo estruturante e entre conteúdos específicos de
conteúdos estruturantes diferentes, de forma que suas significações sejam
reforçadas, refinadas e intercomunicadas.
Assim, os conteúdos específicos articulam-se entre si e com os
conteúdos estruturantes transitam em outros estruturantes de modo que
nenhum deles deve ser abordados isoladamente.
Os conteúdos nesta proposta serão abordados por meio de tendências
metodológica da Educação Matemática que fundamentam a prática docente,
das quais destacamos: resolução de problemas; modelagem matemática, uso
de mídias e tecnologias; etnomatemática; história da matemática;
investigações matemáticas.
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Um dos desafios do ensino de matemática é a abordagem de conteúdos
para a resolução de problemas. Trata-se de uma metodologia pela qual o
estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos
em novas situações, de modo a resolver a questão proposta. Ao fazer uso
dessa metodologia, a resolução de problemas, torna as aulas mais dinâmicas.
A resolução de problemas possibilita compreender os argumentos matemáticos
e ajuda a vê-los como conhecimento possível de ser apreendido pelos
sujeitos do processo ensino aprendizagem.
Resolução de exercícios e resolução de problemas são metodologias
diferentes. Enquanto na resolução de exercícios os estudantes dispõem de
mecanismos que os levam, de forma imediata, a solução de problemas, na
resolução de problemas isto não ocorre, pois, muitas vezes, é preciso levantar
hipóteses e testá-las. Desta forma, uma mesma situação pode ser um
exercício e para outros, um problema, a depender dos seus conhecimentos
prévios.
147
ETNOMATEMÁTICA
O papel da etnomatemática é reconhecer e registrar questões de
relevância social que produzem o conhecimento matemático. Essa tendência
leva em consideração que não existe um único saber, mais vários saberes
distintos e nenhum menos importante que o outro.
Através dessa metodologia, busca-se uma organização da sociedade que
permite o exercício da critica e a análise da realidade. É uma importante fonte
de informação, por meio de um ensino que valoriza a história dos estudantes
pelo respeito a suas raízes culturais.
O trabalho pedagógico deverá relacionar o conteúdo matemático com
essa questão maior – o ambiente do individuo e suas manifestações culturais e
relações de produção e trabalho.
MODELAGEM MATEMÁTICA
A modelagem matemática tem como pressuposto a problematização de
situação do cotidiano mesmo tempo em que propõe a valorização do aluno no
contexto social, procura levar problemas que sugerem questionamentos sobre
as situações de vida.
Por meio da modelagem, fenômenos diários, sejam biológicos, físicos e
sociais, constituem elementos para analises críticas e compreensões diversas
de mundo, assim sendo, a modelagem matemática consiste na arte de
transformar problemas reais em problemas matemáticos e resolve-los
interpretando suas soluções na linguagem do mundo real.
O trabalho pedagógico com modelagem possibilita a intervenção do
estudante nos problemas reais do meio social e cultural em que vive, por isso,
contribui para sua formação crítica.
O modelo matemático deverá ser compatível com o conhecimento do
aluno, sem desconsiderar novas oportunidades de aprendizagem, e que ao
resolver e elaborar expressões estas sirvam como suporte para outras
aplicações e teorias.
148
MÍDIAS TECNOLÓGICAS
Os recursos tecnológicos sejam, eles o software, a televisão, as
calculadoras, os aplicativos da internet, entre outros, tem favorecido a
experimentação na Matemáticas, potencializando formas de resolução de
problemas.
A utilização das mídias e tecnologias tem auxiliado estudantes e
professores a visualizarem, generalizarem e representarem o fazer
matemático, pois permite a construção, interação, trabalho colaborativo,
processo de descoberta de forma dinâmica e o confronto entre a teoria e a
prática. Ao utilizar os recursos tecnológicos enfatiza-se um aspecto
fundamental da matemática, que é a experimentação.
O trabalho com as mídias tecnológicas insere diversas formas de
ensinar, de aprender e valorizar o processo de produção do conhecimento.
INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS
Uma investigação é um problema em aberto e por isso, as coisas
acontecem de forma diferente do que na resolução de problemas. O objeto a
ser investigado não é explicitado pelo professor, porém o método de
investigação deverá ser indicado: por exemplo, de uma introdução oral, de
maneira que o aluno compreenda o significado de investigar.
Assim as investigações matemáticas envolvem naturalmente, conceitos,
procedimentos e representações matemáticas, onde os alunos precisam
verificar qual é a mais adequada à questão investigada, discutindo e
argumentando com seus colegas e professor. Enfim, investigar significa
conhecer o que não se sabe, que é o objetivo maior de toda ação
pedagógica.
ARTICULANDO AS DIFERENTES TENDÊNCIAS
Nenhuma das tendências apresentadas nesta proposta curricular esgota
todas as possibilidades para realizar com eficácia o complexo processo de
149
ensinar e aprender Matemática, por isso, sempre que possível, o ideal é
promover a articulação entre elas. As mídias, por exemplo, possibilitam a
solução em um tempo menor do que o necessário mediante uso de caderno e
lápis. Uma prática investigativa pressupõe a elaboração de problemas que
partam da vivência do estudante e, no processo de resolução, transcenda para
o conhecimento aceito e validado cientificamente.
A abordagem dos conteúdos específicos pode, portanto, transitar por
todas as tendências da Educação Matemática.
AVALIAÇÃO
A avaliação está fundamentada em critérios objetivados na prática social
e estes devem balizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos cotidianamente.
É importante destacarmos que os conteúdos devem ser trabalhados e
avaliados de forma significativa e contextualizada, fazendo com que a
matemática seja vista como um conhecimento construído pelo homem no
suprimento de suas necessidades históricas e sociais.
A avaliação tem um papel de mediação, ou seja, ensino, aprendizagem e
avaliação devem ser vistos integrados na prática docente. Cabe ao professor
considerar no contexto da prática de avaliação encaminhamentos diversos
como a observação, a intervenção e revisão de noções, isto é, buscar diversos
métodos avaliativos (formas escritas, orais e de demonstração individual e em
grupo).
Nessa Escola o professor considerará nos registros escritos e nas
manifestação orais de seus alunos, os erros de raciocínio e de cálculos do
ponto de vista do processo de aprendizagem. E para que isto aconteça, é
fundamental o diálogo entre professores e alunos na tomada de decisões, nas
questões relativa aos critérios para se avaliar, na função da avaliação e nas
constantes retomada dos conteúdos oportunizando a recuperação dos
conhecimentos não adquiridos.
Alguns questionamentos são fundamentais para o professor elaborar
uma proposta avaliativa, indicando se o aluno:
Comunica-se matematicamente, oral e por escrito, participa coletivamente
150
e colaborativamente nos trabalhos realizados em grupo;
Compreende, por meio da leitura, o problema matemático;
Elabora um plano que possibilite a sua solução;
Encontra meios diversos para a resolução dos problemas.
Certas atitudes devem ser cultivadas pelos alunos sobre a orientação do
professor:
Partir de situações problema interna ou externa à matemática;
Pesquisar acerca de conhecimentos que possam auxiliar na solução dos
problemas;
Elaborar conjecturas, fazer afirmações e testá-las preservando a busca de
soluções;
Perseverar nas buscas de soluções, mesmo diante de dificuldades;
Sistematizar o conhecimento construído a partir de soluções encontradas;
Socializar os resultados obtidos, utilizando linguagem adequada;
Argumentar a favor ou contra os resultados.
O professor considerará as noções que o aluno traz decorrentes de sua
vida, relacionando-as com os novos conhecimentos abordados nas aulas de
matemática, visando uma pedagogia do ensino e da aprendizagem.
RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS
É importante ressaltar e esclarecer questões já contempladas na LDB
9394/96, além da Indicação nº001/99 – CEE/PR quando expõe sobre a
obrigatoriedade dos estudos de recuperação, afirmando que:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento.
De acordo com Vasconcellos (2003) a Recuperação de Estudos consiste
na retomada de conteúdo durante o processo de ensino e aprendizagem,
permitindo que todos os alunos tenham oportunidade de apropriar-se do
conhecimento historicamente acumulado, por meio de metodológias
151
diversificadas e participativas.
Para que ocorra a Recuperação de Estudos é necessário o
acompanhamento do professor, sendo fundamental a compreensão de que a
aprendizagem ocorre a partir da apropriação, pela mediação das pessoas, por
meio das relações sociais, tendo claro que todos os sujeitos são singulares,
únicos, com características diferenciadas e, portanto, cada um se apropria do
conhecimento de acordo com suas especificidades.
A recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica simples:
os conteúdos selecionados para o ensino são importantes para a formação do
aluno, então, é preciso investir em todas as estratégias e recursos, de voltar os
conteúdos para que aconteça a aprendizagem. A recuperação é justamente
isso: o esforço de retomar, de voltar ao conteúdo, de modificar os
encaminhamentos metodológicos, para assegurar a possibilidade de
aprendizagem. Nesse sentido, a recuperação da nota é simples decorrência da
recuperação de conteúdo.
152
REFERÊNCIAS:
DIRETRIZES CURRICULARES DA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA
BRITO, MÁRCIA REGINA F. DE Psicologia da Educação Matemática – Teoria
e Pesquisa. Editora Insular.
CARAÇA, B.J. Conceitos fundamentais da matemática. 4. ed. Lisboa: Gradiva,
2002.
D' AMBRÓSIO, u. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade.
Belo Horizonte: Editora autêntica, 2001
DANTE, L.R. Didática da resolução de problemas de matemática. São Paulo:
editora Ática
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO
PARANÁ – Matemática 2009.
ENZENSBERGER, HANS MAGNUS. O Diabo dos números. Cia. Das Letras
LINS, R.C; GIMENEZ, J. Perspectivas em aritméticas e álgebra para o século
XXI . 6. ed. Campinas; Editora Papirus
LDP (Livro Didático Público) de Matemática- SEED 2006
LONGEN, Adilson. Matemática ensino Médio. Editora Positivo.
MEC 2004
PPP (Projeto Político Pedagógico) do Colégio Estadual de Iporã – EFMP.
REVISTA PEDAGÓGICA – Pátio – Ano VIII n. 32 novembro 2004/ janeiro
2005.
153
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE QUÍMICA
ENSINO MÉDIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A Química surgiu na antiguidade com estudos dos filósofos. Na era cristã
até a Idade Média surge a Alquimia que buscava desenvolver o elixir da longa
vida. A partir desses experimentos (feitos de maneira herméticos, porque era
confundida com bruxarias), surge então a Iatroquímica no século XVI, o
principal objetivo dessa doutrina era a descoberta e a produção de
medicamentos. Assume caráter científico no século XVIII para os compostos
químicos. Com a descoberta do oxigênio houve novos direcionamentos para
as investigações sobre a natureza das substâncias e suas transformações.
A partir dessas descobertas houve uma evolução nos conhecimentos
químicos, surgem laboratórios de pesquisas. A Química consolidou como
principal disciplina associada aos efetivos resultados na indústria.
A Química como ciência moderna tem seu berço na Europa
possivelmente em função do desenvolvimento do modo de produção capitalista
dos interesses econômicos de classe dirigente, a da lógica das relações de
produção e as relações de poder que marcam esse sistema produtivo.
No Brasil, as primeiras de caráter educativo em Química surgiram no
início do século XIX, provenientes das transformações políticas e econômicas
que ocorriam na Europa. Em 1922 foi realizado no Rio de Janeiro o 1º
Congresso Brasileiro de Química, tendo como resultado a fundação da
sociedade Brasileira de Química.
A partir de 1931 com a Reforma Francisco Campos, a disciplina de
Química passou a ser ministrada de forma regular no Currículo do Ensino
Secundário no Brasil. Na década de 1950 a 1970, o ensino de Química foi
marcado pelo positivismo expresso no método científico de ensinar Ciências
por meio da descoberta e redescoberta. No final da década de 1970, as ideias
da pedagogia construtivista se consolidaram e perduraram até os anos de
1980, sob o princípio da construção do conhecimento pelo aluno por meio de
154
estímulos, atividades dirigidas de modo a conduzi - lo a relacionar as suas
concepções ao conceito científico já estabelecido.
Na década de 1980, a Secretaria de Estado da educação do Paraná
elaborou o Currículo Básico para o Ensino de 1º Grau, fundamentado na
pedagogia histórico-crítica, nessa mesma linha teórica foram elaborados
documentos para reestruturar o Ensino de 2º Grau. O documento de Química
apresentava uma proposta de conteúdos essenciais para a disciplina e tinha
como objetivo principal a aprendizagem dos conhecimentos historicamente
constituídos. Apresentava outros objetivos de caráter mais amplo tais como:
preparar o educando para a democracia; elevar sua capacidade de
compreensão em relação aos determinantes políticos, econômicos e culturais
que regem a sociedade em determinado período histórico, para então atuar no
mundo do trabalho, com a consciência de seu papel de cidadão participativo.
Nesse período predominou a ideia de que o currículo pode ser compreendido
somente contextualizado política, econômica e socialmente.
Nos anos de 1990, as mudanças neoliberais realizadas no mundo do
trabalho colocaram a educação em pauta novamente, o que afetou as
discussões a respeito de currículo. Nesse contexto, ocorreu a produção e a
aprovação da nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional
(LDB9394/96), bem como a construção dos PCNs (Parâmetros Curriculares
Nacionais).
Os PCNs foram apresentados, então como documento balizador para as
reformulações curriculares que deviam ocorrer nos estados brasileiros e
trouxeram, em discurso, a busca pelo significado do conhecimento escolar,
pela contextualização e interdisciplinaridade, a fim de evitar a
compartimentação do conhecimento. Essa política gerou esvaziamento de
conteúdos das disciplinas, os quais passaram a ser apenas um meio para
desenvolver as competências e habilidades necessárias ao ingresso no
mercado de trabalho, ao final do Ensino Médio.
Os Colégios estaduais que ofertavam o Ensino Médio foram orientados a
partir de 1998, pela SEED, a elaborar suas propostas curriculares de acordo
com os PCNs.
Nestas Diretrizes, as prioridades político-pedagógicas são as seguintes:
155
Resgatar a especificidade da disciplina de Química;
Deixar de lado o modo simplista como a disciplina de Química era
tratada nos PCNs, entendida como área do conhecimento, e
Recuperar a importância da disciplina de Química no currículo escolar.
A Química participa do desenvolvimento científico tecnológico com
importantes contribuições específicas, cujas às decorrências tem alcance
econômico, social e político. A sociedade e seu cidadão interagem com o
conhecimento científico mais avançado possibilitando compreender e repensar
a realidade a qual se insere. Trabalhar com os conteúdos que, embora
relacionados indiretamente ao seu cotidiano, são de relevância nas condições
de vida, e acompanhamento das transformações informativas num processo de
trabalho coletivo oportunizando as descobertas de diferentes instrumentos.
Pois através do estudo da Química o aluno terá a possibilidade de
entendimento do mundo e sua interação com ele.
O ensino de Química tem como objeto de estudo a matéria e suas
transformações. Como objetivo despertar no aluno a vontade e o interesse
pela pesquisa científica, a descoberta e a redescoberta, enfatizando sua
relação com a vida cotidiana, através de experimentos. Formar um aluno que
se aproprie dos conhecimentos químicos e também seja capaz de refletir
criticamente sobre o período histórico atual, possibilitando o entendimento do
mundo e sua interação com ele.
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS BÁSICOS
MATÉRIA E SUA NATUREZA
MATÉRIA
• Constituição da matéria;
• Estados de agregação;
• Natureza elétrica da matéria;
• Modelos atômicos (Rutherford,
Thomson, Dalton, Bohr...).
• Estudo dos metais.
• Tabela Periódica.
SOLUÇÃO
156
BIOGEOQUÍMICA
QUÍMICA SINTÉTICA
• Substância: simples e composta;
• Misturas;
• Métodos de separação;
• Solubilidade;
• Concentração;
• Forças intermoleculares;
• Temperatura e pressão;
• Densidade;
• Dispersão e suspensão;
• Tabela Periódica.
VELOCIDADE DAS REAÇÕES
• Reações químicas;
• Lei das reações químicas;
• Representação das reações químicas;
• Condições fundamentais para ocorrência
das reações químicas. (natureza dos
reagentes, contato entre os reagentes,
teoria de colisão)
• Fatores que interferem na velocidade
das reações (superfície de contato,
temperatura, catalisador, concentração
dos reagentes, inibidores);
• Lei da velocidade das reações químicas;
• Tabela Periódica.
EQUILÍBRIO QUÍMICO
• Reações químicas reversíveis;
• Concentração;
• Relações matemáticas e o equilíbrio
químico (constante de equilíbrio);
• Deslocamento de equilíbrio (princípio de
Le Chatelier): concentração, pressão,
temperatura e efeito dos catalizadores;
• Equilíbrio químico em meio aquoso (pH,
157
constante de ionização, Ks).
• Tabela Periódica
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES
CONTEÚDOS BÁSICOS
MATÉRIA E SUA NATUREZA
BIOGEOQUÍMICA
QUÍMICA SINTÉTICA
LIGAÇÃO QUÍMICA
• Tabela periódica;
• Propriedade dos materiais;
• Tipos de ligações químicas em relação às
propriedades dos materiais;
• Solubilidade e as ligações químicas;
• Interações intermoleculares e as
propriedades das substâncias moleculares;
• Ligações de Hidrogênio;
• Ligação metálica (elétrons semi-livres)
• Ligações sigma e pi;
• Ligações polares e apolares;
• Alotropia.
REAÇÕES QUÍMICAS
• Reações de Oxi-redução
• Reações exotérmicas e endotérmicas;
• Diagramas das reações exotérmicas e
endotérmicas;
• Variação de entalpia;
• Calorias;
• Equações termoquímicas;
• Princípios da termodinâmica;
• Lei de Hess;
• Entropia e energia livre;
• Calorimetria;
• Tabela Periódica.
RADIOATIVIDADE
• Modelos Atômicos (Rutherford);
• Elementos químicos (radioativos);
158
• Tabela Periódica;
• Reações químicas;
• Velocidades das reações;
• Emissões radioativas;
• Leis da radioatividade;
• Cinética das reações químicas;
• Fenômenos radiativos (fusão e fissão
nuclear);
GASES
• Estados físicos da matéria;
• Tabela periódica;
• Propriedades dos gases
(densidade/difusão e efusão, pressão x
temperatura, pressão x volume e
temperatura x volume);
• Modelo de partículas para os materiais
gasosos;
• Misturas gasosas;
• Diferença entre gás e vapor;
• Leis dos gases
FUNÇÕES QUÍMICAS
• Funções Orgânicas
• Funções Inorgânicas
• Tabela Periódica
Os Desafios Educacionais Contemporâneos: Educação Ambiental,
Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na condição
de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da intencionalidade
do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará compreendê-los como
parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas determinações que
produzem e explicam os fatos sociais.
159
METODOLOGIA
No processo pedagógico é importante o conhecimento prévio dos
estudantes, onde se incluam suas ideias preconcebidas, as concepções
espontâneas e a partir daí, elaborar o conceito científico.
A concepção espontânea sobre os conceitos faz-se presente no início do
processo de ensino-aprendizagem. A concepção científica requer metodologias
específicas, onde a escola é o local para disseminar o conhecimento científico
historicamente produzido.
Como na sala de aula reúne pessoas com diferentes costumes é
impossível a adoção de um único encaminhamento metodológico.
O ensino de Química deve contribuir para que o estudante tenha uma
visão mais abrangente do universo. As fórmulas matemáticas não podem ser
objeto central da aprendizagem, pois representam modelos elaborados para
entender determinado fenômeno químico.
O trabalho do professor deve compartilhar e contextualizar a produção e a
validade dos conhecimentos científicos para um ensino significativo. Por isso a
importância de acolher o conhecimento do estudante para se chegar a um
saber científico, ir para além do senso comum.
Nesta Proposta, o encaminhamento que não contribui para uma
compreensão científica, deve ser superado. Espera-se que, no uso do
laboratório, o professor considere também os encaminhamentos realizados
numa aula teórica.
A manipulação de material numa aula experimental, não está associada
a um aparato sofisticado, mas sim na organização, discussão, análise e na
interpretação dos fenômenos químicos e a troca de informações entre os
alunos. A medida que as atividades de laboratório transcorrem, é importante
que o professor incentive para que as dúvidas aflorem e que o aluno
manifestem livremente sobre elas.
Ao trabalhar com textos, deve-se tomar alguns cuidados levando-se em
conta alguns critérios, tais como: linguagem, conteúdo, a quem se destina o
texto, principalmente, o que se pretende atingir ao propor a atividade de
leitura.
160
O texto deve ser visto como um instrumento de mediação na sala , entre
aluno-aluno e aluno-professor vislumbrando novas questões e discussões e
considerando que, os leitores tem diferentes histórias de vida e diversas
leituras.
A Química estuda o mundo material e sua constituição. Considera-se
importante propor aos alunos leituras que contribuam para sua formação e
identificação cultural e mais um elemento motivador para aprendizagem de
Química.
Como sugestão, o professor pode trazer texto para leitura com questões,
dúvidas, ou para discussão em outro momento; os alunos podem trazer textos
de sua preferência de qualquer fonte( jornal, revista, rótulos de vidros de
remédio) e relacioná-los com conteúdo químico a ser trabalhado; assistir a um
filme, que possa enriquecer conteúdo a ser estudos dentro da Química.
Também existem diversas revistas especificas na área de química, biblioteca
do professor que tratam da metodologia de Química e artigos na internet.
AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser concebida de forma processual, formativa de
acordo com o diagnóstico e de forma continuada. Esse processo ocorre nas
interações entre professor-aluno, no transcorrer da própria aula e não apenas
de modo pontual.
Essa concepção de avaliação leva em consideração o conhecimento
prévio e como o aluno superou seus conhecimentos espontâneos, além de
facilitar e orientar a aprendizagem. Neste sentido, avaliação deve subsidiar e
redirecionar o curso da ação do professor, assegurando a qualidade do
processo educacional no coletivo da escola
Em Química, o principal critério de avaliação é a formação de conceitos
científicos. Trata-se de um processo de “construção e reconstrução de
significados dos conceitos científicos”, valorizando os conhecimentos anteriores
dos alunos e a interação da dinâmica dos fenômenos naturais por meio de
conceitos químicos.
O professor deve usar instrumentos de avaliação que contemplem as
161
várias expressões dos alunos, como: leitura e interpretação de textos,
produção de textos, leitura e interpretação da Tabela Periódica, pesquisas
bibliográficas, relatórios de aulas em laboratório, apresentação de seminários,
entre outras. Esses instrumentos devem ser selecionados de acordo com cada
conteúdo e objetivo de ensino.
Dentro da avaliação, quanto a leitura de mundo, o aluno deve ser capaz
de posicionar-se criticamente, articular os conhecimentos químicos às questões
sociais, econômicas e políticas, enfim, ser capaz de construir o conhecimento
a partir do ensino, da aprendizagem e da avaliação.
Essa Proposta tem como finalidade uma avaliação que não separe teoria
e prática, mas que busque as estratégias empregadas pelos alunos na
articulação e análise dos experimentos com os conceitos químicos.
É necessário que os critérios e formas de avaliação fiquem bem claros
para os alunos, como direito de apropriação de conhecimentos e que
contribuam para transformar a própria realidade.
162
REFERÊNCIAS:
SARDELLA, A.; FALCONE, M. Química: Série Brasil. São Paulo; Ática, 2004.
SARDELLA, A., MATEUS, E. Dicionário Escolar de Química. 3.ed. São Paulo:
Ática, 1992.
PINTO, A. Ciência e existência. São Paulo: Paz e Terra, 1969.
NOVAIS, V. Química. São Paulo: Ed. Atual, 1999. v. 1.
RABELO, E. H. Avaliação: novos tempos, novas práticas. Petrópolis: Vozes,
1998.
PARANA. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Ensino.
Departamento de Ensino de segundo grau. Reestruturação do Ensino de 2ª
grau – química. Curitiba: SEED/DESG,1993.
VIDAL, B. Historia da Química. Lisboa: Edições 70, 1986
GOLDFARB, A.M. Da alquímica à química. São Paulo: Landy, 2001.
BAIRD, C. Química ambiental.2ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
Diretrizes Curriculares da disciplina de Química.
163
PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE SOCIOLOGIA
ENSINO MÉDIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A Sociologia é fruto do seu tempo, um tempo de grandes transformações
sociais que trouxeram a necessidade de a sociedade e a ciência serem
pensadas.
O nascimento da Sociologia como disciplina cientifica é marcado pelas
consequências de três grandes revoluções: uma política, a Revolução
Francesa, uma social, a Revolução Industrial e uma revolução na ciência que
se firma no Iluminismo, com sua fé na razão e no progresso da civilização.
Esses acontecimentos conjugados a outros acontecimentos como: a
queda do Antigo Regime e ascensão da democracia; a industrialização e a
concentração de trabalhadores nas cidades; a admissão de um método
cientifico propiciada pelo racionalismo – garantem as condições para o
desenvolvimento de um pensamento sobre a sociedade. Inicialmente, um
pensamento de cunho conservador, uma filosofia social preocupada em
questionar a gênese da sociedade e a sua evolução
As transformações provocadas nas esferas política, social e cultural da
sociedade moderna têm raízes muito próximas, uma vez que se trata de
revoluções, movimentos inovadores de longo curso e profundidade nas
alterações de comportamentos. Assolados por crises sociais, o capitalismo
liberal confirma os empresários industriais e o proletariado urbano em posições
sociais distintas. Em mútua influencia, os acontecimentos provocam e são
provocados por movimentos nas ideias, nas artes, nos costumes sociais,
fazendo com que o Iluminismo, o racionalismo e o positivismo delineassem
uma ciência da sociedade, como uma necessidade histórica.
Essa ordenação de ideias esta presente no iluminismo que, aspirando à
emancipação do homem como guiado pelas luzes da razão e a crença no
progresso da civilização, caracterizou-se como um movimento filosófico,
164
literário, moral e político.
A filosofia inspirada nos métodos das ciências naturais, que propõe
transpô-los como critérios para uma ciência da sociedade, é o positivismo, que
privilegia a observação, experimentação dos fenômenos dos fenômenos. A
crise do Antigo Regime provocou um anseio de reconstrução de uma
pressuposta harmonia social, de um corpo político organicamente composto,
de uma sociedade autoconsciente pensando-se a si mesma sob nova ordem
Na perspectiva positivista, a ciência ganha caráter messiânico, é
considerada instrumento de intervenção do homem na realidade. A Sociologia,
termo entregado por Augusto Comte, torna-se uma ciência conclusiva e síntese
de todo o caminho cientifico da humanidade, considerada capaz de estruturar a
sociedade com o auxilio das demais ciências.
Com o domínio da razão sobre as formas religiosas de explicação do
mundo, o período entre os séculos XVI e XIX foi marcado por profundas
transformações na concepção do poder político, não mais emanado por Deus,
pela reorganização do poder e a constituição dos Estados e Nação. Também,
na forma de produzir a sobrevivência material da sociedade passou por
mudanças, com a destruição da servidão e da organização camponesa, a
consequente emigração da população rural para centros urbanos, a
substituição gradativa da atividade artesanal em manufaturada.
Nas grandes indústrias, trabalhadores e empresários estabelecem
relações trabalhistas mediadas por sindicados e associações representativas e
defesa de diferentes interesses na sociedade.
Todas as mudanças que se processaram, resultaram de desequilíbrios,
perturbações, rebeliões, protestos, reformas, conspirações, novas condições
de vida para a população, e, sobretudo, o aparecimento de uma consciência
social a acercas das condições de vida, embora não explicita nem extensiva.
A Sociologia surgiu, portanto, com os movimentos de afirmação da
sociedade industrial e toda a contradição deste processo. Por um lado cercado
pela resistência às mudanças, por outro pela avidez por mudanças pela
burguesia empresarial, inovando as formas de produzir e enriquecer, quando
no pensamento socialista a propor alterações na estrutura da sociedade.
A Sociologia como uma disciplina no conjunto dos demais ramos da
165
ciência, especialmente das Ciências Sociais, não se produz de forma
independente do trabalho pedagógico que a traduz como parte curricular nas
escolas de níveis médio e superior.
No desenvolvimento da Sociologia, pode-se distinguir um triplo processo
de formação do núcleo disciplinar: a) a identidade cognitiva, que especifica as
orientações, paradigmas, problemáticas e instrumentos de pesquisa da
disciplina; b) a identidade social, forjada pelo processo de institucionalização
através do qual a disciplina procura se estabilizar do ponto de vista de sua
organização; c) a identidade histórica, que corresponde aos primeiros esforços
de constituição do campo de trabalho com os quais, em principio, os
integrantes da comunidade cientifica se identificam. A apreciação desenvolvida
obedece a critérios seletivos de relevância social e repercussão intelectual.
No Brasil, a Sociologia repica os primeiros acordes de análise positiva.
Florestan Fernandes, (1976), ao traçar três épocas de desenvolvimento da
reflexão sociológica na sociedade brasileira, considera aquela primeira época,
uma conexão episódica entre direito e sociedade, a literatura e o contexto
histórico.
A segunda é caracterizada pelo pensamento racional como forma de
consciência social das condições da sociedade, nas primeiras décadas do
século XX; a terceira época, em meados do século XX, é marcada pela
subordinação do estudo dos fenômenos sociais aos padrões de cientificidade
do trabalho intelectual com influencia das tendências metodológicas em países
europeus e nos Estados Unidos.
A trajetória da produção sociológica brasileira é prova de que ela se
constitui disciplina no debate entre diferentes concepções teóricas
responsáveis por questões que a sociedade se coloca em momentos diversos
e, por isso, não está livre de contradições.
A década de 1980 foi prodiga em manifestações pró inserção da disciplina
de Sociologia no Ensino Médio, em vários estados brasileiros, aproveitando o
momento propiciado pela redemocratização do país. Mobilizações sociais
ganham força carreiam ações de diferentes agentes institucionais, e no Paraná,
uma campanha frente ao Sindicato dos Sociólogos, envolvendo outras
entidades, num esforço de superação do modelo curricular herdado do período
166
da ditadura militar.
As discussões sobre o ensino de Sociologia nas escolas publicas, só
ganhou força com Lei de Diretrizes e Bases (1996), ainda assim, poucas
escolas no Paraná ofertavam a disciplinas em seu currículo. Em 2007, a
disciplina tornou-se obrigatória pelo Conselho Nacional de Educação q1ue
levou a inclusão da Sociologia em todas as escolas de Ensino Médio no
estado. A escola é livre para determinar a série em que a disciplina será
ofertada, mas na instrução normativa n. 015/2006 – SUED/SEED é defendido o
principio da equidade entre as disciplinas, de modo a garantir um mínimo de
duas aulas semanais para todas as disciplinas.
O estudo da Sociologia procura prever, prover e intervir na realidade
social, fazendo reflexão para buscar soluções transformando o
desenvolvimento intelectual do homem em sua maneira de viver e produzir.
A proposta curricular para a disciplina de Sociologia está sustentada no
pressuposto de que o objetivo da disciplina no Ensino Médio é desenvolver o
raciocínio sociológico através da problematização da realidade próxima dos
educandos a partir de teorias clássicas, bem como, pelo confronto com a
realidade culturalmente distante, possibilitando ao aluno instrumento
necessário para agir de forma crítica e transformadora no seu cotidiano. Propor
aos alunos bases para a compreensão de como as sociedades se organizam,
se estruturam, se legitimam e se mantém, habilitando-os para uma atuação
crítica e transformadora.
O objeto de estudo na disciplina de Sociologia são as relações que se
estabelecem no interior dos grupos na sociedade, como se estruturam e
atingem as relações entre os indivíduos e a coletividade.
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
1.O surgimento da Sociologia e Teorias Sociológicas.
Formação e consolidação da sociedade
capitalista e o desenvolvimento do
pensamento social;
Teorias sociológicas clássicas: Comte,
Durkheim, Engels e Max weber.
167
O desenvolvimento da Sociologia no
Brasil.
2. O Processo de Socialização e as
Instituições Sociais
Processo de Socialização;
Instituições sociais: familiares,
Escolares, Religiosas;
Instituições de Reinserção ( prisões,
manicômios, educandários, asilos, etc.)
3. Cultura e Industria Cultural
Desenvolvimento antropológico do
conceito de cultura e sua contribuição
na análise das diferentes sociedades;
Diversidade cultural;
Identidade;
Industria Cultural;
Meios de comunicação de massa;
Sociedade de consumo;
Industria Cultural no Brasil;
Questões do gênero;
Culturas afro brasileiras e africanas;
Culturas Indígenas
4. Trabalho, Produção e Classes Sociais
O conceito de trabalho nas diferentes
sociedades;
Desigualdades sociais: estamentos,
castas, classes sociais;
Organização do trabalho nas
sociedades capitalistas e suas
contradições;
Globalização e Neoliberalismo;
168
Relações de Trabalho;
Trabalho no Brasil;
5. Poder, Política e Ideologia
Formação e desenvolvimento do
Estado Moderno;
Democracia, autoritarismo,
totalitarismo;
Estado no Brasil;
Conceitos de Poder;
Conceitos de Ideologia
Conceitos de dominação e
legitimidade;
As expressões da violência nas
sociedades contemporâneas.
6. Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais
Direitos: civis, políticos e sociais;
Direitos Humanos;
Conceito de cidadania;
Movimentos Sociais;
Movimentos Sociais no Brasil;
A questão ambiental e os movimentos
ambientalistas;
A questão das ONG´s
Os Desafios Educacionais Contemporâneos: Educação Ambiental,
Educação Fiscal, Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao uso
indevido de drogas e sexualidade, passará pelo currículo somente na condição
de compreensão do currículo na totalidade, fazendo parte da intencionalidade
do recorte do conhecimento da disciplina. Isto significará compreendê-los como
parte da realidade concreta e explicitará nas múltiplas determinações que
produzem e explicam os fatos sociais.
169
METODOLOGIA
Para o ensino da Sociologia no Ensino Médio, os conteúdos estruturantes
e os conteúdos básicos devem ser tratados de forma articulada. Ao se
constituir como ciência, as explicações da Sociologia têm por base a sociedade
capitalista, contudo, não existe uma única forma de interpretar a realidade e
esse diferencial deve fazer parte do trabalho do professor.
Considera-se relevante, no exercício pedagógico da Sociologia, manter
no horizonte de análise tanto o contexto histórico do seu aparecimento e a
contribuição dos clássicos tradicionais, quanto teorias sociológicas mais
recentes. Os elementos básicos das teorias de Durkheim, Weber e Marx
precisam ser desenvolvidos levando-se em consideração o recorte temporal no
qual se eleva a Sociologia.
O tratamento dos conteúdos pertinentes à Sociologia fundamenta-se em
teorias originárias diferentes, com seu potencial explicativo atrelado a
posicionamento ideológico-político, no sentido de visões de mundo presentes
nas interpretações. Como disciplina escolar, a Sociologia crítica deve
contrastar tradições diversas de pensamento, avaliando-lhes os limites e
potencialidades de explicação para os dias de hoje.
A abordagem dada aos conteúdos bem como a avaliação do processo de
ensino aprendizagem estarão relacionadas à Sociologia crítica, caracterizada
por posições teóricas e práticas que permitam compreender as problemáticas
sociais concretas e contextualizadas em suas contradições e conflitos,
possibilitando uma ação transformadora do real.
Nesta Proposta, entende-se conhecimento sociológico crítico como
autoconsciência científica da sociedade, tal como proposto na história da
Sociologia no Brasil por Florestan Fernandes (1980), ou seja, a Sociologia
assumir o caráter de uma consciência técnica e de explicação das condições
de existência e do curso dos eventos histórico-sociais. Sob essa ótica, as
questões sociológicas situam-se num dado contexto histórico e, ao mesmo
tempo, situam o contexto dos acontecimentos propiciados pelas relações
sociais. A análise crítica deve contemplar as interpretações sistematizadas
acerca de determinada realidade sob a diversidade de suas perspectivas.
170
Trata-se de propiciar ao aluno do Ensino Médio os conhecimentos
sociológicos, de maneira que alcance um nível de compreensão mais
elaborado em relação às determinações históricas nas quais se situa e,
também, fornecendo-lhe elementos para pensar possíveis mudanças sociais.
Pelo tratamento crítico dos conteúdos da Sociologia clássica e da
contemporânea, professores e alunos são pesquisadores, no sentido de que
estarão buscando fontes seguras para esclarecer questões acerca de
desigualdades sociais, políticas e culturais, podendo alterar qualitativamente
sua prática social.
O ensino da Sociologia pressupõe metodologias que coloquem o aluno
como sujeito de seu aprendizado, a relacionar a teoria com o vivenciado, a
rever conhecimentos prévios e a reconstruir saberes. E as principais
habilidades que o currículo de Sociologia desenvolve, é que quando o
estudante aprender a questionar sobre a sociedade, este amplia a visão que
tem de seu papel na comunidade, adquire significados concretos para sua vida
e desenvolve o pensamento crítico no cotidiano.
No contato do aluno com a sua realidade, confrontando com outras, a
Sociologia desenvolve a capacidade de raciocínio e ensina a avaliar a
realidade de diferentes perspectivas. Ao ampliar a capacidade de interpretação
dos fenômenos sociais, professor e alunos poderão superar o senso comum e
nele reconhecer o ponto de chegada do conhecimento, como proposto por
Sousa Santos (1998). Estudar sociologia pelo caminho da reflexão crítica,
contrastante dos fenômenos e de suas interpretações, desenvolve-se uma
percepção social apoiada em posicionamento cognitivo e maior sensibilidade
em face da realidade social desigual.
As aulas de Sociologia podem ser atraentes e despertar nos alunos
processos de identificação de problemas sociais que estão de forma jornalística
presentes nos meios de comunicação. Como encaminhamentos metodológicos
básicos para o ensino são propostos:
Aulas expositivas dialogadas; aulas em visitas guiadas a instituições e
museus;
Exercícios escritos e oralmente apresentados e discutidos;
Leituras de textos: clássico-teóricos, teórico-contemporâneos, temáticos,
171
didáticos, literários e jornalísticos;
Debates e Seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e
pesquisa: pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica;
Análises críticas: de filmes, documentários, músicas, propagandas de tv;
análise crítica de imagens (fotografias, charges, tiras, publicidade), entre
outros.
Destacam-se aqui alguns encaminhamentos metodológicos para o ensino
de Sociologia, os quais devem ser trabalhados com rigor metodológico para a
construção do pensamento científico e o desenvolvimento do espírito crítico:
pesquisa de campo; análise crítica de filmes e vídeos; leitura crítica de textos
sociológicos.
AVALIAÇÃO
A avaliação no ensino de Sociologia, pauta-se numa concepção
formativa e continuada, onde os objetivos da disciplina estejam afinados com
os critérios de avaliação propostos pelo professor em sala de aula.
Concebendo a avaliação como mecanismo de transformação social e
articulando-a aos objetivos da disciplina, pretende-se a efetivação de uma
prática avaliativa que vise “desnaturalizar” conceitos tomados historicamente
como irrefutáveis e propicie o melhoramento do senso crítico e a conquista de
uma maior participação na sociedade.
Pelo diálogo suscitado em sala de aula, com base em leitura teórica e
ilustrada, a avaliação da disciplina constitui-se em um processo contínuo de
crescimento da percepção da realidade à volta do aluno e faz do professor, um
pesquisador.
De maneira diagnóstica, a avaliação formativa deve acontecer
identificando aprendizagens que foram satisfatoriamente efetuadas, e também
as que apresentaram dificuldades, para que o trabalho docente possa ser
reorientado. Nesses termos, a avaliação formativa deve servir como
instrumento docente para a reformulação da prática através das informações
colhidas.
Nesse sentido, a avaliação deve ser continuada, processual, por estar
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presente em todos os momentos da prática pedagógica e possibilitar a
constante intervenção para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
O caráter diagnóstico da avaliação, ou seja, a avaliação percebida como
instrumento dialético da identificação de novos rumos, não significa menos
rigor na prática de avaliar. Transpostos para o ensino da Sociologia, esse rigor
almejado na avaliação formativa, conforme Luckesi (2005), significa considerar
como critérios básicos:
a) a apreensão dos conceitos básicos da ciência, articulados com a
prática social;
b) a capacidade de argumentação fundamentada teoricamente;
c) a clareza e a coerência na exposição das ideias sociológicas, no texto
oral ou escrito;
d) a mudança na forma de olhar e compreender os problemas sociais.
Os instrumentos de avaliação em Sociologia, atentando para a construção
da autonomia do educando, acompanham as próprias práticas de ensino e
aprendizagem da disciplina e podem ser registros de reflexões críticas em
debates, que acompanham os textos ou filmes; participação nas pesquisas de
campo; produção de textos que demonstrem capacidade de articulação entre
teoria e prática. Várias podem ser as formas, desde que se tenha como
perspectiva ao selecioná-las, a clareza dos objetivos que se pretende atingir,
no sentido da apreensão, compreensão, reflexão dos conteúdos pelo aluno e,
sobretudo, expressão oral ou escrita da sua percepção de mundo.
Assim, a avaliação em Sociologia busca servir como instrumento
diagnóstico da situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos
adequados para uma efetiva aprendizagem.
Estudar, aprender e ensinar Sociologia exige posicionamentos teórico-
metodológicos claros e concisos e também um posicionar-se frente à realidade
escancarada pelo conhecimento produzido. Não é esta uma questão de
aplicação direta, pragmática ou de ordenamento social, mas um “fazer avançar”
ideias em relação aos fenômenos sócio-históricos. São as explicações, as
interpretações sobre o real que fornecem os instrumentos para o mundo ser
transformado, recriado em novas bases.
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REFERÊNCIAS:
DIRETRIZES CURRICULARES DE SOCIOLOGIA
CASTRO, Ana M.ª. de; DIAS, E. Fernandes. (orgs.). Introdução ao
Pensamento sociológico: coletânea de textos de Durkheim, Weber, Marx e
Parsons. 9.ª ed. São Paulo: Moraes, 1992.
FERNANDES, Florestan. A Sociologia no Brasil. São Paulo: Petrópolis, RJ:
Vozes, 1977.
GUARESCHI, Pedrinho. Sociologia Crítica – Alternativas de Mudança. Edit.
Mundo Jovem.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia. 2.ªed. São Paulo: Cortez, 1993.
MICELI, Sérgio (org.). História das Ciências Sociais no Brasil (Volume 1). São
Paulo: Vértice, Editora Revista dos Tribunais: IDESP, 1989
SILVA, Ileizi L. F. Sociologia: Conteúdos e Metodologias de Ensino. (Proposta
Preliminar Para Discussão Na Semana Pedagógica Do Núcleo De Educação
De Londrina – 2003/2004). Londrina: Laboratório de Ensino de Sociologia;
Depto. Ciências Sociais da UEL, 2003, mimeo 12pp
SOCIOLOGIA / Diversos autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006
TOMAZI, Nelson D. (org.). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993.