PROPOSTA DE UMA POLITICA DE GESTÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO NO MUNICIPIO DE MORRO DA FUMAÇA/SC
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PROPOSTA DE UMA POLITICA DE GESTÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO NO MUNICIPIO DE MORRO DA FUMAÇA/SC
Diego Elias Estevam1 Willians Cassiano Longen2
1 Físico. Engenheiro de Materiais. Pós-Graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC.2 Fisioterapeuta e Ergonomista. Mestre em Ergonomia-UFSC. Doutor em Ciências da Saúde-UNESC. Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva-PPGSCol (Mestrado Profissional) da UNESC
RESUMO
INTRODUÇÃO: O descaso com a Segurança e Saúde Ocupacional tem, como principal consequência, a ocorrência de acidentes de trabalho evitáveis, ocasionando muitas vezes lesões graves para o trabalhador e, infelizmente, a perda de muitas vidas.OBJETIVO: Portanto, para intervir no contexto de saúde do trabalhador, é necessário combinar ações multidisciplinares que consolidem a busca pelo desenvolvimento humano e organizacional, com base nisso a prefeitura de Morro da Fumaça propôs uma Programa de Gestão de Segurança no Trabalho (PGST) para atuar dentro das empresas auxiliando elas nas questões de segurança. METODOLOGIA: O município disponibilizara servidores, para atuarem concomitantemente com os setores de segurança no trabalho promovendo treinamentos em segurança, inspeções periódicas, acompanhamento de dados e análise crítica pela administração. DISCUSSÃO: Como teste piloto, foi utilizado uma ferramenta do sistema PGST na empresa. Sendo a metodologia proposta observou-se uma melhoria no ambiente de trabalho tornando o mais seguro. CONCLUSÃO: O número total de acidentes de trabalho registrados no Brasil vem crescendo anualmente e é dever dos órgãos públicos e empresários criarem políticas para minimizar o numero de acidentes dos trabalhadores brasileiros.
Palavras-Chave: Segurança no Trabalho, Prevenção, Acidentes, Gestão.
ABSTRACT
INTRODUCTION: the neglect with the occupational safety and health has, as its main result, the occurrence of avoidable accidents at work, causing often severe injuries to the employee and, unfortunately, the loss of so many lives. PURPOSE: So, to intervene in the context of workers ' health, it is necessary to combine multidisciplinary actions to consolidate the search for organizational and human development, on the basis that the city of Morro da Fumaça proposed a safety management Program at work (PGST) to act within companies assisting them in matters of security. Methodology: the municipality had made available servers, to act concurrently with the sectors of safety at work by promoting safety training, periodic inspections, monitoring of data and critical analysis by the administration. DISCUSSION: as a test pilot, was used a system tool PGST in company. Being the proposed methodology showed an improvement in the working environment safer. CONCLUSION: the total
number of work accidents recorded in Brazil has been growing annually and it is the duty of public bodies and entrepreneurs create policies to minimize the number of accidents from Brazilian workers.
Key Words: Worker´s Health, Prevention, Accident, Management.
Introdução
O descaso com a Segurança e Saúde Ocupacional tem, como principal consequência,
a ocorrência de acidentes de trabalho evitáveis, ocasionando muitas vezes lesões
graves para o trabalhador e, infelizmente, a perda de muitas vidas. Além do impacto
emocional e social, soma-se o impacto econômico, consequência de dias de trabalho
perdidos, trabalhadores experientes e treinados incapacitados para o trabalho e
indenizações trabalhistas (PINHO, 2013).
Apesar dos progressos relevantes sobre saúde e segurança nos locais de trabalho em muitos países em todo o mundo, acidentes de trabalho continuam a ter consideráveis e desnecessárias consequências sobre os indivíduos e a sociedade (PORRU, S. et al., 2006, p. 177).
Ferramentas não obrigatórias com o objetivo de reduzir os acidentes de trabalho e
promover a saúde dos trabalhadores surgiram, portanto, com uma parcela importante
de participação do próprio mercado e dos sindicatos. Acredita-se que o desempenho
da segurança e saúde ocupacional pode ser melhorado através do planejamento,
implementação e desenvolvimento de políticas de prevenção de acidentes que
complementam as normas e programas obrigatórios sancionados pelo governo federal
Dejoy (2005, p. 106) ressalta duas abordagens distintas em relação à prevenção de
acidentes na última década, a primeira baseada em correção do comportamento dos
funcionários e a segunda baseada na cultura de segurança organizacional. O
Programa de Gestão de Segurança no Trabalho (PGST) pode, portanto, ser focado na
identificação e modificação de comportamentos inseguros dos trabalhadores ou ser
focado no desenvolvimento ou reforço da cultura de segurança e como esta influencia
o desempenho da segurança.
De acordo com Dejoy (2005), na abordagem behaviorista foca-se a modificação de
comportamentos críticos, que supostamente seriam os causadores de acidentes de
trabalho. Já a abordagem baseada na cultura de segurança organizacional tem como
destaque o suporte da alta gerência e "a ideia de que o bom desempenho da
segurança ocorre quando ela é plenamente aceita e integrada no sistema de gestão
da organização”.
A relação entre os efeitos das atividades profissionais sobre a saúde, o bem estar das
pessoas e a satisfação no trabalho vem ganhando importância, no âmbito das
organizações e espaço nas discussões acadêmicas, nas empresas, com valorização
dos ambientes e agentes neles presentes. Esta visão ambientalista incorpora
questões de saúde e trabalho de forma global (SILVA, BARRETO JUNIOR,
SANT’ANA, 2003; LIMONGI – FRANÇA, 2004).
Portanto, para intervir no contexto de saúde do trabalhador, é necessário combinar
ações multidisciplinares que consolidem a busca pelo desenvolvimento humano e
organizacional, com base nisso a prefeitura de Morro da Fumaça propôs uma PGST
para melhorar as condições e o ambiente de trabalho dentro das empresas através de
cursos de capacitação, consultorias, análises de risco. Além de reduzir os custos, o
gerenciamento eficaz do Serviço Especializado de Segurança e Medicina no Trabalho
(SESMT) e a promoção da eficiência dos negócios vinculados à Segurança do
Trabalho.
O município de Morro da Fumaça localiza-se na região sul do Estado de Santa
Catarina, Figura 3, a cerca de 180 km da capital Florianópolis, mais especificamente
na micro-região da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC).
Limita-se com os municípios de Içara, Sangão, Treze de Maio, Criciúma, Cocal do Sul
e Pedras Grandes. (CUNHA, 2002)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009) as
principais características do município são: Área: 82,935 km²; População: 16.126 hab.;
Densidade: 194, 5 hab./km²; Altitude média: 18m; Clima: Subtropical (Cfb), Bioma:
Mata Atlântica. Morro da Fumaça tem uma economia diversificada, onde na agricultura
as produções de fumo e de arroz se destacam. A pecuária bovina é voltada para a
produção de leite e corte. O comércio se fortaleceu com o crescimento do município,
mas a produção industrial baseada na cerâmica vermelha continua sendo o destaque
econômico empregando, aproximadamente, 13% da população do município
(MACCARI, 2005). Maccari (2005) ainda destaca que o expressivo volume de argila
encontrado em Morro da Fumaça foi um dos fatores determinantes para a expansão
do setor oleiro: “O município possui 8.400 hectares de terra, sendo que 2/3
apresentam o solo podzólico (areão) e 1/3 apresenta o solo glei húmico (argila) [...]
este solo é utilizado principalmente na produção de tijolos e telhas [...]”. Cunha (2002)
ressalta como fatos que propiciaram a crescimento das olarias no município: a
expansão da rede elétrica, que ajudou a instalações em lugares distantes do perímetro
urbano; a dragagem do rio Urussanga, com exposição de grande extensão de várzea,
possibilitando a extração de argila nas áreas expostas; a vinda de maquinários de
outras fábricas do país, o que permitiu a automatização do setor; conclusão da BR
101, facilitando o escoamento da produção e permitindo o acesso a outro mercados; a
criação do Banco Nacional de Habitação- BNH, impulsionando a construção civil
(FELIPE, 2010).
O Programa de Gestão e Segurança no Trabalho deve ser visto como uma ferramenta
gerencial que contribua para a melhoria no desempenho das empresas em relação as
questões de saúde e segurança no trabalho. Esse programa visa através de métodos
seguros melhorar as condições de trabalho, independentemente da profissão ocupada
pelo trabalhador, fazendo com que executem suas atividades com eficiência,
satisfação e consequentemente com maior produtividade, promovendo uma
abordagem sistêmica ajustando o programa ao longo do tempo permitindo que as
decisões sobre o controle e a redução dos riscos sejam progressivamente
aperfeiçoadas.
Metodologia
A metodologia proposta nesse artigo segue as orientações apresentadas pela OIT
(Organização Internacional do Trabalho) em 2007 quando o Conselho de
Administração reafirmou as linhas orientadoras OIT-SST da 2001 que estabelecem um
modelo único a nível internacional em Sistema de Gestão em Saúde e Segurança no
Trabalho. O programa de gestão visa dar suporte e estruturar todas as pequenas
médias e grandes empresas localizadas no Município, na qual por lei estão
dispensadas da criação de um SESMT por exemplo, mas desejam promover a
segurança dos seus trabalhadores. A apresentação e implantação do plano será feita
através de reuniões dentro de cada nível hierárquico das empresas.
O município disponibilizara servidores, para atuarem concomitantemente com os
setores de segurança no trabalho de cada empresa a fim de promover a Integração da
filosofia entre Prefeitura e empresa referente a segurança e medicina do trabalho.
Abaixo são listados alguns procedimentos inicias que devem ser aplicado nas
empresas participantes conforme tabela abaixo.
Cronograma de Implantação:
Fonte: Elaboração do Autor, 2015
DISCUSSÃO
A Política de Gestão em Segurança no Trabalho (PGST) possui um conceito amplo
podendo atender as necessidades de qualquer empresa que deseja promover a
segurança de seus funcionários. Sendo assim empresa Apache Ind. De Ferramentas
Ltda que atua no ramo metalúrgico desenvolvendo produtos voltados para redes
elétricas de alta e baixa tensão e conta com 10 funcionários diretos foi objeto de
estudo. Após uma análise in loco e atendendo a solicitação do empresário que
desejava implantar o sistema de 5s em sua empresa foi elaborado um piloto no setor
de prensagem.
Implantação do 5S
A implantação do piloto referente ao 5s se deu em uma prensa hidráulica no setor de
produção da empresa, definiu-se uma metodologia de trabalho baseado nos conceitos
do Ciclo PDCA de Controle de Processo, composto de quatro fases:
Planejamento (P) - Estabelecer as metas sobre os itens de controle; estabelecer a
maneira (caminho, método) para se atingir as metas propostas; subsidiar
condições/recursos necessários para que se consiga seguir aquele método previsto.
Execução (D) - Execução das tarefas exatamente como prevista no plano e coleta de
informações/dados para verificação do processo. Nesta etapa é essencial o
treinamento no trabalho decorrente da fase de planejamento.
Verificação (C) - A partir dos dados coletados na execução, compara-se o resultado
alcançado com a meta planejada.
Atuação corretiva (A) - Esta é a etapa onde o usuário detectou desvios e atuará no
sentido de fazer correções definitivas, de tal modo que o problema nunca volte a
ocorrer.
Com base nisso foi definido um questionário para avaliação do ambiente de trabalho
bem como a avaliação do próprio funcionário. Conforme visita na empresa foram feitas
algumas ilustrações do ambiente de trabalho, antes da aplicação do programa de
qualidade.
Figura 1 - Ambiente Inicial
Fonte: Elaboração do Autor, 2015.
Utilizando a metodologia do 5s foi feito uma avaliação inicial do cenário antes da
aplicação da ferramenta, conforme figura 1. Após aplicação da ferramenta já podemos
perceber o quanto melhorou o ambiente de trabalho.
Melhorias Aplicadas ao Ambiente de Trabalho
Esses benefícios foram visualizados após o início das atividades/intervenções
associadas ao programa 5s:
Liberação de espaços;
Redução de custos;
Maior segurança com redução de riscos através da prevenção de acidentes e
conscientização;
Otimização de tempo;
Maior facilidade para visualização de itens de maneira que se consiga reduzir
os Esforços;
Acesso rápido e fácil aos itens necessários para desempenhar as tarefas;
Melhoria no relacionamento interpessoal;
Figura 2 - Ambiente Final
Fonte: Elaboração do Autor, 2015.
AVALIAÇÃO DO CENÁRIO FINAL COM BASE NOS 5S
Comparando os dados inicias com as melhorias acima citadas podemos verificar no
quadro 1 o percentual de melhoria no setor da empresa.
Quadro 1 - Comparativo entre as avaliações do Programa 5s
5 SENSOS% ANTES DA
IMPLANTAÇÃO
% DEPOIS DA
IMPLANTAÇÃO
1º Senso: UTILIZAÇÃO 0 80
2º Senso: ORDENAÇÃO 40 90
3º Senso: LIMPEZA 20 80
4º Senso: HIGIENE 20 60
5º Senso: DISCIPLINA 20 100
Fonte: Elaboração do autor, 2015.
Conforme análise do quadro comparativo, podemos perceber que com exceção do 5º
senso os outros não atingiram 100% de melhoria, isso nos trás a indicação de que
devemos continuar a aplicação do programa visando aperfeiçoar o método e melhorar
ainda mais os indicadores.
CONCLUSÃO
As políticas de incentivos governamentais para a promoção da saúde e segurança no
trabalho no Brasil não são suficientes para o numero de acidentes que acometem os
trabalhadores brasileiros, pensando nisso foi proposto nesse artigo uma alternativa
para mudar o cenário nacional e cobrir as lacunas deixadas pela forma tradicional de
regulamentação da segurança no trabalho.
Com a evolução da preocupação com a segurança dos trabalhadores vários
mecanismos sistêmicos de gestão em segurança apareceram de forma promover a
saúde do trabalhador.
A experiência mostra que um PGST é um instrumento lógico e útil de promoção da
melhoria contínua no funcionamento a nível organizacional de qualquer empresa. As
peças chaves para que a sua aplicação seja bem sucedida deve haver o compromisso
da parte da direção e a participação ativa dos trabalhadores durante a implementação
e manutenção, assim espera-se que cada vez mais empresas integrem o PGST, como
um meio de promover estrategicamente o desenvolvimento de mecanismos
sustentáveis para aperfeiçoamento de suas organizações.
REFERENCIAS
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