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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS PROJETO: MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA E DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA (AquaBio) Sistema de Acompanhamento da Biodiversidade Aquática e Plano Preliminar de Monitoramento e Avaliação (Produto 3 – Relatório Final) Lauro Bassi Consultor Brasília, Dezembro de 2004

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS

PROJETO: MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTIC A

E DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA (AquaBio)

Sistema de Acompanhamento da Biodiversidade Aquática e Plano Preliminar de Monitoramento e Avaliação

(Produto 3 – Relatório Final)

Lauro Bassi Consultor

Brasília, Dezembro de 2004

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................................................... 4 2. Experiências em Monitoramento e Avaliação da Biodiversidade e Análise Institucional ...................................... 5

2.1 – Experiências em M&A de projetos de cooperação internacional na Região Amazônica .............................. 5 2.1.1 - Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea - ProVarzea.............................................................. 5 2.1.2 – Projeto Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia – ProManejo ......................................... 7 2.1.3 – Sistema de Monitoramento ambiental nas nascentes do Araguaia......................................................... 8 2.1.4 – Bases Ecológicas, Tecnológicas e Sócio-Econômicas para o Manejo Sustentável de Peixes Ornamentais e Quelônios na Bacia do Rio Negro (Projeto PIABA).................................................................. 9 2.1.5 - Projeto de Pesquisa: Quelônios amazônicos: Ecologia, conservação e manejo.................................... 10 2.1.6 – Projeto JUFARI ...................................................................................................................................11 2.1.7 – Projeto Janelas para a Biodiversidade.................................................................................................. 11 2.1.8 - Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável a Jusante da UHE Tucuruí........................................ 12 2.1.9 – Programa Xingu...................................................................................................................................12 2.1.10 – Programa Rio Negro (PRN)............................................................................................................... 13

2.2 – Considerações sobre as experiências analisadas e sua importância para o AquaBio................................... 13 2.3 – Considerações sobre as instituições analisadas e seu potencial para apoiar o AquaBio .............................. 14 2.4 – Deficiências institucionais e fatores limitantes e possíveis alternativas para superação dos mesmos ......... 18

3. Modelos conceituais .............................................................................................................................................. 21 3.1 - Transporte de sedimentos e material poluente e seu impacto sobre os recursos hídricos e biota aquática nas cabeceiras do Xingu.............................................................................................................................................. 21 3.2 – Impacto da atividade antrópica sobre os recursos hídricos e biota aquática no médio e baixo rio Negro ... 22 3.3 – Impactos da atividade antrópica sobre os recursos hídricos e biota aquática no baixo rio Tocantins.......... 22

4. Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA) ........................................................................ 24 4.1 – A biodiversidade e sua importância............................................................................................................. 24 4.2– Elementos da biodiversidade aquática conhecidos ....................................................................................... 27 4.3 – Estratégia de ação ........................................................................................................................................ 28

4.3.1 – Elementos da biodiversidade (indicadores) propostos para acompanhamento .................................... 28 4.3.2 – Qualidade da água................................................................................................................................29 4.3.3 – Base científica para a seleção dos indicadores..................................................................................... 29 4.3.4 – Estudos para definir padrões de indicadores de monitoramento da biodiversidade aquática............... 33 4.3.5 – Estratégia metodológica....................................................................................................................... 33

5. Sustentabilidade do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática ................................................... 35 5.1 - Sustentabilidade............................................................................................................................................ 36

5.1.1 - Sustentabilidade Financeira .................................................................................................................. 36 5.1.2 - Sustentabilidade institucional ............................................................................................................... 37

6. Plano preliminar de monitoramento e avaliação (M&A) ..................................................................................... 38 6.1 – Objetivos do Plano de M&A ....................................................................................................................... 38 6.2 - Estratégia metodológica ............................................................................................................................... 38

6.2.1 – Cabeceiras do rio Xingu....................................................................................................................... 38 6.2.2 – Médio e baixo rio Negro ...................................................................................................................... 39 6.2.3 – Baixo rio Tocantins..............................................................................................................................39

6.3 - Indicadores ................................................................................................................................................... 40 6.4 - Área de abrangência do Monitoramento e Avaliação................................................................................... 48 6.5 - Beneficiários................................................................................................................................................. 48

7. Ações comuns ao Monitoramento e Avaliação (M&A) e ao Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA)......................................................................................................................................................... 49

7.1 - Arranjos institucionais.................................................................................................................................. 49 7.2 - Estratégia operacional .................................................................................................................................. 51

7.2.1 – Seminário inicial .................................................................................................................................. 51 7.2.2 – Elaboração do marco zero.................................................................................................................... 51 7.2.3 – Execução do Plano de Monitoramento e Avaliação e do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática..................................................................................................................................52

7.3 – Banco de dados e Sistema de Informações Geográficas (SIG).................................................................... 54 7.3.1 - Transmissão de dados........................................................................................................................... 54

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7.3.2 - Banco de dados e SIG........................................................................................................................... 54 7.4. Mecanismos/iniciativas de facilitação existentes........................................................................................... 57 7.5 - Gerenciamento das ações e divulgação das informações ............................................................................. 57

8. Avaliação externa.................................................................................................................................................. 59 9. Custos do SIBA e Plano de M&A .......................................................................................................................... 59 10. Bibliografia ......................................................................................................................................................... 60 Anexo 1. Atividades, resultados e metas do SIBA e M&A......................................................................................... 62 Anexo 2. Marco lógico do sub-componente M&A e SIBA ...................................................................................... 63 Anexo 3. Planilha de custos estimados para o Plano de M&A e SIBA ..................................................................... 65

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1. Introdução

O presente documento se constitui no terceiro produto desta consultoria (Relatório Final) tendo sido elaborado no

âmbito do contrato profissional que objetivou assistir à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do

Meio Ambiente no levantamento, análise e sistematização de experiências em monitoramento e avaliação de

projetos de cooperação internacional, com ênfase em meio ambiente, formatação de um Sistema de Informações

sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA) e desenho do Plano Preliminar de Monitoramento e Avaliação (M&A) do

Projeto Manejo Integrado da Biodiversidade Aquática e dos Recursos Hídricos na Amazônia (AquaBio). As

orientações constam nos termos de Referência.

Os Planos de M&A e SIBA apresentados se constituem em propostas que poderão vir a se concretizar sempre que

houver condições e interesse tanto do AquaBio, como das instituições consideradas e dos moradores locais.

O Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática se constitui em objetivo a ser consolidado ao longo dos

seis anos de atuação do AquaBio para o qual adotará uma estratégia que permita a apropriação do sistema pelas

instituições que atuam na Amazônia em forma permanente (governamentais e não) e pelas organizações locais.

O Marco Lógico do Projeto, que fornece os indicadores de impacto e meios de verificação, forma a base do Plano

de M&A e SIBA que se desenvolverão num processo participativo junto às comunidades locais, buscando também

uma integração planejada com outros projetos de manejo dos recursos naturais que estão sendo executados

contemporaneamente ao Projeto AquaBio. Também incorporará experiências e lições aprendidas de projetos

similares já desenvolvidos na região Amazônica.

As lições aprendidas serão disseminadas no âmbito do projeto e da sociedade, com a expectativa de que sejam

incorporadas nas políticas públicas relacionadas ao manejo dos recursos naturais e de conservação da

biodiversidade aquática da Amazônia, garantindo sua continuidade após a conclusão do Projeto.

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2. Experiências em Monitoramento e Avaliação da Biodiversidade e Análise Institucional

O produto intermediário desta consultoria (desk study) teve como objetivo realizar um estudo para conhecer

experiências em monitoramento e avaliação da biodiversidade no âmbito internacional, nacional e regional (região

selecionada para atuação do Projeto AquaBio), no sentido de buscar elementos e lições aprendidas que possam

apoiar na consecução dos objetivos do Projeto. Foram analisadas dez experiências internacionais, nove nacionais e

dez na região Amazônica. As experiências em monitoramento e avaliação de projetos de cooperação internacional

na área de meio ambiente na Amazônia são destacadas neste relatório final.

A revisão baseou-se em experiências de programas de monitoramento, projetos, pesquisas e estudos relacionados à

biodiversidade (especialmente aquática). Para tanto foram consultados documentos disponibilizados pela equipe do

projeto, pesquisadas publicações científicas e relatórios de projetos realizados, bem como informações da Internet.

A grande maioria das experiências em monitoramento e pesquisa da biodiversidade é de âmbito regional, com

escala temporal de longo prazo (especialmente em nível internacional). Todas as experiências têm propósitos

similares de aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade para permitir o melhor manejo da paisagem.

O estudo intermediário incluiu uma análise resumida sobre as instituições com atuação na região Amazônica,

incluindo suas experiências e seu potencial para atuar em parceria tanto no estabelecimento de um Sistema de

Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA) como no apoio ao Plano de Monitoramento e Avaliação

(M&A).

2.1 – Experiências em M&A de projetos de cooperação internacional na Região Amazônica

Nas três áreas previstas para intervenção do Projeto AquaBio (Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e

rio Tocantins – jusante da UHE de Tucuruí) estão sendo ou foram desenvolvidos diversos projetos ligados ao

manejo dos recursos naturais e monitoramento ambiental dos ecossistemas terrestre e aquático. Os projetos

estudados na região amazônica são ou foram financiados por organismos internacionais, notadamente o GEF,

BIRB, BID e bancos privados da Europa.

2.1.1 - Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea - ProVarzea

O Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVarzea) é um projeto do Programa Piloto para Proteção

das Florestas Tropicais do Brasil (PPG 7, executado pelo IBAMA, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente

e financiado pelos Fundo Fiduciário para a Floresta Tropical (RFT) do Banco Mundial, Departamento do

Desenvolvimento Internacional (DFID) do Reino Unido, Agência de Cooperação Alemã (GTZ), Banco de

Reconstrução do Governo Alemão (KFW) e o Governo Brasileiro.

O objetivo do ProVarzea é estabelecer bases científica, técnica e política para a conservação e o manejo ambiental e

socialmente sustentável dos recursos naturais da várzea, na calha central da bacia amazônica, com ênfase nos

recursos pesqueiros. Ao fim de sua execução o Projeto prevê que seus resultados venham influenciar mudanças nas

políticas públicas ambientais, além de favorecer o desenvolvimento de meios de vida sustentáveis e o

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melhoramento dos sistemas relacionados ao monitoramento e controle e a promoção de co-gestão em áreas de

várzea.

Tem como meta promover a conservação e o uso racional dos recursos da várzea com ênfase nos recursos

pesqueiros, atuando na calha do rio Solimões – Amazonas, junto aos rios de águas brancas1. O Projeto tem

identificado muitos problemas relacionados ao manejo dos recursos naturais da várzea, que se refletem na

qualidade do ambiente, gerando também impacto nas condições sócio-econômicas dos moradores locais.

Especialmente em relação aos recursos pesqueiros, o projeto identificou indícios de sobrepesca particularmente nas

espécies que têm sofrido maior esforço pesqueiro como a Piramutaba (Brachyplatystoma vailantii), o Tambaqui

(Colossoma macropomum) e o Pirarucu (Arapaima gigas). Essas espécies têm em comum o fato de serem muito

apreciadas para o consumo, atingirem tamanhos relativamente grandes e possuírem uma baixa taxa de crescimento.

Dentre seus componentes, consta o de implantar um sistema piloto de monitoramento e controle descentralizado e

participativo em duas áreas localizadas em Santarém/PA e Parintins/AM, tendo como sub-componentes a

Estatística Pesqueira, os Agentes Ambientais Voluntários e o Sistema de Informações Geográficas, os quais são

detalhados a seguir.

Detalhamento do Sistema de Monitoramento do ProVarzea

a) Implantação de um Sistema de Informações Geográficas para a Várzea

Este sub-componente está sendo desenvolvido pelo Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA e conta com o

apoio técnico de outras instituições parceiras. Dentre as atividades previstas constam: (i) Definição e caracterização

das variáveis físico-ecológicas da várzea que deverão compor o banco de dados do Sistema de Informação

Geográfico; (ii) Geração das bases de dados georeferenciados sobre informações sócio-econômicas, uso e cobertura

do solo na área do município de Santarém/PA; (iii) Mapeamento da base cartográfica (escala 1: 250.000 e 1:

100.000) nas áreas piloto de Santarém/PA e Parintins/AM.

b) Agentes Ambientais Voluntários

O ProVarzea está promovendo o treinamento de usuários dos recursos naturais para atuarem no controle e

fiscalização, através da figura dos Agentes Ambientais Voluntários credenciados pelo IBAMA. A Instrução

Normativa nº 19 que foi publicada em 05/11/2001 define a competência dos Agentes Ambientais Voluntários e

estabelece normas de procedimentos das ações fiscalizatórias, bem como para a tramitação e controle dos Autos de

Constatação lavrados.

c) Estatística Pesqueira

Tem como objetivo monitorar o desembarque pesqueiro nos principais portos de desembarque ao longo do

Solimões - Amazonas de maneira a subsidiar as medidas de ordenamento pesqueiro na região. Para tanto o Projeto

fortaleceu sistemas de coleta de dados sistemáticos de captura e esforço em alguns pontos, a partir das atividades de

1 Rios de águas brancas são aqueles que transportam grande quantidade de sedimentos erodidos dos recentes terrenos andinos, local onde se encontram suas cabeceiras.

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vários outros projetos e instituições, tais como Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do

Amazonas (UFAM), Instituto Amazônico de Manejo dos Recursos Ambientais (IARA) e Sociedade Civil

Mamirauá (SCM). O sistema foi implantado em 16 municípios ao longo da calha do Solimões - Amazonas.

2.1.2 – Projeto Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia – ProManejo

O Projeto "Apoio ao Manejo Florestal Sustentável na Amazônia – ProManejo", iniciou em 1999 e tem testado e

desenvolvido estratégias inovadoras relacionadas com o manejo sustentável de Florestas Tropicais na Amazônia.

Tem como objetivo geral apoiar o desenvolvimento e a adoção de sistemas sustentáveis de manejo florestal na

Amazônia, com ênfase na exploração de produtos madeireiros, através de ações estratégicas e experiências pilotos

em áreas prioritárias.

O ProManejo é executado pelo IBAMA, através da sua Diretoria de Florestas, e pelo Ministério do Meio Ambiente,

junto à Secretaria de Biodiversidade e Florestas por meio da Diretoria do Programa Nacional de Florestas. Dentre

os componentes, o Projeto buscou desenvolver e testar um Sistema Piloto de Controle e Monitoramento da

Atividade Madeireira na Amazônia, com os objetivos de: (i) Desenvolver e testar métodos e instrumentos para

controlar e monitorar a atividade madeireira; (ii) Apoiar a capacitação em práticas de controle da atividade

madeireira.

O sistema foi implantado através de uma estratégia dividida em três fases:

Fase 1 - Análise do Sistema Atual e Apresentação do Sistema Piloto. O sistema atual vinha sendo desenvolvido

pelo IBAMA e OEMA’s nos estados do Amazonas e Pará.

Fase 2 - Desenvolvimento do Sistema com a elaboração dos manuais operacionais contendo todos os

procedimentos técnicos para as práticas de campo, rotinas de gestão da informação no escritório, além de técnicas e

métodos de análise da informação (analógica e digital).

Fase 3 - Teste de Campo com a implantação da infra-estrutura necessária básica para operar o sistema, treinamento

dos técnicos que atuam no teste de campo e realização das atividades piloto de vistoria técnica, fiscalização,

gerenciamento da informação no escritório, análise de documentos, atividades de monitoramento da atividade

madeireira, usando as normas, procedimentos e rotinas de trabalho definida nos manuais desenvolvidos para o

sistema.

Como funciona o sistema:

Módulos Terminais Móveis de Comunicação operados pelos funcionários das empresas madeireiras, com a

finalidade de realizar a prestação de contas da produção florestal, através do preenchimento do formulário

eletrônico nos terminais de comunicação presentes nos veículos (balsas e caminhões).

Módulo Central de Processamento e Armazenamento dos Dados composto de servidores, antenas de transmissão e

recebimentos de dados com a responsabilidade de gerenciar o banco de dados referente aos Planos de Manejo e

Autorizações de Exploração, além de receber, processar, armazenar e distribuir os dados.

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Módulo Sala de Controle e Monitoramento operada pelos técnicos do IBAMA, com a função de monitorar a

prestação de contas apresentada pelas empresas madeireiras, alimentar o banco de dados com informações

cadastrais dos Planos de Manejo e monitorar o transporte de madeira com o intuito de verificar fraudes e problemas

em relação a legalidade da origem da madeira.

Algumas lições aprendidas:

i) É necessário incorporar o uso da infra-estrutura já existente;

ii) A participação de técnicos e consultores tem sido importante na disseminação dos projetos de controle de

desmatamento e queimadas;

iii) A falta de prioridade para o controle resulta em escassez de recursos e outros entraves ao trabalho dos órgãos

ambientais;

iv) Resistência à mudança no sistema tradicional de controle;

v) Novos métodos estão atrelados ao apoio de determinados gerentes e fica fragilizado, quando ocorrem mudanças

de funções.

2.1.3 – Sistema de Monitoramento ambiental nas nascentes do Araguaia

O Projeto é conduzido pela The Nature Conservancy (TNC) que é uma organização não-governamental criada em

1951 nos Estados Unidos para proteger a diversidade biológica da Terra. No Brasil, onde atua desde o final dos

anos 80, a TNC apóia organizações brasileiras, desenvolvendo abordagens específicas e distintas para contribuir

com a proteção das unidades de conservação brasileiras (UPGREN, 2004). Apesar de ser um projeto que se

desenvolve no estado do Goiás, foi incluído neste relatório tanto pela proximidade com a região de atuação do

AquaBio, como pela metodologia de monitoramento que poderá ser implementada pelo Projeto AquaBio.

O sistema de Monitoramento de macroinvertebrados está associado ao Projeto AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

E CONSERVAÇÃO que se desenvolve na região do entorno do Parque Nacional das Emas-GO. Tem como

objetivo a compatibilização do desenvolvimento rural com a conservação dos recursos naturais do Cerrado,

preconizando a redução do uso de agrotóxicos, redução do uso de adubos e corretivos, redução do uso de energia

não renovável, diminuição de uso das áreas remanescentes do Cerrado e maior rentabilidade nas atividades

agropecuárias.

O sistema consta de três partes: uma que analisa a qualidade da água; uma que avalia a biota aquática (macro

invertebrados) e uma terceira que avalia a condição física do rio e da zona ribeirinha. Com estas três partes é

possível ter uma perspectiva holística do status biológico das nascentes do Rio.

O objetivo do projeto é fornecer uma avaliação da saúde do rio e medir os efeitos da agropecuária e das práticas de

conservação dos solos na qualidade da água e do sistema ribeirinho.

Especificamente o Projeto busca: (i) Desenvolver uma estratégia de monitoramento que seja viável sob o ponto de

vista de custos e logística; (ii) Fornecer um plano de avaliação que possa ser incorporado ao monitoramento já

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executado pela Agência Ambiental do estado de Goiás; (iii) Medir os efeitos das melhores práticas agrícolas na

saúde do rio e na qualidade das águas.

Como funciona o sistema:

PARTE 1: A qualidade da água

Parâmetros físico-químicos que medem a qualidade d’água como oxigênio dissolvido, turbidez, pH, etc, são

analisados de duas maneiras: diretamente no campo usando sonda para medir os parâmetros e fazendo coletas

d’água para analisar no laboratório. A qualidade da água é analisada seguindo os protocolos usados pela Agência

Ambiental do Estado, para que os dados possam ser comparados com os dados de outros rios.

PARTE 2: Uma avaliação visual do rio, com ênfase nos parâmetros físicos e biológicos

A avaliação visual se constitui em uma maneira fácil de analisar a saúde do rio. Está concentrada nos parâmetros

físicos e biológicos. Nesta avaliação, onze elementos do habitat são analisados e recebem um escore de 1

(qualidade muita baixa) a 10 (qualidade muita alta). O escore final é obtido pela divisão do total dos escores pelo

número de elementos analisados. Este tipo de avaliação tem tido êxito em estudos na América do Norte e América

Central, inclusive em ecossistemas tropicais.

PARTE 3: A condição da biota aquática (macroinvertebrados)

Análises dos macroinvertebrados são comuns em avaliações dos rios porque a presença de espécies que são

tolerantes ou intolerantes às águas poluídas por sedimento, nutrientes, etc, são indicadores da saúde do rio. No

Cerrado, os macroinvertebrados são sensíveis aos sedimentos trazidos ao rio e assim podem ser usados para avaliar

o efeito da erosão dos solos na biota aquática.

2.1.4 – Bases Ecológicas, Tecnológicas e Sócio-Econômicas para o Manejo Sustentável de Peixes Ornamentais e Quelônios na Bacia do Rio Negro (Projeto PIABA)

Desde 1989, professores, pesquisadores e estudantes da Universidade do Amazonas (UFAM) e do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) têm implementado o Projeto Piaba no município de Barcelos (AM)

para estudar a biodiversidade e uso dos peixes ornamentais da bacia do rio Negro. O projeto atua promovendo a

conservação dos peixes amazônicos e seus habitats através de programas de cooperação com outras instituições,

voluntários, eco-turistas, aquariófilos e programas educativos em aquários públicos.

O Projeto tem estudado as características do ecossistema aquático da bacia do médio Rio Negro, identificando suas

variações espaciais e temporais, ou seja, a morfologia do canal do rio e as características do pulso de inundação das

planícies aluviais, que são habitat das espécies ornamentais e outras. Busca-se determinar também as barreiras

físicas e químicas que impedem a dispersão da fauna aquática, visando identificar os fatores de manutenção da

biodiversidade do sistema fluvial. Também são estudados os itens alimentares na bacia do Rio Negro (cadeia

trófica, ou alimentar), que sustentam as populações de peixes ornamentais e quelônios.

A meta geral tem sido promover uma pescaria comercialmente e ecologicamente sustentável e ajudar a reduzir o

uso destrutivo da terra e migração urbana na bacia do médio Rio Negro. Desde sua criação, em 1998, o Projeto

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PIABA recolheu as informações biológicas necessárias para entender o impacto da pesca. As ameaças potenciais à

sustentabilidade podem ser aliviadas pelo manejo. Isto implica numa ação mais complexa do Projeto desde o

entendimento do ecossistema aquático, a cultura e economia local bem como o mercado internacional dos peixes

ornamentais.

Os estudos e levantamentos realizados pelo Projeto identificaram mais de 170 espécies de peixes que sustentam a

pesca ornamental (piabas), sendo que algumas são de vida curta e altamente adaptadas à sazonalidade do ciclo

hidrológico. Segundo o Projeto, o mais abundante é o cardinal que se reproduz em número suficiente durante a

estação das chuvas para sustentar uma pesca anual de 20 milhões de indivíduos desde 1980. O monitoramento do

Projeto PIABA não identifica evidência de que o cardinal ou outras espécies ornamentais tenha declinado

significativamente como resultados da exploração.

2.1.5 - Projeto de Pesquisa: Quelônios amazônicos: Ecologia, conservação e manejo

Conduzido pela Universidade Federal do Pará (UFPA), através do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA).

O Projeto tem por objetivos fornecer subsídios científicos para o aprimoramento de práticas de manejo de

quelônios aquáticos desenvolvidas por comunidades ribeirinhas na bacia amazônica. Busca também monitorar as

populações manejadas pelos moradores locais, avaliando a efetividade do manejo e seus resultados sobre os

estoques.

A estratégia metodológica do Projeto consta das seguintes ações:

a) Treinamento de monitores e levantamento etnoecológico que inclui as atividades: (i) Mapeamento, marcação e

monitoramento de ninhos; (ii) Coleta de dados sobre habitat e microhabitat onde os ninhos são construídos; (iii)

Translocação de ninhos ameaçados por alagamento; (iv) Coleta e soltura dos filhotes; (v) Pesca experimental com

captura, marcação e soltura de animais nos distintos habitats aquáticos nas áreas de estudo.

b) Monitoramento da atividade extrativista. As informações são obtidas através de entrevistas baseadas em

conversas informais e, posteriormente, com questionários sobre formas de uso, recordações da última pescaria,

caçada e coleta, e das duas últimas refeições. São abordadas questões sobre a história do uso destes recursos, com

ênfase nas tecnologias de captura e no seu peso relativo na renda familiar, sobre os habitats e microhabitats onde

cada espécie é encontrada ou abatida, e sobre sua utilização e importância atuais, como alimento ou fonte de renda.

Os questionários de recordação de pescarias e caçadas são reaplicados com cada morador que exerça

cotidianamente a caça e a pesca, a cada visita à comunidade.

c) Ecologia reprodutiva, que inclui: (i) Mapeamento dos locais de desova; (ii) Captura, manuseio e determinação do

sexo dos filhotes; (iii) Monitoramento das temperaturas do substrato e dos ninhos; (iv) Tratamento estatístico.

d) Avaliação populacional utilizando pesca experimental com armadilhas do tipo Hooper, redes de espera

(malhadeiras), redes do tipo “capa-saco” e redes de cerco.

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2.1.6 – Projeto JUFARI

O Projeto Jufari engloba uma área de cerca de 50.000 ha na região do médio rio Negro e seus afluentes Jufari,

Demeni e Padauiri. As terras englobam os municípios de Caracaraí (RR) e Barcelos (AM). Os únicos acessos são

por via fluvial e aérea. O clima é tropical chuvoso, de pequena variação anual de temperatura com temperatura

média no mês mais frio superior a 18° C e precipitação atmosférica anual média de 2650 mm. A variação anual do

nível dos rios locais de cheia a vazante oscila entre 5 e 8 metros. Este projeto é uma proposta do Instituto Caiuá de

Gestão Ambiental, com sede no Rio de Janeiro.

O Instituto Caiuá de Gestão Ambiental propõe desenvolver e executar um plano de manejo em áreas ainda pouco

degradadas da Amazônia brasileira, que integre a preservação e a exploração, garantindo a sustentabilidade das

ações humanas, gerando um desenvolvimento econômico e reduzindo a miséria e a pressão antrópica sobre o bioma

floresta tropical.

A área apresenta uma interessante combinação de vastas florestas densas de terra firme, extensos castanhais, matas

de igapó, chavascais, buritizais e campinaranas. As terras são banhadas principalmente por rios de água preta, mas

também por rios de água branca como o rio Demeni. Estes diferentes habitats criam uma excepcional

biodiversidade.

O Projeto JUFARI compreende dez fases das quais destaca-se a Fase II que se relaciona mais diretamente ao

monitoramento e avaliação da biodiversidade:

Fase II – Diagnóstico Ambiental

Tem por objetivo implementar um Sistema de Informação Geográfica (SIG) baseado num mapa de referência da

área, na escala de 1:100.000, referenciado com informações sobre topografia, geologia, vegetação, comunidades

humanas e seu uso da terra, etc. Todas as informações obtidas através dos diversos diagnóstico ao longo do projeto

deverão ser integradas ao sistema digital de informação.

Deverá ser feita uma caracterização primária da flora e fauna da área em questão, seguida de inventários ("Rapid

Ecological Assessments") dos principais grupos florísticos e faunísticos. Serão escolhidas áreas representantes de

cada ecossistema e detalhados em sua composição biológica.

Serão definidas categorias de zoneamento ecológico para estabelecer-se um plano de manejo integral. Também

serão definidos estudos de acompanhamento ecológico de média duração e estudos sobre a biodiversidade e sua

evolução.

2.1.7 – Projeto Janelas para a Biodiversidade

O Projeto Janelas para a Biodiversidade atuou em planejamento e pesquisa, com o objetivo de desenvolver uma

estratégia para inventariar e monitorar a biodiversidade, e o uso dos recursos naturais, pelos residentes do Parque

Nacional do Jaú (PNJ). O projeto contou com a participação de pesquisadores de várias instituições, como o

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade

de Campinas (UNICAMP) e Universidade de São Paulo (USP). Foi implementado pela Fundação Vitória

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Amazônica (FVA) entre 1999 e 2002, em parceria com o IBAMA e com apoio da WWF-Brasil e do Programa

USAID.

Principais resultados obtidos:

(i) Implementação de 10 projetos de pesquisas na região do Parque Nacional do Jaú; (ii) Desenvolvimento de uma

metodologia para estudos de biodiversidade em escala regional; (iii) Publicação de um livro relatando as

experiências do Projeto, intitulado: “Janelas para a Biodiversidade no Parque Nacional do Jaú – Uma

Estratégia para o Estudo da Biodiversidade na Amazônia” . O livro reúne contribuições de 31 pesquisadores das

áreas biológicas e sociais representando a FVA e outras importantes instituições de pesquisa como o Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM). As diretrizes gerais

do projeto estão sendo propostas para a consolidação do programa de pesquisa para o Parque Nacional do Jaú,

previsto no Plano de Manejo da Unidade (BORGES et al, 2004).

2.1.8 - Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável a Jusante da UHE Tucuruí

O Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável a Jusante da UHE de Tucuruí beneficiará 9 municípios à jusante

da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Cametá, Baião, Igarapé-Miri, Barcarena, Mocajuba, Limoeiro do Ajuru,

Abaetetuba, Moju e Oeiras do Pará). O Plano vem corrigir graves problemas originados com a construção da

barragem, na década de 80, como o forte impacto sócio-ambiental que atingiu os povos ribeirinhos, desenvolvendo-

se num enfoque participativo, abrindo assim um espaço para todos os setores da sociedade.

Os projetos do Plano de Desenvolvimento Sustentável serão coordenados por uma comissão paritária (Conselho

Gestor) formada pela Eletronorte, ADA, Governo Estadual, Câmaras Municipais, Associação dos Municípios do

Baixo-Tocantins (Ambat), Consórcio Sócio-Econômico Intermunicipal (Codesei), Movimento em Defesa do

Desenvolvimento da Região Tocantina (Modert), Fetagri/PA, CUT, Movimento Tocantins, pesquisadores,

pescadores e agricultores (www.pt-pa.org.br/ptnoticias/ptnoticias03.htm).

O Conselho Gestor gera comitês municipais e também as câmaras temáticas com presença de instituições de ensino

e pesquisa nas áreas de pesca, agricultura familiar, agroindústria, saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura e

economia popular. A Rede GTA está colaborando com a Eletronorte nos estudos do plano

(www.ecopress.org.br/eco_detalhes.php3?id_noticia=15780&id_jornal=2).

2.1.9 – Programa Xingu

O Programa Xingu, iniciado pelo ISA (Instituto Sócio Ambiental) em 1995, desenvolve um conjunto de projetos

em parceria com a Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), com comunidades do Parque Indígena do Xingu

(PIX) e com a comunidade da Terra Indígena Panará. Tem por objetivos: (i) Formular e implantar, em parceria com

as associações e comunidades indígenas, um conjunto articulado de projetos no sentido de ampliar a capacidade de

interlocução e protagonismo político dos índios com a sociedade envolvente; (ii) Ampliar a autonomia econômica

das comunidades e a capacidade de gestão de suas organizações; (iii) Promover seu fortalecimento cultural; (iv)

Capacitar para a gestão dos recursos naturais tradicionais e para a proteção e fiscalização das suas fronteiras.

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Para o caso do Projeto de Manejo de Recursos Naturais e Desenvolvimento de Alternativas Econômicas

Sustentáveis, a estratégia geral visa o uso sustentável e conservação da biodiversidade e a diversificação dos

produtos utilizados para geração de renda, reduzindo assim o impacto das atividades de cultivo e extração sobre os

recursos menos abundantes. O ISA desenvolve atividades de pesquisa e manejo dos recursos de uso tradicional

mais ameaçados e atua com ênfase na capacitação indígena, visando a gestão autônoma e sustentável do território e

de seus recursos naturais.

2.1.10 – Programa Rio Negro (PRN)

Programa Rio Negro coordenado pelo Instituto Sócio Ambiental (ISA) tem por objetivo geral, em longo prazo:

formular, criar condições e colaborar para a implantação de um programa de desenvolvimento sustentável na Bacia

do Rio Negro, uma região trinacional entre Brasil, Colômbia e Venezuela.

A diversidade socioambiental da região do Rio Negro – a maior bacia de águas pretas do mundo - é uma das mais

importantes da Amazônia. No Brasil, são 23 povos indígenas e um mosaico de formações florestais únicas,

parcialmente protegido por terras indígenas e unidades de conservação ambiental.

Em médio prazo, o Programa Rio Negro se propõe a formular e criar condições para a implantação do programa

regional de desenvolvimento indígena sustentável do Médio e Alto Rio Negro, no noroeste da Amazônia brasileira,

em parceria com as organizações indígenas locais, outras ONGs e instituições governamentais. Trata-se de uma

região da Amazônia brasileira em que a população indígena é maioria e onde há mais de dez anos os povos

indígenas vêm se organizado em associações de base articuladas pela Federação das Organizações Indígenas do

Rio Negro (FOIRN).

A parceria do ISA com o FOIRN existe desde 1994 e tem sido fundamental para demarcação de terras e o

desenvolvimento de projetos nas áreas de proteção e sustentabilidade das terras indígenas demarcadas, destacando-

se projetos voltados para segurança alimentar, geração de renda, educação escolar, saúde, fortalecimento

organizacional e expressão e afirmação cultural.

2.2 – Considerações sobre as experiências analisadas e sua importância para o AquaBio

De maneira geral tem-se observado que os projetos buscam desenvolver sistemas de monitoramento através de

ações interinstitucionais, onde as Universidades, as Instituições de pesquisa e de assistência técnica e as ONG’s

exercem um papel fundamental. As experiências mais bem sucedidas e duradouras são as que envolvem

diretamente as comunidades locais em processos de auto-gestão.

No caso do Brasil, são poucas as experiências que lograram continuar um sistema de monitoramento após o

término dos projetos e quando isto ocorreu, houve interesse direto de determinadas instituições em assumir o

processo. A responsabilidade das instituições através de mecanismos de parceria claros e definidos, com os

recursos designados em volume suficiente e no momento oportuno, e elaboração de relatórios periódicos têm sido

fatores de êxito.

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Quanto ao armazenamento e manejo das informações, muitos problemas ainda persistem, pois as instituições têm

uma histórica tendência de manter os dados em seu âmbito, sendo lenta a disponibilização aos diferentes níveis,

ocasionando atrasos na tomada de decisão e muitas vezes, descrédito dos moradores locais pela falta de feed back.

Além disso, muitos dados se encontram ainda em poder de um grupo restrito de técnicos dentro das instituições, o

que coloca em risco a sustentabilidade do sistema e o próprio objetivo dos projetos que, na sua maioria, busca

sensibilizar a sociedade e o poder público na elaboração e aplicação de políticas públicas. No entanto, com a pouca

divulgação das informações, a sensibilização, na prática, não tem ocorrido de forma satisfatória.

Um aspecto fundamental que foi identificado como elemento de sucesso de sistemas de monitoramento é a

capacitação das equipes técnicas envolvidas e dos moradores locais para entender o que é monitoramento e a

importância deste processo na auto-gestão dos planos locais de desenvolvimento e na tomada de decisão sobre o

melhor uso e manejo a ser dado aos recursos monitorados.

A busca de mecanismos baratos e participativos de sistemas de monitoramento também foi analisada e a conclusão

é de que existem ferramentas interessantes para a coleta e análise dos indicadores que identificam a situação dos

recursos naturais, notadamente os relacionados à qualidade da vida aquática. Para tanto, além da experiência

institucional deve-se contar com o conhecimento local sobre os recursos monitorados e apoio das comunidades no

processo de monitoramento dos mesmos.

No âmbito internacional destaca-se o caráter de longo prazo das experiências mais consistentes de monitoramento

da biodiversidade, como as do Canadá, Europa e Estados Unidos. Outro aspecto a ser destacado é a atuação de

Instituições Governamentais com equipes técnicas treinadas, a participação em tempo integral nos projetos e a

parceria com ONG’s e moradores locais num processo constante de capacitação dos colaboradores.

No âmbito nacional, os projetos com atuação no manejo integrado dos recursos naturais em microbacias

hidrográficas acumularam importantes experiências na implementação de melhores práticas de manejo e no

monitoramento da qualidade do solo e da água, no acompanhamento dos níveis de cobertura vegetal e da

agrobiodiversidade que podem ser incorporadas pelo projeto AquaBio.

No âmbito de atuação do AquaBio foram identificadas várias experiências das quais se destacam as do ProVarzea.

Além da estratégia de monitoramento e da possibilidade da utilização de informações já coletadas pelo projeto,

ressalta-se a experiência na formação de Agentes Ambientais Voluntários promovida pelo IBAMA, os acordos de

pesca, o monitoramento do desembarque pesqueiro e as iniciativas promissoras.

2.3 – Considerações sobre as instituições analisadas e seu potencial para apoiar o AquaBio

A análise das instituições que atuam em projetos nas regiões selecionadas para intervenção do AquaBio permitiu

conhecer (em forma preliminar) o seu potencial para apoiar o SIBA e o Plano de M&A. O conhecimento mais

detalhado sobre o potencial destas instituições poderá ser logrado em etapas posteriores, a partir dos acordos e

parcerias que serão firmados ao longo da implementação do Projeto.

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Para definir o potencial de monitoramento foi utilizado como parâmetro o IBAMA e as experiências do ProVarzea

para o qual considerou-se um potencial alto uma vez que o Projeto AquaBio buscará, sempre que possível, seguir a

linha metodológica, as estruturas e conhecimentos acumulados deste Projeto.

A primeira instituição a ser destacada é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis – IBAMA. Dentre os diversos objetivos finalísticos do IBAMA destacam-se os de: (i) Monitorar as

transformações do meio ambiente e dos recursos naturais; (ii) Monitorar o status da conservação dos ecossistemas,

das espécies e do patrimônio genético natural, visando à ampliação da representação ecológica.

Neste sentido, são destacados dois importantes setores associados a estes objetivos, os quais poderão apoiar o

desenvolvimento do AquaBio, tanto no monitoramento como no sistema de acompanhamento da biodiversidade:

a) Centro de Sensoriamento Remoto, que se constitui num centro descentralizado de pesquisa do IBAMA

vinculado à Diretoria de Proteção Ambiental – DPA, foi criado com a finalidade de executar atividades ligadas ao

estudo e monitoramento dos ecossistemas brasileiros;

b) Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais (CEPTA), que realiza pesquisas de

biodiversidade dos recursos ícticos de águas continentais, recursos genéticos; uso sustentável dos recursos

pesqueiros (pesca e aqüicultura); melhoria da qualidade ambiental; capacitação de recursos humanos; e educação

ambiental.

Potencial para monitoramento: Sem dúvida o IBAMA apresenta alto potencial para apoiar o monitoramento, sendo

este inclusive um de seus objetivos institucionais. As experiências adquiridas no ProVarzea, como as estatísticas

pesqueiras, os acordos de pesca e as iniciativas promissoras foram identificados como exemplos a serem seguidos,

tanto para o Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA) como para o Plano de

Monitoramento do AquaBio. Está sendo conduzido um processo de negociação com o IBAMA para o

aproveitamento da estrutura e do conhecimento técnico das equipes do ProVarzea, notadamente em Manaus, no

apoio ao AquaBio. Considerando a área de atuação do ProVarzea, o apoio maior se dará nas regiões do médio e

baixo rio Negro e no baixo rio Tocantins.

Ainda na região do médio e baixo rio Negro destacam-se:

i) Universidade Federal do Amazonas – UFAM que atua em pesquisa e caracterização de espécies nativas de

plantas e animais, incluindo peixes como o tambaqui. Tem participado de projetos na região dos quais destaca-se:

Janelas para a Biodiversidade; ProVarzea; Projeto Piaba; Projeto Quelônios Amazônicos.

Potencial para monitoramento: Considerando a Experiência em projetos associados ao ecossistema aquático e à

estrutura de laboratórios e corpo técnico, a UFAM apresenta alto potencial para participar em parceria com o

Projeto no monitoramento e no sistema de acompanhamento da biodiversidade.

ii) Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA que atua na defesa do meio ambiente e de seus

ecossistemas, expandindo os estudos sobre a biodiversidade, a sociodiversidade, os recursos florestais e hídricos

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em projetos de pesca artesanal e comercial na Região do Rio Negro. Também atuou como parceiro no Projeto

Quelônios Amazônicos.

Potencial para monitoramento: Tendo em vista sua estrutura de laboratórios e experiência acumulada em pesquisa

de peixes e quelônios apresenta alto potencial de atuação no monitoramento destes recursos na região do rio Negro.

iii) Instituto de Pesquisa Ecológica – IPÊ. Tem como um dos objetivos conservar a biodiversidade respeitando as

tradições e individualidades das comunidades do entorno de áreas protegidas e onde são realizadas as pesquisas do

Instituto. No médio rio Negro, o IPÊ realiza trabalhos de educação ambiental com a população do município de

Novo Airão desde 2001, com o objetivo de sensibilizar e conscientizar a população ribeirinha da Estação Ecológica

de Anavilhanas, pela conservação do Peixe-Boi e espécies que se encontram ameaçadas na região, bem como da

biodiversidade em geral. Também desenvolve, na mesma região, um projeto de ecoturismo com o objetivo de

capacitar e sensibilizar a população do entorno da ESEC de Anavilhanas para que estes sejam os atores do

desenvolvimento do ecoturismo regional.

Potencial para monitoramento: O IPÊ apresenta uma estrutura que inclui barcos-escola para educação e obtenção

de informações sobre os ecossistemas aquáticos e ribeirinhos, com médio potencial para apoiar no monitoramento.

iv) Fundação Vitória Amazônica – FVA. Implementou o Projeto Janelas para a Biodiversidade e também

desenvolve trabalhos no município de Novo Airão, em busca de alternativas econômicas para os moradores da

região. Um destes projetos é o Fibrarte, que visa tornar o artesanato com fibras vegetais uma atividade sustentável,

do ponto de vista econômico e ecológico. Em Novo Airão, a FVA trabalha ainda na formação de agentes

ambientalistas através da educação, tendo como público-alvo os artesãos, as Associações de Pais e Mestres de

escolas públicas, associações de bairros e de profissionais desta cidade. Os projetos na área de educação também

apóiam a formação de professores do município de Barcelos.

Potencial para o monitoramento: Pela experiência e capilaridade na região do médio e baixo rio Negro, a FVA

apresenta médio potencial podendo apoiar no monitoramento, principalmente na sensibilização e capacitação de

moradores locais.

Para a região do baixo Tocantins, além do IBAMA, destacam-se:

i) ELETRONORTE (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S. A) que implementa o Plano Popular de

Desenvolvimento Sustentável a Jusante da UHE de Tucuruí beneficiando municípios nos quais possivelmente

haverá intervenção do AquaBio com unidades piloto de manejo da biodiversidade.

Potencial para monitoramento: Tendo em vista que a ELETRONORTE está atuando em parceria com a Agência

Nacional de Água (ANA) no monitoramento da qualidade da água poderá ser constituída parceria com o AquaBio,

apresentando médio potencial.

ii) Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG. Atua no projeto Biota, primeira etapa do Programa Biodiversidade da

Amazônia, em parceria com a ONG Conservation International do Brasil. Dentre os primeiros resultados deste

projeto destacam-se: (i) Mapeamento e modelagem da biodiversidade; (ii) Capacitação de recursos humanos em

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pesquisas sobre biodiversidade e biologia da conservação; (iii) Difusão do conhecimento sobre a biodiversidade

regional. No Probio, desenvolve os projetos: (i) Avaliação Ecológica e Seleção de Áreas Prioritárias à Conservação

de Savanas Amazônicas, Arquipélago do Marajó, Estado do Pará; (ii) Paisagens e Biodiversidade: Uma Perspectiva

Integrada para Inventário e Conservação da Serra do Cachimbo.

Potencial para monitoramento: Pela experiência acumulada na condução de projetos do Probio e parceria com o

IBAMA no Projeto ProVarzea, o Museu Paraense Emílio Goeldi apresenta alto potencial para apoiar o

monitoramento em parceria com o Projeto AquaBio.

iii) Universidade Federal do Pará – UFPA. Constitui-se numa das maiores e mais importantes instituições do

Trópico Úmido. O NAEA é um Núcleo de Integração da UFPA, fundado em 1973 que objetiva formar

pesquisadores e docentes para as instituições de ensino de nível superior e de pesquisa na região Amazônica. Além

de atuar na formação de profissionais em diversas áreas do desenvolvimento, possui um vasto acervo de

conhecimento sobre o desenvolvimento dos países amazônicos com numerosas publicações de livros ou na co-

edição de coletâneas com outras entidades. Dentre os projetos nos quais participa, destaca-se o de pesquisa de

quelônios amazônicos, atuando como instituição guia.

Potencial para monitoramento: Principalmente na área da pesca e de quelônios, dada a experiência acumulada da

UFPA, apresenta alto potencial para apoiar no monitoramento. Deve-se também considerar a estrutura que a

Universidade possui.

iv) Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE. Em mais de três décadas de trabalho na

Amazônia, sobretudo no Pará, a FASE vem acumulando experiências de atuação político-educativa e organizativa

junto aos movimentos sociais rurais e urbanos da região. Atua em parceria com outras instituições e programas e

projetos na região amazônica dos quais destaca-se o Programa PROAMBIENTE (Programa de Desenvolvimento

Sócio Ambiental da Produção Familiar Rural na Amazônia), cujo objetivo é buscar o desenvolvimento rural,

voltado para a produção em sistemas equilibrados, com manejo integrado dos recursos naturais.

Potencial para monitoramento: Pela experiência na região e capilaridade junto às comunidades rurais, apresenta

médio potencial de apoiar o monitoramento do projeto AquaBio.

Na região das cabeceiras do rio Xingu dentre as instituições identificadas são destacadas com potencial e

possibilidades de parceria para o monitoramento e acompanhamento da biodiversidade aquática:

i) Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT foi identificada como uma instituição que contribui

estrategicamente no processo de ensino, pesquisa e extensão, voltada ao atendimento das necessidades da

população com atuação na formação de profissionais e apoio a projetos nas cabeceiras do Araguaia e do Xingu.

Potencial para monitoramento: A análise da estrutura da UNEMAT permite constatar a existência de muitos

laboratórios na área de recursos naturais com alto potencial para apoiar o Projeto AquaBio no monitoramento da

qualidade da água, peixes e invertebrados aquáticos e nos estudos de produção de sedimentos, nas cabeceiras do rio

Xingu.

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ii) Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA e a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e

Extensão Rural - EMPAER que já atuam em parceria no manejo de recursos naturais em microbacias hidrográficas,

incluindo atividades em monitoramento da qualidade da água. A FEMA, pelo seu interesse e experiência, atuará

como coordenadora das ações do Projeto AquaBio no estado do Mato Grosso, apresentando alto potencial para o

monitoramento e acompanhamento da biodiversidade aquática.

iii) Instituto Socioambiental – ISA que desempenha importante papel no processo de desenvolvimento da região.

Dentre os projetos nos quais é coordenadora ou atua como parceira, destacam-se: Programa Xingu; atuação em

parceria com a ATIX no processo de capacitação e formação dos povos indígenas e monitoramento de áreas

protegidas. Atua também em parceria com institutos de pesquisa e universidades em projetos ligados ao

desenvolvimento sustentável da região. Destaca-se a liderança do ISA no esforço conjunto para a recuperação e

conservação das cabeceiras do Xingu.

Potencial para Monitoramento: O ISA apresenta alto potencial podendo apoiar diretamente o processo de

monitoramento do AquaBio na capacitação e envolvimento das comunidades tradicionais, tanto na observação

direta e percepção de mudanças como na coleta de informações sobre a biodiversidade aquática. Pela sua grande

capilaridade e reconhecimento junto aos povos indígenas poderá ser um forte aliado no processo de aproximação

do AquaBio a estas comunidades. Além dos aspectos considerados o ISA possui experiência com SIG e, portanto

se apresenta como uma instituição com grande potencial para apoiar o Plano de Monitoramento e Avaliação do

Projeto AquaBio e o Sistema de Informações Sobre a Biodiversidade Aquática.

iv) Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM. Dentre as atividades que desenvolve destaca-se, nesta

região, o Programa Cenários, que contará com apoio do Grupo Amaggi. O IPAM atuará como parceiro no Projeto

“Savanização” na bacia do Rio Tanguro. O Projeto se desenvolverá na Fazenda Tanguro, com área de 85.000

hectares, de propriedade do grupo. Um dos objetivos do experimento é buscar informações confiáveis sobre como

se comporta, sob o estresse constante do fogo, a mata de transição entre a floresta amazônica e o cerrado. Paralelo

ao experimento de fogo controlado, o IPAM atuará no monitoramento do ecossistema terrestre e aquático no

âmbito da fazenda Tanguro, associado ao plano de uso e manejo das terras da mesma.

Potencial para monitoramento: O IPAM e os parceiros do Projeto da Fazenda Tanguro apresentam possibilidade de

parceria com o AquaBio para apoiar e qualificar o monitoramento e informações sobre a biodiversidade, com

médio potencial.

2.4 – Deficiências institucionais e fatores limitantes e possíveis alternativas para superação dos mesmos

Assim como foram identificados aspectos positivos destas e de outras instituições que poderão vir a ser parceiras

do AquaBio, também foram identificadas deficiências institucionais, fatores limitantes e desafios (a partir da

experiência em outros projetos e programas de monitoramento) que envolvem ou envolveram arranjos

interinstitucionais. Além de terem sido identificadas deficiências, também são indicadas algumas ações que

poderão ser adotadas para superá-las ou minimizá-las e garantir maior sucesso ao sistema de monitoramento.

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a) Falta de conhecimento e tradição institucionais sobre a importância e valorização do monitoramento, levando à

falta de apoio para esta atividade. Pela falta de conhecimento as instituições consideram os custos do

monitoramento muitas vezes exagerados.

Para minimizar este tipo de problema, os projetos devem apresentar boas estratégias de divulgação dos resultados e

fazer com que o monitoramento produza e disponibilize dados e informações úteis e em tempo hábil para apoiar as

instituições na tomada de decisão e condução do processo de planejamento e replanejamento de suas ações. Além

disto deverá ser adotado um constante processo de capacitação e discussão no âmbito das instituições sobre o

monitoramento, para aumentar o nível de conhecimento em toda a estrutura e, principalmente, junto aos tomadores

de decisão. Salienta-se ainda a necessidade de desenvolver e adotar, sempre que possível, metodologias e

ferramentas simples e baratas para o monitoramento, com o maior envolvimento possível dos moradores locais.

Deve-se ainda fazer uso de indicadores simples e de pouca necessidade de envolvimento de especialistas e

estruturas para sua coleta e análise (ver capítulo posterior sobre indicadores).

b) Falta de equipes técnicas e de instituições comprometidas com o monitoramento. Os técnicos envolvidos no

processo de monitoramento deverão conhecer muito bem o projeto e estarem comprometidos com o mesmo, não

apenas por indicação institucional, mas também por vontade e por acreditarem no trabalho.

Para tanto é necessário que a equipe seja capacitada para desenvolver suas atividades com maior eficiência e dentro

das expectativas do Projeto. Destaca-se que as equipes deverão estar envolvidas efetivamente no processo de

monitoramento que se desencadeará a partir do marco zero. É necessário formar um time do monitoramento que

atue de forma integrada e permanente, lembrando sempre que o ator principal é o morador local que deverá, além

de estar envolvido, receber em primeira mão as informações geradas pelo monitoramento, para tomar as decisões

que levarão, espera-se, a um melhor uso dos recursos e a uma melhor qualidade de vida, garantindo assim o sucesso

do projeto e do próprio monitoramento.

c) Desorganização ou falta de banco de dados. Além da falta de informações, observa-se com freqüência que as

mesmas estão excessivamente protegidas pelas instituições, não permitindo o acesso de terceiros, levando a

processos de sobreposição (de ações e informações), aumentando custos e criando conflitos.

d) Para superar esta deficiência, mesmo que cada instituição mantenha seu próprio banco de dados e o sigilo de

suas informações, deverá haver na fase de planejamento um acordo no sentido de definir quais informações

poderão ser universalizadas e a forma de acesso por todos os parceiros do projeto.

e) Dificuldade de implementar ações interinstitucionais pelo receio das instituições em exporem suas fragilidades e

perder sua liderança.

Os conflitos históricos entre as instituições poderão ser vencidos sempre que forem claramente definidas as

responsabilidades e os compromissos no Plano de Monitoramento, com o estabelecimento de metas e a

implementação, na prática, de ações conjuntas que levem ao conhecimento e reconhecimento mútuos num processo

de potencialização e não de desagregação. As diferenças podem ser superadas na busca do cumprimento dos

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objetivos e metas comuns do plano de monitoramento, onde tanto o sucesso como os possíveis fracassos sejam

creditados ou debitados a todos e as lições aprendidas incorporadas também por todos.

f) Pouco conhecimento sobre o tema da biodiversidade aquática e falta de experiência para conduzir sistemas de

monitoramento.

São poucas as instituições que apresentam equipes completas e capacitadas para desenvolver um sistema de

monitoramento da biodiversidade aquática, principalmente por ser este um tema pouco trabalhado no Brasil e pela

complexidade que o mesmo apresenta. Por outro lado, a falta de pessoal nas instituições sobrecarrega os poucos

técnicos especializados no assunto.

Para suprir estas deficiências, além da ação interinstitucional para formar equipes multidisciplinares e

multifuncionais, talvez fosse oportuno ao Projeto promover um evento de capacitação das equipes envolvidas no

SIBA e M&A sobre a biodiversidade aquática e os métodos de acompanhamento e monitoramento mais práticos,

baratos e efetivos, com o apoio das instituições parceiras e de especialistas.

A falta de pessoal das instituições poderia ser em parte suprida pelo envolvimento e capacitação de moradores

locais para as atividades mais simples, a exemplo dos Agentes Ambientais Voluntários que apóiam as atividades

do IBAMA.

Informações mais detalhadas sobre as experiências em Monitoramento e Avaliação da Biodiversidade Aquática e

sobre as instituições que atuam nas regiões selecionadas para intervenção do AquaBio poderão ser obtidas no

relatório intermediário desta consultoria (desk study).

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3. Modelos conceituais

3.1 - Transporte de sedimentos e material poluente e seu impacto sobre os recursos hídricos e biota aquática nas cabeceiras do Xingu

Os diagnósticos sócio-econômico e ambiental preliminares elaborados pelo Projeto e as informações secundárias

indicam uma forte pressão sobre os recursos naturais nas cabeceiras do rio Xingu, com impactos diretos sobre os

recursos hídricos e biodiversidade, bem como sobre os povos indígenas residentes no Parque Indígena do Xingu,

localizado a jusante das cabeceiras.

Um modelo conceitual para esta região (Figura 1 - adaptado de BHOWMIK, 1984) ilustra o processo de transporte

de sedimentos, nutrientes, poluentes químicos e orgânicos que causam impacto na qualidade da água (componente

abiótico) e na biodiversidade aquática (componente biótico), na rede de drenagem da bacia hidrográfica, e sobre o

Parque Indígena do Xingu. Este processo é controlado pelas influências humanas e naturais exercidas sobre a bacia

(representadas pelas setas externas largas). O fluxo do material poluente é representado pelas setas internas

estreitas.

Nesta região, as principais fontes geradoras de sedimentos e material poluente são as culturas anuais, pastagens,

áreas urbanas, estradas e áreas de mineração. Com a erosão este material alcança a rede de drenagem, causando

assim impactos na qualidade da água e na integridade da biota aquática.

Figura 1 - Modelo conceitual para o Transporte de sedimentos e material poluente e seu impacto sobre os recursos hídricos e biota aquática nas cabeceiras do Xingu

Influências Naturais

Clima; Topografia; Solo; Fauna e Flora (biota); Dinâmica local

PPrr iinncciippaaiiss ffoonntteess ggeerr aaddoorr aass ddee sseeddiimmeennttooss ee mmaatteerr iiaaiiss ppoolluueenntteess::

Culturas anuais; pastagens; áreas urbanas; estradas e áreas de mineração

Rede de drenagem da Bacia do Rio Xingu

Bacia adjacente

Uso e manejo dos Recursos Naturais; Descarga de poluentes; Recreação; Urbanização; Produção vegetal e animal; Infra-estrutura

Influências Humanas

Bacia do rio Xingu

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3.2 – Impacto da atividade antrópica sobre os recursos hídricos e biota aquática no médio e baixo rio Negro

Para o caso do rio Negro as informações secundárias e os diagnósticos sócio-econômico e ambiental preliminares

elaborados pelo Projeto indicam a necessidade de dar maior sustentabilidade às atividades da pesca ornamental,

comercial e esportiva, e à extração de quelônios. Também se destaca a importância do endemismo nesta região.

Paralelo às atividades extrativistas, observa-se uma crescente atividade turística associada à pesca esportiva.

As atividades destacadas poderão estar causando impacto sobre os ecossistemas e influenciando o ciclo de vida de

componentes da biodiversidade aquática e a sobrevivência e desenvolvimento das populações locais. Apresenta-se

na Figura 2 um modelo conceitual da dinâmica do impacto destas atividades sobre os recursos hídricos e biota

aquática no médio e baixo rio Negro.

Este processo é controlado pelas influências humanas e naturais exercidas sobre a bacia (representadas pelas setas

externas largas). As setas estreitas, internas à bacia hidrográfica, indicam a direção dos possíveis impactos no

sistema.

Figura 2 - Modelo conceitual para o impacto da atividade antrópica sobre os recursos hídricos e biota aquática no médio e baixo rio Negro

3.3 – Impactos da atividade antrópica sobre os recursos hídricos e biota aquática no baixo rio Tocantins

A região do baixo rio Tocantins sofre influência direta da UHE de Tucuruí, tanto sobre a dinâmica ambiental como

nos aspectos sócio-econômicos. As informações secundárias e os diagnósticos preliminares realizados pela equipe

do Projeto indicam um processo de depressão nas condições sócio-econômicas dos municípios a jusante da Usina

de Tucuruí, em parte ocasionados pelo impacto do represamento sobre os recursos aquáticos, notadamente a

Influências Naturais

Clima; Topografia; Solo; Fauna e Flora (biota); Dinâmica local

PPrr iinncciippaaiiss ffoonntteess ccaauussaaddoorr aass ddee iimmppaaccttoo nnoo mmééddiioo ee bbaaiixxoo rr iioo NNeeggrr oo::

Caça; extrativismo vegetal; exploração madeireira; pesca (comercial, ornamental e

esportiva)

Rede de drenagem, várzeas e igapós no médio e baixo Rio

Negro

Bacia adjacente

Uso e manejo dos Recursos Naturais Recreação e turismo

Influências Humanas

Bacia do rio Negro

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ictiofauna. Na Figura 3 apresenta-se o modelo conceitual do impacto sobre os recursos hídricos e biota aquática

ocasionado pela construção da UHE de Tucuruí e pela ocupação e exploração dos recursos naturais da região.

Este processo é controlado pelas influências humanas e naturais exercidas sobre a bacia (representadas pelas setas

externas largas). As setas estreitas, internas à bacia hidrográfica, indicam a direção do fluxo de poluentes que

alcançam a rede de drenagem.

Dentre as atividades com potencial para causar impacto nos recursos hídricos e biodiversidade aquática, destacam-

se: o represamento do rio, as culturas anuais e pastagens e a pesca (comercial e esportiva).

Figura 3 - Modelo conceitual para o impacto da atividade antrópica nos recursos hídricos e na biota aquática no baixo rio Tocantins

Em todas as áreas selecionadas para intervenção do Projeto AquaBio, além dos impactos sobre os recursos hídricos

e a biodiversidade aquática existem também como externalidades negativas os impactos sobre a saúde das

populações ribeirinhas (em especial) e dos usuários dos recursos hídricos (em geral).

Influências Naturais

Clima; Topografia; Solo; Fauna e Flora (biota); Dinâmica local

PPrr iinncciippaaiiss ffoonntteess ccaauussaaddoorr aass ddee iimmppaaccttoo nnoo bbaaiixxoo rr iioo TTooccaanntt iinnss::

Culturas anuais e pastagens; produção de energia elétrica; pesca (comercial e esportiva)

Rede de drenagem da Bacia do Rio Tocantins

UHE de Tucuruí

Rio Tocantins – Jusante de Tucuruí

Bacia adjacente

Uso e manejo dos Recursos Naturais; Descarga de poluentes; Recreação e turismo; Represamento; Infra -estrutura

Influências Humanas

Bacia do rio Tocantins

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4. Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA)

Muitos são os estudos que tornam evidente a importância da Amazônia em relação à biodiversidade aquática. A

partir desta realidade, qualquer região selecionada se justificaria do ponto de vista do acompanhamento da

biodiversidade. Os elementos da biodiversidade aquática apresentam distintos graus de importância para as

populações locais, porém, nem sempre o nível de importância destes recursos é conhecido e entendido. De maneira

geral, os aspectos econômicos são considerados de forma predominante na tomada de decisão sobre o uso e manejo

dos recursos naturais, ocasionando fortes impactos sobre os recursos hídricos e a biodiversidade.

Como conseqüência das atividades antrópicas as espécies aquáticas podem sofrer impactos fundamentalmente em

dois níveis:

i) A sua retirada do ambiente para atender aos interesses dos seres humanos, tanto do ponto de vista do

autoconsumo como do ponto de vista econômico e do laser (pesca esportiva);

ii) Destruição e alteração do meio ambiente e suas conseqüências (físicas, químicas e biológicas).

O Projeto AquaBio tem como um de seus objetivos apoiar a implantação de um Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática (SIBA) que permita acompanhar os dois níveis de impacto, tanto sobre a estrutura das

populações aquáticas como sobre a qualidade do ambiente aquático (física, química e bacteriológica).

4.1 – A biodiversidade e sua importância

Se persistir a tendência atual, estima-se que 24% das espécies de mamíferos e 12% das espécies de aves estarão em

“alto risco de extinção no futuro próximo” (FAO 2001 apud PAGLIOSA, BISHOP & LANDELL-MILLS, 2002).

É largamente aceito que a causa primeira de extinção é a perda de habitats, seguida da sobre exploração (em maior

escala que a regeneração), introdução de espécies exóticas e eliminação de predadores. A perda de diversidade

biológica (biodiversidade) nas florestas tropicais é de importância particular, tendo em vista que nestas regiões há

uma estimativa de perda de 5 a 15% das espécies do mundo entre 1990 e 2020.

A diversidade da vida é geralmente definida em três níveis: genética, espécies e ecossistema. Para medir a

diversidade biológica, mais do que contar o número de determinadas espécies, deve-se considerar aspectos tais

como função, endemismo, importância como elementos na cadeia trófica, polinização, etc. Como outros serviços

ambientais, o valor da biodiversidade é específico de cada local. Além da pura existência de valor para a

biodiversidade, uma justificativa para salvar os ecossistemas naturais está no valor potencial das espécies e dos

compostos que ocorrem naturalmente (metabólitos orgânicos) para pesquisa farmacêutica e o desenvolvimento de

novos medicamentos. A biodiversidade se constitui em uma “biblioteca” natural de informação genética e química

ainda muito pouco explorada pela biotecnologia. Outros valores da biodiversidade incluem o desenvolvimento de

produtos químicos para uso agrícola e industrial, bem como informações genéticas nativas que são um “depósito”

de informações para cruzamento e seleção de plantas.

Conservar a diversidade biológica envolve prover habitats apropriados para uma grande gama de espécies de

plantas e animais nativos. Pode também necessitar de esforços para erradicar espécies exóticas. Em muitos casos, a

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ação mais efetiva na conservação da biodiversidade envolve a pura proteção, ou seja, excluir os seres humanos de

uma determinada área. No entanto, as reservas podem significar alto custo de manutenção e perda de potencial de

uso econômico.

O custo para manter a biodiversidade difere de região para região, e tem relação com os diversos interesses

envolvidos e as possibilidades de usos econômicos alternativos da floresta e dos recursos hídricos, do valor das

terras e suas possibilidades de outros usos. Considerando estes aspectos, têm sido desenvolvidas estratégias para

comungar a conservação dos ecossistemas com o uso econômico das terras. Há também que considerar a existência

de comunidades rurais nas regiões mais frágeis que precisam continuar sua existência da forma mais digna possível

e com o menor impacto possível sobre a biodiversidade.

a) A biodiversidade aquática e a paisagem

A biodiversidade aquática é parte de um sistema amplo e complexo que integra todos os elementos da paisagem

formando os ecossistemas os quais interagem num processo interdependente levando assim ao equilíbrio ambiental.

As intervenções sobre partes do sistema podem se refletir sobre outras. Via de regra os distúrbios nos ecossistemas

ou bacias hidrográficas têm se refletido sobre a qualidade dos ambientes aquáticos e da sua biodiversidade.

Mesmo que o Projeto AquaBio trate da biodiversidade aquática como tema central, toda a paisagem e seus

elementos devem ser considerados, pois nem sempre a intervenção para proteger determinado ecossistema se dá

diretamente sobre o mesmo. Isto é muito comum para o caso dos ecossistemas aquáticos, para os quais grande parte

dos impactos é proveniente do uso e manejo equivocado dos recursos naturais das bacias vertentes.

Para ODUM (1985), “a bacia hidrográfica inteira e não somente a massa de água ou trecho de vegetação, deve ser

considerada a unidade mínima de ecossistema, quando se trata de interesses humanos”. A unidade de ecossistema

para gerenciamento prático deve incluir para cada metro quadrado ou hectare de água, uma área pelo menos 20

vezes maior de bacia de drenagem terrestre, ou seja, os campos, as florestas, as massas de água e as cidades,

interligadas por um sistema de riachos ou rios (ou às vezes por um sistema subterrâneo de drenagem), que

interagem como uma unidade prática em nível de ecossistema, tanto para o estudo como para o gerenciamento.

b) Mata ciliar

A mata ciliar é, sem dúvida, um dos elementos da paisagem mais integrado com o ecossistema aquático, sobre o

qual exerce influência direta. Constitui-se na formação florestal que ocorre nas margens de rios, córregos, lagos,

lagoas e olhos d’água, cumprindo um importante papel na proteção dos mesmos. Contém grande parte da

biodiversidade do planeta (ESTADO DO MATO GROSSO, 2004). Além do valor próprio, possui outros múltiplos

valores, como a proteção dos recursos edáficos e hídricos, da fauna silvestre e aquática e da diversidade genética.

As matas ciliares são sistemas sensíveis à ação predatória e muitas vezes necessitam de técnicas avançadas de

recuperação. São importantes para a fauna de mamíferos, e ainda podem funcionar como corredores ecológicos. A

sua presença ajuda na estabilização das margens dos rios e lagos, na retenção de sedimentos trazidos pelo processo

erosivo evitando o assoreamento dos corpos d’água, além de atuar como filtro contra defensivos agrícolas.

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A ocupação desordenada da paisagem e a mudança no uso das terras tem levado a um processo de fragmentação

florestal, com forte degradação e eliminação das reservas florestais, provocando uma série de problemas

ambientais, como a extinção de espécies da fauna e da flora, alterações climáticas, empobrecimento dos solos,

processos erosivos e fortes prejuízos aos recursos hídricos. Destaca-se neste cenário a pressão sobre as matas

ciliares, as quais estão sendo fragmentadas, cedendo espaço para as pastagens, culturas agrícolas, estradas e

cidades.

Com os distúrbios nas bacias hidrográficas o impacto se dá sobre o ecossistema aquático e sua biodiversidade que,

além do papel ambiental, se constitui num importante e muitas vezes principal meio de vida das populações

ribeirinhas, representando também a sobrevivência econômica de muitas cidades nas regiões de atuação do

AquaBio. Grandes contingentes de moradores das margens dos rios encontram na biota aquática (especialmente na

ictiofauna) sua principal fonte de alimentação e sobrevivência econômica. A degradação da paisagem das bacias

hidrográficas, associada à pesca predatória e ao inadequado manejo dos recursos naturais, está levando a uma

gradativa redução da biodiversidade aquática com reflexos na sobrevivência das populações locais e do próprio

ambiente onde vivem.

c) Ecossistemas aquáticos

O ecossistema aquático se constitui em sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos os fatores físicos e

biológicos do ambiente aquático e suas interações (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUA, 1997). Ecossistemas

aquáticos não degradados ocorrem onde a intervenção humana não prejudicou o funcionamento natural (por

exemplo, ciclo de nutrientes) e não alterou significativamente a estrutura (por exemplo, composição das espécies).

Portanto, o monitoramento do ambiente aquático poderá considerar indicadores do sistema relacionados ao ciclo de

nutrientes e indicadores relacionados à composição das espécies, para identificar o nível de impacto da ação

antrópica sobre o ecossistema e sua biodiversidade. O ecossistema aquático pode sofrer distúrbios físicos (exemplo,

entrada de água muito quente num corpo d’água natural); químicos (exemplo, introdução de lixo tóxico em níveis

prejudiciais aos organismos) e biológicos (exemplo, introdução e propagação de espécie animal ou vegetal exótica).

Os sintomas de degradação do ecossistema aquático incluem: (i) Perda de espécies; (ii) Proliferação acelerada de

organismos (crescimento exagerado de algas ocasionado pelo excesso de nitrogênio e fósforo); (iii) Aumento de

tumores e deformidades em animais; (iv) Mudanças em propriedades químicas (redução do pH pela chuva ácida);

(v) Presença de organismos que indicam baixa qualidade sanitária (coliformes); (vi) Perda da cultura nativa

associada ao ecossistema.

As conseqüências da degradação dos ecossistemas aquáticos, além de causar impacto direto sobre si mesmo,

também impacta as populações a ele relacionadas, tanto do ponto de vista da saúde (doenças de veiculação hídrica)

como nos aspectos econômicos (redução da pesca, por exemplo).

Das conseqüências destacam-se: (i) Redução da pesca comercial e ornamental, como resultado da contaminação e

da sobre pesca; (ii) Fechamento de praias e áreas de laser; (iii) Problemas de navegação (crescimento da vegetação

e assoreamento); (iv) Destruição de espécies nativas pela introdução de espécies exóticas.

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Diversos são os mecanismos existentes que podem levar à restauração da saúde dos ecossistemas aquáticos ou da

minimização dos impactos da ação antrópica, dos quais destacam-se: (i) Planejamento integrado do uso e manejo

dos recursos; (ii) Uso de tecnologias limpas; (iii) Conhecimento e aplicação da legislação ambiental; (iv)

Monitoramento ambiental (qualidade da água, sedimentometria, biodiversidade); (v) Medidas compensatórias.

Dada a sua importância para a sobrevivência do planeta, qualquer elemento da biodiversidade aquática poderia ser

incluído num processo de monitoramento. Porém, considerando que só é possível monitorar o que se conhece e

considerando que alguns destes elementos representam importância maior para as populações locais sob o ponto de

vista sócio-econômico, o Projeto AquaBio poderá considerar inicialmente alguns destes elementos para integrar o

Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA), com possibilidade de agregação de novos

elementos à medida que venham sendo melhor conhecidos.

4.2– Elementos da biodiversidade aquática conhecidos São destacados a seguir os elementos da biodiversidade aquática das regiões do Projeto considerados conhecidos,

não necessariamente na sua totalidade, porém suficientemente para integrarem o SIBA. Estes elementos já fazem

parte de outros estudos e projetos executados ou em execução nas regiões os quais poderão ser fortalecidos pela

atuação do AquaBio.

i) Ictiofauna – São conhecidas nas regiões de atuação do Projeto muitas espécies de peixes, com importância

comercial e para o autoconsumo local, para pesca esportiva e para pesca ornamental (piabas). Destas espécies

muitas podem estar comprometidas do ponto de vista comercial tanto pelo impacto das ações antrópicas sobre o

ambiente aquático como por sistemas de pesca que não consideram os procedimentos de manejo que permitam a

sustentabilidade da atividade.

ii) Plâncton – Espécies de zôo e fito plâncton poderão ser acompanhadas em pontos de amostragem a montante e a

jusante de locais de intensa atividade pesqueira, de lazer e de urbanização para medir em forma indireta possíveis

aportes de nutrientes ao ecossistema aquático.

iii) Macroinvertebrados bentônicos – Nas três regiões de atuação do Projeto poderão ser acompanhados os

macroinvertebrados bentônicos como elementos da biodiversidade aquática que apresentam resposta às mudanças

no meio aquático, constituindo-se em indicadores das condições ambientais.

iv) Quelônios – Projetos de pesquisa e de monitoramento têm estudado e acompanhado o comportamento de

populações de quelônios na região do rio Negro, os quais poderão ser fortalecidos pelo AquaBio já desde o início

de sua implementação, caso haja interesse das instituições envolvidas.

v) Vegetação ribeirinha – Nas regiões selecionadas para intervenção do AquaBio já são conhecidas as principais

espécies vegetais ribeirinhas. Mesmo que nem sempre se constitua em elemento intrínseco da biodiversidade

aquática, a mata ciliar atua como elemento de influência sobre a qualidade das águas dos rios e conseqüentemente

sobre a biodiversidade aquática. Pode esta se constituir, inclusive, em indicador de impacto da ação do Projeto

AquaBio em áreas demonstrativas, bem como de outros projetos existentes que possam vir a ser apoiados (por

exemplo, recuperação de matas ciliares em formadores do rio Xingu).

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4.3 – Estratégia de ação

A estratégia de ação proposta se baseia nas informações secundárias e nos estudos preliminares e tendências

identificadas pela equipe do projeto e consultores nas regiões de interesse do AquaBio, incluindo as experiências de

acompanhamento da biodiversidade e monitoramento ambiental e dos recursos hídricos em execução ou

executados por outros projetos.

4.3.1 – Elementos da biodiversidade (indicadores) propostos para acompanhamento

a) Desembarque pesqueiro

Nas regiões do médio e baixo rio Negro o projeto poderá atuar fortalecendo os sistemas atuais de acompanhamento

do desembarque pesqueiro (estatística pesqueira) e da biologia pesqueira de espécies de interesse em execução pelo

Projeto ProVarzea. Já existe acompanhamento do desembarque pesqueiro em Manaus, restando instalar sistemas

nos municípios selecionados para intervenção do projeto (Barcelos, Novo Airão e Santa Isabel do Rio Negro).

Nestes municípios também poderão ser selecionados pontos para coleta de informações sobre a pesca ornamental e

esportiva.

No baixo rio Tocantins, além do município de Abaetetuba, onde já existe acompanhamento do desembarque

pesqueiro conduzido pelo ProVarzea poderão ser implantados mais três pontos em municípios a serem selecionados

a partir do aprofundamento do diagnóstico da região.

O Projeto buscará acessar as informações existentes sobre o desembarque pesqueiro nos atuais pontos de

monitoramento, e sobre a pesca ornamental e esportiva, para fazer as análises relativas ao status e tendências das

espécies capturadas. Nas cabeceiras do rio Xingu, o monitoramento da pesca não se constitui em atividade

prioritária para acompanhamento tendo em vista sua menor importância local.

b) Ictiofauna

Em praticamente todas as áreas de atuação do projeto, a ictiofauna se constitui em importante fonte de alimentação

para os moradores locais e as populações tradicionais, sendo um elemento da biodiversidade aquática a ser

monitorado. Para o caso das cabeceiras do rio Xingu, propõe-se selecionar três pontos de amostragem na entrada do

Parque Indígena do Xingu, além de três pontos em cada microbacia piloto. Nas outras regiões de atuação do projeto

poderão ser considerados para amostragem os mesmos pontos de acompanhamento de outros elementos da

biodiversidade aquática.

c) Quelônios

Os quelônios poderão ser acompanhados no médio e baixo rio Negro através de parceria com o INPA e/ou UFAM

e no caso do baixo rio Tocantins em parceria com o NAEA da Universidade Federal do Pará (UFPA) e/ou Museu

Goeldi.

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d) Macroinvertebrados bentônicos

Muitos estudos já identificaram famílias de macroinvertebrados bentônicos de importância para avaliar os impactos

da ação antrópica sobre o ambiente aquático. Estes também se constituem em importantes elementos da

biodiversidade aquática a serem considerados no sistema de acompanhamento do Projeto.

e) Plâncton

Poderão ser coletadas informações sobre as comunidades de fitoplâncton e zooplâncton nas áreas de maior

atividade antrópica para avaliar, de forma indireta, o aporte de nutrientes ao ambiente aquático.

f) Vegetação ribeirinha

Propõe-se monitorar a mata ciliar nas três sub-bacias de interesse do Projeto tendo em vista sua elevada

importância para o ambiente aquático, tanto nas características físicas como na biota, conforme anteriormente

descrito.

4.3.2 – Qualidade da água

Associado ao Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática propõe-se monitorar a qualidade da água

considerando indicadores físico-químicos e bacteriológicos. Para tanto, poderão ser utilizadas informações

disponíveis no sistema da ANA (Agência Nacional de Água) e de outras instituições (ELETRONORTE) e outros

Programas e projetos que atuam nas regiões. Quando faltarem as informações sobre a qualidade da água, sugere-se

efetuar amostragens para análise nos mesmos pontos de coleta de informações sobre a biodiversidade aquática. Os

protocolos metodológicos seguirão as orientações da legislação brasileira e internacional. Maiores detalhes sobre o

monitoramento da qualidade da água constam no Plano Preliminar de Monitoramento e Avaliação.

4.3.3 – Base científica para a seleção dos indicadores

Além dos aspectos da importância destes indicadores, já destacados anteriormente, sua indicação para integrar o

SIBA está baseada no levantamento das experiências em monitoramento ambiental em que foi possível identificar a

importância destes indicadores para avaliar impactos tanto na cadeia trófica como no ambiente aquático, além

daqueles relacionados à sobrevivência das populações locais. Inúmeros estudos analisados consideram os

bioindicadores como elementos importantes para acessar e monitorar a qualidade da água, dada a sua sensibilidade

às mudanças no ambiente. Neste caso são destacados os macroinvertebrados bentônicos e a ictiofauna.

Macroinvertebrados bentônicos

Segundo ROSEMBERG & RESH, (1993) invertebrados bentônicos são organismos que habitam o fundo de

ecossistemas aquáticos durante pelo menos parte de seu ciclo de vida, associados aos mais diversos tipos de

substratos, tanto orgânicos (folhiço, macrófitas aquáticas) quanto inorgânicos (cascalho, areia, rochas, etc).

As comunidades bentônicas possuem grande sensibilidade respondendo a diversos fatores inerentes ao próprio

ambiente, como a velocidade da corrente, ao tipo de substrato e à disponibilidade de alimento, além de

modificações do estado da água. Por serem organismos relativamente sedentários, não conseguem escapar das

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alterações ambientais adversas, podendo exibir diversos graus de tolerância à poluição, acumulando estas

informações ao longo do tempo. Por estes motivos têm sido considerados úteis na avaliação e monitoramento da

qualidade da água.

Segundo o Laboratório de Ecologia de Bentos da Universidade Federal de Minas Gerais e de estudos conduzidos

em rios tropicais sobre bioindicadores e biomonitoramento (BAPTISTA et al, 2001; CALLISTO & JUNIOR, 2002;

GALDEAN et al, 2001), os macroinvertebrados bentônicos indicados para acessar a qualidade da água são:

PLECOPTERA

Nome popular: “mosca das pedras”. No estágio imaturo (ninfa), vivem em águas correntes com altas concentrações

de oxigênio, debaixo de pedras, troncos e ramos da vegetação aquática. As famílias Perlidae e Grypoptergidae são

as únicas que ocorrem no Brasil. Existem 7 gêneros descritos para estas famílias na região Neotropical. São muito

sensíveis à poluição, especialmente a família Grypoptergidae, sendo utilizadas como bioindicadores de qualidade

de água. São predadores táteis, procurando ativamente suas presas através de suas sensíveis antenas.

EPHEMEROPTERA

Ocorrem desde os riachos de altitude com águas frias, limpas e altas concentrações de oxigênio até as lagoas

temporárias, com alta temperatura e pouco oxigênio dissolvido. São consideradas excelentes bioindicadores de

qualidade de água, pois a maioria das espécies é extremamente sensível à poluição. As ninfas vivem associadas a

rochas, troncos ou na vegetação submersa. São detritívoras e raspadoras, alimentando-se de matéria orgânica fina e

algas perifíticas.

ODONATA

Nome popular: “libélula” ou “lavadeira”. Algumas espécies são extremamente sensíveis à poluição orgânica.

Existem ODONATAS que já figuram na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção. As ninfas exercem um

importante papel no ambiente, pois são predadoras, possuindo uma das melhores visões entre os insetos. As

libélulas vivem em margens de rios e lagos que possuem vegetação abundante e águas limpas ou pouco poluídas.

MEGALOPTERA

São predadores de topo de cadeia alimentar. As larvas são aquáticas e os adultos terrestres. O estágio de pupa

ocorre em buracos feitos no solo próximo às margens dos rios. Assim, deve-se manter as condições de solo, como

composição e umidade, para preservação destes organismos. As larvas, em geral, vivem em águas correntes e

limpas, debaixo de pedras, troncos e vegetação submersa, apesar de haverem algumas espécies altamente tolerantes

à poluição.

TRICHOPTERA

No estágio de larva vivem tanto em ambientes lóticos (rios) quanto lênticos (lagos), predominantemente em águas

correntes e limpas, com alta concentração de oxigênio. A dieta constitui-se de material vegetal e algas que ficam

sobre as rochas. Algumas são predadoras. As larvas são fragmentadoras, processando a matéria orgânica em

pequenos pedaços.

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COLEOPTERA

Os besouros aquáticos apresentam corpo compacto e mandíbulas que podem identificar o seu hábito alimentar.

Vivem em rios e lagos com concentrações variáveis de oxigênio. Podem ocupar desde o segundo nível trófico

(herbívoros) até serem predadores do topo da cadeia alimentar, incluindo alguns detritívoros.

HETEROPTERA

São predadores de outros insetos aquáticos e terrestres. Algumas espécies maiores podem alimentar-se de pequenos

crustáceos e anfíbios. Algumas espécies são bentônicas vivendo no sedimento, algumas vivem na interface água-ar,

enquanto outras vivem sobre a lâmina d’água, devido à presença de pelos hidrofóbicos.

BAPTISTA et al, (2001) conduziram estudo sobre a diversidade e a preferência de insetos aquáticos por habitats no

gradiente longitudinal da bacia do rio Macaé, Rio de Janeiro. Foram coletadas amostras em período seco e chuvoso

em três tipos de substrato: areia; folhas depositadas em áreas de remanso; folhas em áreas de corredeiras e pedras.

Os resultados indicaram que, quanto à diversidade, o padrão geral observado, considerando o número de gêneros

ou famílias, indicou que todas as ordens apresentaram seus maiores valores no trecho de rio de segunda ordem,

exceto para EPHEMEROPTERA, que foi observado na quarta ordem. Quanto à preferência por habitats, os

folhiços de fundo de correnteza foram os que apresentaram os maiores valores de riqueza. As ordens estudadas

foram: PLECOPTERA, EPHEMEROPTERA; TRICHOPTERA ODONATA, COLEOPTERA, HIMENOPTERA e

DIPTERA.

Segundo CALLISTO & JUNIOR (2002) o estudo de classificação dos hábitos alimentares dos macroinvertebrados

bentônicos permite identificar alterações na composição das guildas tróficas (conjunto de organismos de espécies

diferentes que se alimentam de um mesmo recurso alimentar) e relacioná-las a mudanças na qualidade da água e no

substrato decorrentes de fontes poluidoras e assoreamento. As principais categorias de alimentos são: (i)

Fragmentos vegetais: matéria orgânica particulada grossa (MOPG) ou fina (MOPF), formada por restos de

microorganismos e organismos; (ii) Perifiton, formado por algas aderidas a algum substrato orgânico ou

inorgânico; (iii) Macrófitas aquáticas (vegetais superiores que vivem em ambientes aquáticos) e (iv) Presas (outros

animais que servem de alimento).

Ictiofauna

Os peixes podem ser considerados indicadores consistentes para a avaliação da integridade de sistemas aquáticos e

têm sido utilizados por diversos autores e agências ambientais como monitores de qualidade ambiental (KARR,

1981, 1987; HUGUENY et al., 1996; GANASAN & HUGHES, 1998; GAMMON & SIMON, 2000; SCHIEMER,

2000, apud www.fepam.rs.gov.br/biblioteca/ hidreletrico_uruguai/arquivos/pg06.html). Dentre as razões que

qualificam esses organismos para a sua utilização em avaliações de integridade de ecossistemas aquáticos, KARR

(1981) aponta as seguintes características:

a) Existência de informações sobre história de vida para a maioria das espécies.

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b) As comunidades de peixes incluem um conjunto de espécies que representa uma variedade de níveis tróficos,

incluindo em sua dieta alimentos disponíveis no ambiente aquático, como algas e macroinvertebrados, e itens de

origem terrestre, como frutos e artrópodes.

c) Sua posição no topo da cadeia alimentar de ambientes aquáticos fornece uma informação integradora das

condições da bacia hidrográfica.

d) Peixes são relativamente fáceis de serem identificados, sendo possível, em alguns casos, que a triagem e a

identificação possam acontecer durante a amostragem em campo.

e) A população pode compreender, mais facilmente, estados de qualidade do ambiente aquático, embasados nas

condições da comunidade de peixes.

f) Tanto a perda de espécies devido a fatores agudos de impacto, quanto efeitos de estresse crônico, como a redução

na produção das espécies, podem ser avaliados.

g) Os peixes estão presentes em uma grande variedade de ambientes, desde o menor curso d'água até ambientes

aquáticos com elevada poluição.

Segundo o Centro Mundial de Conservação e Monitoramento (WCMC), os peixes são os organismos mais

importantes em termos de alimentação, ecologia e significância para os seres humanos, em praticamente todos os

habitats aquáticos, incluindo a água doce. Certos sistemas aquáticos, particularmente nos trópicos, são

extremamente ricos em espécies.

Estima-se que as várzeas da Amazônia abriguem 3.000 espécies de peixes, das quais 200 têm sido exploradas e

comercializadas, sendo que 95% da captura é constituída por 10 espécies. A pesca se constitui na principal fonte de

proteína animal da região amazônica, tendo significativa importância econômica. (IBAMA – Projeto ProVarzea,

1998). Associados à relevância dos peixes na cadeia trófica aquática, estes são importantes aspectos que justificam

o monitoramento da ictiofauna,

Quelônios

Quanto aos quelônios, além de sua importância na cadeia trófica, também se constituem, a exemplo da ictiofauna,

em fonte de alimento para as populações locais, tendo sido identificados por estudos conduzidos especialmente no

médio e baixo rio Negro, problemas de manejo e sobre exploração.

Parâmetros físico-químicos

Além dos bioindicadores, praticamente todas as experiências analisadas apontam a utilização de indicadores físico-

químicos e bacteriológicos para monitorar a qualidade da água, dentre os quais deverão ser selecionados os mais

importantes em relação aos diferentes usos dos recursos naturais nas bacias hidrográficas.

Mata ciliar

Pela importância (já descrita anteriormente) que a mata ciliar exerce sobre o ecossistema aquático, a mesma está

proposta como um indicador a ser considerado no SIBA.

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Critérios para a seleção de indicadores ecológicos

Segundo DALE & BEYELER (2001), a seleção de indicadores ecológicos efetivos é a chave dos programas de

monitoramento. Os indicadores ecológicos são usados para monitorar, acessar e manejar os recursos naturais. A

dificuldade na seleção dos indicadores apropriados tem a ver com a complexidade dos ecossistemas. Portanto, é

recomendável o uso de um grupo de indicadores que representem a estrutura, função e composição dos

ecossistemas. Em geral os indicadores ecológicos necessitam captar a complexidade do ecossistema e, no entanto

permanecendo simples o suficiente para serem facilmente e rotineiramente monitorados. As características

desejáveis nos indicadores ecológicos efetivos são: (i) Serem facilmente mensuráveis; (ii) Serem sensíveis às

alterações físico-químicas nos ecossistemas – O indicador ecológico ideal é sensível às variações do sistema

ocasionadas pela ação antrópica e mantendo a sensibilidade às variações naturais (KARR, 1991); (iii) Serem

antecipadores, predizendo mudanças evitáveis por intervenção de manejo; (iv) Serem integradores, fornecendo

respostas a distúrbios naturais e estresse de causa antropogênica e mudanças com o passar do tempo; (v) Terem

baixa variabilidade nas respostas às alterações que o ambiente venha a sofrer.

4.3.4 – Estudos para definir padrões de indicadores de monitoramento da biodiversidade aquática

O sistema de monitoramento do Projeto e da biodiversidade aquática inicia-se com a elaboração do marco zero

(baseline) (ver item 7.2.2) que identificará a situação da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos em função

dos diferentes níveis de intervenção antrópica e de manejo da paisagem. Além do marco zero, o projeto elaborará,

durante o primeiro ano, um diagnóstico detalhado de cada região de intervenção. Tanto por ocasião do marco zero

bem como do diagnóstico detalhado, propõe-se identificar pontos de amostragem em diferentes trechos ao longo

dos rios das microbacias selecionadas (cabeceiras do rio Xingu) para comparar a estrutura e caracterizar as

comunidades de peixes, macroinvertebrados bentônicos, e registrar os parâmetros físico-químicos de qualidade da

água de locais pouco (ou com nenhuma intervenção antrópica) com locais de diferentes graus de intervenção e

aporte de material poluente. A partir destas informações poderão ser definidos padrões de indicadores para cada

situação.

Em outras regiões (como o caso do rio Negro) poderão ser elaborados inventários e avaliações da biodiversidade

aquática (especialmente ictiofauna) das regiões de maior concentração de pesca, estudando assim a comunidade

íctica e comparando com regiões pouco impactadas, para estabelecer padrões de indicadores de acompanhamento

futuro da biodiversidade aquática nestas regiões.

Além destes, poderão ser demandados estudos para aprofundar o conhecimento da biodiversidade aquática das

regiões e permitir que mais indicadores sejam incorporados nos protocolos do Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática.

4.3.5 – Estratégia metodológica

Para o monitoramento do desembarque pesqueiro poderão ser considerados os protocolos de campo adotados pelo

Projeto ProVarzea. Para acompanhar o desembarque pesqueiro o IBAMA/ProVarzea contrata instituições com

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experiência para acompanhar o processo, sendo que as informações são remetidas ao banco de dados central do

Projeto. Propõe-se que o AquaBio busque arranjo semelhante.

Com as informações disponíveis no banco de dados, as mesmas são agregadas ao SIG. A partir do

georreferenciamento dos municípios, comunidades e locais de pesca, é possível definir e mapear setores e regiões

de pesca. Para tanto o projeto ProVarzea considera: (i) Informações coletadas no desembarque pesqueiro que

integram o banco de dados (local da pesca, tipo de pescado, tamanho, etc); (ii) Margens dos rios (direita e

esquerda); (iii) Tipo de sistema hídrico (lago/canal); (iv) Morfologia dos lagos (influência de terra firme e várzea);

(v) Informações da comunidade. Para a obtenção das informações ambientais das regiões mapeadas, o Projeto

desencadeia expedições e campanhas com equipes interdisciplinares.

Quanto ao acompanhamento dos quelônios, poderão ser adotados os procedimentos metodológicos desenvolvidos

pelas instituições como o INPA e UFPA.

Em relação às análises ecológicas dos macroinvertebrados bentônicos, peixes, fitoplâncton e zooplâncton poderão

ser utilizados índices tais como o de Diversidade de Shannon e Eqüidade de Pielou, quando for possível a

identificação ao nível de espécie. Os referidos índices permitem compreender a estrutura destas comunidades e suas

respostas mediante os múltiplos impactos que ocorrem no ecossistema aquático, nos trechos selecionados para

acompanhamento. O índice de Diversidade de Shannon prevê que a diversidade de organismos diminui com a

diminuição da qualidade da água, enquanto o índice de Eqüidade de Pielou prevê que ambientes naturais têm maior

equilíbrio entre suas espécies e suas densidades, sendo que em ambientes impactados este equilíbrio desaparece, ou

seja, existe uma maior abundância de um número pequeno de espécies.

Além dos índices, o monitoramento pode considerar outras características de populações e comunidades como: (i)

Estrutura (dispersão, variação, estrutura da população, variabilidade morfológica); (ii) Composição (presença,

abundância, freqüência, importância, cobertura, biomassa e densidade).

Para avaliar e monitorar a mata ciliar, além da observação direta, também poderão ser utilizadas imagens de

satélite. Através do SIG e sensoriamento remoto será possível acompanhar a evolução e espacializar a

recomposição da mata ciliar, onde esta vier a ocorrer apoiada pelo Projeto.

O projeto buscará montar uma base cartográfica em escala compatível com as ações que desenvolverá e a

amplitude das áreas de intervenção. Para tanto poderá buscar apoio na equipe técnica que desenvolve o SIG no

ProVarzea.

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5. Sustentabilidade do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

A partir da análise de experiências em monitoramento e avaliação da biodiversidade, notadamente nos países

desenvolvidos, e a partir do conhecimento acumulado de projetos de manejo de recursos naturais desenvolvidos e

em desenvolvimento no Brasil, destacam-se elementos estratégicos que precisam estar presentes para a

sustentabilidade do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática.

a) Compromisso governamental – Acima de tudo, o Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

deve ser de interesse do governo, cujas informações, além de estratégicas, servirão para a tomada de decisão e a

priorização de projetos de desenvolvimento sustentável. A incorporação do SIBA nas políticas públicas da

Amazônia e a efetivação dos mecanismos e acordos existentes sobre a biodiversidade são desafios a serem

vencidos para a sustentabilidade do mesmo.

b) Envolvimento dos moradores locais – A auto-gestão não ocorre sem um forte processo de sensibilização,

formação e capacitação dos moradores locais sobre a biodiversidade e sua importância do ponto de vista sócio-

econômico, cultural e ambiental, e nos âmbitos local e global. A criação de mecanismos de facilitação e estímulo à

participação da população local é fundamental para a continuidade do Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática. Destes mecanismos destacam-se:

i. Adoção de metodologias e ferramentas simples para coleta de informações e observação da

biodiversidade, que busquem gerar responsabilidade local (exemplo: mapeamento participativo das

tendências da biodiversidade);

ii. Formação de agentes ambientais e líderes animadores;

iii. Envolvimento de escolas e escolares;

iv. Constante sistema de capacitação e educação ambiental, para reduzir o “analfabetismo ecológico” em

todos os níveis.

c) Envolvimento de ONG’s – Na região Amazônica existe uma forte presença de ONG’s diretamente ligadas às

comunidades locais e atuando em prol da conservação da biodiversidade. A grande capilaridade e experiência

destas instituições poderão ser de grande valia para a continuação do sistema de informações, desde que firmados

convênios com as instituições do governo para uma atuação conjunta, definindo claramente os papéis de cada um e

a responsabilidade principalmente sobre a propriedade das informações.

d) Fontes de recursos – Os recursos para manter o sistema devem ser garantidos através de planejamento

orçamentário e disponibilizados em tempo oportuno para garantir a coleta de informações conforme os protocolos

de campo. Deverá ser prestada conta dos recursos aplicados e a comunidade deve ser informada dos resultados.

e) Envolvimento de instituições de ensino e pesquisa – Estas instituições são fundamentais para conduzir os

estudos e pesquisas para aprimorar o conhecimento sobre a biodiversidade. A priorização dos estudos e pesquisas

deverá levar em conta os objetivos de longo prazo do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática.

f) Formação de banco de dados e sistema de informações geográficas (SIG) – Este é um dos grandes desafios

do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática, que deverá iniciar pela organização das informações

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existentes e a criação de um banco de dados que possa ser manejado em forma eficiente para a tomada de decisão,

tanto do governo como das comunidades locais. Via de regra, as informações existentes estão em poder de

instituições e grupos de técnicos e não são traduzidas e disponibilizadas ao público e para os tomadores de decisão.

O sistema deverá romper estes vícios e criar um banco de dados que possa ser acessado por todos os envolvidos nos

processos de proteção e conservação da biodiversidade aquática.

O detalhamento da proposta sobre garantia de sustentabilidade financeira e institucional consta no documento de

Projeto (PAD) no Componente 1: Planejamento e Políticas Públicas – sub-componente sustentabilidade e

replicabilidade. Os aspectos da sustentabilidade relacionados ao SIBA, cuja elaboração foi apoiada por esta

consultoria, são descritos a seguir em forma resumida.

5.1 - Sustentabilidade

5.1.1 - Sustentabilidade Financeira

Por meio deste subcomponente o projeto desenvolverá uma estrutura para a sustentabilidade financeira, embasada

em duas linhas de ação:

a) O projeto buscará a promoção de um diálogo temático, ao longo de sua execução, com potenciais parceiros

(aqueles que demonstrarem interesse real no SIBA) e que tenham meios para apoiar atividades

complementares e/ou adicionais durante a implementação do projeto e/ou atividades do AquaBio,

especialmente no SIBA, após sua conclusão.

b) O projeto identificará uma variedade de fontes de recursos públicos e privados com potencial para canalizar

fundos, a fim de cobrir os custos recorrentes das atividades do AquaBio (aquelas que não geram retorno

econômico, mas são atividades essenciais para a manutenção de resultados benéficos gerais do projeto e do

SIBA). Estas fontes poderiam incluir as seguintes opções:

i. Fundos de programas públicos nacionais e estaduais (por exemplo: projetos do IBAMA, ANA,

Secretarias Estaduais de Recursos Hídricos, Ministério do Meio Ambiente, PPDS-

JUS/ELETRONORTE, PRONAF e PROAMBIENTE);

ii. Fundos públicos e privados existentes (por exemplo: fundos disponíveis para fomento ao

desenvolvimento local, fundos gerenciados por meio de associações de usuários locais da água

mantidos com taxas de pagamento pelo uso da água);

iii. Fundos/mecanismos financeiros novos e/ou inovadores (por exemplo: fundos locais ou regionais

abastecidos por multas ambientais decorrentes de atividades ilegais que causem danos aos

ecossistemas aquáticos);

iv. Mecanismos de pagamento por serviços ambientais específicos, os quais poderiam ser mantidos por

meio de aportes financeiros de fundos locais ou globais (por exemplo: protótipo do fundo de carbono,

fundo do bio-carbono, fundo comunitário).

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O custo estimado para desenvolver as atividades que visam buscar a sustentabilidade dos resultados do AquaBio e

do SIBA é de US$ 87.400,00 (oitenta e sete mil e quatrocentos dólares americanos), distribuídos nas diversas

atividades que serão desenvolvidas para alcançar este objetivo.

5.1.2 - Sustentabilidade institucional

O projeto estará institucionalmente ligado ao Ministério do Meio Ambiente, que através da Secretaria de

Biodiversidade e Florestas, Secretaria de Recursos Hídricos, Secretaria de Coordenação da Amazônia e Agência

Nacional de Águas, tem o mandato para assegurar a sustentabilidade do uso e conservação dos recursos aquáticos,

pesqueiros, e da biodiversidade aquática da bacia Amazônica. O projeto tem por objetivo melhorar a gestão

descentralizada dos recursos aquáticos através de espaços de discussão e decisão específicos para cada sub-bacia, e

servir como um piloto para o desenvolvimento de metodologias participativas adaptadas às condições locais, para

que a implementação da Lei Nacional de Águas, na Amazônia, seja bem sucedida. A estrutura institucional de

gestão do projeto promoverá a integração de atividades dentro de programas/ações já existentes e a mobilização de

recursos para a continuidade das atividades do projeto. Em sua abordagem participativa, o projeto irá apoiar-se nas

redes e instituições locais, construir multiplicadores, e trabalhar com agentes ambientais locais e escolas,

promovendo assim o uso sustentado dos recursos naturais.

As principais intervenções do projeto que poderiam contribuir para alcançar a sustentabilidade institucional

incluem: a) atividades de planejamento de políticas públicas, as quais poderiam resultar numa estrutura setorial de

funcionamento institucional e legal, com capacidade melhorada para manejar os recursos e a biodiversidade

aquática, e para evitar/mitigar conflitos entre diferentes atores; b) um sistema de monitoramento e avaliação

abrangente, o qual irá fortalecer a capacidade institucional para administrar, coordenar intervenções do setor

público e disseminar experiências e lições aprendidas do projeto para os estados amazônicos e países da bacia

como um todo.

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6. Plano preliminar de monitoramento e avaliação (M&A)

Além de desenhar e implementar um Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática, o Projeto AquaBio

selecionará nas três regiões de atuação, áreas demonstrativas para intervenção com estratégias técnicas e

metodológicas que promovam a regeneração dos componentes da paisagem e a conservação da biodiversidade,

medindo os impactos destas intervenções através do Plano de Monitoramento e Avaliação, cujos indicadores e

elementos conceituais e estratégicos são apresentados neste capítulo.

6.1 – Objetivos do Plano de M&A

O presente plano tem por objetivos implementar o sistema de Monitoramento e Avaliação do Projeto AquaBio para

medir os impactos de suas ações, monitorar os avanços do seu dia-a-dia e disponibilizar as informações geradas

para gestão e planejamento no âmbito do mesmo possibilitando ainda sua apropriação por parte dos beneficiários,

instituições parceiras e sociedade.

Para a consecução de seus objetivos o Plano de Monitoramento e Avaliação desenvolverá as seguintes ações: (i)

Planejamento de atividades a serem desenvolvidas ao longo da execução do Projeto para o Monitoramento e

Avaliação do mesmo; (ii) Relacionar os indicadores de impacto a partir do Marco Lógico e propor metodologias e

ferramentas a serem utilizadas para a coleta das informações; (iii) Apresentar a estratégia operacional e os arranjos

institucionais para sua implementação; (iv) Propor a forma de armazenamento e disponibilização das informações

para apropriação nos diferentes níveis.

6.2 - Estratégia metodológica

Tendo em vista os diferentes usos dos recursos naturais e estágios de degradação da biodiversidade aquática, bem

como as diferentes experiências e arranjos institucionais de cada região, o Projeto AquaBio considerará as

particularidades regionais para atingir seus objetivos. Serão selecionadas, nas três regiões, áreas demonstrativas

para intervenção com estratégias técnicas e metodológicas que promovam a regeneração dos componentes da

paisagem e a conservação da biodiversidade aquática, medindo os impactos destas intervenções através do Plano de

Monitoramento e Avaliação.

6.2.1 – Cabeceiras do rio Xingu

Nas cabeceiras do rio Xingu propõe-se que o Projeto atue através da seguinte estratégia: (i) Seleção de microbacias

demonstrativas nas quais apoiará um plano de manejo dos recursos naturais objetivando reverter o processo de

degradação e o impacto sobre a biodiversidade aquática; (ii) Apoiar o Plano de Manejo da sub-bacia do rio

Tanguro, com ações de capacitação e de monitoramento dos impactos do plano sobre os recursos hídricos e a

biodiversidade aquática; (iii) Implementação do Plano de capacitação e educação ambiental; (iv) Implementação do

Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática; (v) Apoio às ações da campanha para salvar as

cabeceiras do rio Xingu.

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Seleção de microbacias demonstrativas

Tendo em vista que a região que compreende as cabeceiras do rio Xingu é extensa, tornando difícil a atuação do

AquaBio em forma direta em todas as microbacias, além do caráter demonstrativo do Projeto, a estratégia proposta

é de selecionar microbacias representativas das condições regionais. Para a seleção das microbacias demonstrativas

sugere-se adotar os seguintes critérios:

i) Nível de degradação dos recursos naturais e impactos nos recursos hídricos e biodiversidade aquática;

ii) Interesse dos moradores locais;

iii) Iniciativas e projetos existentes;

iv) Localização em relação às estruturas institucionais de apoio e facilidade de acesso;

v) Representatividade dos usos das terras;

vi) Representatividade das condições sócio-econômicas e ambientais, dos sistemas de produção e

sistemas de manejo das terras, dentro da região em que se localizam.

6.2.2 – Médio e baixo rio Negro

Para o caso do rio Negro, as informações secundárias e os diagnósticos sócio-econômicos e ambientais

preliminares apontam para a importância da intervenção do Projeto AquaBio associada à pesca ornamental,

comercial e esportiva, e à extração exagerada e descontrolada de quelônios. Propõe-se que o Projeto atue (i)

Apoiando os acordos de pesca existentes e estimulando novos acordos que se mostrarem necessários; (ii)

Implementando um plano de capacitação e educação ambiental; (iii) Implementando um Sistema de Informações

sobre a Biodiversidade Aquática.

Seleção de áreas

Após o aprofundamento do diagnóstico inicial e a partir da indicação preliminar de áreas, poderão ser selecionadas

em definitivo as áreas para implantar áreas demonstrativas de manejo dos recursos naturais. Ao nível de

comunidade, propõe-se selecionar propriedades para implantar sistemas de produção que possam aumentar o

período de uso com cultivos agrícolas, reduzindo a abertura de novas áreas. Cita-se, como exemplo, os sistemas

agroflorestais e permaculturais. Dos acordos de pesca existentes, poderão ser monitorados aqueles que forem

indicados pelas instituições parceiras e que estejam sendo implementados nas áreas de maior interesse para a

biodiversidade aquática.

6.2.3 – Baixo rio Tocantins

O diagnóstico ambiental indica que os principais fatores causadores de desequilíbrios ambientais na região têm sido

a pesca predatória, o desmatamento desordenado e o represamento do rio Tocantins para a construção da UHE

Tucuruí. As conseqüências têm se manifestado na redução da qualidade da água, no assoreamento do leito do rio e

na biota aquática, como é o caso da ictiofauna, com a redução da produção pesqueira. Esta situação aponta para a

necessidade do monitoramento da qualidade da água, da ictiofauna, e da atividade de pesca.

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Seleção de áreas

Com o aprofundamento do diagnóstico existente e considerando os municípios prioritários, poderão ser

selecionadas algumas áreas demonstrativas para orientação sobre sistemas de produção e reposição de mata ciliar.

Estão previstas ações do Projeto na implementação do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática e

na capacitação das colônias de pescadores e suas associações e junto ao Plano de Desenvolvimento Sustentável da

região.

6.3 - Indicadores

Através dos indicadores, o Projeto poderá medir o cumprimento dos objetivos e os impactos das ações

desenvolvidas. Para a construção da Matriz de Indicadores que está sendo proposta neste Plano, além de considerar

o Marco Lógico, buscou-se, na medida do possível, atender a características desejáveis nos indicadores, tais como:

a) Serem efetivos quanto ao custo - benefício (máximo de informações com tempo mínimo de coleta,

esforço e custo);

b) Revelar tendências significativas;

c) Apontar para os impactos do Projeto;

d) Não necessitar de especialistas para sua coleta (devem ter sentido também para os moradores locais);

e) Serem consistentes (continuar medindo a mesma coisa ao longo do tempo);

f) Envolver o mínimo possível de indivíduos e instituições na sua avaliação.

Nas questões ambientais nem sempre os números reproduzem a realidade, pois as relações devem também ser

medidas pela sua qualidade. Portanto, indicadores que podem significar qualidade de relação também poderão ser

adotados. Para monitorar as ações do Projeto estão sendo propostos indicadores nas dimensões sócio-econômica,

ambiental (biodiversidade, solos e água) e de mudanças comportamentais dos atores locais.

a) Dimensão Sócio-Econômica

A situação sócio-econômica dos moradores das microbacias será melhor conhecida a partir da elaboração do marco

zero, o qual considerará as informações secundárias existentes. O grau de organização e participação é fundamental

para identificar as possibilidades de desenvolvimento local. A organização também assume papel decisivo na auto-

gestão e sustentabilidade do Projeto.

No aspecto econômico, propõe-se selecionar indicadores que permitam acompanhar a evolução da diversificação e

desempenho dos componentes do sistema de produção, além da ocupação da mão-de-obra e indicadores

econômicos decorrentes especificamente da biodiversidade.

Nos aspectos organizativos e sociais, sugere-se selecionar indicadores que permitam: (i) Identificar iniciativas

locais de organização; (ii) Acompanhar a implantação e desempenho da estrutura organizativa desencadeada a

partir do Projeto; (iii) Identificar e acompanhar o nível de acesso a serviços de educação e incidência de doenças de

veiculação hídrica; (iv) Mudança de atitude sobre a biodiversidade aquática e recursos hídricos e entendimento

sobre o Projeto.

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b) Dimensão Ambiental - Biodiversidade

As regiões objeto do Projeto estão inseridas no domínio da Floresta Amazônica e Áreas de Transição entre Cerrado

e Floresta Amazônica, sendo originalmente muito rica em biodiversidade. A devastação da mata que se dá como

conseqüência de um processo de ocupação desordenado (principalmente nas cabeceiras do rio Xingu), onde a

floresta vem sendo substituída por sistemas monoculturais e pecuária extensiva e pelo uso e manejo inadequado das

terras, que associado ao processo de urbanização, tem levado à perda gradativa da biodiversidade tanto no

ecossistema terrestre como aquático.

O Projeto pretende, como um de seus objetivos centrais, apoiar o processo de sensibilização, educação e

capacitação das lideranças, autoridades e moradores locais, contextualizando-os com relação às riquezas e ameaças

à biodiversidade aquática. Espera-se lograr a mudança de atitude da sociedade em relação ao uso e manejo

sustentável dos recursos naturais, buscando reverter o quadro de degradação da biodiversidade promovendo sua

gradativa regeneração e conservação através da adoção de sistemas de produção e de manejo menos agressivos e

mais diversificados. Para medir os impactos sobre a biodiversidade, propõe-se utilizar os indicadores do SIBA,

sendo: (i) Desembarque pesqueiro; (ii) Ictiofauna; (iii) Macroinvertebrados bentônicos; (iv) Quelônios; (v)

Plâncton; (vi) Vegetação ribeirinha. Estes indicadores estão descritos em forma detalhada na seção correspondente

ao Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática e constam na Matriz de Indicadores (Quadro 1).

c) Dimensão Ambiental – Solos

A capacidade produtiva do solo é uma função expressa da integração de propriedades físicas, químicas e

biológicas. A perda ou redução das condições favoráveis ao desenvolvimento vegetal tem sido definida como

degradação do solo. O grau de afastamento de um solo das suas características físicas, químicas e biológicas

originais pode ser utilizado como parâmetro para avaliar o impacto dos sistemas de manejo.

O impacto do uso e manejo das terras sobre a qualidade do solo poderá ser acompanhado através de indicadores

que: (i) Representem mais de uma função/serviço levando à simplificação do processo e; (ii) Escala espacial e

temporal, para a avaliação da dinâmica da função ecossistêmica.

Indicadores propostos:

i) Indicadores físicos: Estrutura (agregação, compactação e porosidade) cujas funções são: regulação hidrológica,

estoque e retenção de água, conservação do solo e conservação da biodiversidade; ii) Indicadores químicos:

Capacidade de troca de cátions (CTC); Matéria orgânica; C, N e P, cujas funções são: estoque e retenção de água,

conservação do solo, conservação da biodiversidade, produção primária líquida, seqüestro de carbono; iii)

Indicadores biológicos: Coeficiente metabólico; Entomofauna edáfica; Diversidade microbiana; Biomassa

microbiana, cujas funções são: conservação do solo e água, conservação da biodiversidade, seqüestro de carbono,

regulação de gases (por exemplo, CO2).

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d) Dimensão Ambiental – Água

Propõe-se que as águas dos córregos e rios das microbacias piloto sejam avaliadas quanto aos seus padrões de

qualidade, ao longo da implementação do Projeto, com freqüência de amostragem trimestral coincidindo com os

períodos que marcam as variações climáticas da região (enchente, cheia, vazante e seca), tendo em vista a

finalidade de caracterizar a qualidade da mesma e possível variação em função da sazonalidade.

Sugere-se analisar os seguintes parâmetros: (i) No campo: presença de óleo/lixo; condições climáticas; ocorrência

de chuvas (últimas 24 horas); profundidade da coluna d’água; vazão/régua linimétrica; temperatura do ar e da água;

oxigênio dissolvido (OD); pH; condutividade e turbidez. (ii) No laboratório: alcalinidade e dureza; série

nitrogenada (N-NH4, N-Kj, N-NO2, N-NO3); série fosforada (P-PO4, P-Total); surfactantes e metais pesados2. As

metodologias propostas para a coleta das amostras, bem como, as metodologias analíticas, serão as mesmas

praticadas pela FEMA e UNEMAT.

Especialmente para o caso das cabeceiras do rio Xingu, propõe-se associar aos indicadores físico-químicos e

biológicos os parâmetros de avaliação visual dos rios, conforme metodologia aplicada pela TNC e FEMA nas

cabeceiras do rio Araguaia, permitindo assim chegar a um índice de qualidade dos rios, o que facilitaria o

entendimento e sensibilização dos moradores locais e sua efetiva participação no processo de monitoramento.

Propõe-se que o AquaBio coordene um curso específico de capacitação sobre esta metodologia adotada pela TNC

para o grupo que atuará no monitoramento nesta região.

Além dos aspectos de qualidade das águas da rede de drenagem, propõe-se monitorar a produção de sedimentos

(sedimentometria) e a vazão, caracterizando e acompanhando os fluxos hidrológicos e o processo erosivo nas

microbacias, bem como o potencial de assoreamento de rios e represas (onde existentes). Para a medição destes

processos, propõe-se utilizar metodologia descrita em GREGORY (1973). Também se recomenda medir a

precipitação pluviométrica (quantidade e intensidade) por ser esta a fonte central de energia causadora do processo

erosivo. Para facilitar a medida da vazão e da produção de sedimentos, poderão ser instalados na seção de controle,

a medida do possível, estruturas e equipamentos automatizados (linígrafos, amostradores de sedimentos, medidores

de vazão).

e) Indicadores de mudanças comportamentais

Os impactos sobre a biodiversidade, decorrentes da mudança de atitude dos moradores locais estimulados pela ação

do Projeto, serão acompanhados a partir de indicadores específicos, coletados ao nível de sub-bacia e microbacia.

Os indicadores selecionados estão incluídos em diferentes classes (tipo de uso do solo; estado de conservação dos

recursos naturais; indicadores biológicos; situação sócio-econômica; entendimento da legislação). A reversão do

processo de degradação dos recursos naturais, e conseqüentemente a melhoria da saúde ambiental, passa pela

mudança de atitude das pessoas e das instituições. Os indicadores propostos para acessar as mudanças

comportamentais decorrentes do Projeto incluem:

2 Os Metais Pesados propostos para monitoramento são: Cd, Fe, Cu, Cr, Pb, Ni, Mn, Zn e Hg.

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i) Melhor capacidade para facilitar e implementar sistemas de manejo sustentável dos recursos hídricos e da

biodiversidade aquática, incluindo instituições governamentais (Prefeituras, Estados), Organizações não

Governamentais e Associações Locais;

ii) Maior sensibilização das comunidades rurais, escolas rurais e da sociedade em geral em relação ao tema de

manejo sustentável dos recursos naturais, notadamente recursos hídricos e biodiversidade aquática;

iii) Nível de satisfação com as inovações promovidas pelo projeto e adesão de produtores rurais às práticas de

manejo sustentável dos recursos naturais e da pesca em particular.

Maior detalhamento sobre os indicadores propostos nas diversas dimensões a serem monitoradas consta na Matriz

de Indicadores (Quadro 1). Salienta-se que se trata de uma proposta inicial a ser analisada, revisada e finalizada

pela equipe técnica do projeto em conjunto com as instituições parceiras e moradores locais diretamente envolvidos

no AquaBio.

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Quadro 1 – Matriz de indicadores propostos para o monitoramento dos impactos do projeto AquaBio

Classe de indicadores

Indicadores propostos Universo ou abrangência da coleta

Instrumento de coleta Periodicidade Região proposta para o uso dos indicadores

Instituição responsável

Dimensão sócio-econômica

Índice de diversificação do sistema de produção

Microbacias monitoradas e comunidades

Entrevistas, observações locais e imagens de satélite

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Ocupação da mão-de-obra (agrícola) Microbacias monitoradas e

comunidades Entrevistas Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras Situação econômica

Ocupação da mão-de-obra (não agrícola) Microbacias monitoradas e

comunidades Entrevistas Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Organizações comunitárias para GIBRAH Microbacias monitoradas e

comunidades Reuniões e entrevistas Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Participação por gênero, geração e etnia. Microbacias monitoradas e

comunidades Reuniões e entrevistas Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Grau de ocorrência de doenças relacionadas à atividade (veiculação hídrica, agrotóxicos,

etc)

Microbacias monitoradas e comunidades Levantamentos de campo e

relatórios Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Nível de acesso aos serviços de educação Microbacias monitoradas e

comunidades Entrevistas e ferramentas do DRP

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Situação social e organizativa

Presença de grupos organizados para auto-gestão sustentável dos recursos naturais

Microbacias monitoradas e comunidades Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Até onde as comunidades locais entendem e concordam com o projeto proposto

Microbacias monitoradas e comunidades Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Até onde as comunidades se sentem envolvidas nos diferentes níveis (decisão,

planejamento, execução)

Microbacias monitoradas e comunidades Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Mudanças no nível de cooperação dos moradores locais com o Projeto

Microbacias monitoradas e comunidades Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras Atitude e entendimento

Iniciativas locais de avaliação participativa (moradores locais e instituições)

Microbacias monitoradas e comunidades Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Dimensão ambiental - Solo

Atributos de qualidade do solo

Indicadores de qualidade física, química e biológica (*)

Microbacias monitoradas e comunidades

Coleta por amostras de propriedades rurais

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

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45

Classe de indicadores Indicadores propostos Universo ou

abrangência da coleta Instrumento de coleta Periodicidade Região proposta para o uso dos indicadores Instituição responsável

Índice de cobertura vegetal Sub-bacias e microbacias

monitoradas Imagens de satélite e

levantamentos de campo Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Práticas de conservação do solo Microbacias monitoradas Entrevistas e ferramentas

do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

Área com sistemas agroflorestais Microbacias monitoradas e

comunidades Observações diretas e ferramentas do DRP

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Área com sistemas permaculturais Comunidades Observações diretas e ferramentas do DRP

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Médio e baixo rio Negro AquaBio e instituições parceiras

Dimensão ambiental - água

Indicadores físico-químicos e bacteriológicos (**)

Áreas de amostragens para SIBA e microbacias

monitoradas

Campanhas por amostra e determinações locais

Trimestral Cabeceiras do rio Xingu, médio

e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Qualidade da água da rede de drenagem

Presença de agrotóxicos Microbacias monitoradas Coleta sistemática de

amostras e análise Associada à época de

aplicação Cabeceiras do rio Xingu

AquaBio e instituições parceiras

Precipitação pluviométrica Microbacias monitoradas Estações meteorológicas Sempre que chover Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

Nível do rio Microbacias monitoradas Transdutor de pressão e

régua linimétrica Diariamente

Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

Vazão Microbacias monitoradas Elaboração de curva-chave

ou estrutura calibrada Diariamente

Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras Sedimentometria

Concentração de sedimentos Microbacias monitoradas Amostragem direta,

amostradores automáticos e determinações

Sempre que chover Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

Dimensão ambiental - biodiversidade

Índice de cobertura vegetal nativa Sub-bacias selecionadas Imagens e checagem in

loco Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Nível de Sub-bacia

Número de focos de incêndios identificados Sub-bacias selecionadas Imagens e checagem in

loco Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Nível de Microbacia e comunidade

Classe: Tipo de uso do solo

Mudança na área total com o uso de práticas agrícolas promotoras da

biodiversidade

Microbacias monitoradas e comunidades

SIG, sobreposição de mapas

Ferramentas do DRP

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Classe: Estado de conservação

Mudança na % de área total protegida (APP’s) (***)

Sub-bacias, microbacias monitoradas e comunidades

SIG, sobreposição de mapas

Ferramentas do DRP

Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Mudança no número e distribuição Microbacias monitoradas Transcectos Depende da espécie Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

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46

Classe de indicadores Indicadores propostos Universo ou

abrangência da coleta Instrumento de coleta Periodicidade Região proposta para o uso dos indicadores Instituição responsável

Classe: Espécies indicadoras (chave)

Mudança no número e distribuição Microbacias monitoradas Transcectos Depende da espécie Cabeceiras do rio Xingu AquaBio e instituições parceiras

Classe: Espécies indicadoras (chave)

Mudança nos fatores limitantes para espécies indicadoras (locais de ninhos,

árvores frutíferas, etc..) Microbacias monitoradas

Transectos e observações gerais

Anualmente Cabeceiras do rio Xingu, médio

e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras Mudança na renda (valor agregado) derivada da biodiversidade

Microbacias monitoradas e comunidades

Ferramentas do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Classe: Situação sócio-econômica

Mudança na renda (valor agregado) decorrente dos acordos de pesca

Colônias de pescadores e grupos envolvidos nos

acordos de pesca Relatórios e entrevistas

Marco zero com repetição anual

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Classe: Fontes de consumo

Mudanças no número de pessoas beneficiando-se dos produtos da

biodiversidade

Microbacias monitoradas e comunidades

Ferramentas do DRP Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Macroinvertebrados bentônicos Rios das microbacias

monitoradas e locais de campanhas do SIBA

Protocolos Metodológicos próprios

Marco zero com repetições trimestrais

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Fitoplâncton e zooplâncton Rios das microbacias

monitoradas e locais de campanhas do SIBA

Protocolos Metodológicos próprios

Marco zero com repetições trimestrais

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Ictiofauna Rios das microbacias

monitoradas e locais de campanhas do SIBA

Protocolos Metodológicos próprios

Marco zero com repetições trimestrais

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras Classe: indicadores biológicos (SIBA)

Quelônios Rios das microbacias

monitoradas e locais de campanhas do SIBA

Protocolos Metodológicos próprios

Marco zero com repetições trimestrais

Médio e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Aumento no tamanho das três principais espécies pescadas

Sub-bacias e regiões de pesca

Monitoramento do desembarque pesqueiro, relatórios e entrevistas

Diariamente Médio e baixo rio negro e baixo

rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Espécies pescadas Sub-bacias e regiões de

pesca

Monitoramento do desembarque pesqueiro, relatórios e entrevistas

Diariamente Médio e baixo rio negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Região de pesca (****) Sub-bacias e regiões de

pesca

Monitoramento do desembarque pesqueiro, relatórios e entrevistas

Diariamente Médio e baixo rio negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Equipamentos para pesca Sub-bacias e regiões de

pesca

Monitoramento do desembarque pesqueiro, relatórios e entrevistas

Diariamente Médio e baixo rio negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Tempo para captura Sub-bacias e regiões de

pesca

Monitoramento do desembarque pesqueiro, relatórios e entrevistas

Diariamente Médio e baixo rio negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Nível de Legislação e regulamentos

Classe: Entendimento da legislação

Mudanças no entendimento local sobre leis ambientais

Microbacias monitoradas e comunidades

Relatórios e entrevistas Marco zero, Avaliação intermediária e final

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

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Classe de indicadores Indicadores propostos Universo ou

abrangência da coleta Instrumento de coleta Periodicidade Região proposta para o uso dos indicadores Instituição responsável

Caça de espécies nativas Microbacias monitoradas e

comunidades Relatórios e entrevistas

Marco zero com repetição anual

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Pesca predatória Colônias de pescadores e grupos envolvidos nos

acordos de pesca Relatórios e entrevistas

Marco zero com repetição anual

Médio e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Desmatamento Sub-bacias selecionadas e microbacias monitoradas

Relatórios, entrevistas e imagens de satélite

Marco zero com repetição anual

Cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio

Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Redução de conflitos Colônias de pescadores e grupos envolvidos nos

acordos de pesca Relatórios e entrevistas

Marco zero com repetição anual

Médio e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

Classe: mudança de atitude e comportamento

(geral e associada aos acordos de pesca)

Manejo sustentável da ictiofauna – associado aos acordos de pesca

Sub-bacias e regiões de pesca

Campanhas, relatórios e entrevistas

Marco zero com repetição trimestral

Médio e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

AquaBio e instituições parceiras

(*) Indicadores físicos: Estrutura (agregação, compactação e porosidade); Indicadores químicos: Capacidade de troca de cátions (CTC); Matéria orgânica; C, N e P; Indicadores biológicos: Coeficiente metabólico; Entomofauna edáfica; Diversidade microbiana; Biomassa microbiana.(**) Físico-químicos: pH; Temperatura do ar e da água; Condutividade; Alcalinidade; Dureza; Turbidez; Surfactantes; N-Nitrato; N-Nitrito; N-NH4; P-total; P-PO4; Fe-total; OD; DBO; DQO; Metais pesados (Cd, Cu, Cr, Pb, Ni, Mn, Zn e Hg – analisados anualmente). Bacteriológicos: Coliformes (totais e fecais).

(***) Consideram-se Áreas de Preservação Permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios ou qualquer curso d’água, assim como ao redor de lagoas e lagos, nas nascentes, topo dos morros, nas encostas com declividade superior a 45º, conforme o ART.2º da lei Nº 4771, de 15 de setembro de 1965, Código Florestal Federal, sem prejuízo de quaisquer outras áreas previstas em leis municipais, estaduais ou federais.

(****) Por região de pesca entende-se a região mapeada conforme descrito no item (4.4.4 - estratégia metodológica – monitoramento do desembarque pesqueiro) deste documento

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6.4 - Área de abrangência do Monitoramento e Avaliação

O M&A se dará na área geográfica de atuação do Projeto, nos diversos âmbitos de intervenção e planejamento do

mesmo: Sistema de produção, propriedade (família), grupo de produtores, grupos de pescadores, município,

comunidade, colônias de pescadores, sub-bacia e microbacia hidrográfica, sendo que a disseminação de resultados,

experiências positivas e lições aprendidas se dará no âmbito Municipal/local, Estadual, Amazônia Legal e Bacia

Amazônica.

6.5 - Beneficiários

Os beneficiários do sistema de Monitoramento e Avaliação, aos quais será propiciada a participação efetiva nas

atividades e acesso às informações geradas, serão: (i) Âmbito interno do projeto: estrutura gerencial e

componentes; (ii) Âmbito do público local: beneficiários diretos, suas famílias e suas organizações; (iii) Âmbito

das instituições parceiras: Universidades, ONG’s e Governamentais; (iv) Projetos parceiros; (v) Sociedade civil.

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7. Ações comuns ao Monitoramento e Avaliação (M&A) e ao Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA)

7.1 - Arranjos institucionais

O arranjo institucional proposto para o M&A e SIBA poderá estar assim constituído: (i) Cabeceiras do Rio Xingu:

a coordenação das atividades do projeto estará a cargo da FEMA sendo que para o M&A poderá contar com o

apoio da UNEMAT, EMPAER, TNC; IPAM (sub-bacia do Tanguro), ISA e prefeituras municipais; (ii) Médio e

baixo Rio Negro: a coordenação das ações do Projeto está proposta para ser assumida pelo IBAMA/ProVarzea,

com o qual o Projeto atuará em forma integrada, principalmente para o acompanhamento do desembarque

pesqueiro. O Projeto também espera contar com o apoio das prefeituras municipais, ONG’s (IPE e FVA), Projeto

Corredores e SDS/AM; (iii) No caso do baixo Rio Tocantins, o projeto poderá contar com o IBAMA/ProVarzea

para apoiar o monitoramento do desembarque pesqueiro. Existe também a possibilidade de apoio da

ELETRONORTE.

Além das instituições já identificadas e contatadas que podem iniciar as atividades em parceria com o Projeto,

outras poderão se integrar a partir do interesse e da experiência nas regiões e temas do Projeto. Apresenta-se no

Quadro 2 um resumo das instituições, projetos em que atuam ou atuaram, tipo de apoio que podem brindar e seu

potencial.

Quadro 2 – Relação das instituições já identificadas para atuar em parceria com o AquaBio no sistema de monitoramento e de informações sobre a biodiversidade aquática

Instituição/projeto Região de atuação

Tipo de apoio ao AquaBio Potencial de apoio

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Projetos: ProVarzea e ProManejo

Médio e baixo rio Negro e baixo Rio Tocantins

a) Estratégia metodológica para acompanhamento de desembarque pesqueiro; b) Banco de dados sobre espécies ícticas de valor comercial e desembarque pesqueiro; c) Sistema de Informações Geográficas (SIG); d) Formação de agentes ambientais para atuação na coleta de informações sobre biodiversidade e sensibilização e orientação das populações locais; e) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região amazônica;

Alto potencial de apoio tanto no monitoramento como no acompanhamento da biodiversidade

Instituto Socioambiental (ISA) Projetos: Programa rio Xingu; Programa rio Negro

Cabeceiras do rio Xingu; Parque Indígena do Xingu; médio rio Negro

a) Capacitação e sensibilização das populações tradicionais e colonizadores sobre a importância da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos; b) Apoio no sistema de informações sobre a biodiversidade com metodologias e envolvimento direto dos moradores do Parque Indígena do Xingu; c) Sistema de monitoramento ambiental do rio Xingu; d) Banco de dados e Sistema de Informações Geográficas; e) Cartografia sobre as regiões de conservação.

Alto potencial de apoio e interesse, tanto no sistema de informações sobre a biodiversidade aquática como no monitoramento das ações do AquaBio.

Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT. Projetos: Atua na formação de profissionais e apóia projetos diversos na região dos rios Araguaia e Xingu.

Cabeceiras do rio Xingu

a) Estrutura laboratorial para análise da qualidade da água; b) Conhecimento científico para estudos e pesquisas sobre biodiversidade aquática; c) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região.

Alto potencial para pesquisas e estudos sobre biodiversidade aquática e parceria para o monitoramento das ações do projeto.

Universidade Federal do Pará – UFPA/NAEA. Projetos: Pesquisa de quelônios amazônicos, atuando como

Médio e baixo rio Negro, rio Tocantins

a) Estrutura laboratorial para análise de elementos da biodiversidade aquática; b) Conhecimento científico para estudos e pesquisas sobre biodiversidade aquática; c) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença

Médio potencial para apoiar o acompanhamento de quelônios e implementação de sistemas de manejo.

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instituição guia. permanente na região. d) Metodologia de acompanhamento de quelônios e envolvimento das populações locais; e) Banco de dados sobre quelônios amazônicos.

Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA. Projetos: Atuação como instituição parceira em projetos de pesca ornamental no rio Negro e no apoio ao projeto de pesquisa de quelônios.

Médio e baixo rio Negro

a) Apoio laboratorial em análise de ictiofauna e elementos da biodiversidade aquática; b) Conhecimento científico para estudos e pesquisas sobre biodiversidade aquática; c) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região. d) Metodologia de acompanhamento de quelônios e envolvimento das populações locais.

Alto potencial no apoio ao sistema de informações sobre pesca ornamental

Universidade Federal do Amazonas – UFAM; Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE Projetos: Projeto Janelas para a Biodiversidade; ProVarzea; Projeto Piaba; Projeto Quelônios Amazônicos.

Médio e baixo rio Negro

a) Apoio laboratorial em análise de ictiofauna e elementos da biodiversidade aquática; b) Conhecimento científico para estudos e pesquisas sobre biodiversidade aquática; c) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região. d) Metodologia de acompanhamento de quelônios e da pesca ornamental com envolvimento das populações locais; e) Banco de dados sobre pesca ornamental e ictiofauna.

Alto potencial de apoio no sistema de informações da biodiversidade na região do rio Negro, com destaque para quelônios e ictiofauna.

Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - ELETRONORTE

Baixo rio Tocantins

c) Apoio no acompanhamento da ictiofauna e pesca; b) Apoio no monitoramento da qualidade da água; c) Apoio na sustentabilidade do SIBA pela presença permanente na região.

Médio potencial para apoiar o sistema de informações da biodiversidade na região do baixo rio Tocantins.

The Nature Conservancy (TNC) Cabeceiras do rio Xingu.

a) Apoio na aplicação de metodologias participativas de monitoramento ambiental e acompanhamento da biodiversidade aquática; b) Capacitação e sensibilização das populações locais sobre a importância da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos; c) Banco de dados e SIG.

Alto potencial com destaque para monitoramento ambiental (qualidade da água), a partir de metodologia participativa utilizada nas cabeceiras do rio Araguaia.

Fundação Vitória Amazônica (FVA). Projetos: Atua no projeto Janelas para a Biodiversidade na região do médio rio Negro, como instituição guia.

Baixo/Médio rio Negro

a) Capacitação e sensibilização das populações locais sobre a importância da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos; b) Apoio na aplicação de metodologias de avaliação e acompanhamento da biodiversidade; c) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região.

Médio potencial para apoiar no acompanhamento da biodiversidade, com o uso de metodologias participativas.

FEMA Cabeceiras do rio Xingu

a) Apoio na coordenação das ações do projeto na região; b) Definição de metodologias e protocolos de campo para monitoramento da qualidade da água e de indicadores biológicos; c) Equipamentos e estruturas para análise de amostras; d) Disponibilização de imagens de satélite e base cartográfica.

Alto potencial de apoio tanto no monitoramento como no acompanhamento da biodiversidade. Atuará como coordenadora das ações do AquaBio nas cabeceiras do rio Xingu

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Projetos: Parceira no Projeto ProVarzea; Atuará em pesquisa sobre “savanização” na bacia do rio Tanguro, região do Xingu

Cabeceiras do rio Xingu

a) Apoio no monitoramento e informações sobre a biodiversidade; b) Apoio na sustentabilidade do sistema pela presença permanente na região; c) Desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre biodiversidade e manejo de recursos naturais.

Alto potencial de apoio, principalmente no monitoramento ambiental.

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7.2 - Estratégia operacional

Nesta seção são apresentados os principais elementos da estratégia operacional, a qual será ajustada e finalizada ao

longo do primeiro ano de implementação do Projeto. O Plano Final de Monitoramento e Avaliação e o Sistema de

Informações sobre a Biodiversidade Aquática serão revisados com a participação dos parceiros do Projeto, sendo

então definida a estratégia operacional a ser adotada, incluindo as responsabilidades, a metodologia e ferramentas

de coleta de dados e análise, a época de medição em relação ao tempo do Projeto, bem como os meios de

verificação. Apresenta-se no Anexo 1 um resumo das atividades, resultados e metas propostas e no Anexo 2 o

Marco Lógico específico para o Plano de M&A e SIBA.

7.2.1 – Seminário inicial

Durante o primeiro ano de implementação do Projeto será realizado em cada região selecionada um seminário

inicial, que envolverá moradores locais, suas representações e lideranças, instituições governamentais e não

governamentais, Projetos em execução e prefeituras. Considerando que já existe um processo de inserção do

AquaBio nas regiões, os seminários terão um caráter de continuidade, porém marcarão o início efetivo (formal) de

atuação do mesmo.

Os objetivos do seminário são: (i) Apresentar as características do Projeto; (ii) Entender os critérios de avaliação do

Projeto; (iii) Finalizar o plano de trabalho do primeiro ano e o próprio Plano de Monitoramento e Avaliação bem

como a estratégia de implantação do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática. O primeiro plano

anual de trabalho incluirá a revisão da planilha de indicadores e meios de verificação. Também será finalizada a

definição dos indicadores de impacto do Projeto.

Como objetivos adicionais destacam-se: (i) Garantir uma abordagem uniforme em todas as áreas de atuação do

Projeto; (ii) Conhecer todas as estruturas de apoio do GEF; (iii) Detalhar as responsabilidades e os serviços de

suporte; (iv) Informar e discutir com os participantes o detalhamento do Plano de Monitoramento e Avaliação

(estratégia operacional, relatórios, prazos, indicadores, avaliações de Meio Termo e Final); (v) Informações sobre o

plano orçamentário do Projeto.

Os produtos do seminário inicial serão: (i) Plano de Monitoramento e Avaliação revisado; (ii) Plano de Trabalho do

primeiro ano do Projeto desenhado; (iii) Estratégias de implementação do Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática validadas.

7.2.2 – Elaboração do marco zero

Como continuidade dos diagnósticos em elaboração serão aprofundados os estudos nas regiões para melhor

conhecer a situação dos elementos da biodiversidade aquática, dos recursos hídricos e a situação sócio-econômica

dos moradores locais. Também serão aprofundados os conhecimentos sobre os projetos em andamento. Durante a

elaboração do marco zero serão validados os protocolos de campo e a estratégia metodológica. O marco zero

marcará o início do processo de M&A e SIBA.

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Propõe-se a realização de um curso inicial para nivelar procedimentos metodológicos e definir os compromissos e

responsabilidades. Os produtos do marco zero serão: (i) Um relatório de marco zero para cada região selecionada

para atuação do Projeto; (ii) Um levantamento preliminar das demandas de estudos e pesquisas sobre outros

elementos da biodiversidade a serem incorporados no SIBA.

Após a conclusão das análises dos dados e elaboração dos relatórios do marco zero, os moradores das regiões serão

reunidos em seminários de feed back. Nestes seminários, os facilitadores e moradores locais farão uma discussão

sobre a situação dos recursos naturais e da biodiversidade aquática, propondo e priorizando ações no sentido da

solução dos problemas identificados.

7.2.3 – Execução do Plano de Monitoramento e Avaliação e do Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

A partir dos seminários de restituição, inicia-se o processo de acompanhamento da biodiversidade e do

monitoramento das ações do AquaBio. As informações coletadas relativas ao Monitoramento e Avaliação e

acompanhamento da biodiversidade serão remetidas ao banco de dados espacializado. As informações serão

disponibilizadas através de material informativo impresso (boletins e folders), rádio, televisão, internet e eventos.

Uma vez apropriadas pela comunidade, as informações poderão ser utilizadas no processo de geração de

conhecimento local e na auto-sensibilização para a adoção de ações de reversão do processo de degradação dos

recursos naturais e dos impactos sobre os recursos hídricos e biodiversidade aquática.

a) Campanhas

As informações sobre a biodiversidade aquática e sobre a qualidade da água serão coletadas em campanhas

trimestrais que coincidirão com o padrão climático da região (enchente, cheia, vazante e período seco). A partir dos

protocolos e das metodologias estabelecidas em conjunto com as instituições envolvidas, serão feitas observações

em campo e coletadas amostras para análise em laboratório. Todos os pontos serão georreferenciados e constarão

na base cartográfica, e todos os dados serão inseridos no banco de dados do Projeto.

Para o caso da sedimentometria (nas microbacias demonstrativas nas cabeceiras do rio Xingu), propõe-se buscar a

maior automação possível junto às seções de controle. Além de equipamentos, a seção deverá ter uma estrutura

para permitir tanto o acesso para leituras e coletas, bem como para permitir a medição da vazão e a elaboração da

curva-chave (correlação entre a vazão e o nível do fluxo). A decisão sobre a melhor forma de medição da vazão

será tomada no momento da seleção dos locais para construção da seção de controle. Serão necessários os

equipamentos relacionados a seguir, dos quais alguns serão instalados junto à seção de controle e outros serão

utilizados para realizar medições e coletas manualmente.

i) Estação meteorológica automática (ou pluviógrafos automatizados) e pluviômetros de apoio;

ii) Molinete hidrométrico (micro molinete);

iii) Amostrador de sedimentos manual modelos US DH 48 ou US DH 59;

iv) Amostrador de sedimentos de nível ascendente (ANA);

v) Linígrafo automático (sensor de nível e datalogger);

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vi) Régua linimétrica.

b) Relatórios

Além do relatório do marco zero, serão apresentados anualmente pelas equipes responsáveis do monitoramento e

do acompanhamento da biodiversidade aquática de cada região, relatórios sobre o andamento das ações e

cumprimento das metas estabelecidas no Plano de Trabalho. Estes relatórios serão compilados pela equipe de

coordenação do Monitoramento e Avaliação para compor os relatórios anuais de andamento do Projeto AquaBio.

Relatórios intermediários e específicos serão elaborados durante o ano, sempre que necessário, a critério das

equipes e instituições envolvidas. Apresenta-se a seguir a estrutura dos relatórios a serem elaborados.

i) Relatório de marco zero

O produto do marco zero será um relatório que caracteriza a situação atual de cada dimensão analisada, devendo

apresentar a seguinte estrutura:

� Equipe executora

� Apresentação;

� Sumário;

� Introdução;

� Caracterização para sub-itens:

• Introdução;

• Material e método;

• Resultados e discussão;

• Referências bibliográficas.

� Gráficos e figuras apresentadas no corpo do relatório, dentro de cada sub-item;

� As tabelas podem ser apresentadas no corpo do texto e em anexo (quando extensas);

� Nos anexos serão apresentados tabelas, instrumentos de coleta de dados e outros elementos explicativos

que se fizerem necessários;

� Conclusões e recomendações.

ii) Relatórios periódicos

Os relatórios periódicos deverão apresentar uma descrição das atividades do monitoramento, destacando os

resultados e avanços até a data considerada, indicando os problemas encontrados e formas de solução encontradas.

Deverá ser apresentada uma análise dos indicadores medidos, as correlações entre estes e seu comportamento ao

longo do tempo. Os resultados deverão ser correlacionados com as ações do Projeto no período. Farão parte destes

relatórios as lições aprendidas e as recomendações ao Projeto em função do comportamento dos indicadores

monitorados e analisados. É importante considerar que, tendo em vista o caráter de integralidade e inter-relações

das dimensões monitoradas, os relatórios de avanço deverão conter um capítulo que trata desta característica,

apontando para as ações e ajustes necessários nas diferentes dimensões que poderão levar aos alcances das metas

programadas.

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c) Eventos

Para manter as equipes técnicas e as comunidades mobilizadas e estimuladas à ação, bem como a sociedade

informada sobre os resultados do Projeto, serão realizados os seguintes eventos:

i) Reuniões de trabalho – Envolverão as equipes locais do Projeto, as instituições parceiras e os

moradores locais para discutir aspectos operacionais de curto prazo e receber o retorno das informações

coletadas. Estas reuniões terão periodicidade trimestral e duração de um dia.

ii) Seminários – Anualmente serão realizados seminários regionais para a apresentação e discussão dos

resultados do Projeto. Para estes seminários serão convidados todos os participantes do seminário inicial.

Também serão definidas as grandes prioridades para o ano seguinte e os ajustes ao plano de trabalho.

Será uma oportunidade de troca de experiências entre os projetos em execução. No terceiro e no quinto

ano do Projeto serão realizados seminários em âmbito nacional e internacional para apresentar os

avanços do AquaBio bem como das tendências da biodiversidade aquática.

7.3 – Banco de dados e Sistema de Informações Geográficas (SIG)

7.3.1 - Transmissão de dados

Como parte do arranjo institucional e aproveitamento de estrutura existente, o projeto poderá contar com as

informações da Agência Nacional da Água (ANA), sobre recursos hídricos; e com a estrutura existente do

SIPAM/SIVAM para transmitir informações ao banco de dados do Projeto AquaBio. No caso do SIPAM/SIVAM

existe uma estrutura montada que permite a transmissão de informações desde as diferentes regiões de atuação do

AquaBio, tais como: (i) Plataformas de Coleta de Dados (PCD’s), sobre quantidade e qualidade de água; (ii)

Transmissão de informações através de VSAT (Very Small Aperture Terminal) que se constituem em sistemas de

comunicação via satélite que permitem a implementação de uma rede de transmissão de dados interligando pontos

remotos e por vezes de difícil acesso; (iii) Sistema portátil de envio de mensagens de texto dotado de GPS (RDSS -

Radio Determination Satellite Service), que consiste de uma maleta equipada com computador que permite a

emissão de dados, via texto, de qualquer ponto, já que a comunicação é feita via satélite. Além destes mecanismos

existe a possibilidade de contar com uso de sala na sede do SIPAM/SIVAM em Manaus, bem como de imagens

Landsat dos anos de 2002 e 2003 e base cartográfica na escala de 1: 250.000.

7.3.2 - Banco de dados e SIG

O banco de dados terá como suporte um sistema de informação geográfica para armazenar, gerenciar e manipular

os dados coletados nas áreas de atuação do Projeto AquaBio. O geoprocessamento se caracteriza por ser uma

tecnologia relativamente barata e apóia na organização do conhecimento adquirido localmente. São utilizadas

técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica. Esta tecnologia tem

influenciado de maneira crescente as áreas da cartografia, análise de recursos naturais e o planejamento regional.

As ferramentas computacionais para o geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG),

permitem a realização de análises complexas ao integrar os dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados

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geo-referenciados. A partir destas ferramentas é possível automatizar a produção de documentos cartográficos

(CÂMARA & MEDEIROS, 1996).

Segundo conceito do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Sistema de Informação Geográfica é um

ambiente computacional para o geoprocessamento, tendo como função integrar dados geográficos, cadastrais, de

sensores remotos, redes e modelos numéricos de terreno, possibilitando consultar, recuperar, visualizar, manipular

e plotar o conteúdo de um banco de dados geo-referenciado.

a) Estrutura proposta do SIG

Os SIG’s, stricto sensu, podem ser considerados como software de coleta, tratamento e apresentação de

informações geocodificadas. Dentro da estrutura do banco de dados do sistema de informação geográfica do

Projeto AquaBio é importante salientar a disponibilidade de pessoas envolvidas. Para o funcionamento do sistema,

diferentes elementos deverão exercer suas funções em forma integrada, otimizando a habilidade de cada um. Os

elementos do grupo têm o papel de manter o sistema em funcionamento, alimentando o banco de dados e

assegurando que as informações estejam disponíveis no momento oportuno. Minimamente inclui três

segmentos/etapas: (i) Aquisição de dados no âmbito local; (ii) Tratamento dos dados e análise crítica dos

fenômenos ocorridos; (iii) Retorno da informação e contato com segmentos interessados, incluindo os gestores

locais dos recursos.

b) Gerenciamento da base de dados no SIG

As bases de dados físicas são compostas por arquivos onde os dados coletados no campo ou obtidos no laboratório

são armazenados. Nestas bases de dados são associados programas de gerenciamento que permitem executar

rotinas de manutenção e controle, resultando em bancos de dados. Os sistemas de banco de dados têm a capacidade

de gerenciar grande quantidade de informações. O gerenciamento dos dados envolve tanto a definição de estruturas

para armazenamento como a provisão de mecanismos de manipulação e a segurança do banco de dados.

Interface

Entrada de dados no banco de

dados

Consulta e análise espacial Visualização e plotagem

Gerência dos dados espaciais

Banco de dados geográfico

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i) Interface

São considerados cinco módulos de software como sendo sub-sistemas do SIG: (i) Entrada e verificação de dados;

(ii) Armazenamento de dados e gerenciamento da base de dados; (iii) Saída e apresentação de dados; (iv)

Transformação de dados; (v) Interação com os usuários.

ii) Entrada e integração de dados

Para lograr um maior desempenho do SIG, é necessário definir métodos e procedimentos de entrada e integração

dos dados de tal forma que os dados inseridos na base de dados atendam aos padrões previamente estabelecidos,

evitando a redundância de informações, otimizando o uso de equipamentos e fazendo com que as informações

decorrentes do processo sejam condizentes com a verdade do campo. As entradas de dados ocorrem por dois

métodos: digitalização em CAD (CAD – geo-referencimento e digitalização de mapas pré-existentes, pontos, linhas

e polígonos obtidos com GPS) e plotagem; digitação no próprio SIG (ARCVIEW, SPRING, etc. – Projeções

topográficas, topologia do espaço; atributos descritivos digitados a partir das análises de laboratório e entrevistas no

campo).

A representação digital de mapas é dividida em duas grandes classes: vetorial e matricial, sendo que os mapas

temáticos adquirem as duas classes. O conjunto de informações é composto de: (i) Carta topográfica (representação

de superfícies); (ii) Mapa temático (conceitos qualitativos – uso do solo, clima, etc); (iii) Mapas cadastrais de rede

de objetos endereçados no espaço (rede de drenagem, estradas, limites, sub-bacias, glebas, pontos de coleta, etc);

(iv) Imagens (satélites e fotografias aéreas); (v) Modelos numéricos de terreno (distribuição espacial quantitativa da

grandeza em estudo).

iii) Consulta e análise espacial

Esta operação utiliza atributos espaciais e não espaciais das entidades gráficas armazenadas na base de dados

espaciais, buscando fazer simulações (modelos) sobre os fenômenos do mundo real, seus aspectos e parâmetros. As

aplicações, no caso do AquaBio, podem ser diversas: agricultura, processos hidrológicos e erosivos, qualidade da

água de rios, poluição difusa, etc.

c) Organização dos dados

Para facilitar o acesso e utilização dos dados em tempo hábil, os mesmos, ao serem recebidos, são analisados e

criticados pela equipe responsável para sua posterior inserção e organização no banco de dados. A organização dos

dados inclui duas ações importantes:

i) Gerência dos dados espaciais

A gerência dos dados do AquaBio poderá ser realizada conforme os dados sejam enviados pelas equipes locais e

instituições parceiras. Ao receber os dados, a equipe responsável fará questionamentos antes de processá-los, tais

como: (i) Disponibilidades de aplicações prontas, já existentes; (ii) Capacidade de importação dos dados; (iii)

Recursos para conversão dos dados; (iv) Recursos de processamento de polígonos, linhas e/ou pontos; (v) Entrada

de dados (scanners, digitação, etc); (vi) Detecção de falhas e correções; (vii) Análise de consistência.

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ii) Controle de qualidade

O controle de qualidade se dá com os objetivos de: (i) Garantir que os dados gráficos estejam corretos e completos;

(ii) Garantir a distribuição correta nos níveis ou categorias de informação; (iii) Verificar a correção topológica dos

dados; (iv) Garantir que as informações resultantes atendam às especificações previamente definidas.

e) Conteúdo da base de dados

O conteúdo da base de dados do AquaBio será constituído dos diversos indicadores que compõem o marco lógico e

a matriz de indicadores, distribuídos em diversas dimensões (sócio-econômica, biodiversidade, solos, água).

7.4. Mecanismos/iniciativas de facilitação existentes

Tanto para o Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática como para o Plano de Monitoramento e

Avaliação propõe-se aproveitar as iniciativas locais existentes no sentido de facilitar as ações incrementais do

Projeto AquaBio.

a) Cabeceiras do Xingu: Nesta região, destacam-se as seguintes iniciativas: (i) Campanha para salvar as cabeceiras

que conta com a participação de um pool de instituições abrangendo: ONG’s, movimentos sociais, entidades civis,

prefeituras e órgãos governamentais; (ii) Projeto da sub-bacia do rio Tanguro a ser desenvolvido numa parceria do

Grupo Amaggi e IPAM; (iii) Programa rio Xingu coordenado pelo ISA; (iv) Monitoramento hídrico de Agência

Nacional da Água (ANA).

b) Médio e baixo rio Negro: No médio rio Negro, são destacadas as seguintes iniciativas: (i) Modalidade de

Acordos de Pesca coordenada pelo IBAMA; (ii) Sistema de monitoramento do desembarque pesqueiro do

ProVarzea; (iii) Modalidade de Iniciativas Promissoras utilizadas pelo ProVarzea; (iv) Monitoramento hídrico da

Agência Nacional de Água (ANA). A partir de contato mantido com a equipe responsável pelas Iniciativas

Promissoras está sendo disponibilizado ao Projeto AquaBio relatório de oficina realizada para o desenho do sistema

de monitoramento das Iniciativas Promissoras, o qual poderá servir de base para a implementação e monitoramento

das unidades demonstrativas do AquaBio nas regiões do médio e baixo rio Negro e no baixo rio Tocantins.

c) Baixo rio Tocantins: Nesta região são destacadas as seguintes iniciativas: (i) Plano Popular de Desenvolvimento

Sustentável a Jusante da UHE de Tucuruí coordenado pelos municípios da região em parceria com a

ELETRONORTE e instituições locais; (ii) Sistema de monitoramento do desembarque pesqueiro do ProVarzea;

(iii) Monitoramento hídrico da Agência Nacional de Água (ANA).

7.5 - Gerenciamento das ações e divulgação das informações

Com o objetivo de facilitar o gerenciamento das ações do Plano de Monitoramento e Avaliação e do Sistema de

Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA), contribuindo ao gerenciamento geral do Projeto, as

informações serão disponibilizadas aos diversos componentes do Projeto permitindo a tomada de decisão em tempo

hábil em relação ao andamento do mesmo. Caberá à equipe de Monitoramento e Avaliação e às instituições

parceiras a análise dos dados e a “tradução” para uma linguagem acessível aos moradores locais.

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A informação será disponibilizada através de eventos, documentos e diversos meios de comunicação. O número de

eventos para divulgação das informações sobre a biodiversidade aquática e os resultados do monitoramento

constam no Anexo 1 e incluem seminários locais, regionais e nacionais, bem como reuniões de trabalho que

envolvem os moradores locais (colaboradores) e as equipes de monitoramento. Quanto ao material de divulgação,

propõe-se a elaboração de cartilha sobre a biodiversidade aquática, tão logo o Projeto tenha informações seguras e

suficientes, bem como a elaboração de folders de divulgação das atividades relacionadas ao Monitoramento e

SIBA. Com o apoio do SIG será também possível produzir mapas indicando regiões de predominância de

determinadas situações e atividades relacionadas à biodiversidade aquática (ex. trechos de rios com degradação da

mata ciliar, mapa indicando a qualidade da água, regiões de pesca).

Apresenta-se na Figura 4 um fluxo esquemático da informação desde sua origem (nas três regiões de intervenção

do Projeto AquaBio) até o banco de dados, retornando como orientação no âmbito interno do Projeto e para

apropriação das instituições, moradores locais e sociedade em geral, servindo como apoio na implementação de

mecanismos de regeneração da biodiversidade e sua conservação.

Figura 4 – Visualização do fluxo da informação do Plano de M&A e SIBA

Origem da informação

Componentes do projeto

Instituições parceiras e outros

projetos

Organizações dos moradores locais

ÂÂmmbbiittooss:: Ecossistema terrestre e aquático das cabeceiras do rio Xingu, médio e baixo rio Negro e baixo rio Tocantins

A informação coletada e analisada constitui-se dos indicadores que constam no marco lógico do projeto e na matriz de indicadores

Banco de dados espacializado

Equipe de Gestão e coordenação do Plano

de M&A e SIBA

Para provocar mudança

Para provocar mudança

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8. Avaliação externa

Avaliação de Meio Termo: Uma avaliação externa e independente de Meio Termo será realizada no final do

terceiro ano do Projeto. Esta avaliação permitirá conhecer os avanços na obtenção dos resultados, indicando

possíveis ajustes no rumo do Projeto. A avaliação se focará na eficácia e no cumprimento dos prazos de

implementação do projeto, indicando as áreas e componentes que necessitam de ajustes, bem como destacando as

lições aprendidas até então que poderão guiar as ações do projeto na sua fase final. Os Termos de Referência desta

avaliação serão apresentados pela Equipe de Gestão do Projeto e negociados com o GEF/BIRD.

Avaliação Final: Ao final do Projeto será realizada uma avaliação externa e independente a qual enfocará os

mesmos temas e indicadores da avaliação de Meio Termo. A avaliação final buscará também identificar os

impactos e a sustentabilidade dos resultados do Projeto e o grau de alcance dos objetivos de longo prazo. Esta

avaliação terá também o propósito de indicar futuras ações no sentido da continuidade do processo de auto-gestão

local na busca da conservação e recuperação da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

9. Custos do SIBA e Plano de M&A

Os custos estimados para a implementação do SIBA e Plano de M&A são apresentados no Anexo 3 e perfazem um

total de R$ 3.416.746,00 (Três milhões, quatrocentos e dezesseis mil e setecentos e quarenta e seis reais). Os custos

estão distribuídos em diversas categorias que incluem investimentos e custeios para permitir a execução das

atividades em forma permanente e sem interrupção ao longo do Projeto.

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10. Bibliografia

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BAPTISTA, D.F., BUSS, D.F., DORVILLÉ, L. F. M.,NESSIMIAN, J. L. Diversidade e preferência de insetos aquáticos por habitats no gradiente longitudinal na bacia do rio Macaé, RJ, Brasil. Revista brasileira de biologia, 61 (2) 249-258. 2001.

BHOWMIK, G. N., et al. Conceptual models for erosion and sedimentation in Illinois . Vol. 1 project summary. 1984.

BORGES, S.H., IWANGA, S., DURIGAN, C. C., PINHEIRO, M. R. Janelas para a biodiversidade no Parque Nacional do Jaú – Uma estratégia para o estudo da biodiversidade na Amazônia. Fundação Vitória Amazônica. 2004. 280 p.

CALLISTO, M., JÚNIOR, J. F. G. A vida nas águas das montanhas. Ciência Hoje, vol. 31. nº 184. 2002.

CÂMARA, G. & MEDEIROS, J. S. Geoprocessamento para projetos ambientais. Tutoral, 1996.

DALE, H.V. & BEYELER, C. S. Challenges in the development and use of ecological indicators. Elsevier. Ecological Indicators 1. (2001) 3-10.

ESTADO DO MATO GROSSO. Programa Estadual de Preservação Estratégica das Matas Ciliares do Estado do Mato Grosso – PEPE. Cuiabá, 2004.

FONTOURA, P. Manual de vigilância da qualidade das águas superficiais – Avaliação Biológica da Qualidade da Água. Instituto de Zoologia Dr. Augusto Nobre. Fac. Ciências. Porto, 1985.

GALDEAN, N., CALLISTO, M., BARBOSA, F. A. R. Avaliação da biodiversidade de macroinvertebrados bentônicos em ecossistemas lóticos de altitude na Serra do Cipó, MG, Brasil. Revista brasileira de Biologia, 61 (2) 239-248. 2001.

GREGOY, R. J. & WALLING, D. F. Drainage basin-form and process. New York, John Wiley & Sons, 1973. 456p.

KARR, J. R. Assessment of biotic integrity using fish communities. Fishertes. 6 (6), 1981.

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IBAMA. Projeto de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea – ProVárzea, Manaus, 1998.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Discos CBS, 1985, 434p.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Laboratório de Ecologia de Bentos. Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores de qualidade de água.

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WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE. Freshwater Biodiversity: a preliminary global assesment. WCMA Biodiversity Series nº 8.

www.ecopress.org.br/eco_detalhes.php3?id_noticia=15780&id_jornal=2. ELETRONORTE discute projetos dos

atingidos por Tucurui. Acessado em Dezembro de 2004.

www.pt-pa.org.br/ptnoticias/ptnoticias03.htm. Eletronorte beneficia nove municípios da Região Tocantina.

Acessado em Dezembro de 2004.

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Anexo 1. Atividades, resultados e metas do SIBA e M&A

Apresenta-se a seguir um resumo das atividades, resultados e metas esperadas do Monitoramento e Avaliação e do Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática a serem logrados ao longo da implementação do Projeto.

Indicadores dos resultados Meta total Atividades Resultado Unidade Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6

1. Monitoramento e acompanhamento da biodiversidade aquática a) Implementar e manter um Sistema de Acompanhamento Físico-Financeiro (SAFF)

Sistema Físico e Financeiro implementado

Software 1 Um sistema em funcionamento

b) Realizar seminário inicial Seminário inicial realizado Relatórios 1 Um relatório de resultados do seminário inicial

c) Executar o marco zero (baseline) nas regiões de intervenção do Projeto

Marco zero executado Relatórios 1 Um relatório de marco zero (baseline)

d) Monitorar o dia-a-dia do projeto a partir de um plano de M&A e da seleção de indicadores nas diferentes dimensões e temas abordados a partir do marco zero (baseline)

Dia-a-dia do projeto monitorado Plano de M&A e rede de monitoramento

1 Um Plano de M&A e uma rede de monitoramento

e) Implementar um Sistema de informações sobre a biodiversidade aquática

Elementos da biodiversidade aquática sendo acompanhados

Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

1 Um Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

f) Criar um banco de dados e um sistema de informações geográficas (SIG)

Um banco de dados e SIG em funcionamento

Banco de dados e SIG

1 Um banco de dados e um SIG

g) Realizar reuniões de trabalho Reuniões de trabalho realizadas Relatórios e atas 3 6 6 6 6 3 30 relatórios de reuniões e atas h) Realizar seminários e elaborar relatórios Seminários realizados e

relatórios elaborados Relatórios 3 3 4 3 4 17 seminários e respectivos

relatórios regionais; 2 seminários nacionais e respectivos relatórios; 6 relatórios de avanços do projeto

2. Avaliação externa a) Implementar avaliação externa de meio termo e final (ex-post)

Avaliação do projeto implementada

Relatórios de avaliação

1 1 2 relatórios de avaliação

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Anexo 2. Marco lógico do sub-componente M&A e SIBA

Para completar as informações constantes no Marco Lógico geral do Projeto, apresenta-se a seguir o Marco Lógico específico do M&A e Sistema de Informações sobre a

Biodiversidade Aquática (SIBA).

Componente 4: Gestão, Monitoramento e Avaliação e Disseminação Sub-componente 4.2: Monitoramento e Avaliação (M&A) e Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática (SIBA) Objetivo: O Plano de Monitoramento e Avaliação do Projeto AquaBio tem por objetivo medir os impactos de suas ações, monitorar os avanços do seu dia-a-dia e disponibilizar as informações geradas para gestão e planejamento no âmbito do mesmo bem como possibilitando sua apropriação por parte dos beneficiários, instituições parceiras e sociedade. O Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática tem por objetivo gerar informações periódicas tanto sobre a estrutura das populações aquáticas como a qualidade do ambiente aquático (física, química e bacteriológica). Resultado: Lograr que a capacidade de M&A do projeto seja implementada, que seja adotado um Sistema de Acompanhamento Físico e Financeiro e mantido em funcionamento um eficiente Sistema de Manejo da Informação e que seja implementado um Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática.

RESULTADOS E ATIVIDADES Elementos do Projeto Indicadores de resultado Meios de Verificação Hipóteses Críticas

Objetivo Específico Avaliar e monitorar, as ações do Projeto com vistas à sua gestão e acompanhar a biodiversidade aquática, replicando os ensinamentos em outras regiões da Amazônia, do Brasil e da América Latina.

� Plano de M&A elaborado e em execução (a partir do PY 1); � Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática em

execução (a partir do PY1); � Sistema de Acompanhamento Físico e Financeiro em

funcionamento (SIGMA) (a partir do PY1); � Um banco de dados espacializado (a partir do PY 1);

Relatórios de execução das atividades

As condições de M&A estarão garantidas ao longo da implementação do Projeto

Intervenções do Projeto no Componente M&A Produto Meios de Verificação Hipóteses Críticas Resultado Um sistema de Monitoramento e Avaliação do projeto e um Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática implantado

Um banco de dados espacializado e um sistema de manejo das informações (a partir do PY2)

Relatórios de avanço do projeto

Estrutura para execução do M&A existente ao longo do Projeto

Atividades Indicadores de resultado Meios de Verificação Hipóteses Críticas Atividade 4.2.1 Realizar seminário inicial e revisar e ajustar plano de M&A e Sistema de Informações sobre a Biodiversidade Aquática

� Um plano de M&A e Sistema de Informações da Biodiversidade Aquática revisado (até final do PY1);

Relatório das atividades executadas

Equipes de M&A atuando e condições de trabalho garantidas

Atividade 4.2.2 Executar o marco zero (baseline) sobre a situação dos recursos naturais e os elementos da biodiversidade aquática

� Marco zero elaborado nas três regiões de atuação do Projeto � Seminários de restituição das informações (3 seminários no

final do PY1, sendo um por região de atuação);

Relatórios do marco zero; Relatórios dos seminários

Recursos, pessoal e infra-estrutura assegurados

Atividade 4.2.3 Implementar e manter um Sistema de Acompanhamento Físico-Financeiro (*)

� Um Sistema de Acompanhamento Físico-Financeiro em funcionamento (SIGMA) (no PY1 e durante todo o projeto)

Possibilidade de acesso às informações

Infra-estrutura e equipe técnica asseguradas pelo Projeto e MMA

Atividade 4.2.4 � Sistema de monitoramento estabelecido (a partir do PY2); Relatórios do M&A; Todas as condições

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Monitorar o dia-a-dia do projeto e implementar o sistema de informações sobre a biodiversidade aquática

� Uma rede de informações sobre a biodiversidade aquática e desembarque pesqueiro (a partir do PY2);

� Um banco de dados e um Sistema de Informações Geográficas (SIG) implementado (a partir do PY2);

� 12 eventos regionais de apresentação de resultados (um evento anual por região a partir do PY2);

� 2 eventos nacionais/internacionais de apresentação de resultados (no PY3 e no PY5);

� Pelo menos 3 microbacias com monitoramento ambiental nas cabeceiras do rio Xingu (a partir do PY 2);

� 8 pontos de coleta de informações sobre a biodiversidade aquática a partir do PY1 e 8 a partir do PY2;

� 3 pontos de acompanhamento do desembarque pesqueiro (a partir do PY1 e 3 a partir do PY2)

� Pelo menos 2 acordos de pesca monitorados a partir do PY2

Mapas; para o monitoramento existentes e no tempo oportuno

Atividade 4.2.5 Implementar avaliação externa de meio termo e final (ex-post)

� Um Termo de Referência para contratação de empresa para avaliação externa;

� Uma Avaliação de meio termo; � Uma Avaliação final (ex-post)

Termos de Referência; Relatórios das avaliações

Condições asseguradas para as avaliações (TOR e recursos)

(*) O sistema de Acompanhamento Físico e Financeiro do Projeto AquaBio será o SIGMA, operado pelo Ministério do Meio Ambiente para Projetos executados no seu Âmbito.

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Anexo 3. Planilha de custos estimados para o Plano de M&A e SIBA

Nome do projeto: MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AGUÁTICA E DOS R ECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA (AquaBio)

Componente: GESTÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO E DISSEMINAÇÃO

Subcomponente: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO (M&A)

Atividade:

Quantidades Valores por ano Categoria de Despesas Unid. Custo unit.(R$) Quant.

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Total Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Total

1. INVESTIMENTOS

EQUIPAMENTOS

Equipamentos de Campo:

GPS GPS 1.500 3 3 3 4.500 4.500

Régua linimétrica (kit com três unidades) Conjunto 500 3 3 3 1.500 1.500

Kit portátil para análise de água Kit 500 12 12 12 6.000 6.000

Linígrafos automáticos Linígrafo 7.000 3 3 3 21.000 21.000

Micromolinetes Molinete 10.000 3 3 3 30.000 30.000

Amostradores de sedimento em suspensão (US DH 48) Amostrador 3.000 3 3 3 9.000 9.000

Estação meteorológica automática Estação 12.000 3 3 3 36.000 36.000

Informática:

Microcomputador Computador 6.000 3 3 3 18.000 18.000

Impressora jato de tinta Impressora 900 3 3 3 2.700 2.700

Laptop Laptop 5.400 1 1 1 5.400 5.400

Plotter Plotter 27.500 1 1 1 27.500 27.500

Mesa digitalizadora Mesa 9.000 1 1 1 9.000 9.000

Scanner de mesa Scanner 400 1 1 1 400 400

No break No break 300 1 1 1 300 300

Software p/ manejo do banco de dados Sofware 7.000 1 1 1 7.000 7.000

Imagem satélite Imagem sat 5.000 3 3 3 15.000 15.000

Subtotal Equipamentos 45 45 193.300 193.300

TREINAMENTO/EDUCAÇÃO

Seminário inicial Workshop 5.000 3 3 3 15.000 15.000

Capacitação inicial para marco zero e monitoramento (32 horas) Curso 4.000 3 3 3 12.000 12.000

Seminários de restituição de informações do marco zero Seminário 5.000 3 3 3 15.000 15.000

Seminários Regionais Seminário 6.000 15 3 3 3 3 3 15 18.000 18.000 18.000 18.000 18.000 90.000

Reuniões de Trabalho Reunião 3.000 30 6 6 6 6 6 30 18.000 18.000 18.000 18.000 18.000 90.000

Capacitação para SIGMA Curso 500 1 1 1 500 500

Subtotal Treinamentos: 10 9 9 9 9 55 42.500 36.000 36.000 36.000 36.000 36.000 222.500

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ASSISTÊNCIA TÉCNICA/CONSULTORIAS

Consultoria para avaliação externa (meio termo e ex-post)

Avaliação 30.000 6 3 3 6 90.000 90.000 180.000

Subtotal Assist. Técnica: 3 3 6 90.000 90.000 180.000

SOMA DOS INVESTIMENTOS 55 9 12 9 12 106 235.800 36.000126.000 36.000 36.000126.000 595.800

2. CUSTEIO

Salários

Técnico apoio SIGMA Pessoa/mês 1.112 1 13 13 13 13 13 13 78 14.456 14.456 14.456 14.456 14.456 14.456 86.736

Técnico digitador desembarque pesqueiro Pessoa/mês 1.112 2 26 26 26 26 26 130 28.912 28.912 28.912 28.912 28.912 144.560

Coletor desembarque pesqueiro Pessoa/mês 436 6 78 78 78 78 78 390 34.008 34.008 34.008 34.008 34.008 170.040

Supervisor desembarque pesqueiro Pessoa/mês 2.475 2 26 26 26 26 26 130 64.350 64.350 64.350 64.350 64.350 321.750

Técnicos SIG Pessoa/mês 4.000 3 39 39 39 39 39 195 156.000156.000156.000156.000156.000 780.000

Elaboração do marco zero Diagnóstico 15.000 3 3 3 45.000 45.000

Despesas operacionais desembarque pesqueiro Meses 1.500 6 72 72 72 72 72 360 108.000108.000108.000108.000108.000 540.000

Viagens coleta dados pesca esportiva sub-bacia Sete de Setembro (Xingu)

Viagem 1.000 5 1 1 1 1 1 5 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 5.000

Overhead 2,5% 475 60 12 12 12 12 12 60 5.700 5.700 5.700 5.700 5.700 28.500

Sedimentometria Amostras 21 1.200 240 240 240 240 240 1.20 5.040 5.040 5.040 5.040 5.040 25.200

SIBA (Sistema de Informações sobre Biodiversidade Aquática)

Coleta no Rio Xingu Campanha 10.000 20 4 4 4 4 4 20 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 200.000

Coleta no Rio Negro Campanha 10.000 20 4 4 4 4 4 20 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 200.000

Coleta no Rio Tocantins Campanha 10.000 20 4 4 4 4 4 20 40.000 40.000 40.000 40.000 40.000 200.000

Instalação de Equipamentos Hora 60 96 96 96 5.760 5.760

Material de Consumo (Banco de dados e SIG) Mês 600,00 60 12 12 12 12 12 60 7.200 7.200 7.200 7.200 7.200 36.000

Manutenção equipamentos (Sedimentometria) Hora 60 240 48 48 48 48 48 240 2.880 2.880 2.880 2.880 2.880 14.400

Manutenção equipamentos (Banco de Dados SIG) Mês 300 60 12 12 12 12 12 60 3.600 3.600 3.600 3.600 3.600 18.000

SOMA DOS CUSTEIOS 112 591 591 591 591 5.543 65.216551.146551.146551.146551.146551.146 2.820.946

TOTAL GERAL 167 600 603 600 603 5.649 301.016587.146677.146587.146587.146677.146 3.416.746