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PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO( OAC )- OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVO . AUTOR :Célio Lucion . ESTABELECIMENTO :Escola Estadual Plínio Alves Monteiro Tourinho . DISCIPLINA : História . CONTEÚDO ESTRUTURANTE :Relações Culturais . CONTEÚDO ESPECÍFICO :Educação e Sexualidade TÍTULO:A Homofobia na Escola Pública : Como lidar com aquilo que insistimos em esconder ? Problematização do Conteúdo O objetivo principal desse ( OAC ) é estudar como a homofobia atua no meio escolar e a decorrente exclusão e violência sofrida por alunos que ousam ter uma orientação sexual diferente da maioria das pessoas, bem como chamar a atenção para o prejuízo pedagógico de tais práticas que só alimentam o preconceito ...” o preconceito não é um fenômeno isolado...Integra uma sociedade cada vez mais violenta e agressiva , pautada pelo individualismo, pela intolerância e pelo desrespeito à essência do próximo. Entender como a homofobia se manifesta e de que forma pode ser combatida pressupõe discussões sobre a dinâmica social .”( Toni Reis -Presidente do Grupo Dignidade).Não apenas “ discussões sobre a dinâmica social “, mas também discussões sobre a dinâmica histórica,já que a homofobia não nasceu na escola , esta apenas a reproduz e reforça ,faz-se necessário portanto um resgate histórico de como a homossexualidade era encarada nos vários momentos de nossa História (do Brasil ) , “História vista de baixo”( Diretrizes Curriculares de História ), a fim de desconstruírmos idéias, atitudes,visões negativas da homossexualidade produzidas ao longo da nossa história e encaradas como naturais, como corriqueiras e repetidas sem reflexão em nossas escolas.

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PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO( OAC )- OBJETO DE APRENDIZAGEM

COLABORATIVO .

AUTOR :Célio Lucion .

ESTABELECIMENTO :Escola Estadual Plínio Alves Monteiro Tourinho .

DISCIPLINA : História .

CONTEÚDO ESTRUTURANTE :Relações Culturais .

CONTEÚDO ESPECÍFICO :Educação e Sexualidade

TÍTULO:A Homofobia na Escola Pública : Como lidar com aquilo que insistimos em

esconder ?

Problematização do Conteúdo

O objetivo principal desse ( OAC ) é estudar como a homofobia atua no meio escolar e a

decorrente exclusão e violência sofrida por alunos que ousam ter uma orientação sexual

diferente da maioria das pessoas, bem como chamar a atenção para o prejuízo pedagógico de

tais práticas que só alimentam o preconceito ...” o preconceito não é um fenômeno

isolado...Integra uma sociedade cada vez mais violenta e agressiva , pautada pelo

individualismo, pela intolerância e pelo desrespeito à essência do próximo. Entender como a

homofobia se manifesta e de que forma pode ser combatida pressupõe discussões sobre a

dinâmica social .”( Toni Reis -Presidente do Grupo Dignidade).Não apenas “ discussões sobre

a dinâmica social “, mas também discussões sobre a dinâmica histórica,já que a homofobia

não nasceu na escola , esta apenas a reproduz e reforça ,faz-se necessário portanto um resgate

histórico de como a homossexualidade era encarada nos vários momentos de nossa História

(do Brasil ) , “História vista de baixo”( Diretrizes Curriculares de História ), a fim de

desconstruírmos idéias, atitudes,visões negativas da homossexualidade produzidas ao longo da

nossa história e encaradas como naturais, como corriqueiras e repetidas sem reflexão em

nossas escolas.

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Referências:

GUIA PARA EDUCADORES(AS ).Educando para a diversidade. Curitiba. Jun. 2006.

CEPAC.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de

Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba, 2006.

Investigação Disciplinar

Título : As elites homofóbicas.

Depositárias dos ideais de tradição patriótica e dos valores patriarcais, as elites brasileiras

sempre se apresentam muito defensivas e, por isso mesmo, particularmente vulneráveis ao

fantasma do desejo desviante. Tornam-se permeáveis ao pânico homofóbico na mesma

proporção com que zelam pela estrita observância das normas morais - “ que são aspirações

legítimas da família e da sociedade “, no dizer do antigo cardeal-primaz do Brasil, Dom Avelar

Brandão Vilela . No conceito de elite estou aqui incluindo, para além dos óbvios donos do

poder ( político, econômico ou religioso ), tanto a emergente nova burguesia, ansiosa por

ascensão social, quanto o setor intelectual do país que, além de usufruir previlegiadamente do

aparelho cultural, em geral é o que prepara os caminhos ideológicos de dominação da

população – mesmo quando invoca ideais e intenções progressistas.

São também essas elites que reorganizam continuamente a moldura da repressão sexual, de

maneira sutil ou não, na vida brasileira. Às vezes criando uma densa muralha de justificações

teóricas, às vezes disseminando em doses homeopáticas preceitos de naturalidade e

normalidade, os grupos oligárquicos estão envolvidos em atividades que têm coibido

incansavelmente a atividade homossexual entre os brasileiros, no passado e no presente –

como a Inquisição, os códigos penais, as portarias policiais e a censura estatal. Para tanto,

utilizam-se até mesmo de distorções na história do país, recontada de acordo com ditames

moralizantes e preconceituosos. Assim em 1982, o então ministro da Educação e Cultura,

general Rubens Ludwig, fazia coro com o presidente João Figueiredo na articulação de uma

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campanha contra a escalada pornográfica porque , segundo ele, o erotismo não tinha raízes na

tradição cultural brasileira. Em conseqüência, proibiu-se a venda de revistas pornográficas

nas bancas, censura aos filmes se tornou mais rígida e bispos de várias dioceses organizaram

campanhas de boicote aos canais de TV que apresentassem obras consideradas “ impróprias “

para os lares cristãos. Foram especialmente visados os personagens e situações

homossexuais em programas de televisão – pois como reclamava um membro do Conselho

Superior de Censura : “O que dá de viado na televisão não é brincadeira.” Por sua vez, o

presidente do Conselho Superior de Censura, na época afirmava que “ o público brasileiro,

fora de Ipanema, conserva muitos de nossos valores tradicionais da moral e dos bons

costumes”. E completava convicto: “O homossexualismo assumido e o amor livre não

entraram na mente dessa gente.”

No terreno da política, a situação aparece ainda mais grave. Em 1993, o vereador Renildo

dos Santos, do vilarejo de Coqueiro Seco ( Alagoas ), confessou-se bissexual, num programa de

rádio local. Depois disso, foi afastado da Câmara Municipal, por “quebra de decoro”, e

passou a receber freqüentes ameaças de morte. Mesmo pedindo proteção à justiça, ele foi

seqüestrado de casa e assassinado. Dias depois encontraram seu cadáver decapitado, com os

órgãos sexuais mutilados, pernas quebradas, dedos e unhas da mão arrancados, sua cabeça

apareceu boiando num rio, não longe do local, sem os olhos, a língua e as orelhas, além de dois

tiros no ouvido. Mas a homofobia explícita não se restringe à elite interiorana. Em Brasília,

durante a aprovação da nova Constituição de 1988, o plenário do Congresso Constituinte

votou quase em peso contra a inclusão do item que proibia discriminação por “ orientação

sexual”. A bancada evangélica bateu palmas, ante a derrota da assim chamada “emenda dos

viados” ou, para usar os termos do líder do governo Carlos Sant'Anna, emenda da

“desorientação sexual”. Estavam salvos os valores morais da nação. Afinal, como disse o

deputado evangélico Costa Pereira, aprovar aquele item seria “ trazer para o Brasil a

maldição de outros países, (...) igual a que existia em Sodoma e Gomorra”.

Quase dez anos depois, em dezembro de 1997, ocorreu clima parecido na Câmara Federal,

quando se debatia mais uma vez o projeto de parceria civil registrada entre pessoas do mesmo

sexo ( vulgarmente chamado de “ casamento gay”), proposto pela então deputada federal

Marta Suplicy... Alguns conservadores protestavam que o projeto era “um desrespeito à casa e

uma aberração da natureza”. Respeito à democracia e amor ao próximo? Nem mesmo por

parte dos líderes religiosos. Em 1997, o arcebispo de Maceió, D. Edvaldo Amaral, declarou a

um jornal local, a propósito do projeto de união civil: “ Sem querer ofender os cachorros,

acho que isso é uma cachorrada! Está é a opinião de Deus e da Igreja.”

Mas tais atitudes intolerantes não partem apenas dos setores explicitamente conservadores.

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Elas eclodem também nas áreas assim chamadas progressistas ou alternativas, agora em nome

de um novo saber político ou científico. No Brasil contemporâneo, ainda se utiliza o clássico

“Guia de Medicina Homeopática , do Dr. Nilo Cairo, que embasa os conhecimentos de

médicos homeopatas desde o começo do século XX, pelo menos. No capítulo que trata das

“desordens sexuais”, esse manual oferece orientações precisas de medicações para curar

“homens pederastas e mulheres lésbicas”, assim como “ aversão ao outro sexo”... Além desse

guia continuar circulando nos consultórios homeopáticos, há outras medicinas “ alternativas”

que vieram alimentar preconceitos com raízes pretensamente científicas. No final da década

de 1970, um manual de medicina natural – moda consagrada em setores brasileiros

“avançados” - apontava o homossexualismo masculino ( o feminino nem sequer era

mencionado ) como “ patologia psíquica ou somática “, passível de ser curada através dos

mais diversos tipos de tratamento, apresentados pela macrobiótica, acupuntura, do-in,

homeopatia, fitoterapia, shiatsu e hata-yoga, não se esquecendo de recomendar, na seção

“conselhos especiais”, que se evitasse alimentos doces e artificiais( refrigerantes, sorvetes,

chocolates, chicletes, balas, etc. ) - para não “pegar” homossexualidade, naturalmente.

Outro exemplo dos preconceitos das elites “ progressistas”: na campanha de 1989 à

presidência da República, a chapa de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT, contou

inicialmente com o nome do escritor Fernando Gabeira, do PV, para vice-presidente. Houve

intensa polêmica dentro do PT e entre os partidos de esquerda seus aliados na Frente Brasil

Popular. O PSB e o PC do B, ameaçaram retirar-se da frente, incomodados com as posições do

ex- guerrilheiro Gabeira em favor das assim chamadas “ minorias sexuais”. O cientista

político Francisco Weffort, então membro do Diretório Nacional do PT e um dos seus mais

importantes ideólogos, vetou publicamente o nome de Gabeira, por ser “ um brilhante porta-

voz de temas das minorias”... pouco depois, Jair Menegueli, então presidente nacional da CUT

também desaprovou publicamente o nome de Gabeira, “ mais difícil de se vender (...) em

porta de fábrica”, segundo ele.

Em 1996, o deputado petista Hélio Bicudo, conhecido por seu alinhamento aos dogmas

católicos, veio a público combater temas polêmicos na Câmara dos Deputados. Tanto o aborto

quanto o chamado “ casamento homossexual”, segundo ele, “ têm conteúdo marcadamente

hedonista, incompatível com a finalidade última da espécie humana.”Confirma-se mais uma

vez que , para os partidos de esquerda, a definição de “minorias” resulta menos de uma

referência estatística do que de uma consideração ideológica, que envolve velhos preconceitos

camuflados em argumentos “modernos”.

Referência:

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Devassos no paraíso: A homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade . João Silvério

Trevisan- Ed. Revisada e ampliada- 6ª ed.- Rio de Janeiro: Record, 2004.

Perspectiva Interdisciplinar

Título: A religiosidade pode justificar a intolerância ?

Ainda hoje , líderes religiosos se manifestam contra o amor entre pessoas do mesmo sexo,

citando passagens bíblicas para justificar o preconceito e a discriminação.Mas será que a

Igreja, assim como a sociedade, não sofre transformações culturais e históricas ?

De acordo com o professor de Teologia Moral, Mário Sanches, da PUC- PR, existe sim uma

mudança de postura por parte das religiões, que devem aceitar a homossexualidade de forma

mais aberta. “ Se admitimos que o ser humano é dinâmico, responsável por seu próprio

desenvolvimento, temos que entender que a homossexualidade não pode ser vista como uma

aberração, mas como uma possibilidade “, afirma .

Mário lembra que as pessoas, homo ou heterossexuais, se constroem também no

relacionamento com Deus e em contextos em que estão presentes diversas concepções

religiosas e sistemas de crenças. Essa construção não se restringe a uma maneira de

interpretar os textos sagrados, as normas e as orientações fornecidas pelas instituições

religiosas. No Cristianismo, por exemplo, Mário observa que “há duas maneiras de

interpretar a Bíblia: uma fundamentalista e outra histórico-crítica, que não nega as

transformações culturais da sociedade”.Para o teólogo, quem escreveu a Bíblia deixou

respingar no texto posturas atualmente inaceitáveis, como o machismo e a homofobia . “Essas

afirmações precisam ser superadas. É necessário entender que a Bíblia não é culpada, mas

entrou no ' rol das manipulações'. Ou seja, a sociedade ainda não sabe como acolher o

homossexual da maneira como deveria e, por isso, lança mão de uma série de artifícios, como

os preconceitos culturais supostamente defendidos por Deus “, diz.

“ A Bíblia se justifica pela própria Bíblia “.Com essa frase, o teólogo Mário Sanches faz o

seguinte questionamento: Se Deus é amor, haveria algum motivo para não amar os

homossexuais?

De acordo com o professor da PUC-PR, todos podem construir sua espiritualidade, desde

que de forma sadia e responsável. “ Se um hétero tem o direito de assumir um relacionamento

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alegre e estável, o homo também tem . O que não pode é exercer sua sexualidade como forma

de dominação, compra e venda”, diz.

Referência :

Guia para Educadores (as). Educando para a diversidade. Curitiba. Jun. 2006. CEPAC.

Contextualização

Título: O papel da mídia no combate a homofobia .

O papel da imprensa em relação aos direitos da infância e adolescência é promover a

mobilização da opinião pública, com o propósito de estimular a participação dos diversos

segmentos da sociedade. Passar uma visão clara sobre o direito da criança e do adolescente,

mostrar o que vem sendo feito para implementar novas leis , desmistificar estereótipos

relacionados aos direitos humanos e seus defensores, difundir idéias e experiências para

melhorar e gerar novas ações são algumas das pautas que devem ser tratadas pelos meios de

comunicação.( Guia para Jornalistas- Ciranda )

O direito à comunicação é fundamental para a promoção da cidadania e a construção de

uma sociedade mais justa e solidária. Seja por meio de jornais e revistas ou de veículos

televisivos e radiofônicos, a imprensa tem as ferramentas necessárias para desmistificar

conceitos, exigir o cumprimento dos princípios estabelecidos pela lei e combater a homofobia e

a exclusão.

A mídia pode contribuir para que a sociedade reflita acerca das diferenças e passe a

respeitá-las.A divulgação dos artigos do Estatuto da Criança, das resoluções do Conselho

Federal de Psicologia e da Constituição Federal, por exemplo, evitam que as leis e suas

possibilidades de desenvolvimento social, político, econômico e cultural caiam no desuso ou no

descrédito. O tratamento natural sobre questões referentes à homo, à bi, à trans e à

heterossexualidade nos meios de comunicação desmistifica o assunto, sobretudo para

adolescentes que , em sua etapa tão conturbada da vida, se deparam com dúvidas a respeito

da orientação sexual.

Não é verdade que a disseminação de informações sobre homossexualidade influencia na

orientação sexual dos indivíduos. O conhecimento ajuda a diminuir o preconceito, permitindo

que mais pessoas assumam quem são e vivam de maneira visível seus relacionamentos

amorosos. No entanto, a homossexualidade é praticamente ausente nos veículos de imprensa

do Brasil. De acordo com o Relatório A Mídia dos Jovens, produzido pela Agência de Notícias

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dos Direitos da Infância( ANDI), a imprensa brasileira publicou em 2004 apenas 26 matérias

sobre o assunto. Ainda assim são textos que não aprofundam o conflito vivenciado por jovens

homossexuais e, geralmente, retratam opiniões preconceituosas, que não provocam reflexões.

Profissionais de educação podem utilizar fatos noticiados pela imprensa para estimular

debates sobre cidadania, violência, diversidade, e direitos humanos em sala de aula. Gênero,

linguagem, cultura e preconceito são algumas das questões a serem exploradas.

Referência:

Guia para Educadores (as). Educando para a diversidade. Curitiba. Jun.2006. CEPAC.

Título : A homossexualidade não é doença e não pode ser mudada.

A Sociedade Americana de Psicologia, uma associação que congrega todos os psicólogos dos

EUA, produziu um folheto em que divulga o seu posicionamento a respeito da

homossexualidade. Entre outras coisas, explica que “ a orientação sexual é diferente do

comportamento sexual, porque se refere aos sentimentos e conceitos de si próprio. As pessoas

podem ou não expressar a sua orientação sexual através do comportamento.(...)

Em 1973, a Sociedade Americana de Psiquiatria confirmou a importância das pesquisas que

estavam sendo realizadas ao remover o termo “homossexualidade” do manual oficial que lista

todos os distúrbios mentais e emocionais. Em 1975, a Sociedade Americana de Psicologia

aprovou uma resolução em apoio àquela decisão. Ambas as associações solicitam que os

profissionais de saúde mental colaborem para acabar com o estigma que algumas pessoas

ainda associam à orientação homossexual. Desde que a homossexualidade deixou de ser

classificada como doença mental, pesquisas adicionais feitas pelas duas associações vêm

confirmando aquela decisão. (...)

Em 1990, a Sociedade Americana de Psicologia tomou a posição oficial de que as terapias de

conversão da homossexualidade para a heterossexualidade não funcionam e fazem mais mal

do que bem, conforme apontam as evidências científicas. Alterar a orientação sexual de uma

pessoa não é simplesmente uma questão de mudar seu comportamento. Ela requereria uma

alteração dos sentimentos emocionais, românticos e sexuais da pessoa, além de uma

reestruturação do conceito de si própria e sua identidade social. Apesar de alguns

profissionais de saúde mental tentarem aplicar terapias de conversão da orientação sexual,

muitos outros questionam a ética de se desejar mudar uma característica que não é um

distúrbio e tem uma grande importância para a identidade do indivíduo.

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Referência : Diferentes desejos : adolescentes homo, bi e hetero- Claudio Picazio, São Paulo

– Summus, 1998.

Título : Homossexualidade é doença ?

Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde decidiu que a homossexualidade

não é um distúrbio e a retirou de seus manuais. Apartir de então, essa data tornou-se o Dia

Internacional de Combate à Homofobia. O Brasil foi o 5° país a retirar a terminologia, em

1985, depois apenas dos países escandinavos, e antes mesmo da própria OMS...

Resolução do Conselho Federal de Psicologia n° 1/ 99 ( 23 de março de 1999):

Art. 2 °- Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre

o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que

apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.

Art. 3°- Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de

comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar

homossexuais para tratamentos não solicitados.

Art. 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos,

nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em

relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Parágrafo único- Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham

tratamento e cura das homossexualidades.

Referência : Guia para educadores (as). Educando para a Diversidade. Curitiba. Jun.

2006. CEPAC.

Recursos Didáticos

Sítios

● Grupo Dignidade:www.grupodignidade.org.br

Nesse sítio você encontra uma série de textos e depoimentos que tem como objetivo

conscientizar a sociedade para os direitos dos homossexuais e a luta contra o preconceito, bem

como cursos, palestras direcionadas para as escolas e demais setores da sociedade.

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● Homofobia-Causas e Conseqüências: http://homofobia.com.sapo.pt

● Educação On Line:www.educacaoonline.pro.br

● CEPAC:www.cepac.org.br

● Armário X : www.armariox.com.br

● MARTINS, V. A homossexualidade no meio escolar. Disponível em

<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos.asp?entrlD=296

● Grupo de Pais e Mães de Homossexuais:www.gph.org.br

Nesse sítio você encontrará informações, depoimentos, relatos de pais e mães que tem filhos

(as) homossexuais.Oferece também apoio, palestras, bate papo e ajuda para os pais e mães

lidarem com essa realidade sem deixarem de amarem seus filhos( as).

● Homossexualidade- Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/homossexualidade

Nesse sítio você terá acesso a uma visão ampla da homossexualidade: Homossexualidade

Humana versus Animal,Visões da Psicanálise e da Psicologia, Relações entre Gêneros na

Homossexualidade,Visão Social da Homossexualidade, assim como outras informações e sítios

referentes ao tema .

● Causas da Homossexualidade- Doutor Dráuzio Varella : Disponível em:

<http://www.drauziovarella.com.br/artigos/homossexualidade.asp>

Dráuzio Varella questiona o determinismo das ciências a respeito das causas da

homossexualidade mostrando a inutilidade dessas discussões, segundo ele “ cada indivíduo é

um experimento único da natureza porque resulta da interação entre uma arquitetura de

circuitos neuronais geneticamente herdadas e a experiência de vida.”Este artigo é excelente

para trabalhar com alunos do ensino médio.

Sons e Vídeos

Este recurso oferece indicações de áudios e vídeos como filmes, entrevistas,

documentários,reportagens e músicas, que têm como objetivo auxiliar na compreensão ou

ilustração do conteúdo trabalhado.

Sugestões de filmes:

● Adeus Minha Concubina

● Billy Elliot

● E a vida continua

● Kinsey- Vamos falar de Sexo

● Quando a noite cai : Uma professora de

colégio protestante se percebe

apaixonada por uma artista de circo.

● Mirta

● A Carta Anônima

● Orlando

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● Tempestade sobre Washington

● Vera

● Luzia Homem

● Minha vida em cor de rosa

● Meninos não choram

● Diário Roubado

● Filadélfia

● Meu Querido Companheiro

● Morango e Chocolate : É um filme

cubano da década de 90, que conta a

história de um jovem universitário e

militante comunista que conhece um

professor homossexual.

● Smilingüido-A moda amarela

● Quase uma mulher : É a história de um

bem sucedido executivo de um banco(

Gerald) que de noite se transforma

num travestis( Geraldine).

● O Patinho Feio : Trata-se de um

desenho clássico da Disney, onde um

pato é rejeitado pela mãe, pelo pai ,

pelos irmãos e pela sociedade por ser

diferente.

● O Segredo de Bronkeback Montain :

Dois cowboys homossexuais vivem

durante anos um relacionamento ,

escondidos de suas esposas e famílias.

● O Padre : O filme mostra a vida de um

padre que vive um dilema entre ser fiel

aos votos de castidade e seus desejos

homossexuais, ao mesmo tempo em que

enfrenta a condenação da comunidade.

Vídeos para a escola:

● Para que time ele joga ? - Ministério

da Saúde

● A boneca na mochila- ECOS

● Minha vida de João.

( A maioria das indicações acima foram

extraídas do : Guia para educadores (as)-

Educando para a Diversidade: Como discutir

a homossexualidade na escola ? Cepac e

Ministério da Educação ), além das indicações

de colegas do PDE e da escola na qual atuo.

Sugestão de música:

● Título: Perfeição – Legião Urbana.

Composição: Dado Villa-lobos, Marcelo

Bonfá e Renato Russo.

Vamos celebrar a estupidez humana

A estupidez de todas as nações

O meu país e sua corja de assassinos

Covardes, estupradores e ladrões

Vamos celebrar a estupidez do povo

Nossa polícia e televisão

Vamos celebrar nosso governo

E nosso Estado que não é nação

Celebrar a juventude sem escolas

As crianças mortas

Celebrar nossa desunião

Vamos celebrar Eros e Thanatos

Persephone e Hades

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Vamos celebrar nossa tristeza

Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas

A cada fevereiro e feriado

Todos os mortos nas estradas

Os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça

A ganância e a difamação

Vamos celebrar os preconceitos

O voto dos analfabetos

Comemorar a água podre

E todos os impostos

Queimadas, mentiras e sequestros

Nosso castelo de cartas marcadas

O trabalho escravo

Nosso pequeno universo

Toda a hipocrisia e toda a afetação

Todo roubo e toda a indiferença

Vamos celebrar epidemias:

É a festa da torcida campeã

Vamos celebrar a fome

Não ter a quem ouvir

Não se ter a quem amar

Vamos alimentar o que é maldade

Vamos machucar um coração

Vamos celebrar nossa bandeira

Nosso passado de absurdos gloriosos

Tudo que é gratuito e feio

Tudo o que é normal

Vamos cantar juntos o Hino Nacional

A lágrima é verdadeira

Vamos celebrar nossa saudade

E comemorar a nossa solidão

Vamos festejar a inveja

A intolerância e a incompreensão

Vamos festejar a violência

E esquecer da nossa gente

Que trabalhou honestamente a vida inteira

E agora não tem mais direito a nada

Vamos celebrar a aberração

De toda a nossa falta de bom senso

Nosso descaso por educação

Vamos celebrar o horror

De tudo isso

Com festa, velório e caixão

Está tudo morto e enterrado agora

Já que também podemos celebrar

A estupidez de quem cantou esta canção

Venha, meu coração está com pressa

Q uando a esperança está dispersa

Só a verdade me liberta

Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta

E vem chegando a primavera

Nosso futuro recomeça:

Venha que o que vem é perfeição

Imagens

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Recurso de Informação

Sugestão de Leitura:

● Suplicy, Marta e outros. Guia de orientação sexual .Diretrizes e metodologia. São

Paulo. Casa do Psicólogo, 1994.

Obra fundamental para quem queira refletir sobre sexualidade e educação.

● Aquino, Julio G.( org.) Diferenças e preconceito na escola: Alternativas teóricas e

práticas. São Paulo, Summus, 1998.

Trata das várias situações de preconceito, contendo um capítulo sobre questões de

gênero.

● Helminiak, Daniel A O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade. São

Paulo, GLS, 1998.Escrito por um padre católico, resume o que os estudiosos da Bíblia

interpretam como o verdadeiro significado daqueles trechos que costumam ser

erroneamente citados por quem acusa os homossexuais de pecadores.

● Spencer, Colin. Homossexualidade : uma história. Rio de Janeiro, Record, 1997.

Um estudo bastante interessante da homossexualidade, da Antigüidade aos dias atuais.

● Fairchild, Betty et Nancy Hayward. Agora que você já sabe. Rio de Janeiro, Record,

1996.

Livro muito popular nos Estados Unidos, que reúne relatos e experiências de pais de

homossexuais.

● Spitz, Christian. Adolescentes perguntam. São Paulo, Summus, 1997.

As perguntas e respostas, informais e simpáticas, feitas em um programa de rádio

francês dirigido a adolescentes.

● Isay, Richard A . Tornar-se gay. O caminho da auto-aceitação. São Paulo, GLS, 1998.

Um psicanalista analisa os casos de seus pacientes e sua própria história para

demonstrar o quão prejudicial pode ser à pessoa tentar passar por heterossexual

quando sua orientação é homossexual.

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● Cardoso, Fernando Luiz. O que é orientação sexual . São Paulo, Brasiliense, 1996.

Um levantamento das teorias mais importantes sobre sexualidade, inclusive aquelas

que tentam localizar a causa da homossexualidade .

● Pamplona, Ronaldo. Os onze sexos. São Paulo, Gente, 1994.

Livro fácil de ler e cheio de exemplos sobre papéis sexuais, identidade e as variações

mais comuns da sexualidade.

● Swain, Tania Navarro. O que é lesbianismo. São Paulo, Brasiliense, 2000.

A autora faz uma viagem na história do lesbianismo, o seu combate pela sociedade

patriarcal ao longo dos séculos, bem como as construções de gênero e padrões sexuais

compulsórios.

Notícias

Artigo de jornal referente ao tema :

Título : Parada da diversidade alerta para violência contra gays e falta de oportunidade

para transexuais: Preconceito é a barreira mais cruel.

Hoje, cerca de cem mil pessoas devem ocupar o 1,5 quilômetro que separam as praças 19 de

Dezembro e Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, para fazer a 12ª Parada da

Diversidade- a “ Parada Gay “. Os custos do evento são modestos- cerca de R$ 25 mil. Já os

ganhos para os membros do movimento GLBT-gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros- não

tem preço... a parada curitibana de 2007, por exemplo pede a criminalização da homofobia.

Um projeto de lei complementar está em banho-maria na Comissão de Direitos Humanos, em

Brasília, onde deve passar por ajustes. Enquanto a discussão esbarra na conversa-mole do

Distrito Federal, membros de ONGS esquentam o debate e recolhem assinaturas para

pressionar os parlamentares... Carla, Andréa, Rafaelly e Samantha são transexuais e

venceram o maior dos obstáculos no mundo trans – conseguiram uma fonte de renda que

passa longe do mercado de sexo. Carla Amaral, 34 anos, se encontrou profissionalmente na

militância junto à ONG Marcela Prado. “ De vergonha eu virei o orgulho da família “,

diverte-se. Ela já foi atendente de farmácia, cobradora de ônibus, balconista de locadora de

vídeo, auxiliar de cartório, mas também profissional do sexo. “ Não tive como agüentar a

pressão da escola e do ambiente de trabalho.”

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Das quatro entrevistadas, Andréa Lais, 25 anos, altíssima e bem- falante foi a que teve a

trajetória mais linear. Ela resistiu ao chamado bullying escolar e não abandonou os estudos no

Colégio Estadual do Paraná. A identidade feminina foi assumida no final do ciclo médio.

Formou-se em História, pós-graduou-se em História do Brasil. Há três anos é professora da

rede pública estadual, no Capão Raso, onde é regente de 16 turmas, somando cerca de 600

alunos. “ Não me preparei para enfrentar os professores e a sala de aula. Caí de pára-quedas.

Preferi não pensar muito. Vi que as pessoas se espantam no começo, mas depois acabam

aceitando. Minha única medida é sempre agir com profissionalismo “, explica.

Rafaelly Wiest, 24 anos, não teve muito êxito nos estudos. Agüentou até parte do ensino

médio, quando desenvolveu ojeriza pelo ambiente escolar. Já no mercado de trabalho a

história foi diferente. Rafa, como é chamada, fez carreira no ramo da panificação e chegou a

liderar uma equipe de dez funcionários. Hoje é confeiteira numa rede de supermercados

populares e tira R$ 1,2 mil por mês...

Referência: Jornal Gazeta do Povo – Domingo, 02 de setembro de 2007. Curitiba- PR.

Comentário : Observa-se acima nos relatos que a escola marcou a vida dessas pessoas de

forma negativa, no que diz respeito a sua orientação sexual. Como reverter esse quadro, essa

exclusão, essa ignorância, esse atentado aos direitos humanos? A escola não seria o espaço

para a convivência respeitosa e democráticas dos diferentes? Se não for em seu interior onde

teremos esse aprendizado?

Notícia de televisão referente ao tema :

Título : Professoras são afastadas de sala por serem lésbicas.

A Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande – Mato Grosso do Sul, afastou duas

professoras de sala de aula por se apaixonarem uma pela outra. Uma delas foi colocada à

disposição e a outra rescindiram o seu contrato. A alegação dada pela Secretaria e pelo

próprio prefeito, foi a de que mantê-las sob essas condições levaria para a escola

“conseqüências desastrosas para o aprendizado dos alunos”. As professoras entraram na

justiça pedindo a volta a seus cargos, além de um pedido de indenização por discriminação e

preconceito.

Referência : Programa do Fantástico- Rede Globo de Televisão- Domingo, 18 de novembro

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de 2007.

Comentário : Mais um exemplo triste da escola, que deveria discutir abertamente, sem

preconceitos, para formarmos uma nova geração respeitosa quanto às diferenças.

Continuamos ocultando a homossexualidade e, quando descobertos usamos os piores critérios

de julgamentos , todos irracionais e profundamente desumanos. Resta uma pergunta : E se

fosse descoberto que um casal heterossexual ( professor x professora), na mesma escola

estivessem apaixonados, como as autoridades tratariam o caso ?

Revistas de circulação

Título : “ Nefandos pecados “ : A perseguição aos homossexuais mostrada em processos

movidos pela Inquisição e o culto ao machismo são comuns no Brasil desde os tempos da

colônia.

... Há documentos comprobatórios de que, desde os primórdios de nossa História, os pais

ensinavam a seus filhos adolescentes a reagir violentamente contra qualquer tentativa de

sedução por parte de um homossexual , registrando-se no século XVII a cruel execução de

dois sodomitas no nordeste brasileiro, cujos nomes desgraçadamente os cronistas deixaram de

anotar: em 1613, em São Luís do Maranhão, um índio tupinambá, publicamente reconhecido

como tibira, foi amarrado por ordem dos frades capuchinhos franceses na boca de um

canhão, tendo seu corpo estraçalhado com o estourar da bala, “ para purificar a terra de suas

maldades”.

O segundo mártir homossexual no período colonial foi um moleque escravo negro,

executado na capitania de Sergipe, em 1678: “ foi morto de açoites por ter cometido o pecado

de sodomia”. Entre as lésbicas, a mais “incorrigível” de todas foi a portuguesa Felipa de

Souza, açoitada em praça pública, em Salvador, e degredada em 1593...

Há raízes etno-históricas que explicam a maior agressividade contra homossexuais nos

países escravistas da América Latina e no Brasil em particular: aqui, o machismo, o

patriarcalismo e a homofobia assumiram características mais violentas do que nas metrópoles

ibéricas, pois um homem delicado, efeminado ou homossexual , no Novo Mundo, era

considerado como grave traição à supremacia do sexo forte e uma perigosa ameaça à elite

dominante.

Nesta colônia de dimensões continentais, os brancos donos do poder representavam

frágil minoria demográfica, numa proporção de um branco para três ou quatro negros,

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índios, escravos e forros, além dos mestiços de todos os matizes. População esfomeada,

exaurida com jornadas de 15 ou mais horas de trabalho forçado, humilhada e castigada a

ferro e fogo. Como manter essa gentalha submissa? Chicote ou bengala na mão, punhal e

espada na cintura, postura ultraviril e autoritária, eram elementos indispensáveis para todo

senhor vivendo no meio da negrada e tapuiada- termos correntes naquela sociedade.

Nas colônias escravistas não havia lugar para efeminados, fracos, pusilânimes,

“donzelões” como dizia Gilberto Freyre. Nesta frente pioneira de brava gente, dar as costas

para outro homem ameaçava a própria permanência e hegemonia do conquistador branco no

Novo Mundo- pois pelas costas é que os índios flechavam os descuidados que ousavam

penetrar a floresta e por detrás é que os cativos revoltosos tiravam a vida de seus opressores.

Referência: Artigo escrito por Luiz Mott – professor titular de Antropologia na

Universidade Federal da Bahia para a revista Nossa História- Ano 1/ Nº 8- junho 2004.

Comentário: O conhecimento histórico é fundamental para entendermos como a

homofobia foi produzida, percebe-se nesse artigo que já no período colonial os pais induziam

os filhos a agir com violência diante de um homossexual, o próprio exemplo vinha das

autoridades constituídas. Num relatório divulgado em 1997, pelo antropólogo Luíz Mott, o

Brasil é o país do mundo que mais desrespeita os direitos dos homossexuais, no Brasil ocorre

um assassinato de homossexual a cada três dias. E a escola o quê faz diante disso? Até agora

finge que em seu interior não existe homossexual, e que o problema da homofobia não lhe diz

respeito.

Título : O difícil processo de aceitar a diferença.

Hoje eu sei que, desde cedo, os homossexuais se percebem diferentes e aprendem que são

considerados inadequados. As pessoas, injustamente, os vêem como anormais. Eles têm de

esconder a homossexualidade dos colegas, do vizinho e, principalmente, de seus pais ! Vivendo

um conflito, se fecham em si mesmos. Eles têm poucos amigos e, sobretudo, não têm quem os

oriente.

Qualquer criança, qualquer jovem, quando sofre, procura a mãe : '' Mamãe, fulano me

chamou de tampinha... de gorducha... de quatro-olhos... ''. Os nossos filhos homossexuais,

quando ofendidos, ao contrário, tendem a se retrair, não denunciando nem procurando ajuda,

pois sabem que a sociedade discrimina o diferente. E sofrem calados, sem poder se dar ao

direito da proteção materna. Ficam sós, jogados à própria sorte, lutando em segredo contra o

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preconceito social. E, assim, provavelmente, aconteceu com o meu filho caçula. E eu ? Onde

estava eu, a mãe que deveria dar-lhe carinho, apoio, deveria protegê-lo dos perigos, do

sofrimento ?

Como todas as mães, antes de ele nascer, preparei um enxoval azul quando soube que ia

ter um menino. Mais tarde, fiquei feliz ao perceber que ele era bonito e inteligente e esperava

que ele arrumasse uma namorada, se casasse e nos desse netinhos.

Eu percebi, sim, que na adolescência esse filho tornou-se um garoto triste, calado,

distante, mas sempre arrumei uma desculpa para isso. Nem me passou pela cabeça que ele

pudesse ser gay. Gay? Na verdade, eu não tinha a menor idéia do que é ser gay. Um dia

estranhando seu jeito fechado e o fato de nunca ter namorada, eu lhe perguntei se não

gostava de mulheres. E o meu mundo caiu, quando, chorando, ele me disse que era gay.

A descoberta da homossexualidade de um filho quase sempre é uma tragédia para os

pais. Para nós também foi como se aquele filho querido desse lugar a outro, estranho,

desconhecido... Passei por um processo lento de aquisição de conhecimento e aceitação. Fiquei

brava, inconformada, triste, desesperada, senti medo, vergonha... E me senti muito só. Não

tinha com quem conversar. Qualquer semelhança com o que o meu filho certamente sentiu

não foi mera coincidência. Os pais, como seus filhos, também passam por um processo de

aceitação, também têm de sair do armário e também precisam de apoio. Um apoio que seu

filho(a) homossexual dificilmente tem condições de lhe dar .

Na época, o meu maior desejo era conversar com outra mãe como eu. Trocar idéias,

sentimentos, desabafar... Mas não consegui encontrar nenhuma ! Poucos anos depois, fundei o

GPH- Grupo de Pais de Homossexuais( mã[email protected])- para que os pais

pudessem se encontrar. Hoje somos 25 pais no grupo. Conversamos entre iguais, trocamos

informações, nos ajudamos mutuamente nos momentos que , com o nosso apoio, nossos filhos

se sentirão mais seguros e felizes.

Referências : Artigo escrito por Edith Lopes Modesto para a Revista Cláudia, n.1, ano

45, p. 130-133.

Comentário: Nossos alunos (as) vêm de pais e mães, como eles reagem diante da

descoberta da homossexualidade de seus filhos ? Como nós reagiríamos se descobríssemos ter

um filho (a) homossexual ? Sem dúvida teríamos que rever muitos conceitos, e acima de tudo

continuarmos a amar nossos filhos do jeito que eles são, pois afinal, eles não teriam nada de

errado a mudar.

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Destaques

Paraná

Proposta de Atividades

Abaixo algumas dicas, sugestões ou dinâmicas para trabalhar com os alunos em sala de aula

a tolerância e respeito aos homossexuais.

1)- Propor que discutam as duas questões :

a)- Você algum dia decidiu ser heterossexual ?

b)-Imagine e responda : a vida inteira você se entende como heterossexual. De repente,

alguém diz que essa postura é inaceitável e que precisa ser mudada. O que você faz ? A

diferença justificaria a intolerância ?

( Fonte : Mário Sanches – professor da PUC-PR.)

2)-E a canoa virou ( dinâmica )

Objetivo : Discutir a natureza do preconceito e maneiras pelas quais discriminamos ou não

discriminamos alguém.

Desenvolvimento : Forme grupos de cinco ou seis alunos. Apresente ao grupo a seguinte

situação : Cada grupo está em alto-mar. O barco bate em um recife e pode afundar a qualquer

momento. Vem um barco salva-vidas que tem capacidade de transportar todas as pessoas,

menos uma. Por isso, cada grupo vai excluir um membro, baseado em critérios decididos e

aceitos pelo grupo.

Quem for excluído ficará em um lugar da sala pré-fixado, discutindo os critérios utilizados

para a exclusão e o sentimento de ser excluído. Os não excluídos discutirão o que sentem ao

terem de excluir alguém do grupo e definir os critérios de exclusão.

Pontos para discussão :

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-Como interagem as pessoas excluídas e as pessoas que excluem ?

-Quais os sentimentos evidenciados pelos excluídos ?

-Como o grupo se sente ao ter de excluir alguém ?

Resultado esperado :

Ter promovido uma reflexão sobre atitudes de discriminação e preconceito .

( Fonte : BRASIL, Ministério da Saúde. Programa Nacional de Doenças Sexualmente

Transmissíveis. Manual do Multiplicador Adolescente. Brasília, 1993. )

3)- A foto ( dinâmica )

Material : Uma foto de dois homens e /ou de duas mulheres se beijando, papel sulfite e

caneta .

Desenvolvimento : O professor fixa a foto em algum lugar da sala. Depois solicita aos alunos

que escrevam em uma folha de sulfite a resposta para a questão: Qual o sentimento que você

tem ao ver essa foto ?

Recolha as folhas, coloca-as no chão de acordo com a similaridade das respostas e inicia a

discussão sobre o processo.

Resultado esperado : Ampliar as reflexões sobre nossos sentimentos e preconceitos

relacionados à homossexualidade .

( Fonte : Guia para educadores (as) : Educando para a diversidade- CEPAC, 2004 . )

4)- A foto II ( dinâmica )

Material : Uma foto de dois homens ou duas mulheres se beijando, papel sulfite e caneta. Em

seguida, solicita aos alunos que escrevam em uma folha de sulfite a resposta para as seguintes

questões:

-O que um grupo de artistas pensa sobre essa imagem ?

-O que um grupo de religiosos conservadores pensa sobre essa imagem ?

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-O que um grupo de Ets pensa sobre essa imagem ?

-O que um grupo de machões pensa sobre essa imagem ?

-O que um grupo de mulheres pensa sobre essa imagem ?

Resultado esperado : Ampliar as reflexões sobre nossos sentimentos e preconceitos

relacionados à homossexualidade.

( Fonte : Guia para educadores (as) : Educando para a diversidade. CEPAC, 2004.)

5)- Pessoa no chão ( dinâmica )

Objetivo : Proporcionar uma discussão sobre a homossexualidade na visão da sociedade e na

visão do indivíduo.

Material : Papel Kraft, pincel atômico, quadrinhos de papel sulfite e canetas.

Desenvolvimento : Solicita-se a um dos(as) alunos(as) da turma que se deite sobre o papel

Kraft e se faz o contorno da pessoa com pincel atômico. Depois, distribui três papéis para

cada aluno (a) e explica que essa pessoa (desenhada no papel Kraft) é um homossexual . O

professor solicita que , no primeiro papel, escrevam como a sociedade vê essa pessoa. No

segundo, como cada um a vê e , no terceiro, o que acredita que a pessoa precisa.

Em seguida, o professor (a) solicita que, um por um, os alunos(as) coloquem o primeiro papel

em volta da pessoa desenhada. Depois, o segundo, e por último o terceiro. O(a) professor (a)

então conduz a discussão sobre o resultado da dinâmica.

Resultado esperado : É possível verificar o preconceito da sociedade e as ações afirmativas

que podemos promover.

( Fonte : Guia para educadores (as) : Educando para a diversidade. CEPAC, 2004. )

Proposta de atividade – Ensinando o respeito. Abaixo algumas perguntas e dúvidas

freqüentes de professores(as), bem como algumas respostas para subsidiar discussões nas

salas de aula :

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Pergunta 1 : Tenho um aluno de 13 anos que é muito sensível, meio afeminado. Fica só com

as meninas e os meninos vivem dizendo maldades, chamando-o de bichinha e veadinho. Oque

devo fazer ? Chamar os pais ? ( Antônia, professora ).

Resposta : Aproxime-se desse seu aluno, converse com ele, pergunte como ele se sente

sendo tratado dessa forma. Aproveite para olhar para dentro de você e ver a quantas anda o

seu preconceito, as suas idéias a respeito das diferenças sexuais. Se tiver tranqüila a respeito,

acho que seria ótimo dar um aula ou montar um debate sobre os papéis sociais, sobre como as

pessoas são diferentes, sobre como rotulamos e temos dificuldade em lidar com as diferenças,

como somos intolerantes com aqueles que são diferentes de nós. Trabalhe os papéis sociais, as

expectativas a respeito do papel do homem e da mulher, e veja como esses papéis estão

mudando e como ficamos presos a eles muitas vezes por ignorância ou preconceito. Alguns

anos atrás, homem que usasse brinco era considerado gay, hoje é considerado sedutor e por

muitos até másculo. Muitas vezes, a inquietação dos alunos a respeito de um assunto é um

pedido mascarado de mais informações sobre o tema.

Pergunta 2 : Um aluno me disse que gostava de meninos. Ele me fez jurar que eu não

contaria para os pais dele porque tem medo de apanhar muito e ser uma grande decepção

para a família dele. Não estou agüentando guardar isso comigo, conto ou não para os pais dele

sobre isso ? ( Maria Odete, professora ).

Resposta : O seu aluno confiou em você, não acredito que a melhor alternativa seja trair

essa confiança. Ele desabafou e deve estar aberto ao diálogo. Converse com ele sobre a sua

dificuldade de guardar esse segredo. Para ele, o medo de contar a você deve ter sido muito

maior. Olhe para você e descubra quais são os seus reais medos em relação a ele. Você não é

responsável por ele estar sentindo o que sente. Mas é responsável pela confiança que ele

depositou em você. Divida com ele essa responsabilidade. E, se for o caso de contar aos pais

dele, você deve ajudá-lo a encarar esse fato e a encontrar o melhor jeito para ele fazer isso.

Pergunta 3 : Sou professora de colegial e uma vez os alunos quiseram debater sobre

homossexualidade, mas a direção do colégio disse que não, porque estimularia os meninos e as

meninas. Isso é verdade ? ( Antônia- professora ).

Resposta : Claro que não é verdade. A maioria das instituições não incluem

homossexualidade em seus currículos porque não sabem como lidar com ela. É mais fácil para

as pessoas viverem como se homossexualidade não existisse, negando uma realidade que está

presente em todos os lugares, em todas as gerações, na maioria dos lares. Falar sobre o

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assunto não estimula homossexualidade de ninguém. Ela é natural nas pessoas que a sentem.

Não falar de homossexualidade com medo de estimulá-la é ignorância, a heterossexualidade é

comentada e estimulada 24 horas por dia e nem por isso os homossexuais deixam de ser

homossexuais. A informação correta faz parte da formação que a pessoa deve ter na vida para

poder se desenvolver com maior segurança e solidez.

Pergunta 4 : Qual a melhor postura em sala de aula para lidar com alunos sexualmente

diferentes ? ( Carlos Alberto, orientador pedagógico ).

Resposta : A melhor postura é a de facilitador, para que os alunos entendam que existem

diferenças no mundo e aprendam a conviver com ela em paz. O professor deve acolher todos

os alunos e demonstrar imparcialidade com as diferenças. Deve ser continente para com os

alunos e não fazer distinções, dando assim o exemplo de como as pessoas devem agir com as

outras. Respeito para com a diversidade não se ensina somente em teoria, as pessoas captam

nossas atitudes pela postura que adotamos. Ter um discurso politicamente correto é fácil, mas

são as nossas atitudes que realmente contam na transformação das atitudes de nossos alunos.

( Fonte : Diferentes Desejos : Adolescentes homo, bi e heterossexuais. Claudio Picazio.

São Paulo : Summus, 1998. )