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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências Sociais e Humanas
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
Maria Isabel Pereira André
Projeto para obtenção do Grau de Mestre em
Gestão (2º ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor Pedro Marques Silva
Covilhã, Outubro de 2014
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
ii
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
iii
Agradecimentos
Um projeto só é realizado com o contributo de várias pessoas.
Desde o início, tive o privilégio de contar com o apoio de inúmeras pessoas e
instituições. Os contributos prestados foram essenciais para a realização do projeto.
Agradeço assim, ao meu orientador Professor Doutor Pedro Silva pela sua orientação,
total apoio, disponibilidade, pelo saber que transmitiu, pelas opiniões e críticas, pela
colaboração no solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo ao longo da realização
deste trabalho e por todas as palavras de incentivo.
Em especial à minha família, amigos e colegas que sempre me apoiaram, pelo
companheirismo, incentivo, amizade e paciência, demonstrando ajuda incondicional na
superação dos obstáculos que ao longo desta caminhada foram surgindo. A todos um enorme
bem-haja.
Expresso também a minha gratidão a todos que prestaram um contributo fundamental
para que este estudo fosse possível.
Por fim, o meu agradecimento a todos os que de alguma forma me permitiram
concretizar este projeto.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Sumário Executivo
Este projeto tem por finalidade a Criação de uma Cooperativa Apícola no concelho de
Almeida. Esta, por sua vez, terá como objetivo fazer com que os pequenos produtores de mel
do concelho consigam escoar a sua produção vendendo a preços mais competitivos bem como
beneficiar de serviços fundamentais para a atividade.
O concelho de Almeida tem um potencial robusto bem como um clima favorável à
prática desta atividade. Este tem diversos canais de água bem como locais com declive,
pouco ventosos e com boa exposição solar embora o melhor local seja ao longo do Rio Côa em
zonas, menos propícias a ventos, com uma maior exposição solar e como água em
abundância.
Para a realização deste estudo foram efetuadas entrevistas a apicultores do concelho
de modo a compreender as motivações, necessidades e disponibilidade para aderir a este
projeto. Desta forma percebemos que as associações que prestam serviços nesta área estão
sedeadas fora do concelho o que pode viabilizar o projeto. Também ficamos com a sensação
de que os entrevistados aceitam aderir ao projeto mas, mais do que “sócios”, estes preferem
ser fornecedores e associados de forma a beneficiar dos apoios normais que são
disponibilizados nas organizações de produtores.
Assim, embora a produção tenha vindo a aumentar significativamente nos últimos
anos é de todo insuficiente para satisfazer as necessidades da U.E. tendo esta de recorrer à
importação de mel.
O investimento compreende a aquisição e instalação de apiários próprios até 2018 e a
abertura de uma melaria para processamento do mel próprio e dos cooperantes.
A Cooperativa pretende, assim, apoiar os cooperantes garantindo-lhes o escoamento
do produto. O produto será comercializado em frascos de 250 ml a 7.50€/Kg e em frascos de
750ml a 7.00€/Kg com rótulo próprio (preços de venda ao retalhista). A venda será efetuada
através da grande distribuição, do canal gourmet e ao consumidor final através da presença
em certames e feiras.
Posto isto, foi efetuado um estudo económico-financeiro onde verificamos um
investimento total de € 52.119,39 para o primeiro ano. Este valor foi suportado por um
empréstimo de € 44.218, 39 e o restante capital será injetado pelos cooperantes.
Constatamos uma clara viabilidade financeira do projeto pois apresenta uma taxa
interna de rentabilidade de 61%, muito superior à do custo médio ponderado de capital
(11,61%), um valor atual líquido positivo de €231.851,28, e um prazo de recuperação baixo.
Em alternativa às fontes de financiamento atrás admitidas o projeto, enquadrando-se na
medida 1B do PAN 2014-2016, poderia beneficiar de apoios no valor dos 37.188,35 euros.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Folha
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Índice
Agradecimentos ............................................................................................... iii
Sumário Executivo ............................................................................................. v
Índice .......................................................................................................... vii
Lista de Figuras................................................................................................ ix
Lista de Tabelas ............................................................................................... xi
Lista de Anexos .............................................................................................. xiii
Lista de Acrónimos........................................................................................... xv
1.Introdução .................................................................................................... 1
2.O caso da Produção apícola no concelho de Almeida ................................................. 2
2.1.As potencialidades .................................................................................... 4
2.2.A disponibilidade de aderência ao projeto (entrevistas com os produtores) ............... 7
3.Escolha da forma jurídica ................................................................................ 13
3.1.Cooperativa ........................................................................................... 14
3.2.Associação ............................................................................................ 15
3.3.Sociedade por quotas ............................................................................... 15
3.4.Sociedade civil sob a forma comercial ........................................................... 16
3.5.Sociedade de agricultura de grupo (SAG) ....................................................... 16
3.6.Agrupamento complementar de exploração agrícola (ACEA) ................................ 17
3.7.Agrupamento complementar de empresas ...................................................... 17
3.8.Seleção da forma jurídica mais adequada ...................................................... 18
4.Formalidades para a constituição de uma Cooperativa ............................................ 19
5.Enquadramento legal da atividade ..................................................................... 20
5.1.Registo da atividade ................................................................................ 21
5.2.Localização e Implementação ..................................................................... 21
5.3.Zonas Controladas ................................................................................... 21
5.4.Tipologia de locais de extração: unidades primárias vs estabelecimentos................ 23
6.Sanidade Apícola .......................................................................................... 23
6.1.Pragas e Doenças .................................................................................... 24
6.2.Declarações Obrigatórias ........................................................................... 26
7.Mercado do Mel ............................................................................................ 26
7.1.Ótica da Produção ................................................................................... 27
7.1.1.Distribuição regional da atividade .......................................................... 33
7.1.2.Distribuição da atividade por classes de dimensão ...................................... 34
7.1.3.Produtos derivados dos apiários ............................................................. 35
7.2.Ótica do Consumo ................................................................................... 37
8.Estudo Técnico ............................................................................................. 40
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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8.1.Localização dos apiários (Flora, Água, Radiações, Declives, Distâncias e
Encabeçamento) .......................................................................................... 41
8.2.Modelos de Colmeias ................................................................................ 45
8.3.Transumância ........................................................................................ 49
8.4.Melaria ................................................................................................ 51
9.Missão e Visão da Cooperativa .......................................................................... 54
10.Estratégia ................................................................................................. 54
11.Plano de Marketing ...................................................................................... 54
11.1.Preço ................................................................................................. 55
11.2.Distribuição ......................................................................................... 57
11.3.Produto .............................................................................................. 58
11.4.Comunicação ........................................................................................ 58
12.Estudo de Viabilidade Económico-Financeiro ....................................................... 58
12.1.Plano de Investimento ............................................................................ 58
12.2.Plano de Financiamento .......................................................................... 60
12.3.Plano de Exploração ............................................................................... 61
12.4.Indicadores de Viabilidade ....................................................................... 67
12.5.Análise de Sensibilidade .......................................................................... 68
12.5.1.Cenário 1:Aumento do Autoconsumo dos cooperantes ................................ 68
12.5.2.Cenário 2 -Perda de enxames .............................................................. 69
12.5.3.Cenário 3 - Perda de 50% dos enxames ................................................... 70
12.5.4.Cenário 4- Recrutamento de mais trabalhadores ....................................... 71
12.5.5.Cenário 5- Aumento do preço dos enxames ............................................. 72
12.5.6.Cenário 6- Diminuição dos preços do mel................................................ 73
12.5.7.Cenário 7- Diminuição da disponibilidade das colmeias ............................... 74
13.Enquadramento do Projeto no PAN ................................................................... 75
14.Conclusões e Perspetivas Futuras ..................................................................... 77
15.Referências Bibliográficas .............................................................................. 79
15.1.Endereços eletrónicos consultados ............................................................. 80
16.Anexos ..................................................................................................... 83
Folha em branco
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Lista de Figuras Figura 1- Enquadramento geográfico do concelho de Almeida ........................................ 2
Figura 2- Hipsometria ......................................................................................... 3
Figura 3- Declives .............................................................................................. 4
Figura 4- Exposição ............................................................................................ 5
Figura 5-Hidrografia ........................................................................................... 6
Figura 6- Mapa das Zonas Controladas ................................................................... 22
Figura 7- Varroa Destrutor ................................................................................. 24
Figura 8- Evolução da Varroose ........................................................................... 25
Figura 9- Mapa dos Méis com denominação de origem protegida ................................... 29
Figura 10- Produção da união europeia por estado membro em 2011 ............................. 32
Figura 11- Importações da UE, por origem .............................................................. 39
Figura 12- Preços médios do comércio externo da EU ................................................ 40
Figura 13- Calendário de floração das espécies Melíferas ............................................ 41
Figura 14- Mapa das espécies de flora melífera de Portugal Continental ......................... 42
Figura 15- Proteção de ventos dominantes.............................................................. 43
Figura 16- Distâncias de vias públicas e edifícios em utilização .................................... 43
Figura 17-Exposição ......................................................................................... 44
Figura 18- Proximidades de água ......................................................................... 44
Figura 19- Afastamento de fontes de poluição ......................................................... 45
Figura 20- Cortiço tradicional ............................................................................. 45
Figura 21- Colmeia TBH ..................................................................................... 46
Figura 22- Alça reversível/lusitana sem quadros ....................................................... 46
Figura 23- Meia alça reversível /lusitana com quadros ............................................... 46
Figura 24- Colmeia Lusitana ............................................................................... 48
Figura 25- Colmeia Reversível ............................................................................. 48
Figura 26- Colmeia Langstroth ............................................................................ 48
Figura 27- Colmeia normal e adaptada à transumância .............................................. 49
Figura 28- Palete com calha de ferro para quatro colmeias ......................................... 49
Figura 29- Palete com calha de ferro para quatro colmeias ......................................... 50
Figura 30- Palete e montagem da grua .................................................................. 50
Figura 31- Paletes com colmeias e alças ................................................................ 50
Figura 32- Entradas da colmeia ........................................................................... 51
Figura 33- Transporte das colmeias ...................................................................... 51
Figura 34- Parque Industrial de Vilar Formoso .......................................................... 52
Figura 35- Localização da Melaria Belrio ................................................................ 52
Figura 36- Proposta de Rótulo da Melaria Belrio ....................................................... 54
Figura 37- Preço do mel /kg para o canal gourmet .................................................... 56
Figura 38- Preço do mel /Kg em hipermercados. ...................................................... 57
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Lista de Tabelas
Tabela 1- Informações referentes à atividade apícola .................................................. 7
Tabela 2- Modo como os apicultores entram nos mercados ............................................ 7
Tabela 3- Que equipamentos os apicultores possuem ................................................... 8
Tabela 4- O que os apicultores efetuam na sua atividade apícola .................................... 9
Tabela 5- Qual a ajuda que o apicultor necessita na sua atividade apícola ...................... 10
Tabela 6-Integração dos apicultores em algum tipo de associação ................................. 10
Tabela 7- Interesse dos apicultores em associar-se a uma nova organização ..................... 11
Tabela 8- Valor mínimo que o apicultor estaria interessado em receber ......................... 12
Tabela 9- Interesse do apicultor em expandir o negócio ............................................. 12
Tabela 10- Legalização da atividade apícola por parte do apicultor ............................... 13
Tabela 11- Estimativa do Valor Bruto da Produção do Setor Apícola ............................... 27
Tabela 12- Denominação de origem protegida, nomes geográficos, agrupamentos gestor, e
organismos de controlo e certificação ................................................................... 28
Tabela 13- Caraterização da produção de méis com nomes protegidos em 2008 e 2009 ....... 30
Tabela 14- Tabela 14- Efetivo em modo produção biológico - evolução entre 2004 e 2010 ... 31
Tabela 15- Efetivo em modo de produção biológico por região ..................................... 31
Tabela 16- Produção nacional de mel .................................................................... 32
Tabela 17- Evolução da produção mundial de mel, por país / região .............................. 33
Tabela 18- Caraterização da atividade apícola ......................................................... 33
Tabela 19- Distribuição regional da atividade apícola registada .................................... 34
Tabela 20- Distribuição da atividade apícola por classes de dimensão ............................ 35
Tabela 21- Evolução da balança comercial .............................................................. 37
Tabela 22- Evolução das importações e exportações nacionais de mel (toneladas) ............. 38
Tabela 23- Evolução dos preços à importação .......................................................... 38
Tabela 24- Evolução dos preços à exportação .......................................................... 38
Tabela 25- Balanço do mel na união europeia .......................................................... 39
Tabela 26- Principais marcas e preço por kg de venda ao público nas lojas gourmet ........... 55
Tabela 27- Principais marcas e preço por kg de venda ao público nos Hipermercados ......... 56
Tabela 28- Plano de Investimento ........................................................................ 59
Tabela 29- Investimento realizado (Resumo) ........................................................... 60
Tabela 30- Produção ........................................................................................ 61
Tabela 31-Receitas .......................................................................................... 61
Tabela 32- Gastos Operacionais (CMVMC) ............................................................... 61
Tabela 33- Fornecimentos e Serviços Externos ......................................................... 62
Tabela 34- Gastos com o Pessoal ......................................................................... 63
Tabela 35- Demonstração de Resultados ................................................................ 64
Tabela 36- Balanço .......................................................................................... 65
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Tabela 37- Orçamento de Tesouraria .................................................................... 66
Tabela 38- Cash-Flows do Projeto ........................................................................ 67
Tabela 39- Principais Rácios ............................................................................... 67
Tabela 40- Cash-Flow do cenário 1 ....................................................................... 68
Tabela 41- Principais rácios do cenário 1 ............................................................... 69
Tabela 42- Cash-Flows cenário 2 .......................................................................... 69
Tabela 43- Principais rácios do cenário 2 ............................................................... 70
Tabela 44-Cash-Flows do cenário 3 ....................................................................... 70
Tabela 45- Principais Rácios do cenário 3 ............................................................... 70
Tabela 46- Cash-Flows do cenário 3 ...................................................................... 71
Tabela 47- Principais Rácios do cenário 3 ............................................................... 71
Tabela 48- Cash-Flows referentes ao cenário 5 ........................................................ 72
Tabela 49- Principais Rácios do cenário 5 ............................................................... 72
Tabela 50- Cash-Flows do cenário 6 ...................................................................... 73
Tabela 51- Principais Rácios do cenário 6 ............................................................... 73
Tabela 52- Cash-Flows do cenário 7 ...................................................................... 74
Tabela 53- Principais Rácios do cenário 7 ............................................................... 74
Tabela 54- Medidas do Programa apícola Nacional 2014-2016 ...................................... 75
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xiii
Lista de Anexos
Anexo 1- Ata da Assembleia de Fundadores............................................................. 83
Anexo 2- Estatuto Fiscal .................................................................................... 84
Anexo 3- Decreto-lei nº 65/78 de 13 de Outubro ...................................................... 85
Anexo 4- Decreto-lei nº 336/89 de 4 de Outubro ...................................................... 86
Anexo 5- Decreto-lei nº 430/73 de 25 de Agosto ....................................................... 87
Anexo 6- Diretiva 2001/110/CE ........................................................................... 88
Anexo 7- Portaria nº277 de 25/11- Decreto-lei nº 203 /2005 ........................................ 89
Anexo 8- Modelo- Registo da atividade apícola ........................................................ 90
Anexo 9- Decreto-lei nº 1/2007 ........................................................................... 91
Anexo 10- Orçamento Nacex ............................................................................... 92
Anexo 11- Exemplos de brindes e Site ................................................................... 93
Anexo 12- Orçamento VC Brindes ......................................................................... 94
Anexo 13- Modelo da viatura e imposto ................................................................. 95
Anexo 14- Orçamento do seguro da viatura ............................................................. 96
Anexo 15- Taxas de Juro e Financiamento .............................................................. 97
Anexo 16- Orçamento do Empréstimo .................................................................... 98
Anexo 17- Orçamento do Seguro dos Trabalhadores .................................................. 99
Anexo 18- Orçamento dos equipamentos ............................................................... 100
Anexo 19- Orçamento do material para as obras apiário ............................................ 101
Anexo 20- Orçamento da renda da melaria e outras despesas ..................................... 102
Anexo 21- Lista do equipamento elegível .............................................................. 103
Anexo 22- Código das Sociedade Comerciais ........................................................... 104
Anexo 23- Código Cooperativo ............................................................................ 105
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Lista de Acrónimos
CMDFCI- Caderno Municipal da Defesa Contra Incêndios
DL - Decreto-lei
FNAP – Federação Nacional de Apicultores de Portugal
GAPA – Grupo de Acompanhamento do Programa Apícola
IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas
PAN – Programa Apícola Nacional
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Folha em branco
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
1
1. Introdução
O mel é um produto alimentar produzido pelas abelhas, a partir do néctar das flores e
de excreções de certas plantas, que as abelhas recolhem, transformam e combinam com
matérias próprias, sendo depois armazenadas e amadurecidas nos favos de uma colmeia
(OMAIAA, s/d1).
Os humanos já utilizavam o mel como alimento desde a pré-história. A Apicultura
nasceu, com a ajuda humana, através da proteção dos enxames e da instalação de colmeias
racionais, para que houvesse um aumento de produção de mel. A atividade existe há pelo
menos 8000 anos já se encontrando retratada em pinturas rupestres em Valência, Espanha
(Bogdanov, 2011).
Trata-se de uma atividade que tem suscitado a atenção de vários investigadores,
havendo crescente preocupação com a sua sustentabilidade devido ao fenómeno do
desaparecimento das abelhas.
De qualquer modo Portugal possui um clima temperado, com influência
mediterrânica, propício à prática agrícola incluindo a apicultura (Casaca, 2010 como citado
em Ricardo, 2013 p.2).
Reconhecendo o potencial, mas também a necessidade de profissionalizar o setor e
concentrar a oferta, o Ministério da Agricultura tem vindo a apoiar o setor desde 2008 com
três programas apícolas (2008-2010, 2011-2013 e agora 2014-2016) cujo último objetivo é
melhorar as condições de produção e comercialização dos produtos.
O objetivo deste trabalho é analisar a viabilidade da constituição de uma organização
de produtores no Concelho de Almeida. Sabe-se que o mel é utilizado desde a pré-história,
contudo, com o decorrer do tempo, é necessário aprofundar técnicas de refinamento que lhe
confiram toda a qualidade, e principalmente, se disponha de condições para aumentar a
produção devido ao elevado valor comercial que este assume atualmente.
Nos primeiros capítulos serão abordadas as potencialidades do concelho de Almeida e
a disponibilidade dos apicultores para aderir a uma organização de produtores, bem como a
forma “jurídica” de que essa cooperação se pode revestir. De seguida, no capítulo quatro e
cinco, serão referidas as formalidades da constituição da organização, assim como o
enquadramento da atividade. Nos capítulos seguintes serão abordadas a sanidade apícola e o
mercado do mel. Seguidamente, nos capítulos oito, nove e dez apresentar-se-á o estudo
técnico, a estratégia bem como a missão e visão para a organização. Por último serão
abordados os traços essenciais do plano de marketing e o estudo de viabilidade económico-
financeira enquadrado no PAN. O trabalho termina com as conclusões e uma referência às
perspetivas futuras.
1 Adaptado de: http://www.observatorioagricola.pt/
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
2
2. O caso da Produção apícola no concelho de
Almeida
Para começar a avaliar a viabilidade de uma nova organização de produtores foi
estudado o potencial apícola do concelho de Almeida e foi efetuado um estudo através de
entrevistas junto dos produtores para verificar a sua disponibilidade em aderir a uma nova
organização.
O concelho de Almeida pertence à Circunscrição Florestal do Centro e Núcleo
Florestal da Beira Interior Norte.
Este está inserido no distrito da Guarda, fazendo fronteira com Espanha a Nascente, a
Norte com o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, a Sul com o concelho do Sabugal, a
Oeste com o concelho de Pinhel e a Poente com o concelho da Guarda.
Fonte: CMDFCI – Almeida
A área do concelho é de aproximadamente 51800ha, cerca de 518Km2. Apresenta uma
área média de 18Km2, na qual se subdividem as 29 freguesias (Figura 1) que dele fazem
parte.
Figura 1- Enquadramento geográfico do concelho de Almeida
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
3
Apresenta uma cota máxima, na zona sul, aos 800m e a mínima aos 490m coincidentes
com a zona onde circula o rio Côa. Esta amplitude reflete-se na grande variedade ao nível da
vegetação e habitats.
A morfologia do concelho demonstra a diversidade na estrutura e composição do solo
e da vegetação (Figura 2).
Fonte: CMDFCI - Almeida
É de referir que é uma zona com um clima favorável à apicultura, tendo bastante
exposição solar.
Figura 2- Hipsometria
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
4
2.1. As potencialidades
O concelho de Almeida tem fortes potencialidades salientando-se, particularmente, o
clima, considerado um bom aliado da atividade apícola. Os recursos disponíveis são favoráveis
à prática da atividade apícola, o que lhe confere a possibilidade de alcançar bons resultados
no que diz respeito à atividade. Ao longo do percurso do rio Côa predominam os declives mais
elevados, conferindo-lhe uma área de excelência para as práticas de apicultura, uma vez que
o vento é mais reduzido e há maior exposição solar.
O mapa na (Figura 3) mostra que os declives com maior predominância são inferiores
a 5% representando cerca de 68% (35000ha) da área total do concelho. Com cerca de 18%
(9000ha) da área total do concelho evidenciam-se os declives com valores compreendidos
entre 5 e 10%. As áreas locais com maior declive (10-15%) e (15-20%), representam apenas
12% (6000ha) e, com uma representação pouco significativa, observam-se os declives
superiores a 20%.
Fonte: CMDFCI – Almeida
A exposição do terreno também é relevante para a apicultura, pois determina as
variações das condições meteorológicas durante o dia, já que, à medida que a posição do sol
se modifica, varia a temperatura à superfície, assim como a humidade relativa do ar. A
direção dos ventos locais e a sua velocidade também sofrem influência de acordo com a
exposição do terreno (ver Figura 4).
Figura 3- Declives
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
5
Como podemos ver na figura que se segue, as vertentes voltadas a Norte dominam
com cerca de 38% da ocupação total do concelho, seguidas das áreas planas com cerca de 24%
e das vertentes voltadas a Sul com 18.5%. Menos significativas, as vertentes voltadas a Este e
Oeste representam cerca de 9.5% e 10%, respetivamente, da área total do concelho. Este
fator é relevante, pois permite ter a perceção da forma como vão ser colocadas as colmeias
de forma a poderem aproveitar o maior número de horas de sol.
Fonte: CMDFCI - Almeida
O concelho está subdividido por diversas linhas de água, rios e ribeiras que são
essenciais para a agricultura, pesca, pecuária e espécies arbóreas (Figura 5). Ao longo da
extensão das linhas de água, a vegetação exerce uma função relevante na atividade dos
ecossistemas, oferecendo habitats de alimentação, de abrigo e reprodução de muitas
espécies terrestres e aquáticas.
Registam-se três tipos de cursos de água no concelho: os perenes (caracterizados por
fluxos de água que se mantém durante todo o ano ou a 90% do mesmo segundo um caudal
bem definido); os de regime intermitente (apenas há fluxo durante a estação chuvosa) e o
efémero (só existem durante uma chuvada).
Figura 4- Exposição
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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O rio Côa é o principal do concelho. É um rio português que nasce na Serra das Mesas,
próximo da Serra da Estrela, percorre cerca de 130Km, dos quais 34Km são registados no
concelho, e vai desaguar no rio Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa. A direção do rio Côa é
inversa à grande parte dos rios uma vez que regista uma direção Sul – Norte.
Fonte: CMDFCI - Almeida
O concelho, ao dispor de abundância de água, evidencia a sua potencialidade na
atividade, pois tem disponível um recurso essencial, o que faz com que as abelhas tenham
sempre água sem terem de se sujeitar a percorrer grandes distâncias, conseguindo assim não
desperdiçar energia e atingir melhores níveis de produção.
Figura 5-Hidrografia
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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2.2. A disponibilidade de aderência ao projeto
(entrevistas com os produtores)
Foram realizadas entrevistas a sete apicultores do concelho de Almeida, de modo a
compreender as suas motivações e necessidades assim como a sua disponibilidade para aderir
a este projeto.
Na Tabela 1, podemos verificar que a maioria dos produtores entrevistados, já pratica
esta atividade há alguns anos. Embora não tenham um grande número de apiários têm
bastantes colmeias, mostrando assim o seu interesse pela atividade
Tabela 1- Informações referentes à atividade apícola
Caraterização
Produtor
Início da
atividade
Número de Colmeias
Número de apiários
Amândio Caldeira 1995 40 2
Amílcar Morgado 1977 1100 28
Hugo Andrade 2012 22 4
António Albano 1993 30 + 8 Cortiços 1
José Roxa 2013 21 1
José Carvalho 1998 50 3
Márcio Gomes 2013 100 Planos para atingir as 320 7
Salienta-se ainda nesta amostra de apicultores pela sua importância o Sr. Amílcar
Morgado proprietário de 1100 colmeias no concelho.
Na Tabela 2, podemos observar que a maioria dos produtores vende o mel a granel,
embora alguns dos produtores vendam o produto em frascos com marca própria.
Podemos observar ainda que uma parte do mel produzido é para autoconsumo.
Tabela 2- Modo como os apicultores entram nos mercados
Questão
Produtor
Modo de entrada no mercado (De que forma vendem o mel;
Embalado com marca própria; a Granel; Só autoconsumo).
Respostas
Amândio Caldeira A granel e para autoconsumo; Sim, com um rótulo feito por mim;
Vendo o que não é para autoconsumo; A grande parte é para
autoconsumo, embora também venda a granel.
Amílcar Morgado A granel e embalado em frasco; Sim, com marca própria; Sim
vendemos a maioria do mel produzido a granel; Não, todo o mel
produzido é vendido.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
8
Hugo Andrade A granel através de marca própria; Sim com rótulo próprio; Sim, a
maioria é vendida a granel; Uma percentagem pequena para
consumo próprio cerca de 20% da produção.
António Albano Em grande percentagem embalado; Sim com rótulo próprio; Vendo a
granel; Não, apenas uma pequena parte para autoconsumo.
José Roxa A venda do mel é particular; Embalo o produto sem marca própria.
José Carvalho O mel é vendido ao frasco com um rótulo com marca própria.
Márcio Gomes Como é pouco é vendido na melaria; Futuramente sim, com a marca
Melmonte; Tudo o que não poder vender em frasco; Algum também
fica para autoconsumo.
Na Tabela 3, os produtores, na grande maioria, reponderam que tinha os
equipamentos necessários para a prática da atividade, nomeadamente para a extração do mel
de uma forma tradicional, exceto um produtor que tem um equipamento mais automático,
também devido à quantidade de colmeias que possui.
Tabela 3- Que equipamentos os apicultores possuem
Questão
Produtor
Que equipamento tem ou gostava de ter?
Respostas
Amândio Caldeira Tenho todo o necessário para efetuar a atividade apícola como por
exemplo: Depósito de mel, extrator, facas desoperculadoras, fatos,
fumigador. Gostava de ter um espaço para conseguir extrair mais
mel, assim como equipamentos mais sofisticados.
Amílcar Morgado Temos toda a linha de extração de mel, mas gostaria que esta fosse
mais evoluída. O material que tem é material de desoperculação,
fatos, extratores de mel, fumigador, depósitos para colocar o mel,
local onde o mel repousa.
Hugo Andrade Tenho o necessário para a atividade apícola (Fatos, formões, cera,
depósitos do mel, extrator, facas, fumigador).
António Albano Tenho o equipamento indispensável, gostaria de ter um local com
boas condições para a extração do mel.
José Roxa Tenho o que diz respeito à Apicultura.
José Carvalho Fatos, extrator, máquina transformadora (liga a cera ao arame).
Márcio Gomes Gostava de ter os equipamentos necessários para a extração, os
restantes, tem o necessário para a atividade apícola.
No decorrer da atividade apícola como podemos verificar na Tabela 4, os produtores
efetuam, na grande maioria, o tratamento das abelhas e dos apiários, normalmente duas
vezes ao ano. Quanto ao controlo de qualidade do mel nem todos o efetuam.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
9
Tabela 4- O que os apicultores efetuam na sua atividade apícola
Questão
Produtor
No decorrer da sua atividade apícola o que consegue fazer?
A higiene e a
saúde das abelhas
no apiário.
O controlo de qualidade
do mel, ou seja, a sua
análise.
A higiene e
segurança dos
apiários.
Não tenho
estas
preocupaçõ
es no meu
apiário.
Porquê?
Respostas
Amândio
Caldeira
Sim, efetuo pelo
menos 2 vezes por
ano, embora
normalmente faça
mais do que 2
vezes.
Não efetuo, pois não
possuo nenhum tipo de
equipamento e a
associação que pertenço
fica longe, logo não me
pode proporcionar este
tipo de assistência.
Sim, efetuo um
tratamento
sanitário, uma vez
por ano pelo
menos.
___________
Amílcar
Morgado
Efetuamos a
higiene e a saúde
das abelhas
nomeadamente 3
vezes por ano.
Sim, mandamos analisar
o mel a terceiros, pois
ainda, não temos
material para podermos
efetuar a 100% esta
análise.
Sim, efetuamos 2
vezes ao ano.
___________
Hugo Andrade Sim, tratamento
biológico, duas
vezes por ano,
depois da cresta
(retirada do mel) e
no fim do inverno,
também efetuo o
tratamento da
Varroose.
Não efetuo pois não
possuo nenhum
equipamento e também
não pertenço a nenhuma
associação que me possa
prestar este tipo de
serviço.
Sim, efetuo um
tratamento
sanitário uma vez
por ano.
___________
António
Albano
Sempre, duas vezes
ao ano.
Esporadicamente. Sim, cuidados com
a limpeza das
colmeias e do local
onde se encontra o
apiário.
___________
José Roxa Sim.
Sim. Sim. Respeito a
produção
legal do
mel.
José Carvalho Sim, o necessário.
Não efetuo. Sim, o necessário. ___________
Márcio Gomes Sim, consigo
efetuar a higiene
do meu apiário.
As análises são
efetuadas pela
associação, ou são feitas
por conta própria num
laboratório.
É efetuada pelo
próprio apicultor,
quando necessário
através de ajuda
de colaboradores
ou terceiros.
___________
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
10
Na Tabela 5, os produtores referiram que para a execução da sua atividade apícola
necessitavam de colaboradores, preferencialmente com qualificação para trabalhar nesta
atividade. Também necessitam de ajudas técnicas, bem como ajuda na extração do mel. Para
os apicultores, o apoio a nível burocrático também é uma ajuda necessária.
Tabela 5- Qual a ajuda que o apicultor necessita na sua atividade apícola
Questão
Produtor
De que ajuda precisaria para a sua atividade (apícola)?
Respostas
Amândio Caldeira Por vezes, necessito de alguns colaboradores, dependendo da
altura do ano. Mas gostaria de ter apoio na extração do mel e
claro se possível financeiramente.
Amílcar Morgado Necessitava principalmente de mão-de-obra qualificada.
Hugo Andrade Gostaria de ter apoio na extração do mel, bem como apoio
técnico.
António Albano Precisava de algum apoio por parte do estado para melhorar a
exploração, embora todas as ajudas sejam bem-vindas.
José Roxa ____________________________________________
José Carvalho Devido ao pouco número de colmeias neste momento não
necessita.
Márcio Gomes Quando já estiverem em “funcionamento “ as 320 colmeias é
necessário um trabalhador apara o Inverno para a vigilância,
limpeza, preparação dos quadros e apiários, levar alimento,
controlar as colmeias, pois estas só podem ser abertas com
temperaturas com 14º e 15º. Na época alta, quando é efetuada a
extração das alças é necessário 3 a 4 colaboradores.
É de referir que a maioria dos apicultores estão já integrados em associações, como
podemos ver na Tabela 6. Como podemos verificar todas estas entidades, estão fora do
concelho, a grande maioria até se encontram bastante afastadas do concelho de Almeida.
Tabela 6-Integração dos apicultores em algum tipo de associação
Questão
Produtor
Está integrado em algum tipo de associação? Se sim em qual?
Respostas
Amândio Caldeira Associação de Apicultura do Norte de Portugal (já fui tesoureiro
da mesma).
Amílcar Morgado Meimoacoop.
Hugo Andrade Não está integrado em nenhum tipo de Associação.
António Albano Piscotávoras.
José Roxa A.A.B. Litoral Leiria.
José Carvalho Não está integrado em nenhum tipo de Associação.
Márcio Gomes Meimoacoop e Meltagus.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
11
Todos os apicultores que foram entrevistados estão dispostos a associar-se a uma nova
entidade, como podemos ver na Tabela 7. Estes estão dispostos a associar-se nas “condições
normais”, beneficiando de ajudas técnicas e burocráticas, bem como de apoio na
comercialização do mel.
Tabela 7- Interesse dos apicultores em associar-se a uma nova organização
Questão
Produtor
Se existisse uma Associação ou Cooperativa estava
interessado em associar-se?
Sim ou Não
Caso a resposta seja sim:
Em que condições gostaria
de se associar?
Que anuidade/quota
anual estaria disposto a
pagar para ser sócio?
Respostas
Amândio Caldeira Sim. Beneficiando de apoio
técnico, a associação aceita o
mel para vender, ajudas com
a legislação benefícios na
compra dos materiais apícolas
na mesma.
10€.
Amílcar Morgado Sim. Como sócio, para poder
beneficiar de apoio técnico
(analises do mel), benefícios
fiscais, descontos.
10€, ou mais se
houver serviços
que
justifiquem.
Hugo Andrade Sim. Gostaria de ter apoio técnico,
legislativo, benefícios na
compra de materiais, ajuda na
venda do mel, para diversos
locais do país e /ou
estrangeiro.
10€, ou mais,
caso os serviços
sejam melhores
e o justifiquem.
António Albano Sim. Para ter apoio técnico
esclarecimento acerca da
legislação, ajudas com a
extração do mel.
12€, ou mais se
os serviços
forem de
qualidade.
José Roxa Sim. ______________________ 0 €.
José Carvalho Sim. Nas condições normais com
algumas ajudas.
10€.
Márcio Gomes Sim. Gostaria de me associar nas
condições normais, para poder
usufruir do máximo de
regalias.
26€ +
Formação.
Como podemos ver na Tabela 8, a maioria dos produtores não estão interessados em
vender o seu produto a menos de 4,5€ ou 5€/Kg com exceção do mel a granel que aceitam
vender a um valor inferior a 5€. Já alguns dos produtores acham que o seu mel deve ser
vendido a mais de 6,5€/Kg.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
12
Tabela 8- Valor mínimo que o apicultor estaria interessado em receber
Questão
Produtor
Qual o montante mínimo a que estaria interessado em vender o seu produto
(por Kg)?
Menos de
2,50€
2,50€-
3,00€
3,50€ -
4,00€
4,50€-
5,00€
5,50€-
6,00€
6,50€-
7,00 €
Mais de
7,00€
Respostas
Amândio
Caldeira
X
Amílcar
Gomes
X
Hugo
Andrade
X
António
Albano
X
José Roxa X
José
Carvalho
X (A
granel).
X (Em
frasco).
Márcio
Gomes
X (caso
seja
vendido
a
granel).
X (caso
seja
vendido
em
frascos).
Na Tabela 9, podemos constatar que os apicultores estão interessados em expandir o
seu negócio, nomeadamente se as condições forem boas e conseguirem colocar o produto no
mercado.
Tabela 9- Interesse do apicultor em expandir o negócio
Questão
Produtor
Está interessado em expandir o seu negócio?
Resposta
Amândio Caldeira Sim.
Amílcar Morgado Sim, estou.
Hugo Andrade Sim.
António Albano Sim.
José Roxa Sim.
José Carvalho Depende da existência de condições.
Márcio Gomes Sim, para exportar o produto. No futuro próximo terei 320
colmeias e pretendo aumentar.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
13
Todos os entrevistados afirmam ter a atividade legalizada como podemos verificar na
Tabela 10.
Tabela 10- Legalização da atividade apícola por parte do apicultor
Questão
Produtor
A sua atividade apícola está devidamente legalizada?
Resposta
Amândio Caldeira Sim
Amílcar Morgado Sim
Hugo Andrade Sim
António Albano Sim
José Roxa Sim
José Carvalho Sim
Márcio Gomes Sim
Em relação à disponibilidade para aderir a um projeto de criação de uma organização
apícola no concelho de Almeida, é nossa opinião que os hábitos e experiências de
associativismo nesta atividade e a distância do concelho ao local onde estão sedeadas outras
associações podem viabilizar este projeto.
Em contrapartida, ficamos com a sensação de que os entrevistados mais do que serem
parceiros de uma nova iniciativa empresarial sentem-se mais confortáveis e preferem
associar-se (em “condições normais”) a um projeto liderado por outros. Isto é, mais do que
“sócios” de um novo projeto ficamos com a sensação que preferem ser fornecedores e
associados de forma a beneficiar dos apoios normais que são disponibilizados nas organizações
de apicultores.
3. Escolha da forma jurídica
A forma jurídica pode condicionar o bom funcionamento de qualquer instituição. As
possibilidades são diversas: Cooperativa, Associação, Sociedade por quotas, Sociedade civil
sob a forma comercial, Sociedade de agricultura de grupo, Agrupamento complementar de
exploração agrícola e Agrupamento complementar de empresas.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
14
3.1. Cooperativa
Uma Cooperativa é uma associação autónoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades económicas, sociais e culturais
comuns, através de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida (ACI,
19952).
Os valores cooperativos baseiam-se em valores de ajuda e responsabilidade próprias,
democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Para os fundadores, os membros acreditam
nos valores éticos de honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação pelos
outros.
Os princípios cooperativos circunscrevem as linhas diretoras através das quais as
cooperativas levam à prática os seus valores. A declaração sobre a identidade Cooperativa,
enumera sete princípios. O 1º Princípio é a Adesão voluntária e livre. As cooperativas são
organizações voluntárias, disponíveis a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e
dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem discriminações de sexo, sociais,
políticas, raciais ou religiosas. O 2º Princípio é a Gestão democrática pelos membros. Este
princípio define que as cooperativas são organizações democráticas geridas pelos seus
membros, os quais participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de
decisões. Os homens e as mulheres que exerçam funções como representantes eleitos são
responsáveis perante o conjunto dos membros que os elegeram. O 3º Princípio é a
Participação económica dos membros, em que estes contribuem equitativamente para o
capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Os cooperadores empregam
os excedentes em diferentes dimensões, nomeadamente: i) no desenvolvimento da sua
cooperativa, ii) na criação de reservas, que em parte, serão indivisíveis; iii) benefício dos
membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e iv) apoio a outras atividades
aprovadas pelos membros. O 4º Princípio passa pela Autonomia e independência. Na entrada
em acordos com outras organizações, incluindo os governos, ou de recorrerem a capitais
externos, devem fazê-lo de modo a que se assegure o controlo democrático pelos membros e
se conserve a sua autonomia como cooperativas. O 5º Princípio é a Educação, formação e
informação. As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos
representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores, de forma a cooperarem
eficazmente para o desenvolvimento das suas cooperativas. O público, particularmente, os
jovens e os líderes de opinião, devem estar informados sobre a natureza e as vantagens da
cooperação. O 6º Princípio é a Intercooperação. As cooperativas servem os seus membros
mais eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto,
através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. Por último, o 7º Princípio é
o Interesse pela comunidade, ou seja, as cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentável das comunidades, através de políticas aprovadas pelos membros.
2 Adaptado de : http://www.cases.pt/cooperativas/identidade-cooperativa
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
15
É de realçar que a estrutura funcional básica dos órgãos sociais de uma Cooperativa, segundo
o Artigo 39º do Código Cooperativo (anexo 23) – Órgãos são: Assembleia Geral (Órgão
Supremo), Direção (Órgão de Gestão) e Conselho Fiscal (Órgão de Fiscalização).
O desempenho de funções por cada órgão deve estar registado nos estatutos das
Cooperativas.
3.2. Associação
De acordo com a CASES3, uma associação é comummente uma pessoa coletiva
composta por pessoas singulares e/ou coletivas, sem finalidades lucrativas, agrupadas em
torno de objetivos e necessidades comuns. Qualquer conjunto de pessoas que se reúna com
interesses comuns pode constituir uma associação. Muitas vezes, grupos de moradores,
pessoas da mesma profissão, colegas de atividades recreativas e culturais ou amigos com
projetos comuns encontram na criação duma associação a forma de se fazerem representar
publicamente. Geralmente, estas organizações não têm fins lucrativos e quando os sócios
pretendem ter lucro económico optam antes pela criação de uma sociedade.
Segundo a Assembleia da República lei nº 65/78 de 13/10, artigo 11º (anexo 3) onde
refere que qualquer pessoa tem direito à liberdade de associação incluindo com outrem
apoiar e adotar patronatos para a defesa dos seus interesses. Este direito só pode ser objetivo
de limitações sendo previsto na lei. A atual cláusula não impede que sejam obrigatórias
restrições ao exercício destes direitos aos membros que efetuem cargos estatais.
3.3. Sociedade por quotas
A Sociedade por quotas4 é uma sociedade onde o capital está dividido por quotas e
deve ser então constituída no mínimo por dois sócios com exceção das Sociedades Unipessoais
por quotas que podem ser constituídas por um único sócio (artigo 270- A- Código das
Sociedades Comerciais). Os societários desta sociedade detêm o dever reduzido (a nível
exterior) ao valor da quota assinada, mas os sócios podem ser solidariamente conscientes por
todas as entradas ajustadas no contrato social na circunstância de o capital não estar
inteiramente executado.
Qualquer sócio tem o dever de admissão (na sociedade, com bens suscetíveis de
hipoteca como o dinheiro) e de compartilhar nas carências (em caso de perda a mesma terá
de ser partilhada), não sendo admitidas contribuições de indústria.
3Exceto quando citado expressamente o conteúdo desta seção baseia-se em:
http://www.cases.pt/associacoes/identidade-associativa 4 Baseado no Código das Sociedades Comerciais, anexo 22.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
16
Funda-se uma nova entidade jurídica, dissemelhante dos seus associados, que fica
sujeita a direitos e deveres, sendo o património da coletividade a responder perante os
credores pelas obrigações da mesma.
Nesta sociedade não é exigido capital mínimo, desde 2011, embora cada quota tenha de ter o
valor mínimo de 1euro. As quotas não podem ter valor inferior a 1 euro e a empresa tem a
designação de “Limitada ou LDA”.
O contrato social deve incluir a importância de cada quota de capital e a recognição
do titular correspondente, bem como o valor das entradas concretizadas e a importância das
entradas pospostas.
3.4. Sociedade civil sob a forma comercial5
A sociedade civil carateriza-se por adotar um dos tipos de sociedades comerciais,
sendo-lhes por isso aplicável o Código das Sociedades Comerciais.
Ainda assim, são sociedades que, embora civis, não têm por objeto a prática de atos de
comércio.
Em regra, as sociedades civis podem adotar qualquer tipo societário mercantil,
excetuando os casos em que a lei estabeleça diferentemente.
O normal será a adoção dos tipos sociedade por quotas e sociedade anónima, ambas
permitindo a responsabilidade limitada dos sócios.
3.5. Sociedade de agricultura de grupo (SAG)6
Segundo o artigo 1º do DL nº 336/89 de 4 de Outubro (ver anexo 4), as sociedades de
agricultura de grupo (SAG) são sociedades civis sob a forma de sociedade por quotas tendo
como intuito a exploração agrícola ou agropecuária efetuada por um número limitado de
agricultores, os quais põem em comum a terra, os meios financeiros, e ou, outros fatores de
produção e asseguram conjuntamente a gestão da empresa e as suas necessidades em
trabalhos em condições idênticas às que se verificam nas explorações de carácter familiar.
A realização de atividades agrícolas ou pecuárias em comum não conexas com a
exploração da terra ou em que esta tenha um carácter manifestamente acessório só é
admitida desde que sejam economicamente complementares do conjunto da exploração ou
das explorações associadas e contribuam de forma relevante para o seu equilíbrio.
Podem igualmente ser reconhecidas como SAG as sociedades que sejam constituídas
para fazer face a atividades acessórias ou complementares da atividade agrícola ou
agropecuária, designadamente a utilização em comum de instalações, máquinas ou
5 O conteúdo desta secção baseia-se em: http://www.portaldaempresa.pt/cve/services/balcaodoempreendedor/Licenca.aspx?CodCategoria=47&CodSubCategoria=1&CodActividade=1151&CodLicenca=651&IdUnico=0 6 Exceto quando citado expressamente esta secção baseia-se em: https://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/DL_336_89.htm
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
17
equipamentos, desde que cooperem para o equilíbrio das explorações associadas para esse
fim e utilizem em exclusivo produtos das explorações dos sócios ou prestem serviços dirigidos
exclusivamente às suas explorações.
Segundo o artigo 14º – (Regime especial das SAG), do DL nº 336/89 de 4 de outubro,
transitoriamente, é admitida a constituição de SAG em que, no máximo, um terço dos sócios
sejam agricultores a título principal, desde que, pela sua experiência e conhecimentos
técnicos, contribuam validamente para os fins sociais e participem também com o seu
trabalho para a sociedade a tempo inteiro ou parcial.
3.6. Agrupamento complementar de exploração agrícola (ACEA)
7
Segundo o artigo 13º do DL nº 336/89 de 4 de outubro, os Agrupamentos
Complementares de Exploração Agrícola (ACEA), são sociedades civis sob a forma de
sociedade por quotas tendo por objeto o exercício de atividades acessórias ou
complementares da exploração agrícola ou agropecuária, designadamente a utilização em
comum de instalações, máquinas ou equipamentos, desde que contribuam para o equilíbrio
das explorações associadas para esse fim e utilizem em exclusivo produtos das explorações
dos sócios ou prestem serviços exclusivamente destinados às suas explorações.
Os ACEA ficam submetidos ao regime estabelecido neste diploma para as SAG, com as
exceções indicadas nas alíneas a) e b) do artigo anterior e as particularidades previstas no n.º
2 do artigo 3.º.
Os ACEA também podem ter como sócios outros ACEA.
Para efeitos do disposto no artigo 4.º a expressão protegida é «agrupamento
complementar da exploração agrícola».
3.7. Agrupamento complementar de empresas8
O agrupamento complementar de empresas permite a constituição de pessoas
coletivas que resultam do agrupamento de pessoas singulares ou coletivas e de sociedades
para, sem prejuízo da sua personalidade jurídica, melhorarem as condições de exercício ou
de resultado das suas atividades económicas.
Segundo o Decreto-Lei n.º 430/73 de 25 de agosto (ver anexo 5), o agrupamento
complementar de empresas pode ter por fim acessório a realização e partilha de lucros
apenas quando autorizado expressamente pelo contrato constitutivo.
7 Esta secção baseia-se em: https://www.igf.min-financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/DL_336_89.htm 8 Exceto quando citado expressamente o conteúdo desta secção baseia-se em: https://www.igf.min-financas.pt/leggeraldocs/DL_430_73.htm
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
18
O contrato do agrupamento fica sujeito às publicações exigidas por lei para a
constituição das sociedades comerciais. As alterações do contrato só podem ser deliberadas
por maioria não inferior a três quartos do número de agrupados e devem obedecer às
exigências de forma e de publicidade requeridas para a constituição do agrupamento.
A firma do agrupamento poderá consistir numa denominação particular ou ser
formada pelos nomes ou firmas de todos os seus membros ou de, pelo menos, um deles.
Quando não constar da firma do agrupamento os nomes ou firmas de todos os seus membros,
deverão estes ser especificados em todas as publicações obrigatórias e em todos os atos ou
contratos escritos em que o agrupamento intervenha.
Para fins de registo, o agrupamento é equiparado às sociedades comerciais.
A capacidade do agrupamento não compreende:
a) A aquisição do direito de propriedade ou de outros direitos reais sobre coisas imóveis,
salvo se o imóvel se destinar a instalação da sua sede, delegação ou serviço próprio;
b) A participação em sociedades civis ou comerciais ou ainda em outros agrupamentos
complementares de empresas;
c) O exercício de cargos sociais em quaisquer sociedades, associações ou agrupamentos
complementares de empresas.
A administração é exercida por uma ou mais pessoas, nos termos designados no
contrato e presta contas anualmente. A assembleia geral é responsável pela nomeação ou
exoneração dos administradores ou gerentes não designados no contrato, bem como
estabelece as remunerações, quando devidas. É aplicável aos administradores ou gerentes
estranhos ao agrupamento, ainda que tenham sido nomeados no contrato, o disposto no artigo
156.º do Código Comercial. As deliberações dos sócios são tomadas à pluralidade de votos,
contando-se um voto por cada sócio, salvo disposição em contrário do contrato.
Perante estas possibilidades e não havendo disposição da lei e do contrato sobre a
fiscalização da gestão, a assembleia geral poderá designar, pelo período máximo de três anos,
renovável, uma ou mais pessoas para fiscalizar a gestão e dar parecer sobre as contas.
3.8. Seleção da forma jurídica mais adequada
Em suma, torna-se relevante referir como mencionado anteriormente, que a escolha
da forma jurídica pode condicionar bastante o bom funcionamento de qualquer organização.
Neste sentido a Cooperativa é aquela que mais se adapta, pois a sua finalidade está em
satisfazer as necessidades dos cooperantes, conseguindo determinados bens a preços
inferiores aos do mercado ou vendendo os seus produtos sem intermediários. As cooperativas
estão sujeitas ao Código Cooperativo e a legislação complementar, e não ao Código Civil ou
ao Código das Sociedades Comerciais.
Uma cooperativa, para ser reconhecida como tal, tem obrigatoriamente de estar
registada no Instituto António Sérgio. Esta representa um setor e coloca o produto no
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
19
mercado. O seu objeto social é a extração e comercialização de mel resultando deste objeto
a isenção de IRC, sendo que a prestação de serviços aos sócios não é tributada enquanto aos
não sócios já é tributada.
É de realçar que a maioria das cooperativas tem fins lucrativos daí resultar a venda
dos produtos.
Desta forma, a cooperativa destina-se a satisfazer da melhor maneira os interesses dos
cooperadores que as integram. As cooperativas têm, por isso, uma lógica própria para gerirem
os recursos de que dispõem, uma lógica de matriz empresarial, mas exterior à lógica da
lucratividade. São os interesses dos cooperantes que estão na origem das cooperativas, são
eles a sua razão de ser (Namorado, 1993).
4. Formalidades para a constituição de uma Cooperativa
Na constituição de uma cooperativa existem muitas formalidades que devem ser
respeitadas escrupulosamente. Segundo a CASES, é necessário:
Um certificado de admissibilidade de denominação: este deve requerer um certificado
de admissibilidade de denominação /NIPC-Número de Identificação Coletiva, no
registo Nacional de Pessoas Coletivas (RNPC). O objeto social a figurar no modelo 11-
RNPC deve ser o mesmo dos estatutos.
Realização de uma assembleia de fundadores: os interessados na constituição da
cooperativa devem reunir-se numa assembleia de fundadores, onde será eleito o
presidente que identificará as regras de funcionamento e fará as convocatórias
seguintes. A assembleia de fundadores tem de ser composta, no mínimo, por 5
pessoas. As decisões tomadas na reunião devem estar escritas na Ata da Assembleia
de Fundadores (anexo 1), sendo que os Estatutos Fiscais (anexo 2) devem constar num
documento anexo á Ata.
O Registo Comercial: o registo comercial é efetuado em qualquer conservatório do
registo comercial, sendo que deve ser preenchido o impresso próprio para o registo,
obtido na conservatória do registo comercial e juntar também o original da Ata de
Assembleia de Fundadores e dos Estatutos e o certificado de admissibilidade de
denominação / NIPC- Número de Identificação de Pessoa Coletiva.
As publicações obrigatórias: devem ser promovidas pelo conservador do registo
comercial, para ser publicado na página das publicações do sítio Web do Ministério da
Justiça.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
20
Uma Declaração de Inscrição no Registo / início da atividade: Esta inscrição deve ser
apresentada com a assinatura de um TOC, em qualquer repartição de Finanças (DGCI-
Direção Geral de Impostos), por via oral, eletrónica, ou impresso próprio, no prazo de
15 dias após a apresentação para o registo.
Ser efetuada a inscrição na Segurança Social: Esta inscrição pode ser efetuada em
qualquer instituição da Segurança Social, onde deve inscrever a Cooperativa num
prazo de 10 dias após o início da atividade.
Ter um Cartão da Empresa: Este deve ser requerido no Registo Nacional de Pessoas
Coletivas, sendo que reúne os três números relevantes para a identificação das
Cooperativas perante quaisquer entidades públicas ou privadas, NIPC- Número de
Identificação de Pessoa Coletiva, Número Fiscal de Pessoas Coletivas, o qual
corresponde ao NIPC, e NISS – Número de Identificação da Segurança Social.
Atos de Comunicação Obrigatória: O artigo 88º do Código Cooperativo, circunscreve
que as cooperativas devem enviar a CASES um duplicado dos atos de constituição e de
alteração dos estatutos devidamente registados, ou seja, as atas de assembleia geral,
estatutos, cartão de pessoa coletiva e declaração de início de atividade, relatórios de
gestão e as contas de exercício anuais, após terem sido aprovadas pela respetiva
assembleia geral e por último o balanço social, quando nos termos legais, forem
obrigadas a elaborá-lo.
5. Enquadramento legal da atividade
A Diretiva 2001/110/CE do Conselho da União Europeia (UE), de 20 de Dezembro (ver
anexo 6), no ponto 1, do anexo I, define mel como uma “substância açucarada natural
produzida pelas abelhas da espécie Apis mellifera a partir do néctar de plantas ou das
secreções provenientes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de
plantas que ficam sobre partes vivas das plantas, que as abelhas recolhem, transformam por
combinação com substâncias específicas próprias, depositam, desidratam, armazenam e
deixam amadurecer nos favos da colmeia”.
Em Portugal, a abelha produtora de mel é da espécie Apis mellifera iberiensis (Souza,
Pinto, Moura, Baptista, & Carvalho, 2010), estando em conformidade com a definição da
diretiva.
Os diplomas legais que enquadram esta atividade são a portaria nº 277 de 25 de novembro
de 2005 (Registo da Atividade) - DL nº 203/2005 de 25 de novembro (Localização e
Implementação), ver anexo 7.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
21
5.1. Registo da atividade
Segundo a portaria nº 277 de 25 de Novembro de 2005, o exercício da atividade
carece de registo do apicultor sendo obrigatório afixar no (s) apiário (s) o número de registo
em local bem visível (artigo 3.º do Decreto-Lei nº 203/2005, de 25/11, Registo da atividade
apícola e declaração de existências).
A declaração de existências deve ser efetuada pelo apicultor anualmente através do
modelo (Mod.490/DGAV, ver anexo 8), na área reservada do portal do IFAP ou nas
organizações de apicultores protocoladas.
Caso o apicultor pretenda pode fornecer as coordenadas geográficas aproximadas do
seu (s) apiário (s). Se o apicultor não cumprir os prazos da entrega da declaração pode
constituir contraordenação punível com uma coima mínima de € 100 e máxima de € 3.740 ou
€ 44.890 consoante o agente seja singular ou coletivo (artigo 16º, nº1 do DL nº 203/2005-
25/11).
É ainda de referir que, caso ocorram alterações superiores a 20% do número de
colmeias, deve ser efetuado pelo apicultor uma declaração de alteração à declaração de
existências.
5.2. Localização e Implementação
O apiário deve encontrar-se a 50 metros de qualquer via pública, embora possa estar
perto de caminhos rurais (Decreto-Lei n. 203/2005 de 25 de Novembro). Deve encontrar-se no
mínimo a 100 metros de qualquer edificação em utilização (Artigo 5.º Implantação dos
apiários).
Também é de realçar que existem distâncias mínimas de Implementação. Caso o
apiário tenha 10 colmeias não se podem colocar mais colmeias num raio de 100 metros, caso
sejam 30, não se podem colocar colmeias num raio de 400 metros e caso sejam 31 colmeias
ou mais não se podem instalar colmeias num raio de 800 metros (Artigo 23.ºNorma
revogatória). O limite máximo de colmeias por apiário é 100.
5.3. Zonas Controladas
A criação de Zonas Controladas, em Portugal, foi determinante nos controlos sistemáticos às
doenças, sendo este o primeiro passo para o apoio e prevenção sanitária dos apiários
portugueses. A Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirmou 16
Organizações de Apicultores, atribuindo-lhe responsabilidades como entidades gestoras da
Zona Controlada, como podemos ver na Figura 6.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
22
Figura 6- Mapa das Zonas Controladas
Fonte: PAN (2013)
De acordo com o DL nº 203/2005-25/11, as Zonas Controladas são zonas geográficas
onde se efetua um controlo sistemático das doenças das abelhas, realizado por uma entidade
gestora reconhecida pela DGAV (Direção Geral de Alimentação Veterinária).
O estatuto de Zona Controlada é concedido, a seu pedido, a organizações de
produtores legalmente constituídas e que sejam integradas por um número de apicultores que
seja igual ou superior a 60% dos apicultores registados na sua área geográfica de atuação ou
represente, pelo menos, 60% do total das colmeias existentes nessa área (DL nº 203/2005-
25/11).
O reconhecimento das Zonas Controladas pressupõe uma série de obrigações para os
apicultores, nomeadamente a manutenção atualizada de um registo de que constem os
fatores de natureza sanitária ocorridos na zona e de um boletim de apiário de que constem,
por ordem sequencial, todas as operações realizadas no apiário.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
23
Segundo informações fornecidas pela DGV da Guarda, existem 102 Apiários e 1982
Colónias, pertencentes à Zona Controlada Piscotávora-Associação de Produtores Florestais.
5.4. Tipologia de locais de extração: unidades primárias vs estabelecimentos
Segundo o DL 1/2007, (ver anexo 9) “o fornecimento de pequenas quantidades de
ovos, mel e produtos da pesca pelo produtor primário diretamente ao consumidor final ou a
restauração é abrangido pelo disposto na alínea c) do nº3 do artigo 1º do regulamento (CE), nº
853/2004, quando seja até às seguintes quantidades máximas: b) mel- 650 Kg por ano”9,ou
seja, os apicultores, que desenvolvendo a sua atividade como complemento de rendimento,
tenham uma “unidade de produção primária” podem vender, no concelho ou em concelhos
vizinhos, até 650Kg de mel anualmente.
Segundo o DL 1/2007 o Artigo 2.º Classificação dos locais de extração e
processamento de produtos apícolas, alínea b) "estabelecimentos" os que procedem à
extração ou processamento de mel ou outros produtos apícolas, com destino à introdução no
mercado.
A distinção de uma unidade de produção primária e um estabelecimento onde se
insere a melaria é que a unidade de produção primária apenas efetua a extração do mel
pessoal ou familiar, o que resulta numa aquisição de equipamentos básicos bem como
condições de higiene e segurança no trabalho limitadas.
No caso dos estabelecimentos (melaria) pode efetuar a extração do seu próprio mel
bem como a extração do mel dos seus sócios e de todos os apicultores que assim o
pretendam. Tem todo o tipo de equipamentos necessários para o processo devido às elevadas
quantidades de produção. É obrigatório reunir todas as condições de higiene e segurança no
trabalho para poder comercializar o produto e preservar as condições naturais do mesmo.
6. Sanidade Apícola
Para que as abelhas produzam mel de elevada qualidade é preponderante que a sua saúde
seja protegida das diversas ameaças que as podem afetar. Deste modo, torna-se fundamental
a vigilância dos apiários e a prevenção de doenças de forma a não se colocar em causa a
saúde das abelhas.
É de realçar que a DGAV (Direção Geral Apícola Veterinária), segundo o PAN 2014-2016,
pode adotar as medidas de Sanidade que sejam mais adequadas, desde visitas sanitárias e
inquéritos, a restrições ao trânsito de abelhas, enxames, colmeias e produtos para a
apicultura, ao tratamento das colmeias, ou mesmo aplicação de medidas de higiene e
desinfeção.
9 O conteúdo e as figuras desta secção baseia-se em: http://apialentejo.blogspot.pt/2011/09/colmeias-
racionais.html
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
24
6.1. Pragas e Doenças
De acordo com a CAP (2007), torna-se pertinente dar importância às principais
doenças das abelhas, tal como dar particular atenção às declarações de acordo com a
legislação nacional vigente.
A mesma fonte enumera as doenças que afetam as abelhas e que são:
Varroose de acordo com a CAP (2007) a Varroose é uma parasitose originada pelo
ácaro Varroa destructor (ver Figura 7) sendo a enfermidade mais emblemática da
atividade apícola. Atualmente espalha-se pelo mundo e a sua eliminação é tida como
impossível.
Figura 7- Varroa Destrutor
Fonte: CAP (2007)
As varroas adultas alimentam-se da hemolinfa e vivem sobre as abelhas, introduzindo-
se nas células de criação completando assim o seu ciclo de vida. Preferem a criação de
zangão, pois as larvas são maiores, disponibilizando uma maior quantidade de alimentos. O
seu ciclo prolonga-se ao longo do ano, desde que haja criação, como se pode averiguar
normalmente nas criações em Portugal.
Os sintomas da doença são por vezes visíveis sobre as abelhas adultas. As abelhas
podem apresentar asas deformadas. A criação afetada pela doença morre com frequência,
pelo que os quadros de criação apresentam-se com o aspeto em mosaico ou com a criação
salpicada.
No tratamento da Varroose devem utilizar-se produtos de uso veterinário desde que
sejam homologados para essa utilização em Portugal.
Ao longo dos anos tem-se verificado uma significativa evolução da Varroose, embora tenha
progredido está mais controlada. No período 2007 e 2008 a doença afetou seriamente as
abelhas (ver Figura 8) levando à perda de várias colónias.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
25
Loque Americana: doença causada pela bactéria Paenibacillus Larvae que afeta as
fases imaturas da abelha. Esta doença desenvolve-se rapidamente dentro da colónia
afetada e transfere-se a partir desta para as restantes colmeias do apiário. Na
ausência de cuidado por parte do apicultor na destruição do material infetado os
prejuízos podem ser irreversíveis.
Loque Europeia: esta doença da criação também é provocada por uma bactéria a
Mellisococcus Pluton. Esta doença está espalhada por todo o mundo e é uma doença
considerada menos perigosa que o Loque Americana. No entanto, há algumas zonas
em que pode causar grandes perdas de criação e consequentemente menos produção
de mel, ou mais preocupante, provocar a morte de colónias.
Ascosferiose: doença da criação causada pelo fungo Ascosphaera Apis. Caracterizada
pela morte das larvas dentro dos alvéolos onde fazem o seu desenvolvimento, (as
larvas ficam com um aspeto engessado ou mumificadas).
Viroses: é uma doença que a CAP (2007) define como um vírus que afeta a criação. O
apicultor tende por vezes a não se apercebe desta doença, pois confunde-a com o
Loque Americana.
Acarapisose: doença parasitária das abelhas adultas também conhecida como piolho.
É uma doença que, atualmente, é muito controlada, logo quando são efetuados os
tratamentos contra a Varroose, estes também conseguem extinguir esta doença.
Nosemose: é uma doença provocada por Nosema Apis. Esta doença encontra-se em
todo o mundo, mas é mais comum em países com clima temperado como Portugal.
Sempre que é detetada, percebe-se de imediato que vão existir graves problemas
económicos e quebras de produção consideráveis.
Figura 8- Evolução da Varroose
Fonte: PAN (2013)
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26
Vírus da Paralisia Aguda: segundo a CAP (2007), esta doença faz com que as células
produzam mais vírus, o que é muito difícil de controlar num apiário. A melhor forma
para combater este vírus é trocar as ceras e a rainha das colmeias.
Colmeias Zanganeiras: embora não seja diretamente uma doença, considera-se um
grande problema numa colmeia, pois corresponde á ausência da rainha o que pode
acontecer por diversos motivos. Uma colmeia sem rainha condiciona a maior parte
das atividades, por vezes de forma irreversível. Após este problema as larvas
disponíveis (com menos de quatro dias de idade), são alimentadas com grandes
quantidades de geleia real, com o intuito de inverter o seu desenvolvimento de larva
para rainha.
Intoxicação por Pesticidas: um problema frequente de muitos apiários, pois os
agricultores utilizam os pesticidas para combater as pragas que condicionam a sua
atividade acabando por afetar as abelhas e na maioria das vezes até acabam por se
perder.
Fome: para além das diversas doenças referidas anteriormente a fome é um
problema, principalmente no Inverno, para muitos dos apicultores, quando as abelhas
não saem das colmeias devido às temperaturas baixas. Perante as baixas
temperaturas as abelhas não saem para se alimentar e é necessário que o apicultor
coloque alimento suficiente na colmeia para garantir a sua sobrevivência.
Traça: segundo a CAP (2007), a traça afeta especialmente a cera que está nas
colmeias. A traça começa por infestar o equipamento armazenado mas pode também
alastrar-se a colónias que estejam enfraquecidas.
6.2. Declarações Obrigatórias
Segundo o Decreto-Lei nº 203/2005 de 25/11 (CAPÍTULO V - Sanidade apícola, artigo
9.º - Doenças de declaração obrigatória) é obrigatória a declaração dos casos suspeitos ou
confirmados de qualquer das doenças mencionadas, à DRA da área de implantação do apiário,
à qual cabe a sua comunicação à DGV.
A DGV pode mandar executar as medidas de sanidade veterinária que julgar necessárias
para evitar, limitar ou debelar as doenças citadas.
7. Mercado do Mel
A produção mundial de mel teve uma tendência crescente nos últimos 20 anos, apesar das
flutuações, em regiões e países (industrializados e não-industrializados), atribuída a um
aumento no número de colmeias e da produção por colónia. O consumo também aumentou
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
27
durante os últimos anos, devido ao aumento geral nos padrões de vida e também a um
interesse maior em produtos naturais e saudáveis10.
Podemos referir que, tradicionalmente, o mel era comercializado numa relação direta
entre produtor e consumidor, mas devido ao aumento das produções e do número de
associações de produtores, surgiram outras formas de comercialização que passam pela
relação do produtor com o embalador, e deste ao retalhista, ou do produtor às indústrias
transformadoras.
A concentração dos produtores tem permitido substituir importações por mel português
uma vez que os canais de distribuição que recorriam à importação para se abastecerem
passaram a ter um acesso mais facilitado ao mel produzido em Portugal.
A falta de estruturas de comercialização e dispersão da produção é típica deste setor,
mas a constituição de agrupamentos de produtores, funcionando como estruturas de
concentração da oferta de produtos e simplificando o escoamento conseguem substituir assim
até a posição ocupada pelo mel importado.
7.1. Ótica da Produção
Nesta atividade o número de apicultores tem vindo a diminuir, mas a produção de mel
tem aumentado. Esta evolução deve-se à modernização das técnicas de produção,
nomeadamente à reconversão dos cortiços em colmeias de quadros móveis e à intensificação
da prática da transumância, ao redimensionamento das explorações e à instalação de novas
explorações de média e grande dimensão.
Esse redimensionamento é visível no aumento do número de colmeias por apicultor ao
longo do tempo. Tal como podemos verificar na Tabela 11, o valor bruto de produção total
dos 14 362 apicultores com um número médio de 13 colmeias é 19 579 20, ou seja,
praticamente o mesmo 19 763 14, que o dos 673 apicultores com 351 colmeias, em média.
Todas as classes de dimensão contribuem muito para o valor bruto da produção do setor
apícola.
Tabela 11- Estimativa do Valor Bruto da Produção do Setor Apícola
Grupos (nº de
Colmeias)
Nº Total de Colmeias
Dimensão Média
(nº colmeias / apicultor)
VBP médio (€/ colmeia)
VBP Total (€)
Nº de Apicultores
2013
1-49 191 953 13 102 19 579 20 14 362
50-150 138 580 80 79,09 10 960 29 1 739
>150 236 260 351 83,65 19 763 14 673
566 793 50 302 64 16774
Fonte: PAN (2013)
10 O conteúdo e as figuras desta secção baseia-se em: http://www.observatorioagricola.pt/
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
28
Em Portugal existem diversos méis com uma boa qualidade, tendo alguns obtido a
classificação de (Denominação de Origem Protegida), como podemos ver na Tabela 12. O
produto identificado como DOP em diversas zonas do país, mantém sempre a mesma
qualidade do mel graças ao cumprimento de regras comuns de produção, extração,
embalamento e conservação.
Tabela 12- Denominação de origem protegida, nomes geográficos, agrupamentos gestor, e
organismos de controlo e certificação
Fonte: PAN (2013)
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29
Podemos visualizar na Figura 9 o mapa com a proveniência dos diferentes tipos de mel
com denominação de origem protegida no nosso país. O mel do concelho de Almeida não tem
DOP apesar da sua elevada qualidade.
Figura 9- Mapa dos Méis com denominação de origem protegida
Fonte: PAN (2013)
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
30
Na Tabela 13, podemos encontrar a produção de mel DOP em 2008 e 2009. A produção
total de mel é 51.400 Kg no ano de 2009, um valor superior ao do ano de 2008 com uma
produção de 40.500 Kg. Embora o número de apiários tenha aumentado significativamente, as
colmeias em 2008 eram 21.136, já em 2009 as colmeias a produzir mel com nome protegido
eram 25.730. De qualquer modo grande parte do mel DOP tem origem na Serra da Lousã.
Tabela 13- Caraterização da produção de méis com nomes protegidos em 2008 e 2009
Fonte: PAN (2013)
A produção de mel pode ser feita no modo convencional ou no modo biológico. O mel
biológico é submetido a regras de produção, as quais se iniciam com a escolha dos locais para
a instalação dos apiários, razão pela qual devem estar onde não há aplicação de produtos
químicos. Caso contrário, apenas produziríamos mel convencional.
Os tratamentos sanitários que são realizados para o combate dos parasitas das abelhas,
nomeadamente contra a Varroa, são feitos com produtos de origem natural, os quais não
deixam resíduos químicos no mel. A alimentação que é introduzida nas colónias, durante o
Inverno e antes da Primavera, é composta por mel da própria exploração.
A produção de mel biológico tem vindo a aumentar de ano para ano, tal como podemos
ver na Tabela 14. Em 2004 podemos verificar que existiam apenas 10 apicultores com 738
colmeias a produzir mel biológico, já em 2010 verificamos que existem 119 apicultores com
15927 colmeias a produzir o mesmo produto, ou seja, a produção aumentou
significativamente.
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31
Tabela 14- Tabela 14- Efetivo em modo produção biológico - evolução entre 2004 e 2010
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Nº colmeias
738
1439
1499
3608
6122
9494
15927
Nº de apicultores
10
19
19
40
47
62
119
Fonte: PAN (2013)
Na Tabela 15, podemos ver que a produção de mel biológico é efetuada maioritariamente
em Trás-os-Montes, com 23 produtores a produzir este tipo de mel em 2008, já no Douro e
Minho e na Beira Interior apenas existe 1 produtor em cada região a produzir mel biológico
em 2008. Este tipo de produto é cada vez mais procurado daí verificarmos um aumento de
produtores e de colmeias até 2010. Trás-os-Montes continuou a ser a região com maior
número de produtores e de colmeias, ou seja 55 produtores com 8.126 colmeias a produzir
mel biológico, ao contrário da Beira Litoral onde existem menos produtores (2) e menos
colmeias (100) a produzir este produto.
Tabela 15- Efetivo em modo de produção biológico por região
Fonte: PAN (2013)
A apicultura é uma atividade a que os apicultores se dedicam durante todo o ano. A
produção é sazonal, uma vez que o mel é produzido pelas abelhas na Primavera, crestado e
processado durante o Verão para ser vendido no Outono/Inverno (Casaca, 2012), embora
atualmente possa não ser assim, devido à transumância efetuada pelos apicultores. Na Tabela
16 apresentamos as quantidades totais de mel produzidas em Portugal desde 2007 até 2011. A
evolução da produção de mel tem sido positiva durante estes períodos, com exceção do ano
de 2008 em que ocorreu uma quebra de 3,6% em relação às quantidades produzidas no ano
anterior. O aumento mais significativo teve lugar de 2006 para 2007 (15,5%). Estas variações
devem-se à ocorrência de doenças, à instalação de apiários, bem como às condições
climatéricas não controláveis pelo homem, embora, o clima temperado de Portugal
estabeleça as condições ideais para a produção de mel.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
32
Tabela 16- Produção nacional de mel
Fonte: PAN (2013)
Na Figura 10, podemos ver a distribuição da produção de mel na União Europeia. Na
Europa o maior produtor de mel é a Espanha com 34 000 toneladas de mel, um valor mais de
quatro vezes superior à produção portuguesa de 7792 toneladas de mel.
Figura 10- Produção da união europeia por estado membro em 2011
Fonte: PAN (2013)
Na Tabela 17 verificamos a evolução da produção mundial de mel por região
produtora. Em 2007 a região com mais produção foi a Ásia com 339 mil toneladas num total
mundial de 1.478 milhares de toneladas de mel. Em 2011 a região com mais produção
também foi a Ásia com 732 mil toneladas de mel num total mundial de 1636 mil toneladas,
um aumento relativamente a anos anteriores.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
33
A China é o principal país produtor, responsável por cerca de 60% da produção
mundial, exportando, aproximadamente, 450 toneladas/ano para o Japão, Estados Unidos e
Europa.
Tabela 17- Evolução da produção mundial de mel, por país / região
Fonte: PAN (2013)
7.1.1. Distribuição regional da atividade
Segundo o PAN (2013), estão atualmente registados em Portugal 17291 apicultores
com aproximadamente, 40 mil apiários e 567 mil colmeias (Tabela 18).
Observando a mesma tabela, verificamos a evolução da atividade apícola em Portugal desde
2010 até 2013 onde se regista um decréscimo no número de apicultores de (-2,99%), mas um
aumento no número de apiários de 5,16%, assim como no número de colmeias neste caso de
0,75%.
Tabela 18- Caraterização da atividade apícola
2010 2013 Variação
Nº de apicultores 17 291 16 774 -2,99 %
Nº de apiários 38 203 40 176 5,16 %
Nº de colmeias 562 557 566 739 0,75 %
Fonte: PAN (2013)
A Tabela 19 permite analisar a distribuição dos apicultores portugueses por região,
Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo (LVT), Alentejo (ALT), Algarve (ALG), Região Autónoma
da Madeira (RAM) e Região Autónoma dos Açores (RAA). Na região Centro situam-se o maior
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
34
número de apicultores (29%), seguida da região Norte (25%), que simultaneamente detêm o
maior número de apiários, respetivamente, 36% e 31%. O Algarve e o Alentejo são as regiões
de maior dimensão média, respetivamente com 125 e 58 colmeias por apicultor.
Tabela 19- Distribuição regional da atividade apícola registada
Fonte: PAN (2013)
7.1.2. Distribuição da atividade por classes de dimensão
Como podemos ver na Tabela 20, é no Norte que existe um maior número de
colmeias, ou seja,159236 colmeias, com 5240 apicultores e 9837 apiários. Seguidamente a
zona com mais colmeias é o Centro, com 129834 colmeias, 5951 apicultores e 11526 apiários.
Podemos ainda observar na mesma Tabela que é nos Açores onde existe o menor
número de colmeias, ou seja, 4791 colmeias, com 313 apicultores e 587 apiários.
Como se referiu no Algarve encontra-se o maior número de colmeias por apicultor, ou
seja, 125 colmeias/apicultor.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
35
Tabela 20- Distribuição da atividade apícola por classes de dimensão
Fonte: PAN (2013)
7.1.3. Produtos derivados dos apiários
As colmeias apresentam uma oferta muito diversificada de produtos. Os produtos
obtidos podem ter aptidão para fins alimentares, para a área da cosmética, efeitos
terapêuticos entre outros.
Os produtos e serviços11, com origem na apicultura são:
Polinização: trata-se de um serviço muito relevante na continuidade dos
ecossistemas, na prevenção da biodiversidade florística e no aumento da produção
agrícola, proporcionando um incremento do valor comercial dos frutos, pois aumenta
11 Fonte: PAN (2013)
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
36
a sua qualidade bem como a sua durabilidade. Em Portugal, regra geral, apenas os
grandes apicultores recorrem à polinização para originar um rendimento maior da
atividade apícola.
Própolis: é uma substância resinosa libertada pelas plantas. É retirada pelas abelhas
que lhes adicionam secreções glandulares transformando a substância inicial num
produto fundamental para a colónia. A própolis é utilizada para o revestimento dos
favos, permitindo controlar a temperatura e a humidade no interior da colmeia.
Pólen: o pólen é recolhido pelas abelhas nas anteras (parte masculina das flores).
Juntam-lhe secreções glandulares que formam pequenas pelotas que transportam
posteriormente para a colmeia onde são usadas na alimentação das larvas.
Atualmente também já é utilizado na venda para muitas indústrias.
Apitoxina: é o veneno que as abelhas operárias e a rainha produzem no abdómem. A
Apitoxina, mais conhecida pelo chamado ferrão (líquido transparente, solúvel em
água e amargo) é utilizada para a defesa das abelhas operárias e a rainha. Este
veneno é utilizado para o tratamento das suas próprias picadas e comercializado para
a indústria farmacêutica e de cosméticos.
Enxames / Núcleos: a aquisição dos enxames pode ter como base a aquisição a
terceiros ou através de desdobramentos de colmeias, produzindo-se assim, novas
colmeias (pequenas de 4 a 5 quadros). A procura tem vindo a aumentar devido à
instalação de novas explorações apícolas.
Geleia Real: é um produto que as abelhas produzem das glândulas faríngeas e
glândulas mandibulares, entre os 5 a 15 dias de idade. Trata-se de uma substância de
cor branca, espessa e com sabor ácido. É o único alimento da rainha durante o seu
tempo de vida e é utilizada para alimentar as larvas de obreiras até ao terceiro dia de
vida. Como é um produto com uma alta concentração de aminoácidos e vitaminas é
aplicada em produtos cosméticos.
Criação de Rainhas: trata-se de um produto imprescindível em qualquer apiário.
Embora reconhecido o melhoramento, bem como o seu efeito benéfico, em Portugal a
criação de rainhas visa essencialmente a comercialização. Assim sendo, a criação das
rainhas é uma atividade exercida por apicultores com explorações de maior dimensão.
Ceras: a cera é um produto produzido pelas abelhas através das glândulas gordurosas
ou cerígenas, localizadas na parte inferior do abdómem. A cera é utilizada na
construção de favos e os opérculos da criação e das reservas de alimento da colónia.
A coloração da cera depende da cor dos grãos de pólen e partículas de própolis,
existentes no mel que consomem para a produção cerígena podendo apresentar uma
coloração branca ou amarela. Para a produção de um quilo de cera as abelhas
necessitam de consumir aproximadamente sete quilos de mel. A média de produção
de cera regista um valor de 2% da produção normal de mel.
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37
7.2. Ótica do Consumo
Como se referiu o mel é diversas vezes referido pelo seu significativo papel na dieta
humana, sendo atualmente utilizado não só na indústria alimentar, mas também na indústria
farmacêutica e de cosméticos.
O consumo nacional de mel é marcado pela sua sazonalidade, ou seja, é consumido
em grande parte nos meses de Outono/Inverno. Segundo Casaca (2012), a sazonalidade do
consumo do mel, encontra-se associada ao combate de doenças que afetam os indivíduos
durante o Inverno, em particular, a gripe e constipações.
Na Tabela 21, podemos constatar que a nível de exportações de 2008 para 2012 houve
um aumento de 6,5%. Já no que diz respeito às importações o aumento não foi tão
significativo pois em ambos os anos se mantém próximo de 4 milhões e meio de euros.
No que diz respeito à balança comercial podemos ver na Tabela abaixo, que em 2009 o
saldo se encontrava negativo (-1.494 milhares de euros), mas logo no ano seguinte passa a
positivo (1.669 milhares de euros), assim permanecendo nos anos seguintes, embora de forma
decrescente.
Tabela 21- Evolução da balança comercial
Fonte: PAN (2013)
Podemos ver na Tabela 22, a evolução das “importações” e “exportações” nacionais de
mel (em toneladas) sendo que em 2008 entraram 1.672 toneladas de mel, enquanto em 2012
apenas entraram 1.564 toneladas de mel. No que diz respeito às saídas em 2008 saíram 1.835
toneladas de mel, descendo para 1.478 toneladas de mel em 2012.
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38
Tabela 22- Evolução das importações e exportações nacionais de mel (toneladas)
Fonte: PAN (2013)
Na Tabela 23, observamos a evolução dos preços de “importação”, sendo o preço médio
do mel que deu entrada em Portugal em 2008 de 2,6 €/kg. Em 2009 a 2011 manteve-se acima
de 3,0 € e o valor estimado para 2012 era de 3,0 €/Kg.
Tabela 23- Evolução dos preços à importação
Fonte: PAN (2013)
No que diz respeito à evolução dos preços de exportação, podemos ver na Tabela 24, que
o preço médio das “exportações” Portuguesas em 2008 era de 2,4 €/Kg, situando-se em 2012
nos 3,4 €/Kg, ou seja, com o decorrer dos anos o preço de “exportação” tem aumentado
sendo, de resto, muito superior o preço para fora da U.E.
Tabela 24- Evolução dos preços à exportação
Fonte: PAN (2013)
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39
Na Tabela 25, conseguimos verificar que a produção de mel utilizável na União Europeia
em 2009 foi de 201861 toneladas de mel, subindo para 217366 toneladas em 2011. Este
aumento é de todo insuficiente para satisfazer as necessidades de consumo da U.E. (também
crescentes) obrigando à importação de mais de 147 mil toneladas de mel de fora da U.E. A
produção Europeia é suficiente apenas para satisfazer 61% das necessidades da U.E. onde em
média se consomem 0,7 Kg por habitante.
Tabela 25- Balanço do mel na união europeia
Fonte: PAN (2013)
Na Figura 11, encontram-se identificados os principais países fornecedores da U.E. com
destaque para a China.
Figura 11- Importações da UE, por origem
Fonte: PAN (2013)
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40
Na Figura 12 podemos ver que de 2001 a 2003 os preços médios do comércio externo
da União Europeia tiveram um aumento a nível de importações e exportações, caindo de 2004
a 2006.
Posteriormente de 2007 a 2012 as importações e as exportações registaram aumentos
sustentados nos preços embora mais significativos nos de exportação.
Figura 12- Preços médios do comércio externo da EU
Fonte: PAN (2013)
A U.E. sendo deficitária em mel e registando um consumo crescente facilita o escoamento
da produção e pressiona os preços em alta.
8. Estudo Técnico
Como podemos verificar na Figura 13, a floração das espécies melíferas é sazonal, daí
cada vez mais os apicultores efetuarem a Transumância para que possam maximizar a
produção ao longo do ano.
O DL 2001/110/CE classifica os principais tipos de mel consoante a sua origem, o seu
modo de produção e/ou apresentação.
Os tipos de mel consoante a sua origem são, nomeadamente, o mel de néctar ou flores
(obtido a partir do néctar das plantas) e o mel de melada (obtido principalmente a partir de
excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre as partes vivas das plantas, ou de
secreções provenientes de partes vivas das plantas).
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41
O mel de flores pode assumir o tipo monofloral ou multifloral, tendo em conta a
predominância de pólen de uma determinada planta ou de várias plantas. A análise para o
apuramento desta classificação é realizada através da análise polínica que visa contabilizar o
número de grãos de pólen, indicando assim quais as flores que as abelhas percorreram
durante a recolha do néctar, sendo determinante para a classificação botânica do mel
(Pimpão, 2012).
Os tipos de mel monoflorais comuns em Portugal são o mel de urze, castanheiro,
eucalipto, rosmaninho, soagem, girassol, medronheiro e laranjeira, como podemos verificar
na Figura 13.
O mel multifloral, como o próprio nome indica, contém fontes botânicas, sem que exista
predominância de nenhuma espécie floral em especial.
Estes méis são também mais valorizados a nível comercial e traduzem um maior valor para os
produtores portugueses.
Figura 13- Calendário de floração das espécies Melíferas
Fonte: PAN (2013)
8.1. Localização dos apiários (Flora, Água, Radiações, Declives, Distâncias e Encabeçamento)
12
Para Benevides et al. (2009), a flora apícola de uma região é constituída por espécies
com diferentes graus de relevância, delimitados por fatores diferentes que vão desde o
número de plantas existentes, até às convergências diferentes de açúcares no néctar. A
análise da flora apícola indica as fontes de alimento aproveitadas pelas abelhas na colheita de
néctar e de pólen e possibilita maximizar a utilização dos recursos naturais.
12
O conteúdo e as figuras desta secção baseia-se em: http://montedomel.blogspot.pt/2008/12/instalar-um-apirio-i.html
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42
Em Portugal são raros os locais onde é provável manter as colónias em produção por
mais de três ou quatro meses uma vez que, os períodos de floração normalmente demoram
menos tempo. Apenas se consegue manter as abelhas em zonas de floração contínua através
do método de transumância.
Na Figura 14, podemos ver os tipos de espécies de flora melífera predominantes em
cada região de Portugal.
Figura 14- Mapa das espécies de flora melífera de Portugal Continental
Fonte: PAN (2013)
Depois do local do apiário ser escolhido, é muito importante situar a colmeia e definir
a entrada/saída das abelhas. Esta decisão deve recair sobre a exposição onde o apiário se
situa, como podemos visualizar na Figura 15. É de referir que as colmeias devem estar viradas
para o Sul- Nascente, com uma margem de manobra de 90ºpara que a entrada tenha maior
número de horas de luz por dia. Desta forma também se protegem as entradas do vento do
Norte.
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43
Figura 15- Proteção de ventos dominantes
Como já foi referido, segundo o artigo 5º do DL 203/2005 de 25 de novembro, os
apiários devem estar implementados a mais de 50m da via pública e 100m de qualquer
edificação em utilização, como podemos visualizar na Figura 16. Os caminhos rurais e
agrícolas, bem como as edificações destinadas à atividade apícola do apicultor ou detentor do
apiário, são exceção.
Figura 16- Distâncias de vias públicas e edifícios em utilização
Os ventos devem ser sempre evitados, pois para além de causarem problemas devido
às baixas temperaturas, também afetam o voo das abelhas (ver Figura 17). Os ventos devem
ser evitados através da instalação do apiário em socalcos a meia encosta, através da proteção
por sebes naturais, árvores, arbustos e também através de muros de pedra.
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44
A água é um dos fatores mais importantes pois é fundamental para a produção
sobretudo nas estações quentes (ver Figura 18). O ideal será sempre uma fonte de água
corrente e não poluída, ribeira ou regato, com margens baixas e areosas onde as abelhas
possam beber.
Figura 18- Proximidades de água
As colmeias não devem estar próximas de ETAR´S, rios poluídos e outras fontes de
contaminação química e bacteriológica (ver Figura 19). Com o passar dos tempos a instalação
exagerada de antenas das operadoras de telemóveis e outro tipo de retransmissores, além dos
já antigos cabos de tensão, julga-se estar a causar diversos distúrbios nas colmeias das
abelhas aparentemente devido à desorientação que provocam nas abelhas.
Balmori (2009) refere que os insetos em geral são particularmente sensíveis à
radiação eletromagnética. As radiações em alguns insetos, por exemplo, diminui a sua
capacidade de reprodução, quando expostos à radiação que é transmitida por um telemóvel
em funcionamento.
Figura 17-Exposição
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45
Figura 19- Afastamento de fontes de poluição
8.2. Modelos de Colmeias13
Antigamente as colmeias mais utilizadas eram os Cortiços ilustrados na Figura 20.
Figura 20- Cortiço tradicional
Hoje em Portugal existem vários tipos de colmeias, sendo que as mais vulgares são os
modelos "reversível", "lusitana" e "Langstroth". Estes modelos derivam mais ou menos da
colmeia "Langstroth" que foi sofrendo adaptações no sentido de ser readaptada de acordo
com as necessidades de cada zona onde é utilizada.
Existem colmeias que, embora feitas com as mesmas normas, são colmeias cujo
desenvolvimento é horizontal, designadas vulgarmente por TBH (Top Bar Hive) ver na Figura
21, são mais utilizadas para quem quer possuir uma ou duas como passatempo. No entanto, a
colmeia é sempre constituída de um fundo, um ninho, uma alça e pelo menos uma cobertura
ou telhado.
13 O conteúdo e as figuras desta secção baseia-se em: http://apialentejo.blogspot.pt/2011/09/colmeias-racionais.html
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Figura 21- Colmeia TBH
Independentemente do modelo as suas principais componentes são:
Fundo ou estrado: é a parte onde tudo assenta e que pode ou não ser fixo ao ninho.
Normalmente também é por onde entram e saem as abelhas.
Ninho: é colocado em cima do estrado, podendo ou não ser fixo ao mesmo. É a parte
mais importante da colmeia, pois é onde as abelhas nascem, onde a rainha anda,
onde as abelhas recém-nascidas se alimentam, e até onde as doenças das colmeias se
desenvolvem. É de realçar que uma colmeia que não tenha o seu ninho saudável
também não consegue produzir mel.
Alça (s): é a parte onde as abelhas produzem e guardam o mel. Deve existir pelo
menos uma alça na época de produção da colmeia, embora possa existir mais que
uma (ver Figura 22 e 23).
Figura 22- Alça reversível/lusitana sem quadros
Figura 23- Meia alça reversível /lusitana com quadros
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Quadros: Substituem os antigos favos, é neles que as abelhas operam, também é onde
as abelhas fabricam a cera que posteriormente serve para armazenar o mel, o pólen,
e a criação. Normalmente existem entre 8 e 11 quadros por ninho ou alça,
consoante os casos, sendo que na prática o ninho tem normalmente 10 quadros. Os
quadros também são uma armação em madeira de medidas mais ou menos rígidas
consoante o tipo de colmeia onde as abelhas e a rainha colocam desde os ovos até ao
pólen para a sua própria alimentação.
Prancheta de agasalho: este conjunto de caixas sobrepostas normalmente é rematado
por uma tampa que de certa forma isola o interior da colmeia do exterior.
Teto: é a parte de cima da colmeia, sobreposta à prancheta de agasalho, que limita e
protege a parte de cima da colmeia tanto do vento como da água e até mesmo de
invasões externas. Quando existe pode criar uma caixa-de-ar que isola do frio e do
calor o interior da colmeia, em muitos casos e quando necessário pode dar-se
alimento artificial à colmeia através desta peça, sendo o mesmo colocado em cima da
prancheta de agasalho.
O ninho é a parte mais importante da colmeia, onde a rainha faz a sua postura que
leva ao aumento ou diminuição do número de abelhas existentes na colónia, dependendo
disso o desempenho e viabilidade dessa mesma colmeia.
O ninho é composto normalmente por dez quadros, separados entre si por uma regra
denominada por "espaço abelha" que é uma medida que varia entre os 6mm e os 9mm.
Com uma medida inferior aos 6mm as abelhas têm tendência a propolizar (tapar e
preencher com própolis). Se for superior aos 9mm as abelhas têm tendência a construir
cera (favos).
É de referenciar que as colmeias Lusitanas e Reversíveis são as mais utilizadas pelos
apicultores. No caso das colmeias lusitana e reversível, temos uma caixa quadrada com
medidas internas de 380mm por 380mm, se juntarmos a isto 2 x 25mm da espessura da
madeira resulta numa medida de 430mm. A diferença entre estas duas colmeias está
então na altura, enquanto a lusitana tem 310mm (Ver Figura 24), a reversível tem uma
altura de 240mm (visualizar Figura 25).
No que diz respeito às alças, são compatíveis em ambos os modelos, sendo que uma
alça lusitana é igual à alça e/ou ninho reversível, ou seja 380mm x 380mm x 240mm,
podendo também em vez de alças para armazenamento do mel, serem usadas meias
alças, iguais em comprimento x largura mas diferentes na altura sendo que uma meia alça
tem 380mm x 380mm x 170mm.
As alças podem ser usadas em qualquer modelo, no entanto os quadros ao contrário
do modelo reversível podem ser usados no ninho ou na alça, daí o nome da colmeia ser
reversível na lusitana, o mesmo não pode acontecer entre os quadros do ninhos e os
quadros da alça, devido às diferentes medidas.
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Figura 24- Colmeia Lusitana
A colmeia Langstroth (ver Figura 26), segue as mesmas regras e a mesma forma de
organização das anteriores, embora ao contrário das outras que resultam numa caixa
quadrada, esta gera uma caixa retangular, tendo uma largura de 380mm, por uma
profundidade de 485mm e uma altura de 240mm. A alça deste modelo tem a mesma dimensão
do ninho, no entanto e devido ao peso quando cheia de mel, oscila entre os 25kg e os 30Kg
sendo que normalmente se usa uma meia alça com as mesmas medidas largura e
profundidade, mas cuja altura é de 170mm.
Figura 25- Colmeia Reversível
Figura 26- Colmeia Langstroth
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8.3. Transumância
Podemos então referir que a transumância é o deslocamento sazonal de colmeias para
locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano. Geralmente a deslocação
de colmeias de um local para outro é efetuado a seguir à época da floração.
Figura 27- Colmeia normal e adaptada à transumância
Fonte: montedomel.blogspot.com
A Transumância deve ser efetuada durante a noite e com muitos cuidados para que
nada aconteça com os enxames. A modificação das colmeias para que estas se adaptem a
paletes facilita em muito a transumância que deve ser sempre efetuada de forma rápida e
com todo o cuidado (ver Figura 27)14.
Para que exista arejamento durante o transporte, o tampo perfurado não “encaixa”
na colmeia, apenas se apoia sob os bordos da caixa. As colmeias são aparafusadas à palete e
os tampos são ligados aos ninhos através de grampos de mola. Esta estratégia permite
também transportar alças sobre os ninhos – fixas com os ditos grampos (ver Figuras 28, 29, 30,
31).
Figura 28- Palete com calha de ferro para quatro colmeias
Fonte: montedomel.blogspot.com
14 O conteúdo e as figuras desta secção baseia-se em: http://montedomel.blogspot.pt/2009/09/transumancia-e-apicultura-profissional.html
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Figura 29- Palete com calha de ferro para quatro colmeias
Fonte: montedomel.blogspot.com
Figura 30- Palete e montagem da grua
Fonte: montedomel.blogspot.com
Figura 31- Paletes com colmeias e alças
Fonte: montedomel.blogspot.com
Quando se efetua a transumância, o transporte das abelhas é muito importante e
deve ser efetuado com comodidade. A colmeia é adaptada através de uma chapa metálica
perfurada no fundo da colmeia para aumentar o arejamento, bem como uma entrada de
abelhas reduzida com duas tampas perfuradas, que lhes permite fechar hermeticamente a
colmeia para o transporte. Também é colocada uma segunda entrada de abelhas mais
elevada, tapada com uma porta semelhante, onde poderá encaixar uma armadilha capta-
pólen (ver Figura 32).
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Figura 32- Entradas da colmeia
Fonte: montedomel.blogspot.com
No deslocamento das abelhas devem utilizar-se luzes retrovisoras de cor vermelha
para não incomodar as abelhas, o braço extensível da grua encaixa nas duas asas da palete e
levanta ou baixa quatro colmeias (com ou sem alças) sem o mínimo esforço (ver Figura 33).
Figura 33- Transporte das colmeias
Fonte: montedomel.blogspot.com
Sem este tipo de transporte a transumância tem de ser efetuada com uma colmeia de
cada vez, o que torna o processo muito mais dificultado e demorado15.
8.4. Melaria
A melaria da cooperativa irá situar-se no Parque Industrial de Vilar Formoso (ver Figura 34
e 35) num pavilhão com 400 m2, WC, receção, sala de extração, sala de processamento, sala
de embalamento e sala de rotulagem.
15Esta secção baseia-se em: http://montedomel.blogspot.pt/2009/09/transumancia-e-apicultura-profissional.htm
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Figura 34- Parque Industrial de Vilar Formoso
Fonte: Google earth
Figura 35- Localização da Melaria Belrio
Fonte: Google earth
Antes do mel chegar à melaria ainda existem trabalhos que são necessários efetuar.
A 1ª fase é a preparação dos apiários:
Preparação dos terrenos, limpeza, construção de estruturas para colocar as
colmeias;
Colocar cera nos quadros;
Para esta fase são necessárias as colmeias e alças reversíveis (podem ser de outro
modelo); marcador a fogo; números/letras para o marcador (nº identificação do apicultor);
esticador de arame; limpa ranhuras e aparelho de soldar cera.
Esta fase terá a duração de 2 Meses antes de colocar as colmeias povoadas nos terrenos.
A 2ª Fase corresponde ao povoamento e instalação das Colmeias nos Apiários
Compra de enxames;
Colocação dos quadros dos enxames nas colmeias anteriormente preparadas;
Sendo que para esta fase é necessário fato de apicultor, luvas, botas, polainitos,
fumigador, levantador de quadros, raspador de quadros.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
53
Esta fase é efetuada no início da Primavera.
A 3ª Fase é a inspeção e revisão dos Apiários. Também esta, como as anteriores, é
efetuada no local dos apiários.
Verificação da presença de doenças e proceder ao seu tratamento.
Quando estiverem devidamente tratadas colocar alças com cera nas colmeias.
Na 3ª fase o material utilizado é o fato de apicultor, luvas, botas, polainitos, fumigador,
levantador de quadros, raspador de quadros e tratamento.
Esta fase também decorre na Primavera.
A 4ª Fase é a Colheita do Mel
Quando as abelhas fecharem, o mel é iniciada a sua colheita.
Retiram-se as alças com o mel fechado.
Nesta fase é necessário utilizar fato de apicultor, luvas, botas, polainitos, fumigador,
levantador de quadros, raspador de quadros, escova de sacudir abelhas e soprador de ar Stilh
para afastar as abelhas;
Esta decorre durante a fase final da Primavera e Verão.
A 5ª Fase é a Extração do Mel, esta já é efetuada na Melaria, bem como as seguintes.
Desoperculam-se os quadros através de mecanismos manuais e/ou automáticos:
Manuais: utilizam-se as facas e os garfos de desopercular.
Automáticos: Máquina de desopercular quadros elétrica de lâmina vibratória.
Depois nesta fase é necessário utilizar a Máquina de desopercular quadros elétrica de
lâmina vibratória, facas e garfos de desopercular, tina de inox 2m ou tina de decantação
parede dupla de aquecimento, contentor gradeado aberto e fechado (servem para escorrer os
opérculos), extrator, bomba para bombear o mel e mangueira (transfere diretamente o mel
que sai do extrator para um depósito de inox (pode ser de 400Kg ou 1000Kg) ou depósito de
chapa de ferro de 300Kg (bidon), filtros (colocam-se os filtros antes do mel ser transferido
para os depósitos de inox ou para bidões de 300Kg).
Nesta fase já está incluída a filtragem e a decantação do mel, pois o mel passa por um
filtro quando é transferido quer seja para depósitos de inox quer para bidões de chapa de
ferro.
Esta fase dependerá do número de colmeias que estejam cheias de mel. Por exemplo:
se forem 500 colmeias cheias de mel pode durar entre 2 a 3 semanas de extração.
A 6ª Fase é a Armazenagem
A Armazenagem pode ser efetuada em:
Depósitos de Chapa de Ferro de 300Kg;
Frascos;
A duração desta fase depende da quantidade de mel extraído.
A 7ª Fase é a Rotulagem
Os rótulos são colocados nos frascos do mel e estes, posteriormente, colocados em caixas.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
54
Para efetuar esta fase são necessários rótulos (ver Figura 36), e caixas.
A sua duração depende da quantidade de mel armazenado nos frascos.
Figura 36- Proposta de Rótulo da Melaria Belrio
A etapa final é a 8ª Fase, a comercialização do mel.
9. Missão e Visão da Cooperativa
A Cooperativa a constituir terá como missão apoiar os cooperantes no exercício da sua
atividade apícola garantindo nomeadamente o escoamento da sua produção em condições
favoráveis de modo a melhorar a sua rentabilidade. Pretende também promover experiências
replicáveis pelos cooperantes servindo de exemplo de boas práticas apícolas e contribuindo
de forma geral para o desenvolvimento do mundo rural.
10. Estratégia
A estratégia inicial visa concentrar a produção dos cooperantes e comercializá-lo com
marca própria. É também relevante conseguir o reconhecimento oficial como organização de
produtores de modo a obter um conjunto mais vasto de apoios para os cooperantes.
11. Plano de Marketing
Para ser efetuado um plano de Marketing é necessário a construção do Marketing-Mix. Os
4´Ps (o Preço (Price), a Distribuição (Place), o Produto (Product) e a Comunicação
(Promotion)), são elementos básicos desse Mix para os quais é preciso ter uma estratégia para
que a Cooperativa consiga chegar ao seu público-alvo.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
55
11.1. Preço
O preço varia consoante o tipo de produto. Admite-se que o mel processado na
cooperativa possa ser vendido em frascos de 250ml a 7.50€/Kg e frascos de 750ml a 7.00€/Kg.
Estes preços são preços médios de venda estimados ao retalhista (sem IVA).
Para comparar o nosso preço com o dos nossos concorrentes utilizamos um preço do
frasco de 750ml (9.10€/Kg), preço que inclui uma margem de 30% para o retalhista.
Na Tabela 26, podemos ver os preços de venda ao público do mel sem IVA que os
concorrentes praticam, para o canal gourmet.
Tabela 26- Principais marcas e preço por kg de venda ao público nas lojas gourmet
Marca Tipo de Mel Quantidade do
frasco Preço/ unidade
(s/iva)
Preço/ Kg
(s/iva)
Mel Estrela
Mel Rosmaninho
1Kg 7.94 € 7.94 €
500g 3.94 € 7.88 €
250g 2.94 € 11.76 €
Flôr Urge
1Kg 6.94 € 6.94 €
500g 3.94 € 7.88 €
250g 2.94 € 11.76 €
Mel em Favo 500g 5.94 € 11.88 €
Flôr de Castanheiro
500g 5.94 € 11.88 €
Lagemel
Mel de Rosmaninho
300g 5.96 € 19.87 €
270g 2.56 € 9.48 €
Mel Flôr de Urge 250g 2.48 € 9.92 €
Mel Alto S. Gião Mel Multifloral 1Kg 5.44 € 5.44 €
500g 3.84 € 7.68 €
Doces da Gardunha
Mel 1Kg 8.44 € 8.44 €
300g 3.44 € 11.47 €
Mel com Castanhas
270g 4.64 € 17.19 €
Podemos então concluir que a marca que pratica o preço mais elevado para o canal
gourmet é a Lagemel, com preços aproximadamente de 20€/Kg. Já a marca que pratica o
preço mais baixo é a Mel S.Gião, que pratica um preço aproximadamente de 5.00€/ Kg (ver
Figura 37).
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
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Figura 37- Preço do mel /kg para o canal gourmet
Legenda: 1-Lagemel-Rosmaninho; 2-Lagemel-Flôr de Urge; 3-Mel Estrela-Rosmaninho; 4-Mel Estrela-
Flôr Urge; 5-Mel Estrela- Favo; 6-Mel Estrela- Flôr de castanheiro; 7-Mel S.Gião – Multifloral; 8-Doces
da Gardunha – Mel; 9-Doces da Gardunha - M. C/Castanhas; 10-Belrio - Multifloral
Na Tabela 27 podemos ver o preço sem IVA praticado pela concorrência nos
hipermercados.
Tabela 27- Principais marcas e preço por kg de venda ao público nos Hipermercados
Marca Tipo de Mel Quantidade do frasco
Preço/ unidade (s/iva)
Preço/ Kg (s/iva)
Serramel Mel R. com Nozes 250g 4, 13€ 16,52€
Colmeia Belchior Mel com Favo Colmeia 500g 5,16 € 10,32€
Colmeia Belchior Mel com Geleia Real 150g 4,55€ 30,33€
João Franco Mel Açucareiro Pintado 300g 9,30€ 30,99€
Serramel Mel com Geleia Real 300g 4,22€ 14,07€
Serramel Mel de R. c/Amêndoas 250g 4,24€ 16,96€
Serramel Mel Cremoso Laranjeira 420g 4,22€ 10,05€
Serra da Lousã Mel DOP 500g 3,75€ 7,50€
Granja São Francisco Mel 0% Goteo 350g 4,69€ 13,40€
Quinta Urgeira Mel 280g 3,19€ 11,38€
Colmeia Belchior Mel Serras do Algarve 500g 4,22€ 8,44€
Serramel Mel Queiró S. da Malcata 500g 4,04€ 8,08€
Serramel Mel de Eucalipto da B.L. 500g 4,27€ 8,53€
Serramel/Continente Mel de Rosmaninho 500g 3,56€ 7,12€
Continente Mel Mil Flores 500g 1,98€ 3,97€
Colmeia Belchior Mel R. com Própolis 300g 5,15€ 17,17€
Colmeia Minho Mel 500g 5,63€ 11,26€
Ferbar Mel 500g 4,60€ 9,19€
Elodie Mel Frasco Doseador 500g 3,00€ 6,00€
Elodie Mel Frasco de Vidro 250g 1,30€ 5,19€
Serramel /Intermarché Mel de Rosmaninho 500g 3,75€ 7,50€
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57
Quanto aos preços praticados nos hipermercados a marca com um preço mais elevado
é a João Franco que pratica um preço superior a 30€/kg, já a organização que pratica o preço
mais baixo é o Continente com um preço inferior a 5.00€/Kg (ver Figura 38).
Figura 38- Preço do mel /Kg em hipermercados.
Legenda: 1-Serramel/Continente-Mel de Rosmaninho; 2-Serramel/Intermarché- Mel de Rosmaninho;3-Colmeia Belchior- Mel com Favo; 4-Serramel- Mel de Rosmaninho c/Amêndoas; 5-Serramel- Mel c/ Geleia Real; 6-Serramel- Mel Cremoso Laranjeira; 7-João Franco- Mel Açucareiro Pintado; 8-Colmeia Belchior- Mel c/Geleia Real; 9-Colmeia Belchior- Mel das Serras do Algarve; 10-Colmeia Belchior - Mel Rosmaninho c/Própolis; 11-Serra da Lousã- Mel DOP; 12-Granja S. Francisco- Mel 0% Goteo; 13-Quinta Urgueira- Mel; 14-Continente- Mel Mil Flores; 15-Colmeia Minho- Mel; 16-Ferbar-Mel; 17-Elodie- Mel Franco Vidro; 18-Elodie- Mel Franco Doseador; 19-Serramel-Mel de Eucalipto da Beira Litoral; 20-Belrio – Multifloral.
Para os hipermercados, admitindo que o preço de 9.10€/Kg, confirmamos na Figura
acima que o preço, por nós praticado, também se encontra dentro dos preços que a
concorrência pratica.
11.2. Distribuição
A venda do mel será efetuada através da grande distribuição, do canal gourmet e
diretamente ao consumidor final através da presença em certames e feiras.
Em termos de logística a distribuição será assegurada pela cooperativa na Zona
Centro.
Nas feiras a distribuição também é efetuada pela cooperativa, mostrando a qualidade
do produto.
Com o crescimento da produção o mel continuará a ser distribuído na Zona Centro
através da Cooperativa mas para o resto do país será uma transportadora (Nacex), a efetuar o
transporte.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
58
Para os hipermercados a distribuição do produto será efetuada também através da
empresa transportadora Nacex 16.
Ressalvamos que o preço de 7,00€/Kg e 7,50€/Kg ao retalhista são preços médios
estimados entre o mel gourmet, hipermercados e feiras. Como a distribuição encarece o
produto, e tendo em conta as caraterísticas do canal gourmet, o preço a praticar neste canal
e nas feiras será superior ao da grande distribuição.
11.3. Produto
O produto será vendido em frascos de 250ml e de 750ml, com rótulo próprio. O mel é
multifloral devido às condições do concelho, pois este tem diversos tipos de flora, o que faz
com que o mel, tenha uma excelente cor e qualidade, para além de um sabor único e
diferente.
11.4. Comunicação
O produto vai ser vendido em feiras, para que os clientes possam saborear a qualidade do
produto. Vão ser elaborados folhetos, esferográficas, bem como lápis para as crianças para
apoiar a divulgação e animação dos stands nas feiras. A Belrio terá um site para promover o
mel onde divulgará o máximo de informação acerca do produto17.
12. Estudo de Viabilidade Económico-Financeiro
O estudo de viabilidade Económico-Financeiro foi realizado através da ferramenta Excel e
procurará verificar se a cooperativa tem viabilidade económica admitindo sempre que não irá
beneficiar de qualquer apoio.
12.1. Plano de Investimento
O investimento estimado resulta dos equipamentos necessários para a realização da
atividade apícola nos apiários próprios e na melaria, bem como o investimento feito a
posteriori para que a prática da atividade possa continuar a dar frutos (ver Tabela 28 e 29 e
anexos 13,18,19).
Na Tabela 28 apresenta-se o investimento inicial que será reforçado em 2015 com a
aquisição de mais 150 colmeias, 100 enxames, 250 alças e obras no apiário no valor de
€375.00. Em 2016 serão adquiridas mais 225 colmeias, 100 enxames, 325 alças e obras no
16 Ver o preçário no anexo 10. 17 No Anexo 11 e 12 estão apresentados com mais detalhe alguns exemplos de brindes publicitários e do Site.
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59
valor de €487.50. Será efetuada a aquisição de mais 323 colmeias, 100 enxames, 423 alças e
obras no valor de €633.75, no ano 2017.
O último ano de investimento será 2018, onde existirão 449 colmeias, 100 enxames,
549 alças e obras no apiário no valor de €823.88.
Tabela 28- Plano de Investimento18
Investimento inicial Preço /unidade Quantidade Total
Enxame (2014) €60.00 500 €30,000.00
Colmeia (2014)19 €37.70 0 €0
Alça (2014) €16.00 500 €8,000.00
Obras apiário (2014) €750.00 1 €750.00
Viatura €3,700.00 1 €3,700.00
Fato apicultor vent.c/máscara €86.00 1 €86.00
Luvas apicultor c/manguito €7.21 1 €7.21
Bota mexicana sola pneu €16.10 1 €16.10
Polainitos especiais tornozelos €6.45 1 €6.45
Alimentador médio 2L €2.20 1 €2.20
Levantador de quad.inox €5.94 1 €5.94
Levantador de alças-raspador €6.50 1 €6.50
Fumigador médio inox €20.61 1 €20.61
Escova sacudir abelhas €4.77 1 €4.77
Soprador de ar €295.13 1 €295.13
Tina desopercular inox €471.25 1 €471.25
Maqª Desopercular elet.vibratoria €1,050.00 1 €1,050.00
Garfo para desopercular €20.00 1 €20.00
Faca inox para Desopercular €11.38 1 €11.38
Limpa ranhuras de quadros inox €2.00 1 €2.00
Extrator (centrifugador) €1,800.00 1 €1,800.00
Descristalizador mel elet. €370.00 1 €370.00
Filtro novo para deposito €55.00 1 €55.00
Filtro para opérculos €89.38 1 €89.38
Filtro manga p/ deposito €168.00 1 €168.00
Deposito inox 400kg mel €198.31 1 €198.31
Deposito inox 1000kg mel €489.06 1 €489.06
Caldeira inox retangular €1,512.00 1 €1,512.00
Bidons 300 Kg (deposito) €33.63 1 €33.63
Tina decantação c/ aquecimento €1,276.00 1 €1,276.00
Contentor emp/enc. Gradeado €15.70 1 €15.70
Carro manual para bidons €240.00 1 €240.00
Contentor emp/enc. Fechado €15.70 1 €15.70
Bomba para bombear mel €1,236.98 1 €1,236.98
Mangueira "multifood" €10.18 1 €10.18
Aparelho elet. Soldar cera €28.26 1 €28.26
Esticador de arame €5.15 1 €5.15
Marcador a fogo €112.00 1 €112.00
Nºs /Letras p/marcador a fogo €8.50 1 €8.50
Total €52,119.39
18 Observamos no anexo 13 o modelo e o imposto da viatura e no anexo 18 e 19 os orçamentos referentes aos
equipamentos e obras do apiário. 19 Em 2014 não foram adquiridas colmeias, pois os enxames vêm com as colmeias incluídas. Nos anos seguintes
foram adquiridas para efetuar desdobramentos dos enxames.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
60
Pressupostos:
Carrinha: Para apoio no campo, efetuar a transumância e fazer a distribuição num
raio de 800 Km.
Tabela 29- Investimento realizado (Resumo)
Na tabela acima o total do investimento tangível nos anos posteriores (2015-2018)
deve-se à compra de colmeias, enxames e alças, bem como às obras de manutenção dos
apiários.
12.2. Plano de Financiamento
O Financiamento para a realização deste projeto pressupõe uma entrada de capital
por parte dos cooperantes. Os suprimentos são no valor de € 11.926,76. Também foi
necessário um empréstimo bancário através do BPI, no montante de 44.218,39€ devido ao
avultado investimento inicial. Este empréstimo é contratado com uma taxa de juro de 9,65%,
como podemos verificar nos Anexos 15 e 16.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
61
12.3. Plano de Exploração
Na Tabela 30 podemos visualizar a produção da Cooperativa.
Tabela 30- Produção
Na Tabela 31 podemos ver as receitas totais de mel.
Tabela 31-Receitas
Na Tabela 32 podemos ver os custos das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas.
Tabela 32- Gastos Operacionais (CMVMC)
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62
Pressupostos:
Custo da rotulagem por frasco (2014) é de 0.104€/frasco.
Custo das caixas por frasco (2014) é de 0.0261€/frasco
Custo de cada Frasco de 250ml (2014) é de 0.47€
Custo de cada Frasco de 750ml (2014) é de 0.67€
A Alimentação artificial é 0,5Kg de mel por colmeia ao ano (1ºano adquirido, 2ºano
autoconsumo)
A reposição de ceras é 200 gramas por colmeia ao ano (0.40€)
Controlo de doenças 10€ por colmeia ao ano.
Na Tabela seguinte podemos ver os Fornecimentos e Serviços Externos20.
Tabela 33- Fornecimentos e Serviços Externos
Pressupostos:
Consumo de Gasóleo: Para a distribuição no concelho: Dimensão do concelho de
Almeida 518 Km2, duas saídas por semana de 55Km cada (quando temos 5 apiários) =
52semanas por ano = ao consumo de 10 litros aos 100 Km = 5720 Km por ano =
1.30€/litros de gasóleo. O Gasóleo para a Distribuição na Zona Centro é para duas
saídas por mês Castelo Branco-1saida /mês-320Km Viseu -1saida/mÊs-320km.O
Gasóleo para a transumância é para duas saídas por semana.
Os custos para a constituição de uma cooperativa são:
Certificado de admissibilidade de denominação – 75.00 €;
Registo de constituição (inclui inscrição e publicações e designação dos
titulares dos órgãos sociais – 487.50 €;
Cartão da Empresa – 14.00 €.
A eletricidade no 1º ano é de 75€/mês restantes anos 100€/mês.
20 Observa-se no anexo 14 e 20 os orçamentos referentes ao seguro da viatura e algumas despesas.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
63
A renda do pavilhão é de 525€/mês.
A Renda dos terrenos é de 0.25Kg por colmeia/ano
A água é 15€/mês.
A transportadora para o canal gourmet é 4€/caixa para 40% da produção.
A transportadora para o canal de hipermercados é 40€/ 30 caixas para 30% da
produção.
Conservação e reparação é 50€/mês
Outros (assinaturas) é 20€/ano
Publicidade é 550.43€/ano
Deslocações estadas são 1200€/ano
Comunicação (telefone +internet) 30€/mês
Outros (gás produtos de limpeza-60€/mês)
Seguros (Instalações) - 635.21€/Ano
Seguros (viatura) - 286.90€/Ano.
Na Tabela 34 podemos ver os Gastos com o Pessoal21.
Tabela 34- Gastos com o Pessoal
Pressupostos:
Trabalhadores: Dois trabalhadores são necessários numa fase inicial para a instalação
e limpeza dos apiários e posteriormente para a extração do mel. Embora o segundo
trabalhador se apresente a tempo integral, se for mais conveniente, abdica-se desse e
21
No anexo 17 encontra-se o orçamento do seguro dos trabalhadores.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
64
passa-se a contratar vários trabalhadores no pico da atividade por um custo estimado
semelhante.
Encargos sociais da empresa: 23.75%
Estado TSU trabalhador: 11%
Estado IRS:8%
Seguro AT: 1%
Subsídio de alimentação: 4.27€
Na Tabela 35 apresenta-se a Demostração de Resultados previsional.
Tabela 35- Demonstração de Resultados
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
65
Na Tabela seguinte encontra-se o Balanço Previsional.
Tabela 36- Balanço
RUBRICAS DATAS
2014 2015 2016 2017 2018 2019
ACTIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis 40.969,39 47.512,78 56.660,22 69.257,71 86.426,16 67.075,86
Ativos biológicos 11.150,00 14.495,00 18.542,45 23.521,35 29.735,35 20.351,79
52.119,39 62.007,78 75.202,67 92.779,06 116.161,51 87.427,65
Ativo corrente
Inventários 16.151,25 23.516,95 32.594,87 43.914,78 55.643,17
Ativos biológicos
Clientes 14.805,31 22.930,06 31.877,57 43.025,78 54.738,99
Caixa e depósitos bancários 0,00 2.808,32 35.329,29 103.348,53 304.607,32
0,00 30.956,56 49.255,33 99.801,72 190.289,08 414.989,48
Total do ativo 52.119,39 92.964,34 124.458,01 192.580,79 306.450,59 502.417,13
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital próprio
Capital realizado 8.000,00 24.000,00 24.000,00 24.000,00 24.000,00 24.000,00
Ações (quotas) próprias
Outros instrumentos de capital próprio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Prémios de emissão
Reservas legais 70,66 1542,04 4.830,12 10.388,56
Outras reservas
Resultados transitados -8.301,99 -6.959,41 20.996,83 83.470,32 189.080,79
Resultado líquido do período -8.301,99 1.413,24 29.427,61 65.761,57 111.168,92 199.641,14
Interesses minoritários
Total do capital próprio -301,99 17.111,26 46.538,87 112.300,44 223.469,36 423.110,50
Passivo
Passivo não corrente
Financiamentos obtidos 34.419,63 26.200,97 €17.153,17 €7.192,59 (€0.00)
34.419,63 26.200,97 17.153,17 7.192,59 0,00 0,00
Passivo corrente
Fornecedores 24.983,20 35.188,00 46.515,49 57.326,89 60.724,73
Adiantamentos de clientes
Estado e outros entes públicos 1.026,00 1046,52 1067,45 1.542,46 1.573,31
Acionistas/sócios 10.536,24 12.454,25 12.454,25 12.454,25 12.454,25 12.454,25
Financiamentos obtidos 7.465,51 8.218,66 €9.047,80 €9.960,58 €7.192,59
Outras contas a pagar 2.970,00 3.029,4 3.089,98 4.465,03 4.554,33
18.001,75 49.652,11 60.765,96 73.087,76 82.981,23 79.306,63
Total do passivo 52.421,38 75.853,08 77.919,14 80.280,35 82.981,23 79.306,63
Total do capital próprio e do passivo 52.119,39 92.436,85 124.458,01 192.580,79 306.450,59 502.417,13
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66
Na Tabela 37 observa-se o Orçamento de Tesouraria.
Tabela 37- Orçamento de Tesouraria
Orçamento de Tesouraria e Financeiro
Ano 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Saldo Inicial 0,00 0,00 0,00 2.280,83 35.329,29 103.348,53
TESOURARIA
1. Recebimentos
Vendas do ano 162.858,44 252.230,66 350.653,24 473.283,53 616.950,42
Vendas do ano anterior 14.805,31 22.930,06 31.877,57 43.025,78
Total 1 0,00 162.858,44 267.035,98 373.583,30 505.161,10 659.976,20
2. Pagamentos
MP/MS do ano 91.531,72 131.228,62 176.522,12 226.053,50 254.993,53
MP/MS do ano anterior 23.283,57 32.929,87 43.609,97 53.625,32
FSE do ano 6.326,50 39.091,66 51.936,82 66.827,03 85.136,14 102.775,51
FSE do ano anterior 1.699,64 2.258,12 2.905,52 3.701,57
Pessoal do ano 22.760,49 20.186,30 20.590,03 29.524,22 30.114,70
Pessoal do ano anterior 3.996,00 4.075,92 4.157,44 6.007,50
Outros gastos e perdas 30,92 31,54 32,17 32,81 33,47
Enc. Finan. de Funcionamento
Total 2 6.326,50 153.414,79 232.362,47 303.235,26 391.419,60 451.251,60
SALDO DE TESOURARIA -6.326,50 9.443,64 34.673,50 70.348,03 113.741,50 208.724,60
FINANCEIRO
1. Recebimentos
Financiamento Bancário 44.218,39
Capital 8.000,00 16.000,00 0,00
Suprimentos 10.536,24 1.998,01
Outros recebimentos
Total 1 62.754,63 17.918,01 0,00 0,00 0,00 0,00
2. Pagamentos
Capital Fixo 52.119,39 16.030,00 20.563,65 26.558,70 34.490,41 0,00
Reembolso Emp. Bancários 2.333,25 7.465,51 8.218,66 9.047,80 9.960,58 7.192,59
Encargos Financeiros de Financia. 1.975,49 3.866,15 3.082,87 2.220,57 1.271,27 273,22
Pagamentos por conta
Total 2 56.428,13 27.361,66 31.865,18 37.827,06 45.722,26 7.465,81
SALDO FINANCEIRO 6.326,50 -9.443,65 -31.865,18 -37.827,06 -45.722,26 -7.465,81
Saldo Final 0,00 0,00 2.280,83 35.329,29 103.348,53 304.607,32
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67
12.4. Indicadores de Viabilidade
Na tabela seguinte apresenta-se a determinação dos Cash-Flows Totais do projeto.
Tabela 38- Cash-Flows do Projeto
Seguidamente podemos verificar a taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o
período de recuperação atualizado.
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 61%
VAL (valor atual liquido): €231,861.28
PRA (Período de recuperação atualizado): 2 anos, 8 meses e 13 dias
O VAL e o PRA foram calculados assumindo um custo de capital de 11.61% calculado
com base nos pressupostos:
Custo do Capital Alheio: 11.08%
Custo do Capital Próprio:12.58%
% de Capital Alheio: 64.8%
% de Capital Próprio: 35.2%
Taxa de Juro sem Risco: 2.409%
Prémio de Risco do Mercado: 6.17%
Indicador de Risco (beta): 1.65
Custo médio ponderado do Capital: 11.61%
Na Tabela 39 podemos observar os principais rácios previsionais.
Tabela 39- Principais Rácios
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 19% 38% 58% 73% 84%
Liquidez Geral 62% 81% 137% 230% 526%
Liquidez reduzida 29% 42% 92% 177% 455%
Margem ebitda 8% 16% 22% 26% 34%
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
68
Neste cenário base o projeto é viável, pois a TIR (61%) é maior que o custo médio
ponderado do capital (11,61%), e o valor atual líquido é positivo. A partir de 2016 temos uma
margem de segurança confortável garantindo a viabilidade do projeto.
12.5. Análise de Sensibilidade
12.5.1. Cenário 1:Aumento do Autoconsumo dos cooperantes
No primeiro cenário o pressuposto que foi alterado foi o do Autoconsumo dos
cooperantes que passa de 30% para 100%.
Na Tabela 40 podemos observar os Cash-flows alterados.
Tabela 40- Cash-Flow do cenário 1
Verificamos de seguida a taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o período de
recuperação atualizado.
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 64%
VAL (valor atual liquido): €253.181,16
PRA (Período de recuperação atualizado):1 Anos 5 meses e 10 dias
O VAL e o PRA foram calculados assumindo um custo de capital de 11.61% assim
determinado:
Custo do Capital Alheio: 11.08%
Custo do Capital Próprio: 12.58%
% de Capital Alheio: 64.8%
% de Capital Próprio: 35.2%
Taxa de Juro sem Risco: 2.409%
Prémio de Risco do Mercado:6.17%
Indicador de Risco (beta):1.65
Custo médio ponderado do Capital: 11.61%
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
69
Na Tabela 41 podemos ver os Principais Rácios.
Tabela 41- Principais rácios do cenário 1
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 28% 54% 76% 87% 93%
Liquidez Geral 47% 98% 239% 472% 1215%
Liquidez reduzida 15% 53% 180% 394% 1094%
Margem ebitda 18% 32% 40% 42% 48%
Com a variação do autoconsumo, assumindo que os cooperantes deixam de fornecer
qualquer mel à cooperativa, podemos verificar que a rentabilidade melhora o que faz com
que a cooperativa consiga perfeitamente autossustentar-se e não depender dos seus
cooperantes. A melhoria de rentabilidade mostra que a cooperativa está a dar benefícios aos
seus sócios, tal como era seu objetivo, pagando-lhes o mel por um valor superior ao que seria
economicamente justo.
12.5.2. Cenário 2 -Perda de enxames
No segundo cenário o pressuposto alterado foi a % de enxames perdidos, que passou
de 20% para 63%.
Na tabela seguinte podemos ver os novos Cash-flows.
Tabela 42- Cash-Flows cenário 2
Recalculando a taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o período de
recuperação atualizado obtemos:
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 10%
VAL (valor atual liquido): (€ 2.068,80)
PRA (Período de recuperação atualizado): o investimento não é recuperado
durante o período do projeto (até 2019)
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Observamos na Tabela abaixo os Principais Rácios do segundo cenário.
Tabela 43- Principais rácios do cenário 2
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 18% 22% 27% 30% 40%
Liquidez Geral 94% 100% 107% 114% 151%
Liquidez reduzida 60% 66% 73% 78% 110%
Margem ebitda 7% 8% 7% 5% 7%
Neste cenário podemos ver que se perdermos 63% dos enxames ficamos com um valor
atual líquido negativo, com uma taxa de rentabilidade de 10% e com um custo médio
ponderado de 11,61%, mostrando assim que o projeto não é viável para este nível extremo de
enxames perdidos.
12.5.3. Cenário 3 - Perda de 50% dos enxames
No terceiro cenário alterou-se a perda de 50% dos enxames.
Na Tabela 44 podemos observar os Cash- Flows referentes a este cenário.
Tabela 44-Cash-Flows do cenário 3
De seguida podemos verificar a taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o
período de recuperação atualizado.
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 31%
VAL (valor atual liquido): € 50.912,39
PRA (Período de recuperação atualizado): 4anos e 16 dias
Na Tabela abaixo verificam-se os Principais Rácios referentes ao terceiro cenário.
Tabela 45- Principais Rácios do cenário 3
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 18% 28% 40% 51% 65%
Liquidez Geral 85% 98% 122% 154% 250%
Liquidez reduzida 51% 62% 85% 114% 203%
Margem ebitda 8% 11% 12% 12% 16%
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A taxa interna de rentabilidade é de 31% superior ao custo médio ponderado de
11,61%, o valor atual líquido é positivo e a partir de 2016 a margem de segurança é boa o que
resulta na viabilidade do projeto.
12.5.4. Cenário 4- Recrutamento de mais trabalhadores
No terceiro cenário o que foi alterado foi a contratação de mais trabalhadores,
passando de dois Trabalhadores (um trabalhador a tempo inteiro e outro sazonal), para três
trabalhadores (um a tempo inteiro e dois sazonais).
Na Tabela seguinte podemos ver os vários Cash- Flows associados a este cenário.
Tabela 46- Cash-Flows do cenário 3
A taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o período de recuperação atualizado
serão referidos abaixo.
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 59%
VAL (valor atual liquido): € 219.384,86
Período de recuperação atualizado: 1 Anos 5 meses 15 dias
Na tabela 47 podemos ver os Principais Rácios do terceiro cenário referentes a
contratação de trabalhadores.
Tabela 47- Principais Rácios do cenário 3
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 20% 39% 57% 72% 83%
Liquidez Geral 64% 84% 129% 213% 495%
Liquidez reduzida 31% 45% 85% 160% 425%
Margem ebitda 9% 17% 20% 25% 33%
Neste cenário a taxa interna de rentabilidade é de 59% muito superior ao custo médio
ponderado (11,61%). O valor atual líquido continua largamente positivo e a margem de
segurança é boa, o que resulta na viabilidade do projeto.
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12.5.5. Cenário 5- Aumento do preço dos enxames
Neste cenário alterou-se o preço dos enxames que passa de 60,00 € para 80,00€ (em
2014).
Observamos na Tabela 48 os Cash – Flows referentes ao quinto cenário.
Tabela 48- Cash-Flows referentes ao cenário 5
Posteriormente verificamos a taxa de rentabilidade, o valor atual líquido e o período
de recuperação atualizado.
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 58%
VAL (valor atual liquido): € 236.410,68
Período de recuperação atualizado: 3 Anos e 3 meses.
Na Tabela que se segue podemos ver os Principais Rácios.
Tabela 49- Principais Rácios do cenário 5
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira 17% 36% 58% 73% 85%
Liquidez Geral 50% 63% 114% 203% 516%
Liquidez reduzida 19% 26% 70% 151% 445%
Margem ebitda 10% 18% 24% 28% 35%
O projeto é viável pois apresenta uma taxa de rentabilidade de 58% enquanto o custo
médio ponderado é de 12%. O valor atual líquido é positivo e a margem de segurança a partir
de 2016 é boa.
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73
12.5.6. Cenário 6- Diminuição dos preços do mel
No quinto cenário o que foi alterado foi o preço de mel. O preço do mel por Kg nos
frascos de 250 ml, passou de 7,50€ para 6,27€ e dos frascos de 750ml passou de 7,00€ para
5,77€.
Na Tabela 50 visualizam-se os Cash-Flows do sexto cenário.
Tabela 50- Cash-Flows do cenário 6
Recalculando a TIR, o VAL e o período de recuperação atualizado constatamos:
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 12,21%
VAL (valor atual liquido): € 2.629,35
PRA (Período de recuperação atualizado): 4 anos11 meses e 23 dias
Na Tabela que se segue podemos observar os Principais Rácios do sexto cenário.
Tabela 51- Principais Rácios do cenário 6
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira -24% -70% -63% -9% 51%
Liquidez Geral -3% -50% -62% -50% 94%
Liquidez reduzida -31% -83% -99% -95% 35%
Margem ebitda -12% -1% 6% 11% 21%
O projeto é viável pois tem uma taxa interna de rentabilidade de 12,21% superior ao custo
médio ponderado de 11,61%, o valor atual líquido é positivo e em 2019 a margem de
segurança é favorável.
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12.5.7. Cenário 7- Diminuição da disponibilidade das colmeias
No sétimo cenário o que foi alterado foi a produção de mel por colmeia que passou de
22Kg para 17,43 Kg de mel por colmeia.
Na Tabela 52 observamos os Cash-Flows referentes a este cenário.
Tabela 52- Cash-Flows do cenário 7
Efetuando os cálculos da taxa interna de rentabilidade, o valor atual líquido e o período
de recuperação atualizado obtemos:
TIR (taxa Interna de rentabilidade): 11%
VAL (valor atual liquido): (€ 2.068,80)
PRA (Período de recuperação atualizado): o investimento não é recuperado
durante o período do projeto (até 2019)
Na Tabela que se segue podemos ver os Principais rácios deste cenário.
Tabela 53- Principais Rácios do cenário 7
Principais Rácios 2015 2016 2017 2018 2019
Autonomia Financeira -16% -47% -39% -2% 49%
Liquidez Geral 3% -42% -55% -51% 75%
Liquidez reduzida -24% -72% -89% -91% 22%
Margem ebitda -10% 1% 7% 11% 21%
Com uma redução na produção por colmeia, o projeto deixa de ser viável pois o custo
médio ponderado (11,61%) é superior a taxa interna de rentabilidade, o valor atual líquido é
negativo embora em 2019 a margem de segurança é favorável.
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75
13. Enquadramento do Projeto no PAN
Embora não tenha sido admitido para efeito do estudo de viabilidade o projeto é
suscetível de ser apoiado através das Medidas do PAN 2014-2016.
Na Tabela 54 elencam-se as medidas previstas no Programa Apícola Nacional.
Tabela 54- Medidas do Programa apícola Nacional 2014-2016
Fonte: PAN (2013)
Este projeto enquadra-se na Medida 1 B- Melhoria das condições de processamento.
Esta medida 1 B, tem como objetivo contribuir para a valorização e competitividade das
Organizações para produzirem e comercializem produtos apícolas, através do apoio à
modernização e capacitação tecnológica ao nível da extração e embalagem de mel, bem
como para a melhoria das condições de higiene e segurança alimentar do mel nacional através
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
76
do apoio à adaptação das instalações (incluindo melarias coletivas) tendo em vista o seu
licenciamento.
Esta medida 1 B destina-se à aquisição de equipamento elegível22, bem como à
adaptação de infraestruturas existentes.
A tipologia desta medida 1 B, tem uma comparticipação na despesa executada até ao
limite máximo de 75%, de acordo com o ponto seguinte, tendo ainda uma tipologia das
despesas elegíveis e nível de apoio, com uma comparticipação nos custos com a adaptação de
estruturas existentes nos seguintes montantes:
a) Equipamentos:
Organizações de Produtores reconhecidas para o setor do mel – 75%
Outros beneficiários – 50%
b) Investimentos em infraestruturas existentes para efeitos de licenciamento (não inclui
aquisição de terrenos):
Todas as categorias de beneficiários – 40%
Montante máximo elegível para equipamentos e investimentos em infraestruturas:
50.000 Euros por beneficiário/triénio (candidaturas trianuais)
15.000 Euros beneficiário/ano (outras).
No projeto em questão podemos obter apoios no valor de 37.188,35€. Este valor provem
de equipamentos elegíveis no valor de 7.196,16€ (75%), ou seja, 5.397,12€ valor já com
depreciações e investimento em infraestruturas existentes para efeitos de licenciamento (não
incluindo aquisição de terrenos) no valor de 79.478.08€ (40%), ou seja, 31.791,23€ valor com
depreciações.
22 No anexo 21 observamos a lista do equipamento elegível.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
77
14. Conclusões e Perspetivas Futuras
A atividade apícola tradicionalmente relacionada com a atividade agrícola e
complementar desta pode assumir uma vertente económica e um suporte forte na exploração
dos terrenos. Embora esta componente económica detenha elevada preponderância, de notar
que o papel que representa no reequilíbrio ecológico da flora é de extrema importância.
A diversidade do produto concede-lhe um elevado valor comercial. Neste projeto apenas
se considera como destino a área alimentar mas alguns dos produtos da colmeia também
podiam ser utilizados para outros fins alternativos.
A região, na qual se insere este projeto, possui grandes potencialidades para o
desenvolvimento da atividade apícola. A inserção dos apiários no concelho em estudo
preenche todos os requisitos necessários para que a atividade se desenvolva de forma
sustentável e equilibrada. O concelho de Almeida é dotado de características físicas e
geográficas que permitem o desenvolvimento equilibrado desta atividade.
Das entrevistas realizadas conclui-se que os produtores do concelho destinam
essencialmente o mel para venda, embora minoritariamente, seja atribuída uma parte para o
autoconsumo. Os apicultores afirmam dispor da maquinaria necessária. No entanto, é
reforçada a necessidade de fundos e apoios que permitam adquirir tecnologia mais avançada
e que permita uma exploração mais eficiente. A prática de uma atividade mais intensificada
necessita de mais fundos e de uma maior regulação, constituindo um custo mais elevado aos
apicultores. É comum a atenção que os apicultores demonstram perante os cuidados inerentes
à exploração dos apiários. A ligação a diferentes associações é uma realidade na generalidade
da amostra, na busca de apoios técnicos, apoio legislativo e na aquisição de materiais
essenciais na exploração da atividade.
A vontade de expansão do negócio, por parte dos apicultores do concelho de Almeida,
é unânime o que demonstra que a criação da cooperativa poderá ser, de facto, importante e
determinante no desenvolvimento e promoção da atividade. A cooperativa promoverá a
reorganização da atividade e promoverá um melhor escoamento do produto obtendo preços
mais competitivos.
Do estudo económico-financeiro concluímos que o projeto é claramente viável num
cenário base que admite 2 trabalhadores, autoconsumos de 30%, perdas de 20% de enxames,
uma produção (2015) 22Kg/mel por colmeia, custo dos enxames de 60€ e preços de venda
médios num intervalo de 7€ a 7.50€/Kg sem iva.
Da análise de sensibilidade conclui-se que o projeto é robusto caso cesse o
fornecimento de mel à melaria, caso a perda de enxames suba para 50%, caso seja necessário
contratar mais um trabalhador ou o custo de enxames aumente para 80€.
Ceteris paribus deixa de ser viável num cenário de perda de 63% dos enxames ou de
redução do preço do mel num intervalo de 6.27€ a 5.77€/Kg.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
78
Deve-se referir, no entanto, que os apoios do PAN diminuiriam em muito as
necessidades de financiamento um capital próprio ou alheio do projeto, facilitando a sua
implementação.
A prazo, a Cooperativa poderia expandir a sua atividade para outros produtos,
nomeadamente o azeite e depois do investimento inicial na melaria e na atividade apícola
poderia construir um Lagar para a transformação do azeite, pois o concelho apresenta uma
grande densidade de olivais e não dispõe deste equipamento.
A Cooperativa também poderia vir a comprar produtos (batatas, cebolas…)
nomeadamente aos agricultores familiares de forma a juntar maiores quantidades dos
mesmos para depois poder vender em grandes quantidades, em diferentes canais de
distribuição, ajudando assim os pequenos produtores do concelho que não conseguem escoar
os seus produtos.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
79
15. Referências Bibliográficas Balmori A., (2009), “Electromagnetic pollution from phone masts. Effects on wildlife”.
Pathophysiology, v.16 nº2, pp.191-199.
Benevides, D. e Carvalho F., (2009), Levantamento da Flora apícola em áreas de Caatinga, do
município de Caraúbas- RN, Sociedade e Território, Natal, v. 21, nº 1-2, p.44-54, Edição
Especial.
CAP – Departamento Técnico, (2007), Manual de Sanidade Apícola: Sintomas – Profilaxia –
Controlo, Editor: FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal.
Casaca, J., (2012), O Sector Apícola Nacional e Internacional: potencialidades do sector e
comercialização, Federação Nacional dos Apicultores de Portugal.
CMDFCI- Caderno Municipal da Defesa Contra Incêndios - Almeida, (2010), Plano Municipal de
Defesa da Floresta Contra Incêndios, caderno ii – diagnóstico (informação base).
GAPP- Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território,
(2010), Programa Apícola Nacional - Triénio de 2011-2013.
GAPP- Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território,
(2013), Programa Apícola Nacional – 2014-2016.
Namorado, R., (1993), Da cooperação ao direito cooperativo, Coimbra, Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra.
Pimpão, J., (2012), O Sector Apícola e a Apicultura em Portugal, Associação de Apicultores do
Norte de Portugal.
Ricardo S., (2013), “A Exportação do Mel Português: um estudo exploratório sobre as
motivações, barreiras e estratégias”, Dissertação de Mestrado, ISCAP.
Souza, L., Pinto, M., Moura, I., Baptista, P. e Carvalho, C., (2010), Diversidade genética de
Apis mellifera iberiensis (Hymenoptera: Apidae) na região norte de Portugal.
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
80
15.1. Endereços eletrónicos consultados
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http://apialentejo.blogspot.pt/2011/09/colmeias-racionais.html
Artigo 270-A, Constituição do Código das Sociedades Comerciais, acedido a 22/04/2014, em,
https://www.google.pt/#q=c%C3%B3digo+das+sociedades+comerciais+artigo+270
Bogdanov, S., 2011, The Honey Book. Mühlethurnen: Bee Product Science. Versão Eletrónica.
Recuperado em 2014, Setembro, 19 de http://www.bee-hexagon.net/en/honey.htm
Declaração sobre a Identidade Cooperativa, acedido a 23/03/2014 em,
http://www.cases.pt/cooperativas/identidade-cooperativa
Decreto-lei nº 65/78 de 13 de Outubro, Convenção Europeia dos direitos do homem, acedido a
23/04/2014 em,
https://www.google.pt/#q=Assembleia+da+republica+dl+65%2F78+de+13+de+outubro
Decreto-lei nº 336/89 de 4 de Outubro do Ministério da Agricultura Pescas e Alimentação,
acedido a 24/04/2014 em, https://www.igf.min-
financas.pt/inflegal/bd_igf/bd_legis_geral/Leg_geral_docs/DL_336_89.htm
Decreto-lei nº 430/73 de 25 de Agosto do Ministério da Justiça - Gabinete do Ministro, acedido
a 24/04/2014 em, http://www.igf.min-financas.pt/leggeraldocs/DL_430_73.htm
Diretiva 2001/110/CE do concelho da União Europeia (EU), acedida a 26/04/2014 em,
https://www.google.pt/#q=Directiva+2001/110/CE,&spell=1
Decreto-lei nº 203/2005 da portaria nº 277 de 25 de Novembro, Do Ministério Da Agricultura,
Do Desenvolvimento Rural E Das Pescas, acedido a 27/04/2014 em, http://www.ifap.min-
agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico/GC_ajudas/GC_animais/GC_mel_R#.VC2V2xb
_5bU
Exemplos de brindes, acedido a 15/04/2014 em,
http://www.hideagifts.com/index.php?mod=catalogue&call=products&catalogue=cat20131&s
ection=9&family=0160
Exemplos de brindes, acedido a 15/04/2014 em,
http://www.hideagifts.com/index.php?mod=catalogue&call=products&catalogue=cat20131&s
ection=1&family=01300
Proposta de Criação de uma Cooperativa Apícola no Concelho de Almeida
81
Exemplo de site, acedido a 15/04/2014 em, http://www.oxentemenina.com/2011/05/guia-
basico-de-compras-internacionais-formas-de-pagamento/
Imposto de circulação da viatura, acedido a 19/09/2014 em,
http://impostosobreveiculos.info/tabela-imposto-unico-de-circulacao/tabela-imposto-unico-
circulacao-iuc-2014/
Instituto António Sérgio, acedido a 23/03/2014 em,
http://www.cases.pt/cooperativas/credenciacao
IFAP - Instituto de Financiamento da Agricultura e pesca IP, acedido a 20/05/2014 em,
http://www.ifap.min-
agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico/GC_util/GC_noticias/GC_not926#.VC2DLBb_5
bU
Instalar um apiário, acedido a 21/07/2014 em,
http://montedomel.blogspot.pt/search?q=instalar+um+api%C3%A1rio
Modelo da viatura, acedido a 19/09/2014 em, http://leiria-leiria.olx.pt/l200-com-direccao-
assistida-iid-456775557
Observatório dos Mercados Agrícolas e das importações agroalimentares, acedido a
10/04/2014 em, http://www.observatorioagricola.pt/
Taxa de juro, acedido a 23/07/2014 em, http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2014-07-23-
juros-da-divida-de-portugal-a-subir-em-todos-
osprazos%3bjsessionid=BD59C43F9F3AEE5E2BA2758200471AB0
Transumância na Apicultura Profissional, acedido a 21/07/2014 em,
http://montedomel.blogspot.pt/2009/09/transumancia-e-apicultura-profissional.html
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82
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16. Anexos Anexo 1- Ata da Assembleia de Fundadores
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Anexo 2- Estatuto Fiscal
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Anexo 3- Decreto-lei nº 65/78 de 13 de Outubro
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Anexo 4- Decreto-lei nº 336/89 de 4 de Outubro
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87
Anexo 5- Decreto-lei nº 430/73 de 25 de Agosto
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Anexo 6- Diretiva 2001/110/CE
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Anexo 7- Portaria nº277 de 25/11- Decreto-lei nº 203 /2005
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Anexo 8- Modelo- Registo da atividade apícola
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Anexo 9- Decreto-lei nº 1/2007
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Anexo 10- Orçamento Nacex
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Anexo 11- Exemplos de brindes e Site
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Anexo 12- Orçamento VC Brindes
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Anexo 13- Modelo da viatura e imposto
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Anexo 14- Orçamento do seguro da viatura
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Anexo 15- Taxas de Juro e Financiamento
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Anexo 16- Orçamento do Empréstimo
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Anexo 17- Orçamento do Seguro dos Trabalhadores
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100
Anexo 18- Orçamento dos equipamentos
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Anexo 19- Orçamento do material para as obras apiário
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102
Anexo 20- Orçamento da renda da melaria e outras despesas
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Anexo 21- Lista do equipamento elegível
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104
Anexo 22- Código das Sociedade Comerciais
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Anexo 23- Código Cooperativo