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LAUDO BIOLÓGICO PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA RENASCER, PRAINHA, PA Elildo A. R. Carvalho Jr – Biólogo Ivo R. Ghizoni Jr – Biólogo Ana Telma Melo – Eng. Florestal Santarém/PA, novembro de 2006

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LAUDO BIOLÓGICO

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA

RESERVA EXTRATIVISTA RENASCER,

PRAINHA, PA

Elildo A. R. Carvalho Jr – Biólogo

Ivo R. Ghizoni Jr – Biólogo

Ana Telma Melo – Eng. Florestal

Santarém/PA, novembro de 2006

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................3

2. MÉTODOS.........................................................................................3

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA.............................................................4

4. FLORA..............................................................................................5

5. FAUNA............................................................................................10

6 USO DOS RECURSOS NATURAIS ......................................................19

7. IMPACTOS......................................................................................30

9. CONCLUSÕES..................................................................................31

10. LITERATURA CITADA....................................................................32

11. ANEXOS........................................................................................34

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1. INTRODUÇÃO

O Município de Prainha está localizado no estado do Pará, na mesorregião do

baixo Amazonas. O acesso pode ser feito por via fluvial, pelo rio Amazonas, ou

terrestre, pela rodovia PA 254, que liga Prainha a Monte Alegre. A sede municipal

(01º48'00" S, 53º28'48" W) fica ao norte do rio Amazonas, mas a maior parte dos

cerca de 13.000 km2 do território municipal está ao sul. O Município faz limites com

Almeirim ao norte, Porto de Moz a leste, Medicilândia e Uruará ao sul, e Santarém e

Monte Alegre a oeste. A população é de cerca de 30.000 habitantes, com a economia

formal baseada na agropecuária (51% do PIB) e no setor de serviços (40% do PIB).

A área proposta para a criação da Resex Renascer está localizada no município

de Prainha, ao sul do rio Amazonas. A área tem aproximadamente 400.000 ha e é

habitada por cerca de 600 famílias (aproximadamente 3000 pessoas), distribuídas em

13 comunidades nos rios Guajará, Iri, Tamataí e Uruará. O acesso a Resex é feito por

via fluvial, a partir de Prainha, mas também pode ser feito através de uma estrada

clandestina que sai de Santarém e chega até o rio Uruará. Dentro da Resex, o

transporte é feito basicamente por via fluvial ou através de ramais, mas também

existem algumas estradas clandestinas.

Este documento tem como objetivo subsidiar o processo de criação da Resex

Renascer, considerando que um dos pré-requisitos legais para a criação de Unidades

de Conservação é a realização de estudos técnicos sobre a realidade sócio-ambiental

da área pleiteada (Lei 9985/2000).

2. MÉTODOS

Este laudo foi elaborado com base em dados primários e secundários. Os dados

primários foram obtidos durante uma expedição com quinze dias de duração (29 de

junho a 13 de julho de 2006). Durante a expedição, foram realizadas amostragens de

fauna e flora em locais representativos das diferentes tipologias vegetais nas bacias

dos rios Guajará, Tamataí e Uruará, além de entrevistas estruturadas a 181 famílias de

10 comunidades. Os dados secundários foram obtidos na literatura especializada, em

relatórios técnicos não publicados e nos sítios da internet do IBGE e do Governo

Estadual do Pará. Os mapas foram produzidos pela equipe de geoprocessamento da

DISAM/Brasília e se encontram nos anexos.

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O clima da região é tropical quente com curto período de estiagem (tipo Ami de

Köeppen). A temperatura média anual é de 25,6o C e a umidade relativa média é

superior a 80% durante praticamente todo o ano. A precipitação anual é de cerca de

2000 mm, sendo sazonal, com uma estação chuvosa de dezembro a junho e uma

estação seca de julho a novembro.

O relevo é relativamente plano e os níveis altimétricos são baixos, raramente

acima de três metros. No entanto, existem alguns tabuleiros com dezenas de metros

de altitude no sul da área proposta para a Resex. A geologia do Município apresenta ao

norte, áreas com exposições de rochas sedimentares de idade paleozóica constituindo

as Formações Trombetas, do Siluriano e predominantemente arenosa: Curuá, do

Devoniano Superior, predominado folhetos escuros e sultitos e Monte Alegre, arenitos

finos e médios. Ao sul a presença é da sedimentação cenozóica, constituída pelo

litotipos de Formação barreiras, de idade terciária e na parte central, os aluviões do

Quaternário Antigo e recente. Os solos predominantes são: Latossolo Amarelo

distrófico com textura média e argilosa, Concrecionário laterítico distrófico com textura

indiscriminada, e Litólico distrófico com textura indiscriminada, Glei e Aluvial eutrófico

e distrófico com textura indiscriminada, em associações.

A hidrografia é caracterizada por três afluentes do rio Amazonas: Guajará

(incluindo o rio Iri, um de seus afluentes), Tamataí e Uruará. Os rios Guajará e Uruará

servem como limites da Resex a leste e oeste, respectivamente. Ao sul, a área é

delimitada, em parte, pelo rio Furo do Jupuari.

A Resex Renascer faz limite ao leste com a Resex Verde Para Sempre, situada

no município de Porto de Moz e com área aproximada de 1.300.000 ha. A proximidade

entre as duas unidades pode formar um grande bloco contínuo de áreas protegidas,

potencializando sua eficiência na conservação da biodiversidade e na manutenção de

processos ecológicos e evolutivos em escala regional, como trânsito de animais e fluxo

gênico entre populações e subpopulações (Ayres et al. 2005).

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4. FLORA

As seguintes fitofisionomias foram identificadas na região: Floresta de terra

firme, floresta inundável, floresta de igapó, vegetação secundária, campo de restinga,

e campo de várzea. Estas são tratadas detalhadamente a seguir:

I. Floresta de terra firme

Essa floresta nunca fica inundada, ocorrendo espécies dominantes do dossel

que produzem madeira de alto valor econômico, como a castanheira (Bertholetia

excelsa Humb. & Bonpl.), sendo esta de ocorrência abundante na região. O angelim

vermelho (Dinizia excelsa Ducke) e a muiracatiara (Astronium lecointei Ducke),

também apresentam domínio do dossel. Outras espécies incluem a maçaranduba

(Manilkara huberi (Ducke) Chevalier), maparajuba (Manilkara bidentata (A. DC.)

Chevalier), itaúba (Mezilauris itauba (Meisn) Taub. Ex Mez), timborana

(Pseudopiptadenia sp), acapu (Vouacapoua americana Aubl.), ipê roxo (Tabebuia

impetiginosa (Mart. Ex DC.) Standl.), ipê amarelo (Tabebuaia serratifolia (Vahl.)

Nichols.), piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), piquiarana (Caryocar glabrum

(Aubl.) Pers.), copaiba (Copaifera sp), ucuúba (Virola michelli Heckel), sucupira pele

de sapo (Bowdichia sp), sucupira preta (Diplotropis sp), parapará (jacaranda copaia

(Aubl) D. Don), sucuba (Hirmatanthus sucuba (Spruce ex Müll . Arg.), cedro (cedrella

odorata L.), jatobá (Hymenae courbaril L.), jutaí (Hymenae sp), cumaru (Dipteryx sp),

uxi (Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.), bacuri (Platonia insignis Mart.), jabutirana ou

quarubarana (Erisma uncinatum Warm.), breu (Trattinnickia rhoifolia Willd.). Também

foram observadas muitas palmeiras da espécie de bacaba (Oenocarpus distichus

Mart.).

II. Floresta inundável

Essa floresta ocorre nos terrenos junto aos rios, onde se processa a deposição

natural de partículas mais grosseiras contidas em suspensão nas águas do rio

amazonas. As várzeas apresentam uma diversidade de ecossistemas interligados mas

com características próprias, mantidos em equilíbrio pelas inundações anuais

provocadas pelo Amazonas. Os diques naturais, os campos altos e baixos, os igapós,

aningais, igarapés, lagoas e lagos formam um mosaico diversificado e rico em vida. No

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entanto, estas matas são menos ricas em espécies de árvores do que as matas de

terra firme.

A floresta de várzea é designada por alguns autores como floresta ombrófila

aluvial, e apresenta vários ecotipos dominantes, como a seringueira (Hevea sp), virola

ou ucuúba (Virola surinamensis (Rol.) Warb.), munguba (Pseudobombax munguba

(Mart. & Zucc.), açacu (Hura creptans L.), sumaúma (Ceiba pentandra L.) e jacarandá

do Pará (Dalbergia sp). Ducke & Black (1954) se referem à Sumaúma (Ceiba

pentandra) como sendo uma espécie comum e considerada a mais alta encontrada na

várzea, embora a muiratinga (Maquira sp) possa se igualar à sumaúma no que se

refere à altura. As espécies de tacacazeiro (Sterculia elata Ducke), pau mulato

(Calycophyllum spruceanum Benth.), castanha-de-macaco (Couropita subsessilis Pilg.),

paricá grande (Pithecolobium sp) e várias espécies de Ficus também alcançam grandes

alturas. As espécies de menores alturas que as citadas, embora de porte elevado,

encontradas no ecossistema da floresta higrófila de várzea são: piranheira (Piranhea

trifoliata Baill.), taperebá (Spondias mombin L.), pracaxi (Pentaclethra macroloba

(Willd.) Kuntze), macacaúba (Platymiscium sp ), andiroba (Carapa guianensis Aubl.).

Esses autores informam também que o marimari-grande (Cassia grandis L.f.) e o

tachizeiro (Triplaris surinamensis Cham.), chamam a atenção quando recobertos pela

floração que ocorre no início do período da estiagem. A munguba se destaca na

paisagem nesta época do ano (junho a agosto), pelo tamanho e cor vermelho do seu

fruto maduro. As imbaúbas (Cecropia) são vistas nos trechos que estão sendo

invadidos pela mata pioneira. Próximas às margens dos diques ou restingas, podem

ocorrer formações de oeiras (Salix humboldtiana), podendo estar associadas de

Alchornea castaneifolia e de Sapium (tartaruguinha) (Pires, 1973).

Uma espécie que pode ser considerada endêmica e a Hevea spruceana (Benth.)

Müll. Arg., conhecida como seringueira-barriguda, uma planta de baixios encharcados

cuja distribuição acompanha as matas de várzeas ou de igapó que correspondem à

planície de alagação.

III. Floresta de igapó

No sentido restrito, Moreira (1970) refere-se ao igapó aos trechos alagados de

mata, ou em termos mais geográficos, às alagações ou estagnações em ambiente

florestal, quando permanente, e em condições fisiográficas locais. Neste caso o igapó é

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formado quando ocorrer dificuldade de escoamento da água ou deficiência de

drenagem e uma vegetação peculiar arbórea florestal. Pires (1973) define igapó como

sendo as áreas muito encharcadas com alagação permanente, águas paradas ou quase

paradas, localizadas próximas à terra firme, sendo formadas tanto por águas barrentas

quanto por águas pretas, pobre de sedimentação.

Esse pesquisador considera a vegetação de igapó muito especializada,

caracterizando a paisagem desse ecossistema pela a presença de palmeiras como açaí

(Euterpe oleracea Mart.), buriti ou miriti (Mauritia flexuosa L. F), caranã (Mauritiella

armata (Mart.) Burret), é importante ressaltar que muitas dessas palmeiras são de

grande importância econômica na região pelos diferentes produtos que delas podem

ser obtidos, os quais são destinados ao artesanato e alimentação humana. Dentre as

espécies mais observadas no igapó se incluem o fícus (Ficus sp), ucuúba (Virola

surinamensis (Rol.) Warb), açacu (Hura creptans L.), casca-seca (Licania sp) e

angelim-amargoso (Vatairea guianensis Aubl.). Outras espécies de árvores com

sapopemas de sustentação e de raízes expostas que se adaptaram às condições de

solo inundado se destacam como plantas aquáticas: Montrichardia arborescens,

Urospatha, Nymphaea, Rapatea, Eichornia etc.

IV. Vegetação secundária

Nas capoeiras se destacam várias espécies oportunistas que se desenvolvem

nas áreas abertas como roças, tais como lacre (Vismia sp), morototó (Schefflera

morototoni Aubl.), ingá (inga sp) e diversas palmeiras, também observadas em pastos,

como inajá (Maximiliana maripa Drude), curauá (Attalea spectabilis Mart.), tucumã

(Astrocarium sp), uricuri (Scheelea phalerata (Mart. Ex Spreg.), pupunha (Bactris

acanthocarpa Mart. var. Excarpa Barb. Rodr.), babaçu ( Orbignya phalerata Mart.).

V. Campo de restinga

A Vegetação consiste em várias espécies de gramínia e leguminosae como

plantas predominantes em geral campestre e pioneira, excelentes para criatório de

bovinos e bubalinos. As restingas são ecossistemas que ficam em terrenos mais altos,

pouco inundáveis e quando existe ocorrência de floresta, é freqüente a presença de

espécies que normalmente são restritas à mata de terra firme (Ducke & Black, 1954).

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São revestidos por vegetação herbácea nativa, os capins mori (Paspalum

fasciculatum), é visto sendo o mais freqüente nas vastas áreas.

VI.Campo de várzea

Ocupam as áreas mais baixas que o campo anterior citado. Black (1950)

identificou dois tipos de vegetação aquática que ocorrem neste campo: (i) Plantas

verdadeiramente aquáticas, com mecanismo de adaptação para viverem plenamente

na água, representadas pelas espécies de aguapé e mururé; (ii) Plantas anfíbias,

representadas pelos capins, incluindo as canaranas.

Fig 1. Estrada em floresta de terra firme

onde houve extração madeireira

Fig 2. Vegetação secundária com floresta

de terra firme ao fundo

Fig 3 e 4. Floresta inundável (várzea)

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Fig 5 e 6.Campo de várzea

Fig 7 e 8. Campo inundado com floresta de igapó ao fundo

Fig 9 e 10. Campo de várzea com macrófitas aquáticas

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5. FAUNA

I. Peixes

Nas entrevistas, os moradores listaram 54 etnoespécies de peixes para a região

(Tabela 2, seção 6). Esta lista é parcial e viesada para as espécies passíveis de uso

pelos moradores. Uma das espécies citadas consta da lista oficial de peixes ameaçados

de extinção (jacundá, IN 05/2004 MMA), e outras seis espécies constam da lista oficial

de peixes sobreexplotados (dourada, jaraqui, jaú, piramutaba, pirarucu e tambaqui, IN

05/2004 MMA). O uso da pesca será discutido com maiores detalhes na seção

referente ao uso dos recursos.

Fig 11. Tamoatás, Hoposternum litorallis Fig 12. Arraia, Potamotrygon sp.

II. Anfíbios e Répteis

Durante a expedição foram encontradas 18 espécies de anfíbios (13 gêneros e

quatro famílias, Anexo 1) e 29 espécies de répteis (Anexo 2), sendo 12 de lagartos (11

gêneros e seis famílias), sete de serpentes (sete gêneros e três famílias), sete de

quelônios (cinco gêneros e quatro famílias) e três de jacarés (três gêneros e uma

família). A maioria das espécies foi registrada por observação direta, mas alguns

registros foram baseados em entrevistas.

Estes dados devem ser considerados preliminares, pois as amostragens foram

curtas e restritas a apenas uma época do ano, além disso, alguns ambientes foram

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pouco amostrados. Inventários satisfatórios da herpetofauna neotropical exigem maior

esforço de amostragem, utilizando uma variedade de métodos e cobrindo diferentes

ambientes e estações do ano. Considerando os dados obtidos e a integridade

ambiental da área de estudo, é de se esperar que a diversidade da herpetofauna na

Resex seja similar ao tipicamente encontrado na Amazônia: entre 40 e 50 espécies de

anfíbios (Azevedo-Ramos e Galatti 2002), de 20 a 40 espécies de lagartos (Jorge da

Silva e Sites 1995), e entre 70 e 90 espécies de serpentes (Martins e Oliveira 1999,

Jorge da Silva e Sites 1995).

Nenhuma das espécies de anfíbios e répteis encontradas consta da lista oficial

das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (IN 03/2003 MMA), nem é

considerada endêmica.

Fig 13. Perereca, Osteocephalus taurinus Fig 14. Rãzinha, Lisapsus laevis

Fig 15. Sapo-folha, Bufo gr. margaritipher Fig 16. Sapo-de-flecha, Dendrobates sp.

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Fig 17. Cunarú, Phrynohyas venulosa Fig 18. Osga, Gonatodes humeralis

Fig 19. Calango-liso, Mabuya

nigropunctata

Fig 20. Osga, Thecadactylus rapicauda

Fig 21.Cabeçudo, Peltocephalus

dumerilianus

Fig 22. Jabuti, Geochelone denticulata

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III. Aves

Durante 12 dias amostragem foram registradas cerca de 160 espécies de aves

(Anexo 4). A maioria das espécies observadas é de ambiente de várzea, onde houve o

maior esforço de campo devido à própria logística da expedição que na maioria das

vezes acabava por se deslocar nesse ambiente em barcos e voadeiras. Os ambientes

florestais foram pouco amostrados devido a esses mesmos problemas e com certeza o

número de espécies de aves teria sido maior caso houvesse maior esforço.

Dentre os vertebrados, as aves apresentam a maior riqueza de espécies.

Segundo estimativa de um trabalho em Caxiuanã (Cardoso e Neto 1997), local

próximo ao deste estudo, há estimativa de ocorrer 350 espécies de aves. Naquela

reserva os mesmos autores registraram 284 espécies. Isso indica que quase a metade

das espécies da avifauna da região foi registrada durante os 12 dias em campo.

Em campo, tanto aves florestais como de várzea foram visualizadas. Entre as

espécies florestais estão aqui representados o rapazinho-carijó Bucco tamatia (Figura

23), gavião-pedrês Buteo nitidus (Figura 24), maria-leque Onychorhynchus coronatus

(Figura 25), arapaçu-grande Nasica longirostris (Figura 26), bico-de-brasa Monasa

nigrifrons (Figura 27), arapaçu-bico-de-cunha Glyphorhynchus spirurus (Figura 28).

Dentre as espécies registradas que se destaca pela raridade e ameaça de

extinção (IN 03/2003 MMA, IUCN 2004) é a ararajuba Guarouba guarouba (Foto 31).

Esta vem a ser a ave símbolo do Brasil, segundo Sick (1997) por ser endêmica do

Brasil e apresentar o verde e amarelo de nossa bandeira. Um bando de oito indivíduos

estava se preparando para passar a noite em uma árvore seca atrás da localidade de

Monte Carmelo, Prainha, Pará. Esta espécie, ameaçada de extinção, tida como

vulnerável segundo MMA (IN 03/2003 MMA) e IUCN (2004) devido a caça

indiscriminada, normalmente através da retirada dos filhotes dos ninhos, como animal

de estimação. Sua distribuição limitada a uma faixa que vai do Maranhão ao

Amazonas, passando justamente na área da Resex Renascer torna-o vulnerável, bem

como alta cotação no mercado negro.

Além disso, outras oito espécies que ocorrem na área da Resex Renascer mas

que não foram registradas apresentam algum tipo de ameaça (IN 03/2003 MMA). São

elas o arapaçu-de-taoca Dendrocincla merula, arapaçu-canela Dendrexetastes rufigula,

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aracari-de-pescoço-vermelho Pteroglossus bitorquatus, mutum-de-penacho Crax

fasciolata, jacamim-de-costas-verdes Psophia viridis, tiriba-pérola Pyrrhura lepida,

mãe-de-taoca-pintada Phlegopsis nigromaculata e arara-azul-grande Anodorhynchus

hyacinthinus, todas como vulneráveis ou em perigo de extinção.

Dentre as espécies de várzea registradas em campo estão aqui representadas

pela anhuma Anhima cornuta (Figura 33), viuvinha Arundinicola leucocephala (Figura

32), gavião-belo Busarellus nigricollis (Figura 34), periquito-rico Brotogeris versicolorus

(Figura 35), gavião-caboclo Heterospizias meridionalis (Figura 36), canário-da-

amazônia Sicalis columbiana (Figura 37), iratauá-grande Gymnomystax mexicanus

(Figura 38), tuim Forpus xanthopterygius (Figura 39), casaca-de-couro-da-lama

Furnarius figulus (Figura 40), gavião-caramujeiro Rosthramus sociabilis (Figura 41),

baiano Sporophila nigricollis (Figura 42), bem-te-vi-pequeno Philohydor lictor (Figura

43) e a cigana Opisthocomus hoazin (Figura 44).

Fig 23. Rapazinho-carijó Bucco tamatia Fig 24 Gavião-pedrês Buteo nitidus

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Fig 25. Maria-leque Onychorhynchus coronatus Fig 26. Arapaçu-grande Nasica longirostris

Fig 27. Bico-de-brasa Monasa nigrifrons Fig 28. Arapaçu-bico-de-cunha Glyphorhynchus

spirurus

Fig 29 Caboclinho-lindo Sporophila minuta Fig 30. Japiim Cacicus cela

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Fig 31. Ararajuba Guarouba guarouba Fig 32. Viuvinha Arundinicola leucocephala

Fig 33. Anhuma Anhima cornuta

Fig 34. Gavião-belo Busarellus nigricollis Fig 35. Periquito-rico Brotogeris versicolorus

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Fig 36. Gavião-caboclo Heterospizias meridionalis Fig 37. Canário-da-amazônia Sicalis columbiana

Fig 38. Iratauá-grande Gymnomystax mexicanus Fig 39. Tuim Forpus xanthopterygius

Fig 40. Casaca-de-couro-da-lama Furnarius

figulus

Fig 41. Gavião-caramujeiro Rosthramus sociabilis

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Fig 42. Baiano Sporophila nigricollis Figura 43. Bem-te-vi-pequeno Philohydor lictor

Fig 44. Cigana Opisthocomus hoazin

IV. Mamíferos

Durante a expedição, foram registradas 43 espécies de mamíferos, de 40

gêneros e 21 famílias (Anexo 3), incluindo cinco ungulados, 12 carnívoros, oito

primatas e nove edentados. A maioria dos registros foi baseada em entrevistas, de

forma que a lista de mamíferos foi viesada, pois existe uma tendência de a população

citar apenas as espécies passíveis de algum uso, predominando os animais de médio e

grande porte. Desta forma, estes dados são preliminares e representam apenas uma

pequena parcela da diversidade na região. A maioria das localidades Amazônicas

abriga entre 150 e 200 espécies de mamíferos (Voss e Emmons 1996).

Das espécies listadas, seis constam da lista oficial da fauna brasileira ameaçada

de extinção (IN 03/2003 MMA): tatu-canastra (Priodontes maximus), tamanduá-

bandeira (Myrmecophaga tridactyla), gato-maracajá (Leopardus wiedii), onça-pintada

(Panthera onca), ariranha (Pteronura brasiliensis) e peixe-boi (Trichechus inunguis).

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6. USO DOS RECURSOS NATURAIS

Os moradores locais utilizam os recursos da fauna e da flora para diversos fins,

incluindo alimentação, habitação, medicina, artesanato e ornamentação. A variedade

de recursos utilizada é grande e reflete o profundo conhecimento que os moradores

possuem sobre a biodiversidade regional.

6.1. FLORA

Entre os recursos da flora utilizados estão frutos, palmitos, óleos, seivas,

madeiras, varas, palhas e cipós. Nas entrevistas, os moradores listaram

aproximadamente 40 vegetais que possuem algum uso. Esta lista certamente é

preliminar, considerando o curto período de coleta de dados. A tabela 1 lista parte das

plantas citadas pelos moradores. A maioria dos produtos é utilizada para consumo

familiar, mas alguns produtos são comercializados. Os produtos utilizados em escala

familiar incluem frutos como açaí, bacaba, uxi, piquiá, buriti, tucumã e caju; seivas

como o leite do amapá e de sucuba; óleos como os da andiroba, copaíba e

massaranduba; cipós e enviras; além de varas e folhas de palmeiras, como a palha do

curuá.

Tabela 1. Espécies vegetais utilizadas pelos moradores da Resex Renascer (n=181).

Nome científico Nome popular

Euterpe oleracea Mart Açai

Carapa guianensis Aubl. Andiroba

Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba

Protium spp. Breu, Breu preto

Mauritia flexuosa Buriti

Anacardium spruceanum Caju

Anacardium tenuifolium Cajuí

Mauritiella armata (Mart.) Caranã

Tabebuia sp Cascas de pau d'arco

? Cascas de Quineira

Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. Castanha-do-Pará

Várias espécies Cipó graxame, cipó-açu, cipós

Heteropsis spp. Cipos ambé, cipó titica

Dalbergia monetaria Cipos-verônica

Copaifera sp Copaiba

Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Cumarú

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Nome científico Nome popular

Xylopia sp Envira

Bauhinia guianensis Escada de jabuti

Parahancornia fasciculata Leite de Amapa

Himathantus sucuba (Spruce ex. Müll. Arg.) Leite de Sucuba

? Malva

Cássia rubrifolia Mari-mari

Byrsonima spicata (Cav.) DC. 1824 Muruci

Euterpe Patauá

Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Piquia

Bactris pupunha Pupunha

? Saratudo

Hevea brasiliensis Seringa

? Tala de caranã

Astrocaryum vulgaris Tucumã

Astrocaryum sp Tucumã-açú

? Tucumaí

Uncaria guianensis Unha de gato

Endopleura uchi (Huber) Uxi

6.2. FAUNA

Os recursos da fauna são utilizados principalmente como fonte de alimento,

embora algumas espécies também sejam usadas para medicina e outros fins. De

acordo com as entrevistas, os moradores consomem pelo menos 84 etnoespécies de

vertebrados (peixes, répteis, mamíferos e aves), além de utilizar pelo menos 22

etnoespécies para fins medicinais.

I. Pesca

A pesca é a principal fonte de proteína para a maioria da população, sendo

praticada para subsistência e também para geração de renda. De acordo com as

entrevistas, a maioria das famílias (78%, n=141) tem pelo menos um membro que

pesca regularmente. A média de pescadores por família foi 1,8 (Fig. 45) e a freqüência

média de pescarias por semana foi 3,6 (Fig. 46). Esses dados confirmam a importância

da pesca para a sobrevivência da população local. Embora seja praticada durante todo

o ano, a pesca parece ser mais produtiva no verão, quando o nível das águas baixa,

aumentando a concentração de peixes.

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0 1 2 3 4 5 6 7 8Pescadores por família

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60

70

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90

100

Tota

l

Fig 45. Número de pescadores por família na Resex Renascer.

0 1 2 3 4 5 6 7 8Pescarias por semana

0

10

20

30

40

50

Tota

l

Fig 46. Número de pescarias por semana por família na Resex Renascer.

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22

A maioria dos entrevistados (64%, n=115) afirmou ter comido pescado na

semana anterior à entrevista, mas poucos informaram quais foram as espécies

consumidas. Considerando os que informaram, os peixes mais consumidos foram:

mafurá (n=22), tucunaré (n=12), tamoatá (n=8), tambaqui (n=6) e traíra (n=6). No

entanto, os padrões de consumo de pescado são variáveis ao longo do ano, com

algumas espécies sendo mais consumidas no inverno ou no verão (Tabela 2).

Quarenta entrevistados (22%) afirmaram vender a pesca. A maioria vende os

peixes na própria região, mas 19 entrevistados (10,5%) afirmaram que também

vendem para geleiras. Na época do estudo, o pirarucu era vendido a R$ 10,00 o quilo,

o tambaqui e surubim a R$ 3,00, o tucunaré e o aruanã a R$ 1,50, e o tamoatá a R$

0,70.

Tabela 2. Peixes preferidos, mais consumidos (inverno e verão) e rejeitados pelos

moradores da área proposta para criação da Resex Renascer (n=181).

Consumo Espécie Nome popular Preferência

Inverno Verão Rejeitados

Cichlidae Acará 1 5 5 -

Cichlidae Acaratinga - - 1 -

Liposarcus pardalis Acari 25 14 43 1

Leporinus spp. Aracu - 2 1 -

Potamotrygon sp. Arraia - - - 5

Osteoglossum bicirrhosum Aruanã 7 11 8 3

Pterodoras lentiginosus Bacu - - - 5

? Baruca - 1 1 -

Uaru amphiacanthoides Bararuá 1 1 2 1

Curimatidae Branquinha 5 4 25 2

Liposarcus pardalis Bocó - 3 - -

Cichlidae Cará - 5 6 -

Cichlidae Cara-caititu 1 - - -

Heros sp. Cará-roxo 1 - 1 -

? Carará 1 - 1 -

? Carauá - - 1 -

Oxydoras niger Cuiu, Cujuba 2 - - 4

Plochilodus nigricans Curimata 43 8 23 -

Atronotus crassipinnis Carauaçu - 1 3 -

Brachyplatystoma flavicans Dourada - - 2 -

Brachyplatystoma filamentosum Filhote 1 - - -

Crenicichla spp. Jacundá 2 3 9 3

Leiarius marmoratus Jandiá - - - 8

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Consumo Espécie Nome popular Preferência

Inverno Verão Rejeitados

Semaprochilodus spp. Jaraqui 12 - 13 -

? Jaraquirana - - 1 -

Brycon melanopterus Jatuarana 18 3 4 1

Zungaro zungaro Jau - - - 1

Hoplerythrinus unitaeniatus Jeju 1 5 1 -

? Mafurá 63 57 59 1

Hypophtalmus sp. Mapará - 1 1 -

? Miuá 1 - - -

Synbranchus marmoratus Mussum - - - 1

Mylossoma duriventre Pacu 2 9 2 -

Hydrolycus scomberoides Peixe-cachorro - - - 1

Várias famílias Peixe-liso - - - 10

Plagioscion sp. Pescada 1 1 - 1

Phractocephalus hemioliopterus Pirarara - - - 5

Arapaima gigas Pirarucu 3 - - 1

Serrasalmus sp. Piranha 2 5 2 7

Piaractus brachypomus Pirapitinga 15 11 7 2

? Pitanga - - 2 -

Electrophorus electricus Poraquê - - - 6

? Reque-reque - - - 1

Várias famílias Sarda - - 1 1

Sternopygidae Sarapó - - - 4

Ancestrorhynchus sp. Saricanga - 1 - 3

Pseudoplatystoma fasciatum Surubim 1 - 4 4

? Tamataí 1 - -

Hoposternum litorallis Tamoatá 10 23 7 -

Colossoma macropomum Tambaqui 33 52 21 -

? Tarieira 1 1 - -

Hoplias malabaricus Traíra 7 32 17 5

Cichla sp. Tucunaré 87 29 75 -

? Tui - - - 1

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II. Caça

A caça representa uma importante fonte adicional de proteínas para a

população local. A maioria dos entrevistados (78%, n=141) afirmou possuir pelo

menos um caçador na família. O número médio de caçadores por família foi 1,4 (Fig.

47) e a freqüência média de caçadas por semana foi 2,2 (Fig. 48).

0 1 2 3 4 5Caçadores por família

0

20

40

60

80

100

120

Tota

l

Fig 47. Número de caçadores por família na Resex Renascer.

0 1 2 3 4 5 6 7 8Caçadas por semana

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Tota

l

Fig 48. Número de caçadas por semana por família na Resex Renascer.

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O tempo de deslocamento até o local da caçada foi, em média, 5,2 horas

(amplitude = 0,25-24). Isso indica que os locais de caça estão relativamente afastados

das comunidades, provavelmente devido ao esgotamento da caça nas proximidades.

Esse fenômeno é comum (Leeuwenberg e Robinson 2000) e reforça a importância de

incluir grandes áreas florestais desabitadas nas propostas de criação de Reservas

Extrativistas, para servirem como áreas de conservação e também como fonte para

repovoamento das áreas de caça.

Aproximadamente a metade dos entrevistados (55,6%, n=100) afirmou ter

comido carne de caça na semana anterior à entrevista, mas nem todos informaram

quais foram as espécies consumidas. Considerando os que informaram, os animais

mais consumidos foram: caititu (n=33), cutia (n=25), paca (n=20), veado (n=15) e

jabuti (n=10). Os padrões de consumo da caça foram variáveis, com algumas espécies

sendo consumidas igualmente no inverno e no verão, e outras sendo mais consumidas

em uma ou outra estação (Tabela 3).

É importante ressaltar que os répteis aquáticos provavelmente não foram

citados na memória de consumo recente porque são considerados como pesca, e não

como caça pelos moradores. No entanto, nas perguntas referentes à preferência e

consumo da fauna ao longo do ano, estes foram os animais mais citados, sendo

consumidos em grande quantidade tanto no inverno como no verão (Tabela 3).

A caça foi realizada predominantemente para subsistência. Apenas vinte e

quatro entrevistados (13%) afirmaram vender caça, quase sempre na própria

comunidade. Apenas dois entrevistados afirmaram vender caça a atravessadores.

Diversos moradores informaram que dividem a caça com vizinhos, mas essa

informação não foi quantificada. Na época do estudo, o cabeçudo, o tracajá e o jacaré

eram vendidos a cerca de R$ 1,50 o quilo e a carne de caça a R$ 2,00 o quilo. Uma

anta inteira custava cerca de R$ 200,00, um veado R$ 25,00, e um pato do mato ou

marreca entre R$ 5,00 e R$ 15,00.

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Tabela 3. Animais preferidos, mais consumidos (inverno e verão) e rejeitados pelos

moradores da área proposta para criação da Resex Renascer (n=181)

Consumo Espécie Nome popular Preferência

Inverno Verão Rejeitados

RÉPTEIS

Peltocephalus dumerilianus Cabeçudo 101 117 39 -

Podocnemis expansa Tartaruga 3 - - 1

Podocnemis unifilis Tracajá 108 42 105 1

Podocnemis sextuberculata Pitiú 8 - - -

Geochelone denticulata Jabuti 23 34 2 11

Rhinoclemmys punctularia Perema - - - 2

Chelus fimbriatus Matamatá - - - 1

Caiman crocodylus Jacaré-tinga 62 60 32 4

Melanosuchus niger Jacaré-açu - - - 2

Paleosuchus sp. Jacaré-una - - 1 -

MAMÍFEROS

Didelphis marsupialis Mucura - - - 6

Tamandua tetradactyla Mambira - - - 17

Família Dasypodidae Tatu 18 16 32 1

Bradypus variegatus Preguiça - - - 5

Ordem Primates Macaco 6 8 9 32

Nasua nasua Quati - - - 6

Eira barbara Irara - - - 2

Lutra longicaudis Lontra 1 - - -

Panthera onca Onça - - - 5

Tapirus terrestris Anta 6 5 1 6

Pecari tajacu Caititu 35 39 20 -

Tayassu pecari Queixada 29 9 11 -

Mazama sp. Veado 44 15 17 1

Trichechus inunguis Peixe-boi - - 2 3

Proechymys sp. Preá - - - 1

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara 5 11 6 1

Agouti paca Paca 89 30 72 -

Dasyprocta sp. Cutia 37 51 34 -

AVES

Tinamus tao Azulona 19 5 4 -

Tinamus sp. Nambu 19 7 9 -

Família Podicipedidae Mergulhão 1 1 1 1

Família Ardeidae Garça - - 1 -

Ciconia maguari Maguari 2 - 3 -

Jabiru mycteria Jaburu 1 - 3 1

Amazonetta brasiliensis Marreca 29 9 25 -

Chairina moschata Pato-do-mato 72 34 26 -

Família Acciptridae Gavião - - - 2

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Consumo Espécie Nome popular Preferência

Inverno Verão Rejeitados

Penelope sp. Jacuaçu 3 2 2 -

Penelope sp. Jacu 21 16 9 -

Pipile pipile Cujubi 8 2 1 -

Família Carcidae Mutum 25 2 4 -

Ophistocomus hoazin Cigana - - - 5

Psophia sp. Jacamim 1 - - -

Leptotila rufaxila Juruti - - 1 -

Amazona sp. Papagaio 2 5 1 1

Ara sp. Arara 13 12 2 -

Família Strigidae Coruja - - - 1

Ramphastus sp. Tucano 3 2 - -

Fig 49. Caititu, Pecari tajacu Fig 50. Jaguatirica, Felis pardalis

Fig 51 e 52. Preparação de jacaré-tinga (Caiman crocodilus) para consumo

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III. Preferências e tabus alimentares

As Tabelas 2 e 3 apresentam a lista completa de animais preferidos e rejeitados

pela população, de acordo com as entrevistas.

Os peixes preferidos pela população foram o tucunaré, mafurá, curimatá e

tambaqui. Os peixes mais rejeitados foram o jandiá, piranha, poraquê e “peixes lisos”.

Poucos peixes foram rejeitados por mera preferência alimentar. A principal causa de

rejeição está relacionada a tabus, em especial a reima. Peixes reimosos não podem ser

consumidos por pessoas doentes, e mulheres grávidas ou menstruadas, sob o risco de

provocar ou agravar enfermidades.

Os mamíferos preferidos pela população foram paca, veado, cutia e caititu; as

aves preferidas foram o pato-do-mato e marreca; e os répteis preferidos foram o

tracajá, cabeçudo e jacaré-tinga. Os animais mais freqüentemente rejeitados foram os

macacos, mambira, quati e mucura. Os macacos são rejeitados principalmente devido

à semelhança com os humanos, já os outros animais são rejeitados devido ao sabor ou

cheiro ruim.

IV. Uso medicinal

Os moradores listaram 22 etnoespécies de animais utilizados para fins

medicinais. As banhas foram as partes mais utilizadas, embora várias outras partes

também tenham sido mencionadas (Tabela 4).

Tabela 4. Animais de uso medicinal na área proposta para a Resex Renascer.

Espécie Nome popular Parte e Uso

PEIXES

Plagioscion sp. Pescada Pedra para “dor de urina”

Serrasalmus sp. Piranha Fel para rachadura no seio e nos pés

Phractocephalus hemioliopterus Pirarara Banha para inchaço

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Espécie Nome popular Parte e Uso

Electrophorus electricus Poraquê Banha para reumatismo

Pseudoplatystoma fasciatum Surubim Banha para reumatismo

Hoplias malabaricus Traíra Banha para dor de ouvido, dor de dente,

reumatismo, inchaço e catarata

RÉPTEIS

Caiman crocodilus Jacaré Dente, usar na cintura para evitar picada de

cobra; banha para reumatismo, inchaço,

“baque”, dor de dente, pneumonia, derrame,

colesterol

Eunectes murinus Sucuriju Banha para inchaço, “quebradura”

Geochelone denticulata Jabuti Banha para reumatismo, hérnia, inchaço, dor

nas costas

Podocnemis expansa, P. unifilis Tartaruga, tracajá Banha para inchaço, urdidura, rachadura nos

pés, espinha no rosto, limpeza de pele

MAMÍFEROS

Tamandua tetradactyla Mambira Banha para inchaço, pêlo para defumação

Dasypodidae Tatu Banha para dor de ouvido

Primates Macaco Banha para inchaço e quebradura, osso para

quebradura

Nasua nasua Quati Prego (pênis) serve como “viagra natural”

Tapirus terrestris Anta Banha para reumatismo, inchaço e dor de

garganta

Innia geoffrensis Boto Banha para ferrada de arraia e furos

Trichechus inunguis Peixe-boi Banha para dor

Agouti paca Paca Banha para picada de cobra, “fel” para malária,

dor de ouvido, hérnia, machucado, inchaço,

tirar espinho, tirar estrepe, picada de escorpião

e cobra e para tirar “panema” de cachorro.

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara Banha para reumatismo

AVES

Ciconia maguari Maguari Banha para inchaço

Crax sp. Mutum Banha para inchaço

Caprimulgidae Bacurau Ovo, passado no corpo para a cobra não se

aproximar

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7. IMPACTOS

A maior parte da área proposta para a Resex se encontra em bom estado de

conservação, no entanto, existem várias ameaças que podem comprometer

significativamente a integridade ambiental da área.

A maior ameaça na região é a exploração madeireira, que tem sido realizada

predominantemente de forma ilegal. Esta atividade provoca diversos impactos

ambientais e sociais, tanto diretos como indiretos, incluindo redução da biodiversidade,

alterações na estrutura e microclima da floresta, abertura de estradas que funcionam

como vetores de ocupação de áreas antes isoladas, aumento da pressão de caça em

acampamentos madeireiros, redução de estoques de plantas de importância para o

extrativismo, e expulsão de moradores tradicionais, dentre outros. Por ser realizada

predominantemente de forma ilegal, essa atividade deve ser contida,

independentemente da criação ou não da Resex, caso contrário as perdas serão

irreversíveis.

A criação extensiva de gado bubalino e bovino é outra ameaça à integridade

ambiental da região. A pecuária é inerentemente danosa ao meio ambiente, pois exige

a conversão de extensas áreas de vegetação natural em pastagens. Mesmo a criação

de búfalos em campos de várzea é impactante, pois estes animais pisoteiam e

danificam ambientes aquáticos que são importantes como abrigo e locais de

alimentação para diversas espécies da fauna, particularmente nas margens dos corpos

d´água. Para conter os impactos da pecuária, será necessário controlar sua expansão

dentro da área da Resex, já que sua erradicação é altamente improvável, uma vez que

a criação de gado em pequena escala é amplamente difundida entre a população. Já a

pecuária em grande escala deve ser proibida dentro da Resex, e é recomendável que

as áreas onde essa atividade já está bem estabelecida sejam excluídas do polígono

proposto para a Resex.

A caça e pesca são amplamente praticadas pela população e importantes para

sua sobrevivência, no entanto, se não forem praticadas em níveis sustentáveis, podem

provocar o desaparecimento local de diversas espécies animais, particularmente aves e

mamíferos de médio e grande porte (Jerozolimski e Peres 2003). Embora sejam

necessários estudos para avaliar a sustentabilidade da caça e pesca na região, existe a

possibilidade de que estas sejam sustentáveis, pois a maioria da população da Resex

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está concentrada em várzeas muito produtivas, enquanto amplas áreas de terra firme

são pouco ocupadas. Desta forma, mesmo as espécies caçadas em níveis não

sustentáveis nas proximidades das comunidades podem sobreviver nas áreas mais

isoladas da Resex, e as espécies com maior capacidade de dispersão podem,

potencialmente, revigorar suas populações nas áreas esgotadas. Ainda assim, reforça-

se a necessidade de estudos sobre a sustentabilidade da caça na Resex Renascer.

O fogo é utilizado pelos moradores na preparação de roças. Apesar de não

terem sido encontradas evidências de incêndios florestais durante a campanha, existe

o risco de incêndios não controlados em roças se alastrarem, especialmente durante

períodos secos prolongados. O risco de incêndio pode ser potencializado pela extração

de madeira, que aumenta o ressecamento da floresta e, conseqüentemente, sua

vulnerabilidade ao fogo (Peres 1999).

8. CONCLUSÕES

As informações disponíveis indicam que a região possui grande valor para a

conservação. A biodiversidade regional é comparável à de outras localidades

amazônicas, incluindo espécies ameaçadas e de distribuição restrita. A população

residente na área depende dos recursos naturais disponíveis para sua sobrevivência. A

cobertura florestal ainda se encontra em bom estado de conservação e a área possui

potencial para a conservação socioambiental, desde que sejam contidas certas

ameaças, como a exploração madeireira e o avanço da pecuária. Desta forma, a

criação de uma Unidade de Conservação na área pode ser benéfica para a conservação

da biodiversidade e a manutenção das populações residentes.

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9. LITERATURA CITADA

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Anexo 1. Anfíbios registrados durante a expedição à área proposta para a Resex

Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.

TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

ORDEM ANURA

Bufonidae

Bufo granulosus Sapo V

Bufo marinus Sapo-cururu V, E

Bufo gr. margaritifer Sapo-folha V

Dendrobatidae

Colostethus sp. Sapinho V

Dendrobates sp. Sapo-de-flecha V

Leptodactylidae

Adenomera andreae Rãzinha V

Eleutherodactylus sp. Rãzinha V

Leptodactylus fuscus Rã V

Leptodactylus ocellatus Gia V

Leptodactylus rhodomystax Rã V

Lithodytes lineatus Rã V

Lisapsus laevis Rã V

Hylidae

Dendropsophus minutus Perereca V

Hypsiboas cf. raniceps Perereca V

Osteocephalus taurinus Perereca V

Phrynohyas venulosa Cunarú V, E

Scinax ruber Perereca-de-banheiro V

Scinax sp. Perereca V

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Anexo 2. Répteis registrados durante a expedição à área proposta para a Resex

Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.

TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

ORDEM SQUAMATA (LAGARTOS)

Iguanidae

Iguana iguana Camaleão V, E

Polychrotidae

Anolis fuscoauratus Papa-vento V

Anolis ortonii Papa-vento V

Tropiduridae

Plica plica Lagarto V

Gekkonidae

Coleodactylus amazonicus Osga V

Gonatodes humeralis Osga V

Hemidactylus mabouia Osga V

Thecadactylus rapicauda Osga V

Teiidae

Ameiva ameiva Labigó V

Cnemidophorus sp. Violeiro V

Kentropyx calcarata Labigó V

Tupinambis teguixim Jacuraru E

Scincidae

Mabuya nigropunctata Calango-liso V

ORDEM SQUAMATA (SERPENTES)

Boidae

Boa constrictor Jibóia E

Corallus caninus Cobra-papagaio E

Eunectes murinus Sucuriju V, E

Colubridae

Chironius sp. Cobra-cipó V

Spilotes pullatus Caninana V

Viperidae

Bothrops atrox Cambéua, Cuambóia E

Lachesis muta Surucucu E

ORDEM CHELONIA

Podocnemididae

Peltocephalus dumerilianus Cabeçudo V, E

Podocnemis expansa Tartaruga E

Podocnemis unifilis Tracajá V, E

Podocnemis sextuberculata Pitiú E

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TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

Testudinidae

Geochelone denticulata Jabuti V, E

Geoemydidae

Rhinoclemmys punctularia Perema E

Chelidae

Chelus fimbriatus Mata-matá E

ORDEM CROCODYLIA

Alligatoridae

Caiman crocodilus Jacaré-tinga V, E

Melanosuchus niger Jacaré-açu E

Paleosuchus sp. Jacaré-una E

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Anexo 3. Mamíferos registrados durante a expedição à área proposta para a Resex

Renascer. V = Visualizado; E = Entrevista.

TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

ORDEM MARSUPIALIA

Didelphidae

Didelphis marsupialis Mucura E

ORDEM XENARTHRA

Myrmecophagidae

Myrmecophaga trydactyla Tamanduá-bandeira E

Tamandua tetradactyla Mambira E

Cyclopes dydactylus Tamanduaí E

Dasypodidae

Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole E

Dasypus novemcinctus

Euphractus sexcinctus Tatu-peba E (?)

Priodontes maximus Tatu-canastra E

Bradypodidae

Bradypus sp. Preguiça E

Megalonychidae

Choloepus didactylus Preguiça-real E

ORDEM CHIROPTERA

FAMÍLIA

Artibeus cf. jamaicensis Morcego V

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TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

RDEM PRIMATES

Callitrichidae

Callitrix argentata Macaquinho-branco V, E

Saguinus midas E

Cebidae

Saimiri sciureus Mico-de-cheiro V, E

Cebus apella Macaco-prego V, E

Callicebus moloch Zogue-zogue V, E

Atelidae

Alouatta belzebul Guariba V, E

Ateles marginatus Coamba E

Lagothrix lagotricha Macaco-aranha E

ORDEM CARNIVORA

Procyonidae

Procyon cancrivorus Mão-pelada E

Nasua nasua Quati E

Potus flavus Jupará E

Mustelidae

Galictis vittata Furão E

Eira barbara Irara E

Lontra longicaudis Lontra E

Pteronura brasiliensis Ariranha E

Felidae

Leopardus pardalis Maracajá-açu V, E

Leopardus viedii Maracajá E

Herpailurus yaguarondi Jaguarundi E

Puma concolor Suçuarana E

Panthera onca Onça E

ORDEM CETACEA

Platanistidae

Innia geoffrensis Boto-vermelho V, E

Delphinidae

Sotalia fluviatilis Tucuxi V

ORDEM PERISSODACTYLA

Tapiridae

Tapirus terrestris Anta E

ORDEM ARTIODACTYLA

Tayassuidae

Pecari tajacu Caititu E

Tayassu pecari Queixada, porção E

Cervidae

Mazama americana Veado E

Mazama gouazoubira Veado E

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TAXON/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FORMA DE REGISTRO

ORDEM SIRENIA

Trichechidae

Trichechus inunguis Peixe-boi E

ORDEM RODENTIA

Echymidae

Proechimys sp. Preá E

Hydrochaeridae

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara E

Agoutidae

Agouti paca Paca E

Dasyprocta agouti Cutia E

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Anexo 4. Aves registradas na área proposta para a Resex Renascer, Prainha, PA. Espécies observadas (V= contato visual e A= auditiva) durante campanha em campo e segundo bibliografia (B); Grau de ameaça segundo Ibama (2003): En- em perigo; Vu- vulnerável. Ambientes: floresta (F), borda de floresta (Fb), áreas alagadas (Al), beira de rios e lagos (Br), áreas abertas (Aa).

TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Tinamidae

Tinamus tao Azulona F B

Tinamus guttatus Inhambu-galinha F B

Tinamus major Inhambu-cabeça-vermelha F B

Crypturellus variegatus Macuco F B

Crypturellus strigulosus Inhambu-relógio F V

Crypturellus cinereus Inhambu-preto F B

Crypturellus undulatus Jaó F B

Anhimidae

Anhima cornuta Anhuma Br V

Anatidae

Amazonetta brasiliensis Marreca-de-pé-vermelho Al V

Dendrocygna autumnalis Asa-branca Al V

Cairina moschata Pato-do-mato Al V

Cracidae

Penelope superciliaris jacupemba F B

Pipile pipile cujubi F B

Crax fasciolata En Mutum-de-penacho F B

Mitu tuberosa Mutum-cavalo F B

Odontophoridae

Odontophorus gujanensis corcovado F B

Phalacrocoracidae

Phalacrocorax brasiliensis Biguá Br V

Anhingidae

Anhinga anhinga Biguatinga Br V

Ardeidae

Tigrisoma lineatum Socó-boi Al V

Butorides striata Socozinho Al V

Botaurus pinnatus Socó-boi-baio Al B

Cochlearius cochlearius arapapá Al B

Agamia agami Garça-da-mata Al B

Egretta thula Garça-branca-pequena Al V

Ardea alba Garça-branca-grande Al V

Ardea cocoi Garça-morena Al V

Pilherodius pileatus Garça-real Aa V

Bubulcus ibis Garça-vaqueira Aa B

Ixobrychus exilis Socoí-vermelho Al V

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Nycticorax nycticorax Savacu Al B

Threskiornithidae

Theristicus caudatus Curicaca Al V

Mesembrinibis cayanensis corócoró Al B

Platalea ajaja colhereiro Al B

Cathartidae

Cathartes aura Urubu-cabeça-vermelha Aa V

Cathartes melambrotos Urubu-da-mata Aa V

Sarcoramphus papa Urubu-rei Aa B

Coragyps atratus Urubu-cabeça-preta Aa, Fb V

Pandionidae

Pandion haliaetus Águia-pescadora Br, Al V

Accipitridae

Rosthramus sociabilis Gavião-caramujeiro Al V

Rosthramus hamatus Gavião-do-igapó Al V

Leucopternis albicollis Gavião-branco F V

Buteogallus urubitinga Gavião-preto Aa V

Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo Aa V

Busarellus nigricollis Gavião-belo Al V

Ictinia plumbea Sovi Aa V

Rupornis magnirostris Gavião-carijó Fb V

Buteo nitidus Gavião-pedrês F V

Leucopternis kuhli Gavião-vaqueiro F B

Leucopternis schistacea Gavião-azul F B

Elanoides forficatus Gavião-tesoura F B

Harpagus diodon Gavião-bombachinha F B

Leptodon cayanensis Gavião-cabeça-cinza F B

Accipiter bicolor Gavião-bombachinha-grande F B

Accipiter poliogaster Tauató-pintado F B

Morphnus guianensis Uiraçu-falso F B

Spizaetus melanoleucus Gavião-pato F B

Spizaetus tyrannus Gavião-pega-macaco F B

Spizaetus ornatus Gavião-de-penacho F B

Micrastur semitorquatus Gavião-relógio F B

Micrastur ruficollis Gavião-caburé F B

Micrastur gilvicollis Gavião-mateiro F B

Micrastur mirandollei tanatau F B

Harpia harpyja Gavião-real F B

Falconidae

Caracara plancus Caracará Aa V

Falco rufigularis Cauré Aa V

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Milvago chimachima Carrapateiro Aa V

Daptrius ater Gavião-de-anta F B

Daptrius americanus gralhão F B

Falco deiroleucus Falcão-peito-vermelho F B

Falco femoralis Falcão-de-coleira F B

Aramidae

Aramus guarauna Carão Al V

Psophiidae

Psophia viridis En Jacamim-de-costa-verde F B

Rallidae

Porphyrio flavirostris Frango-d’água-pequeno Al V

Porphyrio martinica Frango-d’água-azul Al V

Aramides cajanea Três-potes Al B

Amaurolimnas concolor Saracurinha-da-mata F B

Laterallus exilis Sanã-parda Al B

Laterallus viridis Siricora-mirim Al B

Neocrex erythrops turuturu Al B

Gallinula chloropus Frango-d’água Al B

Heliornithidae

Heliornis fulica picaparra Al B

Eurypygidae

Eurypyga helias Pavãozinho-do-pará Al V

Jacanidae

Jacana jacana Jaçanã Al V

Charadriidae

Vanellus chilensis Quero-quero Aa V

Charadrius collaris Batuíra-de-coleira Aa V

Sternidae

Phaetusa simplex Trinta-réis-grande Aa V

Sterna superciliaris Trinta-réis-pequeno Aa V

Columbidae

Patagioenas cayennensis Pomba-galega F V

Patagioenas speciosa Pombão F B

Columbina talpacoti Rolinha-roxa Aa B

Patagioenas plumbea Pomba-amargosa F B

Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira F B

Leptotila verreauxi Juriti-pupu F B

Geotrygon montana Pariri F B

Psittacidae

Forpus xanthopterygius Tuim F, Fb V

Ara chloroptera Arara-vermelha F V

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Pionus menstruus Maitaca-cabeça-azul F V

Pyrrhura lepida En Tiriba-pérola F B

Pionus fuscus Maitaca-roxa F V

Guarouba guarouba En Ararajuba F V

Amazona farinosa Papagaio-moleiro F, Fb V

Anodorhynchus hyacinthinus Vu Arara-azul-grande F B

Amazona ochrocephala Papagaio-cabeça-amarela F V

Brotogeris sanctithomae Periquito-testinha F V

Brotogeris versicolorus Periquito-rico F V

Pionites leucogaster Marianinha-cabeça-amarela Aa V

Opisthocomidae

Opisthocomus hoazin Cigana Aa V

Cuculidae

Crotophaga ani Anu-preto Aa B

Dromococcyx phasianellus Peixe-frito Fb A

Piaya minuta Papa-lagarta Aa V

Neomorphus geoffroyi Jacu-estalo F B

Tapera naevia Saci Aa B

Strigidae

Aegolius harrissii Corujinha Fb A

Megascops watsonii Corujinha-orelhuda F B

Lophostrix cristata Coruhja-de-carapuça F B

Ciccaba huhula Coruja-preta F B

Pulsatrix perspicillata Murucututu F B

Glaucidium hardyi Caburé-da-amazônia F B

Glaucidium brasilianum Caburé F B

Nyctibiidae

Nyctibius griseus Mãe-da-lua F B

Nyctibius grandis Mãe-da-lua-gigante F B

Nyctibius leucopterus Urutau-de-asa-branca F B

Caprimulgidae

Nyctiprogne leucopyga Bacurau-da-várzea Fb, F V

Chordeiles acutipennis Bacurau-de-asa-fina F B

Hydropsalis brasiliana Bacurau-tesoura F B

Hydropsalis climacocerca Acurana F B

Nyctidromus albicollis Bacurau F A

Apodidae

Chaetura cinereiventris Andorinhão-sobre-cinzento Fb, Aa B

Panyptila cayennensis Andorinhão-estofador F B

Reinarda squamata Tesourinha F V

Chaetura spinicauda Andorinhão Aa V

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Chaetura chapmani Andorinhão-de-chapman Aa B

Streptoprocne zonaris Andorinhão-coleira Fb, Aa B

Trochilidae

Amazilia fimbriata Beija-flor-grande-ventre-branco Fb, Aa V

Glaucis hirsuta Balança-rabo-de-bico-torto F B

Campylopterus largipennis Asa-de-sabre F B

Anthracothorax viridigula Beija-flor-de-veste-preta Fb, Aa V

Phaetornis ruber Rabo-branco-rubro F V

Phaetornis malaris Besourão-do-bico-grande F B

Phaetornis bourcieri Rabo-branco-de-bico-preto F B

Phaetornis nattereri Besourão-sobre-amarelo F V

Thalurania glaucopis Beija-flor-de-fronte-violeta Aa B

Trogonidae

Trogon violaceus Surucuá F V

Trogon melanurus Surucuá-de-cauda-preta F B

Trogon rufus Surucuá-de-barriga-amarela F B

Trogon viridis Surucuá-grande-barriga-amarela F B

Alcedinidae

Ceryle torquatus Martim-pescador-grande Al, Br V

Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde Al, Br V

Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno Al, Br V

Chloroceryle aenea Arirambinha Al, Br B

Chloroceryle inda Martim-pescador-da-mata Al, Br B

Momotidae

Momotus momota Udu-de-coroa-azul F B

Galbulidae

Brachygalba lugubris Ariramba-preta F B

Galbula galbula Ariramba-de-cauda-verde F B

Galbula cyanicollis Ariramba-da-mata F B

Galbula ruficauda Bico-de-agulha-rabo-vermelho F B

Galbula dea Ariramba-do-paraíso F B

Jacamerops aurea Ariramba-grande-da-mata-virgem F B

Bucconidae

Chelidoptera tenebrosa Urubuzinho Fb V

Monasa nigrifrons Chora-chuva-preto Fb V

Monasa morphoeus Bico-de-brasa-testa-branca F B

Notharchus tectus Macuru-pintado F V

Notharchus macrorhynchus Capitão-do-mato F B

Bucco tamatia Rapazinho-carijó F V

Bucco capensis Rapazinho-de-colar F B

Malacoptila rufa Barbudo-de-pescoço-ferrugem F B

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Capitonidae

Capito niger Capitão-de-bigode-carijó F B

Ramphastidae

Pteroglossus aracari Araçari F V

Pteroglossus castanotis Aracari-castanho F B

Pteroglossus bitorquatus En Aracari-pescoço-vermelho F B

Ramphastos vitellinus Tucano-bico-preto F V

Ramphastos tucanus Tucano-grande-papo-branco F V

Orthopsittaca manilata Maracanã-cara-amarela F V

Picidae

Celeus elegans Pica-pau-chocolate F V

Celeus torquatus Pica-pau-de-coleira F B

Campephilus melanoleucus Pica-pau-de-topete-vermelho F B

Campephilus rubricollis Pica-pau-de-barriga-vermelha F B

Melanerpes cruentatus Benedito F V

Colaptes punctigula Pica-pau Aa V

Dryocopus lineatus Pica-pau-banda-branca F V

Piculus flavigula Pica-pau-bufador F B

Piculus chrysochloros Pica-pau-dourado-escuro F B

Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado F, Fb B

Picumnus aurifrons Pica-pau-anão F V

Veniliornis sp. Picapauzinho F V

Veniliornis affinis Pica-pauzinho-avermelhado F B

Veniliornis passerinus Pica-pauzinho-anão F B

Thamnophilidae

Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa F B

Dysithamnus stictothorax Choquinha-listrada F B

Myrmeciza squamosa Papa-formiga-da-grota F B

Phlegopsis nigromaculata En Mãe-de-taoca F B

Piryglena leucoptera Papa-taoca-do-sul F B

Sakesphorus luctuosus Choca-d’água Aa V

Myrmotherula longipennis Choquinha-peito-preto F V

Myrmotherula hauxwelli Choquinha-de-garganta-clara F B

Microrhopias quixensis Papa-formiga-de-bando F V

Herpsilochmus rufimarginatus Chorozinho-asa-vermelha F B

Thamnophilus sp. Choca Fb V

Thamnophilus caesius Ipecuá F B

Thamnophilus ardesiacus Uirapuru-garganta-preta F, Fb B

Formicariidae

Formicarius colma Galinha-do-mato F B

Formicarius analis Pinto-do-mato-de-cara-preta F B

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46

TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Chamaeza campanisona Tovaca-campainha F B

Hylopezus macularius Torom-carijó F B

Conopophagidae

Conopophaga peruviana Chupa-dente-de-máscara F B

Scleruridae

Geositta cunicularia Curriqueiro F B

Sclerurus mexicanus Vira-folha F B

Sclerurus rufigularis Vira-folha-de-bico-curto F B

Dendrocolaptidae

Sittasomus griseicapillus Arapaçu-grande F V

Lepidocolaptes albolineatus Arapaçu-de-listras-brancas F B

Glyphorhynchus spirurus Arapaçu-bico-de-cunha F V

Dendrocincla merula En Arapaçu-de-taoca F B

Dendrexetastes rufigula En Arapaçu-canela F B

Nasica longirostris Arapaçu-grande F V

Xiphorhynchus picus Arapaçu-rajado F V

Furnariidae

Certhiaxis cinnamomea Curutié Al V

Certhiaxis mustelina João-da-canarana Al, Br B

Furnarius figulus Casaca-de-couro-da-lama Aa V

Furnarius minor Joãozinho Br B

Berlepschia rekeri Limpa-folha-do-buriti Al B

Cranioleuca gutturata João-pintado Fb B

Synallaxis propinqua João-de-barriga-branca Br B

Synallaxis albescens Uipí Fb B

Synallaxis gujanensis João-tenenem-becuá Fb B

Synallaxis rutilans João-tenenem-castanho F B

Philydor pyrrhodes Limpa-folha-vermelho F B

Philydor erythrocercus Limpa-folha-de-sobre-ruivo F B

Philydor ruficaudatus Limpa-folha-de-cauda-ruiva F B

Xenops sp. Bico-virado F V

Xenops rutilans Bico-virado-carijó F B

Xenops minutus Bico-virado-carijó F B

Xenops milleri Bico-virado-da-copa F B

Automolus infuscatus Barranqueiro-pardo F B

Automolus ochrolaemus Barranqueiro-camurça F B

Lochmias nematura João-porca F B

Tyrannidae

Camptostoma obsoletum Risadinha Aa, Fb V

Arundinicola leucocephala Noivinha Fb V

Conopias parva Mosqueteiro-sobrancelhas-branca F, Fb B

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Conopias trivirgata Bentevi-pequeno F B

Ornithion inerme Poiaieiro-de-sobrancelha F V

Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela Fb V

Fluvicola albiventer Lavadeira-de-cara-branca Fb V

Elaenia pelzelni Maria-da-várzea Fb V

Elaenia quiriquensis Chibum Fb B

Elaenia cristata Guaracava-topete-uniforme F B

Terenotriccus erythrurus Papa-moscas-uirapuru F B

Hemitriccus zosterops Maria-de-olho-branco F B

Hemitriccus minor Maria-sebinha F B

Myiobius barbatus Assanhadinho F B

Myiobius atricaudus Assanhadinho-cauda-preta F B

Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu F B

Empidonomus varius Peitica Fb V

Lathrotriccus euleri Enferrujado F V

Tolmomyias flaviventris Bico-chato F B

Tolmomyias poliocephalus Bico-chato-cabeça-cinza F B

Tolmomyias assimilis Bico-chato-de-copa F B

Ramphotrigon ruficauda Bico-chato-rabo-vermelho F B

Lophotriccus galeatus Caga-cebinho-penacho F B

Philohydor lictor Bem-te-vi-pequeno Fb V

Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo F B

Legatus leucophaius Bemtevi-pirata F B

Todirostrum cinereum Ferreirinho Fb B

Todirostrum capitale Ferreiro F B

Todirostrum chrysocrotaphum Ferreirinha-pintado F B

Todirostrum maculatum Ferreirinho-estriado F B

Megarynchus pitangua Neinei F B

Mionectes oleagineus Supi F B

Mionectes macconnelli Abre-asa-da-mata F B

Myiozetetes cayanensis Bentevizinho-asa-ferrugínea F B

Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado Fb, F V

Myiarchus ferox Maria-cavaleira F B

Myiopagis flavivertex Guaracava-penacho-amarelo F B

Myiopagis gaimardii Maria-pechim F B

Phaeomyias murina Bagageiro F B

Zimmerius gracilipes Poiaeiro-de-pata-fina F B

Platyrinchus platyrhynchos Patinho-de-coroa-branca F B

Platyrinchus coronatus Patinho-coroa-courada F B

Myiarchus tuberculifer Irrê F V

Myiophobus fasciatus Filipe Aa B

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48

TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Myiornis ecaudatus Caçula F B

Poecilotriccus andrei Maria-bonita F B

Rhynchocyclus olivaceus Bico-chato-grande F B

Todirostrum maculatum Ferreirinho-listrado F V

Onychorhynchus coronatus Maria-leque F V

Myiozetetes cayanensis Bem-te-vizinho-asa-ferrugínea Fb V

Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato F

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Aa V

Tyranneutes stolzmanni Uirapuruzinho F B

Knipolegus orenocensis Maria-preta-ribeirinha F, Fb V

Knipolegus poecilocercus Pretinho-do-igapó F B

Empidonomus aurantioatrocristatus Peitica-chapéu-preto F B

Attila cinammomeus Tinguaçu-ferrugem Aa V

Attila bolivianus Bate-pára F B

Casiornis fusca Caneleiro-enxofre F B

Laniocera hypopyrrha Chorona-cinza F B

Rhytipterna immunda Vissiá-cantor F B

Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno Aa V

Sirystes sibilator Assobiador Fb, F V

Tyrannus melancholicus Suiriri Aa, Fb V

Tyrannus savana Tesourinha Fb V

Tyrannus albogularis Suiriri-garganta-branca Aa V

Tyrannopsis sulphurea Suiriri-de-garganta-rajada F B

Tyrannopsis luteiventris Bemtevi-barulhento F B

Cotingidae

Lipaugus vociferans Suissa F V

Iodopleura isabellae Anambé-de-coroa F B

Xipholena lamellipennis Anambé-de-rabo-branco F B

Gymnoderys foetidus Anambé-pombo F B

Procnias alba Araponga-da-amazônia F B

Pipridae

Manacus manacus Rendeira F V

Chiroxiphia pareola Dançador F V

Piprites pileatus Caneleiro-de-chapéu-preto F B

Pipra aureola Uirapuru-vermelho F V

Pipra rubrocapilla Cabeça-encarnada F B

Pipra pipra Cabeça-branca F B

Tityridae

Tityra cayana Anambé-branco-de-rabo-preto F V

Tityra inquisitor Anambé-branco-bochecha-parda F B

Haematoderus militaris Anambé-militar F B

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Pachyramphus rufus Caneleiro-cinzento F V

Pachyramphus marginatus Caneleiro-bordado F B

Pachyramphus minor Caneleiro-pequeno F B

Pachyramphus polychopterus Caneleiro-preto F V

Querula purpurata Anambé-una F B

Schiffornis turdinus Flautim F V

Vireonidae

Cyclarhis gujanensis Pitiguari Aa, Fb B

Vireo olivaceus Juruviara Fb V

Hylophilus thoracicus Verdinho-coroado Fb B

Hylophilus ochraceiceps Vite-vite-uirapuru F B

Hylophilus hypoxanthus Vite-vite-barriga-amarela F B

Hirundinidae

Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa Aa B

Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande Aa V

Progne tapera Andorinha-do-campo Aa B

Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serrador Aa B

Tachycineta albiventer Andorinha-do-rio Aa V

Alopochelidon fucata Andorinha-morena Aa B

Hirundo rustica Andorinha Aa V

Riparia riparia Andorinha Aa B

Reinarda squamata Andorinha-do-coqueiro Aa V

Troglodytidae

Troglodytes musculus Corruíra Aa V

Donacobius atricapillus Japacamim Aa VA

Cyphorhynus aradus Uirapuru-verdadeiro F B

Microcerculus marginatus Uirapuru-veado F B

Campylorhynchus turdinus Catatau Fb V

Thryothorus leucotis Garrinchão-barriga-vermelha Fb V

Turdidae

Turdus albicollis Sabiá-coleira F V

Turdus leucomelas Sabiá-barranco F V

Turdus fumigatus Sabiá-da-mata F B

Turdus nudigenis Carachué F B

Coerebidae

Coereba flaveola Cambacica Aa V

Thraupidae

Dacnis cayana Saí-azul F, Fb V

Dacnis lineata Saí F B

Habia rubica Sanhaçu-fogo F B

Hemithraupis flavicollis. Saíra-galega F B

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50

TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Lamprospiza melanoleuca Pipira-de-bico-vermelho F B

Ramphocelus carbo Tié Fb B

Lanio versicolor Pipira-de-asa-branca F B

Eucometis penicillata Pipira-da-taoca F B

Tachyphonus rufus Tié-preto F V

Tachyphonus cristatus Tié-galo F B

Tachyphonus surinamus Tem-tem-de-topete-ferrugíneo F B

Tachyphonus luctuosus Tem-tem-de-dragona-branca F B

Nemosia pileata Saíra-de-chapéu-preto F, Fb B

Tangara mexicana Saíra F B

Tangara velia Saíra-diamante F B

Tangara punctata Negaça F B

Thraupis episcopus Sanhaçu-da-amazônia F V

Thraupis palmarum Sanhaçu-do-coqueiro Aa V

Emberizidae

Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo-verdadeiro Aa B

Sicalis columbiana Canário-da-amazônia Aa V

Habia rubica Tiê-do-mato F B

Arremon taciturnus Tico-tico-bico-preto Fb V

Sporophila minuta Caboclinho-lindo Aa, Fb V

Sporophila nigricollis Baiano Aa V

Sporophila castaneiventris Caboclinho-de-faixa Aa B

Volatinia jacarina Tisiu Aa B

Cardinalidae

Paroaria gularis Cardeal-da-amazônia Aa V

Saltator grossus Bico-encarnado F B

Saltator maximus Tempera-viola F B

Saltator coerulescens Sabiá-conga F B

Periporphyrus erythromelas Bicudo-encarnado F B

Cyanocompsa cyanoides Azulão-da-amazônia F B

Parulidae

Basileuterus culicivorus Pula-pula F B

Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador F B

Phaeothlypis aequinoctialis Pula-pula-ribeirinho F B

Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Fb, Aa V

Parula pitiayumi Mariquita F B

Icteridae

Icterus cayanensis Encontro F B

Psarocolius bifasciatus Japuaçu Fb, F V

Molothrus bonariensis Vira-bosta Aa V

Cacicus cela Japiim Aa V

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TÁXON

FAMÍLIA/ESPÉCIE/

GRAU DE AMEAÇA

NOME COMUM AMBIENTE TIPO DE

REGISTRO

Cacicus haemorrhous Japira F B

Cacicus solitarius Irauna-bico-branco F B

Agelaius icterocephalus Iratauá-pequeno Aa B

Gymnomystax mexicanus Iratauá-grande Fb V

Sturnella superciliaris Polícia-inglesa Aa V

Fringillidae

Euphonia minuta Gaturamo F B

Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro F B

Euphonia chrysopasta Gaturamo F B

Euphonia chlorotica Fi-fi F B

Carduelis magellanica Pintassilgo Aa B