Promessas Inglórias

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PROMESSAS INGLÓRIAS O ar estava gelado na enfermaria. Embora o suor escorresse de sua testa, ele era capaz de afirmar isso. Seus colegas, todos com aquele olhar cansado e, ainda assim, esperançoso, cobriam os corpos com os braços, e expeliam fumaça ao abrir os lábios. Não estavam acostumados ao inverno rigoroso da região, o que somente aumentava a saudade de casa. As macas estavam repletas de corpos mutilados, destruídos por uma guerra que nem era deles. Ele, contudo, não, não estava ali por ter lutado uma guerra que não era sua, mas por uma batalha interna contra aquele ser que crescia em seu peito e o matava aos poucos, retirando-lhe tudo o que de bom a vida poderia lhe oferecer. As macas estavam repletas de dores que ele jamais sentiria, pois a sua dor estava naquele pulmão arruinado. Seu pulmão doía muito, mas a dor era tão constante, que ele nem mais a sentia. Os colegas, que se postavam ao seu lado sempre que podiam, tentavam encorajá- lo com palavras reconfortantes e sem sentido. Perguntavam-lhe se precisava de algo a cada cinco minutos. Sim, precisava ter sua vida de volta, precisava sair daquele corpo moribundo dominado pela doença. Ele se tornara a doença. A doença se tornara ele. Viraram aquilo que ele mais temia: um só. Não se podia falar de um sem citar o outro. - Vicenzo, você quer que eu busque algo? Ou quer escrever uma carta para a sua família? Tomaso era um bom amigo, Vincenzo sempre soube disso. Era, dos colegas daquele batalhão, o que mais constantemente lhe fazia companhia, e ele nem sabia bem o porquê. Desde que entrara para o grupo, falava pouco, apenas o necessário, preferindo não se envolver nem criar laços com aqueles homens. Quase nada eles sabiam sobre sua vida. Ainda assim, aquele rapaz parecia querer ajuda-lo, mesmo quando era repelido pela personalidade dura e solitária que se tornara a de Vicenzo. Já estava tarde, contudo, e Tomaso queria encontrar uma desculpa para sair daquele local, respirar um pouco daquele ar frio. O sono já se instaurava nele e as pernas incomodavam por estarem paradas há tanto tempo. Além disso, Vicenzo piorava cada vez mais, e era triste vê-lo naquela cama, condenado pelo seu destino. - Pode ir, Tomaso. e parou para tossir, cuspindo um pouco de sangue Não sairei daqui até que você volte mais tosse, o que deixou Tomaso apreensivo Não preciso de nada, obrigado. O problema de algumas promessas é que elas são vãs e ilusórias, feitas em momentos de desespero ou compaixão. Algumas promessas são incertas e jamais poderão ser cumpridas. Naquele caso, não era decisão de Vicenzo o rumo de sua vida, mas do ser que coabitava seu organismo. E, quando Tomaso voltasse, talvez aquele ser já tivesse vencido a disputa que se iniciara há algum tempo. Vicenzo e Penélope caminhavam pelas ruas da cidade, ela contente pela proximidade do casamento, ele angustiado, como se houvesse um segredo a incomodá-lo, um segredo que logo seria revelado. Ele não sabia como poderia começar. Parecia não encontrar as palavras certas. O discurso preparado aparentava ser errado, bem como a ocasião. Ela estava contente demais

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Ficção baseada na proposta "Não há glória na doença. Não há significado para isto. Não há honra em morrer disto."

Transcript of Promessas Inglórias

  • PROMESSAS INGLRIAS

    O ar estava gelado na enfermaria. Embora o suor escorresse de sua testa, ele era

    capaz de afirmar isso. Seus colegas, todos com aquele olhar cansado e, ainda assim,

    esperanoso, cobriam os corpos com os braos, e expeliam fumaa ao abrir os lbios. No

    estavam acostumados ao inverno rigoroso da regio, o que somente aumentava a saudade de

    casa.

    As macas estavam repletas de corpos mutilados, destrudos por uma guerra que

    nem era deles. Ele, contudo, no, no estava ali por ter lutado uma guerra que no era sua,

    mas por uma batalha interna contra aquele ser que crescia em seu peito e o matava aos

    poucos, retirando-lhe tudo o que de bom a vida poderia lhe oferecer. As macas estavam

    repletas de dores que ele jamais sentiria, pois a sua dor estava naquele pulmo arruinado. Seu

    pulmo doa muito, mas a dor era to constante, que ele nem mais a sentia.

    Os colegas, que se postavam ao seu lado sempre que podiam, tentavam encoraj-

    lo com palavras reconfortantes e sem sentido. Perguntavam-lhe se precisava de algo a cada

    cinco minutos. Sim, precisava ter sua vida de volta, precisava sair daquele corpo moribundo

    dominado pela doena. Ele se tornara a doena. A doena se tornara ele. Viraram aquilo que

    ele mais temia: um s. No se podia falar de um sem citar o outro.

    - Vicenzo, voc quer que eu busque algo? Ou quer escrever uma carta para a sua

    famlia?

    Tomaso era um bom amigo, Vincenzo sempre soube disso. Era, dos colegas

    daquele batalho, o que mais constantemente lhe fazia companhia, e ele nem sabia bem o

    porqu. Desde que entrara para o grupo, falava pouco, apenas o necessrio, preferindo no se

    envolver nem criar laos com aqueles homens. Quase nada eles sabiam sobre sua vida. Ainda

    assim, aquele rapaz parecia querer ajuda-lo, mesmo quando era repelido pela personalidade

    dura e solitria que se tornara a de Vicenzo.

    J estava tarde, contudo, e Tomaso queria encontrar uma desculpa para sair

    daquele local, respirar um pouco daquele ar frio. O sono j se instaurava nele e as pernas

    incomodavam por estarem paradas h tanto tempo. Alm disso, Vicenzo piorava cada vez

    mais, e era triste v-lo naquela cama, condenado pelo seu destino.

    - Pode ir, Tomaso. e parou para tossir, cuspindo um pouco de sangue No sairei daqui at que voc volte mais tosse, o que deixou Tomaso apreensivo No preciso de nada, obrigado.

    O problema de algumas promessas que elas so vs e ilusrias, feitas em

    momentos de desespero ou compaixo. Algumas promessas so incertas e jamais podero ser

    cumpridas. Naquele caso, no era deciso de Vicenzo o rumo de sua vida, mas do ser que

    coabitava seu organismo. E, quando Tomaso voltasse, talvez aquele ser j tivesse vencido a

    disputa que se iniciara h algum tempo.

    Vicenzo e Penlope caminhavam pelas ruas da cidade, ela contente pela

    proximidade do casamento, ele angustiado, como se houvesse um segredo a incomod-lo, um

    segredo que logo seria revelado.

    Ele no sabia como poderia comear. Parecia no encontrar as palavras certas. O

    discurso preparado aparentava ser errado, bem como a ocasio. Ela estava contente demais

  • para a notcia que receberia, to leve e alegre naquele vestido estampado. No era justo com

    ela.

    Era errado desistir de tudo aquilo. Desde o incio parecera estar escrito que eles se

    encontrariam e ficariam juntos para sempre. Vicenzo lembrava-se bem da forma como seus

    olhos pareceram reconhecer um ao outro da primeira vez em que se encontraram

    Era primavera de 1942. Todos estavam felizes na festa de uma das mais

    tradicionais famlias cariocas. Vicenzo estava com seus colegas do exrcito, Penlope com as

    demais meninas da alta e mdia sociedade. Os jovens tinham apenas um propsito em eventos

    como aquele: encontrar uma boa companhia.

    O grupo de Penlope passou pelos rapazes com aquele burburinho comum s

    jovens garotas que queriam chamar a ateno. Ela estava com um vestido brilhoso e rodado

    que lhe cobria o colo e os joelhos. A maquiagem era leve; ela no precisava de muito mais

    que isso. Os cachos emolduravam o rosto e, na viso de Vicenzo, um retrato dela valeria mais

    o mais valioso quadro.

    Vicenzo j havia conhecido muitas damas e flertado com outras tantas, mas

    nenhuma havia mexido tanto com ele quanto aquela. Ele sempre pensara em suas companhias

    como um presente agradvel. Aquela jovem, contudo, lhe fazia pensar em um futuro

    desejvel. Ela podia no ser nada do que ele imaginava, claro. Ela podia ser to arrogante

    quanto vrias das moas que ele j conheceu, ou ftil demais, ou... Ou tantas outras coisas que

    ele no conseguia deixar de encontrar nas pessoas que o rodeavam. Mas ele estava disposto a

    descobrir.

    Elas se assentaram no muito longe deles e, de vez em quando, lanavam olhares.

    Vicenzo foi o primeiro dos rapazes a ir conversar com uma delas. O rapaz de cabelos

    castanhos arrumados para trs e olhos verdes que encantavam, levantou-se com uma postura

    confiante, abriu o sorriso e dirigiu-se quela jovem de cabelos castanhos e grandes olhos.

    Convidou-a para danar, ao que as amigas dela deram risadinhas. Ela sorriu de volta, com

    graciosidade.

    - Qual o seu nome?

    - Penlope.

    - Como a Penlope de Ulisses.

    - Esperando apenas meu amor retornar para mim e ela riu; ele no.

    - Isso quer dizer que...

    - No, no. Perdoe-me. No quis dar a entender que houvesse um namorado, ou

    algum. Oh, Deus. Sempre me dizem que costumo falar demais. melhor eu me manter

    calada ele riu dessa vez.

    - No, por favor. Eu gosto do som da sua voz. E ela ficou encabulada.

    Eles danaram a noite inteira, e conversaram, e riram, e decidiram que queriam se

    ver mais vezes e, quem sabe, descobrir, juntos, o amor.

    Agora, ela estava ali, sorrindo, e falando mais do que a boca, mas ele no se

    incomodava. Geralmente, gostava de passar horas ouvindo-a e costumava prestar ateno ao

    que ela falava.

    - ... E eu tenho tantos planos. No sei se conseguirei fazer com que tudo saia do

    que jeito que pretendo.

  • - Penlope, eu preciso falar com voc.

    Ela olhou-o espantada. H algum tempo ela notava sua distncia. Toda vez que ela

    tentava se aproximar, ele a expulsava de sua vida, como se ela tivesse uma doena contagiosa

    ou como se ele tivesse nojo dela. E ela no sabia o porqu daquilo. De incio, ele parecia am-

    la mais do que qualquer pessoa no mundo. Com o passar do tempo, entretanto, ele parecia ter

    se arrependido de todas as escolhas feitas e, principalmente, do pedido de casamento. Com

    aquelas palavras, ela teve certeza: ele iria abandon-la.

    - Voc... ela engoliu o choro Voc no quer mais se casar, isso, no? ela tentava soar doce, mas era difcil quando estava to magoada.

    - No, no isso. Eu quero me casar. Mas h algo maior, algo sobre o que preciso

    conversar. Podemos ir at a confeitaria?

    Eles caminharam em silncio at a confeitaria. Ela tentava no olhar para ele,

    segurando as lgrimas. Ele tentava no olhar para ela, tomando coragem para fazer o que

    tinha de fazer. E, quando olhava, acariciava as delicadas mos dela, numa tentativa de

    consolo.

    Vicenzo sempre soube que este momento seria difcil. Soube assim que tomara a

    deciso, naquele dia, em sua casa.

    Ele estava na sala com a me, quando teve um acesso de tosse. O corpo j estava

    fraco, e a me o ajudou a caminhar at o quarto.

    - Filho, voc deveria procurar o mdico novamente.

    - Eu j o procurei. Ele disse que no h mais sada, que eu deveria ter me tratado

    corretamente quando o visitei pela primeira vez.

    - Eu lhe avisei. Eu lhe disse que era melhor que voc contasse a verdade para a

    sua noiva, e que seguisse risca o que o mdico lhe prescreveu. Mas quando voc aprender a

    me ouvir? ela ajeitou os travesseiros e o ajudou a se deitar E quando voc contar a verdade a ela? Quando estiver caindo no altar?

    - Eu nunca vou contar. No quero que ela se entristea.

    - Mas...

    - Quero que ela tenha uma vida com algum melhor do que eu. Eu estou

    condenado e no quero conden-la tambm, mas eu sei que, se ficar aqui, ela se casar

    comigo, independente dos riscos. E ela adoecer, e se cansar, e envelhecer em um ano o que

    levaria trinta. Eu no lhe darei filhos, provavelmente. E ela, em sua ltima memria me ver

    como aquele que lhe tomou a vida, um enfermo egosta e imprestvel que lhe matou. No, eu

    a amo demais para isso. Quero que ela se lembre de mim como o amor da juventude que

    morreu como um heri. No h glria na doena. No h significado para isto. No h honra

    em morrer disto.

    - E o que voc pretende fazer? a me perguntou, um tanto sombria.

    - Eu me voluntariei para ir guerra. Todos do batalho acham que eu me curei.

    A me se virou, sem manifestar uma opinio. Quando j estava quase fechando a

    porta atrs de si, ela virou bruscamente e disse da maneira mais fria que conseguia.

    - Isso no morrer com glria. suicidar-se. E Deus no perdoa os suicidas.

    insanidade.

    - A glria sempre esteve perto da loucura.

  • Ele virou-se na cama e ouviu a me bater a porta de seu quarto. Mais de uma porta

    estava se fechando. Faltavam somente as portas da morte e da vida.

    Eles chegaram ao caf e sentaram ainda sem trocar palavras. Penlope olhava para

    as suas mos enluvadas, acovardada pelo medo de perder o homem que amava.

    - O que voc vai querer?

    - Um ch, por favor ela disse sem levantar os olhos.

    Era extremamente doloroso para ele v-la fugindo do seu olhar. Ele queria toc-la,

    abraa-la, senti-la. Dizer que tudo iria ficar bem. Mas ele no podia. Ele temia que, se

    chegasse perto demais, ela ficaria doente tambm. Tudo o que ele estava fazendo era para dar

    a ela uma vida.

    - Penlope, eu preciso que voc olhe para mim, seno eu no conseguirei falar o

    que tenho para falar.

    - Eu... Eu no consigo. Eu sei o que voc vai dizer. Que voc j no sente nada

    por mim e que, seria terrvel para ambos dar continuidade a este casamento. Que voc quer

    que eu encontre...

    - Eu vou para a guerra.

    Ela levantou subitamente a cabea, com os olhos arregalados. Ela jamais esperara

    essa notcia. De fato, ouvia-se que estavam preparando o exrcito para ser enviado, mas ela

    no conseguia acreditar que Vicenzo tambm iria.

    - Mas... Mas... O seu pai tem contatos, ele certamente pode conseguir que voc...

    - Eu quero ir. Eu quero lutar em nome do meu pas.

    - E se voc no sobreviver? Como eu vou ficar? Pense em mim, no nosso

    casamento. Se voc morrer, eu morro junto. No h sentido viver sem voc.

    - Pois ter de fazer. Eu no quero que voc me espere, Penlope. Nunca sabemos

    o que acontecer. Eu no posso prometer nada a voc. Eu j falei com o seu pai e ele

    compreendeu. H inmeros rapazes que dariam tudo para t-la como noiva.

    - Mas eu no quero nenhum deles ela sussurrou, no lutando mais contra as lgrimas que inundavam seus olhos.

    - Eu no quero partir sabendo que a deixei aqui, sozinha, com uma iluso do meu

    retorno.

    - E eu no tenho escolha?

    - No, no tem.

    - Pois bem. Saiba que voc j est me deixando aqui, sozinha, sem nem mesmo ter

    partido.

    Ela levantou-se da cadeira e saiu correndo. Ele no foi atrs.

    Meses depois, Vicenzo estava em sua casa, arrumando as ltimas coisas que

    precisaria levar. Partiriam no dia seguinte, j, para uma luta qual no sabia se sobreviveria,

    tanto pelos riscos de uma guerra, quanto pela debilidade de sua doena. Ele olhou para a foto

    de Penlope e desejou, apenas mais uma vez, tocar em seus lbios.

    A campainha tocou, e ele atendeu, visto que no havia mais ningum. Para a sua

    surpresa, quem estava ali era uma moa mida, muito mais magra e plida do que da ltima

  • vez em que ele a vira, ela tinha profundas olheiras sob os olhos, os cabelos desalinhados, e lhe

    faltava a alegria de outrora. Penlope, sempre to linda, estava ali, como se tivesse adoecido.

    - Eu... Desculpe-me, eu sei que no deveria ter vindo. Mas eu soube que era o seu

    ltimo dia aqui e pensei em me despedir. Afinal...

    - Entre, por favor.

    Eles se sentaram no sof da sala. Ele ofereceu algo, mas ela recusou.

    - Eu sei que voc quer que eu busque a felicidade. E eu buscarei, mas eu me

    arrependeria para sempre se eu no passasse os ltimos minutos com voc. Perd-lo para uma

    guerra muito triste, mas compreensvel. No t-lo comigo, enquanto voc permanece aqui,

    contudo, impossvel para mim. Eu...

    Ele se precipitou, tomado por um impulso, um desejo que crescera com a saudade

    e, antes que pudesse pensar, beijou-lhe vorazmente, saciando a sede que carregava consigo.

    Ele precisava se lembrar daquele gosto uma ltima vez, antes de partir. E ela no impediu.

    Precisava guardar o cheiro, o toque, tudo daquele homem, pois no sabia se o veria

    novamente.

    Ele a levou para o quarto, onde dormiram abraados at o cair do sol. E se

    despediram lentamente, como se suas vidas estivessem sendo sugadas. Ela partiu, com

    lgrimas, esperando que ele retornasse, um dia, para ela. Ele partiu para uma guerra, com o

    pesar de nunca ter-lhe contado a verdade.

    Penlope rezou, dia e noite, para que, como Ulisses, Vicenzo retornasse para seus

    braos, mas isso nunca aconteceu. Ela se casou cinco anos depois, teve uma linda menina,

    para a qual contou a histria de um bravo homem que navegou pelo Atlntico para salvar o

    mundo, retornando ao final para sua esposa. A menina cresceu sonhando que encontraria um

    amor assim.

    Penlope nunca soube que as histrias de amor contm partes de mentira e que o

    heri de sua memria, havia se acovardado diante dos obstculos da vida, fugindo da pouca

    felicidade que ainda poderia ter. Se ele tivesse ficado, talvez a sua filha fosse dele, talvez ele

    tivesse se curado, talvez...

    Tomaso retornou alguns minutos mais tarde, encontrando o corpo imvel de seu

    amigo. Ele no chorou. Vicenzo no gostaria que chorassem por ele; era orgulhoso demais

    para isso. Alm disso, j estava na hora. Ele havia sofrido o bastante, longe dos parentes e

    amigos. Somente um louco como ele embarcaria naquela jornada naquele estado. Ele se

    perguntava quais seriam os verdadeiros motivos do colega, pois imaginava que houvesse algo

    mais do que puro orgulho.

    Anos mais tarde, arrependido por no ter feito isto antes, ele passaria pela casa de

    Vicenzo para conversar com os pais e falar-lhes sobre os ltimos minutos de vida do filho, de

    como ela era prezado pelos demais. E esbarraria no caminho por uma mulher de cabelos

    castanhos e grandes olhos com uma doce menininha que lhe sorriria. E ele seguiria seu

    caminho, sem saber que aquela me era a resposta para a sua pergunta.