Projeto seja bem vindo
-
Upload
vera-moreira -
Category
Education
-
view
209 -
download
2
description
Transcript of Projeto seja bem vindo
Projeto Seja Bem-vindoVera Maria Moreira
Instituto Zero a Seis
Este projeto tem como finalidade capacitar profissionais da área da
saúde para esclarecer pais e cuidadores de bebês do perigo de
produzir lesões cerebrais graves e permanentes ao sacudir crianças
pequenas, contribuindo para a prevenção da violência contra crianças
através do fortalecimento dos laços parentais e sociais.
1) O que é a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS)*
A SBS é uma forma de violência pela qual a criança é sacudida
violentamente, produzindo um movimento de aceleração-
desaceleração na cabeça causando lesões ao cérebro ou coluna
cervical e que frequentemente leva à morte ou causa lesões
irreversíveis com repercussões permanentes. A mortalidade varia
de 15 a 38% com média de 25% (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2001) .
Um estudo de SHOWERS ET AL,(1985) mostra que 13 % dos casos de
morte por violência contra crianças num período de 20 anos foram
causadas por SBS.
Numa série de crianças que estavam comatosas quando
inicialmente examinadas, 60% morreram ou desenvolveram retardo
mental profundo, quadriplegia espástica ou severa disfunção
motora (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2001) As vítimas de SBS
geralmente são menores de três anos , a maioria com menos de 12
meses (AMERICAN ACADEMY OF OPHTALMOLOGY)
* Associação Americana de Pediatria denominou recentemente esse problema de Abusive Non-accidental Head Trauma – Trauma Cerebral Abusivo.
SBS é a maior causa de injúrias não acidentais em crianças..
Requer pronto reconhecimento e atendimento pelos riscos de morte
ou dano neurológico e visual. (MC CABE,2000)
HistóricoO conceito de SBS foi primeiro apresentado em 1946 pelo
radiologista pediátrico Dr John Caffey para descrever um conjunto
de sintomas e sinais incluindo hemorragia da retina e hemorragias
intracranianas achados com pouca ou nenhuma evidência de
trauma na cabeça . Atualmente a Tomografia Computadorizada e e
Ressonância Magnética possibilitam a melhora do diagnóstico
médico.
2) Sinais e sintomas
Cerca de ¾ dos casos envolvem hemorragia de retina (MRAZ, 2009 E
FORBES ET AL, 2004) que pode causar cegueira ou lesão ocular
permanente. São encontrados também hematomas sub-durais e às
vezes fraturas múltiplas, nos locais onde o agressor segurou a
criança.
Lesões da coluna cervical podem ocorrer com níveis menores de
velocidade e aceleração da cabeça em relação a lesões
intracranianas (BANDAK, 2005).
Figuras tiradas do Journal of Pediatric Ophtalmology & Strabismus
(FORBES ET AL, 2004)
Anatomia e fisiopatologia
Crianças abaixo de três anos de idade são particularmente
susceptíveis a dano cerebral por serem sacudidas (FORBES ET AL, 2004)
porque:
- a cabeça é maior e mais pesada em relação ao adulto
- os músculos do pescoço são fracos e não podem prevenir
movimentos violentos
- o sistema nervoso da criança não está completamente mielinizado
e o cérebro contém uma quantidade maior de água,, sendo mais
sensível à injúria por aceleração-desaceleração e a lesão axonal
difusa. Esse tipo de lesão não ocorre usualmente em quedas e
impactos comuns.
Quanto mais nova for a criança mais susceptível é a esse tipo de
lesão. (SHEPHERD ,2004)
Hemorragia subdural causada pelo rompimento de pequenas veias
cerebrais que conectam a dura `a pia mater é um resultado comum
da SBS (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2001).
3) Diagnóstico
Geralmente não há sinais externos de violência que expliquem a
hemorragia cerebral ou da retina. O exame oftalmológico é
fundamental para o diagnóstico, já que existem lesões quase
características (AMERICAN ACADEMY OF OPHTALMOLOGY). Pode haver outras
condições associadas como múltiplas fraturas de ossos longos e
hematomas subdurais crônicos (CAFFEY, 1946) e lesões da coluna
cervical. A CT ou RMI podem ser necessárias. Há presunção de
abuso sempre que um bebê de menos de um ano apresenta lesão
intracranial (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS,2001) A constelação de sinais
encontradas na SBS não ocorre em conseqüência de quedas leves
(AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS,2001).
O diagnóstico diferencial pode ser feito em relação a
hidrocefalia,síndrome de morte súbita, doenças congênitas e
infecciosas como meningites, traumas de outras origens (MRAZ, 2009
E FORBES ET AL, 2004).
4) Fatores de risco
Geralmente o bebê é sacudido após um período de choro
continuado por um adulto descontrolado e frustrado por não
conseguir acalmar o choro . Expectativas não realistas a respeito
da criança e da maternidade podem explicar porque há tantos
casos de bebês sacudidos entre mulheres que tiveram uma
gravidez planejada (SHEPHERD, 2000) Sentimento de isolamento social
é uma queixa das mães de bebês pequenos (SHEPHERD, 2000) .
Outros fatores são abuso de drogas e estresse emocional (AMERICAN
ACADEMY OF PEDIATRICS,2001).
Os agressores frequentemente são homens (SHOWERS, 1985 AND 1992)],
pais, padrastos ou namorados das mães. No estudo de 1985,
(SHOWERS ET AL) , 17% dos casos de SBS eram referidos a babás.
É comum a história de abuso prévio, cerca de 33% dos casos tem
história anterior de sangramento intracraniano (AMERICAN ACADEMY OF
PEDIATRICS,2001).
5) Prevenção
- Alertar pais e cuidadores sobre os perigos de sacudir bebês.
Estudos sugerem que geralmente há desconhecimento desse
perigo (CAFFEY,1972) e que quanto mais consciência se tem sobre
isso menos probabilidade há de se sacudir os bebês (SHEPHERD, 2000)
- Alertar para o fato de que cólica e choro inconsolável funcionam
geralmente como gatilho para desencadear a violência (SHEPHERD,
2000).
- Promover o fortalecimento dos vínculos parentais já durante a
gestação através de atividades ligadas à orientação durante os
exames do pré-natal.
- Promover a formação de uma rede familiar ou comunitária de
apoio à mãe, com atenção especial às mães adolescentes. Estudos
mostram que mães se queixam de isolamento social e de que
cuidar de um bebê é muito mais extenuante do que esperavam, um
trabalho de 24 horas (SHEPHERD, 2000) .
- Esses mesmos estudos mostram que profissionais de saúde estão
em posição privilegiada para oferecer conselhos e suporte às mães
durante as visitas pediátricas de rotina ou durante as emergências.
Referências:
1- AMERICAN ACADEMY OF OPHTALMOLOGY. Shaken Baby Syndrome
Resources. http://one.aao.org/CE/PracticeGuidelines/ClinicalStatements_Content.aspx?
cid=c379ec3e-8251-48e6-a88e-fb6f37954b1
Acesso em 9/10/2009
2- AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS: Committee On Child Abuse And, Neglect
(July 2001). Shaken baby syndrome: rotational cranial injuries-technical report .
Pediatrics 108 (1): 206–10. doi:10.1542/peds.108.1.206. ISSN 0031-4005. PMID
11433079. http://pediatrics.aappublications.org/cgi/pmidlookup?
view=long&pmid=11433079. Acesso em 9/10/2009
3—BANDAK, FA (June 2005). Shaken baby syndrome: a biomechanics analysis of
injury mechanisms . Forensic Science International 151 (1): 71–9.
doi:10.1016/j.forsciint.2005.02.033. ISSN 0379-0738. PMID 15885948.
4- CAFFEY, J (1946) Multiple fractures in long bones of infants suffering from
chronic subdural hematoma , In SHEPHERD, J; SAMPSON,A Don´T Shake the Baby:
Towards a Prevention Strategy. British Journal of Social Work;Dec 2000;30,6;
academic Research Library.p 721
5- CAFFEY,J (1972). On the theory and practice of shaking infants:its potential
residual effects of permanent brain damage and mental retardation . In SHEPHERD, J;
SAMPSON,A Don´T Shake the Baby: Towards a Prevention Strategy. British Journal
of Social Work;Dec 2000;30,6; academic Research Library.p 721
6- FORBES, BJ; CHRISTIAN,CW; JUDKINS,AR; KRYSTON,K. (Mar-Apr 2004).
Inflicted childhood neurotrauma (shaken baby syndrome): Ophthalmic findings". J
Pediatr Ophthalmol Strabismus. 41 (2): 80–8. ISSN 0191-3913. PMID 15089062
7- MC CABE, CF; DONAHUE,SP. Prognostic indicators for vision and mortality in
shaken baby síndrome. Arch Ophtalmol. 2000;1 18:373-377
8- MRAZ,MA; MSN,RN (2009) . The physical manifestations of shaken baby
syndrome. Journal of Forensic Nursing 5 (1): 26–30. doi:10.1111/j.1939-
3938.2009.01027.x. ISSN 1556-3693. PMID 19222686.
9- SHEPHERD, J; SAMPSON,A Don´T Shake the Baby: Towards a Prevention
Strategy. British Journal of Social Work;Dec 2000;30,6; academic Research Library.p
721
10- SHOWERS,J. (1992)- Don´t shake the baby : the effectiveness of a prevention
programme. In SHEPHERD, J; SAMPSON,A Don´T Shake the Baby: Towards a
Prevention Strategy. British Journal of Social Work;Dec 2000;30,6; academic Research
Library
11- SHOWERS,J; APOLO,J; THOMAS,J; BEAVERS, S (1985). Fatal child abuse, a
two-decade review. In SHEPHERD, J; SAMPSON,A. Don´T Shake the Baby: Towards
a Prevention Strategy. British Journal of Social Work;Dec 2000;30,6; academic
Research Library