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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR

E PLANO DE TRABALHO DOCENTE: UMA PROPOSTA DE AÇÃO

PEDAGÓGICA1

Leci Margareth Finger Netto2

Clarice Schneider Linhares3

Resumo

Este artigo apresenta o projeto produzido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2010, do Estado do Paraná e traz, também, o relato da sua implementação que iniciou com a elaboração de material didático sendo desenvolvido mediante uso da pesquisa-ação de forma qualitativa e tendo como público alvo os professores. Propõe-se aqui, um estudo que possibilite aos professores um repensar de sua prática e que esse momento seja permeado de oportunidades para sugestões e opiniões construídas em um espaço de diálogo capaz de redimensionar a prática pedagógica. Diante dessa realidade a problematização está assim caracterizada: Como se dá a articulação entre o Projeto Político Pedagógico e a Proposta Pedagógica Curricular no Plano de Trabalho Docente do Colégio Estadual Professora Vilma dos Santos Dissenha? Os objetivos a serem atendidos pelo projeto são: Conhecer e compreender como se dá a articulação do Projeto Político Pedagógico e da Proposta Pedagógica Curricular no Plano de Trabalho Docente, evidenciar o papel que professor pedagogo desempenha no cotidiano escolar, avaliar de que forma acontece a articulação entre o Projeto Político Pedagógico e a Proposta Pedagógica Curricular no Plano de Trabalho Docente e analisar o comprometimento e envolvimento dos professores na elaboração do Plano de Trabalho Docente. Palavras-Chave: Articulação; Projeto Político Pedagógico; Proposta Pedagógica Curricular; Plano de Trabalho Docente

1 Introdução

O artigo aqui proposto é parte integrante das atividades do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, o qual foi construído com o acompanhamento da orientadora da Instituição

1 Trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2010

2 Graduada em Pedagogia pela FAFI - Palmas. Especialização em Supervisão Escolar pela

UNIVERSO – Rio de Janeiro. Professora Pedagoga da SEED – Estado do Paraná. E mail [email protected] 3 Orientadora - Professora Mestre em Educação - UNICENTRO

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de Ensino Superior – IES, com a colaboração de Grupos de trabalho em Rede -

GTR e com a participação de professores, professores pedagogos e direção.

Apresenta, portanto, a organização de estratégias de ação de forma

descritiva e sequencial, que foram utilizadas na implementação no Projeto de

Intervenção Pedagógica sobre o tema: Projeto político pedagógico, proposta

pedagógica curricular e plano de trabalho docente: Uma proposta de ação

pedagógica, tendo como problematização: Como acontece a articulação entre o

projeto político pedagógico e a proposta pedagógica curricular no plano de trabalho

docente?

Diante dessa problematização tem-se como objetivo geral conhecer e

compreender como se dá a articulação entre o projeto político pedagógico e a

proposta pedagógica curricular no plano de trabalho docente e como objetivos

específicos evidenciar o papel do pedagogo no cotidiano escolar, avaliar de que

forma acontece a articulação entre o projeto político pedagógico e a proposta

pedagógica curricular no plano de trabalho docente e analisar o comprometimento e

o envolvimento dos professores na elaboração do plano de trabalho docente.

Entretanto, a qualidade em educação é proposta por todas as esferas (Municipal,

Estadual ou Federal) e amplamente discutida, estudada e analisada por profissionais

e teóricos da educação.

O trabalho pedagógico deve ser bem conduzido mas, como ele está sendo

organizado? Muitas vezes, o pedagogo centra o seu foco no aluno procurando

amenizar questões disciplinares e até questões familiares, e deixa de fazer

orientações pedagógicas ao corpo docente.

É necessário um estudo aprofundado sobre o projeto político pedagógico, a

proposta pedagógica curricular e o plano de trabalho docente. O professor pedagogo

precisa ter claro de como essa articulação acontece para assim poder subsidiar o

professor.

Segundo Saviani (1985, p.28) “para que a escola possa funcionar, não é

suficiente a existência do saber sistematizado. É necessário convertê-lo em saber

escolar, isto é dosá-lo e sequenciá-lo para efeitos do processo de transmissão

assimilação no espaço e tempo escolares”.

Propõe-se aqui, um estudo que possibilite aos professores um repensar de

sua prática e que esse momento seja permeado de oportunidades para sugestões e

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opiniões construídas em um espaço de diálogo capaz de redimensionar a prática

pedagógica.

O método proposto tem o intuito de usar a pesquisa-ação de forma

qualitativa onde se utilizou de aulas expositivas, grupos de estudos e pesquisa de

campo através de questionários (abertos e fechados) e depoimentos aplicados com

direção, equipe pedagógica e professores.

Os principais resultados alcançados foram: Conhecimento da função do

professor pedagogo, compreensão da finalidade e intencionalidade dos documentos

projeto político pedagógico, proposta pedagógica curricular e plano de trabalho

docente, análise e reflexão de como acontece a prática pedagógica e envolvimento

dos profissionais nas questões educacionais.

2 Fundamentação teórica

2.1 Quem é o professor pedagogo que atua em nossas escolas?

Muitas vezes questiona-se como acontece a organização do trabalho

pedagógico no interior de nossas escolas e, para que se possa ter essa

compreensão, precisa-se entender como se dá esse processo.

Pode-se dizer que trabalho pedagógico compreende as pessoas que

organizam o trabalho didático pedagógico e que são partes deste trabalho: o

conselho de classe, o projeto político pedagógico, a proposta pedagógica curricular,

o plano de trabalho docente, o planejamento da hora atividade, a avaliação, as

instâncias colegiadas e a gestão escolar, ou seja, conforme Libâneo pode-se dizer

que:

Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivo de formação humana definidos na sua contextualização histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações (LIBÂNEO, 2010, p. 52).

Portanto, aqui entra o papel do professor pedagogo, o qual vem sofrendo

várias alterações de denominações desde o seu surgimento em torno de 1970 e

considerando que uma forma de legitimação política é a legislação, com a Lei nº

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4.024 de 20 de dezembro de 1961, o Conselho Federal de Educação estabelece os

currículos mínimos para vários cursos.

A Lei nº 5.540 de 28 de novembro de 1968, traz mudanças nos cursos de

formação de professores e oficializa a atuação dos especialistas em educação e

pelo Parecer nº 252/1969, define a estrutura curricular dos cursos de pedagogia,

fixando o magistério das disciplinas pedagógicas do 2º grau, e a criação das

habilitações em orientação educacional, supervisão escolar, administração escolar e

inspeção escolar. Entretanto, o curso de pedagogia teve regulamentação pelos

Pareceres do Conselho Federal de Educação nºs 251/1962 e 252/1969.

A partir da criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, retorna-se à discussão sobre o

papel do professor pedagogo, ficando a cargo das Instituições de Ensino Superior a

definição do plano curricular específico para os cursos de pedagogia.

Formam-se aqui, professores para exercício na docência de Educação

Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio na

modalidade Normal e em outras áreas as quais sejam previstos conhecimentos

pedagógicos.

Percebe-se que nos cursos de pedagogia há preocupação com os

conteúdos das ciências da educação (Sociologia, Filosofia, Psicologia, etc.) e a real

função da pedagogia, ou seja, do que é pedagogia, fica esquecida.

O pedagogo já foi associado à função de inspetor, coordenador e,

atualmente, de professor pedagogo, sendo que em algum momento é parte da

equipe técnica, outro é da equipe administrativa e, recentemente, da equipe técnico-

pedagógica ou equipe de apoio.

O Plano de Carreira dos Professores do Estado do Paraná, regulamentado

pela Lei Complementar nº 103 de 15 de março de 2004, transforma o especialista

em professor pedagogo, buscando romper a fragmentação das habilitações. Assim,

o professor pedagogo incorpora em sua função o trabalho do orientador, do

supervisor e do administrador e procurando atender a organização burocrática do

sistema. Além disso, acaba esquecendo-se de refletir sobre a sua prática no

cotidiano de suas ações. Além da nomenclatura, há também outro entrave no

exercício de sua função que está relacionada às condições de trabalho, no qual a

maioria das escolas não possui espaço físico adequado e acaba comprometendo,

de certa forma, o desenvolvimento do trabalho do professor pedagogo.

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Para entender a função deste profissional pode-se observar o edital de

concurso para professor pedagogo, Edital nº 10/2007 – GS/SEED onde constam as

descrições das atividades do cargo, dentre estes:

- coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do Projeto

Político-Pedagógico e do Plano de Ação da Escola;

- coordenar a construção coletiva e a efetivação da Proposta Pedagógica

Curricular da Escola, a partir das Políticas Educacionais da SEED/PR e das

Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais;

- promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para

reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a

elaboração de propostas de intervenção na realidade da escola;

- participar e intervir, junto à direção, da organização do trabalho pedagógico

escolar no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação

escolar;

- sistematizar, junto à comunidade escolar, atividades que levem à

efetivação do processo ensino e aprendizagem, de modo a garantir o atendimento

às necessidades do educando;

- participar da elaboração do projeto de formação continuada de todos os

profissionais da escola e promover ações para a sua efetivação, tendo como

finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico.

Pode-se questionar ao ler e observar as atribuições do professor pedagogo

definidos no Edital e acima citadas e também nos Regimentos das escolas

paranaenses: será que o professor pedagogo é capaz de desenvolver toda essa

função durante o período letivo? Quando a comunidade escolar tem acesso a esses

documentos, seja por via escolar ou via internet, vê a figura do professor pedagogo

como o faz tudo e/ou o que não faz nada? Esse profissional faz realmente a

diferença na organização do trabalho pedagógico na escola?

Portanto, diante de todo o contexto histórico, tecnológico e capitalista

vivenciados na atualidade não tem como a escola não mudar, mas para isso tem-se

uma longa caminhada a ser feita, pois falta formação (conhecimento teórico) sendo

emergencial um repensar nos cursos de formação e um maior investimento em

capacitação em serviço. Entretanto, sendo o professor pedagogo o responsável pela

organização do trabalho pedagógico, há necessidade de ressignificar o seu papel na

escola.

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2.2 Afinal, o que é projeto político pedagógico?

A escola precisa organizar o seu trabalho tendo como princípio os seus

alunos e consequentemente precisa ter claro o seu projeto político pedagógico, o

qual tem preocupado e vem sendo estudado pelos pesquisadores e professores

tanto na esfera municipal, estadual ou nacional, sendo constituído aqui, uma ousadia

na busca da melhoria da qualidade da educação.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 9.394/1996,

tornou-se obrigatório a construção do projeto político pedagógico pelas escolas em

todas as suas esferas sendo que no artigo 12º estabelece que os estabelecimentos

de ensino “terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”; no

artigo 14º é evidente a participação dos profissionais da educação e da comunidade

escolar; já no artigo 15º dá a escola autonomia pedagógica.

Entretanto, se há respaldo legal, indaga-se porque que o projeto político

pedagógico não se efetiva na escola? Parece claro que é por falta de conhecimento

da comunidade escolar sobre o que é e qual a sua finalidade, onde está a falha? A

escola tem o seu projeto político pedagógico feito, sendo este uma exigência da

Secretaria de Estado da Educação, mas, não acontece a sua implementação e

muito menos a sua avaliação.

Veiga (1995, p. 39) remete a um pensar quando diz:

As demandas da gestão da escola remetem-nos a algumas reflexões sobre a administração escolar, pois esta auxilia-nos a compreender, situar e realizar, com a devida abrangência e visão integradora, o processo e os procedimentos de planejamento da escola, de sua organização e de seu funcionamento para que alcance seus objetivos e cumpra sua tarefa socioeducativa, como organização da natureza social que é.

Precisa-se levar de forma sucinta e objetiva ao conhecimento da

comunidade escolar de como se dá esse processo, pois a sociedade atual exige da

escola uma nova postura e esta parte do princípio da participação coletiva, mas,

como que pais, alunos, funcionários, professores, conselhos e APMF vão

compreender esse documento se não participam de sua elaboração. Sendo claro

para todos os professores que os seguimentos conhecem o documento, podem até

avaliá-lo, mas não o compreendem.

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Mesmo com a legislação vigente, a comunidade escolar precisa refletir sobre

as suas condições, desafios e objetivos para assim poder propor mudanças,

alternativas que visem a sua autonomia e com intuito de melhor a eficácia do projeto

político pedagógico. A partir de 2005 a Secretaria de Estado da Educação através

do CADEP disponibilizou um roteiro de projeto político pedagógico para as escolas e

que hoje se observa nos projetos construídos pelas escolas onde são compostos

por: apresentação, introdução, identificação do estabelecimento, histórico da

instituição, caracterização da comunidade, objetivos da escola e é composto pelo

marco situacional o qual descreve a realidade brasileira, do estado, do município e

da escola.

O marco conceitual traz as concepções de sociedade, de tecnologia, de

cidadania, de cultura, de trabalho, de educação, de homem, de ciências, de

avaliação; traz ainda a organização escolar, princípios da gestão democrática,

proposta de formação continuada, currículo da escola pública, matriz curricular,

prática transformadora, pedagogia progressista, diversidade e os desafios

educacionais contemporâneos.

O marco operacional aborda o redimensionamento da organização de

trabalho pedagógico (aspectos pedagógicos, avaliação e acompanhamento, gestão

colegiada), papel específico da comunidade (direção, pedagogo, corpo docente,

biblioteca, equipe administrativa, associação de pais, mestres e funcionários),

conselho de classe, conselho escolar, calendário escolar, plano de ação da escola,

pluralidade cultural, agenda 21, viva a escola, acompanhamento a alunos egressos,

oferta de estágio, CELEM, práticas avaliativas, recuperação de estudos e para

concluir as referências bibliográficas. A SEED entende que neste processo de

construção a escola poderá definir seu rumo, suas propostas e projetos específicos.

Portanto, entende-se que no cotidiano escolar ter a participação efetiva de

todos os segmentos é complexo, mas precisa que os dirigentes da escola estejam

convictos da necessidade de uma gestão democrática, pois são vários os desafios

apresentados à escola e isto significa fazer rupturas dos paradigmas existentes e o

projeto político pedagógico poderá ser uma forma de buscar a superação das

necessidades educacionais apresentadas pela comunidade tendo como princípio um

ensino gratuito, público e de qualidade.

Diante do contexto histórico educacional vivenciado atualmente, faz-se

necessário a compreensão do projeto político pedagógico. Portanto, projeto quer

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dizer buscar um caminho, uma direção. Deve ter uma ação intencional, definida

coletivamente. E é político, por estar compromissado com a formação do cidadão

para um determinado tipo de sociedade.

Segundo Veiga (1995, p. 13), é pedagógico por:

Na dimensão pedagógica residir à possibilidade de efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável compromissado e crítico. Pedagógico no sentido de definir ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.

Entretanto, projeto político pedagógico é uma forma de analisar, refletir e

propor soluções para os problemas visíveis no cotidiano escolar e para que este

processo realmente aconteça, precisa-se pensar de forma coletiva, ou seja, pais,

alunos, professores, direção, equipe pedagógica, funcionários, APMF, Grêmio

Estudantil e Conselho Escolar devem estar sintonizados com a realidade escolar

(em o que temos e em o que queremos)…

O projeto político pedagógico, por ser um processo democrático de

decisões, precisa preocupar-se com a busca de uma nova organização do trabalho

pedagógico, o que constitui em um desafio para toda a comunidade escolar. Mas,

como fazer acontecer o projeto político pedagógico dentro da escola? Precisa-se ter

clareza do que, para e por que se quer uma nova organização pedagógica e juntos

traçar a ação-reflexão-ação, pois ele deve ter como princípio norteador, a igualdade

de condições no acesso e na permanência na escola, como também a qualidade

como dever de evitar a evasão e a repetência de seus alunos.

Outro fator imprescindível é a questão democrática, a qual oportuniza a

participação de todos os representantes dos segmentos da escola na tomada de

decisões. Sem esta gestão democrática, o projeto político pedagógico torna-se

apenas mais um documento construído apenas pelo pedagogo.

E a valorização do magistério? Esta também deve fazer parte do projeto

político pedagógico em que a formação continuada, as condições de trabalho, entre

outros, precisam ser pensados coletivamente, sendo que na formação continuada se

constitui o momento no qual o professor relaciona teoria e prática. Enfim, aqui se

propõe uma discussão do todo da escola.

Percebe-se, no interior de nossas escolas, que o projeto político pedagógico

ao ser construído é esquecido ou bem guardado pelo professor pedagogo ou pela

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direção e que raramente os professores tomam contato com este importante

documento. Então, se questiona: será que o projeto político pedagógico está sendo

avaliado? Acredita-se que isso não acontece.

Portanto, faz-se necessário programá-lo, acompanhá-lo e

consequentemente, avaliá-lo. Este é o momento para se perceber o que está dando

certo ou não, propondo uma nova organização do trabalho pedagógico.

2.3 E a questão curricular, como está?

Pensa-se em um currículo que possibilite aprendizagens daqueles que estão

em nossa escola. Currículo significa, etimologicamente, pista de corrida e está no

campo pedagógico para significar percurso, ordem, sequência. Portanto, currículo é

um conjunto de aprendizagem oportunizada no ambiente escolar, o qual deve ser

feito na escola e que esteja claro o conjunto de ações de acordo com as

necessidades da realidade escolar contidas no projeto político pedagógico.

Para Sacristán (2000, p.26):

O currículo acaba numa prática pedagógica, sendo a condensação ou expressão da função social e cultural da instituição escolar e, é lógico que, por sua vez, impregne todo tipo de prática escolar. O currículo é o cruzamento de práticas diferentes e se convertem em configurador, por sua vez, de tudo o que podemos dominar como prática pedagógica nas aulas e nas escolas.

Entretanto, o currículo pode ainda ser entendido como uma lista de tudo

aquilo que uma escola pretende ensinar. Pode também conter informações mais

precisas sobre como e quando vai fazê-lo e também sobre os processos de

avaliação das aprendizagens. Geralmente, resumem-se a uma relação de matérias,

cada uma com seus conteúdos, apresentados na sequência e que devem ser

trabalhados com os alunos de cada série. Currículo pode ser uma referência sobre o

modo de ser da escola, especialmente quando apresenta inovações em seus

conteúdos.

A ideologia e a cultura estão ligadas ao currículo, tanto na teoria tradicional

como na teoria crítica, pois se considera o currículo uma forma institucionalizada de

transmitir a cultura de uma sociedade. Pensar no currículo da escola pública leva a

uma retomada de posição sobre os paradigmas, a qualidade de ensino e as políticas

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educacionais no Brasil.

O Estado do Paraná, nos últimos anos, apresenta uma trajetória arrojada em

relação à organização curricular das escolas paranaenses, sendo que no ano de

1990, criou-se o currículo básico o qual foi disponibilizado as escolas no formato de

um livro trazendo a sua concepção na pedagogia histórico crítica.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996,

foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN; consequentemente, o

Conselho Nacional de Educação, direciona as escolas na sua organização

pedagógica através de suas deliberações e pareceres constituindo aqui as Diretrizes

Curriculares Nacionais, que tem como princípio a estética da sensibilidade que está

presente no aprender a conhecer e no aprender a fazer, a política da igualdade está

corporificada no aprender a conviver e a ética da identidade pressupõe o aprender a

ser.

Tendo em vista o andamento das diretrizes curriculares nacionais, o Estado

do Paraná, inicia em 2003, a sua reformulação curricular através de debates,

reflexões e construções por parte dos professores da rede pública estadual em suas

formações continuadas. No ano de 2008, a Secretaria de Estado de Educação

oficializa as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica para o Estado.

Interligado com o projeto político pedagógico a proposta pedagógica curricular tem

como base o trabalho coletivo e a pedagogia histórico crítica onde se acredita em

uma diretriz capaz de ser conhecida e utilizada pela escola de forma eficaz.

A pedagogia histórico crítica teve seu surgimento, de acordo com a história

da educação, no final da década de 1970, devido à necessidade posta pelas práticas

dos educadores nas condições atuais. Pode-se compreender a pedagogia histórico

crítica como a educação escolar que se manifesta no presente, sendo entendida

essa manifestação presente como resultado de um longo processo histórico, ou

seja, entender o presente como esse seja decorrente do processo histórico.

Portanto, a pedagogia histórico crítica está enraizada na realidade escolar

preocupando-se com a especificidade da escola.

Entretanto, a escola não pode perder a sua função, sendo o saber o seu

objeto específico. Para Saviani (2008, p.98):

A escola tem uma função especificamente educativa, propriamente pedagógica, ligada à questão do conhecimento; é preciso, pois, resgatar a importância da escola e reorganizar o trabalho educativo, levando em conta

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o saber sistematizado, a partir do qual se define a especificidade da educação escolar.

A Secretaria de Estado de Educação do Paraná elaborou um roteiro para as

escolas seguirem na elaboração de sua proposta pedagógica curricular, sendo

constituída na apresentação da disciplina, nos conteúdos estruturantes e básicos da

disciplina, na metodologia da disciplina, na avaliação e nas referências.

A estrutura do documento pode se dizer que está bem pensado, só que na

prática, lá na escola, na elaboração de sua proposta curricular a preocupação do

corpo docente foi em como trabalhar de forma interdisciplinar e contextualizada

dando ênfase nos Desafios Educacionais Contemporâneos como: Sexualidade,

prevenção ao uso indevido de drogas e violência, educação ambiental, educação

fiscal, história e cultura afro, história do Paraná, história e cultura dos povos

indígenas e educação do campo, esquecendo-se do restante do currículo.

Diante do exposto, a proposta curricular deve ser inovadora, ética,

transformadora, onde o currículo respeite a diversidade cultural, trate das questões

ambientais, econômicas, sociais, tecnológicas e culturais. Fica, portanto, evidente a

responsabilidade dos educadores na construção da proposta curricular, a qual é um

desafio haja vista a ampla gama de temas que este deve englobar, tendo o cuidado

para não confabular com a realidade existente.

2.4 Enfim, o plano de trabalho docente...

O planejamento teve o seu surgimento em torno dos anos de 1960, sendo

utilizado pelas empresas com intuito de organização e consequentemente, passou a

fazer parte das escolas como um regulador das ações educativas sendo

supervisionados ou elaborados por técnicos que determinavam o que o professor

deveria trabalhar. Atualmente, o planejamento tem como objetivo organizar a prática

educativa tendo em vista a transformação da sociedade.

Diante deste contexto, com a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação

Nacional 9394/96, o planejamento assume o dinamismo de coletividade e de

responsabilidade das esferas (federal, estadual e municipal), sendo a lei clara

quando diz no artigo 13º: “Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da

elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e

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cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de

ensino” (BRASIL, 1996).

Desta forma, o plano de trabalho docente é de responsabilidade do

professor, cabendo sua elaboração de acordo com a proposta pedagógica curricular

e com o projeto político pedagógico da escola, sendo este uma atividade

permanente de reflexão e ação.

Sacristán (2000, p.247) compreende que:

As possibilidades de planejar ou „fechar‟ as condições do tipo de prática que se realizará ocorrem quando o professor planeja ou elabora sua ação e quando escolhe as tarefas que se executarão depois na prática. Seja qual for o sistema educativo no qual nos situemos, seja qual for o grau de responsabilidade e autonomia que esse sistema permite aos professores, estes sempre têm a função da programação de sua prática como um dos encargos profissionais básicos.

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, enviou para as escolas um

plano que, em sua estruturação, contempla os conteúdos, a justificativa, os

encaminhamentos metodológicos e os recursos didáticos, os critérios e instrumentos

de avaliação e as referências bibliográficas. Entretanto, o plano de trabalho docente

tem como objetivo organizar o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula,

por isso, ele precisa ser pensado e planejado de acordo com a realidade em que a

escola está inserida.

Conforme Libâneo (1994, p.96) “O trabalho docente é uma atividade

intencional, planejada conscientemente visando atingir objetivos de aprendizagem.

Por isso precisa ser estruturado e ordenado.”

Ao professor cabe a função de coordenar o processo de ensino e

aprendizagem de seus alunos, organizando todas as suas ações e para isso, precisa

ter clareza de sua intenção educativa de cada atividade proposta, quanto aos

conteúdos, como eles serão desenvolvidos, distribuição do tempo e avaliação

pretendida, pois, todo o planejamento requer objetividade, funcionalidade e

flexibilidade.

Portanto, na elaboração do plano de trabalho docente o professor deverá ter

em mente os meios que possam proporcionar aos seus alunos a aquisição de

conhecimentos, sendo o ato de planejamento de suma importância, pois, é aqui, na

escola, que as políticas educacionais se concretizam.

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3 Metodologia da Pesquisa

O presente projeto foi desenvolvido no ano de 2011, contou com a

participação da direção, da equipe pedagógica e dos professores de ensino

fundamental e ensino médio. Teve como objetivo de pesquisa a investigação de

como os professores fazem a articulação entre o projeto político pedagógico e a

proposta pedagógica curricular, no plano de trabalho docente.

Para implementação do estudo foi utilizado o Caderno Pedagógico que teve

como título: Projeto político pedagógico, proposta pedagógica curricular e plano de

trabalho docente: Uma proposta de ação pedagógica e para fins de organização

didática, o material encontra-se dividido em unidades. Cada unidade corresponde a

um encontro de formação, discussão e construção de conceitos e estratégias entre

os professores e a professora autora.

A Unidade I coloca os objetivos deste trabalho. Na Unidade II evidencia a

função do professor pedagogo: Quem é o professor pedagogo que atua em nossas

escolas? A Unidade III enfoca o projeto político pedagógico: Afinal, o que é projeto

político pedagógico? A Unidade IV aborda o currículo: Como está a questão

curricular em nossas escolas? A Unidade V expõe sobre o plano de trabalho

docente: E o professor, como faz a articulação do projeto político pedagógico e da

proposta pedagógica curricular no plano de trabalho docente? A Unidade VI teoriza

a metodologia de pesquisa e a abordagem utilizada no desenvolvimento deste

trabalho.

A metodologia da pesquisa contou com a seguinte organização: Grupo de

estudos, pesquisa bibliográfica (Projeto político pedagógico, proposta pedagógica

curricular e plano de trabalho docente), coleta de dados através de pesquisa de

campo com depoimentos e questionários (abertos e fechados).

4 Relato da Implementação Pedagógica

A implementação foi realizada em reuniões pedagógicas, hora atividade e

aos sábados tendo como objetivos: Levar o projeto ao conhecimento da comunidade

escolar, evidenciar o papel do pedagogo no cotidiano escolar, perceber como é

entendida a função do professor pedagogo pelo o diretor, pela equipe pedagógica e

pelos professores, compreender o que é projeto político pedagógico, refletir sobre

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currículo e entender a importância do plano de trabalho docente, avaliar como

acontece a articulação entre o projeto político pedagógico e a proposta pedagógica

curricular no plano de trabalho docente e observar o comprometimento e

envolvimento dos professores na elaboração do plano de trabalho docente.

Comecei a atuar nesse colégio em 2009, sendo que os professores

pedagogos que atuaram nos anos anteriores eram Processo Seletivo Simplificado -

PSS. No ano letivo de 2011, o colégio contava com 07 professores QPM, 16

professores PSS e 02 professores pedagogos PSS.

Participaram do projeto de implementação 04 professores QPM, 01

professores PSS, 01 professor pedagogo PSS, 01 diretora. Apenas 01 professor

participante atua em uma única escola sendo que os outros 06 professores atuam

em duas ou mais escolas e devido ao fato da implementação começar na semana

pedagógica e o colégio localizado no interior, poucos professores participaram.

Para este trabalho os entrevistados são apresentados como E1, E2, ... En.

A implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola teve início

na semana pedagógica de julho de 2011, e foi desenvolvida com intuito de usar a

pesquisa ação de forma qualitativa sendo implementado no Colégio Estadual

Professora Vilma dos Santos Dissenha, tendo como público alvo os professores, a

direção e a equipe pedagógica e contou com a uma organização a seguir relatada.

No primeiro momento, fez-se contato com a direção e equipe pedagógica

para apresentação do projeto de implementação pedagógica sendo bem aceito

pelos mesmos.

O segundo momento, aconteceu na semana pedagógica, onde foi feito a

comunidade escolar a apresentação do projeto de implementação e convite de

participação aos presentes. Realizou-se ainda neste momento, pesquisa de campo

com professores, equipe pedagógica e direção. Foi observada a preocupação dos

participantes em responder os questionamentos de forma correta, os quais

perguntavam se suas respostas estavam corretas, queriam saber o que era para ser

escrito. Recomendou-se que deveriam responder conforme o seu o conhecimento,

de modo que alguns dos professores pesquisados deixaram respostas em branco

(isso ocorreu na questão como você faz a articulação entre o projeto político

pedagógico e a proposta pedagógica curricular no plano de trabalho docente).

Foi percebida a confusão feita pela falta de conhecimento do corpo docente

e professores pedagogos (seja ele QPM ou PSS), chegando ao ponto de não

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distinguir os documentos (projeto político pedagógico e proposta pedagógica

curricular). Com relação regimento escolar, demonstraram ter conhecimento do

mesmo.

No terceiro momento, em reunião pedagógica, foi desenvolvido aula

expositiva sobre o papel do pedagogo no cotidiano escolar e pesquisa de campo

com depoimentos da direção, da equipe pedagógica e de professores. Observou-se

que tanto os professores quanto o professor pedagogo desconheciam a verdadeira

função do professor pedagogo e ao fazer o resgate histórico desse profissional ao

abordar o Edital Nº 10/2007 – GS/SEED e o Regimento Escolar, os participantes

foram unânimes em dizer que o professor pedagogo é o responsável pela

organização do trabalho pedagógico. Já a direção, em seu depoimento, diz que: “O

acompanhamento do professor pedagogo na organização do trabalho pedagógico só

acontece quando o professor pedagogo é responsável, experiente e tem clareza de

sua função.” (E1).

Constatou-se que todos concordam que o trabalho do professor pedagogo

faz a diferença na escola quando, esse profissional é comprometido e busca na sua

prática melhorar seu desempenho, atingindo as funções que lhe são cabíveis.

No quarto momento, foi realizado grupos de estudos para leitura e análise do

projeto político pedagógico, da proposta pedagógica curricular e do plano de

trabalho docente com pesquisa de campo através de questionários (abertos e

fechados).

Essa etapa foi desenvolvida aos sábados e foram organizadas por tema,

sendo no primeiro encontro abordado o projeto político pedagógico (o que é e como

está estruturado). No segundo encontro, foi trabalhado a proposta pedagógica

curricular ( o que é currículo e seu contexto histórico tendo com o foco nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica) e, no terceiro encontro o assunto foi o plano de

trabalho docente (o que é plano de trabalho docente e como este é compreendido

na perspectiva da pedagogia histórico crítica).

Nas implementações, conforme iam sendo trabalhados os temas, percebia-

se a preocupação dos profissionais (diretor, professor pedagogo e professores)

independente da função exercida na escola, os quais relatavam que não tinham

clareza da funcionalidade e da intencionalidade de projeto político pedagógico, da

proposta pedagógica curricular e do plano de trabalho docente, pois, há muitas

mudanças, e que o projeto político pedagógico, a proposta pedagógica curricular e o

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plano de trabalho docente deveriam ser mais simplificados, sendo que o plano de

trabalho docente não relatava a prática do professor em sala de aula. Lembraram

ainda que a escola não tinha a homologação do projeto político pedagógico e nem

da proposta pedagógica curricular pelo Núcleo Regional de Educação, apenas

análises, o que dificultava o trabalho pedagógico.

Quando foi abordado como o projeto político pedagógico foi construído, os

professores e a direção colocaram que foi construído pela direção, pedagogo,

professores, funcionários, Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF e

conselho escolar, já o professor pedagogo, respondeu que foi construído pela

direção e pedagogos.

Todos admitem conhecer o projeto político pedagógico parcialmente e que o

contato maior que já tiveram com o projeto político pedagógico foi em reuniões

pedagógicas, sugerem que o projeto político pedagógico seja disponibilizado por e-

mail e sempre que possível seja proporcionando leituras e debates sobre o mesmo.

Nos últimos anos o Colégio contou com professores pedagogos contratados

pelo regime de PSS, os quais não davam continuidade ao trabalho pedagógico, pois

cada ano era um professor pedagogo diferente ocasionando uma disparidade na

construção do projeto político pedagógico e da proposta pedagógica curricular.

Constatou-se, durante a implementação, que alguns professores têm

conhecimento que existe as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, e que esta

está estruturada por conteúdos estruturantes, conteúdos básicos e conteúdos

específicos, mas não sabem como organizá-los no seus planos de trabalho docente,

outros não conseguem distinguir conteúdos estruturantes dos conteúdos básicos e

dos específicos.

Colocam ainda que as diretrizes curriculares estaduais “construídas pelos

professores” não é de fácil compreensão porque falta clareza, que o professor

precisa fazer mais leituras e estudos e que no momento da construção da proposta

pedagógica curricular precisaram da ajuda do professor pedagogo. Alguns

professores afirmaram que já fizeram cópias da proposta pedagógica curricular e do

plano de trabalho docente de outras escolas e reconhecem que não fizeram uso do

projeto político pedagógico para construção da proposta pedagógica curricular.

Relataram que ainda têm dúvidas sobre a proposta pedagógica curricular no

que se refere aos conteúdos, pois a equipe pedagógica do Núcleo Regional de

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Educação, em análise, às vezes diz que está certo e em outro momento de análise

diz que está incorreto.

Em depoimento de professor pedagogo PSS, explana: “na minha

compreensão parece que tudo se confunde, parece que não sei separar o que é de

quem e o que não é. Me dá um branco geral.” (E2).

Quando trabalhada a pedagogia histórico crítica os participantes admitiram

que não ter conhecimento desta e que usavam o termo sem saber o seu verdadeiro

significado ou processo, usavam em seus planos de trabalhos docentes porque era

citada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica.

Alguns professores colocaram que “pegam o livro didático e através do

índice fazem o seu plano de trabalho docente” (E3); outros fazem cópias de uma

escola e que os professores pedagogos não vistam, apenas arquivam e não fazem

orientação pedagógica. O professor tem a compreensão que o plano de trabalho

docente é um documento a ser entregue ao professor pedagogo e que este vem

orientar o trabalho do professor. Consideram que o projeto político pedagógico e a

proposta pedagógica curricular devem ser instrumentos para o professor elaborar o

seu plano de trabalho docente desde que, se disponibilize tempo para leitura e

estudo desses documentos;

No quinto momento, fez-se pesquisa de campo com depoimentos sobre o

comprometimento e envolvimento dos professores no plano de trabalho docente

onde ficou evidente a necessidade de responsabilidade e comprometimento de

alguns professores, o que acaba comprometendo todo o trabalho da escola.

Durante o período de implementação no colégio, a produção didático

pedagógica no formato de Caderno Pedagógico, passou pela mão de professores

pedagogos da rede estadual através da participação no Grupo de Trabalho em Rede

- GTR, ficando evidenciado a função do professor pedagogo nos depoimentos que

foram dados no desenvolver do curso, dos quais alguns são citados:

- “Concordo plenamente com você, onde você se refere que a função do

professor pedagogo "não ser tarefa fácil", especialmente quando encontramos

muitos professores com dificuldade para entender o PPP e o PDT, muitos de nós

nos a tarefamos com inúmeras situações que foge totalmente do que realmente

deveríamos fazer. Mas é claro para nós pedagogos a nossa missão, não podemos

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deixar "a peteca cair" pois somos realmente o suporte pedagógico do professor.”

(E4).

- “É no PTD que o professor, com ajuda do pedagogo irá retratar a prática

com a teoria, respeitando os conteúdos descritos na PPC, desenvolvendo estes

conteúdos de acordo com a pedagogia histórico crítica, usando de metodologias

diversificadas e desafiadoras para atingir o ensino-aprendizagem, ressaltando os

valores e princípios, atitudes no intuito de atingir os alunos numa totalidade visando

à formação integral para uma vida plena de cidadania.” (E5).

- “Especificamente como Pedagogos, está mais do que na hora de

buscarmos novas posturas diante do coletivo da escola, é preciso mostrar a

competência do Pedagogo em questões relativas ao PPP, PPC e PTD. Somos

avaliados constantemente pelo grupo de docentes.” (E6).

- “Este tema me chamou a atenção, pois ainda estamos um tanto longe da

posição que o pedagogo deve ocupar dentro da escola, pois tem sua função

desviada devido a tantas situações emergenciais no dia a dia da escola. A

articulação entre os documentos que regem a escola, ainda não acontece

efetivamente, nós educadores necessitamos de mais momentos para análises e

debates para que se chegue a um consenso em prol da melhoria da educação.”

(E7).

- “Em relação à articulação entre o PPP, PPC E PTD no papel tudo fica

bonito, mas na prática é que sinto, que nós da educação não estamos dando conta,

por mais que nos esforçamos ainda está faltando algo, que nem os grandes

estudiosos nos passam com clareza. Os textos da semana da capacitação, nos

deixa claro que a escola pública está fragmentada e ainda não temos uma educação

de qualidade. Porém isso tudo não depende só dos professores e sim de todo o

sistema educacional. Principalmente no que diz respeito ao tempo, não temos tempo

para discussão, a hora–atividade não é suficiente e nós pedagogos não temos só

esta função. Todos nós envolvidos com a educação deveríamos nos aprofundar

mais nos conhecimentos científicos para melhor elaborar esta questão tão complexa

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que é a qualidade de ensino e fazer acontecer um verdadeiro ensino-aprendizagem.”

(E8).

4 Conclusão

Ao finalizar esse artigo, pode-se destacar dessa experiência, uma retomada,

um olhar ao projeto político pedagógico, a proposta pedagógica curricular e ao plano

de trabalho decente, os quais fazem parte do trabalho do professor pedagogo e que,

pelo cotidiano de múltiplas funções deixa de ser pensado por esse profissional, tão

necessário, na organização do trabalho pedagógico.

Portanto, o professor pedagogo precisa garantir na escola um espaço

destinado a análise e discussão voltado a organização do trabalho escolar, onde

haja a participação de todos na elaboração, na execução, no aprimoramento e na

avaliação do projeto político pedagógico, da proposta pedagógica curricular e do

plano de trabalho decente.

Da mesma forma, cabe aos Núcleos Regionais de Educação agilidade em

homologação desses documentos, tendo em vista que estes são norteadores da

escola e para assim subsidiar e, ou talvez, garantir maior unidade e qualidade do

processo educacional.

Em sua atuação, professores pedagogos têm como prioridade no cotidiano

de sua função o atendimento a questões disciplinares dos alunos. Muitas vezes,

este, critica a atuação do professor quanto a sua metodologia e a sua disciplina em

sala de aula, sendo que alguns professores pedagogos não possuem conhecimento

aprofundado sobre o projeto político pedagógico e da proposta pedagógica

curricular, talvez por não terem lido as Diretrizes Curriculares da Educação Básica

de todas as disciplinas, resultando num fragmentado processo de ensino e

aprendizagem, pois, o professor pedagogo que não estuda e que não busca

qualificação, não sabe como e de que forma orientar o corpo docente na construção

de seus planos de trabalhos docentes.

É claro que, há pouco tempo, tem-se postas a linha das Diretrizes

Curriculares da Educação Básica para as escolas do estado do Paraná,

consequentemente, é pouco tempo para compreensão desta, sendo que já está

posto pelo Estado a oficialização do Caderno de Expectativa de Aprendizagem

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constituindo em mais um documento a ser estudado, cabendo aos professores

pedagogos maior embasamento teórico para subsidiar o andamento das atividades

escolares, principalmente, de tempo para analisar, implementar e avaliar o projeto

político pedagógico, a proposta pedagógica curricular e o plano de trabalho decente.

O professor pedagogo deve mediar e criar espaço para estudos dentro do dia

a dia escolar e aos gestores escolares na pessoa dos diretores, cabe-lhes

descentralizar as questões pedagógicas acreditando no trabalho de qualidade que o

professor pedagogo é capaz de desenvolver.

No cotidiano escolar, percebe-se a necessidade de comprometimento por

parte de alguns professores com a educação, sendo que o professor precisa sentir-

se corresponsável do processo ensino aprendizagem, fazendo a sua parte,

participando de reuniões, grupos de estudos, cursos e inclusive fazendo estudos

independentes.

Não se pode esquecer que os que professores trabalham em várias escolas

e, consequentemente, acabam não assumindo responsabilidade em nenhuma

escola, falta "muito comprometimento e envolvimento" dos mesmos nas discussões

sobre práticas educativas e os professores pedagogos que estão chegando às

escolas não estão preparados para exercer a função, devido a sua formação

generalista.

Portanto, percebe-se que falta maior investimento por parte do sistema em

capacitação (com qualidade) de todos os profissionais das escolas e que, este,

deveria ter um novo olhar para as questões pedagógicas.

Com relação a participação de professores pedagogos da rede estadual

através do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, ficou clara a preocupação e o

anseio em compreender e saber como se dá a articulação entre o projeto político

pedagógico e a proposta pedagógica curricular no plano de trabalho docente.

Entretanto, no desenvolver do projeto: Projeto político pedagógico, proposta

pedagógica curricular e plano de trabalho docente: Uma proposta de ação

pedagógica, conclui-se que a articulação entre o projeto político pedagógico e a

proposta pedagógica curricular no plano de trabalho docente, só poderá acontecer

se o professor e o professor pedagogo forem comprometidos com o processo ensino

e aprendizagem, pois, para fazer essa articulação esses profissionais precisam ter

conhecimento do todo e, para isso, requer dedicação e muito estudo.

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Então, pode-se afirmar que a articulação entre esses documentos existe?

Acredita-se que não, mas o que pode ser feito para que a articulação entre o projeto

político pedagógico e a proposta pedagógica curricular possam estar explícitos no

plano de trabalho docente é através de disponibilidade de tempo para estudos do

projeto político pedagógico e da proposta pedagógica curricular, para posterior

adequação no plano de trabalho decente. Há necessidade de interação entre

direção, professores pedagogos e professores para reorganização da prática

pedagógica, sendo que esse um tema, não finaliza aqui, ele deve continuar sendo

objeto de estudo de professores e pesquisadores de todas as esferas seja ela

federal, estadual ou municipal, pois as políticas educacionais mudam

constantemente e refletem no contexto escolar.

Portanto, os “professores pedagogos” necessitam buscar sempre novos

conhecimentos, pois acredita-se nesse profissional que tem muito a contribuir com o

processo educacional tendo em vista, a construção de um mundo mais humanizado.

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