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CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA EM POLÍTICAS DE ESPORTE E DE LAZER DA REDE CEDES DO RIO GRANDE DO SUL Núcleo: UNISINOS As experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS Prof. Dr. Ednaldo Pereira Filho Ac. Claiton Nunes Ac. Khrysalis Castro 1. JUSTIFICATIVA O Estado brasileiro tem o compromisso de desenvolver as políticas públicas sob a premissa maior de colaborar com o desenvolvimento nacional e humano, por sua vez, o Ministério do Esporte para garantir a consonância de governo assumiu, outrora, a missão de formular e implementar políticas públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos. No entanto, mais do que nunca, faz-se necessário assegurar e facilitar – a todos - os acessos, as aprendizagens e as práticas esportivas 1 e de lazer, como parte precípua desta responsabilidade de Estado e como forma de minimizar o quadro de injustiças, exclusão e vulnerablidade social que aflige a maioria da população brasileira. A UNESCO também reconhece a importância do Esporte no desenvolvimento dos povos na certeza de que o Esporte e a Educação Física podem contribuir, satisfatoriamente, nas problemáticas de saúde e de bem-estar, na diminuição de desigualdades, no resgate de valores e de princípios, entre outras questões. A Declaração da IV Conferência Internacional 2 apresenta questões prioritárias e 1 A acepção Esportivas é concebida – de maneira ampliada - neste projeto como todas as culturais corporais de movimento (jogos; lutas; ginásticas; danças e os esportes, propriamente ditos). 2 Declaração da IV Conferência Internacional de Ministros, Altos Funcionários e Responsáveis pela Educação Física e Esporte, UNESCO, em Atenas, 2004.

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  • CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA EM POLÍTICAS DE

    ESPORTE E DE LAZER DA REDE CEDES DO RIO GRANDE DO SUL Núcleo: UNISINOS

    As experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS

    Prof. Dr. Ednaldo Pereira Filho

    Ac. Claiton Nunes

    Ac. Khrysalis Castro

    1. JUSTIFICATIVA

    O Estado brasileiro tem o compromisso de desenvolver as políticas públicas sob

    a premissa maior de colaborar com o desenvolvimento nacional e humano, por sua vez,

    o Ministério do Esporte para garantir a consonância de governo assumiu, outrora, a

    missão de formular e implementar políticas públicas inclusivas e de afirmação do

    esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos. No entanto, mais do que nunca,

    faz-se necessário assegurar e facilitar – a todos - os acessos, as aprendizagens e as

    práticas esportivas1 e de lazer, como parte precípua desta responsabilidade de Estado e

    como forma de minimizar o quadro de injustiças, exclusão e vulnerablidade social que

    aflige a maioria da população brasileira.

    A UNESCO também reconhece a importância do Esporte no desenvolvimento

    dos povos na certeza de que o Esporte e a Educação Física podem contribuir,

    satisfatoriamente, nas problemáticas de saúde e de bem-estar, na diminuição de

    desigualdades, no resgate de valores e de princípios, entre outras questões. A

    Declaração da IV Conferência Internacional2 apresenta questões prioritárias e

    1 A acepção Esportivas é concebida – de maneira ampliada - neste projeto como todas as culturais corporais de movimento (jogos; lutas; ginásticas; danças e os esportes, propriamente ditos). 2 Declaração da IV Conferência Internacional de Ministros, Altos Funcionários e Responsáveis pela Educação Física e Esporte, UNESCO, em Atenas, 2004.

  • recomenda aos governos que sejam essas implementadas em seus países políticas de

    práticas esportivas para emular o desenvolvimento social.

    Mas, o Brasil ainda está longe de assegurar o direito constitucional de acesso de

    todos às práticas esportivas e de lazer. Por isso, torna-se imprescindível a indicação de

    parâmetros para que a democratização do esporte e do lazer possa ser usufruída por todo

    o conjunto da população Brasileira.

    Segundo dados do Censo de Esporte (IBGE, 2003), as escolas públicas estaduais

    que possuíam instalações esportivas correspondiam praticamente à metade de todo o seu

    contingente de escolas brasileiras públicas estaduais. Realidade esta superada nas

    Regiões Sul (67,0%) e Sudeste (64,9%); idêntico na Região Centro-Oeste (58,1%); e

    que piorava, significativamente, nas Regiões Nordeste (31,6%) e Norte (29,1%). Ainda

    que se encontrasse em situação bem superior à apresentada pelas escolas públicas

    municipais com instalações esportivas (12,0%), ainda assim é reconhecido,

    notoriamente, que pode ser considerado elevado o número de escolas públicas estaduais

    que não possuíam instalações esportivas. Considerando-se que a escola é uma das mais

    importantes instituições de socialização das crianças, com os esportes coletivos

    exercendo um papel de suma importância nesse processo; que se constitui no imaginário

    social como o embrião básico e fundamental para a iniciação esportiva; e que a prática

    orientada de esportes na escola contribui, sobremaneira, na formação de crianças

    cidadãs, os indicadores - anteriormente apresentados, recomendam a necessidade de

    políticas públicas mais incisivas na área.

    Segundo informações documentais do Ministério do Esporte, a participação

    esportiva estudantil esteve, historicamente, restrita aos jogos escolares e universitários –

    JEBs (Jogos Escolares Brasileiros) e JUBs (Jogos Universitários Brasileiros),

    respectivamente, apesar dos esforços de reestruturação, em meados dos anos 80, que

    visava ampliar a participação tendo a competição sob uma nova ótica3. Nos anos

    subseqüentes se observou um declínio tanto dos preceitos democráticos da organização,

    quanto da participação estudantil nos jogos. Nas décadas de 80 e 90 e, principalmente, a

    partir de 1995, quando foram criados os Jogos da Juventude, a participação estudantil

    3 Esporte na Escola: os XVII Jogos Escolares Brasileiros como marco reflexivo, 1989.

  • situou-se na faixa média de 2.000 a 2.500 alunos4 por evento, para uma população

    estudantil que oscilou entre 30 e 40 milhões de estudantes no ensino básico5.

    Diante deste quadro problemático, a Política Nacional de Esporte (2005) deixa

    explícita a intenção de inserir programas e ações que valorizem o esporte nas escolas

    públicas de ensino fundamental e se cria uma grande rede de cooperação com entidades

    esportivas e diversos Ministérios para democratizar e popularizar a prática esportiva na

    comunidade e com isso intensificando a participação do Estado no investimento do

    chamado esporte de base, criando a formação esportiva e paraesportiva, oportunizando

    crianças e adolescentes a vivenciarem o esporte orientado, geralmente, pelo referencial

    do alto rendimento.

    Com este intuito agregado surgem diversas iniciativas protagonizadas,

    principalmente, pelos Ministérios do Esporte, da Educação e da Cultura para

    democratizar o esporte no âmbito da escola e que se expressam nos Programas:

    Segundo Tempo, Mais Educação, Atleta na Escola, Ponto de Cultura e outros.

    A questão que suscitamos nesta pesquisa é: Quais as experiências sociais de

    acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS?

    Sob a concepção teórica das “experiências sociais” de Dubet (1996)6

    pretendemos estudar o acesso, a aprendizagem e a prática esportiva de jovens na

    cidade de São Leopoldo como experiências sob as quais os sujeitos humanos podem

    chegar a uma atitude positiva para com eles mesmos ao ponto de se identificarem com

    seus objetivos e desejos, ou não. Esta investigação pretende se debruçar nas

    representações sociais de jovens estudantes que usufruem ou não da prática esportiva a

    fim de entender como esta combinatória de lógicas de ação que vinculam o ator social a

    cada uma das dimensões de um sistema7 - chamada por Dubet de “experiência social” –

    e se reflete no campo do esporte e lazer. Sendo assim, a “experiência social” é

    concebida como maneira de perceber o mundo, ou seja, é “uma construção inacabada de

    sentido”, que permite “se construir” através do conflito e do engajamento na ação

    coletiva, e de “construir o mundo social” através de uma combinação de lógicas

    diferentes. Para Dubet, o mundo social é um patchwork e existe uma multiplicidade de

    4 Arquivos do Ministério do Esporte, 2004. 5 Censo Escolar -MEC/INEP, 2004. 6 DUBET, Francois. Sociologia da experiência. Porto Alegre: Instituto Piaget, 1996.

    7 Para Dubet (1996), sistemas: Social; de Integração; de Interdependência; de Ação Histórica.

  • abordagens e de tentativas de interpretações, onde o ator social articula estas lógicas de

    ações diferentes e a dinâmica que resulta desta atividade constitui a subjetividade do

    ator e sua reflexividade. Isso é o que também chamamos de exercício da cidadania no

    âmbito do esporte e lazer e em prol do desenvolvimento nacional e humano.

    Para este propósito da pesquisa contamos com a colaboração e parceria da 2ª

    CRE (Coordenadoria Regional de Educação), que desde 2012, e em conjunto ao Curso

    de Educação Física da UNISINOS desenvolvemos o Programa de Formação e

    Pesquisa na Educação Física8, constituído por três projetos: a) Consórcio de Convênios

    de Estágios Supervisionados na Educação Física Escolar; b) Forum Permanente de

    Educação Física; c) Observatório de Educação Física Escolar.

    Além desta inserção contamos – também, desde 2012 – com o Programa

    Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), onde desenvolvemos com 8

    escolas públicas estaduais e municipais das cidades de São Leopoldo/RS e Novo

    Hamburgo/RS uma atividade intensa e engajada de formação inicial e continuada de

    professores(as). Com isso fica facilitada toda intermediação necessária de comunicação

    direta com as escolas públicas estaduais da cidade de São Leopoldo, bem como pela

    carta de anuência (anexo 1) para formalizar todo o processo de investigação de campo.

    Outrossim, contamos com a cooperação do Polo Regional de Desenvolvimento

    do Esporte e Lazer da UNISINOS que foi uma iniciativa da FUNDERGS (Fundação

    de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul) vinculada à extinta Secretaria Estadual do

    Esporte e do Lazer para atender a demanda de articulação regional, contando com

    infraestrutura e recursos humanos capacitados e qualificados para diagnosticar, analisar,

    pesquisa e orientar ações na área do esporte e do lazer, celebrando parcerias com

    instituições públicas e privadas e identificando vocações esportivas regionais. Mesmo

    que atualmente estes Polos estejam “desativados” por força e circunstâncias da atual

    gestão pública do Estado do Rio Grande do Sul, mas a infraestrutura do Centro de

    Esporte e Lazer da UNISINOS continua sendo disponibilizada à comunidade em geral

    para a prática esportiva. Em especial, destacamos as realizações de algumas etapas

    municipais e ou regionais dos JERGS (Jogos Escolares do Rio Grande do Sul), portanto

    8 PEREIRA FILHO, Ednaldo. Política de formação continuada, compartilhada e em rede na educação física escolar. Anais do XVIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e V Congresso Internacional de Ciências do Esporte. 2013.

  • é um local estratégico para investigar os acessos, as aprendizagens e as praticas

    esportivas de jovens da cidade de São Leopoldo.

    Observemos abaixo a composição e abrangências das Regiões dos Polos de

    Desenvolvimento de Esporte e Lazer no Estado do Rio Grande do Sul.

    Figura 1 – Mapa dos Polos de Desenvolvimento de Esporte e Lazer no Estado do Rio Grande do Sul, com sua composição no ano de 2013 (Fonte: FUNDERGS, 2013).

    Por fim destacados a parceria com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de

    São Leopoldo (SMEL) que nos facilitará o acesso aos arredores do Largo Rui Porto. O

    Largo Rui Porto é uma área pública destinada a eventos culturais e esportivos, além de

    oferecer atividades e espaço de lazer. Conta com quadras de futsal, o Ginásio Municipal

    Celso Morbach, uma pista de skate, uma academia ao ar livre e um galpão crioulo. Sem dúvida, lugar privilegiado para o trânsito e permanência de alguns jovens da cidade.

    O estudo se faz relevante, cientificamente, pois permitirá a investigação de

    alguns impactos das políticas públicas de esporte e lazer através do contato direto com

    atores sociais que demandam ao Estado o fomento destas políticas, portanto representa

    uma grande possibilidade de diálogo entre Ciência e Política.

    Outro aspecto relevante é o desenho metodológico que compatibiliza

    ferramentas procedimentais e de analise de resultados das pesquisas qualitativas, com as

    quantitativas permitindo um enriquecimento na geração de informações, bem como no

    tratamento das mesmas. Um bom exercício de trânsito entre as fronteiras

  • epistemológicas do conhecimento, o que reforçará as experiências das pesquisas quanti-

    qualitativas, agora no âmbito do esporte e lazer.

    2. OBJETIVOS

    2.1 Geral

    Identificar, analisar, descrever e interpretar as experiências sociais de acessos,

    aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS.

    2.2 Específicos

    I - Identificar, caracterizar e descrever o perfil dos jovens vinculados às escolas públicas

    estaduais que praticam, ou não, modalidades esportivas em São Leopoldo/RS;

    II – Identificar e caracterizar os principais espaços públicos que sediam e oportunizam

    as práticas esportivas em São Leopoldo/RS;

    III – Descrever as representações sociais de jovens de suas experiências sociais de

    acesso, aprendizagem e prática esportiva em São Leopoldo/RS.

    3. FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

    3.1 EXPERIÊNCIA SOCIAL

    A cultura esportiva historicamente vem sendo relacionada à juventude e se

    constitui para Bourdieu (1983) num dos “objetos da luta política”9, portanto este

    trabalho visa descrever algumas características da experiência social10 de jovens com ou

    sem acesso às práticas esportivas – neste sentido - o campo11 de investigação

    privilegiado será as escolas e os espaços públicos de esporte e lazer da cidade de São

    Leopoldo/RS.

    O conceito de experiência social foi trabalhado, recentemente, em Diehl et al

    (2014) quando estabelecem uma discussão epistemológica e abordam “...como os

    docentes constroem e dão sentido às suas experiências...” (p.2). Os autores entendem

    que “...os conhecimentos desenvolvidos pelo professor de Educação Física no trabalho

    9 In: BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero. p. 136-153. 10 Numa perspectiva dubetiana a experiência social como “condutas individuais e coletivas dominadas pela heterogeneidade dos seus princípios constitutivos, e pela atividade dos indivíduos que devem construir o sentido das suas práticas no próprio seio desta heterogeineidade” (Dubet, 1994, p. 15) 11 Numa perspectiva bourdieussiana de campo como um espaço de relações entre grupos com distintos posicionamentos sociais, espaço de disputa e jogo de poder.

  • docente foi o que ele aprendeu, por meio da reflexão, tanto na formação inicial e

    continuada, quanto, no período de escolarização e exercício da docência”. (p.10).

    Vale destacar que Dubet (1994) chama atenção para o fato de que a experiência

    social está sempre mergulhada num contexto cotidiano de diferentes condutas e

    compreensões que disputam predominâncias entre si, mas desafia, invariavelmente, o

    sujeito a tomar consciência do que vive e se posicionar diante dos fatos. Quando ele faz

    isso, ao mesmo tempo incorpora (ou não) o mundo e, de sua maneira, o reconstrói. A

    experiência social apresenta três características: a) a heterogeneidade de princípios -

    onde os atores sociais adotam, simultaneamente, vários pontos de vistas diante dos

    papéis sociais que enquadram os indivíduos; b) a distância subjetiva – é a percepção e

    subjetivação dos atores sociais da distância que têm em relação ao seu papel social,

    desta forma, são singulares muito mais pela distância do que deveriam ser, do que pela

    total adesão de um papel, rótulo, estigma ou função social; c) a construção coletiva da

    experiência – a concepção de mundo social só existe na medida em que é concebida,

    reconhecida e compartilhada pelos outros, pois os indivíduos só existem em relação aos

    outros.

    Dubet (1996), quando analisa a ideia clássica de sociedade vai distinguir entre os

    critérios que a define, o de ator social, que segundo ele é caracterizado pela

    subjetividade do sistema, ou seja, são os sentimentos, opiniões e hábitos do indivíduo

    integrado no sistema social e isso vai delinear os chamados papéis sociais – enquanto

    condutas sociais objetivamente racionais – que os atores devem desempenhar. É a

    lógica de que o ator é o sistema, e para justificar esta compreensão, o autor salienta de

    que não existe, grosso modo, diferença entre objetividade e subjetividade, portanto o

    ator social é configurado pelo seu papel e a sociedade é onde os indivíduos apreendem

    estes papéis. Os atores sociais são verdadeiros personagens.

    Por outro lado, reconsidera esta afirmação - quando delineando entre os

    elementos constitutivos da crise da modernidade e, especificamente, tratando sobre as

    organizações enquanto sistemas racionais - e percebe o contrário, ou seja, a vida social

    não pode ser associada a uma peça teatral, onde os indivíduos decoram e desempenham

    seus papéis, mas muito mais – eles criam a peça. Esta última compreensão - quando nos

    dá margem para conceber que apesar da existência de regras racionais na sociedade

    existem brechas, ou melhor, são criadas brechas para que as pessoas inventem seus

    contextos sociais – evidencia a desconstrução da noção de ator social, juntamente, com

  • a de sociedade, Estado e organização para dar lugar ao conceito de sujeito caracterizado

    fortemente pela sua experiência de vida.

    A concepção dubetiana de experiência social com suas principais características

    (descritas acima) é aqui neste trabalho usada como categoria analítica para estabelecer

    algumas aproximações com os acessos, as aprendizagens e as práticas esportivas de

    jovens na cidade de São Leopoldo/RS.

    3.2 JUVENTUDES

    A abordagem sobre juventude é por demais porosa e objeto de estudo, há um

    bom tempo, da sociologia da juventude e de diversas outras áreas de conhecimentos,

    portanto nosso objetivo aqui é situar o tema da juventude no contexto das políticas

    públicas e a noção de por que é estratégico para o desenvolvimento humano as políticas

    públicas de juventude, e entre elas o papel que o esporte exerce.

    Rocha (2008) em sua tese de doutorado apresenta um belo resgate conceitual e

    histórico sobre os “caminhos e descaminhos da juventude” na qual destacamos algumas

    compreensões importantes para introduzir esta secção do projeto de pesquisa. Primeiro

    que o conceito de juventude vem recebendo, ao longo do tempo, traduções diferentes de

    acordo com as ideologias correlatas aos diversos matizes de formações socioculturais.

    Em seguida, apresenta “trechos das histórias de juventudes”, desde a idade antiga até a

    contemporaneidade, para melhor elucidar a forte interferência do contexto histórico-

    social nas compreensões valorativas da humanidade. Isto reforça o que já dissera

    Bourdieu (1983) de que o conceito tem relação direta com o contexto social. E por fim,

    propõe à luz de Dick (2003) e de outros que a melhor designação para juventude seria

    Juventudes.

    Lembra Bourdieu (1983) que seria um erro falar de juventude como se fosse

    uma unidade social, um grupo compacto constituído, irmanados pelos mesmos

    interesses, como se estes, fossem decorrentes apenas de uma determinada faixa etária.

    Portanto, não existe uma juventude e sim, uma multiplicidade delas, tanto quanto as

    “tribos” existentes.

    Nesta mesma linha de raciocínio, porém agora buscando filtrar algumas

    compreensões que possam nos aproximar mais do contexto da formulação de políticas

    públicas voltadas à juventude recorremos a Reguillo (2000) e Mørch (1996) citados por

    Dávila León (2004, tradução nossa) que dizem ser a concepção de juventude uma

  • “invenção” do pós-guerra que diante de uma nova ordem internacional movida pelo

    modo de produção industrial e com previsões ao consumo em escala passa a

    desencadear novos padrões de vida, onde crianças e jovens são concebidos como

    sujeitos de direitos e, especialmente, os jovens como sujeitos promissores ao consumo.

    Assim, a emergência do capitalismo da época outorgou um espaço simbólico chamado

    “juventude”.

    Abad (2003) corrobora com esta ideia e diz que a valorização da juventude

    guarda relação direta com o processo de ascensão da burguesia e da revolução

    industrial, uma vez que, a permuta de uma sociedade rural para urbana e agrária para

    industrial demandaria mão de obra qualificada oriunda da escolarização da adolescência

    e da juventude voltada ao trabalho. Isso resulta na presença do Estado através de

    legislações, instituições e políticas que criam e regulam uma identidade de juventude

    como uma fase intermediária e direcionada à adultez, contrapondo-se ao entendimento

    de conquista evolutiva do iluminismo e sendo, muito mais, uma necessidade do modo

    de produção capitalista.

    Enquanto uma categoria etária, a juventude é, comumente, compreendida dos 15

    aos 29 anos de idade12, mesmo que, para efeito de algumas formulações de Políticas

    Públicas setoriais, os países iberoamericanos13 façam oscilar esta faixa etária entre 12 a

    35 anos, não obstante, que a UNESCO use o ciclo etário de 15 a 24 anos. É notório que

    a categoria etária não é suficiente para analisar o que se denomina juventude, ela apenas

    demarca algumas possíveis referências iniciais e básicas, mesmo que saibamos não

    recomendável tratarmos como homogêneos os indivíduos que se encontrem numa

    mesma idade.

    Como já vimos, anteriormente, o conceito de juventude tem adquirido muitos

    significados, serve para atribuir um estado de ânimo, qualificar novidade e atualidade. A

    noção mais geral e usual para o termo juventude é relativa ao período de vida entre a

    infância e a adultez, aquele que se caracteriza pela consolidação do desenvolvimento

    12 Para esta nossa pesquisa esta é a referência de faixa etária que utilizaremos, pois corresponde ao marco legal do Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013). 13 Segundo a Comisión Econômica para América Latina y el Caribe - CEPAL e Organización Iberoamericana de Juventud – OIJ (2004 apud DÁVILA LEÓN, 2004, tradução nossa), em El Salvador de 7 a 18 anos; na Colombia de 12 a 26 anos; na Costa Rica de 12 a 35 anos; no México de 12 a 29 anos; na Argentina de 14 a 30 anos; na Bolívia, Equador, Peru e República Dominicana de 15 a 24 anos; na Guatemala e Portugal de 15 a 25 anos; no Chile, Cuba, Espanha, Panamá e Paraguai de 15 a 29 anos; na Nicaragua de 18 a 30 anos; em Honduras todos os menores de 25 anos e no Brasil de 15 a 24 anos (CAMARANO et al, 2004; INSTITUTO CIDADANIA, 2004 apud DÁVILA LEÓN, 2004, tradução nossa).

  • físico e, no qual, ocorre uma série de transformações psicológicas e sociais. Segundo

    ponderações estabelecidas por Dávila León (2004, tradução nossa), a juventude não é

    um “dom” que se perde com o tempo e sim, uma condição social que se manifesta de

    diferentes formas correspondentes às características sócio-culturais de cada indivíduo

    em seu tempo histórico. Assim, não se pode estabelecer com tamanho rigor o critério da

    idade universal como o único válido para cercar o conceito de juventude.

    É importante reconhecer a heterogeneidade do juvenil a partir das diversas

    realidades cotidianas em que se desenvolvem as distintas juventudes. Desta forma, é

    possível assumir que no período juvenil tem plena vigência todas as necessidades

    humanas básicas e outras específicas, isto supõe a possibilidade de observar a juventude

    como uma etapa da vida que tem suas próprias oportunidades e limitações as

    entendendo não somente como um período de moratória e preparação para a vida adulta.

    Feitas estas considerações, podemos assinalar que para descrever o perfil dos

    jovens que praticam, ou não, atividades esportivas é importante perceber que esse

    processo se associa aos condicionantes individuais, familiares, sociais, culturais e se

    distingue, simultaneamente, em diferentes níveis - pessoal, geracional, e social.

    Dávila León (2004, tradução nossa), a partir de seus estudos, comenta que pelos

    idos dos anos 70 do século passado, o Instituto Latinoamericano de Planejamento

    Econômico e Social (ILPES), ressaltava a necessidade de recorrer aos conhecimentos de

    distintas disciplinas envolvidas nas abordagens do fenômeno juvenil e, para tal,

    apresentava uma síntese de seis enfoques disciplinares na perspectiva de melhor orientar

    o planejamento das políticas públicas do setor.

    E, neste intento, organizaram os seguintes enfoques sobre juventude:

    a) enfoque psicobiológico – caracterizando a juventude como um período vital,

    centrado nas trocas psicológicas e biológicas maturacionais do indivíduo;

    b) enfoque antropológico-cultural – relevava a influência do contexto sócio-

    cultural sobre os jovens;

    c) enfoque psicossocial – abordava o quanto as motivações e atitudes

    delineavam a personalidade juvenil;

    d) enfoque demográfico – considerava a juventude como uma faixa etária da

    população sob a qual deveriam ser feitos estudos sobre sua estrutura e

    dinâmica das taxas vitais;

    e) enfoque sociológico – outorgava especial atenção para o processo de

    incorporação do jovem à vida adulta;

  • f) enfoque político-social – cuidava com as formas de organização e ação dos

    movimentos juvenis e sua influencia na dinâmica social.

    Os processos de transição da etapa juvenil para a vida adulta estão sendo

    debatidos entre os investigadores da temática juventude e si tornaram relevante nessas

    discussões duas noções conceituais, quais sejam:

    a) as “novas condições juvenis” – onde se questiona a organização linear da

    vida em três momentos vitais (formação, atividade e júbilo) e se passa a

    conceber um conjunto de trocas ao nível das vivencias e relacionamentos dos

    jovens num novo cenário social que traz consigo certos elementos que

    diferenciam as situações sociais dos jovens. A condição juvenil como

    categoria sociológica e antropológica nos remete às analises territorial e

    temporal concretas, priorizando o como os jovens vivem e experimentam sua

    condição jovem, num espaço e tempo determinado;

    b) as “trajetórias de vida” – parte do pressuposto de que a juventude é uma etapa

    de transição, porém valoriza as trocas experimentadas, neste período, ao nível

    de configuração e percepção da própria individualidade e subjetividade do

    jovem que constituirão seus itinerários de vida e que, por sua vez,

    representarão pluralidades juvenis. Irão sendo configurados projetos de vida

    diferenciados entre os jovens na direção de sua vida adulta, de modo que, a

    concepção de transição enfatize a aquisição de capacidades e direitos

    associados à idade adulta e que o desenvolvimento pessoal e a

    individualização, sejam vistos, como processos que se apóiam na

    socialização, uma vez que, se aprende e interioriza determinadas normas

    culturais. Todavia não se deve perder de vista que a individualização parte do

    pressuposto que o jovem tem que construir sua biografia, sem ter que se

    apoiar em contextos pretensamente estáveis.

    Lembrando que o nosso propósito aqui é associar juventude à noção de por que é

    estratégico para o desenvolvimento humano as políticas públicas de juventude

    passamos, a seguir, a comentar o Informe sobre o Desenvolvimento Humano para o

    Mercosul, intitulado “Inovar para incluir: jovens e desenvolvimento humano”

    (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD,

    2009), onde é assumido o conceito de “geração da tecno-sociabilidade” para os jovens

    de 15 a 20 anos de idade, nos seus distintos contextos sócio-históricos.

  • O PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, desde 1990,

    lança este informe a fim de reafirmar valores fundamentais assumidos, em nível

    mundial, para o desenvolvimento humano e nesta oportunidade reconhece que durante a

    juventude começa um processo contínuo e permanente de decisões de emancipação que

    influenciarão, de maneira específica, o futuro econômico e social de toda a sociedade.

    Desta forma, as políticas públicas de juventude são vistas como de suma importância

    para a obtenção da equidade e do desenvolvimento humano, pois é um pensar sobre um

    futuro que desejamos ainda no presente, a partir destes atores fundamentais que são os

    jovens.

    O conceito de geração da tecno-sociabilidade vem da compreensão de que o

    mundo jovem é caracterizado por um estilo de vida marcado por alternativas culturais e

    estéticas onde, freqüentemente, os hábitos e costumes são mudados e novas propostas

    surgem fazendo com que outras competências e habilidades para lidar com os

    conhecimentos sejam engendradas no jeito de ser dos jovens. Associado a isso, é

    reconhecida a facilidade dos jovens em lidarem com as inovações tecnológicas e

    expandirem suas possibilidades de inserção numa sociedade que demanda maior

    afinidade com mudanças globais. Um exemplo muito elucidado é a conectividade

    virtual, aonde num contexto de urbanização acelerada esta ferramenta vem se tornando

    básica. Em complementação característica deste universo heterogêneo e complexo das

    mega-metrópoles aparecem mencionadas como suas principais barreiras os problemas

    de exclusão, desfiliação institucional, discriminação e violência. Que podem ser

    melhores especificados e identificados nos elevados índices de mortalidade juvenil por

    causas externas, de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS, de gravidez na

    adolescência; bem como a exposição ao uso e ao comércio de drogas; a exploração

    sexual; ainda elevado número de jovens fora das escolas e fora das universidades;

    analfabetismo; desemprego, entre outros emergentes.

    O direito pleno e acesso real à educação é unanimidade em todos os setores e

    países do Mercosul, onde a educação superior já se constituiu aspiração básica e o

    pressuposto de que o fomento é obrigação do Estado. Não obstante, nas duas últimas

    décadas com o discurso sintonizado na teoria do capital humano14 de que a educação

    seria a solução dos problemas e o único caminho de mobilidade social se observou

    verdadeira massificação dos diferentes níveis de ensino, sem que a mesma resposta

    14 Tem relação com a criação da disciplina Economia da Educação, em torno de 1950, onde Theodore

    Schultz da Universidade de Chicago é considerado seu principal formulador.

  • fosse verificada no âmbito do mundo do trabalho. Se na educação se garantiu direitos,

    no trabalho a vulnerabilidade e a ausência de cidadania decorreram da flexibilização e

    perda de direitos trabalhistas.

    Assim, percebe-se que educação sem trabalho não combinam, portanto é primaz

    a elaboração de políticas públicas integradas que influam tanto em dimensões

    estruturais quanto conjunturais. Outrossim, percebe-se que a situação é mais grave ainda

    para aqueles que não acessam a educação, pois se “com ela” já não se tem garantia de

    entrada no mundo do trabalho “sem ela” a situação é típica de exclusão social. Desta

    forma, a garantia do acesso e a melhoria da qualidade da educação permanecem como

    prioridades e desafios do Estado e agora - mais do que nunca - de maneira fundamental,

    aparece a educação superior.

    No Brasil, é importante este reconhecimento da posição estratégica que os

    jovens têm na “sociedade de amanhã que já começou” para o pleno desenvolvimento do

    país, sendo assim, devem ser reconhecidas também as importâncias que suas

    organizações políticas, estudantis, culturais, religiosas ou esportivas têm como

    engendradoras de direitos sociais.

    São nas relações sociais que as pessoas estabelecem, correlativamente, direitos e

    deveres. Sendo assim, para os jovens é estratégico que eles estabeleçam integrações

    sociais e decidam com altivez sobre as coisas que afetam suas vidas, portanto ao invés

    de “políticas para juventude” precisam de “políticas de juventude”, ou seja, aquelas

    concebidas e elaboradas com a participação dos jovens. É o que fartamente vem sendo

    propalado nos documentos das Nações Unidas como “autonomização da juventude” que

    se caracterizaria por:

    a) participação direta ou indireta dos jovens e suas organizações nas decisões;

    b) acesso à informação relevante para poder acompanhar e fiscalizar as ações

    governamentais;

    c) aumento da capacidade dos jovens e de suas organizações defenderem seus

    interesses, desejos e demandas a fim de evitarem exclusões, discriminações e

    a pobreza, em qualquer de suas manifestações.

    Todos estes pressupostos visam evitar que as políticas continuem meramente

    paliativas e o Brasil alcance efetivamente as transformações que a sociedade exige. No

    Brasil os nove principais desafios da Política Nacional da Juventude (BRASIL, 2006)

    são:

  • a) ampliar o acesso ao ensino e a permanência em escolas de qualidade;

    b) erradicar o analfabetismo;

    c) preparar para o mundo do trabalho;

    d) gerar trabalho e renda;

    e) promover uma vida saudável;

    f) democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, à cultura e à tecnologia da

    informação;

    g) promover os direitos humanos e as políticas afirmativas;

    h) estimular a cidadania e a participação social;

    i) melhorar a qualidade de vida dos jovens no meio rural e nas comunidades

    tradicionais.

    E para a implementação destes, o Governo Federal elaborou 19 programas

    distribuídos em seis eixos temáticos:

    1) elevação de escolaridade, capacitação profissional e cidadania,

    2) qualificação e formação profissional,

    3) educação,

    4) financiamento e crédito rural,

    5) cultura, esporte e lazer,

    6) meio ambiente.

    Diante deste quadro, julgamos importante considerar o eixo 5 como central para

    destacar a relevância desta nossa proposta de pesquisa, uma vez que se enquadra, tanto

    como uma ação prevista na Política Nacional de Esporte, quanto também, na Política

    Nacional da Juventude.

    As pesquisas de perfil tem sido uma grande ferramenta para a elaboração de

    políticas públicas, neste tocante, descrevemos, a seguir, uma pesquisa desenvolvida

    sobre o perfil da juventude brasileira e a correlacionamos com este nosso projeto de

    pesquisa para estabelecer algumas aproximações e distanciamentos conceituais e

    metodológicos de como propomos traçar o perfil dos jovens vinculados às escolas

    públicas estaduais que praticam, ou não, modalidades esportivas em São Leopoldo/RS.

  • Em 2003, por iniciativa do Projeto Juventude/Instituto Cidadania, com a parceria

    do Instituto de Hospitalidade e do Sebrae foi traçado o perfil da juventude brasileira.

    Esta pesquisa (INSTITUTO CIDADANIA, 2003) foi considerada pela Secretaria Geral

    da República – instância que acolhe a Secretaria Nacional da Juventude - como um

    valioso substrato de informações que representa, potencialmente, subsídio para qualquer

    iniciativa de impacto, no âmbito das políticas públicas e dos projetos voltados ao

    segmento jovem da população brasileira, a ser concebida e planejada por agentes da

    iniciativa privada, dos órgãos vinculados aos poderes públicos e, igualmente, do

    chamado terceiro setor. Tratou-se de um estudo quantitativo, realizado em áreas urbanas

    e rurais de todo o território nacional, junto a jovens de 15 a 24 anos, de ambos os sexos

    e de todos os segmentos sociais, perfazendo um total de 3.501 entrevistas, distribuídas

    em 198 municípios, estratificadas por localização geográfica (capital e interior, áreas

    urbanas e rurais), contemplando 25 estados da União.

    Dentre as diversas informações contidas nesta pesquisa que pudessem traduzir o

    que é ser jovem no Brasil - destaco para efeito de melhor associar com nosso recorte de

    investigação - que entre as melhores coisas de ser jovem aparecem:

    a) não ter preocupação ou responsabilidade (45%);

    b) aproveitar a vida e viver com alegria (40%);

    c) atividades de lazer e entretenimento (26%);

    d) estudar e adquirir conhecimento (26%).

    E quando lhes são perguntados: quais os assuntos que mais lhes interessam? São

    expressos:

    a) educação (38%);

    b) emprego profissional (37%);

    c) cultura e lazer (27%).

    São recorrentes, portanto a aparição da educação e do lazer ou algumas de suas

    dimensões características como elementos tradutores do perfil de ser jovem.

    Outro aspecto importante é que pesquisas como essa do Perfil da Juventude

    Brasileira cumprem um papel fundamental em macro análise sociológica da sociedade,

    servindo de excelente instrumento para aferir tendências e subsidiando com dados na

    elaboração de posteriores estratégias e/ou planos de trabalho voltados a determinado

    grupo populacional. No entanto, é importante perceber alguns limites deste tipo de

  • investigação em relação a determinados objetos sociológicos. Taylor (1997) alerta que

    pesquisas do tipo survey quando tentam investigar o perfil da juventude brasileira e para

    isso perguntam ao indivíduo: “Quem é o jovem brasileiro?”, desconsiderando as auto-

    interpretações e relações sociais do depoente.

    Desta forma, optaremos na nossa investigação pelo instrumental metodológico de

    característica quanti-qualitativa de estudo de caso para priorizar tanto macro quanto micro

    análises sociológicas e preocupados em entender conceitualmente alguns elementos do

    perfil dos jovens recorreremos ao Simmel (1983, p. 166) que faz referência sobre as pessoas

    que agem e reagem entre si e “[...] a importância destas interações está no fato de obrigar os

    indivíduos, que possuem aqueles instintos, interesses, etc. a formarem uma unidade –

    precisamente uma ‘sociedade’ [...] tudo que está presente neles de maneira a engendrar ou

    mediar influências sobre outros...”. E neste sentido, o autor alerta que - não são, em si

    mesmo, sociais - os interesses e as preocupações, ou outras motivações, pois só se

    constituem fatores de sociação15 quando o mero ajuntamento de indivíduos se transforma

    em interações de ser com e para um outro. No entanto, considerar os interesses e

    preocupações é valorizar elementos constituintes da base das sociedades humanas.

    Sendo assim, quando os jovens dizem que têm interesse em educação; emprego

    profissional; cultura e lazer; esportes e atividades físicas; relacionamentos amorosos;

    família; saúde; segurança e violência; droga; governo e política; sexualidade; temas

    gerais; religião; amizades; economia e finanças, isso diz nada especificamente se não

    associado e interpretado de maneira mais relacional.

    Tratar da relação do indivíduo com outros indivíduos ou grupos é, de certa

    forma, trazer à tona a questão da moralidade. Simmel (1983, p. 102) vai dizer que

    a moralidade se desenvolve no indivíduo através de um segundo sujeito que se confronta com ele no interior de si mesmo. Por meio da mesma divisão através da qual o eu diz a si mesmo ‘Eu sou’ – como sujeito que se conhece e se confronta consigo mesmo enquanto objeto conhecido – ele também diz a si mesmo ‘Eu devo’.

    Esta atitude descrita, com as experiências sociais, constituirá nossas obrigações

    morais e isso só é possível dentro de determinado contexto cultural, que neste caso, está

    circunscrito na cultura moderna que desenvolveu historicamente concepções de

    15 Tradução norte-americana da expressão alemã Vergellschaftung, que significa socialificação - cunhada

    por Simmel para exprimir as formas assumidas no dinamismo constante do fazer, desfazer e refazer dos processos sociais nas suas múltiplas interações de indivíduos com os outros, contra os outros e pelos os outros. As motivações e as formas que elas assumem se configuram o processo básico da sociação.

  • individualismo16, onde a pessoa humana se apodera das coordenadas de si mesma e em

    êxtase17 afirma independência das suas redes de interlocução que lhe deram a

    originalidade, sem para isso negá-las, em absoluto (TAYLOR, 1997). Uma boa imagem

    deste exercício de reflexão humana seria o anel de Moebius18 – sem dentro nem fora

    como antíteses, mas como dimensões da totalidade.

    É neste espaço moral que o animal humano se diferencia, pois ao traçar o sentido

    da vida numa ação de autoconsciência as pessoas como self19 exercem incessantemente

    a busca por coisas que lhes importam e para tal se movem em indagações consigo e com

    os outros, aliás – segundo Taylor (1997, p. 53) “só se é um self no meio de outros. Um

    self nunca pode ser descrito sem referência aos que o cercam” e para tal intento o autor

    vai chamar atenção para a necessidade de se garantir uma rede de interlocução, onde a

    linguagem tem papel fundamental, pois as pessoas só existem circunscritas em uma

    determinada linguagem, ou são por elas constituídas relativamente.

    Em se tratando de sociabilidade20 o que mais vai contar é o sucesso e a

    lembrança do momento sociável onde, principalmente, as pessoas se encontram num

    convívio social marcado pela amabilidade, cordialidade, satisfação, alegria e outras

    fruições. Nada de maiores compromissos ou seriedades, aliás, quando os limiares da

    sociabilidade21 são desconsiderados a experiência vivenciada passa a ser uma mera

    formalidade.

    4. METODOLOGIA

    Esta investigação se caracteriza por ser descritiva-interpretativa de natureza

    quanti-qualitativa de um estudo de caráter exploratório e de abordagem correlacional. O

    estudo de campo será dividido em três momentos: a) Em escolas - a coleta de dados

    através do survey; b) Em escolas - a coleta de informações qualitativas obtidas a partir 16 Dumont (1985) considera como um sistema de idéias e valores característicos da cultura moderna que

    reconhece o indivíduo como um ser moral independente, autônomo e senhor de valores preponderantes na sociedade. Mauss (2003) e Taylor (1997) também discorrem historicamente sobre a gênese do individualismo.

    17 Segundo Berger citado por Andacht (2004), é sair ou se elevar das rotinas, é quando nossa consciência da realidade não se intimida com suas obviedades e passa ousar possibilidades.

    18 Metáfora do movimento recursivo que recebeu o nome de um matemático do século XIX que descobriu como a linearidade pode nos enganar

    19 Segundo Taylor (1997, p. 50), palavra que expressa a “[...] profundidade e complexidade necessárias para ter (ou para estar empenhadas na descoberta de) uma identidade [...]”.

    20 Simmel (1983, p. 169, grifo do autor) a traduz sociologicamente como a “forma lúdica da sociação”. 21 Simmel (1983) caracteriza-os como superiores e inferiores, tendo a objetividade e a subjetividade,

    respectivamente, os principais aspectos motivacionais da interação do indivíduo. Sendo assim, a discreção é fundamental para transitar entre estes limites que não toleram o uso das qualificações objetivas dos papéis sociais do sujeito, nem de suas características puramente interiores e inteiramente subjetivas.

  • dos grupos focais; c) Em espaços públicos de esporte e lazer – a coleta de informações

    através de entrevistas. Nas escolas, em primeiro lugar, trataremos da pesquisa

    quantitativa e, posteriormente, do estudo qualitativo. Nos espaços públicos de esporte e

    lazer priorizaremos a agenda de eventos dos locais.

    A escolha pelo espaço físico da escola tem relação direta com a juventude, pois

    se trata de um ambiente de vigilância constante, que absorve e veicula saberes como os

    da mídia e das academias, por exemplo, saberes que circulam no espaço escolar através

    de falas, gestos, movimentos e sensações, Nessa direção:

    A escola é um espaço de relações sociais e não somente um espaço cognitivo (...) a escola [é] tanto um local de encontro entre os jovens quanto um local que tem relações com a mídia e outros espaços culturais. Um aspecto importante é pensar que são nesses espaços educativos culturais e de lazer dos estudantes que transparece a posição que a juventude ocupa hoje na cultura (SOARES e MEYER, 2003, p. 138)22.

    Por considerarmos que é na escola que os jovens passam parte importante de seus dias, e pela maior facilidade de realizarmos os encontros é que optaremos fazê-los em escolas de São Leopoldo que desenvolvemos o PIBID da Educação Física da UNISINOS. Desta forma, o desenho amostral desta pesquisa se caracteriza como não-probabilística por acessibilidade (ou intencional), segundo Gil ou segundo Gaya

    4.1 Nas escolas - Procedimentos de Coletas e Análises dos Resultados

    4.1.1 População e Amostra do Estudo Quantitativo – Survey

    A população deste estudo compreenderá o universo de 2.886 alunos de três escolas da

    rede pública estadual de São Leopoldo/RS, correspondente à região da 2ª CRE

    (Coordenadoria Regional de Educação), e que participam no PIBID da Educação Física

    da UNISINOS. Participarão do inquérito os alunos com faixa etária de 15 a 29 anos que

    compuserem as turmas selecionadas na amostra finita, aleatória, estratificada e

    proporcional às características da população de estudantes, tais como: os níveis de

    ensino, o gênero e outras identificadas, posteriormente, como relevantes ao objeto de

    estudo. O instrumento base para a realização deste recorte será um inquérito sobre o

    perfil de jovens vinculados às escolas públicas estaduais que praticam ou não atividades

    22 SOARES, Rosângela de F. R; MEYER, Dagmar E. Estermann. O que se pode aprender com a “MTV de papel” sobre juventude e sexualidade contemporâneas? Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 23, p.136-148, maio/ago. 2003.

  • esportivas na cidade de São Leopoldo/RS. Esse instrumento é um questionário misto

    (apêndice 1), composto por questões abertas e fechadas.

    4.1.2 Procedimentos estatísticos

    As informações obtidas permitirão criar um banco de dados que será submetido à

    análise de freqüência através do programa estatístico SPSS (Statistical Packge for the

    Social Sciences) para o Windows. Para verificar possíveis associações entre variáveis

    nominais utilizar-se-á o teste estatístico Qui-quadrado para análise de tabela de

    contingência e estabelecer-se-á como nível de significância 5% (p

  • representações sociais dos jovens estudantes sobre suas experiências sociais – ou não -

    de acesso, aprendizagem e prática esportiva na cidade de São Leopoldo/RS.

    Inspirada em técnicas de entrevistas não-direcionadas e técnicas grupais usadas

    na psiquiatria, a técnica de grupo focal foi originalmente aplicada em pesquisas de

    mercado e teve sua aplicação ampliada, para o contexto da pesquisa em ciências

    humanas e sociais (OLIVEIRA, 2001)23.

    A escolha do grupo focal justifica-se em decorrência de alguns argumentos,

    quais sejam: as entrevistas com grupos focais podem ser utilizadas em todas as fases de

    um trabalho de investigação; elas são apropriadas para estudos que buscam entender

    atitudes, preferências, necessidades e sentimentos, ou quando se investigam questões

    complexas de aspectos relacionados às dificuldades, necessidades ou conflitos não

    claros ou pouco explicitados. Ainda, como referem Barbour e Kitzinger24 (1999, p. 04),

    os grupos focais:

    são muito apropriados para examinarmos como o conhecimento, as ideias, os

    relatos, a auto-apresentação e os intercâmbios lingüísticos operam dentro de

    um determinado contexto cultural. No grupo focal, os participantes da

    pesquisa criam um público uns para os outros.

    Além disso, apontamos o fato de o grupo focal permitirá a captação de zonas de

    conflito, contradições e tensões nas falas dos estudantes, o que contribuirá para

    potencializar a análise de conteúdo que será empreendida na pesquisa. No entanto, cabe

    destacar que será utilizada para análise também uma série de falas individuais, porque

    entendemos que elas só foram possíveis de serem enunciadas no contexto grupal, na

    medida em que os estudantes se sentirão como se estivessem conversando entre

    eles/elas, quase esquecendo que estarão sendo registradas pelo gravador ou até mesmo

    na presença dos pesquisadores.

    Serão formados grupos com até 10 participantes, que presenciarão um total de

    cinco encontros cada um, com duração de 1 hora e 45 minutos cada. Todos os encontros

    serão gravados para transcrição e análise, considerando o acordo firmado no TCLE que

    23 OLIVEIRA, Dora Lucia Leidens de. Brazilian adolescent women talk about HIV/AIDS risk reconceptualizing risk sex: What implication for health promocion? London: University of London. Institute Educacion, 2001.

    24 BARBOUR, R.S.; KITZINGER, J. Developing focus group research. London: Sage, 1999.

  • todas as participantes e seus responsáveis assinarão. A agenda desses encontros será

    previamente planejada, compondo um roteiro de problematizações (apêndice 3). Esse

    roteiro será flexibilizado à medida que as interações irão acontecendo ou quando a

    temática proposta não puder ser suficientemente explorada.

    Cada encontro será dividido em quatro etapas. A primeira etapa, chamada de

    “atividade integradora”, terá como objetivo preparar a discussão e descontrair o grupo.

    Em seguida, proporemos um tema para cada encontro, através de uma questão aberta,

    para iniciar o debate e solicitar a participação de cada uma dos/das componentes do

    grupo. Na segunda etapa, poderá se utilizar, ainda, temáticas da etapa anterior (atividade

    integradora) e que deixaram de ser aprofundadas. No terceiro momento, haverá o

    intervalo, com um lanche, previamente, combinado com as participantes. Na última

    etapa, ocorrerá a retomada das ideias discutidas anteriormente, e serão feitas sugestões

    de assuntos a serem tratados nos próximos encontros. Antes de finalizar o encontro,

    deverá ser feita uma pequena avaliação do encontro.

    É importante observar que a investigação não deverá ocasionar ônus financeiro

    para os participantes em termos de despesas com deslocamento para os locais dos

    encontros.

    ANALISE DE CONTEÚDOS

    4.2 Nos espaços públicos de esporte e lazer - Procedimentos de Coletas e

    Análises dos Resultados

    Trabalharemos com realizações de entrevistas (apêndice 4) com jovens presentes

    e frequentadores de eventos esportivos em dois espaços públicos de esporte e lazer: o

    Largo Rui Porto e o Centro de Esporte e Lazer da UNISINOS (CEL). Desde que,

    também, expressem por escrito suas ciências e concordâncias em TCLE (apêndice 5).

    O Largo Rui Porto, compreende os espaços do Ginásio Municipal Celso

    Morbach, das quadras esportivas, da academia ao ar livre e da pista de skate, em suma, é

    uma área pública destinada a eventos culturais e esportivos, além de oferecer espaço de

    lazer. É onde ocorrem os maiores programas voltados ao esporte da SEMEL (Secretaria

    Municipal de Esporte e Lazer de São Leopoldo), e possui 3 quadras, sendo a principal e

    central onde são desenvolvidas as aulas de futsal, as laterais onde ocorrem as aulas de

    vôlei, câmbio, basquete, basquete relógio, ginástica, dança, recreação e tênis. São

  • atendidas pessoas a partir dos 5 anos de idade e para os idosos existe o Programa Viver

    Bem, e para as crianças e jovens são oferecidas as atividades de skate, tênis, futsal.

    O skate ocorre na pista dentro do Largo Rui Porto e as crianças e adolescentes

    são atendidas no contra turno escolar nas terças e quintas feiras das 8hrs e 30min às 10h

    no turno da manhã e na tarde das 13h e 30min às 15h no turno da tarde, atualmente a

    totalidade de participantes do projeto é de 50 alunos.

    O tênis ocorre nas segundas feiras também no contra turno em umas das quadras

    laterais, pela manhã das 11h às 12h e à tarde das 16h às 17h e a totalidade é de 10

    crianças.

    O futsal ocorre de terça a sexta feira com a totalidade de 200 alunos (14 meninas

    e 186 meninos) divididos por categorias, “mamadeira” (de 5 a 7 anos não completos),

    “fraldinha” (de 7 a 9 anos não completos), pré-mirin (de 9 a 11 anos não completos),

    mirim (de 11 a 13 anos não completos), infantil (de 13 a 15 anos não completos) e sub

    20 (de 15 a 20 anos não completos), essas turmas ocorrem duas vezes por semana com a

    totalidade de 1hr e 15min em cada turma.

    Hoje, o Ginásio Municipal Celso Morbach possui uma agenda para os horários

    em que não são usados pelos projetos, e que é organizada pela SEMEL e basta solicitar

    um horário e se o mesmo estiver vago se agenda o mesmo é reservado. Atualmente a

    escola Gustavo Schereiber (futsal e handebol), sindicato dos contadores (vôlei), Sesc

    (câmbio), grupo de cadeirantes (basquete cadeira de rodas) e para grupos de academias,

    secretarias, associações, equipes amadoras e grupo de amigos conforme o agendamento.

    Os eventos de esportivos de médio/grande porte ocorridos no ginásio são

    eventos de futsal, basquete e vôlei (campeonatos e ligas), torneios de câmbio e basquete

    relógio (terceira idade), rústicas, etapas estaduais de jiu-jitsu e judô, Copa Unisinos,

    JERGS (Jogos Escolares do Rio Grande do Sul), CERGS (Campeonatos Estudantis do

    Rio Grande do Sul) e JIRGS (Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul).

    O Centro de Esporte e Lazer da UNISINOS tem historicamente sediado várias

    etapas dos JERGS, bem como do JEMUSA (Jogos Escolares do Município de Sapucaia)

    envolvendo, em torno de, 100 a 400 jovens durante cada dia do evento em que a

    Universidade sedia. O CEL e o Ginásio Celso Morbach são os dois principais locais que

    acolhem os maiores eventos esportivos que envolvem jovens em São Leopoldo.

  • 4.3 – Procedimentos éticos

    Esse projeto será encaminhado para o Comitê de Ética da UNISINOS para que

    siga a Resolução 466/12, considerando o respeito pela dignidade humana, autonomia e

    vulnerabilidade dos participantes e assegurando o direito de permanecerem, ou não, na

    pesquisa. Para tanto, será apresentado, antecipadamente - aos pais e/ou responsáveis,

    bem como os próprios jovens - que participarão da pesquisa o Termo de Consentimento

    Livre e Esclarecido (Apêndices 2 e 5), que deixará claro que os dados coletados serão

    utilizados exclusivamente para fins da investigação e a identidade dos participantes será

    preservada. Ainda, no Termo constará que a qualquer momento o participante poderá

    obter informações do andamento da pesquisa ou, se for de sua vontade, desistir da

    mesma.

    Além disso, contamos com total ciência e concordância da Coordenadora da 2ª

    CRE, do Secretário de Esporte e Lazer de São Leopoldo e da Coordenação do Centro de

    Esporte e Lazer da UNISINOS expressas, em respectivas, Cartas de Anuências (anexos

    1, 2 e 3), formalizando a autorização da pesquisa nos respectivos locais.

    Os riscos são mínimos e podem estar relacionados ao desconforto para os jovens

    responderem algumas das perguntas formuladas. Os pesquisadores ficarão sempre

    atentos a isso e, de maneira preventiva, interromperá o procedimento da coleta de dados

    diante de qualquer intercorrência manifestada pelos colaboradores.

    Os benefícios do estudo estão relacionados à identificação do perfil dos jovens de

    São Leopoldo diante da prática esportiva e como os mesmos usufruem, ou não, dos

    equipamentos de Esporte e Lazer desta cidade a fim de problematizar e qualificar - junto

    aos setores competentes da Gestão Administrativa do Município - as propostas de

    políticas públicas, especificamente deste setor e, extensivamente, a outros como

    Educação, Saúde e Cultura.

  • Cronograma

    Atividades Meses/2017

    Jan. Fev. Mar. Abr Mai jun Jul Ago Set Out Nov Dez

    Submissão ao CEP e reelaboração do projeto

    xx xx xxxx xx

    Revisão bibliográfica xx xxxx xxxx

    Coleta de dados xx xxxx xxxx xxxx xxxx

    Análise dos dados xxxx xxxx xxx

    Estruturação e submissões de artigos

    xxxx xxxx

    Publicações xx xx

    Referencias

    ABAD, Miguel. Crítica política das políticas de juventude. In: FREITAS, Maria Virgínia de; PAPA, Fernanda de Carvalho (Org.). Políticas públicas: juventude em pauta. São Paulo: Cortez: Ação Educativa, 2003. p. 13-32.

    BARBOUR, R.S.; KITZINGER, J. Developing focus group research. London: Sage, 1999.

    BOURDIEU, Pierre. 1983. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero. p. 136-153.

    BRASIL. Ministério da Educação – Secretaria de Educação Física e Desportos (SEED/MEC). Esporte na Escola: os XVII Jogos Escolares Brasileiros como marco reflexivo. Brasília/DF, 1989.

    BRASIL. Ministério do Esporte. Política Nacional de Esporte. Brasília/DF, 2005.

    BRASIL. Secretaria Nacional da Juventude. Guia de políticas públicas de juventude. Brasília: Secretaria-Geral da Presidência da República, 2006.

    DÁVILA LEÓN, Oscar. Adolescencia y juventud: de las nociones a los abordajes. Última década, Valparaíso, v. 12, n. 21, p. 83-104, dez. 2004. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2010.

    DICK, Hilário. Gritos silenciosos, mas evidentes: jovens construindo juventude na história. São Paulo: Loyola, 2003.

  • DIEHL, Vera Regina Oliveira et al. O conceito de experiência no trabalho docente em Educação Física: contribuições de Edward Palmer Thompson e François Dubet. VII Congresso Sul Brasileiro de Ciências do Esporte. 2014

    DUBET, Francois. Sociologia da experiência. Porto Alegre: Instituto Piaget, 1996.

    DUBET, François. Sociologia da experiência. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.

    FUNDAÇÃO DE ESPORTE E LAZER DO RIO GRANDE DO SUL – FUNDERGS. Mapa dos Polos de Desenvolvimento de Esporte e Lazer no Estado do Rio Grande do Sul, com sua composição no ano de 2013. Porto Alegre/RS, 2013.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo de Esporte. Rio de Janeiro/RJ, 2003. INSTITUTO CIDADANIA. Perfil da juventude brasileira. São Paulo, 2003.

    INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA – INEP. Censo Escolar. Brasília/DF, 2004. OLIVEIRA, Dora Lucia Leidens de. Brazilian adolescent women talk about HIV/AIDS risk reconceptualizing risk sex: What implication for health promocion? London: University of London. Institute Educacion, 2001.

    PEREIRA FILHO, Ednaldo. Política de formação continuada, compartilhada e em rede na educação física escolar. Anais do XVIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e V Congresso Internacional de Ciências do Esporte. 2013.

    PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD. Inovar para incluir: jovens e desenvolvimento humano: informe sobre desenvolvimento humano para o Mercosul. Buenos Aires: Libros del Zorzal; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, 2009.

    ROCHA, Maria Aparecida. Processo de inclusão ilusória: a condição do jovem bolsista universitário. 2008. 264 f. Tese (Doutorado em Serviço Social) -- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2008. Disponível em: < http://bdtd.ibict.br/>. Acesso em: 25 jan. 2011.

    SIMMEL, Georg. Sociologia. São Paulo: Ed. 34, 1983.

    SOARES, Rosângela de F. R; MEYER, Dagmar E. Estermann. O que se pode aprender com a “MTV de papel” sobre juventude e sexualidade contemporâneas? Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 23, p.136-148, maio/ago. 2003.

    TAYLOR, Charles. As fontes do self. São Paulo: Loyola, 1997.

    UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura). Declaração da IV Conferência Internacional de Ministros, Altos Funcionários e Responsáveis pela Educação Física e Esporte. Atenas, 2004.

  • Apêndices e Anexos

    Apêndice A – TCLE para Jovens com 18 ou mais anos

    Termo de Consentimento e Livre Esclarecido

    Nós - Claiton Nunes, Ednaldo Pereira Filho e Khrysalis Castro, pesquisadores do CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA EM POLÍTICAS DE ESPORTE E DE LAZER DA REDE CEDES DO RIO GRANDE DO SUL: Núcleo UNISINOS, convidamos você a participar da pesquisa intitulada “As experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS”. Seu objetivo é identificar, analisar, descrever e interpretar as experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS.

    A pesquisa utilizará como procedimento uma entrevista semiestruturada com x

    questões. As perguntas que vamos fazer não pretendem trazer nenhum desconforto ou

    risco, já que são somente sobre suas opiniões em relação ao objetivo do estudo. As

    entrevistas terão seu áudio gravado através de um gravador digital e serão transcritas.

    Todos os arquivos das gravações e as transcrições ficarão armazenados sigilosamente

    por três anos sob o cuidado do pesquisador e destruídos após este período. A identidade

    do participante será preservada, pois não serão divulgados nomes ou informações. Os

    dados obtidos serão utilizados apenas para os fins da investigação. Você poderá desistir

    do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum como também sempre poderá obter

    informações sobre o andamento da pesquisa e/ou seus resultados. A participação é

    voluntária.

    Outros esclarecimentos acerca deste estudo poderão ser obtidos junto aos

    pesquisadores, pelo telefone (51) 999870719 ou pelo e-mail [email protected].

    AUTORIZAÇÃO:

    Eu, Sr(a) ................................................................................................................, fui

    informado sobre a pesquisa e após ler este Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido, concordo em participar da pesquisa, e assino este documento em duas vias,

    sendo que uma fica em meu poder.

    São Leopoldo/RS ...../......./.............

  • __________________________ ______________________________

    Participante Pesquisador

    Apêndice B – TCLE para Jovens com menos de 18 anos

    Termo de Consentimento e Livre Esclarecido

    Nós - Claiton Nunes, Ednaldo Pereira Filho e Khrysalis Castro, pesquisadores do CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA EM POLÍTICAS DE ESPORTE E DE LAZER DA REDE CEDES DO RIO GRANDE DO SUL: Núcleo UNISINOS, convidamos você a participar da pesquisa intitulada “As experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS”. Seu objetivo é identificar, analisar, descrever e interpretar as experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens de São Leopoldo/RS.

    A pesquisa utilizará como procedimentos de investigação a realização de grupos

    de discussões, onde seu filho(a) participará de maneira voluntária. As perguntas que

    vamos fazer não pretendem trazer nenhum desconforto ou risco, já que são somente

    sobre suas opiniões em relação ao objetivo do estudo, no entanto ficarei atenta para que

    em qualquer momento de possível dificuldade de resposta e participação de seu filho(a)

    que ele não se sinta obrigado a responder. As entrevistas terão seu áudio gravado

    através de um gravador digital e serão transcritas. Todos os arquivos das gravações e as

    transcrições ficarão armazenados sigilosamente por três anos sob o cuidado do

    pesquisador e destruídos após este período. A identidade do participante será

    preservada, pois não serão divulgados nomes ou informações. Os dados obtidos serão

    utilizados apenas para os fins da investigação que pode gerar como benefício a melhora

    da oferta e da qualidade de oportunidades relacionadas às práticas esportivas. O filho(a)

    do senhor (a) poderá desistir do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum como

    também sempre poderá obter informações sobre o andamento da pesquisa e/ou seus

    resultados. Você pais/responsáveis também poderá obter informações sobre o

    andamento da pesquisa e/ou seus resultados.

    Outros esclarecimentos acerca deste estudo poderão ser obtidos junto aos

    pesquisadores, pelo telefone (51) 999870719 ou pelo e-mail [email protected].

    Livre e esclarecido será impresso em duas vias, uma delas será destinada a você

    e aos seus pais/responsáveis e a outra ficará comigo – o pesquisador.

  • AUTORIZAÇÃO:

    Eu,______________________________________________, (pai/responsável) do

    aluno (a) ________________________________________, autorizo que o mesmo(a)

    participe voluntariamente e contribua com a pesquisa do CENTRO DE

    DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA EM POLÍTICAS DE ESPORTE E DE

    LAZER DA REDE CEDES DO RIO GRANDE DO SUL: Núcleo UNISINOS, sobre

    “As experiências sociais de acessos, aprendizagens e práticas esportivas de jovens

    de São Leopoldo/RS” após ter lido este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..

    São Leopoldo/RS,___/______/_____

    ______________________________

    Pai/Responsável pelo aluno

    _______________________ _____________________________

    Pesquisadora Professor Orientador

  • Anexo 1 – Carta de Anuência da 2ª CRE ou das Escolas que participarão

  • Anexo 2 – Carta de Anuência da SMEL

  • Anexo 3 – Carta de Anuência do Centro de Esporte e Lazer