A Abrangência das Permutações na Análise Combinatória Daniel ...
PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PRECEPTORIA EM … · Com essa abrangência das ações na área de...
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PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PRECEPTORIA EM MEDICINA
DE FAMÍLIA E COMUNIDADE
UNA-SUS/UFCSPA/SBMFC
Porto Alegre, 2017.
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Reitora Lucia Campos Pellanda Vice-Reitora
Jenifer Saffi Chefe de Gabinete
Isadora Farias dos Santos Pró-Reitora de Graduação
Márcia Rosa da Costa Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Airton Tetelbom Stein Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários
Débora Fernandes Coelho Pró-Reitor de Administração
Leandro Mateus Silva de Souza Pró-Reitora de Planejamento
Alessandra Dahmer Coordenação Geral do Curso
Adriana Paz e Maria Eugênia Bresolin Pinto
Coordenação Pedagógica
Marta Quintanilha Gomes
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Sumário
APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 4
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO CURSO ................................................. 5
2. A UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE ............................................................................................................. 6
3. CONCEPÇÃO DO CURSO.............................................................................8 4. OBJETIVOS DO CURSO E PERFIL DO EGRESSO .................................. 9
4.1. Objetivo Geral ........................................................................................... 9
4.2. Objetivos Específicos ............................................................................... 9
4.3. Perfil do Egresso ....................................................................................... 10
4.3.1. Ênfase em Clinica de Medicina de Família e Comunidade.....................10 4.3.2. Ênfase em Tutoria a Distancia.................................................................10 5. CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA .................................................................. 10
6. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ............................................................... 13
6.1. Objetivos das Unidades de Ensino Comuns .......................................... 14
6.2. Ênfase em Clínica de Medicina de Família e Comunidade ................... 16
6.2.1. Os Casos Complexos ...................................................................... 16
6.2.2. Quadro: Organização Curricular e Carga Horária Total – ênfase 1. 18
6.3. Ênfase em Tutoria a Distância ............................................................... 18
6.3.3. Módulos de Ensino Específicos para a ênfase 2 ............................ 19
6.3.4. Módulos de “Prática de tutoria supervisionada” para ênfase 2 ...... 19
6.3.5.Quadro: Organização Curricular e Carga Horária Total – ênfase 2. 21
7. ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA ........................................................... 22
7.1. Estratégias Educacionais utilizadas ...................................................... 23
7.2. Atribuições dos Sujeitos no Papel Ensino-Aprendizagem .................... 25
7.2.1. Papel do Aluno de ambas as Ênfases ............................................. 25
7.2.2. Papel do Tutor da Ênfase em Tutoria a Distância .......................... 27
7.2.3. Papel da Coordenação Pedagógica ............................................... 30
7.2.4 Papel do Coordenador de Tutores ................................................... 30
7.2.5. Papel do Núcleo de Apoio Pedagógico .......................................... 31
7.2.6. Papel do Núcleo de Apoio Acadêmico ............................................ 32
7.3. Organização do Processo Avaliativo .................................................... 32
7.3.1 Avaliação do Desempenho do Aluno ............................................... 32
8. GESTÃO ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICA DO CURSO ......................... 35
9. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 36
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APRESENTAÇÃO
O Projeto Pedagógico do Curso de Especialização de Preceptoria em
Medicina de Família e Comunidade descreve a organização e o funcionamento
pedagógico do referido curso, que busca atender uma parte da demanda do
Ministério da Saúde (MS), em ofertar de 2000 vagas.
O Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina de Família e
Comunidade nasce de uma parceria entre a Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre, Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e a
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que
uniram esforços e materiais educacionais de educação a distância já
produzidos para a elaboração e desenvolvimento da proposta de
Especialização. Estes materiais são licenciados para livre circulação com
finalidades educacionais e não comerciais, sendo disponibilizados no Acervo
de Recursos Educacionais em Saúde (ARES), conforme Portaria
Interministerial Nº 10, de 11 de Julho de 2013.
Entende-se a elaboração do Projeto Pedagógico de Especialização em
Saúde da Família na UNA-SUS como um processo de construção conjunta das
instituições envolvidas na elaboração, implementação e desenvolvimento do
curso. Esse processo de construção conjunta é desafiador pelo seu caráter
inovador na modalidade de ensino a distância e pelo público a ser atendido.
Por isso, é necessário o comprometimento de todos os envolvidos com o curso
e a instituição, para que se cumpra seu papel acadêmico e social.
Neste documento é apresentada a organização curricular, bem como os
pressupostos pedagógicos que orientam o desenvolvimento do curso.
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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO CURSO
Nome do Curso: Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina
de Família e Comunidade
Área: Medicina
Campo de conhecimento: Ciências da Saúde
Modalidade de Oferta: Ensino a Distância
Instituições executoras: UFCSPA – Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre e Fundação de Apoio a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (FAURGS).
Coordenação Geral: Maria Eugênia Bresolin Pinto e Adriana Paz
Instituições parceiras: Ministério da Saúde, através da UNASUS –
Universidade Aberta do SUS e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade (SBMFC)
Custo: financiado integralmente pelo Ministério da Saúde através de
Termo de Cooperação, assinado entre UFCSPA e MS e executado pela
FAURGS para a execução do Curso na UFCSPA. Tem um valor total de R$
4.415.600,00 para 2000 vagas.
Local: sede em Porto Alegre, Rio Grande do Sul - Universidade Federal
de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Oferta de vagas nacional.
Perfil do curso: Curso de especialização na modalidade pós-graduação
lato sensu, modalidade a distância, destinado à formação de especialistas que
possam desenvolver as atividades de preceptoria qualificada de residência e
de graduação em medicina em Atenção Primária à Saúde, tendo duas ênfases
uma em Clínica de MFC e outra em Tutoria a Distância.
Perfil do Ingressante: O aluno ingressante do Curso de Especialização
de Preceptoria em Medicina de Família e Comunidade – ênfase em Clínica de
MFC será Residente de Medicina de Família e Comunidade em programas
credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) e que
participem de edital específico para este fim lançado pelo Ministério da Saúde e
SBMFC em parceria com a UFCSPA. O aluno ingressante na ênfase Tutoria a
Distância será Médico de Família e Comunidade que participará de edital de
seleção proposto pela UFCSPA.
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2. A UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE
PORTO ALEGRE
Em 11 de janeiro de 2008, por transformação da Fundação Faculdade
Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, através da Lei nº 11.641, foi
instituída a Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre – UFCSPA, uma instituição pluridisciplinar, dedicada à criação,
transmissão crítica e difusão da ciência, tecnologia e cultura, em nível de
educação superior, na área da saúde, mantida pela União e com sede e foro no
município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul.
Criada em 8 de dezembro de 1953, com a denominação de Faculdade
Católica de Medicina de Porto Alegre, foi autorizada a funcionar pelo Decreto
nº. 50.165, de 28 de janeiro de 1961 e federalizada por meio da Lei nº 6.891,
em 1980, quando passou a denominar-se Fundação Faculdade Federal de
Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA).
Inicialmente, concentrou-se na oferta do curso de graduação em
Medicina. Em 1964, com a implantação da Residência Médica, a então
Faculdade passa a demonstrar seu forte ideal na busca da mais alta
qualificação no ensino médico. Esse objetivo, fundamental na história da
instituição, continuou sendo norteador das ações quando, em 1968,
implementou seu primeiro curso de pós-graduação lato sensu.
Essa trajetória agregou experiência, possibilitando que, a partir de 1988,
a Instituição iniciasse a oferta de cursos de pós-graduação stricto sensu, em
nível de Mestrado, que se ampliou, posteriormente, para o Doutorado.
Atualmente, a instituição conta com cinco Programas e oito cursos de pós-
graduação, e, além disso, mais de 40 grupos de pesquisa cadastrados no
diretório dos grupos de pesquisa do CNPq.
Com essa abrangência das ações na área de ensino e,
consequentemente, na de pesquisa, devido à consolidação de seus cursos de
pós-graduação stricto sensu, a Faculdade, a partir de 2004, amplia a sua
atuação, ultrapassando o campo circunscrito da área médica, e passa a
dedicar-se mais amplamente à área da saúde, com o oferecimento de dois
novos cursos de graduação: Nutrição e Ciências Biológicas - Modalidade
Médica (Biomedicina) e, em 2007, Fonoaudiologia.
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O ano de 2008 representa um marco histórico para a instituição, uma
vez que a mesma completou 47 anos de atividades e foi transformada em
universidade. Neste ano, ofertou seu primeiro curso noturno, o curso de
Psicologia. Seguindo seu plano de expansão, a partir de 2009 implantou mais
nove cursos de graduação. Atualmente, a Universidade conta com onze cursos
de graduação na modalidade bacharelado e três tecnológicos.
O objetivo dos cursos de especialização é qualificar recursos humanos,
para atender à crescente demanda do mercado por profissionais tecnicamente
mais preparados. A política para esse segmento desenvolve ações
promovendo, também, a oferta de ensino à distância, tarefa para qual a
instituição construiu importantes parcerias envolvendo o Ministério da Saúde,
por meio da UNA-SUS.
A UFCSPA iniciou as suas atividades com a Universidade Aberta do
Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) em 2009, seguindo seus objetivos
norteadores: formação em larga escala; modalidade a distância; disponibilizar
os objetos educacionais num acervo nacional (ARES) para a sua reutilização
em outros processos educacionais; compartilhamento de tecnologias entre a
Instituições de Ensino Superior que fazem parte da Rede UNA-SUS; produção
cientifica associada a estes temas. A UNA-SUS é uma estratégia do Ministério
da Saúde que articula os processos necessários para formação em larga
escala nacionalmente e a difusão de conhecimento para os profissionais de
saúde atuantes no SUS. A UFCSPA teve como projeto inicial a oferta de 1000
vagas do Curso de Especialização em Saúde da Família que nos últimos anos
foi ampliado para mais 4000 vagas, com abrangência nacional (Rio Grande do
Sul, Paraná, Sergipe, Pará, Amazonas, Roraima, Acre e Amapá) em mais de
500 municípios. Além deste, foram produzidos e ofertados Curso de curta
duração em áreas como: Estímulo ao auto-cuidado do paciente com Diabetes;
Atenção Domiciliar; Doenças hematológicas; Cuidado do paciente oncológico
na APS. Outra especialização já ofertada, com 1000 vagas, foi em Avaliação
de Serviços de Saúde em pareceria com a Rede de Governo sediada em Porto
Alegre. A UNA-SUS/UFCSPA tem realizado várias ações para qualificar e
ampliar a Educação a Distância na UFCSPA, desde a cedência de
equipamentos, bolsistas e profissionais.
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3. CONCEPÇÃO DO CURSO
A Lei 12871, de 22 de outubro de 2013, que institui o Programa Mais
Médicos e modifica a Medida Provisória 621, de 8 de julho de 2013, no seu
capitulo III que versa sobre “Formação Médica no Brasil” cria a necessidade de
ampliar a formação na área da Atenção Primária a Saúde durante a graduação
médica e a oferta de vagas de residência em Medicina de Família e
Comunidade de forma progressiva até 31 de dezembro de 2018. Para que
estes objetivos sejam alcançados é fundamental que exista uma formação
maior de Médicos de Família e que os mesmos estejam aptos a assumirem os
postos de professores nos Cursos de graduação e de preceptores nos
internatos e nas residências desta área. Serão 12,4 mil novas vagas de
residência médica em várias especialidades até 2017, com prioridade para a
MFC. Várias ações estão sendo propostas pelos Ministérios da Saúde e
Educação, muitas delas em conjunto, para alcançar estas metas em 2018.
Dentre elas estão a oferta de Cursos de Especialização em Preceptoria para
profissionais já especializados em Medicina de Família e Comunidade (MFC)
feita por instituições com a Associação Brasileira de Ensino Médico (ABEM), o
Hospital Sírio Libanês, o Hospital Alemão e a SBMFC. Além disto, um
Programa Nacional de Mestrado Profissional em Saúde da Família com ênfase
na Educação, liderado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva
(ABRASCO), SBMFC e Fiocruz, do qual a UFCSPA faz parte das 19 IES que
estarão ofertando vagas a partir de 2016. Esta proposta surgiu dos esforços da
UNA-SUS/UFCSPA e SBMFC em construir um Curso que fosse ao mesmo
tempo instrutivo e prático, com conteúdos aplicáveis a diferentes realidades
brasileiras, utilizando metodologias ativas e tecnologias que facilitassem a
atuação dos alunos.
A Especialização que está sendo proposta neste Projeto vem ao
encontro destas ações e possui dois focos de formação que estão organizados
em duas ênfases do curso, a saber: ênfase em Clínica de Medicina de Família
e Comunidade e ênfase em Tutoria à distância.
O público alvo para a primeira ênfase são os residentes de MFC e de
programas credenciados pela CNRM. O conteúdo clínico que será
desenvolvido durante o Curso servirá para reforçar a atuação profissional dos
residentes como médicos da APS e o apoio dos tutores facilitará a criação de
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uma Rede nacional de profissionais envolvidos com a Educação Médica
qualificada, ampliando a atuação da UFCSPA e da SBMFC neste setor da
educação nacional. O público alvo da segunda ênfase são MFCs com
experiência que desenvolverão um programa formativo de qualificação da
tutoria em MFC aprofundando estudos pedagógicos voltados para a educação
a distância.
O número de vagas é suficiente para alcançar o numero de vagas de
residentes (R1, R2 e R3) na CNRM para a área de MFC.
O Curso une as expertises de muitos anos da SBMFC em formar
preceptores presencialmente para atuarem nas residências de MFC e da UNA-
SUS/UFCSPA em Educação a Distância no Brasil, tanto em produção de
material educacional como em oferta de Cursos para profissionais de saúde do
SUS. Desta forma, a ação conjunta qualificará o produto a ser ofertado
proporcionando uma boa experiência de aprendizado para os alunos e tutores.
4. OBJETIVOS DO CURSO E PERFIL DO EGRESSO
4.1 Objetivo Geral
● Formar preceptores para atuar em Medicina de Família e Comunidade
nos processos de aprendizagem da graduação médica e da residência da área.
4.2 Objetivos Específicos
● Conceber o homem em sua integralidade, como ser humano
complexo e autônomo, reconhecendo no outro nas mesmas condições de
complexidade e autonomia.
● Transformar os conhecimentos prévios e aqueles a serem adquiridos
em fundamentos a serem compartilhados na prática educativa do cotidiano.
● Desenvolver conhecimentos sobre ensino e aprendizagem em serviço
no âmbito da Medicina de Família e Comunidade.
● Compreender a cooperação e a participação como elementos-chave
na construção do processo de ensino-aprendizagem.
● Utilizar o Cuidado às pessoas como um referencial prático,
estabelecendo sua relação com o ensino.
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● Reconhecer a importância da Ética na prática cotidiana como
tradutora do respeito à dignidade humana.
● Na Ênfase em Clínica de Medicina de Família e Comunidade,
qualificar a assistência clínica centrada no paciente desenvolvida na Atenção
Primária a Saúde.
● Na Ênfase em Tutoria a Distância, qualificar os processos de
acompanhamento de alunos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem
compreendendo a tutoria como um processo docente complexo.
4.3. Perfil do Egresso
4.3.1 Ênfase em Clínica de Medicina de Família e Comunidade
Médicos especializados em Medicina de Família e Comunidade com
competências conceituais, procedimentais e atitudinais para atuarem como
preceptores de residentes e acadêmicos que estejam em formação no cenário
de Atenção Primária.
4.3.2 Ênfase em Tutoria a Distância
Médicos especializados em Medicina de Família e Comunidade com
competências conceituais, procedimentais e atitudinais para atuarem na
educação a distancia como tutores na formação de preceptores de residentes e
acadêmicos que estejam em formação no cenário de Atenção Primária.
5. CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA
A Política Nacional de Promoção de Saúde reitera que a educação e a
saúde são práticas inseparáveis e interdependentes estruturantes do processo
de trabalho dos profissionais da saúde. Acompanhando essa premissa e
buscando qualificar as práticas de saúde do SUS, entendemos a partir das
ideias de Anastasiou (2007) que “tanto a saúde quanto a educação buscam
caminhos para construir um sujeito em estado de permanente aprendizagem,
aprendendo a aprender, aprendendo a ensinar e ensinando a aprender”.
O Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina de Família
Comunidade (CEPMFC) se desenvolve com base nos princípios pedagógicos
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apresentados no Projeto Pedagógico Institucional da UFCSPA, no Documento
de Referência nº 4 da UNA-SUS, e nas diretrizes estabelecidas pela SBMFC.
O Documento de Referência nº 4 da UNA-SUS, compartilha a ideia de
competência profissional como a capacidade de articular, mobilizar e colocar
em ação valores, conhecimentos e habilidades necessárias para o
desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do
trabalho.
Assim, o CEPMFC, na modalidade de ensino a distância, se constitui
como uma oportunidade de formação continuada aos profissionais da área de
MFC e residentes em MFC para desenvolverem e/ou qualificarem
competências necessárias em sua atuação profissional como preceptores, a
partir de um processo de ensino-aprendizagem que considera o conhecimento
como construção permanente.
O CEPMFC está apoiado em princípios pedagógicos que amparam o
trabalho de formação de profissionais de saúde na modalidade EaD em uma
perspectiva processual, tendo a interação como fator de sustentação do
trabalho. Interação que está presente em diferentes aspectos do processo
formativo e que abordaremos a seguir.
Entendemos ser importante refletir sobre os modelos pedagógicos mais
prevalentes justificando a escolha e o desafio que nos colocamos ao fazer a
opção por trabalhar com processos interativos neste Curso.
Os processos educativos estiveram por muito tempo vinculados a um
modelo pedagógico que tinha como característica fundamental a transmissão
de conhecimentos de um sujeito a outro. Nesta forma de organizar o processo
de aprendizagem estava subentendido que o conhecimento partia de um
sujeito que sabe (o professor) e se dirigia a outro sujeito, o que não sabe (o
aluno). Assim, o professor transmite seu conhecimento a um aluno que
passivamente o acumula sem estabelecer relações entre o que está sendo
trabalhado e seus saberes. Um processo diretivo de aprendizagem geralmente
avaliado pela capacidade do aluno de memorizar o que o professor selecionou
como conteúdo válido. Neste modelo o foco é o professor (BECKER, 2001).
Em contraponto a este modelo, surgem experiências que pretendem
mudar o foco do processo para o aluno. Nesta forma de conceber a
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aprendizagem o aluno assume o papel de direcionador do trabalho e o
professor realiza mediações.
Em ambos os modelos a assimetria nos papéis dos sujeitos envolvidos
(professor e aluno) é destacada e há um esvaziamento do processo
pedagógico como trabalho complexo que exige organização.
Percebemos que o reconhecimento dos diferentes sujeitos envolvidos no
processo educativo como protagonistas é fundamental para o trabalho
formativo que visa à interação como princípio. Entendemos ser importante
construir uma proposta de Curso que tenha como mote estabelecer um
processo relacional em que o professor e o tutor a partir do planejamento
cuidadoso desenvolvam estratégias que garantam a interação dos alunos de
forma ativa e autônoma se colocando como autores no seu processo formativo
(FREIRE, 1996). Neste modelo a ênfase está no processo, nas interações
estabelecidas entre sujeitos e entre sujeitos e conteúdos.
Dentro da mesma perspectiva entende-se o currículo na EaD no mesmo
sentido apontado por Sacristán (1995, p. 86) ao afirmar que o currículo tem que
ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, de
decisões prévias sobre o que vai ser proposto e realizado, quais atividades
serão desenvolvidas, a forma como as relações se estabelecerão, a vinculação
dos conteúdos com a realidade, o uso e o aproveitamento de materiais e as
práticas de avaliação. Acrescentamos ainda a essa concepção as formas de
interação e interatividade assumidas.
Dessa forma, cabe salientar que os conteúdos são tratados como pontos
de partida selecionados pelo professor para o desencadeamento de ações de
estudo e de pesquisa. Nesta perspectiva, os conteúdos não são conhecimentos
fixos, mas que se colocam a serviço na formação dos preceptores prevendo a
provisoriedade, a incompletude e a multidimensionalidade do conhecer
(MORIN, 2005). Tendo esses princípios presentes e garantindo a autoridade do
professor com sua expertise, os saberes provenientes dos alunos, os diferentes
contextos de formação, a atenção para os conteúdos que emergem da prática
e/ou são confrontados com a prática é um cuidado pedagógico presente.
Assim, há o entendimento de que existe a necessidade de contextualização e
regionalização de determinados conteúdos visando trabalhar conceitos de
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aplicação de um currículo baseado em competências para a Medicina de
Família e Comunidade (SBMFC, 2015).
A proposta de formação de preceptores na modalidade EaD assume
esse desafio de formação de profissionais em serviço, em diferentes regiões do
país, com demandas nem sempre coincidentes, mas possíveis de serem
abarcadas no processo formativo em função da concepção de aprendizagem
presente no Curso. Ao colocar o aluno como um sujeito ativo e criativo no
estudo, na pesquisa e no compartilhamento desse processo que é individual,
mas ocorre no coletivo de trabalho e de formação (ambiente Moodle), abrimos
a possibilidade de ter a diversidade dos contextos de trabalho presentes.
Compreendemos a EaD como uma modalidade de ensino-aprendizagem
com identidade própria, sendo desenvolvida a partir de uma filosofia de
aprendizagem em que os alunos têm a oportunidade de interagir e desenvolver
projetos compartilhados, onde são reconhecidas e respeitadas as diferentes
culturas na construção do conhecimento. Entende-se EAD como:
[...] um processo educativo sistemático que permite o estudo individual ou em
grupo por meio do uso de tecnologias, exigindo múltiplas vias de comunicação
entre os participantes. Trata-se de uma modalidade organizada de auto-estudo,
supervisionada por um grupo de professores que orientam e acompanham a
distância todo o desenvolvimento dos estudantes. (Grossi e Kobayashi, 2013,
p.757).
Este curso se propõe a desenvolver ações formativas de educação a
distância de formação de profissionais de saúde de forma significativa,
contextualizada e complexa tendo como mote principal a qualificação dos
serviços desenvolvidos no âmbito do SUS.
6. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
O Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina de Família e
Comunidade é constituído por duas ênfases, a primeira voltada para a
formação dos Residentes de MFC voltada para a Clínica e a segunda para a
formação de MFCs voltada para a formação de Tutoria à distância. As duas
ênfases tem a estrutura curricular organizada em oito unidades de estudo.
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O curso está estruturado com base na Proposta Pedagógica da
Universidade Aberta do SUS (UNASUS) que propõe módulos para organização
curricular: os módulos são um conjunto de objetivos educacionais relacionados
a uma mesma temática, definidores dos conteúdos abordados, podendo ser
avaliados independentemente, os quais correspondem às competências
esperadas dos egressos.
As unidades comuns são compostas de módulos e estão organizadas a
partir das temáticas:
Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS;
Abordagem Individual;
Abordagem Familiar;
Abordagem Comunitária;
Primum non nocere;
Implementando um programa de Residência em Medicina de
Família e Comunidade;
Processos de Ensino e Aprendizagem em Saúde.
Em cada unidade de ensino, existe um módulo de conteúdo especifico
relacionado a preceptoria de residência de MFC, que é comum as duas
ênfases. Ainda está previsto um módulo ao final de cada unidade visando à
integração dos conteúdos abordados de preceptoria e casos complexos, na
ênfase de Clinica de MFC. Existe neste processo de integração a participação
dos Tutores que estarão realizando a prática de tutoria, motivando e
estimulando a interação entre os alunos e a troca de experiências. Desta forma
os conteúdos são tratados de forma orgânica fugindo do modelo disciplinar que
os compartimentaliza e não permite ao aluno estabelecer as relações
complexas próprias do trabalho como profissional. Assim, a integração da
unidade é um espaço formalizado na organização curricular do curso que
demanda postura critica e criativa diante da síntese do trabalho desenvolvido.
6.1 Objetivos das Unidades de Ensino Comuns
Os objetivos previstos para as unidades são:
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Unidade 1 – Introdução a Educação a Distância
● Conhecer o curso, seus objetivos, sua organização e o papel dos
tutores.
● Conhecer as ferramentas utilizadas na modalidade EAD.
Unidade 2 - Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS
● Conhecer e compreender os princípios da Medicina de Família e
Comunidade e da Atenção Primária em Saúde.
Unidade 3 - Processos de Ensino e Aprendizagem em Saúde
● Compreender os princípios da educação de adultos e estar apto a
aplicar tais princípios.
● Compreender o modelo pedagógico relacional como abordagem
do processo de ensino e aprendizagem capaz de considerar o aluno como um
sujeito ativo, criativo e crítico.
Unidade 4 - Abordagem Individual
● Compreender e aplicar o Método Clínico Centrado na Pessoa assim
como ser capaz de trabalhar tais conhecimentos na formação dos residentes.
● Aprofundar os conhecimentos sobre comunicação clínica e
aperfeiçoar a comunicação médico paciente.
Unidade 5 - Abordagem Familiar
● Conhecer, compreender e ter habilidade de aplicar as ferramentas
de abordagem familiar.
Unidade 6 - Abordagem Comunitária
● Aprofundar os conhecimentos sobre Educação Popular em Saúde e
interação comunitária e ser capaz de aplicar os conceitos repassados.
Unidade 7 - Primum non nocere
● Entender os riscos de hipermedicalização e ter domínio sobre
implementação de estratégias preventivas.
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● Compreender o conceito de rastreamento e níveis de
recomendação.
Unidade 8 - Ensino e Avaliação na Medicina de Família e Comunidade
Conhecer estratégias de ensinagem para utilização do potencial
preceptor.
● Conhecer ferramentas de avaliação para o aperfeiçoamento
contínuo do residente/graduando.
Unidade 9 - Implementando um programa de Residência em Medicina de
Família e Comunidade
● Aprender a exercer a função de gestão de um programa de
residência fornecendo a ele informações necessárias para a implantação ou
manutenção de um serviço de residência.
● Conhecer e aplicar a organização do serviço e de seu processo
de trabalho para o ensino.
6.2. Ênfase em Clínica de Medicina de Família e Comunidade
As unidades estão organizadas articulando os módulos de ensino a
casos complexos buscando com isso construir processos de aprendizagem
significativos e situados em contextos profissionais da Clínica de MFC. Os
alunos são divididos em grupos de 40 indivíduos e são acompanhados por
tutores a distância. Os tutores são médicos com especialização em MFC com
comprovada experiência.
6.2.1. Os Casos Complexos
O uso de metodologia que tem como base o estudo de “Casos
Complexos”, que foram desenvolvidos inicialmente pela SBMFC e adaptados
pela UNA-SUS/UFCSPA para o Núcleo de Medicina do Curso de
Especialização em Saúde da Família, auxiliará que o foco da abordagem fique
na prática dos profissionais e nos seus ambientes de trabalho na APS. Este
método proporciona a discussão de temas clínicos essenciais na prática do
MFC, contextualizados em situação de complexidades individual (ex:
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multimorbidades), familiares (ex: disfunções familiares, violência doméstica) e
comunitárias/sistêmicas (ex: serviços de saúde, vulnerabilidade social). Os
Casos Complexos abordam a diversidade e a complexidade das situações do
cotidiano do trabalho do MFC, tendo como objetivo possibilitar a reflexão e
análise dos conteúdos abordados a partir de situações problematizadas. Eles
contemplam:
Situações/questões de saúde trazidas pelos pacientes/familiares,
agentes comunitários e/ou desvendadas a partir de visitas domiciliares
ou consultas. Tais situações são descritas contemplando as variáveis
necessárias para uma abordagem integral (biopsicossocial) e continuada
da pessoa em seu contexto familiar e comunitário;
Os diferentes nuances do Método Centrado no Paciente;
As ferramentas e técnicas da MFC que são necessárias para sua
abordagem (habilidades semiológicas, de comunicação, de abordagem
familiar, de trabalho com grupos, de diagnóstico de comunidade, de
educação popular em saúde, de pesquisa, de medicina baseada em
evidências no contexto da população geral, de planejamento, de gestão
da demanda, de assistência domiciliar, etc.);
Os elementos de coordenação do cuidado necessários para trabalhar a
diferenciação em relação às necessidades clínicas dos indivíduos que
são ofertados pelos vários serviços de referência ou internação e a
utilização das redes implementadas;
As oportunidades de promoção da saúde, de diagnóstico
precoce/rastreamento ou iniciativas de prevenção;
Os elementos terapêuticos a implementar (medicamentosos e não
medicamentosos) e da reabilitação;
As necessidades de vigilância ou intervenção no território-processo;
As possibilidades do empoderamento pessoal/familiar e comunitário face
ao confronto com o problema.
Os casos complexos estão divididos entre as unidades 2 e 9 compondo
o conteúdo clínico de cada uma delas. Eles apresentam diversos conteúdos
clínicos que têm avaliações específicas, além de servirem como ilustração para
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integrar o conteúdo específico de preceptoria de cada unidade, que também
apresenta avaliação própria.
6.2.2 Quadro: Organização Curricular e Carga Horária Total – ênfase 1
Unidade
CH
Unidade
Módulo
1
Introdução a Educação a Distância
10 Instrumentalização em EaD
2 Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS
50
Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS
Casos Complexos
Integração Unidade
3 Processos de Ensino e Aprendizagem em Saúde
50
Aprendizado do Adulto
A ensinagem centrada no residente/graduando
Casos Complexos
Integração Unidade
4 Abordagem Individual 60
Método Centrado na Pessoa e Habilidades de Comunicação
Casos Complexos
Integração Unidade
5 Abordagem Familiar 55
Ferramentas para Abordagem Familiar
Casos Complexos
Integração Unidade
6 Abordagem Comunitária 55
Ferramentas para a Educação Popular e interação comunitária
Casos Complexos
Integração Unidade
Avaliação Presencial 4
Avaliação presencial abordando conteúdo das unidades 2 a 5
7 Primum non nocere 55
Prevenção Quaternária
Casos Complexos
Integração Unidade
8 Ensino e Avaliação na Medicina de Família e Comunidade
52
Ferramentas de Ensino
Avaliação no ensino da Medicina de Família e Comunidade
Casos Complexos
Integração Unidade
9 Implementando um Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade
62
Desenvolvendo um programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade
A organização do processo de trabalho para a ensinagem
Casos Complexos
Integração Unidade
Avaliação Presencial 4 Avaliação presencial das Unidades 6 a 9
Projeto de Intervenção 30
Portfólio 60
Avaliação Presencial 3 Defesa de TCC
Total 550
6.3. Ênfase em Tutoria a Distância
19
As unidades estão organizadas articulando os módulos de ensino a
estudos pedagógicos específicos para a atuação como tutor a distância. Os
tutores são acompanhados durante o processo formativo por Coordenadores
de Tutoria que terão o papel de pautar e subsidiar discussões teóricas
inerentes ao trabalho de tutoria a distância, mediar as problematizações
advindas da prática desenvolvida ao longo do curso e orientar o
desenvolvimento de ações de tutoria na formação de preceptores. Os
Coordenadores de Tutoria serão profissionais da saúde com experiência em
tutoria à distância e com o perfil proativo e com conhecimento dos processos
de Educação a Distância e das metodologias utilizados pela
UNASUS/UFCSPA. A proporção será de um Coordenador de Tutoria para cada
10-12 tutores, proporcionando uma troca intensa entre os participantes desta
segunda ênfase. Isso contribui para uma formação intensamente baseada na
problematização da prática da tutoria a distância.
6.3.3. Módulos de Ensino Específicos para a ênfase 2
Nas unidades de ensino de 2 a 8, além dos módulos comuns das duas
ênfases, existem módulos específicos a formação de um tutor a distância. Eles
são:
Educação Permanente em Saúde;
Modelos teóricos e pedagógicos de aprendizagem;
Docência e tutoria em saúde;
Modelos pedagógicos em educação a distância;
Avaliação da aprendizagem;
Prática de tutoria supervisionada;
Cada um destes módulos tem uma carga horária de 8 horas (total de 48
horas), sendo inserido nas unidades de ensino, também apresentando uma
avaliação ao final de cada um dos módulos.
6.3.4. Módulos de “Prática de tutoria supervisionada” para ênfase 2
Nesta ênfase está previsto uma Carga Horária de 320 horas que
mimetizam a prática de um tutor a distância, sob a supervisão de um
Coordenador de tutoria que tem o papel de auxiliar nas problematizações,
20
estimular a integração e as discussões entre os alunos da primeira ênfase. A
problematização foi a metodologia escolhida para o desenvolvimento das
atividades da Prática de tutoria a distância. A interação ocorrerá através do
Ambiente Virtual de Aprendizagem e web-conferências.
21
6.3.5 Quadro: Organização Curricular e Carga Horária Total – ênfase 2
Unidade CH
Unidade Módulo
1 Introdução a Educação a Distância
10 Instrumentalização em EaD
2 Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS
58
Introdução à Medicina de Família e Comunidade e à APS
Docência e Tutoria em saúde
Prática de tutoria supervisionada
3 Processos de Ensino e Aprendizagem em Saúde
55
Aprendizagem do Adulto
A ensinagem centrada no residente/ graduando
Prática de tutoria supervisionada
4 Abordagem Individual 68
Método Centrado na Pessoa e Habilidades de Comunicação
Modelos teóricos e pedagógicos de aprendizagem
Prática de tutoria supervisionada
5 Abordagem Familiar 63
Ferramentas para Abordagem Familiar
Modelos pedagógicos em educação a distância
Prática de tutoria supervisionada
6 Abordagem Comunitária 63
Ferramentas para a Educação Popular e interação comunitária
Educação Permanente em Saúde
Prática de tutoria supervisionada
Avaliação Presencial 4
Avaliação presencial abordando conteúdo das unidades 2 a 5
7 Primum non nocere 63
Prevenção Quaternária
Avaliação da aprendizagem
Prática de tutoria supervisionada
8 Ensino e Avaliação na Medicina de Família e Comunidade
55
Ferramentas de Ensino
Avaliação no ensino da Medicina de Família e
Comunidade
Prática de tutoria supervisionada
9 Implementando um Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade
70
Desenvolvendo um programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade
A organização do processo de trabalho para a ensinagem
Prática de tutoria supervisionada
Avaliação Presencial 3 Avaliação presencial das Unidades 6 a 9
Portfólio 60 Portfólio
Avaliação Presencial 4 Defesa de TCC
Total 576
22
7. ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA
O Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina de Família e
Comunidade está fundamentado nos princípios metodológicos adotados pelo
núcleo de trabalho UNA-SUS/UFCSPA, integrante da Rede UNASUS, que visa
o desenvolvimento de cursos e ações educativas voltadas à formação
permanente de profissionais da área da saúde, no âmbito do SUS, na
modalidade de EAD. Os princípios adotados em todos cursos propostos por
esse núcleo de trabalho consideram: que a educação é um processo contínuo
e autônomo, fundamentado no desenvolvimento de competências exigíveis ao
longo da vida profissional; a educação a distância é uma modalidade de
ensino/aprendizagem com identidade própria, sendo desenvolvida a partir de
uma filosofia de aprendizagem em que os alunos têm a oportunidade de
interagir e desenvolver projetos compartilhados, sendo reconhecidas e
respeitadas as diferentes culturas na construção do conhecimento; a
competência profissional envolve a capacidade de articular, mobilizar e colocar
em ação valores, conhecimentos e habilidades necessárias para o
desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do
trabalho.
A metodologia está organizada com base nestes princípios,
possibilitando ao aluno o estabelecimento de relações com problemas e
desafios existentes nas atividades de preceptoria na área de medicina de
família. As estratégias metodológicas visam possibilitar a aprendizagem ativa
do aluno, desenvolvendo competências e habilidades necessárias na busca de
soluções adequadas, originais, criativas e apropriadas às ações educativas em
preceptoria.
A ação do tutor tem função importante no desenvolvimento desse
processo, fundamentado nos pressupostos epistemológicos da pedagogia
relacional, onde o educando é considerado e valorizado com seu
conhecimento, pois o educador acredita que seu aluno é capaz de aprender
sempre. O professor/tutor tem o papel de apresentar os conteúdos da cultura
formalizada, desafiando os educandos para a construção do conhecimento,
provocando desequilíbrios.
23
“O professor construirá, a cada dia, a sua docência dinamizando
seu processo de aprender. Os alunos construirão, a cada dia, a sua
discência, ensinando, aos colegas e ao professor, novas coisas.” Nesse
processo educador e educando, professor e aluno aprendem. (Becker,
2001)
As estratégias educacionais são meios utilizados para facilitar a
aprendizagem. Para Anastasiou e Alves (2004) as estratégias visam à
consecução de objetivos, dessa forma as atividades propostas no ambiente
virtual utilizado – moodle – estão estruturadas visando operações de
pensamento que requerem comparação, observação, imaginação, obtenção e
organização dos dados, elaboração e confirmação de hipóteses, classificação,
interpretação, crítica, busca de suposições, aplicação de fatos e princípios a
novas situações, planejamento de projetos e pesquisas, análise, tomadas de
decisão e construção de sínteses.
Estes pressupostos perpassam todo o processo de
ensino/aprendizagem. As ações estratégicas abordam situações de medicina
de família e as abordagens educativas que podem ser realizadas nas ações de
preceptoria nesta área.
7.1. Estratégias Educacionais utilizadas
O curso se baseia na disponibilização de objetos virtuais de
aprendizagem que permitem ao aluno a análise de situações fictícias,
construídas através de condições sócio-regionais, de acordo com o perfil
psicossocial dos usuários dos serviços de saúde no País, abordando situações
similares àquelas vivenciadas cotidianamente pelos profissionais da Atenção
Básica em Saúde. Traduzem, dessa forma, os desafios da medicina de família
e como um preceptor pode conduzir as ações educativas neste âmbito.
Destacam-se as seguintes estratégias, como direcionadoras e
contextualizadoras de todas atividades pedagógicas propostas:
1. Utilização de três cidades ficcionais, abarcando características das
regiões sul, norte e nordeste do Brasil, que ambientam as unidades de estudo
do curso, com o objetivo de contextualizar os problemas na área da saúde,
24
reproduzindo situações próximas à realidade encontrada na medicina de
família e nas ações de preceptoria, desafiando os alunos na busca da
resolução de situações-problemas a serem discutidas e analisadas
teoricamente.
2. Estudo de casos complexos, onde através da discussão de casos
clínicos são estabelecidas relações diretas com as atividades profissionais,
oportunizando a comunicação e a interação entre alunos e entre esses e o
tutor, visando o aprofundamento do estabelecimento de relações e a exigência
do uso de operações mentais mais complexas (Ênfase Clinica de MFC).
3. Atividades diferenciadas, derivadas das análises dos casos
complexos, com propostas de resolução das situações-problema, a partir de
fatos ambientados nas cidades fictícias, oportunizando contextualizações e
posteriores estudos teóricos, através da busca de artigos científicos, estudo
dirigido e fóruns de discussão. Dentre as estratégias utilizadas para essas
atividades são apresentados materiais expositivos sobre os temas de estudo
(apresentações em slides, textos, vídeos e /ou áudio).
4. Elaboração de portfólio durante o desenvolvimento do curso, com o
registro reflexivo das atividades desenvolvidas, vinculando os conteúdos
desenvolvidos com a realidade da preceptoria em MFC que o aluno também
estará vivenciando em sua pratica na residência. O portfólio é uma estratégia
utilizada para que os alunos sistematizem e transponham às suas realidades
os conhecimentos abordados no curso. É um dossiê que traduz o processo
construído e as elaborações feitas, e, por isso, constitui-se no trabalho de
conclusão de curso dos alunos. Por isso, o Portfólio é uma das principais
estratégias e formas de avaliação adotada no Curso. A cada unidade o aluno
registra, a partir de orientações dadas, as principais atividades e aprendizagens
construídas no período.
Ainda são propostas outras estratégias envolvendo diferentes formas de
interação, através de ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas. As
atividades assíncronas permitem aos alunos o tempo necessário à reflexão,
mantendo as discussões vivas e produtivas, possíveis de serem realizadas em
tempos individuais. As atividades síncronas são as que ocorrem com
interações simultâneas, propostas em número e frequência menores. As
interações são estimuladas para serem preferencialmente entre os alunos,
25
sempre envolvendo situações problematizadoras relacionadas ao contexto real.
Outras estratégias utilizadas:
Fórum de discussão - envolve a discussão de um tema proposto, onde
os participantes interagem, de forma assíncrona.
Chat - também envolve a troca e interação, podendo ser motivado por
uma situação problema a ser resolvida, mas caracteriza-se como uma atividade
síncrona.
Entrega de tarefas individuais - diz respeito a várias tarefas que
podem ser propostas para resolução individual, oportuniza o acompanhamento
e avaliação das aprendizagens de cada aluno. No Moodle existem diferentes
formas de realização e envio de tarefas, desde a elaboração de um texto
individual a ser enviado no formato de arquivo, até a resolução de um caso
com postagem direta da resposta em local indicado.
Hot potatoes é uma ferramenta através da qual podem ser oferecidas
atividades com cunho mais lúdico para resolução envolvendo os temas
estudados, como cruzadinha e caça-palavras.
Quiz é uma ferramenta útil à aplicação de testes rápidos para realização
de pré ou pós-testes, com ou sem feedback.
Todo o Curso é acompanhado por Tutores, que exercem papel
importante no acompanhamento da participação e construção das
aprendizagens durante a realização das atividades do Curso.
7.2. Atribuições dos Sujeitos no Papel Ensino-Aprendizagem
7.2.1. Papel do Aluno de ambas as Ênfases
No curso de especialização a distância o aluno passa por uma mudança
cultural, relacionada à forma de aprender e conduzir o seu conhecimento. O
fato de não estar presente fisicamente na aula e não ter o contato direto com o
professor e os demais colegas, exige dele uma postura diferente a essa forma
de ensino. Há uma forte preocupação direcionada à subjetivação do aluno que
precisa se constituir na maioria das vezes a partir da escrita da sua fala. A
relevância de destacar este aspecto está em chamar a atenção para as
competências de escrita a serem apresentadas pelo aluno já que é através
26
desta que ele vai transmitir sua forma de pensar, relatar o que aprendeu e
construir uma interação com o grupo. Por isso, é importante o
comprometimento do aluno na utilização das ferramentas oferecidas pelo
Moodle ao realizar essa comunicação.
Em EaD considera-se que a frequência do aluno é verificada através da
interação com os objetos de estudos, os colegas e tutores através dos fóruns e
outros mecanismos de interação. Se o aluno atuar somente como receptor, ele
não terá demonstrado seu aprendizado. A forma de efetivar sua participação,
nessa última situação, é somente a escrita, diferentemente do curso presencial,
onde a oralidade pode complementar o aprendizado.
Ao assumir a realização de um curso de especialização a distância, o
aluno precisa pensar e providenciar outros fatores que os cursos presenciais
não exigem, como um ambiente adequado e a disponibilidade de tempo para
realizar as atividades. É necessário que ele possua essa noção para conseguir
atingir os resultados necessários exigidos pelo curso. O diferencial do curso a
distância é a flexibilidade em relação aos horários, o aluno pode se organizar
conforme a sua disponibilidade, pois o curso estará sempre a sua disposição.
Porém, no Curso de Especialização de Preceptoria em MFC é solicitado
que o aluno acesse semanalmente o ambiente virtual e cumpra os prazos de
entrega das atividades, para que possa acompanhar e realizar as tarefas sem
acúmulo de atividades.
Em EAD o fator tempo é administrado pelo aluno, mas este é
indispensável e em muitos casos requer dedicação maior que a aula
presencial, pois o estudo individualizado não conta com a interação face a face
com professor e colegas que passam a agilizar as discussões e o aprendizado.
Dessa forma, destaca-se a importância do tutor para motivar o aluno e auxiliá-
lo na retomada das atividades e dos acessos ao ambiente.
O curso de especialização a distância é oferecido com o intuito de
educação continuada aos alunos de ensino superior completo, por esse motivo
é importante que o aluno saiba o motivo pelo qual está realizando o curso.
Seguindo este ponto de vista, buscamos na LDB 9.394/96, o significado da
27
importância que o ensino superior tem na vida do aluno, da comunidade e da
região que ele se encontra, o que vai ao encontro dos objetivos do curso,
sendo eles:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico
e do pensamento reflexivo; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e
difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do
meio em que vive; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços
especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de
reciprocidade.
Nessa direção os cursos de especialização desenvolvidos e ofertados
através do Núcleo UNA-SUS/UFCSPA visam a formação com qualidade,
responsabilidade e de forma reflexiva, esperando do aluno um papel ativo e de
corresponsável pelo desenvolvimento dos processos propostos.
7.2.2. Papel do Tutor da Ênfase em Tutoria a Distância
O Curso de Especialização de Preceptoria em Medicina de Família e
Comunidade tem também como foco a formação voltada para Tutoria a
distância. Esta formação ocorre em serviço a partir do estudo, da
problematização e da proposição de ações no cotidiano de atuação do tutor a
distância. É um processo mediado e supervisionado pelo coordenador de
tutores que acompanha o processo buscando qualificar a atuação desses
profissionais mediante a reflexão das intervenções realizadas.
Para cada 10-12 tutores, temos um coordenador responsável. O tutor
atua como mediador e orientador das atividades, acompanhando o
desenvolvimento de cada aluno numa turma, especialmente por meio dos
recursos e instrumentos oferecidos pelo AVA, bem como por outras formas de
comunicação (e-mail, web conferência, SMS, telefone e correio tradicional).
O tutor é um especialista na área de conhecimento (MFC) em que atua
com domínio no uso dos recursos computacionais e Internet. Ele tem carga
28
horária semanal de 15-20 horas, atendendo turmas com no máximo 50 alunos.
A seleção dos tutores é realizada através de Edital tornado público para as
vagas da Especialização desta ênfase.
Para otimizar a formação e atuação dos tutores, eles são motivados a
permanecerem atuando junto a diversos componentes curriculares, de forma
que possam permanecer continuamente no processo. O tutor a distância
acompanha o desenvolvimento das atividades, verificando a participação e
identificando os avanços e dificuldades no sentido de fornecer o máximo de
subsídios aos alunos. Cabe também ao tutor à distância ser facilitador da
interação dos sujeitos envolvidos por meio de recursos como: agenda, fórum,
chat, e-mail e biblioteca, entre outros.
A figura do tutor para o curso é muito importante, pois ele é o fio
condutor na relação aluno-conteúdo. É por intermédio do tutor que criamos a
interação do aluno com a turma e com o objeto de estudos. Nesse sentido
seguimos o Referencial de Qualidade para Educação Superior a Distância do
Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distância, que relata a
importância do tutor da seguinte maneira:
“... O corpo de tutores desempenha papel de fundamental
importância no processo educacional de cursos superiores a distância e
compõem quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve
ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da
prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou
presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos
processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e
avaliação do projeto pedagógico.”
Esses mecanismos são de suma importância nos cursos a distância,
retratados no Referencial de Qualidade para Educação Superior a Distância do
Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distância. Conforme
consta no Documento:
“... A tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando o
processo pedagógico junto a estudantes geograficamente distantes, e
29
referenciados aos pólos descentralizados de apoio presencial. Sua
principal atribuição é o esclarecimento de dúvidas através fóruns de
discussão pela Internet, pelo telefone, participação em
videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico. O
tutor a distância tem também a responsabilidade de promover espaços
de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e
sustentação teórica aos conteúdos e, frequentemente, faz parte de suas
atribuições participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem,
junto com os docentes. ”
De acordo com esse entendimento em relação ao papel do tutor,
enfatizamos a importância da interação do tutor com o aluno, realizando uma
construção coletiva de conhecimento, sem colocar o aluno como um mero
receptor.
Para que o aprendizado realmente se consolide, é necessária a
comunicação entre o tutor e o aluno. Essa comunicação constrói o vínculo que,
para o processo da educação é muito importante na motivação e permanência
desse aluno no curso. Essa aproximação entre ambos abre possibilidades para
um trabalho em conjunto. Também é fundamental que o tutor incentive a
integração entre os alunos, sendo a interação entre pares uma forma de
potencializar o aprendizado do grupo.
É importante mencionar que para tornar o aprendizado do aluno eficaz é
necessário que o tutor sempre o acompanhe dando a ele o retorno de suas
construções, de forma positiva que o auxilie em melhorar o seu aprendizado e
refletir sobre ele.
Os tutores também contam com o apoio de duas equipes: a equipe
pedagógica que auxilia na orientação e nas decisões em relação a
determinados casos de alunos e aos processos pedagógicos da função de
Tutor e a equipe do apoio acadêmico que auxilia o tutor no planejamento de
atividades aos alunos com baixo rendimento, e na motivação desses alunos
pelo contato telefônico, um meio que reaproxima o aluno do curso novamente.
30
Assume-se como princípio que a ação humana torna possível o
aprendizado do nosso aluno, possibilitando a reflexão através da interação. Por
esse motivo o tutor possui função fundamental no curso. Dessa forma, os
tutores a distância atendem às solicitações pela internet (Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA) e possuem agendas de atendimento organizadas de
acordo com a atividade a ser desenvolvida.
7.2.3. Papel da Coordenação Pedagógica
O papel da Coordenação Pedagógica no curso é acompanhar, orientar e
coordenar o desenvolvimento dos processos pedagógicos desenvolvidos pelo
Núcleo de Coordenação de Tutoria, Núcleo de Apoio Pedagógico e Núcleo de
Apoio Acadêmico. São atribuições da Coordenação Pedagógica:
a) orientar e acompanhar as ações dos núcleos pedagógicos;
b) coordenar o processo de planejamento integrado na busca do
aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem-avaliação, nos seus
objetivos, conteúdos e estratégias;
c) definir diretrizes na elaboração de atividades de planejamento da
proposta curricular;
d) acompanhar, em conjunto com os Núcleos, o Conselho de Classe;
e) analisar dados que demonstrem os resultados obtidos no processo
educacional;
f) deliberar sobre as diretrizes para a elaboração de relatórios dos
trabalhos, bem como as conclusões resultantes das atividades desenvolvidas;
g) acompanhar o desenvolvimento de todo processo educativo.
7.2.4 Papel do Coordenador de Tutores
O Coordenador de Tutores atua diretamente com os tutores, auxiliando-
os em relação aos alunos e nas atividades propostas realizando semanalmente
reuniões com os tutores via Chat.
Os Coordenadores de Tutoria possuem o apoio da Coordenação
Pedagógica para dar andamento no seu trabalho e suas principais funções são:
31
a) pautar e subsidiar discussões teóricas inerentes ao trabalho de
tutoria;
b) mediar as problematizações advindas da prática desenvolvida ao
longo do curso;
c) orientar o desenvolvimento de ações de tutoria na formação de
preceptores;
d) auxiliar os tutores na interação com os alunos quando possuem
alguma dificuldade, com o intuito de fortalecer a relação entre ambos;
e) contribuir com esclarecimentos em relação às atividades e conteúdos,
quando solicitado pelos tutores;
f) acompanhar o andamento do processo de ensino-aprendizagem dos
alunos, através de dados fornecidos pelos tutores, verificando o que
precisa ser melhorado e ou reforçado;
g) acompanhar e avaliar o desempenho dos tutores, verificando eficácia
e qualidade das intervenções no acompanhamento do processo de
ensino-aprendizagem.
7.2.5. Papel do Núcleo de Apoio Pedagógico
O Núcleo de Apoio Pedagógico é formado por uma equipe de
pedagogos, psicólogos e bolsistas de graduação, sob a orientação da
coordenação pedagógica, a qual realiza reuniões semanalmente para verificar
as demandas das atividades e refletir sobre elas.
O Núcleo atua nos processos pedagógicos desenvolvidos ao longo de
todo curso. Suas principais atribuições são:
a) revisar os planos pedagógicos (objetivos, competências, metodologia,
avaliação) das unidades de ensinos e casos complexos;
b) elaborar planos e roteiros para qualificar as atividades propostas no
Curso;
c) fazer a análise das avaliações qualitativas dos alunos do Curso, a fim
de identificar maiores dificuldades e sugerir melhorias ou sanar
problemas existentes;
32
d) produzir artigos científicos com o intuito de divulgar as experiências
que o curso possibilita e como ele está funcionando em relação a
determinados assuntos.
Também é responsabilidade do Apoio Pedagógico dividir experiências e
oportunidade de troca de conhecimento ocorridas em seminários.
7.2.6. Papel do Núcleo de Apoio Acadêmico
O Apoio Acadêmico é o núcleo que atua diretamente com os alunos que
possuem alguma dificuldade. Esta equipe é formada por pedagogos e
psicólogos, para auxiliar os alunos nas suas dificuldades quando solicitado
pelos tutores contribuindo na diminuição da evasão e auxiliando na
comunicação tutor/aluno quando necessário.
O Núcleo de Apoio Acadêmico está sob a responsabilidade da
Coordenação Pedagógica. O Núcleo realiza reuniões sistemáticas para análise
e resolução de demandas de problemas de alunos e para obter orientação das
ações a serem desenvolvidas no suporte ao aluno e ao tutor.
O Núcleo de Apoio Acadêmico organiza as demandas e registra os
dados sobre os alunos em planilha de acompanhamento consultada
constantemente. Também através dos Coordenadores de Tutoria são
repassadas informações sobre os alunos que precisam de um contato e uma
orientação para melhorar seu rendimento no curso.
Sua principal forma de contato é através do telefone, o que ajuda na
expressão oral quando o aluno está com alguma dificuldade e não está
conseguindo retratá-la somente através da escrita.
7.3. Organização do Processo Avaliativo
O Curso tem como pressuposto metodológico que a avaliação deve
ocorrer durante todo o processo de ensino-aprendizagem, com a finalidade de
acompanhamento e verificação dos processos e das aprendizagens
construídas.
7.3.1 Avaliação do Desempenho do Aluno
33
A avaliação é uma atividade intrínseca que visa promover mudanças nas
aprendizagens dos alunos. Ela faz parte da ação educativa, contribuindo para o
desenvolvimento humano de maneira crítica e reflexiva, e não meramente
como constatação e verificação que confere apenas um grau ao discente.
Nesse sentido, o curso promove atividades que contribuem para a formação de
profissionais com capacidade de problematização do mundo em que vivem,
superando contradições e comprometendo-se com uma recriação constante do
mundo1.
As atividades são realizadas ao longo do processo de aprendizagem e
tem por objetivo observar o progresso do aluno, possibilitando oportunidades
de correção, preenchendo lacunas deixadas pelos discentes e valorizando as
conquistas realizadas por eles2. As atividades avaliativas a distância também
objetivam possibilitar um processo de autoavaliação por parte do aluno.
Em vista disso, é que os alunos constroem um portfólio com o objetivo
de registrar suas reflexões e aprendizagens, aproximando e relacionando
teorias trabalhadas e práticas vivenciadas nas ações de MFC e preceptoria.
A avaliação tem no portfólio um importante instrumento para estimular o
pensamento crítico e desenvolver a habilidade de resolução de problemas
complexos. Pautado na política da educação e da sociedade, o ensino pela
problematização procura mobilizar o potencial social, político e ético do
estudante, para que este atue como cidadão e profissional em formação3.
A avaliação apresenta os resultados de aprendizagem de acordo com os
níveis de aproveitamento predefinidos, proporcionando ao final da unidade e do
curso a verificação do alcance dos objetivos preestabelecidos4.
A avaliação de aprendizagem no Curso engloba dois procedimentos:
1 DARSIE, Marta Maria Pontin. Avaliação e Aprendizagem. Cadernos de Pesquisa, São Paulo,
nº 99, p. 47-59, 1996. 2 OLIVEIRA, Vanessa Teixeira Duque de; BATISTA, Nildo Alves.Avaliação formativa em
sessão tutorial: concepções e dificuldades. Rev. bras. educ. med.[online]. 2012, vol.36, n.3, pp. 374-380. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022012000500012. 3 GOMES, Andréia Patrícia et al. Avaliação no Ensino Médico: o papel do portfólio nos
currículos baseados em metodologias ativas. Rev. bras. educ. med. [online]. 2010, vol.34, n.3 [cited 2013-10-27], pp. 390-396 . 4 NETO, Roseli Jenoveva. ANÁLISE DAS HABILIDADES COGNITIVAS FUNDAMENTADOS
NA TAXIONOMIA DE BLOOM: UMA ANÁLISE NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS . Disponível em: http://periodicos.unesc.net/index.php/seminariocsa/article/viewFile/659/650 Acesso em: 27 de outubro de 2013.
34
a) Avaliações a Distância;
c) Avaliações Presenciais.
As atividades avaliativas a distância são desenvolvidas no decorrer dos
módulos, variando em número, de acordo com as horas estimadas para cada
módulo. Os tutores acompanham o processo de ensino e aprendizagem da
seguinte forma:
a) através do acompanhamento do percurso de aprendizagem, ou seja,
a partir do acompanhamento do desenvolvimento das atividades de cada caso
clinico complexo e módulo, que compõem as unidades;
b) através do acompanhamento do percurso de aprendizagem, a partir
das atividades propostas que compõem o portfólio.
A nota mínima nas atividades em EaD para aprovação em cada Unidade
de Ensino é 4,0. O aluno precisa atingir a nota 4,0 ou mais para continuar o
curso e realizar a avaliação presencial referente a unidade de Ensino. Caso
não atinja a nota mínima 4,0, o aluno está reprovado no curso.
A nota final da unidade é composta por avaliações a distância (Ead), que
representam 45% da nota final da unidade, e avaliação presencial, que
representa 55% da nota final da unidade.
Os alunos fazem duas avaliações escritas presenciais ao longo do
curso, uma prova referente as unidades 2 a 5 e outra referente as unidades 6 a
9, além da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (portfólio).
A nota final para aprovação sem exame deve ser igual ou superior a 7,0
(sete) em todas as unidades do Curso. O aluno que obtiver notas parciais cuja
média final for maior ou igual a 7,0 (sete) na unidade estará dispensado de
realizar o exame final. Em unidades com nota final inferior a 7,0 (sete) e igual
ou superior a 4,0 (quatro), o aluno obrigatoriamente fará o exame. Para ser
aprovado após o exame final, o aluno precisa ter:
a) nota no exame igual ou superior a 4,0 (quatro);
b) (média final da unidade x 6,0 + exame final x 4,0) / 10 ≥ 6,0 (seis). Se
a nota do exame for inferior a 4,0 (quatro) ou a nota calculada no item b for
35
inferior a 6,0 (seis), o aluno está reprovado na unidade (Artigo 76 do Regimento
Geral da UFCSPA).
Atribui-se nota zero ao aluno que deixar de submeter-se à avaliação,
bem como àquele que utiliza meio fraudulento na mesma. O aluno que perdeu
uma das avaliações presenciais poderá solicitar sua realização posterior, desde
que encaminhe esse pedido em até 5 dias úteis após o dia da prova com
justificativa pertinente. A solicitação deve ser feita por ticket, no Fale Conosco,
para a secretaria acadêmica, juntamente com a documentação que justifique a
ausência do aluno no dia da prova. Fica a critério de a Comissão
Coordenadora aceitar ou não a justificativa do aluno. O aluno poderá solicitar
revisão da nota atribuída em provas parciais ou no exame final em até 2 dias
úteis após a sua divulgação. A solicitação deve ser encaminhada a secretaria.
8. GESTÃO ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICA DO CURSO
A Gestão Administrativo-Pedagógica do Curso tem como finalidade
planejar, executar e acompanhar o desenvolvimento geral do curso. Para tanto
a Gestão é organizada a partir de uma estrutura organizacional composta por:
Coordenação Geral – responsabilidade sobre a condução
administrativa e acadêmica do Curso;
Vice Coordenação Geral – colaborar com as atribuições do
Coordenador e substitui-lo em sua ausência;
Colegiado Gestor – é um órgão consultivo, para apoio e tomada de
decisão da Coordenação Geral, com referência a assuntos administrativos e
pedagógicos. São membros do Colegiado Gestor professores da instituição
que atuam no Curso e a Coordenação Pedagógica;
Coordenação Pedagógica – gerencia os Núcleos de Assessoramento:
Núcleo de Coordenação de Tutoria, Núcleo de Apoio Pedagógico e Núcleo de
Apoio Acadêmico e Tutores;
Gerência Executiva - composta por profissionais da área da saúde, que
tem como finalidade gerenciar os contatos e encaminhamentos sobre o curso e
os alunos com órgãos da administração públicos (Ministério da Saúde,
Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, Coordenadorias de Saúde,...);
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Núcleo de Apoio e Suporte Técnico;
Equipe de Estagiários e Técnicos Administrativos contratados.
A atuação da Coordenação Geral é fundamental para garantir o bom
andamento do curso, tanto do ponto de vista do conteúdo da área de saúde,
quanto do lado técnico, envolvendo a metodologia de EAD utilizada e uso dos
recursos oferecidos pelo curso.
O Colegiado Gestor é composto por professores que atuam na
elaboração do projeto e participam ativamente de todo o projeto. Estes
professores desenvolvem atividades diversas no decorrer do curso, como
comunicação com professores, coordenadores de tutores e tutores realizando
uma avaliação do andamento do curso, entre outras.
A equipe técnica de apoio e suporte é composta por profissionais de
diferentes áreas. Estes profissionais apoiam atividades diversas, em diferentes
momentos do curso: profissionais da área de pedagogia, informática e saúde.
Além desses profissionais, para o desenvolvimento do curso, fazem
parte do corpo técnico: Estagiários de Desenvolvimento de Material,
Estagiários de Gestão de Projeto e Estagiários de Conteúdo.
9. REFERÊNCIAS
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