Projeto Musica Conep 101020081
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7/31/2019 Projeto Musica Conep 101020081
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PROJETO PEDAGGICO
CURSO DE MSICA
So Joo del-Rei Minas Gerais
2008
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Dados Institucionais
Universidade Federal de So Joo del-Rei
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso - CONEP
Presidente
Helvcio Luiz Reis
Docentes de Graduao
Cons. Elizete Antunes TeixeiraCons. Erivelton Geraldo NepomucenoCons. Flvio Neves TeixeiraCons. Hewerson Zansvio TeixeiraCons. Luiz Eduardo de Vasconcelos RochaCons. Jos Antnio Oliveira de ResendeCons. Marco Tlio RaposoCons.Rita Laura Avelino Cavalcante
Docentes de Ps-Graduao
Cons. Jos Luiz Aarestrup AlvesCons. Magda Velloso Fernandes de Tolentino
Tcnicos-Administrativos
Cons. Jos Ricardo BragaCons. Miriam Natalina De La Svia Braga
Discentes
Graduao: Cons. Yane Cerqueira de SPs-Graduao: Cons. Ivan Vasconcelos Figueiredo
Membro das Associaes Comunitrias
Cons. Wilson Jos Giarola
Comisso de Elaborao do Projeto
Abel Raimundo de Moraes Silva
Mestre em MsicaThames Valley University de Londres UK
Antonio Carlos Guimares
Doctor of Music ArtsUniversity of Iowa USA
Jos Antnio Bata Zille
Mestre em Tecnologia EducacionalCEFET de Minas Gerais
Comisso de Readequao do Projeto(Colegiado do Curso de Msica da UFSJ)
Coordenadora: Prof. Carla Silva ReisVice-coordenadora: Prof. Thas dos
Guimares Alvim Nunes
Docentes: Prof. Srgio de FigueiredoRochaProf. Mrcia ErmelindoTabordaProf. Marcelo Parizzi MarquesFonseca
Discente: Gustavo Heyden Flausino
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Introduo
Apresenta-se, a seguir, a verso atualizada do Projeto Pedaggico do Curso de
Msica da UFSJ, com alteraes propostas pelo Colegiado do Curso, seguindo
determinao unnime da Assemblia Departamental. Aps vrias reunies de
trabalho, o texto final foi apresentado e referendado pelo Colegiado em reunio
extraordinria realizada no dia 23 de setembro de 2008, s 15h30min.
Inicialmente, reduziu-se a carga horria de 3.240h para 2.820h, o que atende
legislao vigente e acompanha a realidade da maioria dos cursos de licenciatura
em msica no Brasil. Alm disso, a mudana adequar a demanda de ensino docurso ao atual quadro de professores. Note-se que essa modificao no ocasiona
qualquer prejuzo para a formao acadmica do corpo discente, uma vez que a
concepo pedaggica geral foi mantida, bem como a grande maioria das unidades
curriculares previstas. Vale ressaltar, tambm, que professores de outros
departamentos que ministram aulas no curso de Msica no tero alterao para
mais em sua carga horria. Tampouco, o proposto, aqui, descaracteriza o
projeto aprovado anteriormente pelo CONEP, por isso, o Colegiado prope amigrao automtica e compulsria de todos os alunos para a nova verso
curricular.
Tendo em vista a alta demanda regional para a formao de Educador Musical,
optou-se pela criao de uma nova habilitao que privilegia o contedo didtico
para a formao desse profissional, prescindindo de uma formao instrumental
mais especfica e aprofundada. Assim, alm da readequao da carga horria do
Curso, para as habilitaes j existentes, este documento prope a criao da
habilitao Educao Musical, a partir de 2009. importante destacar que a Lei
11.769, de 18/08/2008, determina a obrigatoriedade do ensino de msica na
Educao Bsica, o que implica necessidade de formao em larga escala de
profissionais para esse mercado. Com o novo perfil, o Curso de Msica poder
atender de forma mais completa s necessidades educacionais e musicais de So
Joo del-Rei e regio, que compreendem tanto os instrumentistas e cantores
quanto os educadores musicais mais generalistas.
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SUMRIO
APRESENTAO ........................................................................................................................................ 6
PARTE I: APRESENTAO DA UFSJ ............................................................................................................. 7
1HISTRICOECONSTITUIODAUFSJ .................................................... .......................................................... 8
1.1 A cidade de So Joo del-Rei .................................................................................................................... 8
1.1.1 Situao ........................................................................................................................................................... 8
1.1.2 Sntese histrica .............................................................................................................................................. 8
1.2 A Universidade Federal de So Joo del-Rei .......................................................................................... 10
PARTE II: A CONCEPO DO CURSO .........................................................................................................15
2JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................ 162.1 Aspectos Socioculturais .......................................................................................................................... 16
2.2 Aspectos histrico-musicais ................................................................................................................... 19
2.3 Aspectos legal-educacionais .................................................................................................................. 23
2.4 Demanda latente ................................................................................................................................... 29
2.5 Demanda especfica ............................................................................................................................... 31
2.6 Aspectos acadmico-vocacionais ........................................................................................................... 32
2.6.1 Do Ensino....................................................................................................................................................... 32
2.6.2 Da Pesquisa ................................................................................................................................................... 32
2.6.3 Da Extenso ................................................................................................................................................... 33
3OBJETIVOSDOCURSO ......................................................... ............................................................. .............. 36
3.1 Objetivo geral ......................................................................................................................................... 36
3.2 Objetivos especficos .............................................................................................................................. 36
4PERFILDOEGRESSO ....................................................................................................................................... 38
4.1 Competncias gerais e especficas ......................................................................................................... 38
4.2 Campos de atuao e as habilitaes do egresso .................................................................................. 43
5PESQUISAEEXTENSO ........................................................ ............................................................. .............. 45
5.1 Sobre a Pesquisa .................................................................................................................................... 45
5.2 Possibilidades para projetos de Extenso .............................................................................................. 47
PARTE III: CURRCULO ..............................................................................................................................51
6ORGANIZAOCURRICULAR ......................................................................................................................... 52
6.1 Diretrizes legais ...................................................................................................................................... 52
6.2 Eixos epistemolgicos ............................................................................................................................ 54
6.3 Objetivos do currculo ............................................................................................................................ 57
6.3.1 A msica e a educao musical para os objetivos do currculo ............................... ...................... ................ 586.4 Estrutura curricular ................................................................................................................................ 60
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6.4.1 Campos de Conhecimentos ........................................................................................................................... 62
6.4.2 Componentes curriculares e sua descrio ................................................................................................... 68
6.4.3 Matriz Curricular ........................................................................................................................................... 88
6.4.4 Pr-requisitos ................................................................................................................................................ 93
6.5 ESTRATGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................................................................................ 94
6.5.1 Metodologia para estudos bibliogrficos .................................................................................................... 104
6.6 AVALIAO DA APRENDIZAGEM......................................................................................................................... 107
PARTE IV: CONDIES DE OFERTA DO CURSO ........................................................................................ 116
7SNTESEGERAL ............................................................................................................................................. 117
8ESTRUTURAEPREVISODEPROGRESSOCURRICULAR .......................................................................... ... 119
9CORPODOCENTE ......................................................................................................................................... 124
9.1 Perfil do corpo docente ........................................................................................................................ 1249.2 Critrios de seleo do corpo docente ................................................................................................. 125
9.2.1 Critrios gerais............................................................................................................................................. 125
9.2.2 Critrios especficos..................................................................................................................................... 125
10ESPAOFSICOEEQUIPAMENTOS ............................................................................................................. 137
10.1 Espao fsico ....................................................................................................................................... 137
10.2 Equipamentos, instrumentos e acessrios musicais .......................................................................... 138
ANEXOS .................................................................................................................................................. 141
ANEXO A: ORIENTAES PARA OFERTA E CADASTRO DO CURSO........................ ...................... ..................... .... 142
ANEXO B: AS EMENTAS DAS UNIDADES CURRICULARES ...................... ..................... ..................... ..................... . 156
ANEXO C: MODELO DE PROJETO DE ESTGIO ...................... ..................... ...................... ...................... .............. 260
ANEXO D: MODELO DE FICHA DE RELATRIO DE ESTGIO ..................... ..................... ...................... .................. 261
ANEXO E: MODELO DE PROJETO DE MONOGRAFIA ..................... ...................... ..................... ...................... ....... 262
ANEXO F: REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS DA PROPOSTA ........................... ..................... ..................... ............... 263
ANEXO G: CURRICULA DOS AUTORES .................................................................................................................. 268
ANEXO H: Lei 1.769/08 ......................................................................................................................................... 271
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APRESENTAO
O Projeto Pedaggico do Curso de Msica da Universidade Federal de So Joodel-Rei - foi concebido a partir das diretrizes curriculares estabelecidas na
Resoluo que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao de
Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura e
graduao plena, CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, do Conselho Nacional de
Educao.
contedo deste Projeto: o histrico e a constituio da Universidade, a
identificao do curso, a justificativa e os objetivos do curso, o perfil do egresso e
suas competncias, toda a organizao curricular e as diretrizes metodolgicas de
ensino e avaliao. O roteiro seguido para sua elaborao foi, basicamente, o que
estabelece o artigo 67 do Regimento Geral da UFSJ.
Na primeira parte, apresentada a Universidade Federal de So Joo del-Rei,
iniciando-se com um breve relato sobre a cidade de So Joo del-Rei e sua histria.
Na segunda parte, est descrita a concepo do curso com: justificativa, objetivos,
perfil do egresso e a relao com a pesquisa e a extenso. Deve-se ressaltar, aqui,
que o perfil do profissional que se deseja formar a base sobre a qual todo o Projeto
foi desenvolvido. A apresentao do currculo do curso, em termos de sua
organizao e estruturao, compe a terceira parte do Projeto. Finalizando, na
quarta parte, constam as condies de oferta do curso.
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PARTE I: APRESENTAO DA UFSJ
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1 HISTRICO E CONSTITUIO DA UFSJ
1.1 A CIDADE DE SO JOO DEL-REI
1.1.1 Situao
A cidade de So Joo del-Rei est localizada na regio do Campo das Vertentes,
microrregio do Campo da Mantiqueira, no estado de Minas Gerais. A cidade est
posicionada no entroncamento de vrias rodovias, o que facilita o acesso para as
outras regies do estado e estados vizinhos. Dista 184 quilmetros de Belo
Horizonte (MG), 321 do Rio de Janeiro (RJ) e 492 de So Paulo (SP).
So Joo del-Rei pertence ao Circuito Histrico de Minas Gerais e se destaca como
plo regional. Sua localizao, aliada s suas caractersticas e histria, propicia um
constante afluxo de pessoas da regio, das outras partes do estado e dos estados
de So Paulo e Rio de Janeiro.
So Joo del-Rei cidade privilegiada por clima ameno, pelas serras que a
circundam, pelo seu conjunto arquitetnico colonial - um dos mais ricos e
significativos do Pas e pelas suas tradies. Atualmente, a cidade bem atendida
por toda sorte de servios desejveis em um ncleo urbano. Juntamente com os
seus distritos, So Joo del-Rei possui uma populao estimada em 82 mil
habitantes, a maior parte deles vivendo das atividades do comrcio e de servios.
1.1.2 Sntese histrica
So Joo del-Rei teve sua origem no Arraial Novo do Rio das Mortes - um povoado
que surgiu em fins do sculo dezessete na rota dos bandeirantes paulistas que
desbravavam a futura Minas Gerais. A descoberta de ouro na regio provocou um
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grande afluxo de indivduos provenientes da Capitania de So Vicente, hoje So
Paulo, e de aventureiros da Metrpole e outras regies do Pas, que ali se fixaram.
Os paulistas defendiam a idia de que somente eles teriam o direito de exploraodo ouro e de posse dos novos territrios conquistados. Esse ponto de vista provocou
disputas e conflitos, que se tornaram cada vez mais freqentes, culminando na
chamada Guerra dos Emboabas. Eram chamados emboabas os que no haviam
nascido na Capitania de So Vicente (vila, 20051). Em 1709, uma expedio de
paulistas foi rendida pelos portugueses, que chacinaram todos os prisioneiros. Esse
fato histrico ficou conhecido como o "Capo da Traio".
O Arraial Novo foi elevado categoria de vila em 1713, recebendo, ento, o nome
de So Joo del-Rei, em homenagem a D. Joo V, rei de Portugal. Em 1714, tornou-
se sede da importante Comarca do Rio das Mortes, cuja extenso alcanava os
limites das localidades de Guaratinguet, no estado de So Paulo, e Ouro Preto. O
progresso rpido da Vila teve, pelo menos, duas causas: sua localizao no
Caminho Geral do Serto e, o mais importante, as descobertas de ouro. Foi cogitada
para ser a capital dos sonhos libertrios dos Inconfidentes Mineiros.
Algumas manifestaes da pujana econmica da regio, no passado colonial, esto
hoje presentes nas igrejas, nas pontes de pedra, em ruas e edificaes.
Com a decadncia da minerao do ouro, So Joo del-Rei confirmou-se como um
plo comercial abastecedor de outras regies do estado e do pas, mantendo ainda
a condio de centro administrativo do poder pblico. Em 1838, foi elevada
categoria de cidade e, em 1860, capitais financeiros locais criara uma das primeiras
instituies bancrias do estado de Minas Gerais - o Banco Almeida Magalhes.
Em 1881, a cidade de So Joo del-Rei integrou-se rede de ferrovias por meio da
Estrada de Ferro Oeste de Minas. Esse fato proporcionou um novo impulso na vida
econmica e cultural da cidade. Aqui se instalam novos empreendimentos, entre
eles, a Companhia Txtil Sanjoanense, em 1891, e construiu-se o novo Theatro
Municipal, inaugurado em 1893.
1 Disponvel em: http://www.sba.ufsj.edu.br/sitesjdr/html/historia.html
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A cidade de So Joo del-Rei se ratificou, ento, como ncleo cultural e
educacional. Na cultura, sua produo tomou lugar e fora expressiva nas vrias
manifestaes como suas festas tradicionais, msica, literatura e teatro. No mbito
educacional, foi registrado o advento de dezenas de estabelecimentos de ensino,
em que se sobressaiu o Colgio Duval, conhecido por sua qualidade do ensino.
Essa condio permaneceu at o sculo XX com outros quatro grandes
estabelecimentos de ensino: a Escola Normal Nossa Senhora das Dores, o Ginsio
Santo Antnio, o Instituto Padre Machado e o Colgio So Joo. Por essas
instituies, tidas como referncias de excelncia, passaram grandes
personalidades da vida brasileira.
Ainda no mbito educacional, a partir de meados do sculo XX, conjunturas geraram
circunstncias que requereram drsticas adequaes s instituies. Essas
adequaes propiciaram o surgimento da FUNREI Fundao de Ensino Superior
de So Joo del-Rei, hoje Universidade Federal de So Joo del-Rei.
1.2 A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO JOO DEL-REI
A Fundao de Ensino Superior de So Joo del-Rei - FUNREI - foi implantada em
18 de dezembro de 1986, a partir da incorporao da Faculdade Dom Bosco de
Filosofia, Cincias e Letras e da Fundao Municipal de Ensino Superior de So
Joo del-Rei. Em 19 de abril de 2002, a FUNREI foi, ento, transformada em
Universidade Federal de So Joo del-Rei - UFSJ, resgatando um antigo ideal do
ex-governador Tancredo Neves, que desejava uma universidade para a Regio, aexemplo dos ideais dos inconfidentes.
A UFSJ mantida com recursos da Unio, advindos do Ministrio da Educao, e
caracteriza-se por oferecer ensino gratuito, alm de programas de pesquisa e
extenso. A Instituio oferece 41 cursos de graduao em regime integral e noturno
com as seguintes graduaes: em So Joo del-Rei: Administrao, Cincias
Biolgicas, Cincias Contbeis, Cincias Econmicas, Educao Fsica, Engenharia
Eltrica, Engenharia Mecnica, Filosofia, Fsica, Histria, Letras, Matemtica,
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Pedagogia, Psicologia e Qumica. Para 2009: Arquitetura e Urbanismo, Artes
Aplicadas (nfase em Cermica), Cincia da Computao, Comunicao Social
(nfase em Jornalismo), Engenharia de Produo, Geografia, Teatro e Zootecnia.
Em Divinpolis: Bioqumica , Enfermagem, Farmcia e Medicina. Em Ouro Branco:
Engenharia Civil (nfase em estruturas metlicas), Engenharia de Bioprocessos,
Engenharia de Telecomunicaes, Engenharia Mecatrnica e Engenharia Qumica.
Em Sete Lagoas: Engenharia de Alimentos e Engenharia Agronmica, ambos em
fase de implantao.
Em mbito da ps-graduao, a Universidade oferece Cursos de Especializao
Lato Sensu: Administrao, Filosofia, Histria de Minas - Sculos XVIII e XIX,
Cincias Econmicas e Matemtica. Em nvel Stricto Sensu, so oferecidos os
Mestrados em: Letras; Multidisciplinar em Fsica, Qumica e Neurocincia;
Psicologia; Histria; Educao; Engenharia de Energia (com o CEFET-MG). Projetos
de implantao de outros cursos de mestrado encontram-se em andamento.
Atualmente, a UFSJ acolhe cerca de 4.200 alunos nos cursos de graduao e 520
nos cursos de ps-graduao. Mais de 70% dos alunos estudam no perodo noturno,
permitindo o acesso do trabalhador ao ensino superior gratuito.
A Instituio composta pelo campusDom Bosco, pelo campusSanto Antnio, pelo
campusTancredo Neves (CTAN) e mais trs campi fora de sede (Sete Lagoas est
em implantao).
A Universidade conta ainda com um amplo casaro histrico, o Solar da Baronesa,
localizado no centro da cidade. Nele, funcionam setores administrativos relacionados
extenso e o Centro Cultural, destinado a exposies artstico-culturais. O Solarda Baronesa uma edificao do final do sculo XVIII e sua restaurao foi uma
importante contribuio da UFSJ para a revitalizao do patrimnio histrico
brasileiro.
A estrutura fsica da Universidade inclui, em seus seis campi, salas de aula,
laboratrios e bibliotecas, para desenvolver suas atividades de ensino, pesquisa e
extenso. Existe uma preocupao constante da administrao da Universidade
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com a ampliao da estrutura fsica e com a atualizao de equipamentos e
laboratrios.
Na UFSJ, a Extenso Universitria considerada como articulada Pesquisa e aoEnsino e concebida como promovedora da relao entre a Universidade e a
Sociedade, por meio da troca de saberes e da democratizao do conhecimento
acadmico. Nesse sentido, a Pr-Reitoria de Extenso e Assuntos Comunitrios
PROEX tem contribudo para a consolidao da poltica de extenso da UFSJ. Os
projetos de extenso da UFSJ so desenvolvidos nas reas da educao, cultura,
sade, tecnologia, meio ambiente e direitos humanos. Alguns dos projetos de
extenso na rea cultural so:
Centro Cultural da UFSJ inaugurado no dia 28 de abril de 2000, o espao
tem servido ao desenvolvimento sistemtico de atividades artsticas e
culturais, alm de sediar eventos ligados ao ensino, pesquisa e
extenso, atendendo s demandas das comunidades interna e externa da
Universidade. Nele, destacam-se amplas galerias, destinadas a exposies,
mostras e recitais, complementadas por uma sala de multimdia, paraprojees de filmes, videodocumentrios, lanamento de livros, palestras,
cursos e demais atividades.
O Inverno Cultural - tem acontecido sem interrupes, desde 1988,
oferecendo oficinas, exposies, shows e seminrios nas mais variadas
linguagens da cultura e da arte. A importncia que a UFSJ confere ao evento
expresso de sua sensibilidade em relao cultura e arte, com razes
histricas profundas na cidade e regio. Assim, h 21 anos, o evento se
constitui como evidente elemento catalisador das mais diversas formas de
manifestaes artsticas e culturais. O Inverno Cultural tem sido sinnimo de
resgate, revitalizao, promoo e incentivo s variadas formas de
manifestaes artstico-culturais, tornando-se, desde os primeiros anos,
referncia para o campo da cultura em geral. Mantendo seu formato original,
o Inverno Cultural adquiriu, a partir de sua 12 edio, amplitude e
reconhecimento nacional. A promoo de evento de tal magnitude s tem
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sido possvel graas s alianas estabelecidas entre instituies e empresas
locais, regionais e nacionais que compreendem a importncia do
investimento no campo cultural. Assim, as aes de parceria tm se
expandido de forma cada vez mais profissional e organizada. Exemplo de
ao integradora foi a criao do Frum Minas de Festivais, apoiado pelas
Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo, que tem gerado melhoria da
qualidade e da economia dos eventos e concretizado um circuito turstico-
cultural de inverno no Estado.
A Oficina Escola de Lutheria uma das poucas existentes no Pas, cuja
ao se concentra na construo e restaurao de instrumentos de cordas.
Em quatorze anos de atividades, vem atendendo a vrias instituies
musicais da regio de So Joo del-Rei, de Minas Gerais e de outros
Estados. Desde a sua locao, j foram oferecidos cinco cursos de
construo de violo, com durao de dois anos, bem como inmeros
cursos de restaurao de instrumentos de corda.
Quanto ao quadro docente da UFSJ, este formado por 246 professores, sendo 160
doutores, 68 mestres, 11 especialistas e 07 graduados. Apesar de a capacitao docorpo docente j ser relativamente alta, comparada com as demais Instituies de
ensino superior do pas, esse processo tem sido contnuo na UFSJ.
O corpo tcnico-administrativo composto de 314 servidores, sendo: 20 nvel A,
18 nvel B, 64 nvel C, 160nvel D e 52 nvel E. Na assistncia aos alunos,
so desenvolvidos diversos programas de incentivo, permitindo-lhes a prtica e a
ampliao das suas possibilidades profissionais, inclusive com remunerao.
A UFSJ oferece comunidade, alm de espaos para o desenvolvimento da arte e
da cultura, espaos de lazer como piscina, campo de futebol e quadras poli-
esportivas para atenderem prtica do esporte.
Atualmente, a UFSJ tem na sua direo o Professor Helvcio Luiz Reis. A Instituio
regida pelas decises dos rgos colegiados: Conselho Universitrio CONSU,
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso CONEP, Conselho Diretor CONDI.
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Em todos eles, os trs segmentos da comunidade universitria (alunos, professores
e tcnicos) e a comunidade local tm representao com voz e voto.
A Comisso Permanente de Vestibular - COPEVE - o setor da UFSJ que planeja,organiza e executa o Processo Seletivo. Ela composta por professores e tcnicos
que trabalham no desenvolvimento, na aplicao e na anlise da seleo. O
Processo Seletivo da UFSJ garante a todos os candidatos a oportunidade de
igualdade de acesso, sem distino de qualquer natureza. Tambm est baseado na
igualdade de tratamento e de critrios de avaliao, de modo a classificar os
candidatos de acordo com suas habilidades para desenvolver os cursos pretendidos.
Por se tratar de uma universidade federal, a UFSJ tem importncia nacional. No
entanto, sua maior abrangncia encontra-se junto aos vinte e nove municpios que
compem a regio do Campo das Vertentes. Tambm fazem parte dessa rea de
abrangncia, pela proximidade, alguns municpios da Zona Metalrgica e da Zona
da Mata.
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PARTE II: A CONCEPO DO CURSO
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2 JUSTIFICATIVA
O Curso de Msica Habilitao em Instrumento ou Canto, ou Educao Musical na Universidade Federal de So Joo del-Rei encontra argumentao nos seguintes
aspectos:
2.1 Aspectos socioculturais: que apontam a importncia de se preservar uma
tradio nica e representativa da identidade prpria da cidade de So Joo del-Rei
e de seus habitantes.
2.2 Aspectos histrico-musicais: que demonstram como a tradio e a identidade,constitudas historicamente, so importantes componentes das identidades mineira e
nacional, mas caminham para imprevisveis direes.
2.3 Aspectos legal-educacionais: que demonstram as necessidades geradas, no
raio de abrangncia da UFSJ, com as Leis 9.394/96 Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional e 11.769/08 que altera a Lei n 9.394, de 20 de dezembro de
1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educao, para dispor sobre a obrigatoriedade
do ensino da msica na educao bsica.
2.4 Demanda latente: que aponta para a necessidade de satisfazer uma demanda
latente para a formao de profissionais da prtica e do ensino de msica.
2.5 Demandas especficas: que apontam para razes especficas da implantao
do curso de Licenciatura na regio de So Joo del-Rei e Zona da Mata Mineira.
2.6 Aspectos acadmico-vocacionais: a ttulo de concluso, que assinala aadequao das propostas do curso relacionadas vocao universitria para o
ensino, a extenso e a pesquisa.
2.1 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS
Alm do reconhecido valor de seu patrimnio histrico-arquitetnico, So Joo del-
Rei possui um patrimnio cultural de igualvel importncia. Tal patrimniodesenvolveu-se e se manteve, at os dias de hoje, como uma cultura prpria e
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espontnea da populao. Essa cultura teve sua origem com o surgimento do ento
Arraial Novo do Rio das Mortes por volta de 1704, hoje So Joo del-Rei. Mais
tarde, os movimentos polticos, religiosos e artsticos do auge do ciclo do ouro
possibilitaram que artistas e intelectuais fervilhassem a cultural da cidade colonial. O
episdio da Inconfidncia Mineira viria reforar uma personalidade poltica, artstica
e cultural, prpria e marcante, da cidade e de seus habitantes.
Ao longo de sua histria, a vida cultural da cidade de So Joo del-Rei sempre foi
bastante diversificada e expressiva. Essas caractersticas podem ser identificadas
pelas diversas manifestaes significativas em todas as reas, como a poltica, a
literatura, o teatro, o artesanato e a msica.
No sculo XX, a partir da dcada de sessenta, a cidade passou a viver uma poca
de singular produo cultural. Naquela ocasio, vrias manifestaes tomaram lugar
e fora expressiva na cidade. Na dcada de setenta, So Joo del-Rei passou a ser
nacionalmente conhecida pela alegria, pelo alto nvel artstico e pelo valor histrico
de seu carnaval. Na mesma poca, o Teatro Municipal passou a ser passagem
obrigatrio nos circuitos artsticos de grandes nomes da msica nacional e
internacional.
O movimento teatral tambm teve seu apogeu com produes regulares no Cine-
Teatro Artur Azevedo. No entanto, sucumbiu-se gradativamente frente a uma srie
de fatores, como a precariedade de recursos financeiros, o descaso de autoridades
e a crise econmica que abateu o Pas a partir da dcada de oitenta.
Apesar de muitos fatores desfavorveis, algumas tradies se mantiveram ativas na
cidade, como o caso das cerimnias religiosas e da tradio musical vinculada aelas. Essas tradies so conhecidas em todo o Pas e celebradas como patrimnio
cultural vivo que se mantm desde o sculo XVIII. Essas tradies persistem graas
s Irmandades Religiosas e s Orquestras bicentenrias Lira Sanjoanense e Ribeiro
Bastos.
Como reflexo desse contexto, temos a Semana Santa e a msica sacra como sendo
as manifestaes culturais da cidade que melhor se mantiveram desde o sculo
XVIII. O reconhecimento nacional de seu valor cultural vem sendo elemento
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motivador para o grande afluxo de turistas cidade. Nesse sentido, o turismo
cultural, presente na poca da Semana Santa e outras festas religiosas, no s
reconhece como tambm estimula e ajuda a manter viva a prpria cultura.
Pode-se identificar claramente uma vocao cultural em So Joo del-Rei, que se
mantm viva e preservada no prprio seio da populao. No entanto, observa-se
tambm que so cada vez maiores as influncias deletrias sobre os indivduos,
expostos aos meios de comunicao de massa, que impem uma cultura
globalizante, despersonalizada e estereotipada. A cada nova gerao, torna-se cada
vez maior o risco das subculturas ps-modernas dilurem gradativamente as
originalidades e a identidade cultural de cidades como So Joo del-Rei.
Sob essa perspectiva, este patrimnio cultural precisa ser preservado e estimulado
por instituies que possuem objetivos claramente culturais. So essas instituies,
juntamente com uma populao consciente, que tm a possibilidade de oferecer
uma resistncia s foras corrosivas do tempo, s crises da economia e prpria
cultura.
A partir de 1986, a cidade de So Joo del-Rei passou a ter uma nova chance de
fomento cultura local com a criao da Fundao de Ensino Superior de So Joo
del-Rei FUNREI, que mais tarde se tornou a Universidade Federal de So Joo
del-Rei. Em sua potencialidade de conservar as tradies e desenvolver a cultura
local, o Departamento de Msica e o Curso de Msica possibilitam UFSJ:
contribuir para a preservao da tradio histrico-cultural da cidade de So
Joo del-Rei;
contribuir para o desenvolvimento da cultura artstica e musical da cidade; devolver, gradativamente, a So Joo del-Rei o status de cenrio musical
significativo, reconhecido nacionalmente e perdido ao longo dos anos;
contribuir para o desenvolvimento do turismo cultural na cidade, com
produes musicais realizadas pelos prprios alunos e professores do curso;
contribuir para o incentivo de outros aspectos de natureza socioeconmica da
cidade.
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2.2 ASPECTOS HISTRICO-MUSICAIS
No perodo Colonial Brasileiro, a regio de Minas Gerais apresentou um dos mais
significativos movimentos culturais do Brasil. Isso ocorreu, entre outras coisas,devido a um grande afluxo de aventureiros em busca do ouro, o que acabou por
gerar uma grande movimentao de recursos na Colnia. Esses fatos possibilitaram
o desenvolvimento de uma sociedade rica e culturalmente refinada na regio das
Minas.
No incio de sua formao, a populao da capitania geral das Minas Gerais era
constituda por portugueses, cristos novos e paulistas, sendo na sua maioria
homens solteiros e escravos. Assim tornou-se comum a ligao de homens brancos
com escravas, fazendo crescer uma populao mestia e livre ao nascer.
Dentre a populao parda, destacaram-se vrios artistas que atuavam nas mais
diversas linguagens. Eram pintores, escultores e msicos que criaram obras de
carter original, diferentes das que eram criadas no resto do pas. Destacara-se
nesse cenrio o arquiteto Antnio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor
Manuel da Costa Atade, que, juntamente com outros, construram e ornamentaram
diversas igrejas barrocas em Minas Gerais. Na msica, surgiram importantes
compositores, como Jos Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Manuel Dias de
Oliveira e, especificamente em So Joo del-Rei, o Padre Jos Maria Xavier.
Mariz (1994) afirma que a msica no perodo colonial em Minas no era somente
feita nas igrejas, mas tambm em festas sociais e militares. A msica era tambm
feita nas casas com grupos integrados por famlias e escravos ou mulatos que
sabiam tocar os instrumentos. Esses grupos musicais amadores se apresentavamem sarais ou saam pelas ruas, durante a noite, tocando e cantando em serenatas,
tradio que ainda forte nas cidades histricas de Minas Gerais. Kiefer (1982)
tambm aponta, na poca colonial, a existncia de bandas militares e at mesmo
grupos de pera em So Joo del-Rei e em Ouro Preto.
Em 1759, a Coroa Portuguesa expulsou os Jesutas e demais ordens religiosas do
Reino Portugus e de suas colnias. Como resultado desse fato, ocorreu uma
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transferncia gradual das responsabilidades religiosas para as organizaes de
leigos, as irmandades.
Os msicos organizados em irmandades leigas eram contratados para atuar emcerimnias religiosas, casamentos, enterros e procisses. As irmandades eram
formadas de acordo com a cor da pele dos seus integrantes: irmandades dos
homens pretos, dos pardos e dos brancos. A Irmandade leiga de Santa Ceclia,
padroeira dos msicos, foi fundada em Vila Rica em 1749. J em So Joo del-Rei,
os msicos pertenciam Irmandade de N. Sra. da Boa Morte, at a fundao da
Irmandade de Santa Ceclia, em 1829.
No sculo XIX, com a queda das atividades de minerao aurfera e a conseqente
diminuio das riquezas, as atividades profissionais das irmandades musicais leigas
foram drasticamente reduzidas. Desde ento, algumas delas sobreviveram e ainda
se mantm em atividade permanente at os dias de hoje na condio de amadoras.
Em algumas cidades mineiras como Prados, So Joo del-Rei e Tiradentes, esses
grupos ainda executam a mesma msica sacra nas cerimnias religiosas. Em outras
cidades, muitas das orquestras, que no conseguiram se manter autonomamente
como amadoras, foram transformadas em bandas de msica.
Em So Joo del-Rei, encontram-se duas orquestras centenrias que ainda se
mantm em atividade: a Orquestra Lira Sanjoanense e a Orquestra Ribeiro Bastos.
Ambas possuem extenso acervo histrico de msica sacra e tambm profana, j em
grande parte catalogado e executado regularmente nas cerimnias religiosas de So
Joo del-Rei.
A Orquestra Lira Sanjoanense foi fundada em 1776 nesta cidade por um grupo demsicos liderados por Jos Joaquim de Miranda. Na ocasio, era chamada de
Companhia de Msica. Essa orquestra considerada a mais antiga das orquestras
mineiras ainda em atividade e uma das mais antigas do mundo. Atualmente, a
Orquestra Lira Sanjoanense composta por msicos e cantores amadores e alguns
especialistas em msica setecentista mineira. Esses msicos garantem a presena
regular da msica sacra nas festividades da regio, especialmente nas festas
religiosas de Nossa Senhora da Boa Morte e de Nossa Senhora das Mercs, ambastm lugar em So Joo del-Rei.
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A Orquestra Ribeiro Bastos foi organizada, em 1846, pelo maestro Francisco das
Chagas (mestre Chagas) e dirigida durante 53 anos (1859 a 1912) por seu discpulo
e sucessor Martiniano Ribeiro Bastos (1834-1912), que deu seu nome associao
musical. A Orquestra Ribeiro Bastos a responsvel pela msica das cerimnias
religiosas da Semana Santa na Catedral Baslica de Nossa Senhora do Pilar e pelas
Festas de Nossa Senhora do Carmo e de Nossa Senhora da Conceio.
De caractersticas semelhantes, tem-se ainda a Orquestra Lira Ceciliana, fundada
em 1858 por Jos Esteves da Costa, seu diretor at 1895. Essa orquestra tem lugar
em Prados e dela participam hoje trs geraes da famlia Costa.
A Orquestra Ramalho, de Tiradentes, remanescente de tradies musicais que
remontam a 1732. Possui razovel quantidade de manuscritos musicais dos fins do
sculo XVIII. Foi fundada com o nome de "Corporao Musical So Jos del-Rey"
em 1860. Seu fundador foi Jos Luiz Ramalho, que a dirigiu at 1900. Em 1922, sua
direo foi alvo de uma disputa poltica entre Joaquim Ramalho, neto do fundador, e
Antnio de Pdua Falco, com a derrota desse ltimo. Na dcada de 1930, passou a
ter o presente nome.
Essas quatro orquestras, cuja sobrevivncia deve-se, em parte, s razes familiares,
so fiis depositrias das tradies e da histria musical mineira e nacional. Graas
a essas instituies que se pode ter resguardada parte da histria do Brasil,
transmitida por geraes de msicos, interpretando ininterruptamente peas
compostas nos sculos XVIII e XIX.
A tradio de composio de obras musicais sacras tambm se estende at o
sculo XX, com o nome de compositores como Pedro de Souza e Geraldo Barbosa(ainda vivo), em So Joo del-Rei, e Ademar Campos Filho, em Prados. So
compositores que escreveram, at recentemente, sob a influncia direta de seus
antecessores, obras para serem executadas em cerimnias civis e religiosas, ao
lado das obras de compositores dos sculos XVIII e XIX.
Os acervos musicais desses grupos remanescentes, e de outros j extintos em
outras regies de Minas Gerais, configuram-se como importante patrimnio da
cultura nacional e representam uma identidade artstica do povo mineiro. Esses
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acervos vm sendo recuperados e divulgados desde a dcada de 1940 por
importantes musiclogos, como Francisco Curt Lange, Jos Maria Neves e Grard
Bhague. No entanto, muito ainda h por se fazer pela recuperao e divulgao
desse acervo.
Apesar do acervo de msica sacra produzido nestas cidades ter sido gravado e
divulgado por vrios grupos profissionais do pas, no tem sido devidamente
estudado e entendido no prprio contexto histrico e cultural das cidades em que ele
foi gerado, ou seja, na prpria cidade de So Joo del-Rei e regio.
Alm dos acervos de partituras, a prpria tradio de execuo do repertrio da
msica colonial mineira representa um patrimnio vivo, mantido at os dias de hoje
unicamente pelos membros das orquestras. Aliada s caractersticas nicas da
msica setecentista mineira, est a maneira to peculiar de se tocar essa msica.
Essa peculiaridade tem sido passada adiante pelas geraes de msicos desde o
sculo XVIII, nas Orquestras Ribeiro Bastos, Lira Sanjoanense, Lira Ceciliana e a
Ramalho. Nesses grupos, a forma de ensino musical de tradio oral e a prtica
orientada pelos mais velhos que ensinam os mais novos, os quais so treinados
como msicos instrumentistas ou cantores nas prprias orquestras.
Toda essa tradio de prtica musical caracterstica do perodo colonial, embora
conhecida e celebrada nacionalmente, no foi pesquisada nem registrada o
suficiente para ser historicamente reconhecida como prpria da cultura musical local,
nem tampouco ensinada regularmente em escolas especializadas. Apesar de haver
ainda um pequeno nmero de msicos amadores que mantm a tradio, a forma
tradicional de execuo desse repertrio tende a se perder com o passar das
geraes.
Nesse sentido, o Departamento de Msica na UFSJ e o prprio Curso de Msica
possibilitam:
1- desenvolver trabalhos de pesquisa sobre a forma tradicional de execuo do
repertrio sacro em So Joo del-Rei e regio e sobre as formas tradicionais
e informais de ensino dessa prtica musical, para preserv-la e afirmar sua
originalidade e sua identidade cultural;
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2- desenvolver trabalhos de pesquisa sobre o acervo musical disponvel nas
entidades musicais da cidade, como orquestras e bandas de msica,
contribuindo para situar a cidade e a UFSJ como um centro de pesquisa e
produo de conhecimento sobre a msica colonial mineira;
3- contribuir para a preservao das tradies musicais mineiras por meio de
projetos de extenso universitria, oferecendo cursos de reciclagem para
instrumentistas, cantores, maestros de bandas de msica etc.;
4- criar e manter vnculos de estgio supervisionado de ensino e de performance
musical para os alunos do Curso de Msica nas entidades musicais de So
Joo del-Rei e regio, respeitando e aprendendo suas tradies de prtica e
ensino e ajudando a manter as tradies culturais;5- afirmar a posio da UFSJ como preservadora e promotora da secular
tradio musical de So Joo del-Rei e de Minas Gerais.
2.3 ASPECTOS LEGAL-EDUCACIONAIS
At o principio do sculo XX, a educao musical no Brasil se contentava apenas
em formar msicos proficientes em compor, tocar um instrumento ou cantar.
Todavia, a educao musical ainda no se encontrava disponvel para a populao
em geral no mbito das escolas regulares, como forma de acesso Arte. Segundo
Fonterrada (2002), o Instituto de Educao Caetano de Campos, no incio do sculo
XX no Rio de Janeiro, tinha o objetivo de disponibilizar o acesso da populao
escolar prtica musical. Foi tambm uma das primeiras escolas a abordar o ensino
de msica como sinnimo de ensino de instrumentos musicais, uma viso diferente
das escolas especializadas da poca.
Na dcada de vinte, Mario de Andrade, um dos principais intelectuais da poca,
defendia o valor do folclore e da msica popular, bem como uma funo social para
a msica. As idias do intelectual encontraram consonncia nas idias de Heitor
Villa-Lobos, que se tornou na poca o nome mais importante da educao musical
do Brasil. Sob sua Regis, instituiu-se o canto orfenico em todas as escolas pblicas
brasileiras, que era uma forma de democratizar o ensino da msica e representava
uma forma de acesso arte. Nas composies, era utilizado o material da msicafolclrica brasileira, o que vinha ao encontro do movimento poltico nacionalista que
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j era forte no Brasil. O governo de Getlio Vargas abraou a idia do canto
orfenico porque o projeto de Villa-Lobos colocava os grandes agrupamentos corais
a servio de uma identidade musical brasileira.
Posteriormente, esse projeto acabou encontrando dificuldades de implantao no
mbito nacional. As enormes dimenses geogrficas do Pas e o difcil acesso s
suas regies longnquas, onde as estradas eram bastante precrias, foram alguns
dos fatores que prejudicaram o projeto. Em dcadas seguintes, o canto orfenico
teria uma lenta e gradual decadncia, culminando, na dcada de sessenta, com um
retrocesso a antigos modelos de educao musical vigentes em pocas anteriores a
Villa-Lobos.
Na dcada seguinte, mais especificamente em 1971, o governo militar, com a
promulgao da LDB da Educao n. 5692/71, extinguiu a educao musical como
disciplina obrigatria nas escolas e a substituiu pela educao artstica como
atividade. Nesse novo contexto, os princpios da Arte-educao passaram a rejeitar
os procedimentos usuais de ensino da msica, privilegiando o processo sobre o
produto e substituindo o rigor do mtodo pelo improviso. O ensino de msica, sob
essa tica, amparava-se nos conceitos de ampliao do universo sonoro e aexpresso musical comprometida com a prtica e a livre experimentao.
Para Fonterrada (2003), a LDB da Educao n 5692/71 enfraqueceu, quase
aniquilando, o ensino de msica no sistema de ensino brasileiro. Os professores de
educao artstica eram treinados em uma formao polivalente e eram formados
em programas de licenciatura que se propunham a desenvolver e dominar quatro
reas de expresso artstica: a msica, o teatro, as artes plsticas e o desenho. O
resultado desse processo foi a colocao no mercado de trabalho de um grande
nmero de professores que apresentavam graves lacunas em sua formao devido
a essa proposta generalista. Sob esse ngulo, a formao no permitia um
suficiente aprofundamento em nenhuma das quatro reas de arte em tempo to
curto de formao profissional.
Na dcada de noventa, o ensino no Brasil sofreu outra grande reforma que foi
amplamente discutida por inmeros educadores. Toda uma srie de decretos ediretrizes educacionais expressou as disposies do Governo Federal em imprimir
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um novo modelo educacional em todos os nveis nas escolas brasileiras. A partir de
1996, a LDB n 9.394 trouxe novos rumos para a educao musical no Brasil,
devolvendo s artes o statusde disciplina, reconhecendo-as como campo distinto e
autnomo de conhecimento. 2
Apesar desse grande avano, Fonterrada (2003) afirma que h uma grande
dificuldade em se discutir novos modelos de ensino de msica para as escolas
regulares do Brasil, uma vez que h trinta anos a disciplina de msica no est
presente no sistema educacional brasileiro. A autora ainda aponta que uma das
grandes dificuldades de se adotar um modelo de educao musical no Brasil est
relacionada com uma compreenso deficiente e deturpada da natureza da msica e
do valor da educao musical.
Alm da tradio do ensino nas Bandas e Orquestras, Minas Gerais adquiriu um
destaque ainda maior no panorama da educao musical no Brasil. Isso se deve ao
fato de que, nos meados do sculo vinte, foram criados doze Conservatrios
Estaduais de Msica no Estado. Minas , atualmente, o Estado com o maior nmero
de Conservatrios de Msica do Pas.
Os Conservatrios de Msica esto sob a coordenao da Secretaria de Estado da
Educao e uniformemente localizados em todo o estado de Minas, constituindo
uma rede de ensino regular de msica no estado. So tambm centros de referncia
cultural das diversas regies em que se inserem e possuem forte vnculo social
nessas comunidades, sendo tambm agentes da pesquisa de manifestaes
culturais da regio e de sua divulgao.
Os Conservatrios possuem aproximadamente oitocentos e cinqenta professores eoferecem cursos nos nveis fundamental e mdio nas seguintes reas: tcnico em
instrumento, tcnico em canto e magistrio em educao artstica (em fase de
extino). Segundo Santos (2002), essas doze escolas atendem a um
2Em 18 de agosto de 2008, o Presidente Lus Incio Lula da Silva sancionou a Lei 11.769, que altera a Lei 9.394/96 e defineque os sistemas de ensino tero 3 anos letivos para se adaptarem s exigncias estabelecidas, quais sejam a de que a msicadever ser contedo obrigatrio, mas no exclusivo, do componente curricular arte .
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impressionante nmero de vinte e oito mil alunos por ano, dos quais cerca de 5.000 3
esto na rea de abrangncia da UFSJ. Alm disso, outros dezenove mil alunos de
escolas regulares participam de projetos de integrao com os Conservatrios.
Em mdia, cada conservatrio atende a 2000 e 3000 alunos dos ensinos
fundamental e mdio da rede pblica estadual de ensino. Nesses estabelecimentos,
h uma grande demanda de formao de professores em nvel superior na rea de
licenciatura em msica necessidade manifestada pela maioria do seu corpo docente,
que possui apenas o curso tcnico. Alm do interesse dos mesmos pelo
desenvolvimento profissional na rea, objetivando-se, sobretudo, a excelncia na
qualidade do ensino oferecido, sentem-se tambm pressionados pela nova LDB, que
determina a habilitao especfica, em nvel superior, para o magistrio (tambm
exigncia da Secretaria de Educao do Estado de Minas Gerais para a contratao
do corpo docente dos Conservatrios Estaduais de Msica).
Conservatrios Estaduais de Msica de Minas Gerais e nmero de alunos atendidos
anualmente:
Conservatrio N de alunos
C.E.M. de Araguari 3.010
C.E.M. Cora Pavan Caparelli, de Uberlndia 3.255
C.E.M. Dr. Jos Zocolli de Andrade, de Ituiutaba 1.890
C.E.M. Haidee F. Americano, de Juiz de Fora 1.702
C.E.M. J. K. de Oliveira, de Pouso Alegre 1.983
C.E.M. Lia Salgado, de Leopoldina 1.344
C.E.M. Lobo de Mesquita, de Diamantina 1.419
C.E.M. Lorenzo Fernandez, de Montes Claros 3.864C.E.M. M. Marciliano Braga, de Varginha 1.899
C.E.M.Pe. Jos Maria Xavier, de So Joo del-Rei 2.104
C.E.M. Prof. Theodolindo Jos Soares, de Visconde do Rio Branco 1.040
C.E.M. Renato Frateschi, de Uberaba 2.251
TOTAL 25.761
3 Fonte: Informaes das Superintendncias Regionais de Ensino de Minas Gerais para 2004.
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Esses nmeros apontam para uma grande demanda gerada no seio dessas
instituies. De um lado, tem-se um grande nmero de alunos como prova de um
significativo interesse por algum tipo de prtica ou de formao musical. Nesse
universo, encontra-se uma parcela de alunos vocacionados para a profissionalizao
em msica que, aps a concluso dos cursos nos Conservatrios, ficam sem opo
para a continuidade de seus estudos e se vem obrigados a migrar para centros
maiores, como Belo Horizonte. Por outro lado, tem-se um grande nmero de
professores de msica, muitas vezes carentes de uma formao mais atual e
adequada; outras vezes, carentes da titulao mnima necessria para o exerccio
do magistrio na rede pblica de ensino, como o caso dos Conservatrios de
Minas Gerais.
Nesse sentido, h de se lembrar que a LDB n. 9394/96, em seu artigo 26, pargrafo
2, institui a obrigatoriedade do ensino de artes nos diversos nveis de educao
bsica. Aliadas LDB, esto os Parmetros Curriculares Nacionais Arte, que
estabelecem a msica como uma das linguagens artsticas a serem desenvolvidas
por profissionais devidamente qualificados.
A mesma LDB, em seu artigo 62, estabelece que:
... a formao de docentes para atuar na educao bsica far-se-
em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, em
universidades e institutos superiores de educao, admitida como
formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil
e nas quatro primeiras sries do ensino fundamental a ser oferecidaem nvel mdio, na modalidade normal.
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Todavia, Fonterrada (2003) afirma que todo o sistema de ensino fundamental tem
encontrando dificuldade no cumprimento do Artigo 62 da LDBEN, pelo simples fato
de haver bem menos professores com a habilitao requerida do que vagas nas
escolas. De acordo com os dados do censo escolar de 2004, somente o estado de
Minas Gerais possua 18.098 escolas regulares4 nos nveis infantil, fundamental e
mdio e ainda 12 Conservatrios Estaduais de Msica.
Para formar professores para esse nmero elevado de escolas, existem apenas seis
cursos de licenciatura em msica no Estado, sendo que alguns deles so bastante
novos e s recentemente comearam a formar profissionais com a qualificao
exigida.
Observam-se, no raramente, msicos profissionais, formados nos cursos de
bacharelado em msica, passando a ter uma prtica docente como sua principal
atividade profissional, sem, no entanto, a devida qualificao e preparo pedaggico.
Da mesma forma que os cursos de licenciatura, os cursos de bacharelado em
msica so ainda mais escassos, totalizando trs em todo o Estado. Nesse cenrio,
torna-se patente a escassez tanto de profissionais qualificados para a prtica e o
ensino musical quanto de cursos superiores de formao na rea.
Portanto, o contraste entre o alto nmero de escolas regulares e o baixo nmero decursos de graduao em msica sugere uma grande defasagem no nmero deprofessores de msica, necessrio para atender s demandas do sistema de ensino.Nessa direo, a implantao do curso de Msica da UFSJ contribuir para areduo dessa defasagem e possibilitar:
contribuir para democratizar o acesso msica e ao aprendizado musical nas
escolas pblicas regulares; qualificar profissionalmente uma grande parcela de professores de msica
sem titulao, porm j atuantes na rede pblica de ensino, como os
Conservatrios Estaduais;
promover um efeito multiplicador de elevar indiretamente o nvel de ensino
nas escolas especialistas de msica, como os Conservatrios Estaduais, pela
qualificao e aperfeioamento de seus professores;
4 Fontes: SEE/SA/SPL/DPRO. Incluem tambm as modalidades de ensino: Curso Presencial com Avaliao no Processo,Educao de Jovens e Adultos, Curso Semi-Presencial, Educao Especial, Educao Profissional Nvel Tcnico.
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atender aos indivduos vocacionados para a rea pedaggico-musical,
interessados na qualificao ou atualizao profissional.
2.4 DEMANDA LATENTE
Com a vinda de D. Joo VI para o Brasil no incio do sculo XIX, as bandas militares
receberam grande fomento por parte do Imprio. Essas corporaes tornaram-se
no s um importante campo de trabalho para os msicos profissionais, como
tambm participaram da vida cultural da sociedade.
O advento das imigraes, principalmente de europeus, serviu de fomento a esse
tipo de fazer musical. Usualmente, as bandas tocavam em festas religiosas e
populares, e a msica dominical nos coretos das praas tornou-se parte da vida
cultural das cidades do Brasil. Tinhoro (1990) afirma que o movimento das bandas
militares tornou-se to forte e popular que incentivou o aparecimento de bandas
civis, as liras. Estas eram dirigidas por mestres de banda, especialmente no interior
do Pas, onde no se contava com a presena de uma banda militar profissional. O
autor afirma, tambm, que, no sculo XIX, em muitas cidades pequenas, a nica
forma de contato com qualquer tipo de msica era a msica domingueira, feita pelas
bandas de msica nos coretos das cidades.
O movimento das bandas tem sido de grande importncia na vida cultural de Minas
Gerais. Segundo dados da FUNARTE5, o Estado possui mais de trezentas bandas
de msica distribudas em seus inmeros municpios. Alm de prover msica nasfestas populares e religiosas, as bandas de msica de Minas Gerais mantm
tambm uma intensa atuao de formao musical para crianas e jovens que se
interessam por tocar um instrumento e ser um membro da corporao.
No se pode deixar de mencionar os coros que sempre estiveram atrelados s
festas religiosas e populares, outra forte tradio mineira. Sabe-se que a prtica
coral a maneira mais rpida, barata e eficaz de se musicalizar as pessoas e suprir
5 Disponvel em:www.funarte.gov.br/comus/comus.htm.
http://www.funarte.gov.br/comus/comus.htmhttp://www.funarte.gov.br/comus/comus.htmhttp://www.funarte.gov.br/comus/comus.htmhttp://www.funarte.gov.br/comus/comus.htm -
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a cultura de uma localidade com eventos e atividades artstico-musicais. Apesar de
se saber que os corais em Minas Gerais so muito numerosos e que se encontram
em profuso em todo o estado, deles no se tem dados numricos muito precisos.
Acompanhando o movimento musical em Minas Gerais, desde o sculo XVIII,
constata-se uma forte atividade de ensino da msica. Mariz (1994) afirma que, a
partir do sculo XVIII, muitos dos diretores de grupos musicais ou compositores
eram tambm professores e mantinham escolas nas suas prprias casas. Os
meninos-alunos eram levados at as casas dos mestres de msica, onde eram
cuidados e alimentados, alm de receberem aulas de msica, latim e outras
disciplinas essenciais para a poca. Os alunos adquiriam uma formao musical
abrangente e podiam aprender vrios instrumentos, como rgo, contra-baixo,
violino, violoncelo, viola, clarim, fagote, obo, trompa e clarineta.
interessante ressaltar que essa tradio dos mestres de msica ainda estava
presente at a primeira metade do sculo XX em So Joo del-Rei. Na ocasio, o
maestro Telmaco Neves, da Orquestra Ribeiro Bastos, mantinha atividades de
ensino musical na sua prpria casa, formando cantores e instrumentistas para as
orquestras e bandas locais, auxiliado pelos filhos, entre eles Jos Maria Neves, quemais tarde se tornaria o mais importante musiclogo brasileiro, e Stela Neves Valle,
atual regente da Orquestra Ribeiro Bastos. No entanto, essa uma realidade que
no mais se mantm nos dias atuais.
Nesse universo at aqui apresentado, constata-se, facilmente, uma demanda latente
entre os inmeros profissionais que j atuam diretamente com a msica. Dentre
eles, esto os msicos e regentes de orquestras, bandas e coros, que, muitas vezes
necessitariam ter uma melhor qualificao, e tambm os profissionais com pouca
qualificao que atuam como formadores musicais. A estes se aliam aqueles
possveis egressos dos cursos mdios da regio de abrangncia da UFSJ, que
venham a se interessar por msica.
Sob esse aspecto, a Universidade, atravs do Curso de Msica e do respectivo
Departamento, pode:
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contribuir para reduzir lacunas tcnicas e musicais na formao de msicos e
regentes j atuantes em agremiaes musicais da cidade e regio;
contribuir para reduzir lacunas didtico-musicais em msicos e regentes, sem
uma educao musical formal, que j atuam como formadores nas
agremiaes musicais a que pertencem;
promover um efeito multiplicador de elevar indiretamente o nvel de ensino
musical nas agremiaes musicais como os corais, as bandas de msica e
outros grupos, pela qualificao e aperfeioamento de seus formadores e
professores;
atender aos indivduos vocacionados para a rea musical que no podem ou
no querem migrar para outras cidades para se qualificarem ou se
atualizarem profissionalmente;
contribuir para democratizar o acesso msica e ao aprendizado musical
para jovens, adultos e msicos amadores.
2.5 DEMANDA ESPECFICA
O perfil do profissional formado pelo Curso de Msica da UFSJ vem atender a uma
demanda especfica criada pela sociedade local, que necessita no somente de
educadores musicais, mas de msicos instrumentistas e cantores, bem como de
professores de toda uma variedade de instrumentos como cordas, sopros, metais,
piano, violo e canto, que se fazem presentes e atuantes nos diversos tipos de
manifestaes musicais da Cidade de So Joo del-Rei e da regio. Por essa razo,
optou-se por iniciar o curso oferecendo as habilitaes em Instrumento ou Canto,
que possuem uma nfase significativa numa formao verstil e intermediria entre
os cursos tradicionais de Licenciatura em Msica e os cursos de Bacharelado,
somando a slida formao pedaggica dos primeiros s prticas do fazer musical
dos segundos.
Atende, ainda, com a criao da habilitao Educao Musical, demanda criada
pelas Leis 9.394/96 e 11.769/08, que colocam novamente a msica como contedo
obrigatrio nas escolas regulares.
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Portanto, o Curso de Msica formar professores de msica para a rede bsica de
ensino e atender s necessidades especficas de uma regio historicamente ricaem tradies musicais, com a presena atuante de orquestras sacras, de corais, de
bandas de msica, e de ensino musical secular, em mbitos formais e informais,
como os oferecidos no Conservatrio Estadual Padre Jos Maria Xavier e em todas
as agremiaes musicais onde, tambm, formam-se praticantes amadores.
2.6 ASPECTOS ACADMICO-VOCACIONAIS
2.6.1 Do Ensino
A proposta do Curso de Msica da UFSJ contempla habilitaes em Instrumento ou
Canto e em Educao Musical. A habilitao em Instrumento ou Canto pretende
formar um profissional verstil, habilitado a atuar nas reas da educao musical, do
ensino de instrumento ou canto e performance.
Proposta pelo colegiado do Curso de Msica em agosto de 2008, a habilitao em
Educao Musical ter sua primeira turma em 2009. Embora possua um ncleo
curricular comum s demais habilitaes, a proposta privilegia o aprofundamento do
ncleo pedaggico do projeto. Essa habilitao formar um profissional apto a atuar
em espaos formais e no-formais de ensino musical.
2.6.2 Da Pesquisa
O vasto acervo de partituras, muitas delas originais, do perodo colonial mineiro
existente em So Joo del-Rei e em outros municpios setecentistas
remanescente de um perodo da histria de primordial valor para a formao da
identidade mineira e mesmo nacional. Alguns trabalhos j tm sido feitos no sentido
de recuperar tais acervos e torn-los pblicos. No entanto, muito ainda h por se
fazer pela recuperao e divulgao desse acervo. Nesse sentido, esse materialtorna-se um fecundo material de pesquisa, que poderia vir a ser fonte de estudos
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minuciosos por um corpo de pesquisadores ligados UFSJ. Dessa forma, estar-se-
ia propiciando um estudo e entendimento do material produzido no passado, inserido
no prprio contexto histrico e cultural em que ele foi gerado, fato que ainda no foi
efetuado.
sabido que grande parte do estudo sobre a msica colonial foi feito visando revisar
o acervo, mas pouco tem sido estudado e registrado sobre como executar o Colonial
Mineiro, seja o canto ou o instrumental. No se pode deixar de se considerar que a
prpria tradio de execuo do repertrio da msica colonial mineira representa um
patrimnio vivo mantido at os dias de hoje unicamente pelos membros das
orquestras setecentistas ainda em atividade. Aliada s caractersticas nicas da
msica secular mineira, est a maneira to peculiar de se tocar essa msica. Nesse
aspecto, So Joo del-Rei possuidora dessa tradio da performance da Msica
Colonial Mineira, podendo, assim, oferecer uma excelente fonte de estudos.
Nesse sentido, um vasto campo de pesquisa se desponta, tanto para atender a uma
pedagogia integrada ao contexto histrico-cultural quanto no sentido de atender a
demandas especificas do ensino musical nas escolas especialistas (Conservatrios
de Msica) quanto nas escolas regulares e em outros espaos formais e informaisde ensino.
Considerando ainda Fonterrada (2003), ela afirma que h uma grande dificuldade
em se discutir novos modelos de ensino de msica para as escolas regulares do
Brasil. Essa dificuldade se deve ao fato de que h trinta anos j no h msica no
sistema educacional brasileiro. Nesse sentido, a autora aponta para um outro vasto
universo de pesquisa. Desde Mrio de Andrade e Villa-Lobos, pouco se fez no
sentido de se estabelecer discusses fecundas a respeito de novos caminhos para o
ensino da msica. Alm disso, h de se lembrar mais uma vez Fonterrada (2003). A
autora ressalta o fato de que uma das grandes dificuldades de se adotar um modelo
de educao musical no Brasil est relacionada com uma compreenso deficiente e
deturpada da natureza da msica e do valor da educao musical. Esse se torna,
assim, mais um importante foco de estudos possvel de ser abordado.
2.6.3 Da Extenso
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O curso de Msica da UFSJ, a cidade de So Joo del-Rei e as cidades do estado
de Minas Gerais, apresentam grande potencial de interao por meio dos cursos de
extenso, que podero oferecer manuteno e aprimoramento dos acervos e
atividades musicais nas comunidades do Estado.
Uma das formas de interao entre a UFSJ e a comunidade pode ser feita por
intermdio de cursos de manuteno e da preservao de acervos de partituras
musicais do perodo colonial em Minas. As cidades histricas de Minas possuem
grandes acervos de partituras musicais dos sculos XVII e XIX que precisam ser
recuperadas, conservadas, estudadas e divulgadas ao pblico em geral.
A cidade de So Joo del-Rei destaca-se no sentido de ter um acervo j recuperado
e catalogado, uma vez que as atividades musicais nunca cessaram desde o perodo
colonial. A UFSJ, por meio de convnios, poder possibilitar a estudantes de
musicologia do Brasil um estudo sobre o acervo exclusivo de obras do Colonial
Mineiro, alm da prtica de performance dessas obras que vm sendo perpetuadas
pelas geraes de msicos desta cidade.
As inmeras bandas de msica de Minas Gerais tambm podero ser atendidas por
cursos de extenso da UFSJ. Podero ser oferecidos cursos de reciclagem para
regentes de bandas de msica e curso de reparo de instrumentos de banda e gesto
cultural em msica para regentes de bandas. Tambm podero ser firmados
convnios com bandas, coros e entidades governamentais que possibilitem cursos
para msicos e cantores em seus locais de domiclio.
Os projetos de extenso relativos ao Curso de Msica da UFSJ podero aindaintensificar a interao da Universidade com a comunidade em geral por meio de
eventos como Concertos nas Igrejas e em Museus, Concertos didticos em escolas
regulares, Concertos em cidades da rea de abrangncia da UFSJ e Concertos nas
cidades da Estrada Real; Festivais de pequenas peras, de obras sacras e festivais
de bandas. A cidade de So Joo del-Rei j possui teatros bem equipados e salas
de ensaios que podero servir para a realizao desses e outros eventos com a
organizao e direo da UFSJ.
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Os projetos de extenso do Departamento de Msica da UFSJ tero funes
diferentes e complementares dos cursos oferecidos nos Conservatrios de Minas
Gerais, incluindo o Conservatrio de Msica Padre Jos Maria Xavier, de So Joo
del-Rei. Os Conservatrios possuem a finalidade de formar msicos para as
instituies musicais do Estado e os cursos de extenso da UFSJ oferecero
possibilidades de melhoramentos no funcionamento dos Conservatrios e instuies
musicais, formando seus professores e aprimorando seu funcionamento como
apresentado anteriormente.
A UFSJ j possui uma slida interao cultural com a sociedade por meio das
oficinas e eventos do Inverno Cultural, que possui reconhecimento nacional, e das
diversas atividades do seu Centro Cultural. Os projetos de extenso do
Departamento de Msica da UFSJ podero fortalecer ainda mais interaes,
contribuindo para a democratizao do acesso da comunidade msica.
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3 OBJETIVOS DO CURSO
3.1 OBJETIVO GERAL
O Curso de Msica da UFSJ tem como objetivo geral, capacitar professores na rea
de educao musical, para atuar com atitude cientfica, conscincia crtica, tica e
responsabilidade social, em diversos espaos formais e no formais de ensino, mais
especificamente, na rede de ensino fundamental e mdio, e em instituies de
ensino especfico de msica, integrando sua prtica ao seu entorno, visando o
desenvolvimento cultural, social e econmico, em mbitos locais, regionais e
nacionais.
3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
So os seguintes os objetivos especficos do Curso de Msica da UFSJ:
formar profissionais com competncia musical e pedaggica para atuar de forma
articulada em escolas de ensino regular (Educao Bsica), bem como em
escolas de ensino especfico de msica;
oportunizar aos futuros docentes uma vivncia de formas diversificadas de aoartstico-musical e pedaggica, dando nfase ao trabalho interdisciplinar,
preparar os educadores musicais para desenvolver projetos interdisciplinares nas
escolas, integrando a msica s demais formas de manifestao artstica, bem
como outras reas de conhecimento e vivncias do ser humano.
oferecer oportunidades de aprofundamentos terico e prtico a partir do exerccio
docente;
incentivar a reflexo sobre a prpria formao docente por meio da anlise equestionamento da relao dialtica entre teoria e prtica;
respeitar e valorizar a identidade cultural dos alunos, incentivando e promovendo
a criatividade, a produo individual e coletiva e participando com criatividade do
seu desenvolvimento pessoal e social;
desenvolver prticas de educao holstica por meio de abordagem sistmica de
compreenso relacional do ser humano consigo mesmo, com o meio social e sua
cultura;
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capacitar o profissional para desenvolver projetos de pesquisa nas reas
pedaggico-musicais, tendo como meta o aprimoramento geral da rea e a
criao de aes pedaggicas adequadas a uma regio historicamente rica em
tradies seculares de ensino e prtica musical, como o caso de So Joo del-
Rei e regio.
atender a uma demanda de msicos e professores de msica atuantes mas no
titulados, como professores de Conservatrios Estaduais de Msica, mestres de
Bandas de Msica, regentes de coros e orquestras e professores da rede de
ensino fundamental e mdio;
viabilizar o desenvolvimento musical e tcnico-instrumental (e vocal) dos alunos,
possibilitando-lhes a atuar como instrumentistas e cantores, em contextos eformaes musicais variadas, como orquestras, coros, bandas de msica,
conjuntos de diversos estilos e gneros musicais.
viabilizar projetos de pesquisa interdisciplinares, relacionando a performance e o
ensino musical a vrias reas do conhecimento presentes na UFSJ, como a
Pedagogia, a Musicologia Histrica, a Histria, a Etnomusicologia, a Filosofia, a
Sociologia, a Psicologia, a Literatura, o Teatro, a Neurocincia e a Educao
Fsica, visando a compreenso, a difuso e o desenvolvimento cultural das reasmencionadas.
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4 PERFIL DO EGRESSO
Do egresso do Curso de Msica esperado que as predisposies iniciais,
identificadas no processo seletivo para o ingresso no curso, sejam potencializadasno mbito das competncias para atuao efetiva na rea, mobilizando
conhecimentos, habilidades e atitudes adequadas, desenvolvidas durante a
realizao do curso.
4.1 COMPETNCIAS GERAIS E ESPECFICAS
Entende-se por competncia a capacidade de mobilizar conhecimentos, a fim de se
enfrentar uma determinada situao. A competncia no o uso esttico de regrasaprendidas, mas uma capacidade de lanar mo dos mais variados recursos, de
forma criativa e inovadora, no momento e do modo necessrios. Assim, a
competncia implica uma mobilizao dos conhecimentos e esquemas que se
possui para desenvolver respostas inditas, criativas, eficazes para problemas
novos. Segundo Perrenoud (2002), uma competncia envolve diversos esquemas
de percepo, pensamento, avaliao e ao". Para o mesmo autor, as habilidades
so as formas de realizao das competncias. Nesse sentido, a competncia constituda por vrias habilidades.
Aliadas s habilidades e competncias, encontram-se as atitudes que, segundo
Zabala (1998), so as tendncias ou disposies relativamente estveis nas
pessoas para atuar de determinada maneira. A forma como cada pessoa realiza sua
conduta de acordo com valores determinados. Assim, as atitudes so possuidoras
de alto grau de complexidade, pois envolvem tanto a cognio (conhecimentos e
crenas) quanto os afetos (sentimentos e preferncias), derivando em condutas
(aes e declaraes de inteno) e refletindo na maneira de se relacionar com o
mundo.
Sob essa perspectiva, compreende-se a formao profissional do licenciado em
msica com um carter complexo, uma vez que envolve a formao e integrao de
reas distintas e correlatas. Nesse sentido, com base nas Diretrizes Curriculares
para os Cursos de Msica (MEC / junho de 1999), a organizao curricular do curso
em questo est apoiada em sete Campos de Conhecimento. Essa abordagem tem
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como finalidade primordial garantir formao do profissional uma identidade de
princpios e uma abrangncia maior de saberes especficos e interdisciplinares.
Por essa perspectiva, o profissional licenciado deve apresentar, para cada campo deconhecimento, um determinado grupo de conhecimentos, habilidades, atitudes e
comportamentos que sero mobilizados, juntamente com contedos de outros
campos de conhecimento, para a construo das competncias. Assim, a seguir,
so apresentadas, por campos de conhecimentos, o conjunto dessas competncias
que caracterizam o perfil do egresso do Curso de Msica da UFSJ:
Campo de Conhecimento Instrumental e Vocal: competncias para se
expressar musicalmente de forma prtica por meio de um instrumento ou do
canto, alcanando um nvel simblico e artstico de discurso musical, com
repertrio adequado para tanto, cobrindo vrios estilos musicais, desde o
erudito e seus perodos de poca at o popular e o folclrico.
Campo de Conhecimento Composicional: competncias para compreender
a linguagem musical em sua sintaxe, estrutura e dimenso simblica,
modificando-a de forma racional e intuitiva, em situaes de criao,improvisao musical, elaborando arranjos e transcries, almejando um nvel
simblico e artstico de criao e de discurso musical;
Campo de Conhecimento dos Fundamentos Tericos: competncias para
compreenso e ao sobre a linguagem musical tanto em suas relaes
formais intrnsecas, sua sintaxe, estrutura e dimenso simblica quanto em
suas relaes extrnsecas, como sua dimenso histrica e cultural,
contextualizando os referidos aspectos entre si;
Campo de Conhecimento da Formao Humanstica: competncia para
compreenso, reflexo e contextualizao, baseada em fundamentos
filosficos, cientficos e histricos, que habilita o licenciado para um exerccio
fundamentado e consciente da profisso. Contribui para a compreenso do
papel da arte e da msica na histria da cultura ocidental e, principalmente,
para a construo de uma identidade nacional e regional, dispondo de
recursos e conhecimentos para integrar a experincia musical construo e
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manuteno dessa identidade. Compreende tambm o desenvolvimento da
conscincia e da prtica do autodesenvolvimento como sujeito, integrando as
experincias, conhecimentos e estratgias de estudo e aprendizado no seu
desenvolvimento pessoal e profissional;
Campo de Conhecimento Pedaggico: competncias de ao e de
compreenso dos processos de ensino e aprendizagem musicais,
relacionados ao desenvolvimento da compreenso da linguagem musical e ao
desenvolvimento instrumental e vocal, vivenciado na Prtica de Formao e
no Estgio Supervisionado;
Campo de Conhecimento de Integrao: competncias para a conexo da
teoria com a prtica;
Campo de Conhecimento da Pesquisa: competncias para a anlise, crtica
e investigao metodolgica na busca de novos caminhos para a Educao
Musical, para a valorizao da cultura nacional e local, para a preservao
do um patrimnio histrico cultural local e para a difuso da msica como
forma legtima de conhecimento e identidade cultural do homem.
Aliadas s competncias relacionadas aos campos especficos de conhecimento do
Curso, encontram-se ainda aquelas de carter geral para a formao do educador.
luz da contribuio de Perrenoud (2000), de acordo com os Referenciais para
Formao de Professores (MEC-1999) e em consonncia com os artigos 1, 2, 3, e
13 da LDB 9394/96, que tratam da formao de professores para o ensino bsico,
pode-se ainda enumerar as seguintes competncias gerais da formao
pedaggica:
I. Organizar e dirigir situaes da aprendizagem: conhecer, para determinada
disciplina, os contedos a serem ensinados e sua traduo em objetivos de
aprendizagem; trabalhar a partir das representaes dos alunos; trabalhar a partir
dos erros e dos obstculos aprendizagem; construir e planejar dispositivos e
seqncias didticas; e envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos
de conhecimento.
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II. Administrar a progresso das aprendizagens: conceber e administrar
situaes-problemas ajustadas ao nvel e s possibilidades dos alunos; adquirir uma
viso longitudinal dos objetivos do ensino; estabelecer laos com as teorias
subjacentes s atividades de aprendizagem; observar e avaliar os alunos em
situaes de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa; fazer
balanos peridicos de competncias, e tomar decises de progresso.
III. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciao: administrar a
heterogeneidade no mbito de uma turma; fornecer apoio integrado; trabalhar com
alunos portadores de grandes dificuldades e desenvolver a cooperao entre os
alunos e certas formas simples de ensino mtuo.
IV. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho: suscitar o
desejo de aprender; explicitar a relao com o saber, o sentido do trabalho escolar e
desenvolver na criana a capacidade de auto-avaliao; instituir e fazer funcionar
um conselho de alunos (conselho de classe ou escolar) e negociar com eles
diversos tipos de regras e de contratos; oferecer atividades opcionais de formao,
possibilitando o atendimento de futuras demandas ainda desconhecidas e
imprevistas e favorecer a definio de um projeto pessoal do aluno.
V. Trabalho em equipe: elaborar um projeto de equipe, representaes comuns;
dirigir um grupo de trabalho; conduzir reunies; formar e renovar uma equipe
pedaggica; enfrentar e analisar em conjunto situaes complexas, prticas e
problemas profissionais e administrar crises ou conflitos interpessoais.
VI. Participar da administrao da escola: elaborar e negociar um projeto da
instituio; administrar os recursos da escola; coordenar e dirigir uma escola comtodos os seus parceiros (servios paraecolares, bairro, associaes de pais,
professores de lngua e cultura de origem); e organizar e fazer evoluir, no mbito da
escola, a participao dos alunos.
VII. Enfrentar os deveres e os dilemas ticos da profisso: prevenir a violncia
na escola e fora dela; lutar contra os preconceitos e as discriminaes sexuais,
tnicas e sociais; participar da criao de regras de vida comum referentes
disciplina na escola, s sanes e apreciao da conduta; analisar a relao
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pedaggica, a autoridade, a comunicao em aula e desenvolver o senso de
responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justia.
VIII. Administrar sua prpria formao contnua: saber explicitar as prpriasprticas; estabelecer seu prprio balano de competncias e seu programa pessoal
de formao contnua; negociar um projeto de formao comum com os colegas
(equipe, escola, rede); envolver-se em tarefas em escola de uma ordem de ensino
ou do sistema educativo e acolher a formao dos colegas e participar dela.
Abordando o campo especfico da educao musical, pode-se apontar, ainda, uma
srie de competncias pedaggico-musicais pretendidas para o egresso:
competncia musical e pedaggica para atuar de forma articulada no
ensinos infantil, fundamental e mdio, cnscio de suas funes e
preparado para participar com criatividade do desenvolvimento pessoal e
social dos educandos;
conhecimento dos fundamentos da Educao Musical e sua abrangncia
na formao dos seres humanos;
valorizao da arte como fator essencial para o estmulo do esprito crtico,do desenvolvimento da sensibilidade humana, do pensamento criativo e
da formao do carter do educando;
aptido para desenvolver projetos interdisciplinares e integradores na
escola inclusiva, estando instrumentalizado para atender aos alunos
portadores de necessidades especiais;
aptido para atuar em escolas de ensino especfico de msica, em
diversas disciplinas e reas do conhecimento musical;
competncia para a prtica de uma educao holstica por meio da
interao entre teoria e prtica;
conscientizao e sensibilizao para a identidade cultural dos alunos e os
respectivos contextos histricos e socioculturais, respeitando, valorizando
e integrando essa identidade cultural s prticas de ensino musical;
capacidade para tratar a msica e o conhecimento musical como forma
nica e particular de conhecimento e apreenso da realidade, necessria
ao equilbrio e ao desenvolvimento da conscincia.
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Abordando o campo especfico da pesquisa, podemos listar as seguintes atitudes,
habilidades e competncias para o educador-pesquisador egresso:
competncias para a pesquisa em prticas pedaggicas e musicais,
contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento da rea;
competncias especficas para realizar todas as etapas dos processos de
pesquisa, como delimitao do tema, pesquisa e crtica bilbiogrfica,
documentao e catalogao de dados, levantamento e comprovao de
hipteses, crtica e reflexo para com o conhecimento em geral;
competncia para elaborao de projetos pedaggicos de estgio e deatuao crtica e investigativa tanto no mbito educacional como artstico-
musical.
desenvolvimento de abordagem pessoal de compreenso da realidade e
estilo prprio de crtica e reflexo relacionada ao conhecimento em geral.
4.2 CAMPOS DE ATUAO E AS HABILITAES DO EGRESSO
O profissional formado no Curso de Msica da UFSJ estar dotado de slida cultura
musical e pedaggica que lhe permitam atuar de forma articulada na rede de ensino
fundamental e mdio, em instituies de ensino especfico de msica, bem como em
outras instituies formais e no-formais de ensino, onde se faam presentes
quaisquer modalidades de ensino e prtica musical (Corais, Orquestras, Bandas,
Fanfarras etc.).
Da mesma forma, o profissional estar apto a exercer atividades em cursos livres de
msica e oficinas culturais, reger coros e desenvolver pesquisas na rea de
pedagogia artstico-musical. Nesse sentido, estar pronto a suprir algumas das
demandas especficas da cidade de So Joo del-Rei e regio, atendendo a uma
clientela diversificada e a demandas sociais, que cada vez mais exigem a formao
de docentes com o domnio de reas especficas bem fundamentadas.
Com base nas justificativas e objetivos do curso, assim como nas competncias e no
perfil do egresso apresentadas, o Curso de Msica, modalidade licenciatura,
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oferecer a partir de 2009 as Habilitaes em instrumento ou Canto e a Habilitao
em educao musical, as quais podem ser descritas nos seguintes termos:
A) Habilitaes em instrumento/cantoA habilitao em Instrumento ou Canto visa a formao de um educador
musical que poder atuar tambm como msico instru