Projeto ler e escrever compromisso de todas as áreas HISTÓRIA

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  • 1. Pgina 1 de 28 2014 Carlos Souza/Adriana Melo Coordenao Pedaggica PROJETO LER E ESCREVER UM GRANDE PRAZER (COMPROMISSO DE TODAS AS REAS_HIST)

2. preciso que a educao seja mais significativa, mais prazerosa e o que se aborda faa algum sentido para o educando, seja do seu interesse, satisfaa suas necessidades biopsicossociais e que o prepare para o mundo de hoje. (Maria Augusta Sanches Rossini) 3. Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas Secretaria Municipal de Educao Unidade de Ensino: Escola Municipal Vida Nova Coordenao Pedaggica: Carlos Souza/Adriana Melo APRESENTAO O presente projeto de aprendizagem intitulado Ler e Escrever um Grande Prazer tem a pretenso de contribuir para a formao dos alunos da Escola Municipal Vida Nova como sujeitos, leitores, crticos e participativos, capazes de interagirem em sua realidade na condio de cidados consciente de sua atuao na sociedade, entendida como pr-condio do exerccio pleno da cidadania. A nossa escola sempre se preocupou em desenvolver uma educao verdadeiramente comprometida com o ensino de qualidade para todos. No entanto, nem todos os educandos esto conseguindo concluir o ano letivo desenvolvendo uma leitura fluente e compreendendo aquilo que esto lendo com segurana e autonomia. Creditamos, assim, que a implementao deste projeto vem favorecer significativamente o processo ensino e aprendizagem, visto que, se prope a colaborao para o estmulo da leitura e escrita no interior do espao escolar e, consequentemente, melhorar o desempenho (rendimento) dos alunos em outras disciplinas, j que a leitura est inserida em todo o processo de ensino e no dia a dia dos educandos. Envolver os alunos cada vez mais no universo que a leitura de uma forma prazerosa requer muita disposio e compromisso por parte daqueles que desejam construir uma sociedade mais justa e humana. Entretanto, isso exigir engajamento profundo de muitos: Professores, alunos, pais e comunidade de modo geral, parceiros nessa luta por uma educao de qualidade para todos segurando assim o que dispe a lei em vigor (LDB n 9394/96 art. 32 que visa O desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meio bsico o pleno desenvolvimento da leitura, da escrita e do clculo). 4. SUMRIO APRESENTAO .................................................................................................................3 1. JUSTIFICATIVA ..............................................................................................................5 1.1. Leitura significativa em todas as reas ........................................................................6 1.2. Como trabalhar com alunos que no sabem ler e escrever ou que tm pouco domnio da leitura e escrita?..................................................................................................8 1.3. Tabela de sugestes de atividades lectoescritoras......................................................9 2. ESTRATGIAS DE LEITURA .......................................................................................10 3. ESTRATGIAS PARA REAS ESPECFICAS.............................................................12 3.1 Leitura nas aulas de Histria......................................................................................12 3.2 O ensino de Histria e os materiais didticos ............................................................13 3.3 Sugesto de procedimentos: .....................................................................................14 3.4 Procedimentos didticos com diferentes linguagens e gneros de texto...................17 3.4.1 Imagens..................................................................................................................17 3.4.2 Tabelas e grficos ..................................................................................................19 4. OBJETIVO GERAL .......................................................................................................25 4.1 Especficos.................................................................................................................25 5. PBLICO ALVO............................................................................................................25 6. META ............................................................................................................................26 7. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS......................................................................26 8. RECURSOS HUMANOS...............................................................................................27 9. AVALIAO..................................................................................................................27 REFERNCIAS ...................................................................................................................28 5. Pgina 5 de 28 1. JUSTIFICATIVA Sabe-se que a leitura algo imprescindvel para todos. No entanto, muitos ainda a encaram como um bicho de sete cabeas, visto que no conseguem entender, compreender e interpretar o que leem. Aprender a ler antes de tudo aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, no numa manipulao mecnica de palavras, mas numa relao dinmica que vincula linguagem e realidade. Ademais, a aprendizagem da leitura um ato de educao e educao um ato profundamente poltico. (Antnio Joaquim Severino). Ao observar afirmao do referido autor, fica claro que no possvel pensar a educao desvinculada da leitura, pois esta uma ferramenta de suma importncia/ indispensvel pois compreendemos que atravs da leitura os educandos tero vrias possibilidades de adquirir conhecimento, informao, lazer, cultura e integrao social, possibilitando transformaes tanto individuais como coletivas. Ademais, a leitura e a escrita so valores importantes para o homem tornar-se cidado consciente de seu discurso e do poder que tem. Sem esses valores to indispensveis nos tornamos seres incapazes de exercer plenamente nossa cidadania. Ao olharmos para o interior de nossa escola, podemos observar que muitos de nossos alunos, leem pouco ou quase nada. Ora, to importante quanto ler, compreender o significado do texto lido. H grande queixa por parte dos Professores dos Anos Finais sobre o desinteresse que muitos alunos expressam quando a atividade envolve a leitura, pois muitos decodificam palavras sem a preocupao de entender realmente o que se est lendo. E isso reflete negativamente no baixo rendimento do aluno e, consequentemente, na qualidade do ensino. O projeto Ler e Escrever um Grande Prazer vem com a inteno de proporcionar aos nossos educando condies reais de interao ao mundo letrado, aonde estes venham a descobrir que a leitura traz prazer e emoo aquele que ler. No entanto, no basta apenas se ter a conscincia de que a leitura indispensvel formao do homem, necessrio criar meios para que o ato de ler venha se tornar uma realidade concreta na vida desse indivduo. Sabemos, assim, que no ser uma tarefa fcil. Mas uma luta constante que exigir esforo e empenho coletivo por parte dos nossos alunos, professores e, pais de nossa instituio os quais, juntamente conosco, estimularo os educandos a se envolver cada vez mais a fim de assegurar, a estes, as condies essenciais para o desenvolvimento e exerccio da sua cidadania. 6. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 6 de 28 Ento, para que isso ocorra de fato, de fundamental importncia que a escola se veja como instituio responsvel por despertar no aluno o interesse e o prazer pela leitura e mais, que ela seja um exemplo de leitor, isto , que todos os sujeitos envolvidos no espao escolar tenham comportamento leitor, para que possam estimular aqueles que ainda no tm tal hbito. necessrio tambm buscar formas de conscientizar as famlias dos educandos para a importncia do ato de ler e quem sabe at, tornar aqueles pais que so indiferentes leitura, em pais leitores. Portanto estimular algum a ler exige esforo, requer parcerias e compromisso srio por parte de todos os envolvidos no processo educacional. Para tanto, partiremos de interrogaes bsicas, tais como: O que ler?, O que escrever?, O que um professor (no de Portugus ou de Matemtica, mas no sentido, lato)?, entre outras. Tambm pretendemos desmistificar alguns (pr) conceitos utilizados justificar a falta de compromisso com o ensino de leitura e escrita. O professor deve operar na lgica de ajudar o aluno a compreender o que se est trabalhando, independente da rea que atua. Por isso, sugerimos algumas sequncias didticas com estratgias de leitura, certamente, j conhecidas por muitos, em todas as reas, pois na maioria das escolas, o trabalho com leitura, compreenso e interpretao deixado apenas a cargo dos professores de Lngua Portuguesa, por isso, percebeu-se a necessidade de envolver-se nesse contexto, no intuito de propor metodologias de acordo com as necessidades dos professores de todas as disciplinas, objetivando o processo de ensino- aprendizagem significativo por meio da leitura. 1.1.Leitura significativa em todas as reas preciso esclarecer que para a leitura ser significativa, as informaes que o aluno encontra no texto precisam contribuir para ampliar seus conhecimentos, seus interesses e atingir seus objetivos. Alm disso, os alunos precisam perceber que os textos so uma forma de comunicao e de interao social, torna-se [...] primordial no ensino da leitura o desenvolvimento da conscincia crtica de como a linguagem reflete as relaes de poder na sociedade por meio das quais se defrontam leitores e escritores. (MOITA LOPES, 2002, p. 143). Tambm, responsabilidade dos professores incentivar os alunos a criarem o hbito de ler, pois, por meio dessa atividade, os alunos tornam-se capazes de buscar novos conhecimentos, aprimorar os j possudos, fazer uso desses para compreender a sociedade e interagir nela. Outro ponto importante a ser ressaltado que a formao de leitores no pode ficar somente a cargo do professor de Lngua Portuguesa, mas abranger a todas as disciplinas, 7. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 7 de 28 uma vez que todos os professores fazem uso da leitura em suas aulas. Alm disso, deve-se envolver os bibliotecrios, pois precisam tornar o ambiente da biblioteca atrativo e interessante para proporcionar o gosto e o hbito pela leitura. Quanto questo de como tornar a leitura significativa importante lembrar que no uma questo exclusivamente de mtodos, necessrio que os professores criem condies para que os alunos desenvolvam o aprendizado, analisando as conexes entre textos e realidade, entre textos e conhecimento de mundo, conhecimento prvio, intertextualidade, ideologias. A leitura significativa requer anlise do discurso. Outro ponto que se ressalta a importncia de partir do estudo da realidade no intuito de buscar solues para que a leitura seja significativa, pois [...] no podemos esperar que especialistas distantes tomem decises pelos professores (SMITH, 1997, p. 136), dizendo o que fazer, e o que no fazer. As teorias existem para contribuir e so importantes, no entanto, a anlise da realidade indispensvel para que os professores saibam como agir em relao leitura. Todos os professores, de todas as disciplinas, precisam saber como acontece o processo da leitura significativa, e partir desse conhecimento e da anlise de seus alunos para optar por atividades a serem trabalhadas em sala de aula, pois no h um mtodo nico a ser desenvolvido para tornar a leitura significativa. A partir do momento em que os professores pensarem em elaborar metodologias de leitura que promovam o crescimento pessoal, possibilitem melhor organizao social dos estudantes, e mais elevado nvel intelectual, em todas as disciplinas, a leitura ser significativa e os conhecimentos relevantes para os alunos. Os alunos precisam saber [...] localizar a nova informao pela leitura de mundo, e express-la, escrevendo para o mundo (NEVES, 1999, p. 11); sendo assim, uma leitura significativa gera escrita significativa e somente sabemos que um aluno realmente entendeu o que leu quando capaz de expressar as ideias com suas prprias palavras, seja oral, seja por escrito. Outro ponto a se ressaltar quanto leitura que: [...] uma leitura chama o uso de outras fontes de informao, de outras leituras, possibilitando a articulao de outras reas da escola. Uma leitura remete a diferentes fontes de conhecimentos, da histria matemtica. Nesse sentido, leitura e escrita so tarefas fundamentais da escola e, portanto, de todas as reas. Estudar ler e escrever. (NEVES, 1999, p. 117) Desse modo, um compromisso que precisa ser assumido por todos os professores e, tambm, por todos os alunos diante de todas as disciplinas. Muitas vezes, alm dos professores das diversas disciplinas pensarem que as tarefas de leitura, interpretao, compreenso e produo so ligadas disciplina de Lngua Portuguesa, essa ideia tambm 8. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 8 de 28 j est internalizada nos alunos, que reclamam quando um professor de outra disciplina se prope a fazer um trabalho de interpretao. por isso que os trabalhos com a leitura significativa em todas as disciplinas tero de iniciar com uma conscientizao dos professores e dos alunos quanto importncia da leitura, para um trabalho de formao de leitores. Todavia, essa formao de leitores no ocorrer em curto espao de tempo, ir se construir ao longo do perodo em que os alunos permanecerem na escola. Parafraseando Smith (1997), o significado est alm das palavras, ou seja, no so as palavras impressas ou oralizadas que do sentido a um texto, mas sim, o leitor, a partir de seus conhecimentos prvios, de suas informaes no visuais, que atribui sentido ao texto ou s palavras que l. Sendo assim, para tornar a leitura significativa, o professor precisa mostrar aos alunos como ocorre essa formao de sentidos, mediar as interpretaes, mostrando as entrelinhas, os subentendidos, as ideologias, contextualizando os textos, e, com o passar do tempo, reduzir a mediao, a fim de que os alunos desenvolvam essa capacidade e interpretem cada vez de forma mais autnoma. Eis a grande questo... 1.2.Como trabalhar com alunos que no sabem ler e escrever ou que tm pouco domnio da leitura e escrita? H em nossas turmas alunos que, embora conheam o sistema alfabtico, apresentam pouco domnio da leitura e escrita: produzem escritas sem segmentao, tm baixo desempenho na ortografia das palavras de uso constante, elaboram textos sem coeso e coerncia, lem sem fluncia, no conseguem recuperar informaes durante a leitura de um texto etc. A coordenao pedaggica planejou algumas aes voltadas para o desenvolvimento das aprendizagens necessrias para o avano desses alunos. No entanto, fundamental que todos os professores contribuam para que esses sejam includos nas atividades que propem para suas turmas. Para que isso ocorra, preciso: Favorecer o acesso ao assunto ou tema tratado nos textos, permitindo que os alunos arrisquem e faam antecipaes bastante aproximadas sobre as informaes que trazem. Centrar a leitura na construo de significado, e no na pura decodificao. 9. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 9 de 28 Envolver os alunos em atividades em que a leitura seja significativa, despertando-lhes o desejo de aprender a ler. Organizar trabalhos em grupo para que os alunos participem dos momentos de leitura com colegas mais experientes. Envolver os alunos em debates orais para que expressem sua opinio sobre os temas tratados. Deve-se levar em conta que esses alunos precisam ter sucesso em suas aprendizagens para que se desenvolvam pessoalmente e tenham uma imagem positiva de si mesmos. Isso s ser alcanado se o professor tornar possvel sua incluso e acreditar que todos podem aprender, mesmo que tenham tempos e ritmos de aprendizagem diferentes. E, como o professor do ciclo II atua com diversas turmas, sugere-se o registro dessas rotinas para cada uma delas, de modo que a organizao do trabalho a ser realizado se torne mais visvel. No quadro a seguir, por exemplo, o professor pode fazer os registros medida que for realizando o trabalho com leitura com suas turmas, sem abandonar a diversidade de propsitos de leitura e de abordagem dos textos. 1.3.Tabela de sugestes de atividades lectoescritoras 10. Pgina 10 de 28 2. ESTRATGIAS DE LEITURA O que o professor deve fazer para que os alunos tenham autonomia como leitor em todas as reas? Em primeiro lugar, o professor no deve sucumbir tentao de querer contornar as dificuldades de leitura dos alunos fazendo uma espcie de traduo do texto escrito. O aluno tem que aprender a ler sozinho (autonomamente), porque, caso contrrio, depender sempre do professor ou de outrem para interpretar o que est escrito. Seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Mdio, as estratgias para ensinar os alunos a serem leitores proficientes so simples e, certamente, j conhecidas pela maioria dos docentes (porm, pouco postas em prtica). Elas esto divididas em trs perodos: antes, durante e depois da leitura. ANTES Encaminhe os objetivos da leitura: faa um levantamento do que os alunos j sabem sobre o contedo a ser ministrado, isto , do material que deve ser lido. Examine o texto como um todo: ttulo, subttulo, ilustraes, tabelas etc. A partir disso, os alunos depreendero o tema do texto e construiro expectativas sobre o que ser lido. Antecipe informaes que o autor do texto pressupe que os leitores conheam, porm que seus alunos talvez ignorem. DURANTE Encoraje os alunos a inferir o sentido de termos ou expresses cujo sentido ele desconheam. Porm, ateno: no lhes pea que assinalem as palavras difceis, porque isso pode lhes tirar a concentrao no contedo. Simulado: Madame Natasha confunde Daslu com Telemar e adora CPI. No combate ao caixa dois do idioma, concedeu uma de suas bolsas de estudo ao deputado Osmar Serraglio, pelo seguinte trecho do seu relatrio: Como de sabena, no incide, aqui, responsabilidade objetiva do chefe maior da nao, simplesmente, por ocupar a cspide da estrutura do Poder Executivo, o que significaria ser responsabilizado independentemente de cincia ou no. Em sede de responsabilidade subjetiva, no parece que havia dificuldade par que pudesse lobrigar a anormalidade com que a maioria parlamentar se forjava. 11. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 11 de 28 medida que a leitura for avanando, ajude os alunos na compreenso global do texto: a idia principal e as secundrias. Ajude-os a sanar a dificuldade muito comum de estabelecer relaes entre as partes do texto. Chame ateno para os trechos que revelam posio pessoal do autor do texto. A cada novo texto lido, use truques que ajudam a melhorar a compreenso (sublinhado, anotaes etc.). Posteriormente, cada aluno ser capaz de escolher o mtodo que mais lhe agrada. Procure relacionar sempre o contedo lido ao conhecimento prvio dos alunos. Com isso, os alunos podero confirmar informaes, ampliar conhecimentos ou reformular conceitos equivocados. Comumente, quando tomam conhecimento de que estudamos lnguas indgenas, as pessoas costumam nos perguntar como tal palavra ou tal expresso na lngua Tupi-Guarani. Esse tipo de curiosidade no problema, alis, at previsvel. O problema que nessa pergunta h uma impropriedade de contedo que pode ser sanada pela leitura atenta de um texto de Histria ou Lingstica. que, na realidade, o nome Tupi-Guarani no adequado, porque nunca existiu uma lngua chamada Tupi-Guarani, mas sim a lngua Tupinamb, a qual foi falada na costa do Brasil do sul ao nordeste. Ento, a expresso Tupi-Guarani no existe? Na verdade, existe sim, mas como o nome da famlia lingstica qual pertencia a lngua Tupinamb. Fazendo uma analogia, assim como no podemos falar em uma lngua Portugus-Espanhol, mas, sim, em lnguas Portugus e Espanhol da famlia lingstica Latina, tambm no podemos falar em lngua Tupi-Guarani. Falamos, ento, na lngua Tupinamb que, infelizmente no mais falada, embora tenha sido usada por trs dentre quatro habitantes do Brasil at que o Marqus de Pombal a tornou proibida em todo o Brasil em meados do sculo XVIII. A propsito, se no fosse a atitude autoritria de Pombal, talvez hoje o Tupinamb fosse uma das lnguas nacionais, tal como o o Guarani (uma outra lngua da famlia Tupi-Guarani) no Paraguai, onde reparte com o Espanhol o papel de lngua oficial. DEPOIS Ajude os alunos a fazer uma sntese do material trabalhado. Use diferentes tcnicas de assimilar o contedo lido por meio da escrita: fichamento, resumos, etc. Faa avaliaes do que foi lido com os alunos. Procure identificar valores e crenas que possam inspirar uma reflexo sobre o assunto. Com isso os alunos comearo a formar uma opinio prpria sobre o assunto lido e a organizar crticas e comentrios. 12. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 12 de 28 Estabelea conexes com outros textos, livros ou mesmo filmes. Isto , estimule os alunos a lerem mais sobre o assunto fora da sala de aula. 3. ESTRATGIAS PARA REAS ESPECFICAS 3.1 Leitura nas aulas de Histria A leitura, em mbito geral, tem importncia fundamental para a formao de cidados e de bons profissionais, uma vez que desenvolvida de maneira significativa possibilita a autonomia diante da busca por informaes e por formao e aperfeioamento. Isso tanto dentro da escola quanto no dia a dia das pessoas, mesmo daquelas que j no frequentam mais a escola. Na verdade, o principal foco da leitura na escola, alm de possibilitar acesso a conhecimentos importantes, formar o hbito, para que quando os alunos no a frequentarem mais continuem buscando por novas informaes e conhecimentos. No que se refere disciplina de Histria, a leitura a base para o conhecimento, pois [...] h uma variedade infinita de materiais escritos como fonte de pesquisa e aprendizado histrico. (NEVES, 1999, p. 111). Percebe-se que, assim como importante atualizar-se quanto s inovaes que ocorrem de forma acelerada nos ltimos anos, paralelamente imprescindvel conhecer a construo histrica da sociedade para se entender como evoluiu para chegar ao que hoje, pois: No basta saber detalhes sobre a revoluo de 1930 ou o episdio de Pal- mares, necessrio discutir o que isso significa hoje, na realidade em que o aluno vive, na construo de sua trajetria social, como isso se integra (ou no) na forma como ele vai falar do mundo que o rodeia, construindo uma modalidade original de falar sobre o mundo aqueles acontecimentos, marcada pela situao peculiar de cada um no mundo. (NEVES, 1999, p. 109). Para isso interessante que os professores levem para a sala de aula diversos tipos de materiais para que, por meio desses, os alunos tenham acesso s informaes acumuladas ao longo da histria em diversas reas, como: [...] cartas, bulas, decretos, dirios de viagem, escrituras, certides, notcias de jornais e revistas, legislao variada, fichas de identificao pessoal, material de arquivos, documentos pessoais (carteira profissional, identidade, certido de nascimento, casamento e bito, etc.) textos analticos de diferentes autores, descries de paisagens, relatrios de ministros, de prefeitos, de comisses encarregadas de acompanhar determinados acontecimentos, letras de msicas populares e de hinos, grficos e conjuntos de dados econmicos, crnicas de costumes, propagandas de produtos e de eventos, etc. (NEVES, 1999, p. 111). Como se pode perceber, a leitura nas aulas de Histria no se limita apenas aos livros didticos, histria de um pas ou do mundo, mas sim, pode-se fazer uso de leituras de 13. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 13 de 28 histrias particulares dos alunos, de suas famlias, analisar a formao cultural que est presente nos escritos de sua cidade, analisando propagandas de bens de consumo e eventos e de determinadas pocas e compar-las com a atualidade, analisar os costumes das pessoas por meio de textos de diferentes pocas, enfim, h uma infinidade de materiais a serem explorados nas aulas de Histria, tendo como principal ferramenta a leitura significativa. Sendo assim, a leitura nessas aulas engendra um processo amplo de conhecer o mundo, perceber como foi construdo historicamente, como os fatos de outros tempos e locais influenciam a sociedade atual e perceber tudo isso de forma crtica, sendo capaz de inferir novos conhecimentos sobre como a sociedade atual est construindo o futuro. 3.2 O ensino de Histria e os materiais didticos A fim de abarcar a diversidade de recursos presentes nas aulas de Histria, pode-se afirmar que os materiais didticos so todos os textos, imagens, mapas, msicas, filmes, objetos utilizados didaticamente pelo professor, que, alm de auxili-lo, servem de mediadores nas situaes de ensino e de aprendizagem. Qualquer material pode ser mediador da relao do aluno com o conhecimento. Todavia, quando certo material selecionado e inserido em uma proposta de ensino pelo professor, passa a ter uma finalidade especfica, tornando-se material didtico. Este pode ser tanto um livro escrito e organizado por uma grande editora como textos e imagens coletados em diferentes fontes e organizados pelo educador para uso nas aulas. Na esfera de circulao escolar, h uma diversidade de produes sociais, entre elas os materiais didticos: textos, imagens, grficos, mapas e exerccios, distribudos e organizados com base em uma finalidade social discursiva especfica, ou seja, transmitir saberes e valores sociais no mbito da educao escolar. Eles se distinguem, portanto, de outras esferas de discurso (como a jornalstica e a literria) por ter um objetivo propriamente seu: selecionar, organizar e difundir prticas, rotinas e finalidades de leituras, que veiculam saberes formalizados e institucionalizados e modelam, a seu modo, relaes sociais, polticas, culturais e histricas. Assim, tanto os livros didticos publicados por editoras como os mais diversos materiais selecionados por professores podem ser associados esfera de circulao escolar. Variados gneros de texto e diferentes linguagens podem 14. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 14 de 28 ser encontrados nos materiais didticos de Histria. Em um levantamento foi possvel identificar a presena de charge, caricatura, depoimento, entrevista, notcia, tira de quadrinhos, artigo de divulgao cientfica, biografia, enunciado de questes, grfico, mapa, planta, lei, relato histrico, tabela, verbete de dicionrio, verbete de enciclopdia, imagens (obras de arte, fotografia e desenho de livro didtico), esquema, resumo, cano popular, conto, crnica, dirio de viagem, dirio pessoal, lenda, mito, poema, provrbio e dito popular, propaganda, cartaz, sumrio, cronologia, linha do tempo, documento pessoal, discurso poltico. A presena dessa diversidade de materiais, gneros e linguagens no implica, contudo, a freqncia de propostas que levam em considerao suas especificidades de leitura. A grande maioria de imagens que circulam na esfera escolar, por exemplo, tem a funo de ilustrar as afirmaes dos textos. Desse modo, apesar de nos livros editados e nos materiais didticos organizados por professores serem encontrados diferentes textos e linguagens, o foco do educador tende a ficar centrado no texto didtico principal, sem preocupaes maiores com a relao que esses materiais estabelecem entre si e com sua insero em determinada composio. Contudo, a forma exprime, tambm, indcios de intencionalidades educativas e discursivas, veiculando idias de contextos e autores. So valiosas, portanto, as atividades que estimulam os estudantes a preocupar-se com a leitura e a questionar a diversidade do que possvel ler nas pginas impressas. Nos materiais didticos, a relao entre os distintos textos fica explicitada pelo tema do captulo e/ou pelo texto principal do autor, pautado, em geral, de acordo com o objetivo didtico. E a diversidade de composio costuma ser construda com base em variados modelos, que solicitam diferentes procedimentos de leitura e de relaes entre o texto principal e seus complementos. Com o objetivo de problematizar com os estudantes o conjunto de relaes entre textos e linguagens nos materiais didticos de Histria, instigando a percepo de idias tambm nas escolhas de composio de pginas e dos materiais reunidos. 3.3 Sugesto de procedimentos: Antes da leitura Identificao do que pode ser lido nas pginas. Identificao de diferentes gneros de texto (ttulos, legendas, referncias bibliogrficas, textos com proposta 15. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 15 de 28 didtica, consignas de exerccios, textos literrios, jornalsticos, cartas etc.). Leitura do ttulo e subttulos do captulo Quem escolheu o ttulo? Onde est escrito que o autor do ttulo? H outras informaes sobre o autor do ttulo ou subttulo? O que j lemos sobre ele? Com base no ttulo, o que o autor quer debater? Qual o tema? Observao das imagens Quem o autor de cada imagem? Onde est escrito quem o autor? O que se v nas imagens? O que elas contam? Quais as semelhanas e diferenas entre elas? Quais seus estilos? Como foram produzidas? Onde mais podem ser encontradas? Por que o autor do livro escolheu essas imagens? Elas mantm relaes com o texto? Quais relaes? Observao do formato de cada texto Pelo formato, possvel identificar o gnero do texto (prosa, verso, texto jornalstico, texto didtico)? Durante a leitura de cada texto Qual a forma do texto? O que identifica o texto como poema, prosa, texto jornalstico ou texto didtico? H outras formas de texto para falar do mesmo tema? H relaes entre as imagens e o texto? Quais? O texto ajuda a entender as escolhas das imagens? De que trata o texto? O que possvel deduzir dele? Quais informaes histricas podemos colher do texto? Depois da leitura de todos os textos Voltar aos ttulos e confrontar as hipteses e as descobertas. Solicitar a opinio dos alunos a respeito da articulao do ttulo do captulo e dos textos. Quais seriam outros ttulos possveis? Questionar quais as relaes entre os textos. Retomar quem o autor e propor pesquisas para conhec-lo melhor e tambm suas obras. Onde podemos encontrar mais informaes sobre o autor? Retomar as imagens. Como podemos saber mais sobre elas? Retomar o estilo do texto. H outra(s) maneira(s) de escrever o mesmo tema? Qual(is)? Retomar o tema e as informaes histricas Quais informaes apresentadas so importantes para nosso estudo? Conhecemos informaes que no esto no texto? Quais? O que poderia ser acrescentado ao tema com outras pesquisas? Retomar as hipteses iniciais e comparar. 16. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 16 de 28 A leitura de textos, imagens, mapas, grficos etc. dos diferentes materiais didticos desencadeia tambm possibilidades de escritas. Por exemplo, possvel: anotar as hipteses iniciais e os conhecimentos prvios; sistematizar as informaes colhidas dos textos; escrever interpretaes para textos, imagens, grficos, mapas etc.; reescrever os textos; complementar o que foi estudado com pesquisas; produzir textos nos estilos dos textos lidos. A formao de leitores questionadores e reflexivos perpassa, assim, a aprendizagem de como questionar e como estar atento s idias imersas nas complexas dimenses dos diferentes gneros de texto, dos contextos em que se inserem e das autorias, nas formas, nas relaes e na diversidade de linguagens em que se expressam. O procedimento didtico aqui apresentado prope questionar quem o autor, quais os gneros de texto encontrados, qual a relao entre textos, imagens, mapas, grficos etc. Por exemplo, nos livros freqente encontrar legendas, que demandam do leitor o conhecimento de sua funo e de sua relao com outros elementos da pgina. As legendas podem complementar o texto principal, ser dependentes dele ou provocar questes que remetem leitura de imagens, mapas, grficos. Da perspectiva didtica, a leitura de legendas (ou de textos, imagens, mapas, tabelas) pode ser associada leitura de outros elementos da pgina. Nesse caso, elas podem ser lidas antes, durante ou depois da interpretao de outras fontes de informao, ressaltando- se sua funo, sua especificidade de texto e as diferentes perspectivas que podem assumir, de acordo com a posio terica do autor em sua argumentao histrica ou em suas proposies didticas. Uma gravura sobre a escravido pode ser seguida de diferentes legendas, dependendo do livro, de sua poca, do contexto histrico estudado ou da autoria. Nesse caso, o professor pode tambm desenvolver atividades de confrontao de legendas criadas para uma mesma imagem ou mapa presentes em variados materiais didticos. A legenda de uma imagem pode revelar sua dissociao com o contexto histrico abordado no texto principal. Em um livro didtico de Histria do incio da dcada de 1960, uma gravura de pgina inteira traz a seguinte legenda: Cena tpica do Brasil no sculo XVIII (detalhe de um desenho de Rugendas) (HERMIDA, 1963, p. 88). Como se sabe, esse pintor esteve no Brasil no incio do sculo XIX. Ento, por que a legenda fala do sculo XVIII? E qual sua relao com o tema do captulo, o governo-geral no Brasil no sculo XVI? Ser que as escolhas editoriais e do autor podem ser debatidas com estudantes em prol de uma leitura crtica e de estudos que favoream a eles a preocupao com a marcao de tempo? 17. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 17 de 28 3.4 Procedimentos didticos com diferentes linguagens e gneros de texto 3.4.1 Imagens A) Questionar a imagem Promover questes para que os alunos observem, reflitam e expressem o que pensam sobre a obra em anlise (sem reforo ao certo ou errado), procurando identificar o maior nmero de informaes apenas pela observao direta: idias que a obra expressa, figuras retratadas, detalhes que contribuem para expressar determinada idia, estilo, lugar, poca, cores, materiais utilizados para produzi-la, autor. Nessa etapa, a ao do professor questionar, instigar o olhar, estabelecer relaes com o que os alunos j sabem e confrontar suas respostas, sem a preocupao de fornecer as informaes corretas. Fundao de So Vicente (1532), Benedito Calixto, 1900. Verificar os conhecimentos prvios e as hipteses dos alunos sobre: estilo, poca, lugar ou cultura, quais materiais foram utilizados, quem a produziu (se no houver assinatura, determinado tipo de trabalhador, como gravurista, fotgrafo, desenhista, artfice, ou grupo), em que poca foi produzida, em qual lugar, se retrata uma idia ou figura da prpria poca do autor ou se uma reconstituio histrica (ex.: um desenho de uma comunidade de sambaqui feito atualmente, mas fazendo referncia ao modo de vida de 3 mil anos atrs, ou o quadro A primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, que retrata 1500, mas foi pintado em 1861). 18. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 18 de 28 Nesse momento, os alunos so instigados para que, mesmo que no saibam, formular hipteses, fazer consideraes, utilizar informaes parciais ou propor conjeturas. B) Organizar idias gerais expressas na imagem que dem conta de sua totalidade Um bom exerccio solicitar que os alunos criem ttulos, fazendo-os relacionar detalhes em busca de uma generalizao maior e instigando-os a pensar mais abstratamente. Os de menor idade tendem, em geral, a centrar-se em emoes ou em detalhes das figuras; assim, importante investigar quais relaes e associaes constroem nos ttulos: homem com lana, pintura na pedra, mulher com balaio. J os adolescentes so capazes de elaborar ttulos mais conceituais, como comerciante, trabalhador, escravo. Aqui, os alunos so estimulados a estabelecer relaes e a buscar uma sntese e, ao mesmo tempo, o professor investiga como eles pensam, de acordo com sua maturidade cognitiva. C) Pesquisar informaes em outras fontes Apresentar aos alunos os dados sobre a imagem (levando para a sala de aula livros que a reproduzem ou organizando os dados com base em pesquisa) para que comprovem ou no suas hipteses, ajudando-os a compreender melhor a obra e a inseri-la em seu contexto histrico, como: Situar a obra: autor (pode ser um indivduo ou um grupo de trabalhadores), ttulo, data em que foi produzida, local, tipo de imagem (pintura rupestre, mosaico, grafite, fotografia), temtica, compromissos do autor com a imagem e/ou com o tema da obra, influncias sobre o autor; Descrever a imagem: processo de produo, profissionais envolvidos, materiais e tcnicas empregados, existncia ou no de um projeto ou esboo anterior. Mesmo com esses dados, o professor deve manter uma posio de sempre valorizar as hipteses dos alunos e seu modo de pensar. A idia que eles revejam algumas hipteses e formulem outras, sem, contudo, viver uma situao de ter de simplesmente substituir suas reflexes anteriores pela informao j pronta, ficando com a idia de que h certo ou errado. O que os alunos forem capazes de incorporar a seu repertrio, repensar e refletir deve ser valorizado, e o que no forem no pode ser rigidamente exigido. D) Interpretar a imagem Procurar seu sentido, sua funo, seu objetivo, seu significado para o autor, a poca em que foi feita, o que se fazia com ela, como foi preservada, qual seu significado hoje. Aqui, o professor novamente aquele que instiga, mas no exige um nico modelo de 19. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 19 de 28 interpretao. Provoca, questiona e confronta. Para organizar informaes comuns ao grupo, pode propor a elaborao de um texto coletivo. 3.4.2 Tabelas e grficos As informaes organizadas sob a forma de tabelas e grficos requerem uma srie de conhecimentos para serem lidas e interpretadas. Livros, revistas, jornais e meios de comunicao eletrnicos usam essas linguagens diariamente, assim como tambm possvel encontr-las em livros didticos e em materiais com dados e interpretaes histricas. Do olhar histrico, grficos e tabelas devem ser questionados do mesmo modo que outras obras, ou seja, sempre importante procurar identificar o autor, quando e como foram produzidos, qual sua finalidade e onde foram divulgados. Precisam, ainda, ser comparados com outras fontes documentais. Alm disso, como lidam com a linguagem matemtica, preciso levar em conta se esto apresentando dados com nmeros absolutos ou porcentuais. Para os estudos histricos, lidar com um ou com outro representa uma fundamental diferena. Vejamos uma tabela. Essa tabela contm quais informaes? O que o ttulo indica? referente a qual poca? A quais lugares? O que ela pretende nos contar? Pela anlise da tabela, deduz-se que as grandes potncias industriais no mundo, entre 1840, 1851 e 1914, eram Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Frana e Rssia, j que so esses pases que esto presentes na tabela. Lendo seus dados, conclui-se tambm que deve haver uma relao entre industrializao, crescimento populacional e concentrao da populao em cidades. No caso do Reino Unido, por exemplo, a populao total em 1851 era de 26 milhes de pessoas, 14 milhes delas vivendo na zona rural e 12 milhes, na zona urbana. J em 1881, os nmeros mudam para um total de 33 milhes de pessoas, com uma queda para 12 milhes na zona rural e um aumento para 21 milhes na zona urbana (9 milhes a mais). E, 20. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 20 de 28 em 1911, a populao total passou a ser de 46 milhes, aumentando 1 milho na zona rural (passou para 13 milhes) e 12 milhes na urbana (passou para 33 milhes). Mas o que representam esses nmeros historicamente? Como se explica que nesses pases tenham ocorrido crescimento populacional e aumento da concentrao da populao nas cidades? E em qual pas cresceu mais a populao? Onde houve mais concentrao urbana? H relao entre esses dados e o fato de serem pases em desenvolvimento industrial? Pode-se construir um grfico com os dados da tabela, relativos ao total da populao nos perodos de 1840-1871 e 1910-1914. Pelo grfico, possvel visualizar os EUA e a Rssia como os pases em que a populao mais cresceu. Mas onde o crescimento foi mais acelerado? Para identificar esse dado, preciso calcular a porcentagem de crescimento populacional desses pases. 21. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 21 de 28 O clculo da porcentagem indica que, apesar de o nmero de pessoas ser maior na Rssia, foi nos EUA que o crescimento populacional aconteceu de modo mais acelerado. Nesse caso, importante notar que as porcentagens revelam um aspecto diferente do que poderia indicar a simples anlise dos nmeros. O que essas porcentagens revelam? H relao com a industrializao? Vamos comparar os dados dos EUA e da Rssia, confrontando cidade e campo. No dois pases h crescimento da populao urbana. No entanto, na Rssia, em 1914, 80% da populao permanecia na zona rural, enquanto nos EUA, em 1910, a porcentagem de pessoas nas cidades era de 46% (ou seja, 54% no campo). Assim, se quase a totalidade da populao russa vivia no campo, ser que era j um pas industrializado? Ento, h relao entre crescimento populacional, industrializao e o nmero maior de pessoas vivendo em centros urbanos? A maior concentrao urbana nos EUA nessa poca est relacionada a um desenvolvimento industrial tambm mais acelerado? Comparando os dados dos EUA e do Reino Unido, vemos que, em 1911, 73% da populao do Reino Unido vivia em cidades, ou seja, a concentrao urbana era muito mais acentuada do que nos EUA. Mas vamos confrontar apenas a porcentagem de crescimento populacional urbano, nos dois pases. Apesar do alto ndice de crescimento da populao urbana no Reino Unido, no se compara com o que ocorreu nos EUA. A o crescimento estava to acelerado que foi maior do que 2.000% nesse perodo. O que esses dados significavam? Se a concentrao urbana era muito mais acelerada nos EUA, por que a maior concentrao nas cidades estava no Reino Unido? Se existia a relao entre uma crescente concentrao urbana e o desenvolvimento industrial, podemos supor, ento, que esse processo comeou antes no Reino Unido? Muitas vezes, os nmeros em uma tabela contribuem para questionarmos as relaes entre fatores econmicos, sociais e polticos. Entretanto, nem sempre explicam plenamente a complexidade da realidade vivida. Nesse caso, importante consultar e comparar seus dados com outras fontes. Vamos comparar, assim, a tabela de populao dos pases industrializados com a tabela a seguir, que apresenta os dados sobre a produo de ferro e de ao. 22. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 22 de 28 Vemos nessa tabela que a Gr-Bretanha consumia ferro e ao dcadas antes dos EUA e em quantidade maior do que outros pases europeus. Se associarmos a indstria, que solicita mquinas para seu desenvolvimento, com o consumo de ferro e ao, podemos dizer que a Gr- Bretanha comeou antes seu processo de industrializao. Se relacionarmos esse dado com o ndice maior de concentrao urbana, podemos afirmar que foi no Reino Unido que esses dois fatores estavam associados. Associar a indstria com crescimento populacional e concentrao da populao nas cidades pode levar erroneamente idia de que estava ocorrendo na Inglaterra uma histria de progresso e desenvolvimento que repercutia na qualidade de vida da populao (e assim se explicaria o crescimento populacional). Todavia, em seu livro clssico A formao da classe operria inglesa, E. P. Thompson (1987) lembra que interpretar esses dados no tarefa simples. O autor alerta para o fato de que em geral se interpreta a vida urbana como melhor qualidade de vida, sem ponderar com o que estava acontecendo com a nova populao de trabalhadores que se deslocava do campo para a cidade. Lembra que, medida que as cidades industriais envelheciam na Inglaterra, diferentemente do que se imagina, multiplicavam-se os problemas de saneamento urbano, abastecimento de gua e proliferao de epidemias. Thompson observa que a exploso demogrfica inglesa, identificada nas tabelas estatsticas, tem sido associada industrializao, quando foi um fenmeno europeu no especfico de regies industrializadas. Alm disso, analisando os fatores do crescimento populacional, demonstra que no estiveram relacionados melhoria da qualidade de vida do trabalhador pobre operrio. Segundo o autor, no sculo XIX, as famlias com o maior nmero de filhos eram de trabalhadores mais pobres que viviam em situaes precrias; os mais altos ndices de mortalidade infantil estavam em cidades industriais, chegando, s vezes, ao dobro das regies rurais; o nmero de mortes por tuberculose, doena associada pobreza e superpopulao, era 20% maior do que a taxa global de mortalidade; a idade mdia de 23. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 23 de 28 falecimentos para diferentes grupos sociais na Inglaterra indicava que nas cidades industriais os trabalhadores pobres viviam em mdia menos da metade do tempo do que a pequena nobreza rural etc. Ou seja, para Thompson, o aumento da populao pode ser mais bem explicado pelo declnio das taxas de mortalidade entre as pessoas que pertenciam classe mdia ou elite operria, ocultando-se os dados a respeito dos altos ndices de mortalidade operria nas mdias nacionais. O aprendizado de leitura, coleta e interpretao de dados de tabelas e grficos pode comear com a organizao de informaes nessas linguagens. Por exemplo, o professor Nilson dos Santos, da EMEF Clvis Graciano, conta que, em suas aulas de Histria, optou por uma atividade de construo de grficos e tabelas com alunos do 2 ano do ciclo II. Especificamente para trabalhar com grficos e tabelas, ele primeiro definiu o tema e os objetivos. Escolheu como tema o local de nascimento dos alunos e de seus pais. Justificou a escolha como uma oportunidade de verificar o local de nascimento da populao atendida pela escola, uma vez que a cidade de So Paulo formou-se historicamente com grandes luxos migratrios vindos de vrias regies do pas e de outros pases. Com base nesse tema, foi proposta uma pesquisa no livro didtico, no qual os alunos localizaram textos. Depois de estud-los, o professor ampliou o tema com as perguntas: ser que o fenmeno da migrao ainda existe hoje? Se existe, ele pode ser medido concretamente em nossa comunidade? Colocadas as questes, foi, ento, organizada a pesquisa para coleta de informaes a serem includas em tabelas apropriadas, com dados de todas as salas de aula da escola. Em grupos, os alunos encarregados da pesquisa realizaram o trabalho com duas tabelas para coleta de dados: uma para os pais e outra para os alunos. A totalizao dos dados foi realizada tambm com tabelas especficas para os pais e para os alunos, que foram montadas na sala de aula com os estudantes. Os dados foram utilizados para elaborar grficos e tabelas em grupos: grficos circulares utilizando noes de proporo, nos quais o professor contou com a fundamental assessoria da professora de Matemtica; grficos de colunas; e tabelas. Todos os trabalhos basearam-se nos mesmos dados, s que apresentados em formatos diferentes. O professor tomou o cuidado de elaborar, com os alunos, ttulos, legendas e identificao das fontes de pesquisa. No final, foram confrontados os resultados obtidos e as hipteses colhidas antes do incio do trabalho. Nessa situao, constatou-se, por exemplo, que a hiptese inicial, de que a origem dos pais e dos estudantes era de migrantes, no correspondia aos resultados, que apontaram para uma populao que nasceu, em sua maioria, em So Paulo. 24. Pgina 24 de 28 Tabelas feitas pelos alunos do 7o ano da EMEF Clvis Graciano. 25. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 25 de 28 4. OBJETIVO GERAL Desenvolver habilidades relacionadas leitura, interpretao e produo de texto estimulando no educando o gosto pela leitura e escrita, ampliando o conhecimento lingustico e cultural dos mesmos, contribuindo dessa forma, na formao de valores e para a construo da cidadania. 4.1 Especficos 1. Despertar no aluno do 6 ao 9 ano o interesse e o gosto pela leitura e escrita estimulando o hbito dirio da leitura. 2. Ampliar o repertrio literrio dos alunos por meio da leitura diria. 3. Conhecer e identificar textos diversos (literrios e no literrios) 4. Identificar e relacionar os diversos gneros literrios. 5. Possibilitar um maior contato entre os alunos e o livro. 6. Desenvolver atividades interdisciplinares, dialogando com as mais diversas reas do conhecimento, levando a percepo de que o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita uma atribuio de todos. 7. Possibilitar momentos de integrao e interao entre os alunos e professores. 8. Divulgar e criar campanhas para estimular os emprstimos de livros para outros alunos. 9. Elaborar junto com o educando projetos ligados as Matrizes Curriculares da Escola, visando discusso dos mesmos e a culminncia em eventos da Unidade de Ensino: Atividade Cultural e outras apresentaes. 10. Direcionar os textos lidos com a vida diria relacionando teoria e prtica. 11. Promover momentos de socializao levando o educando a expressar seus sentimentos, experincias, ideias e opes individuais. 12. Proporcionar aos educandos uma diversidade de opo de leitura que possa contribuir para o desenvolvimento da oralidade e da produo textual. 13. Desenvolver o senso crtico a partir dos livros lidos, relidos e da produo textual. 5. PBLICO ALVO Alunos do 6 ao 9 ano. 26. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 26 de 28 6. META O projeto tem como meta alcanar pelo menos 90% dos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, estimulando-os a desenvolver o gosto e o prazer pela leitura atravs do interesse revelado nos emprstimos, nas frequncias e participaes das atividades propostas pela sala de leitura. 7. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS1 As propostas metodolgicas do projeto sero desenvolvidas durante o segundo semestre do ano letivo e envolvero as seguintes atividades: Apresentao e esclarecimento de dvidas para os alunos sobre o projeto; Reconhecimento do espao da biblioteca e dos acervos existentes; Diviso das turmas em sete ou seis grupos; Sorteio para apresentao dos grupos; Cada grupo escolhe um ou vrios livros na biblioteca; O Professor durante as suas aulas na semana viabilizar a apresentao do grupo; Cada grupo apresenta um livro por semana, de forma oral e escrita (entrega do resumo crtico ou outro gnero selecionado pelo professor2 ); Aps a apresentao do grupo, automaticamente, o mesmo deve escolher outro livro para da mesma forma apresentar cinco ou seis semas depois, de forma continua; O professor vai avaliar os grupos atravs de uma ficha, observando a oralidade, a importncia da entonao e pontuao para a compreenso do mesmo; Toda a produo escrita dever ser entregue ao professor tendo como finalidade servir de material de estudos para anlise lingstica. OBS: Tais atividades podero ser programadas para terem sua efetivao nos eventos promovidos pela escola, como o dia do livro, a festa do dia das mes, atividade cultural ou em sala de aula com apresentao para os demais alunos da escola. 1 Ser anexado ao projeto material complementar para desenvolvimento das atividades; 2 importante salientar que estamos em perodo preparatrio para as Olimpadas de Lngua Portuguesa e os gneros trabalhados sero: poesia, para alunos do 6 ano; memrias literrias para alunos do 7 e 8 ano; crnicas para alunos do 9 ano. 27. Projeto Ler e Escrever, um grande prazer Compromisso de todas as reas Pgina 27 de 28 8. RECURSOS HUMANOS Professores de todas as disciplinas; Alunos e Funcionrios; Parcerias com a comunidade de Vida Nova. 9. AVALIAO Ser processual e continuada e ocorrer ao longo do semestre letivo. Em cada etapa do projeto haver a avaliao formativa e interacional de todas as atividades realizadas e do nvel de envolvimento e interesse dos alunos e professores nas atividades propostas. Sero registrados e discutidos coletivamente os avanos e as dificuldades durante o processo ensino-aprendizagem. 28. Pgina 28 de 28 REFERNCIAS SEVERINO, Antnio Joaquim. Filosofia da Educao: Construindo a Cidadania. Ed. FTD, 1994. Caderno AMAE-Pedagogia de Projetos. Belo Horizonte: Fundao Amae para educao e cultura. Outubro, 2000. Edio Especial. CARRASCO, Lcia Helena Marques. Leitura e escrita na matemtica. In: NEVES, Iara C. B. et all (orgs.) Ler e escrever. Compromisso de todas as reas. 6 ed. Porto Alegre: UFRGS, 1998. p. 192-204. GONALVES, Clzio J. S. Ler e escrever tambm com o corpo em movimento. In: NEVES, Iara C. B. et all (orgs.) Ler e escrever. Compromisso de todas as reas. 6 ed. Porto Alegre: UFRGS, 1998. p. 47-63. KLEIMAN, ngela B. & MORAIS, Silvia E. 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