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PROJETO EXPERIMENTAL II

ARTIGO CIENTÍFICO

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PAULO HENRIQUE BARBOSA DA SILVA

FOTOGRAFIA E PALETA DE CORES. UMA ANÁLISE DAS

CAPAS DOS CDS DA DUPLA OS ARRAIS.

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao curso

de Comunicação Social do

Centro Universitário

UniProjeção, habilitação em

Publicidade e Propaganda

como requisito

complementar e obrigatório à

obtenção do título de

Bacharel em Publicidade e

Propaganda.

Orientador: Rodrigo

Guimarães Santos.

TAGUATINGA/DF

2018

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1 michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/arrais/

RESUMO

A fotografia é uma arte centenária e presente até os dias atuais, ao longo de

seu desenvolvimento ela serviu a vários segmentos e não é diferente na publicidade,

ela tem um papel fundamental na apresentação do produto, serviço ou ideia a ser

vendida. Os Arrais utilizam essa importante ferramenta em seus CDs aliada a

psicologia das cores, especialmente em suas capas. Por isto, a análise da psicologia

das cores e técnicas utilizadas nessas capas vai dar uma dimensão de forma

técnica, da importância da fotografia publicitária e especialmente das cores

utilizadas para a transmissão de mensagens.

PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Publicidade, Psicologia das cores, Os Arrais.

1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O ser humano é criativo e comunicativo, desde sempre transmite as mais

diversas mensagens as demais pessoas, buscando sempre aprimorar essa troca de

informações, para que assim consiga comunicar de forma satisfatória a sua

mensagem, usando os mais diversos meios para isso.

Os Arrais são uma dupla brasileira cristã evangélica de indie folk (Subgênero

musical do abrangente rock and roll. Surgiu na década de 1990, misturando o folk

tradicional - gênero que remonta ao século XIX, com instrumentos da musica

contemporânea). Composta pelos irmãos André Arrais e Tiago Arrais e formada em

2005. O nome Arrais além de ser o sobrenome dos irmãos, trás uma conotação

maior, segundo o dicionário Michaelis significa “condutores de embarcações

pequenas” 1, conotação esta que se encaixa com o trabalho e a visão dos irmãos.

Pois eles acreditam que a musica que fazem coexiste com sua existência, se

misturando com suas lutas, alegrias e desafios do dia a dia. Assim, eles são como

todos os humanos, levando sua pequena embarcação da existência para novos

caminhos e desafios.

Em 2005 eles lançaram seu primeiro CD, intitulado “Introdução”, CD este que

tem canções com temas como pecado e redenção, dentre outros da fé

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cristã, com o diferencial de estar próxima a realidade dos irmãos e também de quem

ouve, pois relatam esses temas em proximidade com situações do dia a dia, entre

lutas, alegrias e aprendizado. No entanto só alcançaram notoriedade a partir de

2013 com seu segundo álbum: “Mais”. Que recebeu críticas positivas da mídia

especializada e também foi indicado ao prêmio troféu Promessas (importante

premiação no meio musical gospel), na categoria revelação.

1.2 JUSTIFICATIVA

No cenário musical atual, diante das ferramentas digitais de divulgação e

também da disseminação do conhecimento a respeito de produção musical, o

mercado está cada vez mais concorrido; no mercado gospel não é diferente, o

número de bandas é cada vez maior e expressivo, se destacar nesse meio não é

uma tarefa fácil.

Pensando nisso, as estratégias são cada vez mais elaboradas para assim

atrair o publico alvo e conquistá-lo; muitas são as ferramentas usadas pelas

gravadoras e também pelos próprios artistas; dentre elas vamos destacar o uso da

fotografia e da paleta de cores nos CDS de Os Arrais.

Fotografia publicitária, suas cores e mensagens são temas atuais e

relevantes. A fotografia em si é uma arte bem antiga e usual. O caminho para chegar

ate o que conhecemos hoje foi extenso, fruto de muitos estudos e experimentos,

nisto, por seu poder de síntese e transmissão de mensagem, ela foi se incorporando

a publicidade, pouco a pouco ganhando espaço. Vários são os textos e estudos a

seu respeito e o seu poder é comprovado; dentro de suas variadas técnicas vemos

algo que é muito importante e intrínseco a ela: as cores. Tema esse que é objeto de

estudo há muito séculos e muito já foi descoberto a respeito de seu poder de

transmitir sensações e mensagens.

A análise da paleta de cores se mostra relevante ao cenário contemporâneo

da publicidade, pois, estas tem um poder grande de transmissão de mensagens,

pois cada cor carrega em si uma série de significados, alguns inerentes a si e outros

relativos à cultura de quem a consome. Segundo Zavaglia (2006, p. 26, 27) “cada

língua tem uma maneira própria de compreender e divisar o mundo, o universo das

cores é representado de acordo com as particularidades de cada cultura, ou seja,

conotativamente e subjetivamente.”

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Portanto, segundo Silveira (2015, p.8), “as cores não podem ser usadas de

maneira intuitiva, mas sim aliadas à pesquisa e informação que a fundamenta e

valoriza.” Por isso, as cores tem um valor decisivo no projeto gráfico, usadas de

maneira correta podem transmitir a mensagem desejada e também construir

significados. Por conta disso, Os Arrais, usam de maneira consciente a fotografia e

cores em seus trabalhos, para ter um diferencial em meio aos muitos artistas do

meio gospel da atualidade.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVOS GERAIS

Analisar a narrativa visual das capas dos CDS “Mais” (2013), “As paisagens

conhecidas” (2015) e “Rastros e trilha” (2017), de Os Arrais, sua simbologia e

encontrar suas mensagens.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar as técnicas fotográficas usadas nas capas dos CDS, analisar suas

cores e significados á partir da psicologia das cores e analisar todo o conjunto á

partir da semiótica.

1.4 PROBLEMA

Identificar se a fotografia publicitária aliada a psicologia das cores utilizada

nos CDs da dupla consegue transmitir a mensagem principal do álbum.

1.5 HIPÓTESE

Identificar se os três álbuns são uma trilogia e se as capas e suas

características comprovam isso.

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2 www.dicionarioetimologico.com.br/fotografia/

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FOTOGRAFIA

A fotografia (Do grego phosgraphein, que significa literalmente “marcar a luz”,

“registrar a luz” ou “desenhar com luz”. 2) é uma forma de expressão e comunicação

que está presente na sociedade há muitas décadas. O francês Joseph Nicephore

Niepce que segundo Nemes (2014) em 1824, após muitas décadas de estudos

conseguiu encontrar uma técnica que daria maior durabilidade as fotografias

impressas e em 1826 registrou e revelou sua primeira foto, que existe até hoje. Isso

aguçou muitos outros cientistas e profissionais a estudarem mais a respeito, nisto o

francês Louis Jacques Mandé Daguerre utilizando os estudos de seu parceiro

Niepce, em 1839 cria a primeira máquina fotográfica, chamada de daguerreótipo,

assim sendo este o primeiro método de captura de imagens vendidas a larga escala.

Assim dando inicio a era fotográfica no mundo.

Desde então a fotografia aos poucos foi se popularizando e ganhando espaço

na vida das pessoas, desde as fotos de família e amigos ate registros históricos de

lugares e situações. Já na publicidade brasileira sua inserção foi a principio tímida e

lenta, pois, no inicio do século XIX a publicidade era de caráter oral, focada em

anunciar a venda de propriedades e outros produtos de forma simples e direta, sem

muita preocupação com a argumentação e persuasão. Mas após a década de 1930

as imagens ganharam maior destaque na publicidade, os anúncios que só usavam

textos foram sendo substituídos aos poucos por anúncios com imagens, sendo estas

ilustrações, caricaturas e fotografias. (CHAGAS, 2011).

A partir da década de 1930 tem-se o registro da fotografia sendo usada em

peças publicitárias, mas de forma isolada, pois muitas fotografias eram usadas como

base para ilustrações. A fotografia foi entrando lentamente no mercado publicitário,

já que na época não existiam fotógrafos especializados em publicidade no país, pois

esta nova forma de uso da fotografia exigia o uso de linguagem mais especifica.

(CHAGAS, 2011). A princípio as fotografias publicitárias eram na forma de retrato de

artistas e também das fachadas dos estabelecimentos. Portanto percebemos que a

princípio a fotografia na publicidade era uma forma de registro, com preocupação de

conceitos e mensagem diferentes da publicidade atual.

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Muitas empresas atualmente recorrem ao uso da fotografia publicitária como

principal instrumento midiático, segundo Laham e Lopes (2005, p. 3) isso se deve a

sua possível “magia” ou poder. Magia que está relacionada à estética “ou seja, à

produção de um conteúdo imagético, em que os elementos dispersos na imagem

estão quase sempre vinculados a uma ou diversas significações.” Assim, ela penetra

na mente do consumidor que pode ser seduzido e convencido a consumir o produto

ofertado.

2.2 PSICOLOGIA DAS CORES

As cores nos são naturais e estão presentes em nossa vida desde o

nascimento, aprendem-se seus nomes nos primeiros anos de vida. O olho humano é

o mecanismo responsável pela percepção de luz e cor, por isso, Farina, Perez e

Bastos (2006, p. 1) dizem que nossos olhos são uma espécie de “máquina

fotográfica com a objetiva sempre pronta a impressionar um filme invisível em nosso

cérebro”.

Por todo o fascínio que as cores ao nosso redor exercem sobre as pessoas,

muitos se dedicaram a estudar seus efeitos psicológicos, dentre vários autores

destacam-se as contribuições do livro “Doutrina das cores” de Johann Wolfgang Von

Goethe, escrito em 1810 e do livro “A psicologia das cores – Como as cores afetam

a emoção e a razão” de Eva Heller, escrito em 2000. Por esses e outros estudos

surgiu o que conhecemos como psicologia das cores, estudo que se destina a

descobrir como as cores são interpretadas pelo nosso cérebro e posteriormente

influenciam nossas atitudes e modo de vida.

Johann Wolfgang Von Goethe, importante escritor e poeta dos séculos XVIII e

XIX, foi também cientista, um de seus mais reconhecidos trabalhos foi o estudo da

teoria das cores. Ele trabalhou por trinta anos até publicar sua obra “Doutrina das

cores”. Segundo Possebon (2009) Goethe afirma que as cores tem caráter próprio,

ou seja, elas atuam de forma psicológica no ser humano, provocando em diferentes

pessoas sensações, reações e comportamentos similares. Com esse estudo inicial,

hoje a psicologia pode esclarecer sobre o comportamento e reação das pessoas as

cores a que são submetidas, ajudando assim aos profissionais de comunicação

visual a trabalharem com certa objetividade em relação aos resultados, direcionando

comportamentos e podendo chegar aos objetivos pretendidos.

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Para Heller (2013, p. 21) “cores e sentimentos não se combinam ao acaso

nem são uma questão de gosto individual – são vivências comuns que, desde a

infância, foram ficando profundamente enraizadas em nossa linguagem e em nosso

pensamento.” Para se chegar a essa conclusão, Heller consultou duas mil pessoas

de diversas profissões, através de toda a Alemanha. Os entrevistados foram

indagados sobre suas cores preferidas, sobre as cores que menos gostam, sob os

efeitos que cada cor pode ter e também sobre a cor associada a cada sentimento.

Com base nesse estudo, ela afirma que todos os profissionais que trabalham com

cores necessitam saber de que forma elas afetam as pessoas, para assim usa-las

de maneira bem direcionada, poupando tempo e esforço, transmitindo a sensação

desejada ao publico.

Segundo Collaro (2010) “A maneira como as pessoas reagem ás cores é

conhecimento essencial para o produtor gráfico. A exposição a determinadas cores

básicas provoca reações diferentes no consciente e no inconsciente de diferentes

tipos de pessoas.” Por isso a psicologia das cores se dedica a estudar o significado

de cada cor percebido pelas mais diversas pessoas, dependendo é claro não

somente da cor em si, mas do significado cultural, religioso, dentre outros que ajuda

a moldar essa percepção interior e particular de cada indivíduo.

2.3 ANÁLISE DA IMAGEM

Para esta análise utilizou-se como método a análise da imagem, pois esta se

propõe a analisar a capacidade que as imagens têm de comunicar uma mensagem,

assim, analisar para compreender as mensagens visuais como produtos

comunicacionais. (DUARTE E BARROS, 2011).

A semiótica é uma ciência que é dedicada ao estudo dos signos, ou seja,

todos os elementos que representam algum sentido e significado para as pessoas.

Para Joly (2012, p. 30) “abordar ou estudar certos fenômenos sob o seu aspecto

semiótico é considerar o seu modo de produção de sentido, por outras palavras, a

maneira como eles suscitam significados, ou seja, interpretações.”

Segundo Fontanari (2013) Roland Barthes “está para além de compreender o

signo, perpassa pelo meio ambiente quotidiano, pela cultura, na medida em que aí

se encontram, ao mesmo tempo, objeto e instrumento de comunicação.” Pois, em

Barthes havia também a vontade de revelar o compromisso histórico e político dos

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3 ipoxstudios.com/the-rule-of-thirds-inventor-john-thomas-smith/

discursos. Tendo na linguagem a sua matéria prima, seja em texto ou no cartaz

publicitário ou qualquer outro objeto da cultura.

3. METODOLOGIA

3.1 TÉCNICA

O pintor inglês John Thomas Smith foi quem cunhou o termo “Regra dos

terços.” Em seu livro “Remarks on rural scenery.”3 Esta técnica foi criada para

auxiliar na composição da fotografia, com o objetivo de deixar a foto mais harmônica

e aperfeiçoar o enquadramento. Ela consiste em dividir a imagem em nove partes

iguais e posicionar o objeto principal nas interseções entre as linhas.

Figura 1: Regra dos terços

Composição fotografia é outro elemento importante na criação de imagens.

Ela é a organização dos elementos de forma harmoniosa dentro da área a ser

fotografada (enquadramento). A composição conta com diversos fatores, dentre eles

podemos destacar: contraste, textura, profundidade de campo, posição dos

elementos. Essa dentre outros elementos da composição servem para que as

imagens fiquem harmoniosas e possam passar a mensagem pretendida.

A cor é outro elemento inseparável da fotografia, seja fotografia feita em

estúdio ou ao ar livre, as cores estão sempre presentes e tem papel fundamental na

transmissão de conceitos e mensagens. A paleta de cores é nada mais que as

principais cores utilizadas em uma fotografia, cores essas que em conjunto tem o

poder de expressar a personalidade, sentimentos ou uma identidade visual.

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Figura 2: www.facebook.com/osarrais/

3.2 ANÁLISE

Para Barthes (1984) há dois elementos que chamam a atenção numa

fotografia. Um esta ligado a cultura, história e a todo o contexto cultural e técnico da

imagem – O “Studium”. Um exemplo são as fotografias que retratem um momento

político ou religioso de uma nação. O outro está ligado a subjetividade do leitor e

apreciador. Cada um enxergara uma coisa e será tocado emocionalmente de uma

forma – O “Punctum”. Um exemplo são as fotografias que retratam uma guerra,

diferentes sensações e mensagens são absorvidas por cada um dos expectadores.

Aliado ao “Studium” e “Punctum” surge à análise semiótica denotativa e

conotativa de Barthes, onde a mensagem denotada é a representação pura das

imagens, trazendo os objetos reais, enquanto a mensagem conotada são os

aspectos simbólicos da imagem.

4. ANÁLISE DA IMAGEM

Para esta análise utilizou-se como método a análise de imagem de Roland

Barthes, pois esta se propõe a analisar a capacidade que as imagens têm de

comunicar uma mensagem, assim, analisar para compreender as mensagens

visuais como produtos comunicacionais. (DUARTE E BARROS, 2011) Desta forma

foram analisadas as técnicas, cores, composição e mensagem visual.

4.1 CD “MAIS”

Figura 2: CD “Mais” / Paleta de cores.

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4 iTunes é um reprodutor de áudio desenvolvido pela Apple.

Está análise começa no segundo CD, pois no primeiro CD a capa segue uma

temática diferente da proposta no trabalho.

Mais é o segundo álbum da dupla, lançado em 2013 pela Sony Music Brasil,

alcançando o primeiro lugar de vendas no iTunes4 em junho de 2013. Fotografia de

Renata Marques.

Segundo Präkel (2013) as melhores fotos são a combinação de uma boa

técnica e composição forte. Nisto podemos perceber o uso da regra dos terços, onde

a linha do horizonte é baixa e próxima à linha dos terços inferior, essa linha do

horizonte é forte e delimita a transição água/céu, por não haver nenhum outro objeto

na água, ela se torna uma textura, mostrando alguns detalhes de suas ondas. O

preto e branco é um estilo fotográfico onde a valorização maior é da presença ou

ausência de luz, das texturas e formas que a luz cria. Esta capa utiliza as cores frias,

cinza, preto e branco e suas variações em sua composição.

Figura 3: Álbum “Mais” com a regra dos terços.

A fotografia deste álbum contém poucos elementos, bem simples e

minimalista. O céu nublado, mar aberto e o titulo do álbum.

Assim essas cores em conjunto na fotografia podem trazem a sensação de

reflexão, introspecção. Lembrando momentos difíceis de personagens da Bíblia em

meio ao mar/rio. Jesus Cristo e seu discípulo Pedro são um exemplo:

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Figura 4: open.spotify.com/artist/1Ja8qReIBoi7Z6ik0AQ6zS 5 Extended play, possui de 4 a 6 faixas, posicionando-se como um intermediário entre um single (Uma

musica) e um álbum (que, em geral, possui de 10 a 12 faixas)

"Senhor", disse Pedro, "se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as

águas". "Venha", respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre a

água e foi na direção de Jesus. Mas, quando reparou no vento, ficou com

medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me! "Imediatamente

Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: "Homem de pequena fé,

porque você duvidou?” (A Bíblia Sagrada, 1999, p. 823)

O recorte do mar e seu horizonte trazem a ideia de talvez um novo destino,

caminho a seguir, mas que é desconhecido ao navegante. A indagação que fica é a

de seguir ou não adiante, confiar no divino e seguir adiante ou desistir e não sair do

lugar seguro, pois o desconhecido sempre trás medo e apreensão, seguir adiante é

necessário, mas uma decisão difícil de tomar.

4.2 EP “AS PAISAGENS CONHECIDAS”

Figura 4: Ep As paisagens conhecidas / Paleta de cores.

As paisagens conhecidas é o primeiro EP5 da dupla, lançado em 2015 pela

Sony Music Brasil, repetindo o feito do álbum “Mais”, alcançou o primeiro lugar do

iTunes em outubro de 2015. Fotografia de Paula Leme.

O uso das linhas é muito importante na fotografia, pois demarcam limites

entre objetos, nesta fotografia, a linha do horizonte está bem marcada e alta,

mostrando a imponência do conjunto de rochas do despenhadeiro, as linhas

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verticais do despenhadeiro também estão bem marcantes e colaboram para o

destaque e imponência das rochas; o rio sinuoso cria a perspectiva, levando nosso

olhar ao horizonte; o despenhadeiro ocupa dois terços na regra dos terços e o

horizonte um terço, assim mostrando a hierarquia dos elementos.

Figura 5: EP “As paisagens conhecidas” com a regra dos

terços em branco, linhas em amarelo e perspectiva e vermelho.

As cores principais desta capa são o cinza, vários tons de verde e preto.

Esta capa contem vários elementos. Um grande despenhadeiro com um

conjunto enorme de pedras irregulares, com muita grama e vegetação nativa. Ao

centro das rochas passa um rio grande e com as águas turbulentas indo ate próximo

ao horizonte. Ao fundo, bem escondido há uma praia. Por fim o céu nublado e o

titulo encerram a parte alta da foto.

O cinza, segundo Collaro (2006) pode assumir reações diferentes, de acordo

com as combinações a qual é inserido, neste caso assume o significado de

sabedoria, passado; o verde é a mais calma das cores, uma cor fria e estática,

trazendo o significado de estabilidade, equilíbrio e esperança. O preto tem a

conotação de seriedade e elegância.

Analisando o conjunto de cores, o significado transmitido é de um lugar

agradável quem olha com aparente calmaria e bem estar. Um lugar de meditação,

conversas e descanso. Para quem não quis encarar o mar aberto e a possibilidade

de naufrágio. Um porto seguro, mas como a jornada da vida é inesperada, esse

porto seguro pode durar pouco e logo virem novos desafios a vida.

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Figura 6: twitter.com/osarrais

4.3 EP “RASTROS E TRILHA”

Figura 6: EP “Rastros e trilha” / Paleta de cores.

O segundo EP da dupla, “Rastros e trilha”, lançado em 2017 pela Sony Music

Brasil. Mais uma vez alcançou o primeiro lugar de vendas no iTunes em junho de

2017. Fotografia de Paula Arrais.

O uso das linhas é destaque nesta capa. A linha do horizonte demarca

fortemente a divisão entre o deserto e o céu, dividindo de forma igual e harmoniosa

a imagem, em relação a regra dos terços a imagem está dividida em metade céu,

metade deserto, os irmãos Arrais aparecem bem no centro da imagem, formando um

contraste mínimo com a linha do horizonte, a areia com suas formas cria uma textura

ao longo da metade da imagem.

Figura 7: EP “Rastros e trilha” com a regra dos terços em branco e linha em amarelo.

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As principais cores deste álbum são os vários tons de azul e marrom. O Azul

trazendo uma sensação de calma e paz. O marrom tem a conotação de melancolia,

resistência e vigor.

O azul é uma cor que transmite profundidade, harmonia e confiança. Segundo

Farina, Perez e Bastos (2006), o azul é normalmente associado ao céu é a cor do

divino, do eterno.

Esta capa é simples e contem poucos elementos. A areia do deserto ocupa a

metade da imagem e o céu a outra metade, os irmãos Arrais e o titulo encerram a

parte alta da foto.

Assim, está foto transmite a sensação de paz e tranquilidade por conta das

cores e harmonia dos objetos, mas ao mesmo tempo de incerteza pelo caminho a

seguir. Pois, os irmãos Arrais vagam pelo deserto em busca de uma direção, já

andaram e deixaram seus rastros e trilha para trás, mas o caminho é longo e

desconhecido, com possíveis dificuldades e tristezas ao longo da caminhada, mas

também vão surgir muitas experiências a quem faz a jornada. Moisés e a nação

israelita passaram muitas dificuldades por quarenta anos no deserto, mas ao final

alcançaram o desejado.

"Este é o mesmo Moisés que tinham rejeitado com estas palavras: ‘Quem o

nomeou líder e juiz? ’ Ele foi enviado pelo próprio Deus para ser líder e

libertador deles, por meio do anjo que lhe tinha aparecido na sarça. Ele os

tirou de lá, fazendo maravilhas e sinais no Egito, no mar Vermelho e no

deserto durante quarenta anos. (A Bíblia Sagrada, 1999, p. 921)

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5. CONCLUSÃO

Entende-se com está pesquisa que a correta utilização da fotografia, suas

técnicas e também de todo o poder da psicologia das cores é de suma importância

para as marcas, pois, com o uso correto elas podem alcançar uma parcela maior do

publico alvo, impactar essas pessoas com sua mensagem e obter uma valorização

do seu trabalho.

Com esta pesquisa é possível perceber que as bandas e cantores ao

conceber seus projetos musicais, sabendo da importância e relevância das cores e

fotografia procuram utilizá-los da melhor forma possível, com o auxilio de

profissionais capacitados que trabalham em toda a parte gráfica e podem entregar

como resultado o impacto visual positivo e por consequência o aumento de público.

É possível que essas estratégias tenham impacto direto no desempenho,

crescimento e sucesso da dupla Os Arrais, que atualmente são uma das duplas

mais conhecidas e ouvidas do aquecido mercado gospel brasileiro. Comprovado

pelo topo das mais vendidas no iTunes em todos os seus lançamentos.

Posto tudo isto, pode-se entender com este trabalho que Os Arrais usam a

fotografia e a teoria das cores de forma consciente em seus trabalhos, usando várias

técnicas fotográficas ao longo dos três trabalhos e também várias cores

significativas e importantes na tarefa de transmitir a mensagem proposta.

Por fim, analisando capa a capa, pode-se notar que há uma ligação entre

eles, pois, o álbum “Mais” em sua capa trás a mensagem de reflexão, um possível

caminho a seguir, mas que é desconhecido ao navegante. Já no álbum “As

paisagens conhecidas” a ideia central é de um local já conhecido pelo personagem,

que ao contrario do álbum “Mais” é como olhar para trás e ficar acomodado em

nosso lugar de conforto. Já o álbum “Rastros e trilha” traz uma composição em que

os irmãos Arrais se encontram no deserto, apesar da calmaria, estão em busca de

um caminho a seguir, demonstrando assim que a dúvida entre seguir por caminhos

desconhecidos ou ficar onde se está durante a vida toda. Quando se escolhe

prosseguir, podem-se encontrar as mais diversas surpresas, mas Deus esta no

controle, guiando por todos esses caminhos.

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6. REFERÊNCIAS

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Nova Fronteira, 1984.

CHAGAS, Renata Voss. A História da Fotografia na Publicidade Brasileira: Uma

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<http://intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2011/resumos/R28-1124-1.pdf>.

Acesso em: 14 Out. 2018.

COLLARO, Antonio Celso. Produção gráfica: arte e técnica da mídia impressa. 2. ed.

São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

COLLARO, Antonio Celso. Projeto gráfico – Teoria e prática da diagramação. 7ª ed.

São Paulo: Summus, 2006.

DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio - organizadores. Métodos e técnicas de

pesquisa em comunicação. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.

FARINA, Modesto; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das cores em

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FONTANARI, Rodrigo. Roland Barthes e o signo fotográfico. Revista USP, São

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HELLER, Eva. A psicologia das cores – Como as cores afetam a emoção e a razão.

1. Ed. São Paulo: Gustavo Gili. 2013.

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. 14 Ed. São Paulo: Papirus, 2012.

LAHAM, Rogério Ferreira. LOPES, Dirce Vasconcellos. A premeditação da

mensagem na fotografia publicitária. Londrina, 2005. Disponivel em:

<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/1468>.

Acesso em: 09 dez. 2018.

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NEMES, Ana. 175 anos de fotografia: conheça a história dessa forma de arte.

Tecmundo, 22 Ago. 2014. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/fotografia-

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POSSEBON, Ennio Lamoglia. A teoria das cores de Goethe hoje. 2009. Faculdade

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PRÄKEL, David. Composição. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

SAGRADA, A Bíblia. 2. Ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

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Acesso em 12 dez. 2018