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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Departamento de Engenharia Elétrica Curso de Engenharia Elétrica P ROJETO E C ONSTRUÇÃO DE UM H ARDWARE PARA C ONDICIONAMENTO E AQUISIÇÃO DE S INAIS ECG Phillipe Leroy Machado 01/07/2016

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Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais

Departamento de Engenharia Elétrica

Curso de Engenharia Elétrica

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM HARDWARE PARA

CONDICIONAMENTO E AQU ISIÇÃO DE SINAIS ECG

Phillipe Leroy Machado

01/07/2016

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Departamento de Engenharia Elétrica Avenida Amazonas, 7675, Nova Gameleira. Belo Horizonte, MG.

[email protected]

Phillipe Leroy Machado

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE UM HARDWARE PARA

CONDICIONAMENTO E AQU ISIÇÃO DE SINAIS ECG

Trabalho de Conclusão de Curso submetido

à banca examinadora designada pelo

Colegiado do Departamento de Engenharia

Elétrica do CEFET-MG, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de

bacharel em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Eletrônica

Orientador: Prof. Dr. Túlio Carvalho

Belo Horizonte

CEFET-MG

2016

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Aos meus pais, Alberto e Valéria,

meu irmão Vinícius e a minha

companheira Isabela que

estiveram em todos os

momentos me auxiliando.

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Agradecimentos

Agradeço a meus pais, irmão e namorada por me darem força durante toda minha

graduação e me ajudarem em tudo que precisei nesse período de fim de curso. Agradeço,

também, meu orientador Túlio Charles por ter sido paciente e atencioso durante todo o meu

trabalho, além de uma maravilhosa orientação.

Um agradecimento especial vai para meu colega de classe Alesi Augusto, que me

auxiliou em vários experimentos, tornando-o uma peça fundamental do meu curso e do

trabalho em si.

Por último, agradeço o CEFET-MG como um todo por ter me dado todas as

fundamentações e bases para o desenvolvimento do meu trabalho e da minha vida

acadêmica/profissional.

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i

Resumo

Com o avanço da engenharia voltada à medicina, aparelhos para diagnósticos cada

vez mais evoluem e tendem a fornecer resultados melhores e mais precisos para que o

médico possa ser auxiliado para diagnosticar o paciente quanto a alguma patologia.

Visando essa ideia, este trabalho compreende e em projetar um hardware analógico com

a função de condicionar os biosinais adquiridos através, para que assim a medicina

consiga ser auxiliada para a realização de um diagnóstico a respeito do paciente mediante

às curvas geradas e tratadas pelo hardware.

Para a realização deste trabalho, uma topologia típica é utilizada para aquisição

deste tipo de sinal, porém com um comparativo de redução da tensão de modo comum

através do Driven Right-Leg (manobra pela perna direita). No trabalho são abordadas

algumas revisões teóricas a respeito do corpo humano, fisiologia do sinal, amplificadores

de instrumentação e filtros para a melhor compreensão do fenômeno, bem como para a

compreensão dos dispositivos utilizados e suas principais características e funções. Neste

trabalho é projetada e construída uma PCB, bem como possui simulações em softwares e

testes reais para obter um melhor resultado e poder julgar a melhor topologia para a

realização da coleta do sinal dentro do que este trabalho se propõe.

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ii

Abstract

With the improvement of engineering for medicine, equipment for diagnostics

develop increasingly and tend to provide better and more accurate for doctor diagnose

the patient for any pathology. Aiming at this idea, this project understand and design an

analog hardware whose function is to condition the biosignal acquired through electrodes

in people, so that medicine can conduct a diagnosis of the patient through the curves

generated and handled by the hardware.

For this project, it is used a typical topology for the acquisition of this type of signal,

but with a comparative reduction in common mode through Driven Right Leg. It is

discussed some theoretical reviews about the human body, signal physiology,

instrumentation amplifiers and filters for better understanding of the phenomenon, as

well as for the understanding of the devices used and its main features and functions. It

built a PCB and has simulations in softwares and real testings to get a better result and be

able to judge the best topology for performing signal collection.

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iii

Sumário

Resumo .................................................................................................................................................. i

Abstract ................................................................................................................................................ ii

Sumário .............................................................................................................................................. iii

Lista de Figuras ................................................................................................................................. v

Lista de Tabelas .............................................................................................................................. vii

Lista de Símbolos .......................................................................................................................... viii

Lista de Abreviações ....................................................................................................................... ix

1. Introdução ................................................................................................................................... 10

1.1. Relevância ........................................................................................................................................... 11

1.2. Objetivos .............................................................................................................................................. 11

1.3. Metodologia ........................................................................................................................................ 11

1.4. Estrutura do trabalho ..................................................................................................................... 12

2. Sinais Bioelétricos .................................................................................................................... 13

2.1. Sistema circulatório ........................................................................................................................ 13

2.2. Fisiologia do sinal ............................................................................................................................ 16

2.3. Conclusão ............................................................................................................................................ 21

3. Projeto de PCB visando compatibilidade eletromagnética ....................................... 22

3.1. Desacoplamento ............................................................................................................................... 22

3.2. Impedância de plano de terra e trilhas num PCB ................................................................ 23

3.3. CROSSTALK ......................................................................................................................................... 24

3.4. Descargas eletrostáticas ................................................................................................................ 24

3.5. Emissões irradiadas ........................................................................................................................ 25

3.6. Conclusão ............................................................................................................................................ 25

4. Topologia do circuito para condicionamento do sinal ECG ....................................... 26

4.1. Amplificador de instrumentação ............................................................................................... 27

4.2. Filtros .................................................................................................................................................... 28

4.3. Driven Right-leg ................................................................................................................................ 36

4.4. Considerações finais ....................................................................................................................... 36

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iv

5. Projeto e simulação do circuito de condicionamento do ECG ................................... 37

5.1. Amplificador de Instrumentação ............................................................................................... 37

5.2. Filtros .................................................................................................................................................... 38

5.3. Conclusão ............................................................................................................................................ 45

6. Resultados práticos .................................................................................................................. 46

6.1. Confecção da placa........................................................................................................................... 46

6.2. Testes realizados para analisar o sistema .............................................................................. 48

6.3. Testes reais ......................................................................................................................................... 54

6.4. Discussão ............................................................................................................................................. 65

7. Discussões finais ........................................................................................................................ 68

7.1. Trabalho futuros .............................................................................................................................. 69

Apêndice A ....................................................................................................................................... 70

A-1. Tabelas com os resultados das medições dos filtros ......................................................... 70

A-2. Código .m usado para gerar os gráficos .................................................................................. 75

Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 77

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v

Lista de Figuras

Figura 2.1 – Coração e suas partes constituintes ..................................................................................................................... 14

Figura 2.2 – Diagrama de circulação sanguínea ...................................................................................................................... 15

Figura 2.3 – Pressão nos vasos sanguíneos ................................................................................................................................ 15

Figura 2.4 – Sistema de condução do coração........................................................................................................................... 16

Figura 2.5 – Sistema de derivações idealizado por Einthoven .......................................................................................... 17

Figura 2.6 – Sistema de derivações idealizado por Wilson ................................................................................................. 18

Figura 2.7 – Sistema de derivações idealizado por Goldberger ........................................................................................ 19

Figura 2.8 – Morfologia do sinal de eletrocardiografia e suas principais constituintes ......................................... 20

Figura 3.1 – Capacitor de desacoplamento................................................................................................................................. 23

Figura 3.2 – Referência de aterramento ...................................................................................................................................... 23

Figura 3.3 – Crosstalk devido ao acoplamento entre os condutores e o plano de terra ......................................... 24

Figura 3.4 – Descarga eletrostática. ............................................................................................................................................... 25

Figura 3.5 – Conexão entre placas .................................................................................................................................................. 25

Figura 4.1 – Diagrama de blocos para aquisição e condicionamento do sinal ........................................................... 26

Figura 4.2 – DRL para um INA114 .................................................................................................................................................. 26

Figura 4.3 – Esquemático do amplificador de instrumentação ......................................................................................... 27

Figura 4.4 – Filtros ideais ................................................................................................................................................................... 29

Figura 4.5 – Características de transmissão do filtro passa-altas .................................................................................... 29

Figura 4.6 – Filtros nas funções de Butterworth, Bessel e Chebyshev ........................................................................... 31

Figura 4.7 – Topologia Sallen Key ................................................................................................................................................... 32

Figura 4.8 – Topologia Sallen Key para filtro passa-baixas ................................................................................................. 33

Figura 4.9 – Topologia Sallen Key para filtro passa-altas ..................................................................................................... 33

Figura 4.10 – Topologia Sallen Key para filtro passa-faixa .................................................................................................. 34

Figura 4.11 – Topologia Sallen Key para filtro rejeita-faixa ................................................................................................ 35

Figura 4.12 – Topologia Duplo T para filtro rejeita-faixa .................................................................................................... 35

Figura 4.13 – DRL para o AD620A .................................................................................................................................................. 36

Figura 5.1 – Diagrama de blocos para aquisição e condicionamento do sinal..............................................................37

Figura 5.2 – Pinagem do AD620A ................................................................................................................................................... 37

Figura 5.3 – Esquemático do filtro passa-altas ......................................................................................................................... 39

Figura 5.4 – Diagrama de bode do filtro passa-altas .............................................................................................................. 40

Figura 5.5 – Esquemático do filtro passa-baixas ..................................................................................................................... 41

Figura 5.6 – Diagrama de bode do filtro passa-baixas .......................................................................................................... 42

Figura 5.7 – Esquemático do filtro notch ..................................................................................................................................... 43

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vi

Figura 5.8 – Diagrama de bode do filtro notch .......................................................................................................................... 44

Figura 5.9 – Diagrama de bode do sistema de filtros completo ........................................................................................ 44

Figura 6.1 - Processo de confecção da placa .............................................................................................................................. 46

Figura 6.2 - Forma final da placa (baixo) ................................................................................................................................... 47

Figura 6.3 - Forma final da placa (topo) ..................................................................................................................................... 47

Figura 6.4 - Resposta em frequência do passa-altas + amplificador de instrumentação....................................... 49

Figura 6.5 - Resposta em frequência do passa-baixas + amplificador de instrumentação ................................... 49

Figura 6.6 - Resposta em frequência do notch + amplificador de intrumentação .................................................... 50

Figura 6.7 - Resposta em frequência do sistema + amplificador de instrumentação .............................................. 50

Figura 6.8 - Eletrodo descartável, modelo MSGST-06 ........................................................................................................... 54

Figura 6.9 - Eletrodo de sucção ....................................................................................................................................................... 54

Figura 6.10 - Ligação dos eletrodos ............................................................................................................................................... 55

Figura 6.11 - Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação ..................................................... 55

Figura 6.12 - Resultado utilizando o passa-altas ..................................................................................................................... 56

Figura 6.13 - Resultado utilizando passa-baixas ..................................................................................................................... 56

Figura 6.14 - Resultado utilizando somente o filtro notch .................................................................................................. 57

Figura 6.15 - Resultado utilizando o sistema completo ........................................................................................................ 57

Figura 6.16 - (a) Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e eletrodo de sucção; (b)

Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e eletrodos MSGST-06.. ..................... 58

Figura 6.17 - (a) Resultado utilizando o sistema completo e eletrodo de sucção; (b) Resultado utilizando o

sistema completo e eletrodos MSGST-06. ....................................................................................................................... 59

Figura 6.18 - (a) Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria; (b) Resultado utilizando

somente o amplificador de instrumentação e eletrodos MSGST-06. .................................................................. 60

Figura 6.19 - (a) Resultado utilizando o sistema completo e bateria; (b) Resultado utilizando o sistema

completo e eletrodos MSGST-06. ........................................................................................................................................ 61

Figura 6.20 - (a) Resultado utilizando o amplificador de instrumentação, cabo blindado e bateria; (b)

Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria. ..................................................................... 62

Figura 6.21 - (a) Resultado utilizando o sistema completo, cabo blindado e bateria; (b) Resultado utilizando

o sistema completo e bateria. ............................................................................................................................................... 63

Figura 6.22 - Resultado utilizando o amplificador de instrumentação, filtro passa-baixas e notch, juntamente

com cabo blindado e bateria. ................................................................................................................................................ 64

Figura 6.23 - FFT sem a utilização dos filtros............................................................................................................................ 64

Figura 6.24 - FFT com a utilização dos filtros ........................................................................................................................... 65

Figura 6.25 - Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria. ..................................................... 67

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vii

Lista de Tabelas

Tabela 4.1 – Função de transferência do filtro de Bessel ....................................................................................... 30

Tabela 4.3 – Função de transferência do filtro de Butterworth .......................................................................... 30

Tabela 4.3 – Função de transferência do filtro de Chebyshev ............................................................................. 31

Tabela 5.1 – Frequência de corte e fator de qualidade do filtro passa-altas ................................................. 39

Tabela 5.2 – Componentes filtro passa-altas ............................................................................................................... 40

Tabela 5.3 – Frequência de corte e fator de qualidade do filtro passa-baixas .............................................. 41

Tabela 5.4 – Componentes filtro passa-baixas............................................................................................................ 42

Tabela 5.5 – Frequência de corte e fator de qualidade do filtro notch ............................................................. 43

Tabela 5.6 – Componentes filtro notch ........................................................................................................................... 43

Tabela 6.1 – Valores medidos de offset .......................................................................................................................... 51

Tabela 6.2 – Resposta do amplificador de instrumentação .................................................................................. 52

Tabela 6.3 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro passa-altas ................... 52

Tabela 6.4 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro passa-baixas ............... 53

Tabela 6.5 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro notch .............................. 53

Tabela 6.6 – Resposta do sistema completo ................................................................................................................ 53

Tabela 6.7 – Conclusão .......................................................................................................................................................... 66

Tabela A.1 – Valores medidos do passa-altas com aplificador de instrumentação .................................... 70

Tabela A.2 – Valores medidos do passa-baixas com aplificador de instrumentação ................................ 71

Tabela A.3 – Valores medidos do notch com o amplificador de instrumentação ........................................ 72

Tabela A.4 – Valores medidos do sistema com o amplificador de instrumentação ................................... 73

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viii

Lista de Símbolos

Π PI

ω Frequência angular (rad/s)

Ω Ohm

® Marca Registrada

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ix

Lista de Abreviações

DRL Driven Right-leg (manobra pela perna direita)

ECG Eletrocardiograma

PCB Printed Circuit Board (placa de circuito impressa)

CMRR Common Mode Rejection Ratio (taxa de rejeição de modo comum)

CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

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Capítulo 1

Introdução

Vivemos em um mundo onde a tecnologia é fundamental. Ela está inserida em

todos os âmbitos e por isso mesmo, a cada dia que se passa é necessário criar e evoluir

para que todos possam se privilegiar das conquistas.

Para a medicina, a evolução da tecnologia foi e continuará sendo uma grande aliada

no combate às doenças, seja na previsão, nos diagnósticos ou nos tratamentos. É

fundamental que se consiga aperfeiçoar ainda mais a tecnologia no campo da biomedicina,

pois assim teremos uma chance maior de controlar, tratar ou curar uma doença, e

consequentemente ter uma vida mais longa e saudável.

Nesta linha, este trabalho trata de um projeto de hardware de baixo custo para

aquisição e condicionamento de biosinais aplicados especialmente ao eletrocardiograma

(ECG).

Os primeiros ECG’s surgiram por volta do século XVII pelos pesquisadores Kölliker

e Müller. Desde então foi evoluindo os modelos e as formas de aquisição. Com o avanço da

eletrônica, muitos componentes altamente precisos e com grande confiabilidade foram

criados, o que permitiu sistemas de aquisição bem elaborados e altamente precisos.

Este trabalho visa construir um hardware de baixo custo que colhe e condiciona o

sinal através da eletrônica analógica, com o intuito de entregar ao conversor analógico-

digital, um sinal livre de ruídos e níveis adequados para se trabalhar, e assim, o

profissional da saúde possa ser auxiliado tento uma melhor interpretação.

É interessante afirmar que este trabalho ainda conta com a comparação entre

alguns métodos de eliminação de ruídos, um deles utilizando filtros, e o outro com a

introdução de Driven Right-Leg (DRL) e filtros. Com esta comparação, pode-se afirmar

qual sistema é mais confiável e qual sistema tem um sinal de saída mais livre de ruídos.

Ressalta-se que neste trabalho há revisões teóricas, bem como um breve estudo

sobre compatibilidade eletromagnética em placas de circuito impresso.

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1.1. Relevância

O estudo de biosinais na atualidade é muito importante para diagnósticos médicos

quanto à detecção e prevenção de doenças. Mais especificamente, este trabalho abordará

o estudo de biosinais do coração. O sinal em estudo possui baixos valores de tensão (mV)

com comportamento simétrico, porém não-linear. Ao capturar esse sinal, deve-se

condicioná-lo para que ele trabalhe em níveis adequados e para a eliminação de ruídos

indesejados juntos a ele. Há uma necessidade muito grande de que o tratamento do sinal

seja cuidadosamente tratado, e para isso, este trabalho estudará minunciosamente a

compatibilidade magnética do circuito, bem como cabos e eletrodos para a aquisição do

sinal, para que não haja diagnósticos errados e comprometa a vida de algum indivíduo.

1.2. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo geral projetar e construir um hardware com baixo

custo e com eficiência para o condicionamento dos sinais aquisitados. Como objetivos

específicos, destaca-se estudar e compreender os biosinais aplicados à ECG, bem como

compreender os elementos presentes no circuito de aquisição do sinal, tais como os filtros

e suas topologias, amplificadores operacionais e de instrumentação. Deve-se também

simular, fazer a montagem do hardware em uma PCB e fazer o teste para se obter os

resultados, e assim, analisá-los.

1.3. Metodologia

Neste trabalho é feito uma revisão bibliográfica a respeito de biosinais aplicados à

ECG, bem como a respeito da compatibilidade eletromagnética da PCB. Simulações

utilizando softwares como MATLAB®, FilterPRO® e PSpice®, bem como a montagem

física do hardware no Altium Designer também são realizados. Ao final de todas as

simulações, há uma montagem da placa de circuito impresso e são realizados testes do

trabalho em pelo menos três diferentes configurações: utilizando o Driven Right-Leg e sem

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o filtro notch, outra sem o DRL e uma última com o sistema completo acrescido do Driven

Right-Leg para comparação dos resultados.

1.4. Estrutura do trabalho

Este trabalho está organizado em sete capítulos.

O primeiro capítulo consta com a introdução do trabalho.

O segundo capítulo trata de uma revisão teórica a respeito do sistema circulatório,

bem como a fisiologia do sinal com as suas respectivas formas de aquisição.

O terceiro capítulo trata de estudar os efeitos eletromagnéticos nas PCB’s e as

formas de minimizá-los.

O quarto capítulo faz uma revisão teórica a respeito de filtros e amplificadores de

instrumentação e o DRL.

O quinto capítulo é o projeto em si da amplificação e condicionamento do sinal,

bem como as simulações dos circuitos.

O sexto capítulo expõe e analisa os resultados obtidos através das medições

obtidas a partir do hardware já construído.

O sétimo capítulo é o fechamento do trabalho com a conclusão final.

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Capítulo 2

Sinais Bioelétricos

“No ano de 1672 foi desenvolvido um equipamento, chamado "máquina

eletrostática de von Guericke", utilizado na estimulação elétrica dos músculos. Esta foi a

primeira aplicação da engenharia no estudo de fenômenos eletrofisiológicos. Durante o

século XVII a sociedade científica interessou-se pelos fenômenos elétricos e pelas atividades

biológicas, bem como pela descoberta da eletricidade entre o meio celular, atribuído a Luigi

Galvini (1737 - 1798). Já no ano de 1750, fisiólogos e anatomistas, tais como Halter, Caldini

e Laghi, conheciam a estimulação elétrica dos músculos (Cooper, 1986). Em 1856 surgiu um

registrador mecânico de eletrocardiograma que utilizava uma pena escritora e um tambor

rotatório, atribuídos a Kölliker e Müller. No mesmo período surgem os primeiros

eletrocardiógrafos denominados de eletrômetro capilar de Lippman e Morey. Com a

evolução da eletrônica na área dos semicondutores, especialmente em circuitos integrados,

o número de pesquisadores interessados nos fenômenos eletrofisiológicos aumentou muito

e, consequentemente, novas técnicas e mecanismos foram surgindo” [FILHO, 1998].

Visando esses conhecimentos adquiridos com o tempo, esse capítulo explica como

funciona o sistema circulatório para entender os biosinais.

2.1. Sistema circulatório

O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e sangue. A

circulação do sangue permite o transporte e a distribuição de nutrientes, gás oxigênio e

hormônios para as células de vários órgãos. O sangue também transporta resíduos do

metabolismo para que possam ser eliminados do corpo.

O coração de uma pessoa tem o tamanho aproximado de sua mão fechada, e

bombeia o sangue para todo o corpo. Localiza-se no interior da cavidade torácica, entre

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os dois pulmões. O ápice (ponta do coração) está voltado para baixo, para a esquerda e

para frente. Na Figura 2.1, podemos observar o coração e suas cavidades: átrio direito e

átrio esquerdo em sua parte superior e ventrículo direito e ventrículo esquerdo em sua

parte inferior. Entre o ventrículo direito e o átrio direito existe a válvula tricúspide para

que não haja refluxo sanguíneo de baixo para cima. O mesmo ocorre do lado esquerdo,

porém a válvula mitral é a responsável por isso [GRUPO VIRTUOUS, 2015].

Figura 2.1 – Coração e suas partes constituintes [GRUPO VIRTUOUS, 2015].

No nosso corpo existem dois tipos de circulação: a circulação sistêmica ou grande

circulação e a circulação pulmonar ou pequena circulação. Na circulação sistêmica o

sangue sai pelo ventrículo esquerdo através da artéria aorta carregado de oxigênio e

outros nutrientes vitais para a célula e circula por todo o corpo retornando ao coração

através das veias cavas no átrio direito com o sangue pobre em oxigênio e nutrientes. Já

na pequena circulação, o sangue saí pobre em oxigênio do ventrículo direito, vai para o

pulmão realizar a hematose (troca gasosa), retornando ao coração pelo átrio esquerdo

rico em oxigênio.

O coração trabalha como uma espécie de bomba, contraindo-se e dilatando. A

contração da musculatura do coração é chamada sístole, o relaxamento é chamado

diástole. Primeiro ocorre a sístole dos átrios: o sangue passa para os ventrículos. Em

seguida, ocorre a sístole dos ventrículos: o sangue é impelido para as artérias pulmonares

e para a aorta. Após a sístole, ocorre a diástole da musculatura cardíaca nos átrios e nos

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ventrículos: os átrios se enchem de sangue e o processo da sístole recomeça [Grupo

VIRTUOUS, 2015]. Abaixo, a Figura 2.2 apresenta diagrama de circulação do sangue.

Figura 2.2 – Diagrama de circulação sanguínea [IGARASHI, 2007].

A pressão arterial que se mede é a pressão exercida pelo sangue sobre as paredes

da aorta após ser lançado pelo ventrículo esquerdo. Ela é diferente na sístole e na diástole

ventricular. A pressão arterial máxima corresponde ao momento em que o ventrículo

esquerdo bombeia sangue para dentro da aorta e esta se distende. Já a pressão arterial

mínima é a que se verifica no final da diástole do ventrículo esquerdo. A pressão arterial

máxima de um indivíduo normal corresponde a 120 mmHg, enquanto a pressão arterial

mínima corresponde a 80 mmHg. Estes dados podem ser obtidos através de um

esfigmomanômetro. Abaixo, na Figura 2.3, o gráfico que representa a pressão nos vasos

sanguíneos.

Figura 2.3 – Pressão nos vasos sanguíneos. [PAIVA, 2015]

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Pode-se observar que durante a contração do ventrículo esquerdo, a pressão

sistólica é em torno de 120mmHg e a diastólica é de 80mmHg.

As principais patologias associadas ao coração são:

Taquicardia: frequência cardíaca acima de 60 bpm.

Bradicardia: frequência cardíaca abaixo de 60 bpm.

Fibrilação: descoordenação na contração das fibras cardíacas. Se for atrial, o

rendimento cardíaco cai. Se for ventricular, pode levar à morte em poucos minutos.

Infarto: morte do tecido muscular cardíaco.

Hipertrofia: aumento da massa cardíaca.

Bloqueio: demora na condução elétrica de algumas regiões do coração.

Pré-excitação: isolamento elétrico insuficiente entre átrios e ventrículos.

2.2. Fisiologia do Sinal

O ECG é o registro de atividade elétrica do coração. Os eventos elétricos resultantes

do ciclo sístole/diástole se propagam através do tórax. Sua sequência é medida na

superfície do corpo através de eletrodos. O ECG representa a somatória de todas as

atividades elétricas que ocorrem a cada instante do ciclo cardíaco. Abaixo está

representado o coração na Figura 2.4 com o ciclo cardíaco. O ECG é usado para

diagnosticar e acompanhar a evolução de arritmias cardíacas e diversas outras doenças

do coração.

Figura 2.4 – Sistema de condução do coração; à esquerda, os potencias de ação típicos para cada parte do coração, e sua correlação com a atividade elétrica adquirida na pele (ECG) [GANONG,

2003].

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17

O ECG pode ser adquirido pela medição da diferença de potencial de um

eletrodo, posicionado em um ponto da pele, até um potencial de referência (registro

unipolar) ou através da diferença de potencial elétrica entre dois eletrodos (registro

bipolar). Quando o sinal de despolarização se move em direção a um eletrodo, causa uma

variação positiva no sinal deste eletrodo e, quando se move na direção oposta, causa uma

variação negativa. [SCHWARZ, 2009]

2.2.1 Sistema de derivações

Existem vários modos de se posicionarem os eletrodos para o exame de ECG, a

principal montagem bipolar é o sistema de Einthoven, e as unipolares são as de

Goldberger e a de Wilson.

- Sistema de derivações de Einthoven:

Em 1912, Einthoven propôs uma padronização na colocação e posicionamento dos

eletrodos de eletrocardiografia. O sistema proposto era constituído de três eletrodos,

posicionados no braço direito (BD), no braço esquerdo (BE) e na perna esquerda (PE),

formando um triângulo, que ficou conhecido como triângulo de Einthoven. Cada um dos

eixos de projeção deste triângulo forma uma derivação bipolar, nomeada com os

numerais romanos I, II e III (MALMIUVO; PLONSEY, 1995), conforme apresentado na

Figura 2.5.

Figura 2.5 – Sistema de derivações idealizado por Einthoven. (1) Representação visual das formas de onda. (2) Representação triangular das derivações bipolares de Einthoven. (3) Representação

vetorial das derivações bipolares de Einthoven) [SCHWARZ, 2009].

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- Sistema de derivações de Wilson:

Um sistema de derivações unipolares foi proposto por Frank Wilson, por volta de

1930, com o intuito de representar de forma mais fidedigna a atividade elétrica cardíaca.

Wilson propôs seis derivações pré-cordiais, nomeadas de V1 a V6, referenciadas a um

terminal central (MALMIUVO; PLONSEY, 1995). O sistema de derivações pré-cordiais está

representado na Figura 2.6.

Figura 2.6 – Sistema de derivações idealizado por Wilson. (1) Eletrodos posicionados no peito e o

terminal central conectando os membros. (2) Detalhe do posicionamento dos eletrodos no peito

[SCHWARZ, 2009].

- Sistema de derivações de Goldberger:

Outro sistema de derivações unipolares foi proposto por Emanuel Goldberger em

1942. Este método é obtido através da desconexão do eletrodo mais próximo da derivação

unipolar a ser medida.

A nomenclatura das derivações se inicia com a letra “a”, por ser chamada de

derivação aumentada, formando as derivações aVR, aVL e aVF. Os sinais obtidos com as

derivações aumentadas podem apresentar amplitude até 50% maiores que as derivações

unipolares pré-cordiais (MALMIUVO; PLONSEY, 1995). O sistema de derivações

aumentadas está representado na Figura 2.7.

A sequência em que as partes do coração são despolarizadas e da posição do coração

em relação aos eletrodos são importantes na interpretação das formas de onda em cada

derivação. Há uma variação considerável na posição do coração normal, e esta afeta a

configuração dos complexos do eletrocardiograma em diversas derivações.

A presença, a polaridade e a amplitude de cada onda integrante do sinal podem

variar, dependendo do posicionamento dos eletrodos e das anormalidades causadas pelas

enfermidades coronarianas.

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19

Figura 2.7 – Sistema de derivações idealizado por Goldberger. (1) Exemplo da obtenção da

derivação aVR pela desconexão do eletrodo do braço direito. (2) Triângulo demonstrando a forma

de obtenção das derivações aumentadas [SCHWARZ, 2009].

2.2.2 Relações matemáticas entre as derivações

Através da aquisição dos sinais de quaisquer duas derivações bipolares (I e II, por

exemplo) é possível calcular as outras quatro derivações usando-se como base as leis de

Kirchhoff (TOMPKINS, 1995). A segunda lei de Kirchhoff estabelece que a soma algébrica

das tensões instantâneas em uma malha fechada é igual a zero. O triângulo de Einthoven,

pode ser considerado como uma malha fechada. Desta forma, obtêm-se as Equações (2.1),

(2.2), (2.3) e (2.4).

𝐼 + 𝐼𝐼𝐼 − 𝐼𝐼 = 0 (2.1)

𝑎𝑉𝐿 +𝐼𝐼

2− 𝐼 = 0

(2.2)

aVF −I

2− III = 0

(2.3)

𝑎𝑉𝑅 −𝐼𝐼𝐼

2+ 𝐼𝐼 = 0

(2.4)

Trabalhando-se algebricamente as Equações (2.1), (2.2), (2.3) e (2.4), pode-se obter

as Equações (2.5), (2.6), (2.7) e (2.8).

𝐼𝐼𝐼 = 𝐼𝐼 − 𝐼 (2.5)

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20

𝑎𝑉𝐿 = 𝐼 −𝐼𝐼

2

(2.6)

𝑎𝑉𝐹 = 𝐼𝐼 −𝐼

2

(2.7)

𝑎𝑉𝑅 = −𝐼 + 𝐼𝐼

2

(2.8)

2.2.3 Morfologia do sinal

A forma de onda do sinal eletrocardiográfico, adquirido através de eletrodos,

segundo a derivação II de Einthoven, pode ser visualizado na Figura 2.8. O início do ciclo

cardíaco é caracterizado pela geração do pulso eletrocardiográfico no nódulo sinoatrial

no coração. À medida que o pulso se propaga pelos átrios, mais células atriais são

ativadas e uma pequena elevação no potencial elétrico pode ser visualizada na linha

isoelétrica, formando a onda P. Quando o pulso atinge o nódulo atrioventricular, o sinal

elétrico sofre um atraso antes de sua propagação pelos ventrículos, produzindo um

segmento isoelétrico chamado de segmento PQ. O sinal elétrico é, então, propagado

pelos ventrículos através do sistema His-Purkinje (GUYTON; HALL, 2002).

Figura 2.8 – Morfologia do sinal de eletrocardiografia e suas principais constituintes (mV x t)

[SCHWARZ, 2009].

A contração das fibras musculares dos ventrículos gera uma sequência de ondas

conhecida como complexo QRS, no qual a primeira onda apresenta polaridade negativa

(onda Q), a segunda onda apresenta polaridade positiva (onda R) e a terceira onda é

polarizada negativamente (onda S). Em seguida ao complexo QRS, um novo segmento

isoelétrico pode ser visualizado, chamado segmento ST. A repolarização das fibras

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musculares cardíacas gera uma onda de frequência mais baixa que as outras, chamada

de onda T. Uma pequena onda excedente logo após a onda T, chamada de onda U, pode

ser visualizada no eletrocardiograma de alguns indivíduos. O sinal eletrocardiográfico

apresenta amplitude de 2 mV e frequências harmônicas de amplitude significativa até

150 Hz, sendo as componentes de menor frequência as mais importantes para o

diagnóstico. Em situações de bradicardia, a frequência cardíaca pode chegar a 30 bpm,

traduzindo-se em frequência fundamental de 0,5 Hz. No entanto, o sistema de filtragem

com esta frequência poderia distorcer o sinal de ECG nas ondas T e no segmento ST

devido às não linearidades de fase do filtro (BAILEY et al., 1990). Um estudo realizado

por Berson e Pipberger estabeleceu a frequência de corte inferior do sistema de

filtragem em 0,05 Hz. Estes valores limite são, normalmente, utilizados apenas para

pesquisa e diagnósticos avançados. Para a eletrocardiografia clínica, a banda de

frequências utilizada é limitada entre 0,05 Hz e 100 Hz, enquanto na eletrocardiografia

de monitorização, as frequências limite estão na faixa entre 0,5 Hz e 50 Hz. Quando

apenas o valor da frequência cardíaca é necessário, é utilizado um filtro passa-faixa com

frequência central de 17 Hz.

Normalmente, utilizam-se quatro eletrodos de eletrocardiografia, posicionados

segundo a padronização proposta por Einthoven. Para monitorização do paciente,

pode-se utilizar um seletor de derivações para se configurarem as relações entre os

eletrodos referentes ao braço direito, ao braço esquerdo e à perna esquerda.

2.3. Conclusão

Neste capítulo pode ser observado como funciona o sistema circulatório, bem

como o sinal elétrico se comporta e onde pode ser feita sua aquisição. A aquisição pode

ser feita por três diferentes derivações: Einthoven, Goldberger e a de Wilson. Ao se coletar

o sinal produzido por qualquer derivação, ruídos estarão presentes e o sinal tem

baixíssima amplitude, sendo então necessário um condicionamento do sinal. As formas de

realização do tratamento do sinal são discutidas no Capítulo 4.

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Capítulo 3

Projeto de PCB visando compatibilidade eletromagnética

Muitos problemas quanto as interferências eletromagnéticas devido a

capacitâncias parasitas, formação de campos devido à passagem de corrente em trilhas,

entre outros podem ser minimizadas no projeto de uma placa de circuito impresso (PCB)

através de um layout bem feito. Um com layout pode reduzir os problemas:

Desacoplamento

Impedância de plano terra e trilhas num PCB

CROSSTALK

Descargas eletrostáticas

Emissões Irradiadas

3.1. Desacoplamento

O desacoplamento é necessário quando o gate de um semicondutor, ou outro

dispositivo (chaves) necessita de uma demanda elevada de corrente que ocorre com um

tempo de comutação muito rápido (𝑑𝑖

𝑑𝑡 𝑎𝑙𝑡𝑜). Se a fonte de tensão deve manter o nível de

tensão durante a demanda de corrente, será necessária uma baixa impedância. Um

capacitor, então, é colocado próximo ao dispositivo para suprir a demanda necessária de

corrente. O capacitor deve ter capacidade suficiente para manter a tensão acima de um

nível mínimo.

Segue Figura 3.1 com a o esquemático de como deve ser feito o desacoplamento. O

capacitor deve ser colocado entre as trilhas de alimentação (este com indutância menor)

ou colocados entre as trilhas de alimentação próximos a cada CI.

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23

Figura 3.1 – Capacitor de desacoplamento. [CUTRI, 2005]

Capacitores de desacoplamento devem suportar correntes de altas frequência e

possuir baixa indutância, portanto capacitores de cerâmica são os preferidos. O valor

mínimo da capacitância deve ser segundo a seguinte equação:

𝐶 = 𝑑𝐼.𝑑𝑡

𝑑𝑉

(3.1)

Onde dV é o transitório da tensão fornecida causada pelo transitório de corrente

ocorrido no tempo dt [CUTRI, 2005].

3.2. Impedância de plano de terra e trilhas num PCB

Na Figura 3.2 o potencial de cada aterramento (A, B, C) é afetado pelas correntes dos

outros circuitos. Isso provoca um acoplamento de impedância comum, o que pode vir a se

tornar um problema quando houver diferenças significativas entre as correntes dos

circuitos. O melhor arranjo é mostrado na Figura 3.2b, onde há múltiplos pontos de

aterramento, minimizando significativamente as interferências de modo comum e

diferencial.

A redução de impedância de terra diminui as chances de instabilidade ou distorções

nos sinais transmitidos nas vias. Um plano contínuo de terra oferece uma significativa

redução de impedância comparada com a de uma única trilha do PCB, reduzindo o ruído

associado ao loop de terra [CUTRI, 2005].

Figura 3.2 – Referência de aterramento. a) circuito com os terras em potenciais diferentes. b)

circuito com o terra em um mesmo potencial [NEWNES, 2006].

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3.3. CROSSTALK

O termo crosstalk é referido a um problema de integridade do sinal, em que uma

trilha ao transmitir um sinal qualquer, interfere em outra trilha vizinha, ou seja, são

acoplamentos indesejados de tensões e correntes entre condutores vizinhos.

Quando um sinal percorre uma trilha, uma onda eletromagnética se propaga

através do traçado gerando anéis de linhas de campo magnético. Essas linhas de campo

induzem tensões correntes indesejadas em trilhas vizinhas. Consideráveis reduções no

acoplamento capacitivo devido ao crosstalk são obtidas com a proximidade ao plano terra.

Na Figura 3.3 pode-se observar esse efeito [SANTOS, 2013].

Figura 3.3 – Crosstalk devido ao acoplamento entre os condutores e o plano de terra [CUTRI, 2005].

Através da Figura 3.3, pode-se notar que trilhas de alimentação e da trilha vítima

em paralelo, surgem-se capacitâncias parasitas, que podem vir a comprometer o sinal.

3.4. Descargas eletrostáticas

O corpo humano é uma das fontes mais comuns de eletricidade estática. A pele

possui condutividade e distribui as cargas através da superfície do corpo. A capacitância

total do corpo está por volta de 100pF entre os pés e a terra, 50pf para outros objetos

aterrados e 50pF em contato com o espaço. A tensão pode variar de poucos kV até 25kV

[CUTRI, 2005]. A resistência dos pés pode variar de poucas centenas de ohms a milhares

de ohms. O simples contato de um corpo carregado eletrostaticamente com os

componentes de uma PCB pode vir a causar uma descarga eletrostática nos mesmos e

danificá-los. O correto manuseio e um ambiente de trabalho bem aterrado são as melhores

recomendações para evitar maiores consequência. Sugere-se colocar um “anel de guarda”

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a fim de que haja a descarga eletrostática sem que o usuário ou a placa sejam afetados por

descargas elétricas na placa. Abaixo, na Figura 3.4 está represenrado o esquemático.

Figura 3.4 – Descarga eletrostática [CUTRI, 2005].

A Figura 3.4 descreve onde o anel de terra deve ser colocado na placa para a

proteção do usuário e da placa.

3.5. Emissões irradiadas

Há circulação de correntes elétricas em condutores provoca o aparecimento de

campos magnéticos que podem vir a causar interferências em outras partes do circuito.

Uma solução é a diminuição da corrente de interconexão através de um buffer

minimizando esse efeito. Com isso, a corrente da Placa A não afeta o circuito da Placa B.

Segue Figura 3.5 exemplificando.

Figura 3.5 – Conexão entre placas [CUTRI, 2005].

3.6. Conclusões

Para a minimização dos efeitos eletromagnéticos é recomendado que os cabos

estejam próximos dos planos de terra, que as áreas de loop sejam minimizadas, que se

utilize blindagem localizada quando possível, prover o desacoplamento dos CI’s, prever o

uso de planos de terra e força e que as fontes causadoras de possíveis ruídos sejam

previamente identificadas e isoladas.

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26

Capítulo 4

Topologia do circuito para condicionamento do sinal ECG

Este capítulo explica a topologia do circuito para condicionamento do sinal ECG,

bem como faz uma revisão teórica dos principais elementos. O próximo capítulo, trata de

projetar cada uma das partes do condicionamento do sinal captado.

A aquisição e o condicionamento do sinal serão feitos da seguinte forma para este

trabalho, como apresenta a Figura 4.1:

Figura 4.1 – Diagrama de blocos para aquisição e condicionamento do sinal.

Nas próximas seções será explicado cada um dos blocos do diagrama com uma

breve revisão acerca do conteúdo.

Efeitos indesejados na aquisição do sinal de ECG podem ser descritos como a

tensão de modo-comum, devido à configuração diferencial do amplificador de

instrumentação e o 60Hz que o corpo humano recebe de irradiação da rede elétrica. Para

que haja a rejeição de modo comum através do DRL é proposta a seguinte topologia,

ilustrada na Figura 4.2:

Figura 4.2 – DRL para um INA114 [BURR-BROWN, 2015].

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27

4.1. Amplificador de instrumentação

O amplificador utilizado para processamento de biosinais é o amplificador de

instrumentação, conforme na Figura 4.3. Tem-se algumas vantagens na utilização dele,

tais como alto ganho diferencial, grande relação de rejeição de modo comum (CMRR), alta

impedância de entrada e consegue regular o ganho utilizando apenas um resistor 𝑅1. A

Figura 4.3 ilustra o esquemático do amplificador de instrumentação:

Figura 4.3 – Esquemático do amplificador de instrumentação [FRUETT, 2015].

Ao comprar um amplificador operacional, os resistores 𝑅2, 𝑅3 𝑒 𝑅4 são internos ao

CI, ou seja, insere-se externamente o resistor 𝑅1 para controlar o ganho diferencial, que

segue a seguinte equação:

𝐴𝑑 =𝑣𝑜

𝑣2 − 𝑣1= (1 +

2𝑅2𝑅1)𝑅4𝑅3

(4.1)

Sendo 𝑅3 = 𝑅4, então a equação (4.1):

𝐴𝑑 = (1 +2𝑅2𝑅1)

(4.2)

O ganho é ajustado por meio da escolha correta de 𝑅1.

CMRR é a taxa de rejeição de modo comum dada em dB. Ela existe quando o

amplificador está na configuração diferencial. Esse parâmetro é a relação existente entre

o ganho do modo diferencial (𝐴𝑑) e o ganho da entrada de modo comum (𝐴𝑐𝑚), descrita

pela equação 4.3. Um circuito ideal teria CMRR infinita.

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28

𝐶𝑀𝑅𝑅 = 20 log (𝐴𝑑𝐴𝑐𝑚

) (4.3)

Ruídos comuns advém por meio da tensão de modo comum, e esta é dada pela

média aritmética entre os dois sinais, assim como na equação 4.4.

𝑉𝑐𝑚 =1

2(𝑉1 − 𝑉2)

(4.4)

O sinal diferencial acontece quando a entrada diferencial é aplicada ao

amplificador operacional, como é visto na equação 4.5:

𝑉𝑑 = 𝑉1 − 𝑉2 (4.5)

A saída 𝑣𝑜 do amplificador de instrumentação é dada por:

𝑣𝑂 = 𝐴𝑑𝑉𝑑 + 𝐴𝑐𝑚𝑉𝑐𝑚

(4.6)

Na configuração apresentada na Figura 4.3, o primeiro estágio é responsável pelo

ganho e o segundo estágio é responsável pelo CMRR e para que este valor seja elevado o

amplificador de instrumentação é comercializado em um único integrado. Circuitos

integrados com amplificadores de instrumentação alcançam CMRR maiores do que 100

dB mas este valor costuma decair com o aumento da frequência.

4.2. Filtros

Filtros são circuitos cuja a principal característica é atenuar frequências

indesejadas do sinal. Existem 4 tipos básicos de filtros [SEDRA, 2005]:

Filtro passa-baixas: permite a passagem das baixas frequências e atenua as

mais altas.

Filtro passa-altas: permite a passagem das altas frequências e atenua as

mais baixas.

Filtro passa-faixa: permite a passagem de uma determinada faixa de

frequências.

Filtro rejeita-faixa: atenua uma determinada faixa de frequências.

Todos eles têm como função de transferência dada pela seguinte relação:

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𝑇(𝑠) =𝑉𝑜(𝑠)

𝑉𝑖(𝑠)

Sendo 𝑉𝑜 e 𝑉𝑖 as tensões de saída e entrada. O ganho em dB é dado por:

(4.7)

𝐺(𝜔) = −20𝑙𝑜𝑔|𝑇(𝑗𝜔)|

A Figura 4.4 exibe o diagrama de Bode dos filtros ideais, onde 𝑓𝑐 é a

frequência de corte do filtro.

(4.8)

Figura 4.4 – Filtros ideais. Em (a): Filtro passa-baixas; em (b): filtro passa-altas; em (c): filtro

passa-faixa; em (d): filtro rejeita-faixa.

Diferentemente dos filtros ideais na Figura 4.4, os filtros reais apresentam suas

características de transferência. Cada função do filtro (seja Butterworth, Chebyshev,

Bessel, etc) apresenta essas características de forma distintas. Por isso é importante além

de conhece-las, conhecer sua função como mostrado na Figura 4.5.

Figura 4.5 –Características de transmissão do filtro passa-altas [SEDRA, 2005 (modificado)]

Onde:

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𝜔𝑝 é a borda da faixa de passagem;

𝜔𝑠 é a borda da faixa de rejeição;

𝐴𝑚𝑎𝑥é a variação máxima da faixa de passagem;

𝐴𝑚𝑖𝑛é a diferença entre os picos da faixa de passagem e da faixa de bloqueio.

Alguns filtros têm características especiais quanto ao formato de sua resposta.

Dentre vários, este trabalho destaca três, que são os mais utilizados. Esses filtros são

descritos através de polinômios, como mostram as Tabelas 4.1 a 4.3 com os polinômios,

sendo n o grau do polinômio do filtro.

* Bessel: faixa de passagem e de rejeição planas com a região de transição suave.

Tabela 4.1 – Função de transferência do filtro de Bessel

n G(s)

1 1

1 +𝑠𝜔𝑜

2 3

3 + 3𝑠𝜔𝑜+𝑠2

𝜔𝑜2

3 15

15 + 15𝑠𝜔𝑜+ 6

𝑠2

𝜔𝑜2 +

𝑠3

𝜔𝑜3

4 105

105 + 105𝑠𝜔𝑜+ 45

𝑠2

𝜔𝑜2 + 10

𝑠3

𝜔𝑜3 +

15

15 + 15𝑠𝜔𝑜+ 6

𝑠2

𝜔𝑜2 +

𝑠4

𝜔𝑜4

**Butterworth: faixa de passagem e de rejeição planas com a região de transição

moderada.

Tabela 4.2 – Função de transferência do filtro de Butterworth

n G(s)

1 1

(1 +𝑠𝜔𝑐)

2 1

1 + √2𝑠𝜔𝑐+ (

𝑠𝜔𝑐)2

3 1

(1+𝑠

𝜔𝑐)(1+

𝑠

𝜔𝑐+(

𝑠

𝜔𝑐)2)

4 1

(1 + 0.7654𝑠𝜔𝑐+ (

𝑠𝜔𝑐)2

) (1 + 1.848𝑠𝜔𝑐+ (

𝑠𝜔𝑐)2

)

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***Chebyshev: faixa de passagem com oscilação com região de transição

moderada; faixa de rejeição plana. Este filtro pode se apresentar com a forma inversa a

esta, na qual sua faixa de passagem é plana e a faixa de rejeição oscila.

Tabela 4.3 – Função de transferência do filtro de Chebyshev

n G(s)

1 1

1 +𝑠𝜔𝑐

2 1

√2(

1

1 + 0.7654 (𝑠

0.8409𝜔𝑐) + (

𝑠2

0.8409𝜔𝑐2))

3 1

(1 + (𝑠

0.2890𝜔𝑐))(1 + 0.3254 (

𝑠0.9159𝜔𝑐

) + (𝑠2

0.9159𝜔𝑐2))

4

1

√2

(

1

(1 + 0.1789 (𝑠

0.9502𝜔𝑐) + (

𝑠2

0.9502𝜔𝑐2)) (1 + 0.9276 (

𝑠0.4425𝜔𝑐

) + (𝑠2

0.4425𝜔𝑐2))

)

A Figura 4.6 apresenta as respostas dos filtros citados.

Figura 4.6 – Filtros nas funções de Butterworth, Bessel e Chebyshev [UMEA UNIVERSITY, 2015]

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Algumas topologias são usuais para a montagem dos filtros, dentre as principais

estão Sallen Key, realimentação múltipla, variáveis de estado e biquadrática. Para este

trabalho, será abordado somente a Sallen Key, pois sua topologia possui uma fácil

implementação, ganho unitário na faixa de passagem e sua função de transferência é fácil

de ser obtida, como também é a mais utilizada. A Figura 4.7 mostra a topologia para filtro

de segunda ordem.

Figura 4.7 – Topologia Sallen Key [KARKY, 2002]

No trabalho é usado o ganho unitário. Sua função de transferência, portanto é:

𝑉𝑜𝑉𝑖=

𝑍3𝑍4𝑍1𝑍2 + 𝑍4(𝑍1 + 𝑍2) + 𝑍3𝑍4

(4.9)

Ao escolher a função desejada do filtro, escolhe-se adequadamente as impedâncias.

Lembrando que cada resposta do filtro apresenta um fator de qualidade (Q), que é

responsável por definir o comportamento do filtro ao longo da frequência de transição.

Para as três funções destacadas, tem-se:

Bessel: Q=0,5

Butterworth: Q=0,707

Chebyshev: Q>0,707

Dentro da topologia de Sallen Key, as respostas do filtro em função da frequência

são descritas abaixo.

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Filtro passa-baixas:

A Figura 4.8 mostra a topologia Sallen Key para um filtro passa-baixas.

Figura 4.8 – Topologia Sallen Key para filtro passa-baixas [KARKY, 2002].

Em que a função de transferência é:

𝐻(𝑠) =(2𝜋𝑓𝑐)

2

𝑠2 +2𝜋𝑓𝑐𝑄 𝑠 + (2𝜋𝑓𝑐)2

(4.10)

Sendo,

𝑓𝑐 =1

2𝜋√𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2

(4.11)

𝑄 =√𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2𝐶1(𝑅1 + 𝑅2)

(4.12)

Filtro passa-altas:

A Figura 4.9 apresenta a topologia Sallen Key para um filtro passa-altas.

Figura 4.9 – Topologia Sallen Key para filtro passa-altas [KARKY, 2002].

Sua função de transferência é:

𝐻(𝑠) =𝑠2

𝑠2 +2𝜋𝑓𝑐𝑄 𝑠 + (2𝜋𝑓𝑐)2

(4.13)

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Sendo,

𝑓𝑐 =1

2𝜋√𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2

(4.14)

𝑄 =√𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2𝑅2(𝐶1 + 𝐶2)

(4.15)

Filtro passa-faixa:

A Figura 4.10 apresenta a topologia Sallen Key para um filtro passa-faixa. Este pode

ser feito também com um um passa-altas seguido de um passa-baixas, porém o diagrama

de Bode apresentará uma resposta diferente.

Figura 4.10 – Topologia Sallen Key para filtro passa-faixa. [KARKY, 2002]

Sua função de transferência é:

𝐻(𝑠) =𝑠

𝑠2 +2𝜋𝑓𝑜𝑄 𝑠 + (2𝜋𝑓𝑜)2

(4.16)

Sendo,

𝑓𝑜 =1

2𝜋√

𝑅𝑓 + 𝑅1

𝐶1𝐶2𝑅1𝑅2𝑅𝑓

(4.17)

𝑄 =2𝜋𝑓𝑜

(1𝑅1𝐶1

+1𝑅2𝐶1

+1𝑅2𝐶2

)

(4.18)

Em que 𝑓𝑜 é a média geométrica das frequências de corte baixa (𝜔𝑐𝐿) e alta (𝜔𝑐𝐻):

𝑓𝑜 = √𝜔𝑐𝐿 . 𝜔𝑐𝐻 (4.19)

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35

Filtro rejeita-faixa:

O filtro rejeita-faixa pode ser feito através da diferença de entrada de um filtro

passa-faixa, como mostra a Figura 4.11, bem como pode ser feito utilizando a topologia

Duplo T. Esta última topologia, utiliza a frequência central e o fator de qualidade de forma

independente. A Figura 4.12 com a topologia Sallen Key seguida de um inversor.

Figura 4.11 – Topologia Sallen Key para filtro rejeita-faixa [KARKY, 2002].

Figura 4.12 – Topologia Duplo T para filtro rejeita-faixa [KARKY, 2002].

Assumindo 𝑅1 = 𝑅2 = 2𝑅3 = 𝑅 e 𝐶1 = 𝐶2 =𝐶3

2= 𝐶, a frequência central e o fator

de qualidade (Q) será dado por:

𝑓𝑜 =1

2𝜋𝑅𝐶

(4.20)

𝑄 =𝑅𝑎 + 𝑅𝑏4𝑅𝑎

(4.21)

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36

4.3. Driven Right-leg

Entradas espúrias muito comuns nesse tipo de aquisição é o ganho de modo

comum e o ruído de 60Hz, que existe pelo fato do corpo funcionar como uma antena

e captar as radiações eletromagnéticas produzidas pela rede. Para a solução desses

problemas, é comum os datasheets dos amplificadores de instrumentação

fornecerem um circuito que funciona como uma entrada em oposição à medição de

ECG para anular estes efeitos. Esta técnica é conhecida como Driven Right-Leg (DRL).

O DRL consiste em conectar um eletrodo na perna direita do paciente e criar

um circuito em oposição para atenuar, ou até mesmo anular o efeito de modo comum

e o ruído de 60Hz. Na Figura 4.2 foi visto como realizar o DRL em um amplificador

de instrumentação INA114 e na Figura 4.13 vê-se como realizar essa técnica para um

amplificador de instrumentação AD620A.

Figura 4.13 – DRL para o AD620A [ANALOG DEVICES].

4.4. Considerações finais

Neste capítulo foi descrito sucintamente como funciona um amplificador de

instrumentação e suas características. Pode-se também compreender como funciona

um filtro, a topologia Sallen Key e algumas funções típicas de filtros.

A técnica Driven Right-Leg foi descrita aplicada a duas diferentes topologias,

bem como o motivo de sua aplicação nesse tipo de medição.

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37

Capítulo 5

Projeto e simulação do circuito de condicionamento do ECG

Este capítulo descreve o projeto do hardware, justificando a escolha de cada

componente e o procedimento adotado para se projetar cada um dos blocos do diagrama

abaixo:

Figura 5.1 – Diagrama de blocos para aquisição e condicionamento do sinal.

5.1. Amplificador de Instrumentação

Para o projeto, foi selecionado o amplificador de instrumentação AD620A, pois

este apresenta um baixo custo em relação a outros amplificadores de instrumentação e

atende bem as especificações do projeto. O AD620A tem a taxa de rejeição de modo

comum de 110 a 130dB, apresenta um baixo valor de tensão de offset (15µV), baixa

corrente de polarização (2nA) e uma boa faixa de operação (±2,3 a ±18V). Segue Figura

5.2 com a pinagem do AD620A.

Figura 5.2– Pinagem do AD620A.

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38

Sendo, 𝑉𝑠 a tensão de alimentação, 𝑅𝐸𝐹 a referência, 𝑅𝐺 o resistor de ganho, 𝐼𝑁 a

entrada do sinal e 𝑂𝑈𝑇𝑃𝑈𝑇 a saída dele. Ainda segundo o datasheet do componente, o

ganho do amplificador é dado por:

𝐺 = (1 +49,4𝑘𝛺

𝑅𝐺)

(5.1)

O ganho será de aproximadamente 1000 vezes para que o sinal tenha amplitude

pico a pico em torno de 3V, pois o sinal medido tem o pico na ordem de 2 a 3 mV. Para este

ganho, 𝑅𝐺terá um valor de aproximadamente 49,8𝛺.

5.2. Filtros

Como foi dito no capítulo anterior, este hardware terá três filtros, um passa-altas,

um passa-baixas e um notch.

As frequências dos batimentos cardíacos estão na faixa de 0,05Hz à 100Hz, com

rejeição à frequência de 60Hz que é induzido ao sinal capturado. Esse ruído de 60Hz

também pode ser percebido pelos condutores eu levam o sinal captado do paciente ao

hardware. Os filtros passa-baixas e passa-altas utilizarão a topologia Sallen-Key, pois é

uma topologia comum e de fácil implementação. Os dois serão ligados estre si produzindo

um passa-faixa. Foi escolhida a ligação dessa forma para que a banda passante seja larga

e não uma frequência central no formato de um pico. Já a função será de Butterworth, pois

esta apresenta a banda passante constante. Como visto no Capítulo 4, Tabela 4.2, esses

filtros respeitam uma função de transferência e possuem um fator de qualidade

específico.

Já para o filtro notch, será utilizado a topologia duplo T que é largamente utilizada

para este tipo de circuito, e apresenta o controle do fator de qualidade de forma bem

simples, podendo assim melhorar a resposta em frequência do filtro.

Os filtros foram projetados para serem de 4ª ordem, para reduzir a faixa de

transição com um decaimento mais rápido do ganho e continua sendo um filtro barato,

que é um dos objetivos desse trabalho. Para as simulações mostradas a seguir, foram

utilizados os amplificadores TL081 com alimentação simétrica de +10V e -10V. GND nos

esquemáticos é o terra. 𝑉𝑖𝑛 é o sinal de entrada e 𝑉𝑜 é o sinal de saída. As simulações que

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39

se seguem foram feitas no PSpice®, e os modelos dos filtros obtidos para o passa-altas e

passa-baixas foram a partir do FilterPro® da Texas Instruments. O motivo da escolha

deste software para este trabalho é sua grande precisão ao projetar e a utilização de

componentes comerciais. Alguns ajustes foram feitos no projeto fornecido pelo software

para que o resultado fosse mais próximo do desejado. Já para o filtro notch, por ser mais

simples, o projeto partiu das equações obtidas no capítulo anterior.

Filtro passa-altas

Para este filtro, a frequência considerada de corte foi de 0,05Hz, para que assim o

sinal DC fosse eliminado, minimizando as entradas espúrias. É mostrado o esquemático

na Figura 5.3.

Figura 5.3 – Esquemático do filtro passa-altas.

Para o filtro passa-alta, o fator de qualidade deverá ser em torno de 0,7654 para

um estágio e 1.848 no outro para representarem a função de transferência do

Butterworth. A Tabela 5.1 mostra a frequência de corte e o fator de qualidade para este

filtro.

Tabela 5.1 – Frequência de corte e fator de qualidade do passa-altas

𝒇𝒄 (Hz) Q

Primeiro estágio 0,74 0,44

Segundo estágio 0,66 1,06

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40

A Tabela 5.2 apresenta os valores utilizados para os resistores e capacitores

obtidos no projeto:

Tabela 5.2 – Componentes filtro passa-altas

Componente Valor

R1 1MΩ

R2 820kΩ

R3 1MΩ

R4 220kΩ

C1 470nF

C2 120nF

C3 470nF

C4 560nF

O diagrama de Bode para este filtro é mostrado na Figura 5.4.

Figura 5.4– Diagrama de bode do filtro passa-altas.

Após a simulação, pode-se notar que a frequência de corte ficou próxima dos

800mHz. Como a frequência cardíaca apresenta frequência de batimento de 1Hz, pode-

se comprometer nos resultados em questão dos ganhos, mas devido à dificuldade de se

achar capacitores cerâmicos ou poliéster com alta capacitância, um filtro analógico com

frequência de corte menor que este valor fica com grande dificuldade de se projetar. O

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41

ganho permaneceu igual a 1V/V (0dB) durante toda sua banda de passagem. Isso se deve

a função escolhida para a resposta do filtro (Butterworth).

Filtro passa-baixas

Para este filtro, a frequência de corte utilizada foi de 120Hz. Foi escolhida esta

frequência ao invés de 100Hz, pois algumas literaturas dizem que para diagnóstico, a

banda de frequência vai até 120Hz e acima disto pode ser considerado ruído (BAILEY et

al. 1990). Devido a este fato, o filtro passa-baixa é necessário. É ilustrado o esquemático

na Figura 5.5.

Figura 5.5– Esquemático do filtro passa-baixas.

Para o filtro passa-baixa, o fator de qualidade deverá ser em torno de 0,7654 para

um estágio e 1.848 no outro para representarem a função de transferência do

Butterworth. A Tabela 5.3 apresenta a frequência de corte e o fator de qualidade para

este filtro.

Tabela 5.3 – Frequência de corte e fator de qualidade do passa-baixas

𝒇𝒄 (Hz) Q

Primeiro estágio 118,62 0,536

Segundo estágio 106,24 1,12

É apresentado na Tabela 5.4 os valores utilizados para os resistores e capacitores

no filtro passa-baixas.:

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42

Tabela 5.4 – Componentes filtro passa-baixas

Componente Valor

R5 10kΩ

R6 15kΩ

R7 3.3kΩ

R8 10kΩ

C5 100nF

C6 120nF

C7 100nF

C8 680nF

Na Figura 5.6 o diagrama de Bode para este filtro é ilustrado.

Figura 5.6– Diagrama de bode do filtro passa-baixas.

Após a simulação, pode-se notar que a frequência de corte ficou próxima dos

105Hz. O ganho permaneceu igual a 1V/V (0dB) durante toda sua banda de passagem,

isso se deve ao fato da função escolhida para a resposta do filtro (Butterworth).

Filtro notch

Para este filtro, a frequência central é de 60Hz, para que haja a rejeição do ruído

provocado pela irradiação do sistema elétrico no corpo e nos condutores. A topologia

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43

Duplo T, como já foi mencionada, é largamente utilizada nesses casos, pois tem uma

resposta precisa e consegue o ajuste do fator de qualidade de forma bem simples,

podendo alterar facilmente a resposta no domínio da frequência. Segue o esquemático na

Figura 5.7.

Figura 5.7– Esquemático do filtro notch.

Para o filtro notch, o fator de qualidade define a largura de faixa. Segue Tabela 5.5

com frequência central e fator de qualidade para este filtro.

Tabela 5.5 – Frequência central e fator de qualidade do notch

𝒇𝒐 (Hz) Q

58,94 1,182

Na Tabela 5.6 pode-se ver os valores utilizados para os resistores e capacitores:

Tabela 5.6 – Componentes filtro notch

Componente Valor

R9 270kΩ

R10 270kΩ

R11 120kΩ

R12 1.2kΩ

R13 7.5kΩ

C9 10nF

C10 10nF

C11 18nF

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44

A Figura 5.8 apresenta o diagrama de Bode para este filtro.

Figura 5.8– Diagrama de bode do filtro notch.

Após a simulação, pode-se notar que a frequência central foi em torno dos 62Hz,

porém, em 60Hz o decaimento foi de 24dB, o que é muito bom. As frequências de corte

estão em 45Hz e 85Hz. Esse filtro ao ser projetado levou em conta o compromisso entre a

abertura da faixa de frequência para rejeição e o valor em decibéis que de fato foi rejeitado

em 60Hz. Optou-se por um filtro com a banda de rejeição mais estreita, pois assim, nas

outras frequências, o ganho não decai muito.

Como resposta em frequência do sistema por completo, tem-se a seguinte resposta

representada na Figura 5.9.

Figura 5.9– Diagrama de bode do sistema de filtros completo.

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45

Neste diagrama de bode, podemos notar que a frequência de corte nas baixas

frequências foi 800mHz, a de alta permaneceu por volta de 105Hz e o notch permaneceu

com as mesmas características. O ganho após o notch teve um decaimento de 3dB.

5.3. Conclusão

Neste capítulo pode-se ver como o circuito se comporta via simulação dos filtros.

Visando um hardware barato, o resultado foi bom e dentro das expectativas. O

amplificador de instrumentação escolhido foi o AD620A. Suas características atendem

bem dentro do planejado, bem como seu custo é baixo em relação aos outros

amplificadores.

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46

Capítulo 6

Resultados práticos

Este capítulo expõe todos os resultados obtidos, além de comentá-los. É de extrema

importância expor a forma na qual a placa foi confeccionada, pois é uma placa de testes

que pode ser configurada para realização dos mesmos separados com cada um dos filtros.

Além disso, esse capítulo discutirirá os resultados sobre sua confecção.

6.1. Confecção da placa

A placa foi confeccionada utilizando luz negra para a excitação do cobre visando

trilhas com menos falhas e maior continuidade. Neste processo de fabricação, pega-se a

placa e aplica cola-se uma película de dry-film que ao reage com a luz negra e protege onde

irá permanecer o cobre. Utiliza-se barrilha para retirada do dry-film na trilha a ser

corroída. Como próximo passo, segue a corrosão utilizando permanganato de cloro. Por

fim, utiliza-se soda cáustica para eliminar o restante do dry-film. A Figura 6.1 ilustra parte

do processo de fabricação da placa.

Figura 6.1– Processo de confecção da placa.

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47

As Figura 6.2 e Figura 6.3 mostra o resultado final da placa:

Figura 6.2– Forma final da placa (baixo).

Figura 6.3– Forma final da placa (topo).

Pode-se observar, através da Figura 6.2 que houve uma preocupação quanto à

compatibilidade eletromagnética da placa, como visto no capítulo 3:

- A alimentação foi colocada toda paralela e passando por dentro dos CI´s para

evitar loops de corrente.

- Foi criado um plano de terra para que todos os pontos tivessem a mesma

referência.

- Não foram colocadas trilhas de alimentação em paralelo com o sinal para evitar o

efeito de crosstalk.

- Foram colocados capacitores de desacoplamento.

Já a Figura 6.3, apresenta-se circulada de vermelho os locais onde estão localizados

os jumpers, que permite-se selecionar para onde o sinal irá após o amplificador de

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48

instrumentação. Ou seja, após este primeiro estágio, que é obrigatório, pode-se ir tanto

para o passa-altas, como para o passa-baixas ou para o notch.

Já na saída do passa-altas, pode selecionar tanto para ir ao passa-baixas, quanto

para a saída do circuito. No passa-baixas pode-se escolher tanto a saída quanto o notch.

6.2. Testes realizados para analisar o sistema

Antes de serem realizados os testes em pessoas, a placa passa por alguns testes

para ver seu comportamento no domínio da frequência, analisar se o ganho corresponde

ao esperado, calcular o offset e o CMRR. Todo o código para gerar as curva ( .m)

implementados em Matlab® e as tabelas com os pontos de aquisição para gerar os

gráficos e para calcular o CMRR estão no Apêndice A.

- Comportamento no domínio da frequência

Para analisar o comportamento no domínio da frequência, foi aplicado um valor de

entrada diferencial de 15mV pico a pico e um ganho no amplificador de instrumentação

foi unitário, portanto, é de se esperar a saída na faixa de passagem de 6,8V. Para isso foi

utilizado um resistor de 100Ω como ganho do amplificador de instrumentação com

tolerância de ±5%. O valor medido na saída do amplificador de instrumentação ao aplicar

essa tensão foi de 6,72V.Para exibição dos resultados, a tensão foi dividida por 6,8V para

que ficasse demais fácil visualização o comportamento dos filtros.

Vale dizer que não foram feitos testes com menor tensão, pois a fonte utilizada não

consegue valores menores do que 15mV. E frequências inferiores a 500mHz não foram

aplicadas pois o sinal no osciloscópio não captava de forma correta ou a fonte não

conseguia mandar o sinal com a amplitude pré-estabelecida, introduzindo sinais ruidosos.

A resposta em frequência do sinal na saída do filtro passa-altas está descrita na

Figura 6.4.

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49

Figura 6.4 – Resposta em frequência do passa-altas + amplificador de instrumentação.

Pode-se notar através da figura que na frequência que o ganho foi próximo de 0dB.

Este filtro, baseado neste teste atende para o uso em ECG. O decaimento dele não foi o

esperado de 80dB/década, mas como a intenção é eliminar o sinal DC e preservar as mais

baixas frequências, este circuito pode ser considerado funcional.

Já a resposta em frequência do sinal do passa-baixas está descrita na Figura 6.5.

Figura 6.5 – Resposta em frequência do passa-baixas + amplificador de instrumentação.

Pode-se notar através da Figura 6.5 que até aproximadamente 60Hz o ganho é

próximo de 0dB. Depois há um overshoot que vai até aproximadamente 160Hz. O

decaimento desse filtro é de aproximadamente 80dB/década, como o esperado.

O overshoot pode ser proveniente vindo da falta de precisão de alguns

componentes. Alguns dos capacitores utilizados tem tolerância de ±20% e outros de

100

101

102

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

Frequência (Hz)

Gan

ho (d

B)

Bode do AD620 + passa-altas

100

101

102

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

Frequência (Hz)

Gan

ho (d

B)

Bode do AD620 + passa-baixas

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50

±10%. Isso compromete o fator de qualidade do filtro, podendo assim, perder a

característica da função de projeto.

A frequência do sinal na saída do filtro notch está descrita abaixo na Figura 6.6.

Figura 6.6 – Resposta em frequência do notch + amplificador de instrumentação.

A resposta do filtro notch foi dentro do esperado nas simulações em que a faixa de

passagem fosse próxima de 0dB. No entanto, a frequência central ficou em torno de 50Hz.

Porém em 60Hz o ganho foi de aproximadamente -15dB, tornando o filtro funcional se

tratando de atenuar a frequência desejada. Vale ressaltar que o deslocamento da

frequência central deve-se, provavelmente, à tolerância dos componentes.

Abaixo, na Figura 6.7, está a resposta em frequência do sistema completo.

Figura 6.7 – Resposta em frequência do sistema + amplificador de instrumentação.

100

101

102

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

Frequência (Hz)

Gan

ho (d

B)

Bode do AD620 + notch

100

101

102

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Bode do sistema completo

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51

Para o sistema completo cabe dizer que é o esperado mediante às respostas dos

outros filtros. De um modo geral, o sistema se mostra de forma eficiente que atende as

necessidades esperadas, pois a frequência de 60Hz foi atenuada, a componente DC foi

eliminada e as frequências acima de 120 Hz foram atenuadas.

- Offset:

Para cálculo de offset foram aterradas as entradas do circuito e medido os valores

logo na saída de cada filtro separadamente. Vale lembrar que para os filtros, os valores

foram medidos juntamente com o amplificador de instrumentação.

Segue Tabela 6.1 com os valores de offset medidos.

Tabela 6.1 – Valores medidos de offset

Saída Tensão (mV)

Amplificador de instrumentação 1.4

Passa-altas 0.8

Passa-baixas 0.1

Notch 0.32

Sistema completo 5.9

Era esperado que o offset seja baixo, porém o amplificador de instrumentação

apresentou um valor superior ao que seu datasheet afirma possuir.

- CMRR:

Para cálculo do CMRR foram utilizadas na entrada tanto a configuração diferencial

como a configuração de modo comum, no qual a entrada positiva e negativa foram

colocadas sobre o mesmo potencial. A tensão foi variada na entrada para se obter a

resposta na saída. A frequência utilizada para os testes foi de 20Hz e o ganho utilizado foi

de 50 vezes para conseguir uma maior variação de amplitudes na entrada, já que para

ganhos maiores, ao aplicar uma tensão de entrada mais elevada, satura-se a saída. Para

calcular o CMRR foi utilizada a equação (4.3).

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52

𝐶𝑀𝑅𝑅 = 20 log (𝐴𝑑𝐴𝑐𝑚

)

Segue Tabela 6.2 com a tensão medida na saída do amplificador de instrumentação

tanto na configuração de modo diferencial, como na configuração de modo comum, para

cada uma das tensões de entrada.

Tabela 6.2 – Resposta do amplificador de instrumentação

Tensão de entrada (mV) Modo diferencial (V) Modo comum (mV)

17.8 780m 24

35 1.66 41

50 2.52 66

80 4.10 84

100 5.12 100

120 6.24 124

150 7.6 160

200 10.5 210

Através da Tabela 6.2, o CMRR é de 77,742. O valor foi abaixo do esperado. Segue

Tabela 6.3 com a tensão medida na saída do filtro passa-altas tanto na configuração de

modo diferencial, como na configuração de modo comum, para cada uma das tensões de

entrada.

Tabela 6.3 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro passa-altas

Tensão de entrada (mV) Modo diferencial (V) Modo comum (mV)

17.8 800m 24

35 1.65 43

50 2.6 68

80 4.2 85

100 4.32 100

120 6.4 125

150 7.84 152

200 10.5 212

Através da Tabela 6.3, o CMRR é de 77,7767. Segue Tabela 6.4 com a tensão medida

na saída do filtro passa-baixas tanto na configuração de modo diferencial, como na

configuração de modo comum, para cada uma das tensões de entrada.

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53

Tabela 6.4 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro passa-baixas

Tensão de entrada (mV) Modo diferencial (V) Modo comum (mV)

17.8 760m 16.8

35 1.72 38.4

50 2.6 63.2

80 4.2 86.4

100 5.36 103

120 6.24 128

150 8.08 164

200 10.6 214

Através da Tabela 6.4, o CMRR é de 77,902. Segue Tabela 6.5 com a tensão medida

na saída do filtro notch tanto na configuração de modo diferencial, como na configuração

de modo comum, para cada uma das tensões de entrada.

Tabela 6.5 – Resposta do amplificador de instrumentação acrescido do filtro notch

Tensão de entrada (mV) Modo diferencial (V) Modo comum (mV)

17.8 760m 18.8

35 1.6 35.6

50 2.32 48.6

80 3.88 64

100 4.96 73

120 5.84 88

150 7.44 110

200 9.84 150

Através da Tabela 6.5, o CMRR é de 83,3707. Segue Tabela 6.6 com a tensão medida

na saída do sistema tanto na configuração de modo diferencial, como na configuração de

modo comum, para cada uma das tensões de entrada.

Tabela 6.6 – Resposta do sistema completo

Tensão de entrada (mV) Diferencial (V) Modo comum (mV)

17.8 752m 13.6

35 1.65 27.5

50 2.46 45

80 4,06 60

100 4.96 70

120 6 90

150 7.52 118

200 9.92 147

Através da Tabela 6.6, o CMRR é de 83,8269.

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54

6.3. Testes reais

Para a realização dos testes foi utilizado o ganho de 1000 vezes no amplificador de

instrumentação, já que o pico da amplitude está em torno de 2mV, e deseja-se de saída um

valor no qual possa ser trabalhado em circuitos digitais. A resistência medida do corpo no

braço direito ao braço esquerdo é de 898kΩ, do braço esquerdo à perna direita é de 785kΩ

e do braço direito à perna esquerda é de 810kΩ. As curvas foram colhidas no osciloscópio

e através do arquivo .csv foram gerados os gráficos no Matlab®. Os testes foram divididos

em 5 etapas:

- Testes com fonte, eletrodos descartáveis (MSGST-06) e cabos sem blindagem;

- Testes com fonte, eletrodo de sucção e cabos sem blindagem;

- Testes com bateria e eletrodos descartáveis (MSGST-06);

- Testes com bateria, eletrodos descartáveis e cabo blindado (MSGST-06);

- Testes com o DRL.

Nestes testes, os eletrodos descartáveis utilizados foram do modelo MSGST-06.

Este modelo já acompanha gel para melhorar a condução. A Figura 6.8 exibe o modelo.

Figura 6.8 – Eletrodo descartável, modelo MSGST-06.

A Figura 6.9 ilustra os eletrodos de sucção utilizados.

Figura 6.9 – Eletrodo de sucção.

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55

Durante os testes foram utilizados 3 eletrodos: um no pulso direito, um no pulso

esquerdo e um no calcanhar esquerdo. Os eletrodos do pulso foram utilizados como

entrada diferencial. Já o eletrodo da canela, foi utilizado como referência, sendo este

aterrado junto ao terra (referência) do circuito. A Figura 6.10 mostra como foram feitas

as ligações.

Figura 6.10 – Ligação dos eletrodos.

Inicialmente, o teste foi feito com fonte, eletrodos MSGST-06 e cabos sem

blindagem.

Na Figura 6.11 os resultados obtidos são da captação direto na saída do

amplificador de instrumentação:

Figura 6.11– Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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56

Pode-se notar que o sinal com o amplificador somente é ruidoso, porém consegue-

se ver todos os pontos do ciclo cardíaco. O sinal de pico apresenta amplitude de 1.2V e o

ciclo tem frequência de 60 bpm aproximadamente. O offset gerado é de -8.7V. Na Figura

6.12 pode-se ver os resultados da captação com saída direto no filtro passa-altas:

Figura 6.12– Resultado utilizando o filtro passa-altas.

Como esperado, o filtro passa altas não melhora o resultado, pois este elimina a

componente contínua e atenua algumas componentes de baixa frequência, corrigindo o

problema de offset. Os valores obtidos pela Figura 6.12 se mantém. A Figura 6.13

apresenta resultados da captação com saída direto no filtro passa-baixas:

Figura 6.13– Resultado utilizando o filtro passa-baixas.

0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o filtro passa-altas

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

1.7 1.8 1.9 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando o filtro passa-baixas

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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57

Acrescentando o filtro passa-baixas, nota-se que os ruídos atenuaram de maneira

significativa, atendendo bem a sua função. A Figura 6.14 apresenta os resultados da

captação com saída direto no filtro notch:

Figura 6.14– Resultado utilizando o filtro notch.

Com este filtro, pode-se notar que há uma melhoria do sinal em relação à resposta

só com o amplificador de instrumentação. Consegue-se notar todos os ciclos, mesmo que

ainda com ruídos. O offset permanece com seu valor em torno de -9V.

A Figura 6.15 apresenta resultados da captação com saída do sistema:

Figura 6.15– Resultado utilizando o sistema completo.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando o filtro notch

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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58

Com o filtro completo, os ruídos permanecem devido à fonte e ao cabo utilizados,

porém pode-se perceber com mais clareza o sinal e o ciclo de forma completa com um

erro, que é o aparecimento de um ciclo negativo após o pico T. A correção desse novo ciclo

se dará com a retirada do filtro passa-altas. Resultado que será visto posteriormente.

Para próximo teste, foram trocados os eletrodos para ver se há melhora do sinal. O

eletrodo escolhido foi o de sucção.

Segue Figura 6.16 com resultados direto na saída do amplificador de

instrumentação em comparação com o que foi obtido na Figura 6.11:

a)

b)

Figura 6.16– (a) Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e

eletrodo de sucção; (b) Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e

eletrodos MSGST-06.

4 4.2 4.4 4.6 4.8 5 5.2 5.4 5.6 5.8 6-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e eletrodo de sucção

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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59

Segue Figura 6.17 com resultados da captação com saída do sistema em

comparação com os obtidos na Figura 6.15:

a)

b)

Figura 6.17– (a) Resultado utilizando o sistema completo e eletrodo de sucção; (b)

Resultado utilizando o sistema completo e eletrodos MSGST-06.

Pode-se notar que o resultado com o eletrodo diferente do descartável foi bem pior

e mais ruidoso. Partindo do pressuposto que há a procura por um sinal melhor, os testes

a seguir não incluirão o eletrodo de sucção e voltarão a utilizar o eletrodo descartável.

Para o próximo teste, visando uma melhora do sinal, será utilizado uma bateria no

lugar da fonte.

2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 3.2 3.4 3.6 3.8 4-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo e eletrodo de sucção

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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60

Na Figura 6.18 está apresentado os resultados na saída do amplificador de

instrumentação e bateria em comparação com a Figura 6.11:

a)

b)

Figura 6.18– (a) Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria; (b)

Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação e eletrodos MSGST-06.

Nota-se claramente que com a introdução da bateria o sistema melhora

substancialmente em relação aos ruídos. Os picos são exibidos de forma melhor que com

0.5 1 1.5 2 2.5-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando somente o amplificador de instrumentação

Tempo(s)

Am

plit

ude(V

)

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61

a fonte e com menor nível de ruído. Na Figura 6.19 são apresentados os resultados na

saída do sistema, utilizando bateria e comparando com o resultado obtido na Figura 6.15:

a)

b)

Figura 6.19 – (a) Resultado utilizando o sistema completo e bateria; (b) Resultado

utilizando o sistema completo e eletrodos MSGST-06.

O sistema completo com a fonte teve um resultado com menos ruídos, porém o

sistema completo com a bateria oferece o sinal com baixos ruídos, com bastante nitidez

nos picos do ciclo e baixa distorção, porém ambos os sistemas aparecem um pico negativo

0.5 1 1.5 2 2.5-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo e bateria

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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62

logo após o pico T. Baseado nisso, o sistema completo com bateria se permanece como

melhor resultado.

Para o próximo teste, será utilizada bateria, eletrodos descartáveis e cabos

blindado afim de melhorar os ruídos. Segue Figura 6.20 com resultados na saída do

amplificador de instrumentação e utilizando bateria e cabo blindado em comparação com

o resultado obtido com bateria e cabos normais:

a)

b)

Figura 6.20– (a) Resultado utilizando o amplificador de instrumentação, cabo blindado e

bateria; (b) Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria.

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-8

-7.5

-7

-6.5

-6

-5.5

-5Resultado utilizando o amplificador de instrumentação, cabo blindado e bateria

Tempo(s)

Am

plit

ude(V

)

0.5 1 1.5 2 2.5-10

-9.5

-9

-8.5

-8

-7.5

-7Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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63

Nota-se que ao acrescentar o cabo blindado, o sinal se tornou mais ruidoso. O sinal

com a bateria ainda se apresenta como o melhor resultado, pois os ciclos estão bem

aparentes, com pouca distorção do sinal e baixo nível de ruído.

Segue Figura 6.21 com resultados na saída do sistema e utilizando bateria e cabo

blindado em comparação com a saída do sistema utilizando somente a bateria com cabos

normais:

a)

b)

Figura 6.21 – (a) Resultado utilizando o sistema completo, cabo blindado e bateria; (b)

Resultado utilizando o sistema completo e bateria.

0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo, cabo blindado e bateria

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

0.5 1 1.5 2 2.5-1

-0.5

0

0.5

1

1.5Resultado utilizando o sistema completo e bateria

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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64

Por fim, o sinal utilizando cabo blindado e bateria não obteve um resultado como

o esperado devido ao pico negativo após o pico T e o ruído ainda ser alto. O sinal piora sua

característica, distorcendo mais ainda os picos do ciclo. Segue Figura 6.22 com o resultado

utilizando o amplificador de instrumentação, filtro passa-baixas e filtro notch, juntamente

com o cabo blindado e bateria.

Figura 6.22 – Resultado utilizando o amplificador de instrumentação, filtro passa-baixas e

notch, juntamente com cabo blindado e bateria.

Como se pode notar, o sinal tem ruídos, porém elimina-se o surgimento do pico

negativo que aparece após o pico T. Com a retirada do filtro passa-altas, o sinal pode ser

utilizado para diagnóstico. Uma solução seria a introdução de uma entrada em oposição,

já que o sinal é conhecido.

Segue a FFT do sinal sem a presença dos filtros na Figura 6.23:

Figura 6.23 – FFT sem a utilização dos filtros.

0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2-7.5

-7

-6.5

-6

-5.5

-5

Tempo(s)

Am

plitu

de(V

)

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65

Segue em Figura 6.24 a FFT com a utilização dos filtros.

Figura 6.24 – FFT com a utilização dos filtros.

Pode-se notar claramente, que com os filtros, o sinal contínuo desaparece e o ganho

nas frequências medianas do sinal são atenuadas. As frequências por volta de 50Hz se

atenuam em aproximados 25dB enquanto as frequências superiores a estas se atenuam

em 5dB aproximadamente, o que comprova eficiência do sistema.

- Testes com DRL:

Os testes utilizando o DRL com a topologia proposta pelos datasheets do INA 114

e do AD620 não tiveram sucesso, pois não apareceu nada na tela do osciloscópio além de

um pequeno ruído, tornando o resultado não conclusivo.

6.4. Discussão

Com todos esses testes, pode-se notar que o sistema funciona, mesmo que com

alguns ruídos ainda presentes. O filtro passa-altas inseriu um pico negativo no sinal, o que

gera erro na leitura para diagnóstico. Muito provavelmente este pico foi inserido devido

a atenuação de alguma frequência que não se era esperado atenuar, visto que o filtro

passa-altas teve sua frequência de corte em torno de 3Hz, mais alto que o esperado

0 20 40 60 80 100 120-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20FFT com os filtros

Frequência(Hz)

Gan

ho(d

b)

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66

(0,05Hz). O filtro passa-baixas, atenuou bem os ruídos. O notch desempenhou bem o seu

papel, porém não foi o ideal, pois não atenuou bastante a frequência de 60Hz e cortou

algumas na região dos 50Hz. Visto essas discussões, a Tabela 6.7 apresenta as principais

conclusões:

Tabela 6.7 – Conclusão

Amplificador de

instrumentação

Sistema completo

Fonte, eletrodos

descartáveis e

cabos sem

blindagem

Ruidoso, porém

consegue-se localizar

todos os picos.

Baixo nível de ruído e

pico negativo após pico T

devido a introdução do

passa-altas.

Fonte, eletrodos

de sucção e cabos

sem blindagem

Extremamente ruidoso. Extremamente ruidoso.

Bateria, eletrodos

descartáveis e

cabos sem

blindagem

O sinal apresenta

baixíssimo nível de

ruído e se apresenta

como melhor dos

resultados obtidos.

Baixo nível de ruído e

pico negativo após pico T

devido a introdução do

passa-altas.

Bateria, eletrodos

descartáveis e

cabo blindado

Baixo ruído e sinal com

os picos aparentes.

Baixo nível de ruído e

pico negativo após pico T

devido a introdução do

passa-altas.

DRL Não se obteve resultado Não se obteve resultado

Com a retirada do filtro passa-altas, todos os sinais podem ser utilizados para

diagnóstico. Uma solução, como já dita, seria a introdução de uma entrada DC em

oposição, já que o offset é um valor conhecido. Analisando o sinal da pessoa, esta apresenta

os batimentos por volta de 60BPM, caracterizando-a como um indivíduo com batimentos

normais.

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67

A onda P é causada pela dispersão da despolarização através dos átrios, seguida da

contração atrial, que provoca uma pequena elevação da curva de pressão atrial,

imediatamente após a onda P. Cerca de 0,15s após a onda P, ocorre a onda QRS, que

evidencia a despolarização e o início da contração dos ventrículos, desencadeando o

aumento da pressão ventricular. Sendo assim, o complexo QRS começa um pouco antes

da sístole ventricular.

Fechando o ciclo, a onda T representa a fase de repolarização dos ventrículos,

quando as fibras ventriculares começam a relaxar. Desta forma, a onda T acontece pouco

antes do término da contração ventricular. Esta pessoa aparenta estar saudável. Como o

melhor sinal obtido foi o sinal com bateria e cabos normais, segue em Figura 6.25 o sinal

da pessoa em teste com a marcação dos picos.

Figura 6.25 – Resultado utilizando o amplificador de instrumentação e bateria.

Como já dito no Capítulo 2, o pico U aparece em raros casos. Neste indivíduo, ele

não ficou aparente.

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68

Capítulo 7

Discussões finais

Este trabalho apresentou uma revisão teórica a respeito do sistema circulatório,

bem como a morfologia do sinal cardíaco e como este sinal é obtido através das derivações

de Einthoven, Goldberg e Wilson. Também foi realizada uma revisão a respeito de

amplificadores de instrumentação e filtros, que eram elementos essenciais a este

trabalho, pois como o sinal chega extremamente baixo e ruidoso, o condicionamento do

mesmo é necessário.

O projeto dos filtros foi feito, e as simulação deles foi feita no software PSpice®. Foi

de grande importância para compreender e conhecer como o sistema se comportaria no

domínio da frequência, pois só assim seria possível conhecer a dinâmica do sistema sem

precisar montá-lo para verificar. Durante as simulações os filtros apresentaram

funcionamento como se esperava no projeto, com frequência de corte próxima ao

esperado, regiões de passagem lineares e decaimento de 80dB/década.

Como o sinal é muito ruidoso, um estudo de compatibilidade eletromagnética foi

necessário, a fim de diminuir o nível de ruídos externos e internos ao sistema. Com a

construção da placa para os testes, a alimentação foi colocada toda paralela e passando

por dentro dos CI´s para evitar loops de corrente, foi criado um plano de terra para que

todos os pontos tivessem a mesma referência, não foram colocadas trilhas de alimentação

em paralelo com o sinal para evitar o efeito de crosstalk e foram colocados capacitores de

desacoplamento.

A PCB construída tem fins de teste, portanto, após o amplificador de

instrumentação, pode-se acessar qualquer um dos filtros para estudá-los separadamente

ou como um sistema completo.

O estudo mostrou que o sistema funciona próximo do esperado, porém há um

overshoot na frequência no passa-baixas e a frequência central do notch se deslocou para

próximo de 50Hz, a causa provável é a tolerância dos capacitores e resistores utilizados

(capacitores com 10% e 20% de precisão e resistores com 5%). Mesmo com isso, o

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69

sistema se mostrou funcional e teve um bom resultado, porém a introdução do passa-altas

fez com que um pico negativo após o pico T do ciclo cardíaco surgisse. Para diagnósticos,

seria necessária a remoção desse filtro, já para o monitoramento, o filtro não atrapalha no

resultado. De grande importância foi o estudo utilizando diferentes fontes de alimentação,

cabos blindados e não blindados. Isso permitiu concluir a melhor forma para aquisitar o

sinal.

Com este trabalho, pode-se concluir, que para a captação do sinal, basta um

amplificador de instrumentação. Para tratamento do sinal, a utilização de um sistema

digital, no qual os filtros podem a vir funcionar de forma mais próxima do ideal, pois

consegue-se cortar frequências por volta de 0,03Hz, o que é bem complicado de se fazer

de forma analógica por limitação dos componentes. Para isso, seria necessário após o

amplificador, um filtro anti-aliasing seguido de um conversor analógico-digital.

7.1. Trabalhos futuros

É de forma satisfatória que o trabalho é encerrado com a comparação de vários

modos para se tratar e aquisitar o sinal cardíaco, bem como cada filtro age no sinal. Para

trabalhos futuros, sugere-se aquisitar esse sinal com o amplificador de instrumentação e

tratar esse sinal de forma digital para comparar com os resultados analógicos e analisar

qual meio vale mais a pena se investir e para qual fim este pode ser destinado, já que o

tratamento analógico se colocou de forma difícil a se conseguir bons resultados devido a

introdução de ruídos pelos componentes, bem como a limitação dos valores comerciais

dos mesmos.

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70

Apêndice A

Tabelas e códigos

Este apêndice trata de expor os dados colhidos para medições dos filtros e do

código utilizado no MatLAB®.

A-1 Tabelas com os resultados das medições dos filtros

Segue Tabela A.1 com os resultados medidos do filtro passa-altas acrescido do

amplificador de instrumentação.

Tabela A.1 – Valores medidos do passa-altas com o amplificador de instrumentação

Frequência (Hz) Tensão pico a pico de saída (V)

700m 4

1.1 4.95

2.1 5.92

3 6.24

4 6.4

5 6.56

8 6.56

10 6.68

15 6.72

20 6.72

25 6.72

30 6.72

35 6.72

40 6.72

45 6.72

50 6.72

55 6.72

60 6.72

65 6.72

70 6.72

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71

Segue Tabela A.2 com os resultados medidos do filtro passa-baixas acrescido do

amplificador de instrumentação.

Tabela A.2 – Valores medidos do passa-baixas com o amplificador de instrumentação

75 6.72

80 6.72

85 6.72

90 6.72

95 6.72

100 6.72

105 6.72

110 6.72

115 6.72

120 6.72

125 6.72

130 6.72

135 6.72

140 6.72

145 6.72

150 6.72

Frequência (Hz) Tensão pico a pico de saída (V)

700m 6.5

1.1 6.5

2.1 6.6

3 6.72

4 6.72

5 6.72

8 6.72

10 6.72

15 6.72

20 6.72

25 6.72

30 6.72

35 6.72

40 6.72

45 6.72

50 6.72

55 6.72

60 6.72

65 7

70 7.2

75 7.36

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72

Segue Tabela A.3 com os resultados medidos do filtro notch acrescido do

amplificador de instrumentação.

Tabela A.3 – Valores medidos do notch com o amplificador de instrumentação

80 7.5

85 7.5

90 7.7

95 7.7

100 7.8

105 7.8

110 7.8

115 7.8

120 7.8

125 7.8

130 7.8

135 7.8

140 7.68

145 7.5

150 7.36

160 6.72

170 6

180 5.2

190 4.48

200 3.76

210 3.12

220 2.64

230 2.16

240 1.8

250 1.56

275 1.05

300 720m

Frequência (Hz) Tensão pico a pico de saída (V)

800m 6.5

1.1 6.56

2.1 6.56

3 6.56

4 6.56

5 6.56

8 6.56

10 6.56

15 6.56

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73

Segue Tabela A.4 com os resultados medidos do sistema acrescido do amplificador

de instrumentação.

Tabela A.4 – Valores medidos do sistema com o amplificador de instrumentação

20 6.45

25 6.4

30 6.2

35 6.08

40 5.12

45 4.06

50 2.18

55 2.64

60 3.68

65 4.32

70 4.8

75 5.12

80 5.44

85 5.8

90 5.84

95 6

100 6.08

105 6.08

110 6.24

115 6.24

120 6.32

125 6.4

130 6.4

135 6.4

140 6.4

145 6.4

150 6.4

Frequência (Hz) Tensão pico a pico de saída (V)

700m 4

1.1 4.5

2.1 6

3 6.2

4 6.4

5 6.48

8 6.56

10 6.56

15 6.56

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74

20 6.32

25 6.08

30 5.68

35 5

40 3.92

45 2.6

50 2.24

55 2.8

60 3.5

65 4.56

70 5.2

75 5.68

80 6

85 6.32

90 6.56

95 6.8

100 6.96

105 7.12

110 7.28

115 7.32

120 7.44

125 7.44

130 7.44

135 7.32

140 7.28

145 7.2

150 6.96

160 6.32

170 5.52

180 4.88

190 4.08

200 3.4

210 2.84

220 2.4

230 2.04

240 1.72

250 1.48

275 960m

300 720m

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75

A-2 Código .m usado para gerar os gráficos

%% clear all clc

%% AD620 clear all clc f=[0.545, 1.1, 2.1, 3, 4, 5, 8, 10,15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60,

65, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 110, 115, 120, 125, 130, 135, 140,

145, 150]; V=[6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76,

6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76,

6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76, 6.76]; semilogx(f,20*log(V/6.8)) grid on xlabel('Frequência (Hz)') ylabel('Ganho (dB)') title('Bode do AD620')

%% Filtro passa-altas clear all clc f=[0.7, 1.1, 2.1, 3, 4, 5, 8, 10,15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60,

65, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 110, 115, 120, 125, 130, 135, 140,

145, 150]; V=[4, 4.95, 5.92, 6.24, 6.4, 6.56, 6.56, 6.68, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72,

6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72,

6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72]; semilogx(f,20*log(V/6.8),'b*') axis([0 150 -80 5]) grid on xlabel('Frequência (Hz)') ylabel('Ganho (dB)') title('Bode do AD620 + passa-altas')

%% Filtro passa-baixas clear all clc f=[0.7, 1.1, 2.1, 3, 4, 5, 8, 10,15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60,

65, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 110, 115, 120, 125, 130, 135, 140,

145, 150, 160, 170, 180, 190, 200, 210, 220, 230, 240, 250, 275, 300]; V=[6.5, 6.5, 6.6, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72,

6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 6.72, 7, 7.2, 7.36, 7.5, 7.5, 7.7, 7.7, 7.8,

7.8, 7.8, 7.8, 7.8, 7.8, 7.8, 7.8, 7.68, 7.5, 7.36, 6.72, 6, 5.2, 4.48,

3.76, 3.12, 2.64, 2.16, 1.8, 1.56, 1.05, 0.72]; semilogx(f,20*log(V/6.8),'b*') axis([0 300 -80 5]) grid on xlabel('Frequência (Hz)') ylabel('Ganho (dB)') title('Bode do AD620 + passa-baixas')

%% Filtro notch clear all clc

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76

f=[0.8, 1.1, 2.1, 3, 4, 5, 8, 10,15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60,

65, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 110, 115, 120, 125, 130, 135, 140,

145, 150]; V=[6.5, 6.56, 6.56, 6.56, 6.56, 6.56, 6.56, 6.56, 6.56, 6.45, 6.4, 6.2,

6.08, 5.12, 4.06, 2.18, 2.64, 3.68, 4.32, 4.8, 5.12, 5.44, 5.8, 5.84, 6,

6.08, 6.08, 6.24, 6.24, 6.32, 6.4, 6.4, 6.4, 6.4, 6.4, 6.4]; semilogx(f,20*log(V/6.8),'b*') axis([0 150 -40 5]) grid on xlabel('Frequência (Hz)') ylabel('Ganho (dB)') title('Bode do AD620 + notch')

%% Filtro completo clear all clc f=[0.7, 1.1, 2.1, 3, 4, 5, 8, 10,15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 55, 60,

65, 70, 75, 80, 85, 90, 95, 100, 105, 110, 115, 120, 125, 130, 135, 140,

145, 150, 160, 170, 180, 190, 200, 210, 220, 230, 240, 250, 275, 300]; V=[4, 4.5, 6, 6.2, 6.4, 6.48, 6.56, 6.56, 6.56, 6.32, 6.08, 5.68, 5, 3.92,

2.6, 2.24, 2.8, 3.5, 4.56, 5.2, 5.68, 6, 6.32, 6.56, 6.8, 6.96, 7.12, 7.28,

7.32, 7.44, 7.44, 7.44, 7.32, 7.28, 7.2, 6.96, 6.32, 5.52, 4.88, 4.08, 3.4,

2.84, 2.4, 2.04, 1.72, 1.48, 0.960, 0.720]; semilogx(f,20*log(V/6.8),'b*') axis([0 300 -40 5]) grid on xlabel('Frequência (Hz)') ylabel('Ganho (dB)') title('Bode do sistema completo')

%% CMRR do Amp. Inst. clear all clc Ad=[0.78, 1.66, 2.52, 4.10, 5.12, 6.24, 7.6, 10.5]; Acm=(10^(-3))*[24, 41, 66, 84, 100, 124, 160, 210]; CMRR=20*log(Ad/Acm)

%% CMRR do Passa-altas clear all clc Ad=[0.8, 1.65, 2.6, 4.2, 4.32, 6.4, 7.84, 10.5]; Acm=(10^(-3))*[24, 43, 68, 85, 100, 125, 152, 212]; CMRR=20*log(Ad/Acm)

%% CMRR do Passa-baixas clear all clc Ad=[0.76, 1.72, 2.6, 4.2, 5.36, 6.24, 8.08, 10.6]; Acm=(10^(-3))*[16.8, 38.4, 63.2, 86.4, 103, 128, 164, 214]; CMRR=20*log(Ad/Acm)

%% CMRR do notch clear all clc Ad=[0.76, 1.6, 2.32, 3.88, 4.96, 5.84, 7.44, 9.84]; Acm=(10^(-3))*[18.8, 35.6, 48.6, 64, 73, 88, 110, 150]; CMRR=20*log(Ad/Acm)

%% CMRR do filtro completo clear all clc Ad=[0.752, 1.65, 2.46, 4.06, 4.96, 6, 7.52, 9.92]; Acm=(10^(-3))*[13.6, 27.5, 45, 60, 70, 90, 118, 147]; CMRR=20*log(Ad/Acm)

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