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1 Aula nº7) - 19 de novembro Projeto do Milênio Holocausto e linguagem – metamorfose da língua alemã. Docente: Miriam Bettina Paulina Oelsner Uma das janelas que se abrem à representação do Holocausto foi configurada pelo que designamos como literatura de testemunho. Uma literatura que decorre da decisão moral de prestar testemunho e de, ao mesmo tempo, falar pelos que não sobreviveram 1 . APRESENTAÇÃO Diferentemente das aulas anteriores, esta aula irá abordar a mesma temática, mas sob o olhar de quem viveu os fatos do lado de dentro da Alemanha, diretamente sob a opressão do regime nazista, no dizer do historiador alemão Leopold von Ranke [1795-1886]: - ‘relatar como realmente aconteceu’ [wie es eigentlich gewesen]. Será uma exposição de partes do livro 'LTI' de Victor Klemperer [1881-1960], professor de Filologia Românica na Universidade Técnica de Dresden, que permaneceu na Alemanha durante o regime nazista. O que esta aula tem de diferente é que não estará voltada a aspectos teóricos. Ela irá apresentar a experiência desse sobrevivente, que inicialmente optou por permanecer na Alemanha nazista, e quando no auge do terror quis emigrar para qualquer parte do mundo, já era tarde demais para sair. Professor catedrático assumiu então, consigo mesmo, o compromisso de transmitir às gerações futuras o que foi sua vivência, ou sobrevivência de dentro do regime, caso ele, bem como suas anotações conseguissem escapar da morte 2 . Ele e elas sobreviveram e aqui buscaremos apresentar um resumo de seu trabalho. Quando da redação da 'LTI' o propóisto educacional foi a principal meta de Klemperer, visto que a possibilidade de as gerações posteriores à era nazista pouco ou nada terem aprendido das amargas experiências daquele período. Dentre as obras da "literatura de testemunho", ou Zeugenliteratur em alemão, este trabalho de Victor Klemperer se destaca porque vai além do mero testemunho, sem deixar 1 LESSA, Renato. In: Tribunal da História – Julgando as controvérsias da história judaica. Org. Saul Fuchs. p.231. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2005. 2 Graças ao empenho de sua mulher, não judia, de levar seus manuscritos à casa da médica Dra. Annemarie Köhler, em Pirna, perto de Dresden, onde ficaram escondidos.

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1Aula nº7) - 19 de novembro Projeto do Milênio

Holocausto e linguagem – metamorfose da língua alemã. Docente: Miriam Bettina Paulina Oelsner

Uma das janelas que se abrem à representação do Holocausto foi configurada pelo que designamos como literatura de

testemunho. Uma literatura que decorre da decisão moral de prestar testemunho e de, ao mesmo tempo, falar pelos que não sobreviveram1.

APRESENTAÇÃO

Diferentemente das aulas anteriores, esta aula irá abordar a mesma temática, mas sob o olhar de quem

viveu os fatos do lado de dentro da Alemanha, diretamente sob a opressão do regime nazista, no dizer do

historiador alemão Leopold von Ranke [1795-1886]: - ‘relatar como realmente aconteceu’ [wie es

eigentlich gewesen]. Será uma exposição de partes do livro 'LTI' de Victor Klemperer [1881-1960],

professor de Filologia Românica na Universidade Técnica de Dresden, que permaneceu na Alemanha

durante o regime nazista.

O que esta aula tem de diferente é que não estará voltada a aspectos teóricos. Ela irá apresentar a

experiência desse sobrevivente, que inicialmente optou por permanecer na Alemanha nazista, e quando

no auge do terror quis emigrar para qualquer parte do mundo, já era tarde demais para sair. Professor

catedrático assumiu então, consigo mesmo, o compromisso de transmitir às gerações futuras o que foi

sua vivência, ou sobrevivência de dentro do regime, caso ele, bem como suas anotações conseguissem

escapar da morte2. Ele e elas sobreviveram e aqui buscaremos apresentar um resumo de seu trabalho.

Quando da redação da 'LTI' o propóisto educacional foi a principal meta de Klemperer, visto que a

possibilidade de as gerações posteriores à era nazista pouco ou nada terem aprendido das amargas

experiências daquele período. Dentre as obras da "literatura de testemunho", ou Zeugenliteratur em

alemão, este trabalho de Victor Klemperer se destaca porque vai além do mero testemunho, sem deixar

1 LESSA, Renato. In: Tribunal da História – Julgando as controvérsias da história judaica. Org. Saul Fuchs. p.231. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2005. 2 Graças ao empenho de sua mulher, não judia, de levar seus manuscritos à casa da médica Dra. Annemarie Köhler, em Pirna, perto de Dresden, onde ficaram escondidos.

2de ser exatamente um testemunho objetivo, e convincente. Aliás, anotar os fatos vividos e transmiti-los

às gerações futuras é uma tradição judaica milenar, atávica, que remete ao livro Zakhor de Yosef Hayim

Yerushalmi3. Zakhor, ‘lembre-se’ em hebraico, é expressão que inicia, em uma de suas versões, o

Quarto dos Dez Mandamento de Moisés4. Neste contexto é interessante constatar que Victor Klemperer,

que até a instauração do nazismo tinha percorrido como tantos judeus alemães de seu tempo, o caminho

da assimilação até a conversão numa religião cristã, foi brutalmente lembrado de sua condição de judeu

pelos nazistas, cumpriu, com sua obra, um dos principais deveres da tradição judaica: o de prestar

testemunho.

INTRODUÇÃO

A esse trabalho Klemperer deu o nome de 'LTI' - 'Lingua Tertii Imperii' - Anotações de um filólogo” ou

‘A linguagem do Terceiro Reich’. A razão de ser dessas três letras 'LTI' deve-se a dois motivos:

1 – Abreviatura da expressão em latim 'Lingua Tertii Imperii' [Linguagem do Terceiro Reich], para

designar sua crítica pessoal ao regime nazista, assegurando-se de que os homens da Gestapo não seriam

capazes de entender a sigla, caso seu trabalho fosse descoberto.

2 – Fazendo também zombaria com o próprio regime, que utilizava muitas siglas, criadas pelo Dr. Joseph

Goebbels – Ministro da Propaganda do regime, que Klemperer considerava ridículas e de mau gosto,

contrariamente às italianas, que apreciava.

É importante falar da obra de Klemperer no módulo do Holocausto por ser ele considerado um dos

grandes observadores da terrível catástrofe que se abateu sobre a Alemanha entre 1933 e 1945. A edição

de 1995 da Enciclopédia Brockhaus avalia a 'LTI' de Victor Klemperer com essas palavras: “A 'LTI',

publicada em 1947 consta como sua obra mais importante. Essas ‘Anotações de um Filólogo’

esclarecem por meio de observação e análise da linguagem as estruturas mentais fascistas”5.

3 YERUSHALMI, Yosef Hayim. Zakhor. Rio de Janeiro, Imago, 1992. 4 “Lembre de guardar o sábado, o dia do descanso”. 5 Todos os textos em alemão foram traduzidos para o português pela autora.

3A autora traduziu o livro 'LTI' do alemão para o português e em breve ele será lançado pela ‘Editora Contraponto’ do Rio de Janeiro.

OBJETO DESTA AULA

Esta aula visa a apresentar:

- O surgimento da Literatura de Testemunho. A 'LTI' lançada já em 1947. Outros testemunhos dessa data:

‘É isto um homem?’ de Primo Levi; ‘Os 'Diários' de Anne Frank’ foram publicados em 1948. Só que a

‘Apresentação’ de Eleanor Roosevelt o considera como se fosse um livro exclusivamente da literatura

universal, não o colocando entre a Literatura de Testemunho da Shoá. Toda a literaura de Elie Wiesel,

Prêmio Nobel da Paz, 1986, Paul Celan, Bruno Bettelheim, e outros.

- O que Klemperer descobriu sobre a manipulação da linguagem na Alemanha. A linguagem nazista,

propriamente dita – suas distorções, sua força de convencimento.

- Durante o regime nazista, enquanto ele próprio vivia lá, como judeu, que conseguiu não ser enviado a

nenhum campo de concentração, nem de extermínio, por milagre [ver o item ‘Salvação’].

- A argúcia do regime em captar o espírito religioso do povo, e induzi-lo a ter fé no Führer, dentro do

conceito que Wilhelm Reich explica em – “Psicologia de Massas do Fascismo” 6.

- O que foi a ‘linguagem do Terceiro Reich’. Conforme observações de Klemperer ela era pobre,

repetitiva, pautada em fé e fanatismo... “Ela adentrou o sangue e a carne das massas por palavras isoladas,

formas de falar e de escrever, que lhe foram impingidas por milhares de repetições e que foram

absorvidas de maneira mecânica e inconsciente”, escreveu ele. Esta linguagem abusava dos superlativos

com foco na mecanização das palavras, e das pessoas, visando a tornar a Alemanha uma nação de

indivíduos que reagissem de maneira automática e manipulada às diretivas de um regime autoritário e

sanguinário.

- Uma semelhança entre a análise de Klemperer e a visão do historiador David Bankier sobre o regime

nazista. Klemperer era muito atento à insegurança de Hitler e Goebbels e o empenho deles em não deixar

nada transparecer. Bankier também nos fala da argúcia de Hitler e demais líderes do regime em saber

6 Martins Fontes, São Paulo, 1988.

4conciliar seus reveses e de não deixá-los transparecer, quando contrariados. Não respondem à imprensa

internacional, que os interpela e incrimina, e prosseguem em seus objetivos de exterminar os judeus,

ignorando em absoluto seus inimigos. E, destratando ainda mais os judeus sempre que o regime recebia

críticas do exterior.

PERFIL DA OBRA

Por que “'LTI' - Anotações de um filólogo” é um livro tão importante, cujo conteúdo merece tanta

confiança e é citado como obra de referência por grande número de historiadores da shoá?

Peter Gay nos oferece uma das respostas. Considera Klemperer um dos maiores escritores de 'Diários' em

língua alemã: -“Os registros de Victor Klemperer transmitem uma herança cumulativa para a posteridade.

São observações destemidas. A narrativa de como o Terceiro Reich acelerou a cruzada contra os judeus

faz um nítido retrato da falsidade e brutalidade nazistas7”. Em 1995 Martin Walser8 comenta a obra de

Victor Klemperer, na outorga póstuma do prêmio de literatura alemã Geschwister Scholl9 com estas

palavras: - “Seria correto preocupar-se com que Klemperer estivesse presente em toda parte e se tornasse

uma importante fonte de informação sobre aquela época da história alemã. Não conheço outra forma de

comunicação que nos transmita de maneira mais clara a verdade sobre a ditadura nacional-socialista, do

que a prosa de Victor Klemperer”.

Klemperer escrevia 'Diários' desde 1898, quando estava completando dezessete anos, mantendo essa

sistemática até pouco antes de sua morte, em fevereiro de 1960. Esses escritos remontam a mais de

quatro mil páginas de 'Diários', além dos livros que escreveu sobre a Literatura Francesa, de seus

primórdios até 1920.

Sua obra autobiográfica se compõe de:

‘Curriculum Vitae’ 1881-1918 – redigidos à época em que Klemperer perdeu a cátedra de professor, em

pleno nazismo..

7 In: Caderno mais! da Folha de São Paulo, 6 de dezembro de 1998. 8 Escritor e crítico social alemão, nascido em 1927. 9 Hans e Sophie Scholl, militantes antinazistas do grupo “Die Weisse Rose”, assassinados pela polícia do regime em 1943.

5'Diários' de 1919 a 1932

'Diários' que deram origem à 'LTI', período 1933-1945, até o retorno à sua própria casa em Dresden, em

10 de junho de 1945

‘Und so ist alles schwankend’ – ‘Então, tudo continua oscilando’ – junho a dezembro de 1945

'Diários' de 1946 a 1959

A partir do início do nazismo, em 1933, Klemperer percebe que o regime influenciava a população alemã

de que o judeu seria seu pior inimigo, o verdadeiro culpado de toda a desgraça pela qual a Alemanha

passara, e ainda estava passando. Percebe também que essa influência ocorre, dentre outras, por meio da

manipulação da linguagem. Era um lingüista destacado – um dos mais profundos conhecedores de toda a

Literatura Francesa, desde seus primórdios até aquela data, intensamente envolvido com os pensadores

Montesquieu, Voltaire e Diderot, representantes do iluminismo francês. A edição de 1925 da

Enciclopédia Brockhaus ressalta Klemperer como o grande conhecedor alemão da literatura francesa.

Amava tanto a Alemanha e sua condição de cidadão alemão, que via o nazismo como algo absolutamente

estranho à ‘sua’ Alemanha de Goethe, Schiller, Heine, procurando todo o distanciamento possível do

nazismo. O que não foi possível.. Não somente porque a cada dia havia menos alunos em suas aulas,

afinal os ‘Iluministas’ eram um tema fora de moda. Mas também porque os estudantes foram coagidos a

se engajar em ‘esportes de defesa’, em pleno horário de suas aulas [a seguir será apresentada a concepção

educacional de Hitler].

Somente após o boicote às lojas de judeus em abril de 1933, e à votação do plebiscito a favor de Hitler

em novembro do mesmo ano10 e às ‘Leis raciais de Nürenberg’ para purificação e preservação do sangue

e da raça alemães, em 15 de setembro de 1935, em que Klemperer perde não somente seu cargo de

catedrático, mas sua própria cidadania, assim como todos os demais judeus, é que Klemperer se dá conta

da grande mudança em sua vida.

Estava perfeitamente consciente de que se encontrava em uma ditadura violenta e totalitária. Seu ouvido

aguçado capta a manipulação que passa a ocorrer na linguagem. Atém-se a todos os detalhes da

10 Klemperer percebe que foi fraudulento, pois até os prisioneiros antinazistas ‘votaram’ a favor do governo de Hitler.

6propaganda nazista. Àquela altura os judeus ainda tinham permissão de ir ao cinema, ler jornais e ouvir

rádio. E, é por meio dessa leitura e da transmissão de rádio e de ouvir as pessoas na rua, desde os

varredores até as pessoas mais instruídas que percebe que está sendo criada uma nova linguagem – a

linguagem nazista. Como é que ela se manifesta?

Como já dito a linguagem do Terceiro Reich era pobre, repetitiva, pautada em fé e fanatismo... Língua

pobre - sinônimo de pensar e agir pobres. O pensamento crítico lhe é extirpado. “O sentimento tinha de

reprimir o pensar. Ele próprio tinha de dar passagem a um estado de apatia entediada, da falta de vontade

e da falta de sentimento. Pois de onde é que se teria conseguido todo o conjunto de carrascos e de

torturadores?”, pergunta-se Klemperer ao final da guerra, diante dos alemães que pretendiam provar

inoscência . Para Goebbels, nada era mais perigoso do que ‘filosofia’, pois era um sinal de capacidade de

pensar de maneira sistemática. Quem pensa, recusa imposições. Linguagem escrita e oral se fundem no

Terceiro Reich, ganhando contornos declamatórios, facilitando a repetição e permitindo que as mentiras

e os chavões se alastrem facilmente. Esta linguagem abusava dos superlativos com foco na mecanização

das palavras, e das pessoas, visando a tornar a Alemanha uma nação de indivíduos que reagissem de

maneira automática e manipulada às diretivas de um regime autoritário e sanguinário.

Klemperer procura aprofundar o conhecimento dos efeitos da 'LTI' no comportamento do povo alemão.

Denuncia a proposição nazista de induzir o alemão a pensar e sentir o judeu como seu grande inimigo,

que, pelo fato de ter empestado o sangue germano por mais de dois mil anos, deve ser extirpado da

sociedade alemã, conforme Hitler já publicara em ‘Mein Kampf’ [Minha luta], em 1925. A linguagem do

Terceiro Reich conclama o povo alemão a buscar suas origens junto aos ancestrais nórdicos, os supostos

patriarcas da pureza do sangue germano. O conjunto de dois SS das Schutzstafel – ‘esquadrão protetor’

são desenhados no formato das runas nórdicas.

É o que Klemperer escreve no capítulo referente aos nomes germânicos no livro 'LTI': - “Toda revolução

seja social, política, artística ou literária considera sempre duas tendências: em primeiro lugar o anseio

pelo novo, em que se reforça o contraste intenso com o que estava em voga até o presente, mas a partir

7daí, entretanto, vem a necessidade do elo com o passado, recorrendo-se ao uso da tradição como defesa.

De jeito nenhum a ligação é somente com o novo, mas há sim um retorno aos valores da época que se

pretendeu negar, época em que tinham sido rejeitados com vergonha. Há um desejo de retorno ao gênero

humano, ou à nação, ou à moral, ou à verdadeira essência da arte. Percebe-se claramente que ambas as

tendências apresentam seu modo de dar ou alterar nomes. O hábito de dar nome e sobrenome de um

campeão em voga no momento a um recém nascido, ou a alguém que se deseja rebatizar, é sem dúvida

uma prática que se restringe essencialmente à América e à América negra. A grande revolução inglesa

deixou claro, que gosta de reforçar nomes do Antigo Testamento com citações bíblicas (Josué, louve o

Senhor, alma minha). A Revolução Francesa busca seus personagens no antigo classicismo, no romano

em particular e cada tribuno do povo acrescenta ao seu nome e ao de seus filhos nomes dignos de Tácito

e Cícero. E da mesma maneira um nacional-socialista que se preze faz soar em alto e bom som sua

ascendência de sangue e alma dos germanos e dos deuses do Norte. Quando do surgimento de Hitler o

terreno já tinha sido preparado pela popularidade de Wagner e por um nacionalismo antigo, para haver

um número razoável de Horst, Sieglinde e outros. A influência do Wandervögel11 tenha sido talvez mais

forte do que o culto a Wagner”. “Entretanto, o Terceiro Reich converte quase em obrigação o que até

então fora somente hábito. Se o chefe da juventude hitlerista se chamava Baldur12, então como ficar atrás?

Ainda em 1944, dentre nove anúncios de nascimento que encontrei em um jornal de Dresden seis tinham

nomes tipicamente germânicos: Dieter, Detlev, Uwe, Margit, Ingrid, Uta. Nomes duplos como Bernd-

Dietmar, Bernd-Walter, Dietmar-Gerhard... foram muito apreciados, ligados pelo traço de união.

Demonstravam profissão de fé em dobro, ou seja, seu caráter retórico, podendo-se depreender a intenção

de pertencer à linguagem do Terceiro Reich':...”.

Klemperer compara esta linguagem a minúsculas doses de arsênico, que, absorvidas inadvertidamente,

aparentam ser inócuas; mas, passado algum tempo, o seu efeito tóxico aparece, como foi ocorrendo, de

fato, ao longo do período de doze anos que durou o nazismo. Aliás, mais recentemente essa frase é citada

11 Agremiação de jovens criada na virada do século 19 para 20 em Berlim. Visava a fazerem caminhadas e cantarem. 12 Baldur von Schirach (1907-1974) tornou-se líder da Hitler Jugend em 1931.

8com maior freqüência, na medida em que o trabalho de Klemperer se torna cada vez mais conhecido e

valorizado.

Klemperer cita críticas que alguns conhecidos seus ao fazem ao regime. São alemães anti-nazistas, que

ridicularizam Hitler, durante o regime: - ‘Um Obersturmführer13 em Halle ou Jena’, conta um conhecido

dele, ‘e precisava com exatidão o local e as pessoas, tudo lhe fora “afiançado” de “fonte absolutamente

fidedigna”, então, um oficial da SS de alta patente, levou sua mulher a uma maternidade particular para

dar à luz. Ele examina o quarto em que ela ia ficar; na parede, em cima da cama, havia uma imagem de

Jesus Cristo. Ele exige da enfermeira: “tire esse quadro da parede”, “não quero que a primeira coisa que

meu filho veja ao nascer seja esse menino judeu”. Ela iria transmitir o pedido à madre-superiora, disse

esquivando-se a enfermeira amedrontada e o homem se retirou depois de reiterar sua ordem. Já na manhã

seguinte a madre-superiora lhe telefona: “O senhor ganhou um filho, senhor Obersturmführer, sua esposa

passa bem, também a criança, que é forte. Mas saiba, seu desejo foi plenamente atendido: a criança veio

cega ao mundo...”.

CONCEPÇÃO EDUCACIONAL DE HITLER

Em diversos capítulos do livro Klemperer apresenta chocado a concepção educacional de Hitler. Sua

expressão predileta é “capacitação física”, tomada emprestado do léxico dos conservadores de Weimar

[aqueles que lamentavam a queda do Império Alemão – o ‘Segundo Reich’]. Hitler valorizava o exército

do imperador Guilherme como a “única organização saudável e vital de um corpo, o corpo do povo, aliás,

apodrecido”. E, ele vê no serviço militar, “sobretudo ou exclusivamente, uma educação para a

capacitação do desempenho físico”. Para Hitler a formação do caráter é uma questão nitidamente menor.

Pois para ele, dá mais ou menos na mesma. Dominar o corpo por meio de repressão psíquica é mais

importante do que receber educação.

DADOS BIOGRÁFICOS DE VICTOR KLEMPERER

Klemperer nasceu em 1881, em Landsberg, então uma cidade pequena da Prússia, hoje pertencente à

Polônia. Era o nono filho de um casal emigrado de Praga. Seu pai formou-se rabino em Breslau, e

13 Comandante de uma unidade da SS.

9tornou-se, mais tarde, pregador da Congregação Judaica Reformista de Berlim. Para Victor, como para

tantos outros judeus alemães de sua geração, era importante ser aceito na sociedade alemã como um

alemão ‘normal’, não como um judeu. Ele viveu os ideais de assimilação judaica à cultura alemã,

correntes em seu tempo, apostando nas promessas de uma civilização moldada em torno dos ideais da

Bildung, a cultura humanista e cosmopolita que surgira na Alemanha a partir do final do século 18. Em

1906 casou-se com Eva Schlemmer, pianista alemã luterana, e esse casamento o protegeu, relativamente,

durante o nazismo. Mesmo assim foi preso em duas oportunidades. Uma semana em junho de 1941, pela

polícia comum. E, uma tarde em janeiro de 1942, pela Gestapo. Sempre mencionou que a prisão pela

polícia não foi algo tão pavoroso quanto a Gestapo. Seu irmão mais velho, George Klemperer, professor

de medicina famoso, insistiu para que emigrassem juntos para os EUA, em 1934. Klemperer e Eva

recusaram. A fama da qualidade do trabalho de George Klemperer era muito grande e em 1922 ele foi

chamado duas vezes para atender Lênin, como médico, em Moscou. No pós-guerra, quando Klemperer

opta por permanecer em Dresden, sob ocupação soviética, antes de se tornar a República Democrática

Alemã, entre 1949 e 1990 as pessoas levavam muito em consideração que ele era irmão do médico de

Lênin. Alguns autores comentam que nunca se faz menção à mãe de Victor Klemperer. Entretanto, não

correposnde à verdade. Ela e o pai, Dr. Wilhelm Klemperer eram primos. Em ‘Curriculum Vitae’ 1881-

1918 Victor menciona a erudição de sua mãe. O pai jamais fazia uma prédica sem lê-la primeiro à mãe.

Conta também que veio a se relacionar com Karl Ferdinand GUTZKOW, autor predileto dela, leitura

não recomendada para mulheres àquela época e sobre quem Klemperer escreveu inúmeros trabalhos.

Gutzkow foi seguidor de Uriel da Costa e Baruch Spinoza [segue abaixo breve resumo desse autor].

Victor e Eva formavam um casal muito unido. Desde 1920 Klemperer era catedrático de Letras

Românicas da Universidade Técnica de Dresden. Permaneceu em Dresden, contrariamente à maior parte

dos judeus, que fugiu do regime nazista, emigrando para outras paragens.

Era um judeu assimilado e até mesmo convertido à confissão luterana, pego de surpresa pela

discriminação nazista, que lhe negou sua ‘alemanidade’14 e o relembrou violentamente de seu judaísmo.

14 Neologismo criado na tradução dos 'Diários' de Victor Klemperer para o português, por Irene Aron, em São Paulo, Cia. das Letras, 1999.

10Klemperer defendeu Livre-docência sobre Montesquieu com o famoso Reitor da Universidade de

Munique, Karl Vossler, que por sua vez fora aluno de Bendetto Croce. Antes de ser catedrático em

Dresden, Klemperer fora Professor em Munique. Era colega dos outros romansitas Leo Spitzer, Erich

Auerbach, Ernst Curtius.

Klemperer foi sempre hipocondríaco, mas viveu 78 anos. Eva viveu menos, sofreu muito com as

penúrias da guerra. Morreu em 1951. Em 1952 Klemperer se casa com sua aluna Hadwig Kirschner. Ela

e um antigo aluno de Klemperer passaram a publicar seus livros após a reunificação das Alemanhas, em

1990.

O QUE ERAM OS 'DIÁRIOS' Anotador obsessivo de suas vivências – qualquer fato de sua vida era dado somente como tendo sido

vivido, depois de estar devidamente registrado em seus 'Diários'. Percebe que a salvação de sua

dignidade interior dependia de anotar tudo o que ouvisse e observasse. Faz questão de registrar tudo

aquilo que não será retratado pela grande imprensa, ou seja, comenta os fatos que ocorrem contra a maré.

Capta o sentido intrínseco dos acontecimentos, não sua fachada, mas a causa essencial. Todos os dias

disseca o regime em suas anotações, que se tornam para ele e sua mulher um registro contra o perigo do

suicídio, que se abateu sobre muitas pessoas próximas. A partir de 1940 o casal Klemperer tem de se

desfazer de sua casa, que passará para um morador local. O casal terá de procurar um Judenhaus15 para

viver. Entre 1940 e 13 de fevereiro de 194516 irão viver em três Judenhäuser. É justamente nesse

ambiente de confinamento onde irá encontrar a maior parte do material para suas anotações.

MATERIAL PARA A 'LTI' Dentro dos Judenhäuser Klemperer encontrea uma diversidade humana de judeus, como ele nunca

supusera ver. Uma pessoa, Kätchen Sara Voss foi sua maior fornecedora de todo tipo de informações.

Até o dia em que ela foi buscada para o campo de concentração de Dresden, Hellerberg. Segundo

material anexado a essa aula, essa senhora chegou em Auschwitz em 1943 e logo foi exterminada. No 15 Casa de judeus. Em cidades onde a população judia remanescente não era numerosa, sobretudo na Alemanha, os nazistas não criaram guetos, mas isolaram o grupo judaico em Judenhäuser. 16 Na noite entre 13 e 14 de fevereiro de 1945 Dresden sofreu um brutal ataque das forças aliadas, que deixou a cidade em escombros. Mais informações no item ‘A salvação’.

11capítulo final da 'LTI' Klemperer a cita como grande colaboradora e incentivadora para que ele não

parasse de anotar todas as vivências. Ao final da guerra Klemperer é procurado por um editor, desejoso

de publicar seus 'Diários'. Após muita hesitação opta por publicar um livro novo, elaborado segundo a

mensagem que deseja transmitir aos seus alunos, a jovens professores, ao público em geral, que vem a

ser a 'LTI'. Ele deu o ‘ponta-pé’ incial a esse trabalho que continuamos nesse módulo. Segundo

Klemperer seriam necessários uma infinidade de estudiosos de áreas interdisciplinares procurar entender

como foi possível acontecer essa tragédia inominável. Apesar de a 'LTI' ter sido publicada já em junho de

1947 em Berlim, pelo Aufbauverlag a literatura da antiga República Democrática Alemã veio à tona

somente após a reunificação das Alemanhas. A 'LTI'.é uma das análises que melhor ilustram como se

construiu a mentalidade nazista. Só que no início do pós-guerra as pessoas não queriam tomar contato

com essa temática. Faz-se necessário o transcurso de várias gerações para a questão ser devidamente

analisada.

A MORTE CERTA

A vida nos Judenhäuser era degradante, mas trouxe um sentido de organização aos moradores. Os

nazistas incumbiram alguns judeus destacados por suas profissões, como o médico e alguns advogados e

administradores de assumirem posições de intermediários. Klemperer menciona essas pessoas. Alguns

foram levados para Auschwitz com toda a família, onde foram exterminados. Mas nem todos. Após

Auschwitz ter sido libertado pelo Exército Russo em 27 de janeiro de 1945 os moradores remanescentes

dos Judenhäuser casados com não judeus teriam de se apresentar à Gestapo [sabe-se que seria para

serem eliminados]. Apresento abaixo e no final do texto uma dessas cartas de Dresden, de 12 de

fevereiro, assinada pelo advogado Dr. Ernst Israel Neumark, que Klemperer cita amiúde. Há o

caso de Edith Kuhnert, de origem judaica, casada Willibald Kuhnert, cristão. Ela teve medo de ser

denunciada por um agente da Gestapo, que vivia na mesma rua. Após várias combinações com seu

marido, que não estava em Dresden para ela e sua filhinha Bárbara de dois anos empreenderem a fuga,

suicida-se junto com a criança, por medo de ser pega. Seus corpos foram retirados de um lago próximo

em 18 de fevereiro de 1945. Na carta em anexo ela é intimada a se apresentar em 16 de fevereiro sem a

filhinha.

12SALVAÇÃO

A salvação de Klemperer se deve em grande parte à coragem e solidariedade de sua mulher, Eva

Schlemmer, que jamais pensou em abandoná-lo. Não por acaso o livro ‘LTI’ é dedicado totalmente a ela.

Sem ela não haveria livro, nem nada.

A salavação veio pelo ataque aéreo. Durante todo o texto da ‘LTI’ fica-se sem saber como Klemperer e

sua mulher se salvaram, pois ele menciona amiúde que os demais moradores do Judenhaus morreram na

noite entre 13 e 14 de fevereiro de 1945. Nessa noite Dresden sofreu um brutal bombardeio das forças

aliadas, que deixou a cidade em escombros. Supõe-se que cerca de cinqüenta mil pessoas tenham

sucumbido. Casualmente o casal se encontrava na rua. Era quase certo que a Gestapo também tivesse

sido destruída, o que motivou o casal a empreender uma fuga a pé, carregando o pouco que tinham. Esta

tragédia foi sua salvação. Nessa fuga, até perto da data da rendição alemã, em 8 de maio de 1945 o casal

correu muitos riscos. Houve gestos de solidariedade de alguns amigos, tanto em Berlim, em um sótão,

onde dormiam no chão sob a foto de Hitler, quanto no extremo leste alemão, onde se aguardava

ansiosamente a chegada dos russos.

CINISMO

O maior gesto de cinismo do regime nazista era o envio de uma urna funerária para a residência de um

judeu assassinado em um campo de extermínio. Não somente porque judeus não cremam seus mortos,

mas também porque aquela urna era um mero gesto de absoluto desdém pela família do morto, arrancado

do convívio com os seus e transportado para o campo de extermínio. A Gestapo fazia ainda com que o

grupo dos moradores dos Judenhäuser celebrassem o enterro segundo os rituais judaicos. Como se

tratava de judeus conversos, poucos conheciam os rituais. Klemperer escreve que a prédica junto ao

túmulo era feita muitas vezes com o uso da linguagem nazista, que impregnava inclusive as mentes dos

próprios judeus, os perseguidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao tecer as considerações finais sobre o livro 'LTI' de Victor Klemperer e sua abordagem sobre o nacional-socialismo, vemo-nos na contingência de mencionar a dificuldade reinante no Brasil no

13momento atual de estudar, denunciar e julgar os torturadores do regime militar entre 1964 e 1985. No item a seguir Klemperer se questiona se o nacional-socialismo faz parte dos traços eternos do povo alemão. Não nos parece que a tortura faça parte dos traços eternos do povo brasileiro. Portanto, faz-se necessário discutir esse tema, da mesma forma que o fazemos com o nacional-socialismo.

Seriam as origens do nazismo uma peculiaridade alemã? É o que Klemperer afirma no Capítulo XXI - A raiz alemã

O livro 'LTI' prova que um dos instrumentos de dominação do nazismo foi o desvirtuamento paulatino do

sentido das palavras pela ação de Goebbels e de como a população se deixa envolver por essa perversão

semântica. O livro aborda os aspectos do cotidiano urbano da sociedade em geral, sob a ótica do judeu

perseguido e marginalizado. Dentre os trinta e seis capítulos que ilustram o aprisionamento das mentes

há uma série de reflexões, em especial nesse capítulo.

Questionando-se sobre os “traços eternos” do povo alemão Klemperer encontra “Germania”, obra

máxima de Tácito17, historiador e senador romano, apreciado pelo regime nazista. Tácito estivera na

Germânia no Século I e enaltecera a imagem do ancestral germano, o que agradava a cúpula nazista. Faz

alusões sugestivas sobre o caráter dos povos germanos e discorre a respeito de seu espírito independente

e impetuoso. Fala também sobre sua simplicidade, em contraste com o servilismo e a decadência de

Roma. A base da obra é calcada em preconceito antijudaico18. Anteriormente, no ano nove da nossa era,

o general Armínio, príncipe da etnia germânica querusca, vencera os romanos na Floresta de Teutenburg.

E, Klemperer percebe a linha direta que a cúpula do regime traçara desde o heroísmo de Armínio até as

SA, SS e HJ19 nazistas passando por Lutero e Frederico, o Grande. O trunfo do texto de Tácito fora ter

descrito o povo germano como aquele que extravasa seus próprios limites: “São capazes de perder tudo

no jogo de dados, e arriscam sua liberdade até a última jogada, mesmo que então, se deixem vender

17 TACITUS, Cornelius, senador e historiador romano (ca. 55 - 120 a D.). Escreveu “Concerning the geography, the manners and customs, and the tribes of Germany”. Segundo a Encyclopaedia Britannica, 1961, pág. 736, vol. 21, há fragmentos do vol. V do livro Historiae, concluído em 116 a D. que fazem uma observação preconceituosa e incorreta sobre os judeus. Consta na Encyclopaedia: “we have a curious but entirely inaccurate account of the jewish nation, of their character, customs and religion, from a cultivated Roman’s point of view which we see at once, was a strongly prejudiced one”. 18 De acordo com a Encyclopaedia Britannica, 1961. 19 SA- Sturm Abteilung – Esquadrão de Assalto, SS – Sturmzstaffel - Esquadrão protetor e HJ Hitlerjugend - Juventude hitlerista.

14servilmente como escravos. São muito perseverantes, até mesmo para o mal, quando então denominam

sua perseverança de fidelidade”. É a primeira vez que Klemperer se dá conta que o melhor e o pior do

povo alemão estão unidos pelo mesmo fio condutor: a ligação entre a ferocidade do regime hitler

ista e os excessos fáusticos, que se encontram no lirismo clássico alemão e na idealização da filosofia

alemã. Acresente-se a essa descrição um texto de Wilhelm Scherer20 sobre a já mencionada “Germania”,

que cita Tácito: “Exageros, excessos, teimosia parecem ser a maldição de nosso desenvolvimento

mental”. O que dá a Klemperer uma resposta para a mudança brutal pela qual a Alemanha passara. Faz

parte dos traits éternels21 do povo alemão oscilar profundamente entre extremos culturais. O poeta

Plivier22, desvinculado de qualquer ligação com Tácito, tampouco com Scherer, menciona também essa

necessidade do romantismo alemão de extrapolar limites, também comprova o delírio desvairado da

extrapolação dos próprios limites (valorizando seu ‘sucesso’). A ação contundente dos românticos é

manter os limites sem compromissos, quer em seu anseio religioso, em suas obras de arte, na filosofia, na

vida prática, na moralidade e no crime. Séculos antes do conceito e palavra romantismo existirem toda

atividade alemã já vinha estampada com o carimbo do romantismo. Para Klemperer, catedrático de letras

românicas, a percepção dessa característica vem a calhar. Pois na Idade Média a literatura alemã

provinha da França. A Alemanha, que recebia o material, ultrapassava todo tipo de limites com ele.

Conclui que a verdadeira marca criminosa da 'LTI', a ‘Linguagem do Terceiro Reich’ era o desvario de

extrapolar os próprios limites. A percepção de Plivier remete Klemperer à verdadeira marca da 'LTI': -

“A subumanidade se encontra efetivamente em seu lugar, e o sofrimento do pensamento ancestral alemão

chega até as raias do desespero”. o grau de virulência do nazismo é mais intenso do que a sífilis que

dominara a França séculos antes, e do que o fascismo que reinava na Itália. Enquanto os italianos se

consideravam predestinados a reconstituir o antigo império romano, nunca se lhes ocorreu rebaixar os

povos conquistados a “zoologia inferior”, o que vieram aprender depois, justamente com seu afilhado, o

20 Wilhem Scherer (1841-1886), germanista. Introdutor do método positivista na literatura. 21 Esta mesma observação sobre a teimosia alemã é feita por Leon Poliakov em “De Cristo aos Judeus da Corte”, Ed. Perspectiva, 1979, p. 181. 22 Plivier, poeta alemão. Depois de 1945, como Klemperer, opta por viver na antiga Alemanha Oriental.

15nazismo [lembrar que os desenhos de Julius Streicher no jornal ‘Der Stürmer’ sempre apresentava os

judeus como ratos e outros animais nojentos].

Mais um questionamento de Klemperer: - não estaria atribuindo ao nazismo papel exagerado, já que o

nazismo o remetia forçosamente a seu judaísmo, levando-o a perder sua objetividade e distanciamento

habituais em um catedrático. Antijudaísmo sempre existiu, com maior ou menor intensidade, por motivos

sócio-econômicos e religiosos. Seria injusto considerá-lo sentimento exclusivo dos alemães. Mas percebe

que não, pois o sentimento anti-semita é obstinado e não se vê a si mesmo como anacrônico, mas adapta-

se à modernidade. Como é o caso da discussão “Sionismo versus Racismo”, que surgiu à época da guerra

de 1973 entre os países árabes e Israel, que deram origem à crise do petróleo, em que se começou a

argumentar que Israel desbancara o povo que habitava a antiga Palestina, esquecendo-se, entretanto que

o povo palestino vivera igualmente na atual Jordânia e demais países no entorno de Israel23.

Desde que lera o “Mito do Século XX” de Alfred Rosenberg e as „Grundlagen“ (Bases) de

Chamberlain24, e que tomara conhecimento das câmaras de gás de Auschwitz, Klemperer percebe que o

anti-semitismo foi o conceito mais importante na formação do nazismo25. Seria o dogma racial o ponto

de partida do anti-semitismo, ou somente seu preâmbulo? Tratando-se de veneno infiltrado na

mentalidade alemã, o nacional-socialismo seria a degeneração do próprio ser alemão possuidor de traits

éternels macabros, não se tratando de peste transmitida por outro país [fascismo italiano]. Suas

principais características foram: - retorno inimaginável da perseguição aos judeus nos moldes da Idade

Média; câmaras de gás em Auschwitz e em outros campos de extermínio com extremo rigor

tecnológico26 e valorização do conceito de sangue judeu e não–judeu para perpetuar o afastamento

judaico da sociedade, diferenciação crucial para o nazismo, como que atendendo a uma aspiração divina,

23 POLIAKOV, Léon. Do anti-sionismo ao anti-semitismo. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1969. 2ª tiragem, 2000. 24CHAMBERLAIN, Houston Steward. Inglês, genro de Wagner, que adotou a língua e a paixão alemãs. Escreveu Die Grundlagen des neunzehnten Jahrhunderts“ (Fundamentos do século XIX), 1900. 25 O termo anti-semitismo foi criado em 1873 pelo jornalista alemão Wilhelm Marr em Der Sieg des Judentums über das Germanentums (A vitória do judaísmo sobre a germanidade), in O Anti-Semitismo Alemão, p.61 de Pierre Sorlin, Editora Perspectiva, São Paulo, 1974. 26 Além da invenção do gás zyklon b, os nazistas foram especialistas em não deixar vestígios, fazendo uso dos fornos crematórios.

16que exigia uma raça com sangue puro.Este é o sentimento fundamental do rancor do pequeno burguês

austríaco Hitler, de mente degenerada, que se formara na época de Schönerer e Luëger27, principais

ideólogos do anti-semitismo.

Klemperer cita ainda o romance „Der Neue Daniel (o novo Daniel)“ de Willy Seidel28 de 1920, que faz

uma comparação entre povos. Seidel descreve de maneira macabra o a palavra „Gründlichkeit

(perfeição)29“ significava para o povo alemão. O gesto sanguinolento (matança de gatinhos) do Tenente

Zuckschwerdt é cada vez mais valorizado, contrariamente aos “EUA, que aceitam a mistura colorida do

Irish-Dutch-Nigger-Jew”, ao invés da pureza racial alemã. Ou seja, a base da doutrina racial em 1920 já

era o anti-semitismo. Consta que nessa época os anti-semitas faziam muito alarde a respeito do número

excessivo de jornalistas judeus que havia então. O nacional-socialismo, contrariamente às outras formas

de fascismo, extraiu todo o seu veneno do racismo, e se baseou no anti-semitismo. Mesmo quando se

tratava de povos não semitas, o nacional-socialismo explorava formas de destilar seu veneno por meio de

expressões como bolchevismo judaico, franceses negros judaizados, ingleses em busca da tribo judaica

perdida, etc. Após a idéia racial, que veio beber da fonte da teimosia obsessiva alemã, não era idéia

exclusiva alemã. Traçando uma retrospectiva, Klemperer verifica que o pensamento de Rosenberg partira

do inglês Houston Stewart Chamberlain, que o absorvera do Conde Arthur Gobineau (1816-1882), que

por sua vez lançara seu Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas entre 1853-1855. Klemperer

prefere manter em aberto se ele teria sido o autor exclusivo dessa doutrina racial sanguinária. Seu

ensinamento principal era a supremacia da raça ariana, categoria humana mais elevada e única do

germanismo não miscigenado. Este germanismo, entretanto, encontrava-se ameaçado pelo sangue semita,

infiltrado por toda parte, incomparavelmente pior, a ponto de não poder mais ser chamado de humano.

27 LUËGER, Karl. 1844-1910. Líder do Partido Social-Cristão da Áustria, anti-semita. Prefeito de Viena de 1897 a 1910. SCHÖNERER, Georg Ritter von, austríaco. Político, 1842-1921. Suas idéias racistas e anti-semitas do Linzer Programm (1881) exerceram forte pressão sobre o Partido Social-Cristão de Luëger e sobre o movimento nacional-socialista de Hitler.(O Anti-Semitismo Alemão, p.63) 28 Willy Seidel, romancista alemão nacionalista (1876-1945). 29 O Tenente Zuckschwerdt fora incumbido de afogar alguns gatinhos recém-nascidos, enfiados em um saco. Mas ele se apercebe que ainda há um ligeiro movimento no saco. Apedreja-o para torná-lo um “roten Muss” (mingau vermelho) e comenta em voz alta para um rapazinho que assiste a tudo: “Du Luder – sollst mal sehen, was Gründlichkeit bedeutet!” (tens de entender, meu rapaz, o que eu chamo de perfeição).

17Tudo que o Terceiro "Reich" poderia necessitar para sua base político-filosófica encontrou nessa frase

de Gobineau. Tudo o material pré-nazista remete às idéias de Gobineau. Gobineau prova a desigualdade

entre os povos e a superioridade racial germânica. A originalidade de sua proposta não reside na estrutura

racial em si, mas sim na ameaça que os alemães sofrem, pela infiltração do sangue semita há dois mil

anos.

Breve resumo sobre Karl Ferdinand GUTZKOW [1811-1878]30.Escritor alemão, precursor do romance social alemão no Século 20, nasceu em Berlim. Em 1832 publicou de forma anônima suas ‘Cartas de um louco a uma louca’. Publica em 1835 um romance contra o casamento, que dá início à ‘Jovem Alemanha’ contra o romantismo. Foi copndenado a três meses de prisão e recolhimento de toda sua obra, bem como de tudo que ainda viesse a escrever. Durante sua prisão em 1836 em Mannheim escreveu seu tratado “Sobre a filosofia da história”. Ao ser libertado escreveu a peça ‘Ricardo, o furioso’, que imediatamente foi encenado em todos os teatros da Alemanha. Escreveu várias peças sobre o sistema educacional alemão da época. Em 1850 sai o primeiro dos nove volumes de ‘Die Ritter vom Geist’, marco inicial do romance alemão moderno. Escreveu mais um estudo profundo de nove volumes sobre o catolicismo romano no sul da Alemanha, entre 1858-1861. Este resumo é para mostrar a posição de Klemperer contrária ao romantismo alemão.

BUCH DER ERINNERUNG

Livro das recorações

Juden in Dresden deportiert, ermordet, verschollen

Judeus de Dresden deportados, assassinados, desaparecidos

1933 -1945 30 A autora traduziu da Enciclopédia Britânica, edição de 1961.

18 Associação cristão-judaica para trabalho conjunto em Dresden, em memória dos desaparecidos

Gesellschaft fur Christlich-Judische Zusammenarbeit Dresden e.V.

Arbeitskreis Gedenkbuch

19

Familie Krumm Ehemann: Siegmund Krumm

Geburtsdatum: 29.09.1894 in Kolomea Ehefrau: Elisabeth, geb. Goldberg Geburtsdatum: etwa 1895 Wohnanschrift: Katechetenstra8e4, SchillstraBe 3, SteinstraBe 2 Kinder: Sigbert, Marion

Siegmund/Samuel Krumm war vermutlich der Inhaber einer Waschefabrik in der Webergasse 26.

Familie Krwawnik Ehemann: Simcha Krwawnik Geburtsdatum: 31.07.1881 in Warschau Ehefrau: Rebekka Geburtsdatum: unbekannt Wohnanschrift: StephanienstraBe 6i Kinder: Hersz, Hilde, Cyrla

Simcha Krwawnik lebte seit dem 9.12.1916 in Sachsen. Er war von Beruf Kurschnermeister and hatte 1932 ein Pelzgeschaft in der Pillnitzer StraBe 33. Die Kinder des Ehepaares, alle in Warschau geboren, waren vermutlich unverheiratet.

Sohn Hersz, geboren am 22.10.1905, lebte seit

Kuhne, Cacilie Cacilie

K a n e ,

geb. Beer

Geburtsdatum: 18.04.1866 in Gollnow Wohnanschrift: AlbrechtstraBe zl/EG

Das Ehepaar Siegmund and Elisabeth Krumm hatte zwei in Dresden geborene Kinder, Sigbert, 1924, and Marion, am 3.05.1929. Am 22.01.1938 feierte Sigbert Krumm seine Bar Mizwah im Gottesdienst nach altem Ritus im Heinrich-Arnhold-Saal in der Moritzstrage lb.

Die Familie musste in das ,,Judenhaus" Steinstra-1 e 2 ziehen. Am 28.10.1938 wurden sie nach Polen abgeschoben.

Dort ist die Familie Krumm verschollen.

dem 30.09.1917 in Sachsen and war von Beruf Chemiker. Seit dem 30.09.1917 lebten Hilde, geboren am 5.07.1908, and

ihre Schwester Cyrla, geboren am 20.10.1913, die als Kontoristin arbeitete, in Sachsen. Es ist unklar, ob Hilde identisch mit Gustafa ist oder es sich um Zwillinge handelt. Am 28.10.1938 wurde vermutlich Rebekka mit den Kindern nach Polen abgeschoben.

Ob Simcha Krwawnik mit dem gleichen Trans-port abgeschoben wurde, ist nicht sicher. Auch er ist verschollen. Nur Rebekka Krwawnik soli von Polen aus emigriert sein.

Cacilie Kuhne ist wahrscheinlich die Schwester von Julie, verheiratete HASENBALG. Sie war in erster Ehe unter dem Namen Glass verheiratet.

Cacilie K a n e musste in das ,,Judenhaus" Cranachstrage 6 ziehen. Von dort wurde sie mit dem Transport V/4 vom 11.08.1942 nach 'I1leresienstadt deportiert and 1st am 18.01.1943 umgekommen.

Familie Kuhnert Ehemann: Willibald Kuhnert Geburtsdatum: 28.07.1885 in Aussig Ehefrau: Edith Hildegard, geb. Teutsch Geburtsdatum: 05.10.1913 in Munchen Wohnanschrift: WeinbergstraBe 4oe ihr Vater: Robert Teutsch, Dr.

ihre Mutter: Hedwig, geb. Hoechstatter Kind: Barbara

Edith Kuhnert war Lehrerin far Franzosisch and Englisch. Sie ist die Schwester von Inge Teutsch, verheiratete Piccot. Als katholisch verheiratete Frau kam Edith Kuhnert mit ihrem Mann, der kaufmannischer Angestellter and Nichtjude war, aus Munchen nach Dresden, was kein Schutz vor den Rassegesetzen bedeutete.

Edith Kuhnert hatte den Deportationsbefehl fur den 16.02.1945 erhalten. Aus Angst vor der Deportation fluchtete sie am 15.02.1945 mit dem am 5.02.1943 in Dresden geborenen Kleinkind Barbara in Richtung Berlin. Mit ihrem Mann warden verschiedene Plane besprochen, um aus Dresden zu entkommen.

Nesta foto são apresentados o tio avô da autora, sua mulher e suas duas filhas. A mais velha delas, Edith Teutsch, casada com Willibald Kuhnert recebeu a carta abaixo copiada, assinada pelo Dr , Erns t Israe l N e u m a r k , s e m p r e c i t a d o p o r K l e m p e r e r . .

: 1 sh4v t i o !k . dar Joden in DcutsC e ld

' t t r der t lnkk Orson Dr , Ernst Israe l N e u m a r k

Bild innen: Familie Justitzrat Dr. RobertTeutsch, ¢I.n.r.: Vater Robert,Inge, Edith, Mutter Hedwig

Bild Folgeseite rechts: Deportationsbescheid zum 16.02.1945 fur Edith Kuhnert, zugestellt am Vormittag des 13.02.1945, so, wie ihn die letzten Dresdner Juden gleichfalls erhielten

Bild Folgeseite innen:

Sterbeurkunde fur Barbara

Kuhnert vom 15.04.1946

1 1111 ueiteu11ueie ratiiiiie aus uer 1Vacnoarscnanbot ihr an, sich bei ihnen zu verstecken. Da aber inder StraRe der Kuhnerts ein Spitzel wohnte, trieb dieAngst Edith Kuhnert weiter. Dieser Gestapospitzelwar bekannt durch seine Denunziationen and seineBeteiligung an Razzien.

Edith Kuhnert soli fiber Radeberg, Grogenhain, inRichtung Elsterwerda zu Fug unterwegs gewesensein. In der Nacht vom 17. zum 18.02.1945 wards sie inZeischa/Bad Liebenwerda von einer Gartnersfamilieaufgenommen, wie ihr Mann Willibald spater erfuhr.Aus Angst vor der Gestapo blieb sie aber nicht.

Am 18.02.1945 wurde der Kinderwagen mit Gepackan einem Fischteich bei Thalberg gefunden. Aus demTeich warden die Leichen von Edith Kuhnert and derTochter Barbara geborgen. Die Todesursache konntenicht geklart werden.

Die Mutter von Edith, Hedwig Teutsch, geborenam 6.03.1888, wurde aus Munchen 1941 nach Rigadeportiert, wo sie vermutlich umgekommen ist.

:; terbeurkunde

(3tanieaarat ; gad I j .ebenwerds 'ar.81; 1944

Die 3arbara F_Uhhert

wo: . ,a4a`t in Dresden, S 23, . ,e in 'bereearaee 4c

ist am 18.Bebcuar 1945 (r,desat:ui,c arbakannt)

i u iaalberg .erstorben rnd nark Be_guicy was

den Teich, _ . e _ '/oche zwisohen d o n 15.und

22.4.1945 . ' " n a l k e r g becraben warden.

Die Verstorbone war geboren an 5.;ebr.ear 1943

in Dresden.

' later : Wil l ibald KUhhert,wohnhaft l a Dresden.

_:utter: ..d1th 'iiidejaz•d Ki'm;er`.,;;c,orr:-,:e 7eute99,

za l e t l t wohaha t in Dresden.

Sad Liebenwerda,der. 15 . ar r i l 1 4 1 .

h e r e t u r w e r , e i r l e r : . -

e e b o f .

Margarethe Kumnitzky, geb. Gottschalk Geburtsdatum: 08.08.1871 in Bernburg/Saale Wohnanschrift: Bautzner Landstra(3e 46

Margarethe Kumnitzky/Kurnitzky war in erster Eheunter dem Namen Edelstein verheiratet. Nach dem

Ehemann: Paul Otto Kupper

Geburtsdatum: 31.03.1883 in Chemnitz Ehefrau: Johanna, geb. Gerson

Geburtsdatum: 04.01.1887 in Dresden Wohnanschrift: Pirnaische StraBe z6/III Kind: Gerhard

20

i !resden, den 12. Februar 1945. NIB. Leughauss t r.3 I Euf -Er .140C2 .

F rau Ed i th Sa ra K 11 h n a r t

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Am 18.02.1945 wurde der Kinderwagen mit Gepack an einem Fischteich bei Thalberg gefunden. Aus dem Teich warden die Leichen von Edith Kuhnert and der Tochter Barbara geborgen. Die Todesursache konnte nicht geklart werden.

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1 cc l i e t t c ' l s c h e , Deems ( Le i ` r e r a de r S t ep r ,deckel ) g e s o h i r r ( T e l l e r and ' p op" a i r . r i n ; -hecher . L i c h t mi tgenoaeen r e - : h _ , . .

7 e r t p a p i e r e , uevi aen , 5 i t r a i e i h l z e r ,

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e r c ^ e r _u _sack our i e r l ' r auen e i . e Semenha- . l t aache nca l na a r h rc3 c r i t -Lch `d r e n . h i e . ._ . L e d a r t t h e r _ h : . r c e t r c : n - . _ "d en .

Der Lebehemi t t e]S la r t enbezug j e t b e i der znc tendigen S t e l l e . f u r den 1 8 . Februar 1945 abemmelden; d i e Abmnldebeechein ig•ung i s t s p s t e a t e n s am F r e i t a g f ruh be i mfr abzugebec . Die j i a i s c h e K a r t c n a t e l l e i s t Dieus t ag den 1 ) . Februa r 1945 b in -Donnerat ag den 15 . l ' eb rua r 1945 von 7-16 I Ih r g e b f f h e t . D ie r e s t l i c h e n Lehenemi t te lkarten Bind h i e r b a i a b z u l i e f e r n .

Ion w i s e naohdruck l i ch da rad f

h i n , dean d i e s e r A u f f o r derung

ungeachte t s l i e r beetehenden

Arbe i teverhdl tn i eae unbedingt

Fo lge zu l e i s t e n i e t , A A d e r n f a l l s

s i^_d e t a a t s p o l i z e i l i c r_e i

aesnahmen z u gee r t i g e n .

Ich b i t t e , mi r den Empfeng d o s e s S c h r e i b e n s a . i f dem unte ren Anhang des_eelben zn b e s t a t i g a n ,

Kumnitzky,

Margarethe Tod ihres ersten Mannes heiratete sie nochmals. Ober ihr Leben ist nurwenig bekannt. Sie musste in das ,,Judenhaus" Altenzeller StraBe 32 ziehen.

Margarethe Kumnitzky soil sich das Leben ge-nommen haben.

Familie

Kupper Johanna Kupper wurde 1939 durch den Raphaels-Verein betreut, der ihr aber offenbar keinen Schutz hot. Johanna Kupperwurde im Marz 1944 in ein Kon-zentrationslager deportiert. Sie ist verschollen.

Ihr nichtjidischer Mann Paul Otto Kupper and Sohn Gerhard, geboren am 2.10.1926 in Dresden, warden 1939 in der Volkszahlung gefiihrt und iber-lebten vermutlich die Verfolgungszeit.. Das Ehepaar hatte fiinf Kinder, die alle in Baut-

zen geboren wurden: Heinrich, am 16.01.1922, Jakob

1 1111 ueiteu11ueie ratiiiiie aus uer 1Vacnoarscnanbot ihr an, sich bei ihnen zu verstecken. Da aber inder StraRe der Kuhnerts ein Spitzel wohnte, trieb dieAngst Edith Kuhnert weiter. Dieser Gestapospitzelwar bekannt durch seine Denunziationen and seineBeteiligung an Razzien.

Edith Kuhnert soli fiber Radeberg, Grogenhain, inRichtung Elsterwerda zu Fug unterwegs gewesensein. In der Nacht vom 17. zum 18.02.1945 wards sie inZeischa/Bad Liebenwerda von einer Gartnersfamilieaufgenommen, wie ihr Mann Willibald spater erfuhr.Aus Angst vor der Gestapo blieb sie aber nicht.

Am 18.02.1945 wurde der Kinderwagen mit Gepackan einem Fischteich bei Thalberg gefunden. Aus demTeich warden die Leichen von Edith Kuhnert and derTochter Barbara geborgen. Die Todesursache konntenicht geklart werden.

Die Mutter von Edith, Hedwig Teutsch, geborenam 6.03.1888, wurde aus Munchen 1941 nach Rigadeportiert, wo sie vermutlich umgekommen ist.

:; terbeurkunde

(3tanieaarat ; gad I j .ebenwerds 'ar.81; 1944

Die 3arbara F_Uhhert

wo: . ,a4a`t in Dresden, S 23, . ,e in 'bereearaee 4c

ist am 18.Bebcuar 1945 (r,desat:ui,c arbakannt)

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den Teich, _ . e _ '/oche zwisohen d o n 15.und

22.4.1945 . ' " n a l k e r g becraben warden.

Die Verstorbone war geboren an 5.;ebr.ear 1943

in Dresden.

' later : Wil l ibald KUhhert,wohnhaft l a Dresden.

_:utter: ..d1th 'iiidejaz•d Ki'm;er`.,;;c,orr:-,:e 7eute99,

za l e t l t wohaha t in Dresden.

Sad Liebenwerda,der. 15 . ar r i l 1 4 1 .

h e r e t u r w e r , e i r l e r : . -

e e b o f .

Margarethe Kumnitzky, geb. Gottschalk Geburtsdatum: 08.08.1871 in Bernburg/Saale Wohnanschrift: Bautzner Landstra(3e 46

Margarethe Kumnitzky/Kurnitzky war in erster Eheunter dem Namen Edelstein verheiratet. Nach dem

Ehemann: Paul Otto Kupper

Geburtsdatum: 31.03.1883 in Chemnitz Ehefrau: Johanna, geb. Gerson

Geburtsdatum: 04.01.1887 in Dresden Wohnanschrift: Pirnaische StraBe z6/III Kind: Gerhard

Bild innen:

Doris Nussenbaum mit

Sonja Sonnenschein and Eva Cohen?, v.r.n.l., zur Chanuk-kafeier 1939; Bildausschnitt

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Max, am 20.06.1924, Siegfried, am 1.12.1925, Isidor, am 2.10.1927, and Doris, am 19.04.1930.

Abraham Nussenbaum musste mit seiner Frau and den Kindern Siegfried, Isidor and Doris am 1.08.1940 Bautzen verlassen and in Dresden in das „Judenhaus" Ziegelstraf3e 41 ziehen.

Am 20./21.01.1942 wurde Samuel Nussenbaum zusammen mit der Familie ins Ghetto Riga deportiert. Nach Auflosung des Ghettos musste er Zwangsarbeit bei ABA, dem Armee-Bekleidungsamt, leisten and wurde von dort am 8.04.1944 in das Konzentrationslager Stutthof transportiert.

Samuel Abraham Nussenbaum ist vermutlich am 5.01.1945 bei Stutthof mit einem Schiff voller Fluchtlinge umgekommen.

Am 1.10.1944 kam Regina Nussenbaum mit ihrer Tochter Doris aus Riga im Konzentrationslager Stutthof an. Dort verstarb Regina Nussenbaum an Hunger, Tochter Doris wurde ermordet.

Mit den Eltern sowie den Geschwistern Isidor and Doris wurde Siegfried am 20./21.01.1942 nach Riga deportiert. Siegfried and Isidor befanden sich zuerst in Riga-Spilve. Von 1943 bis 1944 waren die Bruder im KZ Kaiserwald and von dort wiederum in Spilve, wo sie Zwangsarbeit leisten mussten.

Am 1.10.1944 wurden sie nach Stutthof deportiert

und befanden sich im AuEenlager Burggraben in der Nahe von Danzig, wo sie in den U-Boot-Werken Schischan Zwangsarbeit leisteten. Iin Januar 1945 mussten sie aus Stutthof auf den Todesmarsch nach Ruben bei Lauenburg in Pornmern. Siegfried wurde von einem Soldaten erschlagen. Isidor erlebte am 10.03.1945 die Befreiung.

Bruder Heinrich gelang die Emigration. Er diente in der US-Armee and holte Werner v. Braun in die USA.

Jakob Max gelangte mit der Organisation HIAS, einer judischen Hilforganisation, am 27.08.1939 in die USA, wo er ebenfalls in der US Army diente.

Rudolf Oelsner war Blumenfabrikant. Seine Frau starb am 17.08.1934. 1939 zog Rudolf Oelsner nach Berlin, zuletzt in die Grog e Hamburger StraSe.

Von dort wurde er mit dem Transport 1/2 am 4.06.1942 nach Theresienstadt deportiert, wo Rudolf Oelsner am 16.09.1942 umkam.

Familie Ogrodek Ehemann: Hersch/Hans Ogrodek Geburtsdatum:

20.08.1901 in Warschau Ehefrau: Dora, geb. Sander

Geburtsdatum: 03.06.1908 in Dresden Wohnanschrift: GneisenaustraBe g/II sein Vater: Gutmann Ogrodek seine Mutter: Bluma, geb. Lustiger Kinder: Manfred, Detlef

Hersch/Hans Ogrodek lebte seit 31.03.1920 in Sachsen. Er kam aus Sosnowice nach Dresden, wo seine Eltern lebten. Er heiratete Dora Sander am 1.04.1930 in der Synagoge.

Hersch Ogrodek arbeitete als Schneider and als Kaufmann. Seine Frau Dora starb bereits am 22.09.1941 an Krebs. Im Verzeichnis judischer gewerblicher Betriebe ist 1938 unter seinem Namen ein Handel mit Web-, Woll- and Weil waren Altmarkt 15 genannt and die Wohnung mit Reif3iger Straf3e 50 angegeben.

Mit den Sohnen musste Hersch Ogrodek in das ,,Judenhaus" ZiegelstraEe 41 and Steinstra1 e 2 zie-

hen. Von dort warden sie am 20./21.01.1942 nach Riga deportiert. Hersch Ogrodek musste wahrend des Transportes bei strengem Frost nackt im Schnee stehen, well er gegen das Aussteigeverbot verstieS den Zug zum Wasser holen verlassen hatte.

Nach Auflosung des Ghettos am 14.11.1943 wurde Hersch Ogrodek in das Konzentrationslager lliihlgraben and am 15.09.1944 weiter in das Konzentrationslager Stutthof deportiert.

Oelsner, Rudolf TAMBÉM

PARENTE DA AUTORA Rudolf Oelsner Geburtsdatum: 02.12.1864 in Breslau Wohnanschrift: Ludendorffufer 25,

S h l t t B 28/I

Bild innen:

Dora Ogrodek mit den Sohnen Manfred und Detlef, im Wagen

24

Voß, Kathe – personagem importante na vida do casal Klemperer Kathe VoB, geb. Joachimsthal Geburtsdatum: 11.03.1882 in Dresden Wohnanschrift: Bernhardstraf3e 1, Reichenbachstral3e 72

Kathe Voß war spatestens 1928 verwitwet. Ihr Mann war Fabrikbesitzer oder Versicherungsdirektor. Sie wohnte von 1937 bis 1939 in ihrem eigenen Haus

Familie Wachs Ehemann: Hermann Wachs Geburtsdatum: unbekannt Ehefrau: Perla, geb. Kopf

Geburtsdatum: 25.11.1910 in Kalisch Wohnanschrift: MosczinskystraBe 8, Serrestral3e 12

ihr Vater: Moritz Kopf ihre Mutter: Nelli, geb. Lewin Kind: Harry

Familie Wachtel Ehemann: Chaskiel Wachtel Geburtsdatum: 21.12.1898 in Roswadow Ehefrau: Berta, geb. Nagler Geburtsdatum: unbekannt Wohnanschrift: Kleine Brudergasse io/I

Kinder: Julius, Minna, Josef

Chaskiel/Szrage Wachtel lebte seit dem 15.04.1924 in Deutschland. Er soil bereits 1922 Berta Nagler in Dresden geheiratet haben.

Familie Wagenberg Ehemann: David Wagenberg

Geburtsdatum: 12.12.1884 in Kolomea Ehefrau: Fanny, geb. Kranzler Geburtsdatum: unbekannt Wohnanschrift: Grunaer StraBe 15 Kind: Isabella

Wainer, Judith Judith Wainer Geburtsdatum: 08.03.1892 in Wilna/Litauen Wohnanschrift: GroBe Plauensche StraBe zo/II, AmmonstraBe 56b

Judith Wainer befand sich in Deutschland seit dem 23.03.1917. Tauba Wainer, geboren am 20.02.1882, stammt wie Judith Wainer aus Wilna/Litauen. Beide

Familie Wainer, Isaak Ehemann: Isaak Wainer Geburtsdatum: 27.02.1876 in Wilna/Litauen Ehefrau: Paula, geb. Grajewski Geburtsdatum: 09.04.1896 in Munchen Wohnanschrift: FlemmingstraBe 9, CranachstraBe 6 Kinder: Erwin, Rosa

ReichenbachstraI,e 72. Kathe Voß musste in die ,,Judenhauser" Caspar-David-Friedrich-Strage 15 and 1942 in die Altenzeller Stralße 41 ziehen.

Am 23./24.11.1942 wurde Kathe Voß in das „Judenlager Hellerberg" in Dresden and am 2./03.03.1943 nach Auschwitz deportiert. Sie soli sofort ermordet worden sein.

Perla konnte die Schwester von Bertha, verheiratete Wallerstein, sein. Perla Kopf heiratete in Dresden am 20.02.1932. Das Ehepaar hatte einen Sohn Harry, der am 22.07.1932 in Dresden geboren wurde. Am 28.10.1938 wurde die Familie nach Polen

abgeschoben and gilt seitdem als verschollen.

Eine weitere Quelle gab an, dass das Ehepaar mit dem Sohn nach Osterreich gelangte.

25

Es ist unklar, ob das Ehepaar zwei oder drei Kinder hatte. Julius konnte Julius Josef geheigen haben. Chaskiel Wachtel arbeitete als Handler. Am 27.05.1932 wurde bereits ein Ausweisungsverfahren wegen Widerstandes angestrebt, das mit einer Amnestie vom 28.04.1933 aufgehoben wurde.

Am 28.10.1938 wurde Chaskiel Wachtel nach Polen abgeschoben and gilt seitdem als verschollen. Seiner Familie gelang die Emigration.

David Wagenberg war verheiratet mit Fanny, geborene Kranzler, die vom 24.08.1888 bis zum 8.04.1935 in Dresden lebte. Am 28.10.1938 wurde er nach Polen abgeschoben and gilt seitdem als verschollen.

Tochter Isabella, geboren am 27.02.1921 in Dresden, konnte emigrieren.

kamen nach Deutschland and konnten Geschwister sein. Tauba verstarb 1940. Judith Wainer war als Verkauferin tatig. In der Ammonstral3e 56b wohnte sie bei Familie Goldmann. Judith Wainer wurde in

das ,,Judenlager Hellerberg" in Dresden am 23./24.11.1942 deportiert, von dort am 2./3.03.1943 nach Auschwitz.

Vermutlich ist sie in Auschwitz umgekommen.

Isaak Wainer/Weiner arbeitete als Buroangesteller. Er lebte seit dem 1.11.1915 in Sachsen. Am 10.08.1918 heirateten Isaak Wainer and Paula Grajewski.

Bereits 1939 mussten sie in das spatere ,,Judenhaus" Cranachstra1 e 6 ziehen. Am 28.07.1942 war-den sie mit dem Transport V/3 nach Theresienstadt deportiert.

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