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AVALIAÇÃO DO PROJETO DE SUBSISTEMAS VEICULARES NO ÂMBITO DA MANUTENIBILIDADE
Autores: Fabio Rodrigues de Azevedo Vitor Trigo Girardi Orientador: Roberto César Fernandes Sacramento
Salvador, Junho de 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ENG 312 – PROJETOS MECÂNICOS I
2
RESUMO
Este trabalho acadêmico visa aumentar a compreensão sobre a influencia do projeto na
manutenibilidade, vislumbrar o impacto da má manutenibilidade na sociedade e conscientizar
acerca do papel do engenheiro neste imbróglio. Para tanto foi escolhido dentre alguns
subsistemas o sistema de embreagem do FIAT Palio. Após estudos sobre o sistema o
processo de manutenção foi abordado e foi estabelecido um comparativo em relação ao
sistema no Chevrolet Corsa e no Chevrolet Monza. Por fim levantamos o custo das falhas de
projeto na sociedade.
Palavras chaves: Projeto mecânico, Manutenibilidade, Manutenção, Embreagem, Índice de manutenibilidade
3
ABSTRACT
This academic research has the objective to enhance our comprehension of serviceability,
highlight the issues regarding bad maintenance and show the engineers their role in this matter.
For that reason this study chose the clutch system of a FIAT Palio. After the study of the clutch
system a benchmark was made regarding the maintenance process with the Chevrolet Corsa
and the Chevrolet Monza. As a support for this study the costs that are related were established
and measured so that their influence on society could be shown
Keywords: Mechanical Project, Maintainbility, Maintenance, Clutch, Maintainbility index
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ÍNDICE 1-INTRODUÇÃO 07 2-OBJETIVO 09 3-METODOLOGIA 10
4-DELIMITAÇÃO DO TEMA 11
6 PROCESSO DE MANUTENÇÃO 22
6.1 ETAPAS DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO 23 6.1.1 DIAGNÓSTICO 23 6.1.2 ORÇAMENTO 24 6.1.3 DESMONTAGEM 24 6.1.4 INTERVENÇÃO OU AJUSTE 27 6.1.5 REMONTAGEM 31 6.1.6 TESTES 31 6.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS 31
7-AVALIAÇÃO DA MANUTENABILIDADE 37
7.1 INTRODUÇÃO 37 7.2 ANÁLISE DA MANUTENABILIDADE DA EMBREAGEM DO PALIO 37 7.1.1 QUANTO À FORMA DE USO DO EQUIPAMENTO 38 7.1.2 QUANTIDADE, DISPONIBILIDADE E CUSTO DE PEÇA SOBRESSALENTE NO MERCADO 39 7.1.3 QUANTIDADE, DISPONIBILIDADE, EXCLUSIVIDADE E CUSTO DE FERRAMENTAS REQUERIDAS 40 7.1.4 CUSTO DE MÃO DE OBRA 41 7.1.5 ROBUSTEZ DO EQUIPAMENTO 41 7.1.6 ERGONOMIA PARA A MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO 44 7.2 PONDERAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS 44
8-CUSTO BRASIL 46
9- CONCLUSÃO 48 10- REFERENCIAS 49
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Intervenção de manutenção Figura 2 – Impacto de deficiencias de manutenibilidade na sociedade Figura 3 – Embreagem conica (Shigley, 2006) Figura 4 – Embreagem de correia com variador de relação Figura 5 – Embreagem de aro interno expansível centrifuga Figura 6 – Embreagem de aro externo contratil centrifuga (HowStuffWorks, 2001) Figura 7 – Modo de funcionamento da embreagem de discos automotiva Figura 8 – Elementos constituintes da embreagem automotiva Figura 9 – Platô de embreagem em corte (Sachs, 2006) Figura 10 – Volante do motor (os dentes são para o tacômetro) Figura 11 – Disco de embreagem em corte (Sachs, 2006) Figura 12 – Superfície de atrito Figura 13 - Embreagem comum Figura 14 - Manutenção do Palio e Corsa Figura 15 - Manutenção do Monza Figura 16 - Ferramenta para retroceder o eixo primário da caixa de marcha do Monza Figura 17 - Parafusos do Platô Figura 18 - Platô e disco Figura 19 - Eixo de alinhamento Figura 20 - Retirando a Pinça Figura 21 - Pinça e colar Figura 22 - Eixo primário da caixa de marcha Figura 23 - Chaves Compostas Figura 24 - Chaves Biela Figura 25 - Chaves Allen Figura 26 - Chaves Torx Figura 27 - Chaves de Fenda Figura 28 - Jogo de soquetes Figura 29 -: Eixo auxiliar para alinhar o disco Figura 30 - Grampos para prente molas do platô (Monza) Figura 31 - Ferramenta para retroceder o eixo primário da caixa de marcha do Monza Figura 32 - Disco de embreagem do Corsa Figura 33 - Disco de embreagem do palio
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Análise da Junta Versus Embreagem Tabela 2 – Custo por Quilometro Tabela 3 – Embreagem Patina Tabela 4 – Embreagem Trepida Tabela 5 – Embreagem com ruído Tabela 6 – Custo do Kit de Embreagem Tabela 7 – Análise do ferramental Tabela 8 - Custo de mão de obra Tabela 9 – Dados de Robustez Tabela 10 – Custo de mão de obra Tabela 11 – Análise final Tabela 12 – Fatia do mercado em 2006 Tabela 13 – Preço por quilômetro
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1- INTRODUÇÃO Elaborado a pedido do Prof. Roberto César Fernandes Sacramento no contexto da
disciplina ENG312 – Projetos Mecânicos I oferecida pelo DEM ao curso de Engenharia
Mecânica da UFBA, este trabalho teve como foco a manutenibilidade1 de subsistemas, tais
como freios, suspensão e transmissão, em veículos populares e os fatores de projeto que a
afetam. A manutenibilidade é um dos fatores de projeto mais negligenciados, porém é um dos
fatores mais importantes para o usuário final (Sacramento, 2008) especialmente para aqueles
mais pobres uma vez que para estes não há alternativa que não a espera pela intervenção no
bem. Sob outro prisma, há o impacto da falta de atenção com a manutenibilidade na sociedade
como um todo uma vez que uma maquina inoperante é sinônimo de prejuízo. É premente,
portanto, a necessidade de conscientizar o engenheiro sobre o impacto de suas falhas na
sociedade e nos indivíduos menos favorecidos.
No caso dos automóveis, as condições severas (ambientais e dinâmicas) a que são
submetidos fazem com que o intervalo entre as manutenções, decorrente do MTBF2 menor,
diminua em relação a outras maquinas. Este fator somado a grande quantidade de
subsistemas torna a manutenibilidade destes ainda mais critica uma vez que mais peças
implicam estatisticamente em maiores probabilidades de falha e estas falhas geralmente
resultam em intervenções. E esta tendência a falha aumenta ao longo do tempo de uso,
portanto recai sobre os proprietários subseqüentes o maior ônus devido a falhas de projeto
1 Manutenibilidade ou mantenabilidade é segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (apud Lafraia, p.86), a qualidade das feições e características combinadas do projeto de equipamentos que permite ou realça a realização de manutenção por pessoal de média especialização sob as condições naturais em que irá operar. 2 “MTBF ("Mean Time Between Failures") ou período médio entre falhas é um valor atribuído a um determinado dispositivo ou aparelho para descrever a sua fiabilidade. Este valor atribuído indica quando poderá ocorrer uma falha no aparelho em questão.” (Wikipédia, 2008)
8
(Sacramento, 2007). Em geral estes são os maiores prejudicados por estas falhas e os que têm
menos condições de lidar com elas. Além disso há todo o custo destas falhas para a sociedade
como um todo devido a cadeia de eventos desencadeada pela quebra do veiculo pois além do
custo da manutenção há a alteração da rotina do individuo que deixa de efetuar tarefas e
consumir, o que afeta a sociedade como um todo corroborando com o raciocínio de que é
preciso atentar para o papel social da engenharia (Sacramento, 2008).
Fazem-se necessárias otimizações de projeto visando melhorias de acessibilidade,
redução do numero de ferramentas utilizadas e simplificação do diagnostico que provavelmente
impactaram pouco no custo final do produto porém diminuirão significativamente o custo deste
durante sua vida útil
Desta forma sob a orientação do Prof. Roberto César Fernandes Sacramento elaboramos
este trabalho que nos permitiu vislumbrar as questões supracitadas, meios para corrigi-las com
base nos conhecimentos adquiridos no curso de Eng. Mecânica e um entendimento maior
acerca da manutenibilidade de projetos.
Figura 1 - Intervenção de manutenção
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2- OBJETIVO Conforme indicado por nosso orientador, o trabalho teve com base veículos populares
focando sistemas com intervenções freqüentes. Dentre estes deveríamos selecionar aquele
mais critico em termos de ônus para o proprietário, determinar os motivos da deficiência de
manutenibilidade daquele item e estabelecer um comparativo baseado no sistema de notas,
com o mesmo item em outro veiculo popular. Por fim nossa tarefa seria sugerir alterações de
projeto que melhorassem a manutenibilidade do sistema em questão. Um segundo objetivo
seria a percepção do
papel social do
engenheiro devido ao
custo dos seus
projetos para a
sociedade em geral.
Figura 2 - Impacto de deficiencias de manutenibilidade na sociedade
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3-METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho foi adotada a premissa que este grupo iria pesquisar
itens críticos para a manutenção relacionados ao conjunto motriz do veículo Palio da marca
FIAT. Com esta premissa em mente foram visitadas 3 oficinas para ser realizada uma pesquisa
de campo com o intuito de focar nos itens críticos para a manutenibilidade do automóvel
escolhido. Após esta pesquisa os dados foram compilados e foram escolhidos 3 defeitos
mencionados pelas 3 oficinas abordadas. Para delimitar a pesquisa foram adotados critérios e
com isto chegamos a um único item no qual aprofundamos o estudo revisitando as oficinas e
com isto pode ser feito uma análise comparativa com outro automóvel da mesma categoria e
uma solução diferente encontrada na pesquisa.
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4-DELIMITAÇÃO DO TEMA
Com a premissa de estudar a Manutenibilidade do trem de força do veículo Palio foram
visitadas três oficinas:
• Frank & Tony;
• Americar;
• Oficina do Osvaldo.
Nestas três oficinas foram levantados os defeitos segundo três critérios:
• Freqüência do defeito;
• Custo da intervenção;
• Tempo de intervenção.
Com os defeitos levantados foi compilada uma lista com os três defeitos que foram
observados na pesquisa das três oficinas. São Eles:
• Carbonização do Motor;
• Vazamento de óleo na junta da tampa de válvulas;
• Desgaste do conjunto de embreagem.
O primeiro critério adotado para a delimitação do tema foi em relação com o projeto. Este
critério foi adotado, pois o trabalho foi proposto para evidenciar solução de projeto que
melhorem a Manutenibilidade.
Este primeiro critério evidenciou que o problema da carbonização do motor deve ser
descartado da pesquisa, pois ele acontece basicamente por causa da falta de manutenção
adequada pedida no manual do carro ou combustível adulterado.
Os três critérios complementares foram aplicados simultaneamente nos dois defeitos
restantes resultando na tabela 1:
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Junta EmbreagemFrequência do defeito 20.000 KM 40.000KM
Custo da intervençãoR$16,00 +
Mão de obraR$254,50 + Mão
de obraTempo de intervenção 20 MIN 240 MIN
Tabela 1: Análise da Junta Versus Embreagem
Para uma melhor análise dos dados foi elaborado um cálculo analisando custo por
quilômetro rodado. Para este fim foi pesquisado o valor médio do custo de mão de obra e foi
encontrado que para as concessionárias o valor médio é de R$100,00 por hora enquanto nas
oficinas multimarcas gira em torno de R$50,00 por hora. Para a elaboração deste cálculo foi
adotado o valor das oficinas multimarcas. O cálculo foi feito usando a fórmula e evidenciado na
tabela 2:
Custo por Quilometro = Custo da intervenção
Freqüência da intervenção
Junta EmbreagemCusto por Kilômetro 0,001633 0,0113625
Tabela 2: Custo por Quilometro
Como pode ser verificado na tabela o custo para a manutenção da embreagem é sete
vezes maior do que o custo para a manutenção da junta da tampa de válvula.
Outro item interessante de ser verificado, mas que não entrou como critério, é o tempo
que o cliente vai ficar sem o carro. Este item é importante de ser verificado, pois o cliente
necessita de locomoção e quanto maior o tempo que o carro fica imobilizado mais o cliente irá
gastar com outras formas de transporte sendo que ele pode vir a economizar se ele escolher
andar por transporte público (ônibus, metrô, trem e etc.) ou pode vir a gastar mais ao utilizar
um transporte particular (taxi, carro alugado e etc.). Neste caso a cada 40.000 quilômetros o
carro estudado permanecerá na oficina para a manutenção da junta da tampa de válvula 40
minutos enquanto que para a troca da embreagem o carro fica imobilizado durante 240
minutos, portanto neste caso a embreagem também é mais crítica.
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Ao final destas análises podemos observar que dentre os três itens resultantes da
pesquisa o mais crítico e o que será ser abordado a fundo neste trabalho é o desgaste do
conjunto de embreagem do Palio. Para eliminar erros devido a várias mudanças no projeto do
mesmo resolvemos focar a análise nas embreagens do Palio dos anos 2005 e 2006 que são
exatamente os modelos que estão passando pelos 40.000 quilômetros e sofrendo manutenção.
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5 – A EMBREAGEM 5.1 - INTRODUÇÃO A embreagem é o elemento de maquina que permite a união de arvores que estejam
girando em velocidades angulares distintas transmitindo momento angular de forma gradual até
que ambas tenham a mesma velocidade angular.
Elas podem ser cônicas, em disco (ou axiais), de cinta e de aro com sapatas internas
expansíveis ou externas contrateis (Shigley, 2005) e são utilizadas no nosso cotidiano em
objetos como furadeiras, serras e até mesmo ioiôs (Howstuffworks, 2008). Nas embreagens
cônicas dois troncos de cone, um chamado copa no qual é inserido o outro chamado cone,
avançam um contra o outro no seu eixo de
simetria de forma a se acoplarem pelas
extremidades.
Este arranjo tem grande capacidade de
transmitir torque. Esta capacidade advém da
diminuição do ângulo do cone em relação ao eixo
até o limite de 8° (SENAI, 96). Porém ela ocupa
um muito volume e tem muita inércia rotacional
devido a sua concentração de massa nas
extremidades. As embreagens de cinta baseiam-
se basicamente no deslizamento de correias ou
cintas sobre polias ajustáveis. Desta forma
quando o intuito é desacoplar os eixos a polia é ajustada de forma a diminuir a tensão na
Figura 3 - Embreagem conica (Shigley, 2006)
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correia e vice-versa para acoplá-los. A
maior desvantagem neste caso é o
desgaste excessivo das correias e as
vantagens são a praticidade, o peso
reduzido e a possibilidade de variação
da relação de marcha (CVT3). As
embreagens de aro que se baseiam
em contato tangencial e são
subdivididas em aro interno expansível e aro externo contrátil. As de aro interno expansível são
bastante difundidas principalmente pela característica favorável da atuação da força centrifuga
possibilitando o acoplamento baseado apenas na rotação.
Neste elemento, o acoplamento é
efetuado quando o material de atrito no interior
do mecanismo é impelido contra o aro externo.
Além de centrifugas estas embreagens podem
ser também de anel expansível, magnéticas,
hidráulicas e pneumáticas. Como vantagens há
a grande capacidade de transmissão de torque e
as dimensões reduzidas do mecanismo e as
desvantagens são a dificuldade de desacoplar
um eixo em movimento e o grande momento polar de inércia. Nas embreagens de aro externo
contrátil acontece o inverso; o anel externo é que
possui o elemento de atrito e desta forma, é
conduzido ao aro interno por meio de forças hidráulicas, pneumáticas ou centrifugas. Em
relação à solução anterior esta tem como vantagens a redução da inércia rotacional e a
facilidade de acoplamento “a quente” uma vez que é muito mais fácil lidar com a pressão
positiva do fluido devido força centrifuga do que vencer esta mesma força com vácuo que é a
3 “Continuously variable transmission (CVT) é um tipo de caixa de marchas utilizada em veículos de passeio que simula uma quantidade infinita de relações de marcha, uma vez que funciona com dois cones em vez de engrenagens com determinados tamanhos. Além da aceleração contínua, o sistema CVT, proporciona economia de combustível em relação a todos os outros sistemas anteriores. Sejam sistemas automáticos ou manuais. É a evolução do câmbio automático. No Brasil é usado em carros da marca Honda, Nissan e outras. Também é utilizado em motocicletas.” (Wikipédia, 2008)
Figura 4 - Embreagem de correia com variador de relação
Figura 5 - Embreagem de aro interno expansível centrifuga
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principal causa da dificuldade de
desacoplamento das embreagens de aro
externo. As embreagens de disco terão
um capitulo próprio por serem as mais
comuns nos carros e o escopo do
trabalho.
Figura 6- Embreagem de aro externo contrátil centrifuga (HowStuffWorks, 2001)
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5.2 – A embreagem de disco A embreagem de disco é o acoplamento mais comumente usado em automóveis. Em
relação as soluções anteriores as maiores vantagens são a independência de efeitos
centrífugos, a grande área ficcional em pequenos espaços, maior área de dissipação de calor e
uma distribuição uniforme de pressão sobre a área de contato (Shigley, 2005) além de
possuírem molas que absorvem vibrações que de outra maneira, seriam transmitidos aos
ocupantes do veiculo. A maior desvantagem é o gradiente de desgaste das extremidades
atritantes em relação aos pontos mais próximos ao centro.
Figura 7 - Modo de funcionamento da embreagem de discos automotiva
18
Figura 8 - Elementos constituintes da embreagem automotiva
Este problema é contornado diminuindo a distancia radial entre o começo e o fim da superfície
de contato e utilizando molas de forma a uniformizar a pressão de contato. Os elementos que
compõem a embreagem de disco automotiva são:
• Platô de embreagem - É a peça que atua no acoplamento e desacoplamento do disco de
embreagem. Ela é constituída por uma base (chamada placa de pressão) de aço com
elevada dureza, usinado, cuja superfície é sujeita ao atrito do disco. Um corpo ou
carcaça geralmente em aço forjado que contém todos os elementos sobre o qual
atuam as laminas de molas (molas membrana) que ao serem solicitadas axialmente
promovem o desacoplamento através da mola de retrocesso. Essas membranas são
articuladas pelo cordão da placa (ZF DO BRASIL LTDA., 2005) apud (Rodrigues,
2007).
Figura 9 - Platô de embreagem em corte (Sachs, 2006)
19
• Volante do motor – Elemento que transmite o torque do virabrequim para disco de
embreagem. Possui também a função de regularizar a marcha lenta do veiculo
conservando o momento angular do motor no período entre as explosões dos cilindros.
Geralmente é uma placa circular de aço comum com uma das superfícies tratadas
termicamente ou revestida com um metal de elevada rigidez para que possa resistir ao
elevado desgaste por atrito a que é submetido.
Figura 10 - Volante do motor (os dentes são para o tacômetro)
• Disco de embreagem – É o elemento intermediário entre o volante e o platô. É
constituído de um cubo que é um eixo estriado de aço, um disco de torção, em aço
estampado, que é fixado ao cubo por um lado e na guarnição pelo outro e tem seus
lados sincronizados por molas helicoidais e a guarnição que possui um disco rígido
revestido por molas de chapa (responsáveis por absorver vibrações axiais) dos dois
lados. As chapas por sua vez são cobertas por um material de características especiais
como elevado coeficiente de atrito, resistência a altas temperaturas, baixo coeficiente
de dilatação térmica, baixo desgaste e alta condutividade térmica. Usualmente são
“fibras (orgânicas e inorgânicas) e fios metálicos impregnados em uma mistura de
resina borrachas e cargas diluídas em solvente orgânico.” (Rodrigues, 2007)
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Figura 11 - Disco de embreagem em corte (Sachs, 2006)
• A interface do conjunto com o usuário é feita pelo garfo ou pinça e um rolamento para
embreagens. O garfo transmite a atuação para o rolamento que faz o contato com as
molas do platô de embreagem. O fato de haver um rolamento minimiza o atrito e
conseqüentemente o desgaste das molas e do garfo.
Por ser um elemento sujeito a desgaste permanente, a manutenção deste item
geralmente tem grande periodicidade. Porém há casos em que este intervalo pode ser
ampliado As principais variáveis de projeto que interferem na vida útil de uma embreagem são:
� O material de atrito utilizado – Há uma ampla gama de materiais utilizados indo desde
couro nos modelos antigos até cerâmica ou carbono em alguns modelos atuais.
� A espessura da camada de atrito – Uma vez que quanto maior a espessura maior o
tempo de operação
� O torque do motor – Uma embreagem submetida a um torque para o qual não foi
concebida patina e ao fazê-lo se desgasta com grande rapidez
� O peso do veiculo – Quanto maior a inércia mais energia o eixo motriz tem que absorver
para igualar a rotação das arvores. Como a embreagem é o ente responsável pela
equalização, será mais solicitada com o aumento do peso.
� O diâmetro da embreagem – A força de atrito necessária para girar diminuirá com o
aumento do diâmetro devido à ampliação do torque resultante no eixo seguinte.
� Ergonomia da interface com o usuário – O posicionamento ergonômico dos pedais em
relação ao motorista e a existência de pontos de descanso e apoio dos pés inibe o
repouso do pé do motorista na embreagem.
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� Existência de estrias na superfície atritante e o formato destas – A existência de
ranhuras facilita a retirada do material desgastado da superfície do disco e seu formato
pode facilitar ou dificultar isto.
Figura 12 - Superficie de atrito
As formulas que permitem o calculo da força e torque embreagem de discos com molas são:
; onde F é a força atuante, Pa é a pressão de contato, D diâmetro
externo do ente atritante e d o diâmetro interno deste elemento.
; com T sendo o toque transmitido, F a força atuante, f o coeficiente de atrito,
D diâmetro externo do ente atritante e d o diâmetro interno deste elemento.
Usaremos estas formulas posteriormente na avaliação dos sistemas que escolhemos.
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6 PROCESSO DE MANUTENÇÃO
O Processo de Manutenção é dividido em seis etapas são elas:
• Diagnóstico
• Orçamento
• Desmontagem
• Intervenção ou Ajuste
• Remontagem
• Testes
Sendo este último, os testes, podendo ser feito tanto no fim do processo como depois da
intervenção dependendo do equipamento que sofre a manutenção.
Para o estudo foi feito o mapeamento do processo de manutenção de embreagem em três
automóveis. O primeiro estudado foi o Palio ano 2005 e 2006 que foi o objeto de estudo da
equipe. Os outros dois foram estudados para efeito de comparação.
Durante o estudo do processo de manutenção de embreagem dos três veículos
verificamos que a manutenção do Palio ano 2005 e 2006 é similar à manutenção do Corsa,
mudando apenas quantidade de parafusos e dimensão de chaves utilizadas. A manutenção do
Monza revelou um sistema diferente e simples para a manutenção caracterizando assim a sua
necessidade de estar neste estudo.
23
6.1 ETAPAS DO PROCESSO DE MANUTENÇÃO
6.1.1 DIAGNÓSTICO
A etapa do diagnóstico pode ser dividida em três partes. Primeiramente o cliente
comunica a sua sensação do problema pois ele não tem conhecimento técnico. Em seguida o
técnico interpreta as informações que o cliente forneceu e transforma em defeitos possíveis.
Como etapa final o técnico faz perguntas para eliminar algumas possibilidades restantes,
ficando assim, com o provável defeito do equipamento.
Para a o diagnóstico de defeitos em embreagens são utilizadas as seguintes tabelas:
Tabela 3: Embreagem Patina
Tabela 4: Embreagem trepida
Tabela 5: Embreagem com ruído
24
6.1.2 ORÇAMENTO
Esta segunda etapa é onde o técnico analisa o custo do defeito para fornecer ao cliente
o orçamento inicial do custo aproximado do reparo baseado no defeito que foi averiguado.
Caso seja aceito passa-se para a próxima etapa.
6.1.3 DESMONTAGEM
A desmontagem consiste em retirar todos os outros componentes que interferem no seu
acesso ao componente a ser trocado ou ajustado. Este item é crítico para o tempo requerido
durante a manutenção e é responsável por grande parte do custo de mão de obra.
Nesta etapa podemos diferenciar o Palio e o Corsa do Monza devido ao processo adotado
durante a desmontagem. Primeiramente iremos mostrar o processo para a desmontagem do
Palio e Corsa.
• Desligar a bateria
• Colocar o veículo no elevador
• Retirar a Bandeja protetora do motor
• Retirar o pneu dianteiro esquerdo (lado do motorista)
• Desarmar a suspensão dianteira esquerda (lado do motorista)
• Retirar o Motor de arranque
• Retirar a ligação da alavanca de marcha da caixa de marcha
• Drenar o óleo da transmissão
• Desarmar o junta homocinética da semi arvore
• Retirar a semi arvore
• Folgar os parafusos da caixa de marcha retirando-a (são necessárias três pessoas
para retirar a caixa de marcha devido ao peso)
Com estas etapas concluídas você tem acesso à embreagem do Palio e do Corsa. Esta
grande quantidade de desmontagens se deve a necessidade da retirada da caixa de marcha
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para ter acesso à embreagem e para retirar a caixa de marcha é necessário desmontar tudo
entre a roda e a caixa de marcha. Este processo completo demora em torno de 110 minutos.
Figura 13 - Embreagem comum
No Palio e no Corsa o conjunto de embreagem fica enclausurado dentro de um
compartimento intermediário entre o motor e a caixa de marcha por este motivo existe a
necessidade de retirar a caixa de marcha para ter acesso à embreagem.
No caso do Monza este compartimento que comporta a embreagem possui dois
dispositivos que possibilitam que a embreagem seja trocada sem retirar a caixa de marcha.
Primeiramente o compartimento no qual a embreagem fica alocada possui uma janela para a
manutenção, o acesso à embreagem é feita soltando alguns parafusos e retirando a cobertura
da janela. O segundo item que possibilita esta diferenciação se refere ao eixo primário da caixa
de marcha que se retrai para dentro da caixa de marcha quando é utilizada uma ferramenta
especial.
Esta diferenciação do Monza pode ser visualizada na figura abaixo:
Figura 14 - Manutenção do Palio e Corsa
Motor
Transmissão
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Figura 15 - Manutenção do Monza
Esta facilidade utiliza o seguinte processo de desmontagem:
• Desligar a bateria;
• Colocar o veículo no elevador;
• Retirar os parafusos da janela de manutenção e retirar a tampa;
• Retroceder o eixo primário da caixa de marcha usando uma ferramenta especial.
Figura 16 - Ferramenta para retroceder o eixo primário da caixa de marcha do Monza
Com uma simples mudança de conceito passamos de 11 etapas demoradas para 4
etapas para ter acesso à embreagem. Ao mesmo tempo deixamos de gastar 110 minutos para
gastar apenas 35 minutos para ter acesso à embreagem.
Motor
Transmissão Embreagem
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6.1.4 INTERVENÇÃO OU AJUSTE
Nesta etapa são feitos os ajustes e trocas de peças defeituosas.
O caso estudado foi a troca do kit de embreagem completo. Para este processo são
usadas as seguintes etapas no Palio e no Corsa:
• Desparafusar o platô do volante;
Figura 17 - Parafusos do Platô
• Retirar o platô e o disco;
Figura 18 - Platô e disco
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• Posicionar o eixo referência para alinhamento do disco novo com o volante;
Figura 19 - Eixo de alinhamento
• Posicionar o disco;
• Posicionar o platô sobre o disco;
• Aparafusar o platô no volante;
• Retirar o eixo para referência de alinhamento;
• Retirar a pinça da entrada da caixa de marcha;
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Figura 20 - Retirando a Pinça
• Retirar o colar do eixo primário da caixa de marcha;
Figura 21 - Pinça e colar
• Posicionar o colar novo no eixo primário da caixa de marcha;
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Figura 22 - Eixo primário da caixa de marcha
• Recolocar a pinça da entrada da caixa de marcha.
A intervenção no Monza é similar, porém com duas pequenas diferenças. Primeiramente
é necessário grampear o platô em três pontos para evitar que ao soltar os parafusos do platô
ele danifique algum componente devido à pressão da mola. O segundo ponto se deve a falta
de necessidade de um eixo auxiliar para alinhar o disco, pois o eixo primário da caixa de
marcha pode ser estendido para o seu lugar de origem e alinhar o disco antes de aparafusar o
platô em cima dele. O Processo fica desta forma:
• Pisar na embreagem e utilizar grampos especiais para grampear o as molas do platô
em três pontos;
• Desparafusar o platô;
• Retirar o disco e o platô;
• Retirar o colar da pinça;
• Posicionar o novo colar;
• Posicionar o Disco e o Platô;
• Estender o eixo primário da caixa de marcha para alinhar o disco;
• Aparafusar o Platô.
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Nesta etapa os três veículos tiveram o mesmo desempenho, todos levaram 20 minutos
para a intervenção e o grau de dificuldade de todos foram similares.
6.1.5 REMONTAGEM
Este processo é exatamente o inverso da Desmontagem e foi verificado que levou em
média o mesmo tempo que foi requerido na Desmontagem, com isto, o Monza teve vantagem.
6.1.6 TESTES
Nesta etapa são realizados testes para verificar se o defeito foi sanado e se outro defeito
que estava camuflado existe no sistema. Esta etapa pode ser feita diversas vezes durante o
processo de manutenção e garante que a intervenção foi efetiva. Caso exista algum tipo de
falha uma nova intervenção é necessária.
6.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS
As ferramentas utilizadas nestes processos são em sua maioria de uso comum de uma
oficina. As ferramentas usuais que foram utilizadas foram:
• Chaves compostas;
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Figura 23 - Chaves Compostas
• Chaves Biela
Figura 24 - Chaves Biela
• Chaves Allen
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Figura 25 - Chaves Allen
• Chaves Torx
Figura 26 - Chaves Torx
• Chaves de Fenda;
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Figura 27 - Chaves de Fenda
• Jogo de Soquetes.
Figura 28 - Jogo de soquetes
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Para fazer a manutenção das embreagens também fora utilizadas ferramentas especiais
feitas para apenas uma função específica. São elas:
• Eixo auxiliar para alinhamento de disco (Palio e Corsa);
Figura 29 -: Eixo auxiliar para alinhar o disco
• Grampos para prender as molas do platô (Monza);
Figura 30 - Grampos para prente molas do platô (Monza)
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• Ferramenta para retroceder o eixo primário da caixa de marcha (Monza)
Figura 31 - Ferramenta para retroceder o eixo primário da caixa de marcha do Monza
37
7-AVALIAÇÃO DA MANUTENABILIDADE
7.1 INTRODUÇÃO
Manutenibilidade é uma característica de uma peça, subsistema, sistema ou maquina
que indica a facilidade dela para sofrer intervenção para a manutenção. Para analisar isto os
itens mais abordados são:
• Forma de uso do equipamento;
• Quantidade, disponibilidade e custo de peça sobressalente no mercado;
• Quantidade, disponibilidade, exclusividade e custo de ferramentas requeridas;
• Custo de mão de obra;
• Robustez do equipamento;
• Ergonomia para a manutenção do equipamento.
7.2 ANÁLISE DA MANUTENABILIDADE DA EMBREAGEM DO PALIO
Para a análise da embreagem do Palio ano 2005 e 2006 foi decidido que iríamos
necessitar de um parâmetro para a comparação em alguns itens relacionados à
Manutenibilidade, com isto, foi decidido usar um carro da mesma categoria como comparação
para a maioria dos itens. Já para a ergonomia da manutenção como os carros da mesma
categoria são similares foi escolhido um modelo diferente que despertou o interesse da equipe.
O carro escolhido da mesma categoria foi o Chevrolet Corsa que foi apontado na nossa
pesquisa como a embreagem que dura mais. A nossa pesquisa verificou que o Corsa em
38
média troca a embreagem após os 100.000 km enquanto o Palio ano 2005 e 2006 trocam a
embreagem em média aos 40.000 km.
Para a análise de Ergonomia foi utilizado o Chevrolet Monza ano 86 a 90 que apresentou
uma disposição de acesso à embreagem diferente do convencional visto nos carros populares
atuais.
7.1.1 QUANTO À FORMA DE USO DO EQUIPAMENTO
A forma de uso da embreagem pode prolongar ou diminuir a vida útil. Isto pode ser
verificado em um caso simples como a diferença entre um automóvel que trafega
prioritariamente em ambiente urbano e outro que trafega prioritariamente em estradas. Como o
automóvel que trafega em estradas utiliza menos a embreagem, pois fica mais tempo em uma
marcha o desgaste da embreagem é menor do que o automóvel que trafega no ambiente
urbano que troca de marcha freqüentemente devido ao número de sinais, velocidade baixa e
engarrafamentos freqüentes.
Mesmo comparando dois automóveis trafegando em ambiente urbano podemos
evidenciar práticas que podem aumentar ou diminuir a vida útil da embreagem, são elas:
• Não descanse o pé no pedal da embreagem, pois isto ocasiona um aquecimento
excessivo do sistema e um desgaste prematuro do disco de embreagem. Descansar o
pé no pedal faz com que a pressão do platô no disco é diminuída possibilitando assim
o deslizamento do disco em relação ao platô.
• Evite segurar o carro em uma ladeira com a embreagem, pois este hábito causa o
desgaste prematuro do disco. Ao invés de usar a embreagem utilize o freio.
• Evite ultrapassar a carga máxima indicada pelo fabricante, pois isto sobrecarrega o
conjunto de embreagem desgastando-o prematuramente.
• Evite acelerar bruscamente, pois a embreagem irá deslizar e desgastar mais do que o
normal.
• Não saia com o veículo em segunda marcha, pois isto sobrecarrega o conjunto de
embreagem.
• Evite reduções abruptas de velocidades, freando ou desacelerando subitamente o
motor.
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Este item não pode ser comparado entre os dois modelos populares, pois não é
resultado de influência direta do projeto e sim do uso pelo cliente. Neste caso apesar de
existirem mais Palio no mercado do que Corsa devemos admitir que na média ponderada este
item tenha a mesma influência nos dois veículos, portanto este item pode ser desprezado para
este estudo.
7.1.2 QUANTIDADE, DISPONIBILIDADE E CUSTO DE PEÇA SOBRESSALENTE NO MERCADO
O mercado de autopeças exerce uma grande influência nos custos de manutenção, pois
em média correspondem a 70% do valor final da manutenção. No mercado de peças
sobressalentes para embreagens a quantidade não tem importância, pois é padrão a venda de
kits completos de reposição que contém um disco, um platô e um colar de embreagem.
Com respeito à disponibilidade foi verificada nas principais revendedoras de peças a
existência em estoque do kit de embreagem para os modelos populares. O estudo foi feito nas
lojas o Baratão, O Varejão e na concessionária Fiat Americar. Como era esperado na
concessionária Fiat só havia o kit de embreagem do Palio devido à fidelidade a montadora, já
nas outras lojas de autopeças foi encontrado em estoque kit de embreagem tanto para o Palio
ano 2005 e 2006 quanto para o Corsa. Devido ao resultado da pesquisa podemos verificar que
este fator não exerce influência no estudo, portanto pode ser desprezado para este estudo.
O custo da peça sobressalente pode ser retirada através do estudo mencionado. O
Monza sendo representante de outra categoria influenciou para a retirada deste estudo
específico, restando assim, o Palio ano 2005 e 2006 e o Corsa. Com base na tabela abaixo
podemos perceber que o custo do kit de reposição do Palio é superior ao kit de reposição do
Corsa ambos da mesma marca LUK que é fornecedor de ambos os veículos.
Palio CorsaKit de Embreagem R$ 254,50 R$ 195,40
Tabela 6: Custo do Kit de Embreagem
40
7.1.3 QUANTIDADE, DISPONIBILIDADE, EXCLUSIVIDADE E CUSTO DE FERRAMENTAS REQUERIDAS
Quantidade, disponibilidade, exclusividade e custo das ferramentas são de extrema
importância para a manutenção. A quantidade, exclusividade e custo de ferramentas
necessárias afeta diretamente no custo da manutenção, já a disponibilidade afeta o tempo
requerido par a manutenção.
Para a melhor visualização dos requisitos de ferramentas e o impacto delas na
Manutenibilidade foi elaborada a tabela
abaixo:
Ferramentas Palio Corsa Monza Custo
Exclusivo do
Veículo
Exclusivo para
reparo do conjunto
Jogo de chaves Biela Sim Sim Sim R$ 188,68 Não NãoJogo de chaves Compostas Sim Sim Sim R$ 149,41 Não NãoJogo de chaves Allen Sim Sim Sim R$ 79,23 Não NãoJogo de chaves Torx Sim Sim Sim R$ 60,31 Não NãoJogo de chaves de Fenda Sim Sim Sim R$ 48,44 Não NãoJogo de Soquetes Sim Sim Sim R$ 251,66 Não NãoEixo referência para alinhamento Sim Sim Não 0* Sim SimClips de Platô + Retrator de eixo primário Não Não Sim R$ 80,00 Sim Sim
Tabela 7: Análise do ferramental
*Custo considerado zero, pois geralmente é utilizado um eixo primário da caixa de marcha
usado que quebrou.
Podemos aferir que a quantidade de ferramentas requeridas para a manutenção é
similar e a maioria das ferramentas requeridas são ferramentas usuais de uma oficina. As duas
ferramentas requeridas especificamente para o veículo em manutenção são exatamente as
ferramentas específicas para o conjunto de embreagem. Nesta análise podemos verificar que o
Monza leva uma pequena penalidade referente ao custo de ferramenta, porém o custo é
pequeno e pode ser diluído no volume de veículos consertados.
41
7.1.4 CUSTO DE MÃO DE OBRA
O custo da mão de obra em média corresponde a 30% do valor da manutenção. O fator
que evidencia melhor o custo da mão de obra é o tempo gasto para a manutenção. Para tornar
este custo mensurável durante a pesquisa nas oficinas foi perguntado o tempo para a
manutenção da embreagem nos automóveis selecionados e o custo médio da hora trabalhada.
O custo médio da mão de obra em concessionárias é R$ 100,00 enquanto em oficinas o custo
médio é R$50,00, com base nisto foi adequado selecionar como parâmetro o custo das oficinas
que são as mais procuradas. O resultado desta pesquisa foi a tabela abaixo:
Veículo Tempo Requerido CustoPalio 240 minutos R$ 200,00Corsa 240 minutos R$ 200,00Monza 90 minutos R$ 75,00
Tabela 8: Custo de mão de obra
A tabela nos permite verificar que o Monza leva vantagem no tempo de manutenção o
que acarreta uma redução no custo da mão de obra. Vale ressaltar que isto é devido à
diferenciação na ergonomia de acesso ao conjunto de embreagem.
7.1.5 ROBUSTEZ DO EQUIPAMENTO
Para a medição da robustez da embreagem primeiramente foi descartada a embreagem
do Monza, pois não pertence a mesma categoria. Após esta decisão foram levantados os
diversos itens a serem considerados, sendo que alguns deles não puderam ser analisados
devido a falta de laboratório para algumas medições e verificações. Os principais itens a serem
verificados são:
• Dimensão do conjunto disco e platô
• Durabilidade do kit de embreagem
• Espessura da pastilha do disco
• Padrão das estrias
• Material das pastilhas do disco
• Material de atrito do platô e do volante
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• Tensão da mola do platô
• Relação peso potência do carro
• Torque atuante na embreagem
Na pesquisa de campo puderam ser verificados alguns destes itens. Os itens verificados
foram compilados na tabela abaixo:
Palio CorsaDiâmetro externo do disco 170 mm 180 mmDiâmetro interno do disco 167,5 mm 177,5 mm
Padrão de estrias8 radiais + 1 circular 24 radiais
Espessura da pastilha do disco 2,7 mm 2,5 mmDurabilidade 40.000 Km 100.000 Km
Tabela 9: Dados de Robustez
Figura 32 - Disco de embreagem do Corsa
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Figura 33 - Disco de embreagem do palio
Como foi visto na teoria esta embreagem a pressão constante tem torque diretamente
proporcional a uma relação entre os diâmetros internos seguindo a formula:
Com esta relação o torque que o Corsa pode transmitir é 6% maior do que o Palio.
Possibilitando assim um melhor desempenho da embreagem do Corsa.
Outro fator visível na planilha é o padrão de estrias que claramente esta influenciando a
favor do Corsa. O ultimo fator que pode ser observado nesta planilha é a espessura da pastilha
de atrito do disco que evidencia que o disco do Palio é mais espesso, podendo assim denotar
um disco com maior quantidade de material para ser desgastado.
Claramente os outros fatores que não puderam ser mensurados estão influenciando na
durabilidade da embreagem do Corsa, pois não foi encontrado um item mensurado que esteja
discrepante a ponto de justificar que a embreagem do mesmo dure 100.000 km enquanto que a
embreagem do Palio dure apenas 40.000 km.
44
7.1.6 ERGONOMIA PARA A MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO
A ergonomia para manutenção afeta diretamente o tempo de manutenção e
conseqüentemente afeta o custo. Em relação aos carros estudados o Palio e o Corsa
obtiveram resultados muito similares, portanto a influencia da ergonomia na manutenção só
pode ser evidenciada quando o Palio foi comparado com o Monza. Para analisar este item
resolvemos adotar um métrico para a comparação. A ergonomia afeta diretamente no tempo de
execução e conseqüente mente na mão de obra. Com isto pode ser revisitada a tabela de
custos de mão de obra para melhor visualizar este item.
Veículo Tempo Requerido CustoPalio 240 minutos R$ 200,00Corsa 240 minutos R$ 200,00Monza 90 minutos R$ 75,00
Tabela 10: Custo de mão de obra
O fator preponderante neste item foi a forma de acesso ao conjunto de embreagem. No
caso do Palio e do Corsa é necessário retirar a caixa de marcha para ter acesso e para isto é
necessário retirar diversos outros conjuntos que são posicionados junto à caixa de marcha,
acarretando um maior tempo de serviço. No caso do Monza como existe um janela para
manutenção da embreagem o acesso é facilitado e não é necessário a retirada da caixa de
marcha e com isto também não se faz necessária a retirada de conjuntos posicionados junto à
caixa de marcha. Esta simples mudança de conceito reduziu de 240 minutos para 90 minutos
que representa 37,5% do tempo requerido para o Palio.
7.2 PONDERAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
Para contabilizar e verificar os resultados foi elaborada um tabela que contabiliza os
resultados.
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Palio Corsa MonzaPeso Nota Resultado Nota Resultado Nota Resultado
Forma de uso do equipamento 0,25 7 1,75 7 1,75 7 1,75Quantidade de peça sobressalente no mercado 1 10 10 10 10 10 10Disponibilidade de peça sobressalente no mercado 1 10 10 10 10 10 10Custo de peça sobressalente no mercado 1,5 5 7,5 8 12 8 12Quantidade de ferramentas requeridas 1 6 6 6 6 5 5Disponibilidade de ferramenta no mercado 0,5 8 4 8 4 6 3Exclusividade de ferramenta 0,25 7 1,75 7 1,75 6 1,5Custo de ferramentas requeridas 0,5 8 4 8 4 6 3Custo da mão de obra 1 5 5 5 5 8 8Robustez do equipamento 1,5 4 6 8,5 12,75 8,5 12,75Ergonomia para a manutenção do equipamento 1,5 4 6 4 6 8 12
NOTAS FINAIS 5,64 6,66 7,18 Tabela 11: Análise final
Com base na tabela acima podemos verificar que o veículo que teve a pior nota foi
exatamente o Palio, pois ele teve a pior nota em quase todos o requisitos, sendo melhor
apenas em ferramental. O Corsa por sua vez foi bom em alguns itens e foi tão ruim quanto o
Palio com relação à ergonomia e custo da mão de obra. Já o Monza foi muito bom em relação
a custo de mão de obra e robustez, mas foi muito ruim em relação a ferramental.
Ao analisar estes dado pode-se verificar que a melhor situação para a Manutenibilidade
é realmente o modelo utilizado pelo Monza, porém é necessário evidenciar que o projeto do
conjunto de embreagem do Monza é mais custoso devido a sua maior complexidade, portanto
é necessário evidenciar que o modelo utilizado pelo Corsa é similar ao do Palio alterando
apenas o dimensional conseqüentemente seria um modelo mais fácil de ser empregado e não
elevaria demasiadamente os custos do projeto.
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8-CUSTO BRASIL
Para a confecção deste métrico foi encontrada a população de veículos fabricados em
2005 e 2006 no qual o Palio estudado está situado. A frota fabricada no Brasil no período era
de 5,7 milhões de veículos. Neste período a FIAT tenha uma fatia de mercado de
aproximadamente 25% como pode ser averiguado nesta tabela publicada pela ABRAC:
Tabela 12: Fatia do mercado em 2006
Com base nesta tabela é razoável afirmar que dos 25% de fatia de mercado da FIAT no
Brasil 13% são referentes ao Palio e os outros 12% referentes aos outros carros da montadora.
Com base neste raciocínio fizemos um paralelo de gasto por quilômetro comparando o Palio
com o Corsa.
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DurabilidadePreço das
peçasPreço Mão
de obraPreço por
kmPalio 40.000 km R$ 254,50 R$ 200,00 0,011363Corsa 100.000 km R$ 195,40 R$ 200,00 0,003954
Tabela 13: Preço por quilômetro
Como pode ser observado o Corsa é significativamente mais barato. Se o
redimensionamento do Palio fosse adotado isto poderia render diminuição de custos ao
brasileiro.
Ao analisar a premissa que o Palio era 13% de 5,7 milhões teremos 741 mil Pálios tendo
custos de reparo de embreagem totalizando R$ 84,2 mil por quilômetro rodado. Caso fosse
adotado o dimensionamento do Corsa na mesma população os custos com o reparo de
embreagem totalizariam R$ 2,93 mil por quilômetro rodado. Esta mudança no projeto reduziria
os custos com embreagem em 96,5%, ou seja, o brasileiro deixaria de gastar R$ 81,27 mil em
manutenção de embreagem.
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9- CONCLUSÃO
Durante a execução deste trabalho ficou claro a enorme importância e a grande
negligencia com que é tratada a manutenibilidade pelos engenheiros de uma forma geral.
Conforme visto no comparativo, uma simples mudança de modelo do sistema de embreagem
se traduziu em um grande incremento na nota de manutenibilidade, portanto a negligencia por
parte do fabricante não foi motivada pelo necessidade da diminuição do custo de fabricação
ficando a duvida da motivação da adoção deste modelo de embreagem. Com relação ao custo
Brasil, notamos o grande impacto de problemas de projeto com relação a manutenibilidade na
economia do pais e a obrigação do engenheiro em promover melhorias neste fator.
O desfecho mais importante deste trabalho, no nosso entendimento, foi notarmos a
necessidade da criação de um “índice de manutenibilidade”. Este índice forneceria um novo e
útil parâmetro de escolha ao consumidor (tal como o selo PROCEL para consumo elétrico) e
obrigaria os fabricantes e engenheiros a dar a devida ênfase a este fator em seus projetos.
Fica a sugestão para a elaboração deste índice levando em conta os diversos fatores da
manutenibilidade (inclusive aqueles não abordados neste trabalho como tempo de dignostico e
disponibilidade de peças de reposição) por parte da comunidade acadêmica, órgãos de defesa
do consumidor ou entidades ligadas a regulamentação da engenharia.
49
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