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Relatório Final “Compartimentos da matéria orgânica do solo, balanço e potencial de seqüestro de carbono afetado pelo manejo associado a sistemas de produção em ambiente subtropical e tropical” Projeto de Pesquisa – PA 677-10 Prof. Dr. João Carlos de Moraes Sá Coordenador PONTA GROSSA 31/07/2011 1

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Relatório Final “Compartimentos da matéria orgânica do solo, balanço e potencial de seqüestro de carbono afetado

pelo manejo associado a sistemas de produção em ambiente subtropical e tropical”

Projeto de Pesquisa – PA 677-10

Prof. Dr. João Carlos de Moraes SáCoordenador

PONTA GROSSA31/07/2011

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Projeto de Pesquisa – Apoio financeiro (C1) Título do projeto

“Compartimentos da matéria orgânica do solo, balanço e potencial de seqüestro de carbono afetado pelo manejo associado a sistemas de produção em ambiente subtropical e tropical”

1. Nome do Coordenador e orientador:João Carlos de Moraes Sá – Engenheiro Agrônomo Dr. em Solos e Nutrição de Plantas pela ESALQ e The Ohio State University, prof. Adjunto do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UEPG. Endereço: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Setor de Ciências Agrárias e de Tecnologia, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola.Av. Carlos Cavalcanti, 4748 - UvaranasCEP: 84030-900 – Ponta Grossa – ParanáTelefone: 42 – 3220-3090, 42 – 9978-0410E-mail: [email protected]ículo: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4763062U3

2. Pesquisador - Pós-doc:Florent Elie Tivet – Engenheiro Agrônomo Dr. Coordenador do Programa Nacional de Agricultura de Conservação Plantio Direto no LaosPós-doutorando em Dinâmica da Matéria Orgânica do Solo na UEPG.Endereço: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Setor de Ciências Agrárias e de Tecnologia, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola.Av. Carlos Cavalcanti, 4748 - UvaranasCEP: 84030-900 – Ponta Grossa – ParanáTelefone: 42 - 91457744E-mail: [email protected]: http://orcatad-nafri.org.la/kbCurrículo: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4413833H2

3. Mestrando:Clever Briedis – Engenheiro Agrônomo, mestrando pela UEPG em Agronomia, área de concentração Agricultura. Ênfase em Uso e manejo de solos.Endereço: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Setor de Ciências Agrárias e de Tecnologia, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola.Av. Carlos Cavalcanti, 4748 - UvaranasCEP: 84030-900 – Ponta Grossa – ParanáTelefone: 42 - 91170338E-mail: [email protected]ículo: http://lattes.cnpq.br/6159417566510299

4. Mestrando:Paulo Rogério Borszowskei – Engenheiro Agrônomo, mestrando pela UEPG em Agronomia, área de concentração Agricultura. Ênfase em Uso e manejo de solos.Endereço: Rua Horácio Antunes Mendes, 621, Bl 10, AP 03 – Jardim Carvalho CEP : 84015-340 Ponta Grossa – ParanáTelefone: 42 - 84098366E-mail: [email protected]ículo: http://lattes.cnpq.br/0729402301667148

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Colaboradores:Daiani da Cruz Hartman - Acadêmica do curso de Agronomia da UEPGJuliane Zuffo dos Santos - Acadêmica do curso de Agronomia da UEPGAndressa Dranski - Acadêmica do curso de Agronomia da UEPGGuilherme Eurich - Acadêmico do curso de Agronomia da UEPGAnderson Farias - Acadêmica do curso de Agronomia da UEPGMário Nadolny Júnior - Acadêmico do curso de Agronomia da UEPGTiago Massao Inagaki - Acadêmico do curso de Agronomia da UEPG

1. Caracterização e Justificativa

As alterações no clima têm causado inúmeros prejuízos à agricultura, seja pela ocorrência de longos períodos de estiagem reduzindo o potencial das colheitas, ou de eventos com intensa precipitação pluviométrica causando a erosão dos solos. A busca por sistemas de manejo do solo que harmonizem o desenvolvimento de novas tecnologias com a viabilidade econômica e a minimização do impacto ambiental com a redução das emissões de gases de efeito estufa tem sido o desafio dos produtores rurais e da comunidade científica nas ultimas décadas. O plantio direto (PD), introduzido na região Sul do Brasil há mais de trinta anos, vem se consolidando como uma alternativa que integra essas ações. Os principais argumentos favoráveis à adoção desse sistema de manejo associam o controle da erosão dos solos à redução dos riscos causados à crescente sazonalidade na distribuição das chuvas com a melhor adequação da semeadura nas épocas que propiciam alcançar o maior potencial de produção, além da redução dos custos de produção. Na década de 1982 a 1992 a expansão do PD foi lenta e cresceu a uma taxa de 0,112 milhões de ha ano-1 e foi cerca de 4,87 vezes superior ao período inicial de 1972 a 1982. A grande expansão do PD ocorreu no período de 1993 a 2002 atingindo 15,62 vezes superior ao período anterior. Atualmente esse sistema de manejo do solo expandiu-se para as principais regiões produtoras de grãos, fibras e derivados animais e está crescendo a uma taxa de 1,75 milhões de ha-1 ano-1 e representa aproximadamente 52% da área de cultivo no Brasil.

A dimensão continental do território brasileiro inclui enorme diversidade de climas e solos e, essas diferenças têm desencadeado a necessidade de adaptação de várias combinações de culturas que atenda ao perfil regional.

Hipótese

Sistemas de produção visando à qualidade do plantio direto são dependentes das condições edafoclimáticas que por sua vez controlam os compartimentos da matéria orgânica do solo e as taxas de seqüestro de carbono.

Objetivo geral

A presente pesquisa tem como objetivo avaliar os mecanismos de proteção do carbono possibilitando a comparação entre ambientes (subtropical e tropical), além de avaliar o potencial de diferentes solos no acúmulo de carbono e nitrogênio em função da intensidade de adição de C pelos resíduos culturais com os sistemas de produção. Para solos de cada região será avaliada tambem a contribuição da matéria orgânica na CTC e nos atributos da fertilidade do solo. Procura o avanço do conhecimento sobre a dinâmica da MOS considerando o efeito de sistemas de manejo convencional e plantio direto como tratamentos de uso da terra associado a sistemas de culturas que constituem um gradiente de aporte de C e tendo como referência as áreas com vegetação natural.

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Objetivos específicosConcentram-se nos seguintes pontos (Fig. 1):

Ao nível dos agregados • quantificar os ganhos e perdas de C e N no solo nas classes de agregados em função de cada ambiente edafoclimático;• elaborar uma escala de oxidação da MOS nas classes de macroagregados para compreender o fluxo de C e o nível de proteção do C intra-agregado.

Ao nível das amostras integrais• quantificar os compartimentos da matéria orgânica do solo – C-total, C-oxidável, C-lábil, C-polissacarídeos, C-biomassa microbiana, C-não oxidável e C-recalcitrante, para elaborar um perfil da MOS em função dos ambientes edafoclimáticos;• quantificar o conteúdo de C e N nas frações granulométricas lábeis (> 53 µm) e associadas aos minerais (<53 µm);• identificar a diferença nos mecanismos de proteção do C nos solos com mineralogia e clima contrastante;• quantificar a contribuição da MOS na CTC e sua relação com o aumento da retenção dos cátions no complexo de troca em cada ambiente para elaborar uma estratégia de recomendação em função do melhores sistemas de produção.

Figura 1. Sintese dos mecanismos e processos a serem estudados.

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• quantificar as taxas de seqüestro, o balanço de carbono e a taxa de recuperação de C pelo sistema plantio direto em relação à vegetação natural;

• mapear os melhores tratamentos em cada ambiente com o uso do sistema de informações geográficas (Fig. 2).

Figura 2. Extrapolação em larga escala dos resultados a serem obtidos

Metodologia e estratégia de trabalhoOs experimentos estão localizados em três regiões: a) Ponta Grossa-PR, Polo Regional do

IAPAR; b) Lucas do Rio Verde-MT, Estação Experimental da Fundação Lucas do Rio Verde; c) Luiz Eduardo Magalhães-BA, Estação Experimental da Fundação Bahia. A descrição do clima, solo e coordenadas geográficas encontram-se na tabela 1.

Tabela 1. Descrição do clima, solo e localização geográfica dos experimentosDescrição Parâmetros Locais

Ponta Grossa Lucas do Rio Verde

Luiz Eduardo Magalhães

Localização Latitude 25° 13’ S 12° 59’ S 11° 34Longitude 50° 01’ W 55° 57’ W 46° 2’Altitude 910m 400 m 720 m

Clima Tipo Cfb Cfa CfaTMA 18,7°C 24,2°C 24°PMA 1545 mm 2361 mm 1580 mm

Solo Classe Latossolo Vermelho

Latossolo Vermelho Amarelo

Neossolo Quartzarênico

Textura Muito argilosa (710 g kg-1

argila)

Argilosa (440 g kg-1 de argila)

Arenosa (140 g kg-1 de argila)

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E s tudo em micro-escala

E xtrapolação em larga escala R es ultados esperados

o Mapeamento dos melhores tratamentos em cada ambiente com o uso do s is tema de informações geográficas

o C alculo da contribuição do s is tema plantio direto no s equestro de carbono e mapeamento do impacto em cada ambiente

o Definição da rotação com a melhor performance em cada ambiente

o Manejo da F ertilidade e estratégia de adubação em função de cada ambiente

Desenho experimentalA situação localizada em Ponta Grossa constitui um experimento de longa duração implantado

em 1981 na Estação Experimental do Pólo Regional de Pesquisa do IAPAR. O delineamento experimental em faixas com três repetições. As faixas representam os tratamentos de uso da terra: Preparo convencional (PC) – refere-se ao preparo do solo com aração seguido de duas gradagens para nivelamento do solo e realizado após a colheita da cultura de verão (abril) e após a colheita da cultura de inverno (outubro); Preparo mínimo (PM) – refere-se ao preparo com o uso de escarificador com haste para 25 cm de profundidade seguido de uma gradagem para nivelar o terreno; Plantio direto (PD) – semeadura direta continua. A profundidade de amostragem será: 0-5; 5-10, 10-20; 20-40; 40-60; 60-80 e 80-100 cm. As dimensões de cada faixa é de 100 x 100m e de cada repetição de 30 m x 100 m. A área de mata nativa encontra-se ao lado da área experimental e servirá como referência para comparar as alterações do estado natural dos atributos estudados.

A situação localizada em Lucas do Rio Verde (Mato Grosso) constitui um experimento de longa duração implantado em 1999 na Estação experimental da Fundação Lucas do Rio Verde. O delineamento experimental em faixas com três repetições. As faixas referem-se aos tratamentos de uso da terra: Preparo convencional (PC) com monocultura de soja – uso de grade aradora seguido de uma gradagem para nivelar o terreno antes da semeadura de soja; Plantio direto com a sucessão soja-milheto (PDsmlt); Plantio direto com a sucessão soja-milho (PDsmlh); Plantio direto com a sucessão soja-milho+braquiária (PDsmb) e Plantio direto com a sucessão soja-sorgo+braquiaria+crotalária (PDsmbct). A profundidade de amostragem será: 0-5; 5-10, 10-20; 20-40; 40-60; 60-80 e 80-100 cm.

A situação localizada em Luiz Eduardo Magalhães constitui um experimento implantado em 2007-2008. Os tratamentos serão casualisados em três blocos constituindo um arranjo em parcelas sub-divididas, com o sistema de manejo do solo constituindo a parcela principal (Preparo Convencional – PC; Plantio Direto Permanente – PDP) e os sistemas de produção (SP) na subparcela (SP1, SP2, SP3, SP4 e SP5), conforme descrição a seguir:

SP1 Soja + pousio / Algodão + pousio / Algodão + pousio / Soja + pousio

SP2 Soja + milheto sobressemeadura/Algodão + pousio/Milheto + Algodão – Pousio/Milheto + Soja/Pousio/ Soja + milheto sobressemeadura

SP3 Soja + Sorgo safrinha/Algodão + pousio/Milho + braquiaria ruiziziensis/Milheto + SojaSP4 Soja + Braquiaria ruiziziensis em sobressemeadura/Algodão + pousio/Milho + Braquiaria

ruiziziensis/AlgodãoSP5 Soja – Sorgo + Braquiaria ruiziziensis safrinha/Milho + Braquiaria ruiziziensis +

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Estilosantes/Algodão – Pousio/Milho +Braquiaria ruiziziensis/Soja + Sorgo + Braquiaria ruiziziensis safrinha

A profundidade de amostragem será: 0-5; 5-10, 10-20; 20-40; 40-60; 60-80 e 80-100 cm.

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Resultados

Analises de solo 1.1. Carbono e nitrogênio total

Todas análises em relação a determinação do carbono e nitrogênio total foram concluídas além da quantificação dos diferentes compartimentos da MOS (C-extraído com água quente, C-oxidável, polissacarídeos totais, C-recalcitrante) e das frações granulométricas lábil entre 53 et 2000 µm e < 53 µm).

1.2. Separação das classes de agregados

A estabilidade de agregados em água e o cálculo do diâmetro médio dos agregados foram medidos para cada ambiente (Lucas do Rio Verde, Mato Grosso; IAPAR, Paraná, Luis Eduardo de Magalhes, Bahia) e cada uso da terra (condições nativas, preparo convencional e sistemas de plantio direito).

Na seqüência, resultados gerais sobre estas localizações e sistemas são apresentados afim de ilustrar o trabalho realizado.

1.3. Conteúdo e estoque de C e N

IAPARAmostras integrais

Entre os sistemas de manejo e na profundidade de 0-20 cm, o solo em plantio direto teve 17,0 e 14,3 Mg ha-1 mais C e 2,02 e 1,2 Mg ha-1 mais N do que os solos sob plantio convencional e plantio mínimo, o que representa uma taxa anual de acúmulo de C de 0,71 a 0,85 Mg C ha-1 e 59,8 a 101,0 Mg N ha-1

nos 20 anos de experimentação (Table 1). Essas taxas são semelhantes com otras pesquisas (Bayer et al, 2006b; Boddey et al, 2010; Sa et al, 2001; Sisti et al, 2004) para esta região subtropical.

Ao considerar o perfil do solo até 100 cm de profundidade, o efeito relativo menor do PC no C total (-8,5 Mg C ha-1 em comparação com a mata nativa) pelo Latossolo Vermelho argiloso da região subtropical deve ser visto em relação ao estoque inicial alto de C total da vegetação nativa que mascaram os efeitos negativos. No entanto, outras frações da MOS foram drasticamente afetadas pelo PC. O C extraido com água quente, o C particulado no perfil do solo (0-100 cm) apresentaram, respectivamente, 143% (3,49 Mg C ha-1) e 135% (13,8 Mg C ha-1) menos C no PC do que na mata nativa refletindo a baixa sustentabilidade deste sistema (Table 2).

Frações granulométricas

As frações do C orgânico da mata nativa (MN) e do PD apresentaram elevada estratificação com profundidade especificamente para o C particulado (> 53 µm). Para a camada superficial do solo (0-5 cm), a fraçao associada aos minerais (MOC < 53 µm) representou 75% do conteúdo total de C para MN e PD, enquanto no PC e PM esta fração representou, respectivamente, 91 e 84% do C total.

Conteúdo de C particulado e na fração mineral foi relativamente uniforme das camadas superficiais do solo à profundidade de 20 cm no PC. Independentemente do uso da terra, a proporção de conteúdo de C associado aos minérais aumentou levemente ao longo do perfil e representou 98% do C total para as lavoras a 80-100 cm de profundidade. Na mata nativa, a 0-20 cm de profundidade, o estoque de C particulado (14,3 Mg C ha-1) representou 59% do POC total ao longo do perfil do solo, enquanto o C associado a fraçao 'silte + argila' (77,7 Mg C ha-1) foi responsável por 33% dessa fração ao longo do

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perfil (Table 2). Ambas as frações da MOS foram intensamente afetadas pela conversão das terras e os manejos no entanto as perdas de C foi maior para a fração particulada da MOS. Na camada superficial do solo (0-5 cm) o PC reduziu o conteúdo de carbono orgânico para 45,7 g kg-1, e 37% deste valor foi relacionada com o POC, indicando uma clara redução de C associado aos minerais, C humificado e, portanto, a fertilidade do solo. O POC e o MOC apresentaram, respectivamente, 2,4 vezes (8,58 Mg C ha-1) e 1,3 vezes (15,98 Mg C ha-1) mais C na mata nativa em comparaçao com o PD na camada superficial do solo (0-20 cm ). Estoques de C das frações particuladas e associadas aos minerais foram maiores no PD em relação ao PC e as diferenças ocorreram na profundidade de 0-20 cm. O POC e MOC apresentaram, respectivamente, 86% (4,86 Mg C ha-1) e 20% (12,14 Mg C ha-1) mais C sob PD do que sob PC.

Lucas do Rio VerdeAmostra integral

Após a conversão do Cerrado, o estoque médio de C do solo a 0-20 cm de profundidade diminuiu de 48,0 Mg ha-1 no Cerrado a 33,8 Mg ha-1 no plantio convencional (PC). Na camada de 0-100 cm, a diferença entre CT e o Cerrado (29,2 Mg C ha-1) representou uma diminuição de 22% de C apos de treze anos de plantio convencional, o que significa uma perda de 2,24 Mg C ha-1 ano-1 para o Latossolo Vermelho distrófico (Table 1). Este resultado contrasta com vários estudos, incluindo Zinn et al. (2005), Dieckow (2009), e a revisão de Batlle-Bayer et al. (2010) onde o intervalo entre os sistemas de plantio convencional e cerrado foi de -0,3 a 0,1 Mg C ha-1 ano-1.

Os estoques de C sob os dois tratamentos de plantio direto, com predomínio de gramíneas (milho + B. ruziziensis, sorgo + B. ruziziensis) durante a estação seca foram significativamente maiores (P <0,05, avec LSD), que no plantio convencional e a diferença entre todos os sistemas de plantio direto e o PC variou de 11,6 a 17,5 Mg C ha-1 quando se considera o perfil do solo até 100 cm de profundidade (Table 1), representando uma taxa de acúmulo de C variando de 1,45 até 2,19 Mg C ha-1 ano-1.

Como foi observado para a condição subtropical, e em conformidade com Boddey et al. (2010), o ganho de C no solo sob SPD não diminuiu com a profundidade do solo quando comparado com o PC.

A relação entre a acumulação de C no solo e o aporte de C dos resíduos (Fig. 1; Caccumulado = 1,284 × Caporte - 7,74, r ² = 0,56, P <0,05) indicou que pelo menos 6,0 Mg C ha-1 ano-1, o que significa uma produção anual de matéria seca 13,4 Mg ha-1 é necessária para manter o equilíbrio positivo de C quando comparados o PD com o PC. O acúmulo de C no solo na profundidade até 100 cm foi 12,9% superior aos estimados para 20 cm (Fig. 2; C100 = 1,129 × C20 + 0,606, r ² = 0,84; P <0,05), indicando que o acúmulo de C ocorreu na camada superficial do solo, mas também que uma proporção significativa de C sob PD foi acumulado em camadas mais profundas e pode ser atribuída à entrada grande de residuos culturais, mas também à forte sistemas de enraizamento da braquiária e do pé de galinha. Estoques de C total nos tratamentos PD foram semelhantes com os estoques no Cerrado e mostrou as suas capacidades para reconstruir a matéria orgânica e, portanto, a fertilidade do solo como um todo.

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Frações granulométricas

Em contraste com a região subtropical, a fração particulada da MOS apresentou uma maior proporção, representando em média 19% do estoque total de C pelo Cerrado, variando em sistemas de plantio direto entre 14 e 17% até 100 cm de profundidade (Table 2).

No Cerrado, 81% (108,1 ± 5,8 Mg C ha-1) do estoque de C foi fisicamente estabilizado pela interação com minerais, enquanto o estoque de C dessa fração variou de 84 a 86% (99,5 ± 6,7; 102,4 ± 12,5 Mg C ha-1) nos tratamentos de plantio direto. A proporção de C associado aos minerais aumentou com o empobrecido em C nas produndidades.

Como já foi relatado para o C total, os sistemas de plantio direto com entrada alta de C apresentaram estoques da POC e MOC semelhantes com a vegetação nativa do Cerrado nas profundidades de 0-20 cm. Estes tratamentos de PD apresentaram maior estoque de MOC, mostrando o impacto positivo do uso da espécie forrageira de B. ruziziensis, em associação com milho ou sorgo, na POC mas também na fraçao fisicamente estabilizada de C (MOC).

O desmatamento e a conversão em lavoura com preparo convencional foi associado com uma redução acentuada dos compartimentos de C orgânico (HWEOC, TPS, POC, MOC), e dos estoques de N total. Fração da MOS associada aos minerais é reduzida substancialmente pelo plantio convencional afetam a fertilidade do solo como um inteiros (nutrientes, ar e água).

Em ambos os locais houve diferenças significativas nos estoques de C entre PC e PD, os estoques de C no solo sob PD foram aumentados em cerca de 0,85 Mg ha-1 ano-1 na região subtropical e 1,45 a 2,19 Mg ha-1 ano-1 em Região tropical do Cerrado quando se considera o perfil do solo até 100 cm de profundidade. Ao olhar em detalhes, o PC reduziu drasticamente a fração particulada da MOS, mas também a massa de C ligada na fraçao silte + argila.

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Table 1: Mean soil C stocks (± standard deviation) in the equivalent layers of 0-20, 20-40, 40-60, 60-80 and 80-100 cm in IAPAR, Paraná,

and LRV, Mato Grosso, Brazil.

Depth Soil IAPAR LRVattributes NF CT MT NT NF NT1 NT

2NT3 NT4

cm Mg ha-1 Mg ha-1

0-20 SOC 92.0 ± 14.2 a 67.4 ± 3.6 b 70.2 ± 5.8 b 84.5 ± 2.4 a 48.0 ± 6.3 a

45.0 ± 9.1 a 37.5 ± 3.0 a

44.0 ± 9.9 a 41.3 ± 3.9 a

Nt 6.0 ± 0.8 a 3.5 ± 0.3 c 4.3 ± 1.7 bc 5.5 ± 0.4 ab 2.27 ± 0.36 a

2.21 ± 0.83 a 1.53 ± 0.13 a

2.06 ± 0.42 a 2.13 ± 0.37 a

C-to-N 15.2 ± 1.4 a 19.4 ± 1.2 a 18.0 ± 5.5 a 15.4 ± 1.2 a 21.4 ± 3.1 a

21.2 ± 3.5 a 24.6 ± 1.0 a

21.3 ± 0.5 a 19.7 ± 2.9 a

20-40 SOC 53.7 ± 10.4 a 52.9 ± 2.3 a 47.4 ± 8.7 a 53.2 ± 2.3 a 27.7 ± 2.8 a

25.1 ± 1.7 a 27.5 ± 5.1 a

28.1 ± 3.2 a 26.5 ± 1.2 a

Nt 3.2 ± 1.0 a 2.4 ± 0.5 a 2.6 ± 1.2 a 2.8 ± 0.4 a 1.25 ± 0.39 a

0.95 ± 0.21 a 1.08 ± 0.38 a

1.06 ± 0.27 a 1.21 ± 0.20 a

C-to-N 17.7 ± 4.5 a 23.1 ± 4.9 a 20.8 ± 7.1 a 19.2 ± 2.6 a 23.7 ± 6.5 a

27.1 ± 4.4 a 27.1 ± 7.6 a

27.3 ± 4.6 a 22.5 ± 5.3 a

40-60 SOC 44.1 ± 5.6 a 48.1 ± 8.3 a 44.6 ± 6.1 a 47.8 ± 4.9 a 20.9 ± 2.5 a

18.1 ± 1.5 a 19.3 ± 2.9 a

19.0 ± 0.5 a 20.0 ± 0.7 a

Nt 2.2 ± 0.7 a 2.1 ± 0.8 a 2.5 ± 0.8 a 2.2 ± 0.4 a 0.89 ± 0.55 a

0.72 ± 0.13 a 0.87 ± 0.32 a

0.80 ± 0.34 a 0.88 ± 0.41 a

C-to-N 21.2 ± 5.6 a 24.3 ± 6.1 a 19.3 ± 7.0 a 22.6 ± 4.9 a 31.3 ± 26.0 ± 7.5 24.3 ± 9.0

26.2 ± 9.0 27.7 ±

60-80 SOC 35.9 ± 6.7 a 42.1 ± 5.5 a 38.8 ± 4.7 a 42.0 ± 4.3 a 17.7 ± 2.4 16.1 ± 1.8 a 16. 15.7 ± 1.9 a 16.0 ± 0.7 a

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a 2 ± 1.4 a

Nt 1.91 ± 0.5 a 1.67 ± 0.55 a 2.34 ± 0.9 a 1.87 ± 0.6 a 0.92 ± 0.57 a

0.66 ± 0.01 a 0.51 ± 0.02 a

0.70 ± 0.14 a 0.65 ± 0.31 a

C-to-N 19.9 ± 5.7 a 26.9 ± 6.7 a 19.4 ± 9.5 a 23.9 ± 6.4 a 23.1 ± 9.0 24.4 ± 3.0 32.0 ± 1.6

23.4 ± 7.9 29.2 ±

80-100

SOC 32.3 ± 7.3 a 39.0 ± 7.1 a 36.0 ± 3.0 a 39.1 ± 4.9 a 16.0 ± 0.9 a

15.7 ± 0.5 a 15.3 ± 0.1 a

14.8 ± 1.6 a 15.5 ± 1.3 a

Nt 1.72 ± 0.70 a 1.58 ± 0.46 a 2.2 ± 0.88 a 1.85 ± 0.65 a 1.05 ± 0.56 a

0.61 ± 0.08 a 0.69 ± 0.16 a

0.85 ± 0.31 a 0.91 ± 0.35 a

C-to-N 21.6 ± 8.7 a 25.4 ± 3.7 a 18.0 ± 7.2 a 23.0 ± 6.3 a 17.8 ± 7.1 26.2 ± 4.1 22.9 ± 4.6

18.8 ± 6.0 18.3 ± 4.7

0-100 SOC 258.0 ± 31.5 a

249.5 ± 21.5 a

237.0 ± 17.8 a

266.6 ± 11.9 a

133.3 ± 15.0 a

120.0 ± 7.1 ab 115.7 ± 5.6 ab

121.7 ± 14.9 ab

119.2 ± 6.0 ab

Nt 15.1 ± 2.8 a 11.3 ± 2.5 a 13.6 ± 5.3 a 14.2 ± 2.1 a 6.63 ± 2.29 a

5.14 ± 1.11 a 4.64 ± 0.57 a

5.45 ± 0.3 a 5.75 ± 1.56 a

Means within a row followed by different lower case letters are significantly different based on Tukey’s test (P < 0.05).

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