PROJETO DE PESQUISA O CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO … · Um dos pontos mais importantes da...
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ROBERTO GONDO MACEDO
PROJETO DE PESQUISA
O CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA NO CENÁRIO LATINO-AMERICANO
Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação ECA - USP
São Paulo - SP, 2012

ROBERTO GONDO MACEDO
PROJETO DE PESQUISA
O CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA NO CENÁRIO LATINO-AMERICANO
Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação ECA - USP
São Paulo - SP, 2012
Projeto de Pesquisa apresentado como exigência para o estágio Pós-doutoral do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de São Paulo. Sob orientação da profa. Dra. Heloiza Matos.

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O CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO POLÍTICA NO CENÁRIO
LATINO-AMERICANO
COMUNICAÇÃO POLÍTICA NA DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA
As especificidades comunicacionais no poder público e privado obedecem dois fatores
limitadores de ação e compreensão, que são o espaço e o tempo. Este senso de adaptabilidade
é necessário para que as pesquisas na área se deparem com a importância de análise do
contexto político da época, bem como no dinamismo nas relações de poder e interação com a
sociedade.
Um dos pilares que amparam as ações da comunicação política é o processo de
persuasão, aplicável nos modelos de negociação, conquista e manutenção do poder, sendo
usado nos mais diversos regimes políticos e momentos da história, não apenas no contexto
democrático.
Todavia, no viés da democracia, com o passar do tempo o sistema tende a se tornar
equilibrado e balanceado. Para Dahl (1993, p.329) “a política gera políticos que aprendem na
democracia como lidar de forma polida com seus oponentes, que lutam continuamente para
construir e manter coalizões articuladas, que duvidam das possibilidades de grandes
mudanças, que buscam compromissos”.
No posicionamento de Salgado (2002, p.30) a persuasão é uma realidade tão antiga
quanto o nome. Algumas técnicas que parecem particularmente modernas foram conhecidas e
utilizadas desde mais de quatro mil anos atrás. Um exemplo dessa atuação foi à descoberta de
um ensaio dirigido ao filho mais velho do Faraó Huni, com conselhos sobre como comunicar-
se eficazmente.
O regime democrático, seja na estrutura parlamentarista ou presidencialista,
unicameral ou bicameral, permitiu às sociedades envolvidas no processo, maior poder de
interação com as práticas públicas do contexto social.
Obviamente não é possível afirmar que o contexto democrático é o único caminho
utilizado, nem que está isento de falhas e limitações, porém, em muitos casos, é um sistema
de interlocução com classes e representações, potencializadas pelo avanço tecnológico dos
meios digitais e eletrônicos.

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Para Habermas (1997, p.107) em sociedades complexas, a esfera pública forma uma
estrutura intermediária que faz a mediação entre o sistema político, de um lado, e os setores
privados do mundo da vida e, de outro, os sistemas de ação especializados em termos de
funções.
Um dos pontos mais importantes da estruturação democrática e do fortalecimento da
comunicação pública e política tem sido a capacidade do Estado de promover um ambiente de
liberdade de expressão das classes e garantir lisura nos processos relacionados ao conceito de
suficiência do sistema político, envolvendo todos os seus atores. Qualquer tipo de intervenção
limitadora no processo midiático de um país fere direitos internacionais de liberdade e,
consequentemente de compromissos democráticos.
A apropriação dos media pelos interesses particulares ocorreu (e continua ainda hoje) nas sociedades ocidentais sob a ação de dois pólos institucionais, o Mercado e o Estado, que, nesse âmbito, só aparentemente (ou de forma esporádica) têm divergido nas suas estratégias, objetivos e interesses. A influência do Estado sobre os media é parte de uma lógica intervencionista mais geral, nesse caso tendo como objetivo específico, o universo simbólico da sociedade, com vista a produzir a legitimação necessária ao reforço de autoridade do próprio Estado. (ESTEVES, 2003, p. 46).
No espaço contemporâneo, a esfera política pública possui fortes características
diplomáticas e negociais, visto que o cenário de integração é global. Esse processo possui
características positivas, mas também exige consequentemente perspicaz discernimento nas
ações de políticas públicas e planejamento para um sustentável desenvolvimento econômico,
inclusive com prioridade na construção de imagem e identidade pública.
Para Gomes (2008, p.52) “com a diluição das fronteiras entre as esferas, não há como
pensar a esfera pública política, por exemplo, como a dimensão da decisão apolítica dos
conflitos”. Existem extremos de ação na dinâmica contemporânea, que transitam nas práticas
de governabilidade alicerçadas no exercício do lobby, até o contraponto das ações de social
accountability imersas nas dimensões públicas.
No Brasil, as mudanças democráticas e o estímulo das ações comunicacionais
retomaram sua importância depois do fim do regime militar, incitado pelo movimento popular
de luta pelo direito de eleições diretas para presidente da República, denominado movimento
“Diretas Já”.
A exigência de comunicação no âmbito dos governos cresceu com a redemocratização do país e com o perfil da sociedade na década de 1980. O fim da ditadura militar, depois de mais de duas décadas, deu origem à liberdade política, de imprensa, da participação popular, ao estabelecimento dos direitos do consumidor e uma nova Constituição. (DUARTE, 2011, p. 123).

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Em um recorte mais recente, nas últimas três décadas, o processo de redemocratização
na América Latina proporcionou o fortalecimento de um campo da comunicação política e
eleitoral que disponibilizou estratégias e técnicas para que grupos políticos, por intermédio de
pleitos eleitorais, conquistassem o poder nas mais diferentes esferas governamentais.
Os regimes democráticos se estruturaram partidariamente, seguindo correntes
ideológicas e buscando identidade com a sociedade, com o objetivo de conquistar vitórias nos
pleitos eleitorais mantendo representantes nos ambientes do Legislativo e Executivo. Essa
necessidade comunicacional de oferecer um canal de interação com o cidadão é um elemento
que propicia uma nova e representativa ação da comunicação, aliada ao cenário político
nacional e internacional.
Amparado predominantemente no regime democrático presidencialista, o bloco latino
americano possui em seu histórico características que foram potencializadas em diversos
momentos eleitorais, ligadas ao contexto político, social e cultural dos países.
Em primeiro lugar é pertinente salientar o alto índice de desigualdade social ainda
presente na maior parte dos países do bloco, causando acentuadas diferenças sociais e
limitações nos investimentos em educação, prioritário para a conscientização política e social
dos indivíduos.
Em uma análise global, é possível observar que o investimento maciço na área
educacional corrobora diretamente para o desenvolvimento econômico do país, bem como na
formação política dos cidadãos, fortalecendo a democracia.
Para Weinberg (2005, p. 64) um exemplo factual de êxito na relação educação e
desenvolvimento é o sistema Sul Coreano de políticas educacionais, que investiu nas duas
últimas décadas intensamente na educação de base, precisamente no fundamental e médio,
com o objetivo de ampliação da qualidade dos alunos e prepará-los para um mundo
competitivo e global.
Outro ponto relevante latino-americano é a proximidade da população com lideranças
de foro populista, com grande representatividade na década de 90 e presente até os dias atuais,
fator que pode causar condições favoráveis para implantação de políticas sociais, mas transita
em uma linha arriscada de identificação com atores políticos que não possuam capacidade
técnica gerencial de promover respectivas melhorias para a sociedade.
Para Debert (1981, p.55) o mote social deixa de ser uma questão exclusivamente de
política e as lideranças, buscando a mobilização e o apoio dessas classes, passam a fazer pelo

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menos alusão às suas condições de vida e às diferenças que separam essas classes das outras
camadas da população, e apontar caminhos para a superação desses problemas.
Esse posicionamento fortalece o foro democrático ocorrido na maior parte dos países
latino-americanos onde, apesar de eleições diretas, a população predominantemente pobre e
com baixa formação e conscientização política normalmente se identifica com discursos e
atores políticos populistas, nem sempre preparados gerencialmente para o exercício do poder.
Apesar de nem todos os países latino-americanos incentivarem o conceito da
democracia participativa, o Sufrágio Universal de escolha eleitoral se mantém, garantindo o
princípio da respeitabilidade e integração social. Para Habermas (1996, p.47) o princípio da
democracia elitista, como a participativa, apesar de não apresentar características acentuadas
de envolvimento pleno da sociedade, ainda promove o direito de escolha eleitoral.
O conceito participativo é fundamental no sentido de promoção de políticas públicas
realmente integradas com o contexto da população, pois são elaboradas com a participação de
múltiplos atores sociais, incluindo em alguns momentos o desenvolvimento de plebiscitos que
permitam amplo ambiente de escolha da propositura em questão.
A democratização implica a liberalização, porém, este é um conceito mais amplo e, especificamente, político. A democratização requer a competição aberta pelo direito de conquistar o controle do governo, o que, por sua vez, exige eleições competitivas livres, e seu resultado determinará quem irá governar. Com base nessas definições, é obvio que pode haver liberalização sem democratização. (LINZ; STEPAN, 1999, p.22).
Com relação às eleições, na última década ocorreu um aumento considerável na
dinâmica de competitividade eleitoral, com o surgimento de novos partidos e de dezenas de
grupos políticos interessados no poder público. Esse cenário exigiu maior profissionalismo
nas técnicas e estratégias eleitorais, visando obter sucesso nos resultados das eleições.
Isso propicia maiores chances de estruturação do campo da comunicação política, em
ações eleitorais, governamentais e pós-eleitorais, sempre acompanhando as evoluções
tecnológicas e o surgimento de novas dinâmicas de interação multimídia e comunicacional.
Os estudos de comunicação pública têm sido marcados historicamente pela multiplicidade de conceitos e de teorias, o que tem privilegiado um dos atores envolvidos no processo e não as interações entre eles. Nas décadas mais recentes, a partir da consolidação democrática e dos questionamentos em torno do modelo neoliberal e dos efeitos da globalização, tais estudos vêm passando por transformações significativas. (MATOS, 2011, p. 40).
O poder público contemporâneo compreende com maior maturidade as atividades da
comunicação como fundamentais e estratégicas no sentido de organizar e estruturar uma

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imagem pública sustentável, bem como fortalecer o elo com os cidadãos, garantindo maior
aprovação governamental e credibilidade eleitoral.
A comunicação política alinhada ao conceito mercadológico enfoca ações anteriores
ou posteriores ao período eleitoral e busca mensurar níveis de aceitabilidade na construção de
imagem e, em muitos casos, identidade comunicacional, normalmente aplicada ao ator
político.
Os meios de comunicação bem alinhados são fundamentais em uma sociedade
amparada na alta velocidade da informação e na interação informacional cada vez mais
popularizada nas camadas sociais, principalmente nos alinhamentos estratégicos das ações na
dinâmica política. Para Marques (2008, p. 34) “os meios de comunicação podem ser
considerados uma dimensão privilegiada da esfera pública cuja função consiste em encampar,
reconstruir e reproduzir pontos de vista diversificados, articulando o conteúdo discursivo que
circula nas diferentes esferas deliberativas do processo político”.
Apesar de um contexto mais livre e democrático presente nos dias atuais em grande
parte dos países do mundo, ao longo da história, a comunicação no universo público foi
utilizada de modo alheio aos desejos da sociedade e embasados nos interesses pessoais de
seus governantes.
Na visão de Rolando (2011, p. 25) “a comunicação pública, no curso da história,
esteve a serviço de muitos aspectos negativos: propaganda, manipulação, excitação das
massas, acompanhamento das guerras e da destruição do inimigo, criação de leis injustas,
discriminação social e ética, poder pessoal, humilhação da democracia”.
Na atualidade, a comunicação pública é alicerçada na concepção de inclusão de direito
de expressão de todos os atores envolvidos na sociedade, bem como nas práticas políticas que
busquem amenizar desigualdades e ampliar oportunidades de crescimento e desenvolvimento
social e econômico para uma região ou país.
Comunicação política e as estratégias mercadológicas, portanto, não devem ser
amparadas somente no critério competitivo eleitoral e tampouco se fundamentarem em
parâmetros de qualidade e planejamento público com vistas apenas às eleições. A
comunicação pode e deve ser desenvolvida com o intento de construção de imagem de uma
gestão pública, todavia devem propiciar de modo real e factual melhorias à sociedade.
“A comunicação pública exige, portanto, a participação da sociedade e de seus
segmentos: não apenas como receptores da comunicação de governo, mas principalmente
como produtores ativos no processo comunicacional”. (MATOS, 2011, p. 45).

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Um dos fatores que deve ser considerado como fundamental para o sucesso de um
regime e, consequentemente, para construção de um Estado de oportunidades é a
compreensão e fortalecimento do campo de representação social. A correta identificação,
potencialização e integração de atores representantes de grupos sociais beneficiam a qualidade
das políticas públicas regionais e macro regionais.
O termo representação assume no campo da política um duplo e complementar sentido: a) delegação ou transferência a terceiros das prerrogativas do indivíduo, cidadão de expressar na esfera pública seus valores, opiniões e interesses (mecanismo fundante das democracias indiretas ou representativas); b) encenação na qual os atores políticos se empenham na melhor performance para atingir os objetivos pretendidos. (CARVALHO, 1999, p. 105).
Evolutivamente para um ator político e sua respectiva ação na esfera pública se torna
mais evidente e acessível por intermédio de canais midiáticos e a rapidez de disseminação de
informações. Obviamente esse fator não está relacionado apenas à sua visibilidade, porque o
que pode ser compreendido como fator preponderante na interpretação desses fatos é o grau
de maturidade política de uma sociedade, reportando na luta por direitos e maior força de
mobilização e controle da situação.
O princípio da Sociedade da Informação foi balizado na democratização da
informação, por intermédio dos múltiplos canais de comunicação facilitados pela evolução
tecnológica e convergência de meios, via dispositivos de mobilidade, como smartphones e
tablets. Para Peruzzo (2005, p.97) “o acesso à informação e aos canais de expressão é um
direito da cidadania e faz parte dos direitos da pessoa”.
De acordo com Lacerda (2010, p.147) não somente a cultura do computador, mas
também os meios massivos de informação possibilitarão as bases de construção de uma
racionalidade técnica contemporânea consequente da sociedade da informação.
O cenário politico na América Latina ainda pode ser interpretado como em processo
de desenvolvimento, mesmo porque em muitos dos países desse bloco, a assimilação das
sociedades como agente interventor de mudanças políticas e sociais de modo constante e
habitual ainda não é tão presente, decorrente muitas vezes da cultura e acesso informacional.
Falar em América Latina e de sua relação com a sociedade global é, muitas vezes, abordar vários outros aspectos que estão inseridos no cenário dos países em desenvolvimento. A luta contra a fome e a pobreza, melhoria dos serviços de saúde e da educação e a sustentabilidade ambiental são itens nevrálgicos que permeiam as necessidades de nosso grande continente. (GOBBI, 2004, p.25).
No universo político, o surgimento dessas novas mídias e a capacidade de maior
interação do cidadão com o político que o representa propiciou um novo modelo de

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compreensão de como fazer estratégias de comunicação política, criando uma visibilidade em
tempo real, que pode ser positiva no sentido de difusão de ideias, porém negativa no sentido
de promoção de falsas informações que podem desconstruir uma imagem pública. Na
concepção de Thompson (2010, p. 23)
o desenvolvimento das mídias comunicacionais deu origem, dessa forma, a um novo tipo de visibilidade desespacializada produzindo uma forma íntima de autoapresentação liberada das limitações de copresença. A indiferença impessoal da maioria dos líderes políticos do passado foi de certa forma crescente, substituída por esse novo tipo de intimidade mediada.
Essas mudanças no comportamento do cidadão-eleitor criam novos desafios no sentido
de promover uma comunicação clara, eficiente e funcional. Para Lara (2005, p.41) os partidos
políticos e os sistemas democráticos enfrentam novos e difíceis problemas como: a
globalização, o dinamismo comportamental das diversas classes sociais, a importância
crescente dos meios de comunicação e de propaganda, e a tendência de uma maior
volatilidade eleitoral.
AÇÕES DE MARKETING POLÍTICO NA DEMOCRACIA ELEITORAL
Também inserido nas práticas de comunicação política, o marketing transita como um
modo ferramental de coordenar atividades e ações para aumento de oportunidades estratégicas
de êxito na concepção competitiva inerente do dinamismo partidário e eleitoral.
A ação mercadológica não é planejada e implantada de modo isolado, mas é
considerada um braço estratégico da comunicação política, pois permite a construção da
comunicação de um ator político, seja no momento eleitoral ou pós-eleições, caminhando
normalmente para um trabalho sustentável governamental. “Os efeitos da publicidade
comercial sobre a esfera pública, sobre os padrões de sociabilidade e sobre a própria
democracia são extremamente relevantes”. (MIGUEL, 2007, p.228).
As ações de marketing político utilizam de conceitos da mercadologia corporativa,
porém o ambiente público apresenta algumas especificidades que devem ser observadas pelos
consultores políticos, porque o que está sendo trabalhado é o critério de confiabilidade e
aprovação de uma pessoa ou um grupo de pessoas dispostos a desempenharem o papel de
representação e gestão no universo público.
O dinamismo eleitoral e pós-eleitoral envolve um ambiente de direitos, normalmente
integrado com o cidadão, portanto lesar de alguma forma esse canal, é fomentar descrédito na
imagem do ator politico.

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A imagem do candidato que os consultores políticos podem construir tem que ser o resultado de um compromisso entre a realidade e os desejos, entre a verdadeira personalidade dos candidatos e as características que o eleitor espera subjetivamente de um líder político. Os elementos que influem na percepção da imagem estão diretamente entrelaçados, para as distinções dos estímulos racionais e emocionais, caráter pessoal e questões políticas que são úteis para o desenvolvimento da estratégia. (SALGADO, 2002).
Na visão de Torquato do Rego (2002, p.139), relacionada à imagem pública e
aplicação do marketing político nas estratégias de comunicação, fica evidente a importância
da estratégia correta para evitar maiores problemas de imagem:
O marketing é importante para informar, integrar a comunidade no espírito de uma administração, preservar a sua identidade. Identidade é sinônimo de caráter. Já a imagem é aquilo que um governante pretende passar para a opinião pública. Quando a imagem é exagerada, distante da realidade, forma-se um ponto de interrogação na mente das pessoas. Será que aquilo é verdadeiro? Se os exageros atingem o absurdo, o resultado é um bumerangue, ou seja, o marketing acaba corroendo o governo. Primeiro cuidado: evitar prometer em campanha o que não poderá ser cumprido. O povo acabará cobrando. E o marketing da administração terá de ser feito baseado em verdades.
As estratégias de marketing político normalmente se embasam no conceito de
identificação do eleitor com o candidato, que pode ser estimulado e construído por diversas
maneiras. Um das formas mais diretas desse tipo de ação é a capacidade de compreensão dos
atores políticos com suas respectivas classes sociais e regiões, onde a promoção do senso de
identificação é mais representativa.
Aliado a uma estratégia sustentável de comunicação e marketing político é relevante
que, de modo concomitante, a qualidade da gestão pública do ator político seja condizente
com as ações e expectativas criadas no momento de campanha. Na visão de Izurieta et al
(2009, p.81) o marketing contribui para que governantes e governados adquiram um contato
próximo entre si, com os meios de comunicação integrados em um espaço central e com uma
opinião pública consciente de si mesma.
Com o passar dos anos, o acesso informacional do eleitor favorece a ampliação de
controle e conhecimento das práticas lícitas ou ilícitas praticadas pelo político, levando ao
fracasso ou a continuidade do trabalho, sendo reeleito na eleição posterior.
Segundo Salgado (2002, p.78) “a credibilidade é importante para a persuasão e
condição sine qua non para ter êxito na comunicação de uma mensagem”. Uma mensagem
apropriada, atrativa e coerente, comunicada por um ator político de modo envolvente e eficaz
certamente propiciará bons resultados, sendo relevante nesse contexto o trabalho das

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características comportamentais e físicas do político, buscando criar um conjunto positivo,
que será bem aceito na sociedade regional.
Além da mensagem, identificar características chave no ator político favorece o
desenvolvimento de uma campanha cuja mensagem seja padronizada, conquistando maior
força de representação.
A aplicação da concepção da simplificação e diferenciador para a imagem do político significa que o processo de marketing deve destacar uma única característica que o político possa ser trabalhado verdadeiramente: juventude, idade, experiência, conhecimentos de política exterior e economia, etc. Naturalmente, antes de começar a colocar as características na campanha é necessário conscientizar o candidato, envolvendo no processo. (MAAREK, 1995, p.58).
Quando o objetivo das ações é de governo, as práticas mercadológicas obedecem a
critérios estratégicos de construção sustentável de uma relação saudável e harmoniosa com a
sociedade regional, envolvida no processo eleitoral, conquistando credibilidade utilizável em
futuros pleitos eletivos. “Perceber a identidade faz com que tenhamos a sensação de
integração na sociedade e uma comunhão de pontos de vista e ideias sobre o futuro. Nesse
sentido, a identidade funda ao mesmo tempo a singularidade e a integração”. (DELL’ ORO,
2009, p.23).
Outro fator importante inserido no contexto da comunicação política e dos
pensamentos mercadológicos é a construção de estratégias que propiciem o fortalecimento de
marcas, aplicadas nas mais diferentes esferas do poder público. O conceito mais conhecido
dessa linha de atuação política é na construção de marcas cidade e país, visando promover
uma maior identidade regional e potencializar uma compreensão positiva daquela região
nacionalmente e internacionalmente.
Para Chaves (2011, p.31) uma marca país é criada para promover sinergia em todas as
ações de promoção do patrimônio. Essa marca favorece uma leitura comum de tudo que é
promovido e consequentemente atribui valores competitivos ao país.
Essa estratégia contribui para todo o conjunto político, pois o que está sendo
trabalhado e difundido com o objetivo de maior credibilidade e visibilidade é o modo que a
cidade ou país está sendo visto e interpretado pelo público interno: moradores e eleitores;
como também pelo público externo, propiciando ampliação de várias atividades relacionadas
ao desenvolvimento econômico, como: turismo, crescimento da indústria e demais
investimentos que melhoram o desempenho econômico e social.
Ações de marketing político aliado aos princípios da comunicação política não
funcionam apenas nos momentos curtos e impactantes das eleições, mas também, como

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processos contínuos que, indubitavelmente fundamentam o sucesso ou o fracasso em um
mandato público. Essas vertentes são merecedoras de estudos científicos mais apurados que
ampliam e fundamentam técnicas e análises comportamentais e gerenciais.
Na visão de Santiago & Varela (2006, p.30) um dos elementos importantes do
marketing político é relevância de identificar grupos de eleitores para o desenvolvimento das
ações de comunicação, seja nas eleições ou depois delas, visto que o grau de envolvimento do
cidadão com a política regional influencia diretamente na compreensão da mensagem.
Com uma identificação precisa de grupos de eleitores é possível desenvolver
campanhas com uso da publicidade e propaganda com um grau maior de sucesso, porque o
principio balizador da segmentação mercadológica foi respeitado. Essa análise pode contribuir
para redução de gastos em comunicação política e também contribuir para que haja maior
aderência entre o ator político e a sociedade em que se encontra.
COMUNICAÇÃO POLÍTICA, CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Além do conceito estratégico das ações de marketing na comunicação política no
campo pragmático do planejamento eleitoral e governamental, é pertinente ressaltar que, de
modo concomitante é necessário aliar as competências das ações da comunicação no campo
público com as práticas idôneas, participativas e funcionais de políticas públicas para a
sociedade, principalmente no esforço de inclusão de grupos minoritários normalmente
excluídos do sistema.
É preciso considerar que o cidadão não pode se colocar como sujeito de obrigações se não for, ao mesmo tempo, sujeito de direitos. Na medida em que o indivíduo é aceito como membro da sociedade, converte-se em portador de direitos, podendo, então, reivindicá-los. A negação dessa forma de reconhecimento (cidadania) se dá tanto pela exclusão de alguns privilégios quanto pela exclusão de determinados direitos, levando à perda do autorrespeito, ou seja, do sentir-se capaz de ser cidadão com os mesmos direitos que os demais parceiros de interação. (MATOS, 2011, p.47).
Amparado nesse fundamento, as premissas da Teoria do Reconhecimento, estruturadas
principalmente por Taylor (1994) e Honneth (2003) sustentam o princípio de interação e
identidade, onde a forma com que o indivíduo é observado pelo outro interfere objetivamente
na formação de sua identidade, originária de seu autoentendimento do contexto.
Todavia, a comunicação inserida no universo público não é mais vista tão somente
como um simples modo de informar a população. Contudo, é considerada como um dos
pilares de um plano de ação ousado de manutenção do poder, na concepção maquiavelista de
dispor de três fases: conquistar, manter e ampliar.

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A comunicação política e governamental não pode ser entendida somente como um conjunto de mensagens que ocorrem dentro de um sistema político. Ela permite atividade de formação de demandas, de mudanças nas próprias respostas do sistema, de compreensão dos processos políticos, ou, ainda, como unidade de análise das teorias políticas, da sociolinguística, da sociologia de massas e dos estudos de concentração e distribuição do poder político dentro dos diversos grupos organizados. (SANTOS, 2007, p.65).
Nesse contexto é relevante expor a importância da ética no campo social, no sentido
da comunicação, bem como outras áreas do conhecimento para corroborar as práticas públicas
que não sejam politicamente incorretas e legalmente criminais, como desvios de verbas e
demais atitudes instauradas no contexto da improbidade administrativa.
Por esse motivo e para que haja um senso democrático, é necessário à conscientização
e participação da sociedade nas políticas públicas, estimulando e escolha mais adequada de
seus representantes. Deve compreender com coerência as ações de comunicação pública e
observar sua real eficácia em seu contexto, sempre contrapondo como que lhe é apresentado
via ações de comunicação e marketing político.
Para Gomes & Maia (2008, p.147) a relação entre comunicação de massa e esfera argumentativa pode ser melhor esclarecida admitindo-se a categoria de esfera de visibilidade pública midiática. Esta última funciona como o grande médium de sociabilidade e exposição da sociedade contemporânea, fundamental, até mesmo, para a existência da esfera pública como esfera da discussão pública.
Sistemas corruptos e susceptíveis a falhas reportam descrédito para a população,
criando um ambiente de desconfiança e hostilidade social com relação aos possíveis
governantes, caminhando muitas vezes para uma baixa estabilidade política. Para Huntington
(1975, p.405) “a estabilidade futura de uma sociedade com um baixo nível de participação
política depende assim em grande parte da natureza das instituições políticas com que a
mesma enfrenta a modernização e expansão da participação política”.
O aumento constante do grau de exigência do indivíduo diante dos serviços e produtos
oferecidos no seu cotidiano, presente notadamente no poder privado, também se dirige para o
poder público, pela exigência atual por uma gestão pública eficaz e transparente,
principalmente tecnológica.
As interfaces digitais ampliam o poder de disseminação da informação para redes de
usuários, que em muitos casos podem também ser os eleitores. O formato eletrônico de troca
de informações e transmissão das mesmas nas redes sociais exige uma preocupação maior no

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desenvolvimento de ações de comunicação política e governabilidade pública, visto sua
visibilidade e rapidez para disseminação da boa ou má notícia à sociedade.
Com o crescimento do uso da internet e com a maior utilização de plataformas que valorizam a interação entre os indivíduos, (como fóruns online, sites de redes sociais e as ferramentas discursivas que passaram a acompanhar modalidades que eram monológicas, como vídeos, imagens e notícias), diversos deliberacionistas passaram a ver a internet como um possível caminho para uma democracia que valorize mais a deliberação entre seus cidadãos. (SAMPAIO, 2011, p.198)
Novos conceitos surgem e se posicionam como bases de uma nova sociedade,
amparada na informação e conhecimento. O Governo Eletrônico1, por exemplo, como uma
prática de serviços mais rápidos e seguros para a sociedade, por intermédio da tecnologia,
mais precisamente na interface da internet, visando garantir serviços públicos mais eficientes,
transparentes e seguros.
Para que essas plataformas eletrônicas cheguem à população, é relevante que o poder
público compreenda a importância de aliar novos recursos tecnológicos para facilitar os
processos públicos e propiciar maior conforto para o cidadão, no cumprimento de deveres ou
na solicitação de direitos. Nesse sentido Bresser Pereira (1998, p. 305) aponta que
A integração dos sistemas, possibilitada pela convergência implementada, permitirá que dados e informações comuns fiquem disponíveis a todos, a partir de uma única captação, ou geração, para eliminar a necessidade de coleta múltipla, reduzir o volume de meios de armazenamento, eliminar a inconsistência habitualmente decorrente de critérios e métodos diferenciados de captação e geração, eliminar gastos paralelos com o desenvolvimento de aplicações afins e aumentar a produtividade dos próprios sistemas e da mão-de-obra envolvida.
Na visão de Vega (2009, p. 177) na atualidade, um dos problemas da democracia é a
falta de participação dos habitantes, no caso o governo eletrônico pode contribuir na solução
desse problema envolvendo os cidadãos com a estrutura que os governa.
A prática da Governança Corporativa2 se concebe como uma forma de fomentar
qualidade nos serviços públicos e privados no que tange: à aplicação de recursos,
transparências de resultados e abertura de participação dos diversos atores sociais. Essas
estruturas diferenciadas facilitam as ações de comunicação política, principalmente em
relação às práticas de comunicação de governo, pois cria cabedal para a estruturação de
1 A prática fortalecida com a evolução da rede de computadores internet, oferece por intermédio de portais eletrônicos e menus interativos, serviços eletrônicos para o cidadão. Essa situação evita, muitas vezes, a necessidade de comparecimento aos órgãos públicos, o que cria um cenário enxuto de trato da informação e prestação de serviços. 2 Difundida como uma prática de respeitabilidade de mercado e transparência nas ações, a Governança Corporativa transita atualmente, no universo público e privado. É baseada em relatórios publicados periodicamente, com resultados de transações comerciais e demais ações gerenciais. O processo é auditado e permite transparência nas ações, propiciando confiabilidade nos atores envolvidos.

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planos comunicacionais. Esses atos se destinam à população para compreender as ações
realizadas, aumentar a expectativa positiva e gerar alto índice de credibilidade.
O Brasil se encontra em uma situação de estabilidade tecnológica quando o assunto é o sistema eleitoral. Está conseguindo acompanhar os processos evolutivos dos anos e se manter em uma situação de vanguarda da aplicação da tecnologia a favor da democracia. Nas eleições de 2008, com os mesmos cargos de 1996, implantou em modelo pequeno de amostragem testes para a incorporação biométrica, com o objetivo de combater possíveis fraudes na identificação dos eleitores, combatendo o voto em duplicidade, e na votação ilegal de uma pessoa com o título de outro eleitor. (NEVES, 2009, p.153).
Para Castells (1999, p.230) “a transformação organizacional ocorreu
independentemente da transformação tecnológica, como resposta a necessidade de lidar com
um ambiente operacional em constante mudança”. No contexto político, qualquer ator ou
grupo partidário que não considerar a qualidade da gestão mercadológica e informacional
como fator sine qua non no período de mandato, certamente, terá dificuldades para se
estabelecer nas próximas eleições.
Na observação de Séguéla (2006, p.344), a mídia eletrônica tomará o poder, o eleitor
se tornará o eleitor-ator, visto que ontem era manipulado, se torna hoje manipulador, pois com
clicadas no mouse, exigirá que se troquem ideias.
A ampla exposição do ator político na sociedade corrobora para aumentar os riscos de
problemas de crise de imagem, devido à dificuldade de controle das informações que
transitam pelas diversas fontes de comunicação, seja na rede virtual seja em veículos
impressos. Cuidados no gerenciamento de crises de imagem e criação de potenciais planos de
contingência são necessários para a correta e viável prática da comunicação de governo e
política.
Em contrapartida, a visibilidade baseada nos conceitos originários da propaganda é
necessária para o sistema. Para Maia (2008, p.167) “a publicidade é um requerimento
fundamental para a deliberação, tanto para as concepções liberais de democracia quanto para
as concepções republicanas”.
Na concepção de Schwartzenberg (1979, p.168), quando expressa a relação do eleitor
e dos atores políticos, é apontado que um grupo reduzido de profissionais e especialistas no
ambiente político participa como atores protagonistas do sistema gestor, enquanto a maioria
da população é considerada como espectadora que se entusiasma, se emociona e se identifica
com políticos. No terreno propriamente político, ator e eleitor se fundem, o papel desenhado é
personalizado como caráter do agente.

16
Partindo dessas premissas, o projeto pós-doutoral envolve o contexto latino-americano
por sua relevância internacional em um cenário de reposicionamento de hegemonias
econômicas, principalmente no período posterior ao da crise de 2009, iniciada nos Estados
Unidos e com grande impacto na Comunidade Europeia.
Os países pertencentes a esse bloco latino-americano nos contextos geográfico e
político, possuem especificidades quanto a sua história democrática. No entanto, o interesse
na profissionalização da área de comunicação política e governamental é representativo e
seguem parâmetros convergentes e com potenciais contribuições.
Apesar de fundamental para a garantia do sufrágio democrático, o momento eleitoral
não se define como a única preocupação no cenário político. É salutar afirmar que o universo
analítico da comunicação governamental e política sustentam estudos mais profundos no que
se refere à interação, governança e construção de imagem e identidade públicas.
Nesse contexto, para Habermas (1997, p.92) “a esfera pública pode ser descrita como
uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posição e opiniões; nela os
fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de se condensar em opiniões
públicas enfeixadas em termos específicos”.
Esse cenário se confirma pelo empenho de pesquisadores latino-americanos em
divulgarem seus trabalhos de pesquisa por meio de entidades científicas e profissionais por
meio de Congressos Científicos da área de comunicação e gestão pública. Portanto, o
embasamento teórico pretende sustentar a relevância deste projeto de pesquisa no sentido de
fomentar o desenvolvimento de um panorama estatístico e descritivo das ações de pesquisa
relacionadas à práxis da comunicação política na América Latina.
O cenário latino-americano está em constante processo evolutivo no que tange a
maturidade democrática, portanto realizar estudos comparados desses sistemas permite
promover novos parâmetros de análise que podem ser utilizados na melhoria de processos
públicos e sistêmicos para a população.
Para que esse princípio evolutivo não se torne retrógrado, é fundamental que se
construa um simbolismo democrático cada vez mais forte e estruturado. Martín-Barbero
(2008, p.16) descreve essa necessidade
Sem um mínimo de coerência ideológica e de densidade simbólica política, por mais bons e justos que sejam os objetivos que ofereçam seus governantes, acabará desmobilizando as pessoas e legitimando as perversões de um poder que eles, sem os meios, não podem vigiar confrontar e muito menos controlar, que constitui a base mínima de uma democracia.

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Estruturas eleitorais mais maduras corroboram para um ambiente democrático
amparado em igualdade política. Para Lijphart (2008, p.318) “a igualdade política é um objeto
básico da democracia e, assim, o seu grau constitui um indicador importante de qualidade da
democracia”.
Apesar de o contexto latino-americano possuir países com recursos econômicos
limitados, grande parte dos modelos democráticos e consequentemente os eleitorais podem
evoluir para uma qualidade mais apurada de gestão pública. Esse processo de maturidade
pode ocorrer no sentido da população possuir maior acesso aos acontecimentos políticos, bem
como informações provenientes da gestão pública.
A pressão da sociedade por melhorias nas ações políticas e maior transparência
pública nas atividades contribui para um controle mais representativo nas práticas
governamentais e políticas. Obviamente esse critério está diretamente relacionado com a
capacidade de compreensão política da população, que no caso latino-americano ainda não é
predominante.
Outro conceito importante na comunicação política é o monitoramento de cenários
com o objetivo de evitar crises no ambiente público. Elizalde (2004, p.49) afirma que é
importante diferenciar com clareza entre uma situação de conflito com uma crise e focar no
melhor modo de resolução dos processos, evitando desconstrução de imagem pública.
É importante sempre observar e combater os fluxos negativos de aproveitamento do
poder público e tráfico de influências. Segundo Dahl (1993, p.645) “muitos recursos que
fluem direta ou indiretamente da posição de alguém na ordem econômica podem ser
convertidos em recursos políticos”.
Enquanto nos sistemas democráticos o processo de tomada de decisão é geralmente mais transparente para observadores externos (como jornalistas ou cientistas políticos), que têm uma boa ideia de como as decisões pragmáticas são tomadas, o mesmo não acontece nos regimes não democráticos. Entretanto, a transparência não significa necessariamente múltiplos atores com poder de veto, e sua falta não implica um único ator. (TSEBELIS, 2009, p.117).
Em muitos casos, o poder e a disputa pelo voto nos países latino-americanos ainda são
pleiteados pela elite. Segundo Schumpeter (1961, p.269) “o método democrático é o arranjo
institucional para se chegar a decisões políticas nos quais os indivíduos adquirem o poder de
decidir através da luta competitiva pelo voto do povo”.

18
Na visão de Maia (2008, p.346) a democracia, para funcionar bem, com eficiência e
vitalidade, precisa de diferentes recursos, tais como educação das pessoas, prática da
conversação e da discussão, entre os próprios cidadãos, de assuntos de interesse coletivo e o
engajamento em políticas institucionais.
A liberdade de imprensa e expressão normalmente caminha em conjunto com o
processo democrático, porém é possível existir modelos pseudodemocráticos que perseguem
os direitos de expressão dos atores multiplicadores da informação e do conhecimento de modo
velado, expondo-se como uma estrutura livre e integrada com sua sociedade. Na visão de
Rosillón & Villalobos (2012, p.218) o Estado e a cidadania estão implicados. A participação
supõe no exercício de deveres e direitos e na disposição de construir qualidade de vida a partir
de espaços comuns.
Para Peruzzo (2011, p.164) a comunicação está em construção e pode ser democratizada a fim de contribuir para a constituição cada vez mais ampliada da própria cidadania. Ela não está dada nem completa. A cidadania avança na medida da consciência de prerrogativa e se ter o direito à comunicação e da capacidade de ação e articulação daqueles a quem ela se destina.
Por fim, compreender como que as práticas da comunicação pública e política, bem
como as variáveis de marketing, na construção de imagem e identidade política funcionam e
estimulam o senso democrático, no que tange a salutar competição do sistema partidário, é ter
suporte para propiciar uma análise das relações: cidadão/Estado e eleitor/democracia.
AMÉRICA LATINA E DEMOCRACIA
De modo mais acentuado nos últimos cinco anos, com influente estímulo proveniente
da crise econômica norte-americana em meados de 2008, o bloco econômico latino americano
ganhou representativa visibilidade como uma região com potencialidades econômicas e sócias
proeminentes de crescimento em momentos de adversidade econômica mundial.
Grande parte dos países latinos tiveram dois fatores preponderantes para terem uma
letargia no que tange o seu processo desenvolvimentista: a primeira decorrente do processo de
colonização espanhola ou portuguesa e momentos de limitação política, no sentido de
participação popular e política, com regimes autoritários que ficaram vigentes principalmente
nas décadas de 50, 60 e 70.
Para Capelato (1994, p.18) a América Latina sofreu inúmeras pressões políticas e
sociais de países desenvolvidos por muitos anos e isso contribuiu para a ampliação de
inúmeros problemas sociais existentes até os dias atuais. Esse cenário de desigualdades

19
sociais e má distribuição de renda corroboram para uma degradação cultural dos cidadãos,
principalmente com relação aos comportamentos democráticos. Na visão de Benedicto (2002,
p.36), o poder público nos países latino americano, por décadas não promoveu investimentos
sólidos em educação e infra-estrutura, fragilizando a sociedade.
No sentido das práticas da comunicação política pós-redemocratização dos países, o
comportamento eleitoral da população dos países ainda exige muito investimento para
ampliação da consciência social. Segundo Moraña (2000, p.136) a base do processo
democrático é a compreensão da população da importância da escolha dos seus
representantes.
Gerber (2005, p.64) em sua visão analítica no contexto Chileno, afirma que o eleitor
está em um processo de identificação com o conceito político. Esse fator de identificação por
auxiliar na cobrança de melhores condições de vida e inclusão. Todavia, no posicionamento
de Romero (1989, p.12) quanto ao viés argentino, a redemocratização latino americana,
inclusive na Argentina, veio tardiamente e isso influenciou os pilares comportamentais da
sociedade quanto suas atitudes.
A evolução e popularização dos recursos tecnológicos contribuíram para o aumento da
disseminação de informações, na América Latina e nas demais regiões globais. Finquelievich
(2008, p.96) credita grande parte das manifestações contemporâneas de foro político aos
recursos tecnológicos, midiáticos.
A política em contexto latino americano depende muito de mídias, sobretudo a televisão, onde ainda transita com muita força nas classes mais pobres. O acesso e controle dos meios na atualidade são um dos mais importantes recursos estratégicos, e tanto os líderes como os partidos políticos consideram esses canais para fortalecerem suas imagens. (ALONSO; ROSPIR, 1999, p.16).
Sob a análise de Piñeda de Alcázar (2006, p.71), os países latinos devem voltar a
observar seu próprio processo de conquista da democracia, objetivando novas mobilizações
em prol da melhoria da sociedade. Em uma visão do Uruguai, Andacht (1992) aponta que a
compreensão do povo uruguaio com o regime democrático é ainda muito amparada com o
processo desenvolvimentista que não aconteceu conforme todos imaginavam e foi construído
na década de 80.
Seguindo essa conjuntura, Landowski (1997, p.12) versa que o principio democrático
peruano se reflete no período que grande parte da América Latina viveu nos anos oitenta,
quando as manifestações para a volta do direito político e democrático era grito único nos
anseios da população.

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Interpretando desse modo, é pertinente observar que grande parte das dificuldades dos
países democráticos do bloco latino americano está vinculada com fragilidades na base de
formação política e cidadã da população, onde influencia diretamente no andamento do
equilíbrio democrático. Segundo Sánchez Parga (1995, p.41) a cidadania está ligada
diretamente na compreensão da política com uma forma de melhoria do mundo em que está
inserido.
O dinamismo eleitoral, bem como a profissionalização e melhoria da qualidade das
ações de comunicação política estão integrados na possibilidade de contribuir para a prática
correta da democracia e no fortalecimento da interação da sociedade com as necessidades
regionais, que estão inseridas.
Lopes e Leon (1998, p.139) acreditam que o Mercosul é uma realidade que pode
contribuir para o desenvolvimento dos países participantes e também para os demais países
existentes na América Latina. A integração de culturas e liberdade comercial, são pilares
básicos para o desenvolvimento econômico e social.
De acordo com Mata (2002, p.8) a comunicação está diretamente ligada com a prática
da cidadania e na disputa e manutenção do poder. A melhoria dessa dinâmica social está
aderente com participação popular e manifestação das mais diversas camadas da sociedade.
Cimadevilla (2008, p.86) diz que o desenvolvimento da comunicação na América Latina está
dependente da capacidade de integração dos países e consequentemente de suas populações.
JUSTIFICATIVA
Com o desenvolvimento dos regimes democráticos nas últimas décadas, os processos
de eleições e competitividade eleitoral propiciaram uma ampliação do interesse no campo da
comunicação política, seja na atuação profissional consultiva no universo público, como na
pesquisa acadêmico científica. Somente em âmbito nacional, existe grande carência de
profissionais e pesquisadores capacitados para as exigências contemporâneas no
desenvolvimento de estratégias exitosas.
Normalmente é compreensível e esperado que um país evolua com o passar dos anos
de implantação de um novo regime, principalmente com o modelo democrático embasado na
manifestação da sociedade civil e com livre iniciativa política por parte dos seus cidadãos.
Nesse contexto torna-se pertinente um estudo detalhado que aponte, dentro dos países
escolhidos da amostra do contexto latino-americano, as ações, iniciativas de pesquisa e
atividades de fundações e institutos relacionadas a esses países, possibilitando uma análise
comparativa da evolução temática e profissionalização da mesma. Por exemplo, no Brasil,

21
apesar de existirem grupos de pesquisadores com expressivo gabarito científico na temática
referida, ainda existem inúmeras lacunas que necessitam ser preenchidas, no que tange análise
dos comportamentos democráticos, comunicacionais e estratégicos.
Como a comunicação política é uma vertente do amplo universo da comunicação,
grande parte das entidades de pesquisa existentes no cenário latino-americano envolve a
temática como uma das linhas de pesquisa e, nesse contexto, a interação de pesquisadores dos
países da América Latina se torna mais complexa, tanto pelos desafios de compreensão dos
idiomas (hispânico e português), como na ausência de muitas redes oficiais de pesquisa que
promovam socialização dos conhecimentos, com direcionamento de debates.
As contribuições existentes se encontram dispersas e em muitos casos não analisadas
estatisticamente, inibindo a promoção de intercâmbios de conhecimento pelos pesquisadores.
Nesse sentido, a propositura do estágio pós-doutoral de gerar um levantamento analítico e
informativo do campo da comunicação política na América Latina é pertinente, visto a
necessidade de promover os núcleos e demais organizações de pesquisadores.
Por esse motivo, visando maior controle dos dados e objetivando interagir com uma
amostra plausível de pesquisa e aprofundamento, serão escolhidos para este estudo seis países
pertencentes do bloco latino-americano, que obedecem critérios prioritários de escolha, no
intento de propiciar um senso comparativo de qualidade e com validação das possíveis
hipóteses apresentadas.
Um dos fatores mais pertinentes foi a proximidade temporal no processo de
redemocratização, visto que no bloco latino-americano, muitos países vivenciaram períodos
ditatoriais e reconquistaram o sistema democrático em períodos próximos. Essa proximidade
permite observar com maior grau de detalhamento a evolução organizacional ocorrida nas
últimas três décadas no campo da comunicação política: consultiva e científica.
Os países selecionados do universo latino-americano são: Brasil, Argentina,
Uruguai, Chile, Peru e Equador, cujas escolhas foram de aporte estratégico e considerou
alguns fatores metodológicos descritos com maior especificidade em metodologia e objetivos.
A divulgação do projeto de pesquisa objetiva intensificar a temática para novos grupos
de interesse sobre o tema. Portanto, é relevante a sua divulgação internacional das redes
brasileiras, como Associação Brasileira dos Consultores Políticos – ABCOP, Sociedade
Brasileira dos Profissionais e Pesquisadores de Comunicação e Marketing Político –
POLITICOM e Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Política –
COMPOLITICA, bem como grupos de pesquisa em Comunicação Política existentes em
demais entidades e Universidades.

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É objetivo também divulgá-lo para grupos de pesquisadores brasileiros, inseridos nas
Universidades públicas e privadas no Brasil e nos países latino-americanos, utilizando-se
canais organizacionais científicos como Associación Latino Americana de Investigadores de
Comunicación – ALAIC, e demais entidades científicas de notória credibilidade internacional.
PROBLEMA DE PESQUISA
Diante da dimensão do objeto de estudo, é relevante e prudente, o real posicionamento
do recorte da pesquisa, pela necessidade de promover, de modo incisivo e profundo, análises
das ações, métricas e debates realizados acerca das temáticas: comunicação política e
governamental nos países pertencentes ao bloco latino-americano.
O eixo norteador, considerado o principal problema da pesquisa, envolvendo os mais
diversos cenários políticos dos países pertencente ao referido bloco territorial é: Como o
segmento de comunicação política e governamental está fundamentado científica e
profissionalmente em países característicos do contexto latino-americano?
Este questionamento principal permite instigar e fomentar um processo de pesquisa,
levantamento documental e informacional pertinente no contexto profissional e científico da
comunidade latino-americana em comunicação e política, direcionada aos países
selecionados.
Baliza, assim, pilares que fundamentam um inventário das estruturas existentes no
cenário político local, considerando: 1) entidades científicas e profissionais que exercem
influência nas ações analíticas e pragmáticas no sistema político do país e 2) órgãos públicos
que estimulam e fomentam o debate dessa vertente comunicacional.
Em um segundo momento, é importante investigar, diante dos atores sociais
envolvidos e identificados, qual a relação científica e profissional entre os grupos brasileiros,
visto que os potenciais intelectuais, estratégicos e gerenciais de consultores e pesquisadores
do Brasil são, em muitos casos, avaliados positivamente por redes de outros países de foro
democrático.
Um dos pontos necessários para fundamentar a pesquisa é o desenvolvimento de um
viés político histórico dos países em questão. Esse levantamento permitirá maior precisão na
relação política e maturidade ou amadorismo nas ações de comunicação política.
Visualizando o material possível de produção durante o desenvolvimento do projeto, é
viável e pertinente considerar a probabilidade de dispor de arcabouço informacional suficiente
para constituir um panorama da realidade contemporânea da comunicação politica e
governamental, na conjuntura latino-americana.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E OBJETIVOS
Os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa serão de caráter
exploratório e descritivo, visando como universo de pesquisa o campo da comunicação
política nos países latino-americanos: Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Equador.
O eixo norteador será estruturado com base na coleta de informações provenientes dos
fundamentos teóricos e do material empírico das pesquisas em comunicação política e segue
os seguintes critérios:
1) Países democráticos e Republicanos, cujo regime e relações entre Executivo e
Legislativo possuam similaridade. A coleta das informações acerca dos regimes
acontecerá em referenciais bibliográficos dos países analisados, porém com
indicadores de órgãos de pesquisa globais e latino-americano, principalmente na base
de dados das Organizações das Nações Unidas e publicações específicas de
indicadores de redes de pesquisa, como PROLAM (Programa de Pós-graduação
interunidades em Integração da América Latina);
2) Relação espaço/tempo quanto ao processo de redemocratização, permitindo maior
relevância no momento da análise comparativa. O intento desse critério é permitir que
a pesquisa seja desenvolvida com países que apresentam familiaridades temporais e
estruturais (regime político, similaridades pré-democracia, dentre outros).
Esse critério permitirá garantir maior segurança e eficácia na comparação das práticas
evolutivas em comunicação política, visto que o período de maturidade do sistema
democrático é bem próximo e sofreu, de modo amplo e generalista, estímulos e pressões
similares;
Quadro 1 – Lista de países latino-americanos escolhidos para a pesquisa
País Período de redemocratização
Brasil Conquista da redemocratização - 1985
Argentina Conquista da redemocratização - 1984
Uruguai Conquista da redemocratização - 1985
Chile Conquista da redemocratização – 1988
Peru Conquista da redemocratização – 1985
Equador Conquista da redemocratização - 1979
Fonte: Desenvolvimento próprio (2012)

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É pertinente observar que os seis países selecionados pelo critério temporal possuem
períodos similares, o que direciona para o cerne da pesquisa, dentro de uma perspectiva de
recorte científico e metodológico, visto que o principal fator motivador é de pesquisar a
evolução do contexto da comunicação política nesses países.
São países que possuem em comum um período de redemocratização recente, não
ultrapassando três décadas de alterações no seu comportamento social relacionado ao sistema
político e decisão política. Isso influencia no modo que a população e demais atores políticos
interpretam a prática democrática e como se identificam com a mesma.
Um sistema necessita de tempo para que possa chegam a patamares maduros de
integração da população. Um exemplo que pode ser utilizado é a capacidade da mídia, livre de
amarrar de expressão, produzir conteúdo e apresentar um discurso que realmente estimule e
mobilize a população no desenvolvimento de seu senso político crítico e participativo.
Na concepção de Gamson (2011, p.58) “as práticas midiáticas possuem um efeito que
se assemelha a uma faca de dois gumes: tanto estimulam quanto desencorajam
enquadramentos de injustiça” e no sentido de enquadramento maduro, o posicionamento é de
que “uma discussão favorável à ação coletiva é, contudo, muito diferente de um
enquadramento maduro de ação coletiva” (p.114).
Um dos pontos relevantes para o fortalecimento das ações exploratórias e descritivas é
evitar ou minimizar o risco que pode ocorrer de alguns países da amostragem não possuírem
premissas lavradas por intermédio e pesquisas e obras literárias da área. Nesse sentido, utilizar
do recurso descritivo por intermédio de múltiplas fontes de informação pode corroborar para
traçar um panorama conciso do relatório.
Para guiar a pesquisa, o processo de levantamento informacional será direcionado no
contexto das Universidades presentes nos países relacionados ao escopo da pesquisa. O
principal ponto do caráter investigativo é inventariar todas as Universidades existentes no
respectivo país e concentrar os esforços de pesquisa nas que possuírem departamento de
comunicação.
Para amparar essa ação intrínseca serão envolvidas pesquisas nos Ministérios de
Educação dos países ou órgãos e agencias reguladoras similares ao que ocorre no Brasil para
levantar essas informações primordiais das Universidades existentes. Em segundo momento a
pesquisa irá concentrar esforços que permitam identificar locais que possuem cursos de Pós-
Graduação e Graduação ligados com a área da comunicação política e governo, bem como
ações dos seus pesquisadores.

25
É pertinente seguir essa linha de investigação porque todos os países envolvidos na
amostra seguem a mesma linha de redemocratização, no computo temporal. Isto posto, torna-
se relevante comparar estatisticamente como que o campo de pesquisa da Comunicação
Política e Governamental foi fomentado e evoluiu nos respectivos países. Obviamente serão
consideradas as variáveis demográficas, principalmente quando ocorrer o cruzamento de
dados com o Brasil visto sua expressiva densidade territorial e populacional.
Analisando as Universidades que promovem essa linha de pesquisa, será possível
identificar pesquisadores e grupos de investigação vinculados com esses programas, criando
um método eficaz e funcional de inventariar esse panorama de pesquisa, corroborando com
dados para nortearem futuros pesquisadores brasileiros e latinos no viés da comunicação
politica.
As respectivas fundamentações científicas dos países em estudo relacionados com a
temática de comunicação política serão embasadas no levantamento e análise de referenciais
bibliográficos brasileiros e latino-americanos, apresentados em livros, organizações
científicas, periódicos científicos da área de comunicação e correlações das ciências sociais
aplicadas, bem como premissas presentes nas documentações dos atores de pesquisa
supracitados.
Visando fundamentar a pesquisa, será realizado um levantamento dos países latinos
delimitados, observando fatores que possam ter contribuído para a evolução da temática na
região latino americana ou o processo inverso, causando inibições e limitações de atuação e
pesquisa.
Essa parte da pesquisa é fundamental para a compreensão da evolução e maturidade
dos sistemas eleitorais, bem como as práticas de comunicação política e governamental
envolvidas. Os impactos históricos: políticos e sociais são diretamente relacionados com a
evolução e amadurecimento dos sistemas e da sociedade, quanto à compreensão dos conceitos
de cidadania e participação política.
O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamente eficazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva assimilação pessoal dos conteúdos estudados. A assimilação, por sua vez, precisa ser qualitativa e inteligentemente seletiva, dada a complexidade e a enorme diversidade das várias áreas do saber atual. [...] a documentação temática visa coletar elementos relevantes para o estudo em geral ou para a realização de um trabalho em particular, sempre dentro da determinada área. Na documentação temática, esses elementos são determinados em função da própria estrutura do conteúdo do trabalho em realização. (SEVERINO, 2000, p.35-37).

26
Priorizará a escolha da metodologia exploratória e, em caráter intrínseco de pesquisa e
observação, pela relevância do objeto quanto à análise final e às conclusões relacionadas ao
cotidiano político comunicacional. Segundo Gil (1996, p.67), “estas pesquisas têm como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses”.
Os principais objetivos da pesquisa são:
• Oferecer uma contribuição no arcabouço teórico da área de comunicação
política e governamental voltada para o contexto latino-americano;
• Propiciar novos canais de contato com investigadores latino americanos,
estimulando a continuidade dos projetos integradores de pesquisa
comparativa;
• Fortalecer a qualidade da produção científica do grupo de pesquisa e
corroborar na melhoria constante do nível de produtividade da área;
• Oferecer como um produto final científico que possa permitir um panorama
das atividades de pesquisa latino-americanas, facilitando maiores contatos
com futuros pesquisadores, propiciando desse modo um elo mais
fortalecido de pesquisa na América Latina.
CRONOGRAMA
Visto os pressupostos da pesquisa, o cronograma irá se basear no período de 18 meses
para o desenvolvimento da pesquisa e estruturação do relatório, dada aprovação do projeto
pelo Conselho Departamental.
Esse cronograma contará com o período de 12 meses da FASE I, para a realização do
levantamento de dados dos países latino-americanos e articulação com os atores envolvidos
no processo de pesquisa. A tabulação dos resultados, desenvolvimento de quadros
informacionais e estatísticos (caso haja necessidade), serão desenvolvidos nos 6 meses
restantes do prazo estabelecido (FASE II).
Apesar de haver interesse em solicitação de financiamento da pesquisa pelos órgãos de
fomento nacionais, como CAPES, CNPQ ou FAPESP, é pertinente declarar que, na
impossibilidade de apoio à pesquisa por organismos de fomento, esse fator não
impossibilitará o desenvolvimento da pesquisa, sendo perfeitamente possível seu término, por
intermédio de recursos do próprio pesquisador.

27
De modo concomitante com o processo de desenvolvimento da pesquisa, o
pesquisador estará à disposição para contribuir nas atividades acadêmicas e científicas do
grupo de pesquisa CECORP, bem como demais exigência do programa.
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