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    Cleiton Donizete Corra Tereza

    A GREVE DOS PROFESSORES EM 1979 NO MUNICPIO DE POOS DE CALDAS-MG

    Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Ps-graduaoHumanidades, Direitos e Outras Legitimidades, da Universidade de So

    Paulo (USP), como requisito do exame de seleo para admisso ao programa de Mestrado.

    Orientador (a): Prof Zilda Mrcia Grcoli Iokoi

    So Paulo2013

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    1. INTRODUO

    Neste projeto pretendo analisar a greve de professores no Municpio de Poos de

    Caldas, cidade do sul do estado de Minas Gerais em 1979.1 Relacionando o caso (local) e asestruturas e conjunturas maiores (nacionais e internacionais). Abordando tambm astransformaes na educao pblica a partir da compreenso detalhada de duas escolas domunicpio. Duas pesquisas anteriormente realizadas possibilitaram-me refletir sobre o tema.2 De maneira que, o objetivo dar continuidade a estudos anteriores, mas agora abordando omovimento grevista dos professores na cidade de Poos de Caldas, uma das mais importantescidades do Sul de Minas Gerais e analisando a situao da educao atualmente.3 Em Poos

    de Caldas tivemos a representao regional do movimento de greve com a Associao dosProfessores, estimulando, coordenando a movimentao nas cidades em seu entorno, comoCabo Verde, Muzambinho, Caldas e Botelhos.

    Ressaltamos tambm que esta uma pesquisa pioneira na regio. No temosnotcias de pesquisas que compreendam especificamente a dcada de 1970 abordandomovimentos de trabalhadores, em especial de professores. Assuntos correlacionados ataparecem em relatos memorialistas, porm sem uma anlise mais cuidadosa que pretendemos

    fazer. De forma que refletir sobre as condies conjunturais possveis para que o movimentoocorresse, as articulaes entre os professores, a relao do movimento de trabalhadores e o poder pblico e as consequncias do movimento poltica e socialmente, so problemticassobre as quais pretendemos pensar.

    importante destacar que mesmo que existam notcias de paralizaes coletivas

    1 De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), Poos de Caldas possuiaproximadamente 150 mil habitantes, contando o municpio com uma rea de 547 Km2. Inhttp://www.ibge.gov.br/cidadesat. Acesso em 19/03/2012. Yuri de Almeida Gonalves ainda complementa: A

    cidade de Poos de Caldas est situada na regio do Sul de Minas Gerais, fazendo divisa com So Paulo.Localizada na Serra da Mantiqueira, uma das cidades mais desenvolvidas do sul de Minas Gerais, conhecida por ser uma cidade turstica. Cercada por um conjunto de planaltos denominados mares de morro, de origemvulcnica, rica em urnio e bauxita, explora-se suas guas minerais e sulfurosas em nvel turstico e industrial em

    baixa escala. In GONALVES, Yuri de Almeida. Poos de Caldas uma leitura econmica. Varginha: Sulmineira, 2010.2 Em 2005, foi desenvolvida na UNIFEG-MG (Centro universitrio da Fundao Educacional Guaxup), uma pesquisa via programa de iniciao cientfica do Centro Universitrio, a respeito da Ditadura Militar (1964-85),tendo como estudo de caso a cidade de Cabo Verde-MG. Neste trabalho buscamos compreender as relaes polticas e sociais, a informao (ou sua ausncia) e a vida cotidiana, no municpio no contexto do regime.Trabalho este que tambm seria conduzido para o Trabalho de Concluso do Curso (TCC). J em 2009 umrecorte conduziu ao TCC do curso de especializao em Histria Contempornea da PUC Minas, Campus Poosde Caldas-MG, abordando a greve dos professores em 1979, na cidade de Cabo Verde. Desta vez retomamos um pouco da histria do Brasil no sculo XX, o movimento sindical brasileiro, chegando as g reves na dcada de 70, para enfim tratarmos do movimento grevista caboverdense e as questes relacionadas a represso e resistncia.3 De acordo com a pgina www.pocosnarede.com o municpio o plo scio -econmico da maior expresso.Acesso e 19/03/2012.

    http://www.pocosnarede.com/http://www.pocosnarede.com/http://www.pocosnarede.com/http://www.pocosnarede.com/
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    desde a Antiguidade, como afirma Mrcia de Paula Leite a difuso da greve enquanto

    instrumento de luta dos trabalhadores s ocorreu com o advento do modo capitalista de produo.

    As greves protesto dos trabalhadores diante de condies que lhes so desfavorveis,recusando-se a trabalhar tm incio no Brasil como aponta Marcia de Paula Leite, em 1858com os tipgrafos no Rio de Janeiro. Depois os porturios e ferrovirios no final do sculoXIX e no incio do sculo XX, atravs de greves conseguem as primeiras conquistas comofrias e aposentadoria. Nas primeiras dcadas do sculo XX a vanguarda do movimentooperrio foi o setor txtil como paralizaes em 1907 e 1912 e greves entre 1917 e 1920. Nadcada de 1930 aconteceu outra onda de greves exigindo uma legislao trabalhista. Mas

    aps 1937 com o Estado Novo varguista os trabalhadores no conseguem se organizar pelarepresso e pela cooptao do regime, onde Vargas propagava sua imagem de benfeitormximo da classe trabalhadora. J em 1945 e 1946 houve uma retomada do movimentotrabalhista com a atuao de diversos setores como o txtil e o bancrio. Com as mudanasocorridas na indstria brasileira durante o governo Juscelino Kubistchek mudam tambm ascaractersticas do movimento, que no incio da dcada de 1960 teve grande penetrao doPCB e do PTB. A partir de 1964 o sindicalismo populista perde espao para o sindicalismo

    pelego, as excees foram as greves em Osasco e Contagem em 1968, diante de poucasatividades contestatrias dos trabalhadores e dos sindicatos. As greves que explodiram noBrasil no final da dcada de 1970 voltaram a agitar o cenrio depois de uma dcada derepresso. As greves a partir de 1978, com o Novo Sindicalismo foram lideradas pelosmetalrgicos, mas com a participao de elementos novos como os servidores do Estado,entre eles, os professores.4

    A compreenso do movimento de greve em 1979 deve contribuir para entendermos

    como o movimento dos professores indica o avano das foras sociais na ocupao do espao pblico, levantando a hiptese de como ele ajuda a denunciar as violncias da ditadura, emum perodo em que tivemos o incio de mudanas no pas para a redemocratizao. Era um perodo de reconfiguraes.

    E para compreendermos a luta dos movimentos sociais na histria recente, na busca pelos direitos, por uma realidade mais humana e portanto, menos excludente, recorremos anlise de Antunes ao afirmar que o taylorismo e o fordismo cumpriram com seu papel no

    4 Para as afirmaes deste pargrafo utilizamos o captulo Evoluo das greves no Brasil em LEITE, Marciade Paula. O que greve / Coleo primeiros Passos. 1 edio So Paulo: Brasilense, 1992.

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    capitalismo contemporneo at a dcada de 1970, quando passaram a ser necessrias novasformas de ordenao ou desarranjo do trabalho sob um outro olhar, no sentido das perdasdos trabalhadores , para a superao dowelfare state . O novo paradigma, a partir

    principalmente do toyotismo consistena garantia de acumulao, porm de modo cada vezmais flexvel, da que se gestou a chamada empresa flexvel e liofilizada. 5

    No Brasil enquanto o presidente Ernesto Geisel passava abertura lenta, gradual e

    segura, procurando manter os militares mais exaltados sobre controle e fazendo seu sucessor,surge o novo movimento sindical que com suas novas caractersticas sinalizava profundas

    mudanas, ocorridas nos anos de ditadura, principalmente com o milagre econmico que

    proporcionou o inchamento das cidades com o crescimento a partir do setor industrial e

    tambm da prestao de servios, e com os fluxos migratrios nordeste/sudeste,campo/cidade, para o abastecimento de mo-de-obra.6

    Em Poos de Caldas no dia 03 de janeiro de 1979, o jornal A Mantiqueira 7 noticiava:Professores querem aumento maior. A reportagem trazia o descontentamento dos

    professores, que em uma posio indita em anos, recusavam o aumento ofertado pelo estadoreivindicando maior aumento salarial atravs do sindicato. O jornal afirmou ainda que os professores pooscaldenses j estavam mobilizados em torno de um aumento maior, alm de

    apresentarem outras reivindicaes, desde setembro do ano anterior.8

    No dia 09 de janeiro, outra notcia trazia a indignao do presidente da Associao

    dos Professores, Srgio Manucci, diante das medidas baixadas pela secretaria de educaoque fixavam idade mxima de 40 anos para os profissionais a serem contratados para aeducao, tanto professores quanto funcionrios administrativos. Nas palavras de Manucci oestado menosprezava os professores.9

    Alm de presidente da Associao, Srgio Manucci escreveu vrios textos para o

    Jornal a Mantiqueira, questionando no apenas as questes educacionais. Exemplo disto acoluna assinada por ele em que questionava a no realizao das eleies, anteriormente previstas para o ano de 1980. O texto reivindicava respeito ao direito pblico. Com aspiraesdemocrticas tambm ironizava a falta de informaes quanto s decises econmicas

    5 ANTUNES, Ricardo.Dez teses sobre o trabalho do presente e uma hiptese sobre o futuro do trabalho. p.3. Disponvel em acesso em 25 de abril de 2009.6 TEREZA, Cleiton Donizete Corra. Greve dos professores em Cabo Verde (1979): vozes, memria eautoritarismo. Monografia (especializao). Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais (PUC Minas).Poos de Caldas, 2009. p. 12.7 Para mais informaes sobre o jornal http://www.mantiqueira.inf.br/index.asp Acesso em 10/04/20128 Jornal A Mantiqueira de 03 de janeiro de 1979. 9 Jornal A Mantiqueira de 09 de janeiro de 1979.

    http://www.sindicalismo.pessoal.bridge.com.br/http://www.sindicalismo.pessoal.bridge.com.br/http://www.mantiqueira.inf.br/index.asphttp://www.mantiqueira.inf.br/index.asphttp://www.mantiqueira.inf.br/index.asphttp://www.mantiqueira.inf.br/index.asphttp://www.sindicalismo.pessoal.bridge.com.br/
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    tomadas pelo governo.10 Tais crticas poderiam no ser possveis em um perodo precedente,mas fazem todo sentido em um processo de abertura forado pelo aumento da presso popular.

    Manucci era um articulador regional em torno das reivindicaes do professorado e domovimento de greve que eclodiu. Em entrevista concedida em 2009, analisou seu papel deliderana nas greves de 1979 como um caminho natural diante do trabalho de luta pela classeque j desempenhava. Ressaltou ainda a participao dos colegas professores, argumentandoque era uma liderana compartilhada, que se espalhou pelas cidades prximas por conta dagreve.11

    A regio mais emblemtica quanto s reivindicaes dos direitos e melhorias

    trabalhistas foi a do ABC paulista (Santo Andr, So Bernardo e So Caetano), em especial,durante as greves de 1978, 1979 e 1980, tambm pelo impacto poltico futuro das lideranasque despontaram ali, como Lus Incio da Silva, o Lula, e Vicente Paula da Silva, oVicentinho. O Novo Sindicalismo, como foi chamado, se aliava a outros grupos que exigiamreformas, como o MDB (Movimento Democrtico Brasileiro) o partido de oposio ,crticos do conservadorismo de alas da Igreja Catlica (principalmente via CEBS Comunidades Eclesiais de Base) que tinham propostas alinhadas com a esquerda como as

    da Teologia da Libertao, ou ento progressistas e setores universitrios, com seu papelcontestador e vanguardista, embora o nvel de interao e articulao possa ser discutido.12

    As primeiras greves de maio de 1978 foram de curta durao. Na Saab-Scania 2500metalrgicos pararam, liderados por Lula.

    Em 1979 o governo e os sindicalistas estavam mais bem preparados. As reivindicaesdos trabalhadores no foram atendidas, os empregadores adotaram uma postura inflexvel.Acontece ento a generalizao do movimento grevista por todo o pas. A represso

    violenta, duzentos operrios so presos, Lula e outros dirigentes so afastados. Mas osgrevistas resistem sendo apoiados principalmente por parte do clero catlico que doa dinheiro,comida e fornece local para as reunies.13

    Porm as greves no aconteceram somente no ABCD (D, se incluirmos Diadema) masem todo Brasil, em vrios setores, com um enorme nmero de adeptos. Em Poos de Caldas,

    10 Jornal A Mantiqueira de 09 de maro de1979. 11 Entrevista realizada em 05 de junho de 2009.12 Lorenzo Zanetti discute bem as questes no consensuais do Novo Sindicalismo. Uma delas refere-se asalianas com outros setores da sociedade civil. In. ZANETTI, Lorenzo.O Novo sindicalismo brasileiro:caractersticas, impasses e desafios. Rio de Janeiro: FASE, 1995.13 CONTOS da Resitncia 4: Movimento Sindical. Produo TV Cmara. Braslia-DF: Fantasias Luminosas, ,2004 (29 min).

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    alm da greve dos professores, tivemos greves na Mitsu (empresa de fertilizantes), Minegral(Cia Brasileira de Mineraes Indstria e Comrcio), Cermica Togni (empresa derefratrios), e Alcoa (na poca Alcominas, do setor do extrativismo mineral). Alm de

    reivindicaes de feirantes e garis.14 Tanto que Lula, o ento proeminente lder sindical, esteveem Poos de Caldas para um encontro metalrgico realizado em 24 de abril de 1979.15

    Mas no municpio de Poos de Caldas nenhum movimento grevista repercutiu maisdo que o movimento dos professores, como demonstrado pela quantidade de reportagens etextos de opinio publicados no jornal A Mantiqueira e as discusses que ocorreram na

    Cmara de vereadores do municpio.16 No dia 19 de maio de 1979, a greve foi deflagrada em Minas Gerais aps a no

    abertura de dilogo para o atendimento, por parte do governo, das reivindicaes da categoria.

    Professores de 250 escolas de Belo Horizonte e um nmero ainda nodeterminado de escolas de 24 municpios mineiros, aderiram greveiniciada quinta-feira ltima, ao esgotar-se o prazo dado pelos professoresmineiro ao governo para o atendimento das reivindicaes. 17

    No dia 22 de maio os professores de Poos de Caldas aderiram greve. A decisofoi tomada a partir de assembleia realizada no dia anterior, em que estiveram presentesrepresentantes de 11 das 16 escolas estaduais de Poos de Caldas. A assembleia contou com a participao de 180 professores, sendo a aprovao deu-se por unanimidade, legitimandoassim a entrada no movimento.18

    E no somente em Poos de Caldas, em 29 de maio de 1979, o jornal a Folha de SoPaulo trazia a informao que as cidades vizinhas Poos de Caldas, Andradas, Cabo Verde,Bandeira do Sul, Campestre, Muzambinho e Monte Belo haviam aderido ao movimento.19 Eas principais reivindicaes deste movimento eram:

    14 O texto assinado por Cassinho da Rocha, intitulado, A Greve, a novidade que faltava, do Jornal AMantiqueira de 13 de maio de 1979, pincela os principais movimentos grevistas em Poos de Caldas, e apresentaa greve na Alcominas que estava para acontecer. Os feirantes travaram um embate com o Secretrio de ServiosUrbanos e os garis, ameaaram no realizar a coleta caso no recebessem por acrscimo por insalubridade, deacordo com o mesmo texto.15 LACRME. Poos de Caldas-MG: Ricardo Ditchun; Valria Cabrera, ano 02, n 10. pp. 18-21.16 Um exemplo da repercusso entre os vereadores aparece em Ata de 20 de maio de 1979: O vereador JosMaria requereu apoiado pelos vereadores presentes, voto de solidariedade ao movimento encetado pelos professores do Estado, buscando melhores salrios e condies de ensino, importncia fundamental de trabalhona educao de nosso povo; aprovado. Ser enviada cpia ao Sr. Srgio Manucci, Presidente da Associao dosProfessores de Poos de Caldas. O vereador Valente esclareceu que o movimento dos Professores do Estado esta exigir providncias pelo Secretrio Municipal de Educao e ao que lhe foi dado verificar, as professorasmunicipais, tambm verificar, as professoras municipais, tambm aderiro (...) 17 Jornal A Mantiqueira de 19 de maio de 1979. 18 Jornal A Mantiqueira de 22 de maio de 1979 19 Folha de So Paulo 29 de maio de 1979.

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    trs as crticas quanto ao seu possvel modismo, mostrando que a maioria de sua produosabe muito bem inserir a questo recortada, local, regional, micro, no contexto geral, o quegarante Histria a possibilidade de retirada das vendas que ainda a atrapalham. No mesmo

    sentido, as incorporaes de novos documentos, como os relatos orais, oferecem HistriaSocial a possibilidade de ser, talvez, nesse incio do sculo XXI, aquela que pode realmentelanar luz para uma sempre necessria renovao historiogrfica.27

    A Histria Social tem em sua gnese um carter subversivo, mais perturbador nasinvestigaes, sempre carregadas de incertezas por isso.

    A esse respeito Fenelon coloca:Entretanto pela constante atrao da Histria social por temas do d ebate poltico

    presente, pelas tentativas de se preocupar com a vida real mais que com asabstraes, por ver a histria vista de baixo mais que a partir dos dominantes etratar a experincia ou as vivncias mais que os eventos sensacionais, pela

    possibilidade de maior identificao e empatia com o passado, pela relaointimista que estabelece com os sujeitos histricos, por tudo isto, enfim, estas

    perspectivas se tornaram o referencial terico a que aderiram inmeroshistoriadores. Poder-se-ia mesmo dizer que para poder desempenhar seu papel

    potencialmente subversivo, a Histria Social tem que ser muito mais perturbadoranas investigaes, sempre carregada de incertas, inseguranas e fragilidades comona certa o nosso presente e por isto mesmo um constante desafio para os que aela se dedicam. 28

    O levantamento das fontes primrias que j vem sendo realizado de extremaimportncia para esta pesquisa. necessrio desenterrar estas fontes, como os jornais, as atas,as cartas, os artigos, guardados a acumular poeira e traas para que observados, interrogados eanalisados, em um dilogo sincero com o referencial terico nos possibilite enxergar paraalm do dogmatismo projetista. Dar voz, atravs dos textos, e das entrevistas, e faces, com asfotografias, vem a enriquecer a pesquisa, contribuindo ainda mais para nos aproximarmosmais daquilo que ocorreu, alis, como contribui o historiador Jos Carlos Reis, o objeto do pesquisador (historiador) no o que no mais, o que foi e ainda .29

    27 Para as colocaes deste pargrafo: LE GOFF, Jacques.A Histria Nova. So Paulo: Martins Fontes, 2001. ETambm: FENELON, Dea Ribeiro.Cultura e Histrico e Social: historiografia e pesquisa. In. ProjetoHistoria Oral, So Paulo, n10, dezembro, 1993. BOSI, Ecla.O tempo vivo da memria: ensaios depsicologia social. 1 edio So Paulo: Ateli, 2003. PORTELLI, Alessandro.Tentando Aprender umpouquinho: algumas reflexes sobre tica na Histria Oral. In. Projeto Histria, So Paulo, n15, abril, 1997.28 FENELON, Dea Ribeiro.Cultura e Histrico e Social: historiografia e pesquisa. In. Projeto Historia Oral,So Paulo, n10, dezembro, 1993. p 80.29 REIS, Jos Carlos.Os Annales: a renovao terico-metodolgica e utpica da histria pelareconstruo do tempo histrico. SAVIANI, Demerval; CLAUDINEI, Lombardi; SANFELICE, Jos Luis(orgs). Histria e histria da educao: o debate terico metodolgico atual. Campinas, SP: AutoresAssociados: HISTEDBR, 1998.

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    2001.FENELON, Dea Ribeiro.Cultura e Histrico e Social: historiografia e pesquisa. In.Projeto Historia Oral, So Paulo, n10, dezembro, 1993.FREIRE, Paulo.Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. SoPaulo: Paz e Terra, 1996.GASPARI, Elio.A ditadura envergonhada So Paulo: Companhia das Letras, 2002. ___________.A ditadura escancarada So Paulo: Companhia das Letras, 2002.

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    FONTES

    Atas da Cmara Municipal de Poos de Caldas -MG.

    Seis atas da Cmara Municipal de Poos de Caldas fazem referncias greve nosmeses de junho e julho, especialmente com posies de vereadores apoiando os professores. Jornal A Mantiqueira.

    O Jornal A Mantiqueira, o meio de comunicao impresso local de maior circulaona cidade de Poos de Caldas na dcada de 1970, noticiou continuamente as greves de 1979,entre elas, a greve dos professores. O levantamento possibilitou um acervo de reportagens etextos de opinio sobre as greves, divulgados entre os dias 03 de janeiro de 1979 e 15 de julho

    no mesmo ano. Dirio de Greve das Professoras de Cabo Verde -MG.

    Durante o trabalho de pesquisa para a elaborao da monografia da graduao, quenomeamosA Ditadura Militar Brasileira (1964-1985) e a cidade de Cabo Verde-MG,realizada em 2005, uma das professoras entrevistas, Ironi Viana, resgatou um antigo caderno,que serviu como dirio dos professores em greve no ano de 1979. O dirio de greve traz alistagem dos professores em greve, correspondncias (em sua maioria com o comando de

    greve em Poos de Caldas), msicas de incentivo, percepes e formas de organizao dos professores, recortes de jornal sobre o movimento, frases de protestos e conscientizao, edesenhos representativos da greve. Entrevista com Srgio Manucci.

    Uma primeira entrevista foi realizada por e-mail em 2009, como Manucci peafundamental para a compreenso do movimento contatos veem sendo realizados e novasentrevistas devem ser realizadas.

    Formulrios Os formulrios constituem uma importante forma de mapeamento e devem serutilizados tanto com professores que participaram da greve em 1979, mas tambm com professores que atuam na rede pblica hoje, afim de uma averiguao das condies atuais naeducao. Entrevistas com outros professores

    Alm de Srgio Manucci outros professores devem ser entrevistados, a partir dosformulrios poderemos selecionar mais adequadamente quais devem ser.