Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

17
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS DEPARTAMENTO DE MÚSICA CURSO DE MÚSICA Profª. Maria Del Carmen Projeto de Pesquisa de Estética Musical e Educação e Relatório de Pesquisa A contribuição estética musical de Hanslick para uma educação musical Aluno: Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Transcript of Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

Page 1: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE ARTES E LETRAS

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

CURSO DE MÚSICAProfª. Maria Del Carmen

Projeto de Pesquisa de Estética Musical e Educação e Relatório de Pesquisa

A contribuição estética musical de Hanslick para uma educação musical

Aluno: Juliano Gustavo dos Santos Ozga

Santa Maria, 25 de Junho de 2012

Page 2: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

Sumário

I. Projeto de Pesquisa de Estética Musical e Educação

Introdução.........................................................................................................03

Objetivo geral................................................................................................... .03

Referencial teórico.............................................................................................04

Material e métodos.......................................................................................................06

Referências Bibliográficas...........................................................................................06

II. Relatório da Pesquisa

Texto e Discussão.........................................................................................................10

Consideração Final......................................................................................................11

2

Page 3: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

I. Projeto de Pesquisa de Estética Musical e Educação:

A contribuição estética musical de Hanslick para uma educação musical

A música, portanto, não é de modo algum, como as outras artes, cópia de Idéias, mas cópia da própria Vontade, da qual as Idéias também são a objetividade. (SCHOPENHAUER, Arthur. Metafísica do Belo. 2001, pp.229-230).

Introdução

Nesse projeto intitulado “A contribuição estética musical de Hanslick para uma educação musical” serão abordados os temas que permitirão efetuar o objetivo do projeto que é o papel positivo da estética musical para uma melhor concepção de educação musical, ou seja, uma breve introdução sobre o tema “a análise da impressão subjetiva na música”, capítulo homônimo do livro Do Belo Musical de Eduard Hanslick. Diante das abordagens dos temas anteriores será proposta uma atitude estética educativa com base no texto EDUCAÇÃO MUSICAL COMO EDUCAÇÃO ESTÉTICA de Joêzer Mendonça.

Objetivo Geral

O presente projeto almeja proporcionar uma possibilidade de uma atitude estética educativa, com influência da reflexão de Mendonça, através da reflexão sobre o tema a análise da impressão subjetiva na música baseado no estudo do capítulo “A  análise da impressão subjetiva na música” do livro Do Belo Musical de Eduard Hanslick. O objetivo é mostrar a importância do estudo estético musical para uma melhor compreensão e atuação crítica e reflexiva da educação musical pela via estética sugerida por Mendonça, ou seja, o expressionismo absoluto.

Referencial teórico

Sobre a leitura e interpretação do capítulo “Análise da Impressão Subjetiva na Música” da obra Do Belo Musical de Eduard Hanslick, podemos chegar a seguinte reflexão: qual a importância da reflexão sobre a impressão subjetiva na música para uma estética musical aplicada a educação musical? Em termos gerais, uma resposta possível é a seguinte: através da reflexão sobre a impressão subjetiva na música podemos adentrar no universo que envolve a estética musical, porém, de forma mais crítica e objetiva, como o próprio Hanslick objetivava para sua concepção de estética musical com ênfase formalista, onde a música para Hanslick não era apenas expressão dos sentimentos ou simples afetação psicológica provocada pelos sons.

Primeiramente é necessário definir os conceitos básicos abordados por Eduard Hanslick que envolve formalmente uma análise da impressão subjetiva na música.

O belo musical é expresso através da fantasia na atividade da pura intuição na música. A fantasia mostra-se como um elemento receptivo e é uma atividade da pura intuição do compositor ao tentar expressar e objetivar sua idéia musical através da composição musical. Portanto, o belo musical necessita da fantasia para se expressar e ser recepcionada pelo

3

Page 4: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

ouvinte. Ao mesmo tempo em que o compositor pretende expressar sua idéia musical, o interprete e o ouvinte também necessitam da fantasia para apreciar o belo musical.

O sentimento (primeiro no compositor e depois no intérprete e ouvinte) na concepção de Hanslick não é o objeto de estudo da estética musical. O sentimento é o “conscientizar-se de um encorajamento ou de um impedimento de nosso estado de espírito, por conseguinte, de um bem-estar ou de um desprazer” no caso oriundo da apreciação musical, que envolve grau de intensidade e vitalidade. Aqui devemos deixar claro que o sentimento difere da emoção por essa ser um efeito e reação de um sentimento, ou seja, a emoção possui um aspecto psicológico enquanto o sentimento (de sentir) possui um aspecto cognoscitivo. Sobre a sensação, i.e., a percepção sensorial de uma determinada qualidade sensível (qualitativamente e quantitativamente), pode conectá-la com o sentimento no seu aspecto cognoscitivo do indivíduo ser afetado pelo mundo físico, aqui expresso pela sensação de efeitos sonoros, musicais ou não.

Hanslick também defende que o compositor exterioriza sua subjetividade que libera o belo da fantasia na objetividade da música através da composição musical. O compositor é um formador, ele molda a forma musical com a subjetividade. O compositor transforma seu sentimentalismo, sua energia e sua alegria em construção objetiva como beleza autônoma e puramente musical. Portanto, o compositor é responsável pela criação e formação contínua a partir de relações sonoras definidas através da harmonia. Sendo assim, a criação sonora é uma forma plástica ou material ideal (musical) expressa objetivamente e moldada em pura forma musical na composição.

A objetividade do compositor está entre a individualidade e a objetividade da construção artística. O estilo é a técnica completa que demonstra habilmente a expressão do pensamento criativo, ou seja, o estilo expressa o aspecto arquitetônico do belo musical. A expressão dos sentimentos pessoais realiza-se pela atividade objetiva e formadora na composição musical, onde a música engloba a composição e a execução, no caso a atividade do compositor e do intérprete musical.

Sobre o tema central do capítulo abordado nesse projeto, a impressão subjetiva da música é expressa através da subjetividade do executor ao interpretar a obra musical objetiva do compositor que objetiva sua subjetividade através da obra musical (aspecto permanente da obra objetiva). O executor por sua vez subjetiva sua objetividade na execução e improvisação da obra musical (aspecto instantâneo da obra musical). O ouvinte é o receptor da composição através da execução do intérprete, tendo em conta que o efeito da música, ou seja, o efeito dos próprios sons afeta o espírito mais rápido, imediato e intenso de forma mais aguda e profunda que outras artes.

Um esclarecimento importante que nos propõe o texto de Hanslick é sobre o fato de que o estudo da estética musical não deve deter-se aos sentimentos provocados pela audição musical enquanto emoção patológica. Para Hanslick, o objeto de estudo do belo musical deve possuir em si mesmo seu significado e o órgão responsável pelo acolhimento do belo musical nada mais é do que a fantasia, essa última definida como atividade do puro contemplar. Ou seja, a contemplação do belo musical para Hanslick é desinteressada e destituída de interesse material. A fantasia é fundamental para a apreciação e fruição estética musical, sendo considerado o órgão receptivo genuíno do belo. Esse fator é evidente na relação entre a subjetividade e a objetividade da composição que é proveniente da beleza exteriorizada pela fantasia, sendo a fantasia uma atividade de pura intuição. É nesse contexto que se inicia a elaboração subjetiva da composição musical. Através da fantasia o compositor possui a possibilidade de expressar seu sentimento através da objetividade da música para o ouvinte.

O compositor pretende através da objetividade da música liberar o belo proveniente da fantasia, sendo a criação musical uma formação contínua a partir de relações sonoras, i.e., a

4

Page 5: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

criação musical é uma forma plástica e seu material ideal musical é expresso objetivamente e moldado em pura forma.

Sobre o sentimento, ele é expresso por uma intensidade e vitalidade. O pathos não forma o objeto da composição musical, ou seja, para Hanslick, a música não deve ser entendida como uma simples afetação dos sentimentos humanos. O compositor é um formador, ou seja, um moldador da forma musical usando a subjetividade, onde há a passagem do sentimentalismo, da energia e da vitalidade para o estágio de construção objetiva expressando a beleza autônoma e puramente musical. Portanto, a objetividade é uma característica musical de uma composição.

No tocante ao estilo, ele está situado entre a individualidade e a objetividade da construção artística. O estilo é um conjunto de técnicas completas que demonstram habilmente a expressão do pensamento criativo. Em outra perspectiva, o estilo expressa o aspecto arquitetônico do belo musical, sendo assim, a expressão dos sentimentos pessoais e íntimos “realiza-se” na atividade objetiva e formadora expressa na composição musical.

Outro fator é a obra musical objetiva do compositor e a execução subjetiva do intérprete. Nesse momento é expresso o tema central do capítulo: a impressão subjetiva da música através da subjetividade do compositor onde a mesma é objetivada na composição e que posteriormente é acessada e interpretada subjetivamente pelo executor e intérprete musical. Portanto, o compositor torna sua subjetividade um objetivo permanente através da composição musical e o executor torna sua objetividade um subjetivo instantâneo através da livre improvisação oriunda da fantasia. A composição é uma construção e a execução uma experiência e o ouvinte expectador é o receptor de ambos os aspectos (construção através da experiência).

Entre todos esses movimentos do compositor, do executor intérprete e do ouvinte expectador está o sentimento e as sensações. O ouvinte como receptor passivo é excitado de sentimentos provocados pela música que são comparados com outras emoções experimentadas individualmente.

Partindo dessas indagações e questões é que parte a estética musical, sendo seu objeto de estudo o belo musical. O que é importante salientar é que o conteúdo da música é expresso pelos próprios sons e suas relações internas (as suas estruturas) e isso proporciona em si mesmo seu significado, sendo uma das propriedades da música expressar idéias musicais de forma objetiva através da composição musical e de forma subjetiva, através da impressão subjetiva expressa pelo interprete durante a improvisação musical.

Portanto, a estética deixa de ser primordial nesse estudo quanto maior é a intensidade com que um efeito artístico age sobre o físico, i.e. quanto mais patológico é esse efeito. O objeto da estética musical é o belo da criação e da concepção musical e seu elemento é a pura contemplação, sendo que, a percepção estética da música estuda o modo especial da pura contemplação se representar na música, i.e., a pura contemplação entre a música e a vida afetiva.

Para melhor fundamentar a pesquisa sobre a contribuição da estética musical para uma educação musical é importante a reflexão de Mendonça sobre a o assunto.

Baseado no texto de Mendonça (EDUCAÇÃO MUSICAL COMO EDUCAÇÃO ESTÉTICA: diálogos e confrontos) fica claro a defesa de Bennett Reimer sobre a importância do aprendizado da música e a reflexão positiva da filosofia com a temática música para uma melhor crítica reflexiva por parte do aluno, ao mesmo tempo em que aumenta a sua noção e concepção de mundo, sendo mais abrangente quando passamos a dar mais atenção aos aspectos sonoros e auditivos da realidade cotidiana.

Para tanto é necessário uma maior articulação entre as áreas de pesquisa da filosofia e da música, sendo positivo o intercâmbio de idéias entre essas duas áreas, que na concepção de Schopenhauer ambas falam da mesma coisa (Ideia), porém, com linguagens diferentes. Desse

5

Page 6: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

fato decorre a defesa e importância de uma educação musical com ênfase na estética musical. Sendo assim, a estética musical com um caráter formalista e analítico (Hanslick)

proporciona uma maior dinâmica de atuação entre a estética musical e a educação musical propriamente dita.

Uma das exposições de Mendonça se refere a defesa de Elliott sobre a educação musical. Nesse caso, Elliott se mostra interessado na educação musical integradora do fazer/ouvir música criativamente, onde há seu confronto com os conceitos de educação estética propostos por Reimer envolvendo os tópicos: 1) Música como objeto; 2) Experiência estética e; 3) Percepção estética.

1) Música como objeto: para Elliott, o conceito de educação estética transforma música em mero objeto de apreciação. As conseqüências seriam a desvalorização da performance e da criação do aluno, a ênfase no consumo musical e não no fazer musical ativo e artístico e, ainda, a separação entre apreciação e produção de música.

Dessa oposição podemos elaborar um plano onde o objeto musical seja criado e elaborado pelo próprio aluno. A intenção é ultrapassar o aspecto puramente teórico musical e partir para uma criação autônoma e crítica por parte do aluno. Essa exposição de Mendonça defende que a música não deve ser tratada como um objeto isolado e alheio a realidade do aluno. O ensino da teoria musical deve ser integrado com a prática musical, onde é possível fazer uma ligação lógica entre a teoria musical e a prática musical, sendo assim, muito mais produtiva a atividade musical por parte do aluno.

2) Experiência estética: a educação musical como educação estética identificaria as qualidades estéticas da música como fonte única em si do valor e do foco da educação.

Essa crítica interessa ao aspecto crítico e contemplativo da experiência estética como

atitude estética perante a obra musical. Nesse caso há a possibilidade de ultrapassar o aspecto teórico-prático e aprofundar as análises e percepções estéticas de uma obra musical, sendo possível um trabalho de contemplação e aprimoramento da sensibilidade estética do aluno. Porém, é importante salientar, como defende Hanslick, que a experiência estética não deve apenas proporcionar uma experiência estética ao nível de tornar-se patologia estética, e sim ultrapassar esse estágio inicial e pretender uma atitude e reflexão estética cujo objeto da estética musical é o belo da criação e da concepção musical e seu elemento é a pura contemplação.

3) Percepção estética: segundo Elliott, na educação estética os ouvintes percebem e respondem somente às qualidades estéticas.

Nesse caso, a estética musical não deve se ater somente ao aspecto da percepção quantitativa. As qualidades estéticas da música são necessárias para uma sensibilização do aluno para o universo musical e sonoro, não apenas como sons, e sim como uma elaboração criativa do ser humano.

A exposição de Mendonça propõe uma via estética que funde o referencialismo com o formalismo, ou seja, o expressionismo absoluto:

A valorização da externalidade de uma obra musical simultânea à apreciação dos aspectos internos desta obra, seria a premissa desta terceira teoria estética. (MENDONÇA, 2009, p. 6).

6

Page 7: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

Nesse caso fica evidente o valor da arte agregando também o valor externalista da obra musical defendida pelo referencionismo e a internalidade da experiência intelectual de reconhecimento e apreciação da forma defendida pelo formalismo. O expressionismo absoluto seria uma valorização da arte enquanto arte e a valorização da arte em relação a vida, ou seja, a importância da expressão da arte musical para com a vida do estudante como conhecedor e descobridor do mundo.

Posteriormente Mendonça expõe a defesa de Elliot que propõe uma visão multidimensional das obras musicais:

1) Interpretação: as obras devem ser entendidas enquanto performances; são músicos e ouvintes em ação.

O aspecto da interpretação engloba como definiu Hanslick, tanto o aspecto objetivo da composição musical como o aspecto subjetivo do intérprete musical. Nesse caso as obras musicais possuem uma dupla performance: a performance objetiva do compositor e a performance subjetiva do intérprete. Portanto, o ouvinte pode tornar-se um ouvinte ativo e crítico ao contemplar todo esse movimento de ambas as performances, partindo assim para uma atitude estética mais abrangente e qualitativa.

2) Expressões musicais de emoção: nem todas as obras musicais sugerem emoção específica, pois dependeriam da prática.

Sobre esse aspecto a experiência do aluno é muito importante para a sua formação de conteúdo musical através de suas próprias experiências. Essa concepção pressupõe que a música não é apenas um meio de se atingir emoções e sentimentos ao nível patológico que tanto Hanslick criticava.

3) Representações musicais: nem todas as obras incluem representações musicais do mundo concreto.

Nesse item é possível uma análise da importância da fantasia e da criatividade além do mundo concreto. A representação musical pode muita vezes expressar algo do mundo concreto, porém, não representa o mesmo. Através da representação musical o compositor há a possibilidade de expressão de criações fantásticas que procuram expressar algo do mundo concreto.

Partindo do ponto de vista de Elliott, é possível uma educação estética mais abrangente e crítica, sendo a estética musical um fundamento para essa posterior reflexão. Ao mesmo tempo em que a educação musical apresenta uma oportunidade de experiências relacionada a atividade musical, envolvendo a prática musical, também há um aspecto agregativo de conhecimento, envolvendo a teoria musical, ou seja, a gramática musical. No entanto, deve-se dar um passo a mais. Deve-se criar a partir da teoria e prática musical uma atitude reflexiva e crítica sobre os aspectos ideais e culturais que de forma direta ou indireta estão inseridas, tanto na intenção do compositor, como na performance do intérprete.

A educação musical com base em uma estética musical possibilita que os aspectos analíticos e históricos, através de estudos estéticos como o de Hanslick e sua análise da impressão subjetiva na música, sejam conhecimentos importantes para uma reflexão e posterior atitude estética, caracterizada por Mendonça como expressionismo absoluto.

7

Page 8: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

Material e métodos

O material de pesquisa base será composto de textos teóricos, entre eles, a obra de Eduard Hanslick (Do Belo Musical), mais especificamente o capítulo intitulado “a análise da impressão subjetiva na música”, e o texto “educação musical como educação estética: diálogos e confrontos” de Joêzer Mendonça.

O método do presente trabalho consistirá na leitura e interpretação dos capítulos específicos das obras acima citadas, bem como uma posterior reflexão sobre a importância do tema de estética musical para uma melhor reflexão na educação musical.

Referência Bibliográfica:

1- BELLOCHIO, Cláudia. Educação musical e professores dos anos iniciais de escolarização: formação inicial e práticas educativas. In: Hentschke, Liane & Del Ben, Luciana (org.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

2- CAMPOS, Moema Craveiro. A educação musical e o novo paradigma. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000.

3- ELLIOT, David J. Music matters. New York: The Oxford University Press, 1995.

 4- FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. Reflexões a respeito do ensino de música em escolas que não são de música. In: Anais do II Encontro de Pesquisa em Música da Universidade Estadual de Maringá. Maringá: Massoni, 2004.

5- ________. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

6- FUBINI, Enrico. Estetica de la musica. A. Machado Libros, Madri: S.A., 2001.

7- HENTSCHKE, Liane. Um tom acima dos preconceitos. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, ano 1, n. 3, p. 28-35, Mai/Jun 1994.

8- HANSLICK, Eduard. Do Belo Musical. Uma contribuição para a revisão da estética musical (1854). Tradução Nicolino Simone Neto. Campinas: Editora da UNICAMP, 1989.

9- JOLY, Ilka Zenker Leme. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas relações com a música. In: Hentschke, Liane & Del Ben, Luciana (org.). Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

8

Page 9: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

10- MENDONÇA, Joêzer de Souza. EDUCAÇÃO MUSICAL COMO EDUCAÇÃO ESTÉTICA: diálogos e confrontos. In: Revista eletrônica de musicologia. Volume XII – Março de 2009.

11- MEYER, Leonard B. Emotion and meaning in music. Chicago: The University of Chicago Press, 1956.

 12- REIMER, Bennett. A philosophy of music education. New Jersey: Prentice Hall, Englewood Cliff, 1970.

13- SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Editora UNESP, 1991.

 14- SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.

15- SCHOPENHAUER, Arthur (1788-1860). Metafísica do Belo. Trad. Jair Barbosa. – São Paula: Editora UNESP, 2003.

15- VIDEIRA, Mário. Eduard Hanslick e a Polêmica contra Sentimentos na Música. In. MÚSICA HODIE. Vol. 5 - Nº 2. 2005.

9

Page 10: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

II. Relatório da Pesquisa

Texto e Discussão

O esclarecimento anterior sobre Hanslick pretende expor a importância do estudo teórico e filosófico, como a contribuição dos aspectos analítico e formalista através da estética musical de Hanslick, para uma maior reflexão envolvendo a educação musical com fundamentação na estética musical, onde uma via possível, como defende Mendonça, norteado conforme as perpectivas de educação musical propostas Reimer e Meyer, seria tratar a estética através do expressionismo absoluto, onde há a valorização de aspectos externos e a apreciação de aspectos internos da obra musical.

O que pretendo expressar é a importância do intercâmbio de idéias entre filosofia e música, onde uma estética musical influenciada por estudos de Hanslick é um primeiro fundamento de reflexão e crítica sobre a música. Posteriormente, seria necessária uma aplicação e transferência dessa influência filosófica musical para a área da educação musical, onde, através da via do expressionismo absoluto haveria uma aplicação positiva e agregativa para a educação musical do aluno.

A concepção filosófica e estética que a reflexão de Hanslick nos proporciona uma possibilidade de trabalhar a estética musical como educação estética visando uma educação musical mais abrangente, como Mendonça sugere, ou seja, a via do expressionismo absoluto. Penso que as reflexões de uma concepção formalista e internalista como a de Hanslick sobre o belo musical, bem como sua análise teórica sobre a impressão subjetiva na música permitem que o professor identifique elementos teóricos que serão desenvolvidos de forma positiva através de uma reflexão estética com a educação musical dos alunos.

A estética musical proposta por Hanslick deixa claro que o objetivo da música não é apenas provocar emoção e sentimentos. A estética musical deve ir mais longe a penetrar em uma reflexão mais profunda adotando o método científico para objetivar e legitimar o estudo da música como estética musical.

Essa contribuição de Hanslick e sua estética musical a meu ver preenchem um dos requisitos da via estética proposta por Mendonça, ou seja, a via do expressionismo absoluto, sendo essa via uma junção da concepção estética referencionista e da concepção estética formalista, essa última na qual Hanslick se encaixa, onde a apreciação de aspectos internos da obra musical seria um dos focos principais do expressionismo absoluto.

Dentro dessa via estética do expressionismo absoluto, as concepções estéticas musicais de Hanslick seriam de extrema importância para abordar os seguintes tópicos propostos por Elliott:

1) Interpretação: as obras devem ser entendidas enquanto performances; são músicos e ouvintes em ação e recepção.

Aqui é importante salientar a posição de Hanslick sobre a concepção de compositor-intérprete e seu público receptivo, no caso os ouvintes. A partir do momento que o compositor pretende objetivar sua criatividade através da composição musical, entra em cena a objetividade da fantasia, sendo que posteriormente o intérprete será um meio de expressar essa objetividade do compositor através de sua interpretação para a apreciação do ouvinte.

Abordar a música como uma obra que deve ser interpretada pressupõe alguns conhecimentos básicos por parte do ouvinte, tanto teóricos (gramática musical) como práticos. A interpretação musical será abrangente quanto maior for o conhecimento musical do aluno bem como

10

Page 11: Projeto de Pesquisa Estética Musical e Educação OZGA

2) Expressões musicais de emoção: nem todas as obras musicais sugerem emoção específica, pois dependeriam da prática.

Nesse tópico, a contribuição de Hanslick é expressa na sua defesa de que a música não deve objetivar a provocação de emoções específicas. A música possui seus elementos internos e sua estrutura própria, baseada nas leis da harmonia, que podem causar emoção em quem ouve, mas que não deve ser o objetivo central do compositor. É através da música que podemos almejar a comtemplação do belo musical.

3) Representações musicais: nem todas as obras incluem representações musicais do mundo concreto.

Nesse aspecto, a estética musical propõe uma reflexão sobre a não obrigatoriedade de a obra musical representar musicalmente o mundo concreto. A obra musical pode objetivar, através da sua estrutura interna por meio dos sons, e expressar o belo autônomo que possui significação em si mesmo, independente de representar ou não o mundo externo. A intenção do belo musical é expressar a ideia do belo através de elementos sonoros e não expressar o fenômeno musical belo, ou seja, expressar fenômenos musicais belos do mundo concreto.

Consideração Final

Portanto, após a leitura e interpretação dos textos abordados, exponho uma abordagem da educação musical como educação estética, baseado na concepção de Mendonça, sendo possível, através de estudos teóricos como a estética musical juntamente com audição e apreciação musical, uma maior abrangência da concepção e atitude estética do indivíduo.

Nesse caso, a reflexão de Hanslick apoiada na concepção de educação musical proposta por Mendonça, através da via estética do expressionismo absoluto, possibilita uma educação em arte musical muito rica e positiva, onde a arte musical pode propor um caminho e uma possibilidade de educação: a educação musical através da maior convivência possível com obras de arte musicais. Quanto mais ampla for essa convivência com os tipos de arte, os estilos, as épocas e os artistas, melhor será a educação musical do aluno.

Uma educação musical aberta para as influências da reflexão filosófica e estética musical possibilita que o indivíduo educado, ou seja, o aluno (e futuro cidadão) possa abranger e aumentar seu panorama cognitivo sobre o mundo, compreendendo melhor o universo dos sons e da música, ultrapassando assim o pensamento de que a música apenas provoca sentimentos e moções, ou que esse é um dos objetivos principais da música. Não estou negando esse efeito da música sobre o ser humano. Apenas pretendo que já fora da experiência estética, podemos chegar ao nível da recepção crítica e reflexiva da música, da análise intelectual da obra musical, do julgamento do seu valor.

Ao mesmo em tempo que o estudo estético da música proporciona uma reflexão sobre o tema, a análise das concepções estéticas ao longo da história permite ao indivíduo tratar criticamente e reflexivamente sua experiência perante a música. Posteriormente é preferível que o indivíduo adentre na obra musical e de preferência faça um estudo sobre a história da obra musical, sobre o contexto histórico da criação da obra, se possível um estudo breve sobre a vida do autor e compositor.

11