projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
-
Upload
estela-alves -
Category
Documents
-
view
284 -
download
24
description
Transcript of projeto de intervenção | residência olivo gomes | hotel-escola
Projeto de IntervençãoResidência Olivo GomesHotel-EscolaEstela Maris Carneiro Alves
Projeto de Intervenção Residência Olivo GomesHotel-Escola
Estela Maris Carneiro AlvesTrabalho Final de Graduação Orientação Milton Braga
Faculdade de Arquitetura e UrbanismoUniversidade de São Paulo
agradeço
aos meus pais e aos irmãos pelo apoio,
ao meu orientador e aos meus professores da fauusp pelos ensinamentos e paciência,
ao pessoal que me ajudou nessa pesquisa, Sonia e Robson do dph de São José dos Campos e os funcio-
nários do Senac,
e a todos meus queridos amigos que fizeram parte dessa deliciosa etapa da minha vida, Eduardo Viana,
Mariana Hiroki, Sofia Bender, Eduardo Junqueira, Sofia Frois, Lívia Zaffalon, Paula Mendonça, Alexandre
Nakano, Viviane Guimarães, Karina Mendonça, Fernanda Fugimoto, Mariana Martins, Max Heringer, Gio-
vana Aiello, Emilia Luithardt, Liliane Nambu, Larissa Galastri, Márcia Trento, Lais Matiussi, Marcela Domin-
guez, Denis Ferri, Mariana Seiko, Renata Guedes, Marcela Johansson, Talita Barão, entre muitos outros.
6
SUMÁRIO
Sumário Resumo
1. Contexto 2.1 Cidade 2.2 Tecelagem Parahyba 2.3 Parque da Cidade Roberto Burle Marx
2. Proposta para o Parque 2.1 Introdução 2.2 Estrutura viária
2.3 Usos e atividades
3. Residência Olivo Gomes 3.1 Histórico 3.2 Rino Levi 3.3 Roberto Burle Marx 3.4 Partido 3.5 Paisagismo 3.6 Patologias 3.7 Alterações 3.8 Projeto Petrobrás
4. Projeto de Intervenção 4.1 Estudos 4.2 Hotel-Escola 4.3 Projetos de Referência 4.4 Partido 4.5 Projeto Bibliografia Referência de imagens
07
080911
232527
29
33
3436404350555657
59
6063676875104106
7
RESUMO
Este trabalho consiste na elaboração
de um projeto de intervenção para a residência
Olivo Gomes (1949-1951 | Rino Levi, Burle Marx
e Francisco Rebolo | São José dos Campos, São
Paulo, Brasil) a fim de valorizar e requalificar
esse patrimônio arquitetônico, paisagístico e
artístico modernos.
O novo uso atribuído a residência é um
Hotel-Escola do tipo Senac, empresa semi-pri-
vada de atuação social. A escolha e o funcio-
namento desse programa será aprofundado
ao longo do trabalho, mais precisamente no
capítulo 4.
Além disso, inicialmente, de forma a
reforçar esse novo programa e melhor inseri-lo
na cidade, durante o tfg I (capítulo 2) foi pro-
posta uma revitalização do parque da cidade
Roberto Burle Marx, antiga áreas da Tecelagem
Parahyba e da Fazenda Sant’Ana do Rio Abai-
xo, onde a residência está implantada. Tendo
como partido a conexão das edificações e usos,
de modo a requalificar o parque e promover o
Hotel-Escola, o núcleo do complexo.
1. CONTEXTO
10
1.1 CIDADE
De maneira a contextualizar esse tra-
balho, apresenta-se a cidade de São José dos
Campos onde está implantada a residência.
Localizada no Vale do Paraíba, originou-
-se a partir de aldeamentos jesuísticos e foi
fundada com a expulsão dos mesmos pela
Corte em 1767. Então, a fim de aumentar a ar-
recadação provincial a aldeia teve sua categoria
elevada para Vila de nome São José do Paraíba.
A partir daqui, a história econômica e social da
cidade pode ser organizada em 4 ciclos.
Os dois primeiros ciclos, situados no
século XIX, correspondem às agriculturas de
algodão e café, que caminharam conjuntamen-
te e igualmente não prosperaram.
A cidade era destaque na produção de
algodão e abastecia indústrias inglesas de teci-
do. O café que a cidade produziu desde 1830,
só teve destaque nacional em 1854 e sempre
esteve à margem do período áureo do café no
país. Importante ressaltar que em 1877 foi inau-
gurada a Estrada de Ferro Central do Brasil.
O terceiro ciclo corresponde a fase
Sanatorial, onde a cidade foi classificada como
Estância Hidromineral, em 1935, devido as con-
dições supostamente favoráveis na busca do
tratamento de tuberculose - altitude por volta
de 600 metros e clima temperado seco.
A última fase é a industrial, que inicou
por volta de 1920, com pequenas indústrias,
olarias e tecelagens. Porém essa economia
somente se estabeleceu com a implantação
da rodovia Presidente Dutra, em 1950, que liga
São Paulo com o Rio de Janeiro. E posteriomen-
te, com a oferta pela prefeitura da cidade de
incentivos fiscais para indústrias. Consolidan-
do-se assim, a rodovia como um eixo definidor
da expansão urbana e a expressividade da
economia industrial da cidade no Estado.
A integração indústria e ciência, pos-
sibilitou a implantação de centros de ensino e
pesquisa, o que marca o caráter do desenvolvi-
mento da cidade e a constitui como um impor-
tante tecnopolo de material bélico, metalúrgico
e sede do maior complexo aeroespacial da
América Latina.
Dados:
Área: 1.099,77 km2
População: 636.876 hab. - SP:7° (IBGE, 2011)
Densidade: 579,1 hab./km2
IDH: 0,849 - SP:11° (PNUD, 2000)
PIB: R$ 22.018.043 - BR:19° (IBGE, 2009)
PIB per capita: R$ 35.751,06 (IBGE, 2009)
1
2
3
4
5
1. rodovia Presidente Dutra2. rodovia Carvalho Pinto3. distrito São Francisco Xavier4. distrito Eugênio de Melo5. rio Paraíba do Sul
01 Mapa esquemático do município de São José dos Campos. O distrito de São Francisco Xavier configura-se como uma reserva ambiental e Eugênio de Melo como pólo industrial. Observa-se a expansão da mancha urbana ao longo da Via Dutra (cinza).
11
Tanto a residência Olivo Gomes como
o atual parque da Cidade Roberto Burle Marx
tem sua origem ligada a história da Tecelagem
Parahyba, que será apresentada a seguir.
A tecelagem Parahyba foi fundada em
1925 por um grupo de investidores portugue-
ses e fluminenses para a produção inicialmente
de brim para vestuário. Contava com uma gran-
de vantagem, sua localização junto a estação
de trem da Central do Brasil em São José dos
Campos, o que facilitava e diminuía os custos
de transporte de matérias-primas e produtos
acabados.
Caracterizou-se como um grande mar-
co na industrialização e urbanização da cidade,
inserindo-se intensamente na vida social, eco-
nômica e cultural do município.
Com a crise de 1929, a indústria entrou
em concordata e seus credores, sem intenção
de ficar a frente dos negócios, tranferiram a
gerência para Olivo Gomes. Um empresário
e corretor de algodão, nascido em Niterói em
1882, já conhecido por motivo de falência nos
negócios, porém também reconhecido por
quitar suas dívidas. Olivo Gomes, com seu cará-
ter promissor, ousado, porém consciente, logo
assumiu a presidência da tecelagem, em 1933,
dando início a expansão da produção para
escala internacional.
A expansão teve início, por volta dos
anos 30, no investimento no setor agropecuá-
rio, passou-se a produzir também, leite, arroz,
café, aveia, lã natural, gado de corte, entre
outros. Constitui-se uma nova pessoa jurídica:
a Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo S/A, um con-
junto de fazendas da família próxima à tecela-
gem. Novas edificações foram construídas para
suporte desse novo investimento - galpão de
beneficiamento de arroz e café, estábulos e até
mesmo um laboratório pioneiro de insemina-
02 Operários da Tecelagem Parahyba em em meados da década de 20.
03 Logo da Tecelagem Parahyba. A tecelagem contou com uma grande campanha publicitária na época de seu auge produtivo.
1.2 TECELAGEM PARAHYBA
ção artificial. Consolidando-se uma empresa de
economia mista, de caráter agroindustrial com
base no aperfeiçoamento científico da produ-
ção agropecuária.
Paralelamente ao processo de expan-
são da empresa, desenvolveu-se um arrojado
programa social que oferecia aos funcionários
e à sua família moradia, educação, saúde, servi-
ços, atividades de lazer e religiosa. Esse sistema
foi fruto do início de movimentos operários na
década de 30, em conjunto com a inadaptação
do trabalhador rural ao novo processo de tra-
balho, agora industrial.
12
Interessante ressaltar que tal procedi-
mento mais notavelmente implantado no exte-
rior, foi introduzido logo em uma das primeiras
grandes indústrias de São José dos Campos. É
considerável sua aplicação devido à comple-
xibilidade de seu programa e diversidade de
atividades. Inclusive, poucas empresas no Brasil
adotavam esse programa. Assim, no final da
década de 40, a produção anual foi máxima,
com a marca de 4 milhões de cobertores.
Em meados da década de 50, avolu-
mam-se os projetos e estudos para as novas
edificações do complexo programa social da
empresa. Nos anos 40, iniciou a participação
de arquitetos modernos, no projeto da residên-
cia para o diretor e da escola para os filhos dos
funcionários , que tiveram como arquitetos,
Carlos Millan, Carvalho Franco e Sidney Fonse-
ca.
Nesse sentido, as novas edificações
rompem com a influência da arquitetura indus-
trial européia, caracterizada por fechamentos
de alvenaria sem revestimento e iluminação
zenital por sheds, solução da própria sede da
tecelagem. Assim, os ideais do signo do novo e
da formalidade presentes nas obras modernas
influenciam no comportamento dos funcioná-
rios, melhorando a relação empresa-emprega-
do.
A participação do arquiteto Rino Levi
aconteceu por meio de indicação de Carlos
Millan para o projeto da residência de Olivo
Gomes. Com a construção da residência, Rino
Levi projetou sucessivos equipamentos e
edificações de desenvolvimento social para a
família Gomes e para o complexo da tecelagem
que foram parcialmente executados. A empre-
sa alcançou prestígio e renome internacional
por volta da década de 70, com o a produção
no auge. Enfatiza-se assim, a relevância que a
empresa teve no desenvolvimento da cidade,
tanto econômico e urbano, como social e cultu-
ral.
A fábrica começou a entrar em proces-
so de falência por volta da década de 80, devi-
do a diversos fatores, entre eles as sucessivas
crises econômicas no país e a não renovação
de seu maquinário fabril. Em 1983, pediu-se
concordata e em pouco tempo a dívida aumen-
tou, agravado com a morte dos filhos de Olivo
Gomes, Severo e Clemente Gomes, até então
dirigentes da empresa. Assim, a tecelagem
faliu, em outubro do mesmo ano.
Para quitar as dívidas a família Gomes
teve parte de sua propriedade - os edifícios da
fábrica - entregues ao Governo do Estado de
São Paulo.
Em 1994, a associação dos funcionários
assinou um acordo com o Estado adquirindo
o direito de ocupar parte destas edificações.
Assim, agora a Coopertêxtil, com a ajuda do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-
co e Social, retoma a produção e compra parte
dos equipamentos da antiga tecelagem.
A família mantinha negociações com
o Governo Federal para que algumas áreas
fossem repassadas ao INSS em troca das dívi-
das com a instituição. A prefeitura da cidade,
interessada na área, negociou com o INSS e
com a família uma desapropriação amigável,
com o objetivo de preservar o patrimônio
arquitetônico, ambiental e paisagístico, tranfor-
mando a área, em 1996, em um parque público,
o parque da Cidade Roberto Burle Marx.
13
1.3 PARQUE DA CIDADE ROBERTO BURLE MARX
A partir dessa apresentação histórica
da tecelagem Parahyba e da cidade em que
a residência se insere e participa, fez-se um
levantamento e um diagnótico do parque da
Cidade Roberto Burle Marx atualmente, de
forma a contribuir para a efetivação da propos-
ta de revitalização para o parque, realizada no
capítulo 2 deste trabalho.
Tombado como patrimônio histórico
pelo Conselho Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COM-
PHAC) de São José dos Campos desde 1996, o
Parque da Cidade localiza-se na região Norte da
cidade. Desde então, aumentou-se sua infra-es-
trutura de forma a atender as necessidades de
seus usuários e a adaptar seu uso para parque.
Hoje, o parque possui pistas e trilhas para cami-
nhada e recentemente foram implantados uma
ciclovia, equipamentos para ginástica e play-
ground. Recebe eventos da cidade oferecidos
pela Prefeitura, como shows, espetáculos de
teatros, dança, entre outros, dado que também
estão instalados nas proximidades a Fundação
Cultural Cassiano Ricardo e um pequeno mu-
seu, o Museu do Folclore, recebendo por volta
de 2.000 usuários por dia e eventualmente em
grandes eventos e shows, 40.000 pessoas.
A área relativa ao parque atual abrange
o perímetro da lei 6.493 de 05 de janeiro de
2004, alterada pela lei 7.338 de 27 de julho de
2007 que estabelece como Zona de Preserva-
ção (ZP) a área do complexo formado pela an-
tiga tecelagem Parahyba e a Fazenda Sant’Ana
do Rio Abaixo, totalizando 1,77 km2.
Em 2009, a Secretaria de Planejamento
Urbano realizou um Plano de Manejo e Ocupa-
ção para o parque de maneira a diagnosticar e
propor um planejamento para área.
A partir dessa referência, este traba-
lho conduz uma apresentação e análise desse
Plano, enfatizando que o parque atualmente
conta com várias problemáticas que não aju-
dam na preservação e conservação desse patri-
mônio, além de nenhuma grande e importante
iniciativa ter sido implantada após o Plano.
LEVANTAMENTO
A partir do diagnósticos apresentados
pelo Plano Diretor de São José dos Campos
de 2006 (ver mapa 2) observa-se o potencial
da região de crescimento e desenvolvimento.
Atualmente já se encontram diversos empreen-
dimentos residenciais junto as avenidas Olivo
Gomes e Rui Barbosa, enfatizando-se, assim, o
04 Mapa esquemático da localização do parque a Norte da cidade (verde). O crescimento da cidade para Norte sofre um afunilamento gerado a partir de duas área de preservação, o Banhado a esquerda e o próprio parque a direita.
05 Zona de proteção delimitada pelo decreto de 1996.
14
aumento da verticalização e urbanização das
glebas e uma crescente valorização da área
envoltória. A região também está se definin-
do como centro da malha urbana e como o
entroncamento de estrutura viária central. A
avenida Sebastião Gualberto passa a ser o eixo
de encontro dos principais sistemas de locomo-
ção, ganhando importância urbanística.
Quanto aos aspectos físicos, o solo
do parque divide-se em dois: parte é planície
aluviornar com textura argilosa ou arenosa
e presença de solos orgânicos de formação
hidromórfica com ocorrência significativa de
turfa; e outra parte é caracterizada como terra-
ços sedimentares. A cobertura vegetal se rege-
nerou intensamente após o fim das atividades
agroindustriais. Observam-se problemas de
drenagem interligados com a manutenção dos
2 lagos artificiais, pois originalmente existiam 4
lagos artificiais que funcionavam num sistema
equilibrado de abastecimento e irrigação. Com
a desativação desses lagos, a água emcami-
nhou-se esponteneamente formando uma área
alagada ao longo da via de acesso a estação de
tratamento de esgoto da Sabesp.
Quanto à propriedade, a maioria
pertence a Prefeitura Municipal, a partir dos
decretos já mencionados, porém algumas áreas
pertencem ao Estado de São Paulo, outras à
Rede Ferroviária Federal S.A., à Jaime Chede
Filho, à família Gomes e outras se constituem
como remanescentes da Mantiqueira (ver mapa
3).
PAISAGISMO
O parque conta com várias áreas pai-
sagisticamente projetadas, além dos jardins da
residência Olivo Gomes, existem os jardins da
estação ferroviária e da antiga Usina de Leite e
grandes gramados. Aponta-se também, a pre-
sença de dois importantes eixos paisagísticos,
alamedas arborizadas; um, por palmeiras impe-
riais, e outro por figueiras. Importante apontar
também os lagos na formação da paisagem e
as visuais que se formam, em alguns pontos do
parque, para a Serra da Mantiqueira.
Uma problemática com relação ao
paisagismo é que a maioria das árvores estão
com quase 50 anos, várias delas estão morren-
do e sua reposição é de longo prazo, porém sua
importância é extrema para a consolidação do
partido do parque e da residência Olivo Gomes.
Além disso, o antigo viveiro de plantas, onde
fazia a reposição das mesmas, está desativado a
06 Eixo das palmeiras imperiais, gramado e ao fundo o galpão “Gaivota“, original galpão de máquinas projetado por Rino Levi.
07 Eixo de entrada do parque, o eixo das figueiras.
15
vários anos, sendo necessária a implantação de
um novo e extenso viveiro de plantas.
DIAGNÓSTICO
Além disso, apontam-se outras proble-
máticas encontradas no parque:
- infra-estrutura de atendimento ao usuário
insuficiente e mal localizada, como o número e
a localização dos sanitários públicos, das áreas
de alimentação e de atendimento à criança e
ao idoso;
- grandes áreas construídas, sem ocupação.
Edificações que tinham a função auxiliar na
atividade agroindustrial, hoje apresentam-se
sem uso;
- presença de obstáculos visuais, como cercas,
muros, linhas de posteação, portões e etc, ad-
vindos também dos diferentes usos e ativida-
des que se davam naquela área;
- a circulação de veículos e os acessos dos mes-
mos não são claramente delineados;
- a circulação de pedestres e bicicletas é igual-
mente mal delineada;
- presença de vandalismo nas edificações;
- dificuldade de manutenção do parque e suas
edificações;
- o parque não se insere na cidade, encontra-
se incrustado, com somente um acesso, sendo
fechado em quase todo o seu perímetro.
RIO PARAIBA DO SUL
O rio Paraiba do Sul, que forma o Vale
do Paraiba e corta a região Norte de São José
dos Campos, tangencia uma parte do parque,
assim, acha-se necessário apresentar esse re-
curso de forma a inseri-lo e valoriza-lo no proje-
to de revitalização realizado posteriormente no
capítulo 2.
Formado pela confluência dos rios
Paraitinga e Paraibuna, nasce no estado de São
08 Eixo de entrada do parque. A ciclovia foi recentemente implantada junto aos únicos postos de alimentação, pequenos trailers.
09 Portão de ligação entre o parque e o centro cultural. Evidencia-se a não interligação entre os dois usos.
Paulo, passa pelo sul de Minas Gerais e tem
a foz no norte Fluminense. O rio em toda sua
extensão, exceto em raras excessões, diagnosti-
cam-se problemas ligados à falta de tratamento
de esgoto (cerca de 70%), à erosão e assorea-
mento dos corpos d’água, enchentes, pouca
cobertura nativa, entre outros.
Em São José dos Campos observa-
-se uma ocupação da área da várzea, além
de a partir de 2009 algumas denúncias foram
realizadas relatando o despejo de esgoto sem
tratamento direto em córregos da cidade que
afluem no rio Paraiba do Sul e o abandono de
16
estações de tratamento da Sabesp. O resultado
foi a realização de várias ações a favor da me-
lhoria do tratamento de esgoto na cidade.
Nas proximidades da região deste tra-
balho encontra-se a estação de esgoto Lavapés
que segundo a revista técnica “Controle e Ins-
trumentação“, é um projeto de referência sendo
responsável pelo tratamento de 45% do esgoto
produzido na cidade.
GESTÃO
O parque atualmente é gerido por
diversos órgãos, pela Secretaria de Planejamen-
to Urbano, pela Secretaria de Serviços Munici-
pais, pela Fazenda do Estado e pela Fundação
Cultural Cassiano Ricardo. Essa divisão das
responsabilidades dificulta o gerenciamento
da área, além da ausência de legislação e plano
mais abrangentes dificultar as providências e
intervenções necessárias.
A seguir serão apresentados mapas
com:
- edificações existentes - mapa 1- junta-
mente com um levantamento dos usos atuais e
originais das principais edificações do comple-
xo;
- plano diretor - mapa 2;
10 Rio Paraiba do Sul nas proximidades da região deste tra-balho.
11 Ruínas da antiga ordenha, localizado paralelo ao novo esta-cionamento do teatro municipal em construção.
- situação fundiária - mapa 3.
De maneira a complementar o mapa
1 que apresenta as principais edificações do
complexo, apresenta-se as pequenas edifica-
ções que antes serviam de apoio as atividades
agroindustriais e hoje encontram-se subutiliza-
das, abandonadas ou em ruínas:
- antiga estrebaria, atualmente abando-
nado.
- antigas ordenha mecânica e galpão
de teares manuais, atualmente servem como
apoio ao parque;
- antigas pocilga, casa da farinha, olaria,
departamento de inseminação artificial, atual-
mente encontram-se todos em ruínas.
Essas edificações não serão detalhada-
mente estudadas, dado pela dificuldades de
encontrar informações .
Também encontramos algumas pe-
quenas edificações contemporâneas junto ao
campo de futebol, localizado na entrada do
parque, há um bar e um vestiário.
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraíba do Sul
av. Olivo G
omes
rod. Monteiro Lobato SP-050
SABESPESGOTO
CENTROCENTRO
NORTEMG
córrego Lavapés
MAPA 1 | EDIFICAÇÕES EXISTENTES
0 50 100 200
LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�cações
controle de carrosestacionamento
águacobertura vegetalLEGENDA VIÁRIO
arruamento existenteviário parque
trilha / estrada de terralinha férrea
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraíba do Sul
av. Olivo G
omes
rod. Monteiro Lobato SP-050
SABESPESGOTO
CENTROCENTRO
NORTEMG
córrego Lavapés
MAPA 1 | EDIFICAÇÕES EXISTENTES
0 50 100 200
LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�cações
controle de carrosestacionamento
águacobertura vegetalLEGENDA VIÁRIO
arruamento existenteviário parque
trilha / estrada de terralinha férrea
01
02
03
04
05 06
07
08
09
10
11
18
atual: Clube Privado ADC Parahyba
original: Clube Funcionário ADC Parahyba
1954
Rino Levi Arquitetos Associados S. A.
Projeto parcialmente executado a partir
da proposta da criação de áreas de lazer para
os funcionárioas da tecelagem Parahyba.
A característica mais marcante é a arquiban-
cada com bancos de concreto assentados so-
bre os degraus, possibilitando a passagem sem
incomodar quem está sentado.
atual: abandonado
original: Usina de Leite Parahyba
1963/1965
Reno Levi Arquitetos Associados S.A.
Detalhes construtivos como a elevação
do solo à altura dos caminhôes, escondendo as
tubulações, marquises suspensas, jardins inter-
nos, platibandas, finos pilares, tranferem leveza
e a intenção de humanizar o espaço fabril.
Recebendo especial atenção aos acabamentos
com a utilização de tijolos e placas cerâmicas,
além do paisagismo e um painel de Burle Marx.
atual: EMPG prof. Vera Lúcia C. Barreto e
EMEI prof. Idelina M. T. de Carvalho
original: Grupo escolar da Tecelagem
1951 e 1984, respectivamente
O projeto do EMPG de C. Millan, Car-
valho Franco e Sidney Fonseca, insere-se
na proposta social da tecelagem, já o EMEI (au-
tor desconhecido) é posterior. O EMPG foi elo-
giado por antigos estudantes e professores por
ser um espaço aberto e ótima relação com o
entorno. Sendo, posteriormente adotado como
modelo padrão para outras escolas estaduais.
01 02 03
19
atual: Centro de Formação Educacional e
Teatro Municipal
original: Depósito de Produtos Acabados
1970/1973
Rino Levi Arquitetos Associados S.A.
Sofreu diversas adaptações, primeira-
mente para o uso como loja de carros e atual-
mente para o centro educacional que em breve
será entregue. Porém o teatro teve a obra para-
lisada devido inversão da execução do projeto
de estrutura.
atual: Galpão “Gaivota“
original: Galpão de máquinas e equipamentos
1950/1953
Rino Levi Arquitetos Associados S.A.
Cobertura de estrutura treliçada, na for-
ma de abóbadas duplas com perfil parabóico
que se apoiam em robustos pilares de concre-
to, revestida com telhas de alumínio. Hoje rece-
be, eventualmente, eventos do parque. Possui
também um painel do Burle Marx, na parede
de divisa do depósito com o posto de gasolina.
atual: diversos usos
original: Sede Tecelagem Parahyba
1925 (1ª etapa)
Vicente de Finis & Cia (1ª etapa)
Dentre os usos atuais tem-se: Coo-
pertextil, Fundação Cultural Cassiano Ricardo,
ERPLAN, Delegacia Regional de Cultura, IBGE,
Secretaria de Esporte e Lazer e Polícia Florestal,
além de áreas sem uso. Construído em diversas
épocas, em regra a alvenaria é de tijolo aparen-
tes, a cobertura tipo shed e estrutura mista de
madeira, concreto e elementos metálicos.
04 05 06
20
atual : Museu do Folclore e Anexo
original: Casa dos hóspedes e da gerência
data desconhecida
autor desconhecido
Residência de tijolo aparente, esqua-
drias de madeira, alpendres, ladrilho hidráulico,
jardineiras, telhado de estrutura de madeira e
telhas cerâmicas. O edifício da casa da gerência
sofreu várias intervenções internas para abri-
gar o museu, enquanto que a residência dos
hóspedes abriga a administração do museu.
atual: Estação RFFSA desativada
original: Estação Ferroviária Central do Brasil
1876/77
autor desconhecido
Resultado de uma mudança no traçado
da ferrovia, desviando do centro histórico de
São José dos Campos de forma de a diminuir
a declividade dos trilhos, o que possibilitou o
desenvolvimento dessa região e da tecelagem
Parahyba.
atual: Sem uso
original: Piscina e Vestiário
data desconhecida
autor desconhecido
Piscina e vestiário de uso da família Go-
mes, hoje a piscina de concreto com azulejos
brancos de 15x15 cm encontra-se desativada e
o vestiário funciona como sanitário de apoio ao
parque.
07 08 09
21
atual: Secretaria do Meio Ambiente
original: Galpão de benefic. de arroz e café
+ -1930
autor desconhecido
Edificação construída dentro do projeto
agroindustrial de Olivo Gomes, com a função
de beneficiar arroz e café. Recentemente pas-
sou por projeto de intervenção para abrigar
primeiramente a Fundhas e posteriormente a
Secretaria do Meio Ambiente.
atual: Sem uso
original: Casa da Ilha
+ -1930
autor desconhecido
A casa teve vários moradores, primeira-
mente foram operários, depois a nora de Olivo
Gomes, Maria Lúcia Gomes e o administrador
de fazenda chamado Araken. A casa segue
alguns detalhes da residência Olivo Gomes,
como os caixilhos metálicos, os blocos de
vidro, etc. Hoje está sem uso, porém tem um
projeto de centro de educação ambiental.
10 11
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraíba do Sul
av. Olivo G
omes
rod. Monteiro Lobato SP-050
córrego Lavapés
MAPA 2 | PLANO DIRETOR
ZR1ZUC3
ZUC5
ZUC4
ZUC1
ZPA1
ZI
ZEPH
LEGENDAzona de proteção ambiental 1
zona especial de patrimônio históricozona industrial
zona residencial 1zona de urbanização controlada 1zona de urbanização controlada 3zona de urbanização controlada 4zona de urbanização controlada 5
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraíba do Sul
av. Olivo G
omes
rod. Monteiro Lobato SP-050
córrego Lavapés
MAPA 3 | SITUAÇÃO FUNDIÁRIA
0 50 100 200
LEGENDA PROPRIEDADESMunicício
EstadoJaime Chede Filho
Rede Ferroviária Federal S.A.LEGENDA LIMITAÇÕES DECRETOS
decreto 1ª desapropriação 1996decreto 2ª desapropriação 2006
2. PROPOSTA PARA O PARQUE
CULTURA
PISCINA
CONVENÇ.
CEFETEATRO
HOTEL
ALIMENTAÇÃO
ARBORISMO
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraiba do Sul
av. Olivo G
omes
av. Rui Barbosa
ORLA
AEROMODELISMO
FUTUROAEROCLUBE
CLUBEESPORTE
COMÉRCIO
ESCOLA
INDÚSTRIA
PONTE
ZOO
córrego Lavapés
LEGENDA VIÁRIOanel viário do parqueacesso livreacesso restrito ciclovia-trilhanovas ruastrilhaslimite do parquelinha férrea
LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�caçõescontrole de carrosponto de ônibusapoio parqueestacionamento postos aluguel de bikeságua
MAPA 4 | PROPOSTA
0 50 100 200
27
CULTURA
PISCINA
CONVENÇ.
CEFETEATRO
HOTEL
ALIMENTAÇÃO
ARBORISMO
av. eng. Sebastião Gualberto
rio Paraiba do Sul
av. Olivo G
omes
av. Rui Barbosa
ORLA
AEROMODELISMO
FUTUROAEROCLUBE
CLUBEESPORTE
COMÉRCIO
ESCOLA
INDÚSTRIA
PONTE
ZOO
córrego Lavapés
LEGENDA VIÁRIOanel viário do parqueacesso livreacesso restrito ciclovia-trilhanovas ruastrilhaslimite do parquelinha férrea
LEGENDA EQUIPAMENTOSedi�caçõescontrole de carrosponto de ônibusapoio parqueestacionamento postos aluguel de bikeságua
MAPA 4 | PROPOSTA
0 50 100 200
Antes de aprofundar na proposta e pro-
jeto para a residência Olivo Gomes, achou-se
conveniente tratar o parque a fim de fortalecer
o projeto e sua proposta, além de tratar o pro-
jeto em diversas escalas, no sentido de pensar
seu contexto e inserção urbana.
A partir de uma análise do Plano de
Manejo e Ocupação de 2009, aderiram-se algu-
mas proposições, enquanto outras, não, devido
principalmente a grande mudança no progra-
ma para a residência Olivo Gomes, assunto que
será aprofundado posteriormente.
As premissas para esse projeto segui-
ram um caminho a fim de preservar e unificar o
complexo da antiga Tecelagem Parahyba e da
Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo, incentivando
o lazer, a cultura e a educação e potencializan-
do o parque como pólo turístico.
REFERÊNCIAS
Como referência de grandes parques
urbanos dotados de diversos equipamentos
culturais e educacionais, tem-se o Parque do
Ibirapuera, em São Paulo e o “Parc de la Villette”,
em Paris.
O conjunto do Parque do Ibirapuera
(1,58km2) recebeu o projeto de Oscar Niemeyer
em comemoração do quarto centenário da
cidade de São Paulo. Foram implantados edifí-
cios de linguagem modernistas e atividades da
Prefeitura da cidade e culturais, além de uma
marquise que interligada os mesmos e cria uma
vivência diferenciada.
Já o “Parc de la Villette” (0,55km2) pas-
sou por um concurso que visava a renovação
e requalificação do parque, então, teve seus
edifícios restaurados e novos foram edificados
por vários arquitetos. O desenho e conceito do
parque foram projetado por Bernard Tschumi.
O parque possui dois eixos de caminhos ele-
vados e consequentemente cobertos na parte
inferior. Mas o partido do parque está na im-
plantação de um grid, chamados “folies“ (lou-
curas, tolices, em francês) que são elementos
artísticos, simbólicos e esculturais que marcam
a paisagem e a organização do parque, sendo
objetos desprovido de utilidade prática dentro
de um discurso de desconstrução.
Configurando-se assim, dois parques
completamente distintos, possibilitando uma
leitura do primeiro como um parque do século
XX e o segundo do século XXI.
2.1 INTRODUÇÃO
12 Esquema do desenho do “Parc de la Villette“ por Bernard Tschumi. 1982-1998 . Obervação a variedade das edificações, os dois eixos de passeios elevados e o grid de elementos paisagísti-cos e esculturais, formando percursos inusitados e de surpresa.
13 Vista aérea do parque Ibirapuera, por Oscar Niemeyer. 1954. Observa-se o desenho orgânico da marquise interligando as edificações, o lago artificial e a cobertura vegetal. Além da cidade adensada e valorizada junto ao parque.
28
DELIMITAÇÃO
A partir dos dois decretos de lei já
mencionados delimitou-se a área do parque,
porém para consolidação e integração do
complexo, propõe-se a aquisição (0,38 km2) e
a venda (0,09 km2) de certas áreas, que podem
ser melhores identificadas pelo na figura 18.
Amplia-se assim, a área do parque de 1,77 km2
para 2,06 km2, formando assim, uma área mais
consolidada. O mapa 4 apresenta a proposta
do parque, juntamente com o texto a seguir.
14 Parc de la Villette, Paris. Detalhe do passeio elevado e das “folies“, elementos vermelhos.
15 Parque do Ibirapuera, São Paulo. Detalhe da marquise com seu desenho sinuoso e o projeto paisagístico do Roberto Burle Marx.
16 Parque Vicentina Aranha. São José dos Campos. 0,08 km2. Antigo Complexo Sanatorial projetado por Ramos de Azevedo em 1924. O parque foi inaugurado em 2007, porém as edificações continuam abandonadas e sem uso.
17 Parque Santos Dumont. São José dos Campos. 0,04 km2. Lo-calizado no centro da cidade, recentemente recebeu pista pavi-mentada e equipamento de ginástica. O parque possui atrativos desde um jardim japones a modelos de avião e foguetes.
29
A fim de corrigir o fechamento do
parque frente a cidade, propõe-se um anel
viário (linha preta) que contorna todo o parque.
Assim, o parque é “abraçado“ pela cidade, am-
pliando os acessos tanto de pedestres como de
carros. Além de criar passeios paralelo à orla do
rio Paraiba do Sul, aproximando a população
desse recurso natural, tanto de suas problemá-
ticas como de suas qualidades paisagísticas.
Além disso, esse anel interliga-se ao sistema
viário da cidade, propondo aumentar a integra-
ção da malha urbana, diminuir os obstáculos
visuais e a afunilamento viário (ver figura 19).
O desenho desse anel viário se definiu
a partir das vias existentes e na busca de um
percurso interessante paralelo ao rio e com
curvas de raio de 100 metros, aproximadamen-
te. Além disso, a Norte desenhou-se um novo
arruamento (linhas em rosa) de ampliação do
bairro residencial existente a fim de criar uma
urbanização controlada e que valorize esse
percurso.
Deteve-se especial atenção para a im-
plantação de atividades às margens do rio Para-
íba que tem largura em média de 90 metros,
manteve-se então uma faixa de 100 metros de
Área de Proteção Permanente. Foram propostas
uma ciclovia e parte do anel viário do parque
se inserem na região, porém ainda está dentro
da margem máxima de intervenção de 5% em
área de APP.
Quanto à organização viária interna do
parque, propõem-se dois tipos de acesso, um
viário livre (linha vermelha) para os usuários do
parque, dos centros de convenções, comercial
e de serviços, esportivo e do teatro, junto ao
grande estacionamento já executado; e um
viário restrito (linha laranja) com um controle
do acesso de carros dos hóspedes, estudantes,
carga e descargas e para a manutenção e segu-
rança do parque.
Foi desenhado um sistema do conjunto
ciclovia-trilha de piso cimentado, conformando
grandes circuitos e interligando os diversos
equipamentos e edificações do complexo.
Além disso, criam-se possíveis percursos de
transporte por via de bicicletas para os usos
urbanos ao redor, incentivando esse uso como
um todo. Foi programado também a implan-
tação de sistema de aluguel de bicicletas e
patins, já que nenhum parque em São José dos
Campos propõe essa atividade.
Finalmente, num patamar abaixo na
hierarquia viária tem-se as trilhas (linha mar-
2.2 ESTRUTURA VIÁRIA
18 Mapa esquemático dos limites do parque proposto (linha vermelha pontilhada) e das as áreas a serem vendidas (em verde) e compradas (em vermelho). Formando assim, uma maior unida-de para o parque, além de um maior percurso paralelo ao rio.
19 Mapa esquemático do sistema das principais vias da cidade e a proposta da nova via que contorna o parque e amplia a inte-gração da malha urbana (linha vermelha), além de proporcionar um passeio paralelo ao rio e dasafogar o afunilamento da região.
banhado
parque
30
rom), tanto para caminhada como para cooper,
com percursos variados, sinuosos, inseridos na
vegetação existente, contornando os lagos ou
margeando o rio. A intenção é incentivar as ati-
vidades físicas a partir do espírtito de aventura,
exploração, já que os percursos são inusita-
dos e diversificados, possibilitando surpresas.
Porém é importante ressaltar, de antemão, a
consideração de um bom projeto de sinaliza-
ção e comunicação visual dentro do complexo
de forma a informar e localizar as atividades e
os percursos.
Inicialmente, propõe-se transpor a
ferrovia e ligar o parque à importante avenida
engenheiro Sebastião Gualberto através de
uma ponte/passarela. Mas a proposta tem um
desafio maior, a implantação de um circuito
de VLT (veículo leve sobre trilhos) eliminando
assim uma transposição complicada e grandes
obstáculos murais e complementando o siste-
ma viário da cidade, e também insere-se mais
o parque e suas edificações na cidade. Para
isso seria necessária toda uma análise e estu-
do urbanísticos no sentido de projetar tanto
o trajeto do VLT como o desvio do transporte
de cargas, que atualmente ocorre na ferrovia
existente, porém não intensamente.
Quanto aos estacionamentos foram
incorporados à proposta os existentes e foi de-
senhado mais um pequeno bolsão à esquerda
do anel viário do parque, servindo os visitantes
do pequeno zoológico proposto. Foi pensando
também na implantação de mais linhas e pon-
tos de ônibus, de forma a incentivar o transpor-
te público e a inserir mais a população nesse
novo equipamento. Seria necessário criar novas
linhas que ligassem o parque ao aeroporto e a
estação rodoviária.
20 Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Paris, França. A proposta de longo prazo é a implantação de um VLT onde hoje se encontra a linha férrea, diminuindo a barreira física e visual entre o parque e a cidade, na avenida engenheiro Sebastião Gualberto.
31
Quanto aos novos usos das edificações,
alguns foram aderidos do Plano de Manejo e
Ocupação de 2009 e outros não. Outros tive-
ram algumas alterações, de forma a se adequar
a principal mudança, o programa da residência
Olivo Gomes, de Centro de Representação,
Recepção e Eventos para um Hotel-Escola, de
forma a aumentar as atrações e as atividades,
tanto para os hóspedes, como para usuários do
parque.
Assim, agora se darão as apresentações
de seus novos usos ou alterações com relação a
proposta do Plano de 2009. A ideia é que vários
arquitetos tratariam de cada área que necessi-
tar de restauração, adequação ou ampliação a
fim de dinamizar o complexo.
- CENTRO ESPORTIVO: antes uma associação
desportiva para funcionário e hoje um clube
privado, mantém-se o uso, assim como pro-
põe o Plano, já que parte das dependências
são tombadas, logo, é conveniente mantê-las.
Porém propõe-se uma ampliação e abertura
desse centro para os outros equipamentos do
parque, de maneira a aumentar o número de
associados e juntamente a manutenção desse
patrimônio. Além disso propõe-se implantar
quadras para as mais diversas práticas esporti-
vas de uso livre e público, distribuídos ao longo
do parque, aproveitando alguns campos de
futebol que já existem.
- CENTRO COMERCIAL E DE SERVIÇOS: antes
Usina de Leite e hoje abandonado, seguiu-se a
proposta do Plano de criar um centro comercial
e de serviços. Localizado num ponto estratégi-
co e de fácil acesso, potencializando o progra-
ma escolhido, além de incentivar seu restauro e
preservação.
- ÁREA ESCOLAR: mantém-se o programa,
porém propõe-se a abertura da escola para o
complexo dos parque, de forma a possibilitar
a exploração do parque por parte dos alunos,
como o pequeno zoológico, o teatro, o centro
cultural, etc.
- CENTRO DE FORMAÇÃO EDUCACIONAL E
TEATRO MUNICIPAL: antes depósito de produ-
tos acabados e hoje se encontra em constru-
ção seu novo programa. Assim como o Plano
propõe essa edificação será destinada para
atividades de recreação, lazer, cultura, educa-
ção e formação.
- CENTRO DE CONVENÇÕES: antes galpão
de máquinas e hoje centro de exposições que
recebe eventos ocasionalmente, programa
2.3 USOS E ATIVIDADES
mantido pelo Plano. Porém, propõe ampliar
seu uso, sem se desfazer do atual, de maneira a
incluir convenções relacionadas com as ativida-
des do hotel.
- CENTRO CULTURAL: antes áreas fabris da te-
celagem Parahyba e hoje recebe diversos usos
como a Fundação Cultural Cassiano Ricardo e
administrações do Município e do Estado. A
proposta é de se configurar um grande centro
cultural aberto para o parque, ampliando sua
configuração e concentrando os usos adminis-
trativos ligados aos diferentes órgãos, de forma
a eliminar as áreas sem usos.
- PISCINA PÚBLICA: hoje sem uso propõe-se
reativar a piscina para o uso público e projetar
o controle da piscina e a conexão com o centro
cultural incorporando a proposta as edificações
do museu do Folclore, seu anexo e os antigos
vestiários. Essa proposta não foi existe no Plano
de 2009.
- ALIMENTAÇÃO: antes galpão de beneficia-
mento de arroz e café, hoje Secretaria do Meio
Ambiente, propõe-se mudar completamente o
uso atual como o proposto pelo Plano, de ser
um Centro de Estudos Ambientais. Devido a
nova proposta para o parque, ao aumento de
usuários, funcionários e visitantes, fica neces-
32
sário aumentar a área para alimentação, então,
pensou-se em criar um grande complexo de
alimentação, além do restaurante do Hotel-Es-
cola. Com isso, aumenta-se também a possi-
bilidades de exercício práticos para os alunos
do Hotel- Escola, programa que será melhor
apresentado posteriormente.
- ZONA INDUSTRIAL: atualmente a cooperativa
advinda da Tecelagem Parahyba, a Coopertêx-
til, mantém as atividades na região, em parte
do patrimônio industrial localizado na área.
Propõe-se manter esse uso somente nas área
industriais existente, sem expansão e até quan-
do a indústria ainda produzir, ações também
propostas no plano de manejo.
- APOIO: a nova proposta para o parque
necessita de diversas áreas de apoio, então foi
definido, resumidamente:
- a antiga estrebaria como viveiro de
plantas, como o Plano propõe, como forma de
manter os jardins, podendo servir também para
pesquisas e atrações educativas;
- a antiga casa da ilha e o galpão de
teares como apoio do complexo do parque efe-
tivamente, com sanitários públicos, emergên-
cia, serviços, manutenção, administração, etc.
Uso que atualmente encontra-se na residência
Olivo Gomes. Prevê-se também a necessidade
da construção da mesma ideia de apoio junto a
passeio da “orla“, formando assim um conjunto
de equipamento de infra-estrutura básica para
o complexo.
- ATIVIDADES COMPLEMENTARES: de forma a
ampliar as atrações do parque tanto para a
cidade como para seus futuros hóspedes,
pensou-se em implantar um pequeno zooló-
gico, assim como propõe o Plano, abrigando
exposições, viveiros, aquário, serpentária,
borboletário, serviços de triagem e tratamento
veterinário, áreas de apoio e administração,
afirmando a atração já consolidada no parque
atualmente, com as capivaras como principal
atrativo, porém propõe-se ampliar e consolidar
esse programa.
Outra atividade proposta é o arborismo
(não proposta pelo Plano), de maneira a dina-
mizar a exploração da cobertura vegetal. Além
disso, aponta-se a reimplantação do terceiro
lago, também sugerido no Plano de forma a
equilibrar o sistema de drenagem, diminuindo
a área alagada que seria inútil para o programa
do parque. Além de seu caráter de melhorar a
drenagem, o abastecimento e irrigação e sua
qualificação paisagística, acrescentam-se ativi-
22 Preparação de aeromodelo para festival de aeromodelismo em Fortaleza, Brasil. A proposta tem objetivo de promover o esporte e reunir os praticantes, além de curiosos e usuários do parque.
21 Funcionários do Parque da Cidade de São José dos Campos flagam capivara e seus 4 filhotes (dezembro de 2011), enfatiza-se assim as condições adequadas de alimentação e reprodução de diversos animais no local.
33
dades como pedalinhos, pequenos passeios de
barcos, remo, incentivando atividades aquáti-
cas.
O Plano de 2009 propõe uma interes-
sante atividade, um aeroclube e o clube de voo
a vela, área a Leste, onde antigamente encon-
trava-se um hangar (projeto de Rino Levi, hoje
demolido) e uma pista de pouso que compu-
nham o complexo da tecelagem. Acrescenta-se
que existe um projeto de um novo aeroporto
para São José dos Campos, desenvolvido por
Ozílio Carlos da Silva (ex-presidente da Embraer
e atual diretor do DTAA - Desenvolvimento de
Tecnologia de Automação Aeronáutica), em
parceria com a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, prevê não somente a revitalização
da antiga pista da Tecelagem Parahyba, mas
a integração desta com o atual parque, resul-
tando num excepcional complexo empresarial,
cultural e de lazer (ver figura 23).
Aproveitando dessa estrutura e das
características do local, pensou em incorporar
a ideia. Porém, no Plano a área de aeromo-
delismo se apresenta num “dente“ do limite
do parque, isolado (área que foi proposta ser
vendida). Então, propõe-se vender esse terreno
e implantar esse programa onde, tanto o Plano
Diretor como o Plano de Manejo e Ocupação
configuram como área residencial, já que não
apresenta cobertura vegetal. Porém essa área
é importante na consolidação do complexo
como uma unidade e do passeio na orla do rio.
Recentemente, foi implantada uma
academia ao ar livre para terceira idade e um
playground para crianças, junto do antigo
galpão de teares manuais, propõe-se manter
essa atividade naquele local. Essa iniciativa foi
implantada em várias áreas verdes e parques
do Estado.
Quanto ás ruínas existentes propõe-
24 Academia ao ar livre e playground recentemente implanta-dos no Parque da Cidade. Uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo.
23 Projeto do Centro Aeronáutico de São José dos Campos. Não for encontrada a legenda, mas o número 1 corresponde ao parque atual e o número 5 a proposto de pista de pouso.
-se aproveitar suas qualidades paisagísticas,
proporcionando percursos inusitados.
Finalmente, quanto às edificações junto
ao campo de futebol pensou-se em refazer os
equipamentos de apoio de forma de dialogar
mais com o complexo. Como uma medida
geral, é importante ressaltar que todos os
novos usos e adaptações devem dialogar entre
si, conectar-se, de forma a criar um grande
complexo e eliminar as barreiras visuais, muros,
cercas, portões, porém é necessário também
pensar no controle e na segurança dos espaços.
3. RESIDÊNCIA OLIVO GOMES
36
3.1 HISTÓRICO
A partir de agora, o enfoque passa a
ser a própria residência Olivo Gomes. Iniciando
um apresentação do histórico da residência
assim como o partido e a representabilidade da
residência na obra de Rino Levi e na história da
arquitetura moderna brasileira.
A residência foi o primeiro projeto da
equipe de Rino Levi concebido para a família
Gomes, como já foi observado anteriormente,
que o arquiteto realizou diversos projetos para
a famílias alguns executados e outros não.
O projeto da residência inicia-se em
1949 e a finalização de sua execução ocorre em
1951. A parceria com o paisagista Burle Marx foi
realizada desde a idealização do projeto e do
partido, porém o desenho do projeto paisagís-
tico saiu somente em 1966. Além dessa parce-
ria, tem-se a participação dos artistas Francisco
Rebolo e de Elisabeth Nobeling. O primeiro
realizou um trabalho sobre o cromatismo
das paredes de forma a qualificar os espaços,
destacando-se planos. Elisabeth desenhou os
tapetes de maneira a diminuir a reverberação
sonora dos amplos ambientes com forros de
madeira, principalmente na sala de estar.
A implantação da casa devia considerar
a preservação das áreas domésticas em relação
a rotina fabril, providenciando um afastamento
entre os setores, além de acessos independen-
tes.
Na casa viveu Olivo Gomes e sua nume-
rosa família, com os filhos Clemente e Severo.
Após a morte de Olivo a casa passa a ser usada
como casa de final de semana, férias e feriados.
Anos antes da falência da tecelagem, até 1995,
a casa foi usada pela família do segundo casa-
mento de Clemente. Depois a residência ficou
vazia durante o meio tempo da falência e do
decreto para a realização do parque.
A partir da delimitação da zona de
25 Sala de Estar. Década de 50. 26 Antiga sala de jogos/festas. Hoje com o programa “Leitura no Bosque“. Observa-se o descaso e a mal organização do espaço que esconde o painel do Burle Marx, impossibilitando sua leitura.
preservação e da abertura do parque em 1996,
a casa ficou sem uso. Em 1999, acrescentou-se
na residência um programa para manutenção
dos jardins, transformando a antiga área de
serviços em sanitários públicos, vestiários para
funcionários e administração.
Atualmente a residência está fecha-
da ao público, recebendo esporadicamente
eventos organizados pela Secretaria do Verde
e do Meio Ambiente da cidade, que também
é responsável pela manutenção do jardim.
Recentemente foi implantado o programa de
longa duração: “Leitura no Bosque“, onde o anti-
37
go salão de jogos e festa da residência, no pa-
vimento inferior, abre aos domingos e feriado
possibilitando o aluguel de livros.
Em 2004, a residência é tombada pelo
município, pelo COMPHAC (Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico, Artísti-
co e Cultural). Os processos do CONDEPHAAT e
do IPHAN ainda estão em andamento.
A residência foi escolhida pela Seleção
Pública 2005/2006 do Programa Petrobrás
Cultural na área “Apoio à Elaboração de Pre-
servação de Bens Culturais”. Assim, o escritório
Companhia do Restauro realizou um projeto
executivo de restauro financiado pela Petrobrás
em 2007, com o uso de centro cultural, aberto
para palestras, exposições e apresentações de
música e teatro, entre outras atividades artísti-
cas.
Em 2009, a Fundação Cultural Cassiano
Ricardo obteve aval do Ministério da Cultura
para captar recursos para o restauro do imóvel
por meio da Lei Rouanet (Lei Federal de Incen-
tivo à Cultura - Lei nº 8.313 de 23 de dezembro
de 1991). Desde essa aprovação, a instituição
buscou apoio junto à iniciativa privada para as
obras de restauro, estimadas em R$ 1,5 milhão,
mas ainda não obteve sucesso. Importante res-
saltar que a grande diferença em se patrocinar
projetos na área de patrimônio é a possibilida-
de de enquadrá-los no chamado “Artigo 18” da
Lei Rouanet, o que significa 100% de renúncia
fiscal para a empresa patrocinadora, ou seja,
não precisa entrar com nenhum aporte do
próprio bolso. Basta optar pela destinação de
até 4% do imposto de renda devido – conforme
prevê a lei – para aplicação no projeto.
Por tratar-se de um grande restauro, portanto
com um valor alto, o projeto pode contar com
mais de um patrocinador, mas todos receberão
100% de dedução.
Apesar de tudo, em 2011, a Fundação
Cassiano Ricardo não conseguiu captar re-
cursos financeiros junto da iniciativa privada
dentro do prazo de 24 meses concedido pelo
Ministério da Cultura. Ficando assim, a expecta-
tiva da abertura de um novo processo de cap-
tação junto ao Ministério.
38
3.2 RINO LEVI
Apresenta-se então um análise sobre o
trabalho do arquiteto Rino Levi e a sua contri-
buição para a arquitetura brasileira, de forma
a inserir o projeto da residência dentro de um
contexto, a produção do arquiteto, e assim,
melhor entender sua importância.
A obra do arquiteto Rino Levi foi exten-
sa e de grande contribuição para os ambientes
cultural e tecnológico brasileiro. Trabalhou na
consolidação da arquitetura moderna brasilei-
ra, juntamente com a construção de um novo
estatuto para a profissão de arquiteto.
Rino Levi nasceu em São Paulo em
1901 de pais italianos e teve sua formação
acadêmica em Milão (1921-1923) e em Roma
(1924), na Ìtália.
Os primeiros anos de atuação profissio-
nal no Brasil foram tímidos projetos de residên-
cias, com poucos ornamentos, sem uma lingua-
gem de arquitetura moderna. Sua afirmação
profissional vem com o tempo, ampliando sua
atividade com uma série de projetos de edifí-
cios de apartamentos. Em 1936, fez seu primei-
ro projeto de cinema, o cine Ufa-Palácio, que o
introduz ao crescente prestígio na área de acús-
tica. Logo seu escritório ganha estabilidade e
associa-se com outros profissionais ligados a
assuntos científicos, técnicos e artísticos.
Além disso, em 1948, marca o início
de sua presença pública com a participação
na criação do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, onde em 1949 assumiu a diretoria.
A atuação no IAB - Instituto de Arqui-
tetos do Brasil - se deu a partir das dificuldades
do exercício profissional no início da carreira
decorrentes do estatuto atribuído à arquitetura
pela sociedade brasileira. Assim, Rino Levi pro-
curou ultrapassar os limites da ação individual,
de forma a discutir na impressa assuntos de
interesse público relacionados a arquitetura e
ao urbanismo, sempre pautado na necessidade
de reflexão sobre a função social do arquiteto.
Apesar de Rino Levi ter tido uma forte
atuação no mercado imobiliário, não se tornou
alheio às responsabilidades frente à sociedade.
Seu maior destaque está na defesa de políticas
de saúde pública, através de conhecimentos
adquiridos no desenvolvimento de projetos
hospitalares, introduzindo e propondo inova-
ções e garantindo reconhecimento público.
Realizado este primeiro panorama
sobre a atividade e atuação do arquiteto Rino
Levi, passa-se a aprofundar em questôes de
projeto, da composição arquitetônica da obra
27 Edifício Columbus - 1930/34 - Demolido. Primeira grande obra construída por Rino Levi. Os ambiente internos se organi-zam junto ao conjunto sala de estar/balcão, de forma a propor-ciar uma vista ininterrupta da paisagem urbana.
28 Cine Ufa-Palácio - 1936. Primeiro da série de cinemas. Sua forma é resultante da aplicação de modernos cálculos de acús-tica. Além disso, as linhas de iluminação indireta encaminham o olhar para a tela.
39
do arquiteto, de como ele respondia, represen-
tava sua intenções de projeto. Seguiu-se então
a linha de pensamento e a organização do livro
“Rino Levi - Arquitetura e Cidade“, de Anelli.
ARQUITETURA DA CIDADE VERTICALIZADA
O crescimento e a construção da cidade
de São Paulo sempre estiveram ligado a neces-
sidade de planejamento urbano para Rino Levi.
Contribuindo assim, com sua atuação no IAB e
definindo projetos em função do papel que vi-
riam a desempenhar na construção do espaço
urbano.
Os edifícios de apartamentos e escritó-
rios realizados por Rino Levi não podem ser en-
tendidos de forma isolada, pois eles constroem
uma nova volumetria urbana, aproximando-se
de edifícios vizinhos ou isolando-se; e edifícios
laminares mais voltados a preceitos moder-
nos. Eles não se configuram como um objeto
maciço na paisagem, a serem vistos à distância,
mas foram projetados de forma a explorar os
espaços internos conferindo uma observação
privilegiada da cidade. Assim, tanto a organi-
zação da estrutura interna, como o aumento
progressivo de transparência das fachadas,
obedeceram a essa intenção de projeto.
MEDITERRANEIDADE NOS TRÓPICOS
Neste capítulo o autor destaca a utiliza-
ção de pátios internos descobertos em projetos
do Rino Levi, relacionando-os com os tradicio-
nais pátios mediterrâneos. Rino Levi transfor-
mou-os em jardins tropicais, amadurecendo
a arquitetura moderna no Brasil, de forma a
interpretar a composição clássica e aplicá-la,
contextualizando-a.
Nesse sentido, pode-se levantar o
tema das casas urbanas introvertivas, exem-
plos como a sua própria residência (1944) e os
projetos para Milton Guper (1951), Paulo Hess
29 Instituto Sedes Sapientiae - 1940/1942. Atual PUC-SP. Estru-turação dos volumes a partir de um espaço aberto, ladeado por marquises de circulação e associação dos edifícios, um releitura dos tradicionais pátios italianos.
30 Residência Castor Delgado Perez - 1958/59. Projeto da série de casas introspectivas. O espaço único central, coberto, onde es-tão as salas de estar e jantar, prolonga-se através de dois espaços laterais abertos, ajardinados e pergolados.
(1953) e Castor Delgado Perez (1958). Essas
casas se caracterizam por serem planas e sem
panorama. Introduz-se então, a natureza no
dia-a-dia através de jardins internos e introver-
tidos. Opondo a esse conceito, a casa Gomes
em Ubatuba abre-se para a paisagem, assim
como a própria residência Olivo Gomes, que
aproveitam da declividade do terreno e maxi-
mizam as visuais.
O projeto para um conjunto residencial,
escola e igreja da Tecelagem Parahyba em São
José dos Campos, infelizmente, não construí-
do, desenvolve as características espaciais das
40
casas intimistas, acentuadas a relação exterior
e interior, evocando assim, uma cidade des-
contínua e contrariando o ideário moderno de
cidade transparente e contínua.
SÍNTESE DAS ARTES
Nesse capítulo Anelli aborda o fato de
Rino Levi considerar arquitetura uma síntese
das artes, sendo a arquitetura a “arte-mãe“ que
articula diferentes manifestações artísticas.
Observa-se uma evolução no posicionamento
de Rino Levi frente a esse conceito. Inicial-
mente, pode-se identificar em seus projetos
elementos decorativos articulando o espaço
interno através de diversas peças de mobiliário,
obras de arte, baixos-relevos, esculturas e tape-
tes. Num segundo momento, a partir dos anos
40, observa-se a incorporação de painéis que
desempenhavam um papel orgânico na obra
arquitetônica.
O painel como síntese das artes na
arquitetura tem um resultado primoroso, já que
cumpre uma função arquitetônica, no sentido
da construção da forma e também, atualiza
uma técnica tradicional local, conferindo uma
especificidade brasileira a arquitetura interna-
cional.
31 Conjunto Residencial Tecelagem Parahyba - 1953. Não construído. Segundo Anelli, esse projeto foi a principal tentativa de generalização urbanística da experiência das residências introspectivas.
32 Teatro Cultura Artística - 1942/43. As paredes, pisos e tetos em curvatura parabolóide visam a melhor difusão do som. A parede dos fundos recebe um painel de Di Cavalcante, levando para a paisagem urbana o tema das musas da arte.
A obra de Roberto Burle Marx também
é concebida como uma obra de arte plástica
que cumpre uma função arquitetônica, como
por exemplo o jardim no teto do volume infe-
rior do Ministério de Educação e Saúde, no Rio
de Janeiro, onde explora-se a “quinta fachada“
corbusiana. Logo, Rino Levi e Burle Marx se
associam para a realização de diversos projetos.
Nesse sentido, a experiência brasileira
teve grande ressonância internacional em 1952,
quando algumas teses de Lúcio Costa foram
acolhidas pelo manifesto Canteiro de Síntese das
Artes Maiores assinado por Le Corbusier e vários
outros participantes da Conferência Internacio-
nal dos Artistas. Lúcio Costa insistia que “não
se trata de estabelecer contatos utilitários entra
vários pintores e vários arquitetos“, defende uma
colaboração que possa “fazer surgir de uma obra
construída ‘presenças’ provocadoras de emoção,
fatores essenciais do fenômeno poético” e finaliza
dizendo que aquilo é que deverá “sobreviver no
tempo, quando funcionalmente já não for mais
útil“ (Santos, 1987).
O Canteiro de Síntese das Artes propõe
uma colaboração entre artistas e arquitetos
dentro das condições arquitetônicas. Con-
trariamente a esta afirmação, Walter Gropius
41
defende a necessidade de um trabalho simul-
tâneo entre os dois profissionais, combatendo
a incorporação a posteriori da obra de arte
no projeto e a subordinação dos artistas aos
arquitetos. Rino Levi tenta combinar os dois
posicionamentos e revê a utilização do termo
“arte-mãe“. No texto Síntese das Artes, Rino Levi
defende que a pintura e a escultura perdem
sua “vida independente” e transformam-se em
“matéria arquitetônica“ ao tranformar-se em
afresco ou baixo-relevo. Cabe então ao arqui-
teto, garantir harmonia entre “função, técnica e
plástica”.
33 Proposta para Brasília - 1950. Projeto ousado com gigantes-cas lâminas quase transparentes, contrapondo verticalidade com a horizontalidade do cerrado, um espetáculo poético para seus habitantes, seu maior espectador, segundo Anelli.
34 Centro Cívico de Santo André - 1965/1968. Último projeto realizado por Rino Levi. Previa a construção do Paço e da Câmara Municipal e um Centro Cultural. O declive do terreno foi trabalha-do de forma a constituir 3 praças inter-ligadas.
Segundo Anelli, a residência Olivo
Gomes, objeto de enfoque desse trabalho, é o
melhor exemplo de síntese das artes. Concede-
-se então, nesse trabalho, um capítulo inteiro
para estudo e análise da residência, dado que
já foi introduzido toda uma análise em cima da
obra de Rino Levi.
COMPOSIÇÃO ACADÊMICA E FUNCIONALISMO
Neste capítulo, Anelli aponta que Rino
Levi incorpora conhecimentos científicos no
projeto de elementos e volumes, afastando sua
forma de determinação dos estilos históricos e
sua disposição foge das regras acadêmicas dos
eixos de simetria. Rompendo assim, com o his-
toricismo e desenvolvendo um novo conjunto
de procedimentos.
Destaca-se a aplicação desse conceito
no volume funcional dos cinemas a partir de
sofisticados cálculos de acústica e nos comple-
xos projetos hospitalares. Duas áreas em que
Rino Levi teve grande reconhecimento por suas
primorosas inovações.
A CIDADE MODERNA
Esse capítulo enfatiza na atuação de
Rino Lino no campo urbano, destacando os
projetos para Brasília (1950), para a Cidade
Universítária da Universidade de São Paulo
(1953-1962) e também o Centro Cívico de San-
to André (1965).
Rino Levi sempre esteve envolvidos no
debate de temas urbanísticos, escreveu alguns
textos entre as décadas de 30 e 50, demostran-
do a transição paulatina de um início proposi-
tivo para a perplexidade frente a tal desejada
metropolização de São Paulo, afirmando que os
problemas estão inter-relacionados.
42
35 Desenho do projeto para o Banco Safra.
36 Calçadão de Copacabana, Rio de Janeiro. Burle Marx desenvolve na paisagem seu repertório gráfico e artístico.
3.3 ROBERTO BURLE MARX
Também com grande importância no
projeto da residência Olivo Gomes, o paisagista
e artista Roberto Burle Marx terá sua obra e
produção analisada neste trabalho, de maneira
a inserir no contexto da arquitetura e paisagis-
mo modernos.
O livro de Flávio Motta, Roberto Burle
Marx e a nova visão de paisagem, mostra o
importante trabalho de Burle Marx na Arte
Moderna, como um trabalho de humanização.
Aponta a sua obra como uma emancipação,
pois desde os primórdios, de sua Colonização,
o Brasil esteve alheio a sua paisagem e condi-
ções ecológicas, sendo o território brutalmente
devastado e urbanizado. Baseado numa fertili-
dade de “incultura“, como o próprio Burle Marx
afirma, no sentido de ignorar o local e de possi-
bilitar o aniquilamento de espécies.
Burle Marx faz uma grande contribui-
ção científica para a botânica no Brasil, pes-
quisando vegetais raros e conduzindo para o
popular, oral e cotidiano. Cuidava de um gran-
de viveiro em sua casa na Bica, onde mantinha
exemplares de várias espécies.
Ainda quando moço, Burle Marx
surpreende-se com a coleção de plantas bra-
sileiras no jardim botânico de Dahlem, na Ale-
manha. De volta para o Brasil, em 1929, Burle
Marx surge com novos propósitos para realçar
as plantas locais, no projeto de Alfred Agache
para a praça Paris. Época em que muitos proje-
tos de arborização na América seguiam o pa-
drão europeu, com árvores européias.
Em 1943, colaborou com o botânico
Henrique Laymeyer de Mello Barreto, no exten-
so Parque Araxá, onde observou e estudou, in
loco, o comportamento das espécies. Porém o
projeto sofreu dificuldades para o término da
obra por parte do governo estadual, situação
que Burle Marx defrontará diversas vezes em
sua carreira, tanto para os poderes públicos
como para os privados.
Porém o objetivo ecológico e o projeto
de vida de Burle Marx começam a se delinear
a partir do projeto para a Praça Santa Rosa
(Pampulha, Minas Gerais) pois, segundo Motta,
o projeto tem uma inteligência frente a História
brasileira e aos resíduos coloniais, dependên-
cias que bloqueavam artistas e cientistas. Cons-
titui-se como uma lição sobre as relações entre
a experiência científica e as aspirações artísticas
e além do sentido plástico, da organização do
espaço, da composição, o jardim foi pensado
em sua função educativa, demonstrando as
43
influências físicas e químicas sobre os vegetais.
Burle Marx em seus jardins procura
preservar os valores locais, empenhando-se
também ao artístico, estudando arranjos flo-
rais como um artista, observando as nuances
de cor solar sobre o colorido da vegetação, no
plano das folhas, nas transparências das flores,
nos volumes dos frutos, das massas florais e das
montanhas. E viver no Rio de Janeiro foi funda-
mental para Burle Marx, pois trabalha-se com
a relação cidade-paisagem. A cidade com suas
praças, praias, baías, montanhas, e até mesmo
as favelas mostram sua robustez e sensualida-
de, onde tudo se interpenetra.
No Aterro do Flamengo, Burle Marx
retomou as ondulações da própria geografia,
em marrotes e nos caminhos, canteiros, praças
e massas florais. Um projeto para a população e
não isolacionista como a especulação imobili-
ária. Destaca-se o jardim para o Museu de Arte
Moderna que colaborou com Affonso Reidy,
evidenciando o projeto modernista, como que
sublinhando a paisagem e o edifício, projeto
germe do rigor geométrico, usando retângulos,
círculos, quadrados.
Como já foi dito, o edifício para o Mi-
nistério da Educação e Saúde foi um grande
marco para a arquitetura moderna brasileira,
e a participação de Burle Marx também. O jar-
dim, as esculturas e pinturas evidenciam-se não
como elementos decorativos, mas com valores
artísticos autônomos, uma composição que
trabalha em conjunto com a arquitetura.
Nesse mesmo sentido, o paisagismo no
Centro Cívico de Santo André, em colaboração
com o arquiteto Rino Levi, também mostra a
presença e autonomia da obra de arte no con-
junto da obra moderna.
O desenho para a calçada de Copaca-
bana trabalha como um acréscimo na noção
38 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Projeto ar-quitetônico de Affonso Reidy e paisagismo de Burle Marx que destaca, sublinha a obra moderna.
37 Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Paisagismo com formas geométricas e de maior apelo social.
de cidade, onde a arte amplia a participação
social. Enfatiza-se, então, o fato de Burle Marx
desenvolver à paisagem a experiência de pin-
tor. O artista publicou diversos desenhos, que
enriqueciam seu repertório gráfico, sendo o
núcleo, o tema, a pesquisa dos desenhos, a
vegetação, a indagação perante as formas da
vegetação, com um outro pressuposto: definir
os procedimentos construtivos correlatos ao
ambiente urbano e à flora tropical (MOTTA,
1983).
O paisagismo de Burle Marx é envol-
vente, inesperado, misterioso e intimidador,
44
39 Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro. Paisa-gismo de Burle Marx na cobertura explora o conceito da quinta fachada corbuseana, além de colocar o paisagismo como um valor artístico autônomo na obra.
40 Centro Cívico de Santo André
relacionando-se com os jardins inglês, român-
tico (século XVIII) e chinês (século XVII) e con-
trariando totalmente os jardins retilíneo e re-
nascentista. Porém o que jardim de Burle Marx
tem de inesperado, não está relacionado ao
acaso, mas às situações propícias a percepção
sucessiva e simultânea, da flor, do detalhes, do
mosaico, da quebra, da monotonia do plano,
das grandes massas, valorizando o todo e reavi-
vando a individualidade.
Com o tempo e experiência, Burle Marx
adentra uma crescente síntese de uma dinâ-
mica ilimitada. Em seus últimos trabalhos, em
1970, Burle Marx destaca os males da devas-
tação como um atentado à sociedade. Apóia
uma política de preservação, onde o trabalho,
o fazer humano, a arte e a ciência atuam juntos
para a realização de uma paisagem com função
social quanto a compreensão dos valores da
natureza.
45
A partir da análise da produção de Rino
Levi e Burle Marx, pode-se analisar a residência
como uma manifestação de identidade cultu-
ral, arquitetônica e artística em contraposição
aos valores internacionais, um desdobramento
do movimento moderno no Brasil, através da
busca da coesão projetual para a integração
paisagística-arquitetônica com o objetivo de
atingir a arte global. Enfatiza-se a ideia das
artes incorporarem a arquitetura, trabalharem
juntas, arquitetura, pintura, escultura, paisa-
gismo, estrutura e etc. Como se pode ver em
diversos trabalhos, no Ministério de Educação
e Saúde, no Centro Cívico de Santo André, Mu-
seu de Arte Moderna no Rio de Janeiro e vários
outros.
Segundo Anelli, esse projeto representa
o melhor exemplo do conceito de síntese das
artes, de maneira de que nada é supérfluo, des-
de o paisagismo, os painéis de azulejo e mosai-
co, até o cromatismo das paredes, o mobiliário
e a iluminação. Onde todos esses elementos se
articulam e desempenham uma função para a
consolidação do partido do projeto, formando
uma harmonia entre função, técnica e plástica.
A residência foi pensada com grande rigor téc-
nico, consolidando ideais de conforto térmico,
acústico, ergonomia e praticidade de manuten-
ção.
O local da implantação da residência,
uma pequena elevação que apontava para uma
imensa planura, descortina um excepcional
panorama. A casa foi concebida como posto
de observação da paisagem, ficando como que
“debruçada” no desnível, lançada em direção
ao horizonte, conceito ponto de partida para o
desenvolvimento das soluções arquitetônica e
paisagística. Reforçando essa proposta foram
projetados limites laterais, com fortes linhas de
força: muros de arrimo, espelho d’água e vivei-
3.4 PARTIDO
41 Festa na residência. Década de 80. Observa-se o painel de Burle Marx ao fundo.
42 Escada do terraço de forma helicoidal e degraus atirantados. Apresentação não como um elemento surpérfluo, mas de igual importância que a viga, o pilar na consolidação arquitetônica.
ro de pássaros (ver figura 45).
Grande parte dos espaços sociais e ínti-
mos orientam-se para Norte, que oferece vistas
privilegiadas, mediante emprego profuso e
estratégico de grandes aberturas e transparên-
cias, que segundo Dourado, não apenas aban-
donam o conceito de janela tradicional como
proporcionam a cisão entre interior e exterior
na definição de ambientes residenciais, evo-
cando o estar fora, a vivência exterior e contra-
riando o habitar recluso e intimista. Observa-se
que essa composição diverge totalmente das
casas urbanas introspectivas com seus jardins
46
internos, como foi analisado posteriormente no
capítulo sobre a obra e produção de Rino Levi.
Sendo assim, uma obra diferencial na trajetó-
ria projetual do arquiteto, pois a casa isolada
no campo não sofria as limitações de obras
urbanas. Nesse aspecto, Bruand diz que Rino
Levi existe uma profunda unidade na obra do
arquiteto, não diferenciando arquitetura para
prédios e fábricas de residências particulares.
Uma abordagem interessante, apre-
sentada pelo Departamento de Patrimônio
Histórico da cidade de São José dos Campos,
quando apresentou o Projeto de Recuperação
da Residência Olivo Gomes em 2000, foi o fato
da residência ter sido concebida para receber
festas para familiares e funcionários também, a
fim de fortalecer a relação empresa-emprega-
do. A família tinha características acolhedoras
e festivas, realizavam festas o ano inteiro, re-
veillon, natal, carnaval, festas juninas, etc. Nesse
sentido, a concepção espacial da residência
separada a área social da área privada, onde
um grande corredor liga a área social, a sala de
estar com os nichos de quartos que abrigavam
diversos parentescos da família Gomes.
“Então tinha o quarto da minha avó, das
minhas tias, depois a outra tia com as filhas, a
43 Sala de estar. Década de 50.
44 Dormitório. Década de 50.
outra família, enfim, os quartos eram módulos
para as famílias...” (Editorial. Valeparaibano. São
José dos Campos, 13 de Março de 1976).
Para melhor explicar o partido da casa,
nada melhor do que os próprios desenhos de
Rino Levi. Assim, a seguir serão apresentados:
- desenhos de Rino Levi de apresenta-
ção do partido da residência;
- desenhos de Rino Levi de detalhes de
diversos elementos da residência;
Completa-se a apresentação da resi-
dência com as plantas e cortes realizados a par-
tir dos levantamentos métricos para o projeto
de restauro de 2004; levantamento fotográfico;
alterações; patologias.
47
45 Desenhos partido da residência. Rino Levi .1950. Observa-se o desenho dos muros de arrimo, do viveiro (7), do espelho d’água (6) de forma delimitar, fortalecer o panorama, os limites. Além disso, analisa-se uma setorização interna da residência, separando os dormitórios (5), da área social (4), de serviços (5) e dos funcionários (1). Vê-se que não havia sido projetado a parte superior do paisagismo, onde localiza-se o anfiteatro e a piscina infantil.
46 Sala de estar. Observa-se a abertura da sala para o panorama, além da parede preta ao lado enfatizar e valorizar a vista.
47 Vista do dormitório. O complexo sistema da caixilharia proporciona o enquadramento da paisagem e a consolidação do partido de valorizar o panorama e inter-relacionar interior e exterior.
48
48 Desenhos de detalhes para a residência. Rino Levi. 1950. (1) Detalhe da pia da cozinha com 2 bloco de vidros na altura da pia de forma a ilu-minar o plano de trabalho, armários e aberturas basculantes. (2) Detalhe da calha central do telhado-borboleta. (3) Detalhe do forro de madeira. (4) Detalhe do sistema de contra-pesos da caixilharia dos dormitórios, neste detalhe também pode-se observar as camadas do tellhado: telhas de fibrocimento, caibros e ripas de madeira, circulação de ar e laje de bloco ocos de concreto e o grande beiral.
49 Detalhe do telhado com telha de fibrocimento e a criação de uma camada de ar que possibilita a movimentação do ar e o aumento do conforto térmico interno, propocionado também pela forma borboleta do telhado.
50 Detalhe complexo sistema de contra-pesos da caixilharia dos dormitórios, todo projetado pela equipe de Rino Levi. Possibili-tando a variação de 2 painéis de vidro e 2 painéis do conjunto veneziana-tela para mosquitos.
20 5
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | cortes
corte aa corte bb
1
2 3
563,00
1 | salão festas/jogos2 | bar3 | depósito
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | pav. inferior
A
BB
A
20 5
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | atual | pav. superior
1
3
2
4
566666666
8 9 10
5 5 11
12
5
7
566,50
564,75
estar | 1terraço | 2
jantar | 3hall de entrada | 4
escritório | 5dormitório | 6
cozinha | 7almoço funcionários | 8
área de serviço | 9garagem | 10fraldário | 11vestiário | 12
A
BB
A
52
3.5 PAISAGISMO
Dentre as parcerias de Burle Marx o
projeto da residência Olivo Gomes foi uma
oportunidade excepcional. Burle Marx pode
criar intensamente com Rino Levi e Roberto
Cerqueira César, que raramente ocorria, no sen-
tido de oferecer entornos altamente qualificados
para a arquitetura, numa perspectiva bem distin-
ta da jardinagem como acessório ou do anódino
embelezamento (Dourado, 2009).
O paisagismo da residência teve dois
momentos. O primeiro foi juntamente com a
elaboração do projeto da casa, no início da dé-
cada de 50. Esse primeiro desenho dialoga com
o partido da residência, no sentido de estar
“debruçado“ no relevo valorizando a paisagem
e vistas, potencializado por linhas de forças,
os muros de arrumo, o viveiro e o formato do
espelho d’água. Burle Marx utilizou 51 espécies
vegetais, com o predomínio de herbácias e
arbustivas. Projetou também três painéis cerâ-
micos.
Posteriormente, em 1965, foi realizado
um segundo projeto de paisagismo, também
por Burle Marx, que antecipa algumas pro-
postas adequadas às grandes praças de uso
público. Amplia-se e complementa-se o pri-
meiro projeto com a elaboração de bosques e
um parque privativo, com piscina infantil e um
anfiteatro. Nessa fase especificaram-se 69 tipos
de plantas, dentre elas prevalecem espécies
arbóreas.
Foram projetados marrotes pirâmi-
dais revestido de grama que contrastam com
a planura da região. Os lagos e os espelhos
d’água trazem um pouco do céu para dentro
do arvoredo. Os bambuzais entre as árvores de
grande porte trazem luminosidades variadas
e acolhedoras. Assim, segundo Motta, essa luz
traz mistério a paisagem, abrangendo formas
sutis de percepção, imprecisões e expectati-
vas. Foi proposta também a implantação de
guapuruvus no área de frente à fachada prin-
cipal da residência que, segundo o pessoal do
Departamento de Patrimônio Histórico de São
José dos Campos, contrapõe a horizontalidade
da residência e sua copa alta não interfere no
panorama e produz um certo assombramento
na residência.
Anos depois, Burle Marx explica o su-
cesso da parceria com Rino Levi, reconhecendo
que Rino atribuía à vegetação uma papel proe-
minente na maioria das residências que plane-
java,
‘‘[...] resultando daí a criação de espaços
51 Detalhe do espelho d’água.
52 Detalhe do guapuruvus na fachada Norte da residência.
53
que pudessem abrigar este mundo vegetal que
tanto amava. Procurava assim, recuperar uma
forma de vida mais humana que as moradias
vinham paulatinamente perdendo.
Nos trabalhos em que contribuí para a
solução de problemas de integração entre ar-
quitetura e paisagismo, predominou o desejo de
encontrar um resultado que não servisse apenas
para valorizar uma parte, mas si a unidade do
todo. Lembro-me do problema surgido com o
painel de azulejos para a residência da família
Gomes em São José dos Campos. Tinha papel
importante na arquitetura e Rino Levi alertou-me
para o fato de que a cor dos azulejos forçosamen-
te ligava-se à cor das folhas e das plantas escolhi-
das. A dominante azul do painel unia-se aos ocres
da arquitetura. Foram então utilizadas plantas
com folhas de cor violeta e flores amarelas e
vermelhas.” (Roberto Burle Marx, “Depoimento
sobre Rino Levi”, emb Rino Levi. (Milão: Edizione
di Comunità, 1972), p. 10.)
Haruyoshi Ono, discípulo e companhei-
ro e também sócio de Burle Marx, passou a ser
titular do escritório após a morte do paisagista,
em 1994. Assim, Ono deu continuidade aos
projetos do escritório, principalmente projetos
de recuperação e restauração de projetos do
próprio escritório, entrando também o projeto
de paisagismo da residência de Olivo Gomes.
Importante ressaltar que atualmente o
entorno da residência vem sofrendo diversos
tipos de alterações, interferências, como a im-
plantação de cercados, lixeiras, canteiros, vasos,
sem nenhuma atenção mais profunda. Existe
também a problemática do paisagismo ser um
patrimônio vivo, sendo assim necessária uma
manutenção e reposição adequada.
53 Foto da segunda parte do projeto de paisagismo, realizado posteriormente, em 1966. Observam-se os marrotes, bambuzal e interferências contemporâneas.
54 Foto geral do primeiro projeto de paisagismo.
54
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: AMBIENTES
54 Corredor de acesso aos nichos de dormitórios à direita e rampa de acesso a sala de jogos/festas à esquerda. Observa-se a largura extensa do corredor e a preocupação com a acessibilida-de através da rampa.
55 Sanitários dos dormitórios. Presença de pastilhas, forro rebaixado com iluminação zenital por meio de blocos de vidro, ventilação através de pequenos basculantes.
57 Terraço com piso cerâmico e pequenos jardins incorporados.
56 Cozinha. Destaque para o revestimento de azulejo no teto, o fechamento de blocos de vidros na altura da mesa de trabalho e da pia para iluminação natural e basculantes superiores, outro componente que ajuda no efeito chaminé.
58 Setor de serviços. Entrada para sanitários públicos.
59 Setor de serviços. Pequeno escritório de administração do parque e da manutenção.
55
PAINEL MOSAICO VERMELHO
O conjunto de painéis de mosaico situ-
ados nas duas faces da parede da sala de jogos/
festas no pavimento inferior, configuram-se
como centro irradiador das linhas dominantes
do jardim que saem da residência em direção
a paisagem, como os muros de arrimo, a dese-
nho do espelho d’água e do viveiro de pássa-
ros, delineando-se como um ponto fundamen-
tal para o projeto.
O painel externo com suas tonalidades
vermelhas, vibra e destaca-se da casa, expan-
dindo o painel para além dela.
PAINEL MOSAICO AZUL
O painel interno solto entre planos
de vidros e os vazios dos pilares, transforma
esse plano pictórico em imaterialidade. O azul
dominante sugere uma sutil transparência com
a paisagem externa. Assim, diferentemente do
painel vermelho, esse interioriza, formando
uma tensão instável do plano entre expansão e
interiorização. Nesse sentido, esses painéis não
se caracterizam como matéria arquitetônica,
mas condensa o significado da resindência.
PAINEL AZULEJO AZUL
Seguindo um papel hierarquicamente
menor, este painel, localizado na parede parale-
la ao eixo do corredor dos dormitórios, mostra-
se logo na entrada dos hóspedes da família, já
que desenha-se ao lado do hall de entrada. Ele
traz aspectos de privacidade, tranquilidade,
transperência, através das várias tonalidades
de azul que conversa com o roxo da folhagem,
justamente por fazer parte do setor íntimo da
residência.
3.4.2 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: PAINÉIS
56
3.4.3 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: ANEXOS
VIVEIRO DE PÁSSAROS
Importante elemento na configuração
dos limites do panorama, atualmente encontra-
-se desativado e com vegetação de crescimen-
to desordenado.
ANFITEATRO
Desenhado e executado posteriormen-
te à residência, o anfiteatro tinha o objetivo de
apoiar as festas e eventos realizados pela famí-
lia. Hoje, recebe eventalmente eventos, saraus
e peças teatrais da Fundação Cultural Cassiano
Ricardo.
PISCINA INFANTIL
Também desenhado e executado
posteriormente a residência como pode-se
observar posteriormente neste trabalho, a pis-
cina infantil servia as crianças da família. Hoje
encontra-se desativada.
57
3.6 PATOLOGIAS
A residência encontra-se em bom esta-
do de conservação, porém sua falta de manu-
tenção só aumenta a dificuldades de uma pos-
terior restauração e reabilitação da residência.
Dentre as principais patologias estão:
Paredes: - sujidade generalizada; - pichações; - manchas de umidade; - partes faltantes (rev. em argamassa); - desprendimento da camada pictórica.Caixilho: - sujidade generalizada; - oxidações; - manchas no acabamento; - peças quebradas.Piso: - sujidade generalizada; - trincas e fissuras; - manchas; - desprendimento de peças; - peças faltantes; - perda de rejunte.Forro / telhado: - sujidade generalizada; - ressacamento da madeira; - telhas com trincas e fissuras.Mobiliário: - sujidade generalizada; - partes faltantes; - ausência de arandelas / luminárias; - manchas de parafina e tintas.
60 Pichações nos dormitórios.
61 Vazamento de água do banheiros.
62 Vazamento de água.
63 Acabamento pictórico desprendendo.
58
3.7 ALTERAÇÕES
A residência em si não foi descaracteri-
zada, não houve grandes mudanças ou altera-
ções.
No entanto é importante mostrar as
alterações realizadas no eixo da área de servi-
ços, originalmente com quartos para funcioná-
rios, sendo que na década de 60, esses quartos
foram ampliados e finalmente, na década
de 90 esse uso foi totalmente transformado,
constituindo-se num apoio ao novo parque,
com sanitários públicos, fraldário, vestiário para
funcionários, administração e manutenção do
parque.
Os desenhos ao lado ilustram as modi-
ficações realizadas.
DÉCADA DE 50
DÉCADA DE 60
DÉCADA DE 90
ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI
ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS
AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO
ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS
DÉCADA DE 50
DÉCADA DE 60
DÉCADA DE 90
ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI
ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS
AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO
ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS
DÉCADA DE 50
DÉCADA DE 60
DÉCADA DE 90
ÁREA DE SERVIÇO DO PROJETO ORIGINAL DE RINO LEVI
ÁREA DE SERVIÇO COM ADAPTAÇÃO DOS BANHEIROS
AMPLIAÇÃO DA ÁREA DE SERVIÇO
ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS OCORRIDAS NA ÁREA DE SERVIÇOS
década de 50 - área de serviço - projeto original
década de 60 - ampliação área de serviço
década de 90 - adaptação dos banheiros
59
3.8 PROJETO PETROBRÁS
Com o patrocínio da Petrobrás, em
2007, foi finalizado um projeto executivo de
restauro da residência Olivo Gomes (escritório:
Cia do Restauro), com o programa de Centro
de Representação, Recepção e Eventos, onde
basicamente receberia eventos culturais e seria
a área de recepção da cidade, seu salão nobre.
As atividades seriam múltiplas: exposições,
atividades de educação patrimonial, consertos
musicais, local para a realização de encontros
literários e artísticos sob a forma de simpósios
e seminários e atividades museológicas, além
de atividades como locação para particulares e
visitas guiadas como fonte de renda.
Analisa-se esse programa de forma
a orientar a nova escolha, dado que nada foi
executado por motivos de verba segundo a
prefeitura, conclui-se que é um proposta fraca e
dependente. Além de estar totalmente isolado
frente a todos os usos e edificações do parque,
sendo que no próprio complexo do parque já
existem um centro cultural e um a construção
de um grande teatro (onde a prefeitura deve
estar investindo muito).
Enfim, a problemática política e econo-
mica é de essencial relevância no contexto de
uma intervenção na residência.
64 Projeto de restauro para a residência Olivo Gomes realizado em 2007. (1) Exposição e recepção - 85 lugares. (2) Biblioteca virtual. (3) Salas de múltiplo uso - 49 lugares. (4) Exposição permanente. (5) Administração. (6) Depósito. (7) Copa. (8) Sala de equipamentos eletrônicos. (9) Reserva técnica. (10) Exposição temporária. A principal crítica que pode-se fazer nesse projeto é a abertura das salas de múltiplo uso através da remoção do armário, pois elimina-se assim, a ideia de panorama e enquadramento da paisagem formada pelas esquadrias (ver fotos 44 e 47).
1
10
1
2 3 3 4 4 4
Pavimento inferior
Pavimento superior
5
67
89
4. PROJETO DE INTERVENÇÃO
62
4.1 ESTUDOS
65 Edifício Pirelli, Milão. Observam-se os danos causados às fachadas do edifício pelo impacto do monomotor em 2002.
66 Edifício Pirelli, Milão. Foto de 2004, depois da conclusão dos trabalhos de restauro das fachadas.
Após a realização de todos esses levan-
tamentos, o foco agora é uma nova proposta
para a residência, um novo programa que
valorize-a e preserve-a. Então, foi realizado uma
análise criteriosa sobre o complexo tema do
restauro e da intervenção na arquitetura mo-
derna e contemporânea, de forma a analisar as
problemáticas e interpretá-las para o contexto
da residência Olivo Gomes.
Segundo Simona Salvo, trata-se de um
tema emergente, onde as coordenadas das
intervenções ainda seguem, maciçamente, sua
propensão inicial de refazer antes de conservar,
ligado a ambições e interesses que dificultam
sua correta recepção cultural, por dois motivos:
- peso do seu valor de uso para finalida-
des práticas e econômicas;
- aglutinação de valores simbólicos,
relacionados à atualidade, destroem seus con-
teúdos históricos e testemunhais.
Sendo assim, observa-se uma regressão
a ideia de salvar a imagem e não a consistência
material de um testemunho, afastando assim,
o tema do campo da restauração, tratando-
-o como um caso autônomo e separado dos
preceitos da disciplina do restauro. Portanto,
organismos internacionais de tutela - como o
ICOMOS (Internacional Council on Monuments
and Sites) e o DOCOMOMO (Documentation
and Conservation of Buildings, Neighbourhood
and Sites of the Modern Movement) - conver-
gem suas intenções para a afirmação de posi-
ções retrospectivas e repristinatórias, firmando
um princípio do restauro da arquitetura moder-
na autônomo em relação ao tradicional.
Diferentemente da linha de inter-
venção repristinatória, tem-se o excepcional
exemplo do arranha-céu da Pirelli em Milão.
Apresentando-se como uma intervenção con-
servativa, demonstrou na prática que o restau-
ro da arquitetura moderna pode ser enfrentado
com instrumentos oferecidos pelo campo
disciplinar da restauração, através de um rigor
teórico, metodológico e científico.
A intervenção referiu-se a recuperação
dos perfis de alumínio anodizado e o revesti-
mento de pastilhas cerâmicas que compõem a
fachadas do edifício. Descartou-se a hipótese
de substituir os perfis originais - em boas con-
dições - e optou-se percorrer o caminho da
intervenção conservativa de forma a preservar
valor documental, tecnológico, construtivo e
material desse componente. Tratou-se, portan-
63
67 Villa Savoye (Le Corbusier, 1929-1931). Executado postu-mamente em 1997, não atua como uma obra arquitetônica mas como um objeto abstrato, como um manisfesto da arquitetura purista. Exemplo de repristinação programada.
68 Atomium (Bruxelas. A. Waterkeyn. 1958). A substituição inte-gral das placas de aço inoxidável para alumínio trouxe o brilho de 40 anos atrás, privando o edifício de uma profundidade histórica. Exemplo de uma ampla casuística de intervenções “corretivas“.
to, de uma intervenção inovadora do ponto de
vista metodológico.
Com a colisão do monomotor em 2002,
o edifício ganha um papel histórico e simbóli-
co, aproximando-se da memória e identidade
dos cidadãos, além do problema de ultrapassar
de uma simples solução de reparo e manuten-
ção. Assim, realizou-se uma grande inovação,
um restauro experimental através de uma gran-
de pesquisa (levantamento métrico do painel
tipo, análise de arquivos, fontes bibliográficas e
gráficas e entrevistas) e procedimento de recu-
peração e reanodização dos existentes. A ex-
periência teve grande êxito técnico e estético,
transmitindo valores de autenticidade e ama-
durecimento, pautado também na realização
de um processo crítico e de um reconhecimen-
to progressivo da obra.
Contudo, aponta-se como principal
problema o reconhecimento histórico-crítico
do valor de obras recentes, dado que a ausên-
cia de um distanciamento cronológico dificulta
uma historiografia consolidada. Assim, essa
vertente retrospectiva pode ser interpretada
como uma projeção da civilização contemporâ-
nea de apropriar-se de seus símbolos, negando
a incidência daquele breve, mas denso, lapso
de tempo transcorrido entre a criação da obra
moderna e sua recepção na presente (Salvo,
2008).
Por fim, a restauração de obras contem-
porâneas é um grande desafio ligado a cultura
da memória, implicando o reconhecimento em
tempo real do próprio presente, de seus valores
e de sua capacidade testemunhal.
Buscando interpretar e inserir essas
questões no contexto da residência Olivo
Gomes, tem-se que a residência é de grande
representividade no campo da arquitetura mo-
derna no Brasil, sendo assim, foi objeto de aná-
lise histórico-crítico de diversos pesquisadores
e seu reconhecimento acadêmico é evidente.
Porém pode-se observar que sua pre-
servação hoje em dia está intrinsecamente liga-
do a aspectos financeiros e de reconhecimento
da população, já que a Prefeitura de São José
dos Campos, com o projeto executivo de res-
tauro em mãos desde 2007, não executou ne-
nhuma ação prática, nem tem-se previsão. Isso
certamente é resultado do fato da residência
não ser uma prioridade na política da prefeitura
vigente.
A partir dessa análise e pensando na
proposta de novo programa para a residência,
64
71 Casa Modernista na Vila Mariana.
70 Casa das Rosas na Avenida Paulista. 72 Fundação Maria Luisa e Oscar Americano no bairro do Mo-rumbi. Detalhe para a implantação de toldos temporários.
69 Vila Marea em Noormakku (A. Aalto, 1939); salão com lareira. Este caso mostra a importância de uma manutenção programada e distribuída no tempo, tanto da proprietária, como da posterior fundação, como forma conservar e manter um patrimônio.
estudaram-se os diversas residências tomba-
das como patrimônio arquitetônico no Brasil.
Foram escolhidos três exemplos de programas
corriqueiros de reabilitação de residências.
A Casa das Rosas desenvolve uma ati-
vidade de centro cultural, oferecendo cursos,
eventos, exposições relacionada a literatura.
Nesse caso além de tratar do aspecto progra-
mativo, é importante ressaltar a implantação de
um edifício envidraçado bem próximo da casa,
numa tentativa de diálogo fracassado.
A Casa Modernista tem atualmente o
uso como meramente expositivo, no sentido
de uma residência intocável, como uma peça
de museu inserido num parque. E finalmente a
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano que
insere-se, também, num parque, tem como
programa, a pedido de seus antigos morado-
res, uma fundação cultural, com um acervo
bem eclético (obras de arte e objetos históricos
da Colônia e do Império do Brasil) e perma-
nente. A fundação recebe excursões escolares
periodicamente, porém vive-se de atividades
como concertos, convenções e casamentos,
recebendo eventualmente toldos temporários
para execução dos mesmos.
65
4.2 HOTEL-ESCOLA
A partir de todas as análises e inter-
pretações realizadas até agora, iniciou-se a
proposta de não seguir um programa cultural
de dependência exclusiva de recursos públicos,
pois como os próprios exemplos citados não
são muito bem consolidados, independentes e
representativos.
A escolha do programa para a residên-
cia se centrou no grande potencial da área na
consolidação de um grande complexo cultural,
educacional e turístico. Assim, na intenção de
criar uma nova dinâmica para o complexo,
previu-se a necessidade de um hotel, mas não
uma grande empresa multinacional privada. A
ideia é atrair uma empresa semi-privada que
interessada em investir na residência, doada
pela prefeitura, daria em troca uma participa-
ção social. Sendo assim, um Hotel-Escola, ou
seja, um hotel que além de hospedar, propor-
ciona cursos profissionallizantes gratuitos na
área de hotelaria, gastronomia e turismo para
a população carente (iniciativas parecidas no
Brasil foram desenvolvidas pelo órgão Senac).
O interessante deste programa é o fato dos
alunos poderem exercer a prática no próprio
hotel, através de estágios e aulas práticas. Essa
escolha além de estar pautado na consolidação
de um complexo coerente, também está rela-
cionado a questões econômicas de investimen-
to, sendo assim mais afirmado a consolidação e
manutenção do projeto e do edifício.
A cidade de São José dos Campos
possui diversos fatores turisticamente interes-
santes, como o próprio Banhado, uma grande
reserva ambiental e interessante formação ge-
ográfica no meio da cidade, o complexo do CTA
(Centro Tecnológico Aeroespacial) todo pro-
jetado por Oscar Niemeyer, o centro histórico,
centros comerciais, a reserva ambiental de São
Francisco Xavier, entre outros. A cidade conta
com um aeroporto que vem aumentando seu
número de voos e tem localização estratégia,
entre São Paulo e Rio de Janeiro.
A escolha do programa também se deu
de forma a manter similaridades com o progra-
ma original, uma grande residência (por volta
de 1500 m2 de área construída) com 8 quartos
que recebia muitos convidados e familiares.
Outro fator a favor é a realização da
Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014,
sendo que o setor hoteleiro expande-se e
vários hotéis e centros de treinamentos se
candidatam para receber alguma seleção du-
rante a Copa e esse hotel entraria na disputa,
facilitando assim recursos. Mas não vou centrar
as justificativas para a escolha do programa de
hotel-escola nesse evento e suas possibilida-
des, porém é um fator fortalecedor.
Assim, a questão que fica é de quem
se hospedaria no hotel, a resposta e simples
e fundamentada no projeto para o parque
posteriormente realizado nesse trabalho. Todo
o complexo recebe diversas atividades e atra-
ções, então o hotel hospedaria tanto usuários
dos centros cultural, comercial, de convenções,
do teatro - a cidade tem eventos nacionais anu-
ais de teatro e dança - como hóspedes de lazer.
Como esse programa relaciona-se com
o programa de escola Senac, analisa-se que a
cidade já possui um Senac, porém como a ci-
dade é de médio/alto porte e a criação de mais
uma escola profissionalizante não estará fora
da necessidade da cidade.
A experiência do Grande Hotel Senac
de Campos do Jordão teve um caminho pareci-
do com o proposto neste trabalho. Resumida-
mente, este Hotel-Escola era um Hotel Cassino
projetado em 1945 por Oswaldo Bratke que
ficou durante as décadas de 70 e 80 abando-
nado. Sua revitalização se deu através de um
acordo entre o Senac e o Governo que sedeu
66
73 Foto esquemática localizando os hotéis na cidade de São José dos Campos (elementos amarelos), destaca-se o CTA em ver-melho, o aeroporto, a rodovia Presidente Dutra, o Senac existente (elemento azul) e o parque (mancha amarela).
67
o terreno em troca de um programa social, os
cursos profissionalizante gratuitos. Assim, em
meados da década de 90 tanto a escola como o
hotel foram inaugurados, recebendo anexos e
adaptações. Esse caso é interessante pois viabi-
liza recursos privados para consolidar a revitali-
zação de áreas de grande potencial.
Porém, analisou que a reforma e adap-
tação do uso não respeitam as características
do projeto original de Bratke. Então, o que se
aproveita aqui é a experiência dos acordos
burovráticos e não, de fato, as soluções arquite-
tônicas de ampliação e adequação.
A fim de estudar e analisar esse progra-
ma de hotel-escola foram realizadas 2 visitas
técnicas, no Grande Hotel-Escola Senac de
Campos do Jordão e no Restaurante-Escola da
Câmara de São Paulo. Foram vistoriadas as de-
pendências desses estabelecimentos e alguns
funcionários foram entrevistados.
O Restaurante-Escola da Câmara é
uma iniciativa da Câmara juntamente com a
Prefeitura de São Paulo, com a Universidade
Anhembi-Morumbi e a Fundação Jovem Profis-
sional. O restaurante funciona a partir de cursos
gratuitos que duram 6 meses. Nesse período os
alunos se revezam entre aulas teóricas e práti-
74 Perspectiva do Hotel Cassino em Campos do Jordão. Oswal-do Bratke, 1945.
75 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. A esquerda encontra-se a escola e a direita o hotel com diversas ampliação e adequações.
cas na cozinha, no bar e no salão, no serviço de
garçom e mis en place, assim, o aluno fica com
uma formação rápida e ampla.
Desta forma, o restaurante torna-se
economicamente mais viável para o nível da
sofisticação dos pratos, já que são realizadas
por alunos que estão efetivamente aprenden-
do na prática.
Diferentemente, o Hotel-Escola em
Campos do Jordão realiza os cursos práticos
primeiramente em sala de aula, especializado
em uma área: garçom, cozinheiro, camareira
ou recepcionista. Então, existem cozinhas pe-
dagógicas e salas especiais com equipamentos
de um quarto de hotel para a aprendizagem
do trabalho de camareira, por exemplo (ver
figura 79). Desta maneira, o aluno só vai para a
cozinha ou para o hotel quando já está previa-
mente preparado, pois já teve aulas práticas em
sala de aula. Assim, tanto o hotel como o seu
restaurante tem suas tarifas mais baixas, porém
maior se comparada à estrutura do Restauran-
te-Escola da Câmara. Em Campos de Jordão,
como uma forma de ampliar e manter o projeto
do Hotel-Escola observam-se também cursos
superiores pagos de gastronomia, turismo e
hotelaria.
68
76 Restaurante-Escola da Câmara de São Paulo. Salão do restau-rante.
78 Restaurante-Escola da Câmara de São Paulo. Cozinha. Alunos na seção da padaria.
79 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. Sala de aulas práticas de camareira com equipamentos sanitários e móveis idênticos aos quartos do hotel.
79 Grande Hotel-Escola Senac Campos do Jordão. Cozinha. Alunos na área de lavagem.
Analisando as diferenças entre os dois
programas optou-se seguir, neste trabalho, a
estrutura do Restaurante-Escola da Câmara,
porém adaptado para cursos específicos e de
maior duração, ou seja, uma mescla dos dois
programas. A ideia é adaptar programa de
maneira a melhor rege-lo, dar uma boa forma-
ção para os alunos e também baratear as tarifas
mantendo um bom nível de qualidade e sofisti-
cação do hotel e do restaurante.
Além disso, o fato dos alunos pratica-
rem na cozinha real diminui o desperdício de
alimentos.
Finalmente, como uma medida de ma-
nutenção da escola propõe-se também cursos
livres pagos.
Posteriormente, nesse trabalho serão
apresentados maiores detalhes do programa
de necessidades.
69
4.3 PROJETOS DE REFERÊNCIA
Foram estudados alguns projetos de
referência e o requisito para esses projetos é ser
anexo de alguma obra de patrimônio moderno
ou não, já que a ideia da mudança de uso da
residência Olivo Gomes para um Hotel-Escola
necessitará de anexos, sendo assim, o parte
prática e de projeto de edificação deste traba-
lho.
Os projetos aqui apresentados trazem
características dos três princípios do restauro:
mínima intervenção, distinguibilidade e reversi-
bilidade. Todos trazem uma linguagem neutra,
sóbria, de pouca interferência no patrimônio.
82 Corte esquemático. Rehabilitation of Ronchamp Site. França. Renzo Piano, 2006. Os anexos da igreja de Romchamp de le Corbursier consistem em alojamento para freiras e a solução dada aproveita o desnível do terreno, onde englobam-se, enterram-se as habitações nessa topografia, de forma a não interferir no panorama e na percepção da obra.
81 Hamburg-Harburg Technical University Extension. Alemanha. GMP architekten. 2012. O projeto da ampliação dessa universidade contou com a construção de 2 anexos de linguagem e forma simples, emprego de materiais contemporâneos e manutenção do gabarito, medidas que não provocam uma competição entre as edificações, se distingue o novo do velho e promove a mínima intervenção, porém atende a necessida-de ampliação da universidade.
80 Nelson-Atkins Museum or Art. Estados Unidos. Steven Holl Architects. 2007. Anexos foram projetados para a ampliação do museu, com linguagem contemporânea, simples e neutra.
70
4.4 PARTIDO
Com toda essa análise e estudos, o
ponto de partida do projeto de intervenção
desse trabalho corresponde à elaboração de
2 anexos, devido à necessidade do programa.
Assim, o desafio é organizar o complexo pro-
grama de um Hotel-Escola dentro da residência
Olivo Gomes e seus anexos. Desta maneira
propõe-se organizar um anexo com atividades
propriamente da escola, com salas de aula,
administração, gerência, coordenação tanto da
escola como do hotel, e serviços, como lavan-
deria, refeitório, despensas e etc. O outro anexo
seria basicamente com os quartos do hotel e
áreas de lazer, piscina. Ficando assim, para a
residência Olivo Gomes as áreas mais nobres, a
entrada, a recepção, áreas de estar, restaurante,
bar e os quartos mais sofisticados, os próprios
da casa.
Assim, deparou-se com a problemática
do trânsito de hóspedes e funcionários entre
as edificações propostas, o funcionamento do
parque e os acessos. Consequentemente, foi
pensado a elaboração de túneis de interligação
dos edifícios que possibilita a conexão sem
interferir na paisagem. (ver organograma 83 ).
Finalmente, com essa estruturação do
programa, passou-se a pensar na implantação
desses anexos. A problemática dessa etapa se
dá devido, principalmente, do patrimônio pai-
sagístico do entorno da residência e da grande
representividade da paisagem, das visuais no
partido da residência Olivo Gomes. Assim, de
ante-mão, a primeira premissa para a implan-
tação dos anexos, exige a não interferência nas
áreas do projeto paisagístico do entorno assim
como na visuais, dos enquadramentos da pai-
sagem de dentro da paisagem (ver figura 84).
A segunda premissa para a implanta-
ção dos anexos seguem as seguintes questões
que foram fundamentais para a consolidação
da implantação (ver figura 85):
- ser uma clareira, ser desprovido de cobertura
vegetal, pois obviamente, não está-se interes-
sado em desflorestar ou gerar um grande pre-
juízo ao meio ambiente;
- estar dentro de um raio de 100 metros da resi-
dência, de forma a não gerar túneis extensos e
cansativos.
Com esses diagramas fica consolidado,
então, a implantação dos anexos à esquerda da
residência, numa região bem plana, ao lado de
um pomar existente, que pode também fazer
parte do conjunto do projeto. (ver figura 85).
residência olivo gomesrecepção/lobbyrestaurante/baralgumas suítes para hóspedes
anexo 1 - hotelsuítes para hóspedespiscina
túneis
anexo 2 - escolasalas de aula
administraçãoserviços
83 Organograma da organização do programa deste projeto de intervenção, mostrando as atividades e usos de cada edifício e sua interliga-ção por meu de túneis que não interferem na paisagem e propõe um passeio seguro e inusitados para hóspedes e funcionários.
84 Diagrama da primeira premissa de implantação, mostrando as áreas de interesse a serem preservadas, em vermelho a área do primeiro projeto de paisagismo e em amarelo o segundo. Além disso, a seta representa a intenção de não interferir nas visuais.
85 Diagrama da segunda premissa de implantação, eviden-ciando as clareiras em azul e o raio de 100 metros a partir dos pontos extremos da residência (em vermelho). Fechando assim, a implantação dos anexos no local evidentemente que respeita essas premissas de projeto (em verde).
73
Contudo, passa-se a adentrar nas pre-
missas de projeto dos anexos propriamente
dito. Uma importante problemática a se colocar
é a questão da convivência entre o programa
do hotel e do parque, do público e do priva-
do, a privacidade dos hóspedes. Então foram
pensadas modos, dinâmicas para se separar o
público do privado.
Seguindo a linha de raciocínio desse
trabalho, as soluções pilotis e enterrado são de
certo modo radicais, interferindo muito na pai-
sagem ou no terreno. Dessa maneira, a solução
semi-enterrada surgiu da intenção diminuir a
pilotis enterrado semi-enterrado semi-enterrado e envoltória
86 Diagrama com diversas soluções de separação do público e privado, para o anexo do hotel, principalmente.
interferência, o gabarito. Porém a ideia da en-
voltória se apresenta com o intuito de diminuir
a circulação horizontal, de evitar a proximidade
e, consequentemente, o contato visual entre os
quartos do hotel e da intenção do projeto ser
sóbrio, sólido, neutro, sem portas, janelas na
fachada (ver figura 86).
A solução encontrada conversa com
os três princípios da restauração, como se
pode observar anteriormente nesse trabalho.
A distinguibilidade encontra-se no fato de se
tratar de um acabamento contemporâneo e
neutro, que se difere da linguagem e composi-
ção arquitetônica da residêncio Olivo Gomes.
A reversibilidade observa-se no fato de ser um
anexo, que não interfere na casa e encontra-se
relativamente afastada, sendo facilitado uma
intervenção futura. Já a mínima intervenção
é totalmente respeitada, já que o anexo não
interfe na residência. Ressalta-se que posterior-
mente, nesse trabalho, se focará no projeto das
intervenções dentro da própria residência, no
sub-capítulo 4.5.
Dando continuidade a linha de racio-
cício desse trabalho, definiu-se essa envoltória
como uma pele verde, um sistema de tela me-
74
tálica, canteiro e trepadeira (ver imagens 88, 89
e 90). Solução que traz um acabamento sóbrio
e translúcido na paisagem e também, de certa
forma, inusitado tanto para os hóspedes, como
para os usuários do parque, além aumentar o
conforto térmico interno.
Desta forma, o anexo da escola tam-
bém segue a mesma solução com uma segun-
da pele verde envoltória, porém para dinami-
zar, propiciar encontros à solução definiu-se um
átrio central (ver figura 87).
A seguir apresenta-se o programa de
necessidades e tabela de áreas.
88 MFO park. Zurich, Suiça. Sistema de sustentação de trepa-deira por meio de cabos tensionados.
89 Detalhe do sistema de sustentação de trepadeira a partir de módulos do conjunto tela metálico e canteiro conjugado com sistema de irrigação integrado e automático.
90 Detalhe do sistema de sustentação de trepadeira rente a parede em um supermercado nos Estados Unidos.
87 Esquema dos cortes dos anexos.
anexo escola anexo hotel
75
ESCOLA8 salas de aulasala de informáticasala de demostraçãodepósito material didáticolaboratóriobibliotecacafésanitáriosrecepçãosecretaria / diretoriacoordenaçãomúltiplo usoestar
APOIO HOTELadministração / gerênciavestiários funcionáriosdespensafrigoríficosdepósitoslavanderiacozinharefeitóriolixosalas chefes cozinha / lavanderia
CIRCULAÇÃOcirculação vertical (escada)circulação vertical (elevador)circulação horizontalpassarela
PROPOSTA (ORIGINAL)
HOTEL8 dormitóriosrecepção (hall de entrada)sala íntima (escritório)sala múltiplo-uso (sala jogos/festa)lobby (sala jantar/escritório)bar (sala estar)terraçorestaurante (garagem)café (viveiro de pássaros)
SERVIÇOSsanitários usuários (A.S.)sanitário funcionário (A.S.)sanitários inferiorescozinha - cocção e lavagem (A.S.)cozinha - bar e confeitariadespensaadega (despensa)
CIRCULAÇÃOcorredor dormitóriosrampaescadaelevadores
m2
4x14,4 / 4x23,239,225,9
111,794,2
125,056,493,065,0
total: 760,8 (73,7%)
22,43,25,1
90,623,7
3,83,8
total: 152,6 (14,8%)
60,037,2
6,02x4,0 / 2x3,8
total: 118,8 (11,5%)
TOTAL: 1032,2
m2
48x242x23,84x10,2
total: 1240,4 (59,6%)
165,3235,0
total: 400,3 (19,2%)
4x21,54x4,6 / 4x6,8
4x49,2112,5
total: 440,9 (21,2%)
TOTAL: 2081,6
m2
8x35,835,835,8
5,624,5
179,856,8
2x35,8 / 12,37,1
56,9 / 10,835,8
179,8210,9
total : 1209,9 (62,4%)
35,8 /24,523,523,8
2x4,723,1 / 11,0
68,635,291,6
4,5 / 10,02x8,7
total: 378,4 (19,5%)
4x32,44x3,8176,63x9,6
total: 350,2 (18,1%)TOTAL: 1938,5
HOTEL46 suitesvestiáriosapoio camareira
LAZERpiscinasolário
CIRCULAÇÃOcirculação vertical (escada)circulação vertical (elevador)circulação horizontalrampa
residência anexo hotel anexo escola
4.5 PROJETO
IMPLANTAÇÃO0 5 10 20
1
3
4
2
5
6
7
8
7
9
residência olivo gomes | 1antigo viveiro de pássaros / café | 2
anexo hotel | 3anexo escola| 4
antiga piscina infantil / espelho d’água | 5an�teatro | 6
carga / descarga | 7entrada hóspedes | 8
pomar | 9
660
80
A partir disso, resolveu-se implantar no
eixo social da residência os usos mais nobres,
de estar, como o bar, restaurante, sala de múlti-
plo uso e lobby, de atividade semi-pública, no
sentido de proporcionar uma certa aproxima-
ção da população da residência, agora aberta
ao público num período de tempo durante o
dia e noite, ideia já apresentada nesse trabalho.
A sala de múltiplo, antiga sala de jogos/
festas, estabeleceu-se a partir dessa lógica de
abrir o espaço para o público, com atividades
tanto do hotel, eventos, festas, congressos,
como do parque, atividades culturais, sociais e
maneira, manteve-se o uso original dos quar-
tos, sendo eles, os mais sofisticados do hotel
proposto, por serem maiores que os quartos
do anexo (44 m² para 23 m²) e por possibilitar a
conjugação em dois quartos (para famílias ou
grupos) ou a combinação quarto e sala de es-
tar.
O conflito do acesso dos hóspedes e a
preservação das áreas envoltórias à residência
resultou num distanciamento do estaciona-
mento, sendo assim, necessário percursos a pé
dentro do parque ou a utilização dos serviços
de manobrista.
O projeto de restauro e intervenção
para a residência Olivo Gomes segue os prin-
cípios já enunciados ao longo desse trabalho.
Constrariando a maioria das restaurações e in-
tervenções de obras do patrimônio moderno e
contemporâneo, o projeto respeita os três prin-
cípios da restauração e consequentemente não
é tratada como uma prática fora da tradicional
de restauro. Este trabalho não se atem ao proje-
to de restauro da edificação, de seus elementos
e componentes, das problemáticas ligadas às
instalações elétricas, hidráulicas, porém ressalta
a grande importância de um rigor teórico, me-
todológico e científico, de maneira a afastar de
ações repristinatórias e retrospectivas.
As interferências foram as mínimas pos-
síveis para a adaptação do uso para um hotel-
-escola, distinguíveis, com uma linguagem
diferente da residência original, do projeto do
Rino Levi e reversíveis. A seguir será apresenta-
das as questões estruturadoras para o projeto
enfatizando nas três características expressas.
Procurou-se manter a dinâmica e a or-
ganização da residência, a divisão dos eixos dos
dormitórios, social e de serviços, assim como
a entrada original dos hóspedes e moradores,
junto ao painel azul (ver imagem 91). Desta
91 Diagrama de organização do programa no pavimento superior da residência. Em amarelo encontra-se a área dos dormitórios do hotel. Em vermelho tem-se as áreas sociais e semi-privadas, bar e restaurante. E finalmente em azul tem-se as áreas restritas aos funcionários com principalmente, a cozinha. As setas indicam os diversos acessos possíveis, sendo a seta azul a original entrada de hóspedes, onde manteve-se a entrada e a recepção do hotel, a seta verde é um acesso secundário para hóspedes e as vermelhas são públicas, porém controladas.
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES
81
etc.
Aproveitou-se a grande extensão das
originais sala de estar e garagem para instalar
o bar e o restaurante, respectivamente. Para
a efetivação de interligação entre os espaços
sociais, a criação de um lobby interessante e
uma fácil visualização do elevador que dá aces-
so ao túnel e, consequentemente, aos outros
46 quartos, algumas paredes internas foram
previstas serem demolidas. Nessas paredes, ori-
ginalmente, se davam usos secundários (área
de almoço de funcionários, área de serviço
com tanques e um segundo escritório) que não
eram de grande importância na concretização
do partido da residência.
Para a concretização do restaurante,
onde originalmente funcionava a garagem, foi
projetado portas de vidro de correr para fechar
o ambiente, porém fléxiveis, possibilitando
variações de aberturas . Ressalta-se a distingui-
bilidade no acabamento e composição desse
pano de vidro frente a requintada caixilharia
projetada pelo escritório de Rino Levi. Foi tam-
bém necessário, para a efetivação de uma aber-
ta do restaurante, a remoção de alguns cantei-
ros de plantas e antena existentes no local.
Finalmente, na área que mais sofreu
alterações, onde originalmente servia como
dormitório dos funcionários e passou a com-
portar os serviços do parque, como sanitários,
fraldário, escritórios e vestiários, foi proposto
toda sua reformulação para comportar a co-
zinha (cocção, preparo e lavagem) do hotel e
também sanitários para os usuários do restau-
rante. Assim, grande parte das paredes internas
foram reelaboradas, mantendo-se a estrutura
da fachada a fim de manter a história e as eta-
pas da residência. A cozinha original do projeto
de Rino Levi ficou com o parte de bar e padaria
e manteve-se as despensas originais.
Para concluir, ressalta-se a intenção
de manter as características da residência de
modo aos hóspedes e usuários da áreas de bar
e restaurante terem a compreensão de aque-
le lugar foi moficado, adapatado e não gerar
confusão ou enganações. Desta forma, foram
mantidas diversos elementos imporatantes
do projeto, como os mobiliário sob medida e
densamente detalhado pelo escritório de Rino
Levi, mesmo que com o novo uso de um hotel-
-escola, esses elementos tornam-seinúteis e, às
vezes, com aparência de deslocado, gerando
interessantes percepção do ambiente e de sua
memória.
92 Intervenção na antiga garagem para adaptação de restaurante.
93 Visualização geral dos dois anexos e a residência Olivo Gomes.
1 | múltiplo uso2 | bar3 | sanitários4 | elevador social5 | elevador serviços6 | túnel de acesso aos anexos
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | projeto | pav. inferior
1
2 3
6
45
563,00
20 5
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | projeto | pav. superior
1
3
2
4
5555
6
7
8119 12 13 14
10
salão bar | 1recepção | 2
terraço | 3sala íntima | 4
suítes conjugadas | 5lobby / estar | 6
bar e confeitaria | 7elevador social | 8
salão restaurante | 9carga / descarga | 10
sanitários | 11preparo e cocção | 12elevador serviços | 13
lavagem | 14
566,50
564,75
1 | demolição de paredes2 | construção de túnel3 | inserção de elevadores
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | intervenções | pav. inferior
563,00
1
2
33
demolição
construção
20 5
RESIDÊNCIA OLIVO GOMES | intervenções | pav. superior
inserção balcão | 1porta p/ restrição de acesso | 2
inserção de portas / adaptação do armário | 3demolição de paredes internas | 4
inserção elvador | 5inserção fechamento vidro | 6
12
3
4
1
54 56 6
333
566,50
demolição
construção
TÚNEL nível -3,50m
0 5 10 20
87
Como já foi introduzido no capítulo so-
bre o partido, o projeto dos anexos nasceu das
preocupações com a privacidade dos hóspedes
e a interferência do volume dos edifícios na
paisagem, nas áreas de entorno da residência
Olivo Gomes. A partir desses príncipios foram
propostas as solução de edifícios semi-enter-
rados e com um fechamento de segunda pele,
optando-se por um fechamento verde, neutro
que não compete nem interfere na leitura e
compreensão da residência, tanto por soluções
escolhidas como pela implantação.
A partir de um primeiro cálculo de
áreas do programa de necessidades foi defini-
do os edifcios dos anexos com 4 pavimentos e
limites de 25 por 25 metros em planta. Outra
definição adotada para a solução dos anexos é
a ideia de inserir aberturas inusitadas na segun-
da pele verde, formando enquadramentos da
paisagem, para quem está dentro do edifício, e
composições inesperadas na fachada, para os
usuários do parque.
O anexo do hotel conta com um único
acesso, do túnel, o que força a entrada do hós-
pedes pela residência Olivo Gomes. O acesso
direto ao parque se dá apenas por uma sutil
saída de emergência na fachada no térreo.
Com uma única circulação horizontal
central tem-se acesso aos quartos modulados
em 3,6 por 7,0 metros. Os shafts, um para cada
dupla de apartamentos, também é acessível
desse corredor, o que facilita a manutenção. O
distanciamento de 4,4 metros entre os fecha-
mentos do quarto propriamente dito e a pele
verde interioriza os quartos, mantendo a priva-
cidade dos mesmos.
Quanto às áreas de lazer, optou-se por
implantar apenas uma piscina na cobertura do
anexo do hotel, de forma a criar um equipa-
mento forte e interessante para os hóspedes.
No entanto, para criar uma cobertura livre e
aberta para a paisagem, criou-se uma rampa
que contorna toda a edificação de maneira
a evitar fechamentos para o elevador e esca-
das. Assim, cria-se um grande solário aberto,
sem obstrução das visuais e uma piscina com
amplas dimensões, 7 metros de largura e 25
de comprimento. A rampa torna-se assim, um
percurso, um passeio elevado no parque e um
elemento que compõe a fachada, diferencian-
do-a do desenho do anexo da escola.
O anexo da escola, diferentemente do
hotel, possui duas circulações horizontais, in-
ANEXOS
88
terligadas por passarelas e uma escada central
e iluminada por clarabóias basculantes. Essa
solução dinaliza a estruturação dos dois anexos
e promove encontro entre alunos e funcioná-
rios, por ser um edifício mais público e dinâmi-
co. Nesse átrio central também foi proposto a
implantação de uma árvore, no subsolo, como
forma de qualificar o ambiente.
No subsolo, junto ao túnel, localizam-
-se todos os equipamentos de serviço do hotel,
lavanderia, despensas, frigoríficos, vestiários
de funcionários, facilitando o acesso ao outro
anexo e a residência. As salas de aula seguem
uma modulação de 6,25 por 5,8 metros e como
a proposta é de seguir a estruturação do aluno
aprender na prática, efetivamente, na cozinha,
nos quartos, na lavanderia e etc. Assim, as salas
de aulas são mais voltados para aulas téoricas,
tanto para os cursos profissionalizantes como
para os demais cursos disponíveis, os cursos
livres.
No último pavimento foi pensado um
grande ambiente de estar com interessantes
visuais para o parque e uma grande sala de
múltiplo uso, para eventos, congressos, pales-
tras, simpósios tanto da escola como do hotel,
uma alternativa maior para a sala na residência.
94 Imagens internas do anexo da escola. Acima, detalhe do vão entre a pele ver e o edifício. Observa-se a estrutura desse fechamento, tela metálica, viga estruturais que também servem de canteiro para as trepadeiras e as escoras de sustentação. Abaixo, vista da passarela no último pavimento. Destaque para a iluminação zenital, o desenho das escadas e os tirantes que sustentam tanto a escada como a própria passarela.
TIPOLOGIA SUÍTES
12
3
10
7
8
11
9
12
6
4
5
1 | portas de correr de vidro / guarda-corpo / cortina blackout2 | pilar metálico pintado preto - 15x25cm3 | piso laminado de madeira escura4 | mesa para tv, notebook e frigobar5 | fechamento de drywall com placas duplas - 10,8cm6 | guarda-roupas7 | fechamento de policarbonato translúcido 8 | ducha / banheira de �bra / box de vidro9 | porta de correr de policarbonato10 | piso cerâmico cor clara11 | pia / espelho / secador de cabelos / espelho de aumento / armários12 | maleiro13 | shaft acessível do corredor
13
3,60
4,40
2,50
7,10
0 0,5 1
TIPOLOGIA SUÍTES
12
3
10
7
8
11
9
12
6
4
5
1 | portas de correr de vidro / guarda-corpo / cortina blackout2 | pilar metálico pintado preto - 15x25cm3 | piso laminado de madeira escura4 | mesa para tv, notebook e frigobar5 | fechamento de drywall com placas duplas - 10,8cm6 | guarda-roupas7 | fechamento de policarbonato translúcido 8 | ducha / banheira de �bra / box de vidro9 | porta de correr de policarbonato10 | piso cerâmico cor clara11 | pia / espelho / secador de cabelos / espelho de aumento / armários12 | maleiro13 | shaft acessível do corredor
13
3,60
4,40
2,50
7,10
0 0,5 1
elevador social | 1elevador serviços | 2
túnel | 3
-4,10
-4,10
ANEXO HOTEL nível -3,50m
0 1 2 5
-3,50
A
1
3
2
BB
A
1 | elevador social2 | elevador serviços3 | saída de emergência
1
3
2
ANEXO HOTEL nível 0,00m
A
BB
A
0,00
elevador social | 1elevador serviços | 2
ANEXO HOTEL nível 3,50m
0 1 2 5
3,50
A
1
2
BB
A
1 | elevador social2 | elevador serviços3 | vestiários4 | acesso à piscina
1
43
2
ANEXO HOTEL nível 7,00m
A
BB
A
7,00
solário | 1 piscina 7x25m | 2
acesso pav. técnico | 3
1
2
3
ANEXO HOTEL nível 12,30m
0 1 2 5
12,30
A
BB
A
túnel | 1 lixo | 2
acesso pav. técnico | 3elevador | 4
vestiários | 5 despensa | 6
frigorí�cos | 7 depósito | 8
depósito limpeza | 9lavanderia | 10
rouparia | 11chefe lavanderia | 12
chefe cozinha| 13cozinha | 14
refeitório | 15
-4,10
-4,10
1
2 2
4
3
5
6
7 78
9
10
11
1213
1415
ANEXO ESCOLA nível -3,50m
0 1 2 5
-3,50A
BB
A
1 | entrada / carga e descarga2 | clarabóia do túnel3 | recepção4 | elevador5 | administração6 | diretoria7 | café8 | biblioteca
13
4
5
6
7
8
2
ANEXO ESCOLA nível 0,00m
A A
BB
0,00
administração hotel | 1elevador | 2depósito | 3
gerência hotel | 4coordenação escola | 5
sanitários | 6salas de aula | 7
1 4 5
6
2 3
77 7 7
ANEXO ESCOLA nível 3,50m
0 1 2 5
3,50A
BB
A
1 | sala demonstração2 | elevador3 | depósito4 | laboratório5 | sala informática6 | sanitários7 | salas de aula
1 2
7 7 7
53
4
6
ANEXO ESCOLA nível 7,00m
A A
BB
7,00
estar | 1elevador | 2
múltiplo uso | 3
1
2
3
ANEXO ESCOLA nível 10,50m
0 1 2 5
10,50A
BB
A
106
ANDRADE, Nelson, BRITO, Paulo, JORGE, Wilson. Hotel: Planejamento e Projeto. São Paulo. Edito-
ra Senac. 2005
ANELLI, Renato. Rino Levi - arquitetura e cidade. São Paulo: Romano Guerra Editora. 2001.
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. Trad. Ana M. Goldberger. São Paulo: Pers-
pectiva, 1981.
DI MAIO, Sonia Vidal. Inventário do patrimônio histórico e cultural: Complexo Tecelagem Parahyba.
Campinas, 2002. Monografia [Especiallização em Patrimônio Arquitetônico – teoria e projeto] PUC-Cam-
pinas.
DOURADO, Guilherme Mazza. Modernidade Verde: jardins de Burle Marx. São Paulo: Editora Se-
nac São Paulo, 2009.
HERNÁNDEZ MARTÍNEZ, Ascensión. La clonación arquitectónica. Madrid, Siruela, 2007.
LEVI, Rino. Síntese das artes plásticas. In: Acrópole, setembro de 1954, p. 567-568.
SALVO, Simona. Arranha-céu Pirelli: crônica de uma restauração. Desígnio, 2006 (2007), n. 6, pp.
69-86.
______. A intervenção na arquitetura contemporânea como tema emergente do restauro. Pós. Re-
vista do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da FAUUSP, 2008, n. 23, pp. 199-211.
______. Restauro e ‘restauros’ das obras arquitetônicas do século 20. Intervenções em arranha-céus
em confronto. Revista CPC, 2007, n. 4, pp. 139-157.
MONNIER, Gérard. O edifício-evento, a história contemporânea e a questão do patrimônio. Desíg-
nio, 2006 (2007), n. 6, pp. 11-18.
______. O edifício, instrumento do evento: uma problemática. Revista CPC, 2008, n. 7, pp. 7-19.
MOTTA, Flávio L. Roberto Burle Marx e a nova visão de paisagem. São Paulo: Nobel, 1983.
OTTA, Tatiana Macedo. Arquitetura Moderna em São José dos Campos: a representação de uma
identidade. VI Seminário DOCOMOMO Brasil – Moderno e Nacional. Niterói, 16 a 19 de novembro de
2005.
PENEDO, Alexandre. Arquitetura moderna: São José dos Campos. São José dos Campos: A. Pene-
do, 1997.
BIBLIOGRAFIA
107
SANTOS, Cecília R. et alii. Le Corbusier e o Brasil. São Paulo, Tessela/Projeto Ed., 1987, p. 239-241.
YABUKI, Maikol Yoshie. O projeto do arquiteto Rino Levi para residência Olivo Gomes em São José
dos Campos: Levantamento histórico bibliográfico e análise crítica. Projeto de Iniciação Científica. Universi-
dade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. 2008.
Secretaria do Planejamento Urbano de São José dos Campos. Plano de Manejo e Ocupação do Parque
da Cidade Roberto Burle Marx. 2009.
Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos Campos. Relatório de Recuperação da
Residência Olivo Gomes. 2000.
Editorial. Valeparaibano. São José dos Campos, 13 de Março de 1976.
Revista Controle e Instrumentação. http://www.controleinstrumentacao.com.br/arquivo/
ed_51/ed_51a.html
http://www.petrobras.com.br/minisite/memoriacultural/port/patrimonioEdificado/Restaura-
caoResOlivoGomes.asp
http://www.ovale.com.br/regi-o/restauro-da-olivo-gomes-espera-verba-1.62222/com-
ments-7.154764
http://www.fccr.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=424:casa-olivo-
gomes-a-espera-de-um-qpadrinhoq&catid=147:projetos-periodicos&Itemid=176
http://www.companhiaderestauro.com.br/teste/projetos_int3.php?id_D=40
108
REFERÊNCIA DE IMAGENS
capa | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
1 | Desenho da autora
2 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos
Campos
3 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos
Campos
4 | Desenho da autora
5 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José dos
Campos
6 | Foto da autora
7 | Foto da autora
8 | Foto da autora
9 | Foto da autora
10 | http://pensandoadiante.blogspot.com.
br/2012_07_01_archive.html
11 | Foto da autora
12 | http://arquitetemos.blogspot.com.br/2012/03/parc-
-de-la-villette-bernard-tschumi.html
13 | http://galeriasergiocaribe.com.br/blog/?tag=museu-
-de-arte-contemporanea
14 | http://a2d-architecture.com/post/16812435168/
attention-parc-de-la-villette-paris-by-bernard
15 | http://crotchbuffet.blogspot.com.br/2011/01/oscar-
-niemeyer.html
16 | http://www.xadrezaranha.com/2012/04/algumas-
-fotos-do-parque-onde-fica-o.html
17 | http://fabionamiuti.hd1.com.br/locais.html
18 | Desenho da autora
19 | Desenho da autora
20 | http://www.treehugger.com/sustainable-product-
-design/how-a-paris-suburb-went-from-impoverished-
-city-to-green-powerhouse.html
21 | http://www.portalr3.com.br/2011/12/sao-jose-
-parque-da-cidade-e-o-lar-de-filhotes-de-capivaras/#.
UCz14aNDvEc
22 | http://www.jangadeiroonline.com.br/esportes/tag/
aeromodelismo/
23 | http://www.skyscrapercity.com/showthread.
php?t=797444&page=2
24 | Foto da autora
25 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
26 | Foto da autora
27 | ANELLI, 2001
28 | ANELLI, 2001
29 | ANELLI, 2001
30 | ANELLI, 2001
31 | ANELLI, 2001
32 | http://www.culturaartistica.com/infotos.asp
33 | ANELLI, 2001
34 | ANELLI, 2001
35 | http://naterradoipe.wordpress.com/2011/08/06/
burle-marx/
36 | http://vitruvius.es/revistas/read/arquiteturis-
mo/06.065/4431
37 | http://artequehabita.blogspot.com.br/2012/07/os-
-jardins-de-burle-marx.html
38 | http://arquitracobrasil.wordpress.com/modernismo-
-brasileiro/
39 | http://lisinteriores.arteblog.com.br/r29267/Paisagis-
mo/
40 | http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/
entrevista/07.028/3299?page=3
41 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
42 | ANELLI, 2001
43 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
44 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
45 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-
-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/
46 | Foto da autora
47 | Foto da autora
48 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-
-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/
49 | Foto da autora
50 | Foto da autora
51 | Departamento de Patrimônio Histórico de São José
dos Campos
52 | Foto da autora
53 | http://www.archdaily.com.br/31181/classicos-da-
-arquitetura-residencia-olivo-gomes-rino-levi/
54 | Foto da autora
55 | Foto da autora
56 | Foto da autora
57 | Foto da autora
58 | Foto da autora
59 | Foto da autora
60 | Foto da autora
61 | Foto da autora
62 | Foto da autora
63 | Foto da autora
64 | Desenho da autora
65 | SALVO, 2007
66 | SALVO, 2007
67 | SALVO, 2008
68 | SALVO, 2008
69 | SALVO, 2008
70 | http://netleland.net/?tag=casa-das-rosas
71 | http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ul-
109
t90u458131.shtml
72 | http://blog.brenosiviero.com.br/?p=1986
73 | Google Earth com alterações da autora
74 | http://www.grandehotelsenac.com.br/Conteudo.
aspx?id=98&idSecao=108
75 | http://www.grandehotelsenac.com.br/Conteudo.
aspx?id=265&idSecao=108
76 | http://www.antoniocarlosrodrigues.com.br/blog/
restaurante-escola/
77 | Foto da autora
78 | Foto da autora
79 | Foto da autora
80 | http://art-icio.ru/search.php?id=125460
81 | http://www.archdaily.com/266602/hamburg-
-harburg-technical-university-extension-gmp-archi-
tekten/50370ed128ba0d542c000035_hamburg-harburg-
-technical-university-extension-gmp-architekten_2293_
tuh_leiska_3456-11-jpg/
82 | http://www.policultures.fr/article308.html
83 | Desenho da autora
84 | Google Earth com alterações da autora
85 | Google Earth com alterações da autora
86 | Desenho da autora
87 | Desenho da autora
88 | http://www.tensile.com.au/my-project-1/
89 | http://gsky.com/green-walls/basic/
90 | http://www.greenscreen.com/home.html
91 | Desenho da autora
92 | Desenho da autora
93 | Desenho da autora
94 | Desenho da autora